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CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
NATAL/RN
2022
MAILSON RODRIGUES DE MEDEIROS GUIMARÃES
NATAL/RN
2022
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede
NATAL/RN
2022
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
SISTEMA INTEGRADO DE PATRIMÔNIO, ADMINISTRAÇÃO E
FOLHA DE ASSINATURAS
CONTRATOS
Emitido em 27/07/2022
Visualize o documento original em https://sipac.ufrn.br/documentos/ informando seu número: 19, ano: 2022, tipo:
ATA, data de emissão: 27/07/2022 e o código de verificação: 19f9f417b7
Dedico à equipe Potiguar Rocket Design que, mesmo dentro de suas limitações, pôde
contribuir grandemente para a minha formação acadêmica e pessoal.
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a meus pais, José Marcone e Maria Lúcia, por toda a
educação, disciplina e apoio que me deram ao longo da minha vida. Também agradeço a
minha tia, Maria José, por toda a educação de base que me foi dada, possibilitando que
eu seja quem eu sou hoje.
À UFRN, por toda a infraestrutura, serviços e recursos que possibilitaram meu
desenvolvimento acadêmico, profissional e pessoal. A Victor Araújo Ferraz, por aceitar o
desafio de orientar este trabalho. Aos demais professores de excelência que foram divisores
de água na minha formação acadêmica: José Alberto Nicolau, Vincent Patrick, Antonio
Luiz Pereira de Siqueira, Arrhenius Vinicius, Vicente Angelo e Fred Sizenando.
A João Correia Saraiva Júnior, quem me orientou e me introduziu à escrita
acadêmica, me ensinando muito ao longo de toda a minha passagem pelo IFRN.
A todos os meus amigos que estiveram comigo ao longo dessa jornada, compar-
tilhando momentos de alegria e me incentivando. Em especial aos grupos "Relatório"e
"M-Chorões"que tornaram até os priores momentos da graduação em descontração e
felicidade.
A Débora Everly, amor da minha vida, por todo o apoio dado, em quem posso
confiar em todos os momentos. Agradeço por estar ao meu lado e por ser responsável
por muitas das minhas conquistas na universidade, além de ter me apresentado muitas
oportunidades, como o INPE, PRD e GIM.
À Potiguar Rocket Design, pela oportunidade de compor esta grande equipe, onde
pude conhecer várias pessoas e ter muitas experiências além do ambiente de sala de aula.
Ao professor George Santos Marinho, por coordenar toda a equipe. Aos membros do setor
de eletrônica e controle que estiveram sob minha tutorial ao longo dos três anos que passei
na equipe, que possibilitaram meu crescimento pessoal e me ensinaram muito também.
Em especial, aos membros do grupo "Cringe Móvel"por todo o apoio.
Ao INPE e meus antigos companheiros de trabalho, Manoel Jozeane, José Marcelo,
Lúcio Jotha, Moisés Cirilo e Almir, agradeço por toda a experiência compartilhada. À
Natalmakers, por toda experiência técnica e profissional adquirida, além dos grandes
momentos de alegria proporcionados pelos meus amigos Júlio Aprígio, Arthur Venâncio e
sobretudo, Marcos Oliveira, meu eterno patrão e mentor.
“Vou tentar nunca mais cair nas mesmas falhas
Lembre sempre que nada que é bom vai vir de graça
Eu não vou esperar que alguém escreva minha história
Nessa vida quem fica parado se conforma."
Pense, Espelho da Alma
Resumo
O presente trabalho apresenta a implementação de um sistema embarcado que tem por
finalidade realizar a ignição de motores de foguetes experimentais que façam o uso de
combustível sólido, baseando-se em projetos semelhantes. Além disso, introduzir o uso
de supercapacitores como meio viável de fornecimento de energia para a ignição. O
sistema em questão deve ser microcontrolado e capaz de atuar com segurança, possuindo
redundâncias, bem como ser escalável para o acréscimo de novas funcionalidades e de
fácil operação e manutenção. Para atingir tais objetivos, é necessário o entendimento do
funcionamento de sistemas de ignição de foguetes, compreendendo o que é normalmente
realizado, assim como verificar a atuação dos supercapacitores dentro do contexto proposto.
Os resultados obtidos através de simulação confirmam que os supercapacitores escolhidos
para o projeto conseguem fornecer uma grande quantidade de energia, como também
atendem aos tempos de carga e descarga estipulados, sendo tais comportamentos verificados
também em laboratório. A utilização dos capacitores em condição análoga à operação
de ignição também mostra resultados positivos. Já o protótipo mostra que é possível
obter dados de tensão e corrente do circuito de forma confiável desde que sejam feitas as
calibrações necessárias, assim como a programação do protótipo é capaz de garantir uma
boa navegação do usuário pelo sistema e a realização de uma lógica de ignição segura. A
validação do protótipo garante então que o sistema embarcado possa ser implementado de
forma confiável e definitiva através de placas de circuito impresso.
A Ampère
AD Analógico-digital
DA Digital-analógico
F Farad
Hz Hertz
kB Quilobyte
kΩ Quiloohm
Li-Ion Lítio-íon
m Metro
m2 Metro quadrado
mA Miliampère
mAh Miliampère-hora
MB Megabyte
MHz Megahertz
ms Milissegundo
mV Milivolt
MΩ Megaohm
OTA Over-the-Air
RC Resistor-capacitor
RF Radiofrequência
s Segundo
V Volt
W Watt
µF Microfarad
µm Micrômetro
µV Microvolt
Ω Ohm
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.1 Organização do trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2 REFERENCIAL TEÓRICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.1 Ignitor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.2 Foguete experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.2.1 Teste de propelente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.2.2 Teste estático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.2.3 Lançamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.3 Supercapacitores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.3.1 Circuito RC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.3.2 Circuito equivalente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.4 Sistemas embarcados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
5.1 Simulações do circuito RC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
5.2 Caracterização dos supercapacitores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
5.3 Teste de queima de filamento de NiCr . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
5.4 Implementação do protótipo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
5.4.1 Circuitos de controle dos relés . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
5.4.2 Teste de continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
5.4.3 Circuitos de medição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
5.4.4 Programação do firmware e lógica de atuação . . . . . . . . . . . . . . . . 70
5.5 Projeto final do sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
5.5.1 Subsistema de controle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
5.5.2 Interface do operador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
5.5.3 Subsistema de alimentação e monitoramento de energia . . . . . . . . . . . 75
5.5.4 Subsistema de potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
6 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
APÊNDICES 85
1 Introdução
falha. O terceiro teste não foi realizado devido à ignição prematura de um dos motores do
foguete no CLA resultando na morte de 21 funcionários (ANTUNES, 2016).
Neste contexto aeroespacial, muitas equipes de foguetes experimentais com foco
acadêmico foram criadas atreladas às instituições de ensino. Pode-se citar equipes como
a ITA Rocket Design, vinculada ao Instituto Técnico de Aeronáutica (ITA), a Minerva
Rockets, associada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Potiguar Rocket
Design (PRD) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), dentre outras.
Tais equipes reúnem um grupo de estudantes e professores direcionados ao desenvolvi-
mento de tecnologia aeroespacial, projetando foguetes, nanossatélites, drones e tecnologias
assistenciais a esses projetos.
Uma dessas tecnologias assistenciais no que diz respeito aos foguetes experimentais
é o ignitor, sendo este o elemento responsável por iniciar a queima do combustível do
motor que impulsiona o veículo para cima. Tal sistema é de suma importância e deve ser
projetado para funcionar de forma segura através de redundâncias e de forma eficiente,
diminuindo a chance de ignições falhas. Um dos efeitos diretos em caso de um projeto com
problemas de segurança é a ocorrência de ignições acidentais, visto que a possibilidade
de um motor de foguete explodir está sempre presente devido às forças que agem sobre
a estrutura durante a queima do combustível. Dessarte, uma ignição em um momento
inoportuno com risco de explosão pode causar danos materiais e pessoais graves. Além
disso, a ocorrência de ignições falhas acarreta no atraso da realização de operações e
eventuais janelas de tempo para a realização destas.
Desse modo, o presente trabalho tem como objetivo principal a elaboração de um
novo projeto de sistema embarcado de ignitor para a equipe PRD, sendo voltado para
motores de propelente sólido. Para isso, deve-se revisar projetos existentes de ignitores,
incluindo os já projetados pela própria equipe de maneira a apresentar possíveis melhorias,
e a utilização de supercapacitores como meio primário de fornecimento de energia para a
realização de uma ignição. Além de garantir a escalabilidade do projeto, possibilitando a
implementação de interfaces necessárias para a realização de ignições a distância, acréscimo
de módulos externos para a coleta de dados do ambiente e do foguete, dentre outros. O
projeto também deve possuir várias barreiras de segurança para impedir ignições acidentais,
sejam estas através de lógica controlada ou barreiras físicas que realizam o bloqueio do
circuito de ignição. O sistema também deve ser de fácil manuseio e manutenção para o
usuário. A validação do funcionamento da ideia apresentada será realizada através de
um protótipo montado em protoboard contendo todos os subsistemas propostos, onde os
resultados serão obtidos através da realização de simulações, medições, calibrações e testes
da lógica de acionamento. Uma vez realizada a validação, serão apresentados projetos de
Placas de Circuito Impresso (PCIs) que atendam as especificações propostas.
Capítulo 1. Introdução 20
2 Referencial Teórico
2.1 Ignitor
O motor é o componente responsável por fornecer a propulsão necessária para pôr
o veículo em movimento. Motores cuja propulsão ocorre devido a uma reação química
podem ser classificados como: motores de propulsão sólida, líquida e híbrida. Um motor
de propulsão sólida possui seu combustível, ou propelente, em estado sólido e ao ser
ignizado, não há controle de sua queima, que acontece até que todo o combustível seja
consumido. Estruturalmente, um motor possui três partes principais, como mostra a
Figura 1: envelope (1), tubeira (2) e bulkhead (3). A tubeira é a parte responsável por
escoar os gases produzidos pela queima. O envelope é o tubo que contém as células
de combustível sólido. Por fim, o bulkhead consiste no tampo da outra extremidade do
envelope.
segura para o ignizar. Existem diversas formas de se alocar o elemento de ignição no motor,
como mostra a Figura 2.
O fato do filamento ser fino faz com que sua resistência seja elevada de maneira que
quando uma corrente elétrica passa, o Efeito Joule é acentuado, incandescendo o material
que transfere calor para a pólvora ignizando-a. Após isso, ocorre a explosão do invólucro
Capítulo 2. Referencial Teórico 23
de forma direcionada pelo lado mais frágil (papel) ocasionando a queima das células de
combustível sólido.
Em relação ao circuito responsável por enviar a descarga de energia ao esquibe,
normalmente é feito através de uma bateria com grande capacidade de corrente que entra
em curto-circuito tendo o esquibe como carga. A Figura 4 mostra o sistema de ignição
possuindo dois botões em série com uma bateria, gerando uma redundância de segurança
no acionamento.
Figura 4 – Representação simplificada de um sistema de ignição
Alguns ignitores são realizados de forma mais elaborada e segura (Figura 5) contendo
indicadores visuais de status do sistema. Também é introduzido o uso de um relé de forma a
isolar o botão de acionamento do circuito que passa uma corrente mais alta e é responsável
pela ignição.
Ao contrário dos testes de propelente, o teste estático possui muitos riscos envolvidos,
visto que o motor-foguete pode possuir uma ou mais células de combustível enclausurada
em um envelope de metal. Durante a ignição, há um aumento repentino de pressão no
interior do corpo do motor que, caso não seja resistente o suficiente, acarretará na sua
explosão. O estouro do motor pode ocorrer através do rasgamento lateral do envelope,
Capítulo 2. Referencial Teórico 27
expelindo detritos metálicos em alta velocidade, bem como frações do combustível que
podem estar em chamas, sendo capazes de iniciar um incêndio. Outra possibilidade é a
ejeção em alta velocidade do bulkhead ou da tubeira do motor, que são as peças mais
resistentes e maciças. A Figura 8 mostra uma situação de teste estático falho em que
houve vazamento através do tampo do motor, ocasionando na danificação do sistema de
células de carga.
Diante de tais riscos, em operações de teste estático, devem ser adotadas medidas
de segurança em diversos âmbitos, delimitando-se áreas de risco, limitação da quantidade
de pessoas, armazenamento do combustível etc. Testes estáticos de motores devem ser
feitos em espaços abertos com área de segurança garantida através de um estudo do perfil
de espalhamento dos detritos do motor em caso de explosão, porém, esta distância não
deve ser inferior a 50 m (COBRUF. . . , 2018). Da mesma forma, o ignitor deve operar da
forma mais segura possível para reduzir a possibilidade de acidentes.
2.2.3 Lançamento
O lançamento é a finalidade do projeto de um foguete. Nesta operação, o foguete
é posicionado em uma base de lançamento com uma determinada inclinação. Após sua
liberação para voo, é realizada a ignição do motor que o impulsiona por um certo tempo.
Após atingir o apogeu de sua trajetória, o sistema de recuperação deve atuar ejetando o
paraquedas, possibilitando a retomada do foguete em segurança e sem maiores danos.
Assim como o teste estático, é uma operação que apresenta muitos riscos sendo
os principais a explosão do motor e a falha do sistema de recuperação do foguete. Para
garantir diminuir a chance de acidentes nestas operações existem códigos de segurança
estipulando parâmetros para o sistema de ignição, local de lançamento, motor do foguete,
sistema de recuperação etc. Em específico, o sistema de ignição deve ser elétrico, assim
como o esquibe, bem como deve possuir um intertravamento em série com o contato
de ignição, sendo que este contato deve retornar automaticamente para a posição de
”desligado” quando solto (NATIONAL ASSOCIATION OF ROCKETRY, c2022).
Assim como nos testes estáticos, são definidas distâncias seguras em relação ao
foguete para a realização da operação. No caso dos lançamentos, esta distância deve ser
maior, visto que a área em que o foguete pode cair é maior em relação à área que uma
explosão de motor afetaria. A Tabela 1 apresenta possíveis distâncias estipuladas de acordo
com a capacidade de impulso do motor instalado no foguete.
Capítulo 2. Referencial Teórico 28
2.3 Supercapacitores
A capacitância consiste em uma relação entre dois condutores, sendo expressa
pela razão entre a carga elétrica de um dos condutores e a diferença de potencial entre
ambos (HAYT; BUCK, 2013). Baseando-se em tal efeito, existem componentes eletrônicos
denominados de capacitores, os quais são responsáveis pelo armazenamento de cargas
elétricas em seu campo elétrico.
Q
C= (2.1)
V
Partindo-se do princípio, um capacitor elementar pode ser realizado através de
duas placas paralelas de área A e com uma distância d entre si onde o espaço entre ambas
é preenchido por um material dito dielétrico:
Na presença de cargas elétricas nas placas, surge um efeito capacitivo que é dado
pela seguinte equação:
A
C=ε (2.2)
d
Capítulo 2. Referencial Teórico 29
ε = ε0 εr (2.3)
De acordo com as Eqs. (2.2) e (2.3) e a tabela acima, por exemplo, para se obter um
capacitor eletrolítico de alumínio de 1,5 F, 6 V, considerando-se εr = 10 e d = 0, 0013 · 10−6
m/V, é necessária uma área total de 36,71 m2, ou, um quadrado de lado 6,06 m. Tal
capacitor de placas paralelas é impraticável nas maneiras convencionais de fabricação. Uma
das formas de se aumentar a eficiência na fabricação dos capacitores é enrolar o capacitor
de placas paralelas em uma espiral (Figura 10), formando um cilindro. Dessarte, pode-se
condensar uma grande área do dielétrico em um pequeno invólucro, aumentando-se assim
a capacitância resultante.
dois capacitores em série com capacitâncias altas. Vale ressaltar que o entendimento acerca
dos supercapacitores vai além do que foi exposto, porém, o entendimento das relações
eletroquímicas para a contribuição da capacitância final vai além do escopo do trabalho.
É possível comparar os supercapacitores com outros meios de armazenamento de
energia através de um diagrama de Ragone (Figura 12), o qual expressa em seu eixo
vertical a densidade de potência (specific power) em W/kg e no horizontal a densidade de
energia (specific energy) em Wh/kg.
2.3.1 Circuito RC
Um circuito RC (resistor-capacitor) consiste em um circuito que possui um elemento
resistivo (R) e um capacitivo (C). No caso do presente trabalho, o alvo é o circuito em
que estes elementos estão em série. Quanto estes elementos estão sob uma diferença de
potencial (Vs ), as grandezas envolvidas no circuito (carga, tensão e corrente) seguem o
Capítulo 2. Referencial Teórico 32
Figura 13 – (a) Carga do capacitor versus tempo durante carga. (b) Corrente sobre o
resistor versus tempo. (c) Tensão sobre o capacitor versus tempo. (d) Tensão
sobre o resistor versus tempo
Analisando-se o gráfico de corrente (b), tem-se uma corrente inicial dada apenas
pela relação entre a tensão da fonte de alimentação e a resistência (Lei de Ohm). Após
este momento inicial, a corrente segue um comportamento dado por:
Vs −t/τ
i(t) = e (2.4)
R
onde:
τ = RC (2.5)
Figura 14 – (a) Carga do capacitor versus tempo durante descarga. (b) Corrente sobre o
resistor versus tempo. (c) Tensão sobre o capacitor versus tempo. (d) Tensão
sobre o resistor versus tempo
A corrente que passa pelo circuito possui sentido contrário, visto que nesse caso o
capacitor fornece energia para o sistema. A corrente inicial é dada pela relação entre a
tensão armazenada no capacitor (nesse caso, vc (0)) e a resistência em série (R). A corrente
em função do tempo, desconsiderando-se o sinal que representa o sentido, é dada por:
vc (0) −t/τ
i(t) = e (2.8)
R
A corrente do circuito decai exponencialmente atingindo 36,8% do valor inicial em
t = τ . Já a tensão é a mesma tanto para o capacitor quanto para o resistor, visto que só
Capítulo 2. Referencial Teórico 34
para realizar uma função dedicada. Em muitos casos, os sistemas embarcados fazem parte
de um sistema ou produto maior[...].”
Com o ritmo em que a tecnologia se desenvolve, atualmente tem-se a aplicação de
sistemas embarcados em diversos segmentos, como os aparelhos eletrônicos de consumo
encontrados no mercado tendo como exemplos os celulares, as câmeras videogames dentre
outros. No segmento de automação de escritório tem-se as máquinas de fax, copiadoras
e impressoras. No âmbito automotivo pode-se citar os sistemas de controle da transmis-
são, sistema de injeção, freios Anti-lock Braking System (ABS) dentre outros (VAHID;
GIVARGIS, 2001; STALLINGS, 2010).
Um sistema embarcado orientado a programa possui um processador central que
se conecta com uma gama de outras interfaces e componentes. A Figura 16 mostra um
exemplo de sistema embarcado que além do processador, possui uma memória, seja esta
dedicada a dados ou instruções (firmware), uma interface humana (i.e. botões e display),
possui uma interface com sensores externos através de um conversor analógico-digital
(AD) que converte os valores de tensão dos sensores para os bits que o processador pode
interpretar, operar e armazenar. Também pode-se observar a presença de atuadores,
sendo controlados através de um conversor digital-analógico (DA). Além da parte lógica
do sistema embarcado, existem sistemas auxiliares que, por exemplo, são responsáveis
por garantir seu funcionamento como o sistema de alimentação e o de resfriamento. O
entendimento dos demais blocos não é necessário para o presente trabalho.
ATmega328P (ATMEL, c2015), e com uma interface mais elaborada para o usuário, como
pode ser visto na Figura 18. Antes havia apenas um LED para indicação da carga, que foi
substituído por um Liquid Crystal Display (LCD) de 20x4 caracteres (1). Também foram
postas na interface uma chave de três posições (2) para alterar entre carga e descarga dos
capacitores, um switch com chave (3) para armar o ignitor, ou seja, possibilitar que a
descarga acontece. Por fim, um botão vermelho para realizar a ignição (4).
Foi realizado em uma caixa de madeira (Figura 19) contendo três subdivisões,
sendo uma para o microcontrolador (1), a segunda contendo os relés de controle de carga e
descarga e um circuito de monitoramento da tensão dos capacitores (2). A última divisão
continha um banco de quatro capacitores de 15000 µF ligados em série-paralelo (3).
de curto-circuito.
Em (7) tem-se o circuito RC com os relés de carga e descarga, e em (8) pinos para
o acionamento manual dos relés sem a necessidade do microcontrolador, para ser usado
em caso de mau funcionamento do circuito.
Apesar da grande evolução desta versão em relação à anterior, o circuito possuía
alguns problemas. Os conectores de pinos utilizados são suscetíveis a mau contato, causando
instabilidade nas leituras dos botões do sistema. Para a utilização do resistor de descarga
dos capacitores (6) era necessário desmontar o ignitor e mudar um jumper de posição.
O acúmulo de funções (ignizar e coletar dados) sobre o microcontrolador causou
problemas com o passar do tempo, além do fato de que para poder realizar a coleta de
dados, o sistema devia ficar muito próximo do motor-foguete, tornando necessária a ignição
à distância através da conexão Wireless Fidelity (Wi-Fi) do ESP8266, que dependia de
uma rede local que, se ausente, inviabilizava a operação.
A conexão de todo o sistema sobre uma única fonte de alimentação (duas baterias
de 4,2 V em série) passou a causar problema de instabilidade no microcontrolador e no
display utilizado. Durante o chaveamento dos relés e início da carga dos capacitores, onde
uma corrente mais alta é solicitada, o microcontrolador podia reiniciar e o brilho display
também era afetado.
42
Para a idealização de um novo sistema de ignição (Figura 21), optou-se por manter
algumas estruturas de versões anteriores (em azul) e criar novas funcionalidades (em verde)
para atender às necessidades do projeto. Vale ressaltar que mesmo os circuitos mantidos
devem sofrer melhorias para atender ao projeto.
corresponde uma dada mudança em Volts. A Tabela 4 expressa a FSR do ADS1115 apenas
para tensões positivas e LSB considerando-se apenas 15 bits (desconsiderando-se o bit de
sinal).
Através das interfaces de comunicação também podem ser usados sensores para
coletar dados ambientais do local de lançamento, como temperatura, umidade, velocidade
e direção do vento, altitude e localização geográfica através do Global Positioning System
(GPS). Possibilitando a realização de estudos futuros sobre como estes afetam a realização
de um teste estático ou um lançamento, por exemplo. Também pode-se incluir um módulo
responsável por coletar dados do foguete na base de lançamento, como a obtenção da
velocidade de saída da base.
Manteve-se uma chave de segurança em série com a saída assim como as versões
anteriores, funcionando como forma de redundância ao relé K3. Considerando os capacitores
Capítulo 4. Ignição com supercapacitores 46
Vc (t)
= (1 − e−t/RC ) (4.1)
Vs
Vc (t)
e−t/RC = 1 − (4.2)
Vs
Aplicando-se o logaritmo natural em ambos os lados:
Vc (t)
!
−t
= ln 1 − (4.3)
RC Vs
Isolando-se R:
−t
R= (4.4)
ln 1 − Vc (t)
Vs
C
−60
R= (4.5)
ln 1 − 10,8
12
0, 75
Dessa forma, R ≈ 34, 74 Ω, sendo que neste valor está incluso a ESR dos capacitores
que consiste em 640 mΩ. Subtraindo-se, tem-se que a resistência de carga Rc é de 34, 10 Ω.
Para o cálculo da potência dissipada pela resistência, é necessário inicialmente
calcular a corrente drenada pelo circuito levando-se em consideração a resistência em série
dos capacitores:
V −t/RC
I(t) = e (4.6)
R
Capítulo 4. Ignição com supercapacitores 47
Pmax = Rc I 2 (4.7)
Vc (t)
= e−t/RC (4.8)
Vc (0)
Vc (t)
!
−t
ln = (4.9)
Vc (0) RC
−t
R=
Vc (t)
(4.10)
ln Vc (0)
C
−30
R= (4.11)
ln 0,1
10,81
0, 75
este valor, tem-se uma corrente inicial 1, 28 A e uma potência de 12, 78 W. Cada resistor
atua com uma sobrecarga de 0, 56 W neste instante.
Pode-se calcular o tempo final em que os resistores irão sair do estado de sobrecarga
através da equação da potência em função do tempo, procurando-se o momento em
que a potência dissipada pelo resistor será igual a 10 W (potência total do conjunto).
Substituindo-se a Eq. (2.8) na Eq. (4.7) para a potência em função do tempo, tem-se:
!2
Vc (0) −t/RC
P (t) = Rd e (4.12)
R
!2
P (t) Vc (0) −t/RC
= e (4.13)
Rd R
s
P (t) Vc (0) −t/RC
= e (4.14)
Rd R
s
P (t) R
e −t/RC
= (4.15)
Rd Vc (0)
s
−t P (t) R
= ln (4.16)
RC Rd Vc (0)
s
P (t) R
t = −ln RC (4.17)
Rd Vc (0)
4.3.2 Monitoramento
O monitoramento da tensão do banco de capacitores foi mantida em relação à
versão anterior (Seção 3.3), com um divisor de tensão em paralelo com os capacitores. O
divisor foi dimensionado para uma tensão máxima dos capacitores de 12 V, tendo-se na
saída 3,3 V que é a tensão máxima escolhida para o conversor AD utilizado.
Capítulo 4. Ignição com supercapacitores 49
R2
Vout = Vin (4.18)
R1 + R2
Substituindo os valores desejados, tem-se:
R2
3, 3 = 12 (4.19)
R1 + R2
Reorganizando-se a equação acima para se obter um valor de resistência em função
do outro, tem-se o seguinte:
R1 ≈ 2, 64R2 (4.20)
4.6 Log
Para se obter um maior controle e monitoramento sobre o próprio sistema para a
identificação de possíveis falhas, optou-se pela criação de um log, tanto de dados quanto de
eventos. Ou seja, deve-se armazenar dados coletados pelos sensores em função do tempo,
bem como os eventos realizados pelo operador, seja de operações de ignição ou mudanças
de configurações. Tais informações devem ser guardadas em um armazenamento não-volátil,
isto é, que a integridade dos dados seja mantida mesmo após o desligamento do sistema,
além de que devem ser de fácil acesso.
Apesar do microcontrolador escolhido possuir 4 MB de memória flash que pode
ser alocada para o armazenamento de dados, foi preferido o uso de um módulo externo
com interface para cartão de memória. Sendo assim, é possível armazenar uma grande
quantidade de informações, visto que os tamanhos padrões de armazenamento em cartões
Capítulo 4. Ignição com supercapacitores 52
de memória são muito superiores à memória flash do ESP32. Além disso, os dados são de
fácil acesso, processamento e interpretação ao utilizar o auxílio de um computador.
Para a obtenção da informação de data e hora do log foi utilizado o Real Time Clock
(RTC) interno do próprio microcontrolador, ao contrário de outros microcontroladores que
necessitariam de um periférico externo para tal tarefa.
4.7.2 Monitoramento
Para o sistema de alimentação, tanto a tensão da fonte utilizada quanto a corrente
instantânea drenada são de suma importância. Para a medição de corrente, buscou-se por
um sensor capaz de medir corrente contínua com precisão para a medição na ordem de
miliamperes. O sensor escolhido foi o ACS712 (ALLEGRO MICROSYSTEMS, c2006),
possuindo três versões capazes de medir ±5 A, ±20 A ou ±30 A.
O sensor de 5 A consegue suprir as necessidades dos circuitos. Este possui uma
sensibilidade de 185 mV/A e opera com tensão de 5 V. Ao conectar este circuito ao
conversor AD estipulado com FSR de 6, 144 V e LSB de 187, 5 µV , deve ser possível medir
variações de corrente na ordem de 1 mA. Vale ressaltar que quanto menor a intensidade
do sinal a ser medido, mais suscetível a ruídos este será.
A medição da tensão foi realizada de forma análoga ao do banco de capacitores,
Capítulo 4. Ignição com supercapacitores 54
A escolha dos pinos foi realizada de forma a facilitar o processo de criação de uma
PCI contendo o microcontrolador, respeitando as restrições do ESP32 que possui pinos
reservados ou que funcionam apenas como entrada. As funcionalidades de cor verde são as
saídas, em laranja as entradas, em roxo os pinos que podem ser escolhidos como entrada
ou saída para a interface externa. Os pinos marcados em vermelho são os pinos utilizados
pelas interfaces de comunicação UART, SPI e I2C.
As funções com prefixo ”ENC” são referentes ao encoder rotativo da interface do
operador, assim como o prefixo ”BOT” faz referência as botões da interface. Os sinais de
saída ”IGNIZAR”, "DESCARGA"e "CARGA"estão associados ao controle dos relés. Já os
sinais ”SD_ERROR”, ”BAT1_LOW” e ”BAT2_LOW” acendem os LEDs presentes na
interface.
A funcionalidade associada ao ”FCURSO” faz referência a uma chave fim de curso
pensada para estar presente no conector que leva os fios do ignitor até o esquibe no
foguete. Dessa forma, o microcontrolador pode saber quando o cabo está conectado ou
não, possibilitando a utilização deste fato para introduzir mais um grau de segurança á
operação.
o processo de carga de forma análoga ao caso anterior. Caso o cabo seja conectado antes do
momento certo, o relé de carga dá lugar ao de descarga, descarregando completamente os
capacitores. Ao final do processo de carga, pode ser introduzida uma contagem regressiva
para garantir mais tempo ao operador observar algum problema e cancelar a missão. Caso
haja contagem, ao final desta, os capacitores descarregam.
Vale ressaltar que a todo momento a operação também pode ser impedida de forma
redundante através da chave de segurança que fica em série com a saída. Ao longo dos
processos, dados de tensão e corrente estarão sendo coletados e armazenados no log, bem
como os comandos realizados pelo operador.
O acionamento a distância só é justificado para operações com motores, possuindo
uma lógica semelhante ao de testes de propelentes. Porém, para que seja possível realizar
dessa forma, o cabo do esquibe deve estar conectado e a chave de segurança sempre fechada.
Abre-se mão destes quesitos de segurança em troca da possibilidade de realizar a ignição
de forma segura a uma distância maior. Os comandos e dados são trocados através de um
enlace RF.
5 Resultados e Discussões
Devido à ausência do relé como componente no software, este foi substituído por
uma chave controlada por tensão onde o sinal de controle foi gerado por fontes de tensão
pulsadas configuradas para que a chave de carga permanecesse ligada entre 0 s e 60 s.
Os sinais de controle das chaves podem ser observados na Figura 29, onde em vermelho
Capítulo 5. Resultados e Discussões 58
tem-se o sinal de controle da chave de carga e em verde o da chave de descarga que foi
configurada para atuar entre 65 s e 95 s. Este intervalo de tempo deve ser o suficiente para
atender ao ciclo de descarga tanto para o esquibe quanto para os resistores.
Para a simulação da carga de ignição, foram considerados 100 metros (50 m de ida
e volta) de condutores encordoados para cabos unipolares e multipolares com resistência de
12, 1 Ω/km, resultando em uma resistência de 1, 21 Ω (NAMBEI, c2022). A resistência do
filamento de níquel-cromo foi considerada desprezível dado o seu comprimento reduzido.
No primeiro caso, considerou-se dois capacitores de 1,5 F em série com ESR de 320
mΩ cada e a descarga na carga pirotécnica de ignição, cujo gráfico da Figura 30 apresenta
em verde a corrente (eixo direito) nos capacitores e em azul a tensão (eixo esquerdo). Vale
ressaltar que o simulador adota um sentido de referência, sendo o positivo a corrente de
carga e o negativo a corrente de descarga. A corrente inicial do capacitor durante a carga
foi de 346, 42 mA, atingindo 34, 40 mA ao decorrer de 60 s. Já no ciclo de descarga, o
módulo da corrente inicial foi de 5, 84 A, se tornando aproximadamente 12 µA.
Capítulo 5. Resultados e Discussões 59
esr 0, 64
Vc=V = 12 · ≈ 221, 71 mV (5.1)
Rc + esr 34, 64
Após isso, a carga do capacitor segue o comportamento normal de exponencial até
que, no final do ciclo de carga em t = 60 s, a tensão nos capacitores é de 10, 83 V e a
chave de carga é desativada. No intervalo de tempo entre 60 s e 65 s, a corrente cai para
aproximadamente zero, visto que o único caminho para os capacitores descarregarem é o
circuito de medição de tensão. A Figura 31 mostra a tensão (eixo esquerdo) de saída do
circuito de medição e a corrente (eixo direito) que passa pelos resistores. Como o circuito
resistivo é linear, os gráficos de tensão e corrente estão sobrepostos.
Capítulo 5. Resultados e Discussões 60
Rd 1, 21
V c = Vc (0) · = 10, 83 · ≈ 7, 08 V (5.2)
esr + Rd 1, 85
Outra informação importante que pode-se obter a partir da simulação do circuito
são as potências dissipadas pelas resistências envolvidas. A Figura 32 mostra que durante
o pico de corrente inicial, a resistência de carga dissipa aproximadamente 4, 08 W que, se
dividida igualmente entre os resistores de 2 W dimensionados, cada um deve dissipar 2, 04
W. Já o esquibe dissipa uma potência máxima de 41, 3 W.
Capítulo 5. Resultados e Discussões 61
Assim como na Figura 32, a potência foi simulada e obteve-se um pico de 12, 8 W
que, se dividida entre os cinco resistores de 39 Ω resulta em cada um dissipando 2, 56 W,
ou seja, estes operam em sobrecarga durante o início da descarga. Aproximadamente 0, 77
s depois, a potência atinge o valor de 10 W e os resistores operam dentro da normalidade.
Os resultados obtidos através das simulações foram condizentes com os cálculos de
dimensionamento mostrados anteriormente, com exceção do efeito da ESR na simulação que
desconsidera o efeito capacitivo no instante de início da carga e descarga dos capacitores.
de tensão. Sabendo-se que foi utilizada uma fonte de 12 V, após um intervalo de tempo
τ , a tensão no capacitor deve ser de 63,2% da tensão de alimentação, ou seja, 7, 584 V.
Subtraindo-se o offset, a tensão neste ponto deve ser de 7, 424 V. Na curva obtida, em
uma tensão de 7,44 V, o intervalo de tempo foi de 22 s (τ ). Substituindo-se os valores de
τ e R (Rc + ESR) na Eq. (2.5), tem-se uma capacitância aproximada de 0, 64 F, ou 1, 28
F em cada capacitor considerando que são idênticos. O mesmo processo foi realizado para
um intervalo de tempo t = 2τ , onde a tensão medida deve ser de 86,4% subtraindo-se
o offset, resultando em 10, 21 V. Na curva, aferiu-se um valor de 10, 4 V em t = 54, 4 s.
Houve impossibilidade de medição do ponto em que ocorre a tensão de 10, 21 V devido às
limitações de amostragem do equipamento.
Obteve-se que foi necessário um tempo de 62,4 s para que os capacitores atingissem
90% de sua carga máxima, sendo próximo do valor de 60 s para o qual foi projetado. Não
pôde-se obter a curva completa de carga devido a sua duração. Apesar de não ter sido
possível medir a corrente, é possível calcular seu valor inicial através da Eq. (2.4) para
t = 0 s, resultando em um valor de 347 mA.
Para a obtenção da curva de descarga, esperou-se a carga completa do capacitor
(12 V), então conectou-se aos resistores de descarga (8 Ω). Dessarte, obteve-se a curva da
Figura 35 com base de tempo de 5 s por divisória, visto que o processo de descarga é mais
rápido devido a resistência menor.
obtida, foi possível aferir o instante de tempo apenas para a tensão de 4, 4 V, resultando
em um intervalo de descarga τ = 5, 8 s. Utilizando-se da Eq. (2.5), tem-se uma capacitância
equivalente de 0, 671 F, ou, 1, 34 F para cada capacitor. Para t = 2τ , procurou-se na curva
por uma tensão de 0, 135Vc (0), ou, 1,61 V. De acordo com a medição adquirida, para uma
tensão de 1,6 V, o tempo decorrido na descarga foi de 11, 4 s. Considerando o primeiro τ
obtido para a descarga, o valor esperado deveria ser de 11, 6 s, sendo muito próximo do
encontrado através da medição. Já a corrente inicial de descarga pode ser obtida através
da Eq. (2.8) para t = 0 s, resultando em 1, 37 A.
Por fim, realizou-se a medição da curva de descarga dos capacitores sobre um
curto-circuito (fio com resistência medida de 1, 2 Ω). Pode-se ver a medição do osciloscópio
na Figura 36, com uma base de tempo de 500 ms por divisória, dada a variação rápida.
forma, por exemplo, havia a indução de erros nos circuitos de medição de tensão. Porém,
visto que o conjunto a nível de hardware foi validado, é possível realizar a conversão do
circuito em placas de circuito impresso para a eliminação de problemas como esses citados.
As seções a seguir descreverão os testes e resultados de alguns dos circuitos que compõem
o sistema.
partir deste valor pelo microcontrolador. Além disso, é exibida a diferença entre o valor
de entrada medido e o calculado. O intervalo considerado para a aquisição de dados foi
entre 10 V, que é a tensão máxima para a qual o divisor foi dimensionado, e 6 V, sendo
considerada a tensão mínima em que as baterias estão completamente descarregadas.
A aquisição dos dados foi realizada de forma análoga aos casos anteriores. Nesse
caso é possível observar que a tensão de saída obtida pelo multímetro e a medida pelo
ADC estiveram bem próximas, porém, ao utilizar este valor junto com as resistências para
o cálculo da tensão de entrada, é notável que há uma discrepância entre os valores. Tal
erro também foi observado nas medições anteriores, como já discutido anteriormente.
Visto que o erro estava no cálculo e não na medição, o problema estava em considerar
o circuito como um divisor de tensão, ou seja, a corrente que entra no conversor ADC deveria
ser nula para isto ser verdade. Dessa forma, pode-se concluir que o erro é decorrente
da impedância de entrada do conversor que é finita, afetando o circuito de medição.
Existem algumas formas de se contornar tal problema, seja através da programação do
microcontrolador ou intervenção no próprio circuito. A Figura 38 apresenta a tensão de
entrada medida no eixo vertical e a calculada no horizontal. Foi realizada a regressão linear
do gráfico para se obter a equação exibida na figura. Esta função cria uma correspondência
do valor calculado com erro para o valor real medido, funcionando como uma função de
calibração. Vale ressaltar que o termo R2 = 1 indica que os dados estão perfeitamente
alinhados com a linha de tendência, o que é esperado, visto que o circuito apresenta
comportamento linear por possuir apenas elementos resistivos.
Capítulo 5. Resultados e Discussões 69
Por último, foi testada a medição de corrente através do sensor de corrente ACS712
de 20 A, visto que o de 5 A proposto na Seção 4.7.2 não estava disponível. Além disso,
durante o teste do sensor de corrente, foi constatado que o ADC utilizado para os testes
era de 12 bits, porém, os resultados obtidos serão discutidos da mesma forma, visto que
Capítulo 5. Resultados e Discussões 70
Visto que os circuitos de medição de corrente estão contidos apenas nas baterias,
estes não irão medir a corrente de descarga dos capacitores. Devido à baixa resolução,
o gráfico é feito em degraus de 30 mA onde é possível observar um comportamento de
descida da corrente semelhante ao observado na Seção 2, onde com o passar do tempo, a
corrente decresce em uma taxa mais lenta, fazendo com que os degraus exibidos no gráfico
se tornem cada vez mais longos. Além disso, é possível observar a presença de ruído nas
medições próximas a zero fazendo com que os valores oscilem entre -30 mA e 30 mA. Com
isso, é possível constatar que a utilização do conversor AD e o sensor de corrente corretos
no projeto final, pode-se obter uma medição de corrente precisa e confiável.
pelo circuito de medição de tensão e corrente, terminando nos conversores step-up que
elevam a tensão das baterias para um nível adequado do sistema.
Das etapas descritas anteriormente, com exceção do circuito de medição, as demais
etapas são soluções prontas, como já apresentado na Seção 4.7. Para atender à necessidade
do projeto de se realizar a medição de tensão e corrente de dois conjuntos de bateria e
transmitir essas informações para o microcontrolador, foi projetada uma placa de circuito
impresso (Figura 47). Esta placa possui uma simetria, sendo a parte superior responsável
pela alimentação de 8,4 V e a inferior pela de 4,2 V, de forma que os elementos de cima e
de baixo são equivalentes.
Em (1) e (4) tem-se os conectores de entrada da corrente das baterias, sendo estes
para as alimentações de 8,4 V e 4,2 V respectivamente. Após passar pelo sensor de corrente
(5), tem-se os conectores de saída em (2) e (3). Em (6) há o amplificador operacional
associado ao conversor AD (10). Em (7) e (8) há terminais dispostos para a medição
de tensão com multímetro, sendo um para a tensão da bateria e outro para a tensão de
saída do divisor de tensão (9). Dessa forma, pode-se monitorar as tensões, por exemplo,
durante o processo de regulagem dos conversores step-up, ou até mesmo para a calibração
do divisor de tensão. Por fim, em (11) tem-se conector que recebe a alimentação de 5 V
dos circuitos e o barramento I2C para o envio dos dados dos sensores para a placa de
controle. O diagrama completo do circuito pode ser visto no Apêndice C.
Capítulo 5. Resultados e Discussões 77
A placa foi projetada de tal forma a possibilitar que os resistores de carga e descarga
possam ser substituídos futuramente, respeitando-se o limite de cinco resistores em paralelo
e de 2 W de potência como é mostrado na Figura 48. Sendo assim, pode-se mudar os
tempos de carga e descarga para atender novas especificações de projeto. Da mesma
Capítulo 5. Resultados e Discussões 78
forma, foi reservado o espaço para o uso de até nove supercapacitores em um arranjo
máximo de três conjuntos de três capacitores em série ligados em paralelo. Porém, tanto a
quantidade de capacitores utilizados quanto sua organização é definida pelo responsável
pelo redimensionamento do circuito RC. Para o presente trabalho, basta-se soldar dois
capacitores em série e curto-circuitar os terminais do local onde deveria ficar o terceiro,
para garantir a continuidade do circuito. O diagrama do circuito do circuito pode ser visto
no Apêndice D.
79
6 Conclusão
O setor aeroespacial tem obtido cada vez mais relevância nos últimos tempos.
Neste contexto, equipes são formadas em prol do desenvolvimento e democratização de
tecnologias voltadas para foguetes experimentais, sendo uma destas o ignitor. Tal sistema
é de suma importância para evitar a ocorrência de ignições acidentais em um momento
inoportuno, de forma que este deve ser implementado de forma segura.
Dessa forma, o presente trabalho, através da revisão das versões anteriores de
ignitores, conseguiu propor as devidas melhorias no sistema. A partir da criação do
protótipo, comprovou-se a possibilidade de realização da ignição com a utilização de
dois supercapacitores e foi garantida a escalabilidade do sistema para a sua expansão
devido ao microcontrolador escolhido e às interfaces disponibilizadas. Também garantiu-
se a realização de uma ignição segura através de redundâncias realizadas a partir de
programação e chaves que impossibilitam a carga e descarga dos capacitores sem que as
condições de segurança sejam satisfeitas.
A partir das simulações realizadas, pôde-se obter resultados acerca do comporta-
mento dos supercapacitores no circuito de forma a corresponder ao esperado em relação
aos componentes calculados. Também constatou-se um comportamento semelhante nos
testes realizados em laboratório para a caracterização dos supercapacitores, onde obteve-se
valores aproximados em relação ao que o fabricante propõe. As diferenças podem ser
justificadas devido à atuação de parâmetros que não puderam ser medidos em laboratório,
como por exemplo, a ESR dos capacitores.
Foi constada a capacidade de realizar a ignição com os capacitores em condições
análogas à de uma ignição real, utilizando um cabo longo onde constatou-se tanto o
acendimento de um filamento de NiCr quanto a realização da explosão de um esquibe.
Outrora, com o protótipo em protoboard, obteve-se resultados positivos em relação à
atuação do circuito de controle de carga e descarga e o teste de continuidade proposto.
Os circuitos de medição de tensão foram testados, validados e, quando necessário,
calibrados. Em relação ao circuito de medição de corrente, houve problemas relacionados
ao conversor AD utilizado para os testes, que se mostrou limitado para o proposto. Porém,
verificou-se que, na utilização do conversor correto, o circuito de corrente funcionará da
maneira à qual foi projetado.
Se tratando da programação do firmware do microcontrolador, esta foi realizada
onde obteve-se resultados positivos em relação à interface do operador idealizada com
o display, encoder e botões. A lógica de controle dos relés e a implementação do log
para o armazenamento de dados e eventos também funcionou como esperado. Por fim,
Capítulo 6. Conclusão 80
apresentou-se projetos de PCIs que integrassem o que foi proposto para o sistema de
ignição, levando em consideração a montagem final da melhor forma, tornando-o definitivo
(ao contrário do protótipo), podendo reduzir a ocorrência de problemas como mau contato.
Apesar da validação da ideia a nível de protótipo, o sistema ainda carece de algumas
melhorias e trabalhos futuros. Após a fabricação das PCIs propostas, estas devem ser
soldadas e testadas de forma a garantir todo o funcionamento do sistema e a interconexão
entre os subsistemas. Além disso, pode-se implementar a atualização Over-the-Air (OTA)
do firmware do microcontrolador, que é realizada através de uma rede sem fio, sem
a necessidade de um cabo conectado a um computador. Ademais, há a otimização da
programação do firmware, que foi subutilizada quando observadas as capacidades do ESP32.
A programação foi feita apenas em um dos dois núcleos do microcontrolador, sendo que os
dois podem ser utilizados e as funções podem ser organizadas em tarefas de forma mais
eficiente através de Real Time Operating System RTOS. Também pode-se implementar a
conectividade com bluetooth e Wi-fi para, por exemplo, garantir a sincronização constante
do RTC interno para a execução do log. Por fim, no presente trabalho foram apresentadas
algumas ideias de módulos externos que podem fazer interface com o sistema, incluindo a
possibilidade de ignição a distância, sendo a implementação destes de suma importância
para o futuro das operações com foguetes experimentais.
81
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