DIMENSIONAMENTO DE VIGAS
DE CONCRETO ARMADO À
FORÇA CORTANTE
Bauru/SP
Março/2008
APRESENTAÇÃO
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1
2. REGIÕES DE ANÁLISE .....................................................................................................1
3. COMPORTAMENTO DE VIGAS HOMOGÊNEAS NO ESTÁDIO I........................... 2
4. COMPORTAMENTO RESISTENTE DE VIGAS SUBMETIDAS À FLEXÃO E À
FORÇA CORTANTE ................................................................................................................... 4
5. MECANISMOS BÁSICOS DE TRANSFERÊNCIA DA FORÇA CORTANTE.........10
5.1 Ação de Arco .................................................................................................................... 12
5.2 Concreto Comprimido Não Fissurado .............................................................................. 13
5.3 Transferência na Interface das Fissuras Inclinadas .......................................................... 13
5.4 Ação de Pino da Armadura Longitudinal ......................................................................... 15
5.5 Tensões Residuais de Tração............................................................................................ 18
5.6 Armaduras Longitudinal e Vertical .................................................................................. 18
6. FATORES QUE INFLUENCIAM A RESISTÊNCIA À FORÇA CORTANTE ......... 18
6.1 Tipo de Carregamento ...................................................................................................... 19
6.2 Posição da Carga e Esbeltez ............................................................................................. 19
6.3 Tipo de Introdução da Carga ............................................................................................ 19
6.4 Influência da Armadura Longitudinal .............................................................................. 19
6.5 Influência da Forma da Seção Transversal.......................................................................20
6.6 Influência da Altura da Viga............................................................................................. 20
7. COMPORTAMENTO DE VIGAS SEM ARMADURA TRANSVERSAL ..................20
7.1 Parâmetros Mais Importantes ...........................................................................................21
7.1.1 Resistência do Concreto............................................................................................. 21
7.1.2 Altura da Viga ............................................................................................................ 21
7.1.3 Relação entre a Altura da Viga e a Posição da Carga ................................................23
7.1.4 Armadura Longitudinal.............................................................................................. 24
7.1.5 Força Axial................................................................................................................. 24
7.2 Modos de Ruptura ............................................................................................................ 24
8. COMPORTAMENTO DE VIGAS COM ARMADURA TRANSVERSAL .................27
8.1 Função do Estribo ............................................................................................................. 27
8.2 Modos de Ruptura ............................................................................................................ 29
9. TRELIÇA CLÁSSICA DE RITTER-MÖRSCH (θ = 45°).............................................. 30
10. TRELIÇA GENERALIZADA (θ variável)....................................................................... 34
11. DIMENSIONAMENTO SEGUNDO A NBR 6118/03 .....................................................36
11.1 Modelo de Cálculo I ......................................................................................................... 37
11.1.1 Verificação da Diagonal Comprimida de Concreto ...................................................37
11.1.2 Cálculo da Armadura Transversal.............................................................................. 38
11.2 Modelo de Cálculo II ........................................................................................................ 41
11.2.1 Verificação da Diagonal Comprimida de Concreto ...................................................41
11.2.2 Cálculo da Armadura Transversal.............................................................................. 42
12. ARMADURA MÍNIMA......................................................................................................44
13. DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS ................................................................................... 45
13.1 Diâmetro do Estribo.......................................................................................................... 45
13.2 Espaçamento Mínimo e Máximo entre os Estribos .......................................................... 45
13.3 Espaçamento Máximo entre os Ramos Verticais do Estribo............................................ 46
13.4 Emendas do Estribo .......................................................................................................... 46
13.5 Ancoragem do Estribo ......................................................................................................46
13.6 Barras Dobradas (Cavaletes) ............................................................................................ 47
14. EQUAÇÕES SIMPLIFICADAS .......................................................................................47
14.1 Modelo de Cálculo I ......................................................................................................... 48
14.1.1 Força Cortante Máxima.............................................................................................. 48
14.1.2 Força Cortante Correspondente à Armadura Mínima................................................48
14.1.3 Armadura Transversal................................................................................................ 49
14.2 Modelo de Cálculo II ........................................................................................................ 51
14.2.1 Força Cortante Última................................................................................................ 51
14.2.2 Força Cortante Correspondente à Armadura Mínima................................................51
14.2.3 Armadura Transversal................................................................................................ 52
15. CONSIDERAÇÕES SOBRE O ÂNGULO DE INCLINAÇÃO DAS DIAGONAIS DE
COMPRESSÃO (θ)..................................................................................................................... 53
16. REDUÇÃO DA FORÇA CORTANTE .............................................................................54
17. CARREGAMENTO APLICADO NA PARTE INFERIOR DAS VIGAS ....................55
18. ARMADURA DE SUSPENSÃO........................................................................................56
19. EXEMPLO NUMÉRICO 1 ................................................................................................ 59
19.1 Equações Teóricas da Norma ........................................................................................... 60
19.1.1 Modelo de Cálculo I................................................................................................... 60
19.1.2 Modelo de Cálculo II com θ = 30o ............................................................................. 62
19.2 Equações Simplificadas .................................................................................................... 63
19.2.1 Modelo de Cálculo I................................................................................................... 63
19.2.2 Modelo de Cálculo II com θ = 30o ............................................................................. 64
19.3 Comparação dos Resultados ............................................................................................. 65
19.4 Detalhamento da Armadura Transversal ..........................................................................66
20. EXEMPLO NUMÉRICO 2 ................................................................................................ 69
20.1 Modelo de Cálculo I ......................................................................................................... 70
20.1.1 Equações de Teóricas da Norma ................................................................................ 70
20.1.2 Equações Simplificadas ............................................................................................. 71
20.2 Modelo de Cálculo II ........................................................................................................ 72
20.2.1 Equações Teóricas da Norma..................................................................................... 72
20.2.1.1 Ângulo θ de 30°................................................................................................. 72
20.2.1.2 Ângulo θ de 45°................................................................................................. 74
20.2.2 Equações Simplificadas ............................................................................................. 76
20.2.2.1 Ângulo θ de 30°................................................................................................. 76
20.2.2.2 Ângulo θ de 45°................................................................................................. 77
20.3 Comparação dos Resultados ............................................................................................. 79
20.4 Detalhamento da Armadura Transversal ..........................................................................79
21. EXEMPLO NUMÉRICO 3 ................................................................................................ 81
21.1 Dimensionamento da Seção 10d Segundo o Modelo de Cálculo I (NBR 6118/03) ......... 85
21.2 Dimensionamento da Seção 10d Segundo o Modelo de Cálculo II com θ = 45° ............. 86
22. EXEMPLO NUMÉRICO 4 ................................................................................................ 87
23. QUESTIONÁRIO ...............................................................................................................91
24. EXERCÍCIOS PROPOSTOS ............................................................................................92
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................94
1309–Estruturas de Concreto II – Dimensionamento de Vigas de Concreto Armado à Força Cortante 1
1. INTRODUÇÃO
2. REGIÕES DE ANÁLISE
de força cortante é iniciada após o surgimento de fissuras inclinadas, causadas pela combinação
de força cortante, momento fletor e eventualmente forças axiais. E a quantidade de variáveis que
influenciam a ruptura é muito grande, como geometria, dimensões da viga, resistência do
concreto, quantidade de armaduras longitudinal e transversal, características do carregamento,
vão, etc. Por isso, ao contrário da flexão, o projeto à força cortante deve considerar não apenas
uma seção transversal, mas regiões ao longo do vão da viga, as chamadas regiões B, mostradas na
Figura 1. Foram SCHLAICH et al. (1987) que introduziram o conceito de regiões D e B, onde a
região D se caracteriza por descontinuidades e distribuição de deformações não-linear. Já na
região B a distribuição é linear. Em elementos típicos de barra as regiões B encontram-se entre as
regiões D (ASCE-ACI, 1998).
y
a
p
x A2 L.N.
h
A1
a bw
σc,máx
a2 a2 τ0
Linha Neutra
y
a1 a1
σt,máx
My
σ= Eq. 1
I
V Sy
τ= Eq. 2
bw I
V ⎛ h2 ⎞
τ= ⎜ − y2 ⎟ Eq. 3
2 I ⎜⎝ 4 ⎟
⎠
3 V
τ máx = Eq. 4
2 bw h
As Figura 3 e Figura 4 mostram o estado de tensão nos elementos A1 e A2, bem como o
círculo de Mohr correspondente.
yx
V xy
y
xy
R cc x
L.N. x x
R st
I
A1
yx
máxima tensão de
cisalhamento
0 2
tensão principal de
compressão II tensão principal de
tração I
yx
xy
y
R cc x
x
x
L.N.
R st
II
A2 V
yx
máxima tensão de
cisalhamento
2
tensão principal de
tensão principal de tração I
compressão II
A
V
M M + dM
A dx
A V
M
V
A
Considere uma viga de Concreto Armado bi-apoiada (Figura 6), submetida a duas forças
concentradas P de igual intensidade, crescentes de zero até a força última ou de ruptura. As
armaduras consistem da armadura longitudinal positiva (composta pelas cinco barras inferiores)
resistente às tensões normais de tração da flexão, e da armadura transversal, composta por estribos
verticais no lado esquerdo da viga e estribos e barras dobradas inclinadas (cavaletes) no lado
direito da viga, dimensionada para resistir às forças cortantes. Nota-se que no trecho da viga entre
as forças concentradas P a solicitação é de flexão pura (V = 0).
M
+
+
V
-
surgem as primeiras fissuras no trecho de flexão pura, chamadas “fissuras de flexão” (Figura 7b).
As fissuras de flexão são aquelas que iniciam na fibra mais tracionada e prolongam-se em direção
à linha neutra, conforme aumenta o carregamento externo aplicado. Apresentam-se
aproximadamente perpendiculares ao eixo longitudinal da viga e às trajetórias das tensões
principais de tração, ou seja, a inclinação das fissuras depende da inclinação das tensões principais
de tração. O trecho fissurado passa do Estádio I para o Estádio II e os trechos entre os apoios e as
forças concentradas, sem fissuras, permanecem no Estádio I, isto é, a viga apresenta trechos nos
Estádios I ou II.
A Figura 7c mostra os diagramas de deformação e de tensão nas seções a e b da viga, nos
Estádios I e II, respectivamente. No Estádio I a máxima tensão de compressão (σc) ainda pode ser
avaliada de acordo com a lei de Hooke, o mesmo não valendo para o Estádio II.
a)
tração
compressão
b) a b
a b
s
s t < ct,f s
d) b
b
Estádio II
Seção b-b
c c = fc
s s > fy
tensões principais de tração σI , por influência das forças cortantes. Essas fissuras inclinadas são
chamadas de “fissuras de flexão com força cortante”, ou fissuras de flexão com cisalhamento, que
não é o termo mais adequado porque tensões de cisalhamento não ocorrem por ação exclusiva de
força cortante.
Nas proximidades dos apoios, como a influência dos momentos fletores é muito pequena,
podem surgir as chamadas “fissuras por força cortante, ou de cisalhamento” (ver Figura 7d e
Figura 8). Com carga elevada, a viga se apresenta no Estádio II em quase toda a sua extensão.
II
M
+
x
+
- V
Além dos estados de tensão relativos às tensões principais, como o indicado na Figura 10b,
outros estados podem ser representados, com destaque para aquele segundo os eixos x-y (Figura
10a), que define as tensões normais σx e σy e as tensões de cisalhamento τxy e τyx .
(+)
(-)
yx
x X
xy
II
(-) +
(+) I
y=0
y y
De modo geral, as tensões verticais σy podem ser desprezadas, tendo importância apenas
nos trechos próximos à introdução de forças na viga (região de forças externas aplicadas, apoios,
etc.).
Considerando σy = 0, as expressões que correlacionam σI e σII com as componentes σx e τ
(lembrando que τ = τxy = τyx) são:
σx 1
σI = + σ x 2 + 4τ 2 Eq. 5
2 2
σx 1
σ II = − σ x 2 + 4τ 2 Eq. 6
2 2
b
Rc
s Rs
b
Rc
a) armadura transversal a 45°; b) armadura transversal a 90°.
Os estribos devem estar próximos entre si a fim de interceptarem qualquer possível fissura
inclinada devido às forças cortantes, pois uma ruptura precoce pode ocorrer quando a distância
entre os estribos for ≥ 2 z para estribos inclinados a 45° e > z para estribos a 90° (Figura 12).
Em 1968, Fenwick e Paulay afirmaram que o mecanismo de ruptura das vigas por efeito de
força cortante não estava ainda claramente definido.
Os mecanismos existentes numa viga responsáveis pela transferência da força cortante são
complexos e difíceis de identificar e medir, porque após a fissuração ocorre uma complexa
redistribuição de tensões, influenciada por vários fatores.
Os mecanismos básicos responsáveis pela transferência da força cortante numa viga são
vários, e cada um deles tem uma importância relativa de acordo com o pesquisador ou órgão.
Excluindo-se a armadura transversal são cinco os mecanismos mais importantes: 1) força cortante
na zona de concreto não fissurado (banzo de concreto comprimido – Vcz); 2) engrenamento dos
agregados ou atrito das superfícies nas fissuras inclinadas (Vay); 3) ação de pino da armadura
longitudinal (Vd); 4) ação de arco; 5) tensão de tração residual transversal existente nas fissuras
inclinadas (MACGREGOR e WIGHT, 2005).
UNESP (Bauru/SP) – Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos
1309–Estruturas de Concreto II – Dimensionamento de Vigas de Concreto Armado à Força Cortante 11
Três desses mecanismos estão mostrados na Figura 13, sendo a contribuição de cada um
mostrada na Figura 14.
Nas proximidades dos apoios o banzo comprimido inclina-se em sua direção, formando
um arco, como ilustrado na Figura 15.
P P
A formação do arco requer uma reação horizontal no apoio, que em vigas bi-apoiadas pode
ser fornecida pela armadura longitudinal positiva, que deve ser cuidadosamente ancorada nas
extremidades da viga para servir a esta função.
a Va M
= = Eq. 7
d Vd Vd
A zona não fissurada de concreto comprimido pela flexão (banzo de concreto) contribui e
proporciona uma certa resistência à força cortante atuante numa viga ou laje fissurada. A
integração das tensões de cisalhamento sobre a altura desse banzo comprimido fornece uma
componente de força cortante, que é as vezes a explicação para a chamada “contribuição do
concreto” (concrete contribution), como encontrado em textos de normas estrangeiras,
principalmente o ACI 318. Essa componente de força cortante não é a componente vertical de um
banzo de concreto comprimido inclinado (ASCE-ACI, 1998).
A contribuição do banzo comprimido depende principalmente da altura da zona
comprimida, conseqüentemente, vigas com alturas baixas sem força axial de compressão
apresentam pequena contribuição à resistência, porque a altura do banzo é relativamente pequena
(TAYLOR, 1972, REINECK, 1991). Diversas pesquisas experimentais executadas em vigas com
armadura transversal mostraram que a contribuição da zona do banzo comprimido de concreto
alcança valores entre 20 % e 40 % de resistência à força cortante na seção, sendo esta variação
dependente principalmente da forma e da natureza das fissuras nas vigas, conforme ACHAYA e
KEMP (1965), FENWICK e PAULAY (1968), TAYLOR (1972) e GERGELY (1969), citados no
ASCE-ACI (1973).
Devido à rugosidade dos agregados ocorre um engrenamento entre eles nas superfícies das
fissuras, o que proporciona uma resistência ao deslizamento e a transferência de força cortante
através uma fissura inclinada.
O termo engrenamento dos agregados (aggregate interlock) vem sendo substituído por
atrito entre as superfícies (crack friction), porque os concretos de alta resistência têm matriz com
resistência semelhante à dos agregados, contribuindo para o mecanismo da transferência de força
cortante, mesmo após a propagação da fissura entre os agregados. Além disso o termo também
indica que o mecanismo não depende meramente das característica do material, o concreto.
Nas duas últimas décadas foram feitos grandes progressos para o entendimento desse
mecanismo, principalmente por MILLARD e JOHNSON (1984), GAMBAROVA (1981),
WALRAVEN (1981) e NISSEN (1987), entre outros citados pelo ASCE-ACI (1998).
São quatro os parâmetros mais importantes no mecanismo de atrito nas fissuras: tensão de
cisalhamento nas interfaces, tensão normal, largura e escorregamento da fissura.
O atrito entre duas superfícies de concreto é reconhecido como um mecanismo básico para
a resistência à força cortante em elementos fletidos de concreto. O atrito é aquele que ocorre numa
fissura do concreto quando um deslocamento (s) é imposto à fissura (Figura 16).
Segundo POLI et al. (1987), o mecanismo de engrenamento dos agregados na interface das
fissuras proporciona uma contribuição significativa à resistência à força cortante de vigas de
Concreto Armado e Protendido. Ensaios experimentais indicaram que entre 33 % e 50 % da força
cortante total sobre a viga pode ser transferida pelo engrenamento das interfaces. Outras
considerações que esses pesquisadores apresentaram são:
a) os fatores que mais influenciam o fenômeno são a largura da fissura e o tamanho dos
agregados. A resistência diminui com o aumento da largura da fissura e a diminuição do tamanho
dos agregados. Concretos com maiores resistências tendem a apresentar superfícies menos
rugosas, e conseqüentemente menor transferência de força cortante;
b) quanto menor a largura da fissura maior é a área de contato. A transferência depende também
da capacidade de deformação elástica ou plástica da área de contato com relação a uma força
aplicada. A deformação depende da quantidade de água e ar da matriz argamassa;
c) a contribuição do engrenamento dos agregados é maior nas seções onde as fissuras por cortante
desenvolvem-se dentro da alma da viga, e menor nas fissuras inclinadas que são continuidade de
fissuras de flexão, iniciadas na borda tracionada da viga. A porcentagem da contribuição é maior
para valores baixos e médios da tensão ou resistência última ao cortante, mas é ainda notada em
valores maiores, quando os efeitos do engrenamento dos agregados diminui devido aos
deslocamentos menores das interfaces;
d) uso de estribos de pequeno diâmetro favorecem o engrenamento dos agregados.
A Figura 17 mostra um diagrama com a taxa de armadura transversal (ωst) no eixo vertical,
como uma função da tensão última à força cortante (τuo), relativa à resistência do concreto à
compressão (fc). As taxas de armaduras teóricas são mostradas segundo o modelo de treliça sem
consideração do engrenamento dos agregados, segundo as normas CEB e ACI. Os valores são
relativos ao concreto com f’c de 21 MPa e aço com fy de 500 MPa. A reta I é relativa ao modelo
de treliça considerando-se o engrenamento dos agregados. Nota-se que a reta I tem boa
proximidade com os resultados experimentais, principalmente com τuo/f’c maiores que 0,2.
Figura 19 – Força Vu relativa ao efeito pino em função do diâmetro da barra, para concretos
com resistência à compressão de 30 e 75 MPa (POLI et al., 1992).
aumentando-se o diâmetro da barra. Mesmo para o modo de ruptura tipo II o aumento do diâmetro
da barra afeta negativamente a eficiência da resistência do mecanismo do efeito pino.
Figura 22 – Notação dos cobrimentos de concreto de uma barra de aço inserida no concreto.
(VINTZILEOU, 1997).
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1309–Estruturas de Concreto II – Dimensionamento de Vigas de Concreto Armado à Força Cortante 18
Quando o concreto fissura não ocorre uma separação completa, porque pequenas partículas
do concreto ligam as duas superfícies e continuam a transmitir forças de tração, para pequenas
aberturas de fissura entre 0,05 e 0,15 mm. Essa capacidade do concreto contribui para a
transferência de força cortante, importante quando a abertura da fissura ainda é pequena. Vigas
grandes próximas à ruptura com fissuras de grande abertura mostram menor contribuição das
tensões residuais de tração.
A aplicação da mecânica da fratura ao projeto à força cortante toma como base a premissa
de que a tensão de tração residual é o mecanismo de transferência mais importante de força
cortante. Outros métodos, como o modelo de dente (tooth model) de REINECK (1991), indica que
as tensões de tração residuais fornecem uma importante porção da resistência à força cortante de
elementos com alturas menores que 100 mm, onde a largura das fissuras inclinadas e de flexão
são pequenas.
Numa viga, antes do surgimento das fissuras inclinadas a deformação nos estribos é a
mesma do concreto adjacente ao estribo, e como a tensão de tração que causa a fissura no
concreto é pequena, a tensão no estribo também é pequena. De modo que somente após ocorrer o
início da fissuração inclinada é que os estribos passam a transferir força cortante, isto é, um
estribo passa a ser efetivo ao transferir a força de um lado para outro da fissura inclinada que o
intercepta.
Os estribos também atuam diminuindo o crescimento e a abertura das fissuras inclinadas,
proporcionando uma ruptura mais dúctil às vigas. A existência do estribo na viga faz com que
ocorra uma mudança na contribuição relativa de cada um dos diferentes mecanismos resistentes à
força cortante.
A contribuição da armadura transversal à resistência ao cortante da viga é tipicamente
computada por meio da treliça clássica, somada à contribuição do concreto, ou por meio da treliça
de ângulo variável sem a contribuição do concreto.
Nas cargas concentradas tem grande influência a distância do apoio até a carga. Já para as
cargas uniformes tem grande influência a esbeltez l/h. Quanto à ruptura de uma viga com e sem
armadura transversal por força cortante, a posição mais perigosa de uma carga concentrada foi
determinada para o trecho a = 2,5h a 3,5h, o que corresponde a uma relação momento-força
cortante de M/Vh = a/h = 2,5 a 3,5. Para cargas distribuídas, rigidezes de l/h =10 a 14 são as que
conduzem a maiores perigos de ruptura por força cortante e, conseqüentemente, na menor
capacidade resistente à força cortante.
A capacidade resistente à força cortante aumenta bastante para cargas próximas ao apoio,
para uma relação decrescente a/h < 2,5. Um aumento correspondente acontece com carga
distribuída, quando l/h < 10. Isto explica porque o efeito de viga escorada é tão mais favorável,
quando mais inclinadas (em relação à horizontal) forem as diagonais comprimidas de concreto.
Deve-se prever, a propósito, uma boa ancoragem da armadura longitudinal do banzo tracionado.
Efetuando-se a ligação de uma viga em toda sua altura d com outra viga, a viga que se
apóia distribui sua carga ao longo da altura da alma da viga que serve de apoio. Diz-se então que
se trata de um carregamento ou apoio indireto. Nos ensaios foi possível mostrar que, na região de
cruzamento dessas vigas, é necessária uma armadura de suspensão, deve ser dimensionada para a
força total atuante no apoio ou nó.
Uma viga no Estádio II transfere sua carga ao apoio primordialmente pela diagonal de
compressão, e as diagonais comprimidas no modelo treliça define claramente a necessidade de
montantes verticais de tração, ou seja, armadura de suspensão. Entretanto, fora da região de
cruzamento, a viga não é influenciada pelo tipo de introdução de carga ou de apoio, isto é, o
comportamento em relação à força cortante é o mesmo que para o apoio ou carregamento direto.
Essas mesmas considerações valem para o dimensionamento à força cortante. Na região de
cruzamento, a armadura de suspensão atende simultaneamente à função de armadura de
transversal.
As cargas penduradas na parte inferior de uma viga produzem tração na alma e devem ser
transferidas pelas barras de tração da alma ao banzo comprimido. Essa armadura de suspensão é
adicional à armadura transversal normal para a força cortante.
O desenvolvimento de uma fissura inclinada por força cortante, ou seja, seu aumento até
próximo da borda superior da zona comprimida de concreto, depende da rigidez à deformação do
banzo tracionado, ou seja, quanto mais fraco for o banzo tracionado, tanto mais ele se alonga com
o aumento da carga e tão mais depressa a fissura inclinada se torna perigosa.
O banzo tracionado não pode, portanto, ser muito enfraquecido na região de uma possível
ruptura por força cortante. Também um escorregamento da ancoragem no apoio tem um efeito
enfraquecedor. Ambas as influências devem ser consideradas como detalhes construtivos na
execução da armadura.
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1309–Estruturas de Concreto II – Dimensionamento de Vigas de Concreto Armado à Força Cortante 20
A forma da seção transversal tem uma forte influência sobre o comportamento resistente
de vigas de Concreto Armado solicitadas à força cortante. A seção transversal retangular pode se
adaptar livremente a uma forte inclinação do banzo comprimido e, freqüentemente, pode absorver
toda a força transversal no banzo comprimido (especialmente no caso de carga distribuída e de
carga concentrada próxima ao apoio).
Em seções transversais de vigas T, a força no banzo comprimido só pode ter uma
inclinação quase horizontal, porque na realidade ela permanece na largura comprimida da laje até
a proximidade do apoio, concentrando-se na alma apenas gradativamente em direção ao apoio. O
banzo comprimido por este motivo, só pode absorver uma parcela da força cortante, e a maior
parte deve ser resistida pelas diagonais comprimidas e pelas barras da armadura transversal. A
relação da rigidez do banzo comprimido de largura bf com a correspondente rigidez das diagonais
comprimidas da alma com largura bw é muito maior em vigas T do que em vigas retangulares.
Nas vigas de seção retangular (bf/ bw = 1), os estribos são submetidos a tensões de
compressão até que, pouco antes da carga de ruptura, uma fissura de cisalhamento cruze o estribo.
Nas vigas T essas tensões no estribo aumentam para almas delgadas, em todos os casos, porém,
essas tensões ficam bem abaixo da tensão de escoamento do aço a qual foi calculada de acordo
com a analogia de treliça clássica de Mörsch (com diagonais a 45º).
Ensaios mostraram também que a inclinação das fissuras inclinadas ou das diagonais
comprimidas varia com a relação bf/ bw, essa inclinação situa-se em torno de 30º para bf / bw = 1 e
cresce para cerca de 45º para bf / bw = 8 a 12.
O dimensionamento da armadura transversal da alma deve ser feito a partir da distribuição
dos esforços internos, pouco antes da ruptura, ou seja, deve ser considerada a largura da alma em
relação a largura do banzo comprimido.
Ensaios realizados segundo uma lei de semelhança com vigas sem armadura transversal e
diferentes alturas d, com igual porcentagem de armadura longitudinal de mesma distribuição de
barras, mostraram que a capacidade resistente à força cortante diminui consideravelmente como
aumento da altura d, quando a granulometria e o cobrimento do concreto não variarem de acordo
com a escala.
verificada na realidade numa viga sob flexão e forças cortantes. Assim ocorre devido
principalmente à redistribuição de tensões de cisalhamento entre as fissuras de flexão, entre outros
fatores, como as tensões existentes devido à retração do concreto.
Segundo a ASCE-ACI (1998), a presença de fissuras inclinadas em vigas sob ações de
serviço são aceitáveis hoje, desde que seja garantida que a abertura das fissuras não ultrapassem
os limites máximos estabelecidos.
Em 1956 ocorreu a ruptura de várias vigas de Concreto Armado, com altura de 91,4 cm,
num galpão da força aérea dos Estados Unidos, com força cortante menor que a metade da força
cortante teórica prevista pela norma ACI (Figura 25). Em investigações realizadas na época vigas
semelhantes foram ensaiadas, porém, com modelos em escala de um terço das vigas reais
rompidas. Os modelos ensaiados mostraram muito maior resistência à ruptura que as vigas do
galpão, e por isso a conclusão para o fator principal da queda foi que a baixa resistência das vigas
ocorreu devido a tensões axiais de tração provocadas por retração restringida pelos pilares.
Figura 25 – Viga rompida do galpão da força aérea dos Estados Unidos (CLADERA, 2002).
Hoje, com os maiores conhecimentos sobre a influência da altura da viga sobre sua
resistência à força cortante, explica-se a ruptura das vigas pela influência da altura, não
corretamente avaliada pelo ACI da época. Porém, o entendimento de tal comportamento das vigas
ainda não está completamente entendido pelos pesquisadores, dada as diferentes explicações
existentes para o fenômeno. Alguns creditam à redução da transferência de força cortante nas
interfaces das fissuras devido a maior largura das fissuras que ocorrem em vigas de grande altura.
Outros creditam que, em vigas altas, a propagação de fissuras inclinadas ocorre de maneira mais
rápida, o que diminui a resistência à força cortante.
Numa viga simples sob carregamento de forças concentradas chama-se “a” a distância
entre o apoio e a força concentrada aplicada (“shear span”). Costuma-se analisar a influência desta
distância com relação à altura útil das vigas, isto é, a razão a/d, que serve como um indicativo da
esbeltez das vigas.
Quando a relação a/d diminui a resistência da viga à força cortante aumenta, sendo
particularmente importante em relações menores que 2,5 a 3,0, porque uma parcela significativa
da força cortante é transmitida diretamente ao apoio pela ação de arco. E quanto menor a relação
a/d mais pronunciada se torna a ação de arco. As vigas-paredes são exemplos típicos da existência
do efeito arco de forma pronunciada.
Em vigas simples sob cargas concentradas a seção sob máximo momento fletor e força
cortante ocorre na distância a/d, pois Mmáx = Vmáx . a , e a razão de momento fletor para força
cortante é Mmáx / Vmáx . d = a/d. No caso de viga sob carregamento uniformemente distribuído a
relação é Mmáx / Vmáx . d = l / 4d, o que significa que a é a distância entre o apoio e a resultante da
carga uniformemente distribuída numa metade do vão.
O valor de a também relaciona as capacidades das vigas à flexão e à força cortante. Numa
ruptura por flexão a força cortante pode ser calculada dividindo-se o momento de ruptura por a, e
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1309–Estruturas de Concreto II – Dimensionamento de Vigas de Concreto Armado à Força Cortante 24
numa ruptura por efeito de força cortante o momento fletor no meio do vão será calculado
multiplicando-se a força cortante de ruptura por a.
A ruptura de vigas de Concreto Armado por efeito de força cortante caracteriza-se pela
ocorrência de fissuras inclinadas, que pode, em alguns casos, ser seguida pela ruptura da viga, e
em outros casos, a viga ainda pode suportar acréscimos de carga antes da ruptura.
As fissuras inclinadas podem se desenvolver na alma das vigas como uma extensão de fissuras de
flexão já existentes ou de maneira independente. A primeira fissura é chamada “fissura por flexão
e força cortante” e a segunda como “fissura por força cortante”. Ocorre também a fissura por
flexão pura, como indicadas na Figura 8.
Além dos três tipos de fissuras básicas podem também ocorrer outras fissuras secundárias,
muitas vezes em decorrência de tensões de tração que causam fissuras de fendilhamento, com o
escorregamento relativo entre a barra de aço e o concreto, ou de forças oriundas da ação de pino
de barras longitudinais transferindo força cortante através de uma fissura.
De acordo com o ACI-ASCE 426 (1973), a maneira como as fissuras inclinadas se
desenvolvem e crescem e o tipo de ruptura que ocorre na seqüência depende muito da relação
entre as tensões de cisalhamento e as tensões normais de flexão, que podem ser definidas
aproximadamente como:
V
τ = α1 Eq. 8
bw d
M
σx = α2 Eq. 9
bf d 2
onde bf é a largura da mesa, bw é a largura da alma, d é a altura útil, e α1 e α2 são coeficientes que
dependem de várias variáveis, como a geometria, tipo de carga, quantidade e posição das
armaduras, tipo de aço, concreto, etc.
Uma viga submetida a forças concentradas tem a seguinte relação entre tensões:
σx ⎛a⎞⎛b ⎞
= α 3 ⎜ ⎟ ⎜⎜ w ⎟⎟ Eq. 10
τ ⎝ d ⎠ ⎝ bf ⎠
onde: α3 = α2/α1;
a = distância entre a força aplicada e o apoio (shear span).
A relação a/d é útil para ilustrar a variação entre a carga correspondente à fissura inclinada
e a capacidade da viga retangular à força cortante.
Quando todas as variáveis são mantidas constantes, a influência de a/d sobre a fissuração
de vigas retangulares bi-apoiadas em função da esbeltez é classificada como ilustrado a seguir.
As vigas nesta categoria rompem por flexão geralmente antes do surgimento de fissuras
inclinadas.
Além das fissuras de flexão surgem também fissuras de flexão com influência da força
cortante, isto é, fissuras que se iniciam verticais e depois se inclinam em direção ao banzo
comprimido. Fissuras inclinadas devidas à força cortante podem propagar-se em direção ao topo e
à base da viga, causar o escoamento das armaduras e separar a viga em duas partes, o que é
chamado ruptura por tração diagonal (Figura 26).
Uma fissura inclinada pode propagar-se pela armadura longitudinal, causando perda de
aderência entre as barras longitudinais e o concreto, que escorrega e leva à ruptura da ancoragem
(Figura 27). Não ocorrendo falha da aderência pode ocorrer ruptura por esmagamento do concreto
comprimido do banzo superior, devido ao prolongamento da fissura inclinada em direção ao topo
da viga, que diminui a área do banzo (Figura 28).
e) viga I
Além disso, os estribos proporcionam uma pequena resistência por ação de pino nas
fissuras e aumentam a resistência da zona comprimida de concreto pelo confinamento que
promovem.
A Figura 31 mostra a atuação ou trabalho desenvolvido pelo estribo vertical na analogia de
treliça, para uma viga com tração na fibra inferior. No nó inferior o estribo entrelaça a armadura
longitudinal tracionada e no nó superior o estribo ancora-se no concreto comprimido e na
armadura longitudinal superior.
As bielas de compressão se apóiam nas barras da armadura longitudinal inferior, no trecho
final dos ramos verticais dos estribos e nos seus ramos horizontais, principalmente na intersecção
do estribo com as barras longitudinais.
O ramo horizontal inferior dos estribos é importante porque, além de servir de apoio às
bielas, também atua para equilibrar as tensões de tração oriundas da inclinação transversal das
bielas diagonais, como indicado na Figura 31III e IV.
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1309–Estruturas de Concreto II – Dimensionamento de Vigas de Concreto Armado à Força Cortante 28
As formas de ruptura de vigas por efeito de força cortante também foram estudadas por
LEONHARDT e MÖNNIG (1982), e são descritas a seguir.
Quando as tensões principais de tração inclinadas σI alcançam a resistência do concreto à
tração, surgem as primeiras fissuras devidas à força cortante, perpendiculares à direção de σI ,
como mostrado anteriormente. À medida que as fissuras vão surgindo ocorre uma redistribuição
dos esforços internos, e a armadura transversal e as diagonais comprimidas passam então a
“trabalhar” de maneira mais efetiva. A redistribuição de esforços depende da quantidade e da
direção da armadura transversal, o que leva a diversos tipos de ruptura por força cortante.
Com o aumento do carregamento as fissuras de flexão na região de maiores forças
cortantes propagam-se com trajetória inclinada, dando origem às chamadas fissuras de flexão com
cortante. Se a armadura transversal for insuficiente, o aço atinge a deformação de início de
escoamento (εy). As fissuras inclinadas por efeito da força cortante próximas ao apoio
desenvolvem-se rapidamente em direção ao banzo comprimido, diminuindo a sua seção resistente,
que por fim pode se romper bruscamente (Figura 33). A total falta de armadura transversal
também pode levar a esta forma de ruptura. A fissura propaga-se também pela armadura
longitudinal de tração nas proximidades do apoio, separando-a do restante da viga (Figura 33).
Figura 33 – Ruptura de viga e laje por rompimento do banzo superior comprimido de concreto.
(LEONHARDT e MÖNNIG, 1982).
Pode também ocorrer o rompimento dos estribos, antes da ruptura do banzo comprimido,
ou a ruptura na ligação das diagonais comprimidas com o banzo comprimido. A Figura 34 mostra
a ruptura que pode ocorrer por rompimento ou deformação excessiva dos estribos.
Figura 34 – Ruína da viga por rompimento dos estribos (LEONHARDT e MÖNNIG, 1982).
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1309–Estruturas de Concreto II – Dimensionamento de Vigas de Concreto Armado à Força Cortante 30
Em seções com banzos reforçados, como seções I, que possuam armaduras longitudinal e
transversal reforçadas, formam-se muitas fissuras inclinadas, e as bielas de compressão entre as
fissuras podem romper de maneira brusca ao atingir a resistência do concreto à compressão. Tal
ruptura ocorre quando as diagonais são solicitadas além do limite da resistência do concreto, antes
que a armadura transversal entre em escoamento (Figura 35).
As bielas de compressão delimitam o limite superior da resistência das vigas ao esforço
cortante, o que depende da resistência do concreto. A tensão de compressão nas bielas depende da
inclinação dos estribos, como se verá adiante.
Neste item são apresentadas as equações para as forças e as tensões nas barras da treliça
clássica, e no item 11 as equações para a treliça generalizada, que servem de base para a dedução
das equações contidas na NBR 6118/03 para o dimensionamento das vigas à força cortante. A
treliça clássica é a admitida pela NBR 6118/03 para o Modelo de Cálculo I (item 17.4.2.2), onde o
ângulo θ é fixo com valor de 45°.
A analogia de uma viga fissurada com uma treliça foi introduzida por RITTER (1899), e
serviu para o entendimento do comportamento das vigas à força cortante durante o início do
século 20. Cada barra da treliça, indicada na Figura 36, representa uma parte de uma viga simples:
o banzo inferior é a armadura longitudinal de tração, o banzo superior é o concreto comprimido
pela flexão, as diagonais inclinadas de 45° representam o concreto comprimido entre as fissuras
(bielas de compressão) e as diagonais tracionadas inclinadas do ângulo α os estribos. Essa treliça
é a chamada “treliça clássica”. Para estribos verticais imagina-se as diagonais tracionadas
dispostas na vertical, com ângulo α de 90°. Este modelo de Ritter foi melhorado por Mörsch,
assumindo que as diagonais comprimidas estendem-se por mais de um estribo.
O modelo de treliça tradicional assume que as bielas de compressão são paralelas à direção
das fissuras inclinadas e que nenhuma tensão é transferida através as fissuras. No entanto, existem
dois mecanismos que não são considerados no modelo de treliça tradicional: 1) as tensões de
tração que existem no concreto transversalmente às bielas de compressão; 2) as tensões de
cisalhamento que são transferidas nas faces das fissuras inclinadas pela ação do engrenamento dos
agregados ou atrito. Esses mecanismos resultam: 1) o ângulo da tensão principal de compressão
na alma é menor que o ângulo de inclinação das fissuras; 2) uma componente vertical da força ao
longo da fissura que contribui para a resistência à força cortante, sendo esse mecanismo resistente
chamado como “contribuição do concreto” (Vc). Geralmente, a tensão de tração no concreto entre
as fissuras não é considerada nos modelos de treliça (ASCE-ACI, 1998).
A treliça clássica despreza a resistência do concreto à tração e mesmo após a fissuração da
viga as diagonais de compressão mantém-se inclinadas de 45°. A “contribuição do concreto” é
considerada por meio da parcela Vc , com diferentes valores para cada norma.
Considere uma viga bi-apoiada, com o carregamento de uma força concentrada P, e com
força cortante constante. A analogia dessa viga fissurada (Estádio II) com a treliça clássica, com
ângulo θ de inclinação das diagonais comprimidas (bielas de compressão) de 45° e com diagonais
tracionadas inclinadas de um ângulo α qualquer, está mostrada na Figura 36.
Sendo a treliça isostática, as forças nas barras podem ser determinadas considerando-se
apenas as condições de equilíbrio dos nós, a partir da força cortante. Considerando a seção 1-1 da
treliça sob atuação da força cortante V, a força na diagonal comprimida (biela de compressão -
Rcb) é:
V = R cb sen 45 Eq. 11 1
R cb
V V
R cb = = 2 V Eq. 12
sen 45
45°
1
V= P V= P
2 2
V
z (
2
1
+
banzo comprimido
co
tg
)
diagonal comprimida
P
1
V z
θ = 45°
45°
1
z ( 1 + cotg )
V= P
2
diagonal tracionada banzo tracionado
z
(1 + cotg α )
2
A força em cada diagonal comprimida pode ser considerada aplicada na área de concreto
(área da biela):
z
bw . (1 + cotg α )
2
R cb 2 2 V
σ cb = =
bw
z
(1 + cotg α ) b w z (1 + cotg α )
2
2V
σ cb =
b w z (1 + cotg α )
Eq. 13
A força na diagonal tracionada (Rs,α), inclinada do ângulo α, pode ser determinada fazendo
o equilíbrio da seção 1-1 da treliça (Figura 36):
V = R s, α sen α Eq. 14
V
R s,α
V
R s ,α = Eq. 15
sen α
α
Cada diagonal de tração com força Rs,α é relativa a um comprimento da viga, a distância z
(1 + cotg α), medida na direção do eixo longitudinal, e deve ser resistida por uma armadura
chamada transversal, composta por barras (estribos) espaçadas num comprimento s e inclinadas
de um ângulo α (Figura 37).
A sw,
s s s s s s s
z ( 1 + cotg )
z (1 + cotg α )
A sw ,α
s
onde z (1 + cotg α)/s representa o número de estribos nesse comprimento. A tensão σsw na
armadura transversal resulta:
R s,α V s
σ sw ,α = =
A sw ,α z (1 + cotg α ) z (1 + cotg α ) sen α A sw ,α
s
α
s
V s
σ sw ,α =
z (sen α + cos α ) A sw ,α Eq. 16 Asw,α
O fato já enunciado da armadura transversal inclinada de 45° ser mais eficiente, por
acompanhar a inclinação das tensões principais de tração σI , fica evidenciado ao se comparar as
equações da tensão na armadura transversal (σsw). Nota-se que a armadura a 45° resulta 2 vezes
menor que a armadura a 90°. No entanto, a armadura a 45° apresenta comprimento 2 vezes
maior que a armadura a 90°, o que acaba levando a consumos de armadura praticamente iguais.
P P
- 30° - 38°
- 38° - 45°
Para levar em conta a menor inclinação das fissuras surgiu, na década de 60, a chamada
“treliça generalizada”, com ângulos θ menores que 45° para a inclinação das diagonais
comprimidas (Figura 39). A determinação correta do ângulo θ para uma viga é muito complexa,
porque depende de inúmeros fatores.
A dedução das forças na treliça generalizada é semelhante àquela já apresentada para a
treliça clássica. Sendo V a força cortante que atua na seção 1-1 da treliça (Figura 39), a força na
diagonal comprimida (Rcb) é:
V = R cb sen θ Eq. 17 1
V
R cb = Eq. 18 R cb
sen θ V
banzo comprimido
diagonal comprimida
P
1
V z
θ θ α
1
z(cotg θ + cotg α)
V= P
2
diagonal tracionada banzo tracionado
A força em cada diagonal comprimida pode ser considerada aplicada na área de concreto
(área da biela):
R cb
σ cb =
b w z (cot g θ + cotg α ) sen θ
V
σ cb =
b w z (cot g θ + cotg α ) sen 2 θ
Eq. 19
A força na diagonal tracionada (Rs,α) pode ser determinada fazendo o equilíbrio da seção
1-1 da treliça (Figura 39):
V = R s, α sen α Eq. 20
V V
R s ,α = Eq. 21 R s,α
sen α
α
Cada diagonal de tração com força Rs,α é relativa a um comprimento da viga, a distância
z (cotg θ + cotg α), medida na direção do eixo longitudinal da viga, e deve ser resistida por uma
armadura transversal composta por barras (estribos) espaçadas num comprimento s e inclinadas de
um ângulo α, como indicado na Figura 39.
Considerando Asw a área de aço de um estribo, a área total de armadura no comprimento
z (cotg θ + cotg α) é dada por:
z (cotg θ + cot g α )
A sw ,α
s
onde z (cotg θ + cotg α)/s representa o números de estribos nesse comprimento. A tensão σsw na
armadura transversal resulta:
R s ,α
σ sw ,α =
A sw z (cot g θ + cotg α )
s
α
V s
s
σ sw ,α =
z (cot g θ + cotg α ) sen α A sw ,α
Asw,α
Eq. 22
A partir de março de 2003 uma nova versão da NBR 6118 entrou em vigor no Brasil,
trazendo significativas mudanças em relação à sua versão anterior, a NB 1/78, quanto ao
dimensionamento da armadura transversal para a resistência de elementos de Concreto Armado e
Concreto Protendido à força cortante. A nova NBR 6118/03 manteve a hipótese básica da
analogia de viga fissurada com uma treliça, de banzos paralelos. Porém, introduziu algumas
inovações, como a possibilidade de considerar inclinações diferentes de 45° para as diagonais
comprimidas (bielas de compressão), novos valores adotados para a parcela Vc da força cortante
absorvida por mecanismos complementares de treliça, adoção da resistência do concreto à
compressão para região fissurada (fcd2), constante no código MC-90 do CEB-FIP (1991) e
consideração de uma nova sistemática para verificação do rompimento das diagonais
comprimidas, por meio da força cortante resistente de cálculo (VRd2) em substituição à tensão de
cisalhamento última (τwu).
A norma dividiu o cálculo segundo dois modelos, os Modelos de Cálculo I e II. O Modelo
de Cálculo I admite a chamada treliça clássica, com ângulo de inclinação das diagonais
comprimidas (θ) fixo em 45°. Já o Modelo de Cálculo II considera a chamada treliça generalizada,
onde o ângulo de inclinação das diagonais comprimidas pode variar entre 30° e 45°. Aos modelos
de treliça foi associada uma força cortante adicional Vc , proporcionada por mecanismos
complementares ao de treliça.
O Modelo de Cálculo I é semelhante ao método constante da versão anterior da norma
(NB 1/78), porém, com alteração no valor da parcela Vc . Pode-se dizer que a nova metodologia
introduzida pela NBR 6118/03 segue em linhas gerais o MC-90 do CEB-FIP (1991) e o Eurocode
2 de 1992, com algumas mudanças e adaptações (SIMPLICIO e ÁVILA, 2005).
A condição de segurança do elemento estrutural é satisfatória quando são verificados os
Estados Limites Últimos, atendidas simultaneamente as duas condições seguintes:
No Modelo de Cálculo I a NBR 6118/03 (item 17.4.2.2) adota a treliça clássica de Ritter-
Mörch, ao admitir o ângulo θ de 45o para as diagonais comprimidas de concreto (bielas de
compressão), e a parcela complementar Vc tem valor constante, independentemente do esforço
cortante VSd .
A equação que define a tensão de compressão nas bielas de concreto para a treliça clássica
(θ = 45o) foi deduzida no item 10 (Eq. 13):
2V
σ cb =
b w z (1 + cotg α )
A norma limita a tensão de compressão nas bielas ao valor fcd2 , como definido no código
MC-90 do CEB (1991). O valor fcd2 atua como um fator redutor da resistência à compressão do
concreto, quando há tração transversal por efeito de armadura e existem fissuras transversais às
tensões de compressão (Figura 40). O valor fcd2 é definido por:
⎛ f ⎞
f cd 2 = 0,60 ⎜1 − ck ⎟ f cd = 0,60 α v 2 f cd Eq. 25
⎝ 250 ⎠
tensão de tração
de armadura
fissura
⎛ f ck ⎞
A NBR 6118 (item 17.4.2.2) chama o fator ⎜1 − ⎟ de αv2 . Na Eq. 13, substituindo z
⎝ 250 ⎠
por 0,9 d, σcb por fcd2 e fazendo V como a máxima força cortante resistente (VRd2) correspondente
à ruína das diagonais comprimidas de concreto, tem-se:
2 VRd 2
0,60 α v 2 f cd =
bw 0,9d (1 + cotg α )
f ck
com α v 2 = 1 − (fck em MPa).
250
Portanto, conforme a Eq. 23, para não ocorrer o esmagamento das diagonais comprimidas
deve-se ter:
VSd ≤ VRd 2
Da Eq. 24 (VSd ≤ VRd3), fazendo a força cortante de cálculo (VSd) igual à máxima força
cortante resistente de cálculo, relativa à ruptura da diagonal tracionada (armadura transversal),
tem-se:
Vc = 0
sendo:
A força Vc0 representa a resistência à força cortante de uma viga sem estribos, ou seja, é a
força cortante que uma viga sem estribos pode resistir.
c) na flexo-compressão
⎛ M0 ⎞
Vc = Vc0 ⎜1 + ⎟ ≤ 2 Vc 0 Eq. 31
⎜ M ⎟
⎝ Sd , máx ⎠
onde:
bw = menor largura da seção, compreendida ao longo da altura útil d;
d = altura útil da seção, igual à distância da borda comprimida ao centro de gravidade da
armadura de tração;
s = espaçamento entre elementos da armadura transversal Asw, medido segundo o eixo
longitudinal do elemento estrutural;
fywd = tensão na armadura transversal passiva, limitada ao valor fyd no caso de estribos e a
70 % desse valor no caso de barras dobradas, não se tomando, para ambos os casos,
valores superiores a 435 MPa;
α = ângulo de inclinação da armadura transversal em relação ao eixo longitudinal do
elemento estrutural, podendo-se tomar 45° ≤ α ≤ 90°;
M0 = momento fletor que anula a tensão normal de compressão na borda da seção
(tracionada por Md,max), provocada pelas forças normais de diversas origens concomitantes
com VSd, sendo essa tensão calculada com valores de γf e γp iguais a 0,9, os momentos
correspondentes a essas forças normais não devem ser considerados no cálculo dessa
tensão pois são considerados em MSd, apenas os momentos isostáticos de protensão;
MSd,max = momento fletor de cálculo, máximo no trecho em análise, que pode ser tomado
como o de maior valor no semitramo considerado, (para esse cálculo, não se consideram
os momentos isostáticos de protensão, apenas os hiperestáticos).
A equação que define a tensão na diagonal tracionada para a treliça clássica (θ = 45o) foi
deduzida no item 10 (Eq. 16):
V s
σ sw ,α =
z (sen α + cos α ) A sw ,α
Substituindo z por 0,9 d, V por Vsw, e fazendo σsw,α igual à máxima tensão admitida na
armadura (fywd), a Eq. 16 modifica-se para:
Vsw s
f ywd =
0,9 d (sen α + cos α ) A sw ,α
Eq. 33
A sw ,α Vsw
= Eq. 34
s 0,9 d f ywd (sen α + cos α)
A NBR 6118/03 (item 17.4.2.2) limita a tensão fywd ao valor de fyd para armadura
transversal constituída por estribos, e a 70 % de fyd quando forem utilizadas barras dobradas
inclinadas, não se tomando, para ambos os casos, valores superiores a 435 MPa. Portanto, para
estribos tem-se:
f yk f yk
f ywd = f yd = = ≤ 435 MPa
γs 1,15
A tensão máxima imposta pela norma refere-se ao aço CA-50, pois fyd = 50/1,15 = 435
MPa. No caso do dimensionamento do estribo ser feito com o aço CA-60, esta tensão máxima
também deve ser obedecida, ou seja, deve-se calcular como se o aço fosse o CA-50.
A inclinação dos estribos deve obedecer à condição 45 o ≤ α ≤ 90 o . Para estribo inclinado
a 45° e a 90° a Eq. 34 fica respectivamente igual a:
A sw , 45 Vsw
= Eq. 35
s 1,27 d f ywd
A sw ,90 Vsw
= Eq. 36
s 0,9 d f ywd
A sw , 45 Vsw
= Eq. 37
s 55,4 d
A sw ,90 Vsw
= Eq. 38
s 39,2 d
A sw
É importante observar que é a armadura transversal por unidade de comprimento da
s
viga e Asw é a área de todos os ramos verticais do estribo.
Para estribo de dois ramos, que é o tipo aplicado na grande maioria das vigas, Asw equivale
à área dos dois ramos verticais do estribo. Para estribos com três ou quatro ramos, Asw é a área de
todos os três ou quatro ramos verticais do estribo (Figura 41).
A sw A sw
Conforme a Eq. 19, no item 11 foi deduzida a expressão para a tensão nas bielas de
concreto para a treliça com diagonais comprimidas inclinadas de um ângulo θ:
V
σ cb =
b w z (cot g θ + cot g α ) sen 2 θ
A norma limita a tensão nas bielas comprimidas ao valor fcd2 , valor este constante no
código MC-90 do CEB (1991) e definido no item 12.1.1. O valor fcd2 (Eq. 25) é definido por:
⎛ f ⎞
f cd 2 = 0,60 ⎜1 − ck ⎟ f cd , com fck em MPa.
⎝ 250 ⎠
⎛ f ck ⎞
Chamando o fator ⎜1 − ⎟ de αv2 e substituindo z por 0,9 d, σcb por fcd2 e V pela
⎝ 250 ⎠
máxima cortante resistente de cálculo (VRd2), a Eq. 19 transforma-se em:
VRd 2
0,60 α v 2 f cd =
b w 0,9 d (cot g θ + cot g α ) sen 2 θ
Para não ocorrer o esmagamento das diagonais comprimidas, conforme a Eq. 23 deve-se
ter:
VSd ≤ VRd 2
Da Eq. 24, fazendo a cortante de cálculo (VSd) igual à máxima cortante resistente de
cálculo, relativa à ruptura da diagonal tracionada (armadura transversal), tem-se:
Vc = 0
Vc = Vc1
c) na flexo-compressão
⎛ M0 ⎞
Vc = Vc1 ⎜1 + ⎟ < 2 Vc1 Eq. 40
⎜ M Sd ,máx ⎟
⎝ ⎠
Para a determinação de Vc em função de Vc1 , a seguinte lei de variação para Vc1 deve ser
considerada:
Na Figura 42 são mostrados dois gráficos diferentes que mostram a variação de Vc1 com
VSd , onde, quando VSd for maior que Vc0 , Vc1 pode ser calculada segundo a equação:
VRd 2 − VSd
Vc1 = Vc0 Eq. 42
VRd 2 − Vc 0
Vc1
VRd2 - Vc0
VRd2 - VSd
Vc1
VSd
Vc0
Vc1
0 Vc1
Vc0
VRd2 - VSd
VSd
VRd2 - Vc0
Com o valor de Vc1 conhecido, nas vigas submetidas à flexão simples faz-se Vc = Vc1 , e
aplicando a Eq. 24 calcula-se a parcela Vsw da força cortante a ser resistida pela armadura
transversal, de modo semelhante à Eq. 32:
Vsw = VSd − Vc
A equação que define a tensão na diagonal tracionada para a treliça com ângulo de
inclinação das diagonais comprimidas igual a θ foi deduzida no item 11 (Eq. 22):
V s
σ sw ,α =
z (cot g θ + cotg α ) sen α A sw ,α
limitando σsw,α à máxima tensão admitida na armadura (fywd) e fazendo V = Vsw e z = 0,9d, tem-
se:
Vsw s
σ sw ,α = f ywd =
0,9d (cot g α + cotg θ) sen α A sw ,α
A sw ,α Vsw
=
(cot g α + cotg θ) sen α
Eq. 43
s 0,9 d f ywd
f yk f yk
f ywd = = ≤ 435 MPa para qualquer tipo de aço.
γs 1,15
GARCIA (2002) afirma que uma armadura transversal mínima deve ser colocada nas vigas
a fim de atender os seguintes objetivos:
a) na eventualidade de serem aplicados carregamentos não previstos no cálculo, as vigas não
apresentem ruptura brusca logo após o surgimento das primeiras fissuras inclinadas;
b) limitar a inclinação das bielas e a abertura das fissuras inclinadas;
c) evitar a flambagem da armadura longitudinal comprimida.
Conforme a NBR 6118/03 (item 17.4.1.1.1), em todas as vigas deve existir uma armadura
transversal mínima, sendo estabelecida a seguinte equação para a taxa geométrica mínima,
constituída por estribos:
A sw f ct ,m
ρ sw = ≥ 0,2 Eq. 44
b w s sen α f ywk
onde:
Asw = área da seção transversal total de cada estribo, compreendendo todos os seus ramos
verticais;
s = espaçamento dos estribos;
α = ângulo de inclinação dos estribos em relação ao eixo longitudinal do elemento
estrutural;
bw = largura média da alma;
fywk = resistência ao escoamento do aço da armadura transversal, valor característico;
fct,m = resistência média à tração do concreto.
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1309–Estruturas de Concreto II – Dimensionamento de Vigas de Concreto Armado à Força Cortante 45
A sw ,mín 0,2 f ct ,m
≥ b w sen α Eq. 45
s f ywk
Para estribo vertical (α = 90°) e fazendo o espaçamento s igual a 100 cm, a armadura
mínima fica:
20 f ct ,m
A sw ,mín = bw Eq. 46
f ywk
com: Asw,mín = área da seção transversal de todos os ramos verticais do estribo (cm2/m);
bw em cm;
fywk em kN/cm2.
As armaduras destinadas a resistir aos esforços de tração provocados por forças cortantes
podem ser constituídas por estribos, combinados ou não com barras dobradas ou barras soldadas.
Os estribos para cortantes devem ser fechados através de um ramo horizontal, envolvendo
as barras da armadura longitudinal de tração, e ancorados na face oposta. Quando essa face
também puder estar tracionada, o estribo deve ter o ramo horizontal nessa região, ou
complementado por meio de barra adicional.
5 mm ≤ φt ≤ bw/10 Eq. 47
s ≥ φvibr + 1 cm Eq. 48
A fim de evitar que uma fissura não seja interceptada por pelo menos um estribo, os
estribos não devem ter um espaçamento maior que um valor máximo, estabelecido conforme as
seguintes condições:
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1309–Estruturas de Concreto II – Dimensionamento de Vigas de Concreto Armado à Força Cortante 46
O espaçamento transversal (st) entre os ramos verticais sucessivos dos estribos não deve
exceder os seguintes valores:
⎧≤ 0,20 VRd 2 ⇒ s t ≤ d ≤ 80 cm
⎪
VSd ⎨ Eq. 50
⎪> 0,20 V ⇒ s t ≤ 0,6 d ≤ 35 cm
⎩ Rd 2
O espaçamento transversal (st) serve para definir qual o número de ramos verticais deve
ser especificado para os estribos, principalmente no caso de estribos de vigas largas.
Nas vigas correntes das construções, com larguras geralmente até 30 cm, o estribo mais
comum de ser aplicado é o de dois ramos verticais, que é simples de ser feito e amarrado com as
barras longitudinais de flexão. Porém, em vigas largas, como vigas de equilíbrio em fundações de
edifícios, vigas de pontes, vigas com grandes vãos, etc., se a distância entre os ramos verticais do
estribo supera o espaçamento máximo permitido, a solução é aumentar o número de ramos,
geralmente fazendo ramos pares, pois assim os estribos podem ser idênticos. O maior número de
ramos é obtido pela sobreposição dos estribos na mesma seção transversal, como mostrado na
Figura 41 para quatro ramos.
As emendas por transpasse são permitidas apenas quando os estribos forem constituídos
por telas ou por barras de alta aderência (NBR 6118/03, item 18.3.3.2).
A ancoragem dos estribos deve necessariamente ser garantida por meio de ganchos ou
barras longitudinais soldadas (NBR 6118/03, item 9.4.6).
Os ganchos dos estribos podem ser (NBR 6118/03, item 9.4.6.1), Figura 43:
a) semicirculares ou em ângulo de 45° (interno), com ponta reta de comprimento igual a
5 φt , porém não inferior a 5 cm;
b) em ângulo reto, com ponta reta de comprimento maior ou igual a 10 φt , porém não
inferior a 7 cm (este tipo de gancho não deve ser utilizado para barras e fios lisos).
O diâmetro interno da curvatura dos estribos deve ser, no mínimo, igual ao índice dado na
Tabela 2.
Tabela 2 – Diâmetro dos pinos de dobramento para estribos.
10 φ t ≥ 7cm
D D
5 φt ≥ 5cm
φt φt
45°
5 φ ≥ 5cm
D
φt
No item 9.4.2.2 a NBR 6118/03 prescreve como deve ser a ancoragem de estribos por
meio de barras transversais soldadas.
O item 18.3.3.3 da NBR 6118 apresenta as prescrições para elementos estruturais armados
com barras dobradas. Na prática, não é mais usual a utilização de barras dobradas para a
resistência à força cortante, e por este motivo as prescrições não serão aqui apresentadas.
Com base na formulação contida na NBR 6118/03 e deduzidas nos itens precedentes,
desenvolvem-se a seguir equações um pouco mais simples com o objetivo de automatizar o
dimensionamento das armaduras transversais para as vigas de Concreto Armado, submetidas à
flexão simples. O uso dessas equações torna o cálculo mais simples e rápido, facilitando o
trabalho manual. Na seqüência, as equações teóricas dos Modelos de Cálculo I e II são
remanejadas e simplificadas.
O modelo de cálculo I assume a treliça clássica, com o ângulo de inclinação das diagonais
comprimidas θ = 45°.
VRd 2 = 0,27 α v 2 f cd b w d
f ck
Com α v 2 = 1 − , γc = 1,4 e estribo vertical (α = 90°), resulta a equação para VRd2 :
250
⎛ f ⎞
VRd 2 = 0,027 ⎜1 − ck ⎟ f cd b w d Eq. 51
⎝ 250 ⎠
f ck
com f cd = e fck em MPa e VRd2 em kN.
γc
A força cortante correspondente à armadura mínima (VSd,mín) pode ser obtida por meio da
igualdade:
A sw , mín A sw
= Eq. 52
s s
A sw ,α Vsw
= Eq. 53
s 0,9 d f ywd (sen α + cos α)
A sw ,mín
= ρ sw ,mín b w sen α Eq. 54
s
Aplicando as Eq. 53 e Eq. 54 na Eq. 52 e fazendo o ângulo α igual a 90° (estribo vertical):
Vsw ,mín
ρ sw ,mín b w sen 90 = Eq. 55
0,9 d f ywd (sen 90 + cos 90)
ou ainda,
2
f ctm 0,3 3 f ck
ρ sw ,mín ≥ 0,2 = 0,2 Eq. 57
f ywk f ywk
a Eq. 56 passa a ser escrita em função das resistências características do concreto e do aço:
3 2
f ck f ywk
Vsw ,mín = 0,06 b w 0,9 d Eq. 58
10 f ywk 1,15
O fator dez na Eq. 58 é para transformar fctm de MPa para kN/cm2. Fazendo as
simplificações na Eq. 58 obtém-se a Eq. 59, referente à resistência da viga correspondente à
armadura mínima, em função da resistência característica do concreto:
Fazendo Vc = Vc0 na Eq. 24 (VSd = Vc + Vsw)de verificação do Estado Limite Último, tem-
se:
VSd ,mín = Vc 0 + Vsw ,mín
ou ainda,
VSd ,mín = 0,0137 b w d 3
f ck 2 Eq. 61
A força cortante solicitante de cálculo deve ser comparada com a força VSd,mín e:
e, como Vsw = VSd − Vc , considerando-se também fywd = 435 MPa (aços CA-50 e CA-60),
s = 100 cm e estribo vertical (α = 90°), obtém-se:
ou ainda, simplificando-se:
VSd
A sw ,90 = 2,55 − 0,023 b w 3
f ck 2 Eq. 63
d
Tabela 3 – Equações simplificadas para diferentes valores de fck segundo o Modelo de Cálculo I.
Modelo de Cálculo I
(estribo vertical, γc = 1,4, γs = 1,15, aços CA-50 e CA-60).
VRd2 VSd,mín Asw
Concreto
(kN) (kN) (cm2/m)
V
C15 0,27 b w d 0,083 b w d 2,55 Sd − 0,14 b w
d
VSd
C20 0,35 b w d 0,101 b w d 2,55 − 0,17 b w
d
VSd
C25 0,43 b w d 0,117 b w d 2,55 − 0,20 b w
d
VSd
C30 0,51 b w d 0,132 b w d 2,55 − 0,22 b w
d
VSd
C35 0,58 b w d 0,147 b w d 2,55 − 0,25 b w
d
VSd
C40 0,65 b w d 0,160 b w d 2,55 − 0,27 b w
d
VSd
C45 0,71 b w d 0,173 b w d 2,55 − 0,29 b w
d
VSd
C50 0,77 b w d 0,186 b w d 2,55 − 0,31 b w
d
bw = largura da viga, cm; VSd = força cortante de cálculo, kN;
d = altura útil, cm;
f ck
Com α v 2 = 1 − , γc = 1,4 e estribo vertical (α = 90°), resulta a equação para VRd2 :
250
⎛ f ⎞
VRd 2 = 0,054 ⎜1 − ck ⎟ f cd b w d sen θ cos θ Eq. 64
⎝ 250 ⎠
f ck
com f cd = e fck em MPa.
γc
A força cortante correspondente à armadura mínima (VSd,mín) pode ser obtida por meio da
igualdade, resultante da Eq. 24:
A sw ,α
Vsw = 0,9 d f ywd (cot g α + cotg θ) sen α
s
2
A sw ,mín 0,3 3 f ck
= 0,2 b w sen α
s f ywk
2
0,3 3 f ck f ywk
Vsw ,mín = 0,2 b w sen α 0,9 d (cot g α + cotg θ) sen α Eq. 66
10 . f ywk 1,15
Sendo Vc = Vc1 (item 11.2.2b) e aplicando a Eq. 67 na Eq. 65 tem-se a força cortante
mínima, referente à resistência da viga com a armadura mínima, em função da resistência
característica do concreto:
A força cortante solicitante de cálculo deve ser comparada com a força VSd,mín e:
A sw ,α Vsw
=
s 0,9 d f ywd (cot g α + cotg θ) sen α
e, como Vsw = VSd − Vc1 (Eq. 32, com Vc = Vc1 na flexão simples), considerando-se também fywd
= 435 MPa (aços CA-50 e CA-60), s = 100 cm e estribo vertical (α = 90°), obtém-se:
A sw ,90 = 2,55
(VSd − Vc1 )
Eq. 69
d . cot g θ
A Tabela 4 mostra as Eq. 64, Eq. 68 e Eq. 69, para VSRd2 , VSd,mín e Asw respectivamente,
em função da resistência característica do concreto à compressão (fck). Entrando com bw e d em
cm e VSd e Vc1 em kN, resultam VRd2 e VSd,mín em kN e Asw em cm2/m.
Nota-se que os coeficientes de segurança γc e γs , com valores de 1,4 e 1,15,
respectivamente, já estão considerados nas equações constantes da Tabela 4.
Tabela 4 – Equações simplificadas para diferentes valores de fck segundo Modelo de Cálculo II.
Modelo de Cálculo II
(estribo vertical, γc = 1,4, γs = 1,15, aços CA-50 e CA-60)
R cc
R cc ~
~V
P b
hf
R cc
R cc ~
~V
Rs R cb
bw
Ensaios experimentais com medição da tensão nos estribos mostram que o modelo de
treliça desenvolvido para as vigas é efetivamente válido após uma pequena distância dos apoios,
pois se constatou que os estribos muito próximos aos apoios apresentam tensão menor que os
estribos fora deste trecho. Em função desta característica, na região junto aos apoios, a
NBR 6118 (item 17.4.1.2.1) permite uma pequena redução da força cortante para o
dimensionamento da armadura transversal.
No caso de apoio direto, com a carga e a reação de apoio aplicadas em faces opostas
(comprimindo-as), valem as seguintes prescrições:
a) a força cortante oriunda de carga distribuída pode ser considerada, no trecho entre o apoio e a
seção situada à distância d/2 da face de apoio, constante e igual à desta seção (Figura 45);
b) a força cortante devida a uma carga concentrada aplicada a uma distância a ≤ 2d do eixo
teórico do apoio pode, nesse trecho de comprimento a, ser reduzida multiplicando-a por a/2d.
Esta redução não se aplica às forças cortantes provenientes dos cabos inclinados de protensão
(Figura 46).
h
d/2
Rd
Vd
A redução da força cortante junto aos apoios, como descrito acima, não é feita na prática
por muitos engenheiros estruturais, por questão de simplicidade e a favor da segurança.
a < 2d
h
Rd redução em V d
Rd
Vd
VS2
P4 P5 VS6
VS2
P4 P5
VS6
VS5
VS4
As vigas de concreto armado transmitem as cargas aos apoios principalmente por meio das
bielas de compressão, na parte inferior da viga. Por isso, quando uma viga apóia-se sobre outra, há
a necessidade de suspender a carga para a parte superior da viga que serve de apoio à outra
(Figura 48).
Viga apoiada
o
oi
ap
de
ga
Vi
Estribo
Vd
Viga apoiada
Viga de apoio
Figura 48 – Transmissão do carregamento de uma viga para outra que lhe serve de apoio.
A força que a viga apoiada aplica sobre a viga de apoio deve ser transferida para a zona
comprimida da viga de apoio, o que geralmente é feito por meio de estribos.
Em função de diferenças entre as alturas e o nível das duas vigas os seguintes casos podem
ocorrer:
A Figura 49 mostra duas vigas com alturas iguais e as faces inferiores no mesmo nível.
Neste caso, a área de armadura de suspensão é calculada pela equação:
Vd
A s ,susp = (Eq. 70)
f yd
onde Vd é a força de cálculo aplicada pela viga apoiada naquela que lhe serve de apoio, e fyd é a
resistência de cálculo de início de escoamento do aço.
o
oi
ap
de
ga
Viga apoiada Vi
Estribo
Vd
A armadura de suspensão As,susp deve ficar distribuída nas regiões de encontro das duas
vigas, conforme as distâncias indicadas na Figura 50.
b w,apoio
b w,a
A Figura 49 mostra duas vigas com alturas diferentes e a face da viga que se apóia está
acima da face inferior da viga que serve de apoio. A armadura de suspensão é função das alturas
das duas vigas, sendo dada por:
ha Vd
A s ,susp = (Eq. 71)
h apoio f yd
Estribo
ha
hapoio
Vd
Viga apoiada
Viga de apoio
Figura 51 - Face inferior da viga apoiada acima da face inferior da viga de apoio.
A Figura 52 mostra o caso de viga com face inferior apoiada abaixo da face inferior da
viga de apoio. Esse tipo de arranjo entre as duas vigas deve ser evitado tanto quanto possível nas
estruturas de concreto armado.
A força que a viga apoiada aplica sobre a viga de apoio deve ser transferida para a parte
superior da viga de apoio, com área de armadura:
Vd
A s ,susp = (Eq. 72)
f yd
Estribo
Viga de apoio
Vd
Viga apoiada
Figura 52 – Viga apoiada com a face inferior abaixo da face inferior da viga de apoio.
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1309–Estruturas de Concreto II – Dimensionamento de Vigas de Concreto Armado à Força Cortante 59
Essa armadura pode ser colocada na forma de estribos, que devem estar distribuídos na
largura da viga de apoio (Figura 53).
~ h apoio
Na viga que serve de apoio deve ser colocada uma armadura para reforçar a região que
recebe a força da viga apoiada, com área de armadura de:
Vd
A s ,susp = (Eq. 73)
2f yd
A Figura 54 mostra uma viga bi-apoiada sob flexão simples para a qual deve-se calcular e
detalhar a armadura transversal, composta por estribos verticais.
p = 40 kN/m
5,0 m
50 cm
100
Vk (kN)
100
12 cm
seção transversal
São conhecidos:
concreto C20 ; aço CA-50 γc = γf = 1,4
γs = 1,15 d = 46 cm c = 2,0 cm
Por simplicidade e a favor da segurança a força cortante solicitante no apoio não será
reduzida, conforme permitido pela NBR 6118/03 e apresentado no item 17, de tal forma que:
Para não ocorrer o esmagamento do concreto que compõe as bielas comprimidas deve-se
ter (Eq. 23):
VSd ≤ VRd2
⎛ f ⎞
VRd 2 = 0,27 ⎜1 − ck ⎟ f cd b w d , com fck em MPa
⎝ 250 ⎠
⎛ 20 ⎞ 2,0
VRd 2 = 0,27 ⎜1 − ⎟ 12 . 46 = 195,9 kN
⎝ 250 ⎠ 1,4
20 f ctm
A sw ,mín ≥ bw (cm2/m)
f ywk
20 . 0,221
A sw ,mín ≥ . 12 ≥ 1,06 cm2/m
50
Para calcular a armadura transversal devem ser determinadas as parcelas da força cortante
que serão absorvidas pelos mecanismos complementares ao de treliça (Vc) e pela armadura (Vsw),
de tal modo que (Eq. 24):
VSd = Vc + Vsw
0,7 . 0,3 3 2
f ctd = 20 = 1,11 MPa = 0,111 kN/cm2
1,4
Para não ocorrer o esmagamento do concreto que compõe as bielas comprimidas deve-se
ter (Eq. 23):
VSd ≤ VRd2
⎛ f ⎞
VRd 2 = 0,54 ⎜1 − ck ⎟ f cd b w d sen 2 θ (cot g α + cot g θ) , com fck em MPa
⎝ 250 ⎠
⎛ 20 ⎞ 2,0
VRd 2 = 0,54 ⎜1 − ⎟ 12 . 46 . sen 2 30 (cot g 90 + cot g 30) = 169,6 kN
⎝ 250 ⎠ 1, 4
Para calcular a armadura deve-se determinar as parcelas da força cortante que serão
absorvidas pelos mecanismos complementares ao de treliça (Vc) e pela armadura (Vsw), de tal
modo que (Eq. 24):
VSd = Vc + Vsw
Na flexão simples, a parcela Vc é igual a Vc1. Devem também ser calculados (Eq. 29):
0,7 . 0,3 3 2
f ctd = 20 = 1,11 MPa = 0,111 kN/cm2
1,4
O esquema gráfico mostrado na Figura 55 apresenta a relação inversa entre a força Vc1 e a
solicitação de cálculo VSd, explicitando que, quanto maior o grau de solicitação, menor será a
contribuição proporcionada pelos mecanismos complementares ao de treliça na resistência à força
cortante. Como VSd é maior que Vc0, a parcela Vc1 deve ser calculada pela Eq. 42, ilustrada no
gráfico da Figura 55.
Vc0 = 36,6
Vc1
0 Vc1
36,6
VRd2 - VSd
29,7
VSd
A sw ,α Vsw
=
s 0,9 d f ywd (cot g α + cotg θ) sen α
A armadura transversal com estribo vertical é:
A sw ,90 131,8
= = 0,0423 cm2/cm
s
0,9 . 46 .
50
(cot g 90 + cotg 30) sen 90
1,15
Da Tabela 3, para concreto C20, determina-se a força cortante última ou máxima que a
viga pode resistir:
VSd = 140,0 < VRd 2 = 193,2 kN → não ocorrerá esmagamento das diagonais de concreto.
VSd = 140,0 > VSd ,mín = 55,8 kN → portanto, deve-se calcular a armadura transversal p/ VSd
VSd 140,0
A sw = 2,55 − 0,17 b w = 2,55 − 0,17 . 12 ⇒ A sw = 5,72 cm2/m
d 46
Como Asw = 5,72 cm2/m > Asw,mín = 1,06 cm2/m, deve-se dispor a armadura calculada.
Observe que ocorre grande semelhança nos valores obtidos para as armaduras transversais
calculadas segundo as duas formulações - equações teóricas (Asw = 5,73 cm2/m) e equações
simplificadas (Asw = 5,72 cm2/m).
VSd = 140,0 < VRd 2 = 169,7 kN → não ocorrerá esmagamento das diagonais de concreto.
Antes de se calcular a armadura deve-se verificar se não vai resultar a armadura mínima.
Para isso deve-se determinar a força cortante mínima (VSd,mín). Da Tabela 4 tem-se:
VRd 2 − VSd
Vc1 = Vc0
VRd 2 − Vc 0
⎛ 0,3 3 20 2 ⎞
Vc0 = 0,6 f ctd b w d = 0,6 ⎜ 0,7 ⎟ 12 . 46 = 36,6 KN
⎜ 10 . 1,4 ⎟
⎝ ⎠
Vc0 = 36,6
Vc1
0 Vc1
36,6
VRd2 - VSd
29,7
VSd
VSd = 140,0 > VSd ,mín = 41,7 kN → portanto, deve-se calcular a armadura transversal para
VSd .
Observa-se que para o ângulo θ de 45° a NB1/78 era mais conservadora que a NBR
6118/03, considerando o Modelo de Cálculo I. No caso do Modelo II para o ângulo θ de 45° a
norma atual conduz a um valor superior aos outros dois processos de cálculo.
No caso de um ângulo θ como 30°, a armadura resulta menor se comparada às armaduras
dos Modelos I e II com θ de 45°, porque as diagonais mais inclinadas aliviam os montantes
tracionados da treliça.
Se por alguma razão se desejar uma armadura à força cortante mais conservadora poderá
então ser adotado o Modelo de Cálculo I, que conduz a uma armadura transversal maior que para
ângulos θ menores, sem porém, valores exagerados.
Uma outra informação útil é que a armadura transversal resultante do Modelo de Cálculo I
é semelhante ou muito próxima daquela calculada com o Modelo de Cálculo II quando θ é
adotado igual a 39°.
A escolha do diâmetro e do espaçamento dos estribos pode ser feita de duas maneiras
muito simples: por meio de cálculo ou com o auxílio de uma tabela de área de armadura por metro
linear (cm2/m). Na seqüência são apresentados os dois processos.
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1309–Estruturas de Concreto II – Dimensionamento de Vigas de Concreto Armado à Força Cortante 67
Para a armadura calculada segundo o modelo de cálculo II, de 4,23 cm2/m nos apoios,
considerando estribo vertical com diâmetro de 5 mm (1 φ 5 mm = 0,20 cm2) composto por dois
ramos verticais (2 φ 5 mm = 0,40 cm2), tem-se:
A sw 0,40
= 0,0423 cm2/cm ⇒ = 0,0423 ⇒ s = 9,5 cm ≤ 13,8 cm
s s
Para a escolha do diâmetro e do espaçamento dos estribos com o auxílio da Tabela A-1
(ver a tabela anexa no final do texto) deve-se determinar a área de apenas um ramo do estribo.
Portanto, para a área de armadura de 4,23 cm2/m e estribo com dois ramos:
4,23
A sw ,1ramo = = 2,12 cm2/m
2
Como o espaçamento máximo é 13,8 cm, não é possível adotar φ 6,3 mm c/15 cm, sendo
escolhido então estribo φ 5 mm c/9,5 cm, ou c/9 cm, como feito no detalhamento indicado na
Figura 57.
Para a armadura mínima de 1,06 cm2/m, considerando o mesmo estribo, tem-se:
A sw 0,40
= 0,0106 cm2/cm ⇒ = 0,0106 ⇒ s = 37,7 cm ≤ 13,8 cm
s s
46
20 cm 480 cm 20 cm
250 cm 250 cm
N1 - 48 Ø 5 C = 118 cm
140
VSd,mín = 41,7
VSd (kN)
140
Para a distribuição dos estribos ao longo do vão livre da viga é necessário desenhar o
diagrama de forças cortantes de cálculo e posicionar a força cortante mínima (VSd,mín).
Geralmente, os vãos das vigas podem ter os estribos distribuídos segundo três trechos diferentes,
os dois próximos aos apoios e o do centro, delimitado pela força VSd,mín , que recebe a armadura
transversal mínima. Dividir o vão livre em mais de três trechos só deve ser feito quando houver
justificativas.
A armadura calculada para os cortantes nos apoios deve se estender até a posição da força
VSd,mín , e após esses trechos é colocada a armadura mínima.
Os diâmetros mais comuns para o estribo geralmente são o 5 mm e o 6,3 mm, ocorrendo
também o 8 mm e o 10 mm em vigas com altos esforços cortantes. Nas vigas de construções de
pequeno porte, como casas, sobrados, barracões, etc., é comum o estribo com diâmetro de 4,2
mm, embora a NBR 6118/03 exija o diâmetro mínimo de 5 mm.
O espaçamento dos estribos não deve ser inferior a 6-7 cm para não dificultar a penetração
do concreto lançado na viga. Espaçamentos superiores a 8 cm devem ter preferência. Os
espaçamentos são adotados geralmente valores inteiros em cm, e ocasionalmente valores
múltiplos de 0,5 cm.
O estribo deve ter uma numeração, como o N1 da Figura 57. Sendo a viga simétrica, nas
proximidades dos apoios os estribos foram distribuídos na extensão de 162 cm, que somados aos
10 cm até o eixo do pilar, representa a distância de 172 cm, que “cobre” aproximadamente a
distância de 176 cm até a força VSd,mín . Com a distância de 162 cm pode ser calculado o número
de estribos nesse trecho, fazendo 162 ÷ 9 = 18 estribos.
O número de estribos no trecho central do vão é calculado fazendo o comprimento do
trecho (480 – 162 –162 = 156 cm) dividido pelo espaçamento dos estribos: 156 ÷ 13,5 = 11,6 ≅ 12
estribos.
As dimensões do estribo são determinadas fazendo a largura e a altura da viga menos duas
vezes o cobrimento da armadura:
Largura = 12 – (2 . 2,0) = 8 cm
Altura = 50 – (2 . 2,0 ) = 46 cm
C = 2 (8 + 46 + 5) = 118 cm
Calcular e detalhar a armadura transversal composta por estribos verticais para as forças
cortantes máximas da viga esquematizada na Figura 58. São conhecidos: C25, CA-50,
γc = γf = 1,4, γs = 1,15, d = 80 cm, c = 2,5 cm. A altura da viga transversal é de 60 cm.
viga transversal
25
85
387,5 cm 287,5 cm
25 cm 25 cm
675
150 kN
29 kN/m
C
A B
400 cm 300 cm
700
Como as forças cortantes atuantes na viga são diferentes nos apoios A e B, serão
dimensionadas duas armaduras transversais diferentes, uma para cada apoio. As forças cortantes
de cálculo, não considerando a redução de força permitida pela NBR 6118/03, são:
preferir um dimensionamento mais conservador, pode-se adotar o Modelo de Cálculo I, que tem θ
fixo em 45°, e que resulta numa armadura transversal superior à do Modelo II com θ de 30°.
O ângulo α de inclinação dos estribos será adotado igual a 90°, isto é, estribos verticais.
Barras dobradas não serão utilizadas.
Para exemplificação do formulário, todos os cálculos serão feitos segundo as equações
teóricas derivadas da NBR 6118/03 e também segundo as equações simplificadas definidas no
item 15.
Para não ocorrer o esmagamento do concreto que compõe as bielas comprimidas deve-se
ter:
VSd ≤ VRd2
⎛ f ⎞
VRd 2 = 0,27 ⎜1 − ck ⎟ f cd b w d (fck em MPa)
⎝ 250 ⎠
⎛ 25 ⎞ 2,5
VRd 2 = 0,27 ⎜1 − ⎟ 25 . 80 = 867,9 kN
⎝ 250 ⎠ 1,4
Primeiramente será calculada a armadura mínima (Asw,mín) para estribo a 90° e aço CA-50:
20 f ctm
A sw ,mín = bw (cm2/m)
f ywk
20 . 0,256
A sw ,mín = . 25 = 2,56 cm2/m
50
Para calcular a armadura necessária devem ser determinadas as parcelas da força cortante
que serão absorvidas pelas diagonais comprimidas (Vc) e pela armadura (Vsw), de tal modo que
VSd = Vc + Vsw . Na flexão simples, a parcela Vc é determinada pela Eq. 29:
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0,7 . 0,3 3 2
f ctd = 25 = 1,28 MPa = 0,128 kN/cm2
1,4
Vsw = VSd – Vc
A sw ,90 Vsw
=
s 39,2 d
A sw ,90 78,2
Apoio A: = = 0,0249 cm2/cm
s 39,2 . 80
Asw,90 = 2,49 cm2/m < Asw,mín = 2,56 cm2/m (portanto, deve-se dispor a armadura mínima)
A sw ,90 108,2
Apoio B: = = 0,0345 cm2/cm
s 39,2 . 80
Asw,90 = 3,45 cm2/m > Asw,mín = 2,56 cm2/m (portanto, deve-se dispor a armadura
calculada)
Somente para efeito de comprovação, e aplicando VSd = 232,1 kN, verifica-se que a
armadura resulta menor que a mínima. Na Tabela 3 encontra-se a equação para cálculo da
armadura:
VSd 232,1
A sw ,90 = 2,55 − 0,20 b w = 2,55 − 0,20 . 25 = 2,40 cm2/m < Asw,mín = 2,56 cm2/m
d 80
VSd 262,1
A sw ,90 = 2,55 − 0,20 b w = 2,55 − 0,20 . 25 = 3,35 cm2/m > Asw,mín = 2,56 cm2/m
d 80
Para não ocorrer o esmagamento do concreto que compõe as bielas comprimidas deve-se
ter:
VSd ≤ VRd2
⎛ f ⎞
VRd 2 = 0,54 ⎜1 − ck ⎟ f cd b w d sen 2 θ (cot g α + cot g θ) , com fck em MPa
⎝ 250 ⎠
⎛ 25 ⎞ 2,5
VRd 2 = 0,54 ⎜1 − ⎟ 25 . 80 . sen 2 30 (cot g 90 + cot g 30) = 751,6 kN
⎝ 250 ⎠ 1,4
Para calcular a armadura devem ser determinadas as parcelas da força cortante solicitante
que serão absorvidas pelos mecanismos complementares ao de treliça (Vc) e pela armadura (Vsw),
de tal modo que:
VSd = Vc + Vsw
0,7 . 0,3 3 2
f ctd = 25 = 1,28 MPa = 0,128 kN/cm2
1,4
Vc0 = 153,9
Vc1
0 Vc1
153,9
VRd2 - VSd
VSd
A sw ,α Vsw
=
s 0,9 d f ywd (cot g α + cotg θ) sen α
A armadura transversal no apoio A para estribo vertical é:
A sw ,90 98,3
= = 0,0181 cm2/cm
s
0,9 . 80 .
50
(cot g 90 + cotg 30) sen 90
1,15
Asw,90 = 1,81 cm2/m < Asw,mín = 2,56 cm2/m (portanto, deve-se dispor a armadura mínima)
A sw ,90 136,1
= = 0,0251 cm2/cm
s
0,9 . 80 .
50
(cot g 90 + cotg 30) sen 90
1,15
Asw,90 = 2,51 cm2/m < Asw,mín = 2,56 cm2/m (portanto, deve-se dispor a armadura mínima)
Para não ocorrer o esmagamento do concreto que compõe as bielas comprimidas deve-se
ter:
VSd ≤ VRd2
⎛ f ⎞
VRd 2 = 0,54 ⎜1 − ck ⎟ f cd b w d sen 2 θ (cot g α + cot g θ) , com fck em MPa
⎝ 250 ⎠
⎛ 25 ⎞ 2,5
VRd 2 = 0,54 ⎜1 − ⎟ 25 . 80 . sen 2 45 (cot g 90 + cot g 45) = 867,9 kN
⎝ 250 ⎠ 1, 4
Para calcular a armadura devem ser determinadas as parcelas da força cortante que serão
absorvidas pelas diagonais comprimidas (Vc) e pela armadura (Vsw), de tal modo que:
VSd = Vc + Vsw
Na flexão simples, a parcela Vc é igual a Vc1. O valor de Vc0 já foi determinado (153,9 kN)
e independe do ângulo θ adotado. Como as solicitações de cálculo VSd são maiores que Vc0 , as
parcelas Vc1 devem ser calculadas, conforme a Eq. 42, ilustrada na Figura 60, que mostra a
relação entre as variáveis Vc1 , Vc0 e VSd .
Vc0 = 153,9
Vc1
0 Vc1
153,9
VRd2 - VSd
VSd
Armadura transversal:
A sw ,α Vsw
=
s 0,9 d f ywd (cot g α + cotg θ) sen α
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A sw ,90 95,1
= = 0,0304 cm2/cm
s
0,9 . 80 .
50
(cot g 90 + cotg 45) sen 90
1,15
Asw,90 = 3,04 cm2/m > Asw,mín = 2,56 cm2/m (portanto, deve-se dispor a armadura
calculada)
A sw ,90 131,5
= = 0,0420 cm2/cm
s
0,9 . 80 .
50
(cot g 90 + cotg 45) sen 90
1,15
Asw,90 = 4,20 cm2/m > Asw,mín = 2,56 cm2/m (portanto, deve-se dispor a armadura
calculada)
Como as solicitações de cálculo VSd são maiores que Vc0 , as parcelas Vc1 devem ser
calculadas, conforme a equação:
Os valores de Vc0 = 153,9 kN, VRd2 = 751,7 kN, VSd,A = 232,1 kN e VSd,B = 262,1 kN já
são conhecidos. Substituindo os valores na equação de Vc1 encontram-se:
As armaduras serão calculadas apenas para efeito de exemplificação, pois já se sabe que
são menores que a mínima. Conforme a Tabela 4, a equação para cálculo da armadura é:
A sw = 2,55 tg θ
(VSd − Vc1 )
d
No apoio A:
A sw ,A = 2,55 tg 30
(232,1 − 133,8) = 1,81 cm2/m < A = 2,56 cm2/m
sw,mín
80
No apoio B:
A sw ,B = 2,55 tg 30
(262,1 − 126,0) = 2,50 cm2/m < A = 2,56 cm2/m
sw,mín
80
Primeiramente deve ser verificado se a força cortante solicitante resultará numa armadura
maior ou menor que a armadura mínima. Na Tabela 4 encontra-se a equação para a força cortante
mínima:
Como as solicitações de cálculo VSd são maiores que Vc0 , as parcelas Vc1 devem ser
calculadas, conforme:
Os valores já conhecidos são: Vc0 = 153,9 kN, VRd2 = 868,0 kN, VSd,A = 232,1 kN e
VSd,B = 262,1 kN. Substituindo na equação de Vc1 tem-se:
A sw = 2,55 tg θ
(VSd − Vc1 )
d
No apoio A:
A sw ,A = 2,55 tg 45
(232,1 − 137,0) = 3,03 cm2/m > A = 2,56 cm2/m
sw,mín
80
No apoio B:
A sw ,B = 2,55 tg 45
(262,1 − 130,6) = 4,19 cm2/m > A = 2,56 cm2/m
sw,mín
80
Como já comentado, para seção retangular o ângulo θ se aproxima de 30°, o que resultou
na área de armadura de 1,81 cm2/m. No caso de se preferir uma armadura transversal um pouco
superior pode-se optar pela armadura calculada segundo o Modelo I, de 2,49 cm2/m, maior mas
não muito superior à área de armadura do Modelo II. A título de exemplificação a viga terá a
armadura detalhada segundo a área do Modelo I.
Dentre as várias possibilidades de valores para a armadura transversal, optou-se pelo
Modelo de Cálculo I. O detalhamento encontra-se mostrado na Figura 61.
Apoio A:
VSd,A = 232,1 < 581,5 kN ⇒ s ≤ 0,6 d ≤ 30 cm
0,6 d = 0,6 . 80 = 48 cm ⇒ Portanto, s ≤ 30 cm
Apoio B:
VSd,B = 262,1 < 581,5 kN ⇒ s ≤ 0,6 d ≤ 30 cm
Portanto, s ≤ 30 cm
d1) considerando estribo com diâmetro de 5 mm (1 φ 5 mm = 0,20 cm2), composto por dois ramos
verticais (2 φ 5 mm = 0,40 cm2), tem-se para o apoio A:
A sw 0,40
= 0,0256 cm2/cm < ⇒ = 0,0256 ⇒ s = 15,6 cm ≤ 30 cm
s s
Para o apoio B:
A sw 0,40
= 0,0345 cm2/cm ⇒ = 0,0345 ⇒ s = 11,6 cm ≤ 30 cm
s s
Com o auxílio da Tabela A-1 (ver a tabela anexa no final do texto) deve-se determinar a
área de apenas um ramo vertical do estribo:
Apoio A (armadura mínima):
2,56
A sw ,1ramo = = 1,28 cm2/m ⇒ Tabela A-1 ⇒ φ 5 mm c/16 cm = 1,25 cm2/m
2
Apoio B:
3,45
A sw ,1ramo = = 1,73 cm2/m ⇒ Tabela A-1 ⇒ φ 5 mm c/11 cm = 1,82 cm2/m
2
d2) considerando estribo com diâmetro de 6,3 mm (1 φ 6,3 mm = 0,31 cm2), composto por dois
ramos verticais (2 φ 6,3 mm = 0,62 cm2), tem-se para o apoio A:
A sw 0,62
= 0,0256 cm2/cm < ⇒ = 0,0256 ⇒ s = 24,2 cm ≤ 30 cm
s s
Para o apoio B:
A sw 0,62
= 0,0345 cm2/cm ⇒ = 0,0345 ⇒ s = 18,0 cm ≤ 30 cm
s s
Com o auxílio da Tabela A-1 (ver a tabela anexa no final do texto) deve-se determinar a
área de apenas um ramo vertical do estribo:
Apoio A (armadura mínima):
2,56
A sw ,1ramo = = 1,28 cm2/m ⇒ Tabela A-1 ⇒ φ 6,3 mm c/24 cm = 1,31 cm2/m
2
Apoio B:
3,45
A sw ,1ramo = = 1,73 cm2/m ⇒ Tabela A-1 ⇒ φ 6,3 mm c/18 cm = 1,75 cm2/m
2
O detalhamento mostrado na Figura 61 está feito com o diâmetro de 6,3 mm para o estribo.
Poderia ser utilizado o diâmetro de 5 mm também, sem qualquer inconveniente. Os estribos à
direita do pilar esquerdo (apoio A) foram espaçados em 20 cm ao invés dos 24 cm permitidos,
conforme demonstrado no cálculo. Assim foi feito porque muitos engenheiros estruturais limitam
o espaçamento dos estribos em 20 cm. Fica a critério do engenheiro seguir esta regra ou obedecer
os limites prescritos pela NBR 6118/03. O desenho da viga deve ser feito em escala 1:50 e o
detalhe do estribo normalmente é feito nas escalas de 1:20 ou 1:25.
20
N1 - 29 c/20 N1 - 5 c/18
A sw,mín 90
80
25 cm 675 cm 25 cm
N1 - 34 Ø 6,3 C = 210 cm
700 cm
371 cm
232,1 331 cm 40 cm
VSd (kN)
262,1
todo o comprimento da ponte, sendo composta por quatro apoios e cinco vãos, com os dois vãos
extremos em balanço.
A altura das vigas é fixa em 225 cm e a largura é variável em alguns trechos. Na seção de
apoio do pilar 1 a largura é de 80 cm e no pilar 2 é de 100 cm; as seções nos vãos têm largura de
40 cm (Figura 62b e Figura 62c).
Laje do Tabuleiro
225
Viga
Pilar 1 Principal Pilar 2
a) corte longitudinal;
100
Viga Principal 1
40
40
80
Viga Principal 2
100
40
40 100
Pilar 2
A viga é simétrica e tem os vãos (cm) e esforços cortantes característicos de apenas uma
metade mostrados na Figura 63. Nota-se que a força cortante máxima, de 2.000 kN, ocorre no
pilar 2.
a b O 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Pilar 1 Pilar 2
2000
1490
1830 (kN)
530
1210
Figura 63 – Esquema estático, vãos efetivos (cm) e forças cortantes características (kN).
RESOLUÇÃO
A laje tabuleiro da ponte apóia-se sobre a face superior das vigas e forma a seção T
(Figura 62c) para o dimensionamento da armadura longitudinal resistente aos momentos fletores
positivos.
Nas regiões dos apoios das vigas principais, onde ocorrem as maiores forças cortantes e a
armadura transversal é essencial, a mesa que forma a seção T encontra-se tracionada pelos
momentos fletores negativos, configurando a seção retangular para o dimensionamento da
armadura longitudinal negativa.
Para seções retangulares, LEONHARDT e MÖNNIG (1982) indicam que o ângulo θ de
inclinação das diagonais comprimidas aproxima-se de 30°, o que resulta numa diminuição da
armadura transversal em relação ao ângulo θ de 45°.
Por outro lado, no caso das pontes, as armaduras transversais têm a função de absorver
também esforços solicitantes não considerados no cálculo, como momentos fletores transversais
transmitidos pela laje do tabuleiro e tensões provocadas por variações de temperatura,
principalmente entre a viga principal e a laje do tabuleiro. Desse modo, adotar ângulo θ de 45°
para a seção retangular das regiões dos apoios, configura-se uma escolha conservadora, adequada
e a favor da segurança.
Os cálculos de dimensionamento para as diversas seções transversais encontram-se
organizados na Tabela 7. A título de comparação os cálculos são efetuados conforme a versão
atual da NBR 6118 e a versão de 1978, considerado também o anexo da NB 116/89. Na seqüência
são também apresentados os cálculos efetuados segundo a NBR 6118/03 para a seção transversal
10d , onde ocorre a maior força cortante.
10d 2000 2800 100 9329 1654 1407 13,59 16,55 24,95 17,20
11 1640 2296 70 6531 1158 913 13,50 16,44 21,60 16,17
12 1310 1834 40 3732 662 409 13,91 16,94 18,77 15,66
13 990 1386 40 3732 662 506 8,59 10,46 13,25 10,15
14 690 966 40 3732 662 596 3,61 4,40 8,09 4,98
15 390 546 40 3732 662 687 - - 2,92 -
⎛ f ⎞
VRd 2 = 0,27 ⎜1 − ck ⎟ f cd b w d , com fck em MPa
⎝ 250 ⎠
⎛ 25 ⎞ 2,5
VRd 2 = 0,27 ⎜1 − ⎟ 100 . 215 = 9.329 kN
⎝ 250 ⎠ 1,4
20 f ctm
A sw ,mín ≥ bw (cm2/m)
f ywk
20 . 0,256
A sw ,mín ≥ . 100 ≥ 10,26 cm2/m
50
Para calcular a armadura transversal devem ser determinadas as parcelas da força cortante
que serão absorvidas pelas diagonais comprimidas (Vc) e pela armadura (Vsw), de tal modo que:
VSd = Vc + Vsw
0,7 . 0,3 3 2
f ctd = 25 = 1,28 MPa = 0,128 kN/cm2
1,4
Asw,90 = 13,59 cm2/m > Asw,mín = 10,26 cm2/m (portanto, deve-se dispor a armadura
calculada)
⎛ f ⎞
VRd 2 = 0,54 ⎜1 − ck ⎟ f cd b w d sen 2 θ (cot g α + cot g θ) , com fck em MPa
⎝ 250 ⎠
⎛ 25 ⎞ 2,5
VRd 2 = 0,54 ⎜1 − ⎟ 100 . 215 . sen 2 45 (cot g 90 + cot g 45) = 9.329 kN
⎝ 250 ⎠ 1,4
Para calcular a armadura devem ser determinadas as parcelas da força cortante que serão
absorvidas pelos mecanismos complementares (Vc) e pela armadura (Vsw), de tal modo que:
VSd = Vc + Vsw
Na flexão simples, a parcela Vc é igual a Vc1. O valor de Vc0 já foi determinado (1.654 kN)
e independe do modelo de cálculo. Como VSd = 2.800 kN é maior que Vc0 a parcela Vc1 deve ser
determinada com a Eq. 42:
A sw ,α Vsw
=
s 0,9 d f ywd (cot g α + cotg θ) sen α
Aplicando numericamente:
A sw ,90 1393
= = 0,1655 cm2/cm
s
0,9 . 215 .
50
(cot g 90 + cotg 45) sen 90
1,15
Asw,90 = 16,55 cm2/m > Asw,mín = 10,26 cm2/m (portanto, dispor a armadura calculada)
Uma viga seção T biapoiada sobre dois pilares serve de apoio a lajes maciças e uma viga
transversal. Pede-se dimensionar e detalhar a armadura transversal. São dados:
C30 c = 2,5 cm estribo vertical (α = 90°)
CA-50 d = 113 cm γc = γf = 1,4 γs = 1,15
RESOLUÇÃO
Como a viga tem seção transversal tipo T, com relação bf / bw = 240/40 = 6, o ângulo θ de
inclinação das diagonais comprimidas se aproxima de 45°, razão pela qual será adotado o Modelo
de Cálculo I para o dimensionamento da armadura transversal. Outra opção seria o Modelo II com
θ = 45°, que, como já visto, conduz a uma armadura maior.
O dimensionamento será feito segundo as equações simplificadas definidas no item 11.
10 m
Laje
Viga T
Pilar 1 Pilar 2
300 kN
80 kN/m
500 cm 500 cm
550
150 Vk (kN)
150
550
400
240
120
120
15
15
40 40 40
Vigas
Da Tabela 3, para concreto C30, determina-se a força cortante última ou máxima que a
viga pode resistir:
VSd = 1,4 . 550 = 770 kN < VRd 2 = 2.305 kN → não ocorrerá esmagamento das bielas de
concreto.
VSd = 770 > VSd ,mín = 597 kN → portanto, deve-se calcular a armadura transversal p/ VSd .
VSd 770
A sw = 2,55 − 0,22 b w = 2,55 − 0,22 . 40 ⇒ A sw = 8,58 cm2/m
d 113
20 f ctm
A sw ,mín = bw (cm2/m)
f ywk
20 . 0,290
A sw ,mín = . 40 = 4,63 cm2/m
50
Como Asw = 8,58 cm2/m > Asw,mín = 4,63 cm2/m, deve-se dispor a armadura calculada.
4,63
A sw ,1ramo = = 2,32 cm2/m
2
na Tabela A-1 encontra-se φ 8 mm c/20 cm, com o espaçamento sendo menor que o máximo
permitido (30 cm).
O espaçamento entre os dois ramos verticais do estribo é:
pouco menor que o espaçamento máximo permitido (st = 35 cm), sendo portanto possível fazer os
estribos com apenas dois ramos verticais.
Caso não fosse possível fazer o detalhamento com dois ramos verticais, uma solução seria
aumentar o número de ramos, com quatro ramos verticais por exemplo, o que resulta em dois
estribos idênticos, a serem colocados sobrepostos na mesma seção transversal da viga.
Com quatro ramos verticais a área de um ramo apenas é:
8,58
A sw ,1ramo = = 2,15 cm2/m
4
Para a armadura mínima de 4,63 cm2/m resulta φ 6,3 mm c/26 cm = 1,21 cm2/m. O
espaçamento entre os quatro ramos verticais do estribo é:
b w − 2c − φ t 40 − 2 . 2,5 − 0,63
st = = = 11,4 cm
3 3
23
115
30 970 cm 30
770
210 VSd (kN)
210
154 770
154
12,0 23,0
35
40
23. QUESTIONÁRIO
1) Numa viga de Concreto Armado bi-apoiada sob duas forças concentradas P, como se
apresentam as trajetórias das tensões principais de tração e de compressão? O que
diferencia o trecho de flexão pura dos demais?
2) Idem para numa viga com carregamento uniforme?
3) Numa viga contínua, como se mostram as trajetórias das tensões principais?
4) Numa viga bi-apoiada qual é a configuração das fissuras no instante pré-ruptura? Desenhe.
5) Como são as fissuras de flexão e de flexão com força cortante e de força cortante pura?
6) Numa viga bi-apoiada em que instante do carregamento surgem as primeiras fissuras de
flexão?
7) Desenhe numa viga contínua qual a inclinação mais favorável para os estribos? Explique.
UNESP (Bauru/SP) – Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos
1309–Estruturas de Concreto II – Dimensionamento de Vigas de Concreto Armado à Força Cortante 92
Calcular e detalhar a armadura transversal para as vigas mostradas nas Figura 66, Figura
67 e Figura 68, sendo comuns os seguintes valores: γc = γf = 1,4 ; γs = 1,15 ; CA-50.
2) Idem ao primeiro exercício, mas com a modificação do concreto para o C30. Compare os
resultados encontrados.
20 600 cm 20
25 kN/m
lef
30 550 cm 30
20 kN/m 50 kN
l /2 l /2
l
4) C30, c = 2,5 cm, d = 93 cm, VS,máx = 250 kN, Figura 68. A viga é do tipo pré-fabricada, com
comprimento total de 10,60 m.
40
30
100 cm
58
12
12,5 15 12,5
40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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reinforced concrete beams without web reinforcement. ACI Journal, 62–69, oct. 1965, pp.1265–
1278.
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slabs, and footings? ACI Structural Journal, v.96, n.4, July-August 1999, pp.482–490.
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TABELAS ANEXAS
Tabela A-1
ÁREA DE ARMADURA POR METRO DE LARGURA (cm2/m)
Espaçamento Diâmetro Nominal (mm)
(cm) 4,2 5 6,3 8 10 12,5
5 2,77 4,00 6,30 10,00 16,00 25,00
5,5 2,52 3,64 5,73 9,09 14,55 22,73
6 2,31 3,33 5,25 8,33 13,33 20,83
6,5 2,13 3,08 4,85 7,69 12,31 19,23
7 1,98 2,86 4,50 7,14 11,43 17,86
7,5 1,85 2,67 4,20 6,67 10,67 16,67
8 1,73 2,50 3,94 6,25 10,00 15,63
8,5 1,63 2,35 3,71 5,88 9,41 14,71
9 1,54 2,22 3,50 5,56 8,89 13,89
9,5 1,46 2,11 3,32 5,26 8,42 13,16
10 1,39 2,00 3,15 5,00 8,00 12,50
11 1,26 1,82 2,86 4,55 7,27 11,36
12 1,15 1,67 2,62 4,17 6,67 10,42
12,5 1,11 1,60 2,52 4,00 6,40 10,00
13 1,07 1,54 2,42 3,85 6,15 9,62
14 0,99 1,43 2,25 3,57 5,71 8,93
15 0,92 1,33 2,10 3,33 5,33 8,33
16 0,87 1,25 1,97 3,13 5,00 7,81
17 0,81 1,18 1,85 2,94 4,71 7,35
17,5 0,79 1,14 1,80 2,86 4,57 7,14
18 0,77 1,11 1,75 2,78 4,44 6,94
19 0,73 1,05 1,66 2,63 4,21 6,58
20 0,69 1,00 1,58 2,50 4,00 6,25
22 0,63 0,91 1,43 2,27 3,64 5,68
24 0,58 0,83 1,31 2,08 3,33 5,21
25 0,55 0,80 1,26 2,00 3,20 5,00
26 0,53 0,77 1,21 1,92 3,08 4,81
28 0,49 0,71 1,12 1,79 2,86 4,46
30 0,46 0,67 1,05 1,67 2,67 4,17
33 0,42 0,61 0,95 1,52 2,42 3,79
Elaborada com base em PINHEIRO (1994)
Diâmetros especificados pela NBR 7480.
Tabela A- 2
COMPRIMENTO DE ANCORAGEM lb (cm) PARA As,ef = As,calc CA-50 nervurado
Concreto
φ
C15 C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50
(mm)
Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com
48 33 39 28 34 24 30 21 27 19 25 17 23 16 21 15
6,3
33 23 28 19 24 17 21 15 19 13 17 12 16 11 15 10
61 42 50 35 43 30 38 27 34 24 31 22 29 20 27 19
8
42 30 35 24 30 21 27 19 24 17 22 15 20 14 19 13
76 53 62 44 54 38 48 33 43 30 39 28 36 25 34 24
10
53 37 44 31 38 26 33 23 30 21 28 19 25 18 24 17
95 66 78 55 67 47 60 42 54 38 49 34 45 32 42 30
12,5
66 46 55 38 47 33 42 29 38 26 34 24 32 22 30 21
121 85 100 70 86 60 76 53 69 48 63 44 58 41 54 38
16
85 59 70 49 60 42 53 37 48 34 44 31 41 29 38 27
151 106 125 87 108 75 95 67 86 60 79 55 73 51 68 47
20
106 74 87 61 75 53 67 47 60 42 55 39 51 36 47 33
170 119 141 98 121 85 107 75 97 68 89 62 82 57 76 53
22,5
119 83 98 69 85 59 75 53 68 47 62 43 57 40 53 37
189 132 156 109 135 94 119 83 108 75 98 69 91 64 85 59
25
132 93 109 76 94 66 83 58 75 53 69 48 64 45 59 42
242 169 200 140 172 121 152 107 138 96 126 88 116 81 108 76
32
169 119 140 98 121 84 107 75 96 67 88 62 81 57 76 53
303 212 250 175 215 151 191 133 172 120 157 110 145 102 136 95
40
212 148 175 122 151 105 133 93 120 84 110 77 102 71 95 66
Valores de acordo com a NBR 6118/03
No Superior: Má Aderência ; No Inferior: Boa Aderência
lb Sem e Com ganchos nas extremidades
As,ef = área de armadura efetiva ; As,calc = área de armadura calculada
⎧0,3 l b
⎪
O comprimento de ancoragem deve ser maior do que o comprimento mínimo: l b,mín ≥ ⎨10 φ
⎪100 mm
⎩
γc = 1,4 ; γs = 1,15
Tabela A-3
COMPRIMENTO DE ANCORAGEM lb (cm) PARA As,ef = As,calc CA-60 entalhado
Concreto
φ
C15 C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50
(mm)
Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com
3,4 50 35 41 29 35 25 31 22 28 20 26 18 24 17 22 16
35 24 29 20 25 17 22 15 20 14 18 13 17 12 16 11
4,2 61 43 51 35 44 31 39 27 35 24 32 22 29 21 27 19
43 30 35 25 31 21 27 19 24 17 22 16 21 14 19 13
5 73 51 60 42 52 36 46 32 41 29 38 27 35 25 33 23
51 36 42 30 36 25 32 23 29 20 27 19 25 17 23 16
6 88 61 72 51 62 44 55 39 50 35 46 32 42 29 39 27
61 43 51 35 44 31 39 27 35 24 32 22 29 21 27 19
7 102 71 84 59 73 51 64 45 58 41 53 37 49 34 46 32
71 50 59 41 51 36 45 32 41 28 37 26 34 24 32 22
8 117 82 96 67 83 58 74 51 66 46 61 42 56 39 52 37
82 57 67 47 58 41 51 36 46 33 42 30 39 27 37 26
9,5 139 97 114 80 99 69 87 61 79 55 72 50 67 47 62 43
97 68 80 56 69 48 61 43 55 39 50 35 47 33 43 30
Valores de acordo com a NBR 6118/03
No Superior: Má Aderência ; No Inferior: Boa Aderência
lb Sem e Com ganchos nas extremidades
As,ef = área de armadura efetiva ; As,calc = área de armadura calculada
⎧0,3 l b
⎪
O comprimento de ancoragem deve ser maior do que o comprimento mínimo: l b,mín ≥ ⎨10 φ
⎪100 mm
⎩
γc = 1,4 ; γs = 1,15