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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

GABRIELA FARIA KIKUCHI

PATOLOGIAS NAS ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO

TAUBATÉ

2020
GABRIELA FARIA KIKUCHI

PATOLOGIAS NAS ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de


Engenharia Civil da Universidade de Taubaté, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do título
de Engenheira Civil.
Orientador: Prof. Me. Jairo Cabral Júnior

TAUBATÉ

2020
Grupo Especial de Tratamento da Informação - GETI
Sistema Integrado de Bibliotecas -SIBi
Universidade de Taubaté - UNITAU

K47p Kikuchi, Gabriela Faria


Patologias nas estruturas de concreto armado / Gabriela Faria
Kikuchi. -- Taubaté : 2020.
69 f. : il.

Trabalho (graduação) - Universidade de Taubaté,


Departamento de Gestão e Negócios / Eng. Civil e Ambiental,
2020.
Orientação: Prof. Me. Jairo Cabral Junior, Departamento de
Engenharia Civil.

1. Construção de concreto armado. 2. Patologia. 3. Estrutura.


I. Título.

CDD – 624.18341

Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Maria Ap. Lemos de Souza - CRB-8/9087
AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, por me dar forças para concluir mais uma etapa
em minha vida. Graças te dou, meu Senhor.

Agradeço à minha querida família, meu pai Flávio, minha mãe Maria Clélia, pela
força ao longo da vida, ao apoio financeiro, amor, paciência e pelo cuidado para
comigo.

Agradeço ao meu namorado Orlando, pelo incentivo, paciência, parceria, apoio e


amor.

Agradeço aos meus irmãos, Kelly, Camila e Bruno, pelo apoio.

Agradeço aos amigos que fizeram parte dessa jornada de minha vida, meu muito
obrigado.

Agradeço aos meus queridos professores, pelo empenho, dedicação e


conhecimento.

Agradeço ao meu orientador Prof. Me. Jairo Cabral Júnior, pela paciência e
dedicação.
“Levantarei os meus olhos para os montes, de onde vem o meu socorro.
O meu socorro vem do Senhor que fez o céu e a terra”.

Salmos: 121 – 1 e 2
RESUMO

Desde os primórdios, o homem busca se proteger das intempéries da natureza. Os


primeiros abrigos eram em cavernas, grutas e pé de montanhas. Com o passar dos
anos, foram criadas novas técnicas construtivas para melhorias das habitações,
buscando conforto e segurança. Quando o homem descobriu o concreto armado,
esse evento propagou-se de tal maneira que foi muito utilizado. As estruturas de
concreto armado é o método construtivo mais utilizado no Brasil, pela abundância de
matéria prima e pela facilidade de execução. Com tudo, há muitas ocorrências de
patologias em estruturas de concreto armado decorrentes de falhas durante as
etapas de construção da edificação. O acúmulo de erros ao longo da obra geram
sérios problemas à vida útil das peças estruturais. Diante das ocorrências, faz-se de
extrema necessidade o estudo das causas para evitar o surgimento das anomalias.
Este trabalho apresenta as principais e mais comuns manifestações patológicas
encontradas nas edificações, a causa de suas ocorrências, e trata-se também dos
métodos de diagnósticos, inspeções, e métodos de reparos e reforços da peça
estrutural.
Palavras-chave: concreto armado; patologia; estrutura.
ABSTRACT

Since the beginning, man has sought to protect himself from the elements of nature.
The first shelters were in caves and at the foot of mountains. Over the years, new
construction techniques have been created to improve homes, seeking comfort and
safety. When man discovered reinforced concrete, this event spread in such a way
that it was widely used. Reinforced concrete structures are the most widely used
construction method in Brazil, due to the abundance of raw materials and ease of
execution. However, there are many occurrences of pathologies in reinforced
concrete structures resulting from failures during the construction stages of the
building. The accumulation of errors throughout the work creates serious problems to
the useful life of the structural parts. In view of the occurrences, the study of causes
is extremely necessary to avoid the appearance of anomalies. This work presents the
main and most common pathological manifestations found in buildings, the cause of
their occurrences, and also deals with methods of diagnosis, inspections, and
methods of repairs and reinforcements of the structural part.

Keywords: reinforced concrete; pathology; structure.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Esforços solicitantes de uma viga. ............................................................. 16


Figura 2: Diferentes desempenhos de uma estrutura com o tempo em função de
diferentes fenômenos patológicos. ............................................................................ 19
Figura 3: Hipóteses para reconversão de estruturas com desempenho insatisfatório.
.................................................................................................................................. 20
Figura 4: Interior do Nuragues................................................................................... 22
Figura 5: Dolmens. .................................................................................................... 22
Figura 6: Origem dos problemas patológicos com relação às etapas de produção e
uso das obras civis. ................................................................................................... 26
Figura 7: Célula de corrosão eletroquímica do concreto. .......................................... 35
Figura 8: Penetração do agente agressivo através da porosidade do concreto. ....... 36
Figura 9: Trincas no concreto por retração hidráulica. .............................................. 39
Figura 10: Trincas de flexão em elementos de concreto armado. ............................. 42
Figura 11: Trincas de cisalhamento em viga. ............................................................ 42
Figura 12: Trincas de torção...................................................................................... 43
Figura 13: Trincas por compressão. .......................................................................... 44
Figura 14: Trincas de punção. ................................................................................... 45
Figura 15:Sugestões para representações gráficas de anomalias nos processos de
mapeamento. ............................................................................................................ 49
Figura 16:Sistema de medição para intervenções de corte em concreto. ................. 51
Figura 17: Aplicação de jatos de água para lavagem de superfície de concreto. ...... 55
Figura 18: Aplicação do maçarico sobre superfície de concreto. .............................. 56
Figura 19: Limpeza com escovas de aço. ................................................................. 56
Figura 20: Apicoamento manual feito na superfície do concreto. .............................. 57
Figura 21: Corte de Concreto. ................................................................................... 58
Figura 22: Aspecto final da cavidade na intervenção de corte de concreto............... 59
Figura 23: Emenda por transpasse. .......................................................................... 60
Figura 24: Emendas com luvas de compressão. ....................................................... 61
Figura 25: Barra emendada por solda. ...................................................................... 61
Figura 26: Preparação da fenda para o procedimento de injeção. ............................ 64
Figura 27: Selagem de fendas com abertura ω entre 10 mm e 30 mm. .................... 65
Figura 28: Reparo de uma fissura por costura. ......................................................... 65
LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Análise percentual das causas de problemas patológicos em estruturas


de concreto................................................................................................................ 27
Quadro 2: Procedimentos para preparação do substrato do concreto que deverá
receber restauro ou reforço estrutural. ...................................................................... 52
Quadro 3: Procedimentos para limpeza das superfícies do concreto instantes antes
da aplicação do material de reforço/restauro. ........................................................... 52
SUMÁRIO

1 Introdução .............................................................................................................. 13

2 Objetivo ................................................................................................................. 14

2.1 Objetivo geral .................................................................................................. 14

2.2 Objetivo específico .......................................................................................... 14

3 Revisão Bibliográfica ............................................................................................. 15

3.1 Conceito de Concreto ...................................................................................... 15

3.2 Conceito de Concreto Armado ......................................................................... 15

3.3 Vantagens e Desvantagens do Uso do Concreto Armado ............................... 16

3.4 Vida Útil do Concreto Armado .......................................................................... 17

3.5 Desempenho .................................................................................................... 18

3.6 Histórico das Primeiras Construções ............................................................... 21

3.6.1 Histórico do Concreto Armado ................................................................... 22

3.6.2 Histórico do Concreto Armado no Brasil .................................................... 23

3.7 Patologias do Concreto Armado ...................................................................... 23

3.7.1 Definição de patologia ............................................................................... 23

3.7.2 Causas das Patologias .............................................................................. 25

3.7.2.1 Origem das Patologias ........................................................................ 25

3.7.2.2 Falhas na Concepção do Projeto ........................................................ 28

3.7.2.3 Erros da Execução do Projeto ............................................................. 30

3.7.2.4 Qualidade dos materiais ...................................................................... 32

3.7.2.5 Ausência de Manutenção .................................................................... 33

3.8 Principais Tipos de Patologias ......................................................................... 34

3.8.1 Corrosão da Armadura .............................................................................. 34

3.8.1.1 Cobrimento da Armadura .................................................................... 37

3.8.1.2 Princípios da Corrosão Eletroquímica ................................................. 38

3.8.2 Fissuras ..................................................................................................... 38


3.8.2.1 Fissuras no Concreto Devido à Retração Hidráulica ........................... 39

3.8.2.2 Fissuras no Concreto Devido a Variação do Teor de Umidade ........... 40

3.8.2.3 Fissuras no Concreto Devido a Variação de Temperatura .................. 40

3.8.2.4 Fissuras Devido à Flexão .................................................................... 41

3.8.2.5 Fissuras no Concreto Devido ao Cisalhamento ................................... 42

3.8.2.6 Fissuras no Concreto Devido à Torção ............................................... 42

3.8.2.7 Fissuras no Concreto Devido à Compressão ...................................... 43

3.8.2.8 Fissuras Devido à Punção ................................................................... 44

3.8.3 Desagregação do Concreto ....................................................................... 45

3.8.4 Eflorescências............................................................................................ 45

3.8.5 Corrosão do Concreto................................................................................ 46

3.9 Diagnóstico de Patologias em Estruturas de Concreto Armado ....................... 47

3.9.1 Inspeção Periódica .................................................................................... 47

3.9.2 Inspeção Condicionada ............................................................................. 48

3.10 Técnicas de Recuperação.............................................................................. 50

3.10.1 Limpeza do Concreto ............................................................................... 51

3.10.2 Polimento ................................................................................................. 53

3.10.3 Lavagem .................................................................................................. 53

3.10.3.1 Aplicações de Soluções Ácidas ......................................................... 53

3.10.3.2 Aplicação de Soluções Alcalinas ....................................................... 54

3.10.3.3 Uso de Jatos d’água .......................................................................... 54

3.10.3.4 Jatos de Limalha de Aço ................................................................... 55

3.10.3.5 Queima a Maçarico............................................................................ 56

3.10.3.6 Escovação Manual ............................................................................ 56

3.10.3.7 Apicoamento ...................................................................................... 57

3.10.4 Saturação ................................................................................................ 57

3.10.5 Corte ........................................................................................................ 58


3.10.6 Tratamento da Ferragem ......................................................................... 59

3.10.7 Emenda das Ferragens ........................................................................... 60

3.10.7.1 Emenda por Transpasse ................................................................... 60

3.10.7.2 Emendas com Luvas ......................................................................... 61

3.10.7.3 Emendas por Solda ........................................................................... 61

3.10.8 Tratamento de Fissuras ........................................................................... 62

3.10.8.1 Técnica de Injeção de Fissuras ......................................................... 62

3.10.8.2 Técnica de Selagem de Fissuras ...................................................... 64

3.10.8.3 Técnica de Costura das Fissuras (Grampeamento) .......................... 65

3.11 Demolição ...................................................................................................... 66

4 Conclusão .............................................................................................................. 67

5. Referências ........................................................................................................... 68
13

1 Introdução
As edificações são primordiais para a sobrevivência e desenvolvimento
humano. Sejam elas comerciais, industriais ou residenciais. As obras devem atender
as expectativas para as quais foram projetadas, garantindo conforto, segurança,
resistência, durabilidade e estética, assegurando um desempenho satisfatório.

Com a evolução e surgimento de novos materiais e novos métodos


construtivos, o uso do concreto armado foi sendo utilizado de forma acelerada. Com
a falta de experiência e conhecimento, surgiram inúmeras manifestações
patológicas, contribuindo para a diminuição da vida útil da edificação e exposição
aos ricos de colapso da estrutura.

Com tudo, houve a necessidade de aprofundar os conhecimentos sobre tais


anomalias, surgindo o estudo sobre patologia do concreto armado. Esse estudo visa
conhecer as principais causas que levam o aparecimento das patologias, os tipos,
as formas de tratamento das mesmas, consequência e como preveni-las.

Diversas são as causas que contribuem para uma estrutura a sofrer danos,
diante disto, a extrema importância deste ramo da engenharia, para solucionar as
patologias desenvolvidas durante o processo de planejamento e execução da obra,
e evitar que esse transtorno volte a causar o mesmo problema.
14

2 Objetivo

2.1 Objetivo geral


Apresentar as principais causas de patologias em concreto armado.

2.2 Objetivo específico


 Identificar e avaliar patologias em concreto armado;
 Diagnosticar as citadas patologias;
 Identificar as causas e adotar situações de prevenção;
 Indicar tratamento às referidas patologias identificadas.
15

3 Revisão Bibliográfica

3.1 Conceito de Concreto


O concreto é um material utilizado em larga escala na indústria da construção
civil. Composto por cimento, água, agregados miúdos (areia) e agregados graúdos
(brita). Pode ser adicionado ao concreto, aditivos químicos com a intenção de
melhorar a qualidade, modificar suas propriedades e até mesmo acelerar ou retardar
o processo de endurecimento.

O concreto é obtido por dosagem, que estabelece a quantidade de cada


componente, para se alcançar um material de qualidade, com as características
mecânicas desejáveis.

No estado fresco, o concreto possui características plásticas, devendo ser


moldado no formato pretendido, com o auxílio de fôrmas, antes do endurecimento.

Por si só, o concreto simples é altamente resistente às tensões de


compressão de uma estrutura, porém não é eficiente às solicitações de esforços de
tração. Por este motivo, as barras de aço são acrescentadas, para resistir à tração,
compondo o concreto armado.

3.2 Conceito de Concreto Armado


Pelas restrições encontradas no uso isolado do concreto, aliaram-se as barras
de aço ao concreto simples, resultando no concreto armado.

O conjunto de barras forma a armadura que ao ser abrangido pelo concreto,


torna-se o concreto armado.

Segundo Botelho e Marchetti:

Normalmente a peça tem só o concreto na parte comprimida e tem


aço na parte tracionada. Às vezes alivia-se o concreto na parte
comprimida colocando-se aí umas barras de aço. O aço, entretanto
não pode estar isolado ou pouco íntimo com o concreto que o rodeia.
O aço deve estar solidário, atritado, fundido junto, trabalhando junto e
se deformando junto e igualmente com o concreto. (2002).

De acordo com a Figura 1, pode-se observar as solicitações de esforços de


tração e compressão que a viga está sujeita ao receber determinada carga.
16

Figura 1: Esforços solicitantes de uma viga.

Fonte: Botelho, Marchetti (2002).

Segundo BASTOS (2006), “o concreto armado alia as qualidades ao concreto


(baixo custo, durabilidade, boa resistência à compressão, ao fogo e a água) com as
do aço (ductilidade e excelente resistência à tração e à compressão)”.

Ainda BASTOS, (2006), complementa sobre a importância da aderência entre


o concreto e o aço, para que trabalhem de forma conjunta.

O aço presente é denominado armadura passiva, pois tende a dizer que as


tensões e deformações nela presentes devem-se de modo exclusivo às ações
aplicadas na peça.

A NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014),


define elementos de concreto armado como “[...] aqueles cujo comportamento
estrutural depende da aderência entre concreto e armadura, e nos quais não se
aplicam alongamentos iniciais das armaduras antes da materialização dessa
aderência”.

3.3 Vantagens e Desvantagens do Uso do Concreto Armado


A utilização do concreto armado nas obras, trás consigo algumas vantagens e
desvantagens em seu uso. BASTOS (2006) cita as vantagens da sua aplicação:

a) Custo: especialmente no Brasil, os seus componentes são


facilmente encontrados e relativamente a baixo custo;
b) Adaptabilidade: as estruturas de concreto permitem as mais
variadas formas, porque o concreto no estado fresco pode ser
moldado com relativa facilidade;
c) Resistência ao fogo: uma estrutura deve resistir às elevadas
temperaturas devidas ao fogo e permanecer intacta durante o
17

tempo necessário para a evacuação de pessoas e permitir


interromper o incêndio;
d) Resistência a choques e vibrações: as estruturas de concreto
geralmente tem massa e rigidez que minimizam vibrações e
oscilações, provocadas pelas ações de utilização e o vento;
e) Conservação: desde que o projeto e a execução tenham qualidade,
as estruturas de concreto podem apresentar grande resistência às
intempéries, aos agentes agressivos e às ações atuantes;
f) Impermeabilidade: o concreto comum, quando bem executado,
apresenta muito boa impermeabilidade.

Por outro lado, as principais características negativas das estruturas de


concreto armado são:

a) Baixa resistência à tração: a resistência do concreto à tração é


baixa comparada à sua resistência à compressão, cerca de apenas
10%, o que o sujeita à fissuração;
b) Fôrmas e escoramentos: a construção da estrutura de concreto
(moldado no local) requer fôrmas e escoramentos que necessitam
ser moldados e posteriormente desmontados, acarretando os
custos elevados de material e mão de obra;
c) Baixa resistência do concreto por unidade de volume: o concreto
apresenta baixa resistência comparativamente ao aço estrutural, e
elevada massa específica (2.450 kg/m³), o que resulta na
necessidade de estruturas com elevados volumes e
consequentemente pesos próprios muito elevados;
d) Alterações de volume com o tempo: o concreto pode fissurar sob
alterações de volume provocadas pela retração e pela fluência, o
que pode dobrar a flecha em um elemento fletido.

3.4 Vida Útil do Concreto Armado


A vida útil de um material é um termo utilizado como parâmetro que
representa a durabilidade definido pelo período de tempo, onde o mesmo atinge ou
ultrapassa o desempenho esperado.
18

Outro termo importante que é necessário caracterizar é “vida útil”. A


estrutura, ao decorrer de sua vida útil, estará naturalmente sujeita ao
“desgaste”, devido à ação de cargas e sobrecargas, estáticas,
dinâmicas, vibrações, impactos, assim como a recalques
diferenciados em pontos da fundação com o decorrer dos anos e
erosão e cavitação por ação de agentes sólidos e líquidos em
reservatórios, canais, tanques. Isto leva a definir “vida útil” como o
tempo que a estrutura conserva seus índices mínimos de resistência
e funcionalidade. Prolongar este tempo ao máximo é um dos desejos
de quem trabalha com construções de edificações. (HELENE, 1992).

A NBR 6118 (2014), afirma que se compreende por vida útil de projeto, o
período em que as características das estruturas de concreto permanecem sem
intervenções significativas, de modo que as especificações de uso e manutenção
indicadas pelo projetista e pelo construtor forem praticadas.

O conceito de vida útil aplica-se à estrutura como um todo ou às suas partes.


Dessa forma, determinadas partes das estruturas podem merecer consideração
especial com valor de vida útil diferente de todo, como, por exemplo, aparelhos de
apoio e juntas de movimentação.

Segundo Souza e Ripper:

Por vida útil de um material entende-se o período durante o qual as


suas propriedades permanecem acima dos limites mínimos
especificados. O conhecimento da vida útil e da curva de
deterioração de cada material ou estrutura são fatores de
fundamental importância para a confecção de orçamentos reais para
a obra, assim como de programas de manutenção adequados e
realistas. (1998).

3.5 Desempenho
Para Souza e Ripper (1998), entende-se por desempenho, “[...] o
comportamento em serviço de cada produto, ao longo da vida útil, e a sua medida
relativa espelhará, sempre, o resultado do trabalho desenvolvido nas etapas de
projetos, construção e manutenção”.

A Figura 2, Souza e Ripper (1998) apresentam e explicam as três diferentes


histórias de desempenhos estruturais, ao longo das respectivas vidas úteis em
função da ocorrência de fenômenos patológicos.
19

Figura 2: Diferentes desempenhos de uma estrutura com o tempo em função de diferentes


fenômenos patológicos.

Fonte: Souza e Ripper (1998).

No primeiro caso, representado pela curva traço-duplo ponto, está ilustrado o


fenômeno natural de desgaste da estrutura. Quando há a intervenção, a estrutura se
recupera, voltando a seguir a linha de desempenho acima do mínimo exigido para
sua utilização.

No segundo caso, representado por uma linha cheia, trata-se de uma


estrutura sujeita, a dada altura, a um problema súbito, como um acidente, por
exemplo, que necessita então de imediata intervenção corretiva para que volte a
comportar-se satisfatoriamente.

No terceiro caso, representado pela linha traço-monoponto, tem-se uma


estrutura com erros originais, de projeto ou de execução, ou ainda uma estrutura
que tenha necessitado alterar seus propósitos funcionais, situações em que se
caracteriza a necessidade de reforço.

A NBR 6118 (2014) designa desempenho em serviço como, “[...] capacidade


da estrutura manter-se em condições plenas de utilização durante sua vida útil, não
20

podendo apresentar danos que comprometam em parte ou totalmente o uso para o


qual foi projetada”.

A situação ideal, em relação a uma estrutura, será a de se desenvolver o


projeto de forma que a construção possa ser bem feita e o trabalho de manutenção
facilitado, mantendo-se a deterioração em níveis mínimos.

Souza e Ripper complementam:

No entanto, e na eventualidade de que algum infortúnio possa ter


ocorrido, e de que o desempenho da estrutura venha a se tornar
insatisfatório, os responsáveis deverão estar habilitados a tomar a
melhor decisão sobre como então proceder, adotando a opção mais
conveniente, que respeite pontos de vista técnicos, econômicos e
socioambientais, consoante. (1998).

A Figura 3 indica graficamente as hipóteses para reconversão de estruturas


com desempenho insatisfatório.

Figura 3: Hipóteses para reconversão de estruturas com desempenho insatisfatório.

Fonte: Souza e Ripper (1998).


21

3.6 Histórico das Primeiras Construções


Na pré-história, os homo sapiens buscavam abrigos que a natureza lhes
proporcionavam. Em suas caminhadas, se refugiavam em cavernas, grutas, rochas
e pé de montanhas.

No período Neolítico, surgiu um novo horizonte para os habitantes daquela


época. As regiões mais próximas aos grandes rios, cujas cheias irrigavam o solo
para o plantio, se tornaram propícios para a sobrevivência humana. Ao término do
período, foram descobertos o fogo e o metal, grandes colaboradores para a
continuidade da evolução.

Com o passar dos anos, as necessidades dos pré-históricos foram mudando


e a vontade de migrarem para abrigos mais confortáveis e seguros foram
aumentando. Com isso, abandonaram as cavernas e iniciaram às construções de
suas próprias moradias.

As primeiras construções que se têm notícias foram os Nuragues, ilustrado na


Figura 4, foram construções edificadas em pedras em formas de cones e sem
qualquer tipo de colante. Surgiram também, os Dolmens, indicado na Figura 5, que
eram em torno de duas pedras grandes fincadas verticalmente no chão, fazendo a
função de paredes, e uma pedra posta horizontalmente sobre as outras, como teto.
Estudiosos afirmam que, essas primeiras construções ainda não eram para moradia
e sim templos, dedicados a rituais.

Portanto, Nuragues e Dolmens, foram as primeiras formas arquitetônicas


realizadas pelos primeiros habitantes, e a manifestação da vontade e a carência de
criarem espaços habitacionais.
22

Figura 4: Interior do Nuragues.

Fonte: Brasil Escola.

Figura 5: Dolmens.

Fonte: Brasil Escola.

3.6.1 Histórico do Concreto Armado


Foi no Império Romano, 300 a. C, que se tiveram notícias das primeiras
construções em concreto. O primeiro concreto utilizado pela civilização era composto
por cacos de pedras calcárias, areia, cal, pozolana e água. A mistura foi aplicada
para edificar muros de uma cidade romana.

Os romanos perceberam que, ao misturar a cinzas vulcânicas com a cal


hidratada, obtinham um material aglomerante que endurecia sob contato com água.
Gordura animal, sangue e leite também foram incorporados à mistura da argamassa.

Com o passar dos anos, os construtores romanos distinguiram-se dos gregos


no modo de construir e na utilização de diferentes materiais. Utilizavam os tijolos
23

cozidos e o concreto nas edificações de obras públicas. Para dar consistência à


essa evolução arquitetônica, os romanos tiveram que inovar, trazendo novas
técnicas construtivas.

A partir do aspecto de que o solo romano era arenoso e pouco resistente, eles
modernizaram o sistema de fundação, capaz de suportar as cargas e distribuir os
pesos ao solo de forma a evitar recalques diferenciais. Empregaram como fundação
radiers espessos, com alturas de aproximadamente 12 metros.

Em algumas regiões, como o norte da Europa, as fundações romanas foram


sendo modificadas. Ao invés de grandes radiers, foram substituídas por valas
cavadas, e nas construções de muros, pedras postas sobre as outras de forma a
servirem como fôrmas.

3.6.2 Histórico do Concreto Armado no Brasil


Pouco se sabe do início do uso do concreto armado no Brasil. Segundo
Freitas (1904), diz que o cimento armado (nome batizado do concreto armado na
época) teve início no Brasil em construções habitacionais de Copacabana no Rio de
Janeiro.

A construtora responsável por essas construções era a Empreza de


Construcções Civis e, em 1892 obteve a patente para a utilização do cimento
armado. Devido a grande procura, o engenheiro responsável executou diversas
obras, como fundações, muros, prédios e reservatórios d’água.

Em 1924, a empresa Wayss & Freytag e a Companhia Construtora em


Cimento Armado se associaram, possibilitando um grande desenvolvimento do
concreto armado no país.

3.7 Patologias do Concreto Armado

3.7.1 Definição de patologia


Conforme a evolução humana acontecia, as construções foram
acompanhando esse desenvolvimento de forma acelerado, para atenderem a
demanda crescente de moradia. Com o surgimento do concreto armado e as
vantagens contidas no uso deste novo material, provocou o crescimento
desenfreado das obras. Com isso, gerou a necessidade de inovações que trouxeram
24

maiores riscos às estruturas. Diante deste cenário, surgiram manifestações


patológicas nas estruturas de concreto.

Essas manifestações apresentadas nas estruturas implicam no desempenho


insatisfatório, ao ser confrontado com a finalidade do projeto. São inúmeros fatores
que contribuem para a deterioração estrutural, como a irresponsabilidade de
técnicos ao usufruírem de materiais de baixa qualidade, que não atendem as
especificações, às vezes por motivos econômicos, erros na execução do projeto, a
escolha do traço incorreto do concreto ao ser empregado, envelhecimento natural da
estrutura, falhas involuntárias, e até o uso inadequado da edificação.

Tais fatores comprometem a vida útil da estrutura, resultando na deterioração


precoce dos elementos estruturais. Estes danos podem vir ocasionar apenas
incômodos estéticos, pequenas infiltrações, mas também pode ocasionar acidentes,
e levar as construções ao colapso.

De modo geral, os acidentes catastróficos de edifícios que desmoronam, não


vão às ruínas apenas por um erro isolado, mas sim um conjunto de erros que
acabam levando a construção aos destroços. Não é dificultoso esbarrar em obras
que foram praticados um grande erro em alguma etapa de edificação e mesmo
assim não apresentam grandes avarias. Mas é possível encontrar estruturas com
grandes danos aos quais foram submetidos a um conjunto de erros menores, que
restringem a durabilidade e resistência, trazendo graves efeitos.

Segundo a NBR 6118:

As estruturas de concreto devem ser projetadas e construídas de


modo que, as condições ambientais previstas na época do projeto e
quando utilizadas conforme preconizado em projeto, conservem sua
segurança, estabilidade e aptidão em serviço durante o prazo
correspondente à sua vida útil. (2014).

A definição de patologia, no contexto da construção civil, são as


manifestações que ocorrem durante o período de vida útil da edificação, que
interferem no desempenho estrutural esperado da mesma. A patologia das
estruturas está direcionada em estudar as origens, formas de manifestação,
consequência e mecanismos que causam as anomalias apresentadas nas
construções civis.
25

“A patologia pode ser entendida como parte da engenharia que estuda os


sintomas, os mecanismos, as causas e origens dos defeitos das construções civis,
ou seja, é o estudo das partes que compõem o diagnóstico do problema”. (HELENE,
1992).

Souza e Ripper comentam:

A Patologia das Estruturas não é apenas um novo campo no aspecto


da identificação e conhecimento das anomalias, mas também no que
se refere à concepção e ao projeto das estruturas, e, mais
amplamente, à própria formação do engenheiro civil. Assim, a
necessidade de reabilitar e manter estruturas existentes, ditada por
razões tão diversas quanto as de fundo econômico, social,
patrimonial ou histórico, está criando uma nova escola no que
respeita à concepção e ao projeto estrutural, em que a avaliação do
que já existe, em termos de capacidade de desempenho futuro
(segurança, servicibilidade e vida útil), tornou-se um dado
fundamental. (1998).

Os problemas patológicos podem ser classificados, como simples, aqueles


que apontam diagnósticos e prevenções evidentes, como complexas, aqueles que
necessitam de análise individualizada e detalhada.

Os problemas patológicos simples são os que admitem


padronização, podendo ser resolvidos sem que o profissional
responsável tenha obrigatoriamente conhecimentos altamente
especializados. Já os problemas patológicos complexos não
convivem com mecanismos de inspeção convencionais e esquemas
rotineiros de manutenção, obrigando a uma análise pormenorizada e
individualizada do problema, sendo então necessários profundos
conhecimentos de Patologia das Estruturas. (SOUZA E RIPPER,
1998).

3.7.2 Causas das Patologias

3.7.2.1 Origem das Patologias


Os problemas patológicos, com raras exceções, exibem manifestações
externas características, os quais podem ser apontadas a natureza de cada
anomalia, origem e os mecanismos dos fenômenos envolvidos, até mesmo supor
suas prováveis consequências.

As manifestações patológicas só se desenvolvem posteriormente o início da


execução. Geralmente com maior ocorrência na etapa de uso.
26

Segundo Helene:

Cabe ressaltar que a identificação da origem do problema permite


também identificar, para fins judiciais, quem cometeu a falha. Assim
se o problema teve origem na fase de projeto, o projetista falhou;
quando a origem está na qualidade do material, o fabricante errou; se
na etapa de execução, trata-se de falha na mão de obra e a
fiscalização ou a construtora foram omissos; se na etapa de uso, a
falha é da operação e manutenção. (1992)

Na Figura 6, observa-se que há uma elevada porcentagem de manifestações


patológicas originadas da fase de projeto. “As falhas de planejamento ou de projeto
são, em geral, mais graves que as falhas de qualidade dos materiais ou de má
execução. É sempre preferível investir mais tempo do detalhamento e estudo da
estrutura que, por falta de previsão, tomar decisões apressadas ou adaptadas
durante a execução”. (HELENE, 1992).

Figura 6: Origem dos problemas patológicos com relação às etapas de produção e uso das
obras civis.

Fonte: Helene (1992).

Segundo Souza e Ripper:

O surgimento de problema patológico em dada estrutura indica, em


última instância e de maneira geral, a existência de uma ou mais
falhas durante a execução de uma das etapas da construção, além
27

de apontar para falhas também no sistema de controle e de


qualidade próprio a uma ou mais atividades. (1998)

Tem-se tentado definir qual a atividade que tem sido responsável, ao longo
dos anos, pela maior quantidade de erros. A lista de pesquisadores que tentam
buscar as várias causas para a ocorrência de problemas patológicos, é extensa. O
Quadro 1, ilustra as conclusões que nem sempre são concordantes, o que significa
primeiramente porque os estudos foram realizados em diferentes continentes, e, em
segunda instância, porque em alguns casos as causas são tantas que pode ser
difícil definir a preponderante.

Quadro 1: Análise percentual das causas de problemas patológicos em estruturas de


concreto.

CAUSAS DOS PROBLEMAS PATOLÓGICOS EM ESTRUTURAS DE


CONCRETO ARMADO
Concepção e Utilização e
FONTE DE PESQUISA Materiais Execução
Projeto Outras
Edward Grunau Paulo 44 18 28 10
Helene (1992)
D.E. Allen ( Canadá) (1979) 55 49
C.S.T.C. (Bélgica) Verçoza 46 15 22 17
(1991)
C.E.B. Boletim 157 (1982) 50 40 10
Faculdade de Engenharia
da Fundação Armando 18 6 52 24
Álvares Penteado Verçoza
(1991)
B.R.E.A.S. (Reino Unido) 58 12 35 11
(1972)
Bureau Securitas (1972) 88 12
E.N.R. (U.S.A.) (1968 - 9 6 75 10
1978)
S.I.A. (Suíça) (1979) 46 44 10
Dov Kaminetzky (1991) 51 40 16
Jean Blévot (França) 35 65
(1974)
I.E.M.I.T. (Venezuela) 19 5 57 19
(1965 - 1975)

Fonte: Souza e Ripper (1998).


28

Ainda referente à Quadro 1, cabe comentar que:

 Nem todos os autores seguem a classificação-padrão


relativamente às origens dos vários problemas patológicos, pelo
que, em alguns casos, existem lacunas;

 Alguns autores consideram determinado problema como


resultante de mais de uma causa, pelo que a soma percentual
das parcelas, em alguns casos, é superior a 100. (SOUZA E
RIPPER, 1998).

3.7.2.2 Falhas na Concepção do Projeto


As manifestações patológicas em estruturas de concreto armado que tenham
sua causa na concepção do projeto são aquelas que são resultantes de um mau
planejamento ou falhas técnicas, por negligência ou falta de conhecimento.

Há muitas possibilidades de erros que ocorrem durante a etapa de geração


do projeto. Podem acontecer na fase do estudo preliminar, na elaboração do
anteprojeto, ou durante a criação do projeto de execução, projeto final.

Para Souza e Ripper (1998):

As falhas originadas de um estudo preliminar deficiente, ou de anteprojetos


equivocados, são responsáveis, principalmente, pelo encarecimento do processo de
construção, ou por transtornos relacionados à utilização da obra, enquanto as falhas
geradas durante a realização do projeto final de engenharia geralmente são as
responsáveis pela implantação de problemas patológicos sérios e podem ser tão
diversas como:

 Elementos de projeto inadequados (má definição das ações atuantes ou da


combinação mais desfavorável das mesmas, escolha infeliz do modelo
analítico, deficiência no cálculo da estrutura ou na avaliação da resistência do
solo, etc.);
 Falta de compatibilização entre a estrutura e a arquitetura, bem como os
demais projetos civis;
29

 Especificação inadequada de materiais;


 Detalhamento insuficiente ou errado;
 Detalhes construtivos inexequíveis;
 Falta de padronização das representações (convenções);
 Erros de dimensionamento.

Essas falhas podem levar ao encarecimento do processo de construção, a


transtornos relacionados com a utilização da obra e a sérios problemas patológicos
na estrutura.

Conforme Cánovas (1988), no que tange a concepção de projetos de


estruturas de concreto devemos levar em conta quatro fatores essenciais nos quais
é preciso estar atento e cumprir todos os requisitos necessários para que o sucesso
seja obtido.
 Devem ser cumpridas as condições de equilíbrio básicas da
Estática.
 A compatibilidade das deformações das próprias peças
estruturais e suas uniões.
 Representação em escala suficientemente clara, com as
disposições e dimensões de cada elemento estrutural, em
especial as medidas que se referem às armaduras.
 A convivência de elaborar normas detalhadas, nas quais estejam
presentes todas as características e detalhes dos materiais a
serem empregados na estrutura, forma de controle e
armazenamento, penalizações etc. Esse documento, ao qual,
geralmente não se dá importância, é absolutamente fundamental
e de grande importância para se obter uma construção sem
defeitos e de qualidade: e, em caso de litígio, é um documento
de grande valor.

Conforme Souza e Ripper:

De maneira geral, as dificuldades técnicas e o custo para solucionar


um problema patológico originado de uma falha de projeto são
diretamente proporcionais à “antiguidade da falha”, ou seja, quanto
mais cedo, nesta etapa da construção civil, a falha tenha ocorrido.
30

Uma falha no estudo preliminar, por exemplo, gera um cuja solução é


muito mais complexa e onerosa do que a de uma falha que venha a
ocorrer na fase de anteprojeto. (1998).

3.7.2.3 Erros da Execução do Projeto


Concluído a fase da concepção do projeto, é natural e lógico, dar início a
etapa de execução. Seguindo esta sequência natural do processo. Embora seja o
ideal, raramente acontece. Sendo de prática comum, as adaptações, ou grandes
modificações do projeto durante a obra, que contribuem para a ocorrência de erros.

Souza e Ripper comentam:

Assim, uma vez iniciada a construção, podem ocorrer falhas das


mais diversas naturezas, associadas a causas tão diversas como
falta de condições locais de trabalho (cuidados e motivação), não
capacitação profissional da mão-de-obra, inexistência de controle de
qualidade de execução, má qualidade de materiais e componentes,
irresponsabilidade técnica e até mesmo sabotagem.

Quando se trata de uma obra de edificação habitacional, alguns erros


são grosseiros e saltam à vista. Casos como falta de prumo, de
esquadro e de alinhamento de elementos estruturais e alvenarias,
desnivelamento de pisos, falta de caimento correto em pisos
molhados, ou execução de argamassas de assentamento de pisos
cerâmicos demasiado espessas, e flechas excessivas em lajes, são
exemplos de erros facilmente constáveis. Outros erros, no entanto,
são de difícil verificação e só poderão ser adequadamente
observados após algum tempo de uso, como é o caso de deficiências
nas instalações elétricas e hidráulicas, por exemplo. (1998)

A ocorrência de problemas patológicos cuja origem está na etapa de


execução é devida, basicamente, ao processo de produção, que é em muito
prejudicado por refletir, de imediato, os problemas socioeconômicos, que provocam
baixa qualidade técnica dos trabalhadores menos qualificados, como os serventes e
os meios-oficiais, e mesmo do pessoal com alguma qualificação profissional.

A falta de fiscalização competente e um fraco comando de equipes também


podem levar essas falhas em determinadas atividades, como escoramento, fôrmas,
posicionamento e qualidade das armaduras, qualidade do concreto, entre outras.

A NBR 12655 (2015) expõem as etapas de preparo do concreto com a


seguinte ordem:
31

a) Caracterização dos materiais componentes do concreto;


b) Estudo de dosagem do concreto;
c) Ajuste e comprovação do traço de concreto;
d) Elaboração do concreto.

As falhas de concretagem ignoradas podem acarretar em sérias


consequências à estrutura.

A NBR 14931 (2004) comenta sobre os cuidados a serem tomados nos


processos de execução da estrutura de concreto, a seguir:

a) Mistura: os componentes do concreto devem ser misturados até formar


uma massa homogênea. Esta operação pode ser executada na obra, na central de
concreto ou em caminhão betoneira. O equipamento de mistura utilizado para este
fim, bem como sua operação, devem atender às especificações do fabricante quanto
à capacidade de carga, velocidade e tempo de mistura.

b) Transporte: O concreto deve ser transportado do local do amassamento ou


da boca de descarga do caminhão betoneira até o local da concretagem num tempo
compatível com as condições de lançamento. O meio utilizado para o transporte não
deve acarretar desagregação dos componentes do concreto ou perda sensível de
água, pasta ou argamassa por vazamento ou evaporação. O sistema de transporte
deve, sempre que possível, permitir o lançamento direto do concreto nas fôrmas,
evitando o uso de depósitos intermediários; quando estes forem necessário, no
manuseio do concreto devem ser tomadas precauções para evitar segregação.

c) Lançamento: O concreto deve ser lançado e adensado de modo que toda a


armadura, além dos componentes embutidos previstos no projeto, sejam
adequadamente envolvidos na massa de concreto. Em nenhuma hipótese deve ser
realizado o lançamento do concreto após o inicio da pega. Concreto contaminado
com o solo ou outros materiais não deve ser lançado na estrutura. O concreto deve
ser lançado o mais próximo possível de sua posição definitiva, evitando-se
incrustação de argamassa nas paredes das fôrmas e nas armaduras. O concreto
deve ser lançado com técnica que elimine ou reduza significativamente a
segregação entre seus componentes, observando-se maiores cuidados quanto
maiores forem a altura do lançamento e a densidade da armadura.
32

d) Adensamento: Durante e imediatamente após o lançamento, o concreto


deve ser vibrado ou apiloado contínua e energicamente com equipamento adequado
à sua consistência. O adensamento deve ser cuidadoso para que o concreto
preencha todos os recantos das fôrmas. Durante o adensamento devem ser
tomados os cuidados necessários para que não se formem ninhos ou haja a
segregação dos materiais. Deve-se evitar a vibração da armadura para que não se
formem vazios ao redor, com prejuízo da aderência.

e) Cura: Enquanto não atingir endurecimento satisfatório, o concreto deve ser


curado e protegido contra agentes prejudiciais para:
- evitar a perda de água pela superfície exposta;
- assegurar uma superfície com resistência adequada;
- assegurar a formação de uma capa superficial durável.

Os agentes deletérios mais comuns ao concreto em seu início de vida são


mudanças bruscas de temperatura, secagem, chuva forte, água torrencial,
congelamento, agentes químicos, bem como choques e vibrações de intensidade tal
que possam produzir fissuras na massa de concreto ou prejudicar a sua aderência à
armadura.

3.7.2.4 Qualidade dos materiais


É de prática comum os problemas patológicos serem originados de materiais
inadequados, baixa qualidade. O uso de materiais de má qualidade interfere na
conformidade da obra, acumulam erros construtivos, afetam na durabilidade da
estrutura, ocasionam a presença de agentes agressivos, influenciam para a redução
da resistência mecânica entre outros muitos problemas possíveis a serem
implantados devido a este descaso. A qualidade dos materiais interfere diretamente
no resultado da obra.

Quando se usa o material de baixa qualidade, nada adianta a obra contar com
profissional experiente na aplicação do produto, porque não conseguirá fazer
daquele um sistema conforme.

Souza e Ripper, dissertam:

Poucos são os fabricantes de materiais e componentes que


investem, ou que têm condições econômicas de investir, em
pesquisas para compatibilizar a concepção do produto às exigências
33

técnicas e funcionais dos usuários. Com isto, é comum serem


comercializados componentes e materiais deficientes, ou com
controle de qualidade de produção falho, ou até inexistente, gerando
problemas de desempenho da estrutura e da própria edificação como
um todo. (1998).

“A elaboração de Normas técnicas eficientes deve ser acompanhada por um


controle eficaz de sua aplicação, de forma a evitar fraudes ou erros de produção.”
(SOUZA E RIPPER, 1998). Esta fiscalização deverá ser sempre feita em dois níveis:
na indústria aplicadora dos materiais, pois a recusa de aplicação e a consequente
devolução de materiais e componentes deficientes, com aplicação de multas por
atrasos no cronograma da obra, seria uma arma poderosa para que fossem
atingidos níveis satisfatórios de qualidade.

O armazenamento dos materiais a serem utilizados no preparo do concreto, é


essencial para garantir a eficiência de uma obra. A forma com que os materiais de
construção são armazenados também impacta diretamente as taxas de desperdício
da obra.

3.7.2.5 Ausência de Manutenção


“Entende-se por manutenção de uma estrutura o conjunto de atividades
necessárias à garantia do seu desempenho satisfatório ao longo do tempo, ou seja,
o conjunto de rotinas que tenham por finalidade o prolongamento da vida útil da
obra, a um custo compensador”. (SOUZA E RIPPER, 1998).

Os problemas patológicos ocasionados por manutenção inadequada, ou


mesmo pela ausência total de manutenção, têm sua origem no desconhecimento
técnico, na incompetência, no desleixo e em problemas econômicos. A falta de
alocação de verbas para a manutenção pode vir a tornar-se fator responsável pelo
surgimento de problemas estruturais de maior monta, implicando gastos
significativos e, no limite, a própria demolição da estrutura.

Concluída as etapas de execução da obra, mesmo quando essa tenha sido


elaborada apropriadamente, as estruturas podem suceder problemas patológicos
oriundos da utilização errada ou falta de um programa de manutenção adequado.

O interesse maior de que a estrutura tenha um bom desempenho, é do


usuário, que por sua falta de conhecimento, desleixo ou ignorância, pode ser o
agente causador da deterioração estrutural.
34

Por tanto, cabe ao usuário zelar e cuidar de maneira eficiente, com o


propósito de manter as características originais do projeto ao longo de toda a vida
útil da estrutura. A eficiência da estrutura está relacionada com as atividades de uso,
exemplo, asseguras que não sejam ultrapassados os carregamentos previstos em
projeto, quanto com as atividades de manutenção, uma vez que o desempenho da
estrutura tende a diminuir ao longo dos anos.

3.8 Principais Tipos de Patologias

3.8.1 Corrosão da Armadura


De acordo com Marcelli:

A corrosão das armaduras tem sido uma das principais causas


de sinistros na construção civil, acarretando enormes prejuízos
financeiros e infelizmente várias vítimas. Para evitar esse tipo de
problema, devemos dar atenção especial às etapas que compõem
uma obra, começando pela elaboração correta do projeto e
terminando por uma construção primorosa. (2007).

Segundo Helene:

Todo problema patológico, chamado em linguagem jurídica de vício


oculto ou vício de construção, ocorre a partir de um processo, de um
mecanismo. Por exemplo: a corrosão de armaduras no concreto
armado é um fenômeno de natureza eletroquímica, que pode ser
acelerado pela presença de agentes agressivos externos, do
ambiente, ou internos, incorporados ao concreto. Para que a
corrosão se manifeste é necessário que haja oxigênio (ar), umidade
(água) e o estabelecimento de uma célula de corrosão eletroquímica
(heterogeneidade da estrutura), que só ocorre após a despassivação
da armadura. (1992).

A Figura 7 ilustra o processo de corrosão eletroquímica que ocorre no


concreto.
35

Figura 7: Célula de corrosão eletroquímica do concreto.

Fonte: Marcelli (2007).

“Corrosão pode ser entendida como a interação destrutiva de um material


com o meio ambiente, como o resultado de reações deletérias de natureza química
ou eletroquímica, associadas ou não a ações físicas ou mecânicas de deterioração”.
(RIBEIRO et al., 2014).

De acordo com Ribeiro et al,.:

No caso de armaduras em concreto, os efeitos degenerativos


manifestam-se na forma de manchas superficiais causadas pelos
produtos de corrosão, seguidas por fissuras, destacamento do
concreto de cobrimento, redução da secção resistente das
armaduras com frequente seccionamento de estribos, redução e
eventual perda de aderência das armaduras principais, ou seja,
deteriorações que levam a um comprometimento da segurança
estrutural ao longo do tempo. (2014).

Ribeiro et al., comenta:


O processo através do qual um metal retorna ao seu estado natural,
tal qual se encontrava na natureza formando compostos estáveis na
forma de óxidos, é espontâneo, pois corresponde a uma redução da
energia livre de Gibbs. O fenômeno vai acompanhado de uma perda
de elétrons por parte do metal, o que também o torna conhecido por
“oxidação”; mas, em estruturas de concreto, é preferível denomina-lo
de “corrosão”, pois sempre se dá em presença de água, enquanto a
oxidação do aço é um mecanismo genérico que pode ocorrer mesmo
sem água, como, por exemplo, a formação de carepa de laminação
durante a fabricação das armaduras siderúrgicas e metalúrgicas.
(2014).
36

Segundo Marcelli (2007), “[...] as trincas em concreto armado devido à


corrosão das armaduras são muito comuns em nossas edificações e precisam ser
tratadas adequadamente, a fim de bloquear o processo e não agravá-las”.

Para Marcelli (2007) o correto seria propor uma solução adequada,


analisando a fonte geradora do problema e estudar criteriosamente todas as
condições envolvidas apresentando uma solução que tenha um excelente
desempenho técnico e econômico. Marcelli (2007) dividiu as causas nos seguintes
grupos:

 Má execução;
 Concreto inadequado;
 Ambiente agressivo;
 Proteção insuficiente;
 Manutenção inadequada;
 Gradiente térmico;
 Presença de cloreto;
 Desconsideração de cargas dinâmicas.

Pode-se observar na Figura 8 o modo em que o agente agressivo penetra no


concreto através da porosidade da superfície.

Figura 8: Penetração do agente agressivo através da porosidade do concreto.

Fonte: Marcelli (2007).


37

Conforme Helene:

Conhecer o mecanismo do problema é fundamental para uma


terapêutica adequada. É imprescindível, por exemplo, saber que
devem ser limitadas as sobrecargas ou reforçadas as vigas quando
as fissuras são consequência de momento fletor. Neste caso, não
basta a injeção das fissuras, pois estas poderiam reaparecer em
posições muito próximas das iniciais. (1992).

3.8.1.1 Cobrimento da Armadura


De acordo com Marcelli:

Uma vez constatada a necessidade de se proteger adequadamente


as ferragens, devemos então tomar os devidos cuidados com o
cobrimento, tendo em vista que o mesmo tem a finalidade de
proteger fisicamente e propiciar um meio alcalino elevado, de tal
forma a gerar a passivação do aço. Diferentes tipos de concreto
implicam características e propriedades intrínsecas também
diferentes, o que por sua vez corresponde a espessuras de
cobrimentos diversos para um mesmo nível de proteção. (2007).

A NBR 6118 (2014) recomenda que qualquer barra da armadura, até mesmo
de distribuição, de montagem e de estribos, deve ter cobrimento de concreto pelo
menos igual ao seu diâmetro, mas não menos que o especificado abaixo:

a) Para concreto revestido com argamassa de espessura mínima de


1,0 cm:
 Em laje no interior de edifícios ..................................0,5cm
 Em paredes no interior de edifícios .........................1,0 cm
 Em laje e paredes ao ar livre....................................1,5 cm
 Em vigas, pilares e arcos no interior de edifícios......1,5 cm
 Em vigas pilares e arcos ao ar livre .........................2,0 cm

b) Para concreto aparente:


 No interior de edifício ...............................................2,0 cm
 Ao ar livre..................................................................2,5 cm

c) Para concreto em contato com o solo ......................................3,0 cm

d) Para concreto em meio fortemente agressivo .........................4,0 cm


38

3.8.1.2 Princípios da Corrosão Eletroquímica


Conforme Ribeiro et al.,:

O processo de corrosão é espontâneo, causado pela necessidade


do material em atingir o seu estado de menor energia, que é o seu
estado mais estável. A maioria dos metais são encontrados na
natureza na forma de compostos, como óxidos e hidróxidos, já que
nessa forma eles apresentam um estado mínimo de energia. Quando
esses metais são processados, passam a adquirir o estado metálico,
porém ao entrarem em contato com o meio ambiente, passam a
reagir espontaneamente, se transformando em composto, que
apresenta um menos estado de energia. O ferro, por exemplo, que é
o principal componente da armadura de aço utilizada na estrutura de
concreto, reage com o meio ambiente, se transformando em Fe2O3
hidratado, conhecido como ferrugem, que apresenta um estado de
energia menor e, portanto, mais estável que o do ferro metálico.
(2014).

A corrosão que ocorre na armadura de aço, assim como a maioria dos


processos corrosivos, é caracterizada pela transferência de elétrons e íons entre
duas regiões distintas do metal, sendo esse tipo de corrosão denominado de
corrosão eletroquímica. Na armadura de aço a corrosão pode ser tanto uniforme,
ocorrendo uniformemente ao longo da superfície da armadura, como localizada, se
concentrando em uma determinada área.

A corrosão, na verdade, é causada pela ação de um agente oxidante


como o oxigênio e hidrogênio que, ao entrar em contato com a
superfície do metal, passa a receber elétrons que, ao entrar em
contato com a superfície do metal, passa a receber elétrons,
ocorrendo, assim, a reação de redução. Os elétrons consumidos na
reação de redução, que ocorre no cátodo, são fornecidos pela reação
de oxidação do metal que ocorre no ânodo, sendo transferidos para
cátodo através do metal, que atua como um eletrodo (material no
qual ocorre a transferência de elétrons). Quando o metal sofre
oxidação, perde elétrons e se transforma em cátion, que desprende
da estrutura metálica passando, assim, a ocorrer a dissolução do
metal. (RIBEIRO et al., 2014).

3.8.2 Fissuras
As fissuras podem ser consideradas como a manifestação patológica
característica das estruturas de concreto mais comum, mais chama a atenção dos
leigos, proprietários e usuários aí incluídos, para o fato de que algo de anormal está
acontecendo.

O tratamento da fissura está diretamente associado a identificação da causa


da mesma, do tipo da fissura com que está manipulando, no que se refere a
variação de espessura, na necessidade ou não de execução de reforços estruturais.
39

A formulação do tratamento poderá ainda ser merecedora de alguns


ajustes em função da existência ou não de rede de fissuras (quando
a solução passará, normalmente, pela aplicação de revestimentos
elásticos) e da penetração da fissura no elemento estrutural, ou seja,
da superficialidade ou profundidade da fissura, particularmente
quanto à definição do material a utilizar, já que o tratamento será
normalmente mais simples nos casos superficiais, não sendo
mesmo, em algumas situações, necessário recorrer-se às resinas
epoxídicas, que são mais caras, podendo-se ficar pela utilização de
nata de cimento Portland incorporada com aditivo expansor, nos
casos de obstrução rija. (SOUZA E RIPPER, 1998).

Segundo Figueiredo (1989), “[...] uma fissura no concreto não dever ser
reparada sem que antes se conheçam todos os fatores que envolvem o problema e
sem que se faça uma reflexão sobre esses fatores, sob pena de se realizar trabalhos
inapropriados e desnecessários”.

3.8.2.1 Fissuras no Concreto Devido à Retração Hidráulica


As fissuras de retração hidráulica são ocasionadas pela cura malfeita do
concreto, em que a perda de água de amassamento durante o processo gera
tensões internas na peça, provocando uma retração que resulta em esforços de
tração no concreto, o qual, por sua vez, não resiste e surgem então as fissuras em
forma de mapeamento geográfico sem direção definida. Observa-se na Figura 9 as
fissuras no concreto devido a retração hidráulica.

Figura 9: Trincas no concreto por retração hidráulica.

Fonte: Marcelli (2007).

Para evitar o surgimento dessas trincas, deve-se seguir as recomendações de


cura do concreto, porém se o problema já estiver instalado, é necessário proceder
ao selamento das mesas para proteger as ferragens contra os ataques do meio
ambiente, que poderão infiltrar por essas fissuras.
40

3.8.2.2 Fissuras no Concreto Devido a Variação do Teor de Umidade


A peça de concreto quando submetida a uma variação de umidade, ocasiona
uma variação dimensional por absorção ou perda higroscópica, essa alteração de
volume pode causar fissuras de houver vínculos que impeçam o elemento de se
movimentar. Nesses casos as fissuras poderão aparecer ao longo da peça ou junto
aos vínculos.

Para se evitarem trincas geradas pela variação de umidade,


devemos ter concretos bem dosados com relação água/cimento
próximos do ideal, executados de maneira a resultar em peças bem
adensadas com baixa porosidade. Para as fissuras já existentes,
temos de proceder à colmatação das mesmas com selantes plásticos
que possam acompanhar as movimentações dimensionais e proteger
contra os ataques do meio ambiente. (MARCELLI, 2007).

3.8.2.3 Fissuras no Concreto Devido a Variação de Temperatura


De acordo com Marcelli:

A variação de temperatura provoca uma variação dimensional no


elemento de concreto, de modo semelhante à variação de umidade,
sendo que a somatória desses dois fenômenos pode resultar em
deformações que, se a peça estiver impedida de se movimentar, vão
gerar tensões elevadas e consequentemente trincas. (2007)

As fissuras devido à dilatação térmica são ativas, devendo ser tratadas com
selantes elásticos que protejam a peça e possam acompanhar a movimentação da
mesma. Marcelli (2007) recomenda basear-se nos seguintes tópicos:

a) Em ambiente interno não agressivo:


 Abertura < 0,3 mm, dispensar tratamento.
 Abertura > 0,3 mm, tratar com selante.
b) Em ambiente agressivo e úmido:
 Abertura < 0,1 mm, dispensar tratamento.
 Abertura > 0,1 mm, tratar com selante.

O calculista estrutural deve sempre levar em conta a variação térmica em


seus cálculos, seguindo as normas vigentes, como a NBR 6118 (2014).
41

3.8.2.4 Fissuras Devido à Flexão


Segundo Helene (1992), “[...] as fissuras decorrentes a flexão em marquises e
vigas, são originadas de uma ancoragem insuficiente, armadura mal posicionada no
projeto ou na flexão, sobrecargas não previstas ou armadura insuficiente”.

Para a correção, Helene (1992), sugere:

a) Preparar e limpar criteriosamente a fissura;

b) Recuperar o monolitismo através de:


 Injeção de resina epóxi com ou sem limitação de
sobrecargas, conforme análise estrutural da peça.

c) Reforçar a viga através de:


 Colocação de nova armadura longitudinal e
reconcretagem.
 Colocação de novos estribos e reconcretagem.
 Colocação de chapas metálicas aderidas com
epóxi.

d) Eventualmente, demolir e reconstruir.

Marcelli (2007) explica: “No caso das lajes, elas também apresentam grandes
deformações, porém com uma variação maior de configuração das trincas,
dependendo da relação entre largura e comprimento, tipo de vinculação, natureza da
solicitação e esquema de armadura”. Observa-se na Figura 10 as trincas de flexão
em elementos de concreto armado.
42

Figura 10: Trincas de flexão em elementos de concreto armado.

Fonte: Marcelli (2007).

3.8.2.5 Fissuras no Concreto Devido ao Cisalhamento


As fissuras devido ao cisalhamento ocorrem nos pontos onde a cortante é
máxima e são geradas por seção insuficiente, excesso de carga, pela disposição
errada das armaduras ou a falta delas para combater aos esforços. Como pode ser
observado na Figura 11.

Figura 11: Trincas de cisalhamento em viga.

Fonte: Marcelli (2007).

3.8.2.6 Fissuras no Concreto Devido à Torção


A peça de concreto quando está sendo submetida a um esforço de rotação
em relação a sua seção transversal, ela sofre uma torção.

Isso ocorre em vigas de eixo curvo, principalmente nas sacadas de


edifícios, em vigas ou lajes que têm flecha excessiva e se apoiam em
outras vigas, causando uma rotação nestas últimas, ou em lajes em
balanço do tipo marquise engastadas apenas na viga. Todas essas
43

situações provocam uma rotação no plano da seção transversal do


elemento estrutural e, quando esse esforço gera deformações acima
da capacidade de suporte da peça, surgem as fissuras
características de torção. (MARCELLI, 2007).

Para se combater a esse esforço, a ferragem deve ser colocada em posição


vertical (estribos) e longitudinal (ferros de pele). É possível observar na Figura 12, o
aparecimento das trincas devido a torção.

Figura 12: Trincas de torção.

Fonte: Marcelli (2007).

3.8.2.7 Fissuras no Concreto Devido à Compressão


As trincas originadas por compressão são as que mais precisam de cuidados
e resoluções rápidas, pois o concreto suporta a maior parcela dos esforços de
compressão. Os pilares submetidos apenas a esforços de compressão, e quando a
carga aplicada excede a capacidade de suporte da peça, surgem fissuras típicas de
esmagamento. A fissura devido a compressão pode ocasionar o colapso da
estrutura. A peça estrutural com a patologia perdeu a sua capacidade de carga
original e redistribuiu os esforços para peças vizinhas, que também ficam
comprometidas e passíveis de sofrerem rupturas. Nessas condições, pode haver um
acúmulo de tensões na região comprimida, surgindo algumas trincas características
como ilustrado na Figura 13.
44

Figura 13: Trincas por compressão.

Fonte: Marcelli (2007).

Essas trincas podem ser evitadas através de um dimensionamento


que considere corretamente a ação de todos os esforços atuantes na
peça e, por sua vez, que o uso seja compatível com o carregamento
previsto em projeto. No entanto, se o problema já estiver implantado,
podemos recorrer ao esforço do elemento estrutural de várias
maneiras; utilizando-se a colagem de chapas de aço, ou a colocação
de armadura suplementar e posterior enchimento com o graute ou
microconcreto. (MARCELII, 2007).

3.8.2.8 Fissuras Devido à Punção


As fissuras devido à punção ocorrem devido a diversos fatores: quando há um
excesso de cargas, concreto de resistência inadequada, armadura insuficiente ou
mal posicionada junto aos apoios, falha de execução, quando um elemento recebe
um esforço pontual, o caso de lajes que se apoiam diretamente sobre pilares ou
vice-versa, como observado na Figura 14.
45

Figura 14: Trincas de punção.

Fonte: Marcelli (2007).

3.8.3 Desagregação do Concreto


A desagregação do material é um fenômeno que frequentemente pode ser
observado nas estruturas de concreto, causado pelos mais diversos fatores,
ocorrendo, na maioria dos casos, em conjunto com a fissuração.

Souza e Ripper comentam:

Deve-se entender como desagregação a própria separação física de


placas ou fatias de concreto, com a perda de nonolitismo e, na
maioria das vezes, perda também da capacidade de engrenamento
entre os agregados e da função ligante do cimento. Como
consequência, tem-se que uma peça com seções de concreto
desagregado perderá, localizada ou globalmente, a capacidade de
resistir aos esforços que a solicitam. (1998).

3.8.4 Eflorescências
Segundo Granato (2002) “[...] a florescência é a formação de depósitos
salinos na superfície das alvenarias, concretos ou argamassas, etc., como resultado
da sua exposição à água de infiltrações ou intempéries”.

Granato completa:

É considerado um dano, por alterar a aparência do elemento onde se


deposita. Há casos em que seus sais constituintes podem ser
agressivos e causar desagregação profunda. A modificação no
aspecto visual é intensa onde há um contraste de cor entre os sais e
o substrato sobre as quais se deposita. (2002).
46

3.8.5 Corrosão do Concreto


A corrosão do concreto, segundo Souza e Ripper (1998) “[...] pode ser vista
como a destruição de um material por meio de reações químicas ou eletroquímicas
não propositadas que começam na superfície deste sólido”.

Em oposição ao processo de corrosão do aço das armaduras, que é


predominantemente eletroquímico, a do concreto é puramente
química e ocorre por causa da reação da pasta de cimento com
determinados elementos químicos, causando em alguns casos a
dissolução do ligante ou a formação de compostos expansivos, que
são fatores deteriorantes de concreto. (SOUZA E RIPPER, 1998).

Quando o concreto é realizado de forma correta, utilizando materiais de boa


qualidade, é um material bem resistente à corrosão, embora não está totalmente
imune a sofrer com a presença de agentes agressores. O concreto permeável e
muito poroso, de má qualidade, é facilmente atacado por esses agentes.

Conforme Souza e Ripper (1998), a corrosão do concreto pode ser classificada


em três tipos:

 Corrosão por lixiviação: consiste na dissolução e arraste do hidróxido de


cálcio existente na massa de cimento Portland endurecido (liberado na
hidratação) devido ao ataque de águas puras ou com poucas impurezas, e
ainda de águas pantanosas, subterrâneas, profundas ou ácidas, que serão
responsáveis pela corrosão, sempre que puderem circular e renovar-se,
diminuindo o pH do concreto. Quanto mais poroso o concreto, maior a
intensidade da corrosão, levando em espaço curto de tempo, o elemento
estrutural à ruína.
 Corrosão química por reação iônica: ocorre em virtude da região de
substâncias químicas existentes no meio agressivo com componentes do
cimento endurecido. Esta reação leva à formação de compostos solúveis, que
são carreados pela água em movimento ou que permanecem onde foram
formados, mas, nesse último caso, sem poder aglomerante. Os principais íons
que reagem com os compostos do cimento são o magnésio, o amônio, o cloro
e o nitrato.
47

 Corrosão por expansão: ocorrem reações dos sulfatos com componentes do


cimento, resultando em um aumento do volume do concreto que provoca sua
expansão e desagregação.

3.9 Diagnóstico de Patologias em Estruturas de Concreto Armado

3.9.1 Inspeção Periódica


Souza e Ripper dissertam:

A inspeção periódica é um elemento indispensável na metodologia


da manutenção preventiva. Quando bem executada, é instrumento
essencial para a garantia de durabilidade da construção, sendo sua
finalidade de registrar danos e anomalias e de avaliar a importância
que os mesmos possam ter do ponto de vista do comportamento e
da segurança estrutural. A inspeção periódica deve ser adequada ao
tipo de estrutura, podendo mesmo variar, em termos de
procedimentos e adotar requisitos mínimos necessários, de peça
para peça dentro de uma mesma estrutura (caso dos elementos
estruturais mais vulneráveis). (1998).

A inspeção periódica trata-se em observar os danos e as anomalias verificadas


em obras e ao ambiente envolvente, e relatar em formulários adequados com o
auxílio de instrumentos como: binóculo, máquinas fotográficas, filmadoras, trena,
lápis de cera, nível, fio de prumo, esclerômetro, martelo de geólogo, fissurômetro,
pacômentro, marreta, ponteiro, aspersor de fenolftaleína, e etc.. Os relatórios e
formulários deverão ser encaminhados aos responsáveis técnicos que deverão
avaliar e acompanhar a estrutura, que se preciso, deverão tomar as medidas
necessárias.

Aos resultados apresentados nos formulários, Souza e Ripper (1998), comentam


possíveis decisões a serem tomadas:

 Danos desprezíveis ou inexistência de danos – nenhuma atitude a tomar;


 Pequenos danos - realização de trabalhos de pequenas proporções,
podendo ser realizados por colaboradores não especializados e, por outro
lado, passam a realizar inspeções de rotina;
 Danos importantes – trabalhos de maiores proporções, embora os danos
possam ocasionar sérios prejuízos à durabilidade e segurança da estrutura,
os trabalhos podem ser executados por empresas de pequeno ou médio
porte, sob supervisão de um engenheiro;
48

 Danos emergenciais – casos de perigo à segurança da obra, reunião de


especialistas ao local para a realização de uma inspeção especial e tomada
de providências cabíveis.
 Alarme – são os casos de ruína iminente, quando então deverão ser tomadas
as medidas necessárias para o escoramento parcial ou total da estrutura, ou
mesmo para a sua interdição, com equipe especializada.

Segundo Steen Rostam (apud SOUZA e RIPPER, 1998, pág. 237) considera
que, em alguns casos, a vida útil da estrutura poderá estar seriamente
comprometida se as inspeções a serem feitas se limitarem apenas aos registros com
recurso a observação a olho nu, apoiada apenas por meios tradicionais, sem
instrumentação adequada, posto que o ponto de identificação visual dos problemas
estruturais normalmente ocorre já a meio caminho da etapa de propagação dos
mesmos.

3.9.2 Inspeção Condicionada


As inspeções condicionadas, diferente das inspeções periódicas, devem ser
realizadas por pessoas técnicas especializadas, utilizando aparelhagem sofisticada
para as medições, realizações de ensaios, análise de documentação cadastral e
emissão de laudo técnico.

As inspeções condicionadas são realizadas todas as vezes em que as


inspeções preliminares apontarem alguma anomalia ou estranheza nas peças
estruturais, ou em caso de danos emergenciais ou de alarme.

“Durante a realização da inspeção especial deverá ser feito um cuidadoso


mapeamento das anomalias existentes, ou seja, representação gráfica do quadro
patológico da estrutura, o qual servirá de base para a definição das causas das
manifestações patológicas”. (SOUZA E RIPPER, 1998).

Souza e Ripper, explicam:

O mapeamento deverá de iniciar pela escolha da convenção


representativa, ou seja, da simbologia gráfica que será utilizada para
identificação e locação das anomalias. Isto feito, o serviço deverá
prosseguir com o chamado macromapeamento, que consiste na
identificação das anomalias sobre os diversos planos estruturais
existente, o que é normalmente feito sobre uma cópia de desenho de
fôrmas, sem cotas complementada pela utilização de cortes,
elevações e desenhos de arquitetura (representação de trincas em
49

paredes, por exemplo). O rigor na localização das anomalias é


indispensável nesta etapa, mas é importantíssimo que sejam bem
caracterizados seus tipos, frequências e extensões,
complementando, no que necessário for, o que já constar dos mapas
de inspeções periódicas. (1998).

Em seguida, é realizado o procedimento de micromapeamento, que consiste


em um detalhamento das anomalias, feito desenhos em escala ampliada para cada
elemento estrutural, ou trecho do elemento afetado, com a locação precisa e
medições de abertura de fissuras.

Na Figura 15, Souza e Ripper (1998) apresentam uma sugestão gráfica de


anomalias mais comuns que o concreto está sujeito.

Figura 15:Sugestões para representações gráficas de anomalias nos processos de


mapeamento.

Fonte: Souza e Ripper (1998).

É importante analisar se a anomalia encontrada na peça estrutural está em


quais condições, se está em progressão ou se está estacionada, a verificação deve
ser feita utilizando sensores simples e até mesmo aparelhos topográficos de alta
precisão.
50

3.10 Técnicas de Recuperação


Os serviços de recuperação ou de reforço de estruturas de concreto deriva da
análise das causas e do estudo detalhado dos efeitos produzidos. A partir desses
pontos, é possível escolher a técnica pertinente de reparo, que inclui os materiais e
equipamentos a serem utilizados e mão de obra para a execução.

Segundo Marcelli:

Queremos alertar para a importância de se diagnosticar corretamente


as causas e o motivo gerador do problema; do contrário, poderemos
resolvê-lo apenas temporariamente, implicando que o mesmo voltará
a curto ou médio prazo. Por outro lado, devemos estar atentos
também para alguns casos, em que corremos o risco da solução
adotada criar ou aumentar ainda mais a descontinuidade da
estrutura, o que poderá acarretar o surgimento de corrosões em
outros pontos da mesma. (2007).

“Os serviços de reforço requerem sempre a prévia elaboração de trabalhos de


cálculo estrutural, sejam serviços derivados de necessidade de alteração na
funcionalidade da estrutura, ou como consequência de danificação sofrida pela
estrutura”. (SOUZA E RIPPER, 1998).

“Os serviços de intervenção em superfícies são normalmente medidos por m²


da área original de intervenção, ou seja, têm quantidades previamente fixadas,
relativamente à execução dos trabalhos, e para tanto, apenas requerem a garantia
de acesso direto ao local de trabalho”. (SOUZA E RIPPER, 1998).

Dá-se um exemplo de corte de concreto para um serviço, na Figura 16, a área


a medir será:

Acorte = ℓ (h1 + h2 +b) (m²)


51

Figura 16:Sistema de medição para intervenções de corte em concreto.

Fonte: Souza e Ripper (1998).

Existem várias técnicas construtivas disponíveis com diferentes materiais que


podem ser aplicados à recuperação da estrutura. Neste capítulo será abordado as
técnicas mais usuais para reparos de patologias em estruturas de concreto armado.

3.10.1 Limpeza do Concreto


De acordo com Marcelli:

Todos os restauros e reforços estruturais em peças de concreto


armado devem seguir uma conduta rigorosa na preparação e limpeza
do substrato, que são os procedimentos preliminares obrigatórios
antes da execução do reforço/restauro. Não adianta usar sistemas e
materiais apropriados sem preparar adequadamente o substrato,
pois o risco de insucesso será muito grande, a ponto de
comprometer integralmente a restauração/reforço. (2007).

De acordo com Marcelli (2007), o primeiro serviço é o de preparo do


substrato, e pode ser feito de várias maneiras, dependendo das condições locais, da
natureza e grandeza dos serviços a serem executados.

O Quadro 2 indica os principais procedimentos de preparo.


52

Quadro 2: Procedimentos para preparação do substrato do concreto que deverá receber


restauro ou reforço estrutural.

Fonte: Marcelli (2007).

A limpeza da superfície é o procedimento que deverá ser executado depois


da preparação do substrato e instantes antes da aplicação dos produtos de reforço/
restauro. O Quadro 3 apresenta os principais procedimentos especificados.

Quadro 3: Procedimentos para limpeza das superfícies do concreto instantes antes da


aplicação do material de reforço/restauro.

Fonte: Marcelli (2007).


53

De acordo com Marcelli:

Após a limpeza final da superfície do concreto, normalmente deve


ser aplicado um adesivo estrutural para garantir uma boa aderência
entre o material velho e o novo, sendo comum usar para isso colas à
base de resinas epoxídicas, que são muito eficientes; no entanto,
devemos observar com atenção o tempo máximo disponível que o
fabricante de cada produto especifica entre o instante da aplicação
do adesivo e o restauro da peça. (2007)

3.10.2 Polimento
A técnica de polimento é realizada em superfícies do concreto em que
ocorreram erros, ou por dosagem errada, mau uso, falta de vibração, que tiveram
como resultado o desgaste.

O polimento deve ser realizado por uma equipe de mão de obra


especializada, com conhecimento da tecnologia, utilizando equipamentos
apropriados e prezando pelo cuidado pelos operários e proteção ambiental, pois
implica em poluição sonora e atmosférica devido ao pó.

O polimento da superfície resulta à sua textura original, lisa e sem partículas


soltas, podendo ser realizada manualmente, pela ação enérgica de pedras
apropriadas de polir, ou mecanicamente com lixadeiras portáteis, ou máquinas de
polir pesadas.

3.10.3 Lavagem

3.10.3.1 Aplicações de Soluções Ácidas


Segundo Souza e Ripper (1998) “[...] a lavagem de superfícies por soluções
ácidas tem por objetivo a remoção de tintas, ferrugens, graxas, carbonatos, resíduos
e manchas de cimento, o que não seria garantido somente com lavagens de jato
d’água”.

Inicialmente a superfície deve ser molhada abundantemente, para evitar a


penetração do ácido no concreto. A aplicação deve ser realiza com o auxílio de
broxas, sempre em pequenas áreas, de forma progressiva, e garantindo que o
ambiente esteja completamente ventilado.

“A utilização de soluções ácidas é sempre perigosa para a saúde da camada


superficial do concreto armado, e não deverá mesmo ser utilizada se a espessura de
54

cobrimento das armaduras for reduzida, casos em que deverá optar pelas soluções
alcalinas”. (SOUZA E RIPPER, 1998).

Para esse tipo de lavagem é normalmente utilizado o ácido muriático (ácido


clorídrico comercial) diluído em água na proporção de 1:6. Por ser utilizado íons de
cloreto, eles facilmente atacam o concreto, deve-se atentar-se às medidas de
saturação e lavagem posterior á aplicação do ácido, assegurando a remoção das
partículas sólidas e os resíduos da solução utilizada. “A aplicação da solução é
sempre vigorosa e só deve terminar quando cessar o borbulhamento característico
da descontaminação”. (SOUZA E RIPPER, 1998).

Após o procedimento, deve ser realizada a lavagem final com uma solução
neutralizadora de amônia em água, na proporção 1:4, e depois com jatos de água.

3.10.3.2 Aplicação de Soluções Alcalinas


A lavagem por soluções alcalinas possui o mesmo objetivo e procedimentos
da lavagem por soluções ácidas, diferenciando-se quanto aos cuidados que se deve
tomar com estes agentes.

De acordo com Souza e Ripper:

A necessidade de limpeza prévia e a forma de aplicação são


similares, mas, se nestes casos não há maiores preocupações
quanto à proximidade das armaduras, certamente elas existirão
quanto à possibilidade sempre presente de alteração das
características do concreto, particularmente no caso da existência de
agregados reativos (reação álcalis-agregados). (1998).

Após o término dessa técnica é preciso a lavagem abundante e não será


particularmente ativa na limpeza de produtos de corrosão.

3.10.3.3 Uso de Jatos d’água


“A lavagem pela aplicação de jatos de água sob pressão controlada é
largamente utilizada como técnica de limpeza e preparação do substrato para a
futura recepção do material de reparação”. (SOUZA E RIPPER, 1998).

A lavagem, normalmente, é realizada com jatos de água fria e muitas vezes


são utilizados jatos de areia em conjunto, para determinadas situações. Quando a
superfície está muito engordurada ou com manchas de forte impregnação química,
55

recorrem-se aos jatos com água quente, adicionados removedores biodegradáveis.


A Figura 17, ilustra como é realizado este procedimento.

Figura 17: Aplicação de jatos de água para lavagem de superfície de concreto.

Fonte: Souza e Ripper (1998).

Utilizam-se máquinas de alta pressão tipo lava-jato, quando o serviço permitir


pode-se utilizar algumas máquinas de projetar concreto como forma de diminuir a
quantidade de equipamentos alocados na obra.

3.10.3.4 Jatos de Limalha de Aço


Em alguns casos, a lavagem com jatos de limalha de aço, é mais viável que o
jato de areia. É menos poluente que a lavagem feita com jatos de areia, mas bem
mais abrasivo, não podendo ser aplicadas em áreas em que a armadura esteja
exposta, corroída e com diâmetro menor, até mesmo quando necessário um
rigoroso controle da superfície final.

Essa técnica é bem eficiente para grandes áreas e não há necessidade de


água. O jato quebra a superfície menos resistente do concreto, e promove a
abertura imediata dos poros, fazendo com que aumente a aderência do material de
recuperação.
56

3.10.3.5 Queima a Maçarico


A limpeza pela queima a maçarico, ilustrada da Figura 18, é um técnica pouco
utilizada, pois requer bastante cuidado. Remove graxas e óleos, pois desagrega até
5mm de espessura da camada de concreto.

Essa técnica não pode ser utilizada quando a armadura está aparente, ou
mesmo para espessuras de cobrimento menores que 3,5 mm.

Figura 18: Aplicação do maçarico sobre superfície de concreto.

Fonte: Souza e Ripper (1998).

3.10.3.6 Escovação Manual


A escovação manual, ilustrado na Figura 19, é uma técnica simples, utilizando
uma escova com cerdas de aço, com movimentos enérgicos e repetitivos, sendo
aplicada apenas em pequenas áreas, e particularmente, no caso de pequenas
extensões de armaduras que estejam com indícios de corrosão, ou ainda, para
casos que precisam de limpeza para implemento de suas capacidades aderentes.

Figura 19: Limpeza com escovas de aço.

Fonte: Souza e Ripper (1998).


57

Após a limpeza, deve-se aplicar a limpeza por jatos de ar comprimido sobre a


superfície.

3.10.3.7 Apicoamento
O apicoamento é o procedimento feito para a remoção da camada externa do
concreto que será complementada com o material de recuperação. O apicoamento
pode ser realizado manualmente ou através de equipamentos mecânicos, e a
escolha do processo depende da profundidade de concreto que deseja remover, do
grau de rugosidade e homegeneidade que se queira conferir à superfície tratada. A
Figura 20 ilustra o procedimento do apicoamento manual.

Figura 20: Apicoamento manual feito na superfície do concreto.

Fonte: Souza e Ripper (1998).

3.10.4 Saturação
A saturação é um processo preparatório de superfícies e que garante a
aderência do material de recuperação. O tempo de saturação dura em média 12
horas.

Segundo Souza e Ripper:

A aplicação da água pode ser por vertimento contínuo, o que pode


ser simples em casos de lajes ou outras superfícies horizontais, ou
por molhagem de elementos intermediários, como sacos de estopa,
que são então aplicados sobre as superfícies, o que é muito usado
não só horizontalmente, mas também em vigas e pilares. No caso de
58

paredes verticais, é comum garantir-se a molhagem contínua através


de uma mangueira furada – furos com espaçamento da ordem dos
15 cm – funcionando como “sprinklers”. (1998).

3.10.5 Corte
O corte do concreto pode ser indicado como a remoção profunda do concreto
degradado. Utilizando como equipamento o martelo demolidor com média de 6 a 10
kg, com ponteiro terminando em ponta viva.

Esse processo tem como objetivo eliminar qualquer processo nocivo à boa
saúde das armaduras. Sendo utilizado sempre que houver corrosão do aço das
armaduras, e não deve garantir apenas a remoção do concreto degradado, como
também a futura imersão das barras em meio alcalino. O corte deverá ultrapassar a
armadura na profundidade do concreto, de 2 a 3 cm além da armadura, ilustrado na
Figura 21:

Figura 21: Corte de Concreto.

Fonte: Souza e Ripper, 1998.

É importante que o corte não afete o concreto são, apenas o concreto


degradado, o que seria antieconômico e contra a segurança da estrutura.

Quando o corte não vai além das armaduras, limpando apenas a parte
exterior, fica resquício de concreto velho, podendo gerar a corrosão eletroquímica
por diferença de material.
59

Para facilitar a aderência do material, as arestas internas da superfície devem


observar um talude de 1:3, procurando deixar os cantos arredondados, conforme
ilustrado na Figura 22.

Figura 22: Aspecto final da cavidade na intervenção de corte de concreto.

Fonte: Souza e Ripper (1998).

Segundo Souza e Ripper:

Em muitos casos, a extensão do corte não permitirá, se assim for


necessário, a recolocação de armaduras, sejam estas de
complementação ou de reforço, por impossibilidade de observância
dos comprimentos de ancoragem ou de emenda com a armadura
existente. Para estas situações, é costume recorrer-se à execução
de furos no concreto existente, onde serão imersas, em meios
previamente cheios de epóxi ou grout, as barras da armadura, ou,
em alguns casos, as esperas. (1998).

3.10.6 Tratamento da Ferragem


“Toda a ferragem oxidada deve ser limpa através de escovação
manual/mecânica ou jato de areia, de forma a ficar totalmente isenta de óleos,
graxas e partes oxidadas, tomando-se o cuidado de garantir que toda superfície seja
atingida pela limpeza”. (MARCELLI, 2007).

Após a limpeza das armaduras, pode ocorrer da diminuição da seção da


mesma, devendo ser estudado a necessidade de substituição da armadura, ou a
60

colocação de barras suplementares. Logo, deverão receber pintura contra corrosão


à base de resinas epoxídicas ou de cromato de zinco, antes do restauro final.

3.10.7 Emenda das Ferragens


A seguir serão descritos os tipos de emendas de ferragens, quando os
seguimentos das armaduras tiverem que serem trocados.

3.10.7.1 Emenda por Transpasse


A emenda por transpasse se dá quando a peça permite uma abertura que
possibilite a colocação de novas barras de aço para o reforço. A emenda é realizada
pela justaposição longitudinal das barras, conforme indicado na Figura 23.

Figura 23: Emenda por transpasse.

Fonte: Marcelli (2007).

De acordo com a NBR 6118 (2014), essa emenda não pode ser realizada
para as barras com bitolas superiores a 32 mm. “Cuidados especiais devem ser
tomados na ancoragem e na armadura de costura dos tirantes e pendurais
(elementos estruturais lineares de seção inteiramente tracionada)”.
61

3.10.7.2 Emendas com Luvas


“Outro sistema utilizado para emendar barras é o emprego de luvas de
pressão, em que as extremidades das barras são unidas através de luvas prensadas
de tal forma que garantem a ligação das barras”. (MARCELLI, 2007). A emenda com
luvas está indicada na Figura 24.

Figura 24: Emendas com luvas de compressão.

Fonte: Marcelli (2007).

3.10.7.3 Emendas por Solda


A emenda por solda, indicada na Figura 25, é mais fácil de execução, porém
é necessário cuidados especiais. Segundo Marcelli (2007), “[...] a grande
preocupação é que o calor gerado pelo processo da solda pode alterar as
propriedades da estrutura do aço, reduzindo a sua resistência”.

“Para diminuir os efeitos nocivos da solda, deve-se executar com muito


cuidado e de forma alternada, aguardando-se que o aço esfrie entre uma passada e
outra, empregando-se eletrodos apropriados do tipo E7018 ou E6013”. (MARCELLI,
2007).

Figura 25: Barra emendada por solda.

Fonte: Marcelli ( 2007).


62

3.10.8 Tratamento de Fissuras


A escolha do tratamento da fissura está diretamente ligada a identificação da
causa da fissura. Independente da fissura, o objetivo das técnicas utilizadas sempre
será o mesmo, criar uma barreira ao transporte nocivo de líquidos e gases para
dentro das fissuras, impedindo a contaminação do concreto e das armaduras.

3.10.8.1 Técnica de Injeção de Fissuras


“As fissuras com abertura superior a 0,1 mm devem ser injetadas,
procedimento que é sempre feito sob baixa pressão (< 0,1 Mpa), com exceção dos
casos em que as aberturas já são superiores a 3 mm e não muito profundas”.
(SOUZA E RIPPER, 1998).

De acordo com Souza e Ripper:

Entende-se por injeção a técnica que garante o perfeito enchimento


do espaço formado entre as bordas de uma fenda, independente de
se estar injetando para restabelecer o monolitismo de fendas
passivas, casos em que são usados materiais rígidos, como epóxi ou
grouts, ou para a vedação de fendas ativas, que são situações mais
raras, em que se estarão a injetar resinas acrílicas ou poliuretânicas.
(1998).

Para que haja sucesso a essa técnica, a seleção correta dos materiais, à
experiência do aplicador e a seleção da bomba de injeção, são aspectos
importantes.

Usualmente usa-se resinas epoxídicas, por ser um produto não retráteis,


baixa viscosidade, alta capacidade resistente e aderente e bom comportamento em
presença de agentes agressivos, além de endurecerem rápido e mantendo suas
características. O processo de injeção é descrito por Souza e Ripper (1998) da
seguinte maneira e ilustrado na Figura 26:

a) Abertura de furos ao longo do desenvolvimento da fissura, com


diâmetro da ordem dos 10 mm e não muito profundos (30mm),
obedecendo a espaçamento ℓ que deve variar entre os 50 mm e
os 300 mm, em função da abertura da fissura, mas sempre
respeitando um máximo de 1,5 vezes a profundidade da fissura;
63

b) Exaustiva e consciente limpeza da fenda – ou do conjunto de


fissuras, se for o caso – e dos furos, com ar comprimido, por
aplicação de jatos, seguida de aspiração, para remoção das
partículas soltas, não só as originalmente existentes (sujeiras)
mas também as derivadas da operação de furação;

c) Nos furos, são fixados tubinhos plásticos, de diâmetro um ponto


inferior ao ar da furação, com parede pouco espessa, através
dos quais será injetado ao produto. A fixação é feita através do
próprio adesivo que selará o intervalo de fissura entre dois furos
consecutivos;

d) A selagem é feita pela aplicação de uma cola epoxídica


bicomponente, em geral aplicada a espátula ou colher de
pedreiro. Ao redor dos tubos plásticos, a concentração da cola
deve ser ligeiramente maior, de forma a garantir a fixação deles.

e) Antes de se iniciar a injeção, a eficiência do sistema deve ser


comprovada, o que pode ser feito pela aplicação de ar
comprimido, testando então a intercomunicação entre os furos e
a efetividade da selagem. Se houver obstrução de um ou mais
tubos, será indício de que haverá necessidade de reduzir-se o
espaçamento entre eles, inserindo-se outros a meio caminho;

f) Testado o sistema e escolhido o material, a injeção pode então


iniciar-se, tubo a tubo, sempre com pressão crescente,
escolhendo-se normalmente como primeiros pontos aqueles
situados em cotas mais baixas.
64

Figura 26: Preparação da fenda para o procedimento de injeção.

Fonte: Souza e Ripper (1998).

3.10.8.2 Técnica de Selagem de Fissuras


A técnica de selagem de fissuras é um esquema de vedação dos bordos das
fissuras ativas pela utilização de um material aderente, resistente, não retrátil e com
módulo de elasticidade capaz de se adequar à deformação da fenda.

As fissuras que possuírem aberturas maiores que 10 mm, deverão proceder


da seguinte maneira, de acordo com Souza e Ripper (1998):

a) 10 mm < ω < 30 mm – enchimento da fenda, sempre na mesma


direção, com grout, podendo, em alguns casos, haver a adição
de carga, procedendo-se a selagem convencional das bordas,
com produto à base epóxi, indicado na Figura 27;
b) ω > 30 mm – selagem aqui já passa a ser encarada como se
fosse a vedação de uma junta de movimento e que prevê a
inserção de um cordão em poliestireno extrudado, ou de uma
mangueira plástica, para apoio e isolamento do selante do fundo
da fenda. Uma outra hipótese é a colocação de juntas de
neoprene, que deverão aderir aos bordos da fenda, devidamente
reforçados para o efeito.
65

Figura 27: Selagem de fendas com abertura ω entre 10 mm e 30 mm.

Fonte: Souza e Ripper (1998).

3.10.8.3 Técnica de Costura das Fissuras (Grampeamento)


A técnica de costura de fissuras, ilustrado na Figura 28, também chamada de
grampeamento em conformidade com o seu aspecto e intuito, consiste na
disposição de armadura adicional, de forma a resistir ao esforço de tração que
originou a fissura.

“Os grampos devem ser dispostos de forma a não introduzirem esforços em


linha, nem mesmo os de ancoragem no concreto, pelo que devem ser
diferentemente inclinados em relação ao eixo da fissura e ter comprimento variável”.
(SOUZA E RIPPER, 1998).

Figura 28: Reparo de uma fissura por costura.

Fonte: Souza e Ripper (1998).


66

A seguir, as etapas da técnica de costura, segundo Souza e Ripper (1998):

a) Fazer o descarregamento da estrutura, sempre que possível;

b) Execução de berços na superfície do concreto, para


assentamento das barras de costura, incluindo, se a opção for
por ancoragem mecânica, a execução de furação no concreto
para amarração das extremidades dos grampos, sendo estes
buracos devidamente cheios com adesivo apropriado;

c) Se a opção for esta, injeção da fenda com resinas epoxídicas ou


cimentícias, fazendo a selagem a um nível inferior ao do berço
executado. O grampeamento deve ser sempre posterior a
injeção.

d) Colocação dos grampos e complementação dos berços;

e) As fendas devem ser costuradas dos dois lados da peça;

3.11 Demolição
Em algumas situações de obra de recuperação, a demolição é a opção mais
viável, normalmente por incapacidade de reaproveitamento, ou por não estar
integrada num processo de reconstrução ou melhoramento.

De acordo com Souza e Ripper:

A demolição mais tradicional é a executada por martelos


demolidores pesados, normalmente pneumáticos, sendo muito
comum a situação de existirem vários martelos trabalhando em
conjunto, recebendo ar de um mesmo compressor, que para
tanto deve ser convenientemente dimensionado. Um martelo
pneumático de 20 kg pode imprimir uma força da ordem de
3000 kN, e, nestas condições, as primeiras fissuras, em
concretos de até 40 Mpa. (1998).
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4 Conclusão
Conclui-se que o presente trabalho apresentou um estudo sobre patologia do
concreto armado, apontou os possíveis erros cometidos pelo projetista e construtor
nas etapas de projeto e construção da edificação, levando o surgimento das
principais manifestações patológicas que agem prejudicando as estruturas, como
também as origens, causas, danos, prevenção e tratamento.

Como foi visto, diversas são as causas que levam o surgimento das
patologias. Podendo originar-se na fase de projeto, utilização de materiais de baixa
qualidade, erros na execução e falta de manutenção das estruturas.

Os erros cometidos durante o processo de construção, podem ser evitados


caso houvessem maiores cuidados, na elaboração dos projetos, uso de materiais
adequados, utilização devida da estrutura para qual foi projetada e havendo
manutenção preventiva. Evitando ou retardando aparição das irregularidades.

Após o diagnóstico, a escolha correta da técnica para o tratamento estrutural,


influência na garantia do sucesso do trabalho realizado, já que a escolha errada
pode agravar o problema.

Assim, este trabalho buscou identificar as principais patologias encontradas


nas obras, identificar suas causas e origens, as práticas de tratamentos relevantes
mais frequentes no ramo da construção civil para o reparo das anomalias nas peças
de concreto armado.
68

5. Referências

ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). NBR 6118. Projeto de estruturas


de concreto – Procedimentos, 2014.

ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). NBR 12655. Concreto de


cimento Portland – Preparo, controle, recebimento e aceitação – Procedimento,
2015.

ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). NBR 14931. Execução de


estruturas de concreto – Procedimento, 2004.

BASTOS, P.S.S. Fundamentos do concreto armado – Notas de Aula. UNESP.


Bauru, São Paulo, 2006.

BOTELHO, M; MARCHETTI, O. Concreto armado eu te amo. São Paulo: Edgard


Bluncher, 2002.

BRASIL ESCOLA - < https://brasilescola.uol.com.br/historiag/as-construcoes-


nuragues-dolmens-no-periodo-neolitico.htm > acessado dia 18/10 às 14:02

CÁNOVAS, M. F. Patologia e terapia do concreto armado. Tradução de M. Celeste


Marcondes, Beatriz Cannabrava. São Paulo: PINI, 1988.

COELHO, R. S. A. Concreto armado na prática. São Luís. Ed. UEMA, 2008. 340 p.

FIGUEIREDO, E. P. Mecanismo de Transporte de Fluidos no Concreto. In: ISAIA, G.


C. Concreto, Ensino, Pesquisa e Realizações. São Paulo: IBRACON, 2005.

GRANATO, J. E. Apostila: Patologia das construções. São Paulo, 2002.

HELENE, P. R. L. Manual para reparo, reforço e proteção de estruturas de concreto.


2ª ed – São Paulo: Pini, 1992.

MARCELLI, M. Sinistro da construção civil: causas e soluções para danos e


prejuízos em obras. São Paulo: Pini, 2007.

RIBEIRO, D. V et al. Corrosão em estruturas de concreto armado: Teoria, Controle e


Métodos de Análise. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. 272 p.
69

SOUZA, V; RIPPER, T. Patologia, recuperação e reforço de estruturas de concreto.


São Paulo: Pini, 1998.

VEJA OBRA - < https://blog.vejaobra.com.br/armazenamento-de-materiais-em-obra


> acessado dia 14/09 às 9:30

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