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LICENCIATURA EM ENGENHARIA HIDRÁULICA

Cadeira: Obras e Máquinas Hidráulicas

Tema:
Avaliação de locais para implantação de barragem/albufeira, mini central hídrica e

estação hidrométrica no riacho Guto

Teste 2

Grupo 01
Elaborou, estudantes do 40 ano: VII semestre

BERMINO, Cardoso
CÁSSIMO, Mário
RACHIDE, Rachide
DIAS, Moisés

Verificou: Ezequiel F. Carvalho, Msc

Corrigiu: ___________________________

Tarefa entregue aos 09 de Abril de 2019


Prazo de execução: até 22 de Abril de 2019
Trabalho entregue aos: ___________________

Songo, Abril de 2019


LICENCIATURA EM ENGENHARIA HIDRÁULICA

Cadeira: Obras e Máquinas Hidráulicas

Tema:

Avaliação de locais para implantação de barragem/albufeira, mini central hídrica e

estação hidrométrica no riacho Guto

Teste 2

Grupo 01

Elaborou, estudantes do 40 ano: VII semestre

BERMINO, Cardoso

CÁSSIMO, Mário

RACHIDE, Rachide

DIAS, Moisés

Verificou: Ezequiel F. Carvalho, Msc

Corrigiu: ___________________________

Tarefa entregue aos 09 de Abril de 2019

Prazo de execução: até 22 de Abril de 2019

Trabalho entregue aos: ___________________

Songo, Abril de 2019


Índice de Figuras

Figura 1: Solos Característicos de Songo .................................................................. 4


Figura 2: Localização geográfica do Distrito Cahora-Bassa-Vila de Songo ............... 5
Figura 3: Rocha Caraterística da Zona da Implantação da Barragem/Albufeira ........ 8
Figura 4: Proposta dos Locais de Implantação da Barragem ..................................... 9
Figura 5: Ocupação Vegetal sobre o Rio Guto ......................................................... 11
Figura 6: Curvas de Níveis e as Áreas Inundadas ................................................... 12
Figura 7: Sedimentos transportado pelo Rio Guto ................................................... 13
Figura 8: Gráfico da Curva das áreas inundadas ..................................................... 14
Figura 9: Gráfico de Curva de Volumes Armazenados ............................................ 15
Figura 10: Gráfico das Precipitações Acumuladas em Função do Tempo. .............. 16
Figura 11: Curvas de Brune (fonte: Ezequiel Carvalho, notas das Aulas Obras e
Maquinas Hidráulicas, 2019) .................................................................................... 20
Figura 12: Representação Esquemática da Albufeira Dimensionada. ..................... 21
Figura 13: Barragem de Aterro e Suas Componentes (Fonte: Prof. Luiz Cláudio Silva
Pires, Faculdade FINOM) ......................................................................................... 22
Figura 14: Esquema do Empreendimento da Micro Central Hídrica ........................ 23
Figura 15: Levantamento do Caudal do Rio ............................................................. 24
Figura 16: Perfil Transversal da Secção do Rio ....................................................... 26
Figura 17: Localização estação hidrométrica (fonte: Google Earth) ......................... 28
Figura 18: Ponte sobre o Rio Guto (local da futura instalação da estação Hidrométrica)
................................................................................................................................. 28
Figura 19: Gráfico Curva de vazão........................................................................... 30

Índice de Tabelas

Tabela 1: Cotas em Relação as Áreas Inundadas ................................................... 13


Tabela 2: Curva de volumes armazenados .............................................................. 14
Tabela 3: Precipitação Acumulada. .......................................................................... 15
Tabela 4: Coeficiente para Bacias em Áreas não Urbanizadas Fonte: (HIPOLITO &
VAZ, 2011). .............................................................................................................. 16
Tabela 5: Efeito de Período de Retorno Fonte: (HIPOLITO & VAZ, 2011)............... 17
Tabela 6: Factor de Correcção de Velocidade ......................................................... 25
Tabela 7: Dados da Curva de Vazão ....................................................................... 29

II
ÍNDICE
Índice de Figuras ........................................................................................................ II
Índice de Tabelas ....................................................................................................... II
1 Memoria Descritiva e Justificativa........................................................................ 1
2 Avaliação de Locais para Implementação de Barragem/Albufeira, mini Central
Hídrica e Estação Hidrométrica no Riacho Guto. ....................................................... 4
2.1 Localização da Vila de Songo – Riacho Guto ............................................... 4
2.2 Reconhecimento da Área em Estudo ............................................................ 5
2.2.1 Critério de avaliação do local para a construção de uma barragem ....... 6
2.3 Recolha e análise de dados .......................................................................... 7
2.3.1 Considerações iniciais ............................................................................ 7
2.3.2 Elementos Disponíveis ........................................................................... 7
2.4 A identificação dos locais para implementação da barragem ....................... 8
2.5 Notas de Cálculo ......................................................................................... 13
2.5.1 Curva das Áreas Inundadas ................................................................. 13
2.5.2 Curva dos Volumes Armazenados ....................................................... 14
2.5.3 Intensidade de Precipitação ................................................................. 15
2.6 Dimensionamento da Albufeira a Ser Criada Pela Barragem ..................... 18
2.7 Abordagem Sobre o Tipo de Barragem ...................................................... 21
2.8 Identificação do Local para a Implementação de uma Mini Central Hídrica 22
2.9 Avaliação do Potencial Hidroelétrico do Local a Implementar a Mini Central
Hídrica .................................................................................................................. 23
2.10 Identificação de uma Secção do Riacho para a Implementação de uma
Estação Hidrométrica. ........................................................................................... 27
2.11 Elaboração da Equação de Curva de Vazão da Estação Hidrométrica ...... 29
3 Considerações Finais ........................................................................................ 31
4 Recomendações para Continuação dos Estudos .............................................. 32
5 Referências Bibliográficas ................................................................................. 33

III
1 Memoria Descritiva e Justificativa

Os pequenos aproveitamentos hidroelétricos desempenham um papel importante no


abastecimento de energia renovável para zonas recônditas. Por estes motivos o
objetivo geral do presente estudo consiste na avaliação do potencial hidroelétrico do
rio Guto, afluente a montante do Rio Zambeze, com curso de água na direção Este à
Oeste, em que sua descrição foi feita seguindo os seguintes passos:

 Obtenção de topografia da bacia hidrográfica do rio Guto;


 Obtenção de dados hidrológicos da bacia hidrográfica do rio Guto;
 Dimensionamento da albufeira a ser criada pela barragem
 Avaliação de locais adequados à construção de aproveitamentos hidroelétricos e
hidro-agrícolas;
 Realização de avaliações hidrológicas para a obtenção da recta de intensidade,
precipitações medias,
 Avaliação da produção energética de cada aproveitamento;
 Desenvolvimento a nível de estudo preliminar da alternativa mais vantajosa; e
 Proposta de possíveis soluções construtivas e hidrológicas do rio Guto.

A execução de estudos e projetos de aproveitamentos hidroelétricos em zonas


distantes dos grandes centros traz consigo dificuldades acrescidas pela falta de dados
detalhados da região.

Clima e Hidrografia

O clima é predominantemente do tipo “Seco de Estepe com Inverno Seco - BSw”


(classificação de Köppen), modificado localmente pela altitude, com duas estações
distintas, a estação chuvosa (muito curta) e a seca (muito longa). A precipitação
média anual da vila de Songo é de 791.78 𝑚𝑚 (determinada a partir dos dados das
precipitações diárias dos anos hidrológicos 01/10/2007 á 30/09/12 fonte: Notas de
Aulas Eng. Ezequiel Carvalho 2019), enquanto a evapotranspiração potencial média
anual a nível do distrito é de 1.623 mm.

A maior queda pluviométrica ocorre sobretudo no período compreendido entre


dezembro de um ano a fevereiro do ano seguinte, variando significativamente na
quantidade e distribuição, quer durante o ano, quer de ano para ano, e a temperatura
média está na ordem dos 26.1ºC. As médias anuais máxima e mínima são de 34.1 e
18.1ºC, respectivamente.

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A temperatura elevada agrava consideravelmente as condições de fraca precipitação
nestas regiões provocando deficiências de água para o crescimento normal das
plantas (culturas).

A rede de drenagem natural é constituída fundamentalmente pelo rio Guto, ribeira de


carácter torrencial que atravessa o planalto no sentido NE-SW, recebendo as águas
de seus tributários, três em cada margem, desaguando na albufeira de Cahora Bassa
curso do rio Zambeze. (Perfil do Distrito-Cahora Bassa, 2017)

Geologia

Songo situa-se na região sul-oriental de África e o principal sistema sismo-tectónico


que atravessa o continente africano (rifts da África Oriental) tem influenciado a
evolução geológica desta parte do continente.

Trata-se do maior sistema rift continental, ao qual estão associados geneticamente


um conjunto numeroso de lagos naturais, vulcanismo ultra-alcalino (nefelinitos, ijolitos
e carbonatitos) e fluxos térmicos de média e alta-entalpia (fumarolas, sulfataras e
nascentes termais).

As rochas com maior expressão local são as de tendência granítica, que incluem
granitos com amplas características petrográficas, apresentando, frequentemente,
disposições orientadas dos minerais, por vezes francamente gnaissica. Predominam
os granitos e gnaisses de tendência porfiroide e porfiroblástica constituídos,
fundamentalmente por feldspato e quartzo, por vezes com tom rosado. (Perfil do
Distrito-Cahora Bassa, 2017)

Relevo

O Planalto da Serra do Songo desenvolveu-se na direcção Leste-Oeste a uma altitude


média de 900 metros. Rodeado a Sul, Este e Oeste por uma cintura de montes que
atingem altitudes superiores a 100 metros, de vertentes frequentemente muito
declivosas, desde rapidamente no seu bordo Norte para formar a garganta de Cahora
Bassa.

O seu relevo é pouco uniforme e podemos distinguir uma zona central de relevo mais
desenvolvido com afloramentos rochosos frequentes e uma zona envolvente de
relevo irregularmente ondulado, com afloramentos rochosos mais localizados, por

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vezes importantes, que se prolongam pela vertente menos declivosa da cadeia de
montanhas envolventes, formando, assim, pequenos planaltos secundários.

Vegetação

Embora os recursos do planalto sejam limitados, a presença da população, cuja base


económica é a agricultura e pecuária de subsistência, provocou a degradação do
meio que se reflecte pela pobreza de cobertura vegetal existente e pelos sinais
evidentes de erosão que se verificam em diversos locais, especialmente nos leitos e
ribeiras e na zona central do planalto.

Assim nas zonas baixas “tando” que se formam ao longo da margem esquerda do rio
Guto, as más condições de drenagem natural, determinam a formação de um estrado
graminoso com poucas espécies arbustivas ou arbóreas.

A população destruiu parte protecção vegetal com algumas prácticas agrícolas, mas
fora isto existe uma densa vegetação arbórea de grande riqueza florística.

Solos

Os solos do planalto do Songo seguem, na sua formação, a lei geral dos solos
tropicais em “catena”, diferenciando-se pela cor e textura segundo a topografia a partir
do mesmo material originário.

Assim, localizam-se nas baixas solos cinzentos com horizontes “grey” ricos em
matéria orgânica, húmidos, de textura ligeira e fraca estrutura, seguindo-se com o
aumento de declive solos amarelos, laranja ou alaranjados e finalmente vermelhos,
progressivamente com melhor textura e melhor estruturados.

Os solos acinzentados de fraca aptidão agrícola ocorrem na zona plano-côncava do


“tando” referenciado como consequência de uma má drenagem natural.

Os restantes agrupamentos de solos estariam bem representados no planalto,


embora condicionados pelo relevo, mas a ocorrência de um processo de degradação
florística e edáfica mascarou a seriação definida, salientando numerosos
afloramentos rochosos que inicialmente estariam cobertos por solo de melhor aptidão.

Assim, na zona do planalto de relevo suave devem ter maior representação os solos
amarelos e laranja de relativamente boa aptidão agrícola estando os solos amarelos
e avermelhados de melhor aptidão confinados às vertentes de declive médio.

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Figura 1: Solos Característicos de Songo

Motivação

A vila de Songo localiza-se num planalto rodeado por montes, constituindo uma serie
de bacia hidrográfica que alimente um riacho de nome Guto, cujas aguas desaguam
na albufeira de Cahora bassa. Esta localização do rio O rio Guto torna o mesmo num
potencial recurso de aproveitamento hídrico, pois constitui uma fonte de
abastecimento de água para a irrigação das hortas e também possui um potencial
para a produção de energia elétrica através de implementação de uma mini central
hídrica, sendo assim surgiu a necessidade de fazer um estudo do local de modo a
contribuir de forma significativa no desenvolvimento local e regional na gestão de
recursos hídricos basicamente com instalação de uma barragem de armazenamento
de modo a regular os escoamentos.

2 Avaliação de Locais para Implementação de Barragem/Albufeira, mini


Central Hídrica e Estação Hidrométrica no Riacho Guto.

2.1 Localização da Vila de Songo – Riacho Guto

A Vila do Songo está localizada na província de Tete, distrito de Cahora Bassa. É aqui
onde se situa a sede da empresa Hidroeléctrica de Cahora Bassa, visto que a cerca
de uma dezena de quilómetros da vila se situa a barragem e, no seu ventre, a central
com os seus cinco potentes geradores. Trata-se de uma vila que em tudo se confunde
com a própria história do gigantesco empreendimento. O distrito de Cahora Bassa

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tem como limite, a norte o distrito de Marávia, a oeste o distrito de Magoé, a sul o
Zimbabwé, a leste o distrito de Changara e a nordeste o distrito de Chiuta. De acordo
com o Censo de 2017, o distrito tem 132.972 habitantes e uma área de 10.598 km².

Figura 2: Localização geográfica do Distrito Cahora-Bassa-Vila de Songo

2.2 Reconhecimento da Área em Estudo

Para o reconhecimento da área que será implementada o projecto geométrico, fez-se


um reconhecimento topográfico que foi possível mediante a carta topográfica da Vila
de Songo fornecida pelo docente da cadeira numa escala de 1:10000 com curvas de
níveis espaçados a 10 metros, reconhecimento aerofotogramétrico através do
programa técnico Google Earth e uma visita ao campo que permitiu identificar de perto
zonas com declividades acentuadas que dum lado permite acumulação de grandes
quantidades de agua e de outro lado zonas propensas a erosão dos solos, Por falta
de equipamentos necessários para a execução dos reconhecimentos, assumiu-se

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que o local em estudo apresenta características equivalente à da albufeira da
barragem de Cahora Bassa, visto que é uma barragem da vizinhança.

2.2.1 Critério de avaliação do local para a construção de uma barragem

De acordo com as Memorias de Ezequiel Carvalho (2016), em condições ideais, o


local para a construção de uma barragem devia preencher os seguintes critérios:

a) Situar-se numa secção estrita do vale. A razão é obviamente o torna possível uma
barragem de custo mais baixo. Há, no entanto, que tornar atenção ao facto de que
vales muito estreitos podem dificultar a colocação de órgãos hidráulicos e complicar
o problema da dissipação de energia;

b) Estar a jusante de um vale aberto para que albufeira criada pela barragem tenha
uma capacidade de armazenamento;

c) Ter boas condições de fundação (rocha sã a pequena profundidade, inexistência


de falhas importantes, solos compactos e pouco permeáveis);

d) A geologia do vale a montante, onde se vai localizar a albufeira, mostrar não haver
problemas de rochas cársicas, solos permeáveis ou possibilidade de deslizamentos
nas encostas;

e) Possibilitar a extracção dos materiais de construção necessários (solos e


agregados);

f) Ter acessos fáceis.

Como é evidente, estas condições raramente são preenchidas na totalidade pelo que
é necessário procurar uma solução de compromisso.

A selecção do local da barragem não deve ser feita sem se considerarem 2 ou 3 locais
alternativos, pesando cuidadosamente as vantagens e inconvenientes de cada um
deles.

A escolha dum local deve atender também a outros factores dependentes das
finalidades da barragem e das especificidades da região, como por exemplo:

 Possibilidade de aproveitamento duma queda para produção de energia eléctrica;


 Áreas de interesse económico, social ou cultural e infra-estruturas que possam ser
inundadas pela albufeira (aldeias que têm de ser deslocadas, estradas e
caminhos-de-ferro que ficam submersos, etc.).

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2.3 Recolha e análise de dados

2.3.1 Considerações iniciais

Nos pontos seguintes, indica-se a metodologia que teoricamente deveria ser seguida
na recolha e análise de dados. No presente trabalho, dada a sua natureza académica,
só foi seguida parte da metodologia descrita fazendo-se, contudo, a sua descrição na
totalidade para trabalhos futuros. Em primeiro lugar é preciso fazer a recolha de dados
cartográficos, geológicos, geotécnicos, hidro-meteorológicos, socioambientais e de
custo, de carácter regional e local. A análise desses dados permite avaliar com certa
confiança os locais propícios à implantação de um aproveitamento hidroelétrico, as
alternativas da divisão da queda, o potencial energético e ainda perceber os dados
adicionais necessários às etapas posteriores.

2.3.2 Elementos Disponíveis

Dados Fotográficos e Cartográficos

Os elementos fotográficos e cartográficos disponíveis e utilizados no estudo foram os


seguintes:

 Fotografias aéreas (Google Earth) a escala aproximadamente 1:300, cobrindo a


totalidade da bacia hidrográfica;
 Cartas ou mapas topográficos a escala 1:10000 fornecidos pelo docente da
cadeira.

Dados Hidrológicos

Utilizaram-se os dados de precipitação a nível da vila de Songo entre os anos


hidrológicos de 01-10-2007 a 30-09-2012.

Dados Geotécnicos e Geológicos

Os dados geológicos e geotécnicos foram obtidos através de fotografias e inspeção


visual e notas de aulas da cadeira Obras e Maquinas Hidráulicas lecionado pelo Eng.
Ezequiel Carvalho do local de implantação da barragem/albufeira sendo caraterizado
por rochas magmáticas impermeáveis com fendas muito reduzidas sem necessidade
de muita escavação para implantação de estruturas, com algumas zonas susceptíveis
de erosão devido algumas prácticas agrícolas ao longo da futura albufeira.

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Figura 3: Rocha Caraterística da Zona da Implantação da Barragem/Albufeira

Meio Ambiente

A avaliação dos impactos ambientais à configuração do plano de bacia foram


identificados como razoável pois o local não tem forte presença de fauna que seriam
restringidos do recurso hídrico, a flora também não é tão afectada pois ao longo da
área em estudo notou-se ocupadas por machambas sendo este o pormenor que
afecta negativamente o estudo também não notou-se áreas fortemente habitadas, em
termos de patrimônio o risco que se corre é a inundação da via de acesso a barragem
da Hidroelétrica da Cahora Bassa mas tomou-se devendo merecer a devida nas
curvas de níveis e as áreas inundadas.

2.4 A identificação dos locais para implementação da barragem

Os critérios para a escolha do local de implementação de barragem estão associados


diretamente à concepção e aos objetivos do empreendimento:

 Maior vazão média regularizada (maior área da bacia hidrográfica e maior volume
da albufeira);
 Maior desnível topográfico (maior altura de queda);
 Menor interferência na albufeira (menores custos de desapropriação, de
remanejamento de infraestrutura ou de população);
 Menor linha de transmissão.

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A primeira escolha de locais de implantação da barragem foi feita nas cartas
topográficas e uma inspeção visual das cartas já imprimidas.

Feita estas escolhas, mediram-se as áreas das bacias correspondentes e as secções


da barragem tomando em consideração a localização estratégica a montante das
áreas irrigáveis com possibilidade de aproveitamento de uma queda razoável, cerca
de 40m, podendo vir a ter interesse, na sequência dos estudos, não só para
suprimento de obras de irrigação como também para a produção de energia.

Nesta primeira fase houve a preocupação de: quanto ás barragens para


aproveitamento hidro-agrícolas, encontrar locais com armazenamentos suficientes e
dominantes em altitudes, quanto ás do aproveitamento hidroelétrico, descobrir locais
que proporcionem amplos armazenamentos ou grandes quedas.

Com a visita ao local conseguiu-se ainda obter as seguintes informações:


 O rio corre no sentido sudeste-noroeste com uma declividade favorável para
aproveitamento hídrico;
 A geologia da área é rochosa, com formações graníticas, com fortes indícios de
sedimentação;
 Forte prática de agricultura nas margens do rio;
 O vale apresenta condições para armazenar água em quantidades
consideráveis, para os fins que lhe são conferidas.

Dentre as várias alternativas de escolha do local de implantação da barragem


encontradas ou possíveis selecionou-se dois (2) que aproximadamente cumprem
com os requisitos necessários. Em azul temos o comportamento do escoamento do
riacho.

Figura 4: Proposta dos Locais de Implantação da Barragem

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Alternativa A-A’

 Vale estreito;
 Está a jusante de um vale aberto;
 Possibilidade de aproveitamento duma queda de altura elevada para a produção
de energia eléctrica;
 Rochas de origem magmáticas;
 Possibilidade de maiores áreas inundadas e volumes armazenados;
 Fácil acesso, pois, ela se encontra junto a estrada que leva Hidroelétrica de
Cahora-Bassa;
 Vasta gama de Solos impermeáveis (rochas);
 Declividade menos acentuada.

Alternativa (B-B’)

 Vale aberto;
 Está a jusante de um vale aberto e ligeiramente apertado;
 Possibilidade de aproveitamento duma queda de altura elevada para a produção
de energia eléctrica;
 Rochas magmáticas;
 Localizada próximo a “cachoeira”;
 Solos impermeáveis, e não há possibilidade de deslizamento nas encostas visto
que o local é rochoso;
 Declividade acentuada;
 Menor área inundada.

Avaliando-se as duas opções, a secção A-A’ leva vantagem devido aos aspectos
económicos e técnicos ora vejamos: vale estreito, tornando a barragem de menor
custo, facilidade de acesso para a locação dos materiais necessários para
construção, maior queda maior potencial hidroelétrico, maior capacidade de
armazenamento. Em contrapartida a barragem B-B’ apresenta boa queda para
produção de energia elétrica e melhores condições de fundação, assim sendo a
melhor alternativa é A-A’ pois satisfaz as finalidades da obra.

10 | P á g i n a
Figura 5: Ocupação Vegetal sobre o Rio Guto

A partir da imagem acima pode-se constatar que boa parte da margem do rio Guto é
constituído por machambas feitas pelas populações vizinhas, que é a base para a sua
alimentação e para o seu auto-sustento, visto que a área de inundação da albufeira
poderá abranger boa parte das áreas de cultivo destas populações. Este facto resulta
num possível inconveniente para a implementação da represa na referida área, mas
também é um forte sinal de potencialidade agrícola e da necessidade de um sistema
de rega eficiente. Quanto à habitação não existe indícios de residências arredores da
área inundada.

A geologia da bacia também é um importante factor a vegetação contribui bastante


no controlo de erosão que constitui umas das fontes do caudal sólido afluente a
barragem.

Determinação da Área de Inundação da albufeira

As áreas inundadas reflectem a área máxima que a albufeira poderá alcançar quando
esta estiver a NPA (Nível de pleno armazenamento. Estas áreas foram determinadas
recorrendo a curvas de nível da região que consta nas notas de cálculo.

11 | P á g i n a
Retirou-se as curvas de nível da área inundada para um decalque em ArchiCad-20
(figura 6) para calcular a área inundada, e com a carta a uma escala de 1:10.000,00.
Os cálculos para a determinação das áreas de inundação constam nas notas de
cálculo, para uma melhor percepção

As áreas demostram uma proporcionalidade directa entre a área e a altura da represa.


As áreas não têm dimensões totalmente exactas uma vez que se utilizou formas
matemáticas e empíricas, que dão resultados aproximados para o caso em estudo.

Figura 6: Curvas de Níveis e as Áreas Inundadas

Determinação da capacidade útil e volume morto

A capacidade útil de uma albufeira, resulta da subtracção do volume total e volume


morto, sendo considerado este aspecto, teve-se que primeiramente determinar o
volume total da albufeira.

A determinação do volume morto foi feita com base em cálculos leccionados durante
as aulas, mas que necessariamente as respectivas fórmulas necessitam de alguns
ensaios de campo para a determinação de alguns parâmetros, consequentemente
ouvi a necessidade de adoptar alguns valores para o proceder com os cálculos.

A deposição de sedimentos originada pela albufeira tem numerosos inconvenientes:

a) Provoca a diminuição da capacidade útil;


b) Eleva os níveis de cheia a montante da albufeira;
c) Provoca erosões no leito e margens a jusante da barragem;
d) Diminui a qualidade de água na albufeira;
e) Reduz a jusante os nutrientes transportados pelos sedimentos finos.

12 | P á g i n a
A medida que se tem revelado mais efectiva para evitar o assoreamento acelerado
nas barragens é a prevenção da erosão nos solos da bacia drenante através de
medidas de conservação do solo como reflorestamento, terraços em zonas de
grandes declives, manutenção da cobertura vegetal, práticas agrícolas adequadas,
construção de açudes para retenção de sedimentos, e outros similares. A deposição
de sedimentos acontece me toda albufeira sendo que para o Rio Guto temos
sedimentos finos geralmente resultante de rochas sedimentares, lavagem de rochas
magmáticas e lama proveniente de solos orgânicos e algumas práticas agrícolas
merecendo a devida atenção.

Figura 7: Sedimentos transportado pelo Rio Guto

2.5 Notas de Cálculo

2.5.1 Curva das Áreas Inundadas

Com base nas cotas e áreas acumuladas obtidas, traça-se a curva das áreas inundadas com
auxílio da tabela.

Tabela 1: Cotas em Relação as Áreas Inundadas

Ordem Cotas h=h-ho Áreas (m2)


(m)
1 650 0 0
2 660 10 14010
3 670 20 34530
4 680 30 59500
5 690 40 61790
6 700 50 76010
Total 245840

13 | P á g i n a
Curva de Áreas Inundadas
90000
80000 y = 1356,4x1,0551
R² = 0,9638
70000
60000
50000
40000 Curva de Areas Inundadas
30000
Potencial (Curva de Areas
20000
Inundadas)
10000
0
0 10 20 30 40 50 60

Figura 8: Gráfico da Curva das áreas inundadas

A partir da curva potencial pode-se obter a equação das áreas inundadas:

𝐴(ℎ) = 1356,4 ∗ (ℎ − ℎ𝑜)1.0551

2.5.2 Curva dos Volumes Armazenados

Integrando a equação das áreas inundadas obtém-se a equação dos volumes


armazenados:

𝑉(ℎ) = ∫ 𝐴(ℎ) ∗ 𝑑ℎ

𝑉(ℎ) = ∫ 1356,4 ∗ (ℎ − ℎ𝑜)1.0551 → 𝑉(ℎ) = 660.017 ∗ (ℎ − ℎ𝑜)2.0551

Com auxílio da curva dos volumes armazenados constrói-se a tabela:

Tabela 2: Curva de volumes armazenados

Ordem Cotas h=h-ho Volume (m3) Volume (Mm3)


(m)
1 650 0 0 0
2 660 10 74929.895 0.0749
3 670 20 311387.996 0.3114
4 680 30 716451.856 0.7165
5 690 40 1294042.708 1.2940
6 700 50 2046955.388 2.0470
Total 4443767.843 4.4438

Com base na tabela traça-se a curva dos volumes armazenados

14 | P á g i n a
Curva dos Volumes Armazenados
2,5000 y = 0.0020x2.0551
R² = 1
2,0000
Volume (Mm^3)

1,5000
Curva dos Volumes Armazenados
1,0000
Potencial (Curva dos Volumes
0,5000
Armazenados)
0,0000
0 10 20 30 40 50 60
h (m)

Figura 9: Gráfico de Curva de Volumes Armazenados

2.5.3 Intensidade de Precipitação

Foram fornecidos os dados de precipitações diárias observadas no posto


pluviométrico de Songo dos anos hidrológicos 2007/2008; 2008/2009; 2009/2010;
2010/2011; 2011/2012, foi possível determinar a intensidade de precipitação.

Com esses dados foi obtido um (1) dia com maior precipitação, em seguida dois (2)
dias consecutivos de maior precipitação, três (3) dias e sucessivamente até sete (7)
dias consecutivos com maiores precipitações, no que se traduz pela tabela 9, abaixo:

Tabela 3: Precipitação Acumulada.

Tempo Precipitação acumulada


(dias) (mm)
1 91.8
2 149.0
3 255.6
4 267.1
5 282.7
6 300.4
7 328.5

Com os dados apresentados na tabela acima, foi elaborado o gráfico das


precipitações acumuladas em função do tempo (dias).

15 | P á g i n a
P re c i pi ta ç ã o Ac umul a da
Precipitacao Acumuada (mm) 350

300

250

200

150
Precipitacao Acumulada
100

50

0
1 2 3 4 5 6 7
Tempo (dias)

Figura 10: Gráfico das Precipitações Acumuladas em Função do Tempo.

A intensidade das precipitações é dada pela equação:


𝑃2 − 𝑃1 149 − 91.8 57.2
𝐼= = = 57.2 𝑚𝑚⁄𝑑𝑖𝑎 ⇔ 𝐼 = = 6.62 ∙ 10−3 𝑚𝑚/𝑠
𝑡2 − 𝑡1 2−1 8640

Coeficiente de Escoamento (C)

Para a sua determinação do coeficiente de escoamento, deve-se somar os


coeficientes de declividade do terreno 𝐶𝑦, de permeabilidade do terreno 𝐶𝑝 , e de
cobertura vegetal 𝐶𝑣, multiplicados por um factor de tempo 𝑓𝑇 .

𝐶 = (𝐶𝑦 + 𝐶𝑝 + 𝐶𝑣 ) × 𝑓𝑇

Tabela 4: Coeficiente para Bacias em Áreas não Urbanizadas Fonte: (HIPOLITO & VAZ, 2011).

16 | P á g i n a
Tabela 5: Efeito de Período de Retorno Fonte: (HIPOLITO & VAZ, 2011).

Com ajuda do Google Earth foi possível medir a distância do ponto mais afastado do
eixo da barragem, tendo sido encontrado um comprimento de 1250m.

Neste mesmo ponto, foi possível obter a cota mais elevada igual a 700m.

𝛥𝐻 (700 − 650)𝑚
𝑖(𝑖𝑛𝑐𝑙𝑖𝑛𝑎çã𝑜) = = = 0.04 = 4%
𝐿 1250𝑚

Dado o registo da precipitação observada no posto pluviométrico de sondo durando


5 anos hidrológicos, calculou-se a precipitação média anual que foi igual a 267.1mm.

Deste modo, com base a precipitação média anual e a inclinação foi possível obter
os valores dos coeficientes associados recorrendo a tabela 10:

 Declives dos terrenos: 𝐶𝑦 = 0.08


 Permeabilidade dos solos → Solo pouco permeável: 𝐶𝑝 = 0.15
 Cobertura vegetal → áreas cultivadas: 𝐶𝑣 = 0.11
O valor do factor de tempo 𝑓𝑇 foi obtido na tabela 11, considerando um período de
retorno igual a 50 anos:𝑓𝑇 = 0.83.

𝐶 = (𝑐𝑦 + 𝑐𝑝 + 𝑐𝑣) × 𝑓𝑇 = (0.08 + 0.15 + 0.11) × 0.83 = 0.2822 ≈ 0.28

Área da Bacia Drenante (A)

O riacho guto contribui na maior parte da drenagem de águas pluviais da Vila de


Songo. A partir do Google Earth, fez-se menção da área da bacia de contribuição do
Riacho Guto medido a partir do ponto da barragem e tendo encontrado uma área de
1.26 hectares.

Caudal de Pico Afluente

O caudal do projecto, a partir da fórmula racional, será:

17 | P á g i n a
𝑄 = 𝐶𝐼𝐴 = 0.28 × 6.62 ∙ 10−6 × 12600 = 0.023 𝑚3 /𝑠

𝑄𝑝𝑟𝑜𝑗 = 1.5 × 0.023 = 0.0345 𝑚3 /𝑠

Volume anual: 𝑄𝑎 = 𝑄 × 31536000 = 0.0345 × 31536000 = 1087992 𝑚3 ≈ 1.09 𝑀𝑚3

2.6 Dimensionamento da Albufeira a Ser Criada Pela Barragem

Nível de Pleno Armazenamento (NPA)


As alturas correspondentes a cada volume podem ser determinadas facilmente a
partir da equação dos volumes armazenados:

𝑉(ℎ) = 0.0020 ∗ (ℎ − ℎ𝑜)0,4


 Seja:
ℎ0 = 0;
𝑉 = 4.4438 𝑀𝑚3

4.4438
2.0551
ℎ= √ + 0 = 42.5 ≈ 43 𝑚
0.0020

A cota ao nível de pleno armazenamento será de: 𝐶𝑜𝑡𝑎𝑁𝑃𝐴 = 657𝑚 + 43 𝑚 = 700 𝑚.

Nível de Máxima Cheia


Atendendo o volume de encaixe de cheia, temos como: 𝑁𝑀𝐶 = 701,2 𝑚.

Nível Mínimo de Exploração

Atendendo o volume de sedimentos no fim da vida útil da albufeira temos como:


𝑁𝑀𝐶 = 657 𝑚.

Volume morto
Para a estimativa do volume morto considerou-se:

a) Volume anual: 𝑣𝑎 = 11447568 𝑚3 ;


b) Concentração média dos sedimentos: 100𝑝𝑝𝑚 = 100𝑘𝑔 (𝑎𝑑𝑜𝑝𝑡𝑎𝑑𝑜)
c) Porosidade média dos sedimentos: ɳ = 0.4
d) Densidade de sedimentos: (𝜌𝑠 = 2650𝑘𝑔/𝑚3)
e) Período de retorno: 𝑇 = 50 𝑎𝑛𝑜𝑠;

18 | P á g i n a
A estimativa do volume morto é definida pelos seguintes passos:
1º Passo: Massa de água:

𝑚
𝜌𝑎𝑔𝑢𝑎 = → 𝑚 = 𝜌𝑎𝑔𝑢𝑎 ∗ 𝑉
𝑉

1000𝑘𝑔
𝑚= ∗ 11447568 𝑚3 = 1.145 ∗ 1010 𝑘𝑔
𝑚3

2º Passo: Massa de sedimentos:


100𝑘𝑔 − − − − − 106 𝑘𝑔

𝑚𝑠𝑒𝑑 − − − − − 1.145 ∗ 1010 𝑘𝑔

𝑚𝑠𝑒𝑑 = 1145 ∗ 103 𝑘𝑔

3º Passo: Volume de sedimento aparente:

𝑚𝑠𝑒𝑑 1145 ∗ 103 𝑘𝑔


𝑉𝑎𝑝 = = = 432.0𝑚3
𝜌𝑠 2650𝑘𝑔/𝑚3

4º Passo: Volume de sedimento retido:

𝑉𝑎𝑝 432𝑚3
𝑉𝑠𝑑 = = = 720 𝑚3
1 − 𝑛 1 − 0.4

5º Passo: Volume útil retido:

𝑉𝑢𝑟 = 𝑉𝑡 − 𝑉𝑠𝑑 = 4443767.843 − 720 = 4443047.843𝑚3

6º Passo: Regularização específica:

𝑉𝑢𝑟 4443047.843𝑚3
𝑅𝑒 = = = 0.39
𝑉𝑎 11447568 𝑚3

19 | P á g i n a
Figura 11: Curvas de Brune (fonte: Ezequiel Carvalho, notas das Aulas Obras e Maquinas Hidráulicas, 2019)

Coeficiente de retenção: Ábaco de Brune

𝑅𝑒 = 0.39 → 𝐶𝑟 = 76%

7º Passo: Volume morto:

𝑉𝑚𝑜𝑟𝑡𝑜 = 𝐶𝑟 ∗ 𝑉𝑠𝑑 = 76% ∗ 720 𝑚3 = 547.2 𝑚3

8º Passo: Volume morto:

Volume morto para uma vida útil de 50 anos:

𝑉𝑚𝑜𝑟𝑡𝑜 = 547.2 𝑚3 ∗ 50𝑎𝑛𝑜𝑠 = 27360 𝑚3

Capacidade útil

A capacidade útil da albufeira é dada pela diferença do volume total da albufeira pelo
volume morto.
𝑉𝑢𝑡𝑖𝑙 = 𝑉𝑡 − 𝑉𝑚𝑜𝑟𝑡𝑜 = 4443767.843 − 27360 = 4416407.843 𝑚3

Capacidade total

Através do gráfico da curva de volumes armazenados temos como capacidade total

da albufeira igual a 4.4438 𝑀𝑚3 .

20 | P á g i n a
Volume de encaixe de cheia
𝑉(ℎ) = 660.017 ∗ (𝑁𝑀𝐶 − 𝑁𝑃𝐴)2.0551
𝑉(ℎ) = 660.017 ∗ (701,2 − 700)2.0551
𝑉(ℎ) = 960,02 𝑚3

Figura 12: Representação Esquemática da Albufeira Dimensionada.

2.7 Abordagem Sobre o Tipo de Barragem

Para a seleção do tipo de barragem a ser construída, devemos fazer um estudo das
condições técnicas e econômicas para a construção das mesmas procurando um
ponto óptimo ou a alternativa mais viável sem deixar de lado a segurança do
empreendimento. Para isso, devemos considerar as características geotécnicas,
geológicas e hidrológicas do local e do material de construção em mais de uma etapa
e em função das características de construção e operação da barragem, os quais
devem ser conduzidos por um geólogo especialista em geologia aplicada à
engenharia e um especialista em hidrologia, respectivamente.

De acordo com as condições do terreno e exigências de segurança de segurança e


qualidade técnica recomenda-se implantar uma barragem de aterro pois para vales
abertos ele se adequa muito bem, para o caso de fundações as barragens de aterro
possibilitam assentar em variados tipo de solo inclusive rocha, há a possibilidade de
utilização de material natural local, minimizando a necessidade de importar e
transportar grandes quantidades de ligantes e de agregados, melhoria das condições
de trabalho, uma vez que os processos são mecanizados, haverá redução do custo
devido ao baixo consumo de cimento e também devido à velocidade construtiva que
possibilita a aceleração do cronograma (redução do tempo da obra) sendo aterro uma
barragem flexível conduzirá a menor probabilidade de fissuras de origem térmica

21 | P á g i n a
devido à menor interferência das condições climáticas no lançamento e ao menor
consumo de cimento, possibilidade de aproveitamento de novos materiais e de novas
tecnologias de construção.

Figura 13: Barragem de Aterro e Suas Componentes (Fonte: Prof. Luiz Cláudio Silva Pires, Faculdade FINOM)

2.8 Identificação do Local para a Implementação de uma Mini Central Hídrica

O edifício da central é composto por equipamentos mecânicos e eléctricos que irão


permitir a produção de energia eléctrica, através da conversão de energia potencial
gravítica em energia cinética e mecânica de rotação em energia elétrica,
respectivamente.

Em termos de localização, a mini central hídrica se fará com uso de canal de adução,
câmara de carga e conduta forçada isto porque apesar de ser um vale aberto não
permite a introdução de todos os equipamentos e o terreno apresenta uma pequena
declividade para aproveitamento de quedas elevadas atendendo que a albufeira
deverá armazenar água suficiente para suprir as hidroelétricas e hidro - agrícolas.

A tomada de água está localizada na margem direita do rio, fundada em corte no


terreno. Dotada de uma grade grossa, uma comporta de desarenação e uma
comporta enceradeira.

22 | P á g i n a
Constitui-se em um canal aberto, executado em betão, com seção rectangular,
acompanhando o terreno com declividade quase constante, em toda sua extensão,
até a câmara de carga e serão instaladas duas turbinas.

A casa de máquinas possui 6.1 m de comprimento, 3.4 m de largura, 2.3 m de altura


(dimensões adoptadas) e foi posicionada imediatamente após o segundo bloco de
ancoragem, afastada do rio o suficiente para evitar o risco das cheias e, também, para
diminuir os custos relativos à instalação de um conduto forçado mais longo. A mesma
foi projectada para abrigar dois grupos geradores, assim como os serviços auxiliares,
necessários ao perfeito e completo funcionamento dessas unidades. Os dois grupos
geradores foram posicionados com seus eixos de acionamento alinhados
ortogonalmente ao leito do rio, no sentido transversal da casa de máquinas.

Figura 14: Esquema do Empreendimento da Micro Central Hídrica

2.9 Avaliação do Potencial Hidroelétrico do Local a Implementar a Mini Central


Hídrica

O principal objectivo de um aproveitamento hidroelétrico é a produção de energia. A


energia produzida é em módulo directamente proporcional ao trabalho realizado pela
queda da massa de água, ou seja, aumenta com o aumento da massa de água e com
a altura da queda. A quantidade de água para a produção de energia elétrica deve
ser otimizada de modo a ter em conta os volumes afluentes ao aproveitamento e a
gama de caudais turbinados. À altura da queda de água devem ser descontadas as
perdas de carga verificadas ao longo do circuito hidráulico. Os parâmetros mais
relevantes que surgem da análise hidrológica e energética que servem de base ao
dimensionamento e caracterização de um aproveitamento são:
23 | P á g i n a
 Potência instalada – Corresponde à capacidade total dos geradores com os
distribuidores completamente abertos, e para uma dada queda útil;
 Energia média anual – Corresponde à quantidade de energia produzida ao longo
do ano, de acordo com os registos hidrológicos;
 Energia firme – Corresponde à quantidade de energia que o sistema pode atender
sem ocorrência de deficits, para as piores condições hidrológicas registadas.

Levantamento do Caudal do Rio

Na secção do rio junto a ponte de cabos eléctricos determinou-se a velocidade de


escoamento da água recorrendo ao método do flutuador (partícula flutuante),
(SOUZA, 2010). Estica-se uma fita-métrica num comprimento de 5 metros ao longo
do curso preferencialmente no meio da largura do rio, iniciando na secção transversal
do rio em estudo, solta-se o flutuador percorrendo os 5 m de distância e controlando
o tempo com um cronómetro.

Figura 15: Levantamento do Caudal do Rio

24 | P á g i n a
Devido à falta de precisão do método foi necessário fazer umas 5 tentativas conforme
a tabela abaixo:

Tentativas Tempo
(s)
1 29
2 33
3 26
4 29
5 31
Média 29.6

Como existe uma variação vertical da velocidade da água no canal, utiliza-se a tabela
para determinar a velocidade média da água em todo o perfil (SOUZA, 2010).

Tabela 6: Factor de Correcção de Velocidade

Profundidade média do canal Factor de correcção


(m) K
0.2 a 0.9 0.68
0.9 a 1.5 0.72
>1.5 0.78

Velocidade do Flutuador

Na secção escolhida, obteve-se um tempo (∆𝑡) médio de escoamento 29.6𝑠 e uma


distância (∆𝑆) de 5m percorrida pelo flutuador, assim a velocidade é calculada:

∆𝑆 5𝑚
𝑉𝑓𝑙𝑢𝑡𝑢𝑎𝑑𝑜𝑟 = = = 0.17𝑚/𝑠
∆𝑡 29.6𝑠

Velocidade Média do Rio

Tendo em conta que a profundidade média da secção é 0.66m, com base na figura
abaixo o factor de correcção (K) é de 0.68.
Portanto, a velocidade média é calculada:

25 | P á g i n a
Prof. perfil
i L (m) Prof. Prof (m) A (m2) (m2)
(cm) 0
1 0 0 0 0 -0.7
2 0.5 70 0.7 0.175 -0.7
3 1 70 0.7 0.35 -0.8
4 1.5 80 0.8 0.375 -0.9
5 2 90 0.9 0.425 -0.9
6 2.5 90 0.9 0.45 -0.9
7 3 90 0.9 0.45 -0.9
8 3.5 90 0.9 0.45 -0.5
9 4 50 0.5 0.35 0
At 3.025

Secção
0
-0,1 0 2 4 6 8 10 12

-0,2
-0,3
Prof. perfol (m2)

-0,4
-0,5
-0,6
-0,7
-0,8
-0,9
-1
L (m)

Figura 16: Perfil Transversal da Secção do Rio

𝑉𝑚𝑒𝑑𝑖𝑎 = 𝑉𝑓𝑙𝑢𝑡𝑢𝑎𝑑𝑜𝑟 ∗ 𝐾 = 0.17 ∗ 0.68 = 0.12𝑚/𝑠

Caudal Afluente do Rio

Multiplica-se a área da secção pela velocidade média, o caudal é calculado:

𝑄 = 𝑉𝑚𝑒𝑑𝑖𝑎 ∗ 𝐴 = 0.12 ∗ 3.025 = 0.363 𝑚3 /𝑠

𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙: 𝑄𝑎 = 𝑄 ∗ 365 ∗ 24 ∗ 3600 = 0.363 ∗ 31536000 = 11447568 𝑚3


= 11.45 𝑀𝑚3

O potencial hidroeléctrico da albufeira é dado pelo produto do caudal nominal, a


queda bruta e o rendimento global aceitável de 70%.

26 | P á g i n a
O caudal normal do rio foi obtido a partir de uma série de medições na secção
escolhida para construção da barragem, uma velocidade media de 0.12 𝑚/𝑠 e um
caudal normal de 0.363 𝑚3 /𝑠. Resumido pela expressão a baixo:

𝑃 = 0.7 × 𝑄𝑛 × 𝐻𝑏

Onde:

P – Potencial hidroeléctrico (kW)

𝑄𝑛 – Caudal nominal (m3/s)

𝐻𝑏 - Queda bruta (m)

Dados:

𝐻𝑏 = 43 𝑚 → Queda media;

𝑄𝑛 = 0.363 𝑚3 /𝑠

𝑃 = 0.7 × 0.363 × 43 = 10.93 𝑘𝑊 ≈ 0.011 𝑀𝑊

Como m potencial hidroeléctrico de 0.011𝑀𝑊 < 0.5 𝑀𝑊 ter-se-á uma central micro-
hidrica.

2.10 Identificação de uma Secção do Riacho para a Implementação de uma


Estação Hidrométrica.

Denomina-se estação hidrométrica o local de monitoramento de dados hidrométricos,


visando apurar a pluviosidade, altura do leito do rio, fluviométria, sedimentologia e de
qualidade da água. A estação hidrométrica é uma instalação técnica que objetiva
permitir o monitoramento:

a) Pluviométrico: dos dados de precipitação;


b) Linímetro: de dados do nível de água da albufeira do aproveitamento
hidroelétrico;
c) Fluviométrico: de dados do nível de água, bem como medições de descarga
líquida que permitam a definição e atualização da curva de descarga;
d) Sedimentométrico: de dados de sedimentos em suspensão e de fundo, que
permitam determinar a descarga sólida total; e
e) Qualidade da água: o levantamento de parâmetros de qualidade da água.

27 | P á g i n a
Figura 17: Localização estação hidrométrica (fonte: Google Earth)

Figura 18: Ponte sobre o Rio Guto (local da futura instalação da estação Hidrométrica)

Toda estação deve estar relacionada a um nível de referência (RN) a fim de


possibilitar a verificação de sua cota, ou mesmo a recuperação de uma estação
destruída. Para o caso em estudo a estação está localizada ponte de cabos elétricos
de lado esquerda da estrada que liga barragem da Hidroelétrica de Cahora Bassa, há
um nível 3.70𝑚 entre o leito do rio até a ponte, sendo que a profundidade média do
rio é de 0.90𝑚 e uma largura de 5.0𝑚 no local.

28 | P á g i n a
2.11 Elaboração da Equação de Curva de Vazão da Estação Hidrométrica

Escolhida a seção de controle para medida de vazões, pode-se neste local instalar
uma régua linímétrica. A finalidade desta régua é relacionar a altura de água do rio
com a sua vazão. A relação entre cota e descarga, damos o nome de curva-chave,
conhecida também como curva de vazão.

Considerando a velocidade do escoamento da água no riacho como constante e área


da secção aproximadamente trapezoidal e usando a lei de continuidade temos a curva
de vazão seguinte:

Dados

𝑏 = 3𝑚

Relação dos taludes: 2𝑉; 3𝐻

𝑚 = 3𝑚

Secção 𝑆 = (𝑏 + 𝑚 ∗ ℎ)ℎ

𝑆 = (3 + 3 ∗ ℎ)ℎ

Tabela 7: Dados da Curva de Vazão

h s(h) Velocidade Q=s*v


0.2 0.72 0.17 0.1224
0.4 1.68 0.17 0.2856
0.6 2.88 0.17 0.4896
0.8 4.32 0.17 0.7344
1 6 0.17 1.02
1.2 7.92 0.17 1.3464
1.4 10.08 0.17 1.7136
1.6 12.48 0.17 2.1216
1.8 15.12 0.17 2.5704
2 18 0.17 3.06

29 | P á g i n a
Curva de Vazão
2,5 y = 0.9522x0.7077
R² = 0.9969
2

1,5
h (m)

0,5

0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5
Q(h)

Curva de Vazao Potencial (Curva de Vazao)

Figura 19: Gráfico Curva de vazão

30 | P á g i n a
3 Considerações Finais

No presente ponto são sintetizadas as conclusões obtidas nos diferentes itens, é apresentada
uma síntese dos aspetos mais relevantes do trabalho, visto que a forma do vale, facilitou a
encontrar o local para implantar a nossa barragem de acordo com os critérios de escolha do
local, o seu potencial hídrico é aceitável, para a construção da infraestrutura com a finalidade
de aproveitamento desta água para os fins de abastecimento de água, para irrigação e
produção de energia.

É de salientar que obras hidráulicas deste género é necessário não apenas ter a construção
e o armazenamento cheio de água, recomenda-se o uso de métodos que melhor irão se
adequar a gestão de água na albufeira, isto é, definir o regime de funcionamento.

Contudo, estima – se uma queda de 45 m de nível de pleno armazenamento, que será


suficiente para gerar queda bruta para geração de energia. Está água armazenada não
servira somente para a produção de energia, mas também para o abastecimento em regadio
de culturas. Realçar que a opção por uma barragem de terra zonada com impermeabilização
no talude de montante é uma solução óptima em termos de custos de obtenção de materiais.

31 | P á g i n a
4 Recomendações para Continuação dos Estudos

Neste trabalho, as recomendações feitas para a continuidade dos estudos vão


essencialmente ao encontro dos problemas criados pela falta de informação fidedigna. Na
análise do potencial hidroelétrico e na criação de albufeira de uma determinada região os
dados topográficos e hidrológicos são indispensáveis.
Nomeadamente na bacia do Rio Guto, recomenda-se:

 Para estudos mais profundos os trabalhos de reconhecimento, investigações e


prospecção geotécnica do local para a implantação de uma barragem é necessário tempo
suficiente para apuramento de dados mais fiáveis;
 O levantamento das quantidades de água necessárias para abastecimento de água e
energia às populações, indústria e agricultura nesta zona;
 Por tanto mais tempo para tais investigações o que possibilita a obtenção de resultados
fiáveis.
 Instalação de mais postos hidrométrica no curso do rio Guto para poder ter melhor
informação a curto tempo sobre o comportamento hidrológico.

Por fim, a continuação dos estudos pode ser feita de modo a complementar este trabalho
através da elaboração de cenários de usos múltiplos da água e de sistemas tendo em conta
também o uso de sistemas integrados de energia renovável que consigam cobrir com energia
e água as zonas rurais desta região.

32 | P á g i n a
5 Referências Bibliográficas

1. CARVALHO, E. (s.d.). Dimensionamento de Albufeiras. In E. Carvalho, ABC


das Barragens. Moçambique;
2. CARVALHO, E. (s.d.). Transporte de Sedimentos e Assoreamento de
Albufeiras. In E. Carvalho, ABC das Barragens. Moçambique;
3. Instituto Nacional de Estatística Gabinete do Presidente. Censo 2017 IV
Recenseamento Geral da População e Habitação, quadro 7
4. Internet-Google Earth.
5. Ministério da Administração estatal, Perfil do Distrito de Cahora Bassa
Província de Tete, edição 2014.
6. Faculdade FINOM, Prof. Luiz Cláudio Silva Pires, Barragem de Terra e Enrocamento.
Minas Gerais.
7. VAZ, Carmo; Manual de Hidrologia, Universidade Eduardo Mondlane (UEM),
Maputo, capítulo 8, pág. 3,4,5.

33 | P á g i n a

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