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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

ANA PAULA KRETZER DE MIRANDA


THIAGO FELIPPE MARIA

CÁLCULO ESTRUTURAL DE UMA VIGA PROTENDIDA PRÉ-


TENSIONADA - ESTUDO DE CASO

Palhoça
2020
ANA PAULA KRETZER DE MIRANDA
THIAGO FELIPPE MARIA

CÁLCULO ESTRUTURAL DE UMA VIGA PROTENDIDA PRÉ-


TENSIONADA - ESTUDO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Engenharia Civil da
Universidade do Sul de Santa Catarina como
requisito parcial à obtenção do título de
Engenheiro Civil.

Orientador: Prof. Marcelo Cechinel

Palhoça
2020
ANA PAULA KRETZER DE MIRANDA
THIAGO FELIPPE MARIA

CÁLCULO ESTRUTURAL DE UMA VIGA PROTENDIDA PRÉ-


TENSIONADA - ESTUDO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Engenharia Civil da
Universidade do Sul de Santa Catarina como
requisito parcial à obtenção do título de
Engenheiro Civil.

Orientador: Prof. Marcelo Cechinel

Palhoça, 17 de julho de 2020.

______________________________________________________
Professor e orientador Marcelo Cechinel, Lic.
Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________
Professor Paulo Wagner, Esp.
Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________
Engenheiro Reiner Augusto Schmitz, Esp.
Empresa Attractive
Dedicamos este trabalho à nossa família
e aos nossos companheiros, que nos apoiaram
nessa jornada.
AGRADECIMENTOS

 Ao Professor Esp. Marcelo Cechinel, pela orientação e apoio ao decorrer da pesquisa e


elaboração deste trabalho.
 Ao Engenheiro Eduardo Preve e à empresa Métrica Engenharia e Arquitetura, por nos
ceder o projeto estrutural onde pudemos retirar a viga que virou objeto de estudo deste
trabalho. Além de nos oferecer suporte para obter todas as informações suplementares
de que necessitamos.
 Ao Professor Esp. Paulo Henrique Wagner e ao Eng. Esp. Reiner Augusto Schmitz por
aceitarem fazer parte da banca examinadora e contribuírem com o trabalho.
 A todos os professores e funcionários da UNISUL que contribuíram em nossa formação
acadêmica e pessoal e nos ensinaram valores que levaremos sempre conosco.
 Aos nossos colegas e amigos do curso de engenharia civil, que nos proporcionaram
momentos de descontração e troca de experiências.
 À nossa família e nossos companheiros, que foram de fundamental importância e nos
deram todo o suporte, carinho e compreensão necessários à execução deste trabalho.
“Não se deve ir atrás de objetivos fáceis, é preciso buscar o que só pode ser alcançado
por meio dos maiores esforços.” Albert Einstein
RESUMO

O surgimento do concreto protendido partiu da necessidade de novas soluções para as inovações


construtivas que ocorreram através do tempo. Por anos os povos utilizaram o que hoje
conhecemos como concreto armado, mas a partir de um certo momento, essa tecnologia era
limitante e já não acompanhava mais a evolução da construção civil. A exigência primordial
era conter a fissuração do concreto. E para tanto, a chave foi o pré tensionamento do aço,
fazendo com que o concreto ficasse previamente comprimido. Este trabalho é um estudo de
caso de uma viga em concreto protendido. A construção, objeto do estudo, é um galpão de 2500
metros quadrados e cobertura mista em concreto e estrutura metálica. Ele analisa e dimensiona
a viga, detalhando todos os cálculos. O sistema de protensão utilizado foi o de pré-
tracionamento. Além do dimensionamento e a análise da viga, este trabalho conta com o
detalhamento da viga para fins construtivos.

Palavras-chave: Protensão. Viga. Concreto. Pré-tração.


ABSTRACT

The emergence of prestressed concrete came from the need for new solutions for the
constructive innovations that have occurred over time. For years, people used what we know
today as reinforced concrete, but after a certain moment, this technology was limiting and no
longer followed the evolution of civil construction. The primary requirement was to contain the
cracking of the concrete. And for that, the key was the pre-tensioning of the steel, causing the
concrete to be previously compressed. This work is a case study of a prestressed concrete beam.
The construction, object of the study, is a 2500 square meter warehouse with a mixed concrete
and metallic structure roof. It analyzes and sizes the beam, detailing all calculations. The
prestressing system used was the pre-traction system. In addition to the design and analysis of
the beam, this work includes the detailing of the beam for construction purposes.

Keywords: prestressing. Beam. Concrete. Pre-traction.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Ilustração 1 - Arcos solicitados à compressão .......................................................................... 19 


Ilustração 2 - Zonas de tração, compressão e linha neutra ....................................................... 20 
Ilustração 3 - Ponte do Galeão – ensaio das vigas.................................................................... 23 
Ilustração 4 – Pistas de produção ............................................................................................. 25 
Ilustração 5 – Sistema de protensão por pré-tração .................................................................. 26 
Ilustração 6 - Viga em concreto protendido, cabos com cordoalhas engraxadas ..................... 27 
Ilustração 7 - Etapas de protensão de uma viga executada com aderência posterior ............... 28 
Ilustração 8 - Viga em concreto protendido com cabos externos não aderentes ...................... 29 
Ilustração 9 – Tipos de cordoalhas ........................................................................................... 31 
Ilustração 10 - Diagrama tensão-deformação para aços de armaduras ativa ............................ 32 
Ilustração 11 - Sistema de ancoragem por meio de rosca e porca ............................................ 33 
Ilustração 12 - Cordoalha engraxada ........................................................................................ 34 
Ilustração 13 - Esquema do sistema de ancoragem de cordoalha............................................. 34 
Ilustração 14 - Bainha metálica circular ................................................................................... 35 
Ilustração 15 - Bainha metálica achatada ................................................................................. 35 
Ilustração 16 - Purgador plásticos ............................................................................................ 36 
Ilustração 17 - Vista das diversas ancoragens ativas do sistema MAC Bainha ....................... 36 
Ilustração 18 – Contribuição de cada perda de protensão na perda total ................................. 39 
Ilustração 19 – Perdas de força de protensão com o tempo na armadura de protensão ........... 40 
Ilustração 20 – Variação típica de tensão na armadura de protensão em peça pré-moldada com
cura a vapor .............................................................................................................................. 41 
Ilustração 21 – Peça pré moldada de concreto protendido (antes da liberação dos cabos
tracionados) .............................................................................................................................. 42 
Ilustração 22 – Peça pré-moldada de concreto protendido (após a liberação dos cabos
tracionados) .............................................................................................................................. 43 
Ilustração 23 - Deformações no concreto ao longo do tempo .................................................. 46 
Ilustração 24 - Retração e expansão de um concreto com teor de cimento de 300 kg/m ......... 47 
Ilustração 25 – Foto da construção da estrutura do galpão....................................................... 54 
Ilustração 26 – Desenho esquemático da viga .......................................................................... 54 
Ilustração 27 – Evolução da resistência do concreto ................................................................ 57 
Ilustração 28 – Variação da resistência à tração (Fct,m). ......................................................... 58 
Ilustração 29 – Variação de Eci e Ecs ...................................................................................... 59 
Ilustração 30 - Diagrama tensão-deformação idealizado ......................................................... 60 
Ilustração 31 – Diagrama tensão x Deformação....................................................................... 61 
Ilustração 32 – Diagrama tensão-deformação bilinear de tração ............................................. 61 
Ilustração 33 – Diagrama de tensões atuantes no concreto ...................................................... 62 
Ilustração 34 – Características das cordoalhas de aço CP190 .................................................. 63 
Ilustração 35 – Diagrama de tensões atuantes no aço .............................................................. 64 
Ilustração 36 – Perfil da viga protendida .................................................................................. 65 
Ilustração 37 – Características básicas da telha “Eternit” ....................................................... 65 
Ilustração 38 – Carregamentos na viga..................................................................................... 66 
Ilustração 39 – Tensões na borda superior e inferior................................................................ 68 
Ilustração 40 – Diagrama de tensões atuantes no concreto ...................................................... 69 
Ilustração 41 – Diagrama de tensões atuantes .......................................................................... 70 
Ilustração 42 – Diagrama de tensões atuantes .......................................................................... 72 
Ilustração 43 – Características das cordoalhas de aço CP190 .................................................. 72 
Ilustração 44 – Domínios de deformação ................................................................................. 91 
Ilustração 45 – Valor de y’ referente a posição da linha neutra ............................................... 92 
Ilustração 46 – Componente Tangencial .................................................................................. 95 
Ilustração 47 – Fendilhamento ................................................................................................. 98 
Ilustração 48 – Desenho esquemático da viga e suas alças de içamento................................ 103 
Ilustração 49 – Cargas permanentes ....................................................................................... 104 
Ilustração 50 - Diagrama de Momento Fletor em kN.m......................................................... 105 
Ilustração 51 - Diagrama de Esforço Cortante em kN............................................................ 105 
Ilustração 52 – Detalhamento da armadura passiva– seção transversal ................................. 110 
LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Correspondência entre classe de agressividade e qualidade do concreto ................ 37 


Quadro 2: Correspondência entre a classe de agressividade ambiental e o cobrimento nominal
para c = 10 mm ...................................................................................................................... 38 
Quadro 3 – Perdas de Protensão e ocorrência .......................................................................... 39 
Quadro 4: Valores da fluência e da retração x velocidade de endurecimento do cimento ....... 44 
Quadro 5: Valores numéricos usuais para a determinação da fluência e da retração............... 45 
Quadro 6: Exigências de durabilidade relacionadas à fissuração e à proteção da armadura, em
função das classes de agressividade ambiental......................................................................... 49 
Quadro 7: Coeficiente γf = γf1. γf3 .......................................................................................... 50 
Quadro 8: Valores do coeficiente γf2 ....................................................................................... 51 
Quadro 9: Classes de agressividade ambiental (CAA)............................................................. 55 
Quadro 10: Característica de deformação simplificada do aço ................................................ 63 
Quadro 11: Característica de deformação simplificada do aço ................................................ 64 
Quadro 12: Valores de coeficiente gama γf2............................................................................ 69 
Quadro 13: Valores de ψ1000, em porcentagem ...................................................................... 76 
Quadro 14: Coeficiente 𝛾𝑓 𝛾𝑓1. 𝛾𝑓3 ................................................................................... 87 
Quadro 15: Limites para deformação ..................................................................................... 100 
Quadro 16: Espaçamentos mínimos - caso de pré-tração ....................................................... 109 
SUMÁRIO

1  INTRODUÇÃO................................................................................................................. 15 
1.1  TEMA E DELIMITAÇÃO .............................................................................................. 16 
1.2  JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 17 
1.3  PROBLEMA DE PESQUISA ......................................................................................... 17 
1.4  OBJETIVOS .................................................................................................................... 17 
1.4.1  Objetivo Geral ............................................................................................................. 17 
1.4.2  Objetivos Específicos .................................................................................................. 17 
1.5  METODOLOGIA ............................................................................................................ 18 
1.5.1  Natureza ....................................................................................................................... 18 
1.5.2  Abordagem................................................................................................................... 18 
1.5.3  Classificação................................................................................................................. 18 
1.5.4  Procedimentos Técnicos.............................................................................................. 18 
2  FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................... 19 
2.1  CONCRETO .................................................................................................................... 19 
2.1.1  Breve Histórico do Concreto Armado ....................................................................... 19 
2.1.2  Composição do Concreto ............................................................................................ 21 
2.1.2.1  Cimento ...................................................................................................................... 21 
2.1.2.2  Agregados ................................................................................................................... 21 
2.1.2.3  Água ........................................................................................................................ 22 
2.1.3  Histórico ....................................................................................................................... 22 
2.1.4  Conceitos básicos ......................................................................................................... 23 
2.1.5  Sistemas de Protensão ................................................................................................. 24 
2.1.5.1  Pré-Tracionadas .......................................................................................................... 24 
2.1.5.2  Pós-Tracionadas ......................................................................................................... 27 
2.1.5.2.1  Não Aderentes .......................................................................................................... 27 
2.1.5.2.2  Com Aderência Posterior ........................................................................................ 27 
2.1.5.2.3  Protensão Externa ................................................................................................... 28 
2.1.6  Grau de Protensão....................................................................................................... 29 
2.1.6.1  Protensão Completa .................................................................................................... 29 
2.1.6.2  Protensão Limitada ..................................................................................................... 29 
2.1.6.3  Protensão Parcial ........................................................................................................ 30 
2.1.7  Aço de Protensão ......................................................................................................... 30 
2.1.8  Concreto ....................................................................................................................... 33 
2.1.9  Ancoragem ................................................................................................................... 33 
2.1.10  Bainhas ......................................................................................................................... 35 
2.2  NORMA DE CONCRETO ARMADO E PROTENDIDO: NBR 6118 .......................... 37 
2.2.1  Qualidade do Concreto ............................................................................................... 37 
2.2.2  Cobrimento .................................................................................................................. 37 
2.2.3  Perdas de protensão .................................................................................................... 38 
2.2.3.1  Valores Típicos de Protensão ..................................................................................... 41 
2.2.3.1.1  Perda por acomodação da ancoragem.................................................................... 41 
2.2.3.1.2  Perda por relaxação da armadura .......................................................................... 42 
2.2.3.1.3  Perda por deformação imediata do concreto (∆𝑃𝑒𝑛𝑐) ........................................... 42 
2.2.3.2  Parâmetros iniciais de cálculo das perdas por fluência e retração.............................. 43 
2.2.3.3  Fluência ...................................................................................................................... 45 
2.2.3.4  Retração ...................................................................................................................... 46 
2.3  ESTADOS LIMITES ....................................................................................................... 47 
2.3.1  Estado limite último (ELU) ........................................................................................ 47 
2.3.2  Estado limite de serviço (ELS) ................................................................................... 48 
2.4  COMBINAÇÃO DE AÇÕES .......................................................................................... 49 
2.4.1  Combinações do Estado Limite Último ..................................................................... 50 
2.4.2  Combinações do Estado Limite de Serviço ............................................................... 51 
2.4.2.1  Combinação quase permanente (CQS) ....................................................................... 51 
2.4.2.2  Combinação frequente (CF) ....................................................................................... 52 
2.4.2.3  Combinação rara (CR) ................................................................................................ 52 
3  ESTUDO DE CASO ......................................................................................................... 53 
3.1  DADOS DO GALPÃO .................................................................................................... 53 
3.2  ANÁLISE DO ELEMENTO ........................................................................................... 54 
3.2.1  Classe de Agressividade .............................................................................................. 55 
3.2.2  Classe de Agressividade e Cobrimento ..................................................................... 55 
3.2.3  Classe de Agressividade e Qualidade do Concreto .................................................. 56 
3.2.4  Durabilidade ................................................................................................................ 56 
3.2.5  Concreto ....................................................................................................................... 56 
3.2.5.1  Resistência à compressão do concreto de cálculo ...................................................... 56 
3.2.5.2  Resistência concreto a tração: .................................................................................... 58 
3.2.5.3  Módulo de elasticidade ............................................................................................... 59 
3.2.5.4  Diagrama Tensão-Deformação ................................................................................... 60 
3.2.6  Aço ........................................................................................................................... 62 
3.2.6.1  Parâmetros do aço CA: ............................................................................................... 62 
3.2.6.2  Deformação: Tração e Compressão............................................................................ 62 
3.2.6.3  Característica de deformação simplificada do aço: .................................................... 63 
3.2.6.4  Aço Armadura Ativa .................................................................................................. 63 
3.2.6.5  Parâmetros do aço CP:................................................................................................ 63 
3.2.6.6  Deformação simplificada do aço CP 190: .................................................................. 64 
3.3  CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS E TENSÕES ATUANTES............................ 65 
3.3.1  Cargas Permanentes ................................................................................................... 65 
3.3.2  Carga Acidental ........................................................................................................... 66 
3.3.3  Momentos e Tensões ................................................................................................... 66 
3.3.3.1  Tensões atuantes na peça devido ao momento ........................................................... 67 
3.3.4  Estado limite de descompressão (ELS–D) para combinação frequente ................. 69 
3.3.5  Estado limite de formação de fissuras (ELS-F) para combinação rara ................. 71 
3.3.6  Força de Protensão Pi e Cálculo da Armadura de Protensão ................................. 72 
3.3.7  Armadura de pele ........................................................................................................ 74 
3.3.8  Perdas de Protensão .................................................................................................... 75 
3.3.8.1  Perdas de Protensão Iniciais ....................................................................................... 75 
3.3.8.1.1  Perda por acomodação da ancoragem.................................................................... 76 
3.3.8.1.2  Perda por relaxação da armadura .......................................................................... 76 
3.3.8.1.3  Perda por deformação imediata do concreto (∆𝑃𝑒𝑛𝑐) ........................................... 78 
3.3.8.1.4  Determinação dos parâmetros iniciais .................................................................... 79 
3.3.8.1.5  Perdas por fluência do concreto.............................................................................. 81 
3.3.8.1.6  Perdas por retração ................................................................................................. 84 
3.3.9  Análise da Resistência Última à Flexão ..................................................................... 86 
3.3.9.1  Pré-alongamento da armadura .................................................................................... 87 
3.3.10  Cálculo no Estado Limite Último para Força Cortante .......................................... 94 
3.3.10.1  Coeficiente de Guyon ................................................................................................. 97 
3.3.10.2  Efeito de fendilhamento ............................................................................................. 98 
3.3.10.3  Verificações das deformações .................................................................................... 99 
3.3.11  Içamento ..................................................................................................................... 103 
3.3.12  Detalhamento das Armaduras ................................................................................. 108 
4  CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 111 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 112 
ANEXOS ............................................................................................................................... 115 
ANEXO 01 – DETALHAMENTO DA VIGA CALCULADA ......................................... 116 
ANEXO 02 – DETALHAMENTO DA VIGA EXECUTADA ......................................... 118 
15

1 INTRODUÇÃO

Para compreender o passo histórico que deu origem ao concreto protendido, é preciso
antes enveredar por alguns conceitos, iniciando assim pelo concreto armado. O concreto armado
é uma estrutura que liga, por aderência, o concreto e as barras de aço nele contidas. Estas barras
têm por objetivo fundamental resistir aos esforços de tração, esforço pelo qual o concreto não
possui, conhecidamente, um grande desempenho. As primeiras utilizações, ainda primitivas, do
concreto armado datam do século XIX.
O concreto possui a propriedade característica de resistir com excelência à compressão.
Tendo em vista que o concreto tracionado não pode acompanhar as grandes deformações do
aço, o concreto fissura-se na zona de tração; os esforços de tração devem, então, ser absorvidos
apenas pelo aço (Leonhardt, 1977).
As fissuras no concreto, decorrente dos esforços recebidos pelo elemento, ainda
causavam muitos questionamentos, o que retardou o emprego em massa do concreto armado.
Com o passar do tempo descobriu-se que tais fissuras poderiam ser evitadas se as barras de aço
fossem previamente tensionadas, causando compressão no concreto. Todavia, com o passar do
tempo, este concreto “protendido” perdia sua protensão devido a fluência e a retração do
concreto. Percebeu-se então que para alcançar o objetivo desejado de forma permanente, era
necessário o emprego de aços altamente resistentes que superassem as perdas de tensão.
Além disso, Silva (1974, p. 9) denota: “o concreto armado, trabalhando com uma secção
mista concreto x aço, apresenta algumas limitações que crescem de valor paralelamente ao
aumento da importância da obra, ou seja, com o aumento das cargas e dos vãos.”
O que confirma a necessidade de um avanço tecnológico para suprir as necessidades
construtivas. Pode-se desta forma destacar algumas vantagens e desvantagens quanto ao
emprego do concreto protendido no lugar do concreto armado.

VANTAGENS
 Durabilidade – Por haver menor índice de fissuração a chance de exposição da armadura
que permite a corrosão é extremamente pequena, o que garante maior vida útil ao
elemento.
 Leveza – A utilização de cabos de aço e concreto com desempenho superior aos do
concreto armado convencional permitem a utilização de peças mais esbeltas.
 Deformabilidade – O pré tracionamento equilibra o carregamento da estrutura e diminui
ou elimina a flecha de deformação.
16

DESVANTAGENS
 Equipamentos e mão de obra – Por se tratar de um serviço que necessita de um extremo
controle de qualidade, a mão de obra deve ser bem treinada e capacitada. O concreto
protendido também carece da utilização de equipamentos específicos para a protensão.
 Modificações posteriores – O concreto protendido tem por objetivo anular ou diminuir
a flecha de deformação, por isso cada elemento é tratado com individualidade, o que
dificulta muito alterações posteriores que influenciem no diagrama de esforços.

Devido a fissuração, M. Koenen propôs, já no ano de 1907, tensionar as barras de aço


e, consequentemente, provocar tensões de compressão suficientemente elevadas no concreto,
de modo a evitar a fissuração no caso de flexão (apud Leonhardt, 1977). Este tipo de estrutura,
em que as armaduras são tensionadas antecipadamente, é conhecida como concreto protendido.
A primeira utilização do concreto protendido no Brasil de que se tem notícia foi a
construção da Ponte do Galeão no Rio de Janeiro que dá acesso ao aeroporto. Ela foi inaugurada
em 1949 e sua estrutura vence grandes vãos. Ela foi construída no sistema não aderente.
Segundo Cholfe e Bonilha (2018, p. 1):
“Os processos de cálculos/projetos apresentaram grande impulso a partir da década
de 60. A técnica da probabilização das variáveis estruturais [ações e resistências] e o
método dos Estados Limites permitiram ao engenheiro de estruturas desenvolver
formulações mais claras para verificar a segurança e o desempenho das construções.”
No ano de 2003 houve, finalmente, a unificação das estruturas de concreto em uma
mesma norma, a NBR 6118, pois se compreendeu que o concreto armado e o concreto
protendido não eram estruturas diferentes, mas sim a evolução de um mesmo tipo de método
construtivo.
A partir de então, a aplicação de elementos de concreto protendido vem crescendo a
cada ano.
Faz-se necessário enfatizar que o surgimento de novas tecnologias é parte importante
para o cálculo estrutural. As novas técnicas possibilitam a aplicação em novos campos de
trabalho e permitem o cálculo de estruturas que inicialmente não seriam possíveis de conceber.

1.1 TEMA E DELIMITAÇÃO

Será executado um estudo de caso do cálculo estrutural de uma viga protendida pré-
tensionada de um galpão. Não serão abordadas, neste trabalho, as vigas pós-tensionadas e os
traçados de cabo.
17

1.2 JUSTIFICATIVA

O crescente emprego do concreto protendido, também em âmbito Nacional, ensejou a


necessidade por um maior aprofundamento acerca do assunto.
Obras de grande vulto, cujos vãos não podem ser vencidos pela tecnologia do concreto
convencional, e/ou a necessidade de estruturas mais esbeltas baseadas em arquiteturas cada vez
mais arrojadas, vem fazendo com que o concreto protendido desponte neste novo panorama da
construção.
Desta forma, este trabalho vem ao encontro desta tendência de dimensionamento de
estruturas de concreto, e encontra respaldo ainda na busca pelo aperfeiçoamento acadêmico
acerca dos métodos de cálculo das tecnologias disponíveis.

1.3 PROBLEMA DE PESQUISA

Como realizar o cálculo de vigas pelo sistema de protensão por pré-tração?

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo Geral

Este trabalho possui o objetivo de analisar, dimensionar e detalhar uma viga pré-
moldada, extraída de uma obra já executada, empregando o sistema de pré-tração.
Para tal é necessário alcançar os objetivos específicos dados a seguir:

1.4.2 Objetivos Específicos

a) Fazer consistente revisão bibliográfica acerca do concreto armado e protendido;


b) Apresentar um memorial de cálculo de uma viga pré-tracionada;
c) Verificar e dimensionar a peça para os estados limites último e de serviço;
d) Detalhar o projeto da viga objeto do trabalho.
e) Comparativo entre o processo manual de cálculo e o dimensionamento realizado
pelo software PROUNI - TQS.
18

1.5 METODOLOGIA

1.5.1 Natureza

Esta é uma pesquisa aplicada, que tem por objetivo a utilização prática dos cálculos de
dimensionamento de uma viga protendida.

1.5.2 Abordagem

Esta se trata de uma pesquisa pelo método quantitativo, baseado nas normas, dados e
métodos de cálculo vigentes. Utilizando-se também de estruturas de cálculo já difundidas com
ênfase na objetividade e na análise dos dados numéricos.
Para Fonseca (2002, p. 20):
“A pesquisa quantitativa se centra na objetividade. Influenciada pelo positivismo,
considera que a realidade só pode ser compreendida com base na análise de dados
brutos, recolhidos com o auxílio de instrumentos padronizados e neutros. A pesquisa
quantitativa recorre à linguagem matemática para descrever as causas de um
fenômeno, as relações entre variáveis, etc.”

1.5.3 Classificação

Esta é uma pesquisa descritiva, que tem por objetivo descrever os métodos e cálculos
necessários para obter o dimensionamento da viga, de forma objetiva e utilizando um vasto
referencial bibliográfico.
Os estudos descritivos exigem do pesquisador uma série de informações sobre o que se
deseja pesquisar. O estudo descritivo pretende descrever com “exatidão” os fatos e fenômenos
de determinada realidade (TRIVIÑOS, 1987).

1.5.4 Procedimentos Técnicos

Este trabalho de pesquisa se trata de um estudo de caso que propõe dimensionar, analisar
e comparar as vigas protendidas existentes na obra Projeta. A viga apresenta dois apoios, um
em cada extremidade. Os desenhos da viga estão localizados no ANEXO 01 e os dados da viga
estão no item 3 ESTUDO DE CASO, deste trabalho.
Um estudo de caso pode ser caracterizado como um estudo de uma entidade bem
definida como um programa, uma instituição, um sistema educativo, uma pessoa, ou
uma unidade social. Visa conhecer em profundidade o como e o porquê de uma
determinada situação que se supõe ser única em muitos aspectos, procurando
descobrir o que há nela de mais essencial e característico. (FONSECA, 2002, p. 33).
19

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 CONCRETO

Conforme Bauer (2000), o concreto é um material em constante evolução, sensível às


alterações das condições ambientais, físicas, químicas, mecânicas, com reações lentas. A idade
e a história do concreto condicionam as suas características e propriedades.

2.1.1 Breve Histórico do Concreto Armado

Os povos antigos utilizavam em suas construções a pedra natural, sendo aplicadas em


suas moradias, fortificações, para vencer vãos sobre os rios ou templos para adoração de seus
Deuses.
A estrutura enquanto elemento resistente à compressão mostrou-se um excelente
material, mas ineficiente quando há presença de tração na parte inferior, vindo a romper em
casos de vãos maiores.
Com esta limitação os romanos elaboraram uma forma de resistir a esses esforços e
assim evitar as rupturas.
“Os romanos foram mestres em construir pontes de pedra em arco. Se não podiam
usar vigas retas para vencer vãos maiores, usaram ao máximo um estratagema, o uso
de arcos onde cada peça de pedra era estudada para só trabalhar em compressão, como
se vê na ilustração 1 a seguir.” (BOTELHO 2018, p.26)

Ilustração 1 - Arcos solicitados à compressão

Fonte: Botelho, 2018.

Conceitos foram colocados em prática e foi determinado que dependendo da forma em


que eram elaborados os arcos, a pedra não sofreria o esforço de tração existente e sim somente
à compressão. Mesmo após excelente ideia dos romanos ainda existia a dificuldade de vencer
grandes vãos, pois eram necessários múltiplos arcos e havia excessivas limitações tecnológicas
20

na época. Com o surgimento concreto, material composto de agregados miúdos, agregados


graúdos, água e cimento, a limitação ainda existia pois o mesmo não apresenta boa resistência
à tração, que pode estar relacionada com a capacidade resistente da peça, como as sujeitas a
esforço cortante, e de modo direto com a fissuração. Deste modo a região tracionada fica
suscetível ao surgimento de trincas que podem apenas afetar a questão estética e/ou até mesmo
levar a estrutura ao colapso, dependendo das dimensões da mesma.
Devido a este problema surgiu a ideia de unir dois tipos de materiais (aço e concreto)
para que assim fossem atendidas as solicitações de compressão e tração, fazendo com o que o
aço ficasse na região inferior para atender as solicitações de tração e na parte superior apenas o
concreto para resistir a compressão. Tal união se fez produtiva pelas propriedades químicas do
concreto (meio básico) que acaba por proteger o aço.
Na ilustração 2, observa-se a linha neutra, esta linha não sofre compressão nem tração
(BOTELHO, 2018).

Ilustração 2 - Zonas de tração, compressão e linha neutra

Fonte: Botelho, 2018.

No Brasil o concreto armado se desenvolveu no início do século XX. Foi construída no


Rio de Janeiro em 1908 uma ponte de 9 metros de comprimento. O edifício “A Noite” com seus
22 andares, construído no ano de 1928 obteve por muitos anos o título de prédio mais alto do
mundo utilizando concreto armado, este também situado na cidade de Rio de Janeiro. Entre os
anos de 1955 e 1960, estruturas extremamente esbeltas e complexas foram construídas na
capital do Brasil por autoria dos arquitetos Oscar Niemeyer e Lúcio Costa e do engenheiro
Joaquim Cardoso, estas tiveram grande importância para o desenvolvimento mundial do
concreto armado (CLÍMACO, 2008)
21

2.1.2 Composição do Concreto

“O concreto é um material composto, constituído por cimento, água, agregado miúdo


(areia), agregado graúdo (pedra ou brita) e conforme a necessidade são acrescentados
aditivos, que influenciam nas características físicas e químicas do concreto fresco ou
endurecido. Pode ser fabrico in loco ou pré-moldado.” (LEONHARDT E MÖNNIG,
1982)

2.1.2.1 Cimento

O cimento Portland é um pó fino com propriedades aglomerantes, aglutinantes ou


ligantes, que endurece sob ação da água. Depois de endurecido, mesmo que seja novamente
submetido à ação da água, o cimento Portland não se decompõe mais (ABCP, 2018). O cimento
é o principal elemento dos concretos e é o responsável pela transformação da mistura de
materiais que compõem o concreto no produto final desejado.
Segundo Leonhardt (1982) o cimento pode ser obtido através do aquecer do calcário e
da argila, até que se atinja a sinterização (clínquer de cimento). Após a sinterização, deve-se
moer a mistura até que a mesma atinja uma textura fina.

2.1.2.2 Agregados

Petrucci (1981) define “agregado” como “material granular sem forma ou volume
definidos, geralmente inerte, de dimensões e propriedades adequadas para uso em obras de
engenharia”.
A NBR 7211 (ABNT, 2009) fixa as características exigíveis na recepção e produção de
agregados, miúdos e graúdos, de origem natural, encontrados fragmentados ou resultantes da
britagem de rochas.
Define areia ou agregado miúdo como areia de origem natural ou resultante do
britamento de rochas estáveis, ou a mistura de ambas, cujos grãos passam pela peneira ABNT
de 4,8 mm e ficam retidos na peneira ABNT de 0,075 mm.
Classifica agregado graúdo como pedregulho ou brita proveniente de rochas estáveis,
ou a mistura de ambos, cujos grãos passam por uma peneira de malha quadrada com abertura
nominal de 152 mm e ficam retidos na peneira ABNT de 4,8 mm.
22

2.1.2.3 Água

Leonhardt (1982) define que quase todas as águas naturais podem ser utilizadas como
água de amassamento. Deve-se ter precaução com as águas de pântanos e de rejeitos industriais.
Em hipótese alguma deve-se utilizar água do mar para estruturas de concreto armado e
protendido devido ao seu alto teor de cloreto, sendo totalmente prejudicial a estrutura.

2.1.3 Histórico

A protensão é uma técnica que foi idealizada por Jackson na data de 1866 quando se
tentou utilizá-la para reforçar pisos de concreto nos Estados Unidos, outras experiências de
protensão foram tentadas nos anos seguintes, entretanto, todas sem sucesso. (CARVALHO,
2012).
Havia grandes dificuldades no concreto protendido no seu início tendo como pontos
críticos os efeitos de fluência e retração do concreto, que ainda eram pouco estudados e
consequentemente escassamente conhecidos.
Pode-se juntar com os efeitos acima os aços de baixa resistência existente na época,
fazendo com o que o concreto protendido não avançasse. No entanto, em 1928 um engenheiro
francês chamado Eugene Freyssinet apresentou um trabalho revolucionário sobre a protensão.
Ele é responsável por apresentar a primeira patente de um sistema de protensão no
mundo, sendo conhecido como o pai da protensão, pois foi graças as suas contribuições que o
concreto protendido conseguiu se difundir, em resumo as contribuições de Freyssinet para a
protensão foram algo formidável.
No ano de 1940 foram apresentados dispositivos de ancoragem e os equipamentos de
protensão que são utilizados até os dias de hoje.
O concreto protendido apesar de não ser uma técnica construtiva muito recente só
começou a ganhar um grande destaque no Brasil nas últimas décadas, sendo aplicada em obras
como pontes, viadutos, silos e edifícios comerciais e residências dos mais variados tipos.
A introdução da protensão no Brasil também é realizada por Eugene Freyssinet com a
construção da ponte do Galeão (ver ilustração 3) localizada no Rio de Janeiro entre 1945 e 1949
e projetada por Freyssinet. Foram utilizados 12 fios lisos de Ø=5 mm, pintados com tinta
betuminosa e envolvidos por duas ou três camadas de papel resistente (Kraft). A tinta
betuminosa tem o objetivo de impedir o contato do concreto e a proteção da armadura,
permitindo assim que o cabo pudesse ser tracionado após o endurecimento do concreto. Em
23

1956 foi introduzido o enrolar dos cabos em fitas plásticas com a utilização do betume e em
1958 iniciou-se a fabricação de bainhas metálica, similares as existentes nos dias de hoje.
(CARVALHO, 2012).

Ilustração 3 - Ponte do Galeão – ensaio das vigas

Fonte: Vasconcelos, 1992.

2.1.4 Conceitos básicos

Conforme a norma NBR 6118 no item 3.1.4 fica definido como elementos de concreto:
“Aqueles nos quais parte das armaduras é previamente alongada por equipamentos
especiais de protensão, com a finalidade de, em condições de serviço, impedir ou
limitar a fissuração e os deslocamentos da estrutura, bem como propiciar o melhor
aproveitamento de aços de alta resistência no estado limite último (ELU)”. (NBR
6118, 2014)
Em síntese, realizando a aplicação de uma tensão previa a armadura composta por aços
de alta resistência é possível aumentar os vãos vencidos utilizando-se de peças de menor seção
e consequentemente menor peso próprio o que pode viabilizar inúmeros projetos.
De acordo com o item da norma citado acima os aços utilizados para realizar a protensão
devem possuir uma alta resistência, um dos aços mais utilizados atualmente possui resistência
de 1900 MPa.
24

Quando comparamos este aço com aqueles que são utilizados no concreto armado
podemos notar uma diferença enorme, pois normalmente no concreto armado utiliza-se aços
com resistência entre 500 e 600 MPa.

2.1.5 Sistemas de Protensão

Os sistemas de protensão podem ser classificados de acordo com o processo construtivo,


como veremos a seguir:

2.1.5.1 Pré-Tracionadas

Segundo a NBR 6118 em seu item 3.1.7 define a pré-tração como sendo:
“Concreto protendido em que o pré-alongamento da armadura ativa é feito utilizando-
se apoios independentes do elemento estrutural, antes do lançamento do concreto,
sendo a ligação da armadura de protensão com os referidos apoios desfeita após o
endurecimento do concreto; a ancoragem no concreto realiza-se somente por
aderência.” (NBR 6118, 2014)
A armadura pré-tracionada é comumente usada na indústria de pré-fabricação, devido
ao seu método de produção
Para a fabricação de elementos protendidos pré-tracionados, a armadura ativa é
posicionada na pista de protensão, ancorada em cada uma das cabeceiras e tracionada até a
tensão máxima admitida, com o auxílio de macacos hidráulicos.
É importante ressaltar que as pistas podem ter seu comprimento ajustado, de acordo com
a necessidade de projeto. Na ilustração a seguir é possível ver uma pista de protensão, que pode
ter seu comprimento variável.
25

Ilustração 4 – Pistas de produção

Fonte: www.bianchiformas.com.br/produtos/120, 2020.

Continuadamente, a armadura passiva é posicionada e dá-se início à concretagem. A


cura e o prazo para liberação dos cabos devem ser determinados em projeto. Assim que
atingidos os pré-requisitos do concreto no que tange resistência à compressão e módulo de
elasticidade e o corte dos cabos de protensão for feito, a força será transferida ao concreto por
aderência. Desta forma, o concreto estará sempre comprimido.
Na ilustração a seguir estão as etapas de produção do sistema de protensão.
26

Ilustração 5 – Sistema de protensão por pré-tração

Fonte: Cechinel, 2018.


27

2.1.5.2 Pós-Tracionadas

2.1.5.2.1 Não Aderentes

No sistema pós-tracionado posiciona-se a armadura ativa e passiva e faz-se a


concretagem, sem que haja o tracionamento anterior. No sistema não aderente a armadura ativa
é tracionada após o endurecimento do concreto. A não aderência ocorre graças ao emprego de
bainhas, metálicas ou de plástico, que envolvem o cabo e impedem o contato com o concreto.
Após o tracionamento injeta-se graxa na bainha para que os cabos fiquem protegidos
contra a corrosão. Para os casos de cordoalhas prontas comerciais, os fios já trançados vem
envoltos em graxa e cobertos com uma bainha de polipropileno e/ou outros materiais. Por fim
os cabos são ancorados enquanto ainda tracionados. (CARVALHO, 2012)

Ilustração 6 - Viga em concreto protendido, cabos com cordoalhas engraxadas

Fonte: Carvalho, 2012.

2.1.5.2.2 Com Aderência Posterior

Conforme a NBR 6118 no item 3.1.8 define da seguinte maneira a aderência posterior:
“Concreto protendido em que o pré-alongamento da armadura ativa é realizado após
o endurecimento do concreto, sendo utilizadas, como apoios, partes do próprio
elemento estrutural, criando posteriormente aderência com o concreto, de modo
permanente, através da injeção das bainhas.” (NBR 6118, 2014)
Este processo segue a mesma sequência do item anterior, com a diferença apenas no
material aplicado no interior das bainhas. Neste sistema as bainhas são preenchidas com uma
28

calda de cimento, possibilitando assim a aderência dos cabos. A ancoragem é feita através de
sistemas com placas e cunhas.

Ilustração 7 - Etapas de protensão de uma viga executada com aderência posterior

Fonte: Carvalho, 2012

2.1.5.2.3 Protensão Externa

Neste sistema os cabos são colocados externamente as peças que se deseja protender. É
muito utilizado como reforço em estruturas já existentes que não podem suportar as cargas a
que são submetidas. Portanto, posicionam-se os cabos e faz-se a protensão, conferindo à peça
maior resistência (HANAI, 2005).
29

Ilustração 8 - Viga em concreto protendido com cabos externos não aderentes

Fonte: Carvalho, 2012

2.1.6 Grau de Protensão

O Grau de protensão está principalmente associado aos estados limites de utilização e a


fissuração.

2.1.6.1 Protensão Completa

Segundo a NBR 6118, na protensão completa duas condições devem ser respeitadas:
 O estado limite de descompressão para a combinação frequente.
 O estado limite de formação de fissuras para a combinação rara.
Neste grau de protensão não se admite fissuras ou tensões de tração, portanto este é o
mais adequado para meios agressivos, já que não permite que a armadura fique exposta.

2.1.6.2 Protensão Limitada

Também de acordo com a NBR 6118, na protensão limitada duas condições devem ser
respeitadas:
 O estado limite de descompressão para a combinação quase permanente.
 O estado limite de formação de fissuras para a combinação frequente.
Neste grau de protensão são permitidas tensões de tração em serviço e pequenas
fissurações no concreto. Estas fissuras só podem ser abertas quando há uma sobrecarga
temporária atuando e elas devem se fechar após a retirada das cargas.
30

2.1.6.3 Protensão Parcial

Ainda de acordo com a NBR 6118, na protensão parcial a condição a seguir deve ser
respeitada:
 O estado limite de formação de fissuras para a combinação frequente, com fissuras
inferiores a 0,2mm.
Este grau de protensão permite tensões de tração um pouco maiores do que o grau
limitado e fissuras de até 0,2mm.
Em conformidade com o grau de protensão e estabelecida a sua normal de protensão,
pode-se afirmar que a protensão parcial demanda de uma normal de protensão menor do que a
protensão completa e a protensão limitada, que possuem níveis mais altos e que demandam de
uma normal de protensão maior.
Essa relação tem consequência direta no número de cordoalhas a serem utilizadas, visto
que a força de protensão é determinante para encontrar a quantidade de cordoalhas na peça.
A normal de protensão também influência no momento resistente da peça, que é um
fator predominante para a fissuração.
Logo uma peça com protensão parcial possuirá um momento resistente menor, algo
próximo ao do concreto armado, o que faz com que as flechas se tornem maiores.
Pode-se afirmar então que a protensão parcial é apenas uma pequena evolução do
concreto armado, sendo em muitos casos não utilizada, pois as mudanças são praticamente
insignificantes.

2.1.7 Aço de Protensão

Conforme Carvalho (2012), os aços utilizados no concreto protendido são de alta


resistência com fios trefilados de aço carbono, sendo que estes fios possuem um diâmetro entre
4 e 9 mm e são oferecidos em rolos.
Há também cordoalhas do tipo helicoidais que contém de 3 ou 7 fios comercializadas
em bobinas e cordoalhas engraxadas de 7 fios.
Na Ilustração 4 são apresentados os tipos de cordoalhas normalmente utilizadas.
31

Ilustração 9 – Tipos de cordoalhas

Fonte: Carvalho, 2012.

De acordo com sua modalidade de tratamento o aço de alta resistência pode ser
classificado em RB e RN. RB é um aço de relaxação baixa que recebem um tratamento
mecânico objetivando a melhora de suas características elásticas.
O RN é um aço de relaxação normal, sendo retificados com um tratamento térmico onde
se diminuem as tensões da trefilação.
Os mais utilizados são os aços de baixa relaxação, pois suas perdas são menores devido
ao tratamento recebido.
A NBR 6118 no item 9.6.1.2.1 aponta os limites de tensão na armadura sendo na pré-
tração quando utilizado aços de relaxação normal, a norma limita o valor de tensão inicial entre:

𝜎𝑝𝑖 0,77 ∗ 𝑓𝑝𝑡𝑘


0,90 ∗ 𝑓𝑝𝑦𝑘

Logo quando se utiliza aços de relaxação baixa a norma determina os valores de tensão
inicial:

𝜎𝑝𝑖 0,77 ∗ 𝑓𝑝𝑡𝑘


0,85 ∗ 𝑓𝑝𝑦𝑘

No sistema de pós-tração a norma determina os valores abaixo para aço de relaxação


normal:

𝜎𝑝𝑖 0,74 ∗ 𝑓𝑝𝑡𝑘


0,87 ∗ 𝑓𝑝𝑦𝑘
32

Já os aços de relaxação baixa a norma estabelece os seguintes valores de tensão inicial:

𝜎𝑝𝑖 0,74 ∗ 𝑓𝑝𝑡𝑘


0,82 ∗ 𝑓𝑝𝑦𝑘

Para cordoalhas engraxadas a norma aponta os valores de tensão:

𝜎𝑝𝑖 0,80 ∗ 𝑓𝑝𝑡𝑘


0,88 ∗ 𝑓𝑝𝑦𝑘

O fpyk é o limite de escoamento convencional e fptk é a resistência característica à


ruptura por tração do aço. Quando o valor de fpyk não for conhecido é possível considerar como
sendo 0,9 * fptk para aço de relaxação baixa e 0,85 * fptk para aço de relaxação normal. O
módulo de elasticidade para aços de alta resistência varia e deve ser verificado junto ao
fabricante.
Ilustração 10 - Diagrama tensão-deformação para aços de armaduras ativa

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR 6118 (2014, p. 31).


33

2.1.8 Concreto

Segundo Veríssimo e César Jr, (2018) o concreto é encarregado de absorver os esforços


realizados pela protensão, logo podemos comprovar a sua importância, sendo indispensável um
rigoroso controle de qualidade.
Se faz necessário um controle contínuo do concreto, controle dos agregados, ensaios de
rupturas e uma ampla fiscalização na fabricação do concreto.
Com os altos esforços em qual o elemento é submetido, há necessidade de se utilizar
uma maior resistência do concreto. Devido à alta resistência podemos citar fatores importantes
como menor números de vazios, o aumento do módulo de elasticidade, efetuando assim uma
diminuição das deformações imediatas e perdas por fluência e retração.

2.1.9 Ancoragem

Conforme Veríssimo e César Jr. (2018), ancoragens passivas são desenvolvidas na


grande parte das vezes por purgador, placas de aço e um laço.
O conjunto de ancoragem por meio de rosca de porca pode ser empregado tanto em
barras maciças quanto em cordoalhas.

Ilustração 11 - Sistema de ancoragem por meio de rosca e porca

Fonte: https://www.dywidag.com.br/fileadmin/downloads/dywidag-com.br/dsi-protendidos-
sistemas-de-protensao-com-barras-dywidag-aplicacoes-estruturais-la.pdf
34

Nos sistemas de pré-tração com aderência inicial e pós-tração sem aderência, os


elementos utilizados são semelhantes, onde são compostos por um bloco fundido, cunha e porta
cunha, e na pós-tração sem aderência é adicionado a cordoalha engraxada e uma luva.
A distinção dos sistemas se deve que na pós-tração sem aderência inicial o traçado dos
cabos é curvo e possui a utilização de cordoalhas engraxadas, já na pré-tração os cabos possuem
um traçado retilíneo.
Ilustração 12 - Cordoalha engraxada

Fonte: Carvalho, 2012

Ilustração 13 - Esquema do sistema de ancoragem de cordoalha

Fonte: Carvalho, 2012.


35

2.1.10 Bainhas

Segundo Veríssimo e César Jr, (2018), bainhas podem ser plásticas ou metálicas onde
possui a função de conceder a passagem das armaduras de protensão, sendo empregadas no
sistema de pós-tração.
As bainhas são confeccionadas em duas formas, arredondadas e achatadas, sendo as
achatadas utilizadas em lajes e as redondas em vigas.

Ilustração 14 - Bainha metálica circular

Fonte: http://www.macprotensao.com.br/produto/6, 2019.

Ilustração 15 - Bainha metálica achatada

Fonte: http://www.macprotensao.com.br/produto/19, 2019.

Para as bainhas obterem rigidez e permanecer flexíveis, as mesmas apresentam


ondulações em hélice.
36

Após a realização do processo de protensão, há de se preencher a bainha com a calda de


cimento sendo necessário considerar pontos para saída de ar. Os pontos são chamados de
purgadores ou respiros e devem ser posicionados nos pontos mais altos do traçado do cabo.

Ilustração 16 - Purgador plásticos

Fonte: https://www.protenfor.com.br/produtos/produtoSelecionado/Purgador/20

No processo de protensão sem aderência é aplicado bainhas plásticas que recobrem as


cordoalhas engraxadas.
Abaixo, na Ilustração 17, está à vista dos tipos de ancoragens ativas do sistema MAC
Bainha.
Ilustração 17 - Vista das diversas ancoragens ativas do sistema MAC Bainha

Fonte: Carvalho, 2012.


37

2.2 NORMA DE CONCRETO ARMADO E PROTENDIDO: NBR 6118

Esta norma contempla os projetos de estruturas de concreto, tanto armadas quanto


protendidas. Ambas as estruturas têm muitos pontos em comum, compartilham algumas
características, contudo tem diferenças fundamentais. Diferenças estas que apresentaremos a
seguir.

2.2.1 Qualidade do Concreto

A norma NBR 6118 determina que alguns parâmetros mínimos sejam atendidos, vide
Quadro 1 abaixo:

Quadro 1: Correspondência entre classe de agressividade e qualidade do concreto

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR 6118 (2014, p. 18).

No Quadro 1 acima, fica evidente a diferença tanto da relação água/cimento quanto


da classe do concreto entre o protendido e o armado. O concreto protendido exige uma menor
relação água/cimento e uma maior resistência, o que contribui para que os elementos de
concreto protendido sejam mais resistentes.

2.2.2 Cobrimento

A norma nos diz que “o cobrimento mínimo da armadura é o menor valor que deve ser
respeitado ao longo de todo o elemento considerado. Isto constitui um critério de aceitação.”
Continuamente apresentaremos o Quadro 2 com o critério mencionado.
38

Quadro 2: Correspondência entre a classe de agressividade ambiental e o cobrimento nominal


para c = 10 mm

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR 6118 (2014, p. 20).

Há, ainda, dois casos em que a redução do cobrimento em 5mm é permitida: onde
a classe resistência for superior ao mínimo solicitado e onde houver extremo controle de
qualidade na execução.

2.2.3 Perdas de protensão

No concreto protendido o elemento fundamental é a força de protensão aplicada ao


elemento por meio da armadura ativa, e o estado de protensão deve ser mantido na peça durante
toda a vida útil.
As perdas são somadas para formar a resultante efetiva final, necessária no projeto de
peças protendidas.
São as seguintes perdas individualmente importantes:
Escorregamento da ancoragem, relaxação, encurtamento elástico da armadura, retração
e fluência, conforme relaciona a Ilustração 18.
39

Ilustração 18 – Contribuição de cada perda de protensão na perda total

Fontes: Elaboração dos autores, 2020.

Segundo a NBR 6118 item 9.6.3.1, informa que


“O projeto deve prever as perdas da força de protensão em relação ao valor inicial
aplicado pelo aparelho tensor, ocorridas antes da transferência da protensão ao
concreto (perdas iniciais, na pré-tração), durante essa transferência (perdas imediatas)
e ao longo do tempo (perdas progressivas)”.
No sistema de pré-tração há as perdas iniciais que acontecem antes da transferência da
protensão para o concreto, perdas imediatas que são aquelas que acontecem durante a
transferência de força de protensão e as perdas progressivas que acontecem após a protensão
do elemento, se desenvolvendo durante a vida útil.

Quadro 3 – Perdas de Protensão e ocorrência


PERDAS DE PROTENSÃO - PEÇA PRÉ-TRACIONADA

Durante intervalo Total ou durante


Situação Momento
de tempo (t;tₒ) a vida

Escorregamento na ancoragem Antes da transferência - ∆Panc.


Relaxação do aço Antes e após a transferência ∆Pr (t;tₒ) ∆Pr
Encurtamento elástico inicial do concreto Na transferência - ∆Penc
Retração do concreto Após a transferência ∆Pcs (t;tₒ) ∆Pcs
Fluência do concreto Após a transferência ∆Pcc (t;tₒ) ∆Pcc
Total Vida útil ∆Ptot (t;tₒ) ∆Ptot

Fontes: Elaboração dos autores, 2020.


40

Ilustração 19 – Perdas de força de protensão com o tempo na armadura de protensão

Fontes: Adaptado de Hanai (2005).

Onde:
∆𝑃 = Perda por escorregamento dos fios e acomodação da ancoragem
∆𝑃 = Perda por relaxação inicial da armadura
∆𝑃 = Perda por relaxação posterior da armadura
∆𝑃 = Perda por retração inicial do concreto
∆𝑃 = Perda por retração posterior do concreto
∆𝑃 = Perda por fluência posterior do concreto
∆𝑃 = Perda por deformação imediata do concreto

∆𝑃 ∆𝑃 ∆𝑃 ∆𝑃 ∆𝑃 ∆𝑃 ∆𝑃 ∆𝑃

A armadura de protensão em peça pré-moldada pré-tracionada com cura a vapor,


apresenta a variação típica de tensão inicial 0,8 fptk e tensão final superior a 0,5 fptk.
41

Ilustração 20 – Variação típica de tensão na armadura de protensão em peça pré-moldada com


cura a vapor

Fontes: Adaptado de Hanai (2005)

2.2.3.1 Valores Típicos de Protensão

 Pi – Força máxima aplicada à armadura de protensão pelo equipamento de tração, ou


seja, é a força máxima inicial aplicada antes da fixação nas ancoragens.
 Pa – Representa a força na armadura de protensão do instante de imediato anterior a
liberação das ancoragens.
 𝑃𝑎 𝑃𝑖 ∆𝑃 ∆𝑃 ∆𝑃
 𝑃𝑜 – Força na armadura de protensão no tempo = 0, na seção de abscissa x.
 𝑃𝑜 𝑃𝑎 ∆𝑃
 Pt – É a força na armadura de protensão no tempo t, na seção de abscissa x.
 Pt(x) = Po(x) - ∆𝑃𝑡 𝑥

2.2.3.1.1 Perda por acomodação da ancoragem

Esta perda acontece quando se utiliza o sistema de cunhas e porta cunhas e ocorre, pois,
quando a ancoragem é efetivada sempre há um pequeno retrocesso no cabo que foi esticado.
Deve ser mensurada apenas na ancoragem ativa, enquanto na ancoragem passiva a
acomodação/escorregamento vai sendo anulada na operação de estiramento (BASTOS, 2015).
𝜀 – Deformação do cabo
∆ – Encurtamento do cabo devido a ancoragem (Rudloff - 6mm)
42

L – Comprimento da pista = 25m


𝐸 – Módulo de elasticidade do aço = 202 kN/mm² ou 20200 kN/cm²

∆ ∆
𝜀 ∴ ∆ 𝐸 𝑥𝜀 ∴∆ 𝐸
𝐿 𝐿

2.2.3.1.2 Perda por relaxação da armadura

Conforme a NBR 6118 indica no item 9.6.3.4.5 a intensidade da relaxação do aço deve
ser determinada pelo coeficiente ψ(t,t0), calculado por:

,
ψ t,t0

Onde:
Δσpr (t,t0) é a perda de tensão por relaxação pura desde o instante t0 do estiramento da
armadura até o instante t considerado.

2.2.3.1.3 Perda por deformação imediata do concreto (∆𝑃𝑒𝑛𝑐)

A perda é decorrente do alívio de tensões nos cabos devido ao encurtamento da


armadura, provocada pela aplicação da força de protensão que acarreta uma deformação elástica
imediata no concreto. (HANAI, 2005)
Segundo a NBBR 6118/2014 item 9.6.3.3.1:
“A variação da força de protensão em elementos estruturais com pré-tração, por
ocasião da aplicação da protensão ao concreto, e em razão do seu encurtamento, deve
ser calculada em regime elástico, considerando-se a deformação da seção
homogeneizada. O módulo de elasticidade do concreto a considerar é o
correspondente à data de protensão, corrigido, se houver cura térmica.”
Ilustração 21 – Peça pré moldada de concreto protendido (antes da liberação dos cabos
tracionados)

Fontes: Veríssimo e Lenz, 1998


43

Ilustração 22 – Peça pré-moldada de concreto protendido (após a liberação dos cabos


tracionados)

Fontes: Veríssimo e Lenz, 1998

2.2.3.2 Parâmetros iniciais de cálculo das perdas por fluência e retração

Segundo a NBR 6118, considera-se a idade fictícia (α 𝑡 ) em dias, quando há o


endurecimento do concreto à temperatura ambiente de 20º C. Nos outros casos, onde não há
cura a vapor, a idade fictícia pode ser obtida através desta equação:

Onde:
t é a idade fictícia, em dias;
α é o coeficiente dependente da velocidade de endurecimento do cimento; na falta de
dados experimentais, permite-se o emprego dos valores constantes no Quadro 4;
Ti é a temperatura média diária do ambiente, expressa em graus Celsius (°C);
Δ𝑡 , é o período, expresso em dias, durante o qual a temperatura média diária do
ambiente, Ti, pode ser admitida constante.
44

Quadro 4: Valores da fluência e da retração x velocidade de endurecimento do cimento

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR 6118 (2014, p. 214).

Segundo a NBR 6118 a espessura fictícia pode ser definida pelo seguinte valor:

Onde:
γ é o coeficiente dependente da umidade relativa do ambiente (U %) (ver Quadro 5),
sendo: = 1 + exp (– 7,8 + 0,1U);
𝐴 é a área da seção transversal da peça;
𝑈 é a parte do perímetro externo da seção transversal da peça em contato com o ar.
45

Quadro 5: Valores numéricos usuais para a determinação da fluência e da retração

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR 6118 (2014, p. 212).

2.2.3.3 Fluência

A deformação por fluência do concreto (εcc) acontece em duas partes:

 A deformação rápida (εcca), que se dá nas primeiras 24 horas depois da aplicação da


carga, é irreversível;
 A deformação lenta, que pode ser reversível (εccd) ou irreversível (εccf);
Que pode ser calculada através da expressão:

𝜀 𝜀 𝜀 𝜀
𝜀 , 𝜀 𝜀 𝜀 1 𝜑
𝜑 𝜑 𝜑 𝜑

Onde:
𝜑 é o coeficiente de deformação rápida;
𝜑 é o coeficiente de deformação lenta irreversível;
46

𝜑 é o coeficiente de deformação lenta reversível;

O valor de deformação devida à fluência no instante t é dado por:

𝜎
𝜀 𝑡, 𝑡 𝜀 𝜀 𝜀 𝜑 𝑡, 𝑡
𝐸

Onde, além dos coeficientes citados acima, temos:


𝐸 é o módulo de deformação tangente inicial para j=28 dias
𝜑 𝑡, 𝑡 é o coeficiente de fluência dado por:

𝜑 𝑡, 𝑡 𝜑 𝜑 𝛽 𝑡 𝛽 𝑡ₒ 𝜑 𝛽

Abaixo a Ilustração 23 com os gráficos das deformações no concreto ao logo do tempo.

Ilustração 23 - Deformações no concreto ao longo do tempo

Fonte: Rodrigues, 2008.

2.2.3.4 Retração

A retração é um fenômeno típico que se caracteriza pelo encurtamento do concreto


causado pela evaporação da água que não é necessária para a interação com o cimento (ver
Ilustração 24).
Segundo a NBR 6118, o valor da retração depende da:
a) umidade relativa do ambiente;
b) consistência do concreto no lançamento;
47

c) espessura fictícia da peça.


E é dado pela expressão abaixo entre os instantes t₀ e t:

𝜀 t, t0 𝜀 𝛽𝑠 𝑡 𝛽𝑠 t0

Onde:
é o valor final da retração;
é o coeficiente relativo à retração, no instante t ou t₀;
t é a idade fictícia do concreto no instante considerado, em dias;
t₀ é a idade fictícia do concreto no instante em que o efeito da retração na peça começa
a ser considerado, em dias;

Ilustração 24 - Retração e expansão de um concreto com teor de cimento de 300 kg/m

Fonte: Rodrigues, 2008.

2.3 ESTADOS LIMITES

De modo igual no concreto armado, devem-se determinar os esforços críticos no


concreto protendido para o dimensionamento e verificação do elemento, ainda assim é
necessário determinar o grau de protensão autodenominado pela NBR 6118 de nível de
protensão.

2.3.1 Estado limite último (ELU)

Segundo a o item 10.3 da NBR 6118, ao dimensionar uma estrutura, a mesma deve ser
projetada de acordo com o pior caso de carregamento. A verificação é considerada satisfatória
48

quando a resistência de cálculo Rd de cada componente da estrutura for igual ou superior à


solicitação de cálculo Sd.
Rd ≥ Sd
É necessário garantir que algumas verificações serão cumpridas:
 A perda de equilíbrio global ou parcial;
 Quanto ao esgotamento da sua capacidade resistente;
 Transformação da estrutura, no topo ou em toda parte, em sistema hipostático;
 Instabilidade por deformações;
 Instabilidade dinâmica.

2.3.2 Estado limite de serviço (ELS)

Esse estado não considera que a peça alcance a fase de colapso, mas a mesma está
relacionada ao conforto do usuário, durabilidade e boa utilização da estrutura.
As verificações quanto aos estados limites de serviço podem ser divididas em categorias,
conforme apresentada abaixo:
 Estado limite de formação de fissuras (ELS-F) Estado em que se inicia a formação de
fissuras. Admite-se que este estado limite é atingido quando a tensão de tração máxima
na seção transversal for igual a fct,m =0,3x 𝑓𝑐𝑘 ²;
 Estado limite de abertura de fissuras (ELS-W) é onde surgem as fissuras no concreto,
entretanto elas estão dentro do limite estabelecido pela tabela 13.4 da NBR 6118;
 Estado limite de descompressão (ELS-D) é o estado em que a tensão normal em um ou
mais pontos da seção transversal é considerado nulo
 Estado limite de descompressão parcial (ELS-DP) conforme o Quadro 6 (retirado da
NBR6118:2014) cita que a verificação do estado limite de descompressão pode ser
substituída pelo estado de descompressão parcial quando a distância entre a bainha e a
região tracionada da peça for igual a 50 mm;
 Estado limite de compressão excessiva (ELS-CE) é o estado em que as tensões de
compressão atingem o limite convencional estabelecido, de acordo com a NBR 6118 no
item 17.2.4.3.2 está tensão não deve ultrapassar 70% da resistência característica
prevista para a idade na qual será aplicada a protensão.
 Estado limite de deformações excessivas (ELS-DEF) é onde as deformações da peça
atingem o máximo estipulado pela tabela 13.3 da NBR 6118, consequentemente a
utilização e funcionalidade ficam comprometidas;
49

 Estado limite de vibrações excessivas (ELS-VE) é o estado no qual as vibrações atingem


o limite máximo estabelecido na NBR 6118 como aceitáveis para uma edificação.

Quadro 6: Exigências de durabilidade relacionadas à fissuração e à proteção da armadura, em


função das classes de agressividade ambiental

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR 6118 (2014, p. 80).

2.4 COMBINAÇÃO DE AÇÕES

Conforme a NBR 8681 (ações e segurança nas estruturas), é necessário determinar as


combinações de ações que possam provocar os efeitos mais desfavoráveis nas seções críticas
da estrutura, considerando a probabilidade de ocorrência e dos estados limites admitidos.
50

2.4.1 Combinações do Estado Limite Último

Na NBR 8681 encontram-se os coeficientes de ponderação a serem utilizados no estado


limite último (ELU). As combinações podem ser divididas em três categorias sendo, especiais,
excepcionais e normais.
“Em cada combinação devem estar incluídas as ações permanentes e a ação variável
principal, com seus valores característicos e as demais ações variáveis, consideradas
secundárias, com seus valores reduzidos de combinação, conforme a ABNT NBR
8681.” (ABNT NBR 6118, pág. 66)
Para combinações últimas normais a fórmula a ser utilizada é descrita conforme a
expressão abaixo:

Fd 𝛾 xF 𝛾 xF 𝛾x F ∑𝛹 xF 𝛾 x𝛹 xF

Definindo cada um dos itens que compõem esta fórmula temos:


 Fd é o valor de cálculo das ações para combinação última;
 Fgk é a ação permanente direta;
 Fegk é a ação permanente indireta;
 Fqk é a ação variável direta;
 Fq1k é a ação variável direta escolhida como principal;
 γg, γeg, γq, γe são coeficientes encontrados no Quadro 7 ou na tabela 11.1 da NBR 6118;
 𝛹 ,𝛹 são coeficientes encontrados na tabela 6 da NBR 8681ou na tabela 11.2 da
NBR 6118 (ver Quadro 8).
No Quadro 7, abaixo apresentado, estão os coeficientes das combinações de ações.

Quadro 7: Coeficiente γf = γf1x γf3

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR 6118 (2014, p. 65).


51

Quadro 8: Valores do coeficiente γf2

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR 6118 (2014, p. 65).

2.4.2 Combinações do Estado Limite de Serviço

As combinações, no estado limite de serviço, podem ser classificadas em três categorias,


sendo elas; quase permanente, combinação frequente e combinação rara.

2.4.2.1 Combinação quase permanente (CQS)

Nas combinações quase permanentes todas as ações permanentes são consideradas com
seus valores máximos e as ações variáveis são consideradas com seus valores quase
permanentes 𝛹 𝑥𝐹 .

𝐹𝑑, ∑𝐹 , ∑𝛹 𝑥 𝐹𝑞𝑗,

Definindo cada um dos itens que compõem esta fórmula temos:


 Fd,ser é o valor de cálculo das ações para combinação quase permanente de serviço;
 Fgi,k é a ação permanente;
 Fqj,k é a ação variável;
52

 Fqk é a ação variável direta;


 γg, γeg, γq, γe são coeficientes encontrados no Quadro 7 do item anterior ou na tabela
11.1 da NBR 6118.
 ψ2 é o coeficiente encontrado no Quadro 8 ou na tabela 6 da NBR 8681 e na tabela 11.2
da NBR 6118 para o estado limite de serviço.

2.4.2.2 Combinação frequente (CF)

Todas as ações permanentes são consideradas com seus valores máximos e a ação
variável principal Fq1 é utilizada com seu valor frequente, ou seja, deve-se multiplicar esta ação
pelo seu coeficiente de ponderação ψ1, ficando então 𝛹 𝑥𝐹 .

𝐹𝑑, Ʃ𝐹 𝛹 x𝐹 Ʃ𝛹 x𝐹

Definindo cada um dos itens que compõem esta fórmula temos:


 Fq1k é o valor característico das ações variáveis;
 ψ1 é o coeficiente encontrado no Quadro 8 ou na tabela 6 da NBR 8681 e na tabela 11.2
da NBR 6118 para o estado limite de serviço.

2.4.2.3 Combinação rara (CR)

Todas as demais ações devem ser consideradas com seus valores frequentes, sendo
assim multiplica-se pelo coeficiente de ponderação ψ1, ficando então 𝛹 𝑥𝐹 .

𝐹𝑑, Ʃ𝐹 𝐹 Ʃ𝛹 x𝐹
53

3 ESTUDO DE CASO

O estudo de caso proposto neste trabalho consiste em dimensionar, analisar e comparar


as vigas protendidas existentes na obra Projeta. A viga apresenta dois apoios, um em cada
extremidade. O detalhamento da viga está disposto no ANEXO 02.

3.1 DADOS DO GALPÃO

O galpão possui a finalidade de armazenagem de matérias primas, produtos


semiacabados e acabados. Apresenta uma estrutura de concreto pré-moldado, cobertura mista
em concreto e estrutura metálica, conforme demonstra a Ilustração 25. Consiste nas dimensões
de 25,00 metros de frente e 100,00 metros de profundidade, totalizando 2500 metros quadrados.
O projeto estrutural foi fornecido pela empresa Métrica Engenharia e Arquitetura.
A obra está localizada na cidade de São Francisco do Sul, Santa Catarina (ver Ilustração
24).

Ilustração 24 – Mapa de localização

Fonte: Google Earth, 2020.


54

Ilustração 25 – Foto da construção da estrutura do galpão

Fontes: Métrica Engenharia e Arquitetura, 2019.

3.2 ANÁLISE DO ELEMENTO

A viga de cobertura (ver Ilustração 26) possui exatos 24,75 metros e optou-se pelo
sistema de protensão pré-tracionada. A mesma apresenta 13 cordoalhas CP 190, com diâmetro
de 12,70 mm.
Ilustração 26 – Desenho esquemático da viga

Fontes: Elaboração dos autores, 2020.


55

O detalhamento da viga de cobertura, perspectiva, planta baixa e corte do galpão, estarão


presentes nos anexos do trabalho.

3.2.1 Classe de Agressividade

De acordo com o Quadro 9, apresentado a seguir, retirado da NBR 6118, foram obtidos
os seguintes dados:
Classe de agressividade: III
Agressividade: forte
Classificação: marinha
Risco de deterioração da estrutura: grande

Quadro 9: Classes de agressividade ambiental (CAA)

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR 6118 (2014, p. 17).

3.2.2 Classe de Agressividade e Cobrimento

De acordo com o Quadro 2 (localizado na página 38), também retirado da NBR 6118,
foram obtidos os seguintes dados:
Tipo de estrutura: concreto protendido
Elemento: viga
Cobrimento: 45mm
56

3.2.3 Classe de Agressividade e Qualidade do Concreto

O Quadro 1 (localizado na página 37), relaciona a classe de agressividade e a qualidade


do concreto.
Abaixo os dados obtidos através do quadro citado acima:
Tipo: CP
Relação A/C: ≤0,50
Classe do concreto: c ≥ 0,35

3.2.4 Durabilidade

O Quadro 6 (localizado na página 49), demonstra as exigências de durabilidade


relacionadas à fissuração e à proteção da armadura.
Relacionamos os dados obtidos através do quadro citado acima:
Concreto protendido nível 3 (Protensão completa)
Pré-tração com CAA III
ELS-F combinação rara
ELS-D combinação frequente

 Combinação frequente de serviço

𝐹𝑑, Ʃ𝐹 𝛹 x𝐹 Ʃ𝛹 x𝐹

 Combinação rara de serviço

𝐹𝑑, Ʃ𝐹 𝐹 Ʃ𝛹 x𝐹

3.2.5 Concreto

O concreto utilizado nos cálculos tem Fck = 50 MPa.

3.2.5.1 Resistência à compressão do concreto de cálculo

NBR 6118 – Item 12.3.3


 Quando a verificação se faz em data j igual ou superior a 28 dias, adota-se a expressão:

𝑓𝑐𝑑 35,71 𝑀𝑃a


,
57

 Quando a verificação se faz em data j inferior a 28 dias (cura acelerada), adota-se a


expressão:

𝐹𝑐𝑘𝑗 𝐹𝑐𝑘
𝑓𝑐𝑑 ≅𝛽 x
𝛾 𝛾
/
𝛽 𝑒𝑥𝑝

s = 0,20 para concreto de cimento CPV-ARI

, /
𝛽 𝑒𝑥𝑝 0,60008 → 𝑝𝑎𝑟𝑎 1 𝑑𝑖𝑎
50
𝑓𝑐𝑗 0,60x 21,43 𝑀𝑃𝑎 → 𝑝𝑎𝑟𝑎 1 𝑑𝑖𝑎
1,4

Ilustração 27 – Evolução da resistência do concreto


t (dias) 1 3 5 7 9 11 13
fckj(MPa) 21,43 33,15 38,04 40,94 42,92 44,39 45,54
t (dias) 13 15 17 19 21 25 28
fckj(MPa) 45,54 46,47 47,25 47,91 48,48 49,42 50,00

EVOLUÇÃO DA RESISTÊNCIA
fckj (MPa)

55
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
0 5 10 15 20 25 30
t(dias)

t(dias)= 1 fckj(MPa)= 21,43

Fontes: Elaboração dos autores, 2020


58

3.2.5.2 Resistência concreto a tração:

Segundo a NBR 6118; item 8.2.5, na falta de ensaios para obtenção de fct,sp e fct,f,
pode ser avaliado o seu valor médio ou característico por meio das seguintes equações:

𝑓𝑐𝑡𝑘 0,7x𝑓𝑐𝑡,
𝑓𝑐𝑡𝑘 1,3x𝑓𝑐𝑡,

 Para concretos de classe até C50:

/
𝑓𝑐𝑡, 0,3x𝐹𝑐𝑘

Resistência a tração direta:

/ /
𝑓𝑐𝑡, 0,3x𝐹𝑐𝑘 0,3x50 4,07 MPa

Ilustração 28 – Variação da resistência à tração (Fct,m).

Fontes: Elaboração dos autores, 2020

Resistência característica inferior:

𝑓𝑐𝑡𝑘 0,7x𝑓𝑐𝑡, 2,85 𝑀𝑝𝑎

Resistência característica superior:

𝑓𝑐𝑡𝑘 1,3x𝑓𝑐𝑡, 5,29 𝑀𝑝𝑎


59

3.2.5.3 Módulo de elasticidade

Conforme especificado na NBR 6118:


“O módulo de elasticidade (Eci) deve ser obtido segundo o método de ensaio
estabelecido na ABNT NBR 8522, sendo considerado nesta Norma o módulo de
deformação tangente inicial, obtido aos 28 dias de idade.
Quando não forem realizados ensaios, pode-se estimar o valor do módulo de
elasticidade inicial usando as expressões a seguir”
 Módulo de elasticidade inicial para Fck de 20 MPa a 50MPa.

𝐸𝑐𝑖 α x5600x√𝐹𝑐𝑘
α 1,0 𝐺𝑟𝑎𝑛𝑖𝑡𝑜, 𝑎𝑔𝑟𝑒𝑔𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑙 𝑛𝑜 𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙
𝐸𝑐𝑖 1,0x5600x√50 39597,98 MPa

 Módulo de deformação secante:

𝐸𝑐𝑠 α x𝐸𝑐𝑖
𝐹𝑐𝑘
α 0,8 0,2x 1,0
80
50
α 0,8 0,2x 1,0
80
α 0,925 1,0
𝐸𝑐𝑠 0,925x39597,98 36628,13 𝑀𝑃𝑎

Ilustração 29 – Variação de Eci e Ecs

Fontes: Elaboração dos autores, 2020


60

3.2.5.4 Diagrama Tensão-Deformação

 Compressão
O item 8.2.10.1 da NBR 6118 informa que para compressões menores que 0,5fc poderá
se admitir uma relação linear entre deformações e tensões, adotando-se para módulo de
elasticidade o valor secante dado pela expressão constante no item 3.2.5.3.

Ilustração 30 - Diagrama tensão-deformação idealizado

Fontes: NBR 6118, 2014

𝜀
𝜎 0,85x𝑓𝑐𝑑x 1 1 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐹𝑐𝑘 50 𝑀𝑝𝑎
𝜀

𝜀 2,0‰
𝜀 3,5‰
61

Ilustração 31 – Diagrama tensão x Deformação

Fontes: Elaboração dos autores, 2020.

 Tração
Segundo a NBR 6118 item 8.2.10.2 para concreto não fissurado submetido a tensões de
tração, pode-se utilizar o diagrama bilinear tensão-deformação.

Ilustração 32 – Diagrama tensão-deformação bilinear de tração

Fontes: Adaptado da NBR 6118, 2020.


62

3.2.6 Aço

Material dúctil, produzido industrialmente nas siderúrgicas, é responsável pelas trações


(domínios 1, 2 ,3 e 4) e, também, por parte das compressões.
Aços armadura passiva: CA50 e CA60.

3.2.6.1 Parâmetros do aço CA:

𝛾 78,5 𝑘𝑁/𝑚³, peso específico.


𝛼 10 /°𝑐 → coeficiente de dilatação térmica, válido para 20°𝑐 Δ𝑇 150°𝑐.
𝐸 = 210 GPa, módulo de elasticidade do aço.

3.2.6.2 Deformação: Tração e Compressão

Para análise nos estados limites de serviço (ELS) e último (ELU) pode ser utilizado a
Ilustração 33 abaixo, baseado na NBR 6118.
Ilustração 33 – Diagrama de tensões atuantes no concreto

Fontes: Adaptado da NBR 6118, 2014.

𝜀 = Deformação característica de escoamento =

𝜀 = Deformação característica de ruptura

𝜀 = com 𝐹 =
63

3.2.6.3 Característica de deformação simplificada do aço:

Quadro 10: Característica de deformação simplificada do aço


Categoria Ԑyk Ԑyd

CA50 2,38 ‰ 2,07‰

CA60 2,86‰ 2,48‰

Fonte: Elaboração dos autores, 2020.


* CA50 = 𝜀 = = 2,38

3.2.6.4 Aço Armadura Ativa

Barras, fios e cordoalhas são classificados de acordo com o valor característico a


resistência à tração [Fptk] e quanto à relaxação [CP-RB]. De acordo com a NBR 7483 que trata
das cordoalhas de aço para concreto protendido, foi adotado para este cálculo o seguinte:
Categoria CP 190: Fpyk = 1710 MPa e Fptk = 1900 MPa
Fornecedor: Rudloff
Ilustração 34 – Características das cordoalhas de aço CP190

Fontes: Catálogo de Concreto Protendido Rudloff, 2015.

3.2.6.5 Parâmetros do aço CP:

𝛾 78,5 𝑘𝑁/𝑚³, peso específico.


𝛼 10 /°𝑐 coeficiente de dilatação térmica, válido para 20°𝑐 Δ𝑇 150°𝑐.
𝐸 = 202 GPa, módulo de elasticidade dos fios e cordoalhas.
64

Ilustração 35 – Diagrama de tensões atuantes no aço

Fontes: Adaptado da NBR 6118, 2014.

𝜀 8,55

𝜀 ≅ 30 a 40%

3.2.6.6 Deformação simplificada do aço CP 190:

Quadro 11: Característica de deformação simplificada do aço


Categoria εyk εyd
CA190 8,55‰ 7,43‰

Fonte: Elaboração dos autores, 2020.


* A mobilização de altas tensões nos aços exige grandes deformações.

500x1000mm
Aço CA50 Eyk 2,38mm/m
210.000m
1710x1000mm
Aço CA190 Epyk 8,55mm/m
200.000m

As deformações apresentadas que correspondem ao escoamento do aço somente seriam


atingidas com a fissuração do concreto no entorno do aço. Caso toda esta deformação se
transformasse em fissuração, no caso CP190 teríamos aberturas de até 8,55mm/m, o que é
inaceitável.
65

3.3 CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS E TENSÕES ATUANTES

Com as características geométricas do elemento já definida é possível ser realizada a


determinação das tensões atuantes e como a localização do cabo influência diretamente nas
tensões encontradas.

3.3.1 Cargas Permanentes

Ilustração 36 – Perfil da viga protendida

Fontes: Elaboração dos autores, 2020.


Peso próprio:

PP 0,1935m² x 2500 kg/m³ 4,84 kN/m

 Telha de fibrocimento ondulada 6mm “Eternit”. Características básicas na Ilustração 37.


Ilustração 37 – Características básicas da telha “Eternit”

Fontes: Catálogo técnico Eternit, 2019.


66

Peso = 18 kg/m²
G 24,75mx18 kg/m² 445,5 kg/m

 Terças:

, . / ³
Carga 167,33𝑘𝑔/𝑚
,

 Carregamento permanente total = 6,13 kN/m

G 445,5 167,33 612,83 kg/m ou 6,13 kN/m

3.3.2 Carga Acidental

No anexo B.5.1 a NBR 8800/2006 informa que para coberturas comuns deve ser prevista
uma sobrecarga característica mínima de 0,25kN/m².

Q 25 kg/m²x 7,50m 187,5 kg/m ou 1,875 kN/m

 Carregamento acidental = 1,875 kN/m


A seguir na Ilustração 38 os carregamentos na viga e na Ilustração 36 o perfil da viga
protendida.

Ilustração 38 – Carregamentos na viga

Fontes: Elaboração dos autores, 2020.

3.3.3 Momentos e Tensões

O sinal positivo é indicação de que há esforços de tração, quando o sinal for negativo
indica que há esforços de compressão.
Vão = 24,75m
Área do concreto = 0,1935m²
Centro de gravidade = 0,508m
Inércia da seção = 0,01786m⁴
67

 Momento resistente Superior

,
𝑊 0,0456m³
á , ,

 Momento resistente Inferior

,
𝑊 0,0352m³
,

 Momento Fletor

𝑞 𝑥 𝑙²
𝑀
8

 Momento Fletor Peso Próprio

, , ²
𝑀𝑝𝑝 370,6 𝑘𝑁.m

 Momento Carregamento Permanente

, , ²
𝑀𝑔 469,38 𝑘𝑁.m

 Momento Carregamento Acidental

, , ²
𝑀𝑞 143,57 𝑘𝑁.m

3.3.3.1 Tensões atuantes na peça devido ao momento

A análise das tensões é realizada para o centro do vão, onde foram encontrados os
momentos fletores.
 Tensões na borda superior devido ao peso próprio

𝑀𝑝𝑝 370,6𝑘𝑁 𝑘𝑁
𝜎 8127,19
𝑊𝑠 0,0456𝑚 𝑚

O resultado da equação será um valor negativo, indicando que na borda superior o


concreto está submetido a compressão.

𝑀𝑝𝑝 370,6𝑘𝑁 𝑘𝑁
𝜎 10528,41
𝑊𝑖 0,0352𝑚 𝑚

Resultado positivo indica tensão de tração (borda inferior).


Na Ilustração 39 apresentamos as tensões na borda superior e inferior da viga.
68

Ilustração 39 – Tensões na borda superior e inferior

Fontes: Elaboração dos autores, 2020.

 Tensões na borda superior devido ao carregamento permanente:

𝑀𝑔 469,38𝑘𝑁 𝑘𝑁
𝜎 10293,42
𝑊𝑠 0,0456𝑚 𝑚

Tensão inferior:

𝑀𝑔 469,38𝑘𝑁 𝑘𝑁
𝜎 13334,66
𝑊𝑖 0,0352𝑚 𝑚

 Tensões na borda superior devido ao carregamento acidental:

𝑀𝑞 143,57𝑘𝑁 𝑘𝑁
𝜎 3148,46
𝑊𝑠 0,0456𝑚 𝑚

Tensão inferior:

𝑀𝑞 143,57𝑘𝑁 𝑘𝑁
𝜎 4078,69
𝑊𝑖 0,0352𝑚 𝑚

Na Ilustração 40 está o diagrama de tensões atuantes no concreto.


69

Ilustração 40 – Diagrama de tensões atuantes no concreto

Fontes: Elaboração dos autores, 2020.

3.3.4 Estado limite de descompressão (ELS–D) para combinação frequente

 Tensão borda inferior

σ σ 𝛹 xσ σ 0
10528,41 13334,66 0,4x 4078,69 σ 0
σ 25494,55 𝑘𝑁/𝑚² 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 → 25,49 𝑀𝑝𝑎

𝛹 → 0,4 – Valor retirado do Quadro 12: Valores de coeficiente gama γf2 a seguir.
Quadro 12: Valores de coeficiente gama γf2

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR 6118 (2014, p. 65).


70

 Força de protensão final estimada (𝑃 , ,

𝑃 , , 𝐴𝑐x𝑒𝑝
σ x 1
𝐴𝑐 𝑊𝑖𝑛𝑓

ep = c x g - cb
ep = 0,508-(0,045+0,05+0,0635)
ep = 0,35m

𝑃 , , 0,1935x0,35
25494,55 x 1
0,1935 0,0352
𝑃 , , 1687,14 𝑘𝑁

 Deve ser feita a verificação da tensão final no topo da viga:

𝑃 , , 𝐴𝑐 x 𝑒𝑝
σ x 1
𝐴𝑐 𝑊𝑠𝑢𝑝
1687,14 0,1935 x 0,35
σ x 1
0,1935 0,0456
σ 4230,47 𝑘𝑁/𝑚² 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎çã𝑜 → 4,23 𝑀𝑃𝑎

 Tensão borda superior

𝐹𝑑 , σ σ 𝛹 xσ σ
𝐹𝑑 , 8127,19 10293,42 0,4x 3148,46 4230,47
𝑘𝑁 𝑘𝑁
𝐹𝑑 , 15449,52 1,54 15,45𝑀𝑃𝑎 𝜎 , 0,5xfck 25 𝑀𝑃𝑎
𝑚 𝑐𝑚

Ilustração 41 – Diagrama de tensões atuantes

Fontes: Elaboração dos autores, 2020.


71

3.3.5 Estado limite de formação de fissuras (ELS-F) para combinação rara

 Tensões na base da viga:

σ σ 𝛹 xσ σ α𝑓𝑐𝑡
10528,41 13334,66 1x 4078,69 σ 3710
σ 24231,76 𝑘𝑁/𝑚² tensão de compressão 24,23MPa

/
α𝑓𝑐𝑡 𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑠𝑒çã𝑜 𝐼 1,3x0,7x0,3x𝐹𝑐𝑘
/
α𝑓𝑐𝑡 1,3x0,7x0,3x50 3,71𝑀𝑃𝑎

 Força de protensão final estimada (𝑃 , ,

𝑃 , , 𝐴𝑐x𝑒𝑝
σ x 1
𝐴𝑐 𝑊𝑖𝑛𝑓
𝑃 , , 0,1935x0,35
24231,76 x 1
0,1935 0,0352
𝑃 , , 1603,57 𝑘𝑁

𝑃 , , 1687,14 𝑘𝑁
𝑃 , → 𝑃 , → 𝑃 , 1687,14 𝑘𝑁
𝑃 , , 1603,57 𝑘𝑁

Deve ser feita a verificação da tensão final no topo da viga, com a força 𝑃 ,

1687,14 𝑘𝑁.

𝑃 , 𝐴𝑐 x 𝑒𝑝
σ x 1
𝐴𝑐 𝑊𝑠𝑢𝑝
1687,14 0,1935x0,35
σ x 1
0,1935 0,0456
σ 4230,47 𝑘𝑁/𝑚² 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎çã𝑜 → 4,23 𝑀𝑝𝑎

σ σ σ σ 𝑥𝛹 σ
σ 8127,19 10293,42 3148,46 4230,47
𝑘𝑁
σ 17338,60 17,39 MPa 𝜎 , 0,5xfck 25 MPa
𝑚

Na Ilustração 42 teremos a comparação com valores absolutos.


72

Ilustração 42 – Diagrama de tensões atuantes

Fontes: Elaboração dos autores, 2020.

3.3.6 Força de Protensão Pi e Cálculo da Armadura de Protensão

Com uma perda de protensão total arbitrada em ∆𝑃 20%, a força de estiramento


da armadura de protensão no cilindro hidráulico (Pi) pode ser também estimada por:

𝑃 , 1687,14
𝑃𝑖, 2108,93 𝑘𝑁
1 ∆𝑃 1 0,20

O limite de tensão na armadura de protensão nas operações de estiramento, para peça


pré-tracionada e cordoalha CP 190 RB ∅ 12,5𝑚𝑚 (Fptk=1900 MPa)

0,77 𝑓𝑝𝑡𝑘 0,77x1900 1463 𝑀𝑃𝑎


𝜎 → 𝜎
0,85 𝑓𝑝𝑦𝑘 0,85x 0,9x1900 1453,5 𝑀𝑃𝑎
𝜎 , 1453,5 𝑀𝑃𝑎

 A área de armadura de protensão estimada:

𝑃𝑖, 2108,93 𝑘𝑁
𝐴𝑝, 14,51 𝑐𝑚
𝜎𝑝𝑖, 145,35 𝑘𝑁/𝑐𝑚

Ilustração 43 – Características das cordoalhas de aço CP190

Fontes: Catálogo de Concreto Protendido Rudloff, 2015.


73

Para ∅ 12,5𝑚𝑚 a área nominal é de 100,9𝑚𝑚 = 1𝑐𝑚 = 𝐴𝑝 .

𝐴𝑝, 14,51
𝑛 14,51
𝐴𝑝 . 1,00

Para 14 cordoalhas, a área de armadura de protensão efetiva (𝐴𝑝,

𝐴𝑝, 𝐴𝑝 nº de cordoalhas x𝐴𝑝, . 14x1 14 𝑐𝑚

A força de protensão efetiva do estiramento 𝑃𝑖, com máxima capacidade resistente


da cordoalha CP é 190.

𝑃𝑖, 𝑃𝑖 𝐴𝑝x𝜎𝑝𝑖, 14 𝑐𝑚 x145,35 𝑘𝑁/ 𝑐𝑚 2034,90 𝑘𝑁 𝑜𝑢 203,49 𝑡𝑓

As verificações foram realizadas para o centro do vão, sendo necessário realizar as


verificações para região dos apoios.
 Borda superior

1 𝑒𝑝 1 0,35
𝜎, x𝑃 x𝑃 2,507x𝑃
𝐴𝑐 𝑤𝑠 0,1935 0,0456

 Borda inferior

1 𝑒𝑝 1 0,35
𝜎, x𝑃 x𝑃 15,11x𝑃
𝐴𝑐 𝑤𝑖 0,1935 0,0352

 Borda superior

𝜎 2,51x1687,14 4234,72 kN/𝑚 → 4,23 MPa

 Borda inferior

𝜎 𝜎 𝑃
𝜎 15,11x1687,14 25492,69 kN/𝑚 → 25,49 MPa

Não há nos apoios, tensões correspondentes ao momento fletor. A única tensão atuante
é a de protensão. Após realizado os cálculos, pode-se notar que a resistência tração encontrada
é de 4,23 MPa, ou seja, menor do que a resistência à tração do concreto 5,29 MPa.
A borda inferior sofre uma compressão de 25,49 MPa, ou seja, é inferior aos 35,71 MPa
resistidos pelo concreto.
 Verificação do estado limite último no ato de protensão:
A verificação é realizada com base nos esforços de peso próprio e protensão que pode
ser considerado o pior estado de um elemento protendido.
74

A NBR 6118, nos itens 17.2.4.3 e 17.2.4.3.2, prescreve como deve ser realizada a
verificação:

𝐹𝑑, 𝜎 𝛾 x𝜎 .

𝛾 1,0 𝑝𝑟é 𝑡𝑟𝑎çã𝑜

 Borda superior

𝜎 𝜎 𝛾 x𝜎 . 𝑃
𝜎 8127,19 1,0x2,507x2034,90
𝜎 3025,69 kN/𝑚 → 3,03 𝑀𝑝𝑎

 Borda inferior

𝜎 𝜎 𝛾 x𝜎 x𝑃
𝜎 10528,41 1,0x 15,11x2034,90
𝜎 20218,93 kN/𝑚 → 20,22 𝑀𝑃𝑎

 Apoios borda superior

𝜎 𝛾 x𝜎 x𝑃
𝜎 1,0x2,507x2034,90
𝜎 5101,49 kN/𝑚 → 5,10 𝑀𝑝𝑎

 Borda inferior

𝜎 𝛾 x𝜎 x𝑃
𝜎 1,0x 15,11x2034,90
𝜎 30747,34 kN/𝑚 → 30,75 𝑀𝑃𝑎

3.3.7 Armadura de pele

Segundo a NBR 6118, em seu item 17.3.5.2.3, a armadura de pele deve ser 0,10% da
área de concreto da alma do elemento, armadura essa calculada por face.

As, pele 10% ∗ Ac, alma

Há indispensabilidade da utilização de armadura de pele em vigas com altura superior a


60 cm, e deve ser composta por barras CA-50 e CA-60 de alta aderência, sendo necessariamente
nervuradas.
75

O espaçamento entre barras deve ser de d/3 ou 20 cm, sempre adotando o menor valor
entre as condições.
Os dados da peça são:
Ac = 0,1935 m²

As, pele 0,001 ∗ 1935


As, pele 1,935 cm

Adotando barras de 8mm, com área de 0,50 cm² por barra, encontra-se 4 barras de 8 mm
com área total de 2,00 cm².
A altura útil da viga é de 84 cm então deve-se aplicar a primeira condição prescrita na
norma:

d
Esp 28 cm
3

A segunda condição é que o espaçamento mínimo não pode ser menor que 20 cm.
Portando, conclui-se que a armadura de pele deve possuir área mínima de 1,935 cm² e
espaçamento de 20 cm.

3.3.8 Perdas de Protensão

No item 2.2.3 foram abordados os conceitos gerais de perdas de protensão, logo abaixo
serão elaborados os cálculos conforme a NBR 6118 (ABNT, 2014).

3.3.8.1 Perdas de Protensão Iniciais

Segundo a NBR 6118 (Item 9.6.3.2), define as perdas iniciais:


 Escorregamento dos fios na ancoragem;
 Relaxação inicial da armadura;
 Retração inicial do concreto.
Deve-se considerar os efeitos provocados pela temperatura, quando o concreto for
curado termicamente.
76

3.3.8.1.1 Perda por acomodação da ancoragem

𝜀 – Deformação do cabo
∆ – Encurtamento do cabo devido a ancoragem (Rudloff - 6mm)
L – Comprimento da pista = 25m
𝐸 – Módulo de elasticidade do aço = 202 kN/mm² ou 20200 kN/cm²

∆ ∆
𝜀 ∴ ∆ 𝐸 x𝜀 ∴ ∆ 𝐸
𝐿 𝐿
0,006x20200
∆ 4,85 𝑘𝑁/𝑐𝑚²
25

3.3.8.1.2 Perda por relaxação da armadura

É a perda de tensão com o tempo em um aço estirado e mantido com o comprimento e


temperatura constante.
Segundo a NBR 6118 (Item 8.4.8), a relaxação de fios e cordoalhas, após 1000 horas a
20°C (ψ1000) e para tensões variando de 0,5.fptk a 0,8.fptk, obtida nos ensaios descritos na
NBR 7484/2009, não pode ultrapassar os valores dados nas ABNT NBR 7482/2008 e
7483/2008.
Para projeto, adota-se os valores do Quadro 13 abaixo.

Quadro 13: Valores de ψ1000, em porcentagem

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR 6118 (2014, p. 32).

Tensões inferiores a 0,5.fptk, admite-se que não há perda de tensão por relaxação. Para
o tempo infinito pode-se considerar:
77

Ψ 𝑇 ;𝑇 ≅ 2,5x 𝛹
Valores desiguais de 1000 horas, em uma temperatura constante à 20°C.

,
T 𝑇
Ψ T; 𝑇 𝛹 𝑥 → T em horas
1000
,
T 𝑇
Ψ T; 𝑇 𝛹 𝑥 → T em dias
41,67

Conforme a NBR 6118 (Item 9.6.3.4.5) a intensidade da relaxação do aço deve ser
determinada pelo coeficiente Ψ(T;Tο) calculado por:

∆ 𝑇 Tο ,
Ψ T; 𝑇
𝜎

Onde:
∆ 𝑇 Tο – é a perda de tensão por relaxação pura desde o instante t0 do estiramento
da armadura até o instante t considerado.

É necessário subtrair o valor da perda da acomodação da ancoragem do valor de tensão


inicial.

𝜎 145,35 𝑘𝑁/𝑐𝑚²

Logo após é necessário encontrar o valor do coeficiente ψ1000:

𝜎 145,35
𝑅 0,765
𝑓𝑝𝑡𝑘 190

Utilizando o Quadro 13, fizemos a interpolação para encontrar o valor de ψ1000 em


porcentagem.
Estamos utilizando cordoalhas do tipo RB, logo o valor de ψ1000 é 2,9.

 A equação geral para interpolação pode ser dada por:

ψ1000 5,48 11,70xR


ψ1000 5,48 11,70x0,765
ψ1000 3,47
78

 Pode-se definir então o valor de ψ(T;Tο):

𝑇 Tο ,
ψ T; Tο ψ1000x
41,67
1 0 ,
ψ T; Tο 3,47x
41,67
ψ T; Tο 1,983

 Determinar o valor da perda por relaxação da armadura:

ψ 𝑇 Tο
∆ x𝜎
100
1,983
∆ x 145,35
100
∆ 2,882 𝑘𝑁/𝑐𝑚²

3.3.8.1.3 Perda por deformação imediata do concreto (∆𝑃𝑒𝑛𝑐)

 Definir tensões de protensão atuantes na viga após as perdas por acomodação da


armadura e por relaxação inicial da armadura

𝜎 145,35 𝑘𝑁

 Definir o valor de Eci, módulo de elasticidade do concreto, NBR 6118 (item 8.2.8)

𝐸𝑐𝑖 𝛼 x5600 𝑓𝑐𝑘

𝐸𝑐𝑖 1,0x5600√50 39597,98 𝑀𝑃𝑎

 Coeficiente α, razão modular

𝐸𝑝 202000
𝛼 5,10
𝐸𝑐𝑖 39597,98

Fptk = 1900 MPa


Ep = 202000 MPa
Ap = 14cm²
Ac = 0,1935m²
 Definir a força de protensão ancorada:

𝑃𝑎 𝐴𝑝x𝜎
𝑃𝑎 14 x 145,35 2034,90 𝑘𝑁
79

 Determinar a perda de protensão por deformação imediata do concreto.

𝑃𝑎 𝑃𝑎 x 𝑒𝑝 𝑀 x𝑒𝑝
𝜎
𝐴 𝐼 𝐼
2034,90 2034,90 x 35 37060x35
𝜎
1935 1786000 1786000
𝑘𝑁
𝜎 1,721 → 𝑖𝑛𝑑𝑖𝑐𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜
𝑐𝑚
∆ . 𝛼𝑝 x 𝜎
𝑘𝑁
∆ . 5,10 x | 1,721| 8,778
𝑐𝑚

Logo, podemos concluir que há uma perda imediata, qual deve ser aplicada pelo macaco
hidráulico de:

𝜎 , 𝜎 ∆𝑎𝑛𝑐 ∆𝜎 ∆𝜎 ,

𝜎 , 145,35 4,848 2,882 8,778


𝜎 , 128,842 𝑘𝑁/𝑐𝑚²

 Tensão e força de armadura de protensão após a transferência

𝑘𝑁
𝜎 0,77x𝑓𝑝𝑡𝑘 0,77x190 146,3 𝑜𝑢 1463 𝑀𝑃𝑎
𝑐𝑚
𝑘𝑁
𝜎 𝜎 ∆𝜎 , 146,3 8,14 138,16 𝑜𝑢 1381,6 𝑀𝑃𝑎
𝑐𝑚
𝑃𝑜 𝜎 x𝐴𝑝 138,16x19 1933,96 𝑘𝑁

Portanto, uma redução de 100,94 kN de Pa para P0.

3.3.8.1.4 Determinação dos parâmetros iniciais

Área de concreto = 0,1935m²


Umidade relativa do ar = 87% (São Francisco do Sul)
Perímetro da peça = 2,84m
Cimento do tipo CP V ARI (Alta Resistência Inicial)
Fck = 50MPa
Protensão após 1 dia
Temperatura média = 20,5°C
Módulo de elasticidade do aço = 202000MPa
80

, ,
𝛾 1 𝑒
, ,
𝛾 1 𝑒
𝛾 3,46

A peça possui um perímetro total de 2,84 metros, sendo necessário considerar apenas o
perímetro em contato com o ar, como a parte superior não está em contato, a mesma deve ser
considerada.

𝑢 2,84 0,45
𝑢 2,39 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠

2x𝐴𝑐
ℎ 𝛾x
𝑢
2x0,1935
ℎ 3,46x
2,39
ℎ 0,56𝑚

Para realizar o cálculo da idade fictícia, é necessário calcular para a fluência e retração,
pois o coeficiente α pode variar conforme o Quadro 4.

𝑇𝑖 10
𝑡 αx x ∆𝑡
30

 Através desta equação, podemos determinar a idade fictícia para a fluência de 1 dia.
α=3

20,5 10
𝑡 3x x1
30
𝑡 3,05 → 3 𝑑𝑖𝑎𝑠

 Cálculo da idade fictícia para 10.000 dias

20,5 10
𝑡 3x x 10000
30
𝑡 30500 𝑑𝑖𝑎𝑠

 Cálculo da idade fictícia para retração 1 dia

20,5 10
𝑡 . . 1x x1
30
𝑡 . . 1,017 → 1 𝑑𝑖𝑎
81

3.3.8.1.5 Perdas por fluência do concreto

O módulo de elasticidade do concreto pode ser obtido através da expressão:

𝐸𝑐𝑖 α𝑒 x 5600 𝑓𝑐𝑘

𝐸𝑐𝑖 1,0x5600√50 39597,98 𝑀𝑃𝑎


𝐸𝑐𝑠 α𝑖 x 𝐸𝑐𝑖
𝐸𝑐𝑠 0,93 x 39597,98 36826,12 𝑀𝑃𝑎

Calcular o coeficiente de deformação rápida irreversível, utilizando a idade fictícia de 3


dias.
O coeficiente “s” é encontrado no item 12.3.3 da NBR 6118.
Neste caso adotaremos s=0,20, para concreto de cimento CPV-ARI.

 Aplicar a equação para determinação do coeficiente β1 para o tempo inicial.

β1 𝑒

,
β1 𝑒
β1 0,424

 Determinar o tempo infinito

,
β1, ∞ 𝑒
β1, ∞ 1,209

 Determinar a relação entre as resistências do concreto com o passar do tempo

𝛽 0,424
𝛽 , 0,351
𝛽, 1,209

 Determinar o valor do coeficiente βt anexo A

𝐴 42xℎ𝑓𝑖𝑐 350xℎ𝑓𝑖𝑐 588xℎ𝑓𝑖𝑐 113


𝐴 42x0,56³ 350x0,56 588x0,56 113
𝐴 339,90
𝐵 768xℎ𝑓𝑖𝑐 3060xℎ𝑓𝑖𝑐 3234xℎ𝑓𝑖𝑐 23
𝐵 768x0,56³ 3060x0,56² 3234x0,56 23
𝐵 963,30
82

𝐶 200xℎ𝑓𝑖𝑐 13xℎ𝑓𝑖𝑐 1090xℎ𝑓𝑖𝑐 183


𝐶 200x0,56³ 13x0,56² 1090x0,56 183
𝐶 762,35
𝐷 7579xℎ𝑓𝑖𝑐 31916xℎ𝑓𝑖𝑐 35343xℎ𝑓𝑖𝑐 1931
𝐷 7579x0,56³ 31916x0,56² 35343x0,56 1931
𝐷 13045,22

 Aplicar a correção: tempo inicial

𝑡 𝐴x𝑡 𝐵
𝛽𝑡
𝑡 𝐶x𝑡 𝐷
3 339,90x3 963,30
𝛽𝑡
3 762,35x3 13045,22
𝛽𝑡 0,130

 Tempo infinito

30500 339,90x30500 963,30


𝛽𝑡
30500 762,35x30500 13045,22
𝛽𝑡 0,986

 Coeficiente de fluência rápida irreversível φa

𝜑 1,40x 1 𝛽 ,

𝜑 1,40x 1 0,351
𝜑 0,909

 Coeficiente de deformação lenta irreversível φf


Primeiramente é necessário determinar o valor do coeficiente 𝜑

𝜑 4,45 0,035x𝑢 x1,00


𝜑 4,45 0,035x87 x1,00
𝜑 1,405

 Coeficiente 𝜑

0,42 ℎ𝑓𝑖𝑐
𝜑
0,20 ℎ𝑓𝑖𝑐
0,42 0,56
𝜑 1,289
0,20 0,56
83

 Coeficiente 𝜑

𝜑 𝜑 x𝜑
𝜑 1,405x1289 1,811

 Para determinar o coeficiente de fluência lenta reversível, 𝜑 , deve-se determinar o


coeficiente

𝑡 𝑡 20
𝛽𝑑 𝑡
𝑡 𝑡 70
30500 3 20
𝛽𝑑 𝑡
30500 3 70
𝛽𝑑 𝑡 0,998

 Coeficiente de fluência lenta reversível 𝜑

𝜑 0,40x𝛽𝑑 𝑡
𝜑 0,40x0,998 0,40

O valor de 0,40 encontrado é descrito pela NBR 6118 no item A.2.2.3.

 Coeficiente final de fluência do concreto

𝜑 𝑡, 𝑡 𝜑 𝜑 x 𝛽𝑓 𝑡 𝛽𝑓 𝑡 𝜑
𝜑 𝑡, 𝑡 0,909 1,811x 0,986 0,130 0,40
𝜑 𝑡, 𝑡 2,859
𝜑 1,618

 Consideração das perdas por fluência isoladamente:

1 𝑃𝑖𝑒𝑓 𝑃𝑖𝑒𝑓 x 𝑒𝑝² 𝑀 x 𝑒𝑝


𝜀 x x𝜑 𝑡, 𝑡
𝐸𝑐𝑖x1000 𝐴𝑐 𝐼𝑐 𝐼𝑐

1 2034,90 2034,90x0,35² 469,38


𝜀 x x2,859
2020001000 0,1935 0,01786 0,01786

𝜀 0,00002559
𝜀 0,00001448
84

∆𝜎 𝜀 x𝐸
∆𝜎 0,00002559x202000
∆𝜎 5,169 𝑀𝑃𝑎 → 0,517 𝑘𝑁/𝑐𝑚²

∆𝜎 0,00001448x202000
∆𝜎 2,925 𝑀𝑃𝑎 → 0,293 𝑘𝑁/𝑐𝑚²

3.3.8.1.6 Perdas por retração

O valor da retração do concreto depende da:


a) Umidade relativa do ambiente;
b) Consistência do concreto no lançamento;
c) Espessura fictícia da peça. (Item A.2.3 da NBR 6118)
Entre os instantes 𝑡 e t a retração é dada por:
𝜀 𝑡, 𝑡 𝜀 𝛽𝑥 𝑡 𝛽𝑥 𝑡
𝜀 𝜀 𝑥𝜀
𝜀 valor final da retração
𝜀 coeficiente dependente da umidade relativa do ambiente e da consistência do
concreto
𝜀 coeficiente dependente da espessura fictícia da peça

𝑢 𝑢²
𝜀 6,16 x1,00 x10
484 1590

87 87²
𝜀 6,16 x1,00 x10
484 1590

𝜀 1,579𝑥10

33 2xℎ𝑓𝑖𝑐
𝜀
20,8 3xℎ𝑓𝑖𝑐
33 2x0,56x100
𝜀 0,768
20,8 3x0,56x100

 Para determinar o coeficiente, 𝛽 𝑥 𝑡 foram utilizadas as equações da NBR 6118


exibidas a seguir:
85

𝑡 𝑡 𝑡
𝐴x 𝐵x
100 100 100
𝛽𝑠 𝑡
𝑡 𝑡 𝑡
𝐶x 𝐷x 𝐸
100 100 100

Onde:
𝐴 40
𝐵 116𝑥ℎ 282𝑥ℎ 220𝑥ℎ 4,8
𝐶 2,5𝑥ℎ 8,8𝑥ℎ 40,7
𝐷 75𝑥ℎ 585𝑥ℎ 496𝑥ℎ 6,8
𝐸 169𝑥ℎ 88𝑥ℎ 584𝑥ℎ 39𝑥ℎ 0,8

Com base nestas equações pode-se determinar os coeficientes:


𝐴 40
𝐵 116𝑥0,56 282𝑥0,56 220𝑥0,56 4,8 50,336
𝐶 2,5𝑥0,56 8,8𝑥0,56 40,7 36,211
𝐷 75𝑥0,56 585𝑥0,56 496𝑥0,56 6,8 441,245
𝐸 169𝑥0,56 88𝑥0,56 584𝑥0,56 39𝑥0,56 0,8 160,936
𝛽𝑠 𝑡 𝑜𝑢 𝛽 𝑡 é o coeficiente relativo à retração, no instante t ou 𝑡

 𝛽𝑠 para o tempo inicial = 1 dia

1 1 1
40x 50,336x 100
100 100
𝛽𝑠 𝑡
1 1 1
36,211x 441,245x 160,936
100 100 100

𝛽𝑠 𝑡 0,003

 𝛽𝑠 para o tempo infinito = 10000 dias

10000 10000 10000


40x 50,336x
100 100 100
𝛽𝑠 𝑡
10000 10000 10000
36,211x 441,245x 160,936
100 100 100

𝛽𝑠 𝑡 0,999
86

Com estes parâmetros é possível determinar o valor de 𝜀 , que é o valor de retração do


concreto.

𝜀 𝜀 x 𝜀 x𝛽x 𝑡 𝛽x 𝑡
𝜀 1,579𝑥10 x 0,768x 0,999 0,003
𝜀 1,208𝑥10

Considerando que a retração causa a deformação do aço, pode-se estimar as perdas de


protensão por retração do concreto, em função do módulo de elasticidade do aço.

∆𝜎 𝜀 x𝐸
∆𝜎 1,208x10 x202000
∆𝜎 24,402 𝑀𝑃𝑎 → 2,44 𝑘𝑁/𝑐𝑚²

Cálculo das perdas totais:

∆𝑃 ∆ ∆ ∆ ∆ ∆𝑃
∆𝑃 4,848 2,882 2,440 0,517 8,778
𝑘𝑁
∆𝑃 19,465
𝑐𝑚

𝑘𝑁
𝜎 145,35 19,465 125,885
𝑐𝑚

,
* 1 x100% 13,392%
,

3.3.9 Análise da Resistência Última à Flexão

No projeto de um elemento estrutural, a finalidade é de que o elemento apresente a


necessária resistência perante as cargas e ações quais está sendo submetido durante toda a sua
vida útil.
Neste item será abordado o dimensionamento da viga de concreto protendido no estado
limite último.
87

3.3.9.1 Pré-alongamento da armadura

No concreto protendido há duas parcelas de deformação:


∆𝜀 – Devido ao pré-alongamento, ocorre antes da armadura ser aderida ao concreto.
∆𝜀 – Ocorre quando a peça já está em sua plena utilização. Esta parcela não pode
ultrapassar o limite de ruptura do aço passivo que é de 10‰, ou seja, ao dimensionar a armadura
no ELU a deformação deve ser de no mínimo 10‰.
∆𝜀 – Deformação total da armadura ativa
Determinar o 𝜎 , tensão no concreto produzida pela protensão no centro de gravidade
da armadura ativa.
²
𝜎

𝛾 0,9, utilizado o Quadro 14 abaixo.

Quadro 14: Coeficiente 𝛾 𝛾 𝑥𝛾

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR 6118 (2014, p. 65).

𝐸𝑐𝑖 𝛼 x5600 𝑓𝑐𝑘 1,0x5600x√50 39597,980 𝑀𝑃𝑎

𝛼 0,8 0,2x 0,925

𝐸𝑐𝑠 𝛼 x𝐸𝑐𝑖 0,925x39597,980 36628,132 𝑀𝑃𝑎


𝛼 5,515
,
88

, , , , ,
𝜎 22026,114 𝑘𝑃𝑎
, ,

Determinar 𝑁 , força externa que anula a tensão no centro de gravidade da armadura


ativa:

𝑁 𝛾 x𝑃𝑖 𝛼 x𝐴𝑝 x 𝜎 x𝛾
𝑁 0,9x2034,90 5,515x0,0014x| 22026,114|x0,9
𝑁 1984,467 𝑘𝑁

Determinar ∆𝜀 , pré-alongamento:

,
∆𝜀 7,017‰
,

O valor para a deformação imediata é de 7,017‰


Dimensionamento no estado limite último da armadura ativa e passiva utilizando o
processo de verificação.
A armadura passiva pode ser estimada de acordo com o braço de alavanca da peça,
podemos estimar o valor de zp como sendo cerca de 80% da altura total da peça.
Determinar o momento solicitante, utilizando as combinações de ELU previsto na NBR
6118.

𝑀𝑠𝑑 𝛾 x𝑀𝑝𝑝 𝛾 x𝑀𝑔 𝛾 x𝑀𝑞


𝑀𝑠𝑑 1,4x370,60 1,4x469,38 1,4x143,57
𝑀𝑠𝑑 1376,970 𝑘𝑁. 𝑚

Onde 𝛾 𝛾 1,4

Determinar a tensão nos aços: ativo e passivo.


 Aço ativo – CP-190
 Aço passivo – CA-50

 Ativo

𝑓𝑝𝑦𝑘 1710
𝜎 148,696 𝑀𝑃𝑎
10 10
𝛾 1,15
89

 Passivo

𝑓𝑦𝑘
𝜎 43,478 𝑀𝑃𝑎
10
𝛾

Dando seguimento aos cálculos, deve-se determinar os braços de alavanca que são
responsáveis por criar um momento binário para equilibrar a peça. Como não temos
conhecimento da armadura passiva, será considerado sendo 80% da altura total da peça.

𝑍𝑝 ℎx80%
𝑍𝑝 0,90x0,80 0,72𝑚

 Determinar o valor de 𝑁 , que é a força de tração no aço ativo:

𝑁 𝐴𝑝x𝜎
𝑁 14 x 148,696 2081,744 𝑘𝑁

Ap=14,00 cm²
Conhecidos os valores, é possível determinar o momento resistente 𝑀 .

𝑀 𝑁 x𝑍
𝑀 2081,744 x 0,72 1498,856 𝑘𝑁. 𝑚

Com o valor de 𝑀 é possível determinar qual a parcela de momento fletor resistido


pela armadura passiva.

𝑀 𝑀 1376,970 1498,856 121,886 𝑘𝑁. 𝑚

Como o valor encontrado foi negativo, indica que não há necessidade de utilizar
armadura passiva, sendo necessário apenas determinar a armadura mínima prescrita em norma
e as armaduras complementares.

𝐴𝑠 í 𝜌 í x𝐴𝑐
0,255
𝐴𝑠 í x1935 4,934 𝑐𝑚 → 4∅12,5𝑚𝑚
100
𝐴𝑠 5,00 𝑐𝑚²

Determinar as forças de tração, armadura passiva.

𝑁 𝐴𝑠x𝜎
𝑁 6,283 x 43,478 273,172 𝑘𝑁
90

Determinar 𝑁 , soma das tensões de tração do aço ativo e passivo.

𝑁 𝑁 𝑁
𝑁 273,172 2081,744 2354,916 𝑘𝑁

Determinar a tensão no concreto, 𝜎 .

𝑓𝑐𝑘
𝜎 0,85x
𝛾
50
𝜎 0,85x 3,036 𝑀𝑃𝑎
1,4 x 10

Determinar a tensão no aço e no concreto, sendo que elas devem ser iguais, para que
possa se ter um equilíbrio 𝑁 𝑁 .

𝑁 𝑁
2354,916 𝑘𝑁 2354,916 𝑘𝑁

Determinar a área comprimida da peça, tornando assim possível ser conhecida a linha
neutra.

𝑁 2354,916
𝐴 775,736 𝑐𝑚²
𝜎 3,036

Determinar a altura da região comprimida, y.

𝐴 775,736
𝑦 25,858 𝑐𝑚
𝑏 0,3 x 100

Determinar a altura da linha neutra.

𝑦 25,858
𝑥 32,322 𝑐𝑚
𝜆∗ 0,80

*Segundo o item 17.2.2 da NBR 6118, λ = 0,8, para fck ≤ 50 MPa.

Determinar a altura da viga, para armadura passiva e ativa, encontrando assim a altura
útil.

𝑑 ℎ 𝑐𝑜𝑏.

 Passiva
Cobrimento = 0,04 cm
91

𝑑 0,90 0,04 0,86 𝑐𝑚


 Ativa
Cobrimento = 0,045 cm
𝑑 0,90 0,045 0,855 𝑐𝑚
Determinar os limites do domínio de deformação em que a viga se encontra:
 Limite entre domínio 2 e 3.
𝑋 0,259 𝑥 𝑑 0,259 𝑥 0,86 𝑥 100 22,274 𝑐𝑚

 Limite entre domínio 3 e 4.


𝑋 0,628 𝑥 𝑑 0,628 𝑥 0,86 𝑥 100 54,008 𝑐𝑚

Como o valor encontrado na linha neutra é de 29,68cm, significa que a viga está
dimensionada para o domínio 3, extraindo assim o melhor do concreto e do aço.

Ilustração 44 – Domínios de deformação

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR 6118 (2014, p. 122).

Pode-se analisar que o alongamento do aço varia entre 0 e 10‰ e pode não atingir o seu
patamar de escoamento e o encurtamento do concreto é fixado em 3,5‰.
A ruptura do concreto irá acontecer juntamente com o escoamento do aço.
Além da necessária resistência a flexão, é importante também assegurar que a peça
possua comportamento dúctil.
92

Segundo o item 14.6.4.3 da NBR 6118, x/d ≤ 0,45, para concretos com fck ≤ 50 MPa.

𝑥 32,322
0,376𝑚
𝑑 0,86 x 100

Com o valor encontrado, pode-se constatar que a viga atende aos limites normativos.
Determinar o braço de alavanca, para ambas as armaduras, onde ele é responsável pelo
binário interno, que garante a estabilidade.

Ilustração 45 – Valor de y’ referente a posição da linha neutra

Fontes: Elaboração dos autores, 2020.

Determinar y´, posição do centro de gravidade da área comprimida.

𝑦 25,858
𝑦´ 12,929 𝑐𝑚
2 2

Determinar os braços de alavanca da armadura passiva.

𝑦´ 12,929
𝑍𝑠 𝑑𝑠 0,86 0,731 𝑚
100 100

Determinar os braços de alavanca da armadura ativa.

𝑦´ 12,929
𝑍𝑝 𝑑𝑝 0,855 0,726 𝑚
100 100

Determinar o momento resistente da seção:

𝑀𝑟𝑑 𝑁𝑠𝑑 x 𝑍𝑠 𝑁𝑝𝑑 x 𝑍𝑝


𝑀𝑟𝑑 273,172x0,731 2081,744x0,726
𝑀𝑟𝑑 1710,351 𝑘𝑁. 𝑚
93

Verificação:

𝑀𝑟𝑑 𝑀𝑠𝑑 1710,351 1376,970 333,381 𝑘𝑁

O momento resistente é maior do que o momento solicitante, portanto, a peça se


encontra bem dimensionada.
Determinar o ∆𝜀 , deformação da armadura já aderida.

𝑑𝑝 𝑥
∆𝜀 x𝜀
𝑥

𝜀 3,5, deformação do concreto.

32,222
0,855
∆𝜀 100 x3,5
32,222
100

∆𝜀 5,758‰ → deve ser menor do que 10‰.

Determinar o 𝜀 , soma da deformação inicial e da deformação aderida.

𝜀 ∆𝐸𝑝𝑖 ∆𝜀
𝜀 7,017 5,758 12,775‰

Determinar o 𝜀

𝜎 148,696x10
𝜀 x1000
𝐸𝑝 202000
𝜀 7,361‰

Para que se tenha escoamento da armadura ativa a seguinte equação deve ser atendida:

𝜀 𝜀
12,775 7,361

Há escoamento na armadura, pois a condição foi atendida.


A segunda condição a determinar é o escoamento da armadura passiva.

𝑑𝑠 𝑥
𝜀 x𝜀
𝑥
94

32,322
0,86
𝜀 100 x3,5
32,322
100
𝜀 5,812‰

Determinar 𝜀

𝜎 43,478x10
𝜀 x1000
𝐸𝑠 210000
𝜀 2,07‰

Efetuar a verificação de escoamento na armadura passiva, para isso a seguinte condição


deve ser atendida.

𝜀 𝜀 10‰
2,07 5,812 10‰

Com esta afirmação, podemos concluir que há escoamento da armadura passiva. Pode-
se afirmar que a viga está no domínio 3 de deformação, pois atende o encurtamento do concreto
que é de 3,5‰ e o escoamento das armaduras.

3.3.10 Cálculo no Estado Limite Último para Força Cortante

 Método utilizado: Treliça de Mörsch


O método é utilizado no concreto armado, sendo necessário fazer uma observação
quanto aos esforços de protensão aos quais a peça está submetida.
A peça que está sujeita a protensão, os esforços de tração localizados na alma da viga,
são reduzidos na proporção inversa ao grau de protensão.
Segundo a NBR 6118 (2014, p. 134):
No valor de VSd, deve ser considerado o efeito da projeção da força de protensão na
sua direção, com o valor de cálculo correspondente ao tempo t considerado.
Entretanto, quando esse efeito for favorável, a armadura longitudinal de tração junto
à face tracionada por flexão deve satisfazer a condição:
𝐴𝑝 𝑥 𝑓 𝐴𝑠 𝑥 𝑓 𝑉
95

Ilustração 46 – Componente Tangencial

Fontes: Elaboração dos autores, 2020


É necessário levar em consideração o efeito da componente da força de protensão.

𝑀
1 2
𝑀𝑑, á

𝑀 – momento fletor que anula a tensão normal na borda menos comprimida.


𝑀𝑑, á – momento fletor de cálculo da seção transversal mais solicitada no trecho
considerado.

 Determinar o valor 𝑀 :

𝑊
𝑀 𝛾 x𝑃 𝛾 x𝑁𝑞 𝑝 x 𝛾 . x𝑃 x𝐸𝑝
𝐴𝑐

Dimensionamento:
Pi=2034,90 kN

 Momento fletor
𝑀 983,55 𝑘𝑁. 𝑚 *
𝑀 1,4 𝑥 983,55 1376,970 𝑘𝑁. 𝑚

 Cortante
, , , ,
𝑉 158,957 kN

𝑉 222,540 𝑘𝑁
96

 Determinar o valor da força cortante de cálculo:


𝑉 𝑉
𝑉 222,540 𝑘𝑁

 Determinar a armadura de cisalhamento:

𝑓𝑐𝑘 x 1000
𝑉 0,27 x α x x 𝑏𝑤 x 𝑑
𝛾

𝛼 1

𝛼 1 0,8

50 x 1000
𝑉 0,27 x 0,8 x x 0,3 x 0,85 1967,143 𝑘𝑁
1,4

Como 𝑉 é maior do que 𝑉 , não há esmagamento da biela de compressão.


 Determinar 𝑉 :

𝑉 0,60x 𝐹 x 𝑏𝑤 x 𝑑
, √ , √
𝐹 2,036 𝑀𝑃𝑎
,

𝑉 0,60x 2,036 x 1000 x0,30 x 0,85 311,508 kN

Determinar 𝑀 , onde 𝑀 anula a tensão normal de compressão na borda da seção


tracionada, através do momento fletor atuante.

𝑊𝑖
𝑀 𝛾 x 𝑃𝑖 𝛾 x 𝑃𝑖x𝑒𝑝
𝐴𝑐
0,0352
𝑀 0,90 x 0 0,9 x 0 x 0,35 0,182 𝑘𝑁. 𝑚
0,1935

 Determinar Vc

𝑀
𝑉 𝑉 x 1 2x𝑉
𝑀

0,182
𝑉 311,508 x 1
1376,970
𝑉 𝑉 2x𝑉 ∴ 311,549 623,016
97

Segundo a NBR 6118 (17.4.2.2), o valor de 𝑉 deve ser limitado a, no máximo, duas
vezes o valor de 𝑉 , pois a protensão a peça trabalha por flexo-compressão.
Determinar 𝑉 :

𝑉 𝑉 𝑉
𝑉 222,540 311,549 89,009 𝑘𝑁

Como o valor de 𝑉 é negativo, é possível afirmar que os recursos do concreto,


conseguem resistir os esforços cortantes, assim então deve-se considerar apenas armadura
mínima.

20x 𝐹 x𝑏𝑤
𝐴𝑠 í
𝑓𝑦𝑘

𝐹 0,30𝑥𝑓𝑐𝑘

𝐹 0,30𝑥50
𝐹 4,072 𝑀𝑃𝑎

4,072
20x x 0,30x100
𝐴𝑠 10 4,886 𝑐𝑚²
í
50
í
𝑁
,
𝑁 8 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑑𝑒 6,3 𝑚𝑚
,

100 100
𝑆 12,5 𝑐𝑚
𝑁 8

3.3.10.1 Coeficiente de Guyon

Este coeficiente correlaciona os parâmetros geométricos da peça. Quanto maior o valor


do coeficiente, maior será o aproveitamento do concreto.
Para determinar a melhor forma de uma seção transversal resistir a flexão, pode-se
utilizar segundo MADARÁS (1993) o coeficiente de rendimento de Guyon que é dado pela
seguinte equação:

𝐼𝑐
𝑅
𝐴𝑐 x 𝑦𝑖 x 𝑦𝑠
98

Ic – Inércia da seção
Ac – Área de concreto (seção)
yi – Distância di centro de gravidade até a face superior da peça
yi – Distância di centro de gravidade até a face inferior da peça

𝐼𝑐 0,01786
𝑅 0,464
𝐴𝑐 x 𝑦𝑖 x 𝑦𝑠 0,1935x0,508x0,392

O coeficiente de Guyon encontrado para a seção retangular é de 0,332 e para a seção T


é de 0,40. Conhecidos os rendimentos de cada uma das peças, pode-se concluir que a seção I
estudada é a melhor escolha, pois o seu coeficiente foi de 0,464.

3.3.10.2 Efeito de fendilhamento

As forças de protensão aplicadas são altas, estas forças geram tensões que se propagam
até uma determinada zona de ancoragem da peça, onde ocorre a regularização das tensões.

Ilustração 47 – Fendilhamento

Fontes: Suporte AltoQi, 2019.

Para que não ocorra fissuração do concreto, ou até rompimento da peça, deve ser
considerada uma armadura de fendilhamento.
Para determinar a força de fendilhamento qual o concreto está submetido.
𝑎
𝑅 0,30𝑥 1 𝑥𝑃
𝑎
𝑎 – Dimensão da área de aplicação da força
a – Dimensão contrária a aplicação da força
99

𝑃 – Força de protensão após perdas imediatas

Para determinar a armadura para combater o fendilhamento, deve seguir a seguinte


equação.
𝑅 𝑥𝛾
𝐴
𝑓𝑦𝑑
Determinações:
𝑃 = 2034,90 kN – 272,51 kN = 1762,39 kN
a = 0,22m (modelo E 5-8/E 5-9 Rudloff)
𝑎 = 0,30m
𝛾 = 1,4
,
R 0,30x 1 x1762,39 140,991 kN
,
, ,
𝐴 4,540 𝑐𝑚²
,

3.3.10.3 Verificações das deformações

 Segundo a NBR 6118, as verificações necessárias estão previstas no Quadro 15.


 Conforme a NBR 6118 no item 17.3.2.1.3.
 Equação: (EI)eq. = EcsIc
Como a norma informa, quando o elemento não excede o estado de limite de fissuração,
onde sempre decorre quando se utiliza protensão limitada, no qual se considera a inércia
equivalente (EI)eq.
 Cálculo das deformações: flechas.
 Tensão na armadura após as perdas imediatas: 1762,39 kN
 Coeficiente de fluência: 1,405
 𝛼 1,00
 𝛹 0,4
 ∆ : entre a tensão, imediatas e progressivas = 189,714 MPa
100

Quadro 15: Limites para deformação

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR 6118 (2014, p. 77).


101

Determinar o módulo de elasticidade:

Eci 𝛼 x5600x√fck 1,00x5600x√50 39597,980 MPa


Fck 50
𝛼 0,80 0,20x 0,80 20x 0,925
80 80
Ecs 𝛼 xEci 0,95x39597,980 36628,132 MPa

Dando continuidade é necessário determinar as combinações de carregamento, as


flechas são determinadas no estado de serviço, fazendo assim necessárias as combinações;
frequente e rara.
 Combinação frequente

Fd pp q 𝛹 xq
Fd 4,84 6,13 1,875x0,4 11,720 kN/m

 Combinação rara

Fd pp q g
Fd 4,84 6,13 1,875 12,845 𝑘𝑁/𝑚

Após a determinação dos valores das combinações, serão definidos os valores das
flechas:
 Combinação frequente

5xfd . xl
f .
384xEcsxIc
5x11,720x24,75
f . x100 8,753 cm
384x36628,132x1000x0,01786

 Combinação rara

5xfd xl
f .
384xEcsxIc
5x12,845x24,75
f x100 9,953 cm
384x36628,132x1000x0,01786

Determinar a flecha devido a protensão, onde habitualmente gera uma contra flecha.
Determinar a normal de protensão no meio da peça, onde ocorre a maior flecha.

1762,39
P ApxP 14x 2467,346 kN
10
102

Determinar o momento de protensão devido a normal.

𝑀 𝑃 𝑥𝑒𝑝 2467,346x0,35 863,571 kN. m

Com posse destes dois valores é possível determinar a flecha atuante:

Mpxl²
cf
8xEcixIc
863,571x24,75²
cf x100 9,350 cm
8x39597,980x1000x0,01786

Deve-se considerar as perdas de protensão para contra flecha devido às forças de


protensão ao longo do tempo.
 Normal de Protensão (cf)

P Apx∆
189,714
P 14x 265,600 𝑘𝑁
10

Determinar o momento de protensão para esta diferença de perda:


M P xep 265,6x0,35 92,96 kN. m
Determinar qual a peça de flecha, devido as perdas:

Mpxl²
cf
8xEcixIc
92,96x24,75²
cf x100 1,088 cm
8x36628,132x1000x0,01786

Determinar o valor final da flecha devido à protensão:

𝑐𝑓𝑓 cf cf
𝑐𝑓𝑓 9,350 1,088 8,262 𝑐𝑚

Através dos resultados obtidos, é possível determinar o valor final da flecha imediata:
 Frequente

f . 8,753 8,262 0,491 𝑐𝑚

 Rara

f 9,953 8,262 1,691 𝑐𝑚


103

A combinação rara apresentou um maior valor, portanto:


Esta verificação é referente ao limite de contra flecha l/350.

𝑓𝑑𝑖 f x 1 𝜑
𝑓𝑑𝑖 1,691x 1 1,405 4,067 𝑐𝑚

É necessário efetuar a verificação dos limites estabelecidos pela tabela 13.3 da NBR
6118.

𝐿x100 24,75x100
𝑐𝑓𝑙
350 350
𝑐𝑓𝑙 7,07 𝑐𝑚 ∴ 𝑂𝐾

A verificação para o limite de aceitabilidade sensorial visual L/500.

𝐿x100 24,75x100
𝑓𝐿
500 500
𝑓𝐿 4,95 𝑐𝑚 ∴ 𝑂𝐾

Com base nos resultados obtidos, podemos concluir que a peça está bem dimensionada
quanto aos deslocamentos.

3.3.11 Içamento

Dimensionamento relacionado às situações transitórias.

Ilustração 48 – Desenho esquemático da viga e suas alças de içamento

Fontes: Elaboração dos autores, 2020.

O peso próprio, calculado no item 3.3.1 Cargas Permanentes, tem valor de 4,84kN/m.
104

Ilustração 49 – Cargas permanentes

Fontes: Elaboração dos autores, 2020.

Os elementos fabricados devem considerar as ações oriundas das situações transitórias.


A NBR 9062, item 5.3.2.1 apresenta:
𝑔 . 𝛾 𝑥𝛽 𝑥𝑔
Onde:
𝛾 é o coeficiente de ponderação das ações, com valor igual a 1,30.
βa = 1,3, na ocasião do saque da fôrma, manuseio no canteiro e montagem do elemento.

 Determinação de ações

Segundo a NBR 6118 :


“A combinação das ações deve ser feita de forma que possam ser determinados os
efeitos mais desfavoráveis para a estrutura; a verificação da segurança em relação aos
estados-limites últimos e aos estados-limites de serviço deve ser realizada em função
de combinações últimas e de combinações de serviço, respectivamente.”
O dimensionamento foi verificado apenas com o peso próprio da viga, sendo assim, se
obtém a seguinte equação:

𝐹𝑑 𝛾 x𝐹𝑔𝑘

𝛾 é o coeficiente de ponderação para o estado limite último, conforme o Quadro 14.


Portanto, 𝛾 1,4.
Logo:

𝐹𝑑 1,4x𝐹𝑔𝑘

 Resistência de cálculo do concreto, segundo as situações transitórias.


A viga, apresentada neste trabalho, será içada a poucos dias após a desmoldagem, antes
que o concreto tenha obtido a resistência final de projeto.
A NBR 6118 estabelece a verificação do concreto inferior aos 28 dias:
105

/
𝛽 𝑒𝑥𝑝

Para t = 1 dia; s = 0,20

, /
𝛽 𝑒𝑥𝑝 0,66
Fck, 𝛽 xFck
Fck, 0,66x50 33 MPa

Segundo a NBR 9062, item 8.2.2.2, para saque, manuseio, transporte e montagem, deve
ser definida em projeto a resistência do concreto para a referida etapa de no mínimo 21MPa
para elementos em concreto protendido.

Fck 33
Fcd, 23,57 MPa
𝛾 1,4

Portanto para o içamento das vigas tem-se o seguinte momento fletor e força cortante,
utilizando o software SAP 2000 (ver Ilustração 50 e Ilustração 51).

Ilustração 50 - Diagrama de Momento Fletor em kN.m

Fontes: Elaboração dos autores, 2020.


Ilustração 51 - Diagrama de Esforço Cortante em kN

Fontes: Elaboração dos autores, 2020.

Com os valores obtidos de esforços cortante e momento fletor, deve ser levado em conta
os efeitos dinâmicos na fase de içamento:

Med 1,3 x 9,91 12,883 kN. m


106

Med 1,3 x 29,77 38,701 kN. m


Ved 1,3 x 17,17 22,321 kN. m
Ved 1,3 x 17,83 23,179 kN. m

Para obtenção dos valores de cálculo deve-se considerar o coeficiente de ponderação


das ações da NBR 6118.

Md 1,4 x12,883 18,036 kN. m


Md 1,4 x 38,701 54,181 kN. m
Vd 1,4 x 22,321 31,249 kN. m
Vd 1,4 x 23,179 32,451 kN. m

 Armadura longitudinal:
Momento positivo: 18,036 kN.m
Altura não útil da viga:

∅, 1
𝑑 ∅, 𝑐 0,8 4,5 5,8𝑐𝑚
2 2
𝑑 adotado 6cm

Altura útil:

𝑑 ℎ 𝑑 90 6 84𝑐𝑚

Tabela 𝐾 , dimensionamento a flexão (publicação de Carvalho e Figueiredo Filho,


2007).

Md 18,036
K 0,00361
𝑏𝑤 x 𝑑 x 𝑓𝑐𝑑 0,30x 0,84 x 23,57x1000

A partir do valor do 𝐾 , encontra-se os valores referentes a Ky na tabela.


Kz = 0,997

 Área de aço:

Md 18,036x100
As 0,49 cm²
Kz x d x fyd 0,997x84x43,48
0,208
As, í 𝜌 í x Ac x1935 5,418 cm²
100
4
As, á 4% Ac x1935 77,4 cm²
100
107

Conclui-se que, para que a viga resista ao momento positivo durante o içamento após a
desmoldagem, é necessário apenas a armadura mínima de 5,418 𝑐𝑚².
 Armadura transversal:
Optou-se por utilizar o modelo 1 da NBR 6118, item 17.4.2.2 que admite diagonais de
compressão inclinadas de Ɵ = 45º em relação ao eixo longitudinal do elemento estrutural e
admite ainda que a parcela complementar “Vc” tenha valor constante, independente de “Vsd”.
A equação para verificação da compressão diagonal do concreto é:

𝑉𝑑 V 0,27 x 𝛼 x 𝑓𝑐𝑑 x 𝑏𝑤 x 𝑑

Vd = força cortante de cálculo


𝑉 força cortante resistente de cálculo
bw = menor largura da seção
d = altura útil

fck 23,57
𝛼 1 1 0,906
250 250

Logo:

𝑉𝑑 V 0,27x0,906x23571,43x0,30x0,86
32,451 1487,639 → OK

Através do resultado obtido, podemos concluir que as bielas resistem.

Os estribos necessitam resistir a parcela de força cortante que é dada pela seguinte
equação:
Vsw = Vd – Vc
Vsw = parcela resistida pela armadura transversal
Vc = parcela de força cortante resistida pelo concreto

𝑉𝑐 0,6 𝑥 𝑓𝑐𝑡𝑏 𝑥 𝑏𝑤 𝑥 𝑑
𝑉𝑐 0,6𝑥1233,098𝑥0,30𝑥0,86
𝑉𝑐 190,884 𝑘𝑁

∗ fctb 0,15xfck

∗ fctb 0,15x23,57

Vsw 32,451 190,884 158,433 kN


108

Através do resultado obtido, podemos observar que o valor é superior a força solicitante
de cálculo, logo não há necessidade de armadura transversal para resistir aos esforços.
Deve-se adotar a armadura mínima que é dada pela seguinte equação.

Asw, í 𝜌 , í x 𝑏𝑤 x 𝑠

𝜌 , í taxa de armadura transversal mínima


s = espaçamento entre os estribos

fctm
𝜌 , í 0,2x
Fyk

Fctm 0,3xfck 0,3x 23,57 2,466 MPa


2,466
𝜌 , í 0,2x 0,000986
500
Asw, í 0,000986x30x100 2,958cm²/m

3.3.12 Detalhamento das Armaduras

 Seção Transversal
Para definir a disposição da armadura, é necessário obedecer ao espaçamento mínimo;
garantindo a passagem do concreto e a aderência aço-concreto e ao cobrimento mínimo, o que
garantirá a durabilidade da armadura.
O cobrimento para o aço protendido de 45mm já foi definido anteriormente, no item
3.2.2 Classe de Agressividade e Cobrimento.
O espaçamento mínimo é determinado utilizando-se do quadro a seguir, retirado da
NBR 6118.
109

Quadro 16: Espaçamentos mínimos - caso de pré-tração

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR 6118 (2014, p. 155).

Calcularemos abaixo o espaçamento horizontal e vertical, de acordo com o Quadro 16


acima.

2x1,25 2,5𝑐𝑚
𝑎 1,2x2,0 2,4𝑐𝑚
2𝑐𝑚
2x1,25 2,5𝑐𝑚
𝑎 1,2x2,0 2,4𝑐𝑚
2𝑐𝑚

Portanto, o espaçamento horizontal e vertical mínimo adotado é de 2,5cm.


Seguiremos com a disposição das armaduras ativa e passiva na seção transversal.
Para a distribuição horizontal da armadura protendida, faremos o seguinte cálculo do
espaçamento entre cordoalhas:

𝐿𝑎𝑟𝑔𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑠𝑒 2x𝑐𝑜𝑏𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 ∅ 𝑑𝑎 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑑𝑢𝑟𝑎


𝑒𝑠𝑝𝑎ç𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑜 ∅ 𝑑𝑎 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑑𝑢𝑟𝑎
30 2.4,5 1,25
≅ 5 𝑒𝑠𝑝𝑎ç𝑜𝑠 ∴ 𝑡𝑒𝑟𝑒𝑚𝑜𝑠 6 𝑐𝑜𝑟𝑑𝑜𝑎𝑙ℎ𝑎𝑠 𝑛𝑎 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑖𝑛𝑓𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟
2,5 1,25
110

Na armadura passiva há somente quatro barras de 10mm de diâmetro, para facilitar a


fixação do estribo.

Ilustração 52 – Detalhamento da armadura passiva– seção transversal

Fontes: Elaboração dos autores, 2020.


111

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho possibilitou a análise crítica do desempenho das vigas com armaduras
ativas perante as situações típicas de projeto. O ponto principal dos estudos realizados foi de
verificar se o cálculo manual elaborado seria compatível com o processo que teve a utilização
do software PROUNI TQS destinado a verificação de peças pré-moldadas da viga existente.
Como esperado, os dimensionamentos realizados a partir do cálculo manual fornecem
resultados divergentes dos obtidos a partir das formulações do software. Apesar de todos os
métodos estarem de acordo com as normas vigentes, os resultados apontaram uma diferença de
7,14% a mais no saldo final das armaduras ativas. Isto é, a armadura calculada neste trabalho é
mais robusta do que a armadura do projeto observado no estudo de caso.
Entretanto, apesar das disparidades já mencionadas, pode-se observar que as definições
embasadas no cálculo manual apresentam resultados satisfatórios devido à proximidade dos
valores encontrados.
Em relação as armaduras passivas, pode-se constatar que não houve diferença,
permanecendo assim em ambos os casos a mesma seção de aço considerada.
Assim podemos concluir que o processo manual realizado neste trabalho, representou
bem o desempenho da estrutura, pois as áreas de aço, deformações e esforços apresentados no
processo possuem diferenças satisfatórias em virtude das exibidas pelo software.

Sugestões para trabalhos futuros:


Sugere-se ampliar as verificações de tensões levando em consideração outros métodos
de cálculo.
Elaborar o modelo de cálculo em elementos finitos, assim podendo analisar os esforços
gerados ao longo do elemento.
Analisar a estabilidade global da edificação, verificando se a mesma poderá influenciar
nas deformações do elemento.
112

REFERÊNCIAS

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aplicações, 2018. Disponível em: https://abcp.org.br/imprensa/artigos/cimento-diferentes-
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6118: projeto de


estruturas de concreto: procedimentos. Rio de Janeiro: ABNT, 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 7211: Agregados


para concreto: especificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2009.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 8681: Ações e


segurança nas estruturas: procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.

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Paulista, 2018

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2000.

BOTELHO, Manoel Henrique Campos; MARCHETTI, Osvaldemar. Concreto armado eu te


amo. 9ª Edição. São Paulo: Edgar Blucher, 2018.

CARVALHO, Roberto Chust. Estruturas em concreto protendido: cálculo e detalhamento.


São Paulo: PINI, 2017.

CECHINEL, Marcelo. Apostila de concreto protendido. Revisão 1. Palhoça, 2018.


CHOLFE, Luiz e BONILHA, Luciana. Concreto protendido: teoria e prática. 2ª Edição. São
Paulo: Oficina de Textos, 2018.

CLÍMACO, João Carlos Teatini de Souza. Estruturas de concreto armado: fundamentos de


projeto, dimensionamento e verificação. 2ª Edição. Brasília: Editora Universidade de Brasília,
2008.

DUTRA, Zuryell Costa. Determinação das perdas em concreto protendido. Natal:


Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2017.
FONSECA, João José Saraiva. Metodologia da pesquisa científica, 2002. Disponível em:
http://www.ia.ufrrj.br/ppgea/conteudo/conteudo-2012-1/1SF/Sandra/apostilaMetodologia.pdf.
Acesso em 10 de setembro de 2019.

FUSCO, Péricles Brasiliense. Técnicas de armar as estruturas de concreto. São Paulo: PINI,
1994.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª Edição. São Paulo: Atlas, 2002.

HANAI, João Bento. Fundamentos do concreto protendido.


São Carlos: USP, 2005. Disponível em:
<http://www.set.eesc.usp.br/mdidatico/protendido/arquivos/cp_ebook_2005.pdf>. Acesso em:
03 de novembro de 2019.
113

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vigas pré-tracionadas protendidas com aderência inicial em pavimentos de edificações.
São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, 2009.
JUNIOR, José Herbert Faleiros. Procedimentos de cálculo, verificação e detalhamento de
armaduras longitudinais na seção transversal em elementos protendidos. São Carlos:
Universidade Federal de São Carlos, 2010.
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LEONHARDT, Fritz e MONNIG, Eduard. Construções de concreto, volume 1: princípios


básicos do dimensionamento de estruturas de concreto armado. 12ª Edição. Rio de Janeiro:
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www.nordimpianti.com/Solu%C3%A7%C3%B5es-chaves-na-m%C3%A3o/F%C3%A1brica.
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VASCONCELOS, Augusto C. O concreto no brasil: volume 1. 2ª Edição. São Paulo: PINI,
1992.

VERÍSSIMO, Gustavo de Souza et al. Concreto protendido: fundamentos básicos. 4ª Edição.


2018.
114
115

ANEXOS
116

ANEXO 01 – DETALHAMENTO DA VIGA CALCULADA


QUANTIDADE DE CABOS PARA 1 VIGA

Descrição h cabos CORDOALHAS CABO (M) F. PROT (kN) ALONGAMENTO PESO DO CABO PESO TOTAL

H1 5 6 Ø12.7 24.75 2034.90 250 mm 19.60 kg 117.61 kg

H2 7.5 5 Ø12.7 24.75 2034.90 250 mm 19.60 kg 98.00 kg

H3 10 3 Ø12.7 24.75 2034.90 250 mm 19.60 kg 58.80 kg

13
Comprimento total dos cabos (m) 346.50

90

67
Peso total dos cabos (kg) 274.41

2475

10
ELEVAÇÃO DA VIGA NOTAS OBSERVAÇÕES DO PROJETO
Esc 1:50
- Dimensões em metros, exceto onde indicado; - Aço de protensão CP190-RB 12,7 mm;
- Força de protensão = 2034.90 kN por cabo; - Força de protensão = 2034.90 kN por cabo;
- Verificar medidas no local da obra antes da execução de - µ = 0.20;
qualquer serviço, comunicar a fiscalização quaisquer
diferenças em relaçaõ ao projeto; - Os alongamento indicados são totais, médidos antes do
escorragemento das cunhas;
- Concreto classe C50 = Fck > 50 MPa;
- Fcj mínimo = 21.43 MPa
- Agregado graudo - granito ou gnaisse;
- Devem ser previstas as armaduras especificadas no
- Agressividade ambiental - Classe III;

16
processo de protensão.

16
13
- Obrigatória a aprovação do traço do concreto;
- Aço da armadura passiva - CA-50/60;
45

- Armadura ativa - Cordoalhas CP-190RB de 12.7 mm;

2475
VISTA SUPERIOR
Esc 1:50 OBS: MEDIDAS EM CENTÍMETROS

ARMADURA ATIVA

H1 5 5
H2 9 10
H3 12.5 15

TABELA DAS ALTURAS DOS CABOS (EIXO DAS BAINHAS EM RELAÇÃO A FACE INFERIOR DA VIGA) (em cm.)
ELEVAÇÃO DOS CABOS
Esc 1:50

CONTRA-FLECHA ESTIMADA NO CORTE = 5CM (PARA CIMA)


ARMADURA PASSIVA
347 600 600 600 328
90

Ø 6.3 c/ 10 cm Ø 6.3 c/ 12.5 cm Ø 6.3 c/ 10 cm

347 1800 328


2475
195
4 N353 Ø 10 - Comp.=195 4 N51 Ø 10 - Comp.=1200
181
4 N42 Ø 8 - Comp.=181 4 N37 Ø 8 - Comp.=1200
181
4 N42 Ø 8 - Comp.=181
4 N37 Ø 8 - Comp.=1200
195
4 N352 Ø 10 - Comp.=195
4 N2 Ø 10 - Comp.=1200

ELEVAÇÃO DA ARMADURA
Esc 1:50

39

5
8
15 15
45 45 12
Ø5-Comp.= 104
5
13

7
4Ø10
8

16 13 16
61

90
90

67

4Ø8 4Ø8

PROJETO:
8 8
3 CORD-CP-190 PROJETO ESTRUTURAL
6

5 CORD-CP-190
10

6 CORD-CP-190 OBRA:
Ø5-Comp.= 187
30 30 4Ø10
8
11 8 TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

5
24 5 ALUNOS: PRANCHA:
Ø5-Comp.= 68
CORTE AA DETALHAMENTO DA DETALHAMENTO DA
Esc 1:15 ARMADURA ATIVA
Esc 1:15
ARMADURA PASSIVA
Esc 1:15
DETALHAMENTO DO
ESTRIBO
Esc 1:15
ANA PAULA KRETZER DE MIRANDA
THIAGO FELIPPE MARIA 01/01
CONTEUDO:
ESCALA:

DETALHAMENTO DA VIGA DE INDICADA


COBERTURA DATA:

JULHO / 2020
118

ANEXO 02 – DETALHAMENTO DA VIGA EXECUTADA


Lista de material
Peça Quantidade Vol. uni. (m³) Vol. total (m³) Material
45
BP1 12 4.83 58.05 Fck-50
39 DETALHE B Quantidade de aço para uma peça
15 7.5 7.5 15 DETALHE A 1:10

5
45 1:10 Pos.(N) Diam.(Ø) Quant. Material Comp.(cm) Peso (kg) Total (kg) Desenho da armadura (cm)

8
17.7 20 21 11 7
45 1 N 11 1 N 11 1 N 11 37 5 8 CA-60 1200 1.85 14.80 1200
27.4 20 21.3
15 15 15 15 15 Gancho p/ Gancho p/ Rebaixo
12 CB2 (2x) contravento contravento CB2 (2x) 10x10x4cm 42 5 4 CA-60 181 0.28 1.12 181
CB2 CB2 CB2 CB2 68 N48 Ø 5 - Comp.= 104
51 10 8 CA-50A 1200 15.08 60.28 1200
5

3.5
3.5
1.87 7.48
5

350 CA-60 1214 1214


7 5 4

5
5
351 10 8 CA-50A 1200 15.08 60.28 1200
13

4 N 351 353 10 8 CA-50A 195 2.46 9.80 195

354 5 4 CA-60 1200 1.85 7.40 1200


8

355 5 4 CA-60 195 0.30 1.20 195

23

16 13 16 11 12.5 5 CA-50A 49 0.48 2.40

7
84
90
90

90
67

90
90
53

4 N 350 4 N 354

24
28 12.5 4 CA-50A 256 2.51 10.05 119

2 N349 CORD-CP-190 Ø 12.7


8.5 8.5 300 86°
2 N349 CORD-CP-190 Ø 12.7
31 16 2 CA-50A 361 5.67 11.34

64
4 N349 CORD-CP-190 Ø 12.7
6

300 94°
68 N50 Ø 5 - Comp.= 187
10

35 16 2 CA-50A 359 5.64 11.27

64
11
8 8
5 N349 CORD-CP-190 Ø 12.7 39
Furo 40mm 4 N 351 11 Furo 40mm 11

8 5
5
5
15 15 30 Furo 40mm 63°
30 24 48 5 150 CA-60B 104 0.16 24.45 15 27° 63°
68 N49 Ø 5 - Comp.= 68 15
30 12 27°

11 35°
8
8
35° 55°
Seção Armadura de protensão B Corte 49 5 150 CA-60B 68 0.11 16.05

5
55°

5
24
- Esc.: 1:10 - Esc.: 1:10 - Esc.: 1:10
84

7
50 5 150 CA-60B 187 0.29 44.10

15
IC1 25 4 CA-25 248 9.73 38.94 95
23

Peso de aço para uma peça: 320,96 kg


Tabela de cabos e cordoalhas
Pos. (N) Diam.(Ø) Quant. Material Comp.(cm) Peso (kg) Total (kg)
349 12.7 13 CORD-CP-190 2475 19.59 254,67

CONTRA-FLECHA ESTIMADA NO CORTE = 5CM (PARA CIMA)


BP1 - ( 12 x)
Esc.: 1/40
2475 7

Rebaixo
10x10x4cm
22.5

22.5
45

Furo 40mm
22.5

22.5
Furo 40mm

A Corte
- Esc.: 1:40
B
2475

1546.7

2146.7

2473.4
346.7

946.7

346.7 600 600 600 326.8


0

1017.4

1175.4

1333.4

1491.4

1649.4

1807.4

1965.4

2123.4

2281.4

2403.8
2421.4

2473.4
227.4

385.4

543.4

660.8
681.4
701.4

859.4

1155.4

1241.8

1313.4

1471.4

1629.4

1787.4

1822.8

1945.4

2103.4

2261.4

2441.4
38.4
58.4
79.8

207.4

365.4

523.4

839.4

997.4

38.4 20 21.3 127.7 20 138 20 138 20 117.3 20.7 20 138 20 138 20 138 20 66.3 71.7 20 138 20 138 20 138 20 122.7 20 138 20 138 20 122.3 17.7 32 DET B
DET A
0

15.3 20

CB2 (2x) CB2 (2x) Rebaixo


CB2 (2x) 10x10x4cm
CB2 (2x) 11 7
CB2 (2x) 1 N11 CB2 (2x) CB2 (2x)
11 1 N11 CB2 (2x) CB2 (2x) CB2 (2x) CB2 (2x) CB2 (2x) CB2 (2x) CB2 (2x) CB2 (2x) 1 N11 CB2 (2x)
A 2 N 35 1 N11 2 N31
1 N11
A

2 N 28 2 N 28

11 Furo 40mm
Furo 40mm 11
400
B 1673.4 400
41 N50 c/ 10 68 N50 c/ 25 41 N50 c/ 10
41 N49 c/ 10 68 N49 c/ 25 41 N49 c/ 10
41 N48 c/ 10 68 N48 c/ 25 41 N48 c/ 10
2475

1200
195
4 N351 Ø 10 - Comp.= 1200 1200
4 N353 Ø 10 - Comp.= 195
4 N51 Ø 10 - Comp.= 1200
1200
4 N354 Ø 5 - Comp.= 1200 181 1200
4 N42 Ø 5 - Comp.= 181 4 N37 Ø 5 - Comp.= 1200
1200 181
4 N354 Ø 5 - Comp.= 1200 1200
4 N42 Ø 5 - Comp.= 181
4 N37 Ø 5 - Comp.= 1200
1200
195
4 N351 Ø 10 - Comp.= 1200 1200
4 N353 Ø 10 - Comp.= 195
4 N51 Ø 10 - Comp.= 1200

REV. DESCRIÇÃO DA REVISÃO DATA REV.


3D Obra:
Esc.: 1/40 Projeta
End. da obra: Data:
São Francisco do Sul - SC
Responsável pelo projeto: Desenho: Folha:

Referência:
Detalhamento de braço BP1

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