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CUIABÁ
2021
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE VÁRZEA GRANDE
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE MINAS
CUIABÁ – MT
2021
2
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Gerada automaticamente mediante informações fornecidas pelo(a) autor(a)
R467a Rezende, Lucas Rafael Delcico
Avaliação das operações de perfuração e desmonte no plano de
fogo da mineração Aura Apoena. / Lucas Rafael Delcico Rezende.
-- Cuiabá, MT, 2021.
49, p.
REGISTRO DE REUNIÃO
Banca examinadora:
Em sessão pública, após exposição de cerca de 34 minutos, o candidato foi arguido oralmente pelos membros
da banca tendo como resultado:
( ) Reprovação;
Na forma regulamentar foi lavrada a presente ata que é assinada abaixo pelos membros da banca na ordem
acima determinada e pelo aluno.
Cuiabá - MT, 10 de
setembro de 2021.
As correções estão contidas nos manuscritos de defesa corrigidos pelos membros da banca e encaminhados
à docente da disciplina e ao discente.
O prazo para o cumprimento é de 20 (vinte) dias corridos, sendo o orientador o responsável pela
verificação do atendimento às exigências da banca.
Cuiabá - MT, 10 de
setembro de 2021.
Documento assinado eletronicamente por LUCAS RAFAEL DELCICO REZENDE, Usuário Externo, em
05/10/2021, às 09:10, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do
Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.
Agradeço a Deus, por tudo que me proporcionou até hoje em minha vida e o que
ainda está por vir.
Agradeço aos meus pais, Odemir e Luzia, por terem sido a peça fundamental
nessa jornada, sem eles não seria possivel a conclusão desse sonho. Sempre
me apoiando e incentivando em todos os momentos nessa caminhada. Jamais
poderei recompensa-los por tudo o que fizeram comigo. Meu amor e gratidão
eterno a eles.
Aos meus irmãos Jéssyca, Mateus e Ana por todo o apoio dado e pela
participação durante esse grande passo em minha vida.
Agradeço a todos os meus amigos pelos bons momentos que passamos, dentro
e fora da universidade, pela troca de experiências e por todo apoio durante esta
jornada. Espero carregar esta amizade com vocês por muito tempo. Não cito
seus nomes por correr o risco de ser injusto com os que posso esquecer.
3
RESUMO
Este trabalho utilizou a modelagem matemática de Kuz-Ram, avaliando as
variações de parâmetros no plano de fogo considerando desmontes já
realizados. A extração do minério de ouro na mineradora tem tido como resposta
ao desmonte a presença de blocos de rochas, comumente chamados de
matacos, em alta proporção, forçando o uso de rompedores hidráulicos ou
desmontes secundários com uso de explosivos, elevando de forma imprevista
os custos da operação. Para a obtenção de uma boa fragmentação do maciço,
com características que sejam compatíveis com a produção e com os
equipamentos disponíveis na empresa, - principalmente o britador primário que
recebe o material da forma como foi desmontado - o plano de fogo a ser utilizado
deve ser bem definido. Neste fundamento, esta monografia objetiva a otimizar
os resultados dos desmontes pela mineradora, procurando analisar os
resultados da fragmentação do maciço, variando-se os parâmetros do plano de
fogo para um mesmo maciço rochoso, com o objetivo de se obter parâmetros de
avaliação de sua granulometria e analisar a melhor fragmentação possível para
a situação da mineradora.
4
ABSTRACT
This work used the Kuz-Ram mathematical modeling, evaluating the parameter
variations in the fire plane considering blasts already carried out. The extraction
of gold ore in the mining company has had, as a response to blasting, the
presence of blocks of rock, commonly called boulders, in high proportion, forcing
the use of hydraulic breakers or secondary blasting with the use of explosives,
unexpectedly raising costs of the operation. In order to obtain a good
fragmentation of the massif, with characteristics that are compatible with the
production and with the equipment available at the company, - especially the
primary crusher that receives the material as it was disassembled - the fire plan
to be used must be well defined. On this basis, this monograph aims to optimize
the results of blasting by the mining company, seeking to analyze the results of
mass fragmentation, varying the parameters of the fire plane for the same rock
mass, in order to obtain parameters for evaluating its granulometry and analyze
the best possible fragmentation for the mining company's situation.
5
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
6
LISTA DE QUADROS E TABELAS
7
LISTA DE EQUAÇÕES
8
Sumário
1. INTRODUÇÃO .................................................................................... 10
1.1. OBJETIVOS ........................................................................................ 12
1.1.1. Objetivo Geral ..................................................................................... 12
1.1.2. Objetivos Específicos.......................................................................... 12
1.2. JUSTIFICATIVA .................................................................................. 12
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................ 14
2.1. Mineração Aura Apoena...................................................................... 14
2.2. Desmonte de Rochas .......................................................................... 14
2.3. Desmonte com Explosivos .................................................................. 15
2.4. Explosivos ........................................................................................... 15
2.5. Desmontes secundários ...................................................................... 16
2.6. Plano de Fogo ..................................................................................... 16
2.6.1. Parâmetros do Plano de Fogo ............................................................ 18
2.6.1.9. Razão de Carga ou Razão de Carregamento .................................. 22
2.7. Mecanismos de Ruptura das Rochas por Explosivos ......................... 22
2.8. Modelo de Fragmentação Kuz-Ram.................................................... 24
3. METODOLOGIA ................................................................................. 28
4.0. RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................... 33
5.0. CONCLUSÃO ........................................................................................ 47
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 48
9
1. INTRODUÇÃO
10
No estudo deste caso, o método adotado pela mineradora Aura Apoena é
o desmonte de rochas com uso de explosivos. Esse método é amplamente
utilizado nas mineradoras do Brasil e vem sendo empregado na mineração
desde o século XVII, sendo a maneira mais eficiente de fragmentar rochas, em
termos de custos e de energia.
O sucesso ou insucesso de um desmonte de rochas com explosivos,
influencia diretamente em todas as etapas subsequentes de carregamento,
transporte e britagem primária, podendo elevar ou reduzir os custos operacionais
destas etapas. Em vista disso, faz-se necessário o correto dimensionamento dos
parâmetros do plano de fogo, como afastamento, espaçamento e diâmetro dos
furos. De acordo com Lopes (2020), esses parâmetros, conhecidos como
variáveis controláveis, associados aos conhecimentos geomecânicos e
estrutural do maciço se fazem necessários para a determinação da orientação e
inclinação dos furos, assim como para a adequada escolha do explosivo, de
forma a evitar problemas como oversizes, overbreaks, underbreaks e danos ao
maciço remanescente.
Em função do exposto acima, este trabalho busca indicar melhorias no
plano de fogo da mineração de ouro Aura Apoena. Através do modelo
matemático Kuz-Ram, desenvolvido por Cunningham (1983), propõe-se neste
trabalho encontrar um plano de fogo ideal, com intuito de reduzir a formação de
matacos e o uso de rompedores hidráulicos, transtorno esse que vem afetando
os custos operacionais dentro da mineradora. Busca-se, com isso, o melhor
resultado possível na extração da rocha para beneficiamento do minério e,
posteriormente, a comercialização do produto proveniente dos processos de
britagem e moagem.
11
1.1. OBJETIVOS
1.1.1. Objetivo Geral
Este trabalho tem como objetivo melhorar a fragmentação do material e
otimizar os recursos da Mineradora Aura Apoena. Através do modelo
matemático de Kuz-Ram, será proposto um plano de fogo ótimo que acarrete a
redução da quantidade de matacos, consequentemente, minimizando o uso do
rompedor hidráulico e da realização de desmontes secundários com explosivos
na mineradora.
1.2. JUSTIFICATIVA
Um processo de mineração é gerenciado por uma cadeia de operações
diretamente interligadas e o resultado de cada etapa ditará como a operação
subsequente se comportará a partir da anterior. No topo dessa cadeia de
operações, têm-se a primeira fase de cominuição de rochas, a perfuração e
desmonte, procedimento fundamental para a maioria dos empreendimentos
mineiros.
O resultado de um desmonte de rochas é o primeiro procedimento que
influencia os custos das operações unitárias subsequentes: carregamento,
transporte, britagem, moagem e concentração. Hoje, o consumo de energia
elétrica representa um dos maiores custos dentro de um empreendimento
mineral, principalmente nas etapas de fragmentação. Portanto, reduzir estes
custos através de um melhor aproveitamento da energia utilizada na
12
fragmentação, promove porcentagens significativas na redução de custos
financeiros para o empreendedor.
Apesar de possuir despesas elevadas, a perfuração e desmonte,
comparada a outras operações, representam a menor porcentagem em custos
energéticos. Os percentuais do consumo energético dentro da um
empreendimento mineiro pode ser representado graficamente (Figura 1).
5%
5%
23%
67%
13
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Mineração Aura Apoena
A mineradora Aura Apoena, localizada no município de Pontes e Lacerda
– MT e fica à distância de 432 km da capital Cuiabá (Figura 2). Pertencente ao
grupo Aura Minerals, a Mineração Aura Apoena iniciou suas atividades no
município em junho de 2016, quando concluiu a aquisição da mina de ouro
Ernesto/Pau-a-Pique que pertencia à Serra da Borda Mineração e Metalurgia
(SBMM), subsidiária da Yamana Gold. Hoje é considerada uma das maiores
mineradoras do Estado de Mato Grosso no setor de extração de ouro. Prova
disso, é o fechamento anual de 2020, cuja produção foi de 71.643 onças de ouro.
14
de forma mecânica quando o material se apresenta friável na superfície ou com
a utilização de explosivos, como é o caso analisado neste trabalho.
2.4. Explosivos
Explosivos são substâncias ou misturas em qualquer estado físico que,
quando são submetidas a uma causa térmica ou mecânica suficientemente
energética (calor, atrito, impacto etc.), se transformam, total ou parcialmente, em
gases, tendo como consequência um aumento repentino de pressão em um
intervalo de tempo muito curto, desprendendo uma considerável quantidade de
calor (SILVA, 2019). Alguns fatores devem ser levados em consideração na
seleção do explosivo, tais como:
Dureza da rocha (dura, média ou branda);
Tipo de rocha (ígnea, metamórfica ou sedimentar);
Natureza da rocha (homogênea ou fraturada);
15
Presença de água;
Diâmetro dos furos;
Região a que se destina (carga de fundo ou carga de coluna);
Custo.
16
resultados obtidos, pois convém ter em conta que os maciços são heterogêneos
e cada caso constitui, por si só, um caso único.
A escolha do plano de fogo ideal deve ser ajustada de acordo com o porte
dos equipamentos da empresa que está efetuando o desmonte. Na lavra, o plano
de fogo deve ser elaborado de forma que atenda ao porte dos equipamentos da
perfuração, carregamento e transporte disponíveis. Já para a planta de
processamento mineral, o plano de fogo deve ser adequado para o tamanho da
boca do britador primário. Como abordado por Ricardo e Catalani (2007), de
nada adianta um plano de fogo bem executado e com baixo custo de explosivos
e de furação que não obedeça às necessidades da planta.
As variáveis consideradas fundamentais para o cálculo de um plano de
fogo são:
Altura da bancada;
Diâmetro do furo;
Inclinação dos furos;
Afastamento;
Espaçamento;
Tampão;
Razão de carga.
17
Suas disposições em uma bancada podem ser observadas abaixo (Figura 3).
18
2.6.1.3. Malha de Perfuração
Define-se como malha de perfuração a área resultante do produto das
distâncias (em metros) adotadas para a locação dos furos em uma frente de
escavação de rocha (GERALDI, 2011):
19
Malha triângulo equilátero: são malhas estagiadas que dispõem a relação
E (espaçamento) / A (afastamento) = 1,15. São indicadas para rochas
compactas e duras e possuem ótima distribuição da energia do explosivo
no furo.
2.6.1.4. Afastamento
Para Silva (2019), de todas as dimensões de um plano de fogo, o
afastamento é a mais crítica. Corresponde à menor distância que vai do furo à
face livre da bancada ou a menor distância de uma linha de furos a outra.
Ricardo e Catalani (2007) explicam que desvios que ocorrem pelas
perfurações resultam em um valor de afastamento no pé da bancada maior ou
menor que o valor de afastamento no topo da bancada, ocasionando má
distribuição de explosivos ao longo do maciço rochoso, contribuindo para gerar
diversos problemas operacionais como uma fragmentação grosseira,
fragmentação extremamente fina, ultralançamentos entre outros.
Diversos autores propuseram fórmulas e condições de análises para o
cálculo do afastamento. Na opinião de Silva (2019), uma fórmula empírica e
bastante útil para o seu cálculo, para diâmetros de até 5” (127 mm), é expressada
pela Eq. 1.
Em que:
A = afastamento;
𝜌𝑒 = densidade do explosivo (g/cm3);
𝜌𝑟 = densidade da rocha (g/cm3) ou (t/m3);
𝑑𝑒 = diâmetro do explosivo (mm).
2.6.1.5. Espaçamento
Segundo Geraldi (2011), o espaçamento é definido como a distância em
metros entre os furos de uma linha do fogo. A relação prática para seu
dimensionamento está ligada diretamente ao afastamento (A).
𝐸 = 1,3 ∗ 𝐴 (Eq. 2)
20
2.6.1.6. Subperfuração
A subperfuração é a extensão do furo, que ultrapassa a altura da bancada
ou linha de greide. A necessidade de subperfuração ocorre a fim de se evitar a
formação de repés ou engasgamento da rocha no pé da bancada. A remoção
destes repés dá-se por meio de desmontes secundários, levando à perda de
produção, maior consumo de explosivos, desgaste excessivo de brocas e
aumento de custos. A subperfuração pode ser calculada por:
𝑆 = 0,3 ∗ 𝐴 (Eq. 3)
𝐻𝑓 = + 1− ∗𝑆 (Eq. 4)
( )
Em que:
HF = profundidade do furo;
HB = altura da bancada;
α = ângulo de inclinação dos furos
S = subperfuração
2.6.1.8. Tampão
É a parte superior da perfuração não é preenchida com explosivo, mas
carregada com material inerte tal como areia seca, pó de pedra e/ou brita. O
tampão tem a função de confinar os gases produzidos no momento do desmonte.
O confinamento adequado desses gases é de suma importância, pois garante a
eficácia do explosivo, além de controlar a sobrepressão atmosférica (RICARDO;
CATALANI, 2007). A altura do tampão é calculada através da seguinte equação:
𝑆 = 0,7 ∗ 𝐴 (Eq. 5)
21
2.6.1.9. Razão de Carga ou Razão de Carregamento
A razão de carregamento, ou consumo específico de explosivo, é a
quantidade de explosivos a ser utilizada por metro cúbico de rocha a desmontar
em uma detonação. Teoricamente, quanto maior a razão de carga em utilização,
maior será a fragmentação da rocha, se a malha for projetada corretamente. Esta
relação também se aplica à projeção da pilha de rocha detonada que se formará
na frente da bancada, pois quanto maior a razão de carga, maior será a projeção
da rocha detonada (GERALDI, 2011).
A razão de carga normalmente é expressa em g/m3 ou g/t, e pode ser
calculada a partir das seguintes expressões (MORAIS, 2004):
𝑅𝑐 = , 𝑒𝑚 𝑔/𝑚 (Eq. 6)
𝑅𝑐 = , 𝑒𝑚 𝑔/𝑡 (Eq. 7)
Onde:
Rc = razão de carregamento;
Qe = massa do explosivo em kg por furo;
A = afastamento;
E = espaçamento;
H = altura da bancada;
d = densidade da rocha em g/cm3.
22
Durante a fragmentação, a rocha fica submetida à duas ações, a primeira
sucede logo após a detonação, que é quando ocorre o forte impacto em um curto
período de tempo, já a segunda é causada pela atuação dos gases gerados, que
surgem devido à alta temperatura e pressão com a liberação da energia
termoquímica dos explosivos.
O processo de fragmentações das rochas passa por 5 mecanismos de
ruptura, sendo eles:
Detonação:
A detonação é o primeiro estágio de fragmentação de uma rocha – os
componentes de um explosivo consistem, geralmente, de um óleo e uma
combinação oxidante que, após a detonação, são convertidos em alta pressão e
alta temperatura de gases. A pressão na frente de detonação é da ordem de 1
GPa a 28 GPa, e a temperatura da ordem de 1600ºC a 3900ºC (MORAIS, 2004).
23
progride de volta ao ponto de origem, criando fraturas de tração no maciço
rochoso (MORAIS, 2004).
24
fragmentos baseado no tipo de rocha, direção e mergulho das descontinuidades
com relação à frente livre do desmonte. O fator de rocha A é um índice de
blastabilidade do maciço rochoso (MORAIS, 2004). O fator é obtido através da
equação abaixo:
𝐴 = 0,06 (𝑅𝑀𝐷 + 𝑅𝐷𝐼 + 𝐻𝐹) (Eq. 8)
Sendo: RMD = descrição do maciço rochoso; RDI = índice de densidade
de rocha; HF = fator de dureza. O RMD determina a classificação do
maciço rochoso como friável, fraturado ou compacto.
25
Se E < 50 GPa HF = E/3
HF
Se E> 50 GPa HF = UCS/5
E Módulo de Young (GPa)
Resistência à compressão
UCS
uniaxial (MPa)
Fonte: Adaptado de Morais (2004)
𝐸𝑟 = ( ) ∗ 𝑅𝑊𝑆 (Eq.9)
Sendo: ER = energia relativa por massa efetiva do explosivo; VODe =
velocidade de detonação efetiva do explosivo medida em campo (m/s);
VODn = velocidade de detonação nominal do explosivo (m/s); RWS =
energia relativa por massa comparada ao ANFO.
26
,
𝑛 = 2,2 − 14 [ ] 1− 𝑃 (Eq.11)
Sendo: B = afastamento (m); S = espaçamento (m); D = diâmetro do furo
(mm); W = desvio de perfuração (m); L = comprimento total da carga (m);
H = altura do banco (m). Para malha de perfuração quadrada, assume-se
P igual a 1,0 e para malha estagiada assume-se P igual a 1,1.
27
3. METODOLOGIA
Os dados para realização deste estudo foram fornecidos pela empresa
Aura Apoena, que atua no Estado no seguimento de extração do minério de ouro.
Através de reuniões e contato com alguns membros da empresa, foi feito um
levantamento bibliográfico da litologia da mina, informações dos dados técnicos
dos explosivo e materiais para detonação utilizados e uma análise dos planos de
fogo que já foram executados pela empresa na lavra.
O desenvolvimento do trabalho dá-se por meio da implementação das
cinco equações do modelo matemático Kuz-Ram, conforme foi descrito no tópico
2.8. A partir da execução de simulações em alguns desmontes que já foram
executados pela empresa será gerado uma curva de distribuição granulométrica.
A curva gerada servirá como base para comparação de outras simulações com
parâmetros do plano de fogo pré-selecionadas para que, desta forma, seja
possível realizar uma comparação de fragmentação do material. Essa análise
fornece os preceitos para que, então, seja definida uma malha ideal de desmonte
com redução da quantidade de matacos gerados (Fig 6).
28
é apresentar os resultados dos fatores que estão sendo calculados
automaticamente a partir dos dados que foram inseridos nos campos de cor
cinza.
O resultado final permitirá prever o impacto gerado na cominuição quando
se altera determinados parâmetros, substituindo desmontes reais por testes
pilotos.
29
3.1.2. Planilha 2 – Parâmetros do Explosivo
Após o lançamento das variáveis geométrica do plano de fogo, segue para
a inserção dos parâmetros do explosivo, indicadores necessários no cálculo da
Equação de Tidman e do Kuznetsov (Fig 8).
30
Tabela 3. Classificações Geomecânicas
CLASSIFICAÇÃO GEOMECÂNICAS - AURA APOENA
Descrição Símbolo Classificação Índice Valores
Friável 10
Classificação do
RMD Fraturado JF
maciço rochoso
Maciço 50
Densidade da rocha d -
Horizontal 10
Mergulhando para fora da face livre 20
Direção e mergulho com relação a face livre JPA -
Direção perpendicular a fáce livre 30
Mergulhando para dentro da face livre 40
<0,10m 10
Espaçamentos das descontinuidades JPS 0,10 a MS 20 -
MS a DP 50
31
Tabela 4. Análise Kuz-Ram
ANÁLISE KUZ-RAM - MINERAÇÃO AURA APOENA
Índices Simbolo Peneira Unidade Valores
Indice de Uniformidade n - -
Fator da Rocha A - -
Tamanho Médio X50 - cm
1 cm %
2 cm %
3 cm %
4 cm %
5 cm %
6 cm %
7 cm %
s
o
8 cm %
rã
sG
9 cm %
do
10 cm %
ho
15 cm %
an
P
m
20 cm %
Ta
do
25 cm %
o
30 cm %
çã
ui
35 cm %
rib
st
40 cm %
Di
45 cm %
50 cm %
55 cm %
60 cm %
65 cm %
68 cm %
32
4.0. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1. Aplicação Kuz-Ram no plano de fogo da Aura Apoena
Foram realizados o preenchimento das planilhas que foram demonstradas
acima com dados de 4 desmontes já realizados na seção de minério da Aura
Apoena (Fig. 11), dessa forma, foi gerado os valores correspondente às 5
equações que estruturam o modelo matemático de Kuz-Ram (Fig. 12), e também
as curvas granulométricas de cada plano de fogo (Fig. 13).
Tabela 5. Dados do Plano de Fogo fornecidos pela Aura Apoena
Fogo 2
4,0 3,45 4,00 2,50 0,86 0,24 0,11
(Denso)
Fogo 3
4,0 3,30 3,80 2,50 0,83 0,58 0,15
(Fechada)
Fogo 4
4,0 3,10 3,60 2,50 0,78 0,63 0,17
(Fechada)
33
Figura 7. Curvas granulométricas do plano de fogo Aura Apoena
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
0,01 0,1 1 10 100
mm
34
juntamente com os dados da classificação geomecânica foi encontrado os
resultados da planilha de Kuz-Ram (Tabela xx) e determinado a curva
granulométrica de fragmentação (Fig xx).
Tabela 7. Dados da entrada do plano de fogo - Sugestão 1
35
Tabela 10. Resultados Kuz-Ram - Sugestão 1
9 cm % 19,87
do
10 cm % 23,91
ho
15 cm % 45,83
an
P
m
20 cm % 66,29
Ta
do
25 cm % 81,66
o
30 cm % 91,28
çã
ui
35 cm % 96,37
rib
st
40 cm % 98,68
Di
45 cm % 99,58
50 cm % 99,88
55 cm % 99,97
60 cm % 99,99
65 cm % 100,00
68 cm % 100,00
Fonte: Arquivo pessoal.
36
Figura 7. Curva Granulométrica Real x Sugestão 1
Aumento Percentual
Razão de Carga Aura Apoena 0,17
Razão de Carga - Sugestão 1 0,56
Aumento % 229%
Fonte: Arquivo pessoal
E como este parâmetro da operação de desmonte de rochas é o mais importante
da ordem econômica, será necessário realizar um estudo de custos interno na
empresa para averiguar se compensa aderir a mudança proposta na sugestão
1, visto que, necessitária realizar mais furos, alocar mais explosivo, contudo, em
questões de fragmentação a mudança geraria bons resultados, eliminando os
37
custos com desmontes secundários se comparado aos desmontes que já foram
realizados na empresa.
38
Tabela 13. Resultados Kuz-Ram - Sugestão 2
9 cm % 4,14
do
10 cm % 5,08
ho
15 cm % 11,09
an
P
m
20 cm % 18,86
Ta
do
25 cm % 27,88
o
30 cm % 37,56
çã
ui
35 cm % 47,33
rib
st
40 cm % 56,73
Di
45 cm % 65,38
50 cm % 73,01
55 cm % 79,51
60 cm % 84,85
65 cm % 89,09
68 cm % 91,15
Fonte: Arquivo pessoal
39
Figura 12. Curva Granulométrica Real x Sugestão 2
40
apenas os parâmetros de afastamento e espaçamento os resultados obtidos
foram:
41
Tabela 16. Resultados Kuz-Ram - Sugestão 3
9 cm % 7,96
do
10 cm % 9,72
ho
15 cm % 20,47
an
P
m
20 cm % 33,36
Ta
do
25 cm % 46,88
o
30 cm % 59,71
çã
ui
35 cm % 70,92
rib
st
40 cm % 80,02
Di
45 cm % 86,94
50 cm % 91,87
55 cm % 95,19
60 cm % 97,29
65 cm % 98,54
68 cm % 99,02
Fonte: Arquivo pessoal
42
Figura 14. Curva Granulométrica Real x Sugestão 3
43
Tabela 17. Dados da entrada do plano de fogo - Sugestão 4
44
Tabela 1913. Resultados Kuz-Ram - Sugestão 4
9 cm % 5,83
do
10 cm % 7,17
ho
15 cm % 15,57
an
P
m
20 cm % 26,16
Ta
do
25 cm % 37,93
o
30 cm % 49,86
çã
ui
35 cm % 61,09
rib
st
40 cm % 70,99
Di
45 cm % 79,23
50 cm % 85,71
55 cm % 90,57
60 cm % 94,02
65 cm % 96,36
68 cm % 97,35
Fonte: Arquivo pessoal
45
Figura 16. Curvas granulométricas Real x Sugestão 4
46
5.0. CONCLUSÃO
Nenhuma empresa no ramo de mineração está desprovida de obter
resultados negativos em operações de desmonte. Geração de excesso de
materiais finos ou exageradamente grosseiros - backbreaks, overbreak, entre
outros problemas que podem ser associados a desmontes ineficazes.
Entretanto, tentar prever esses inconvenientes, através de modelos matemáticos
criados especificamente para esta área, muda as condições e qualidade na hora
de realizar um desmonte de rochas.
O modelo Kuz-Ram foi utilizado para simular possíveis malhas de
desmontes na mineradora Aura Apoena, para isto, foram analisados 4 tipos de
situações: malha ideal seguindo os parâmetros do plano de fogo, uma malha
mais aberta de 4 m x 4,5 m, uma mais próxima do que é utilizado 3,5m x 4 m e
uma trocando o diâmetro do bit de perfuração. Todos sendo comparados à curva
de fragmentação de 4 desmontes que já foram realizados anteriormente na
empresa.
Em relação à comparação com os fogos já realizados, todas as 4
sugestões trouxeram resultados positivos, alguns extinguindo e outros reduzindo
a necessidade do uso de um rompedor ou explosivos para aplicar em matacos
remanescentes do desmonte principal.
Para definir qual das 4 opções seria a mais ideal para a Aura Apoena, faz-
se necessário saber qual o percentual de custo máximo que a mesma quer ter
com a operação de perfuração e desmonte. Visto que, em todas as 4 situações
propostas, haveria uma elevação de custos na operação. Entretanto, aplicar
qualquer uma das sugestões tornaria o processo mais otimizado e produtivo para
empresa.
Isso pode contribuir com os planos futuros da mina, já que formações
rochosas podem se alterar bruscamente de uma bancada a outra. Prever a
fragmentação da rocha com antecedência e acuidade, torna a mina mais
lucrativa e organizada, já que a organização prévia de qualquer empreendimento
sempre traz bons resultados.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AURA MINERALS. Aura 360° Mining. 2021. Disponível em:
<https://auraminerals.com/pt-br/operations/production-pt-br/ernesto-pau-a-
pique/>.
SCOOT, A.; COCKER, A.; DJORDJEVIC, N.; HIGGINS, M.; LA ROSA, D.;
SARMA, K. S.; WEDMAIER, R. Open pit blast design – Analysis and
Optimisation. Queensland: Mining and Mineral Processing, 1996, 338 p.
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