Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Feira de Santana - BA
2010
ii
Feira de Santana - BA
2010
iii
TERMO DE APROVAÇÃO
Aprovada por:
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
À Deus, por me conceber a vida, podendo assim lutar pelos meus objetivos.
Aos meus queridos pais, que dão todo o amor, atenção e suporte aos meus estudos.
A minha irmã Magali que sempre acredita no meu potencial, e sempre está do meu lado
em minha defesa.
A minha amorosa noiva Monalisa, por me dar forças nos momentos de dificuldades, e
por todo seu amor que sustenta nossa relação. Amo-te!
A minha grande avó materna Dona Dejanira, por estar sempre presente em minha vida,
ajudando a me educar conjuntamente com meus pais.
Ao meu eterno padrinho Sr. Maneca (In memorian) e minha adorável madrinha Dona
Dulce, por me tratarem como filho, me dando todo o amor e carinho.
Aos meus inseparáveis amigos Valbert e Vinícius Mansur, por estarem presentes da
infância até hoje, concretizando um grande laço de companheirismo.
Ao meu amigo Engº Rafael Freitas, que busca o melhor para minha vida pessoal e
profissional, sempre acreditando no meu caráter. Um abração.
A todos os amigos da CSO Engenharia, em especial o Engº Paulo Roberto que iniciou
comigo a vida acadêmica.
Aos amigos da UEFS, onde encontrei grandes e boas amizades que pretendo sustentar
até o resto de minha vida.
RESUMO
ABSTRACT
In recent decades, great advances in concrete technology provided the advent of high
performance concrete (HPC), whose main features are their high mechanical strength
and excellent durability, obtained using low ratios of water/cement. It is these
characteristics that differentiate it from conventional concrete. The HPC is a material
that have been widely studied and employed in several countries like United States,
France, UAE, Malaysia, among others. Attributed to the development of this technology
with the use of two new materials in the dosage of concrete: the mineral additions (silica
fume) and superplasticizer additives. Thus, this work aims to contribute in the
performance evaluation of HPC produced from materials available in any region. Based
on the hypothesis that the amount of superplasticizer added to the mix can alter the
resistance to compression of HPC, were produced concrete with three levels of
superplasticizers. The concrete was produced with the same trait, but with different
ratios of water/cement. Overall, the results were satisfactory and as expected. It was
observed that increased resistance of the HPC is a function of lowering the ratio a/c and
increased levels of superplasticizer.
LISTA DE ABREVIATURAS
a/c Água/cimento
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
CAD Concreto de Alto Desempenho
CAE Polímero acrílico à base de éter
CP Corpo-de-prova
fck Resistência característica do concreto
NBR Norma Brasileira
SMF Formaldeído e melamina sulfonada
SNF Formaldeído e naftaleno sulfonado
x
LISTA DE TABELAS
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 – E-Tower, prédio da cidade de São Paulo construído com CAD. ................. 7
Figura 2.2 – Performance do CAD nos arranha-céus dos EUA. ...................................... 8
Figura 2.3 – Seção polida de um corpo-de-prova de concreto. ...................................... 10
Figura 2.4 – Microssílica vista por microscópio. ............................................................ 22
Figura 2.5 – Representação esquemática de duas pastas frescas de cimento com relação
a/c distintas...................................................................................................................... 25
Figura 2.6 - Interação dos fatores que influenciam a resistência do concreto ................ 31
Figura 3.1 - Balança GEHAKA nº 4881, com resolução de 0,01g ................................. 39
Figura 3.2 – Peneira LM 74 com fundo e tampa ............................................................ 39
Figura 3.3 – Limites de composição granulométrica 1 do agregado graúdo (9,5/25). ... 41
Figura 3.4 – Limites de composição granulométrica 2 do agregado graúdo (4,75/12,5).
......................................................................................................................................... 42
Figura 3.5 – Curva granulométrica do Agregado Miúdo em relação aos limites inferior e
superior da zona utilizável. ............................................................................................. 43
Figura 3.6 – Corpos-de-prova capeados com enxofre .................................................... 48
Figura 3.7 – Prensa hidráulica para o ensaio de compressão axial. ................................ 48
Figura 4.1 – Gráfico de Resistência à compressão x Relação a/c. .................................. 51
Figura 4.2 – Gráfico Teor de aditivo x Relação a/c. ....................................................... 52
xii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho apresenta em essência um estudo sobre a influência dos diferentes teores
de superplastificante na propriedade de resistência à compressão do concreto de alto
desempenho (CAD). Seu uso está bastante difundido, haja vista o grande interesse de se
obter um concreto com excelentes características, tais como: elevada resistência, boa
trabalhabilidade e grande durabilidade.
Segundo Price (2003), o CAD pode ser manipulado por diversas técnicas construtivas,
porém, deve ser dada atenção especial a fim de evitar atrasos no seu lançamento,
secagem e cura. O CAD também é caracterizado por ter um alto módulo de deformação
e resistência à tração, bem como menor retração durante a secagem. As principais
aplicações do CAD têm sido nos pilares de grandes edifícios, estruturas marítimas e de
grandes pontes.
1.1 JUSTIFICATIVA
O concreto em estudo será o concreto de alto desempenho, pois o mesmo se engloba nas
características acima comentadas, ou seja, uso de aditivos e adições na dosagem para se
conseguir melhoria de algumas propriedades, em especial a resistência. Os aditivos que
serão discutidos serão os superplastificantes, enquanto que as adições minerais serão as
sílicas ativas. Dessa forma, este trabalho se embasa em apresentar dados que verifiquem
a eficiência do superplastificante juntamente com a sílica ativa na dosagem do concreto
de alto desempenho.
1.2 OBJETIVOS
1.3 METODOLOGIA
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O concreto de alto desempenho, inicialmente, surgiu em meados dos anos 60, na cidade
de Chicago nos Estados Unidos (EUA). Desde aquela época, até alguns anos atrás, o
CAD era chamado de concreto de alta resistência, pois sua produção só visava aumentar
a resistência à compreensão. No entanto, essa denominação deixou de ser usada, pois o
CAD além de aumentar a resistência do concreto, contribui com outras propriedades
que são agregadas a ele, tais como: durabilidade, baixa porosidade, etc.
Nos últimos 20 anos, estudos intensivos sobre CAD têm sido realizados em diversos
países, com o intuito de fornecer aos engenheiros as informações necessárias sobre suas
propriedades, bem como dar subsídios para adaptação das normas de concreto às
características diferenciadas desse novo material (MENDES, 2002).
Aos poucos o CAD vem se tornando uma linha de pesquisa vasta na área de materiais,
atualmente a bibliografia sobre o tema é bastante ampla. Vários congressos, seminários,
encontros têm sido promovidos em vários países para divulgação e discussão de
trabalhos de diversos pesquisadores sobre o CAD.
7
No Brasil um dos principais prédios construídos com o CAD é o E-Tower, com fck de
projeto de 80,0MPa, sendo que alguns pilares atingiu-se 125,0MPA. Fica localizado na
cidade de São Paulo (Figura 2.1).
Figura 2.1 – E-Tower, prédio da cidade de São Paulo construído com CAD.
Fonte: http://www.basf-cc.com.br/novo/imagens/projetos/id23/foto01.jpg. Acesso em
20/08/2009.
Na Bahia uma das principais aplicações do CAD, foi a construção do edifício Suarez
Trade Center, localizado na cidade de Salvador, onde os pilares centrais atingiram 60
MPa de resistência.
2.2 CONCEITO
O CAD é o tipo de concreto que têm resistência à compressão maior que 40,0MPa
(embora ainda não exista um consenso na literatura técnica). Na dosagem do CAD,
procura-se atingir uma baixa relação água/cimento, o que irá resultar na sua alta
resistência característica. Na obtenção de concretos de alto desempenho, sempre são
utilizados aditivos e adições. Algumas características são alcançadas pelo CAD, tais
como: alta resistência à compressão, baixa permeabilidade, menor consumo de água,
menor consumo de cimento, menor consumo de agregados, entre outras. É quase
impossível, na prática, conseguir CAD sem a utilização das adições minerais,
especialmente nas faixas de resistência acima de 40,0MPa. Essa discussão liga-se às
peculiaridades do concreto. O CAD em geral tem como característica essencial a baixa
relação água cimento, entre 0,25, e no máximo em torno de 0,40, o que exige a
utilização de aditivos superplastificantes, para propiciar aumento da resistência e
trabalhabilidade ao concreto (MEHTA, 1994).
9
Aïtcin (2000) classifica os concretos de alto desempenho pelos seus devidos valores
conforme Tabela 2.1:
Na Figura 2.3, observa-se que apenas duas fases do concreto são facilmente
distinguidas, os agregados de tamanho e forma variados, e o meio ligante, composto de
uma massa contínua da pasta endurecida. Mehta (1994) comenta que a nível
macroscópico, o concreto pode ser considerado como um material bifásico, consistindo
de partículas de agregado dispersas em uma matriz de cimento.
2.3.1 Agregado
O agregado não tem influência direta sobre a resistência do concreto (concretos usuais),
tem apenas papel secundário, em alguns casos onde se tem agregados porosos e fracos,
a sua porosidade e composição mineralógica afetam na resistência à compressão,
dureza, módulo de deformação, que por sua vez influenciam várias propriedades do
concreto endurecido contendo o agregado (MEHTA, 1994).
Esta fase é o resultado da reação química dos minerais do cimento com a água. Sua
importância na dosagem do concreto é, principalmente, agir como substância
aglomerante.
Aïtcin (2000) afirma que a seleção dos materiais é um problema porque os cimentos e
os agregados disponíveis apresentam grande variedade de composição e propriedades, e
não existe uma sistemática clara que permita escolher facilmente os materiais
constituintes, além da diversidade de aditivos químicos e adições minerais disponíveis
no mercado.
2.4.1 Cimento
Em termos de finura, quanto maior for a superfície específica, em contato com a água,
mais rapidamente ocorrerá a hidratação do cimento, aumentando-se sua resistência à
compressão, principalmente nas primeiras idades. Por outro lado, quanto mais fino o
cimento, maior a dosagem de superplastificante necessária para alcançar a mesma
14
2.4.2 Agregados
Segundo Bauer (2000), nos concretos de alto desempenho (fck da ordem de 50,0 a 70,0
MPa), a resistência dos grãos do agregado pode ser insuficiente, rompendo-se o
concreto por fratura dos grãos, mesmo com agregado graúdo provindo de granito.
Nestes casos, é preciso dar atenção especial à escolha do agregado.
A resistência, o tamanho e a forma dos agregados devem ser compatíveis com a matriz,
sendo fundamental, no caso de CAD, que estes fatores sejam bem avaliados, evitando-
se os efeitos indesejáveis de problemas na zona de transição.
15
Segundo Neville (1997), as dimensões ideais dos agregados graúdos situam-se entre
10,0 mm e 19,0 mm. Quanto menor o agregado, menor a superfície capaz de reter água
durante a exsudação do concreto fresco, o que propicia uma zona de transição de menor
espessura e conseqüentemente mais resistente. As areias quartzosas bem graduadas, por
sua vez, são as mais recomendadas também para a produção do CAD.
Os agregados usados para fazer um concreto de alto desempenho são areia natural e
brita. Se o concreto de alto desempenho é feito com brita, o seu processamento leva as
partículas individuais contendo a concentração mínima possível dos elementos fracos
(AÏTCIN, 2000).
Aïtcin (2000) recomenda que a seleção do agregado graúdo seja feita após um exame
cuidadoso da mineralogia e da petrografia, para assegurar que as partículas são
resistentes o suficiente para evitar a ruptura precoce no CAD.
Para Aïtcin (2000), sempre que possível, o agregado miúdo selecionado deverá ter um
módulo de finura de 2,7 a 3,0. Devido a uma razoável quantidade de material fino na
mistura não há necessidade da areia ser tão fina do ponto de vista de segregação e
trabalhabilidade. Então o uso de areias mais grossas leva a um pequeno decréscimo na
quantidade de água na mistura, o que é vantajoso tanto do ponto de vista da resistência,
como do ponto de vista econômico.
2.4.3 Aditivos
do cimento. Apesar de serem onerosos, os aditivos podem trazer economia nas dosagens
de concreto, seja na redução do teor de cimento, na melhoria da durabilidade, ou na
redução das peças de concreto, etc.
Neville (1997) ressalta que o uso dos aditivos não é a solução para a falta de qualidade
dos outros ingredientes do concreto, para proporções não adequadas da mistura, ou para
despreparo da mão-de-obra para transporte, lançamento e adensamento.
Segundo Neville (1997), esses aditivos reduzem o teor de água da mistura, geralmente
entre 5,0% e 10,0%, às vezes até 15,0% em concretos com elevada trabalhabilidade.
18
2.4.3.2 Superplastificante
À medida que o uso dos superplastificantes foi se tornando mais comum, percebeu-se
que estes poderiam ser utilizados para reduzir a quantidade de água da mistura para um
nível jamais experimentado. Esses superplastificantes são tão eficazes que hoje em dia é
possível fazer o concreto fluido, tendo a relação água/cimento menor do que 0,30.
Descreve ainda que a dosagem de superplastificante mais eficiente pode ser encontrada
rapidamente usando-se “tripla tentativa de teor de água”: usam-se as relações a/c menor,
maior e intermediária, compatíveis com as exigências de resistência para fazer três
traços com igual quantidade de material cimentício, mas diferentes quantidades de água.
Esses traços experimentais são ensaiados quanto à resistência e perda de abatimento.
Tabela 2.2 - Efeito do modo de adição dos superplastificantes SMF, SNF e CAE no
slump de misturas de concreto de cimento Portland.
Fonte: Collepardi (1999)
ADITIVOS CONCRETOS
TIPO DE DOSAGEM MODO DE
RELAÇÃO A/C SLUMP (mm)
ADITIVO (% TEOR DE SÓLIDOS) ADIÇÃO
SMF 0,50 IMEDIATA 0,41 100
SMF 0,50 RETARDADA 0,41 215
SNF 0,48 IMEDIATA 0,40 100
SNF 0,48 RETARDADA 0,40 230
CAE 0,30 IMEDIATA 0,30 230
CAE 0,30 RETARDADA 0,39 235
Sua adição associada à massa de cimento faz com que se obtenha aumento de
desempenho do concreto. Tem partícula de dimensão média cem vezes menor que a do
grão de cimento. A sílica ativa preenche os vazios da zona de transição do material
cimentício/agregado, ao mesmo tempo que reage com a água e a portlandita disponível,
aumentando a resistência do concreto (TÉCHNE, 2002).
Price (2003), afirma que o papel das adições é muito mais significativo no CAD do que
os concretos convencionais. Para produzir concretos de alto desempenho em níveis
muito baixos de relação a/c (normalmente inferior a 0,30), sem necessidade de um
elevado teor de cimento, é necessário o uso de superplastificantes.
23
Devido a sua finura, as partículas de sílica ativa podem preencher os vazios entre as
partículas maiores do cimento, quando elas estão bem defloculadas na presença de uma
dosagem adequada de superplastificante (AÏTCIN, 2000). A adição de sílica ativa reduz
também, drasticamente, tanto a exsudação interna como superficial da mistura. Além
disso, as partículas de sílica ativa têm um efeito fluidificante sobre traços com relação
água/cimento muito baixa.
A sílica ativa é quase indispensável ao CAD, uma vez que tem aproximadamente três
vezes mais eficiência cimentícia do que o cimento Portland. Isto facilita a obtenção de
alta resistência sem excessiva quantidade de cimento. Para ser eficaz, deve ser sempre
usada em conjunto com um superplastificante. É normalmente adicionada à mistura
proporções de 5,0 a 10,0% da massa do cimento (PRICE, 2003).
A combinação desses diferentes modos de ação da sílica ativa no concreto resulta numa
microestrutura muito densa, aumentando assim a resistência à compressão do concreto.
Além disso, como a sílica ativa reduz a porosidade do concreto, a permeabilidade é
reduzida. É válido observar que os fatores de eficiência da sílica ativa relacionados à
permeabilidade do concreto são maiores do que para a resistência à compressão.
Quando a sílica ativa é adicionada no concreto fresco, ela reage quimicamente com o
CaOH para produzir uma quantidade adicional de C-S-H, inclusive com características
superiores, do ponto de vista de adesividade, àquele produzido pela simples hidratação
do cimento Portland, aumentando a resistência à compressão e a resistência química. A
zona de interface da pasta e do agregado é aumentada, resultando em altas resistências à
compressão (MEHTA, 1994).
A segunda função da sílica ativa é o efeito fíler. Como a sílica ativa de Fe-Si é cerca de
100 a 150 vezes menor que uma partícula de cimento, ela poderá preencher vazios
criados pela água livre na matriz. Essa função, chamada empacotamento, refina a
microestrutura do concreto, criando uma estrutura porosa muito mais densa (NEVILLE,
1997).
Embora Isaia e Helene (1995), comentam que o uso de elevadas quantidades de sílica
ativa é questionado, haja vista que podem possibilitar a despassivação da armadura do
concreto devido a queda de reserva alcalina.
grande tamanho. Assim, as idades mais avançadas, nesse tipo de mistura, uma relação
água/cimento menor pode não resultar uma resistência alta.
Figura 2.5 – Representação esquemática de duas pastas frescas de cimento com relação
a/c distintas.
Fonte: Aïtcin (2000)
Segundo Lintz et al. (2005), a dosagem do CAD é um pouco mais complicada do que a
do concreto convencional. Embora o CAD utilize os mesmos componentes básicos,
podendo entrar mais alguns complementares: superplastificantes, sílica ativa e
eventualmente aditivos retardadores de pega.
O CAD exige condições de produção e execução rigorosas, que deveriam ser padrão
também para concretos convencionais, o que pouco ocorre, na prática. Conhecer as
características de aditivos e adições ajuda a entender porque tanta preocupação. A sílica
ativa propicia maior compacidade ao concreto, melhorando a aderência entre a pasta e
os agregados graúdos devido à sua extrema finura, com diâmetro médio em torno de 19
mm. O excesso de impurezas na água pode provocar problemas na resistência, assim como
o uso inadequado de aditivos (PRICE, 2003)
A seleção dos materiais que vão ser usados na mistura deve ser bem cuidadosa, haja
vista que os ingredientes adicionados de forma inadequada levam a perder o objetivo da
dosagem, que é obter o concreto de alto desempenho. O concreto de alto desempenho
deve ser produzido, transportado e lançado da mesma forma que o concreto usual.
Dois pontos são importantes a serem levados em consideração. Em primeiro lugar, com
concreto de alto desempenho a resistência muitas vezes é necessária após 28 dias de
idade; isso deve ser levado em conta na consideração do critério de resistência. Em
segundo lugar, o que se necessita em um concreto de alto desempenho é um elevado
módulo de deformação. Para esse fim, é essencial que se use um agregado com elevado
módulo de deformação, mas também é importante que se escolha um material
cimentício que resulte uma aderência particularmente boa entre as partículas de
agregado graúdo e a matriz (MENDES, 2002).
As vantagens técnicas e econômicas do CAD não diminuem o fato de que esse tipo de
concreto precisa de cuidados bastante precisos e requer projetos específicos para sua
dosagem. Exige, além do controle da qualidade do cimento, dos agregados e da
dosagem dos aditivos; acompanhamento da execução na obra em que será utilizado.
Como a necessidade de baixa relação água/cimento e o elevado consumo de cimento
tenderiam a produzir uma mistura desuniforme, caso não fossem empregados aditivos
redutores de água, esse balanceamento necessita de alguns cuidados prévios. Os
superplastificantes, à base de lignossulfonatos, naftalenos sulfonados ou melamina, são
a alternativa mais recente para reduzir em mais de 30% a quantidade de água
(BARATA, 1998).
Segundo Price (2003), para uma boa dosagem de CAD é necessário manter uma
consistente e baixa relação a/c juntamente com uma mistura eficaz. O controle rigoroso
de todas as fontes de água na mistura é crítica. Estes incluem:
Este item descreverá algumas propriedades do CAD, porém com maior ênfase na
resistência à compressão.
29
Como o teor de material cimentício do CAD é alto (em torno de 500 kg/m³), o calor de
hidratação do concreto também é. É fato que, quando o calor de hidratação aumenta a
resistência do concreto diminui. Dessa forma, se o CAD é utilizado em grandes
volumes, é necessário precauções quanto aos efeitos térmicos (PRICE apud
BAMFORTH e PRICE, 1995).
A obtenção de resistências maiores nas primeiras horas torna-se muito difícil devido à
perda rápida de abatimento. Para obtenção de dados comparativos, a data de 28 dias é a
mais indicada para que testemunhos sejam ensaiados (AÏTCIN, 2000).
32
Para tanto, devem ser bem observadas as condições de cura, com sua devida influência
nas amostras a serem ensaiadas. Corpos-de-prova submetidos a tempo demasiado de
cura de imersão em tanques com água podem ter a penetração de certa quantidade de
líquido em seu interior, que propiciem uma hidratação adicional, gerando um aumento
de resistência à compressão nas regiões afetadas.
- Relação água/cimento
Abrams enunciou, no início do século XX, a agora conhecida como Lei de Abrams,
relacionando a resistência à compressão à relação a/c. A lei versa que para um mesmo
grau de hidratação, a resistência da pasta depende essencialmente da relação a/c. Desta
forma, para o CAD também funciona a relação de que quanto menor relação a/c, maior
a resistência, como mostra a Tabela 2.3.
- Ar Incorporado
- Tipo de cimento
- Agregados
Segundo Neville (1997), para assegurar boa aderência entre as partículas de agregado
graúdo e a matriz, essas partículas devem ser aproximadamente equidimensionais. Além
de que, são essenciais a limpeza, a ausência de pó aderente e a uniformidade
granulométrica do agregado. O agregado miúdo deve ser arredondado e ter
granulometria uniforme, mas um pouco grossa, porque as misturas ricas usadas em
concreto de alto desempenho têm um valor elevado de partículas finas.
A resistência, o tamanho e a forma dos agregados devem ser compatíveis com a matriz,
sendo fundamental, no caso de CAD, que estes fatores sejam bem avaliados, evitando-
se os efeitos indesejáveis de problemas na interface matriz-agregado.
34
Condições de Cura
Entende-se pelo termo cura, como um conjunto de procedimentos que visa promover a
hidratação do cimento, com controle do tempo, temperatura e condições de umidade,
após o lançamento do concreto. Desta forma, percebe-se a influência do processo de
cura adequado na resistência, evitando-se efeitos de retração por secagem com aumento
excessivo da temperatura.
Parâmetros de Ensaio
2.8.2.3 Durabilidade
É a propriedade que faz com que o concreto tenha a capacidade de resistir a ações do
intemperismo, como ataques físicos (ex. abrasão), químicos e a qualquer outro processo
de deterioração, durante sua vida útil para a qual foi projetado com um mínimo de
manutenção possível (MEHTA, 1994).
Atualmente, o que se propõe para uma melhor durabilidade dos concretos, é a tentativa
de aumentar a resistência aos ataques químicos externos. Isso é conseguido reduzindo a
porosidade e a permeabilidade do concreto para reduzir ou diminuir a velocidade da
penetração dos agentes agressivos.
3 PROGRAMA EXPERIMENTAL
A seleção dos materiais utilizados nesta pesquisa foi realizada de acordo com a
disponibilidade dos mesmos na região. Os materiais foram utilizados de maneira como
são fornecidos comercialmente, sem alterações em suas características iniciais, com
exceção dos agregados que foram lavados para redução de pó.
3.1.1 Cimento
Resíduo Área
Início Fim A frio A quente
na peneira específica 1 dia 3 dias 7 dias 28 dias
(h) (h) (mm) (mm)
75mm (%) m²/kg
RC
F 100
M
A tabela 3.3 mostra a finura determinada pelo ensaio, observando que o resultado
atendeu a exigência mínima de finura pelo fabricante.
40
O agregado coletado para ensaio não se encaixa em nenhum dos dois limites de
composição granulométrica das Figuras 3.3 e 3.4. Sendo que se aproxima da zona
granulométrica 9,5/25 da norma NBR NM 26/2001, explicitado na Figura 3.3.
Figura 3.5 – Curva granulométrica do Agregado Miúdo em relação aos limites inferior e
superior da zona utilizável.
Fonte: NBR 7211/2009
44
Analisando os dados mostrados na Tabela 3.7, onde foi apresentado o Módulo de Finura
(MF) do agregado miúdo se confirmou que a curva do agregado miúdo usado no
experimento se aproxima do limite da Zona Utilizável, além de que o módulo de finura
encontrado está no limite de 2,7 a 3,0, proposto por Aïtcin (2000).
Para obter um traço único, que foi utilizado durante todo o experimento escolheu-se o
Método do IPT juntamente com as recomendações do fabricante do aditivo
superplastificante e de toda a literatura explorada na revisão bibliográfica. Inicialmente
foram fixados alguns parâmetros, válidos para a dosagem do CAD. São eles:
abatimento: ≥ 150mm
aditivo: acrescentado em três teores distintos (proporção mínima, máxima e um
fora dos limites determinados pelo fabricante)
adição: 10% de sílica ativa sobre a massa de cimento
45
Foi escolhido o traço intermediário 1:5, pois além de ser o mais usual tentou-se
beneficiar os requisitos de trabalhabilidade e economia. Em seguida utilizou-se a
fórmula de teor de argamassa proposta pelo IPT para definir o traço unitário do
concreto.
1 a
100
1 m
Sendo :
Portanto o traço unitário em massa, que será utilizado nas quatro misturas é:
Para obter a quantidade de cada material em massa basta multiplicar os valores do traço
unitário pela quantidade desejada, tendo como base a massa de cimento. Foi escolhido
uma massa inicial de 9 kg, pois é o valor adequado para preencher 12 corpos-de-prova,
conforme mostra a Tabela 3.8.
46
As Tabelas 4.1, 4.2 e 4.3, apresentam o resumo dos resultados obtidos através dos
ensaios de compressão axial, com suas respectivas médias e abatimentos, além de
mostrarem os desvios padrão e coeficientes de variação.
A média da resistência foi de 50,1 MPa para dosagem 1, 60,0 MPa para a dosagem 2 e
73,7 MPa para a dosagem 3; além de que a relação a/c foi diminuindo de 0,38 para 0,36
e para 0,35 respectivamente. Os coeficientes de variação foram baixos, corroborando na
confiabilidade dos resultados.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como objetivo principal produzir concretos de alto desempenho com
três diferentes teores de superplastificantes. Para isto foram estudadas algumas
propriedades desse concreto: trabalhabilidade, resistência à compressão, com ênfase na
segunda, por se tratar de uma propriedade fundamental do concreto. Procurou-se ainda
avaliar a influência dos superplastificantes na propriedade de resistência do CAD.
5.1 CONCLUSÕES
A não obtenção de resistências maiores pode ser explicadas pelo não cumprimento da
seleção rigorosa dos materiais constituintes. Além também das condições de preparo,
moldagem e cura dos CP’s que foram bastante limitadas.
No entanto apesar das limitações, foi obtido um concreto com resistências acima de 40
MPa e com relações a/c menores que 0,40, podendo ser classificado como CAD de
Classe 1, proposto por Aitcin (2000). Pela definição de outros autores o concreto obtido
54
pode ser classificado como um concreto de alta resistência já que a definição de alto
desempenho abrange outras propriedades além da resistência a compressão.
REFERÊNCIAS
BAMFORTH, P. B. and PRICE, W. F. Concreting deep lifts and large volume pours.
London: CIRIA Report, 1995.
NEVILLE, Adan Matthew. Propriedades do Concreto. 2. ed. São Paulo. Pini, 1997.
TÉCHNE, Revista. São Paulo, ed. PINI, n. 63, p. 36-43, junho, 2002.
57