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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO TECNOLÓGICO – CTC


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

JACIARA MORAIS DE MELO

ESTUDO DA INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA EM ESTRUTURAS COM


FUNDAÇÕES PROFUNDAS

FLORIANÓPOLIS
JULHO DE 2019
JACIARA MORAIS DE MELO

ESTUDO DA INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA EM ESTRUTURAS COM


FUNDAÇÕES PROFUNDAS

Trabalho de Conclusão de Curso de graduação


em Engenharia Civil da Universidade Federal de
Santa Catarina.
Orientador: Prof. Dr. Jano D’Araujo Coelho

FLORIANÓPOLIS
JULHO DE 2019
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor,
através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.

MELO, Jaciara Morais de


Estudo da interação solo-estrutura em estruturas com
fundações profundas / Jaciara Morais de MELO ; orientador,
Jano D'Araujo Coelho, 2019.
86 p.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) -


Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico,
Graduação em Engenharia Civil, Florianópolis, 2019.

Inclui referências.

1. Engenharia Civil. 2. Interação solo-estrutura. 3.


Método de Winkler. 4. Fundações profundas. I. Coelho, Jano
D'Araujo. II. Universidade Federal de Santa Catarina.
Graduação em Engenharia Civil. III. Título.
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha família, minha mãe e meus irmãos. Obrigada mãe por todo o
seu esforço, mesmo com todas as dificuldades. Obrigada por ter me passado a
importância da educação e por ter me incentivado a sempre dar o meu melhor.
Ao meu namorado, Jonas, por todo o apoio nos momentos difíceis, e por ter lido
e revisado todo o texto deste trabalho.
Aos meus amigos, pelas conversas, incentivo e apoio, e por proporcionarem uma
jornada muito mais prazerosa.
Ao EPEC, por todo aprendizado, amadurecimento e amigos que obtive durante
meu período na Empresa Júnior.
Aos professores que se dedicam e motivam os alunos a continuarem na
graduação, aos que incentivam os alunos a buscar mais. Com certeza fizeram
toda a diferença na minha formação.
Ao professor Jano, pela orientação neste trabalho e por compartilhar comigo e
outros colegas seu conhecimento.
RESUMO
A hipótese de apoios indeslocáveis possibilitou a simplificação de muitos
mecanismos de cálculo e o projeto de diversas edificações ao longo do tempo.
Porém, em uma estrutura real, o maciço de solo sofre deformação ao receber os
esforços da estrutura, causando deslocamentos na fundação. Devido a
hiperestaticidade da estrutura, esses deslocamentos causam uma redistribuição
das cargas na fundação e alterações dos esforços nos elementos estruturais.
Essa dependência entre estrutura e maciço de solo chama-se interação solo-
estrutura (ISE). Este trabalho tem por objetivo estudar a redistribuição de cargas
na fundação, as variações de esforços nos pilares, a uniformização de recalques,
a estabilidade global e os deslocamentos horizontais que ocorrem em estruturas
com fundações por estacas ao considerar a ISE. Os parâmetros foram
analisados em pórticos com 4, 8 e 12 pavimentos com fundações em estaca
hélice contínua, sendo a capacidade de carga calculada conforme o método de
Aoki-Velloso. Os pórticos foram modelados com o auxílio do software Eberick e
as fundações com o auxílio de uma planilha desenvolvida na ferramenta Excel.
Para analisar a interação solo-estrutura foi utilizado o método de Winkler, no qual
o solo é discretizado em um sistema de molas que possuem um coeficiente de
rigidez vertical e horizontal. As molas são dispostas ao longo do fuste e na ponta
da estaca. Para a definição dos coeficientes de rigidez foi utilizado o método
proposto por Bowles, o qual possibilita definir coeficientes para diferentes
profundidades do solo. Como resultados tem-se que, devido a interação solo-
estrutura, houve uma redistribuição das cargas nas fundações, maior
uniformização dos recalques e aumento dos deslocamentos horizontais no topo
dos pórticos.
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1. Comparação de curvas de recalques. ............................................... 15
Figura 2. Alteração no diagrama de momento fletor após recalque. ................ 16
Figura 3. Deformação geométrica devido ação horizontal. .............................. 17
Figura 4. Modelos de comportamento da estrutura. ......................................... 20
Figura 5. Simulação da sequência construtiva. ................................................ 21
Figura 6. Ilustração do ensaio SPT. ................................................................. 23
Figura 7. Exemplo de laudo de ensaio SPT. .................................................... 24
Figura 8. Curva tensão x recalque de ensaio de placa em argila ..................... 26
Figura 9. Curva tensão x recalque de ensaio de placa de areia. ...................... 27
Figura 10. Ponteira cônica utilizado no CPT. ................................................... 28
Figura 11. Efeitos no solo da execução de estacas escavadas. ...................... 32
Figura 12. Representação das parcelas da resistência de uma estaca ........... 33
Figura 13. Bielas de concreto no bloco sobre duas estacas ............................ 40
Figura 14. Diagrama de esforço normal na estaca. .......................................... 41
Figura 15. Propagação de tensões devido a resistência de ponta. .................. 42
Figura 16. Modelo contínuo: elemento de placa sobre apoio sólido ................. 45
Figura 17. Modelagem do solo por um conjunto de molas. .............................. 45
Figura 18. Representação do modelo de Winkler em uma estaca. .................. 46
Figura 19. Janela de inserção da camada de solo no Eberick. ........................ 54
Figura 20. Pórtico quadrado com 4 pavimentos – planta baixa. ....................... 57
Figura 21. Pórtico quadrado com 8 pavimentos – planta baixa. ....................... 59
Figura 22. Pórtico quadrado com 12 pavimentos– planta baixa. ...................... 61
Figura 23. Pórtico retangular com 8 pavimentos – planta baixa. ...................... 63
Figura 24. Estacas utilizados para análise de recalques. ................................. 73
Figura 25. Curvas de recalques para os pilares P1, P2 e P3 do pórtico de 4
pavimentos ....................................................................................................... 74
Figura 26. Curvas de recalques para os pilares P1, P2, P3 e P4 do pórtico de 8
pavimentos quadrado. ...................................................................................... 75
Figura 27. Curvas de recalques para os pilares P1, P2, P3 e P4 do pórtico de 8
pavimentos retangular. ..................................................................................... 76
Figura 28. Croqui da fundação do pórtico quadrado com 4 pavimentos. ......... 81
Figura 29. Croqui da fundação do pórtico quadrado com 8 pavimentos. ......... 81
Figura 30. Croqui da fundação do pórtico retangular com 8 pavimentos. ........ 82
Figura 31. Croqui da fundação do pórtico quadrado com 12 pavimentos. ....... 82
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1. Fatores de correção F1 e F2 ............................................................. 34
Tabela 2. Coeficiente K e razão de atrito α ...................................................... 35
Tabela 3. Coeficiente característico do solo C ................................................. 36
Tabela 4. Valores do coeficiente α – Décourt-Quaresma. ................................ 36
Tabela 5. Valores do coeficiente β – Décourt-Quaresma. ................................ 37
Tabela 6. Valores do parâmetro α – Teixeira. .................................................. 38
Tabela 7. Valores do parâmetro β – Teixeira. .................................................. 38
Tabela 8. Valores de atrito lateral..................................................................... 38
Tabela 9. Cargas de catálogo de estacas moldadas in loco. ........................... 44
Tabela 10. Fatores de capacidade de carga. ................................................... 48
Tabela 11. Fatores de forma de Terzaghi-Peck. .............................................. 48
Tabela 12. Intervalo de valores para o coeficiente de reação. ......................... 49
Tabela 13. Peso específico de solos argilosos recomendados por Godoy. ..... 49
Tabela 14. Peso específico para solos arenosos recomendados por Godoy. .. 49
Tabela 15. Peso específico para solos argilosos recomendados por Bowles. . 50
Tabela 16. Peso específico para solos arenosos recomendados por Bowles. . 50
Tabela 17. Coeficiente de Poisson. .................................................................. 51
Tabela 18. Coeficientes para determinação da capacidade de carga. ............. 53
Tabela 19. Pórtico quadrado com 4 pavimentos – forças devido ao vento ...... 58
Tabela 20. Pórtico quadrado com 4 pavimentos – cargas na fundação. .......... 58
Tabela 21. Pórtico quadrado com 8 pavimentos – forças devido ao vento. ..... 59
Tabela 22. Pórtico quadrado com 8 pavimentos – cargas na fundação. .......... 60
Tabela 23. Pórtico quadrado com 12 pavimentos - força devido ao vento. ...... 61
Tabela 24. Pórtico quadrado com 12 pavimentos – cargas na fundação. ........ 62
Tabela 25. Pórtico retangular com 8 pavimentos – cargas na fundação. ......... 63
Tabela 26. Cargas totais e admissíveis para as estacas ................................. 64
Tabela 27. Número de estacas em cada pilar dos pórticos modelados. .......... 65
Tabela 28. Fatores para o cálculo do coeficiente de reação vertical. ............... 66
Tabela 29. Distribuição de cargas e recalque elásticos. .................................. 67
Tabela 30. Acréscimo de tensões em cada camada de solo. .......................... 67
Tabela 31. Recalque estimado do solo em cada camada. ............................... 68
Tabela 32. Cargas máximas, em kN, na fundação antes e após a consideração
da ISE. ............................................................................................................. 69
Tabela 33. Parâmetro γz obtidos com e sem a consideração da ISE. .............. 71
Tabela 34. Deslocamentos, em cm, obtidos no topo dos pórticos. .................. 71
Tabela 35. Momento, em kN/m, no pilar P1. .................................................... 72
Tabela 36. Recalques estimados. .................................................................... 73
Tabela 37. Distribuição da resistência ao longo do fuste da estaca. ................ 75
LISTA DE SÍMBOLOS
A – área
C – coeficiente característico do solo de Décourt-Quaresma
D – diâmetro da estaca
E0 – módulo de elasticidade do solo
Ec – módulo de elasticidade
fs – resistência lateral do cone
Htot – altura total de edificação
Ic – momento de inércia
K – fator de conversar de resistência
Ks – coeficiente de rigidez
L – comprimento da estaca
M1,tot,d – Momento de tombamento
Mtot,d – Momento devido a forçar verticais
n – número de pavimentos
fator de solo
Nk – cargas características
NL – número NSPT em um segmento do fuste da estaca
NP – número NSPT na cota de ponta da estaca
NSPT – número obtido na sondagem SPT
qc – resistência de ponta do cone
R – resistência
RL – resistência lateral
rL – tensão lateral
RP – resistência de ponta
rP – tensão na ponta
U – perímetro
Z – cota
Ø – diâmetro
α – coeficiente de avalição da estabilidade global
coeficiente de correção
coeficiente de razão de atrito
β – coeficiente de correção
γz – coeficiente de avalição da estabilidade global
ΔL – tamanho de um segmento
ρ – deslocamento, recalque
ρe – recalque devido ao encurtamento elástico
ρs – recalque do solo
σ – tensão
Φ – ângulo de atrito do solo
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 12

1.1 Objetivo .................................................................................... 13

1.1.1 Objetivo Geral ..................................................................... 13

1.1.2 Objetivos Específicos .......................................................... 13

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................... 14

2.1 Interação solo-estrutura em edificações ............................... 14

2.1.1 Efeitos da interação solo-estrutura ...................................... 14

2.1.2 Fatores de influência da interação solo-estrutura ................ 19

2.2 Investigação do solo ............................................................... 21

2.2.1 Ensaio de Sondagem à Percussão ..................................... 22

2.2.2 Prova de carga em placa..................................................... 25

2.2.3 Ensaios de Cone ................................................................. 27

2.3 Fundações Profundas ............................................................. 29

2.3.1 Classificação de fundações profundas ................................ 29

2.3.2 Capacidade de carga da fundação ...................................... 32

2.3.3 Efeito de grupo e bloco de coroamento ............................... 39

2.3.4 Recalques ........................................................................... 40

2.3.5 Carga admissível ................................................................. 43

2.4 Análise da interação solo-estrutura....................................... 44

2.4.1 Método de Winkler .............................................................. 45

2.4.2 Coeficientes do solo ............................................................ 46

2.4.3 Softwares utilizados............................................................. 50

3 MÉTODO ................................................................................................. 52

3.1 Modelagem dos pórticos ........................................................ 52

3.2 Modelo de fundação ................................................................ 53

3.2.1 Modelo da interação solo-estrutura ..................................... 54


3.2.2 Estimativa de recalques ...................................................... 55

4 EXEMPLOS NUMÉRICOS ...................................................................... 57

4.1 Apresentação dos modelos .................................................... 57

4.1.1 Pórtico quadrado com 4 pavimentos ................................... 57

4.1.2 Pórtico quadrado com 8 pavimentos ................................... 58

4.1.3 Pórtico quadrado com 12 pavimentos ................................. 60

4.1.4 Pórtico retangular com 8 pavimento .................................... 62

4.2 Modelo da fundação ................................................................ 63

4.2.1 Modelo da interação solo-estrutura ..................................... 65

4.2.2 Estimativa de Recalques ..................................................... 66

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................ 69

5.1 Cargas na fundação ................................................................ 69

5.2 Estabilidade Global ................................................................. 70

5.3 Momentos no pilar P1 ............................................................. 72

5.4 Uniformização dos recalques ................................................. 72

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .................................................. 77

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 79

LAUDO SPT..................................................................................................... 83

CROQUIS DE FUNDAÇÃO ............................................................................. 81


12

1 INTRODUÇÃO
A concepção estrutural de edifícios de concreto armado pode ser dividida em
três partes: superestrutura, estrutura de fundação e maciço de solo. A superestrutura,
composta por lajes, vigas e pilares, tem a função de receber as ações e transferi-las
para a estrutura de fundação. A estrutura de fundação, por sua vez, irá transferir estas
ações para o maciço de solo, que realizará a absorção e dissipação dos esforços
(MOTA, 2009).
De forma geral, os projetos da superestrutura são desenvolvidos admitindo-se
a hipótese de apoios indeslocáveis, sendo o cálculo das cargas na fundação e o
dimensionamento dos elementos estruturais realizados com base nessa hipótese. Por
outro lado, o projeto de fundação é desenvolvido considerando-se apenas as cargas
na fundação e as propriedades do solo, sendo os recalques estimados como se cada
elemento estivesse isolado e pudesse de deslocar de forma independente dos
demais (GUSMÃO, 1990).
Em uma estrutura real, a transferência de esforços para o maciço de solo
provoca uma deformação no solo que causa deslocamentos verticais, horizontais e
translacionais na fundação (VELLOSO E LOPES, 2010). Devido a ligação física entre
a superestrutura e a fundação, ao se deslocar as fundações solicitam a estrutura,
ocorrendo uma modificação dos esforços atuantes no sistema estrutural (IWAMOTO,
2000). Esta interdependência entre a superestrutura, estrutura de fundações e maciço
de solo chama-se de interação solo-estrutura (ISE).
Conforme Iwamoto (2000), uma das inúmeras vantagens de se considerar a
interação solo-estrutura é a possibilidade de estimar os efeitos da redistribuição de
esforços nos elementos estruturais, tornando os projetos mais eficientes e confiáveis.
Por outro lado, a modelagem da ISE depara-se com algumas dificuldades. Dentre
estas pode-se citar a alteração nas propriedades dos materiais ao longo do tempo, a
heterogeneidade vertical e horizontal do solo e a dificuldade em obter parâmetros
geotécnicos (MOTA, 2009).
A evolução computacional viabilizou a realização de análises estruturais mais
complexas e, atualmente, é possível projetar considerando a ISE. Porém, mesmo com
esta facilidade, é comum a manutenção da premissa de apoios indeslocáveis. Desta
forma, este trabalho visa avaliar a variação de parâmetros estruturais em pórticos com
fundações profundas ao se considerar a interação solo-estrutura.
13

1.1 Objetivo
1.1.1 Objetivo Geral
Analisar, para um pórtico com fundação profunda, a redistribuição de esforços,
as variações das cargas na fundação e a variação da estabilidade global ao ser
considerada a interação solo-estrutura.

1.1.2 Objetivos Específicos


a) Comparar as cargas nas fundações, esforços e parâmetros de estabilidade
global obtidos em modelos com apoios indeslocáveis e em modelos que
consideram a interação solo-estrutura;
b) Comparar os recalques obtidos em modelos com apoios indeslocáveis e em
modelos que consideram a interação solo-estrutura.
c) Definir os coeficientes de recalque para fundações profundas por estacas;
d) Modelar pórticos considerando apoios indeslocáveis;
e) Realizar o dimensionamento de fundação por estacas.
14

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Interação solo-estrutura em edificações
De acordo com Gusmão (1990), o desempenho estrutural de uma edificação é
governado pela interação entre a superestrutura, a fundação e o maciço de solo, em
um mecanismo chamado de interação solo-estrutura (ISE). Diversos fatores
influenciam a interação solo-estrutura, dentre estes, podem ser citados a
hiperestaticidade da estrutura, o tipo de fundação, a interação entre os elementos de
fundação, o maciço de solo e as etapas de construção (REIS, 2000).
A premissa de apoios indeslocáveis não corresponde totalmente a realidade,
entretanto, não é incomum que a interação solo-estrutura seja desconsiderada e os
apoios da estrutura sejam modelados como indeslocáveis (SOUZA e REIS, 2008).
Esta abordagem possibilitou o projeto de diversas edificações ao longo do tempo,
simplificando muitos mecanismos de cálculo.
No item 11.3.3.3 da Norma Brasileira (NBR) 6118/2014 - Projeto de estruturas
de concreto (ABNT, 2014), é definido que:
“Os deslocamentos dos apoios, ação permanente indireta, só devem
ser considerados quando gerarem esforços significativos em relação
ao conjunto das outras ações, isto é, quando a estrutura for
hiperestática e muito rígida. ”.
A norma ainda prevê que em casos mais complexos, os quais não se encaixam
nos métodos de análise previstos (análise linear, análise linear com redistribuição,
análise plástica, análise não linear), a interação solo-estrutura deve, então, ser
contemplada. Outros casos de aplicação previstos no item 22.7.3 da referida norma
são na ocorrência de forças horizontais significativas ou assimetria considerável em
blocos de fundação (ABNT, 2014).

2.1.1 Efeitos da interação solo-estrutura


A interação solo-estrutura provoca efeitos não considerados em uma estrutura
dimensionada com a premissa de apoios indeslocáveis. Dentre os efeitos não
considerados, podem ser citados a redistribuição de esforços nos pilares,
principalmente nos primeiros pavimentos, e uma maior uniformização dos recalques,
diminuindo, assim, os recalques diferenciais (GUSMÃO, 1990).
Além disso, conforme Jordão (2003), ao considerar a interação solo-estrutura
obtêm-se deslocamentos horizontais maiores, o que pode alterar os parâmetros
utilizados na avaliação da estabilidade global da estrutura.
15

2.1.1.1 Suavização da distribuição de recalques


Os recalques podem ser divididos em recalques absolutos, que representam o
quanto um elemento se deslocou, e recalques diferenciais, que representam o
deslocamento de um elemento de fundação comparado ao deslocamento de cada
elemento vizinho. Recalques absolutos grandes podem danificar escadas, acessos e
a tubulação de água e esgoto, e recalques diferenciais implicam o surgimento de
esforços não previstos e, dependendo das suas magnitudes, podem comprometer a
estabilidade da estrutura (VELLOSO e LOPES, 2010). De acordo com Gusmão
(1990), o recalque absoluto é importante para análises funcionais da edificação e são
pouco influenciados pela rigidez da estrutura, enquanto os recalques diferenciais
dependem do tipo de estrutura e da sua rigidez.
Ao analisar a edificação considerando que os elementos de fundação não estão
isolados um do outro há uma alteração nos recalques diferenciais. A interação-solo
estrutura faz com que a curva de recalques se torne mais uniforme, ou seja, os apoios
mais carregados tendem a recalcar menos que o previsto de maneira isolada e os
apoios menos carregados tendem a recalcar mais (GUSMÃO, 1990), como pode ser
observado na Figura 1. Desta forma, ao analisar uma edificação a partir da premissa
que os elementos de fundação não estão isolados um do outro, os recalques
diferenciais obtidos deverão ser menores do que aqueles calculados a partir da
análise isolada dos elementos de fundação.

Figura 1. Comparação de curvas de recalques.

Fonte: Adaptada de Gusmão (1990).


16

2.1.1.2 Redistribuição de esforços


A redistribuição de esforços é um dos efeitos dos deslocamentos dos apoios
em estruturas, conforme ilustra a Figura 2. Essa redistribuição, dependendo de sua
magnitude, pode resultar em fissurações de lajes e vigas, e, desta forma, o
desempenho da estrutura está vinculado aos deslocamentos resultantes da interação
entre os elementos de fundação e o solo (ANTONIAZZI, 2011).

Figura 2. Alteração no diagrama de momento fletor após recalque.

Fonte: THOMAZ, 2019.

Estudos demostraram que ao ser considerada a interação solo-estrutura são


obtidos esforços diferentes, principalmente nos elementos dos primeiros pavimentos
da edificação. Gusmão (1990) realizou medições em 5 casos de obra e concluiu que
a redistribuição de cargas ocorre de forma a diminuir a carga nos pilares mais
carregados e aumentar a carga nos pilares menos carregados. Danziger et al (2005)
obtiverem resultados similares ao realizar medições em um edifício de 4 pavimentos,
além disso, concluíram que os primeiros pavimentos são os principais responsáveis
pela maior redistribuição das cargas na estrutura.
17

2.1.1.3 Estabilidade global


Na análise de uma estrutura são identificados efeitos de 1ª ordem e de 2ª
ordem. O primeiro corresponde aos esforços calculados a partir da estrutura sem
deformação, e o segundo são esforços que surgem devido a deformação da estrutura,
seja por mudanças nas propriedades dos materiais ou por mudanças na geometria,
conforme ilustra a Figura 3 (ALVES e PAIXÃO, 2017).

Figura 3. Deformação geométrica devido ação horizontal.

Fonte: Adaptada de Melges, 2012.

Jordão (2003) observou que ao realizar uma análise considerando a interação


solo-estrutura os deslocamentos horizontais aumentam e os parâmetros de
verificação da estabilidade global se alteram. Os parâmetros de verificação da
estabilidade global indicam se os efeitos de 2ª ordem devem ou não ser considerados
na análise estrutural.
Conforme o item 15.4.23 da norma NBR 6118/2014 (ABNT, 2014), os efeitos
de 2ª ordem podem ser desprezados quando não representam acréscimos de mais
de 10% em relação aos efeitos de 1ª ordem. Além disso, a norma classifica as
estruturas como de nós fixos ou de nós móveis. As estruturas consideradas de nós
fixos são as que apresentam deslocamentos horizontais pequenos e os acréscimos
dos esforços são inferiores a 10%, podendo, desta forma, desconsiderar os efeitos
globais de segunda ordem. Por outro lado, as estruturas de nós móveis são as que
apresentam maiores deslocamentos horizontais e, devido a isto, os efeitos globais de
2ª ordem são importantes e devem ser considerados na análise estrutural.
18

A referida norma estabelece, nos itens 15.5.2 e 15.5.3, dois parâmetros para
verificar se os efeitos de 2ª ordem podem ser dispensados: os coeficientes α e γz. No
coeficiente α é realizada uma comparação com um pilar engastado na base e livre no
topo, que possua a mesma altura da estrutura e, sob efeito dos mesmos
carregamentos, o mesmo deslocamento horizontal no topo. A rigidez deste pilar é
utilizada para calcular o coeficiente α na equação 1.

Σ Nk
α = Htot √( ) (1 )
Ecs Ic

Sendo:
Htot – altura total da estrutura, desde o topo até a fundação, ou um nível pouco
deslocável;
ΣNk – somatório das cargas verticais características que atuam na estrutura;
Ecs Ic – rigidez do pilar equivalente.
A estrutura será considerada de nós fixos se o parâmetro α for menor que α1:
α1 = 0,2 + 0,1n para n ≤ 3;
α1 = 0,6 para n > 4.
Sendo n o número de barras horizontais (andares) acima da fundação ou do
nível pouco deslocável. Caso a estrutura possua contraventamento constituído por
pilares-parede α1 é igual a 0,7, e caso possua apenas pórticos α1 é igual 0,5.
O coeficiente γz é um parâmetro que permite estimar a grandeza dos efeitos de
2ª ordem em estruturas com no mínimo quatro andares. A estrutura pode ser
considerada como de nós fixos quando γz ≤ 1,1, ou seja, os efeitos globais de 2ª ordem
não são maiores que 10% dos respectivos efeitos de 1ª ordem (ABNT, 2014). Para o
cálculo de γz utiliza-se a equação 2.
1
γz = ΔMtot,d (2 )
1− M1,tot,d

Sendo:
M1,tot,d – a soma dos momentos de todas as forças horizontais da combinação
considerada, com seus valores de cálculo, em relação à base da estrutura;
ΔMtot,d – é a soma dos produtos de todas as forças verticais atuantes na
estrutura pelos deslocamentos horizontais de seus respectivos pontos de aplicação,
obtidos da análise de 1ª ordem.
19

2.1.2 Fatores de influência da interação solo-estrutura


O recalque real de uma fundação é influenciado por diversos fatores, dentre
estes podem ser citados a rigidez relativa da estrutura-solo, o número de pavimentos,
a fundação adotada, o formato em planta e a sequência executiva (MOTA, 2009).

2.1.2.1 Influência da rigidez relativa


A ligação física entre os elementos estruturais (vigas, pilares, lajes, fundações)
confere ao edifício uma rigidez que proporciona, em maior ou menor grau, uma
redistribuição de esforços sempre que um elemento é solicitado (COLARES, 2006). A
rigidez da estrutura está relacionada, dentre outros fatores, ao modelo estrutural
adotado e a dimensão da estrutura.
Ramalho e Correa (1991) apud Mota (2009) estudaram dois edifícios com
sistemas estruturais diferentes, um com laje cogumelo e outro com o sistema laje com
vigas, e concluíram que o sistema com laje cogumelo se mostrou mais sensível à
deslocamentos da fundação. Gusmão (1990) observou que à medida que aumenta o
número de pavimentos ocorre um aumento na rigidez global da estrutura e uma
diminuição do nível de recalques diferenciais.
A rigidez da estrutura aumenta com o número de pavimento, porém essa
influência ocorre de forma mais acentuada nos primeiros pavimentos (ANTONIAZZI,
2011). De acordo com Gusmão (1990), a rigidez da estrutura tende a aumentar até
um certo valor limite, e, a partir deste, a rigidez já não interfere nos recalques, sendo
estes comandados pela magnitude dos carregamentos.

2.1.2.2 Influência do tempo


Chamecki (1969) apud Iwamoto (2000) separa as estruturas em quatro casos
possíveis: a) com rigidez infinita, b) perfeitamente elástica, c) visco-plástica e d) sem
rigidez. Os quatro casos são representados na Figura 4.
20

Figura 4. Modelos de comportamento da estrutura.

Fonte: Chamecki (1969) apud Iwamoto (2000).

No caso (a) a estrutura apresenta recalques uniformes devido a sua rigidez


infinita, e, deste modo, a pressão de contato é mais elevada nas extremidades do que
no centro. Para este tipo de estrutura o comportamento apresentado independe do
tempo. Este comportamento é similar ao adotado para uma sapata rígida. No caso (b),
estrutura perfeitamente elástica, a distribuição da pressão de contato varia menos no
centro e nas bordas do que no caso (a) e a deformação da estrutura ocorre de forma
mais acentuada no centro, por ter maiores contribuições de carregamentos, e menos
acentuada nas bordas por ter menor contribuição de carregamentos. No caso (c) é
representada uma estrutura na qual seu comportamento depende da carga atuante e
do tempo, se comportando de forma elástica para esforços aplicados em um curto
período de tempo e plástica para esforços aplicados em longos períodos. Este
comportamento é similar ao do concreto armado, o qual apresenta o fenômeno da
fluência no decorrer do tempo, o qual causa uma mudança na distribuição de esforços
nos elementos.
Por fim, o caso (d) representa uma estrutura sem rigidez, que se adapta as
deformações do maciço de solo. Assim, a pressão de contato será igual em todos os
pontos e o recalque é mais acentuado no centro, devido a maior contribuição de
cargas. Os esforços e recalques nesse tipo de estrutura independem do tempo.
21

2.1.2.3 Influência do processo construtivo


O processo construtivo está diretamente relacionado ao enrijecimento da
estrutura, pois à medida que os pavimentos vão sendo construídos a rigidez global
aumenta (MOTA, 2009). Desta forma, a sequência construtiva passa a ser fator
primordial nas estimativas de recalques. Um estudo realizado por Fontes et al. (1994)
apud Mota (2009), considerou o processo construtivo na estimativa dos recalques de
um edifício de 14 andares. A conclusão foi que um modelo que considera os apoios
indeslocáveis obtém valores de recalque acima dos medidos em campo, por não
considerar a rigidez da estrutura. Enquanto em um modelo que considera a interação
solo-estrutura e a aplicação de um carregamento instantâneo a estimativa de
recalques é subestimada, por considerar uma rigidez muito acima da real.
Para simular a sequência construtiva de um edifício é necessário analisar cada
pavimento, considerando apenas o carregamento aplicado em cada etapa construtiva
(Figura 5). De acordo com Iwamoto (2000), como as análises são elásticas e lineares,
os esforços finais de cada elemento podem ser obtidos com a soma dos esforços em
cada etapa, e de forma similar, por superposição, poderiam ser obtidos os
deslocamentos verticais dos nós do pórtico.

Figura 5. Simulação da sequência construtiva.

Fonte: Iwamoto, 2000.

2.2 Investigação do solo


O desempenho de um sistema estrutural está intimamente ligado ao
comportamento do solo quando submetido a um carregamento. Desta forma, a
investigação geotécnica é um fator fundamental para a realização de projetos seguros
22

e econômicos. Conforme Schnaid e Odebrecht (2012) expõem, os projetos


geotécnicos são normalmente executados com base em ensaios de campo, sendo
que estes ensaios possibilitam uma definição da estratigrafia do solo, bem como uma
estimativa das suas propriedades.
Incertezas quanto às condições do subsolo podem ser resultado da ausência
de investigação, de uma investigação ineficiente ou ainda falhas na interpretação dos
resultados, podendo ocasionar patologias na edificação (MILILITSKY, 2008). O Corpo
de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos (USACE – United States Army Corps
of Engineers, 2001) destaca que:
“Investigação geotécnica insuficiente e interpretação inadequada de
resultados contribuem para erros de projeto, atrasos no cronograma
executivo, custos associados a alterações construtivas, necessidade
de jazidas adicionais para materiais de empréstimo, impactos
ambientais, gastos em remediação pós-construtiva, além de riscos de
colapso da estrutura e litígio subsequente. ”
Reconhecida a importância da investigação do solo e dos ensaios de campo,
serão descritos a seguir os principais métodos de investigação previstos na norma
NBR 6122/2010 – Projeto e Execução de Fundações.

2.2.1 Ensaio de Sondagem à Percussão


A realização do Ensaio de Sondagem à Percussão (SPT, Standard Penetration
Test) é normatizado pela norma NBR 6484/2001 – Solo - Sondagens de simples
reconhecimento com SPT - Método de ensaio. Conforme Schnaid e Odebrecht (2012),
o SPT é, reconhecidamente, a mais popular, rotineira e econômica ferramenta de
investigação geotécnica em praticamente todo o mundo. O ensaio possibilita
relacionar a resistência do solo com o número de golpes necessários aplicados por
um peso padronizado para produzir uma determinada penetração de um amostrador-
padrão.
A Figura 6 apresenta uma ilustração do equipamento utilizado no ensaio SPT.
O equipamento é composto basicamente por um tripé com uma roldana, um peso de
65 kg, uma corda para operação, um tubo de revestimento, uma haste para
transferência de energia, e amostrador padrão para coleta de amostras de solo.
23

Figura 6. Ilustração do ensaio SPT.

Fonte: Schnaid, 2000.

Conforme procedimento descrito na NBR 6484/2001 (ABNT, 2001), o ensaio


inicia-se com a escavação do primeiro metro de solo com o auxílio de um trado. Em
seguida, marca-se na haste um segmento de 45 cm dividido em trechos de 15 cm e
posiciona-se o martelo na cabeça da haste, visando verificar se não ocorre penetração
sem impacto. Caso não ocorra penetração, inicia-se a cravação, contando-se o
número de golpes necessários para cravar cada segmento de 15 cm. A soma do
número de golpes necessários para a cravação dos 30 cm finais representa o índice
de resistência à penetração (NSPT) da camada.
Após a penetração dos 45 cm, é realizada a escavação de 55 cm com trado,
de forma a completar 1 m e atingir a próxima camada na qual será realizada
novamente a cravação do amostrador-padrão. Durante o ensaio, é realizada a
medição do nível freático. Esta medição deve ser repetida 12h após o ensaio, ou até
que o nível de água tenha estabilizado (ABNT, 2001).
Após a realização do ensaio, é elaborado um laudo com os resultados
dispostos graficamente, conforme a Figura 7. No laudo de um ensaio SPT é disposto
um eixo vertical, que representa a profundidade do solo, e, em cada camada de 1 m
é disposto o número de golpes necessários para a penetração do amostrador padrão.
O laudo também informa a locação do furo, o nível freático e uma breve descrição do
material encontrado. A notação 1/15, exibida nas primeiras camadas do solo da Figura
24

7, indica que com 1 golpe do martelo ocorreu uma penetração de 15 cm do amostrador


padrão.

Figura 7. Exemplo de laudo de ensaio SPT.

Fonte: Schnaid, 2000.

De acordo com Schnaid e Odebrecht (2012), na prática deve-se considerar


que, no processo de cravação, a energia nominal transferida à haste não é a energia
de queda livre teórica transmitida pelo martelo. Os autores ressaltam que fatores
relacionados à técnica de escavação, ao equipamento e às condições do solo podem
ocasionar na obtenção de valores distintos em duas sondagens realizadas no mesmo
local e de acordo com a norma.
As diversas técnicas de escavação variam quanto ao método de estabilização,
podendo ser com presença ou ausência de água, uso ou não de revestimentos ou
outros estabilizantes. A influência do equipamento é relacionada com a energia
efetivamente transferida ao amostrador, diferentes mecanismos de levantamento do
25

martelo (manual ou mecanizado), variações no peso e dimensões de cada


componente, e perda de energia nos acoplamentos, são aspectos que podem
influenciar nos resultados (LUKIANTCHUKI, 2012).
Conhecidas as limitações envolvidas no ensaio, Schnaid e Odebrecht (2012)
reforçam que ao utilizar os valores de um ensaio para estimativas do comportamento
do solo, é necessário verificar recomendações específicas acerca da necessidade de
correção dos valores medidos de NSPT. A prática internacional sugere a normalização
do número de golpes com base no padrão N60, ou seja, a energia liberada no processo
corresponde a aproximadamente 60% da energia teórica. Esta normalização é
realizada por meio de uma relação linear, conforme mostra a equação 3.

Energia Aplicada
NSPT,60 = NSPT * (3 )
0,6

É importante considerar que, conforme Schnaid e Odebrecht (2012) ressaltam,


diversos métodos e correlações que utilizam o NSPT foram desenvolvidos
anteriormente a prática de normatização dos valores, devendo ser verificada a
necessidade desta correção.
O índice NSPT é um parâmetro chave no cálculo de diversas aplicações, desde
a previsão de tensão admissível e recalque em fundações até correlações com outras
propriedades geotécnicas do solo (LUKIANTCHUKI, 2012). A aplicação do ensaio
SPT nos métodos de cálculo de capacidade de carga de estacas serão abordados no
item 2.3.2 Capacidade de carga.

2.2.2 Prova de carga em placa


A prova de carga em placas é um ensaio normatizado pela NBR 6489/1984 –
Prova de carga direta sobre terreno de fundação, que possibilita a previsão da
capacidade de carga do solo de forma experimental. O ensaio consiste na instalação
de uma placa rígida na mesma cota de projeto da fundação, sendo posteriormente
realizada a aplicação de sucessivas cargas sobre a placa e medição do deslocamento
provocado em cada aplicação de carga.
Conforme a NBR 6489/1984 (ABNT, 1984), a placa deve ter uma área igual ou
superior a 0,5 m² e deverá ser colocada sobre o solo nivelado. A aplicação da carga
deve ser realizada verticalmente, no centro da placa e de modo a não produzir
choques, sendo aconselhável o uso de macacos hidráulicos. A referida norma ainda
26

dispõe que os recalques devem ser lidos por extensômetros imediatamente após a
aplicação da carga e após intervalos sucessivos de tempo. Sendo que, só poderá ser
realizado acréscimo de carga após a estabilização do recalque, com tolerância
máxima de 5% do recalque total.
O ensaio é finalizado quando atinge um recalque total de 25 mm ou o dobro da
carga prevista para o solo. Após aplicar o último carregamento, caso não tenha
ocorrido a ruptura do solo, é necessário permanecer com a carga aplicada no mínimo
12 h.
O resultado do ensaio é uma curva tensão x recalque. A Figura 8 representa a
curva tensão x recalque para um solo argiloso. Ao analisar a curva, observa-se que
há uma tensão de ruptura definida em cerca de 160 kPa, pois, para um mesmo
carregamento, o solo apresenta um grande deslocamento. O comportamento da curva
de se aproximar de uma assíntota vertical é característico de solos argilosos.

Figura 8. Curva tensão x recalque de ensaio de placa em argila

Tensão (kPa)
0 50 100 150 200
0

5
Recalque (mm)

10

15

20

Fonte: Vargas (1951) apud Cintra et al (2011).

A Figura 9 representa a curva obtida de um ensaio realizado na cidade de São


Carlo em uma areia argilosa. Nesta curva, não é possível identificar uma tensão de
ruptura. Neste caso, a tensão de ruptura pode ser considerada a que corresponde ao
ponto no qual a curva se transforma em linha reta (CINTRA et al., 2011). Assim, no
caso da Figura 9, a tensão de ruptura é aproximadamente 140 kPa.
27

Figura 9. Curva tensão x recalque de ensaio de placa de areia.

Fonte: Macacari, 2001

De acordo com Cintra et al. (2011), nas curvas obtidas destes ensaios,
constata-se que para tensões até aproximadamente metade da tensão de ruptura é
possível delimitar um trecho inicial com comportamento linear. Deste trecho linear do
gráfico é possível definir o Coeficiente de Reação do Solo (ΚS) como o coeficiente
angular da reta, conforme a equação 4.
σ
KS = (MPa/m) ( 4 )
ρ

Sendo:
σ – tensão aplicada;
ρ – deslocamento.
Este parâmetro também é chamado de coeficiente de mola e é utilizado nos
modelos de cálculo de estruturas que consideram a interação solo-estrutura. É
importante ressaltar que o KS é obtido para um determinado tipo de solo e dimensões
de placa, devendo ser ajustado conforme a aplicação.

2.2.3 Ensaios de Cone


O ensaio de penetração de cone (CPT, Cone Penetration Test) consiste na
cravação de uma ponteira cônica no solo, de forma contínua e incremental, a uma
velocidade constante de 2 cm/s. A norma NBR 12069/1991 padronizava o teste no
Brasil, porém foi cancelada em 2015, desta forma, para mais informações podem ser
consultadas as normas D5778/1995 dos Estados Unidos e o Eurocode 7, parte 3.
28

De acordo com Schnaid e Odebrecht (2012), os procedimentos são


padronizados, porém os equipamentos não, e podem ser separados em cone
mecânico, cone elétrico e piezocone. No cone mecânico a medição dos esforços
necessários para cravar a ponta cônica é realizada na superfície, enquanto no cone
elétrico essa medição ocorre diretamente na ponteira, através de células de carga. Já
no piezocone é possível realizar a medição direta dos esforços e o monitoramento das
poropressões geradas durante a cravação.
Durante a cravação da ponteira (Figura 10), é realizada a medição da
resistência de cravação da ponta cônica (qc) e da resistência de atrito lateral (fs). A
leitura das poropressões é realizada por um elemento filtrante, que pode ser
posicionado na ponta cônica, na luva de atrito ou entre os dois componentes
(SCHNAID e ODEBRECHT, 2012). De acordo com Soares (1997), a magnitude da
poropressão varia conforme a posição do elemento filtrante, sendo que, o
posicionamento escolhido dependerá do objetivo do ensaio.

Figura 10. Ponteira cônica utilizado no CPT.

Fonte: SOUZA, 2019.

A principal vantagem do ensaio CPT está no registro contínuo da resistência à


penetração, o que fornece uma descrição completa da estratigrafia do solo. Além
disso, os resultados do ensaio podem ser utilizados diretamente na solução de
problemas geotécnicos, sem a necessidade de obtenção de parâmetros constitutivos
do solo (SCHNAID e ODEBRECHT, 2012). Uma desvantagem, com relação ao SPT,
29

é a não obtenção de amostras de solo, sendo necessário utilizar uma relação entre a
resistência de ponta e a resistência lateral para classificação do solo.

2.3 Fundações Profundas


As fundações podem ser classificadas em profundas ou superficiais, de acordo
com a profundidade na qual estão assentadas e a forma de transmissão de esforços
para o solo. As fundações superficiais mais comuns são as sapatas e radiers,
enquanto as profundas são as estacas e tubulões. A NBR 6122/2010 – Projeto e
execução de fundações (ABNT, 2010), define fundação profunda como:
“Elemento de fundação que transmite a carga ao terreno ou pela base
(resistência de ponta) ou por sua superfície lateral (resistência de
fuste) ou por uma combinação das duas, devendo sua ponta ou base
estar assente em profundidade superior ao dobro de sua menor
dimensão em planta, e no mínimo 3,0 m.”
A escolha do tipo de fundação adotada passa pela análise das características
da obra e do solo. Conforme Velloso e Lopes (1998), algumas características do solo
podem impor um determinado tipo de fundação, como, por exemplo, uma camada
consideravelmente espessa de argila mole na qual não é possível utilizar sapatas. Por
outro lado, caso a obra permita mais de um tipo de fundação, é recomendável que
seja realizada uma avaliação de custos e prazos, de forma a adotar a melhor solução.
Nesta avaliação, é importante considerar a localização da edificação, a presença de
subsolos, as cargas e vãos da estrutura, a presença de substâncias corrosivas, entre
outros fatores que poderão limitar a escolha de determinada fundação (VELLOSO e
LOPES, 1998).

2.3.1 Classificação de fundações profundas


As fundações profundas do tipo estacas podem ser classificadas segundo
diferentes critérios. Com relação ao material, podem ser de madeira, aço, concreto e
mistas. Com relação ao local de local de fabricação, podem ser pré-moldadas ou
moldadas in loco. E de acordo com o processo executivo, podem ser estacas de
deslocamento ou de substituição (DÉCOURT et al., 1998).
30

2.3.1.1 Estacas de deslocamento


As estacas de deslocamento são assim chamadas por serem executadas por
métodos de cravação, que podem provocar o deslocamento do solo. Nesta categoria,
pode-se citar as pré-moldadas de concreto, as metálicas e a estaca Franki.
As estacas pré-moldadas de concreto normalmente possuem comprimento
limitado devido ao transporte, e são constituídas de concreto armado, ou protendido,
para suportar os esforços de transporte e içamento. As estacas metálicas são
compostas de perfis laminados ou soldados, podendo ser simples, compostos,
tubulares ou trilhos soldados. Estes dois tipos de estacas podem ser cravadas no solo
por percussão, prensagem ou vibração, através da utilização de bate-estacas,
macacos hidráulicos ou vibradores.
As estacas do tipo Franki são moldadas in loco e seu processo construtivo
consiste na cravação de uma camisa metálica que possui na ponta uma bucha seca
de areia e brita. Esta bucha é inicialmente compactada dentro da camisa metálica,
proporcionando um elevado atrito entre a bucha e o tubo. Em seguida, a bucha e a
camisa metálica são cravadas no solo como o auxílio de um martelo. Ao atingir
determinada cota é iniciada a compactação de um concreto seco que formará a
estaca, este concreto expulsa a bucha da ponta da camisa, o que proporciona à estaca
uma base alargada (FRANÇA, 2011).
O processo de cravação pode causar diferentes impactos no solo, conforme as
características do maciço de solo. As estacas cravadas em solos granulares pouco
compactos causam uma diminuição do índice de vazios à medida que o volume da
estaca é introduzido no solo. De acordo com Velloso e Lopes (2010), este efeito é
benéfico, pois obtém-se uma maior capacidade de carga e menores recalques do que
se o solo fosse mantido em seu estado original. Porém, os autores ressaltam que,
caso o solo apresente elevada compacidade a cravação da estaca passará a produzir
um deslocamento do solo e não diminuição do índice de vazios, o que pode ser
danoso à estaca e a fundações vizinhas.
Em solos argilosos, devido a baixa permeabilidade, a cravação da estaca causa
um deslocamento das partículas, aumento da poropressão e amolgamento do solo.
Este amolgamento produz uma diminuição da resistência do solo, sendo que, esta
resistência poderá ser recuperada após um processo de dissipação do excesso de
poropressão e adensamento do solo (VELLOSO E LOPES, 2010).
31

2.3.1.2 Estacas de substituição


As estacas de substituição são estacas escavadas que promovem a remoção
do solo durante sua instalação. Exemplos de estacas escavadas são Strauss e a
hélice contínua. As estacas Strauss são escavadas com o auxílio de uma camisa
metálica e de um equipamento chamado sonda Strauss. A sonda é um tubo que
possui em sua extremidade inferior uma válvula mecânica, sendo esta fixada através
de dobradiças que se abrem quando o solo é cortado pelas bordas afiadas do tubo e
se fecham com o peso próprio do solo escavado (DÉCOURT et al, 1998). Após a
escavação, o concreto é lançado e apiloado ao mesmo tempo que o revestimento é
retirado.
A hélice contínua é uma estaca realizada com o auxílio de uma máquina
perfuratriz na qual é acoplado um trado helicoidal contínuo com um tubo vazado no
meio. Através de movimentos rotativos o trado entra no solo e após atingir a cota de
projeto é iniciado o bombeamento de concreto pelo tubo vazado. A concretagem é
realizada de baixo para cima, e a medida que o concreto é bombeado o trado vai
sendo erguido. Uma grande vantagem deste tipo de estaca é o monitoramento
computadorizado, através de sensores é possível medir o torque do trado, o
comprimento da estaca e a pressão do concreto injetado, possibilitando inferir o
diâmetro da estaca em cada segmento.
Devido a forma de execução, as estacas escavadas podem amolgar o solo e
produzir uma redução do confinamento, com consequente redução da rigidez e
resistência do solo (BRANCO, 2006). A Figura 11 ilustra a região na qual ocorre o
amolgamento e a região na qual ocorre o alívio de tensões no solo.
32

Figura 11. Efeitos no solo da execução de estacas escavadas.

Fonte: Velloso e Lopes, 2010.

O impacto da execução no confinamento do solo dependerá principalmente do


tipo de suporte utilizado na escavação e do tempo entre o término da escavação e a
concretagem. Nas estacas sem suporte o alívio de tensões é mais elevado, e nas
estacas com camisa metálica, por exemplo, o alívio é bastante reduzido (VELLOSO e
LOPES, 2010).

2.3.2 Capacidade de carga da fundação


Ao submeter uma estaca a um carregamento vertical, serão mobilizadas
tensões resistentes por resistência lateral (RL), entre o solo e o fuste da estaca, e
tensões resistentes normais a base, ou ponta da estaca (RP), conforme representado
na Figura 12. De acordo com Cintra e Aoki (2010), para solos argilosos a resistência
no fuste se dá por adesão, e para solos arenosos por atrito, porém predomina a
expressão atrito lateral independentemente do solo.
33

Figura 12. Representação das parcelas da resistência de uma estaca

Fonte: Cintra e Aoki, 2010

Ainda conforme os autores, a parcela referente a ponta é a multiplicação da


resistência de ponta (rp), em unidade de tensão, pela área de ponta (A), conforme a
equação 5. A parcela de atrito é definida como a multiplicação do perímetro do fuste
(U) por um somatório da resistência lateral nos diversos segmentos da estaca
(rL x ΔL), conforme a equação 6. A resistência total (R) se dará pela soma de RL e RP
(equação 7).
RP = rp A ( 5 )
RL = U Σ (rL ΔL) ( 6 )
R = RL + RP ( 7 )
A capacidade de carga de uma estaca pode ser realizada por métodos diretos
ou indiretos. No primeiro, os parâmetros de resistência são determinados através de
correlações com resultados de ensaios de investigação geotécnica. Enquanto nos
métodos indiretos, além dos dados de ensaios, são utilizadas formulações teóricas ou
experimentais (DÉCOURT et al., 1998).
No Brasil, difundiu-se a prática de relacionar a capacidade de carga de estacas
com as medidas de NSPT, através de métodos semi-empíricos de cálculo da
capacidade de carga. Conforme exposto por Schnaid e Odebrecht (2012) e por
Décourt et al, 1998, isto se deu pelas dificuldades de se estimar os parâmetros do solo
e a grande influência destes no cálculo teórico de capacidade de carga. Além disso,
Velloso e Lopes (2010) destacam que o SPT é a sondagem geotécnica mais difundida
e realizada no Brasil, sendo uma preocupação constante dos profissionais de
fundações estabelecer métodos de cálculo da capacidade de carga de estacas
34

utilizando os resultados deste tipo de sondagem. Ainda segundo os autores, os


principais métodos semi-empíricos utilizados no Brasil são: Aoki-Velloso (1975),
Décourt-Quaresma (1978) e Teixeira (1996), além de outros para casos específicos.

2.3.2.1 Método Aoki-Velloso


A teoria para estimativa da capacidade de carga pelo método Aoki-Velloso é
baseada em uma correlação com o ensaio CPT. De acordo com Aoki e Velloso (1975),
a resistência de ponta do cone (qc) é relacionada a incógnita geotécnica de resistência
de ponta da estaca (rp) e a resistência lateral obtida no ensaio de cone (fS) é
relacionada com a resistência lateral da estaca (rL). Desta forma, as incógnitas
geotécnicas são definidas conforme as equações 8 e 9.
qc
rp = ( 8 )
F1
fs
rL = ( 9 )
F2
As variáveis F1 e F2 são fatores de correção para considerar a diferença de
escala do ensaio de cone para uma estaca. De acordo com Cintra e Aoki (2010), após
a publicação do método, os fatores foram aprimorados ao longo do tempo, resultando
nos valores definidos na Tabela 1.

Tabela 1. Fatores de correção F1 e F2

Tipo de estaca F1 F2
Franki 2,50 2 F1
Metálica 1,75 2 F1
Pré-moldada 1 + D/0,8 2 F1
Escavada 3,00 2 F1
Raiz, Hélice contínua e Ômega 2,00 2 F1
Fonte: Cintra e Aoki, 2010

Devido ao ensaio SPT ser mais utilizado no Brasil, Aoki e Velloso (1975)
propuseram uma correlação entre o CPT e o SPT por meio de fator de conversão da
resistência de ponta (K), conforme a equação 10.

qc = K NSPT (MPa) ( 10 )

A partir desta conversão e da razão de atrito (α), é possível definir também o


atrito lateral em função no NSPT (equação 11).
fs
α= ( 11 )
qc
35

Com base em valores da literatura e experiência, os autores Aoki e Velloso


(1975) propuseram também a utilização da Tabela 2, que relaciona o tipo de solos
com os fatores K e α. Assim, através da caracterização tátil-visual do solo realizado
no ensaio SPT é possível definir os parâmetros K e α e calcular a capacidade de carga
da estaca.

Tabela 2. Coeficiente K e razão de atrito α

Solo K (MPa) α(%)


Areia 1,00 1,4
Areia siltosa 0,80 2,0
Areia siltoargilosa 0,70 2,4
Areia argilosa 0,60 3,0
Areia argilossiltosa 0,50 2,8
Silte 0,40 3,0
Silte arenoso 0,55 2,2
Silte arenoargiloso 0,45 2,8
Silte argiloso 0,23 3,4
Silte Argiloarenoso 0,25 3,0
Argila 0,20 6,0
Argila arenosa 0,35 2,4
Argila arenossiltosa 0,30 2,8
Argila siltosa 0,22 4,0
Argila siltoarenosa 0,33 3,0
Fonte: Aoki e Velloso, 1975

A fórmula final do método para calcular a capacidade de carga (R) da estaca é


expressa pela equação 12, na qual NP é o NSPT na cota de apoio da estaca e NL é o
NSPT médio da camada de solo de espessura ΔL.
K Np U
R = AP + Σ (α K NL ΔL) ( 12 )
F1 F2

Com relação ao fator de segurança Aoki e Velloso (1975) propõe a utilização


de um fator global de 2, ou seja, a carga de solicitação deve ser menor que R/2.

2.3.2.2 Método Décourt-Quaresma (1978)


O método Décourt-Quaresma apresenta um procedimento para o cálculo da
capacidade de carga de estacas com base nos parâmetros obtidos no ensaio SPT.
Inicialmente, o método foi desenvolvido para estacas de deslocamento, e após
estudos complementares foi possível aplicá-lo a outros tipos de estacas (DÉCOURT
et al., 1998).
36

De acordo com Cintra e Aoki (2010), para aplicar o método é necessário que o
NSPT ao longo do fuste esteja entre 3 e 15 para estacas escavadas e entre 14 e 50
para estacas cravadas ou escavadas com bentonita. A capacidade de carga lateral
(rL) pode ser calculada diretamente com a equação 13, sem distinção do tipo de solo.
Para o cálculo da capacidade de carga junto a ponta (rP) é introduzido um coeficiente
C, que pode ser obtido na Tabela 3 de acordo com o tipo de solo. A expressão para o
cálculo de rP é definida na equação 14.
NL
rL = 10 ( + 1) ( 13 )
3

rP = C NP ( 14 )

Sendo:
NP – valor médio a partir dos valores índice de resistência à penetração no nível
da ponta, o imediatamente anterior e o imediatamente posterior.
NL – valor médio do índice de resistência à penetração ao longo do fuste.

Tabela 3. Coeficiente característico do solo C

Tipo de solo C (kPa)


Argila 120
Silte argiloso 200
Silte arenoso 250
Areia 400
Fonte: Décourt e Quaresma (1978) apud Cintra e Aoki (2010)

O método inclui também a utilização de coeficientes α e β para a correção,


respectivamente, da reação de ponta (rP) e da resistência lateral (rL) nos diversos tipos
de estacas (DÉCOURT et al, 1998). O parâmetro α pode ser visualizado na Tabela 4
e o parâmetro β pode ser visualizado na Tabela 5.

Tabela 4. Valores do coeficiente α – Décourt-Quaresma.

Tipo de Estaca

Tipo de Solo Escavadas Escavadas Hélice Injetada sob


Raiz
em geral (bentonita) contínua altas pressões

Argilas 0,85 0,85 0,3* 0,85* 1,0*


Solos Intermediários 0,6 0,6 0,3* 0,6* 1,0*
Areias 0,5 0,5 0,3* 0,5* 1,0*
*Valores apenas orientativos diante do reduzido número de dados disponíveis.

Fonte: Décourt e Quaresma (1996) apud Décourt et al (1998)


37

Tabela 5. Valores do coeficiente β – Décourt-Quaresma.

Tipo de Estaca

Tipo de Solo Escavadas Escavadas Hélice Injetada sob


Raiz
em geral (bentonita) contínua altas pressões

Argilas 0,8* 0,9* 1,0* 1,5* 3,0*


Solos Intermediários 0,65* 0,75* 1,0* 1,5* 3,0*
Areias 0,5* 0,6* 1,0* 1,5* 3,0*
*Valores apenas orientativos diante do reduzido número de dados disponíveis.

Fonte: Décourt e Quaresma (1996) apud Décourt et al (1998)

Após a inclusão dos coeficientes, a formulação final para a capacidade de carga


de acordo com o método Décourt-Quaresma é definida na equação 15.
NL
R = α C NP AP + 10 β ( + 1) U L ( 15 )
3

Quanto ao fator de segurança, os autores propõem a utilização de um fator de


segurança de 4 para a resistência de ponta e 1,3 para a resistência lateral.

2.3.2.3 Método de Teixeira


Com base em outros métodos, Teixeira propôs uma equação unificada para o
cálculo da capacidade de carga em função dos parâmetros α e β, conforme a equação
16 (CINTRA e AOKI, 2010).

R = RP + RL = α NP AP + β NL U L ( 16 )

Sendo:
NP – valor médio do índice de resistência à penetração medidos no intervalo de
4 diâmetros acima da ponta da estaca e 1 diâmetro abaixo
NL – valor médio do índice de resistência à penetração ao longo do fuste.
Os valores dos parâmetros α e β podem ser obtidos, respectivamente, a partir
da Tabela 6 e da Tabela 7 de acordo com a estaca e o tipo de solo.
38

Tabela 6. Valores do parâmetro α – Teixeira.

Tipo de Estaca - α (kPa)


Solo
(4 < NSPT < 40 Pré-moldada e Escavada a
Franki Raiz
perfil metálico céu aberto

Argila siltosa 110 100 100 100


Silte argiloso 160 120 110 110
Argila arenosa 210 160 130 130
Silte arenoso 260 210 160 160
Areia argilosa 300 240 200 200
Areia siltosa 360 300 240 240
Areia 400 3340 270 270
Areia com pedregulhos 440 380 310 310
Fonte: Teixeira (1996) apud Cintra e Aoki (2010).

Tabela 7. Valores do parâmetro β – Teixeira.

Tipo de estaca β (kPa)


Pré-moldada e Perfil
4
metálico
Franki 5
Escavada a céu aberto 4
Raiz 6
Fonte: Teixeira (1996) apud Cintra e Aoki (2010).

Deve-se ressaltar que para solos com espessas camadas de argilas moles, no
qual serão utilizadas estacas pré-moldadas com ponta flutuante, Teixeira recomenda
a utilização da tensão de atrito lateral fornecida na Tabela 8.

Tabela 8. Valores de atrito lateral.

Sedimento rL (kPa)
Argila fluviolagunar (SFL)* 20 a 30
Argila transicional (AT)** 60 a 80
*SFL: argilas fluviolagunares e de baias, holocênicas – camadas situação até cerca de 20 a 25 m de
profundidade, com valores de NSPT inferiores a 3, de coloração cinza-escura, ligeiramente pré-
adensada.

**AT: argilas transicionais, pleistocênicas – camadas profundas subjacentes ao sedimento SFL, com
valores de NSPT de 4 a 8, as vezes de coloração cinza-clara, com tensões de pré-adensamento maiores
do que aquelas das SFL.

Fonte: Teixeira (1996) apud Cintra e Aoki (2010)

Com relação ao fator de segurança o autor propõe a utilização de um fator de


segurança global 2, exceto para estacas escavadas a céu aberto, no qual recomenda
a utilização de um fator de segurança de 4 para a resistência de ponta e 1,5 para a
resistência lateral.
39

2.3.3 Efeito de grupo e bloco de coroamento


Os métodos apresentados consideram a capacidade de carga de uma estaca
isolada, porém é comum a utilização de grupos de estacas interligadas por um bloco
de coroamento. A eficiência do sistema estacas-bloco dependerá do número de
estacas, espaçamento, dimensões do bloco e, principalmente, do tipo de solo.
De acordo com Cintra e Aoki (2010), não há uma teoria para estimar a
capacidade de carga do sistema, porém estudos comprovam que se pode ter um
ganho de cerca de 1,5 vezes em blocos de até nove estacas. Este ganho está
associado a contribuição do bloco, que passa a transmitir uma parte da carga pela
base. Além disso, para estacas cravadas em solos arenosos, tem-se uma maior
compactação causada pela cravação de diversas estacas em uma pequena área.
Na prática, os possíveis benefícios desse ganho de resistência não são
considerados, pois, além de não haver um método para calcular o ganho, a utilização
de um bloco de estacas implica a ocorrência de maiores recalques (CINTRA e AOKI,
2010). Desta forma, é calculada a capacidade de carga de cada estaca e multiplicada
pelo número de estacas no bloco.
O bloco de coroamento é um elemento responsável pela transferência de carga
da estrutura para as estacas, auxiliando também na correção de pequenas
excentricidades e imperfeições construtivas. Conforme a NBR 6118/2014 (ABNT,
2014), os blocos podem ser rígidos ou flexíveis, sendo que os blocos rígidos são
caracterizados por “trabalho à flexão nas duas direções, mas com trações
essencialmente concentradas nas linhas sobre as estacas (...) e forças transmitidas
do pilar para as estacas essencialmente por bielas de compressão” (Figura 13).
40

Figura 13. Bielas de concreto no bloco sobre duas estacas

Fonte: Bastos, 2017.

O modelo utilizado neste trabalho considera a utilização de blocos rígidos. Os


métodos de dimensionamento de blocos não fazem parte do escopo deste trabalho.

2.3.4 Recalques
A NBR 6122/2010 (ABNT, 2010) prevê que as tensões atuantes nas fundações
devem atender a critérios de estados-limite último e de estados-limite de serviço. Para
o primeiro, são utilizadas formulações experimentais, teóricas ou semi-empíricas para
cálculo da tensão admissível, e para o segundo é realizado o cálculo do recalque da
fundação, sendo comparado a valores máximos.
O recalque de uma fundação profunda está associado a deformações do solo
(ρs) e deformações do próprio elemento de fundação (ρe), também chamado de
encurtamento elástico (CINTRA e AOKI, 2010). Desta forma, o recalque total (ρ) se
dará pela soma dessas duas parcelas, conforme a equação 17.

ρ = ρs + ρ e ( 17 )

Para calcular o recalque devido ao encurtamento elástico da estaca é


necessário considerar que o esforço normal imposto ao elemento vai sendo
transferido para o solo ao longo do fuste, ou seja, não permanece constante ao em
toda a estaca. Conforme Cintra e Aoki (2010), supondo-se linear a variação da carga
em cada intervalo da estaca, pode-se elaborar um diagrama simplificado de carga
atuante em cada segmento. A Figura 14 ilustra um diagrama simplificado no qual a
41

estaca foi dividida nos segmentos L1, L2 e L3, nos quais atuam, respectivamente, as
cargas médias P1, P2 e P3.

Figura 14. Diagrama de esforço normal na estaca.

Fonte: Cintra e Aoki (2010).

Após definir os intervalos de cálculo encontra-se a carga média aplicada e


utiliza-se a lei de Hooke para determinar o encurtamento elástico da estaca (equação
18).
1
ρe = + Σ (Pi Li ) ( 18 )
A Ec

Sendo:
A – área da seção da estaca;
Ec – módulo de elasticidade do concreto, podendo ser utilizado o módulo de
elasticidade de 28 a 30 GPa para estacas pré-moldadas, 21 GPa para estacas hélice
contínua e 18 GPa para Strauss (CINTRA e AOKI, 2010).
Para o cálculo da deformação do solo, Aoki (1984) apud Cintra e Aoki (2010)
considera que a carga aplicada se encontra na fase inicial da curva tensão-recalque
e a deformação pode ser calculada pela teoria da elasticidade. Desta forma, a tensão
total pode ser estimada pela soma das tensões devido a carga que chega na ponta
da estaca (Δσp) com o somatório das tensões causadas pelas cargas Pi aplicadas em
cada segmento Li (σi). A Figura 15 ilustra o acréscimo de tensão que ocorre em uma
camada de espessura H a uma distância h da ponta da estaca.
42

Figura 15. Propagação de tensões devido a resistência de ponta.

Fonte: Cintra e Aoki (2010).

Para calcular o acréscimo de tensão gerado no solo devido a resistência de


ponta, Aoki (1984) apud Cintra e Aoki (2010) propõe a utilização da equação 19.
H
Δσp = 4 Pp / ( π ( D + h + )² ) ( 19 )
2

Para o cálculo do acréscimo de tensões devido a resistência lateral, o autor


propõe a utilização da equação 20, na qual o termo h passa a ser a distância entre o
ponto médio de cada segmento Li até o topo da camada de espessura H.
H
Δσi = 4 RLi / ( π ( D + h + )² ) ( 20 )
2

O acréscimo de tensão total (Δσ) se dará pela soma de acréscimos de tensões


devido a cada camada. Com o acréscimo total definido, é possível aplicar a Teoria da
Elasticidade para calcular o recalque (equação 21).
Δσ
ρs = Σ ( H) ( 21 )
Es

Sendo ES o módulo de deformabilidade da camada de solo, definido na


equação 22.
σ+ Δσ n
Es = E0 ( ) ( 22 )
σ

Sendo:
σ – tensão geoestática no centro da camada;
43

Δσ – acréscimo de tensão;
n – fator que depende do solo: 0,5 para solos granulares e 0 para argilas.
E0 – módulo da deformabilidade do solo antes da execução da estaca, podendo
ser utilizado 6K N para estacas escavadas, 4K N para estacas hélice contínua e 3K N
para estacas escavadas, sendo K o coeficiente do método Aoki-Velloso (AOKI, 1984
apud CINTRA e AOKI, 2010).

2.3.5 Carga admissível


São encontradas na literatura duas filosofias de projeto com relação ao fator de
segurança utilizado em projetos de fundações. Na primeira, chamada de filosofia de
valores de cálculo, são utilizados fatores de minoração da resistência característica e
majoração do esforço de solicitação. Enquanto na segunda é utilizado um fator de
segurança global aplicado sobre a resistência média, resultando na tensão admissível.
Na norma NBR 6122/2010 (ABNT, 2010) é prevista a utilização de qualquer uma das
duas filosofias, porém, na prática, há uma preferência pela filosofia da tensão
admissível, sendo esta a adotada neste trabalho.
A norma NBR 6122/2010 estabelece no item 6.2.1.2.1 que quando for utilizado
um método semi-empírico para o cálculo da capacidade de carga deve-se adotar 2
como fator de segurança (Fs). No item 8.2.1.2, a norma também prevê que, para
estacas escavadas, a carga suportada pela ponta deve ser no máximo 20% da carga
total, isso ocorre devido a necessidade de um maior recalque para mobilização da
resistência de ponta.
Além da carga admissível com relação ao solo, é necessário verificar a carga
admissível quanto ao elemento estrutural, também chamada de carga admissível da
estaca (Pe) ou carga de catálogo. Para definição desta carga, é necessário buscar nos
catálogos dos diversos fornecedores de estacas e executores de fundações. A Tabela
9 mostra um compilado realizado por Cinta e Aoki (2010) para as principais estacas
moldadas in loco.
44

Tabela 9. Cargas de catálogo de estacas moldadas in loco.

Estaca Dimensão (cm) Carga de catálogo (kN)


Broca σe = 3 a 4 MPA **Ø20 150
(Velloso e Lopes, 2002) Ø25 200
Ø22 200
Strauss Ø27 300
σe = 4 MPA
(Falconi et al, 1998) Ø32 400
Ø42 700
Ø30 450
Fraki Ø35 550
σe = 6 MPA Ø40 800
(Maia, 1998) Ø52 1300
Ø60 1700
Ø40 800
Ø50 1250
Hélice Contínua Ø60 1800
σe = 6 MPA
Ø70 2450
(Antunes e Tarozzo,
1998) Ø80 3200
Ø90 4000
Ø100 5000
Ø12 100-250
Ø15 100-350
Raiz* Ø20 100-600
(Alonso, 1998) Ø25 250-800
Ø31 300-1100
Ø41 500-1500
*A carga de catálogo depende da armadura utilizada.
**Ø – diâmetro
Fonte: Adaptada de Cintra e Aoki (2010).

2.4 Análise da interação solo-estrutura


Para realizar uma análise da interação solo-estrutura é necessário conhecer o
comportamento da estrutura de fundação e do maciço de solo. De acordo com Silva
(2006), devido as características complexas que o solo apresenta, como a anisotropia,
heterogeneidade e não linearidade, a modelagem do solo se mostra mais complexa
que a modelagem da estrutura.
Porto e Silva (2010) apresentam dois modelos para representar o maciço de
solo: por um meio contínuo e por um conjunto de elementos isolados. O meio contínuo
discretiza o solo em diversos pontos, fornecendo mais informações a respeito das
tensões e deformações na massa de solo (Figura 16). Uma desvantagem desse
45

método é a sua complexidade e dificuldade de parametrizar o solo, além da


quantidade de dados e do custo computacional (KHOURI, 2001).

Figura 16. Modelo contínuo: elemento de placa sobre apoio sólido

Fonte: Adaptada de Porto e Silva, 2010.

A representação do solo por um conjunto de elementos isolados pode ser


realizada pelo método de Winkler, no qual o solo é representado por um conjunto de
molas (Figura 17). Este modelo foi proposto por Winkler em 1867 e consiste em
discretrizar o solo em um conjunto de molas espaçadas e independentes que
representarão a deformação da fundação a um determinado carregamento (PORTO
e SILVA, 2010).

Figura 17. Modelagem do solo por um conjunto de molas.

Fonte: Antoniazzi, 2011.

2.4.1 Método de Winkler


Dentre os dois modelos, o mais utilizado é o que discretiza o solo em elementos
isolados (método de Winkler), por ser mais simples e exigir menos parâmetros para
modelagem (PORTO e SILVA, 2010). Uma das limitações deste modelo é que, por
considerar as molas independentes, não modela a continuidade do solo, a dispersão
46

da carga em uma área e a influência das fundações vizinhas (SILVA, 2006). Além
disso, as molas possuem comportamento linear elástico o que não representa de
forma real o solo que possui comportamento inelástico e não-linear.
Para fundações profundas, o método de Winkler consiste em simular a estaca
por um elemento de barra e o solo por um conjunto de molas, sendo estas colocadas
na base da estaca e espaçadas ao longo do fuste, conforme a Figura 18. A rigidez
das molas será representada pela rigidez do solo, sendo esta a principal dificuldade
do modelo, pois o coeficiente de rigidez pode variar com a profundidade e com a
direção considerada – vertical, horizontal, rotacional (CHRISTAN, 2012).

Figura 18. Representação do modelo de Winkler em uma estaca.

Fonte: Adaptado de Khouri, 2001.

As análises que consideram este modelo são iterativas. Inicialmente, a


estrutura é calculada considerando apoios indeslocáveis, após isso, as cargas nos
apoios serão utilizadas para projetar as fundações e calcular os deslocamentos. Com
a fundação projetada a estrutura pode ser calculada novamente, mas dessa vez
considerando que há molas nos apoios. Com os novos esforços obtidos pode-se
projetar novamente a fundação. Este processo iterativo ocorre até que haja
compatibilidade nos deslocamentos da estrutura e da fundação.

2.4.2 Coeficientes do solo


O coeficiente de reação do solo é definido como a razão entre a pressão
aplicada no solo (σ) e o deslocamento (ρ) causado (equação 23). Ele pode ser obtido
47

através de curvas tensão x recalque que resultam de ensaios de provas de carga em


placas, conforme visto anteriormente no item 2.2.2 – Prova de carga em placa.
σ
KS = ( 23 )
ρ

O valor do coeficiente KS depende das propriedades do solo e das dimensões


da área de contato na qual a pressão atua. Para fundações profundas, o problema é
mais complexo pois a fundação atravessa camadas de solo com diferentes
características que podem apresentar um comportamento bem diversificado (CINTRA,
2002).
Bowles (1997) relaciona o coeficiente de reação do solo com a formulação
proposta por Terzaghi para capacidade de carga e deslocamento em sapatas. O autor
apresenta uma equação geral para o cálculo do coeficiente de reação, conforme
equação a 24.

Z
kv = As + Bs tan-1 ( 24 )
D

Sendo:
kv – coeficiente de reação vertical do solo;
Z – profundidade abaixo do solo;
D – profundidade máxima de interesse, comprimento da estaca.
As pode ser obtido na equação 25 e Bs na equação 26.
As = C (c Nc Sc + 0,5 γ B Nγ Sγ) ( 25 )
Bs = C γ Nq Sq ( 26 )
Sendo:
γ – peso específico do solo;
C – coesão do solo;
Nc, Nq, Nγ – fatores de capacidade de carga;
Sc, Sq, Sγ – fatores de forma;
B – diâmetro da base.
C – fator de correção proposto por Bowles, sendo 40 para um deslocamento
máximo de 25,4 cm.
Os fatores de capacidade de carga são função do ângulo de atrito do solo e
podem ser obtidos na Tabela 10 proposta por Vesic (1975) apud Cintra e Aoki (2011).
48

Tabela 10. Fatores de capacidade de carga.

φ° NC Nq Nγ φ° NC Nq Nγ
0 5,14 1,00 0,00 26 22,25 11,85 12,54
1 5,38 1,09 0,07 27 23,94 13,20 14,47
2 5,63 1,20 0,15 28 25,80 14,72 16,72
3 5,90 1,31 0,24 29 27,86 16,44 19,34
4 6,19 1,43 0,34 30 30,14 18,40 22,40
5 6,49 1,57 0,45 31 32,67 20,63 25,99
6 6,81 1,72 0,57 32 35,49 23,18 30,22
7 7,16 1,88 0,71 33 38,64 26,09 35,19
8 7,53 2,06 0,86 34 42,16 29,44 41,06
9 7,92 2,25 1,03 35 46,12 33,30 48,03
10 8,35 2,47 1,22 36 50,59 37,75 56,31
11 8,80 2,71 1,44 37 55,63 42,92 66,19
12 9,28 2,97 1,69 38 61,35 48,93 78,03
13 9,81 3,26 1,97 39 67,87 55,96 92,25
14 10,37 3,59 2,29 40 75,31 64,20 109,41
15 10,98 3,94 2,65 41 83,86 73,90 130,22
16 11,63 4,34 3,06 42 91,71 85,38 155,55
17 12,34 4,77 3,53 43 105,11 99,02 186,54
18 13,10 5,26 4,07 44 118,37 115,31 224,64
19 13,93 5,80 4,68 45 133,88 134,88 271,76
20 14,83 6,40 5,39 46 152,10 158,51 330,35
21 15,82 7,07 6,20 47 173,64 187,21 403,67
22 16,88 7,82 7,13 48 199,26 222,31 496,01
23 18,05 8,66 8,20 49 229,93 265,51 613,16
24 19,32 9,60 9,44 50 266,89 319,07 762,89
25 20,72 10,66 10,88
Fonte: Vesic (1975) apud Cintra e Aoki (2011).

Os fatores de forma Sc, Sq, Sγ variam conforme o formato da fundação. Estes


fatores podem ser obtidos na Tabela 11.

Tabela 11. Fatores de forma de Terzaghi-Peck.

Forma SC Sq Sγ
Sapata corrida 1,0 1,0 1,0
Quadrada 1,2 1,0 0,8
Circular 1,2 1,0 0,6
Fonte: Terzaghi e Peck (1967) apud Cintra e Aoki (2011).

Bowles (1997) apresenta também uma tabela para estimar os valores de Ks de


acordo com o tipo de solo (Tabela 12). Os valores auxiliam da determinação da ordem
49

do coeficiente e podem ser usados para comparar com os valores calculados pelas
equações propostas.

Tabela 12. Intervalo de valores para o coeficiente de reação.

Solo Ks (kN/m³)
Areia fofa 4.800 - 16.000
Areia medianamente compacta 9.600 - 80.000
Areia compacta 64.000 - 128.000
Argila arenosa medianamente compacta 32.000 - 80.000
Silte arenoso medianamente compacto 24.000 - 48.000
Argila (qu ≤ 200 kPa) 12.000 - 24.000
Argila (200 < qu ≤ 800 kPa) 24.000 - 48.000
Argila (qu < 800 kPa) > 48.000
Fonte: Bowles, 1997.

De acordo com Godoy e Teixeira (1998), para a estimativa da coesão em


argilas saturadas pode ser utilizada a resistência não drenada (Su), conforme a
equação 27. E para a estimativa do ângulo de atrito, os autores recomendam a
equação 28.
c = Su = 10 NSPT ( 27 )
φ = √20 Nspt + 15º ( 28 )
Para a estimativa do peso específico do solo, Godoy (1972) apud Cintra e Aoki
(2010), recomenda a utilização da Tabela 13 para solos argilosos e da Tabela 14 e
para solos arenosos.

Tabela 13. Peso específico de solos argilosos recomendados por Godoy.

NSPT Consistência Peso Específico (kN/m³)


≤2 Muito mole 13
3-5 Mole 15
6 - 10 Média 17
11 - 19 Rija 19
≥ 20 Dura 21
Fonte: Godoy (1972) apud Cintra e Aoki (2010).

Tabela 14. Peso específico para solos arenosos recomendados por Godoy.

Peso Específico (kN/m³)


NSPT Compacidade Areia seca Úmida Saturada
<8 Fofa ou pouca compacta 16 18 19
9 - 18 Medianamente compacta 17 19 20
> 18 Compacta ou muito compacta 18 20 21
Fonte: Godoy (1972) apud Cintra e Aoki (2010).
50

Bowles (1997) apresenta os valores de peso específico dispostos na Tabela 15


para solos argilosos e na Tabela 16 para solos arenosos.

Tabela 15. Peso específico para solos argilosos recomendados por Bowles.

Consistência Peso Específico (kN/m³)


Muito mole e mole 16 – 19
Média 17 – 20
Rija à dura 19 – 22
Fonte: Bowles (1997).

Tabela 16. Peso específico para solos arenosos recomendados por Bowles.

Compacidade Peso Específico (kN/m³)


Muito fofa 11 - 16
Fofa 14 - 18
Medianamente compacta 17 - 20
Compacta 17 - 22
Muito compacta 20 - 23
Fonte: Bowles (1997).

2.4.3 Softwares utilizados


Atualmente, o desenvolvimento de projetos estruturais conta com diversos
softwares que possibilitam a análise da interação solo estrutura, dentre estes podem
ser citados o TQS e o Eberick. Ambos permitem a inserção de dados da fundação e
dos coeficientes de recalque, calculando a interação-solo estrutura através do método
de Winkler.
Neste trabalho, será modelado um pórtico no software Eberick 2019 e a
fundação será calculada através de uma planilha, criada pela autora, no Excel 2013.
O Eberick permite a inserção de coeficiente de reação para a ponta da estaca e para
o fuste, sendo necessário inserir também os dados de cada camada. É importante
ressaltar que no software são inseridos os coeficientes de recalque vertical, o
coeficiente de Poisson e a espessura da camada, sendo o coeficiente horizontal
calculado através da relação entre os dois primeiros parâmetros.
Os coeficientes de Poisson podem ser obtidos através de valores
típicos encontrados na literatura, na Tabela 17 são apresentados valores
recomendados por Godoy e Teixeira (1998) e por Bowles (1997).
51

Tabela 17. Coeficiente de Poisson.

Solo Godoy e Teixeira Bowles (1997)


Areia pouco compacta 0,2 0,3-0,4
Areia compacta 0,4 0,3-0,4
Silte 0,3-0,5 0,3-0,45
Argila saturada 0,4-0,5 0,4-0,5
Argila não-satura 0,1-0,3 0,1-0,3
Fonte: Adaptada de Godoy e Teixeira (1998) e Bowles (1997).
52

3 MÉTODO
3.1 Modelagem dos pórticos
Neste estudo foram modelados quatro pórticos, três quadrados, variando o
número de pavimentos em 4, 8 e 12, e um pórtico retangular de 8 pavimentos. O pé
direito tem 3 m e a distância entre pilares 4 m, variando o número de pilares conforme
a altura do pórtico. As lajes são maciças, com 12 cm de espessura.
Considerou-se que as estruturas se localizam na cidade de Florianópolis,
pertencente a Classe de Agressividade Ambiental III (CAA III – Marinha), com uma
cobertura de 35 mm para lajes e 40 mm para pilares, vigas e elementos em contato
com o solo, conforme previsto na NBR 6118/2014. Para uma CAA III o concreto deve
ter no mínimo fck de 30 MPa, sendo este o adotado.
O pórtico foi modelado para uso comercial, possuindo uma carga acidental de
2 kN/m², além do peso próprio da estrutura e da carga adicional de 1,5 kN/m² de
revestimento. Além destes carregamentos, foi considerada também a ação do vento
na edificação, conforme a NBR 6123/1988 (ABNT, 1988). Para a análise do vento foi
utilizada uma velocidade básica de 42 m/s, o fator de terreno (S1) e fator estatístico
(S3) foram considerados iguais a 1,0. A rugosidade do terreno, fator S2, foi
considerada de Categoria IV (terrenos cobertos por obstáculos numerosos e pouco
espaçados) e a classe foi definida para cada pórtico conforme a sua maior dimensão.
Os pórticos foram modelados com auxílio do software Eberick, no qual é
possível realizar uma análise estática linear e obter as cargas nas fundações e o
coeficiente γz. As estruturas foram consideradas, inicialmente, engastadas nos apoios
e foi realizado um pré-dimensionamento dos elementos, sendo necessário ajustar as
dimensões após a análise estrutural. Com o dimensionamento finalizado foi realizada
novamente a análise do pórtico, pois os esforços e as cargas nas fundações
dependem da dimensão dos elementos.
No final da etapa de dimensionamento obteve-se, entre outros, os valores de
deslocamento horizontal, o coeficiente γz, os esforços nos elementos e um relatório
de cargas nas fundações. Com o relatório de cargas nas fundações foi realizado o
dimensionamento das estacas e o lançamento dos blocos, sendo assim, finalizado o
modelo dos pórticos.
53

3.2 Modelo de fundação


Para o dimensionamento da fundação foram utilizados os resultados do laudo
de sondagem SPT disponível no ANEXO – LAUDO spt, sendo considerado um
mesmo perfil de solo para toda a fundação. De acordo com o laudo, o solo é composto
por camadas de argila arenosa e argila siltosa, com nível de água a 1,73 m. Nos
primeiros 5 m de solo tem-se um NSPT que varia de 5 a 10, entre 6 e 7 m um solo com
NSPT acima de 20, entre 8 e 11 m um NSPT de 0 a 3 e acima de 12 m o NSPT apresenta
média superior a 14. Desta forma, observa-se que há uma camada de solo com baixa
resistência entre 8 e 11 m de profundidade. Os valores de SPT e a classificação do
solo foram utilizados no cálculo da capacidade de carga das estacas e na
determinação dos coeficientes de rigidez do solo (ks).
A determinação da capacidade de carga das estacas foi realizada de acordo
com o método Aoki-Velloso (1975) e com auxílio de uma planilha desenvolvida no
software Excel pela autora deste estudo. Visto que o NSPT é determinado a cada metro,
adotou-se esta espessura para as camadas de solo. Na Tabela 18 visualizam-se o
NSPT, a classificação do solo e os parâmetros K e α utilizados para cada camada,
definidos conforme a Tabela 2.

Tabela 18. Coeficientes para determinação da capacidade de carga.

Cota de Ponta (CP) NSPT Solo k (kPa) α


1 10 Argila siltosa 220,00 4,0%
2 14 Argila siltosa 220,00 4,0%
3 5 Argila arenosa 350,00 2,4%
4 11 Argila arenosa 350,00 2,4%
5 6 Argila arenosa 350,00 2,4%
6 22 Argila siltosa 220,00 4,0%
7 27 Argila siltosa 220,00 4,0%
8 2 Argila siltosa 220,00 4,0%
9 3 Argila siltosa 220,00 4,0%
10 0 Argila siltosa 220,00 4,0%
11 3 Argila siltosa 220,00 4,0%
12 8 Argila arenosa 350,00 2,4%
13 9 Argila arenosa 350,00 2,4%
14 18 Argila arenosa 350,00 2,4%
15 13 Argila arenosa 350,00 2,4%
16 15 Argila arenosa 350,00 2,4%
17 12 Argila arenosa 350,00 2,4%
18 13 Argila arenosa 350,00 2,4%
19 10 Argila arenosa 350,00 2,4%
54

20 16 Argila arenosa 350,00 2,4%


21 19 Argila arenosa 350,00 2,4%
22 28 Argila arenosa 350,00 2,4%
23 36 Argila arenosa 350,00 2,4%
24 40 Argila arenosa 350,00 2,4%
25 44 Argila arenosa 350,00 2,4%

Foram consideradas estacas hélice contínua, com os fatores de correção F1


igual a 2 e F2 igual a 4, conforme a Tabela 1. O diâmetro da estaca variou de acordo
com o pórtico modelado, sendo 50 cm para o pórtico com 4 pavimentos, 60 cm para
os pórticos com 8 pavimentos e 70 cm para o pórtico com 12 pavimentos. A carga
admissível foi obtida através da capacidade de carga calculada com a equação 12
dividida pelo fator de segurança (FS) igual a 2, conforme recomendado por Aoki e
Velloso (1975).

3.2.1 Modelo da interação solo-estrutura


A modelagem da interação solo-estrutura foi realizada com o auxílio do
software Eberick, o qual possibilita a inserção do coeficiente de reação vertical e
coeficiente de Poisson para cada camada de solo (Figura 19), sendo calculado o
coeficiente de reação horizontal a partir desses dados.

Figura 19. Janela de inserção da camada de solo no Eberick.


55

As camadas foram consideradas com espessura de 1 m, o coeficiente de


Poisson utilizado foi de 0,45, conforme a Tabela 17, e os coeficientes de recalque do
solo foram determinados com o método de Bowles (1997). Para cada estaca foram
inseridas as camadas de solo as quais a estaca está em contato, sendo o
comprimento total correspondente ao comprimento da estaca. Além disso, foi inserido
o coeficiente de reação da camada na qual está a ponta da estaca.
Para a aplicação do método de Bowles (1997), foi utilizada a equação 24, sendo
que os valores de As e Bs foram obtidos pelas equações 25 e 26.
Os parâmetros de coesão e peso específico de cada camada do solo foram
obtidos, através, respectivamente, da equação 27 e da Tabela 15, valores
recomendados por Godoy (1972) e Bowles (1997). Por ser um solo com argila
saturada, o ângulo de atrito foi considerado zero. A partir do ângulo de atrito, foram
obtidos da Tabela 10 os fatores de capacidade de carga, sendo Nc igual a 5,14; Nq
igual a 1,0 e Nγ igual a 0. Os fatores de forma foram definidos para uma seção circular,
sendo SC igual a 1,2; Sq igual a 1,0 e Sγ igual a 0,6; conforme a Tabela 11. Devido ao
valor de Nγ ser igual a zero, observa-se que o valor do coeficiente de reação do solo
independe do diâmetro da estaca.

3.2.2 Estimativa de recalques


Para realizar uma estimativa dos recalques foi utilizado o método descrito por
Cintra e Aoki (2010). Para o cálculo do encurtamento elástico de uma estaca de seção
transversal com área A, foi definida uma tensão média (Pi) atuante em um segmento
de 1 m (Li), esta tensão é a média entre a tensão aplicada no início do segmento e a
tensão aplicada no final do segmento. Definida esta tensão, foi utilizada a equação 18
para calcular o encurtamento elástico, sendo Ec igual a 21 GPa, conforme
recomendado por Cintra e Aoki (2010).
Para a parcela de recalque do solo, dividiu-se o solo em camadas de 1 m de
espessura (H) a partir da cota de ponta da estaca até 25 m, profundidade de parada
do ensaio SPT. Para cada camada, foi calculado o acréscimo de tensão gerado pela
resistência de ponta (Rp) da estaca (equação 19) e o acréscimo de tensão gerado pela
resistência lateral em cada segmento (RLi) de 1 m de estaca (equação 20).
Após obter o acréscimo de tensão total em cada camada, foi utilizada a
equação 21 para calcular o recalque do solo, sendo o valor de Es obtido através da
equação 22. A tensão geoestática no centro da camada (σ) foi calculada com os
56

valores de peso específico da Tabela 13, recomendados por Godoy (1972) apud
Cintra e Aoki (2010). O valor de E0 utilizado foi de 4 K NSPT, sendo K o coeficiente
empírico de Aoki-Velloso (1975), e n igual a 0 (solo argiloso).
57

4 EXEMPLOS NUMÉRICOS
Neste capítulo serão apresentados os pórticos hipotéticos modelados para a
análise da interação solo-estrutura, bem como a descrição geotécnica e os resultados
obtidos na modelagem da fundação e da interação solo-estrutura.

4.1 Apresentação dos modelos


4.1.1 Pórtico quadrado com 4 pavimentos
O modelo com 4 pavimentos é um pórtico simétrico nas duas direções e possui
9 pilares. Nos dois primeiros pavimentos os pilares externos têm seção 25 x 25 cm e
o pilar central tem seção 30 x 30 cm. As vigas externas possuem 15 cm de largura e
40 cm de altura (15 x 40 cm) e as vigas internas 18 x 40 cm. Nos dois últimos
pavimentos a seção de todos os pilares diminui para 20 x 20 cm. Na Figura 20 é
possível visualizar a planta de formas do pavimento Tipo 1 para o pórtico quadrado
com 4 pavimentos.

Figura 20. Pórtico quadrado com 4 pavimentos – planta baixa.


58

Neste pórtico, para análise da ação do vento foi considerada uma estrutura
Classe A, com a maior dimensão menor que 20 m. Desta forma, foram obtidas as
forças visualizadas na Tabela 19.

Tabela 19. Pórtico quadrado com 4 pavimentos – forças devido ao vento

Pavimento Força (kN)


Tipo 4 12,1
Tipo 3 22,9
Tipo 2 20,7
Tipo 1 17,1
Térreo 1,9

Após a análise e o dimensionamento, foram obtidas as cargas na fundação


visualizadas na Tabela 20.

Tabela 20. Pórtico quadrado com 4 pavimentos – cargas na fundação.

Pilar Cargas (kN)


P1 153,6
P2 318,8
P3 153,6
P4 321,5
P5 784,6
P6 321,5
P7 153,3
P8 328,8
P9 153,6

4.1.2 Pórtico quadrado com 8 pavimentos


O modelo com 8 pavimentos formato quadrado possui simetria nas duas
direções e 16 pilares. Nos primeiros cinco pavimentos os pilares externos possuem
seção 25 x 25 cm e os pilares internos seção 35 x 35 cm. Nos três últimos pavimentos
a seção dos pilares foi reduzida para 20 x 20 cm. As vigas externas possuem seção
15 x 40 cm e as vigas internas seção 18 x 45 cm, sendo as internas maiores para
conferir maior rigidez a estrutura. Na Figura 21 é possível visualizar a planta de formas
do pavimento Tipo 1 para o pórtico quadrado com 8 pavimentos.
59

Figura 21. Pórtico quadrado com 8 pavimentos – planta baixa.

Para a análise da ação do vento, o pórtico foi considerado pertencente a Classe


B, com dimensão máxima entre 20 e 50 m, visto que possui altura total de 24 m. Na
Tabela 21 é possível visualizar as forças devido ao vento em cada pavimento.

Tabela 21. Pórtico quadrado com 8 pavimentos – forças devido ao vento.

Pavimento Força (kN)


Tipo 8 21,2
Tipo 7 41,4
Tipo 6 39,8
Tipo 5 38,0
Tipo 4 35,9
Tipo 3 33,4
Tipo 2 30,1
Tipo 1 24,7
Térreo 2,7
60

Após a análise e o dimensionamento, foram obtidas as cargas na fundação


visualizadas na Tabela 22.

Tabela 22. Pórtico quadrado com 8 pavimentos – cargas na fundação.

Pilar Carga (kN) Pilar Carga (kN)


P1 352,4 P9 622,7
P2 622,1 P10 1225,1
P3 611,4 P11 1225,6
P4 352,5 P12 611,4
P5 609,9 P13 352,5
P6 1228,3 P14 611,4
P7 1225,5 P15 622,8
P8 622,8 P16 352,5

4.1.3 Pórtico quadrado com 12 pavimentos


O pórtico modelado com 12 pavimentos é simétrico nas duas direções, e possui
20 pilares. Do pavimento 1 até o pavimento 6, os pilares externos possuem seção
30 x 30 cm e os pilares internos seção 35 x 35 cm. Para os pilares dos pavimentos 7
a 12, foram utilizadas seções 25 x 25 cm para os pilares externos e 30 x 30 cm para
os pilares internos. As vigas internas possuem seção 18 x 55 cm e as externas
18 x 45 cm. Na Figura 22 é possível visualizar a planta baixa do pavimento Tipo 1 do
pórtico 12 pavimentos.
61

Figura 22. Pórtico quadrado com 12 pavimentos– planta baixa.

Para a consideração da ação do vento, o pórtico foi classificado como Classe


B, com dimensão máxima entre 20 e 50 m. Na Tabela 23 é possível visualizar as
forças devido ao vento em cada pavimento do pórtico.

Tabela 23. Pórtico quadrado com 12 pavimentos - força devido ao vento.

Pavimento Força (kN) Pavimento Força (kN)


Tipo 12 32,0 Tipo 6 54,0
Tipo 11 62,9 Tipo 5 51,6
Tipo 10 61,4 Tipo 4 48,8
Tipo 9 59,8 Tipo 3 45,3
Tipo 8 58,1 Tipo 2 40,8
Tipo 7 56,2 Tipo 1 33,5
Térreo 3,6
62

Por fim, após a análise e dimensionamento, foram obtidas as cargas na


fundação visualizadas na Tabela 24.

Tabela 24. Pórtico quadrado com 12 pavimentos – cargas na fundação.

Pilar Carga (kN) Pilar Carga (kN)


P1 622,1 P14 1748,2
P2 1012,7 P15 1023,2
P3 1023,3 P16 1006,4
P4 1011,6 P17 1753,3
P5 622,2 P18 1746,1
P6 1011,7 P19 1753,7
P7 1751,9 P20 1005,8
P8 1748,0 P21 621,9
P9 1749,4 P22 1011,1
P10 1013,4 P23 1022,0
P11 1021,7 P24 1012,8
P12 1746,1 P25 621,9
P13 1727,7

4.1.4 Pórtico retangular com 8 pavimento


O pórtico com 8 pavimentos formato retangular é um pórtico com 8 m de largura
e 12 m de comprimento, e possui 12 pilares. Os pilares P1 a P4 e P9 a P12 possuem
seção 25 x 25 cm, os pilares P5 e P8 possuem seção 25 x 30 cm e os pilares P6 e P7
seção 30 x 45 cm. Estas seções foram adotadas para os primeiros cinco pavimentos,
nos três últimos a seção dos pilares P5 a P8 foi reduzida para 20 x 30 cm e os demais
pilares para 20 x 20 cm. As vigas V1 e V3 possuem seção 15 x 45 cm, a viga V2
possui seção 18 x 45, e as demais seção 18 x 50, contribuindo na rigidez da estrutura
no sentido de menor dimensão. Na Figura 23 é possível visualizar a planta baixa do
pavimento Tipo 1 para o pórtico retangular com 8 pavimentos.
63

Figura 23. Pórtico retangular com 8 pavimentos – planta baixa.

Para a consideração da ação do vento, foram utilizados os mesmos parâmetros


do pórtico quadrado com 8 pavimentos sendo obtidas as mesmas forças (Tabela 21).
Após a análise e o dimensionamento, foram obtidas as cargas na fundação
visualizadas na Tabela 25.

Tabela 25. Pórtico retangular com 8 pavimentos – cargas na fundação.

Pilar Carga (kN) Pilar Carga (kN)


P1 403,4 P7 1265,0
P2 660,0 P8 660,2
P3 660,5 P9 403,4
P4 403,4 P10 660,0
P5 659,3 P11 660,5
P6 1268,1 P12 403,4

4.2 Modelo da fundação


Na Tabela 26 é possível visualizar as cargas totais e admissíveis obtidas
através do método Aoki-Velloso para estacas com diâmetro de 50, 60 e 70 cm.
64

Tabela 26. Cargas totais e admissíveis para as estacas

Ø 50 Ø 60 Ø 70
CP NSPT
RT RADM (kN) RT RADM (kN) RT RADM (kN)
1 10 216,0 108,0 311,0 155,5 423,3 211,7
2 14 336,9 168,5 476,9 238,4 641,0 320,5
3 5 254,7 127,4 346,9 173,5 452,9 226,4
4 11 477,4 238,7 663,6 331,8 880,0 440,0
5 6 341,9 170,9 459,7 229,9 594,1 297,0
6 22 630,7 315,3 870,8 435,4 1149,0 574,5
7 27 814,7 407,3 1117,6 558,8 1467,1 733,6
8 2 368,0 184,0 452,0 226,0 539,4 269,7
9 3 396,5 198,3 491,4 245,7 591,5 295,7
10 0 342,1 171,1 410,5 205,3 479,0 239,5
11 3 406,9 203,5 503,8 251,9 606,0 303,0
12 8 627,4 313,7 818,8 409,4 1032,3 516,1
13 9 688,1 344,1 900,0 450,0 1136,6 568,3
14 18 1027,1 513,5 1380,9 690,5 1784,3 892,1
15 13 914,6 457,3 1204,8 602,4 1530,6 765,3
16 15 1026,2 513,1 1355,2 677,6 1725,4 862,7
17 12 972,6 486,3 1266,1 633,1 1592,6 796,3
18 13 1046,6 523,3 1363,1 681,6 1715,4 857,7
19 10 986,4 493,2 1266,1 633,1 1573,4 786,7
20 16 1225,5 612,8 1602,6 801,3 2023,6 1011,8
21 19 1381,4 690,7 1814,4 907,2 2299,6 1149,8
22 28 1753,3 876,7 2334,9 1167,4 2993,4 1496,7
23 36 2120,6 1060,3 2841,6 1420,8 3661,5 1830,8
24 40 2376,8 1188,4 3182,0 1591,0 4097,2 2048,6
25 44 2646,2 1323,1 3538,3 1769,1 4551,3 2275,6

Após a definição das cargas admissíveis foi possível definir o número de


estacas em cada bloco. A Tabela 27 resume a carga em cada pilar e o número de
estacas adotado em cada fundação.
65

Tabela 27. Número de estacas em cada pilar dos pórticos modelados.

4 pav. 8 pav. quadrado 8 pav. retangular 12 pav.


Carga CP* Carga CP* Carga CP* Carga CP*
N Ne Ne Ne Ne
(kN) (m) (kN) (m) (kN) (m) (kN) (m)
P1 153,6 10 1 352,4 13 1 403,4 13 1 622,1 14 1
P2 318,8 13 1 622,1 14 1 660,0 14 1 1012,7 12 2
P3 153,6 10 1 611,4 14 1 660,5 14 1 1023,3 12 2
P4 321,5 13 1 352,5 13 1 403,4 13 1 1011,6 12 2
P5 784,6 12 3 609,9 14 1 659,3 12 2 622,2 14 1
P6 321,5 13 1 1228,3 14 2 1268,1 14 2 1011,7 12 2
P7 153,6 10 1 1225,5 14 2 1265,0 14 2 1751,9 12 4
P8 318,8 13 1 622,8 14 1 660,2 12 2 1748,0 12 4
P9 153,6 10 1 622,7 14 1 403,4 13 1 1749,4 12 4
P10 1225,1 14 2 660,0 14 1 1013,4 12 2
P11 1225,6 14 2 660,5 14 1 1021,7 12 2
P12 611,4 14 1 403,4 13 1 1746,1 12 4
P13 352,5 13 1 1727,7 12 4
P14 611,4 14 1 1748,2 12 4
P15 622,8 14 1 1023,2 12 2
P16 352,5 13 1 1006,4 12 2
P17 1753,3 12 4
P18 1746,1 12 4
P19 1753,7 12 4
P20 1005,8 12 2
P21 621,9 14 1
P22 1011,1 12 2
P23 1022,0 12 2
P24 1012,8 12 2
P25 621,9 14 1
*CP – Cota de Ponta
No ANEXO – CROQUIS DE FUNDAÇÃO é possível visualizar os croquis de
fundação dos pórticos.

4.2.1 Modelo da interação solo-estrutura


A Tabela 28 resume os valores dos parâmetros adotados para cada camada e
os valores obtidos de coeficiente de reação para cada estaca de acordo com o
comprimento total.
66

Tabela 28. Fatores para o cálculo do coeficiente de reação vertical.

c ϒ Coeficiente de Reação do Solo (kN/m³)


As Bs
(kPa) (kN/m³) 10 m 11 m 12 m 13 m 14 m
100 17 24672,0 680 24739,8 24733,6 24728,5 24724,2 24720,5
140 19 34540,8 760 34690,8 34677,5 34666,3 34656,8 34648,6
50 16 12336,0 640 12522,5 12506,4 12492,8 12481,2 12471,1
110 19 27139,2 760 27428,4 27404,3 27383,7 27366,1 27350,7
60 17 14803,2 680 15118,5 15093,3 15071,7 15052,9 15036,5
220 21 54278,4 840 54732,4 54697,9 54667,9 54641,6 54618,5
270 21 66614,4 840 67127,4 67090,5 67058,0 67029,3 67003,9
20 16 4934,4 640 5366,2 5336,8 5310,7 5287,5 5266,7
30 16 7401,6 640 7870,6 7840,5 7813,4 7789,1 7767,3
0 16 0,0 640 502,7 472,2 444,6 419,6 397,0
30 16 7401,6 640 7934,7 7904,3 7876,4 7851,0 7827,8
80 17 19737,6 680 20333,3 20301,2 20271,7 20244,5 20219,5
90 17 22204,8 680 22827,1 22795,4 22766,1 22738,9 22713,7
180 19 44409,6 760 45132,0 45097,3 45064,8 45034,6 45006,5
130 19 32073,6 760 32820,5 32786,5 32754,6 32724,7 32696,7
150 19 37008,0 760 37777,3 37744,1 37712,7 37683,2 37655,5
120 19 29606,4 760 30396,1 30363,7 30333,1 30304,0 30276,6
130 19 32073,6 760 32882,0 32850,5 32820,5 32792,0 32765,0
100 17 24672,0 680 25410,7 25383,3 25357,1 25332,1 25308,3
160 19 39475,2 760 40316,6 40286,8 40258,3 40231,0 40204,9
190 19 46876,8 760 47732,8 47703,9 47676,1 47649,3 47623,7
280 21 69081,6 840 70042,7 70011,6 69981,6 69952,8 69925,0
360 21 88819,2 840 89794,2 89763,9 89734,7 89706,5 89679,4
400 21 98688,0 840 99675,8 99646,5 99618,0 99590,5 99563,9
440 21 108556,8 840 109556,6 109528,1 109500,4 109473,5 109447,5

Definidos os parâmetros, a estrutura pode ser analisada, a fim de se obter as


novas cargas nos apoios, os deslocamentos horizontais e os coeficientes γz nas
direções x e y.

4.2.2 Estimativa de Recalques


O método de estimativa de recalques é utilizado para estacas isoladas, desta
forma, foram selecionadas algumas estacas dos pórticos com 4 e 8 pavimentos para
a realização da análise de recalques. Para o pórtico com 4 pavimentos, foi realizada
a estimativa de recalques para as estacas P1 a P3 e para os pórticos com 8
pavimentos a estimativa foi realizada para as estacas P1 a P4.
67

Para exemplificação tem-se o recalque estimado para a estaca P1, que possui
12 m e carga de 403,4 kN. Na Tabela 29 é possível visualizar a distribuição de cargas
ao longo do fuste e a estimativa de encurtamento para cada segmento, bem como o
encurtamento total da estaca.

Tabela 29. Distribuição de cargas e recalque elásticos.

Z RL (kN) Pi (kN) Pmed (kN) Pe (mm)


1 0,0 403,4 382,7 0,064
2 41,5 361,9 332,9 0,056
3 58,1 303,9 294,0 0,050
4 19,8 284,1 262,3 0,044
5 43,5 240,5 228,7 0,039
6 23,8 216,8 171,2 0,029
7 91,2 125,6 69,6 0,012
8 112,0 13,6 9,4 0,002
9 8,3 5,3 2,6 0,000
10 5,3 0,0 0,0 0,000
Total 0,295

Na Tabela 30 é possível visualizar o acréscimo de tensões que ocorre em cada


camada de solo devido a resistência da estaca em cada segmento.

Tabela 30. Acréscimo de tensões em cada camada de solo.

Camadas de solo
Segmento 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
1 0,3 0,3 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1
2 0,5 0,5 0,4 0,3 0,3 0,3 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,1 0,1
3 0,2 0,2 0,2 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,0
4 0,6 0,5 0,4 0,3 0,3 0,3 0,2 0,2 0,2 0,2 0,1 0,1 0,1
5 0,4 0,3 0,3 0,2 0,2 0,2 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1
6 2,0 1,6 1,3 1,0 0,9 0,7 0,6 0,5 0,5 0,4 0,4 0,3 0,3
7 3,3 2,5 1,9 1,5 1,3 1,1 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,5 0,4
8 0,3 0,2 0,2 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0
9 0,3 0,2 0,2 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Na Tabela 31 é possível visualizar o recalque estimado do solo para cada


camada abaixo da ponta da estaca.
68

Tabela 31. Recalque estimado do solo em cada camada.

ϒ K E0 σo Δσ Es ρ
Z NSPT
(kN/m³) (kPa) (MPa) (kPa) (kPa) (MPa) (mm)
13 17 350 9 12600 110 8,1 12600 0,639
14 19 350 18 25200 119 6,3 25200 0,248
15 19 350 13 18200 129 5,0 18200 0,275
16 19 350 15 21000 138 4,1 21000 0,196
17 19 350 12 16800 148 3,4 16800 0,205
18 19 350 13 18200 157 2,9 18200 0,161
19 17 350 10 14000 166 2,5 14000 0,180
20 19 350 16 22400 175 2,2 22400 0,098
21 19 350 19 26600 185 1,9 26600 0,072
22 21 350 28 39200 195 1,7 39200 0,043
23 21 350 36 50400 206 1,5 50400 0,030
24 21 350 40 56000 216 1,4 56000 0,024
25 21 350 44 61600 227 1,2 61600 0,020

Para estimar o recalque total da estaca é realizado um somatório do recalque


de cada camada de solo e acrescentado o encurtamento elástico da estaca. Neste
caso, o recalque total estimado foi de 2,488 mm.
69

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Neste tópico são apresentados os resultados, com base nos modelos
desenvolvidos, quanto as variações na estabilidade global (γz), deslocamentos
horizontais e cargas verticais na fundação. Em seguida, serão abordadas as variações
de momento ao longo do pilar P1 e uma análise de uniformização de recalques.

5.1 Cargas na fundação


A Tabela 32 resume as cargas verticais obtidas nos quatro modelos. As colunas
Pi indicam a carga com a consideração de apoios indeslocáveis e as colunas Pf
indicam as cargas com a consideração da interação solo-estrutura.

Tabela 32. Cargas máximas, em kN, na fundação antes e após a consideração da ISE.
4 PAVTO 8 PAVTO QUAD 8 PAVTO RETAN 12 PAVTO
N Pi Pf Dif Pi Pf Dif Pi Pf Dif Pi Pf Dif
P1 153,6 160,7 4,6% 352,4 367,7 4,3% 403,4 423,6 5,0% 622,1 625,0 0,5%
P2 318,8 317,6 -0,4% 622,1 622,9 0,1% 660,0 671,5 1,7% 1012,7 1003,9 -0,9%
P3 153,6 160,7 4,6% 611,4 615,0 0,6% 660,5 671,4 1,7% 1023,3 1024,2 0,1%
P4 321,5 319,2 -0,7% 352,5 367,9 4,4% 403,4 423,6 5,0% 1011,6 1003,7 -0,8%
P5 784,6 783,5 -0,1% 609,9 614,6 0,8% 659,3 699,2 6,1% 622,2 625,0 0,5%
P6 321,5 319,2 -0,7% 1228,3 1227,4 -0,1% 1268,1 1234,5 -2,6% 1011,7 1003,9 -0,8%
P7 153,6 160,7 4,6% 1225,5 1222,0 -0,3% 1265,0 1241,5 -1,9% 1751,9 1735,9 -0,9%
P8 318,8 317,6 -0,4% 622,8 623,2 0,1% 660,2 692,4 4,9% 1748,0 1734,0 -0,8%
P9 153,6 160,7 4,6% 622,7 623,1 0,1% 403,4 423,6 5,0% 1749,4 1735,7 -0,8%
P10 1225,1 1222,9 -0,2% 660,0 671,5 1,7% 1013,4 1004,7 -0,9%
P11 1225,6 1223,6 -0,2% 660,5 671,4 1,7% 1021,7 1023,8 0,2%
P12 611,4 614,9 0,6% 403,4 423,6 5,0% 1746,1 1733,8 -0,7%
P13 352,5 367,9 4,4% 1727,7 1729,8 0,1%
P14 611,4 615,0 0,6% 1748,2 1734,0 -0,8%
P15 622,8 623,3 0,1% 1023,2 1024,5 0,1%
P16 352,5 367,8 4,3% 1006,4 996,9 -0,9%
P17 1753,3 1737,4 -0,9%
P18 1746,1 1734,2 -0,7%
P19 1753,7 1739,8 -0,8%
P20 1005,8 997,0 -0,9%
P21 621,9 624,9 0,5%
P22 1011,1 1003,2 -0,8%
P23 1022,0 1023,5 0,1%
P24 1012,8 1004,4 -0,8%
P25 621,9 624,9 0,5%

Ao analisar a Tabela 29 observa-se os pilares P1, P3, P7 e P8 do pórtico com


4 pavimentos tiveram aumento na carga, enquanto os pilares P2, P4, P6 e P8 tiveram
70

uma diminuição. No pórtico com 8 pavimentos formato retangular, observa-se que


houve aumento de 5,0% na carga dos pilares de canto, P1, P4, P9 e P12, enquanto
nos pilares centrais, P6 e P7, houve uma diminuição de 2,6% e 1,9%. Nos demais
pórticos também se observa que houve uma diminuição das cargas nos pilares mais
carregados e um aumento nos pilares menos carregados, o que indica a ocorrência
de redistribuição de cargas devido a interação solo-estrutura.
No pórtico com 4 pavimentos a maior diferença obtida foi de 4,6%, no de 8
pavimentos com formato quadrado obteve-se 4,4% e no de 12 pavimentos 0,9%.
Observa-se que o aumento no número de pavimentos resulta em diferenças menores
nas cargas da fundação ao considerar a interação solo-estrutura. Este resultado era
esperado, visto que a rigidez da estrutura tende a aumentar com o número de
pavimentos até um valor limite, e a partir desse limite os recalques dependerão da
magnitude dos carregamentos e não da rigidez. Porém, é importante ressaltar que os
pórticos possuem áreas, alturas e rigidezes diversas e comparações entre eles devem
ser realizadas com atenção.
Comparando o pórtico de 8 pavimento com formato quadrado com o de formato
retangular, tem-se que o maior incremento de carga para o primeiro foi de 4,4%,
enquanto para o segundo foi de 6,1%. Acredita-se que esta diferença ocorreu devido
a influência do formato em planta na rigidez do pórtico, pois os esforços que ocorrem
devido aos deslocamentos dos apoios são absorvidos de forma diferente nas duas
direções.

5.2 Estabilidade Global


Os parâmetros γz obtidos em todos os pórticos podem ser visualizados na
Tabela 33. Observa-se que não ocorreram grandes variações, ficando quase todas
abaixo de 1%. Variações baixas nesse parâmetro podem indicar que as cargas
horizontais, comparadas às cargas verticais, não são muito significativas. Nos
modelos foi considerada a carga de vento em uma região Categoria IV, caracterizada
por obstáculos numerosos e pouco espaçados, o que diminui o efeito da ação do
vento.
71

Tabela 33. Parâmetro γz obtidos com e sem a consideração da ISE.

Sem ISE Com ISE Diferenças


Pórtico
γz-x γz-y γz-x γz-y Dif-x Dif-y
4 pav 1,06 1,06 1,07 1,07 0,93% 0,93%
8 pav quad. 1,09 1,09 1,10 1,10 0,91% 0,91%
8 pav ret. 1,08 1,07 1,10 1,08 1,82% 0,93%
12 pav. 1,09 1,09 1,10 1,10 0,91% 0,91%

Apesar de apresentar variações pequenas no coeficiente γz, observa-se que


todas foram positivas, ou seja, ocorreu um aumento do coeficiente γz. Este resultado
era esperado, pois ao modelar considerando a interação solo-estrutura não há mais a
restrição de deslocamento horizontal na base, o que altera os deslocamentos em
todos os pavimentos da estrutura e, consequentemente, o γz.
Para a análise dos deslocamentos horizontais foram utilizados os
deslocamentos obtidos no topo dos pórticos, que podem ser visualizados na Tabela
34.

Tabela 34. Deslocamentos, em cm, obtidos no topo dos pórticos.

Sem ISE Com ISE Diferenças


Pórtico
Dir-x Dir-y Dir-x Dir-y Dif-x Dif-y
4 pav 0,53 0,53 0,57 0,57 7,0% 7,0%
8 pav quad. 1,33 1,33 1,40 1,40 5,0% 5,0%
8 pav ret. 1,09 1,42 1,13 1,58 3,5% 10,1%
12 pav. 1,47 1,47 1,51 1,51 2,6% 2,6%

Observa-se que no pórtico de 4 pavimentos houve uma variação de 7% no


deslocamento horizontal, enquanto no pórtico de 8 pavimentos com formato quadrado
houve 5% e no de 12 pavimentos, 2,6%. Estes resultados indicam que quanto maior
o número de pavimentos, menor a variação dos deslocamentos horizontais.
Para o pórtico retangular tem-se que a variação no deslocamento horizontal
em x foi de 3,5% e em y foi de 10,1%, e a variação do coeficiente γ z na direção x foi
de 1,82% e na direção y, 0,93%. Desta forma, tem-se que o formato em planta da
edificação influenciou na redistribuição de esforços que ocorrem devido a interação
solo-estrutura, sendo que a direção com menor rigidez obteve uma maior variação no
deslocamento horizontal e um maior aumento no γz.
72

5.3 Momentos no pilar P1


Para analisar a redistribuição dos esforços nos pilares foi escolhido o pilar P1,
visto que os pilares de canto foram os que apresentaram maiores diferenças nas
cargas dos apoios. A Tabela 35 resume os momentos obtidos no pilar P1 ao longo
dos três primeiros pavimentos.

Tabela 35. Momento, em kN/m, no pilar P1.

4 pav. 8 pav. quadrado 8 pav. retangular 12 pav.


Pav. Mom.
Mi Mj Dif Mi Mj Dif Mi Mj Dif Mi Mj Dif
1 Mx 16,03 17,67 10,2% 18,59 20,40 9,7% 28,70 31,81 10,8% 15,20 16,59 8,4%
1 My 16,03 17,66 10,2% 18,59 20,28 9,1% 22,35 22,62 1,2% 17,21 18,67 7,8%
2 Mx 13,49 13,99 3,7% 25,63 26,42 3,1% 37,56 37,50 0,2% 33,69 34,06 1,1%
2 My 13,49 13,98 3,6% 25,63 26,45 3,2% 25,90 26,09 0,7% 33,70 34,07 1,1%
3 Mx 12,50 12,95 3,6% 23,45 23,95 2,1% 36,21 35,94 0,7% 33,81 33,76 0,1%
3 My 12,50 12,94 3,5% 23,45 23,96 2,2% 24,47 24,60 0,5% 34,07 34,02 0,1%

Para o pórtico de 4 pavimentos obteve-se uma variação de 10,2% no momento


no topo do pilar no primeiro pavimento, enquanto no segundo diminuiu para 3,7% e
no terceiro para 3,6%. Para o pórtico de 8 pavimentos com formato quadrado obteve-
se uma diferença de 9,7% no primeiro pavimento, 3,1% no segundo e 2,1% no
terceiro. Para o pórtico de 12 pavimentos, obteve-se uma variação de 8,4% no
primeiro pavimento, 1,1% no segundo pavimento e 0,1% no terceiro pavimento. Esta
diminuição na variação dos momentos ao longo dos pavimentos indica que indica que
o primeiro pavimento é o que mais absorve as redistribuições de esforços.
O pórtico retangular foi o que obteve as maiores variações no momento ao
longo do pilar, no primeiro pavimento a variação em Mx foi de 10,8%. Por outro lado,
o momento My teve variação de 1,2%, sendo o que menos variou. Da mesma forma
que nas cargas na fundação, observa-se que a direção com menor rigidez é mais
influenciada pela interação solo-estrutura, diminuindo a redistribuição de esforços na
direção com maior rigidez.

5.4 Uniformização dos recalques


Os recalques foram estimados para as fundações compostas por uma estaca,
visto que o método descrito por Cintra e Aoki (2010) é utilizado para este caso. Desta
forma, para o pórtico de 4 pavimentos foram estimados os recalques das estacas P1,
P2 e P3, e para os pórticos de 8 pavimentos foram estimados das estacas P1, P2, P3
73

e P4. A Figura 24 ilustra o croqui dos pórticos com destaque nas estacas
mencionadas.

Figura 24. Estacas utilizados para análise de recalques.

A Tabela 36 exibe os recalques estimados considerando apoios indeslocáveis


(ρi) e considerando a interação solo-estrutura (ρf) para as estacas dos pórticos de 4 e
8 pavimentos.

Tabela 36. Recalques estimados.

4 pavimentos 8 pav. quadrado 8 pav. retangular


N ρi ρf ρi ρf ρi ρf
P1 1,861 2,034 2,003 2,133 2,488 3,022
P2 2,016 2,005 4,863 4,864 4,939 4,962
P3 1,861 2,034 4,841 4,848 4,940 4,962
P4 - - 2,003 2,135 2,488 3,022
74

Para facilitar a análise da uniformização de recalques, foram traçadas curvas


de recalques com e sem a consideração da ISE. A Figura 25 ilustra as curvas de
recalques para as estacas P1, P2 e P3 do pórtico de 4 pavimentos. Analisando a
Tabela 36 e a Figura 25 tem-se que antes da interação solo estrutura o recalque
estimado para a estaca P2 era 8,3% maior do que o estimado para P1, e após
considerar a ISE esta diferença passou para 1,4%. Esta uniformização de recalques
é esperada e condizente com outros estudos.

Figura 25. Curvas de recalques para os pilares P1, P2 e P3 do pórtico de 4 pavimentos

Estaca
1 2 3
1,750

1,800
Recalque (mm)

1,850 Sem ISE


Com ISE
1,900

1,950

2,000

2,050

Um resultado inesperado foi que um aumento de 4,6% na carga das estacas


P1 e P3 fez com que o recalque estimado nestas estacas passasse a ser maior do
que o estimado na estaca P2, que possui o dobro da carga. Ao analisar o porquê deste
resultado foram constatadas duas possíveis razões: a resistência das camadas de
solo abaixo da cota de cada estaca e uma maior mobilização do atrito lateral.
Conforme pode ser observado no laudo do ensaio SPT (LAUDO spt), o NSPT
das camadas de solo na cota de 10 e 11 m é, respectivamente, 0 e 3, o que indica um
solo com baixa resistência. A ponta das estacas dos pilares P1 e P3 está na cota de
10 m, logo, o recalque será estimado para camadas de solo com NSPT igual a 0 e a 3.
Por outro lado, a ponta da estaca P2 está na cota de 13 m, a qual tem NSPT igual a 9,
e abaixo dessa cota há somente camadas com NSPT maiores. Desta forma, na
estimativa dos recalques de P2 não há camadas de solo com NSPT tão baixos quanto
das estacas P1 e P3.
A segunda razão possível é dada por uma mobilização de atrito lateral em
segmentos da estaca mais próximos às camadas nas quais são calculados o
acréscimo de tensões. Ao analisar a distribuição de carga ao longo do fuste da estaca
75

P1, tem-se que a carga inicial de 153,6 kN (RLi) é resistida pelo atrito lateral nos
primeiros 6 segmentos da estaca (segmentos de 1 m), e quando passa para 160,7 kN
(RLf) a carga atinge um segmento a mais, como mostra a Tabela 37. Ao mobilizar a
resistência de mais um segmento tem-se uma distância menor entre o ponto de
aplicação da força e a camada na qual é calculado o recalque, obtendo um menor
espraiamento das tensões e um maior acréscimo de tensão na camada na qual é
calculado o recalque.

Tabela 37. Distribuição da resistência ao longo do fuste da estaca.

Z RLi RLf
1 0,0 0,0
2 34,6 34,6
3 48,4 48,4
4 16,5 16,5
5 36,3 36,3
6 17,9 19,8
7 0,0 5,1
8 0,0 0,0

Desta forma, tem-se que a uniformização de recalques ocorre no pórtico de 4


pavimentos, porém há mais fatores envolvidos do que apenas a redistribuição de
esforços gerados devido a ISE.
Voltando a análise da uniformização de recalques, a Figura 26 mostra a curva
de recalques para o pórtico de 8 pavimentos formato quadrado e a Figura 27 para o
formato retangular.

Figura 26. Curvas de recalques para os pilares P1, P2, P3 e P4 do pórtico de 8 pavimentos quadrado.

Estacas
1 2 3 4
1,500
2,000
2,500
Recalque (mm)

Sem ISE
3,000
Com ISE
3,500
4,000
4,500
5,000
5,500
76

Figura 27. Curvas de recalques para os pilares P1, P2, P3 e P4 do pórtico de 8 pavimentos
retangular.

Estaca
1 2 3 4
2,000

2,500

3,000
Recalque (mm)

Sem ISE
3,500 Com ISE

4,000

4,500

5,000

5,500

A análise da Figura 26 e da Figura 27 mostra que, em ambos os pórticos,


ocorreu um aumento no recalque dos pilares P1 e P4, sendo de forma mais
significativa para o pórtico retangular. Este resultado condiz com a redistribuição de
cargas na fundação, visto que o pórtico retangular foi o que mais apresentou variação
na carga das estacas P1 e P4.
77

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
O estudo da ISE neste trabalho proporcionou uma melhor compreensão do
tema e dos desafios envolvidos em uma modelagem estrutural que considere essa
interação. A realização de projetos considerando os apoios indeslocáveis mostra-se
mais simples e prática, por outro lado, a consideração da ISE pode levar a resultados
mais próximos da realidade.
Os resultados obtidos indicam que a consideração da ISE pode ser significativa.
Para as cargas na fundação obteve-se variações de cerca de 5% para o pórtico de 4
pavimentos e menores para os pórticos com mais pavimentos, exceto para o pórtico
com formato retangular. Para os momentos nos pilares as variações foram de 10% no
primeiro pavimento, diminuindo para cerca de 3% no segundo pavimento. Na
estabilidade global do pórtico não se identificou grandes variações, menos de 1%,
porém os deslocamentos horizontais no topo alcançaram variações de 10% para o
pórtico com formato retangular. Desta forma, tem-se que fatores como o formato em
planta da edificação e o número de pavimentos influenciam nos efeitos da interação
solo-estrutura. Ressalta-se que os pórticos modelados nesse estudo possuíam
características que podem diminuir o efeito da ISE, como blocos de fundação rígidos
e cargas horizontais baixas, desta forma, ao projeto estruturas mais complexas, com
características diversas, os efeitos da ISE podem ser mais significativos que os
obtidos neste estudo.
Ao avaliar a uniformização de recalques tem-se que ela ocorreu nos pórticos
com 4 e com 8 pavimentos, porém a análise ficou limitada por não serem estimados
os recalques em blocos com mais de uma estaca. Desta forma, seria interessante
buscar métodos para realizar esta estimativa e poder comparar a curva de recalques
com e sem a consideração da ISE.
É importante destacar que a estimativa dos coeficientes de recalque para o solo
é um passo base para a modelagem da interação solo-estrutura, visto que todos os
cálculos são realizados a partir deste coeficiente. A utilização de coeficientes
incorretos pode levar a resultados imprecisos, não sendo possível prever se mais
próximos ou mais distantes da realidade. A maior dificuldade durante a realização
deste estudo foi justamente na estimativa do Ks, pois foram encontrados poucos
métodos para estima-lo em diferentes profundidades do solo.
Com relação aos resultados, as variações de cerca de 10% nos momentos dos
pilares são significativas, principalmente quando o formato da estrutura resulta em
78

rigidezes diferentes nas duas direções. Porém é importante ressaltar que há mais
fatores envolvidos na interação solo-estrutura que não foram considerados neste
estudo que poderiam resultar em aumento ou diminuição das variações encontradas.
Dentre estes, pode-se citar o processo construtivo e a heterogeneirdade do solo. Para
o primeiro, tem-se que as cargas não são aplicadas de uma vez como supõem os
modelos, mas sim aos poucos ao longo de um intervalo de tempo, e para o segundo
tem-se que houve uma limitação quanto a heterogeneidade do solo ao considerar um
mesmo laudo SPT para caracterizar todo o maciço de solo.
Considerando as conclusões obtidas e as considerações realizadas, para
trabalhos futuros sugere-se o seguinte:
a) Trabalhar com uma melhor caraterização do maciço de solo a partir de uma
quantidade mais vasta de ensaios SPT;
b) Buscar outros métodos de estimar o coeficiente de reação e comparar os
métodos;
c) Avaliar a variação de esforços nas vigas baldrame;
d) Avaliar a interação solo-estrutura considerando a sequência construtiva;
e) Variar as cargas horizontais aplicadas e analisar o efeito na estabilidade
global.
f) Analisar a ISE utilizando outros métodos, como o método dos elementos
finitos.
79

REFERÊNCIAS

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83

LAUDO SPT
Laudo de ensaio de sondagem SPT utilizado para caracterização do maciço de
solo.
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CROQUIS DE FUNDAÇÃO
Na Figura 28, Figura 29, Figura 30 e Figura 31 é possível visualizar,
respectivamente, o croqui dos blocos e da fundação do pórtico com 4 pavimentos, 8
pavimentos formato quadrado, 8 pavimentos formato retangular e 12 pavimentos.

Figura 28. Croqui da fundação do pórtico quadrado com 4 pavimentos.

Figura 29. Croqui da fundação do pórtico quadrado com 8 pavimentos.


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Figura 30. Croqui da fundação do pórtico retangular com 8 pavimentos.

Figura 31. Croqui da fundação do pórtico quadrado com 12 pavimentos.

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