Você está na página 1de 50

TRABALHO DE QUALIDADE E

TRATAMENTO DE ÁGUA

Grupo:
Geraldo Bantim Guimarães
Sheila Bárbara Ferreira Silva
Ricardo Silva Coelho

Abril de 2021
Sumário

1. TRABALHO 1 – PLANO DE AMOSTRAGEM PARA CONTROLE E VIGILÂNCIA DA QUALIDADE


DE ÁGUA......................................................................................................................................5
1.1 Plano de Amostragem..................................................................................................7
1.2 Pontos de Coletas – Estação Tratamento de Água e Rede de Distribuição..................7
1.3 Plano de Amostragem Para Vigilância........................................................................15
1.4 Plano de Segurança da Água de Conselheiro Pena.....................................................16
2. TRABALHO 2 – ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA...............................................................30
2.1 Definição de IQA.........................................................................................................30
2.2 Parâmetros Utilizados no Cálculo do Índice de Qualidade da Água (IQA)..................30
2.3 Amostragem Para Determinação do Índice de Qualidade da Água............................33
2.4 Cálculo Índice de Qualidade da Água (IQA) e do (IQAB).............................................34
2.5 Resultados das Amostras de IQA................................................................................36
2.6 Resultados das Amostras de IQAB..............................................................................38
3.1 Turbidez - Conceitos...................................................................................................42
3.2 O padrão de potabilidade dos EUA.............................................................................42
3.3 Turbidez e contagem de partículas como parâmetros indicadores da remoção de
(oo)cistos de giardia e de cryptosporidium por filtração rápida.............................................43
3.4 Evolução dos padrões de potabilidade dos EUA.........................................................43
3.5 As diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS)..............................................44
3.6 Breve histórico da norma brasileira de qualidade de agua para consumo humano...45
3.7 Comparativo entre as mudanças do índice de turbidez entre as 03 últimas portarias
brasileiras:..............................................................................................................................46
4 TRABALHO 3 – MUDANÇA NOS PADRÕES DE POTABILIDADE DAS ULTIMAS TRÊS
PORTARIAS BRASILEIRAS............................................................................................................49
4.1 Turbidez......................................................................................................................49
4.2 O Padrão de Potabilidade dos EUA.............................................................................50
4.3 Turbidez e Contagem de Partículas como Parâmetros Indicadores da Remoção de
(oo)cistos de giardia e de cryptosporidium por Filtração Rápida...........................................51
4.4 Evolução dos Padrões de Potabilidade dos EUA.........................................................51
4.5 As Diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS).............................................53
4.6 Evolução da Norma Brasileira de Qualidade de Água Para Consumo Humano..........53
4.7 Comparativo Entre as Mudanças do Índice de Turbidez Entre as Três Últimas
Portarias Brasileiras................................................................................................................55

2
Lista de Figuras

Figura 1: Delimitação do território do município de Conselheiro Pena........................................5


Figura 2: Imagem da cidade de Conselheiro Pena........................................................................9
Figura 3: Ponto de capitação de água de Conselheiro Pena no córrego João Pinto.....................10
Figura 4: Esquema de funcionamento de um plano de segurança de água (PSA).......................16
Figura 5: Árvore de decisão para identificação de pontos críticos de controle ..........................19
Figura 6: Local do ponto de coleta da água do Rio Doce a montante do antigo ponto de
capitação de água da ETA de Conselheiro Pena.........................................................................32
Figura 7: Curvas Médias de Variação de Qualidade das Águas.................................................34

3
Lista de Tabelas e Quadro

Tabela 1: Número amostras e frequência para o controle da qualidade da água de sistema de


abastecimento, para fins de análises físicas, químicas e de radioatividade, em função do ponto
de amostragem para Conselheiro Pena.......................................................................................13
Tabela 2: tabela de número mínimo de amostras mensais para o controle da qualidade da água
de sistema de abastecimento para fins de análise microbiológicas de Conselheiro Pena............14
Tabela 3: Frequência do número de amostragens do parâmetros analisados pela vigilância......15
Tabela 4: Escala de probabilidade de ocorrência de risco..........................................................16
Tabela 5: Escala de severidade de ocorrência de risco...............................................................17
Tabela 6: Matriz de classificação de risco..................................................................................17
Tabela 7: Peso dos parâmetros de qualidade da água.................................................................34
Tabela 8: Classificação quanto a qualidade dos valores de IQA.................................................35
Tabela 9: IQA calculado para mês de janeiro de 2011 a montante da capitação de água da ETA
da cidade Rio Doce....................................................................................................................35
Tabela 10: IQA calculado para mês de abril de 2011 a montante da capitação de água da ETA
da cidade Rio Doce....................................................................................................................36
Tabela 11: IQA calculado para mês de julho de 2011 a montante da capitação de água da ETA
da cidade Rio Doce....................................................................................................................36
Tabela 12: IQA calculado para mês de outubro de 2011 a montante da capitação de água da
ETA da cidade Rio Doce............................................................................................................36
Tabela 13: IQAB calculado para mês de janeiro de 2011 a montante da capitação de água da
ETA da cidade Rio Doce............................................................................................................38
Tabela 14: IQAB calculado para mês de abril de 2011 a montante da capitação de água da ETA
da cidade Rio Doce....................................................................................................................38
Tabela 15: IQAB calculado para mês de julho de 2011 a montante da capitação de água da ETA
da cidade Rio Doce....................................................................................................................39
Tabela 16: IQAB calculado para mês de outubro de 2011 a montante da capitação de água da
ETA da cidade Rio Doce............................................................................................................39
Quadro 1 – Comparativo da evolução dos padrões de turbidez da USEPA.................................44
Tabela 17: Índices de turbidez para fins de potabilidade – Portaria 518/2004............................45
Tabela 18: Frequência mínima de amostragem para controle de qualidade da água de sistema de
abastecimento.............................................................................................................................46
Tabela 19: Índices de turbidez para fins de potabilidade – Portaria 2.914/2011.........................47
Tabela 20: metas progressivas para VMP de filtração rápida e lenta..........................................48

4
1. TRABALHO 1 – PLANO DE AMOSTRAGEM PARA CONTROLE E
VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DE ÁGUA

O município escolhido foi Conselheiro Pena. Sendo uma cidade localizada na região
leste de Minas Gerais com uma área delimitada de 1 483,884 km² e população de
23.240 habitantes (IBGE, 2017). A agropecuária é a principal atividade econômica da
cidade. Os principais produtos alimentícios produzidos são café, arroz, feijão e milho.
Entretanto é a pecuária de corte e leiteira que se destaca na cidade, com quase 77 mil
cabeças de gado (ACCPENA, 2021). Além da sede, Conselheiro Pena possui 5 distritos:
Barra do Cuieté, Cuieté Velho, Penha do Norte, Ferruginha e Bueno. A figura 1
apresenta a demarcação dos limites do município.

Figura 1: Delimitação do território do município de Conselheiro Pena.


Fonte: (Cualbond, 2021)

5
A sede principal de Conselheiro Pena possui seu abastecimento administrado pela
prefeitura da cidade através do Sistema Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), uma
autarquia municipal, e com apoio técnico da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA).
A proposta deste trabalho é elaborar um plano de amostragem para controle e para a
vigilância da qualidade da água de Conselheiro Pena através de um Plano de Segurança.

1.1 Plano de Amostragem

O plano de amostragem para controle e para vigilância da qualidade da água busca


tratar das atividades rotineiras e preventivas para o sistema de abastecimento, visando
avaliar os riscos à saúde humana e assumir um papel investigativo para atuar em
conjunto com as vigilâncias epidemiológicas e sanitário em situações emergenciais de
surtos hídricos com o propósito de identificar possível agentes contaminantes,
respectiva origem de exposição e as possíveis medidas para controle e mitigação dos
riscos à saúde da população (Brasil, 2016).
A proposta do plano de amostragem para controle de qualidade da água e para
vigilância da qualidade da água foi elaborada conforme as diretrizes dos anexos da
portaria do Ministério da Saúde n° 2914/2011 encontrada atualmente na portaria de
consolidação do Ministério da Saúde n° 5, Anexo XX. O procedimento de
monitoramento da água tem como objetivo avaliar as conformidades ao uso pretendido
que é de abastecimento a população. Apesar de Conselheiro Pena possuir uma
população de menos de 25 mil habitantes, o plano de amostragem e vigilância se propõe
a atender todos requisitos para uma população maior que 50 mil e menor que 250 mil
habitantes, uma vez que irá permitir trabalhar dentro de uma margem de segurança,
visando atender uma possível condição futura da cidade. Além disso, as portarias
tendem a se tornar mais exigentes, desta forma, atender somente aos requisitos mínimos
é algo muito arriscado para uma empresa responsável pelo abastecimento de água da
cidade.

1.2 Pontos de Coletas – Estação Tratamento de Água e Rede de Distribuição

A estação de tratamento de água do município de Conselheiro Pena é uma estação


convencional ou de tratamento de ciclo completo. O quadro 1 indica os pontos de

6
coletas dentro da Estação de Tratamento de Água e na rede de distribuição do município
bem como as justificativas para as escolhas.

Quadro 1: Pontos de coletas de amostras na estação de tratamento de água e a justificativa para as escolhas realizadas.

Pontos de coletas na ETA Justificativa


Entrada do abastecimento da Caracterizar as condições da água na entrada do
ETA (água bruta) sistema de tratamento para verificação do
desempenho de tratamento da ETA (avaliação da
tratabilidade da água); controle preventivo para
subsidiar ações de proteção no corpo d’água utilizado
e adequação dos processos de tratamento da água
bruta às respectivas variações detectadas na água
bruta.
Saída dos tanques de Verificação do desempenho das operações
decantação coagulação/floculação e decantação.
Saída dos filtros rápidos Verificação do desempenho dos filtros rápidos.
Saída da ETA para os tanques Caracterizar as condições de saída da água após o
de abastecimento tratamento da ETA. Verificação do desempenho do
tratamento da ETA.
Saída dos tanques de Verificação das condições da água na saída dos
abastecimento tanques de abastecimento.

O primeiro ponto de coleta é a água bruta, na entrada da estação de tratamento de


água. Esse ponto é necessário para que se avalie as condições de entrada da água para o
tratamento, verificando o desempenho da estação para condicionar a água às
conformidades de água potável, para controle preventivo que possa exigir atuações
corretivas sobre o manancial e para adequação e ajustes.
De acordo com a companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
(Sabesp, 2021), conforme as análises das condições iniciais da água bruta coletada,
pode ser necessário a aplicação de um pré-cloração para facilitar a remoção de matéria
orgânica e metais que possam provocar odor ou gosto. Devido a essa pré-cloração,
geralmente é necessária uma pré-alcalinização com soda ou cal para ajuste do pH para
as próximas etapas do tratamento (Sabesp, 2021). Em caso de situações drásticas, como
será discutido nos planos de segurança da água, a água bruta pode ser descartada

7
diretamente na tubulação de descarga da ETA sem passar por tratamento. No ano de
2015, devido ao rompimento da barragem de Mariana, todas as ETA que capitavam
água no Rio Doce ficaram sem operação. Além dos problemas dos possíveis
contaminantes presentes na água, as ETAs não suportaram a água bruta com valores tão
altos de turbidez usando o agente coagulante sulfato de alumínio, mais frequentemente
usado (Globo, 2015).
O próximo ponto de coleta dentro da ETA é na saída do decantadores antes de
entrar nos filtros rápidos. Este ponto permite identificar o desempenho das operações de
coagulação, floculação e decantação. Valores muito alto de turbidez na saída do
decantador tem como consequência uma rápida saturação dos filtros rápidos, tornando-
os ineficientes para remoção. A saturação rápida dos filtros obriga um maior número de
retrolavagens dos mesmos. Esse ponto de amostragem irá permitir uma melhor
avaliação para correção de possíveis faltas de conformidades. Para isso, é preciso que os
operadores sempre realizem Jartestes, visando encontrar melhor condições de operação.
A coleta após o filtro rápido é importante para avaliar a eficiência e desempenho de
remoção dos filtros. A exigência da portaria de consolidação do Ministério da Saúde n°
5, Anexo XX é que o valor do padrão de turbidez pós-filtração em filtro rápido não
ultrapasse 0,5 NTU.
A coleta na saída da ETA é realizada para verificar o desempenho global de todas
as operações e etapas empregadas na estação, além de verificar que a água está dentro
das conformidades exigidas pela legislação. Comparar este ponto com o ponto de coleta
da água bruta permite avaliar a eficiência de tratabilidade da água pela estação.
As coletas nas saídas dos tanques de abastecimento são feitas para verificar as
condições de condicionamento da água dentro destes reservatórios. Resultados em não
conformidade com a legislação implicam na necessidade de vistoria e limpeza destes
tanques.
A amostragem para análise da qualidade da água também é realizada na rede de
distribuição de água da cidade. A figura 2 mostra a imagem da cidade de Conselheiro
Pena. Nessa imagem foi possível identificar os pontos de coleta para amostra na rede de
distribuição. Desde de 2013, após recorrentes problemas para capitação de água do Rio
Doce, foi realizado o projeto de construção da adutora do Córrego João Pinto, na
Cachoeira dos Andrades, com aproximadamente 14 quilômetros tubulação, ligando-a a
Estação de Tratamento de Água de Conselheiro Pena. Uma obra de 4 milhões de reais
(Globo, 2015).

8
Figura 2: Imagem da cidade de Conselheiro Pena.
Fonte: Google imagens

A figura 3 mostra o ponto de captação de água da cidade de Conselheiro Pena no


córrego João Pinto.

Figura 3: Ponto de captação de água de Conselheiro Pena no córrego João Pinto.


Fonte: Google imagens

9
O quadro 2 apresenta os pontos de coletas das amostras e os motivos para suas
escolhas.

Quadro 2: Pontos de coletas na rede de abastecimento de Conselheiro Pena e a justificativa para escolha.

Ponto de coletas na rede de abastecimento Justificativa


Rodoviária, Locais com grande representatividade
Escola Polivalente, devido ao alto fluxo de números de
Escola Estadual de Conselheiro Pena, pessoas.
Escola Estadual Maria Guilhermina, Total = 12 pontos.
Escola Gerson de Abreu e Silva,
Escola Tiradentes,
Escola Professor Alvares Maia,
Prefeitura de Conselheiro Pena,
Penitenciária de Conselheiro Pena,
Centro Comercial,
Clube Uirapuru.

Verificação das condições dos


reservatórios para possíveis
Saídas de reservatório
manutenções.
Total = 6 pontos.
Pontos iniciais, intermediários e finais da Verificação de como as condições da
distribuição de rede. água varia conforme seu percurso
Bairros: Centro comercial (2), COHAB, durante a distribuição na rede.
Campo, São Luís, São Vicente, Benevides, Total = 32
Boa Esperança, Esplanada, Santo Antônio, Obs.: Bairros onde estão localizados
São José, Estação Velha, Novo Horizonte, pontos com grande representatividade
Operário. devido ao alto fluxo de números de
Distritos: Barra do Cuieté (5), Ferruginha pessoas não serão analisados
(5), Penha do Norte (5), Cuieté Velho e novamente.
Bueno (3).
Pontos de descarga (após manutenção da Verificação das condições da rede
rede local) local após sua manutenção.
Pontos em locais mais elevados Verificação de possíveis interferências

10
das condições da água devido à perda
de pressão.

Para escolha dos pontos foram analisados três critérios. O primeiro critério foi a
escolha de localizações com grande fluxo de pessoas geralmente equipamentos públicos
e localidades com pessoas com maior vulnerabilidade, o que permite indicar uma
grande representatividade de consumidores que fazem uso da água. Para isso foram
escolhidos pontos em escolas da cidade, centros comerciais, penitenciária, rodoviária e
hospital. O segundo critério foi analisar os locais que identifiquem pontos iniciais,
intermediários e finais da rede de distribuição de modo a verificar a qualidade da água
em toda a rede de distribuição. Dessa forma, escolhemos pontos em bairro distribuídos
em toda a cidade. Por fim, o terceiro critério foi a escolha de locais da cidade em pontos
altos para verificar a influência da perda de carga (pressão) na qualidade da água.
Pontos redundantes foram desconsiderados, o que totalizou 50 pontos em todo o sistema
de distribuição da rede da cidade de Conselheiro Pena.
A análise da qualidade da água em pontos de distribuição da rede é necessária para
que as características da água sejam monitoradas em todos a rede. Mediante qualquer
sinal de não conformidade, é necessário realizar medidas corretivas. Os principais
parâmetros monitorados na distribuição da rede são o cloro residual, a turbidez e as
análises microbiológicas.
De acordo com o Ministério da Saúde, é obrigatório a manutenção do cloro livre
residual de no mínimo 0,2 mg.L-1 em qualquer ponto de abastecimento do sistema,
sendo também recomendado um valor máximo de 2,0 mg.L -1 de cloro residual. O cloro
é um forte oxidante, no decorrer da sua distribuição na rede de abastecimento ocorre o
seu decaimento devido a sua reação com matéria orgânica presente na água e/ou por sua
volatilidade (Silva, 2012). Sua reação com a matéria orgânica pode formar subprodutos
como os trihalometanos (THMs), prejudiciais à saúde humana. O ministério da saúde
limita o valor máximo de 2,0 mg.L-1 de cloro residual para garantir o padrão
organoléptico de potabilidade da água, limitando os trihalometanos totais em até 0,1
mg.L-1 (Brasil, 2017). Elevadas concentrações de cloro para atingir valores aceitáveis no
final de rede pode desagradar os consumidores devido a problemas de gosto e odor,
então é recomendado que se administre o cloro de forma a utilizá-lo em quantidade
mínimas, capazes de garantir a desinfecção e cumprir o mínimo residual ao logo de toda
a rede de abastecimento, em especial nos pontos de finais de redes e de maior elevação.

11
Em caso de insuficiência de cloro residual livre no final das redes, dever-se-á ajustar a
cloração na ETA e/ou proceder com nova adição em pontos estratégicos da própria rede.
A turbidez é provocada por partículas sólidas em suspensão, como argila e matéria
orgânica, que forma os coloides e provocam interferência na propagação da luz na água,
sendo um importante parâmetro de qualidade da água. Altos valores de turbidez na água
de abastecimento podem levar o decaimento mais rápido do cloro residual e tornar a
desinfecção menos eficaz, uma vez que essas partículas sólidas suspensas podem servir
de proteção para microrganismos patogênicos.
Uma outra análise muito importante é a análise microbiológica para verificar a
presença de microrganismos patogênicos. Testes são realizados para identificar a
presença de coliformes totais e E. Coli. Caso identificada sua presença, utiliza-se de
técnicas de contagem para quantificação dos microrganismos presente nas amostras. Em
termos de qualidade bacteriológica, a ausência de coliformes totais e E. Coli são
suficientes e indicados para demostrar a eficiência do tratamento operando na faixa de
cloro residual entre 0,2 a 0,5 mg.L -1 (OMS, 1995). Entretanto, para avaliar a qualidade
do tratamento em termos virológicos e parasitológicos, somente essas metodologias não
são suficientes, fazendo necessário outras metodologias para sua identificação. Parasitas
como cistos de Giardia e ooscitos de Crytosporidium apresentam resistência elevada à
cloração. Tanto vírus quanto esses parasitas são essencialmente removidos na fase de
filtração. Para tratamento de vírus é recomentado, de forma genérica, que a cloração
apresente um teor mínimo de 0,5 mg.L-1, tempo de contato de 30 minutos e pH < 8,0. Já
para o tratamento de cistos e ooscitos de protozoários, recomenda-se turbidez pós-
filtragem de 0,5 NTU; sendo ideal uma média < 0,2 NTU.
As tabelas 1 e 2 apresentam as frequências de amostragem na entrada e saída do
sistema de tratamento bem como na rede de abastecimento de Conselheiro Pena. Os
números de amostragens atendem aos Anexos 12 e 13 da portaria de consolidação de N°
5, Anexo XX. O plano de Amostragem foi feito para que a cidade atendesse as
condições de uma cidade com mais de 50 mil habitantes e menos de 250 mil.

Tabela 1: Número de amostras e frequência para o controle da qualidade da água de sistema de abastecimento, para
fins de análises físicas, químicas e de radioatividade, em função do ponto de amostragem para Conselheiro Pena.
Parâmetro Entrada do tratamento Saída do tratamento Sistema de distribuição
(reservatório e rede)

12
N° de Frequência N° de Frequência N° de Frequência
Amostras Amostras Amostras
(duplicata) (duplicata) (duplicata)
Cor 1 A cada 2 horas 1 A cada 2 horas 38 Mensal
Turbidez 1 A cada 2 horas 1 A cada 2 horas 38 Semanal
Cloro residual - - 1 A cada 2 horas 38 Semanal
pH 1 A cada 2 horas 1 A cada 2 horas DA DA
Fluoreto - - 1 A cada 2 horas DA DA
Gosto e odor 1 Trimestral 1 Trimestral DA DA
Produtos 1 Trimestral 1 Trimestral 4(1) Trimestral
secundários da
desinfecção
Demais 1 Semestral 1 Semestral 1(4) Semestral
parâmetros (2)(3)

(1) As amostras devem ser coletadas, preferencialmente, em pontos de maior tempo de detenção da água no
sistema de distribuição; (2) A definição da periodicidade de amostragem para o quesito de radioatividade será
definida após inventário inicial, realizado semestralmente no período de 2 anos, respeitando a sazonalidade
pluviométrica. (3) Para agrotóxicos, observar o disposto no parágrafo 5º do artigo 41 da PORTARIA Nº 2.914/2011.
(4) Dispensada análise na rede de distribuição quando o parâmetro não for detectado na saída do tratamento e, ou, no
manancial, à exceção de substâncias que potencialmente possam ser introduzidas no sistema ao longo da distribuição;
DA: Dispensa análise.

Tabela 2: Tabela de número mínimo de amostras mensais para o controle da qualidade da água de sistema de
abastecimento para fins de análise microbiológicas de Conselheiro Pena.
Parâmetro Entrada do tratamento Saída do tratamento Sistema de distribuição
(reservatório e rede)
N° de Frequência N° de Frequência N° de Frequência
Amostras Amostras Amostras
(duplicata) (duplicata) (duplicata)
Coliforme totais 1 Semestral 4 Semanais 50 Semanais
Echerichia coli 1 Semestral 4 Semanais 50 Semanais
(uni./100mL)
Protozoários (1) 1 Semestral - - - -
Cryptosporidium
spp. (Oocistos/L)
Protozoários (1) 1 Semestral - - - -
Giárdia spp.
Vírus (2) 1 Semestral - - - -
Clorofila-a (3)
1 Semestral - - - -
Cianobactérias (4)
1 Semanais - - - -

13
Cianotoxinas (5) 1 Semanal 1 Semanal quando DA DA
quando nº de nº de
cianobactérias ≥ cianobactérias ≥
20.000 20.000
células/mL células/mL
(1) Deverá ser monitorado caso a captação seja em manancial superficial e tenha sido identificada média geométrica
anual igual ou superior a 1.000 Escherichia coli/100mL; (2) Recomenda-se monitorar caso a captação seja em
manancial superficial; (3) Recomenda-se monitorar caso a captação seja em manancial superficial, como indicador de
potencial aumento da densidade de cianobactérias; (4) Deverá ser monitorado em frequência mensal caso a captação
seja em manancial superficial. Se a concentração encontrada for superior a 10.000 células/mL, a frequência deve ser
alterada para semanal (5) Deve-se realizar análise em frequência semanal quando a densidade de cianobactérias
exceder 20.000 células/mL. DA: Dispensa Análise.

1.3 Plano de Amostragem Para Vigilância

Os parâmetros das análises realizada pela vigilância foram definidos em um plano


de amostragem básicos de rotina, analisando turbidez, cloro residual livre, coliformes
totais/ Escherichia coli e fluoreto. Os quatro primeiros parâmetros são características
importantes que descrevem a qualidade microbiológica da água para consumo, enquanto
que o flúor é voltado para saúde bocal. A tabela apresenta números de análises a serem
realizadas pela vigilância e suas frequências. É importante destacar que os critérios de
escolha dos locais foram semelhantes aos usados para controle e monitoramento do
abastecimento de água de Conselheiro Pena. Os números de amostragem e frequência
seguem as recomendações dada pela Diretriz Nacional do Plano de Amostragem da
Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano para uma população de 50 mil
habitantes.

Tabela 3: Frequência do número de amostragens do parâmetros analisados pela vigilância.


Parâmetro Entrada do tratamento Saída do tratamento Sistema de distribuição
(reservatório e rede)
N° de Frequência N° de Frequência N° de Frequência
Amostras Amostras Amostras
(duplicata) (duplicata) (duplicata)
Turbidez 1 Semestral 1 Mensal 11 Mensal
Cloro residual - 1 Mensal 11 Mensal
Flureto - 1 Mensal 27 Mensal
Coliforme totais 1 Semestral 1 Mensal 11 Mensal
Echerichia coli 1 Semestral 1 Mensal 11 Mensal

14
(uni./100mL)
Produtos 1 Trimestral 1 Trimestral 1 Trimestral
secundários da
desinfecção
Demais 1 Semestral 1 Semestral 1 Semestral
parâmetros

1.4 Plano de Segurança da Água de Conselheiro Pena

A prática atual empregada para controle de qualidade da água tem sido voltada para
atender as conformidades das informações apresentadas em monitoramentos que
indicam valores quantitativos de normas estabelecidas. Infelizmente, este tipo de
metodologia é criticado devido sua limitação por ser lenta, complexa e dispendiosa.
Tendo em vista essas deficiências, a OMS através das suas recomendações para
qualidade de água acatadas pela nova portaria legislativa propõe a aplicação de
estratégias de avaliação e gestão de riscos para o controle da qualidade da água para
consumo humano envolvendo uma abordagem preventiva de proposta de controle ao
longo de todo o sistema de abastecimento público do início ao fim da operação.
Sendo assim, foi proposto um sistema elaborado e implementado denominado Plano
de Segurança de Água (PSA). A figura 4 apresenta a proposta de funcionamento de um
Plano de Segurança da Água. O PSA busca compreender o sistema de abastecimento de
água de forma global de modo a garantir o fornecimento de água e obedecendo aos
requisitos de qualidade; monitorar toda a cadeia de abastecimento de água de modo a
assegurar a qualidade; e um plano de gestão e comunicação com objetivo de atender as
documentações de avaliação e monitoramento do sistema com descrições de operações
em condições normais ou em casos de situações excepcionais (Bensoussan et al. 2015).

Figura 4: Esquema de funcionamento de um plano de segurança de água (PSA).

15
Fonte: (Bensoussan et al. 2015)

Para avaliação do sistema foram elaboradas duas escalas de ocorrência de risco para
avaliação. A tabela 4 envolve a escala de probabilidade de ocorrência de risco e a tabela
5 envolve a severidade de ocorrência de risco. Juntando as duas tabelas, gerou-se uma
matriz de classificação de risco formado por riscos moderados, elevados e extremos
(tabela 6).

Tabela 4: Escala de probabilidade de ocorrência de risco.

Probabilidade de ocorrência Descrição Peso


Quase certa Provavelmente uma vez por dia 5
Muito provável Provavelmente uma vez por semana 4
Provável Provavelmente uma vez por mês 3
Pouco provável Provavelmente uma vez por ano 2
Raro Provavelmente 1 vez em 5 anos 1
Tabela 5: Escala de severidade de ocorrência de risco.

Severidade das consequências Descrição Peso


Catastrófica Desabastecimento por mais de 24 horas 5
Nocivo para mais de 50 % da população
Grande Desabastecimento entre 12 e 24 horas 4
Nocivo para 20 a 50 % da população
Moderado Desabastecimento entre 3 e 12 horas 3
Nocivo para 10 a 20% da população
Pequeno Desabastecimento por até 3 horas 2
Nocivo para 10 a 20% da população
Insignificante Sem qualquer impacto detectável 1
Tabela 6: Matriz de classificação de risco.

Probabilidade Severidade
de ocorrência Insignificante pequena moderada grande catastrófica
Quase certa 5 10 15 20 25
Muito provável 4 8 12 16 20
Provável 3 6 9 12 15
Pouco provável 2 4 6 8 10
Raro 1 2 3 4 5
Prioridades: verde (moderado); amarelo (elevada); vermelho (extrema).

16
De acordo com a tabela 6 de matriz de classificação de risco, valore de 1 a 5 são
moderados, de 6 a 12 são elevados e de 15 a 25 são catastróficos. Avaliando a literatura,
valores catastróficos são classificados com letalidade de mais de 10% da população,
porém nosso plano de segurança não espera este tipo de condicionante para tratar algo
como catastróficos. Dessa forma, foi proposto uma nova classificação que envolve a
nocividade para população e o tempo de desabastecimento da população. Quantificada a
avaliação de risco dentro de todo o sistema operacional, foram levantados possíveis
eventos perigosos dentro do sistema de abastecimento conforme o quadro 3.

17
Quadro 3: Eventos perigosos dentro do sistema de abastecimento água.
Componentes do
Eventos perigosos
sistema
Descarte de produtos químicos (hidrocarbonetos, fertilizantes ou pesticidas)
Descargas de águas residuais (domésticas e industriais) acidentais ou não
acidentais
Manancial de captação
Matéria fecal proveniente da agropecuária
Floração de algas.
Variações sazonais climáticas (cheias e secas) e desastres naturais
Processos unitários de tratamento inadequados ou equipamento deficiente
Incapacidades no controle de processos de tratamento
Deficiências na dosagem de produtos químicos
Tratamento de água
Utilização de produto (reagentes químicos) e materiais não certificados ou
contaminados
Formação de subprodutos da desinfecção
Reservatórios e aquedutos não cobertos.
Acesso não autorizado de pessoas e animais.
Curto circuito hidráulico em reservatórios/zonas mortas
Ligações clandestinas.
Sistema de distribuição Crescimento de microrganismos em biofilmes e sedimentos.
Operações inadequadas de reparação, manutenção e limpeza de reservatórios
Residual de cloro inadequado.
Formação de subprodutos da desinfecção.
Deterioração da qualidade da água nos reservatórios

Realizada as possíveis identificação dos eventos perigosos dentro do sistema de


abastecimento do sistema, foi realizado um algoritmo de tomada de decisão para
identificar os pontos críticos de controle dento do sistema. Para esta avaliação seria
necessário um real contato com todo o processo de abastecimento de água de
Conselheiro Pena de modo a encontrar pontos críticos de controle. A figura 5 apresenta
a árvore de decisão para identificação dos pontos críticos de controle.

18
Figura 5: Árvore de decisão para identificação de pontos críticos de controle .
Fonte: (Vieira e Morais, 2005)

O sistema de abastecimento de água foi divido nos seguintes de operação:


Manancial, Capitação de água bruta, Coagulação/floculação e decantação; filtração,
desinfecção, fluoretação e correção do pH, Armazenamento da água tratada e
distribuição da água tratada. Todos os pontos de operação devem ser avaliando para
encontrar seus possíveis eventos perigosos e valia-los através da caracterização dos
riscos e da árvore de tomada de decisão para identificação dos pontos críticos do
controle. Conhecido todo o sistema, cabe realização de metidas de controle para
mitigação dos possíveis problemas encontrados. Os quadros seguintes apresentam de
forma resumida toda a análise do plano de segurança.

19
MANANCIAL
Árvore de
Caracterização do risco
Eventos Perigosos Perigo Decisão Medidas de controle
Probabilidade Severidade Classificação Respostas PCC
Recebimento de lixiviado
Microrgânicos Construção e monitoramento de
oriundo de domésticas
patogênicos e subst. fossas sépticas para população a
lixeiras e/ou aterros
Químicas perigosas montante do ponto de captação.
sanitários.
Microrgânicos
Lançamento ou derrame Controle das atividades humanas
patogênicos e subst.          
acidental dentro dos limites da bacia
Químicas perigosas
hidrográfica.

Microrgânicos Prevenção e fiscalização de


Descarga de fossas sépticas          
patogênicos atividades poluidoras clandestinas.

Disposição inadequada de Monitoramento da qualidade da


Microrgânicos água.
águas residuais (domésticas
patogênicos e subst.          
ou industriais) a montante
Químicas perigosas Implantação de estação de alerta na
da captação
bacia
Lançamento de produtos Substancias
         
agroflorestais Químicas perigosas
Elaboração, monitoramento e
estabelecimento de medidas
Redução da adequadas ao controle da dispersão
captação de água dos poluentes.
dos lençóis
Desmatamento
freáticos e Projetos para recuperação e proteção
desaparecimento de de nascentes através do
nascentes beneficiamento dos produtores de
água (Projeto Produtores de água).
Fonte: Adaptado (Silva, 2013)

20
CAPTAÇÃO DE AGUA BRUTA
Árvore de
Caracterização do risco
Eventos Perigosos Perigo Decisão Medidas de controle
Probabilidade Severidade Classificação Respostas PCC
Microrgânicos Restringir atividades potencialmente
patogênicos e poluidoras na área de captação
          através de isolamento
Eventos meteorológicos substancias
associados à ocorrência de Químicas perigosas
precipitação Estabelecer mecanismos que visam
Altos índices de
estabilizar a qualidade da água em
turvação e matéria          
termos de vazão e presença de
orgânica
materiais em suspensão (ex. tanque
Microrgânicos de estabilização na adutora)
Pratica de depredação, patogênicos e
         
vandalismo ou sabotagem substancias Estudar e estabelecer correlações
Químicas perigosas entre os níveis de precipitação e
Microrgânicos impactos para as etapas subseqüentes
Lançamento de esgotos patogênicos e (Geração de gráficos de análise)
         
domésticos substancias
Químicas perigosas Promover a inspeção sanitária na
área de captação
Falhas mecânicas, elétricas
Falta de água          
ou estruturais
Elaborar e programar planos de
contingência para situações de
imprudência ou imperícia humana,
Falhas mecânicas, incidentes inesperados e eventos
elétricas ou estruturais naturais
Falta de água          
causadas por eventos
naturais Operar com reservatórios em níveis
alto e gerar mecanismos de alerta
para racionalização de água para
população
Fonte: Adaptado (Silva, 2013)

21
COAGULAÇÃO/ FLOCULAÇÃO/SEDIMENTAÇÃO
Árvore de
Caracterização do risco
Eventos Perigosos Perigo Decisão Medidas de controle
Probabilidade Severidade Classificação Respostas PCC
Contaminação do Operar com produtos devidamente
coagulante devido à Substâncias certificados, assim como organizar
inadequada operação de químicas perigosas um programa de garantia da
estocagem qualidade na recepção de insumos
Doseamento incorreto do utilizados.
Desempenho
coagulante (pH, tempo de
inadequado na           Elaborar e cumprir um programa de
contato e espécie de
remoção de sólidos manutenção e calibração de
coagulante)
maquinas e equipamentos assim
Descontinuidade do
Presença de como promover o treinamento de
doseamento de coagulante
partículas em           recursos humanos.
devido à falhas mecânicas,
suspensão
elétricas ou estruturais. Operar sistema que permita ações de
Doseamento incorreto do controle de processos de forma mais
Presença de sólidos próxima possível do tempo real.
floculante (pH, tempo de          
em suspensão
mistura, agitação)
Incentivar a realização de Jartestes e
Defeito ou mau a construção de gráficos (turbidez x
Incorreta aferição volume de floculante).
funcionamento dos          
da turbidez
turbidímetros

Inadequação na
Mau funcionamento
remoção de          
hidráulico do decantador
turbidez

Fonte: Adaptado (Silva, 2013)

22
FILTRAÇÃO
Árvore de
Caracterização do risco
Eventos Perigosos Perigo Decisão Medidas de controle
Probabilidade Severidade Classificação Respostas PCC
Controle deficitário da taxa Monitoramento da turbidez na saída
Altos índices de
de filtração (altura da dos decantadores visando verificar o
sólidos em
coluna d’água e velocidade desempenho das operações
suspensão
de filtração) anteriores.
Carreira de filtração e
lavagem incorreta dos Turbidez elevada           Determinar um plano de operação
filtros dos filtros em função da qualidade a
Aumento na carga da vazão da água a ser tratada.
de microrganismos
Recirculação inadequada
patogênicos (cistos Controlar a periodicidade de lavagem
da água de lavagens dos          
e oocistos) e dos filtros assim como a água
filtros
substancias utilizada para retrolavagem dos
químicas perigosas filtros.

Falha nos equipamentos de


Garantir a existência de programas
controle e monitoramento turbidez elevada          
de manutenção e calibração de
dos filtros
maquinas equipamentos.
Fonte: Adaptado (Silva, 2013)

23
24
DESINFECÇÃO
Árvore de
Caracterização do risco
Eventos Perigosos Perigo Decisão Medidas de controle
Probabilidade Severidade Classificação Respostas PCC
Fazer registros das dosagens.
Dosagem incorreta de Microrganismos
desinfetante patogênicos
Garantir a existência de um plano de
Tempo de contato água e Microrganismos manutenção de máquinas e
         
desinfetante não suficiente patogênicos equipamentos.
Interrupção da dosagem de
Microrganismos
desinfetante devido a falhas           Garantir o controle de qualidade dos
patogênicos
diversas. agentes de desinfecção empregados.

Garantir que o sistema de


desinfecção seja capaz de responder
as variações da qualidade da água.
Formação de subprodutos trihalometanos          

Monitoramento da ETA e da
distribuição através de análise
microbiológicas.
Fonte: Adaptado (Silva, 2013)

25
FLUORETAÇÃO E CORREÇÃO DO pH
Árvore de
Caracterização do risco
Eventos Perigosos Perigo Decisão Medidas de controle
Probabilidade Severidade Classificação Respostas PCC
Contaminação do reagente Garantir a qualidade dos produtos
Substancias
(corretor de pH e/ou químicos utilizados assim como seu
químicas perigosas
agentes de fluoretação). armazenamento e estocagem.
Preparo e dosagem
Nível de pH fora
incorreta de produto           Fazer registros dos cálculos das
padrão de operação
corretor de pH dosagens.
Preparo e dosagem
Níveis de flúor
incorreta de agentes de           Promover a constante calibração e
incorretos
fluoretação. manutenção dos dosadores.

Interrupção de preparo e
Dosagem incorreta Garantir que o sistema seja capaz de
dosagem devidos a falhas          
de flúor e pH responder de imediato às variações
diversas.
de qualidade da água.
Fonte: Adaptado (Silva, 2013)

26
ARMAZENAMENTO DE ÁGUA TRATADA
Árvore de
Caracterização do risco
Eventos Perigosos Perigo Decisão Medidas de controle
Probabilidade Severidade Classificação Respostas PCC
Programar ações que impeçam a
Infiltração e/ou vazamento Quantidade de água invasão de pessoas e a ação de
de água insuficiente vândalos

Microrganismos Garantir o afastamento de possíveis


Infiltração de água fontes de poluição
patogênicos e
contaminada a partir do          
substâncias
solo Adotar dispositivo que permitam
químicas perigosas
inspeções periódicos, sobretudo
Turvação e visando a identificação de defeitos
Acúmulo de sedimento microrganismo s           causadores de infiltração pelas
patogênicos paredes e fundo

Evitar a entrada de insetos e roedores


Degradação da qualidade Microrganismos
         
da água no reservatório patogênicos Garantir residual de cloro adequado

Acesso de pessoas e Microrganismos


animais patogênicos

Microrganismos
Ações de vandalismos e patogênicos e
depredações substâncias
químicas perigosas
Fonte: Adaptado (Silva, 2013)

27
DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA TRATADA
Árvore de
Caracterização do risco
Eventos Perigosos Perigo Decisão Medidas de controle
Probabilidade Severidade Classificação Respostas PCC
Vazamento de água na rede Elaboração de protocolo para
Desabastecimento manutenção de rede
de distribuição
Microrganismos Utilizar sistemas de alerta para
patogênicos, vazamentos na rede
Rupturas na rede de
substâncias          
distribuição
químicas perigosas Garantir cloro residual sobretudo em
e turvação reparos ou instalações
Prática de limpeza e
Microrganismos
desinfecção inadequadas           Garantir a existência de planos de
patogênicos
durante reparo na rede manutenção e calibração de
Degradação da qualidade Microrganismos equipamentos
         
da água no reservatório patogênicos
Microrganismos
Variações de pressão patogênicos e
turvação
Microrganismos
patogênicos e
Contaminação cruzada
substâncias
químicas perigosas
Substancias
Degradação da tubulação
químicas perigosas
Fonte: Adaptado (Silva, 2013)

28
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

ACCPENA. Associação comercial e empresarial de Conselheiro Pena. Disponível em:


<http://accpena.com.br/>. Acesso em: 02/04/2021.

BRASIL. IBGE. Censo Demográfico, 2017. Disponível em:<


https://censos.ibge.gov.br/agro/2017/> Acesso em: 02/04/2021.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria de consolidação nº 5, de 28 de setembro de


2017. Consolidação das normas sobre as ações e os serviços de saúde do Sistema Único
de Saúde. Diário Oficial da União, setembro de 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de


Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. Diretriz Nacional do Plano de
Amostragem da Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano [recurso
eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de
Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. – Brasília: Ministério da
Saúde, 2016

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Vigilância e controle


da qualidade da água para consumo humano/ Ministério da Saúde, Secretaria de
Vigilância em Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 212 p. – (Série B. Textos
Básicos de Saúde) ISBN 85-334-1240-1

GLOBO. Córregos que abastecem cidade de Minas secam e viram 'trilhas de terra'.
Disponível em: < http://g1.globo.com/mg/vales-mg/noticia/2015/02/corregos-que-
abastecem-cidade-de-minas-secam-e-viram-trilhas-de-terra.html> Acesso em:
02/04/2021.

ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD-OMS. Manual de desinfección. Guías


para la selección y aplicación de tecnologías de desinfección del agua para consumo
humano en pueblos pequeños y comunidades rurales en America Latina y el Caribe.
Washington-DC: OMS, 1995. 227 p. (Serie Técnica, 30)

29
SABESP. Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo. Disponível em:<
http://site.sabesp.com.br/site/interna/Default.aspx?secaoId=47>. Acesso em:
02/04/2021.

SILVA, Plínio Carlos da. Avaliação dos sistemas de vigilância e controle de qualidade
da água nos termos da portaria MS nº 2914/2011, com vistas à implantação do Plano de
Segurança da Água. Rio de Janeiro, 2013. Dissertação (mestrado) – Programa de
Engenharia Ambiental, Escola Politécnica e Escola de Química, Universidade Federal
do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013

30
2. TRABALHO 2 – ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA

Este trabalho teve como objetivo determinar o Índice de Qualidade de Água (IQA) e
Índice de Qualidade de Água Bruta (IQAB) no Rio Doce a montante da antiga captação
de água da Estação de Tratamento de Água de Conselheiro Pena.

2.1 Definição de IQA

O índice de qualidade da água (IQA) é usado para transmitir informações a respeito


da qualidade da água e foi desenvolvido pela National Sanitation Foundation (NSF), o
índice de qualidade mais utilizado no mundo. A partir da década de 70, a CETESB
(2008), adaptando este índice, desenvolveu o IQA, que incorpora nove parâmetros
considerados relevantes para a avaliação da qualidade das águas.
De acordo com Derísio (2000), o IQA, é determinado pelo produtório ponderado
das qualidades de água através das seguintes variáveis: oxigênio dissolvido (OD),
demanda bioquímica de oxigênio (DBO), coliformes fecais, temperatura, pH, nitrogênio
total, fósforo total, turbidez e resíduo total (sólidos totais). Pode-se determinar a
qualidade das águas, a partir dos cálculos, que são indicados pelo IQA, variando numa
escala de 0 a 100. Segundo a CETESB (2008), no caso de não se dispor do valor de
algum dos nove parâmetros citados anteriormente, o cálculo do IQA é inviabilizado.

2.2 Parâmetros Utilizados no Cálculo do Índice de Qualidade da Água (IQA)

2.2.1 Potencial Hidrogeniônico (pH)

Para Sawyer et al. (1994), o termo pH (potencial hidrogeniônico) é usado para


expressar a intensidade da condição ácida ou básica de uma solução e é uma maneira de
expressar a concentração do íon hidrogênio. De acordo com Esteves (1998), o pH é
bastante influenciado pela quantidade de matéria orgânica a ser decomposta. Quanto
maior a quantidade de matéria orgânica disponível, menor será o pH, pois, para haver
decomposição desse material, muitos ácidos são produzidos. As águas conhecidas com
alto teor de matéria orgânica possuem pH muito baixo, isso se deve ao excesso de
ácidos em solução.

31
2.2.2 Turbidez

Segundo Macêdo (2004), turbidez é a alteração da penetração da luz pelas partículas


em suspensão, que provocam a sua difusão e absorção. Partículas constituídas por
plâncton, bactérias, argilas, silte em suspensão entre outros. O aumento da turbidez, faz
com que reduza a zona de luz onde a fotossíntese ainda é possível ocorrer, chamada de
zona eufótica. A turbidez é desarmoniosa na água potável, apesar disso não traz
inconvenientes sanitários diretos, e os sólidos em suspensão podem servir de abrigo
para microrganismos patogênicos, resultando em uma menor eficiência da desinfecção.

2.2.3 Oxigênio Dissolvido (OD)

O oxigênio é um dos constituintes químicos mais importantes para a dinâmica,


caracterização e manutenção dos ecossistemas aquáticos. Segundo Carmouze (1994), a
determinação do oxigênio dissolvido é de grande importância para que sejam avaliadas
as condições naturais da água e detectados impactos ambientais como eutrofização e
poluição orgânica.

2.2.4 Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)

Segundo Mota (1995), demanda bioquímica de oxigênio é a quantidade de oxigênio


molecular necessário para estabilização da matéria orgânica decomposta aerobicamente
por via biológica. A DBO5, é um teste padrão, realizado a uma temperatura constante e
durante um período de incubação, também fixo de 5 dias. É medida pela diferença do
OD antes e depois do período de incubação.

2.2.5 Sólidos Totais

Segundo Macêdo (2004), todas as impurezas da água, com exceção dos gases
dissolvidos, contribuem para a carga de sólidos presentes nos recursos hídricos.

32
2.2.6 Nitrogênio total

Segundo Pinheiro (2008), o nitrogênio é um nutriente limitante, e quando presente


em altas concentrações nos corpos d’água leva ao processo denominado eutrofização.
De acordo com Von Sperling (2014), em um corpo d’água, a determinação da forma
predominante do nitrogênio pode fornecer informações sobre o estágio da poluição, se a
mesma é recente, está relacionada ao nitrogênio da forma orgânica ou de amônia, em
contrapartida se a poluição é mais remota, estará relacionada ao nitrogênio na forma de
nitrato.

2.2.7 Fósforo Total

Para Sawyer et al., (1994), o fósforo e o nitrogênio em corpos hídricos são


elementos fundamentais para o controle das taxas de crescimento de algas e
cianobactérias, e essenciais para crescimento de todos os seres vivos. O fósforo é um
elemento muito importante, pois a ausência do mesmo pode ser o maior obstáculo ao
incremento da produtividade da água. E não apresenta problemas de ordem sanitária em
águas de abastecimento.

2.2.8 Temperatura

Segundo Esteves (1998), a temperatura varia nos diferentes corpos de água, em


função de flutuações sazonais, sendo influenciada pela latitude, altitude, época do ano,
hora do dia e profundidade. Essas variações acontecem de forma gradual, uma vez que a
água pode absorver ou mesmo perder calor sem grandes alterações.
Com a elevação da temperatura, ocorre o aumento da taxa de transferência de gases,
gerando mau cheiro, no caso de liberação de gases com odores mau cheirosos.

2.2.9 Coliformes Termotolerantes

Os Coliformes Termotolerantes também chamados de Coliformes Fecais, toleram


temperaturas acima de 40ºC e reproduzem-se nessa temperatura em menos de 24 horas.
De acordo com Pinheiro (2008), as bactérias do grupo coliforme encaixam-se dentro

33
dos parâmetros bacteriológicos, e são um importante indicador de contaminação fecal
para a qualidade das águas.

2.3 Amostragem Para Determinação do Índice de Qualidade da Água

As amostras de água foram coletadas na região do baixo Rio Doce nas proximidades
da cidade de Conselheiro Pena antes do ponto de captação de água da Estação de
Tratamento de Água da cidade até 2013. As amostras foram coletadas nos meses de
janeiro, abril, julho e outubro de 2011.

Figura 6: Local do ponto de coleta da água do Rio Doce a montante do antigo ponto de capitação de água da ETA de
Conselheiro Pena.
Fonte: (Google maps)

34
2.4 Cálculo Índice de Qualidade da Água (IQA) e do (IQAB)

O IQA foi calculado pelo produtório ponderado da qualidade de água


correspondentes às variáveis que integram o índice. Esse cálculo foi baseado no método
estabelecido pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo - CETESB.
Para a determinação do IQA utilizou-se a Equação 1

n
IQA ou IQAB=∏ qiw i

i =1 Eq. 1

em que,
IQA: Índice de Qualidade das Águas, um número entre 0 e 100;
qi: qualidade do i-ésimo parâmetro, um número entre 0 e 100, obtido da respectiva
“curva média de variação de qualidade”, em função de sua concentração ou medida.
wi: peso correspondente ao i-ésimo parâmetro, um número entre 0 e 1, atribuído em
função da sua importância para a conformação global de qualidade.
Sendo que:
n
IQA ou IQAB=∑ wi=1
i=1 Eq. 2

em que,
n: número de variáveis que entram no cálculo do IQA.
Foram estabelecidas curvas de variação da qualidade das águas de acordo com o
estado ou a condição de cada parâmetro. Estas curvas de variação, sintetizadas em um
conjunto de curvas médias para cada parâmetro, bem como seu peso relativo
correspondente. Os pesos (qi) utilizados no cálculo do IQA são estabelecidos pela
CETESB (2008) e são mostrados na Figura 7.

35
Figura 7: Curvas Médias de Variação de Qualidade das Águas.

E os respectivos pesos (w), que foram fixados em função da sua importância para a
conformação global da qualidade da água (tabela).

Tabela 7: Peso dos parâmetros de qualidade da água.

36
Tendo-se os valores das concentrações, selecionou-se a equação representativa das
curvas de qualidade do NSF mais adequada dentro da faixa de valores para cada
parâmetro (IGAM, 2004) e calculou-se as respectivas notas individuais qi (q1 a q9). A
partir dos cálculos efetuados, determinou-se a qualidade das águas por meio do índice
de qualidade da água, variando em uma escala de 0 a 100.
Na tabela a seguir são apresentadas as classificações do IQA variando desde ótima
até péssima.

Tabela 8: Classificação quanto a qualidade dos valores de IQA.

CLASSIFICAÇÕES NSF (IGAM-MG)


Ótima 91 ≤ IQA ≤ 100
Boa 71 ≤ IQA ≤ 90
Razoável 51 ≤ IQA ≤ 70
Ruim 26 ≤ IQA ≤ 50
Péssima 0 ≤ IQA ≤ 25

2.5 Resultados das Amostras de IQA

As tabelas apresentam os valores dos parâmetros dos dados da água coletada a


montante da captação de água da ETA da cidade do Rio Doce. Foram coletados dados
trimestrais de janeiro a outubro do no de 2011.

Tabela 9: IQA calculado para mês de janeiro de 2011 a montante da captação de água da ETA da cidade Rio Doce.

37
Tabela 10: IQA calculado para mês de abril de 2011 a montante da captação de água da ETA da cidade Rio Doce.

Tabela 11: IQA calculado para mês de julho de 2011 a montante da captação de água da ETA da cidade Rio Doce.

Tabela 12: IQA calculado para mês de outubro de 2011 a montante da captação de água da ETA da cidade Rio Doce.

38
Os resultados do IQA indicaram que a água no ponto analisado apresenta uma
classificação como boa. Dois parâmetros devem ser analisados com mais detalhes:
Coliformes Termotolerantes e turbidez. Estes parâmetros foram os que tiveram menores
notas, entretanto, os valores de coliformes termotolerantes apresentam valores muito
ruins, com resultados 90 vezes maiores que o limite máximo para classe que se encontra
o Rio Doce, Classe II. Estes resultados indicam uma alta contaminação possivelmente
de esgotos sanitários e fezes de animais. Para contornar estes resultados serão
necessárias medidas de controle sanitário ao longo de todo o percurso da bacia na
região. Vale lembrar que a população de gado somente da cidade de Conselheiro Pene é
3 vezes maior que a de pessoas, ou seja, é necessário dar uma importância para o
controle sanitário das fezes desses animais para evitar que alcancem as águas que
abastecem o rio.
Um outro parâmetro que apresentou valores baixos foi a turbidez. Este parâmetro é
de extrema importância para o abastecimento de água, uma vez que valores muitos altos
exigem maior consumo de coagulantes e atuação de controle para retomada de operação
em condições ideais. Os valores de turbidez encontrados então dentro dos limites
máximos na classificação do rio, entretanto é comum que os valores de turbidez
ultrapassem esses valores em períodos de chuva na região devido ao revolvimento de
materiais sedimentados no fundo e ao carreamento de sólidos para o rio. Em 2015
houve o derramamento de rejeito de barragem de mineração da empresa Samarco no
Rio Doce. Durante algum período foram encontrados valores de turbidez altos e que
impediam o funcionamento das ETAs de toda a região afetada.

2.6 Resultados das Amostras de IQAB

Os resultados dos IQAB encontrados nas amostras coletadas no Rio Doce estão
apresentados a seguir nas tabelas 13 a 16. Os resultados do IQAB indicaram uma
classificação diferente dada pelo IQA, sendo a água neste ponto classificada como
razoável. Apesar do peso para presença de coliformes termotolerantes (E. Coli) ter
reduzido para o IQAB, os novos parâmetros analisados como Fe, Mn e algas
contribuíram para redução da qualidade da água. A presença de algas, Mn e Fe geram
problemas na operação da estação de tratamento de água e por isso foram adicionados
no IQAB. A turbidez permaneceu nessa análise, porém com um peso maior, o que
também fez com que os resultados finais reduzissem. A presença de grande quantidade

39
algas pode ser indicativo da presença de nitrogênio e de toxinas produzidas por estes
organismos. A presença de Mn e Fe em valores muitos altos pode provocar gostos
indesejáveis, mancha em roupas e desenvolver cor e turbidez na água.

Tabela 13: IQAB calculado para mês de janeiro de 2011 a montante da captação de água da ETA da cidade Rio Doce.

Tabela 14: IQAB calculado para mês de abril de 2011 a montante da captação de água da ETA da cidade Rio Doce.

40
Tabela 15: IQAB calculado para mês de julho de 2011 a montante da captação de água da ETA da cidade Rio Doce.

Tabela 16: IQAB calculado para mês de outubro de 2011 a montante da captação de água da ETA da cidade Rio
Doce.

41
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental. 2ª ed. São Paulo, Editora


Prentice Hall, p. 72–123, 2002.

BRASIL. Resolução CONAMA 357, de 17 de março de 2005. Ministério do Meio


Ambiente. Disponível em:
˂http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf˃.

CETESB – COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL.


Relatório de Qualidade das Águas Interiores do Estado de São Paulo. São Paulo:
Governo do Estado de São Paulo, Secretaria do Meio Ambiente, 2008. 540p.

IGAM - Instituto Mineiro de Gestão das Águas. Relatório de monitoramento das águas
superficiais na Bacia do Rio Doce.

LIBÂNIO, Marcelo. Fundamentos de Qualidade e Tratamento de Água. 3ª ed. São


Paulo: Átomo, 2010. 494 p.

42
3 TRABALHO 3 – MUDANÇA NOS PADRÕES DE POTABILIDADE DAS
ULTIMAS TRÊS PORTARIAS BRASILEIRAS
No trabalho 3 foram analisadas as mudanças na legislação com relação ao parâmetro
de turbidez.

3.1 Turbidez - Conceitos

A turbidez pode ser definida como uma medida do grau de interferência à


passagem da luz através do líquido. A alteração à penetração da luz na água decorre da
presença de material em suspensão, sendo expressa por meio de unidades de turbidez
(também denominadas unidades de Jackson ou nefelométricas), (PADUA, 2009). A
turbidez natural das águas está, geralmente, compreendida na faixa de 3 a 500 unidades.
A eficiência da desinfecção é governada por um extenso rol de fatores, entre os
quais se destacam:
a) características físicas, químicas e biológicas da água;
b) o tipo, a forma – encistada ou não – e a concentração dos microorganismos;
c) o tipo e a concentração do desinfetante e o grau de dispersão na massa líquida;
d) o tempo de contato entre o desinfetante e a água.
Em relação às características da água, a presença de material em suspensão
reduz a eficiência da desinfecção na inativação dos microorganismos patogênicos.
Diversas pesquisas confirmaram uma menor remoção de coliformes na desinfecção com
compostos de cloro quando a turbidez se elevava acima de 1,0 uT. A presença de
compostos orgânicos e de outros compostos oxidáveis podem comprometer o poder de
ação do desinfetante sobre os microorganismos, caso este agente seja um oxidante.

3.2 O padrão de potabilidade dos EUA


As preocupações com qualidade da água nos Estados Unidos iniciaram no final
do séc. XIX e início do séc. XX. O primeiro padrão de qualidade da água foi
estabelecido em 1914, incluindo apenas padrão microbiológico e direcionado
exclusivamente aos sistemas que forneciam água a veículos de transporte interestadual.
Posteriormente (1925, 1946 e 1962), outros parâmetros foram incluídos. Já a turbidez,
que já era um indicador físico de qualidade, passou a ser incorporado como padrão
indicador da eficiência de remoção de cistos de Giardia por meio da filtração (USEPA,
1989B). Em sucessivas atualizações da Surface Water Treatment Rule, o padrão de

43
turbidez para a água filtrada torna-se mais rigoroso e incorpora-se a abordagem de
Avaliação Quantitativa de Risco Microbiológico (AQRM).

3.3 Turbidez e contagem de partículas como parâmetros indicadores da remoção


de (oo)cistos de giardia e de cryptosporidium por filtração rápida
A literatura registra número considerável de estudos que procuram associar as
remoções de turbidez e de partículas com a de (oo)cistos de protozoários, bem como
valores absolutos de turbidez da água filtrada com a presença/ausência de (oo)cistos.
Estudos norte americanos mostram a associação entre remoção de turdidez e partículas
de (oo) cistos de Giardia e Cryptosporidium em processos de filtração rápida,
demonstrando uma boa correlação entre eles. Demonstra-se um consenso do
entendimento de que se deve buscar efluentes filtrados com valores mais baixos
possíveis de turbidez, pois como ressaltado em USEPA (1999), “embora valores de
turbidez bem reduzidos não necessariamente garantam a ausência de partículas, isto
constitui excelente medida de otimização de estações de tratamento com vistas a
assegurar máxima proteção à saúde”.

3.4 Evolução dos padrões de potabilidade dos EUA


A turbidez foi incorporada como padrão indicador da eficiência de remoção de
cistos de Giardia por meio da filtração em 1989 (USEPA, 1989). Quase dez anos
depois, o foco passa a ser o controle de oocistos de Cryptosporidium, até mesmo
porque, por hipótese, a remoção desses organismos garantiria a remoção de cistos de
Giardia (USEPA, 1998). Pretendia-se, na época, a garantia de remoção de oocistos,
exclusivamente por filtração, sem a expectativa de inativação por desinfecção. Em
resumo, as normas dos EUA conheceram a seguinte evolução:

44
Quadro 1 – Comparativo da evolução dos padrões de turbidez da USEPA

QUADRO COMPARATIVO DA EVOLUÇÃO DOS PADROES DE TURBIDEZ DA USEPA

USEPA (1989),  USEPA (1991) USEPA (1998) USEPA (2006)


Remoção/inativação, por meio da Remoção, por meio da metas de remoção de oocistos de
filtração/desinfecção, de 99,9% (3 log) filtração, de 99% (2 log) Cryptosporidium em função da qualidade da
de cistos de Giardia de oocistos de água bruta e atualiza os ‘créditos’ de
Cryptosporidium:  remoção atribuíveis as diversas técnicas de
filtração

Filtração rápida em tratamento Filtração rápida em Tratamento convencional (filtração rápida)


convencional - turbidez da agua tratamento e filtração lenta: 3 log de remoção de
filtrada <0,5 uT em 95% dos dados convencional e filtração oocistos de Cryptosporidium, desde que
mensais; máximo de 5 uT (2,5 log direta - turbidez da obedecido o padrão de turbidez de 0,3 uT
remoção) + desinfecção para água filtrada < 0,3 uT para o tratamento convencional (95% dos
inativação equivalente a 0,5 log; em 95% dos dados dados mensais e máximo de 1 uT) e 1 uT
filtração direta - turbidez da água mensais e máximo de 1 para a filtração lenta (95% dos dados
filtrada < 0,5 uT em 95% dos dados uT;  mensais e máximo de 5 uT).
mensais; máximo de 5 uT (2 log Filtração lenta - • Filtração direta: 2,5 log de remoção de
remoção) + desinfecção para turbidez da agua oocistos de Cryptosporidium, desde que
inativação equivalente a 1 log;  filtrada <1 uT em 95% obedecido o padrão de turbidez de 0,3 uT
filtração lenta - turbidez da água dos dados mensais e (95% dos dados mensais e máximo de 1 uT).
filtrada < 1 uT em 95% dos dados máximo de 5 uT. • Tratamento convencional ou filtração
mensais; máximo de 5 uT (2 log direta: 0,5 log adicional de remoção de
remoção) + desinfecção para oocistos de Cryptosporidium, desde que
inativação equivalente a 1 log. atendido o critério de efluente filtrado com
turbidez ≤ 0,15 uT (95% dos dados mensais).

3.5 As diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS)


As primeiras iniciativas de elaboração de diretrizes relativas a potabilidade da
água promovidas pela OMS datam da década de 1950. As diretrizes internacionais
propunham padrões mínimos, considerados possíveis de serem alcançados por todos os
países. Porém, os padrões europeus consideravam a privilegiada posição econômica e
tecnológica dos países envolvidos, estabelecendo padrões mais rigorosos.

As diretrizes da OMS também se encontram assentes na abordagem de remoção


necessária em função da ocorrência de (oo)cistos no manancial. Nas diretrizes,
encontram-se também sugestões de remoção de oocistos por diferentes técnicas de
tratamento, mas a turbidez não é assumida como parâmetro microbiológico, explicito e
numérico, de qualidade da agua pós-filtração e/ou pré-desinfecção, muito embora se

45
enfatize que, idealmente, a turbidez pré-desinfecção deva ser tão reduzida quanto 0,1
uT.

3.6 Breve histórico da norma brasileira de qualidade de agua para consumo


humano
A Portaria do Ministério da Saúde 518/2004 reconhece as limitações das
bactérias do grupo coliforme como indicador pleno da qualidade microbiológica da
água, assumindo a turbidez pós-filtracão/pré-desinfecção como componente do padrão
microbiológico de potabilidade e estabelece parâmetros para o controle da desinfecção
voltando as atenções ao controle da remoção de patógenos, como os protozoários e os
vírus (PADUA, 2009).

A tabela 12 da Portaria 518/2004 (BRASIL, 2004) incorporou as preocupações


internacionais relacionadas a transmissão de protozoários via abastecimento de água,
expressas na utilização da turbidez como indicador sanitário e na exigência de filtração
de fontes superficiais de abastecimento. Recomenda-se ainda o monitoramento de
protozoários na água tratada.

Tabela 1717 índices de turbidez para fins de potabilidade – Portaria 518/2004

A Portaria recomenda como meta para a filtração rápida a obtenção de efluente


filtrado com valores de turbidez inferiores a 0,5 uT em 95% dos dados mensais, nunca
superiores a 5 uT. Nota-se que tal recomendação coincide com a abordagem da USEPA
(1989) para a remoção de cistos de Giardia, mas o atual padrão norte-americano com
vistas na remoção de oocistos de Cryptosporidium é de 0,3 uT. O padrão de turbidez
(como padrão de potabilidade) para filtração rápida é de 1 uT, distante, assim, das
exigências cada vez mais rigorosas de normas de outros países, como EUA e Canadá.

46
Dois estudos/experimentos foram desenvolvidos com o objetivo de contribuir
com a discussão sobre o emprego de indicadores da remoção de oocistos de
Cryptosporidium (em particular a turbidez) por meio dos processos de tratamento de
água estudados. Esses trabalhos foram realizados pela UFMG por meio da COPASA e
pela UFV. O conjunto dos resultados permitiu observações importantes:
(i) nos dois projetos envolvendo filtração rápida as remoções de oocistos de
Cryptosporidium e de turbidez apresentaram valores absolutos próximos (log de
remoção);
(ii) estes dois projetos reuniram evidências de que a produção de água filtrada com
baixa turbidez constitui medida preventiva, em ambos os casos valores inferiores a 0,5
uT ou mesmo 0,3 uT;
Em suma, há subsídios para inferir que valores de turbidez efluente de 1,0 uT e
2,0 uT, respectivamente para a filtração rápida e lenta, não constituem barreira de
proteção efetiva no que diz respeito a remoção de oocistos de Cryptosporidium
(PADUA, 2009).

3.7 Comparativo entre as mudanças do índice de turbidez entre as 03 últimas


portarias brasileiras:

3.7.1 Portaria 518/2004


A tabela 1 expressa os índices de turbidez para fins de potabilidade
recomendados pela Portaria 518/2004.
Conforme parágrafo segundo dessa portaria, recomenda-se que, para a filtração
rápida, se estabeleça como meta a obtenção de efluente filtrado com valores de turbidez
inferiores a 0,5 UT em 95% dos dados mensais e nunca superiores a 5,0 UT, com vistas
a assegurar a adequada eficiência de remoção de enterovírus, cistos de Giardia spp e
oocistos de Cryptosporidium sp. A tabela 2 mostra a frequência mínima de amostragem
para controle de qualidade da água de sistema de abastecimento, para fins de turbidez,
dentre outras análises:

47
Tabela 18 Frequência mínima de amostragem para controle de qualidade da água de
sistema de abastecimento

O parágrafo terceiro indica que em todas as amostras coletadas para análises


microbiológicas deve ser efetuada, no momento da coleta, medição de cloro residual
livre ou de outro composto residual ativo, caso o agente desinfetante utilizado não seja o
cloro. Para todas as amostras referidas no mesmo parágrafo recomenda-se que seja
efetuada a determinação de turbidez (BRASIL, 2004).

3.7.2 Portaria 2914/2011 e Anexo XX Portaria de Consolidação n° 05

Conforme explicitado em seu artigo 30, para a garantia da qualidade


microbiológica da água, em complementação às exigências relativas aos indicadores
microbiológicos, deve ser atendido o padrão de turbidez expresso na tabela 3 e devem
ser observadas as demais exigências contidas nesta Portaria.

Tabela 19 Índices de turbidez para fins de potabilidade – Portaria 2.914/2011

Conforme explicitado no parágrafo primeiro, entre os 5% (cinco por cento) dos


valores permitidos de turbidez superiores ao VMP estabelecido nesta Portaria, para água
subterrânea com desinfecção, o limite máximo para qualquer amostra pontual deve ser
de 5,0 uT, assegurado, simultaneamente, o atendimento ao VMP de 5,0 uT em toda a
extensão do sistema de distribuição (reservatório e rede) (BRASIL, 2011; BRASIL
2017).
O parágrafo segundo indica como valor máximo permitido de 0,5 uT para água
filtrada por filtração rápida (tratamento completo ou filtração direta), assim como o

48
valor máximo permitido de 1,0 uT para água filtrada por filtração lenta, o que outrora,
na portaria 518/2004 era apenas uma recomendação.
O parágrafo segundo indica, ainda, que quando a média aritmética da
concentração de oocistos de Cryptosporidium spp. for maior ou igual a 3,0 oocistos/L
no(s) pontos(s) de captação de água, recomenda-se a obtenção de efluente em filtração
rápida com valor de turbidez menor ou igual a 0,3 uT em 95% (noventa e cinco por
cento) das amostras mensais ou uso de processo de desinfecção que comprovadamente
alcance a mesma eficiência de remoção de oocistos de Cryptosporidium spp ) (BRASIL,
2011; BRASIL 2017).
O parágrafo terceiro, recomenda que os 5% (cinco por cento) das amostras que
podem apresentar valores de turbidez superiores ao VMP o limite máximo para
qualquer amostra pontual deve ser menor ou igual a 1,0 uT, para filtração rápida e
menor ou igual a 2,0 uT para filtração lenta.
Ainda no parágrafo terceiro o atendimento do percentual de aceitação do limite de
turbidez deve ser verificado mensalmente com base em amostras, preferencialmente no
efluente individual de cada unidade de filtração, no mínimo diariamente para
desinfecção ou filtração lenta e no mínimo a cada duas horas para filtração rápida.
Em todas as amostras coletadas para análises microbiológicas, deve ser efetuada
medição de turbidez e de cloro residual livre ou de outro composto residual ativo, caso o
agente desinfetante utilizado não seja o cloro. A tabela 4 mostra as metas progressivas
mostrada abaixo demonstra as exigências de remoção por etapas conforme a
implementação da Portaria:

Tabela 20 metas progressivas para VMP de filtração rápida e lenta.

49
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Portaria 518, de 25 de março de 2004.


Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da
qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Brasília, 25 mar. 2004.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Portaria 2.914, de 12 de dezembro de 2011.


Dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para
consumo humano e seu padrão de potabilidade. Diário Oficial da União, Brasília, 12
dez. 2011.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Portaria de Consolidação nº 5, de 28 de


setembro de 2017. Consolida das normas sobre as ações e os serviços de saúde do
Sistema Único de Saúde. Diário Oficial da União, Brasília, 28 set. 2017.

PADUA, VALTER LUCIO DE. PROSAB 5: Remoção de microrganismos emergentes


e microcontaminantes orgânicos no tratamento de água para consumo humano. ABES
Rio de Janeiro, 2009.
EUA. EPA. United States Environmental Protection Agency, em:<
https://www.epa.gov/> Acesso em: 03/04/2021.

EUA. WORLD HELTH ORGANIZATION em:< https://www.who.int/> Acesso em:


03/04/2021.

50

Você também pode gostar