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PROJETO ÁGUAS DE SERGIPE — PAS Nº 112074

ELABORAÇÃO DE ESTUDO PARA IMPLANTAÇÃO DA


COBRANÇA PELO USO DOS RECURSOS HÍDRICOS
E PARA IMPLANTAÇÃO DA COBRANÇA TARIFÁRIA
DOS IRRIGANTES NOS PERÍMETROS IRRIGADOS
JACARECICA I E POÇÃO DA RIBEIRA, NO ESTADO
DE SERGIPE
PRODUTO 01
RELATÓRIO DE ANÁLISE DOS DADOS EXISTENTES E AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS
INSTITUCIONAIS E LEGAIS DA COBRANÇA PELO USO DOS RECURSOS HÍDRICOS

NOVEMBRO/2017
PROJETO ÁGUAS DE SERGIPE
PAS Nº 112074

ELABORAÇÃO DE ESTUDO PARA IMPLANTAÇÃO DA


COBRANÇA PELO USO DOS RECURSOS HÍDRICOS
E PARA IMPLANTAÇÃO DA COBRANÇA TARIFÁRIA
DOS IRRIGANTES NOS PERÍMETROS IRRIGADOS
JACARECICA I E POÇÃO DA RIBEIRA, NO ESTADO
DE SERGIPE

PRODUTO 01
RELATÓRIO DE ANÁLISE DOS DADOS EXISTENTES E AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS
INSTITUCIONAIS E LEGAIS DA COBRANÇA PELO USO DOS RECURSOS HÍDRICOS
SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO ...................................................................................................... 5

2 INTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO .................................................................. 6

3 AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS LEGAIS E INSTITUCIONAIS ................................... 9

3.1 A questão da dominialidade das águas ............................................................. 9


3.2 A cobrança pelo uso da água em bacias de rios de domínio da União .............. 9
3.3 A cobrança pelo uso da água em bacias de rios de domínio estadual ............. 12
3.4 A cobrança pelo uso da água em Sergipe ....................................................... 14
3.5 O Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos ........................ 16
3.5.1 Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CONERH/SE................... 16
3.5.2 Comitês de Bacia Hidrográfica – CBHs ............................................... 17
3.5.3 Órgãos gestores .................................................................................. 23
3.5.4 Agências de Água ............................................................................... 25
4 ESTÁGIO DE IMPLEMENTAÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO ................ 26

4.1 O Plano Estadual de Recursos Hídricos .......................................................... 26


4.1.1 Planos Diretores de Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas ....... 27
4.2 O Enquadramento dos corpos de água em classes......................................... 27
4.3 O Fundo Estadual de Recursos Hídricos ......................................................... 28
4.4 A Outorga de direito de uso de recursos hídricos ............................................ 29
4.5 O Sistema Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos ........................ 32
5 COLETA, ANÁLISE E CONSOLIDAÇÃO DAS BASES DE DADOS DE USOS DE
RECURSOS HÍDRICOS .............................................................................................. 33

5.1 Caracterização dos usos cadastrados no CNARH40 ....................................... 33


5.2 Caracterização dos usos outorgados............................................................... 39
5.3 Caracterização dos usos insignificantes .......................................................... 44
5.4 Processos de outorga em análise .................................................................... 48
5.5 Caracterização socioeconômica dos usuários ................................................. 52
5.5.1 Síntese de dados existentes ............................................................... 53
5.5.2 Atualização e consolidação de dados e informações .......................... 57
6 LEVANTAMENTO DAS NECESSIDADES DE APLICAÇÃO DOS RECURSOS DA
COBRANÇA ................................................................................................................ 66

7 CONCLUSÕES ......................................................................................................... 69

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 71

i
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 2.1 – Rios e Bacias Hidrográficas de Sergipe. .................................................... 7

Figura 2.2 – Rios e Unidades de Planejamento de Sergipe. .......................................... 8

Figura 3.1 – Bacias hidrográficas federais com cobrança implementada (Fonte: ANA,
2017)............................................................................................................................ 12

Figura 3.2 – Bacias hidrográficas estaduais com cobrança implementada (Fonte: ANA,
2017)............................................................................................................................ 14

Figura 3.3 – Bacias hidrográficas de Sergipe com Comitê implementado. ................... 23

Figura 3.4 – Organograma da SRH/SEMARH. Fonte: ANA (2016). ............................. 24

Figura 3.5 – Órgãos e autarquias estaduais com competências relacionadas aos


recursos hídricos. Fonte: Página na Internet do SIRHSE
(http://sirhse.semarh.se.gov.br/sirhse/). ....................................................................... 25

Figura 4.1 – Fluxograma do processo de outorga. Fonte: adaptado de SRH (2010). ... 32

Figura 5.1 – Usos cadastrados no CNARH40 – Volume anual por categoria (hm³). ..... 34

Figura 5.2 – Quantidade de captações e volume anual captado em mananciais


superficiais e subterrâneos – CNARH40. ..................................................................... 35

Figura 5.3 – Volume anual captado por finalidade de uso (hm³). ................................. 35

Figura 5.4 – Volume anual captado pelo setor de irrigação por cultura (hm³). .............. 36

Figura 5.5 – Volume anual captado pelo setor de irrigação por método (hm³). ............ 37

Figura 5.6 – Localização dos usos cadastrados no CNARH40. ................................... 38

Figura 5.7 – Outorgas vigentes – volume anual captado por finalidade de uso. ........... 40

Figura 5.8 – Quantidade de captações e volume anual captado em mananciais


superficiais e subterrâneos – outorgas vigentes........................................................... 41

Figura 5.9 – Outorgas vigentes – volume anual captado por bacia hidrográfica. .......... 42

Figura 5.10 – Localização dos usos outorgados. ......................................................... 43

Figura 5.11 – Usos insignificantes – volume anual captado por finalidade de uso. ...... 44

Figura 5.12 – Quantidade de captações e volume anual captado em mananciais


superficiais e subterrâneos – usos insignificantes. ....................................................... 45

ii
Figura 5.13 – Usos insignificantes – volume anual captado por bacia hidrográfica. ..... 46

Figura 5.14 – Localização dos usos insignificantes. ..................................................... 47

Figura 5.15 – Processos em análise – volume de captação anual previsto por finalidade
de uso. ......................................................................................................................... 49

Figura 5.16 – Quantidade de processos em análise e volume anual de captação


previsto em mananciais superficiais e subterrâneos. ................................................... 50

Figura 5.17 – Localização dos usos em análise. .......................................................... 51

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 3.1 – Relação de membros do CBH Japaratuba / triênio 2018-2020. .............. 18

Quadro 3.2 – Relação de membros do CBH Sergipe / triênio 2018-2020. ................... 19

Quadro 3.3 – Relação de membros do CBH Piauí / triênio 2018-2020. ........................ 21

Quadro 5.1 – Número de outorgas e volume outorgado por situação de vigência........ 39

Quadro 5.2 – Número de outorgas vigentes e volume anual captado por finalidade de
uso. .............................................................................................................................. 39

Quadro 5.3 – Usuários mais representativos do Estado em termos de volume


outorgado. .................................................................................................................... 40

Quadro 5.4 – Número de outorgas vigentes e volume anual captado por bacia
hidrográfica. ................................................................................................................. 41

Quadro 5.5 – Número de registros de usos insignificantes e volume anual captado por
bacia hidrográfica. ........................................................................................................ 45

Quadro 5.6 – Número de processos em análise e volume anual de captação previsto


por finalidade de uso. ................................................................................................... 48

Quadro 5.7 – Levantamento de dados por setor usuário das bacias. ........................... 53

Quadro 5.8 – População residente censitária em 2000 e 2010 (Fonte: IBGE). ............ 58

Quadro 5.9 – População residente estimada, 2011-2017 (Fonte: IBGE). ..................... 58

Quadro 5.10 – Informações do Diagnóstico de Água e Esgotos (SNIS, 2015). ............ 59

iii
Quadro 5.11 – Valores de Consumo Animal de Água por Tipo de Rebanho e
Equivalência BEDA. ..................................................................................................... 60

Quadro 5.12 – Estimativa do efetivo dos rebanhos por tipo de rebanho, 2010-2016. ... 61

Quadro 5.13 – Estimativa de área irrigada no Estado de Sergipe em 2015. ................ 65

Quadro 5.14 – Estimativa de área irrigada no Estado de Sergipe projetada para 2030.
..................................................................................................................................... 65

Quadro 5.15 – Demandas estimadas para o setor industrial, ano-base 2015. ............. 66

Quadro 6.1 – Matriz-resumo dos programas e sub-programas do PERH. .................... 66

Quadro 6.2 – Resumo de custos de programas de investimentos para as bacias


hidrográficas dos rios Sergipe, Piauí e Japaratuba, 2015 (valores em R$ Mil). ............ 67

Quadro 6.3 – Resumo do Orçamento Fiscal e da Seguridade Social da SEMARH e


órgãos vinculados – 2017. ........................................................................................... 69

iv
1 APRESENTAÇÃO

Este relatório, denominado “Produto 01 – Relatório de análise dos dados existentes


e avaliação dos aspectos institucionais e legais da cobrança pelo uso dos recursos
hídricos”, está previsto no Contrato nº 20/2017, e de acordo com o Termo de Referência
(TdR) da SBQC Nº 01/2017, firmado entre a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e
dos Recursos Hídricos (SEMARH, denominado de “Cliente”) e a Gama Engenharia e
Recursos Hídricos Ltda. (GAMA ENGENHARIA, denominado de “Consultor”), tendo
como objeto a “ELABORAÇÃO DE ESTUDO PARA IMPLANTAÇÃO DA COBRANÇA
PELO USO DOS RECURSOS HÍDRICOS E PARA IMPLANTAÇÃO DA COBRANÇA
TARIFÁRIA DOS IRRIGANTES NOS PERÍMETROS IRRIGADOS JACARECICA I E
POÇÃO DA RIBEIRA, NO ESTADO DE SERGIPE”.

Este relatório contém uma análise dos dados existentes e dos aspectos legais/instituci-
onais da cobrança. Neste capítulo 1 é feita a apresentação do produto. O capítulo 2
contém uma introdução e contextualização dos trabalhos. No capítulo 3 é feita uma aná-
lise dos aspectos legais e institucionais da cobrança, com destaque para a questão da
dominialidade das águas, o contexto histórico de implementação da cobrança em rios de
domínio da União e dos Estados, o enquadramento legal da cobrança no Estado de Ser-
gipe e o funcionamento dos componentes do Sistema Estadual de Gerenciamento de
Recursos Hídricos. No capítulo 4 é feita uma avaliação do atual estágio de implementa-
ção dos outros instrumentos de gestão de recursos hídricos no Estado de Sergipe. O
capítulo 5 apresenta uma caracterização dos usos de recursos hídricos em Sergipe, a
partir das diversas bases de usuários (cadastrados, outorgados, insignificantes e proces-
sos em análise), além de caracterização socioeconômica dos usuários. Finalmente, os
capítulos 7 e 8 contêm conclusões em caráter geral e referências bibliográficas.

5
2 INTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO

O presente trabalho de Consultoria se insere no escopo do Programa Águas de


Sergipe, mais especificamente em sua componente 1 – Gestão integrada de Re-
cursos Hídricos e desenvolvimento institucional, e consiste em estudo para im-
plantação da cobrança pelo uso dos recursos hídricos no estado de Sergipe e
da tarifação pelo uso da água na irrigação nos perímetros públicos estaduais de
Jacarecica I e Poção da Ribeira.

A cobrança pelo uso de recursos hídricos é instrumento da Política Estadual de


Recursos Hídricos (Lei nº 3.870, de 25 de setembro de 1997), que se fundamenta
nos conceitos de que a água é um bem de domínio público e um recurso natural
limitado, dotado de valor econômico. Este estudo diz respeito à cobrança pelo uso
de recursos hídricos de domínio do Estado de Sergipe, notadamente os rios esta-
duais e as águas subterrâneas.

A Resolução nº 27/2015 do Conselho Estadual de Recursos Hídricos estabelece a


divisão hidrográfica de Sergipe para implementação da Política Estadual de Recur-
sos Hídricos e atuação do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídri-
cos. O referido dispositivo legal define a divisão do estado em 8 bacias hidrográficas
e suas subdivisões em 27 Unidades de Planejamento contíguas.

O mapa da Figura 2.1 apresenta a localização das bacias hidrográficas de Sergipe


e os corpos d’água superficiais de domínio federal e estadual. O mapa da Figura
2.2 dá destaque às Unidades de Planejamento dentro de cada bacia hidrográfica.

6
Figura 2.1 – Rios e Bacias Hidrográficas de Sergipe.

7
Figura 2.2 – Rios e Unidades de Planejamento de Sergipe.

8
3 AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS LEGAIS E INSTITUCIONAIS

3.1 A questão da dominialidade das águas

Antes de se apresentar o contexto histórico, legal e institucional da cobrança pelo


uso de recursos hídricos no Brasil, convém compreendermos quem detém o domí-
nio legal e a quem cabe a gestão das águas no país.

A questão da dominialidade das águas no Brasil é esclarecida na Constituição de


1988, segundo a qual são bens da União “os lagos, rios e quaisquer correntes de
água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de
limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele prove-
nham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais”. Por outro lado, são
bens dos Estados “as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e
em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da
União”.

De maneira simplificada, portanto, os rios que banham mais de um Estado são de


domínio da União, os rios que banham somente um Estado são de domínio do
Estado, e as águas subterrâneas são sempre de domínio estadual. Também são
comumente utilizados os termos “rios federais/rios estaduais” ou “bacias fede-
rais/bacias estaduais” para as definições de dominialidade. O mapa da Figura 2.1
apresenta a hidrografia do Estado de Sergipe com distinção entre rios estaduais e
rios federais.

3.2 A cobrança pelo uso da água em bacias de rios de domínio da União

A Bacia Hidrográfica do rio Paraíba do Sul é pioneira na implantação da cobrança


pelo uso de recursos hídricos de domínio da União no Brasil.

A aprovação da cobrança nesta bacia a partir de 2002 se deu através da Delibera-


ção nº 03/2001 do Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do rio Paraíba do
Sul – CEIVAP. A fórmula simplificada para cobrança foi apresentada na Delibera-
ção CEIVAP nº 08/2001 e aprovada pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos
– CNRH por meio da Resolução CNRH nº 19/2002.

Posteriormente, medidas complementares para a implantação da cobrança foram


propostas pelo CEIVAP (Deliberação CEIVAP nº 15/2002) e aprovadas pelo CNRH

9
(Resolução CNRH nº 27/2002). Em 2004, o CEIVAP dispôs sobre metodologias e
critérios específicos para usuários do setor de mineração de areia no leito de rios
(Deliberação CEIVAP nº 24/2004), aprovados pelo CNRH através da Resolução
CNRH nº 44/2004.

Em 2005, inspirados no CEIVAP, os Comitês das Bacias Hidrográficas dos rios


Piracicaba, Capivari e Jundiaí – Comitês PCJ, por meio da Deliberação Conjunta
dos Comitês PCJ nº 025/05 (posteriormente alterada pela Deliberação nº 27/2005),
estabeleceram mecanismos e sugeriram valores de cobrança pelo uso dos recur-
sos hídricos nas bacias a partir de 2006, aprovados na Resolução CNRH nº
52/2005.

Em 2006, o CEIVAP apresentou novos mecanismos e valores de cobrança a serem


implementados no Paraíba do Sul a partir de 2007 (Deliberações CEIVAP nº
65/2006 e nº 70/2006). A revisão da cobrança foi aprovada pelo CNRH por meio da
Resolução CNRH nº 64/2006 e apresentou inspiração no modelo do PCJ. Por meio
da Resolução CNRH nº 66/2006, o Conselho Nacional também aprovou os meca-
nismos e os valores de cobrança referentes aos usos de recursos hídricos para a
transposição das águas da bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul para a bacia
hidrográfica do rio Guandu, que haviam sido definidos pelo Comitê através da De-
liberação CEIVAP nº 52/2005.

Em 2007, foi a vez dos Comitês PCJ apresentarem uma revisão dos seus meca-
nismos de cobrança, através da Deliberação Conjunta dos Comitês PCJ nº 078/07
(alterada pela Deliberação nº 084/2007). A proposta foi aprovada pelo CNRH por
meio da Resolução CNRH nº 78/2007.

Em 2008, o Comitê da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco – CBHSF estabele-


ceu, por meio da Deliberação CBHSF nº 40/2008 e seus Anexos, mecanismos e
valores de cobrança pelo uso de recursos hídricos em corpos d’água de domínio
federal na bacia. A proposta foi aprovada em 2010 pelo CNRH (Resolução CNRH
nº 108/2010).

Em 2009, o CBHSF, por meio da Deliberação CBHSF nº 45/2009, dispôs sobre


mecanismos e critérios complementares de cobrança e sugeriu valores para os
usos externos das águas pelo Projeto de Integração do Rio São Francisco com as

10
bacias hidrográficas do Nordeste Setentrional, obtendo a aprovação do CNRH atra-
vés da Resolução CNRH nº 132/2011.

Adiante, em 2011, foi a vez do Comitê da Bacia Hidrográfica do rio Doce sugerir os
seus mecanismos e valores de cobrança (Deliberação CBH-Doce nº 26/2011), que
foram aprovados por meio da Resolução CNRH nº 123/2011.

Em 2012, os Comitês PCJ editaram a Deliberação dos Comitês PCJ nº 160/12, que
estabelece novos valores para os Preços Unitários Básicos – PUBs da cobrança
nas bacias a partir de 2013. Os novos valores foram aprovados em 2014 (Resolu-
ção CNRH nº 155/2014).

Em 2014, o CEIVAP apresentou uma nova metodologia, mais inovadora, de co-


brança pelo uso de recursos hídricos na bacia do Paraíba do Sul a partir de 2015
(Deliberação CEIVAP nº 218/2014 alterada “ad referendum” pela Deliberação CEI-
VAP nº 220/2014), tendo sido aprovada no Conselho Nacional de Recursos Hídri-
cos por meio da Resolução CNRH nº 162/2014. Em 2016, o CEIVAP alterou dispo-
sitivos referentes à cobrança pelas águas transpostas da Bacia do rio Paraíba do
Sul para a Bacia do rio Guandu, através da Deliberação CEIVAP nº 233/2016. O
CNRH ainda não aprovou a proposta.

Na sequência, o Comitê da Bacia Hidrográfica do rio Verde Grande, afluente do rio


São Francisco, estabeleceu mecanismos e valores próprios de cobrança em 2015
(Deliberação CBH-Verde Grande nº 50/2015). A proposta, inspirada no São Fran-
cisco, foi aprovada pelo CNRH por meio da Resolução CNRH nº 171/2015.

Mais recentemente, o Comitê da Bacia Hidrográfica do rio Paranaíba apresentou


um modelo de cobrança inovador, cujos mecanismos e valores foram sugeridos
através da Deliberação CBH Paranaíba nº 61/2016 e aprovados por meio da Reso-
lução CNRH nº 185/2016.

Por último, o Comitê da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco, por meio da Deli-
beração CBHSF Nº 94, de 25 de agosto de 2017, revisou novamente a sua meto-
dologia de cobrança. Como destaque, a inserção de um coeficiente de incentivo ao
uso mais eficiente da água e a incorporação do volume de diluição como base de
cálculo para a cobrança pelo lançamento de efluentes.

11
O mapa da Figura 3.1 apresenta a situação de implementação da cobrança pelo
uso da água em bacias hidrográficas federais.

Figura 3.1 – Bacias hidrográficas federais com cobrança implementada (Fonte: ANA, 2017).

3.3 A cobrança pelo uso da água em bacias de rios de domínio estadual

No Brasil, Ceará, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Paraíba são
os únicos estados que implementaram, total ou parcialmente, a cobrança pelo uso
de recursos hídricos em suas bacias. Em geral, as metodologias de cobrança em
bacias estaduais foram inspiradas em experiências pregressas de bacias federais.

Exceção deve ser feita ao caso do Ceará, que possui uma Política Estadual de
Recursos Hídricos cinco anos mais antiga que a Política Nacional, instituída em 24
de julho de 1992 por meio da Lei n° 11.996. A cobrança pela utilização dos recursos
hídricos é um dos seus instrumentos de gerenciamento, tendo sido regulamentada
pelo Decreto nº 24.264/1996. Trata-se, portanto, da primeira experiência de co-
brança do Brasil.

12
De acordo com o Decreto nº 27.271/2003 (que altera o Decreto nº 24.264/1996), a
cobrança objetiva viabilizar recursos para as atividades de gestão dos recursos hí-
dricos, para obras de infraestrutura operacional do sistema de oferta hídrica,
bem como incentivar a racionalização do uso da água. A cobrança no Ceará possui
um caráter de certa forma tarifário, na medida em que recupera custos de operação
e manutenção da infraestrutura hidráulica. O termo “tarifa” inclusive está presente
em diversas seções ao longo do texto do referido Decreto. A cobrança no Ceará
abrange todas as bacias hidrográficas do Estado.

No Estado do Rio de Janeiro, a cobrança pelo uso da água é um dos instrumentos


da Política Estadual de Recursos Hídricos (Lei nº 3.239, de 02 de agosto de 1999),
tendo sido efetivamente implementada a partir da promulgação de uma lei especí-
fica: Lei nº 4247, de 16 de dezembro de 2003. A cobrança encontra-se implemen-
tada em todas as nove regiões hidrográficas do Estado.

A Política Estadual de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo data de 30 de


dezembro de 1991 (Lei nº 7.663) e estabelece a cobrança pelo uso dos recursos
hídricos como um dos seus instrumentos de gestão. Regulamentada pela Lei nº
12.183, de 29 de dezembro de 2005, e iniciada a partir de 2007, hoje a cobrança
pelo uso da água encontra-se efetivamente implementada em 12 das 22 Unidades
de Gestão de Recursos Hídricos (UGRHI) paulistas, com previsão de início em mais
outras duas a partir de novembro de 2017.

Em Minas Gerais a cobrança é instrumento da Política Estadual de Recursos Hídri-


cos (Lei nº 13.199, de 29 de janeiro de 1999). Foi regulamentada por meio do De-
creto nº 44.046, de 13 de junho de 2005 e iniciou efetivamente em 2010. Hoje a
cobrança atua em bacias hidrográficas afluentes a rios federais que também pos-
suem cobrança implementada – Doce, Paranaíba, Paraíba do Sul, PCJ e São Fran-
cisco, estando presente em 12 das 36 Unidades de Planejamento e Gestão de Re-
cursos Hídricos (UPGRH) do Estado.

No Paraná, a Política Estadual de Recursos Hídricos foi instituída pela Lei nº


12.726, de 26 de novembro de 1999, estabelecendo a cobrança como um dos seus
instrumentos de gestão. Os critérios e normas gerais sobre a cobrança foram defi-
nidos pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH/PR) por meio da Re-
solução nº 50 CERH/PR, de 20 de dezembro de 2006. A cobrança iniciou em 2013,

13
limitada às Bacias do Alto Iguaçu e Afluentes do Alto Ribeira, a partir da Resolução
nº 85 CERH/PR, de 28 de agosto de 2013.

Na Paraíba a cobrança pelo uso da água é instrumento da Política Estadual de


Recursos Hídricos (Lei nº 6.308, de 02 de julho de 1996) e foi regulamentada por
meio do Decreto nº 33.613, de 14 de dezembro de 2012, tendo iniciado em 2015
nas bacias hidrográficas Litoral Norte, Litoral Sul e Paraíba.

Em alguns estados, a cobrança já está em processo de aprovação para ser imple-


mentada, quer seja pelos Comitês de Bacia, quer seja pelas instâncias superiores
– Conselho Estadual de Recursos Hídricos e Governo do Estado. Outros estados,
como Pernambuco e Sergipe, estão estudando mecanismos e valores de cobrança
para propor aos Comitês. A situação de implementação da cobrança pelo uso da
água em bacias estaduais é apresentada no mapa da Figura 3.2.

Figura 3.2 – Bacias hidrográficas estaduais com cobrança implementada (Fonte: ANA,
2017).

3.4 A cobrança pelo uso da água em Sergipe

Em Sergipe, a cobrança pelo uso de recursos hídricos é um dos instrumentos pre-


vistos na Lei nº 3.870, de 25 de setembro de 1997, que dispõe sobre a Política

14
Estadual de Recursos Hídricos e o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recur-
sos Hídricos do Estado, tendo como objetivos:

• Reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma indicação


de seu real valor;
• Incentivar a racionalização do uso da água;
• Obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e interven-
ções contemplados nos planos de recursos hídricos.

A referida Lei define que serão cobrados os usos de recursos hídricos sujeitos a
outorga. Ainda de acordo com a Lei nº 3.870/97, na fixação dos valores a serem
cobrados pelo uso dos recursos hídricos devem ser observados, dentre outros:

• nas derivações, captações e extrações de água, o volume retirado e seu


regime de variação;
• nos lançamentos de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, o vo-
lume lançado e seu regime de variação e as características físico-químicas,
biológicas e de toxidade do afluente.

Por fim, a Política Estadual de Recursos Hídricos define que os valores arrecada-
dos com a cobrança pelo uso de recursos hídricos serão aplicados prioritariamente
na bacia hidrográfica em que foram gerados, e serão utilizados:

• no financiamento de estudos, programas, projetos e obras incluídos nos Pla-


nos de Recursos Hídricos;
• no pagamento de despesas de implantação e custeio administrativo dos ór-
gãos e entidades integrantes do Sistema Estadual de Gerenciamento de Re-
cursos Hídricos (limitado a 7,5% do total arrecadado).

A Lei define que o Plano Estadual de Recursos Hídricos deve conter diretrizes e
critérios para a cobrança pelo uso dos recursos hídricos. Neste sentido, o
PERH/SE, elaborado em 2010, propõe considerar as principais experiências reali-
zadas no Brasil e os resultados obtidos, focalizando os diversos aspectos (histórico,
legal, social e econômico da cobrança), de modo a sugerir alguns caminhos para o
equacionamento do problema da aplicabilidade do instrumento no Estado.

Além de atender aos objetivos legais supramencionados, o PERH/SE sugere que


a implantação da cobrança considere: processo de implementação do instrumento;

15
previsão legal; regulamentação; estabelecimento dos valores; formas de cálculo;
aprovação dos conselhos de recursos hídricos e criação de agências de água.

De acordo com a Lei, a receita obtida da cobrança pela utilização de recursos hí-
dricos constituirá recurso do Fundo Estadual de Recursos Hídricos.

3.5 O Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos

Nesta seção serão apresentados os componentes do Sistema Estadual de Geren-


ciamento de Recursos Hídricos – SEGRH, instituído pela Lei nº 3.870/97, sua es-
trutura e funcionamento e suas competências relacionadas à cobrança pelo uso da
água, cuja promoção é um dos seus objetivos. Integram o Sistema:

• o Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CONERH;


• os Comitês de Bacia Hidrográfica – CBHs;
• a Secretaria de Estado do Planejamento e da Ciência e Tecnologia – SE-
PLANTEC, Órgão Gestor;
• os Órgãos dos poderes públicos federal, estadual e municipal, cujas compe-
tências se relacionem com a gestão de recursos hídricos;
• as Agências de Água.

3.5.1 Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CONERH/SE

O Conselho Estadual de Recursos Hídricos é um órgão de coordenação, fiscaliza-


ção e deliberação coletiva e de caráter normativo. Dentre as suas várias competên-
cias está o estabelecimento de critérios gerais para a cobrança pelo uso de recur-
sos hídricos. O CONERH/SE é composto por representantes dos órgãos gestores
de recursos hídricos, dos municípios, dos usuários de água, dos Comitês de Bacia
Hidrográfica, do Ministério Público do Estado, do Poder Legislativo Estadual e das
organizações civis de recursos hídricos. As competências e a composição do CO-
NERH/SE são melhor detalhadas no Decreto nº 18.099, de 26 de maio de 1999,
que o regulamenta.

Recentemente, em outubro de 2017, foi realizado processo eleitoral para composi-


ção do CONERH/SE para mandato nos próximos três anos. Entre as instituições
eleitas estão:

• Poder Público Municipal: Indiaroba, Santo Amaro das Brotas e Estância;

16
• Sociedade Civil: ONG Oscatma, Instituto Federal de Sergipe (IFS) e Con-
selho Regional de Engenharia e Agronomia de Sergipe (Crea);
• Usuários de Água: Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso), Colônia
Z2 e Federação das Indústrias (Fies).

3.5.2 Comitês de Bacia Hidrográfica – CBHs

Dentre as oito bacias hidrográficas do Estado de Sergipe, apenas três possuem


Comitês: Japaratuba, Sergipe e Piauí.

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba teve a sua proposta de criação


aprovada por meio da Resolução CONERH nº 06/2007, e foi efetivamente instituído
por meio do Decreto nº 24.650, de 30 de agosto de 2007.

A criação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe foi aprovada por meio da
Resolução CONERH n° 02/2002. A efetiva instituição se deu por meio do Decreto
nº 20.778, de 21 de junho de 2002

A proposta de instituição do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí foi aprovada


por meio da Resolução CONERH nº 05/2007. A criação foi efetivada a partir do
Decreto nº 23.375, de 09 de setembro de 2005.

Os três decretos definem como uma das atribuições dos Comitês a de estabelecer
os mecanismos de cobrança pelo uso dos recursos hídricos da Bacia e sugerir ao
Conselho Estadual de Recursos Hídricos os valores a serem cobrados.

Há um movimento reunindo esforços para criação do Comitê da Bacia Hidrográfica


do Rio Real, denominado Pró-Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Real, mas que
ainda não foi efetivamente implementado.

Atualmente, o apoio ao funcionamento dos Comitês das bacias dos rios Japaratuba,
Sergipe e Piauí é realizado pela SEMARH/DEPCRH. Os recursos financeiros ne-
cessários ao funcionamento de tais Comitês são provenientes do Fundo Estadual
de Recursos Hídricos e do Progestão. As atuais composições dos Comitês Japara-
tuba, Sergipe e Piauí para o triênio 2018-2020 são apresentadas no Quadro 3.1,
Quadro 3.2 e Quadro 3.3, respectivamente.

17
Quadro 3.1 – Relação de membros do CBH Japaratuba / triênio 2018-2020.
SEGMENTO ENTIDADE REPRESENTANTE SITUAÇÃO
Poder Público Federal EMBRAPA JULIO AMORIM ARAUJO Titular
Poder Público Federal IBGE NELSON WELLAUSEN DIAS Suplente
Poder Público Estadual EMDAGRO FRANCISCO DE ASSIS GROSSI Titular
Poder Público Estadual EMDAGRO GILBERTO LUIZ ARAUJO Suplente
Poder Público Estadual SEINFRA ANTÔNIO ISAAC DE ASSIS Titular
Poder Público Estadual SEINFRA MARCIA MARIA VIANA DE ALMEIDA MARTINS Suplente
Poder Público Estadual SEMARH PATRÍCIA PRADO CABRAL SOUZA Titular
Poder Público Municipal Prefeitura Municipal de Japaratuba Angela Vieira Santos Titular
Poder Público Municipal Prefeitura Municipal de Carmópolis Izaque Santos de Jesus Titular
Poder Público Municipal Prefeitura Municipal de Siriri Givaldo Maciel de Santana Titular
Poder Público Municipal Prefeitura Municipal de Santo Amaro das Brotas Irany Lima Moura Santos Suplente
Poder Público Municipal Prefeitura Municipal de Nossa Senhora das Dores Gealisson Santos Silva Suplente
Poder Público Municipal Prefeitura Municipal de Divina Pastora Jose Fabiano Cardoso Costa Suplente
Usuário de água DESO Erasmo Gomes Santos Junior Titular
Usuário de água DESO Marcelle Santos Melo Suplente
Usuário de água VALE ANAILDE PEREIRA DA SILVA Titular
Usuário de água VALE JOÃO SOUZA MUNIZ Suplente
Usuário de água FIES Cícero Gomes Barros Titular
Usuário de água FIES Luis Paulo Dias Miranda Suplente
Usuário de água PETROBRAS GRAZIELLA FEITOZA CONCEIÇÃO LINHARES Titular
Usuário de água PETROBRAS José Ednaldo Pinto Fontes Suplente
Usuário de água FEPESE HAMILTON JOÃO OLIVEIRA SANTOS Titular
Usuário de água FEPESE JOSÉ MARCOS SANTOS DE MENEZES Suplente
Usuário de água Colônia de Pescadores Z5 Pirambu Miguel Porto Pires Titular
Usuário de água Colônia de Pescadores Z5 Pirambu Jossimara Silva de Santana Suplente
Usuário de água COOJARDIN Jose Antonio Leandro dos Santos Titular
Usuário de água COOJARDIN Josino Silva Filho Suplente
Sociedade Civil UFS Daniella Rocha Titular
Sociedade Civil UFS Jefferson Arlen Freitas Suplente
Sociedade Civil UNIT Maria Nogueira Marques Titular
Sociedade Civil UNIT Verônica Sierpe Geraldo Suplente

18
SEGMENTO ENTIDADE REPRESENTANTE SITUAÇÃO
Sociedade Civil IFS Cicero Marques dos Santos Titular
Sociedade Civil IFS Tatiana Máximo Almeida Albuquerque Suplente
Sociedade Civil FETASE Maria Aparecida dos Santos Titular
Sociedade Civil FETASE Cristiane Santos Santana Suplente
Sociedade Civil OSCATMA Angela Maria do Nascimento Lima Titular
Sociedade Civil OSCATMA Daniele Suzane da Silva Pinto Teles Suplente
Sociedade Civil IDESA Sheila Patrícia Santos Feitosa Titular
Sociedade Civil IDESA Elder Muniz Santos Suplente
Sociedade Civil STTR Dores Aldenilson Vieira dos Santos Titular
Sociedade Civil STTR Dores Glecia Vieira dos Santos Suplente
Sociedade Civil Comunidade Pirangy Remanescente de Quilombo Capela Ednaldo dos Santos Suplente
Sociedade Civil ABES Isabel Cristina Pereira Alves Titular

Quadro 3.2 – Relação de membros do CBH Sergipe / triênio 2018-2020.


SEGMENTO ENTIDADE REPRESENTANTE SITUAÇÃO
Poder Público Federal IBGE NELSON WELLAUSEN DIAS Titular
Poder Público Estadual EMDAGRO WALTENIS BRAGA Titular
Poder Público Estadual EMDAGRO JOSÉ ANANIAS FERNANDES Suplente
Poder Público Estadual SEAGRI TEREZINHA APARECIDA FONSECA ARAUJO Titular
Poder Público Estadual SEAGRI Suplente
Poder Público Estadual SEINFRA ANTÔNIO ISAAC DE ASSIS Titular
Poder Público Estadual SEINFRA MÁRCIA MARIA VIANA DE ALMEIDA MARTINS Suplente
Poder Público Estadual SEMARH JACKSON LEITE DOS SANTOS Titular
Poder Público Estadual SEMARH MÁRCIA SANTOS SILVA Suplente
Poder Público Municipal BARRA DOS COQUEIROS EDSON APARECIDO DOS SANTOS Titular
Poder Público Municipal SÃO CRISTÓVÃO CARLOS ANTÔNIO SOARES MELO Suplente
Poder Público Municipal NOSSA SENHORA DA GLÓRIA DIJALCI FERREIRA DE ARAGÃO Titular
Poder Público Municipal DIVINA PASTORA JOSÉ FABIANO CARDOSO COSTA Suplente
Poder Público Municipal LARANJEIRAS PAULO SÉRGIO MELO DOS SANTOS Titular
Poder Público Municipal NOSSA SENHORA DO SOCORRO ALINE SILVA MELO Suplente

19
SEGMENTO ENTIDADE REPRESENTANTE SITUAÇÃO
Poder Público Municipal SANTO AMARO DAS BROTAS IRANI LIMA MAIRA SANTOS Titular
Poder Público Municipal Prefeitura Municipal de Divina Pastora Jose Fabiano Cardoso Costa Suplente
Usuário de água VOTORANTIM CIMENTOS NINE S/A ANA PAULA SANTANA DOS SANTOS Titular
Usuário de água PETROBRÁS GRAZIELA FEITOZA CONCEIÇÃO LINHARES Titular
Usuário de água FAFEN-SE MARCÍLIO DE BARROS CORREIA Titular
Usuário de água COLONIA PESCADOR Z.2 JOSÉ VITOR SANTOS Titular
Usuário de água COLONIA PESCADOR Z.2 ROMEU SILVA DO NASCIMENTO Suplente
Usuário de água FEPESE HAMILTON JOÃO OLIVEIRA SANTOS Titular
Usuário de água FEPESE JOSÉ MARCOS SANTOS DE MENEZES Suplente
Usuário de água COLÔNIA DE PESCADORES Z6 RICARDO AZEVEDO EVANGELISTA Titular
Usuário de água COLÔNIA DE PESCADORES Z6 DÉBORA BERRETO DE JESUS SANTOS Suplente
Usuário de água DESO LUIZ CARLOS SOUZA SILVA Titular
Usuário de água DESO CARLOS ANDERSON SILVEIRA PEDREIRA Suplente
Usuário de água SAAE- SÃO CRISTOVÃO MARCIO ADRIANO SILVA LIMA Titular
Sociedade Civil IFS JORGE LUIZ SOTERO DE SANTANA Titular
Sociedade Civil UNIT MARIA NOGUEIRA MARQUES Titular
Sociedade Civil UFS JEFFERSON ARLEN FREITAS Suplente
Sociedade Civil IFS FLORILDA VIEIRA DA SILVA Suplente
Sociedade Civil OSCATMA-BC ROSA CECÍLIA LIMA SANTOS Titular
Sociedade Civil OSCATMA ISABELLA FERREIRA NASCIMENTO MAYNARD Suplente
Sociedade Civil ACIJOBA MARIA RITA DOS SANTOS Titular
Sociedade Civil ASSOCIAÇÃO PARTIDO DA INTERNET NÉLIO MIGUEL OLIVEIRA DOS SANTOS JUNIOR Titular
Sociedade Civil ASSOCIAÇÃO PARTIDO DA INTERNET ANA LUISA SANTOS PASSOS Suplente
Sociedade Civil FUNDAÇÃO EDUCANDO E PRESERVANDO JOEL SILVA LIMA Titular
Sociedade Civil FUNDAÇÃO EDUCANDO E PRESERVANDO EROTILDES JOSÉ DE JESUS Suplente
Sociedade Civil STTR RURAIS AGRICULA FAMILIA DE DORES ALDENILSON VIEIRA DOS SANTOS Titular
Sociedade Civil CONEJUV THALYTA ANDERADE DA COSTA Suplente
Sociedade Civil ASSOCIAÇÃO ARTESANAL DE N. SRA DAS DORES MARILENE JOAQUIM DE SANTANA Suplente
Sociedade Civil ABES KELMA MARIA NOBRE VITORINO Titular
Sociedade Civil CONS. REG. DE ENGENHARIA E AGRONOMIA DE -SE RODRIGO FERNANDO M. DE OLIVEIRA Suplente

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Quadro 3.3 – Relação de membros do CBH Piauí / triênio 2018-2020.
SEGMENTO ENTIDADE REPRESENTANTE SITUAÇÃO
Poder Público Federal IBGE NELSON WELLAUSEN DIAS Titular
Poder Público Estadual EMDAGRO LUIZ FERNANDES DE OLIVEIRA Titular
Poder Público Estadual EMDAGRO JACKSON RIBEIRO Suplente
Poder Público Estadual SEINFRA ANTÔNIO ISAAC DE ASSIS Titular
Poder Público Estadual SEMARH NOÊMIA ALICE NERY LOBÃO Titular
Poder Público Estadual SEMARH NICÉA SOUZA DA PIEDADE Suplente
Poder Público Municipal Prefeitura de Indiaroba Jose Fernando Ávila Soares Sobrinho Titular
Poder Público Municipal Prefeitura de Boquim Willame Santos Andrade Marques Titular
Poder Público Municipal Prefeitura de Boquim José Costa dos Santos Irmão Suplente
Poder Público Municipal Prefeitura de Estancia Cesar Roberto Pereira Franco Titular
Poder Público Municipal Prefeitura de Lagarto João Batista de Farias Fontes Junior Titular
Poder Público Municipal Prefeitura de Sta Luzia do Itanhi Ronilson Pereira dos Santos Suplente
Usuário de água DESO Mario Leo de Oliveira Rodrigues Titular
Usuário de água DESO Wagner Dantas Melo Suplente
Usuário de água Colônia de Pescadores Z3 Selma Lucia dos Santos Titular
Usuário de água Colônia de Pescadores Z3 Suplente
Usuário de água FEPESE Hamilton João Oliveira Santos Titular
Usuário de água FEPESE Suplente
Usuário de água Campanhia Industria Textil Antonio João Nascimento Santos Titular
Usuário de água Campanhia Industria Textil Valter Cezar de Jesus Suplente
Usuário de água FIES Cícero Gomes Barros Titular
Usuário de água FIES Luis Paulo Dias Miranda Suplente
Sociedade Civil Associação dos Moradores do Bairro Santa Cruz Jaelson de Oliveira Santos Titular
Sociedade Civil Associação dos Moradores do Bairro Santa Cruz Josefa Batista dos Santos Suplente
Sociedade Civil Associação dos Moradores da Macedina de Salgado Eraldo Ribeiro Titular
Sociedade Civil Associação Meio Ambiente Água e Vida Luiz Alberto Palomares Suplente
Sociedade Civil Asssociação Comunit. da Comunidade de Quebrada V Maria Aparecida Lacerda de Albuquerque Titular
Sociedade Civil Asssociação Comunit. da Comunidade de Quebrada V José Romero de Souza Batista Suplente
Sociedade Civil OSCATMA Elaine Chistian Barbosa dos Santos Titular
Sociedade Civil OSCATMA Suplente
Sociedade Civil FETASE Elisangela Santos Silva Titular

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SEGMENTO ENTIDADE REPRESENTANTE SITUAÇÃO
Sociedade Civil FETASE Suplente
Sociedade Civil ABES José Alves Nunes Titular
Sociedade Civil Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de Sergipe – CREA Thiago José Ramos dos Santos Suplente
Sociedade Civil Cons. Mun. de Des. Rural Sustentável de Sta Luzia do Itanhi Valmira Beto Santos Titular
Sociedade Civil UNIT Maria Nogueira Marques Titular
Sociedade Civil UNIT Verônica Sierpe Geraldo Suplente

22
No mapa da Figura 3.3 é dado destaque às três bacias hidrográficas do estado que
possuem Comitê implementado.

Figura 3.3 – Bacias hidrográficas de Sergipe com Comitê implementado.

3.5.3 Órgãos gestores

Embora a Lei 3.870/97 tenha definido a Secretaria de Estado do Planejamento e


da Ciência e Tecnologia – SEPLANTEC como órgão gestor integrante do Sistema
Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos, de fato este papel compete à
Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos – SEMARH,
criada pela Lei nº 6.130, de 02 de abril de 2007, que redefine a estrutura organiza-
cional da Administração Pública Estadual. Compete à SEMARH, dentre outras atri-
buições, a formulação e gestão de políticas estaduais de governo relativas a recur-
sos hídricos, a promoção do uso racional da água e gestão integrada do uso múlti-
plo sustentável dos recursos hídricos, a revitalização de bacias hidrográficas e a
proposição de estratégias, mecanismos e instrumentos econômicos e sociais
para a melhoria da qualidade ambiental e o uso sustentável dos recursos naturais.

A SEMARH tem como autarquia vinculada a Administração Estadual do Meio Am-


biente – ADEMA. São partes integrantes da SEMARH o Conselho Estadual de Meio

23
Ambiente – CEMA, o Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CONERH e o
Conselho Gestor do Fundo de Defesa do Meio Ambiente – COGEF. A Superinten-
dência de Recursos Hídricos – SRH é o braço operacional da gestão de recursos
hídricos da SEMARH. A SRH é integrada pelo Departamento de Planejamento e
Coordenação dos Recursos Hídricos (DEPCRH) e pelo Departamento de Adminis-
tração e Controle de Recursos Hídricos (DACRH). A Figura 3.4 apresenta o Orga-
nograma da SRH.

Figura 3.4 – Organograma da SRH/SEMARH. Fonte: ANA (2016).


Atualmente, outros órgãos e autarquias estaduais também possuem competências
relacionadas aos recursos hídricos (Figura 3.5).

24
Figura 3.5 – Órgãos e autarquias estaduais com competências relacionadas aos recursos
hídricos. Fonte: Página na Internet do SIRHSE (http://sirhse.semarh.se.gov.br/sirhse/).

3.5.4 Agências de Água

De acordo com a Lei 3.870/97, as Agências de Água exercerão a função de secre-


taria executiva do respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica. As
competências das Agências de Água relacionadas à cobrança são:

• efetuar, mediante delegação do outorgante, a cobrança pelo uso de recursos


hídricos;
• analisar e emitir pareceres sobre os projetos e obras a serem financiados
com recursos gerados pela cobrança pelo uso de recursos hídricos e enca-
minhá-los à instituição financeira responsável pela administração desses re-
cursos;
• acompanhar a administração financeira dos recursos arrecadados com a co-
brança pelo uso de recursos hídricos em sua área de atuação;

25
• propor ao respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica valores
a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos e plano de aplicação dos
recursos arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos;

Embora as Agências de Água tenham diversas atribuições ligadas à cobrança e


instrumentos correlatos, a sua criação é condicionada ao atendimento dos seguin-
tes requisitos:

• prévia existência do respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográ-


fica;
• viabilidade financeira assegurada pela cobrança do uso dos recursos hídri-
cos em sua área de atuação.

Por esta razão as Agências de Água ainda não foram implantadas. O SEGRH tem
sua sustentação financeira calcada no Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FU-
NERH), que é vinculado à SEMARH.

4 ESTÁGIO DE IMPLEMENTAÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO

Nesta seção será feita uma breve caracterização dos demais instrumentos de ges-
tão de recursos hídricos, em termos de implementação e atualização. Isto porque
o desenho do modelo de cobrança dependerá de como estão funcionando tais ins-
trumentos, qual a qualidade, nível de informação, disponibilidade e atualização das
informações. Especial destaque será dado à outorga de direito de uso de recursos
hídricos, que é o fato gerador da cobrança.

4.1 O Plano Estadual de Recursos Hídricos

O Estado de Sergipe conta com um Plano Estadual de Recursos Hídricos, elabo-


rado em 2011 por meio de consultoria especializada, no âmbito do contrato firmado
entre o consórcio das empresas Projetec Projetos Técnicos Ltda. e Techne Enge-
nheiros Consultores Ltda. e a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recur-
sos Hídricos (SEMARH), dentro do Programa PROÁGUA Nacional. O Plano Esta-
dual de Recursos Hídricos de Sergipe foi aprovado através da Resolução nº
13/2011 do CONERH. O PERH foi elaborado em cinco fases:

• Fase A - Engloba atividades preliminares que se referem à apresentação do


plano de trabalho e à coleta de informações disponíveis

26
• Fase B - Avaliação integrada de recursos hídricos
• Fase C - Proposição de alternativas para compatibilizar as disponibilidades
e as demandas hídricas
• Fase D - Estabelecimento de diretrizes, metas, programas e projetos
• Fase E - Elaboração dos documentos finais e do Projeto de Lei do PERH

O PERH/SE se baseia em premissas de formulação de cenários de crescimento da


população e da atividade produtiva no cenário atual e futuro com projeções para os
anos de 2015, 2020 e 2025.

4.1.1 Planos Diretores de Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas

Adicionalmente ao PERH/SE, o Estado de Sergipe conta com os recentes Planos


das Bacias Hidrográficas dos rios Japaratuba, Piauí e Sergipe, elaborados em 2015
no âmbito do contrato firmado entre a empresa COHIDRO Consultoria, Estudos e
Projetos Ltda. e a SEMARH/SE.

Os referidos Planos tiveram as fases Diagnóstica, Prognóstica e de Proposições de


Ações. Os cenários das disponibilidades e demandas foram projetados para 2018,
2023, 2028 e 2033.

Também existe um Plano Diretor de Recursos Hídricos das bacias dos rios Vaza
barris e Real, porém é antigo, elaborado em 1996 pelo Governo da Bahia. O Plano
teve as fases de Diagnóstico, Prognóstico e Plano de Ações com cenário de 20
anos.

4.2 O Enquadramento dos corpos de água em classes

Há um primeiro estudo propositivo de enquadramento intitulado "Programa de En-


quadramento dos Cursos d'Água do Estado de Sergipe, de acordo com a Resolu-
ção CONAMA nº 20/1986" abrangendo os principais mananciais superficiais do Es-
tado, realizado em 2003.

Em 2011, no âmbito do Plano Estadual de Recursos Hídricos, este estudo foi adap-
tado para Resolução CONAMA nº 357/2005, resultando no “Reenquadramento dos
Corpos d'Água do Estado de Sergipe (Resolução CONAMA nº 357/2005)”. Os en-
saios tomados por base para o reenquadramento são os mesmos realizados

27
quando do enquadramento de acordo com a Resolução CONAMA nº 20/1986. Na-
quela ocasião o Estado empreendeu campanhas de amostragem de água em todas
as bacias, entre os anos 2001 e 2002, obtendo resultados analíticos dos parâme-
tros físicos, químicos e microbiológicos coletados em 154 pontos nas seis bacias
hidrográficas.

O enquadramento do rio Fundo, na bacia hidrográfica do rio Piauí, foi regulamen-


tado pela Resolução CONERH nº 24/2015, de 13 de março de 2015, em seu alto e
médio curso como Doce - Classe 2 e o trecho remanescente como Salobra - Classe
1, para fins da emissão de outorga de direito de uso para lançamento de efluentes.
Trata-se do único rio oficialmente enquadrado no estado.

Atualmente, encontra-se em andamento estudo de consultoria contratado pela SE-


MARH para enquadramento dos principais corpos d’água da bacia hidrográfica do
rio Sergipe.

4.3 O Fundo Estadual de Recursos Hídricos

O Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FUNERH) foi criado pela Lei nº


3.870/1997 e regulamentado pelo Decreto nº 19.079/2000. Em 2010, passa a ser
regido pela Lei nº 6.964, a qual foi regulamentada pelo Decreto nº 27.410/2010.

Constituem recursos do FUNERH:

• os consignados a seu favor nos orçamentos do Estado e dos Municípios;


• os provenientes da União, de Estados e de Municípios, destinados a execu-
ção de planos e programas de recursos hídricos de interesse comum;
• a compensação financeira que o Estado receber em decorrência do aprovei-
tamento do potencial hidroenergético em seu território;
• 2% (dois por cento) da compensação financeira que o Estado receber pela
exploração de petróleo, gás natural e outros recursos minerais, em seu ter-
ritório;
• o resultado da cobrança pela utilização de recursos hídricos;
• empréstimos, nacionais e internacionais, e outros recursos provenientes da
ajuda e cooperação internacional e de acordos intragovernamentais;
• o produto das operações de crédito e das rendas proveniente das aplicações
dos seus recursos;

28
• tarifas e taxas cobradas de beneficiados por serviços de aproveitamento,
controle e fiscalização dos recursos hídricos;
• os retornos relativos a principal e encargos de financiamentos concedidos
com recursos do Fundo;
• o resultado da cobrança de multas resultantes de infrações à legislação de
águas;
• 0,5% (cinco décimos por cento) do produto da arrecadação dos impostos
estaduais, deduzidas as vinculações ou participações constitucionais;
• receitas de outras fontes, que legalmente se destinem ao Fundo ou se cons-
tituam em receita do mesmo.

A SEMARH é o órgão gestor do FUNERH. Os recursos financeiros do FUNERH


possuem diversas possibilidades reembolsáveis e não-reembolsáveis de aplicação.

4.4 A Outorga de direito de uso de recursos hídricos

A outorga de direito de uso de recursos hídricos foi regulamentada pelo Decreto n°


18.456, de 03 de dezembro de 1999, e é emitida desde 2000. Estão sujeitos à ou-
torga os seguintes usos ou interferência em recursos hídricos:

• a implantação de qualquer empreendimento que possa demandar a utiliza-


ção de recursos hídricos e que implique alteração do regime, da quantidade
ou da qualidade da água existente em um corpo hídrico superficial ou sub-
terrâneo;
• a execução de obras ou serviços que configurem interferência e impliquem
alteração do regime, da quantidade ou da qualidade da água existente em
um corpo hídrico superficial ou subterrâneo;
• a derivação ou captação de parcela de água existente em um corpo hídrico,
para consumo final, inclusive abastecimento público ou insumo de processo
produtivo;
• lançamento, em corpo hídrico, de esgotos e demais resíduos líquidos ou ga-
sosos, tratados ou não, com o fim de sua distribuição, transporte ou deposi-
ção final;
• o uso para fins de aproveitamento de potenciais hidrelétricos.

29
Por outro lado, independem de outorga – e, portanto, são isentos de cobrança – os
seguintes usos:

• o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos


núcleos populacionais distribuídos no meio rural;
• as derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes, tanto
do ponto de vista de volume quanto de carga poluente;
• as acumulações de volumes de água consideradas insignificantes.

Algumas Resoluções do CONERH tratam de diretrizes específicas para a outorga.


A Resolução CONERH nº 01/2001 dispõe sobre critérios para a outorga de uso de
recursos hídricos, com destaque para a definição dos usos considerados insignifi-
cantes e isentos de outorga:

• Açudes com volume de acumulação de até 50.000 m³, ou com área de es-
pelho d’água inferior ou igual a 10 (dez) tarefas ou 3 ha, ou com altura de
barramento inferior a 7 (sete) metros;
• Perfuração de poços rasos, com profundidade inferior a 20 (vinte) metros e
com vazão de 2.500 (dois mil e quinhentos) litros por hora e, ainda, poços
com caráter exclusivo de pesquisa, exceto em aquíferos sedimentares con-
siderados estratégicos ou diretamente alimentados por rios perenes;
• Perfuração de poços medianamente profundos (20 a 60 metros) e profundos
(maior que 60 metros) com vazões inferiores a 2.500 (dois mil e quinhentos)
litros por hora, exceto quando se tratar de poços de responsabilidade de
órgãos públicos;
• Captações a fio d’água com vazões inferiores a 2.500 (dois mil e quinhentos)
litros por hora, ou cerca de 0,7 (sete décimos) litros por segundo;
• Barragens de derivação ou regularização de nível cuja bacia de contribuição
não exceda 3 (três) km²;
• Obras de transferência, entre bacias hidrográficas, de vazões inferiores a
2.500 (dois mil e quinhentos) litros por hora;
• Uso da água para satisfação das necessidades da população de núcleos
rurais inferiores ou iguais a 80 (oitenta) casas ou 400 (quatrocentos) habi-
tantes.

30
A Resolução CONERH nº 03/2002 dispõe sobre critérios para a outorga de direito
de uso de recursos hídricos subterrâneos nas regiões de Aracaju e São Cristóvão.

A SEMARH elegeu o rio Fundo, na bacia hidrográfica do rio Piauí, como piloto a
partir de 2014 para emissão das outorgas de direito de uso para fins de lançamento
de efluentes no Estado de Sergipe. O CONERH apoiou esta iniciativa por meio da
Moção nº 01/2015.

O Plano Estadual de Recursos Hídricos e os Planos Diretores das Bacias Hidrográ-


ficas também apresentaram diretrizes para a aplicação da outorga de direito de uso
de recursos hídricos.

Existem três categorias de outorga:

• Outorga prévia: Tem como finalidade exclusiva declarar a existência de dis-


ponibilidade hídrica para o uso requerido, ou seja, vista garantir a existência
de volume outorgável quando comparado ao volume outorgado, possibili-
tando ao investidor efetuar o planejamento, projeto e implantação daqueles
empreendimentos que demandem a utilização de água. A outorga prévia não
confere direito de uso ao seu titular;
• Outorga de direito de uso: É um instrumento pelo qual o usuário recebe
uma autorização do poder público para utilizar privativamente os recursos
hídricos;
• Outorga de obra: É um documento expedido ao interessado em construir
obras ou serviços de oferta hídrica que possam interferir no regime hídrico
de um determinado manancial superficial ou subterrâneo, tanto na qualidade
como na quantidade. No caso de perfuração de poços tubulares profundos,
o poder público outorgante concede ao requerente uma Licença Técnica.

A Figura 4.1 mostra o fluxograma da tramitação e análise da solicitação de outorga.

31
Figura 4.1 – Fluxograma do processo de outorga. Fonte: adaptado de SRH (2010).

4.5 O Sistema Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos

O Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos do Estado de Sergipe –


SIRHSE possui uma página na Internet e foi construído para permitir e garantir à
sociedade o acesso às informações relativas a situação atualizada do uso e da
disponibilidade da água em Sergipe, considerando os aspectos de quantidade e
qualidade dos mananciais superficiais e subterrâneos.

O Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos do Estado de Sergipe reúne


os seguintes dados e informações:

• Documentos e formulários para solicitação de outorga;

32
• Monitoramento hidrometeorológico;
• Previsão do tempo;
• Galeria de mapas temáticos e Plataforma WEBGIS;
• Informações relativas a arranjo institucional e legislação de recursos hídri-
cos;
• Estudos, programas, planos e projetos relacionados aos recursos hídricos.

Uma vasta gama de outras informações encontra-se dispersa em outros locais. Há


um Atlas Digital sobre Recursos Hídricos de Sergipe com Base de Dados Geoes-
pacial contendo shapefiles temáticos sobre os mais variados temas.

5 COLETA, ANÁLISE E CONSOLIDAÇÃO DAS BASES DE DADOS DE USOS


DE RECURSOS HÍDRICOS

Neste capítulo serão analisadas as bases de dados de usos de recursos hídricos


do Estado de Sergipe. Em tese, somente serão cobrados os usos com outorgas
válidas e vigentes. Porém, além dos usos efetivamente outorgados, também será
feita caracterização de todo o universo de usos cadastrados, bem como dos usos
insignificantes e dos processos de outorga em análise, com vistas a se estimar o
potencial de arrecadação a partir de diversos cenários.

A presente análise se baseia nas bases de dados disponibilizadas à Consultora em


08/08/2017.

5.1 Caracterização dos usos cadastrados no CNARH40

A base de dados transferida para o CNARH40 contém 2.500 usos cadastrados em


corpos hídricos de domínio do Estado de Sergipe, distribuídos entre as categorias
Inválido, Não Outorgável, Outorgado e Uso Insignificante conforme o gráfico da Fi-
gura 5.1, que mostra que a grande maioria dos usos cadastrados (um total de 211,1
hm³) encontra-se efetivamente outorgada.

33
Usos cadastrados no CNARH40 - volume captado anual por
categoria (hm³)

Uso Insignificante;
4,0
Outorgado; 194,7
Inválido; 1,9

Não Outorgável;
1,0

Figura 5.1 – Usos cadastrados no CNARH40 – Volume anual por categoria (hm³).
No que se refere à natureza do uso, apenas um dos registros corresponde a ponto
de lançamento de efluentes. Trata-se de lançamento de 16,4 hm³/ano da empresa
AMBEV S. A. no rio Fundo (processo nº 35/2016). Outros dois registros foram clas-
sificados como “ponto de referência”. Todos os demais são pontos de captação.

Com relação ao tipo de captação, observa-se que a grande maioria das captações
ocorre em poços (2.302), enquanto apenas 195 ocorre em mananciais superficiais.
Por outro lado, o volume total anual de captações superficiais (116,1 hm³) é superior
ao de captações subterrâneas (85,4 hm³), como se vê na Figura 5.2.

34
2.500 140,0

Nº de pontos de captação

Volume captado (hm³)


120,0
2.000
100,0
1.500 80,0

1.000 60,0
40,0
500
20,0
0 0,0
Superficial Subterrânea
Quantidade Volume (hm³)
Figura 5.2 – Quantidade de captações e volume anual captado em mananciais superficiais e
subterrâneos – CNARH40.
Com relação à finalidade de uso, o uso predominante é o Abastecimento Público,
com 98,11 hm³, seguido da Indústria (43,18 hm³), Irrigação (23,32 hm³) e Termoe-
létrica (16,31 hm³). As outras finalidades de uso são pouco representativas em ter-
mos de volume captado (Figura 5.3).

Usos cadastrados no CNARH40 - volume captado anual por finalidade (hm³)

Indústria; 43,18
Irrigação; 23,32
Consumo
Humano;
6,58
Termoelétrica; Outras; 3,53
16,31
Aquicultura; 9,95

Criação
Animal; 0,29

Abastecimento Público;
Mineração; 0,01
98,11

Figura 5.3 – Volume anual captado por finalidade de uso (hm³).


Os 23,32 hm³/ano captados pelo do setor de irrigação se distribuem por cultura de
acordo com o gráfico da Figura 5.4. A principal cultura do estado é cana-de-açúcar,

35
com 8,91 hm³ irrigados por ano. Na sequência aparecem o milho (3,59 hm³), da-
mascos/pêssegos (2,63 hm³), coentro (1,33 hm³), capim sudão (1,22 hm³), coco
verde (0,81 hm³), batata doce (0,78 hm³), banana (0,41 hm³), cominho (0,39 hm³),
batata (0,33 hm³) e outras dezenas de culturas que, juntas, respondem por 2,91
hm³ do volume total captado.

Usos de Irrigação cadastrados no CNARH40 - Volume captado anual por cultura (hm³)
Banana: 0,41 Batata:
0,33 Batata doce: 0,78

OUTROS: 2,91

Milho: 3,59

Cana-de-açúcar: 8,91

Damascos, pêssegos:
2,63

Cominho: 0,39
Coentro: 1,33
Coco Verde: 0,81 Capim Sudão: 1,22

Figura 5.4 – Volume anual captado pelo setor de irrigação por cultura (hm³).
Com relação aos métodos de irrigação, há grande predominância de aspersão por
sistema convencional (13,10 hm³). Outros métodos que vêm na sequência são as-
persão por sistema autopropelido (3,24 hm³), micro-aspersão (2,58 hm³), aspersão
por canhão hidráulico (2,40 hm³) e gotejamento (1,90 hm³). Outros métodos captam
volumes poucos significativos, como se vê na Figura 5.5.

36
Usos de Irrigação cadastrados no CNARH40 - Volume captado anual por método (hm³)
14,00
13,10

12,00

10,00

8,00

6,00

4,00 3,24
2,40 2,58
1,90
2,00

0,02 0,02 0,05


0,00
Aspersão por Aspersão por Aspersão por Caminhão Gotejamento Inundação Micro-aspersão Sub-irrigação
canhão sistema sistema regadeira temporária
hidráulico autopropelido convencional (diques em
desnível)

Figura 5.5 – Volume anual captado pelo setor de irrigação por método (hm³).
O mapa da Figura 5.6 apresenta a localização dos 2.500 usos cadastrados no
CNARH40, classificados em pontos de captação superficial, captação subterrânea,
lançamento e de referência. Observa-se grande predominância de captação sub-
terrânea, em termos de número de pontos. A maior parte dos usos cadastrados se
concentra na bacia hidrográfica do rio Sergipe, sobretudo nas UPs Jacarecica,
Poxim e Baixo Sergipe.

37
Figura 5.6 – Localização dos usos cadastrados no CNARH40.

38
5.2 Caracterização dos usos outorgados

Esta análise diz respeito aos usos efetivamente outorgados, que compõem um
banco de dados próprio da SRH, diferente do CNARH40. Os dados, que haviam
sido disponibilizados em planilhas específicas para cada bacia hidrográfica, foram
consolidados em uma planilha única para todo o Estado. Uma primeira análise pos-
sível é com relação à vigência das outorgas. Foram identificadas 170 outorgas vi-
gentes (que representam um volume de 150,6 hm³/ano), e 349 outorgas vencidas
(com um volume de 161,8 hm³/ano), totalizando 519 outorgas e um volume de
312,4 hm³/ano (Quadro 5.1).

Quadro 5.1 – Número de outorgas e volume outorgado por situação de vigência.


Situação Nº de outorgas Volume (hm³) Volume (%)
Vigente 170 150,6 48,2%
Vencida 349 161,8 51,8%
TOTAL 519 312,4 100,0%

Nas análises que se seguem, somente foram considerados os registros correspon-


dentes a outorgas vigentes, pois é sobre elas que a cobrança incidirá. Porém, para
fins de simulação de arrecadação em etapa posterior do trabalho, também será
considerado um cenário com as outorgas vencidas.

Dentre as outorgas vigentes, observa-se grande predominância do Abastecimento


Público sobre os demais setores usuários, em termos de volume anual outorgado,
com 101,8 hm³/ano, o que representa 67,6% do total. Na sequência aparecem o
Abastecimento Industrial (25,9 hm³ ou 17,2%), a Irrigação (13,0 hm³ ou 8,6%) e os
demais usos com volumes inexpressivos (Quadro 5.2 e Figura 5.7).

Quadro 5.2 – Número de outorgas vigentes e volume anual captado por finalidade de uso.
Finalidade Nº de outorgas Volume (hm³) Volume (%)
Abastecimento Industrial 69 25,9 17,2%
Abastecimento Público 35 101,8 67,6%
Aquicultura 15 7,6 5,1%
Comercial e Serviços 5 0,3 0,2%
Consumo Humano 19 1,5 1,0%
Irrigação 15 13,0 8,6%
Outros Usos 12 0,5 0,3%
TOTAL 170 150,6 100,0%

39
Outorgas vigentes - volume captado anual por finalidade (hm³)

Aquicultura: 7,6

Outros Usos:
Abastecimento Irrigação: 13,0
Consumo 0,5
Público: 101,8
Humano: 1,5
Abastecimento
Industrial: 25,9

Comercial e Serviços:
0,3

Figura 5.7 – Outorgas vigentes – volume anual captado por finalidade de uso.
O Quadro 5.3 relaciona os 10 usuários mais representativos do Estado em termos
de volume outorgado. A Companhia de Saneamento de Sergipe – DESO é o prin-
cipal usuário, com volume de outorgas vigentes de 101,8 hm³/ano, o que corres-
ponde a 67,6% do total. A Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos
– COHIDRO é o segundo principal usuário, com 12,4 hm³ (8,2%). Os 10 principais
usuários respondem por 136,3 hm³ (90,5% do volume total).

Quadro 5.3 – Usuários mais representativos do Estado em termos de volume outorgado.


Nº de outor- Volume Volume
Usuário
gas (hm³) (%)
Companhia de Saneamento de Sergipe - DESO 35 101,8 67,6%
Companhia de de Desenvolvimento de Recursos Hídri-
1 12,4 8,2%
cos - COHIDRO
Usina Termo Elétrica Iolando Leite 2 4,7 3,1%
AMBEV S.A 1 1,2 0,8%
GO TO MARICULTURA LTDA 1 0,0 0,0%
Usina São José do Pinheiro Ltda 0 0,0 0,0%
Petróleo Brasileiro S/A - PETROBRÁS/SEAL 1 2,2 1,4%
Petrobrás Distribuidora S/A 1 2,1 1,4%
Vale Fertilizante S.A. 1 3,1 2,1%
TOTAL - 10 USUÁRIOS 65 136,3 90,5%
TOTAL DE USUÁRIOS 170 150,6 100,0%

Com relação ao tipo de manancial, observa-se maior número de processos de ou-


torga com captação subterrânea. Porém, o volume outorgado para captação super-
ficial é muito maior, conforme se vê na Figura 5.8.

40
140 140,0

120 120,0
N de pontos de captação

100 100,0

Volume captado (hm³)


80 80,0

60 60,0

40 40,0

20 20,0

0 0,0
SUP SUB
Quantidade Volume (hm³)
Figura 5.8 – Quantidade de captações e volume anual captado em mananciais superficiais e
subterrâneos – outorgas vigentes.
Outra questão verificada foi com relação à distribuição das outorgas por bacia hi-
drográfica. A bacia do rio Sergipe concentra a maior parte do volume outorgado –
93,0 hm³, o que representa 61,8% do volume total do Estado. Em seguida, apare-
cem as bacias dos rios Piauí (22,0 hm³ ou 14,6%) e Japaratuba (18,8 hm³ ou
12,5%). Juntas, as três bacias concentram um volume anual de 133,9 hm³ (88,9%
do total). A bacia hidrográfica do rio Vaza Barris possui 15,1 hm³/ano outorgados,
ou 10,0% do volume total. As demais bacias (GC1, GC2, Real e São Francisco)
possuem volumes outorgados inexpressivos, que, somados, totalizam 1,7 hm³ ou
1,1% do total (Quadro 5.4 e Figura 5.9).

Quadro 5.4 – Número de outorgas vigentes e volume anual captado por bacia hidrográfica.
Bacia Nº de outorgas Volume (hm³) Volume (%)
GC1 2 0,2 0,1%
GC2 1 0,1 0,0%
Japaratuba 33 18,8 12,5%
Piaui 50 22,0 14,6%
Real 4 1,2 0,8%
Sergipe 61 93,0 61,8%
São Francisco 4 0,3 0,2%
Vaza Barris 15 15,1 10,0%
TOTAL 170 150,6 100,0%

41
Outorgas vigentes - volume anual captado por bacia hidrográfica (hm³)

100,0 93,0

90,0

80,0

70,0

60,0

50,0

40,0

30,0 22,0
18,8
15,1
20,0

10,0 0,2 0,1 1,2 0,3


0,0

Figura 5.9 – Outorgas vigentes – volume anual captado por bacia hidrográfica.

O mapa da Figura 5.10 mostra a distribuição espacial dos usos outorgados no Es-
tado de Sergipe.

42
Figura 5.10 – Localização dos usos outorgados.

43
5.3 Caracterização dos usos insignificantes

Os registros de usos considerados insignificantes também foram disponibilizados


em planilhas individualizadas por bacia hidrográfica. Após unificação e consolida-
ção, chegou-se a um total de 578 usos insignificantes, com um volume total captado
de 2,4 hm³/ano, o que representa apenas 1,6% do volume de captação anual de
outorgas vigentes, ou 0,8% do volume total de outorgas (vigentes e vencidas). Face
a esta diferença de ordem de grandeza, as análises que se seguem serão apresen-
tadas em metros cúbicos.

A Figura 5.11 mostra a distribuição dos volumes insignificantes agrupados por fi-
nalidade de uso. Diferentemente dos usos outorgados, aqui predomina captações
para fins de Consumo Humano, com 605.243 hm³. Na sequência, Abastecimento
Industrial, Abastecimento Público, Aquicultura, Irrigação e Abastecimento Animal.

Usos insignificantes - volume captado anual por finalidade (m³)


Abastecimento
Animal: 79.868 Abastecimento
Industrial: 254.645

Abastecimento
OUTROS: 963.925 Público: 240.708
Aquicultura:
179.122

Consumo Humano:
605.243

Irrigação: 87.862

Figura 5.11 – Usos insignificantes – volume anual captado por finalidade de uso.
No que diz respeito ao tipo de manancial onde ocorre a captação, diferentemente
do que se observa para os usos outorgados, para os usos insignificantes as capta-
ções subterrâneas predominam, tanto em termos de quantidade de registros como
também em termos de volume captado (Figura 5.12).

44
500 2.000.000

450

400
1.500.000
N de pontos de captação

350

Volume captado (m³)


300

250 1.000.000

200

150
500.000
100

50

0 0
SUP SUB
Quantidade Volume (m³)
Figura 5.12 – Quantidade de captações e volume anual captado em mananciais superficiais
e subterrâneos – usos insignificantes.
Com relação à bacia hidrográfica onde ocorre a captação, novamente a bacia do
rio Sergipe concentra a maior parte do volume captado. Porém, a diferença em
relação às outras bacias não é tão grande quanto a que se observa para os usos
outorgados. Para os usos insignificantes, as bacias dos rios Piauí e, sobretudo,
Vaza Barris também surgem com destaque. A bacia do rio São Francisco, cujos
volumes efetivamente outorgados são inexpressivos em comparação às demais
bacias, aqui aparece com maior destaque (Quadro 5.5 e Figura 5.13).

Quadro 5.5 – Número de registros de usos insignificantes e volume anual captado por bacia
hidrográfica.
Bacia Nº de pontos Volume (m³) Volume (%)
GC1 0 0 0,0%
GC2 1 15.552 0,6%
Japaratuba 27 149.408 6,2%
Piaui 123 497.094 20,6%
Real 12 129.259 5,4%
Sergipe 267 696.664 28,9%
São Francisco 62 257.473 10,7%
Vaza Barris 86 665.922 27,6%
TOTAL 578 2.411.372 100,0%

45
Usos insignificantes - volume anual captado por bacia hidrográfica (m³)
696.664
665.922
700.000

600.000
497.094
500.000

400.000

300.000 257.473

200.000 149.408
129.259

100.000
15.552
0
0

Figura 5.13 – Usos insignificantes – volume anual captado por bacia hidrográfica.

O mapa da Figura 5.14 mostra a localização espacial dos usos insignificantes no


Estado de Sergipe.

46
Figura 5.14 – Localização dos usos insignificantes.

47
5.4 Processos de outorga em análise

Também foi feita uma avaliação dos processos de outorga em análise pelo órgão
gestor, já que são usos potencialmente sujeitos à cobrança, à medida em que as
outorgas sejam concedidas.

Foram identificados 240 registros de processos em análise, desde 2003 até 2017.
As vazões solicitadas constavam em m³/h e/ou m³/mês. Quando a informação es-
tava em m³/mês, foi feita multiplicação por 12 para inferência da vazão anual.
Quando somente se dispunha da vazão horária, foi considerada captação em 24
horas por dia e 365 dias por ano para estimativa da vazão anual. Alguns registros
não continham nenhuma informação de vazão. Nestes casos foi considerada vazão
igual a zero. Com isto foi estimado um volume de 114,6 hm³/ano de outorgas sob
análise. Trata-se de um volume significativo, próximo ao volume de outorgas efeti-
vamente concedidas e vigentes, de 150,6 hm³/ano. O Quadro 5.6 e a Figura 5.15
mostram a distribuição destes volumes por finalidade de uso.

Quadro 5.6 – Número de processos em análise e volume anual de captação previsto por fi-
nalidade de uso.
Finalidade Nº de processos Volume (hm³) Volume (%)
Abastecimento Industrial 32 7,9 6,9%
Abastecimento Público 31 21,6 18,8%
Aquicultura 57 3,3 2,9%
Extração Mineral 5 1,1 1,0%
Irrigação 30 76,5 66,8%
Outros Usos 85 4,2 3,6%
TOTAL 240 114,6 100,0%

48
Processos em análise - volume de captação anual previsto por finalidade (hm³)
Outros Abastecimento
Usos: 4,2 Industrial: 7,9

Abastecimento Aquicultura: 3,3


Público: 21,6

Irrigação: 76,5 Extração


Mineral:
1,1

Figura 5.15 – Processos em análise – volume de captação anual previsto por finalidade de
uso.
Entre os processos em análise, há grande predominância de solicitações de capta-
ções para fins Irrigação (76,5 hm³/ano) em relação aos demais setores usuários.
Os três maiores pedidos, que somam 57,5 hm³ (correspondente a 50,2% do volume
total de processos de outorga em análise), são da COHIDRO. Trata-se de capta-
ções na Barragem Jacarecica II, em Malhador (38,9 hm³), na Barragem Jacarecica
I, em Itabaiana (10,3 hm³) e no rio Jabiberi, em Tobias Barreto (8,3 hm³).

Com relação ao tipo de manancial, as quantidades de pedidos para captações su-


perficiais e subterrâneas são idênticas (116 para cada). Porém, o volume total soli-
citado para captações superficiais é bastante superior, como mostra a Figura 5.16.

49
120 120,0

100 100,0

Volume de captação solicitado (hm³)


N de processos em análise

80 80,0

60 60,0

40 40,0

20 20,0

0 0,0
SUP SUB
Nº de outorgas Volume (hm³)
Figura 5.16 – Quantidade de processos em análise e volume anual de captação previsto em
mananciais superficiais e subterrâneos.

O mapa da Figura 5.17 mostra a localização dos 206 usos em análise que conti-
nham as coordenadas geográficas preenchidas na planilha. Destaque para grandes
concentrações de pedidos no Baixo Sergipe e na Foz do São Francisco.

50
Figura 5.17 – Localização dos usos em análise.

51
5.5 Caracterização socioeconômica dos usuários

Os grupos usuários passíveis de cobrança pelo uso da água bruta foram previa-
mente identificados, descritos e amplamente caracterizados nos Planos de Bacia
já elaborados. Esses relatórios foram mapeados para verificação da necessidade
de atualização de dados e informações de forma a construir uma base de dados
sólida, consistente e atualizada que permita o desenvolvimento das análises rela-
cionadas a implementação do instrumento de cobrança pelo uso da água, obser-
vando também os impactos decorrentes da mesma em distintos cenários prognós-
ticos.

Ainda centrando as análises no instrumento de cobrança, no presente relatório as


análises são agrupadas por grupos de uso em cada bacia hidrográfica do Estado
de Sergipe. Tal separação fundamenta-se nas seguintes considerações:

a. Autonomia dos comitês de Bacias no processo de gestão: a “Lei das Águas”


(Lei 9.433/97) determina em seu Artigo 38, inciso VI que é atribuição do Co-
mitê de Bacia “estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recur-
sos hídricos e sugerir os valores a serem cobrados”. Em face dessa autono-
mia considera-se pertinente fornecer informações discriminadas por Bacia
que permitam uma análise direta e espacialmente individualizada.
b. Distinções entre participações relativas de grupos usuários: as especificida-
des de cada bacia relacionadas aos usos mais frequentes, bem como os
usuários mais representativos, podem resultar em impactos distintos entre
os tipos de uso e/ou grupos usuários orientando a aplicação de mecanismos
de cobrança também distintos (preços e/ou coeficientes).

Diante das considerações, evidencia-se que a análise por Bacia Hidrográfica cor-
robora com a necessária adequação dos instrumentos de gestão à realidade local.
Assim, procede-se na sequência ao relato das informações já levantadas quanto
ao perfil dos usuários nos Planos anteriores, seguida por sinopse agregada por
Bacia de dados atualizados.

52
5.5.1 Síntese de dados existentes

O relatório final que se constitui no Plano Estadual de Recursos Hídricos para o


Estado de Sergipe, englobando todas as suas Bacias Hidrográficas, foi apresen-
tado em 2011, elaborado por um consórcio de empresas, a Projetec Projetos Téc-
nicos Ltda, a Techne Engenheiros Consultores Ltda e a Secretaria de Estado do
Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH), dentro do Programa PROÁ-
GUA Nacional. Considerando os diversos grupos usuários, verifica-se no Plano
anos-base distintos determinados pelos dados disponíveis no Quadro 5.7.

Quadro 5.7 – Levantamento de dados por setor usuário das bacias.


Bacias do Rio Vaza Barris, do
Bacias do Rio Sergipe, do Rio Piauí
Rio Real e do Rio São Fran-
Setor Usuário e do Rio Japaratuba
cisco
Dados Verificados Ano Dados Verificados Ano
Plano de Bacia 2015.
Abastecimento Plano Estadual 2011.
Dados do Censo 2010 2010
Humano IBGE (2000 e 2007)
2010

Pesquisa da equipe IBGE-Pesquisa Agrí-


Informação
Irrigação da Consultora COHI- cola Municipal - 1996 2010
não disponível
DRO a 2008

IBGE-Pesquisa Agrí-
Dessedentação
PPM 2012 2012 cola Municipal - 1996 2010
Animal
a 2008

Outorgas aprovadas
Indústria e Cons- pela SEMARH/SRH Informação RAIS-MTE 1996,
2010
trução Civil não disponível 2000, 2004 e 2008
Consultora COHIDRO

As principais conclusões para caracterização dos usuários podem ser sistematiza-


das como:

2010 – Bacia Hidrográfica do Rio Vaza Barris

• Abastecimento Humano: De acordo com o Plano Estadual de Recursos


Hídricos de 2011, os municípios da bacia do Rio Vaza Barris possuíam uma
população total de 896.717 habitantes e uma taxa de crescimento de 1,47%,
segundo dados do IBGE de 2007. Aracaju foi a cidade da bacia que apre-
sentou a maior taxa de crescimento entre os anos de 2000 e 2007. As pro-
jeções realizadas pelo Plano referentes ao abastecimento humano revelam

53
uma redução do consumo de 10% em 2025, considerando um cenário alter-
nativo com índice de perda de 25%.
• Irrigação: O Plano apresenta uma predominância da lavoura temporária,
representando cerca de 70% do total, segundo dados da Produção Agrícola
Municipal do IBGE. Com relação às áreas de plantio permanente, as culturas
com maior relevância em 2008 foram as de laranja e coco-da-baía.
• Dessedentação Animal: O destaque identificado pelo Plano foi a criação
de galos, frangas, frangos e pintos, que apresentou, entre 2004 e 2008, cres-
cimento de 67,8%.
• Indústria: Baseado na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), o
Plano informa que o ramo de atividade com maior número de estabelecimen-
tos formais foi a construção civil, em 2008, seguido pela indústria de alimen-
tos, bebidas e álcool etílico.

2010 – Bacia Hidrográfica do Rio Real

• Abastecimento Humano: Na ocasião do Plano, os municípios situados


nessa bacia possuíam população de 228.338 habitantes (IBGE, 2007). Pro-
jeções realizadas em 2008 referentes ao abastecimento humano estimavam
uma redução do consumo humano de 7% em 2025, em um cenário alterna-
tivo levando em consideração um índice de perda de 25%.
• Irrigação: No setor agrícola, verificou-se a predominância da lavoura tem-
porária, representando 65% do total da área plantada, contudo, contrariando
a tendência do Estado no último período investigado foi constatada predo-
minância da lavoura permanente. Na Bacia do Rio Real foram considerados
o perímetro irrigado Jabiberi, com 220 ha, e uma área de irrigação difusa de
471 ha. Nas áreas do perímetro que incluem a irrigação de pastagem foi
estimada demanda de 9.000 m³/ha/ano. A irrigação difusa teve sua demanda
estimada em 5.000 m³/ha de água por ciclo.
• Dessedentação Animal: O plano destacou o crescimento dos rebanhos de
caprinos, galos e frangos no período entre 2004 e 2008.
• Indústria: Também com base nos dados da Relação Anual de Informações
Sociais, o ramo de atividade com maior número de estabelecimentos formais

54
foi o da indústria têxtil em 2008, seguido pela indústria de minerais não me-
tálicos.

2010 - Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco

• Abastecimento Humano: Os municípios situados nesta bacia tinham uma


população de 320.188 habitantes, segundo a contagem populacional do
IBGE realizada no ano de 2007. No Plano foi identificada uma taxa de cres-
cimento populacional da bacia de 0,89%. As projeções realizadas estima-
vam redução do consumo de aproximadamente 11% em 2025, em um ce-
nário alternativo levando em consideração um indicie de perda de 25%.
• Irrigação: No setor agrícola, verificava-se a predominância da lavoura tem-
porária sobre a permanente representando em 2008 área superior a 80% de
toda a área plantada dos municípios da bacia. A cultura de mais relevância
foi a de coco-da-baía. De todas as Bacias analisadas, a BH do rio São Fran-
cisco evidenciava o maior percentual de áreas de matas e florestas, em torno
de 16% do total.
• Dessedentação Animal: o Plano verificou redução no rebanho de gado bo-
vino com aptidão leiteira e crescimento global do rebanho de caprinos.
• Indústria: De acordo com dados da RAIS, o ramo de atividade com maior
número de estabelecimentos formais em 2008 foi o de construção civil, se-
guido pela indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico.

Mais recentemente, em 2015, foram atualizados os Planos das Bacias Hidrográfi-


cas do Rio Japaratuba, do Rio Sergipe e do Rio Piauí, elaborados pela COHIDRO
Consultoria, Estudos e Projetos Ltda e a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e
dos Recursos Hídricos de Sergipe, a SEMARH. Esses Planos, embora apresentem
relatórios individualizados, revelam bases de dados e metodologias semelhantes
com reprodução de trechos básicos de análise que possibilitam tratar os 3 Planos
como um único relatório. Com um menor nível de detalhamento, foram também
apresentados dados de caracterização dos usuários que podem ser sistematizados
e agrupados por setor usuário para o conjunto das Bacias evitando repetições.

55
• Abastecimento Humano: Constatou-se que o Estado de Sergipe apresenta
situações bastante particulares, com fontes de abastecimento (captações)
utilizando águas oriundas de reservas subterrâneas, da bacia do rio São
Francisco e de reservatórios implantados em rios do Estado. Como as cap-
tações estavam bem definidas em levantamento realizado junto à prestadora
regional de serviços – a Companhia de Saneamento de Sergipe (DESO) –
com local e vazão captada conhecidos, o per capita de consumo em área
urbana foi utilizado apenas para definição da vazão de retorno, aplicando em
primeiro momento o percentual de atendimento de abastecimento na popu-
lação atendida e, em seguida, o valor per capita (L/hab.dia), para definir o
consumo sobre o qual calcula-se a vazão de retorno urbano, estimada em
80% do consumo. Nas raras exceções, onde não existia a caracterização da
vazão captada, os valores de per capita foram utilizados para definição da
vazão de consumo. Nas áreas rurais foi adotado o valor per capita de 70
L/hab.dia, não considerando o retorno em razão da falta de redes de esgoto
ou galerias pluviais.
• Irrigação: A espacialização e as vazões das demandas de irrigação nas ba-
cias dos rios Japaratuba, Piauí e Sergipe foram inseridas no sistema com
base nas coordenadas das captações e verificadas com os nomes dos ma-
nanciais constantes das tabelas de dados obtidos em pesquisa da equipe da
Consultora COHIDRO junto aos órgãos do Estado de Sergipe (SEMARH).
As demandas de irrigação contempladas no estudo do balanço hídrico são
referentes aos valores de outorgas em validade, de forma a utilizar somente
as captações autorizadas por lei. Os municípios compreendidos pelas BHs
Japaratuba e Sergipe que demandam recursos hídricos para irrigação são,
respectivamente, Capela e Rosário do Catete, Itabaiana e Malhador. Na BH
do Piauí não foi verificada a existência de demanda hídrica para irrigação.
• Dessedentação Animal: Os efetivos rebanhos dos municípios situados
dentro dos limites das bacias foram determinados, para o ano de 2012, a
partir da Pesquisa Pecuária Municipal, do IBGE.

56
• Indústria: Foram coletados dados das outorgas aprovadas pela SE-
MARH/SRH, Governo do Estado de Sergipe, concentrando atividade indus-
trial nos municípios de Japaratuba e Capela; Itaporanga D’Ajuda, Lagarto e
Estância; Laranjeiras e Nossa Senhora do Socorro.

5.5.2 Atualização e consolidação de dados e informações

Buscando nortear a implementação da cobrança pelo uso da água, para cálculo


das demandas, observou-se as orientações da Agência Nacional de Águas (ANA,
2015) que em Nota técnica atualiza as demandas hídricas para usos consuntivos
(abastecimento humano, dessedentação animal, irrigação e indústria), também atu-
alizando, dessa forma, dados e metodologia da “Base Nacional de Demandas Con-
suntivas de Recursos Hídricos no Brasil”.

Para os diversos grupos de usuários os dados foram agregados por Bacia Hidro-
gráfica, atribuindo os valores municipais em sua totalidade às Bacias que abrigam
a maior porção territorial. Os dados atualizados são sistematizados nos Quadros
na sequência.

• Abastecimento Humano

O uso da água para abastecimento humano é feito de forma indireta, sendo o pres-
tador de serviços de saneamento o usuário outorgado. As vazões captadas (abas-
tecimento) e de retorno (esgoto) baseiam-se não apenas nos indicativos de ou-
torga, mas também na população servida e coeficientes médios de perda reais dos
prestadores. Assim torna-se possível projetar de forma mais eficiente uma de-
manda que considere não apenas a atual eficiência do prestador quanto a parcela
de população atendida, mas também o necessário processo de universalização dos
serviços de saneamento básico.

Em domicílios da zona urbana considera-se também o coeficiente de retorno (80%)


decorrente do esgotamento sanitário, não aplicado para os domicílios da zona rural.

Considerando então as orientações da ANA (2015) foram coletados dados atuali-


zados de população nas seguintes fontes:

57
o Censo Demográfico – dados do universo datados de 2000 e 2010 com in-
dicação de taxas de urbanização dos municípios do Estado de Sergipe
(Quadro 5.8).

Quadro 5.8 – População residente censitária em 2000 e 2010 (Fonte: IBGE).


Taxa Taxa
Popu- Popu- Popu-
Popula- Popula- Popula- de Ur- de Ur-
Bacia Hidro- lação lação lação
ção Ru- ção Total ção Ru- baniza- baniza-
gráfica Total Urbana Urbana
ral 2000 2010 ral 2010 ção ção
2000 2000 2010
2000 2010
Bacia Costeira
57,17% 58,62%
Sapucaia 7.255 4.148 3.107 8.369 4.906 3.463
BH do Rio Ja-
58,97% 59,99%
paratuba 77.589 45.753 31.836 92.439 55.453 36.986
BH do Rio Pi-
51,52% 54,93%
auí 340.874 175.602 165.272 372.111 204.403 167.708
BH do Rio
53,82% 58,04%
Real 90.253 48.578 41.675 99.397 57.688 41.709
BH do Rio Ser-
90,66% 90,58%
gipe 908.853 823.965 84.888 1.094.051 990.993 103.058
BH do Rio São
49,95% 52,42%
Francisco 266.315 133.029 133.286 294.982 154.618 140.364
BH do Rio
45,16% 49,04%
Vaza Barris 93.336 42.151 51.185 106.668 52.305 54.363
o Projeções populacionais elaboradas a partir de informações que revelam a
dinâmica demográfica, considerando diversos estudos populacionais. As
projeções são periodicamente revisadas considerando mudanças nos com-
ponentes dessa dinâmica, sendo publicadas anualmente, por município,
com referência a 1º de julho de cada ano com estimativas também para as
próximas décadas. A distribuição da população entre as zonas urbana e
rural será estabelecida a partir dos dados Censitários (Quadro 5.9).

Quadro 5.9 – População residente estimada, 2011-2017 (Fonte: IBGE).


Popula- Popula- Popula- Popula- Popula- Popula- Popula-
Bacia Hidro-
ção Total ção Total ção Total ção Total ção Total ção Total ção Total
gráfica
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Bacia Costeira
Sapucaia 8.455 8.538 8.877 8.971 9.063 9.153 9.241
BH do Rio Ja-
paratuba 93.582 94.684 98.711 99.962 101.183 102.374 103.541
BH do Rio Piauí
374.515 376.833 389.913 392.581 395.190 397.739 400.233
BH do Rio Real
100.101 100.780 104.363 105.142 105.902 106.646 107.374
BH do Rio Ser-
gipe 1.108.278 1.122.024 1.170.768 1.186.324 1.201.522 1.216.384 1.230.915
BH do Rio São
Francisco 297.195 299.323 310.118 312.556 314.937 317.267 319.546
BH do Rio Vaza
Barris 107.693 108.685 112.912 114.038 115.140 116.216 117.266

58
o População atendida com abastecimento de água e médias de consumo per
capita para o ano de 2015, conforme autodeclarado pelos prestadores
quando do preenchimento do formulário para divulgação do Diagnóstico de
Água e Esgoto do Sistema Nacional de Informações de Saneamento –
SNIS (Quadro 5.10).

Quadro 5.10 – Informações do Diagnóstico de Água e Esgotos (SNIS, 2015).


AG001 - Popu- AG010 - AG026 - Popu-
AG006 - ES001 - Popu-
lação total Volume lação urbana
Volume de lação total
atendida com de água atendida com
Bacia Hidrográ- água pro- atendida com
abasteci- consu- abasteci-
fica duzido esgotamento
mento de mido mento de
(1.000 sanitário (Ha-
água (Habitan- (1.000 água (Habitan-
m³/ano) bitantes)
tes) m³/ano) tes)
Bacia Costeira Sa-
pucaia 8.879 803 322 5.181 -
BH do Rio Japara-
tuba 88.370 8.030 3.920 60.409 18.934
BH do Rio Piauí
275.367 21.074 9.280 197.705 10.327
BH do Rio Real
79.730 4.851 2.644 58.940 -
BH do Rio Sergipe
1.088.091 101.819 53.002 1.026.009 380.206
BH do Rio São
Francisco 259.103 30.591 9.488 153.903 -
BH do Rio Vaza
Barris 90.962 6.698 2.847 49.445 2.745

• Dessedentação Animal

O consumo animal toma como base a hipótese de uniformização dos rebanhos,


considerando seus respectivos consumos médios diários de água, permitindo as-
sim compatibilizar as distintas demandas verificadas por animais de porte também
distintos. Como unidade de padronização hipotética utiliza-se o BEDA – Bovino
Equivalente para Demanda de Água (SUDENE, 1980 apud ANA, 2015) que “trans-
forma” todos os animais em bovinos, conforme valores apresentados no Quadro
5.11.

59
Quadro 5.11 – Valores de Consumo Animal de Água por Tipo de Rebanho e Equivalência
BEDA.

Rebanho Consumo de Água (L/dia) BEDA

Bovinos e Bubalinos 50 1

Equinos, Muares e Asininos 40 1,25

Suínos 10 5

Ovinos e Caprinos 8 6,25

Coelhos 0,25 200

Aves 0,20 250

Estes coeficientes são aplicados sobre os rebanhos declarados por município em


dados divulgados na Pesquisa Pecuária Municipal (PPM) do IBGE que tem o ano
de 2016 como os dados mais recentes.

O Quadro 5.12 apresenta a estimativa de efetivo dos rebanhos, por tipo, de 2010
a 2016.

60
Quadro 5.12 – Estimativa do efetivo dos rebanhos por tipo de rebanho, 2010-2016.
Bacia Hidrográfica Bovino 2010 Bovino 2011 Bovino 2012 Bovino 2013 Bovino 2014 Bovino 2015 Bovino 2016
Estado de Sergipe 1.117.765 1.178.771 1.156.157 1.223.215 1.218.972 1.231.130 1.196.248
Bacia Costeira Sapu-
2.360 2.100 2.090 1.895 1.760 2.118 1.793
caia
BH do Rio Japara-
72.425 76.546 68.081 69.005 66.819 70.097 60.082
tuba
BH do Rio Piauí 267.841 274.705 260.605 282.342 275.615 280.146 286.922
BH do Rio Real 100.841 109.943 108.193 111.155 108.166 110.488 111.591
BH do Rio Sergipe 196.410 202.623 204.455 205.512 214.585 213.478 205.763
BH do Rio São Fran-
345.807 371.953 361.742 398.809 395.176 400.294 378.583
cisco
BH do Rio Vaza Bar-
132.081 140.901 150.991 154.497 156.851 154.509 151.514
ris

Bacia Hidrográfica Equino 2010 Equino 2011 Equino 2012 Equino 2013 Equino 2014 Equino 2015 Equino 2016
Estado de Sergipe 72.830 73.712 73.385 67.922 68.425 69.567 76.678
Bacia Costeira Sapu-
260 240 220 198 187 205 206
caia
BH do Rio Japara-
5.261 5.340 5.428 5.550 5.634 5.724 5.985
tuba
BH do Rio Piauí 20.689 21.100 20.804 16.295 16.069 17.120 18.990
BH do Rio Real 9.082 8.985 8.651 6.580 6.120 5.870 5.779
BH do Rio Sergipe 11.301 11.282 11.469 12.017 12.652 12.761 15.162
BH do Rio São Fran-
20.275 20.580 20.382 20.918 21.394 21.627 23.605
cisco
BH do Rio Vaza Bar-
5.962 6.185 6.431 6.364 6.369 6.260 6.951
ris

Bacia Hidrográfica Suíno Tot 2010 Suíno Tot 2011 Suíno Tot 2012 Suíno Tot 2013 Suíno Tot 2014 Suíno Tot 2015 Suíno Tot 2016
Estado de Sergipe 100.105 99.772 100.642 98.760 100.012 102.336 138.877
Bacia Costeira Sapu-
115 108 102 45 48 26 30
caia

61
BH do Rio Japara-
3.406 3.434 3.336 2.756 2.452 2.515 3.238
tuba
BH do Rio Piauí 17.900 16.081 16.113 16.551 16.904 16.789 20.933
BH do Rio Real 6.824 7.693 8.100 7.470 7.310 8.350 10.963
BH do Rio Sergipe 26.225 26.586 26.981 25.124 25.275 25.502 31.058
BH do Rio São Fran-
36.146 35.954 35.551 35.958 36.805 37.614 59.366
cisco
BH do Rio Vaza Bar-
9.489 9.916 10.459 10.856 11.218 11.540 13.289
ris

Bacia Hidrográfica Suíno Mat 2010 Suíno Mat 2011 Suíno Mat 2012 Suíno Mat 2013 Suíno Mat 2014 Suíno Mat 2015 Suíno Mat 2016
Estado de Sergipe - - - 9.952 10.058 10.336 11.274
Bacia Costeira Sapu-
- - - 5 5 6 7
caia
BH do Rio Japara-
- - - 192 207 212 213
tuba
BH do Rio Piauí - - - 1.713 1.710 1.737 1.868
BH do Rio Real - - - 916 878 973 1.017
BH do Rio Sergipe - - - 2.682 2.670 2.655 1.743
BH do Rio São Fran-
- - - 3.362 3.451 3.591 5.334
cisco
BH do Rio Vaza Bar-
- - - 1.082 1.137 1.162 1.092
ris

Bacia Hidrográfica Caprino 2010 Caprino 2011 Caprino 2012 Caprino 2013 Caprino 2014 Caprino 2015 Caprino 2016
Estado de Sergipe 19.881 18.906 19.629 22.410 23.647 24.754 30.829
Bacia Costeira Sapu-
190 100 90 45 42 40 -
caia
BH do Rio Japara-
615 516 523 517 560 582 522
tuba
BH do Rio Piauí 2.951 2.990 3.450 6.119 6.373 7.016 8.807
BH do Rio Real 3.962 3.956 4.435 5.152 5.322 5.243 4.800
BH do Rio Sergipe 1.988 1.756 1.773 1.746 1.741 1.760 3.762

62
BH do Rio São Fran-
9.202 8.595 8.331 7.773 8.036 8.446 10.255
cisco
BH do Rio Vaza Bar-
973 993 1.027 1.058 1.573 1.667 2.683
ris

Bacia Hidrográfica Ovino 2010 Ovino 2011 Ovino 2012 Ovino 2013 Ovino 2014 Ovino 2015 Ovino 2016
Estado de Sergipe 168.674 168.801 173.422 187.129 192.809 205.151 245.550
Bacia Costeira Sapu-
750 350 315 235 218 228 220
caia
BH do Rio Japara-
5.068 4.647 4.589 5.015 5.027 5.294 5.548
tuba
BH do Rio Piauí 44.775 45.035 48.955 58.315 61.870 67.019 74.371
BH do Rio Real 39.623 44.169 46.910 49.795 51.210 55.630 58.911
BH do Rio Sergipe 15.688 13.514 13.520 13.981 13.877 14.138 24.881
BH do Rio São Fran-
52.702 50.515 48.042 48.666 48.947 50.795 62.143
cisco
BH do Rio Vaza Bar-
10.068 10.571 11.091 11.122 11.660 12.047 19.476
ris

Galináceo Tot Galináceo Tot Galináceo Tot Galináceo Tot Galináceo Tot Galináceo Tot Galináceo Tot
Bacia Hidrográfica
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Estado de Sergipe 6.863.012 7.130.442 7.180.726 7.841.054 8.064.440 8.294.641 8.018.858
Bacia Costeira Sapu-
24.300 23.850 22.550 23.105 22.187 20.340 21.160
caia
BH do Rio Japara-
339.084 352.463 355.753 318.382 336.995 400.138 387.383
tuba
BH do Rio Piauí 1.737.249 1.785.230 1.717.504 2.466.010 2.499.439 2.823.185 2.605.245
BH do Rio Real 131.394 136.730 140.670 117.760 118.200 111.800 106.200
BH do Rio Sergipe 2.648.900 2.773.402 2.821.632 2.823.305 2.858.834 2.762.626 2.797.900
BH do Rio São Fran-
1.431.996 1.533.518 1.568.062 1.604.508 1.626.583 1.679.443 1.629.187
cisco
BH do Rio Vaza Bar-
550.089 525.249 554.555 487.984 602.202 497.109 471.783
ris

63
Bacia Hidrográfica Vacas Ord 2010 Vacas Ord 2011 Vacas Ord 2012 Vacas Ord 2013 Vacas Ord 2014 Vacas Ord 2015 Vacas Ord 2016
Estado de Sergipe 220.889 226.927 226.118 234.365 235.303 230.573 218.744
Bacia Costeira Sapu-
283 275 270 250 226 212 210
caia
BH do Rio Japara-
9.852 10.146 9.779 9.900 9.907 10.131 9.145
tuba
BH do Rio Piauí 34.778 35.435 33.480 34.063 33.484 32.226 31.746
BH do Rio Real 14.234 14.915 14.372 14.583 13.918 14.243 14.641
BH do Rio Sergipe 31.976 31.380 32.130 32.224 35.697 33.996 32.182
BH do Rio São Fran-
107.806 111.735 110.856 116.545 115.243 115.160 107.267
cisco
BH do Rio Vaza Bar-
21.960 23.041 25.231 26.800 26.828 24.605 23.553
ris

64
• Irrigação

Em estudo divulgado no segundo semestre de 2017 a ANA, em parceria com a


Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) e a Empresa Brasileira de Pes-
quisa Agropecuária (EMBRAPA), sistematiza e padroniza dados e informações re-
lacionados ao desenvolvimento da agricultura irrigada brasileira, considerando tam-
bém projeções baseadas no contexto atual da atividade (ANA, 2017). Os dados,
disponibilizados por munícipios, indicam a área irrigada para o ano de 2015 e ten-
dência projetada para 2030 tornando possível as análises relacionadas à cobrança
(Quadro 5.13 e Quadro 5.14).

Quadro 5.13 – Estimativa de área irrigada no Estado de Sergipe em 2015.


Área irrigada - 2015 (ha)
Demais
BACIA HIDROGRÁFICA Demais cul-
Arroz Inun- Cana-de- culturas
turas e sis- TOTAL
dado açúcar em Pivôs
temas
Centrais
Bacia Costeira Sapucaia 0 0 0 138 138
BH do Rio Japaratuba 0 1.850 0 199 2.049
BH do Rio Piauí 0 33 0 1.825 1.859
BH do Rio Real 0 0 0 226 226
BH do Rio Sergipe 0 4.558 29 2.661 7.249
BH do Rio São Francisco 8.517 84 295 9.113 18.008
BH do Rio Vaza Barris 0 35 0 282 317

Quadro 5.14 – Estimativa de área irrigada no Estado de Sergipe projetada para 2030.
Área irrigada - 2030 (ha)
Demais
BACIA HIDROGRÁFICA Demais cul-
Arroz Inun- Cana-de- culturas
turas e sis- TOTAL
dado açúcar em Pivôs
temas
Centrais
Bacia Costeira Sapucaia 0 0 0 175 175
BH do Rio Japaratuba 0 2.332 0 252 2.583
BH do Rio Piauí 0 42 0 2.300 2.342
BH do Rio Real 0 0 0 284 284
BH do Rio Sergipe 0 5.745 70 3.350 9.164
BH do Rio São Francisco 1.114 105 716 11.534 13.470
BH do Rio Vaza Barris 0 45 0 356 400

• Indústria

Também no segundo semestre de 2017, em colaboração com diversas instituições


representativas do setor industrial, a ANA divulgou o material intitulado “Água na

65
Indústria: usos e coeficientes técnicos” com dados municipais de vazões de retirada
e vazões consumidas por Divisão da Classificação Nacional de Atividades Econô-
micas (CNAE), referentes ao ano-base de 2015 (Quadro 5.15).

Quadro 5.15 – Demandas estimadas para o setor industrial, ano-base 2015.


Vazões de reti-
Vazões consumidas Vazões de retorno
BACIA HIDROGRÁFICA rada (L/s) - ano
(L/s) - ano 2015 (L/s) - ano 2015
2015
Bacia Costeira Sapucaia 0,14 0,03 0,11
BH do Rio Japaratuba 95,54 82,25 13,29
BH do Rio Piauí 186,32 38,86 147,46
BH do Rio Real 24,79 7,98 16,80
BH do Rio Sergipe 1.490,51 1.306,83 183,68
BH do Rio São Francisco 21,58 5,55 16,03
BH do Rio Vaza Barris 57,15 10,71 46,45

6 LEVANTAMENTO DAS NECESSIDADES DE APLICAÇÃO DOS RECURSOS


DA COBRANÇA

Os Programas e Subprogramas do Plano Estadual de Recursos Hídricos elaborado


para a totalidade do Estado no ano de 2010 somavam aproximadamente R$ 4 bi-
lhões, distribuídos em programas estratégicos gerais (53,41% do montante) e pro-
gramas temáticos ações (46,59% do montante), a serem alocados em 3 quinquê-
nios (2010/2015, 2015/2020 e 2020/2025), conforme apresentado no Quadro 6.1.

Quadro 6.1 – Matriz-resumo dos programas e sub-programas do PERH.


Matriz Resumo Cronograma de Alocação dos Recursos (R$
Parti-
dos Progra- 1.000,00)
Valor Estimado cipa-
mas e Subpro-
(R$ 1.000,00) ção
gramas do 2010/2015 2015/2020 2020/2025
(%)
PERH
Programas Es-
tratégicos Ge- 2.133.309,00 1.038.603,00 678.628,00 416.078,00 53,00
rais
Programa: Ga-
rantia Hídrica
23.088,00 17.048,00 3.480,00 2.560,00 1,08
para Múltiplos
Usos
Programa: Ges-
tão Hidroambi- 2.031.290,00 966.510,00 658.890,00 405.890,00 95,22
ental Integrada
Programa: Re-
visão e Atuali-
zação da Legis-
1.300,00 1.300,00 - - 0,06
lação Estadual
de Recursos
Hídricos
Programa: Es-
25.631,00 18.115,00 6.508,00 1.008,00 1,20
tudos, Pesquisa

66
Matriz Resumo Cronograma de Alocação dos Recursos (R$
Parti-
dos Progra- 1.000,00)
Valor Estimado cipa-
mas e Subpro-
(R$ 1.000,00) ção
gramas do 2010/2015 2015/2020 2020/2025
(%)
PERH
e Difusão Tec-
nológica
Programa: En-
sino, Capacita-
16.910,00 11.410,00 3.000,00 2.500,00 0,79
ção e Forma-
ção
Programa de
Comunicação 21.300,00 15.800,00 4.000,00 1.500,00 1,00
Social
Programa: Sis-
tema Integrado 4.070,00 1.800,00 1.150,00 1.120,00 0,19
de Informações
Programa:
Operação e
Manutenção da 9.720,00 6.620,00 1.600,00 1.500,00 0,46
Infraestrutura
Hídrica
Programas Te-
1.860.781,00 769.581,00 555.600,00 535.600,00 46,59
máticos
Programa:
1.678.490,00 661.490,00 515.000,00 502.000,00 90,00
Água de Beber
Programa:
Águas do De- 126.910,00 60.910,00 35.500,00 30.500,00 7,00
senvolvimento
Programa: In-
55.381,00 47.181,00 5.100,00 3.100,00 3,00
formágua
TOTAL GERAL 3.994.090,00 1.808.184,00 1.234.228,00 951.678,00 100,00

Dentre os diversos programas e subprogramas previstos no Plano Estadual, so-


mente o Subprograma de Fortalecimento dos Comitês de Bacias e demais Ins-
tâncias Colegiadas, com orçamento de R$ 4.350.000,00 até 2025, que faz parte
do Programa Informágua, prevê financiamento a partir de recursos oriundos da co-
brança pelo uso da água.

As atualizações de 2015 para as Bacias Hidrográficas dos Rios Japaratuba, Rio


Piauí e Rio Sergipe redefiniram programas e subprogramas mantendo prazos dis-
tintos de aplicação (Quadro 6.2).

Quadro 6.2 – Resumo de custos de programas de investimentos para as bacias hidrográfi-


cas dos rios Sergipe, Piauí e Japaratuba, 2015 (valores em R$ Mil).
Prazo
Bacia Estimativa de
Curto Médio Longo
Hidrográfica Custos
2015-2020 2021-2025 2026-2035
Japaratuba 535.227,23 279.735,64 234.741,59 20.750,00

67
Prazo
Bacia Estimativa de
Curto Médio Longo
Hidrográfica Custos
2015-2020 2021-2025 2026-2035
Piauí 816.952,70 420.250,40 297.528,00 103.750,00
Sergipe 1.611.227,95 814.627,95 641.350,00 155.250,00

No caso dos planos de bacia de 2015, a cobrança pelo uso da água é prevista como
fonte de recursos para os subprogramas “Produtor de Águas” e “Certificação de
boas práticas”, que fazem parte do programa “Estímulo às boas práticas no uso da
água”, com orçamento de R$ 680.000,00 até 2020 para cada bacia, totalizando R$
2.040.000,00.

Outra referência para levantamento de necessidades e possibilidades de aplicação


dos recursos da cobrança é o Orçamento Fiscal e da Seguridade Social de 2017
do Governo do Estado de Sergipe. Este documento é resumido no Quadro 6.3, que
apresenta o orçamento previsto da SEMARH e órgãos vinculados para o ano de
2017, com valores divididos em 4 Programas (Saúde, Gestão Ambiental e Sanea-
mento Básico, Gestão e Manutenção do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos e
Encargos de Natureza Especial) e subdivididos por fonte de recurso (Tesouro ou
repasse de outras entidades).

O orçamento para a Gestão e Manutenção do Meio Ambiente e dos Recursos Hí-


dricos, por exemplo, é de R$ 16.725.000, dos quais R$ 9.455.000 viriam do Tesouro
(R$ 7.155.000 da própria SEMARH e R$ 2.300.000 do Fundo Estadual). Os recur-
sos a serem arrecadados ano a ano com a cobrança poderão ser aplicados para
complementar os orçamentos anuais da SEMARH e órgãos vinculados, especial-
mente em ações de Gestão e Manutenção do Meio Ambiente e dos Recursos Hí-
dricos.

68
Quadro 6.3 – Resumo do Orçamento Fiscal e da Seguridade Social da SEMARH e órgãos
vinculados – 2017.
PROGRAMA

Gestão e Manutenção do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos


Gestão Ambiental e Saneamento Básico

Encargos de Natureza Especial


Fonte
Saúde

Órgão de Re- TOTAL


curso

Programa Águas Tesouro 0 0 0 0 0


de Sergipe Repasse 8.225.000 41.775.000 0 0 50.000.000
Tesouro 0 599.000 7.155.000 0 7.754.000
SEMARH
Repasse 0 4.780.000 20.000 0 4.800.000
Tesouro 0 0 0 0 0
ADEMA
Repasse 0 200.000 7.250.000 50.000 7.500.000
Fundo de Defesa Tesouro 0 0 0 0 0
do Meio Ambi-
Repasse 0 20.000 0 0 20.000
ente
Fundo Estadual Tesouro 0 3.507.215 2.300.000 4.200.000 10.007.215
de Recursos Hí-
Repasse 0 300.000 0 0 300.000
dricos
TOTAL 8.225.000 51.181.215 16.725.000 4.250.000 ---

7 CONCLUSÕES

A cobrança pelo uso de recursos hídricos é um instrumento da Política Estadual de


Recursos Hídricos de Sergipe e o presente estudo fornecerá elementos para o Go-

69
verno do Estado para tomada de decisão quanto a sua implementação. Este Pro-
duto 01 consistiu em análise preliminar de dados existentes e avaliação dos aspec-
tos legais e institucionais da cobrança.

Do ponto de vista legal/institucional foi feita uma avaliação da existência e funcio-


namento dos componentes do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos
Hídricos. Como limitações, foi constatado que apenas três das oito bacias hidrográ-
ficas do Estado possuem Comitê instituído. As Agências de Água também não fo-
ram implementadas – estas últimas terão sua viabilidade financeira assegurada
pela cobrança do uso dos recursos hídricos em sua área de atuação.

Também foi avaliado o atual estágio de implementação dos demais instrumentos


de gestão no Estado. O Plano Estadual de Recursos Hídricos foi elaborado em
2011 e os Planos Diretores das bacias hidrográficas dos rios Japaratuba, Sergipe
e Piauí em 2015. Nas demais bacias os planos não existem ou são muito antigos.
A outorga é um instrumento que está em pleno funcionamento, sobretudo para cap-
tação de água. A outorga para fins de diluição somente foi implantada no rio Fundo,
que é o único rio oficialmente enquadrado no Estado. Há espaço para avanços
nesta modalidade de outorga, estando em andamento estudo para enquadramento
de corpos d’água na bacia do rio Sergipe.

Foi feita uma caracterização dos usuários de água do Estado, com base nas bases
de usos cadastrados, outorgados, insignificantes e processos em análise. Verificou-
se a existência de um volume de 150,6 hm³/ano de outorgas vigentes. O uso pre-
dominante é para fins de Abastecimento Público, com titularidade da DESO (101,8
hm³ ou 67,6% do total). A bacia do rio Sergipe concentra a maior parte do volume
outorgado – 93,0 hm³/ano (61,8% do volume de outorgas vigentes).

Finalmente, foi feito levantamento das necessidades de aplicação dos recursos da


cobrança. O Plano Estadual, os Planos das bacias dos rios Japaratuba, Sergipe e
Piauí e o Orçamento Fiscal e da Seguridade Social da SEMARH fornecem impor-
tantes referências para avaliação das possibilidades de aplicação dos recursos a
serem arrecadados, que serão consideradas para estabelecimento, em etapa pos-
terior, de mecanismos e valores de cobrança, bem como de alternativas de atuali-
zação de Preços Públicos Unitários.

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8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS – ANA. Nota Técnica no 56/2015/SPR. Docu-


mento no: 00000.072835/2015-56. Atualização da base de demandas de recursos
hídricos no Brasil. Brasília. Dezembro, 2015. Online. Disponível em:
http%3A%2F%2Fmetadados.ana.gov.br%2Fgeonetwork%2Fsrv%2Fen%2Fresou-
rces.get%3Fid%3D312%26fname%3DNT_atualizao_demandas.pdf%26ac-
cess%3Dprivate&usg=AOvVaw0Vor1BQhABJ8CHM31h_viP. Data de captura: 09
nov 2017.

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS – ANA. Atlas irrigação: uso da água na agricul-


tura irrigada. Brasília: ANA, 2017.

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS – ANA. Água na Indústria: usos e coeficientes


técnicos. Brasília: ANA, 2017.

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PLIRHINE – Plano de Aproveitamento Integrado dos Recursos Hídricos do Nor-
deste. 1980.

REBOUÇAS, Aldo da C.; BRAGA, Benedito; TUNDISI, José Galizia. Águas Doces
No Brasil - Capital Ecológico, Uso e Conservação. São Paulo: Escrituras Editora, 3ª
Ed. 2006.

SERGIPE. Outorga de direito de uso dos Recursos Hídricos em Sergipe – Cartilha do


Usuário, 2010.

SERGIPE. Elaboração do Plano Estadual de Recursos Hídricos, 2011.

SERGIPE. Elaboração dos Planos das Bacias Hidrográficas dos Rios Japaratuba, Pi-
auí e Sergipe, 2015.

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