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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO TECNOLÓGICO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

Vinicius Rugeri Borges Bonini

ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICA DE UM SISTEMA DE AQUECIMENTO


SOLAR DE ÁGUA PARA EVITAR A FORMAÇÃO DE DEPÓSITOS DE
PARAFINA EM COLUNAS DE PRODUÇÃO DE PETRÓLEO ONSHORE

Florianópolis
2020
Vinicius Rugeri Borges Bonini

ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICA DE UM SISTEMA DE AQUECIMENTO


SOLAR DE ÁGUA PARA EVITAR A FORMAÇÃO DE DEPÓSITOS DE
PARAFINA EM COLUNAS DE PRODUÇÃO DE PETRÓLEO ONSHORE

Dissertação submetida ao Programa de Pós-


Graduação em Engenharia Mecânica da
Universidade Federal de Santa Catarina para
obtenção do título de Mestre em Engenharia
Mecânica.
Orientador: Prof. Sergio Colle, D. Sc.
Coorientador: Allan Ricardo Starke, Dr. Eng.

Florianópolis
2020
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor,
através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.

Bonini, Vinicius Rugeri Borges


Análise técnica e econômica de um sistema de aquecimento
solar de água para evitar a formação de depósitos de
parafina em colunas de produção de petróleo onshore /
Vinicius Rugeri Borges Bonini ; orientador, Sergio Colle,
coorientador, Allan Ricardo Starke, 2020.
131 p.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa


Catarina, Centro Tecnológico, Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Mecânica, Florianópolis, 2020.

Inclui referências.

1. Engenharia Mecânica. 2. Evitar parafinação. 3.


Petróleo. 4. Calor de processo solar. 5. Simulação. I.
Colle, Sergio. II. Starke, Allan Ricardo. III.
Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós
Graduação em Engenharia Mecânica. IV. Título.
Vinicius Rugeri Borges Bonini

ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICA DE UM SISTEMA DE AQUECIMENTO


SOLAR DE ÁGUA PARA EVITAR A FORMAÇÃO DE DEPÓSITOS DE
PARAFINA EM COLUNAS DE PRODUÇÃO DE PETRÓLEO ONSHORE

O presente trabalho em nível de mestrado foi avaliado e aprovado por banca examinadora
composta pelos seguintes membros:

Prof. Sergio Colle, D. Sc.


Presidente - UFSC

Prof. Edson Bazzo, Dr. Eng.


UFSC

Prof. Samuel Luna de Abreu, Dr. Eng.


IFSC

Certificamos que esta é a versão original e final do trabalho de conclusão que foi julgado
adequado para obtenção do do título de Mestre em Engenharia Mecânica.

Documento assinado digitalmente


Jonny Carlos da Silva
Data: 15/05/2020 15:25:29-0300
CPF: 514.515.064-49

Prof. Jonny Carlos da Silva, Dr. Eng.


Coordenador do Programa
Documento assinado digitalmente
Sergio Colle
Data: 15/05/2020 13:34:06-0300
CPF: 029.976.499-00

Prof. Sergio Colle, D. Sc.


Orientador:
Documento assinado digitalmente
Allan Ricardo Starke
Data: 06/05/2020 16:17:58-0300
CPF: 006.091.529-39

Allan Ricardo Starke, Dr. Eng.


Coorientador:

Florianópolis, 26 de Março de 2020.


À Deus.

Aos meus pais,


Cladir e Edilson,
por sempre me apoiarem.
AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus em primeiro lugar, pelo dom da vida e por me abençoar em todos
os meus caminhos. Meus agradecimentos ao meu orientador, professor Sergio Colle, ao
meu coorientador Allan Ricardo Starke e ao conselheiro Leonardo Lacerda Lemos, os quais
por sua dedicação, competência, paciência e objetividade me nortearam e possibilitaram a
realização deste trabalho. Agradeço também toda a equipe do LABSOLAR pela oportunidade
e auxílio na realização desta dissertação.
Aos meus pais, Cladir Aparecida Rugeri e Edilson Borges Bonini, por me permitirem
realizar esse mestrado, me auxiliando e aconselhando da melhor forma possível em todos
os momentos. Meu muito obrigado à todos os meus amigos, colegas e conhecidos, que me
apoiaram para que eu pudesse completar esse trabalho.
O presente trabalho foi realizado com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvi-
mento Científico e Tecnológico (CNPq) através do processo GM/GD - Cotas do Programa
de Pós-Graduação, número 161586/2018-0. Sou igualmente grato a PETROBRAS pelo am-
paro e fomento da realização dessa pesquisa e desse trabalho, através do projeto 4600536881.
Enfim, gratulo a todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a realização
desse trabalho.
"Sabedoria e valor, juntos, lhe dão grandeza.
Porque ambos são imortais, dão eternidade a quem os tem.
Quanto mais conhece, mais será admirado, pois o sábio e o gênio tudo podem.
Um homem sem conhecimento é como um quarto às escuras.
Mas devemos saber usar a sabedoria e a força, os olhos e as mãos.
A sabedoria sem valentia é estéril"
Baltasar Gracián
RESUMO

A deposição de parafina em colunas de produção de petróleo pode, em casos extremos,


ocasionar a interrupção da produção, contudo, a injeção periódica de água quente na coluna
de produção pode evitar esse problema. Essa água, convencionalmente é aquecida através
da queima de gás natural ou via resistência elétrica. Uma alternativa para evitar o consumo
de gás natural e energia elétrica é a utilização de um sistema de calor de processo solar.
A decisão de substituir o sistema convencional por um sistema solar requer uma avaliação
técnica e econômica do sistema, a qual deve ser realizada através de simulações detalhadas
do funcionamento do sistema proposto. Nesse contexto, o presente trabalho consiste na
criação de uma plataforma de simulação transiente para simular a operação do sistema de
aquecimento solar de água proposto, implementada no programa TRNSYS. Esse programa
possui grande flexibilidade para realizar a simulação dinâmica de sistemas térmicos, pois
é capaz, dentre outras competências, de considerar a variação da radiação solar ao longo
do tempo. O sistema proposto é composto por um campo de coletores solares planos, que
aquecem água indiretamente através de uma serpentina imersa no reservatório térmico com
volume de 3 m3 . A água aquecida, a uma temperatura de 95 ◦C, contida nesse reservatório é
injetada diariamente na coluna de produção de petróleo. A plataforma é capaz de considerar
o sombreamento existente no campo de coletores e a perda de carga de todo o circuito
hidráulico, contabilizando a potência elétrica parasita consumida no funcionamento. Para a
cidade de Candeias-Bahia, foram inicialmente estudados os efeitos das variáveis de projeto,
área de coletores, inclinação dos coletores, distância entre fileiras, vazão do sistema, tarifa e
inflação do combustível e taxa de desconto; sobre o desempenho térmico e econômico do
sistema, através da fração solar e do 𝐿𝐶𝑆, respectivamente. Realizada a otimização do 𝐿𝐶𝑆 em
termos das variáveis analisadas, obtendo-se um 𝐿𝐶𝑆 com backup elétrico de R$151.900,00,
correspondente a um campo solar de 113,22 m2 , atingindo uma fração solar anual de 63,7 %
e um tempo de retorno de investimento de 6,6 anos.
Palavras-chave: Evitar parafinação, petróleo, calor de processo solar, simulação, análise
econômica, TRNSYS.
ABSTRACT

The paraffin deposition in oil production column, in extreme cases may cause oil
production to stop. In order to avoid the pipe obstruction hot water injection inside the
production column can avoid this problem. Water is currently heated by burning natural
gas or by electrical resistance. An alternative to reduce natural gas and electrical energy
consumption is the use of a solar process heat system. The decision to replace the conventional
system with a solar system requires a technical and economical evaluation of the system,
which must be made through detailed simulations of the proposed system operation. The
present work focused on the transient simulation platform to evaluate the performance of the
proposed solar water heating system, by using TRNSYS software. This software offers great
flexibility to perform the dynamic simulation of thermal systems, as it is able, to evaluate the
performance with variation of the solar radiation over time. The porposed system consists of
a field of flat plate solar collectors, which heat water indirectly through a coil immersed in
the thermal reservoir with a volume of 3 m3 . The heated water, at a temperature of 95 ◦C,
contained in the reservoir is injected daily into the oil production column. The simulation
platform is able to take into account the shading in the collector field and the pressure
drop of the entire hydraulic circuit, accounting for the parasitic electrical power consumed
in operation. For the city of Candeias-Bahia, initially, the effects of the design variables,
collector area, collector inclination, row distance, system flow rate, fuel tariff and inflation
and discount rate, on the thermal and economic performance of the system through the
solar fraction and 𝐿𝐶𝑆, respectively. Optimization in terms of the analyzed variables, lead to
an optimized 𝐿𝐶𝑆 of R$151.900,00, for a solar field of 113.22 m2 , reaching an annual solar
fraction of 63,7 % and a payback time of 6.6 years.
Key-words: Avoid paraffin deposition, petroleum, solar process heat, simulation, economic
analysis, TRNSYS.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 – Principais setores de aplicação de SHIP. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2


Figura 2.1 – Exemplo de tubulação bloqueada pelo depósito de parafina. . . . . . . . . 7
Figura 2.2 – Tipos de coletores solares relacionados às suas temperaturas de operação
e faixa de temperatura de processos industriais . . . . . . . . . . . . . . . 8
Figura 2.3 – Sombreamento entre fileiras de coletores em um campo solar. . . . . . . 9
Figura 3.1 – Esquema conceitual do layout do sistema de aquecimento solar para injeção
de água no poço MUI-15. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Figura 3.2 – Representação esquemática do cabeçote de entrada do campo de coletores. 17
Figura 3.3 – Metodologia para o dimensionamento do cabeçote de entrada do campo
de coletores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Figura 3.4 – Seleção do diâmetro de cada seção do cabeçote de entrada do campo de
coletores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Figura 3.5 – Representação do escalonamento do cabeçote de entrada do campo de
coletores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Figura 3.6 – Representação esquemática do cabeçote de saída do campo de coletores. . 19
Figura 3.7 – Seleção do diâmetro de cada seção do cabeçote de entrada do campo de
coletores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Figura 3.8 – Representação do escalonamento do cabeçote de saída do campo de coletores. 20
Figura 3.9 – Representação esquemática do reservatório térmico. . . . . . . . . . . . . 22
Figura 3.10–Tipos de trocadores de calor imersos, (A) feixe de tubos horizontais; (B)
feixe de tubos verticais; (C) serpentina; (D) tubo enrolado. . . . . . . . . 22
Figura 3.11–Representação esquemática do serpentina dentro do reservatório térmico. 23
Figura 3.12–Dimensões características das curvas em U. . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Figura 3.13–Procedimento de verificação dimensional da serpentina imersa dentro do
reservatório térmico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Figura 3.14–Acomodação do trocador de calor dentro do reservatório, (A) quadrado
inscrito dentro da área transversal do reservatório; (B) disposição dos tubos
dentro da área transversal do reservatório. . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Figura 3.15–Representação esquemática do dissipador de calor. . . . . . . . . . . . . . 25
Figura 3.16–Dimensões dos tubos aletados do dissipador de calor. . . . . . . . . . . . 26
Figura 3.17–Resistências térmicas do dissipador de calor. . . . . . . . . . . . . . . . . 26
Figura 3.18–Procedimento para a determinação do comprimento dos tubos do Type
8005. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Figura 3.19–Esquema simplificado da válvula divisora de fluido. . . . . . . . . . . . . 30
Figura 3.20–Esquema simplificado da válvula misturadora de líquido. . . . . . . . . . 31
Figura 3.21–Lógica de controle implementada para as bombas dos coletores solares
do sistema de aquecimento solar auxiliar da água quente para injeção no
poço de produção de MUI-15. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Figura 3.22–Fluxograma do controle do aquecimento auxiliar elétrico do reservatório
térmico e injeção de água quente no poço de produção de MUI-15 . . . 33
Figura 3.23–Arranjo dos coletores solares empregado para o sistema de injeção de
água aquecida em poços de petróleo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Figura 3.24–Divisão da simulação em três setores, em vermelho o setor do campo solar,
em verde o setor do reservatório e em azul o setor do dissipador de calor. 39
Figura 4.1 – Sistema de aquecimento solar, e sistema de controle, para injeção de água
aquecida em poços de petróleo desenvolvido no programa TRNSYS. . . 44
Figura 4.2 – Operação do sistema solar de injeção de água aquecida em poços de
petróleo para um dia com elevada radiação solar, para Candeias-BA. . . . 45
Figura 4.3 – Operação do sistema solar de injeção de água aquecida em poços de
petróleo para um dia com radiação solar baixa, para Candeias-BA. . . . . 47
Figura 4.4 – Energias que entram (setas azuis) e saem (setas vermelhas) do sistema solar
de aquecimento de água para o poço de produção MUI-15. . . . . . . . 48
Figura 4.5 – Energias médias mensais para o sistema solar de aquecimento de água do
poço de produção de MUI-15. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Figura 4.6 – Fração solar mensal para o sistema de aquecimento solar de água para
injeção no poço de produção MUI-15. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Figura 4.7 – Fração solar anual em função da área do campo de coletores . . . . . . . 52
Figura 4.8 – 𝐿𝐶𝐶1 em função da área do campo de coletores . . . . . . . . . . . . . . 52
Figura 4.9 – 𝐿𝐶𝐶2 em função da área do campo de coletores . . . . . . . . . . . . . . 53
Figura 4.10–𝐿𝐶𝑆 em função da área do campo de coletores. . . . . . . . . . . . . . . . 53
Figura 4.11–Efeito da energia elétrica de bombeamento no 𝐿𝐶𝑆𝑒𝑙𝑒 em função da área
do campo de coletores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
Figura 4.12–Queda de pressão em função da área do campo de coletores. . . . . . . . 54
Figura 4.13–Fração solar anual, e fator de sombreamento em função da inclinação dos
coletores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Figura 4.14–LCS em função da inclinação dos coletores. . . . . . . . . . . . . . . . . 56
Figura 4.15–Fração solar anual, e fator de sombreamento em função da distância entre
as fileiras de coletores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
Figura 4.16–LCS em função da distância entre as fileiras de coletores. . . . . . . . . . 57
Figura 4.17–Queda de pressão e potência de bombeamento em função da vazão do
sistema. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Figura 4.18–LCS em função da vazão do sistema. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Figura 4.19–LCS em função da tarifa do combustível. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
Figura 4.20–𝐿𝐶𝑆 em função da inflação dos combustíveis. . . . . . . . . . . . . . . . . 59
Figura 4.21–𝐿𝐶𝑆 em função da taxa de desconto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
Figura 4.22–𝐿𝐶𝑆 em função da área do campo de coletores para três taxas de desconto
distintas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
Figura 4.23–Tempo de retorno em função da área do campo de coletores para três
taxas de desconto distintas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Figura 4.24–𝑅𝑂𝐼 em função da área do campo de coletores. . . . . . . . . . . . . . . . 61
Figura B.1 – Contração cônica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
Figura B.2 – Representação esquemática do “T divisor” de fluido. . . . . . . . . . . . 80
Figura B.3 – Representação esquemática do tê misturador de fluido. . . . . . . . . . . 82
Figura B.4 – Dimensões características de um cotovelo. . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
Figura B.5 – Dimensões características das curvas em U. . . . . . . . . . . . . . . . . 87
LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 – Componentes utilizados para a simulação do sistema de aquecimento solar


para o poço de MUI-15. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Tabela 3.2 – Parâmetros do reservatório térmico para o sistema de injeção de água do
poço MUI-15 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Tabela 3.3 – Parâmetros para o cálculo da serpentina imersa no tanque de armazenamento 36
Tabela 3.4 – Dimensões da serpentina imersa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Tabela 3.5 – Parâmetros de referência para os coletores solares . . . . . . . . . . . . . 37
Tabela 3.6 – Parâmetros de referência para o dissipador de calor . . . . . . . . . . . . 38
Tabela 3.7 – Dimensões de referência do dissipador de calor . . . . . . . . . . . . . . 38
Tabela 3.8 – Propriedades dos materiais utilizados nas tubulações e isolamentos térmicos 39
Tabela 3.9 – Comprimentos das tubulações e quantidade de acessórios em cada um dos
setores do sistema hidráulico do circuito do fluido térmico do campo de
coletores para aquecimento de água solar para o poço de MUI-15 . . . . 39
Tabela 3.10–Parâmetros dos controladores do sistema de controle do sistema de injeção
de água aquecida em poços de petróleo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Tabela 3.11–Inputs dos controladores do sistema de controle do sistema de injeção de
água aquecida em poços de petróleo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Tabela 3.12–Custos e inflação das fontes de energia auxiliares . . . . . . . . . . . . . . 41
Tabela 4.1 – Resultados econômicos obtidos para o caso de referência . . . . . . . . . 51
Tabela B.1 – Correlações para a queda de pressão local para o difusor. . . . . . . . . . 79
Tabela B.2 – Correlações para a determinação da constante 𝐵 3 . . . . . . . . . . . . . . 81
Tabela B.3 – Correlações para a determinação da constante 𝐵 4 . . . . . . . . . . . . . . 82
Tabela B.4 – Correlações para a determinação da constante 𝐵 5 . . . . . . . . . . . . . . 83
Tabela B.5 – Correlações para determinação da constante 𝐵 10 . . . . . . . . . . . . . . 86
Tabela B.6 – Determinação da constante 𝐵 14 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
Tabela B.7 – Constantes para a determinação do coeficiente de queda de pressão da
válvula gaveta. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
LISTA DE SÍMBOLOS

𝐴 Área [ m2 ]
𝑎0 Coeficiente da eficiência do coletor de ordem zero [-]
𝑎1 Coeficiente da eficiência do coletor de primeira ordem [ W/(m2 K) ]
𝑎2 Coeficiente da eficiência do coletor de segunda ordem [ W/(m2 K2 ) ]
𝐴𝑐 Área do campo de coletores [ m2 ]
𝐵 Constantes [-]
𝑏0 Coeficiente de primeira ordem do IAM [-]
𝑏1 Coeficiente de segunda ordem do IAM [-]
𝐵𝑜 𝐿 Número de Boussinesq [-]
𝐶 Custo [ R$ ]
𝐶𝐴 Custos relacionados com a área do campo de coletores [ R$/m2 ]
𝐶𝐸 Custos não relacionados com a área do campo de coletores [ R$ ]
𝐶𝑆 Investimento inicial do sistema [ R$ ]
𝑐𝑝 Calor específico [ kJ/(kg K) ]
𝑑 Taxa de desconto [%]
𝐷 Diâmetro [m]
𝐷ℎ Diâmetro hidráulico [m]
𝐷0 Diâmetro externo [m]
𝑒 Espessura [m]
𝐸 Energia elétrica [ kJ ]
𝑓 Fator de atrito [-]
𝐹 Fator de segurança [-]
ℱ Fração solar anual do sistema [%]
Coeficiente de conversão de potência elétrica em energia tér-
𝐹𝑝𝑎𝑟 [-]
mica da bomba
𝐹𝑅 Fator de remoção do coletor solar [-]
𝑔 Aceleração da gravidade [ m/s2 ]
ℎ Coeficiente de troca térmica convectiva [ W/(m2 K) ]
𝐻 Altura [m]
𝑖 Inflação [%]
𝐼 Irradiação solar [ W/m2 ]
𝑘 Condutividade térmica [ W/(m K) ]
𝐿 Comprimento [m]
𝑙𝑒𝑙 Comprimento de tubulação reta entre cotovelos em curva U [m]
̇
𝑚 Vazão mássica [ kg/s ]
𝑚 Taxa de juros do financiamento [%]
𝑀 Massa [ kg ]
𝑛 Contador de quantidade de [-]
𝑁𝑒 Período de análise econômica [ ano ]
𝑁𝐷 Período de depreciação [ ano ]
𝑁𝐿 Período de amortização de financiamento [ ano ]
𝑁𝑢𝑑 Número de Nusselt [ W/(m K) ]
𝑃 Potência [ kW ]
Constante relacionada ao combustível consumido, para análise
𝑃1 [-]
econômica
Constante relacionada ao custo de equipamentos, para análise
𝑃2 [-]
econômica
𝑃𝑒𝐿 Número de Peclet [-]
𝑞̇ Taxa de transferência de calor [ kW ]
𝑄 Energia térmica [ kJ ]
𝑄 𝑎𝑢𝑥 Energia térmica auxiliar [ kJ ]
𝑄𝑙𝑜𝑎𝑑 Energia térmica entregue a demanda [ kJ ]
𝑄𝑢 Ganho térmico do coletor solar [ kJ ]
𝑅 Resistência térmica [ K/W ]
𝑅0 Raio de curvatura [m]
𝑟1 Correção da vazão dos coletores associados em série [-]
𝑅𝑎 Número de Rayleigh [-]
Razão entre a radiação direta no plano incinado e no plano
𝑅𝑏 [-]
horizontal
𝑅𝑒 Número de Reynolds [-]
𝑅𝑚 Razão entre os custos diversos e o investimento inicial [-]
𝑅𝑣 Razão de revenda de equipamentos [-]
𝑅𝑉̇ Razão entre vazões volumétricas [-]
𝑆𝑆 Razão de aspecto do reservatório térmico [-]
𝑇 Temperatura [ ◦C ]
𝑡¯ Taxa efetiva de imposto de renda [%]
𝑡𝑖 Taxa de imposto patrimonial [%]
𝑈𝐴 Coeficiente global de troca térmica [ kW/K ]
𝑈𝐿 Coeficiente de perda térmica do coletor [ W/(m2 K) ]
Coeficiente de perda térmica do coletor dependente da tempe-
𝑈𝐿/𝑇 [ W/(m2 K2 ) ]
ratura
𝑉̇ Vazão volumétrica [ m3 /s ]
𝑣 Velocidade do escoamento [ m/s ]
𝑉 Volume [ m3 ]
𝑧 Parcela de abertura da válvula gaveta [%]

Gregos
𝛼 Ângulo de divergência [°]
𝛼𝑎𝑖𝑟 Difusividade térmica do ar [ m/s ]
𝛽 Ângulo de inclinação do coletor solar [°]
𝛽𝑎𝑖𝑟 Coeficiente de expansão térmica do ar [ 1/K ]
𝛽𝑟 Razão beta para contrações e expansões [-]
Γ Indicador do tipo de empreendimento [-]
𝛾 Sinal de controle [-]
𝛾𝑠 Azimute do campo de coletores [°]
𝛿 Ângulo de curvatura de cotovelos [°]
Δ Rugosidade interna da tubulação [ 𝜇m ]
Δ̄ Rugosidade específica [-]
Δ𝑡 Diferença de tempo [s]
Δ𝑇 Diferença de temperatura [ ◦C ]
Δ𝑝 Queda de pressão [ kPa ]
𝜀 Rugosidade absoluta da superfície interna de uma tubulação [m]
Λ Razão do investimento pago a vista [%]
𝜂 Eficiência energética [%]
𝜂0 Eficiência térmica das aletas [%]
𝜇 Viscosidade dinâmica [ Pa s ]
𝜋 Número pi (3.141 592 653 59) [-]
Π Razão entre o valor do patrimônio e o investimento inicial [%]
𝜌 Massa específica [ kg/m3 ]
𝜌𝑔 Refletância do solo (albedo) [-]
(𝜏𝛼) Produto transmitância absortância [-]
𝜏 Constantes para a perda de carga da válvula gaveta [-]
𝜃 Ângulo de incidência dos raios solares [°]
𝜉 Coeficiente para a perda de carga do coletor [-]
𝜁 Coeficiente de queda de pressão [-]

Subscritos
1, 2, 3, ...,𝑛 Índices das constantes, coeficientes e seções transversais
𝑎𝑑 Relativo a adição do tê misturador
𝑎𝑚𝑏 Ambiente
𝑎𝑣𝑔 Médio – average
𝑏 Relativo a irradiação direta – beam
𝑏𝑜𝑐𝑎𝑙 Bocal
𝑏𝑜𝑡𝑡𝑜𝑚 Fundo do reservatório – bottom
𝑐ℎ𝑒𝑐𝑘 Válvula gaveta – check
𝑐𝑜𝑙 Coletor solar
𝑐𝑜𝑛𝑑 Condução
𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 Relativo ao consumo/demanda
𝑐𝑜𝑡𝑜𝑣𝑒𝑙𝑜 Cotovelo
𝑐𝑢𝑟𝑣𝑎 Curva em U
𝑑 Relativo a irradiação difusa
𝑑𝑒𝑠 Design
𝑑𝑖 𝑓 𝑢𝑠𝑜𝑟 Difusor
𝑑𝑖𝑣 Relativo ao tê divisor
𝑒 Equivalente
𝑒𝑥𝑡 Relativo a extração do tê divisor
𝑒𝑙𝑒 Elétrico
𝑒𝑠𝑡𝑎𝑡𝑖𝑐𝑎 Estática
𝑓 Fluido
𝑓 𝑖𝑙𝑒𝑖𝑟𝑎 Fileira
𝑓 𝑖𝑛𝑎𝑙 Final
𝑓𝑟 Atrito – friction
𝑓 𝑢𝑒𝑙 Combustível
𝑔 Relativo ao solo
𝑔𝑎𝑠 Gás natural
𝑔𝑎𝑡𝑒 Válvula gaveta – gate
ℎ Relativo ao plano horizontal
ℎ𝑒𝑎𝑑 Cabeçote
ℎ𝑚 Meio quente – heating medium
𝑖𝑠𝑜 Isolamento térmico
𝑖𝑛 Entrando – inlet
𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 Inicial
𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙 Local
𝑚𝑎𝑥 Máximo
𝑚𝑖𝑛 Mínimo
𝑚𝑖𝑠𝑡 Relativo ao tê misturador
𝑛 Relativo a direção normal
𝑜𝑙𝑑 Relativo ao intervalo de tempo anterior – old
𝑜𝑢𝑡 Saindo – outlet
𝑝𝑖𝑝𝑒 Tubulações
𝑝𝑢𝑚𝑝 Bombeamento
𝑠 Relativo a parede do tubo do dissipador
𝑠𝑒𝑟𝑝 Serpentina
𝑠𝑖𝑑𝑒 Lateral do reservatório – side
𝑠𝑖𝑛𝑘 Dissipador de calor
𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 Sistema
𝑠𝑡 Reta – straight
𝑠𝑡𝑜 Reservatório – storage
𝑇 Total
𝑡𝑜𝑝 Topo do reservatório – top
𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 Total

Sobrescritos
𝑙 Laminar
𝑡 Turbulento
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANSI American National Standards Institute


ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
ASHRAE American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers
CPC Compound Parabolic Concentrator
EES Equation Engineering Solver
EOR Enhanced Oil Recovery
ETC Evacuated Tube Collectors
FPC Flat Plate Collectors
IAM Incident Angle Modifier
IEA International Energy Agency
IIS Israeli Institute of Standards
INMET Instituto Nacional de Meteorologia
LCC Life-Cycle Cost
LCFC Linear Concentrating Fresnel Collectors
LCS Life-Cycle Savings
LEPTEN Laboratório de Engenharia de Processos de Conversão e Tecnologia de
Energia
PDO Petroleum Development Oman
PTC Parabolic Trough Collector
ROI Return on Investment
SHIP Solar Heating for Industrial Processes
SONDA Sistema de Organização Nacional de Dados Ambientais
SPF Solartechnik Prüfung Forschung
SWERA Solar and Wind Resource Assessment
TEOR Thermally Enhanced Oil Recovery
TMY Typical Meteorological Year
TRNSYS Transient System Simulation Program
WACC Weighted Average Cost of Capital
SUMÁRIO

1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1 Organização do trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2 Revisão Bibliográfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.1 Calor de processo solar na indústria do petróleo . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2 Parafinação em tubulações de petróleo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.3 Tecnologias solares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.4 Comportamento térmico do coletor solar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.4.1 Sombreamento em coletores solares . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.4.2 Estagnação em coletores solares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.5 Comportamento hidráulico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
3 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
3.1 Componentes para a simulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3.1.1 Bomba dos coletores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3.1.2 Dados climáticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3.1.3 Cabeçote de entrada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3.1.4 Cabeçote de saída . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.1.5 Tubulações isoladas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3.1.6 Reservatório térmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.1.7 Dissipador de calor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.1.7.1 Dimensionamento do dissipador de calor . . . . . . . . . . 26
3.1.7.2 Desempenho do dissipador de calor . . . . . . . . . . . . . 29
3.1.8 Coletor solar de placas planas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.1.9 Válvula divisora de fluxo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.1.10 Válvula misturadora de fluxo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.1.11 Válvulas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.2 Sistema de controle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.3 Parâmetros de referência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.3.1 Reservatório térmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.3.2 Campo de coletores solares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.3.3 Dissipador de calor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3.3.4 Tubulações do sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.3.5 Controles . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.3.6 Parâmetros econômicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
4 Resultados e discussões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.1 Funcionamento dos controles e do sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.2 Caso de referência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
4.3 Análises paramétricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.3.1 Quantidade de fileiras de coletores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.3.2 Inclinação dos coletores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
4.3.3 Distância entre fileiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.3.4 Vazão do sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
4.3.5 Tarifa de combustível . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
4.3.6 Taxa de variação do preço futuro do combustível . . . . . . . . . . . 59
4.3.7 Taxa de desconto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
5 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
5.1 Sugestões de trabalhos futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

Referências Bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

Apêndices 71
APÊNDICE A Comportamento térmico do coletor solar . . . . . . . . . . . 73
A.0.1 Modelo de eficiência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
A.0.2 Correções de curva ideal de eficiência . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
APÊNDICE B Modelagem do comportamento hidráulico . . . . . . . . . . 77
B.0.1 Queda de pressão em segmentos retos . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
B.0.2 Queda de pressão em contrações e expansões cônicas . . . . . . . . . 78
B.0.3 Queda de pressão em “T divisor” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
B.0.4 Queda de pressão em “T misturador” . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
B.0.5 Queda de pressão em cotovelos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
B.0.6 Queda de pressão em válvulas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
B.0.7 Potência de bombeamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
APÊNDICE C Análise econômica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91

Anexos 95
ANEXO A Dados do coletor solar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
1

1 INTRODUÇÃO

A sociedade contemporânea necessita de grandes quantidade de energia para manter-


se economicamente sustentável, energia esta utilizada tanto para necessidades básicas, como
iluminação e aquecimento, quanto para suprir processos produtivos. Considerando a ne-
cessidade de desenvolvimento social e econômico, essa demanda energética permanecerá
crescente pelos anos vindouros.
No ano de 2017, o suprimento mundial de energia primária foi de 591,11 EJ, dos
quais, 32 %, 189,15 EJ, foram atendido através de petróleo, 27 %, 159,60 EJ, foram por carvão
e 22 %, 130,04 EJ, foram supridas por gás natural. O que indica que apesar dos esforços dos
últimos anos, a matriz energética ainda é fortemente dependente de recursos não renováveis
(1).
Atualmente a indústria de petróleo e gás é uma das maiores consumidoras de energia,
dado que, os processos relacionados à extração e processamento de hidrocarbonetos deman-
dam grande quantidade de energia (2). Wang; Donnell; Brandt (3) estimaram que no ano de
2013, a indústria de petróleo e gás utilizou 24 EJ de energia das fontes primárias na extração
e processamento de hidrocarbonetos. Em comparação à produção mundial de energia no ano
de 2017, este valor representa 4,06 % do suprimento mundial de fontes primárias de energia.
A OPEC (4) estima que até o ano de 2040 ocorrerá um aumento de 40 % na demanda
de energia advinda de fontes primárias, chegando a 2,24 EJ diários, sendo que 52,7 % dessa
quantidade será de petróleo e gás. Em comparação com os dados de 2015, 2,24 EJ diários
representam 0,38 % do suprimento mundial de fontes primárias do ano. Além do crescimento
na demanda energética, há também o aumento das restrições sobre a qualidade dos produtos,
e impacto ambiental dos derivados do petróleo, os quais aumentarão o consumo energético
dos processos da indústria de petróleo e gás (5).
Os processos de produção e refino de petróleo, em sua maioria demandam quantidades
significativas de energia térmica, a qual, por vezes é suprida através do próprio combustível
produzido, que de acordo com Halabi; Al-Qattan; Al-Otaibi (5), corresponde a aproxi-
madamente 10 % do combustível produzido. A United Nations (2) menciona que existem
diversos desperdícios de energia na exploração e produção de petróleo e gás, os quais reduzem
a eficiência do uso energético. Além disso, diversas operações dessa indústria demandam
calor de processo, o qual tem possibilidade de ser fornecido por fontes renováveis, o que
economizaria grandes quantidades de petróleo e gás e ampliaria a capacidade de produção
dos mesmos, reduzindo o impacto ambiental da exploração destes recursos.
Visando o melhor aproveitamento dos combustíveis fósseis extraídos, e a redução do
impacto ambiental do processamento dos mesmos, deve-se reduzir o consumo do combustível
produzido para suprir a demanda energética dos processos. Nesse cenário, a utilização de
calor de processo solar, ou SHIP (Solar Heating for Industrial Processes), apresenta grande
potencial, em virtude de reduzir o uso dos combustíveis fósseis e/ou eletricidade como fonte
de calor para os processos, além de, resultarem em menores emissões e impactos ambientais.
Outra vantagem é que com menos combustível sendo consumido no processo produtivo,
2 Capítulo 1. Introdução

mais combustível será disponibilizado para comercialização.


A utilização das soluções SHIP na indústria demanda o conhecimento das caracterís-
ticas da demanda térmica a ser atendida, isto é, o nível de temperatura, a vazão e o regime de
operação que a demanda deve ser provida (6). A seleção do tipo de coletor solar é resultado
direto da temperatura na qual a energia térmica é requerida, enquanto que a área de coletores,
e a necessidade do uso de sistema de armazenamento térmico, dependem da vazão e regime
de operação (perfil de consumo) (7) (8).
Estudos de aplicação de SHIP já foram realizados para diversos setores industriais.
Visando viabilizar as aplicações de SHIP, a IEA (9) e Vannoni; Battisti; Drigo (10) realizaram
estudos de levantamento do potencial do SHIP, resultando em uma base de dados disponi-
bilizada abertamente na internet. Essa base apresenta mais de 300 projetos de SHIP a nível
mundial (11). Na figura 1.1 são ilustrados os dez setores industriais com maior quantidade de
aplicações SHIP listadas nessa base de dados.

Figura 1.1 – Principais setores de aplicação de SHIP.

33% Produtos alimentares


36%
Bebidas
Mineração
Produtos têxteis
Farmaceuticos
Couro
Produtos químicos
Manufatura de metálicos
2% Outros
3%
3%
10%
4%
5% 4%

Fonte – AEE INTEC (11)


Percebe-se que as aplicações listadas são em sua maioria no setor de alimentos, 36,4 %,
bebidas, 10,1 %, e em mineração, 4,5 %, visto que, as demandas térmicas do primeiro e
do segundo são tipicamente de baixa temperatura (12). Dada a alta demanda de energia
térmica na indústria de petróleo e gás, a necessidade de aumentar a eficiência energética
dos processos, as previsões de aumento da contribuição dos combustíveis fósseis na matriz
energética mundial e a necessidade de reduzir os impactos ambientais causados pela extração
e processamento dos hidrocarbonetos, a indústria de petróleo e gás apresenta-se como uma
potencial consumidora de soluções SHIP.
Dentre os vários processos com demandas de energia térmica existentes no setor de
petróleo e gás, neste trabalho será analisado um problema existente nas operações de extração
de petróleo cru em colunas de produção de petróleo. De acordo com Palermo et al. (13)
problemas relacionados a cristalização e deposição de frações orgânicas pesadas durante a
produção, transporte e armazenamento do petróleo cru podem causar grandes perdas para a
indústria do petróleo.
3

Objetivando evitar o surgimento de incrustações na coluna de produção de petróleo


diversas soluções são encontradas na bibliografia. Uma solução para evitar esse problema é o
aquecimento periódico da coluna de produção de petróleo, através da injeção de água quente
à temperatura de 95 ◦C na camisa externa da coluna de produção. Visto que no contexto
da coluna de produção de petróleo a temperatura do processo, é baixa, uma solução SHIP
pode ser adotada. Outra vantagem que pode ser destacada, é que o sistema possui baixa
complexidade e é de fácil replicação em outros poços de produção de petróleo.
A presente dissertação foi desenvolvida no âmbito de uma parceria entre o LEPTEN
e a PETROBRAS, e se baseia em um sistema de aquecimento solar de água para injeção em
poços de extração de petróleo onshore da empresa. Onde foi utilizado como referência o poço
de produção de petróleo de MUI-15, localizado na cidade de Candeias, no estado da Bahia,
estando a demanda térmica de injeção previamente definida pela PETROBRAS.
O objetivo geral desse trabalho é propor um sistema de SHIP de aquecimento solar de
água para atender a demanda térmica requerida, de modo a evitar a ocorrência da parafinação
da coluna de produção. Esse sistema deverá realizar o aquecimento da água de injeção de forma
indireta, considerando a perda de carga do fluido térmico dos coletores e o sombreamento
no campo de coletores.
Nesse contexto, será desenvolvida uma plataforma de simulação transiente para di-
mensionar o sistema e avaliar seu o comportamento técnico e econômico. Desta forma, os
objetivos específicos necessários podem ser resumidos em:

1. desenvolver uma plataforma de simulação que considere o sombreamento no campo


de coletores solares, a perda de carga no circuito hidráulico do sistema, e aquecimento
indireto do reservatório térmico;

2. incluir um sistema de arrefecimento do fluido térmico dos coletores para proteção do


sistema solar de aquecimento;

3. avaliar o desempenho técnico e econômico do sistema de aquecimento solar no processo


em questão, comparando-o com outras fontes energéticas;

4. analisar a sensibilidade do sistema aos parâmetros de projeto para a localização do


empreendimento.

O sombreamento entre fileiras de coletores solares é relevante, uma vez que influencia
diretamente no ganho térmico do sistema. Além disso, é fundamental que o sistema disponha
de dispositivos para prevenir que a temperatura estagnação dos coletores seja alcançada,
uma vez que, a essa temperatura podem ocorrer sérios danos aos coletores solares. Para
prevenir o sobreaquecimento dos coletores do sistema, será necessário adotar um dispositivo
de proteção, representado por um dissipador de calor do tipo tubo aletado, sendo esse
dispositivo igualmente considerado pela plataforma de simulação desenvolvida.
A análise técnico-econômica é fundamental para realizar o dimensionamento adequa-
do do sistema, considerando tanto o desempenho do mesmo, quanto os custos incorporados
4 Capítulo 1. Introdução

à operação do sistema como resultado da adoção de uma nova tecnologia. Além do que,
o sistema proposto é altamente replicável em diferentes instalações da PETROBRAS pelo
Brasil.

1.1 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

A dissertação é estruturada da seguinte forma: no capítulo 2 é apresentada uma revisão


bibliográfica acerca dos conceitos demandados para o desenvolvimento da plataforma de
simulação, apresentando os mecanismos que auxiliam na adesão de parafina nas paredes de
colunas de produção e oleodutos, assim como os métodos utilizados para evitar a parafinação.
São apresentados os tipos de coletores solares, suas temperaturas de operação e aplicações
típicas. Além disso, a estagnação em coletores solares e suas implicações práticas no sistema em
estudo nesse trabalho, e os aspectos relativos ao sombreamento em coletores solares também
são contemplados pelo referido capítulo.
O capítulo 3 apresenta o sistema solar proposto para atender a demanda de calor de
processo para evitar o processo de parafinação em colunas de produção de petróleo, bem
como os componentes do sistema. São detalhados os modelos matemáticos desenvolvidos
para a simulação dos componentes do sistema. Complementarmente, são apresentados os
fluxos de informação e a lógica de controles implementadas na plataforma de simulação. E
por fim, são definidos os valores dos parâmetros de referência adotados para a simulação do
sistema.
O capítulo 4 traz os resultados obtidos para o sistema, explicando o funcionamento
do sistema de aquecimento solar de água tanto em termos do fluxo de informações dentro
da simulação, quanto na operação prática do sistema. Na sequência, são apresentados os
resultados da operação do sistema para os parâmetros de referência previamente definidos, e
os resultados das análises paramétricas realizadas. Por fim, no capítulo 5 são apresentadas as
conclusões do trabalho, bem como propostas de trabalhos futuros.
5

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo será apresentado o embasamento dos conceitos teóricos utilizados


para o desenvolvimento da plataforma de simulação, verificando quais os estudos de calor
de processo solar aplicados à indústria do petróleo, qual o mecanismo físico envolvido na
problemática existente em decorrência da deposição de frações orgânicas de petróleo em
colunas de produção e oleodutos, apresentando os tipos de tecnologias de coletores solares
existentes e suas aplicações.
É realizada um explicação do sombreamento em coletores solares, quais os problemas
causados por esse fato, e os modos de lidar com o mesmo. Em seguida o conceito de estagnação
em coletores solares, bem como, as dificuldades causadas por esse problema são elencadas.
Por fim, é demonstrada a importância da compreensão do comportamento hidráulico
do fluido térmico de sistemas solares. Enfatizando como a perda de carga e a potência elétrica
de bombeamento são afetadas por esse comportamento.

2.1 CALOR DE PROCESSO SOLAR NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO

Existem diversas aplicações para calor de processo solar dentro da indústria de petróleo
e gás, como apresentado por Halabi; Al-Qattan; Al-Otaibi (5). Os autores realizaram uma
pesquisa acerca das possibilidades de utilização da tecnologia SHIP dentro da indústria de
petróleo e gás. Os autores identificaram o potencial do emprego de coletores de baixa e média
temperatura para atender os processos de desgaseificação, desumidificação e dessalgação do
petróleo extraído.
Outra aplicação refere-se a o aquecimento de petróleo em oleodutos, para diminuição
de sua viscosidade e consequente energia de bombeamento. Badran; Hamdan (14) testaram
coletores de placas planas com o próprio petróleo e água como fluido térmico, verificando
que a eficiência instantânea do coletor com água era maior. Já Lasich; Kaila (15) verificaram
aumentos significativos na quantidade de barris de petróleo transportados em virtude da
utilização de calor de processo solar.
Um exemplo de aplicação prática de um sistema solar é apresentada por He (16). O
petróleo bruto possui um maior ponto de solidificação, baixa fluidez e maior viscosidade. Para
facilitar seu transporte por tubulações é necessário aquecê-lo. Desse modo, em cooperação
com alguns parceiros, o Instituto de pesquisas em energia solar de Beijing, projetou e
construiu um sistema solar para o aquecimento desse petróleo. O campo de coletores aquece
uma mistura de água com fluido anticongelante, que aquece o petróleo por uma trocador
de calor.Desde a sua construção, os resultados indicam que o sistema solar possibilita uma
economia diária de 30 % no consumo de gás natural.
A aplicação mais estudada diz respeito ao uso de coletores de alta temperatura para
fornecimento de energia térmica aos processos de extração de petróleo, denominada TEOR
(Thermally Enhanced Oil Recovery). Vapor é injetado dentro do reservatório, aquecendo o
petróleo, consequentemente diminuindo sua viscosidade e melhorando sua mobilidade (17).
6 Capítulo 2. Revisão Bibliográfica

Afsar; Akin (18) realizaram um estudo acerca da viabilidade técnica e econômica da


utilização de TEOR em um campo de produção de petróleo pesado no sudeste da Turquia.
Os autores concluíram que a radiação solar incidente na região onde o campo de produção de
petróleo está localizado era insuficiente para a injeção continua de vapor, sendo necessário um
sistema complementar a gás natural, com o sistema combinado não apresentando viabilidade
econômica. Outro estudo de viabilidade da utilização de TEOR em areias de óleo pesado foi
realizado por Sandler et al. (19), considerando os dados do San Joaquin Valley, Califórnia,
com os sistemas solares analisados apresentando viabilidade econômica.
A empresa GlassPoint construiu na Califórnia, a primeira central comercial para recu-
peração avançada de óleo (EOR - (Enhanced Oil Recovery)). O sistema opera pré-aquecendo a
água de alimentação dos geradores, com o campo de coletores sendo construído dentro de
uma estufa, protegendo-os de ventos e poeira. O campo solar tem 650 m2 de área e produz
aproximadamente 300 kW de potência térmica (20). A mesma empresa, em parceria com a
Petroleum Development Oman (PDO), construíram em Amal, Oman, a primeira central EOR
do oriente médio. A central trabalha com geração direta de vapor, produzindo diariamente
50 toneladas de vapor, injetado diretamente na central EOR existente (21).
Halabi; Al-Qattan; Al-Otaibi (5) não identificaram aplicações de SHIP em refinarias
de petróleo, justificando que isso ocorre, pois, os coletores solares para atender as elevadas
temperaturas dos processos de refino de petróleo requerem grandes áreas de instalação.

2.2 PARAFINAÇÃO EM TUBULAÇÕES DE PETRÓLEO

O petróleo cru é uma complexa mistura de hidrocarbonetos, divididos em diferentes


grupos, tais como parafinas, aromáticos, naftenos, resinas e asfaltenos (22, 13, 23), sendo os
três principais componentes, os aromáticos, os naftênicos e as parafinas (24).
Este petróleo cru é extraído de reservatórios subterrâneos e subaquáticos, que estão a
temperaturas da ordem de 70 ◦C a 150 ◦C, e bombeado para a superfície através de oleodutos.
Os oleodutos estão em contato com um meio externo a temperatura inferior à do poço,
dessa forma, resfriam o petróleo cru (22). O resfriamento do petróleo cru resulta em um
processo de cristalização e deposição da parafina presente na mistura de hidrocarbonetos nas
paredes da tubulação pela qual o fluido está escoando (13). A formação de camadas de parafina
nas paredes das tubulações acaba por restringir o escoamento do petróleo cru, reduzindo
a eficiência da produção, podendo ocasionar paradas de emergência e até problemas de
segurança (22, 25, 26). Os mecanismos físicos propostos para explanar a deposição de parafina
nas paredes dos tubos são apresentados por Singh; Venkatesan; Fogler (22), não sendo
objetivo deste trabalho discorrer acerca desse tema.
Em tubulações submarinas, oleodutos e poços, os custos de controle e correção de
problemas imprevistos decorrentes da deposição de parafina são substanciais (27). Atualmente
a remoção da deposição da parafina gera muitas despesas (25), com a magnitude deste
problema pode ser visualizada através do exemplo da Lasmo Company (United Kingdom) que
teve que abandonar uma plataforma ao custo de 100 milhões de dólares devido aos problemas
2.3. Tecnologias solares 7

da deposição de cera nas tubulações (22, 28).


Dentre os meios de corrigir o problema da parafinação, a substituição do segmento
de tubulação afetado é o procedimento empregado em situações de bloqueio severo da seção
transversal (28), exemplificado na figura 2.1, o que resulta em elevados custos operacionais.

Figura 2.1 – Exemplo de tubulação bloqueada pelo depósito de parafina.

Fonte – Venkatesan et al. (28)

Em situações de menor severidade, outro meio de corrigir os problemas decorrentes


da deposição de parafina é chamado de pigagem mecânica (mechanical pigging), que consiste
da raspagem dos depósitos de parafina da tubulação, sendo o método mais utilizado para a
remoção de depósitos de cera de parafina em tubulações (28). Outra solução é a fusão do de-
pósito de parafina utilizando uma fonte térmica, tais como uma reação química, aquecimento
elétrico ou uma injeção de calor na tubulação afetada (29, 30).
Além das três soluções citadas, diversos outros métodos podem ser encontradas na
bibliografia, principalmente no trabalho de Chi et al. (30), onde é apresentada uma revisão
concisa dos tipos de soluções empregados na indústria de petróleo e gás. Apesar do problema
da parafinação ser mais frequente e mais expressivo em sítios offshore esse problema também
ocorre na exploração do petróleo e gás em estações onshore. Assim, o presente trabalho irá
tratar da deposição de cera de parafina em instalações onshore.
Outro modo de evitar a formação dos depósitos de parafina foi proposto pela PETRO-
BRAS, e consiste em manter a coluna de produção sempre aquecida, com esse aquecimento
sendo realizado através da injeção diária de água quente na coluna de produção. Sendo esse
último o objeto de estudo do presente trabalho.

2.3 TECNOLOGIAS SOLARES

A caracterização dos coletores solares disponíveis comercialmente é de grande auxílio


no processo de seleção do melhor tipo de tecnologia para uma determinada aplicação. De
8 Capítulo 2. Revisão Bibliográfica

forma simplificada a seleção de uma tecnologia solar, é realizada de acordo com os níveis de
temperatura em que o processo deve ser atendido.
De acordo com Frank; Hess; Zahler (12), os coletores solares podem ser classificados
de acordo com sua temperatura de saída, Frank; Hess; Zahler (12), até 100 ◦C coletores de
baixa temperatura, entre 100 ◦C e 250 ◦C média temperatura, e acima de 250 ◦C coletores de
alta temperatura. Outra classificação dos coletores solares é baseada no rastreamento solar,
conforme duas categorias a saber, os coletores estacionários e os coletores com rastreamento
(31). A figura 2.2 sintetiza ambas as classificações, relacionados os tipos de coletores, ao tipo
de rastreamento, e aos níveis de temperatura de saída alcançados.

Figura 2.2 – Tipos de coletores solares relacionados às suas temperaturas de operação e faixa de
temperatura de processos industriais .
Nível de temperatura

Estacionário Rastreamento
Coletor plano
Tubo vácuo / CPC
Pequeno cilíndrico parabólico / Linear Fresnel

Grande cilíndrico parabólico / Linear Fresnel

Fonte – adaptado de Horta (31)

Os coletores estacionários são equipamentos que possuem a mesma área de intercep-


tação e absorção sem concentração, ao passo que os coletores com rastreamento usualmente
são equipados com superfícies refletoras concavas que interceptam e direcionam os raios
solares a uma pequena área de absorção, elevando o fluxo radiativo na área de absorção
(32). Para isso deve possuir um sistema que faz o rastreamento da trajetória solar durante
o dia, de modo a minimizar o ângulo de incidência da radiação solar direta no plano da
placa absorvedora. O grupo dos coletores estacionários compreende os coletores planos,
(FPC - Flat Plate Collector), os coletores de tubos evacuados, (ETC - Evacuated Tube Collector)
e os concentradores parabólicos compostos, (CPC - Compound Parabolic Concentrator). Os
dois representantes dos coletores rastreadores são os coletores cilíndricos parabólicos, (PTC
- Parabolic Trough Collector) e os coletores concentradores linear Fresnel, (LCFC - Linear
Concentrating Fresnel Collector).
A classificação dos coletores quanto à temperatura de saída permite que de acordo com
a temperatura da demanda térmica o tipo de coletor mais adequado possa ser selecionado,
como mostrado na figura 2.2. Calor de processo para baixas temperaturas, inferiores a
100 ◦C, pode ser fornecido por coletores solares estacionários, os quais são comercialmente
disponíveis e de menor custo em comparação aos sistemas de rastreamento solar. Aplicações a
temperaturas maiores podem ser atendidas por coletores estacionários e coletores rastreadores,
os quais são disponíveis comercialmente ou em estágio de desenvolvimento (31).
2.4. Comportamento térmico do coletor solar 9

Após a escolha do tipo de coletor, deve-se selecionar o modelo e a marca do coletor


para atender o processo em estudo. Para auxiliar nessa tarefa, existem diversos bancos de dados,
onde são apresentadas as informações técnicas do coletor, relativas à sua eficiência térmica,
dimensões e queda de pressão, de coletores de diversos fabricantes, como os disponibilizados
pelo Instituto SPF para Energia Solar SPF (33), pela Task 48 da IEA Calderoni (34) e Task
49 também da IEA Horta (31).

2.4 COMPORTAMENTO TÉRMICO DO COLETOR SOLAR

Como descrito no capítulo 1, a demanda da água aquecida do sistema considerada


nesse trabalho está a temperatura de 95 ◦C, desse modo, pode-se adotar um coletor de placas
planas para suprir essa demanda. O modelo matemático para simular o comportamento desse
tipo de equipamento será é apresentado no apêndice A em detalhe. Aqui será explicado o
sombreamento em campos solares, e o conceito de estagnação dos coletores e os danos que
podem ocorrer.

2.4.1 Sombreamento em coletores solares

Durante o curso de um dia o sol movimenta-se no céu, tendo por vezes sua radiação
obstruída por obstáculos posicionados a frente de um coletor solar, reduzindo a energia
incidente no coletor, por conseguinte, reduzindo o ganho térmico do coletor. O apare-
cimento de sombras sobre coletores solares em campos solares pode ser ocasionado por
dois fatores principais, pela presença de objetos nas redondezas do campo, como árvores ou
construções, ou pela fileira de coletores à frente (35). Quando coletores solares são arranjados
em múltiplas fileiras, todas elas, exceto a primeira, receberão uma fração menor de radiação
em algum período do dia, em decorrência do sombreamento entre as fileiras de coletores,
como mostrado na figura 2.3. Uma vez que o sombreamento reduz o ganho térmico dos
coletores, esse deve ser evitado, ou reduzido (36).

Figura 2.3 – Sombreamento entre fileiras de coletores em um campo solar.

Área não sombreada

Área sombreada

β β

Primeira fileira de coletores Segunda fileira de coletores


10 Capítulo 2. Revisão Bibliográfica

Diversos autores se dedicaram ao desenvolvimento de modelos matemáticos que


descrevam esse fenômeno, dentre eles Appelbaum; Bany (37), Bany; Appelbaum (38) e
Groumpos et al. (36), com vários trabalhos recentes considerando o sombreamento em cole-
tores solares em seus escopos, tanto para painéis fotovoltaicos como para coletores térmicos.
Odeh; Behnia; Morrison (39) apresentam um estudo de um sistema solar de geração
de energia elétrica, no qual, o espaçamento entre as fileiras de coletores foi determinado
considerando o sombreamento entre elas, resultando em uma distância maior entre as fileiras
para os coletores inclinados, em comparação, aos coletores sem inclinação. Appelbaum (40)
apresenta expressões analíticas e valores numéricos para os fatores de visão de um campo
de coletores fotovoltaicos com múltiplas fileiras. Weinstock; Appelbaum (41) realiza uma
otimização de parâmetros de projeto de um campo de coletores fotovoltaicos e de placas
planas, considerando os efeitos de sombreamento, obtendo um aumento da energia de
aproximadamente 20 % para uma área fixa, e uma redução por volta de 15 % na área do
campo de coletores para uma incidência anual de energia, em comparação às recomendações
do Instituto Israelense de Padrões (IIS - Israeli Institute of Standards).
Tian et al. (42) conduziram a análise e validação de um modelo quase dinâmico
de um campo de coletores solares planos e cilíndricos parabólicos em série, para a geração
de calor distrital, no qual, consideraram o sombreamento entre as fileiras de coletores. O
resultado foi um modelo validado que pode ser usado para analisar o desempenho a longo
prazo, avaliar as estratégias de controle, e otimizar parâmetros para grandes instalações de
aquecimento solar para geração de calor distrital.
Bava; Furbo (43) construíram um modelo detalhado de simulação para um grande
campo solar para a geração de calor distrital considerando o sombreamento entre as fileiras de
coletores do campo solar. O modelo além de considerar o sombreamento, realiza o controle
das válvulas do campo de coletores, para obter a mesma temperatura de saída em todas as
fileiras de coletores. O modelo foi validado, demonstrando boa concordância com os dados
experimentais para diferentes condições climáticas, podendo ser utilizado para investigar
estratégias de controle que podem melhorar a operação da planta.
O sombreamento entre coletores, vem sendo considerado em simulações numéricas e
desenvolvimento de estratégias de controle de sistemas solares, conduzindo a resultados com
boa compatibilidade com dados experimentais, principalmente quando a perda de carga do
circuito hidráulico também é tema do estudo.

2.4.2 Estagnação em coletores solares

A eficiência de um coletor solar está diretamente relacionada à diferença entre sua


temperatura de operação e temperatura ambiente (35), desta forma, existe uma temperatura
em que, o ganho térmico do coletor é igual às perdas, resultando em eficiência nula (44).
Essa temperatura é conhecida por temperatura de estagnação.
Durante a estagnação existe a possibilidade de graves danos tanto aos coletores solares
quanto aos demais componentes do sistema, as superfícies absorvedoras seletivas, ao fluido
2.5. Comportamento hidráulico 11

térmico, e até mesmo o escaldamento dos usuários do sistema (35, 45, 44).
De acordo com Harrison; Lin (46) é necessário um sistema de controle da temperatura
do coletor solar, para mitigar os efeitos danosos da estagnação. Basicamente, existem dois
modos de controlar essa temperatura, o primeiro consiste em reduzir a o ganho de energia
solar no coletor e o segundo em remover o excesso de energia do coletor. Para evitar o
sobreaquecimento, é preferível a dissipação de calor do coletor por convecção natural, tanto
tecnicamente quanto economicamente.
Em sistemas pequenos, residenciais por exemplo, a instalação de um dissipador de
calor no circuito do coletor, pode evitar danos ao coletor na ocorrência da estagnação. Em
sistemas industriais, projetados para suprir demandas térmicas e temperaturas superiores,
a instalação de um dissipador de calor também pode ser realizada. Entretanto, devido a
temperatura mais elevada, é necessária a instalação de sistemas de resfriamento (46).
No caso de sistemas com rastreamento solar, os coletores podem ser desfocados para
reduzir o ganho térmico do sistema e evitar que a temperatura de estagnação seja atingida
(44).

2.5 COMPORTAMENTO HIDRÁULICO

Em sistemas hidráulicos, sempre existe uma queda de pressão do fluido escoando,


ocasionada pelo atrito entre o fluido e as paredes da tubulação pela qual ele escoa. Essa
queda de pressão pode ser determinada através dos modelos matemáticos apresentados no
apêndice B.
Nos sistemas solares, a perda de carga pode resultar em uma distribuição desigual do
fluido térmico no campo de coletores solares, conduzindo a temperaturas de saída diferentes
para as fileiras de coletores, sendo o projeto dos cabeçotes dos campos solares uma tarefa de
vital importância para se obter um bom desempenho do sistema solar (35).
Como exemplo, Bava; Furbo; Dragsted (47) desenvolveram um modelo numérico
para a determinação da perda de carga em um sistema solar. O modelo foi utilizado para
estudar a distribuição do escoamento do fluido térmico em diferentes arranjos do campo de
coletores. O modelo numérico desenvolvido foi posteriormente validado, e implementado
em conjunto com um sistema de controle de válvulas de distribuição do fluido térmico através
do campo de coletores de uma central de aquecimento solar de água para uso doméstico,
onde apresentou excelentes resultados (43). De forma semelhante, Dorantes et al. (48)
estudaram o comportamento da queda de pressão do arranjo hidráulico de um sistema solar
de aquecimento de água para uma piscina semi-olímpica de uma escola mexicana.
Outro ponto importante refere-se a potência de bombeamento, que é dependente da
perda de carga do sistema. Essa grandeza influencia na viabilidade do sistema, e nos custos de
operação do mesmo (49). Nesse sentido, Arias; Gavilán; Muren (50) discutiram os modelos
físicos para a caracterização da potência de bombeamento em campos de coletores PTC.
Esses modelos permitem o cálculo das dimensões dos cabeçotes do sistema, queda de pressão
e potência de bombeamento.
12 Capítulo 2. Revisão Bibliográfica

Os modelos matemáticos utilizados para contabilizar a perda de carga no sistema solar


são apresentados no apêndice B.
13

3 METODOLOGIA

O projeto conceitual da central de aquecimento solar para suprir a demanda do poço de


produção MUI-15 foi adotado pelo CENPES (51), sendo apresentado esquematicamente na
figura 3.1. O sistema de aquecimento solar deve operar em circuito fechado com aquecimento
indireto, através de serpentina imersa no reservatório térmico. Essa medida se deve ao fato de
a qualidade da água fornecida na localidade ser inferior aos requisitos mínimos de qualidade
físico-química necessários para a água que circula no interior dos coletores solares. Outra
justificativa é a possibilidade da adoção de fluidos de transferência de calor distintos no
circuito hidráulico dos coletores, por exemplo, elevar a temperatura de ebulição da água.
O campo solar é composto por um conjunto de 50 coletores, sendo arranjados em
cinco fileiras dispostas em paralelo, com 10 coletores cada, como ilustrado na figura 3.1. O
circuito hidráulico dos coletores solares possui um dissipador de calor, o qual é utilizado
como dispositivo de segurança no sistema. Dessa forma evita-se que o coletor solar atinja
ou opere à níveis de temperatura próximos a temperatura de estagnação, preservando a sua
integridade, como recomendado por Frank et al. (44). Os dados meteorológicos utilizados
correspondem à cidade de Cruz das Almas, também no estado da Bahia, localizada a 60 km
de Candeias.

Figura 3.1 – Esquema conceitual do layout do sistema de aquecimento solar para injeção de água no
poço MUI-15.

Reservatório térmico Serpentina


imersa
Válvulas XV

Campo de coletores solares planos

Dissipador
de calor

Bomba de
circulação Válvulas de retenção
Resistência de Saída de água aquecida
aquecimento para o poço de
auxiliar produção de petróleo

Fonte – adaptado de CENPES (51)

O sistema opera com uma injeção diária de água quente na coluna de produção, estan-
do essa programada para ocorrer às 15:00. Desse modo, diariamente às 15 h o controle verifica
se a temperatura média do reservatório térmico é igual ou maior que 95 ◦C (temperatura
14 Capítulo 3. Metodologia

de injeção), em caso afirmativo o fluxo de água do circuito dos coletores é desviado para o
dissipador e a água do reservatório térmico é injetada na coluna de produção. Caso contrário,
isto é, temperatura média inferior à 95 ◦C, o sistema auxiliar de aquecimento é acionado
até a água do reservatório atingir a temperatura de injeção, enquanto o fluido térmico dos
coletores escoa através do dissipador de calor, evitando a estagnação dos coletores. Quando a
temperatura média do reservatório atinge 95 ◦C a injeção de água é realizada. É importante
salientar que é prevista uma injeção de água quente no poço por dia. Após a injeção, o
reservatório térmico é reabastecido com água não aquecida. Em seguida, a água do circuito
hidráulico dos coletores volta a circular na serpentina imersa, reiniciando o aquecimento da
água do reservatório, caso houver ganho térmico no circuito dos coletores (radiação solar
suficiente pare aquecer o circuito).
Com base no projeto conceitual do sistema de aquecimento solar para injeção de água
no poço MUI-15 e de seu sistema de controle, pode-se propor um modelo de simulação no
ambiente de simulação TRNSYS. O programa TRNSYS possui um ambiente de simulação
generalizado, desenvolvido para simular o comportamento transiente de sistemas, com seu
foco principal sendo a simulação de sistemas térmicos, possuindo estrutura modular e de
código-aberto. A ferramenta trabalha com componentes modulares, denominados types1 ,
contando com uma biblioteca padrão e uma biblioteca adicional de componentes . Esses
types são modelos matemáticos consolidados que representam o comportamento físico de um
componente, normalmente implementados com a linguagem de programação FORTRAN.
A construção de um projeto dentro do ambiente gráfico do TRNSYS inicia com
a seleção dos types que representarão os componentes do sistema. A seção 3.1 apresenta
e descreve os componentes utilizados para a construção das simulações. Na sequência, na
seção 3.2 explana-se o sistema de controle implemento, e por fim, na seção 3.3, são mostrados
os parâmetros de entrada dos componentes para a realização da simulação, bem como seus
valores e as justificativas para adoção dos respectivos valores.

3.1 COMPONENTES PARA A SIMULAÇÃO

Conhecidos os equipamentos necessários para a central de aquecimento solar e suas


respectivas funções, faz-se necessário selecionar dentro das bibliotecas do programa TRNSYS,
quais modelos melhor representam os fenômenos físicos de interesse. Além disso, por vezes, os
componentes das bibliotecas do programa podem não possuir todas as características necessá-
rias para a simulação, fazendo-se necessário editar os modelos matemáticos dos componentes
existentes, ou criar novos componentes. Os componentes utilizados são listados na tabela 3.1,
com a explicação detalhada do funcionamento e das considerações físicas adotadas para cada
um dos componente sendo realizada na seção seguinte.
Para seu funcionamento, os componentes precisam de dois tipos de entradas, os
parâmetros e os inputs. Os parâmetros são constantes que permanecem inalteradas durante
1 O termo type será utilizado no decorrer do trabalho para nomear os componentes utilizados, por exemplo,
Type 3d - bomba dos coletores
3.1. Componentes para a simulação 15

Tabela 3.1 – Componentes utilizados para a simulação do sistema de aquecimento solar para o poço
de MUI-15.

Componente Nome Função


Bomba dos coletores Type 3d Bombeia o fluido térmico através do sistema.
Processador de dados meteorológicos Type 99 Realiza a leitura e determinação das irradiações
incidentes no plano do coletor.
Cabeçote de entrada Type 8001 Componente que direciona o fluxo de massa do
sistema para cada uma das fileiras de coletores.
Cabeçote de saída Type 8002 Realiza a mistura dos fluxos de massas das fileiras
de coletores em um único fluxo de massa.
Tubulações isoladas Type 8003 Calcula a perda térmica e queda de pressão das
tubulações isoladas do sistema.
Reservatório térmico Type 8004 Reservatório térmico vertical com serpentina i-
mersa e sistema auxiliar de aquecimento.
Dissipador de calor Type 8005 Dissipador de calor composto por tubos aletados
sujeitos a convecção mista.
Coletor solar de placas planas Type 8006 Coletor solar de placas planas associados em série
e paralelo.
Válvula misturadora Type 8007f Realiza a combinação de dois fluxos de massa em
um fluxo de massa.
Válvula divisora Type 8007h Divide um fluxo de massa em dois fluxos de massa
controlada por sinal externo.
Válvulas Type 8008 Calcula a perda de carga de válvulas gaveta e de
retenção abertas.

toda a simulação, por exemplo, a área do coletor solar, já os inputs, são variáveis, que dependem
de outros componentes do sistema, por exemplo, a temperatura de entrada dos coletores
solares. Salienta-se que o termo type é utilizado para nomear os componentes utilizados
dentro das simulações no ambiente TRNSYS.

3.1.1 Bomba dos coletores

O componente considera uma bomba de velocidade constante, com vazão máxima


especificada pelo usuário. A bomba é acionada através de uma função de controle externa, de
valor 0 ou 1. A potência consumida pelo componente pode ser calculada por uma função
linear entre a potência e a vazão mássica, ou, por uma relação fornecida pelo usuário.
Os parâmetros que devem ser fornecidos pelo usuário para o funcionamento do
componente são a máxima vazão, 𝑚 ̇ 𝑚𝑎𝑥 , calor específico do fluido de trabalho, 𝑐 𝑝 , máxima
potência da bomba, 𝑃𝑚𝑎𝑥 , e o coeficiente de conversão de potência em energia térmica para
o fluido, 𝐹𝑝𝑎𝑟 . Já os inputs do Type são a temperatura de entrada do fluido, 𝑇𝑖𝑛 , e o sinal de
controle, 𝛾. Os três outputs do Type são, a temperatura de saída do fluído, a vazão e a potência
consumida. A temperatura de saída do fluido da bomba, 𝑇𝑜𝑢𝑡 , é obtida através da equação da
energia térmica para sistemas com escoamento em regime permanente, na qual é isolada a
temperatura de saída, conforme a equação que segue,

𝑃𝑝𝑢𝑚𝑝 𝐹𝑝𝑎𝑟
𝑇𝑜𝑢𝑡 = 𝑇𝑖𝑛 + (3.1)
̇ 𝑐𝑝
𝑚
16 Capítulo 3. Metodologia

A vazão de saída, 𝑚 ̇ 𝑜𝑢𝑡 , é simplesmente o produto entre a vazão máxima fornecida


pelo usuário e o sinal de controle da bomba, como segue,

̇ 𝑜𝑢𝑡 = 𝛾 𝑚
𝑚 ̇ 𝑚𝑎𝑥 (3.2)

A potência consumida é calculada linearmente através do produto entre a potência


máxima e o sinal da função de controle, sendo,

𝑃𝑝𝑢𝑚𝑝 = 𝛾 𝑃𝑚𝑎𝑥 (3.3)

3.1.2 Dados climáticos

O conjunto de dados meteorológicos utilizados para as simulações é chamado de


ano meteorológico típico, (TMY - Typical Meteorological Year),este que reúne as condições
meteorológicas médias da localidade para um período 30 anos (35).
No Brasil existem três fontes principais de dados de radiação solar: a base dados do
projeto SWERA (Solar and Wind Resource Assessment), as estações da rede SONDA e os
dados das estações meteorológicas do INMET. Na cidade de Candeias, estado da Bahia, não
existem estações ou dados disponíveis, entretanto, existe uma estação automática do INMET
na cidade Cruz das Almas, localizada a 60 km de Candeias.
Os dados de radiação solar das estações do INMET compreendem somente a radiação
total incidente (soma da parcela direta e da parcela difusa), não existindo o detalhamento
necessário para realizar as simulações, isto é, a radiação direta e radiação solar difusa incidentes
no plano horizontal (52). De modo a resolver esse problema, podem ser utilizados modelos
para determinar a radiação direta incidente. Dentre os modelos disponíveis, foi utilizado o
modelo BRL-Brasil. Esse modelo é uma evolução do modelo de Boland-Ridley-Laurent
(BRL), que foi ajustado para as características do clima brasileiro, com a descrição completa
do modelo disponível no trabalho de Lemos et al. (52).
Com o conhecimento das radiações incidentes no plano horizontal faz-se necessário
determinar a radiação que incide no plano inclinado da placa absorvedora do coletor. No
presente trabalho foi empregado o modelo de céu isotrópico de Liu e Jordan (53) , uma vez
que esse modelo já se encontra implementado nos componentes do TRNSYS.
Os dados climáticos e de radiação solar são adicionados à simulação através de um
processador de dados meteorológicos, o qual realiza a leitura de um arquivo de texto em
formato padronizado que contém os dados medidos. Os parâmetros que devem ser fornecidos
são: o arquivo de texto com os dados mensurados, qual o modelo de céu empregado para o
cálculo da radiação difusa no plano coletor (inclinado), a inclinação do coletor, seu ângulo
de azimute e o modo de rastreamento da superfície (fixa, eixo vertical (azimute), eixo da
superfície ou biaxial).
3.1. Componentes para a simulação 17

Os inputs do componente são: o albedo 𝜌𝑔 , a inclinação da superfície 𝛽, e o azimute da


superfície 𝛾𝑠 . Dentre os diversos outputs, pode-se citar a temperatura ambiente, os ângulos de
zênite e azimute solar, as radiações direta e difusa no plano inclinado, o ângulo de incidência
da radiação direta, a radiação no inclinado, dentre outros. Todavia, os outputs de interesse
para à simulação são, a temperatura ambiente, 𝑇𝑎𝑚𝑏 , a radiação global na superfície horizontal
𝐼 a radiação difusa do céu no plano horizontal, 𝐼𝑑 , a radiação global na superfície inclinada,
𝐼𝑇 e o ângulo de incidência para o plano inclinado 𝜃 . Os outputs relativos à radiação solar
são todos utilizados como inputs para o coletor solar, já a temperatura ambiente é utilizada
por diversos componentes da simulação, tais como, o coletor solar, o dissipador de calor e o
reservatório térmico.

3.1.3 Cabeçote de entrada

Na entrada do campo de coletores existe um cabeçote, no qual o fluido é direcionado


igualmente para cada fileira de coletores. Sendo apresentado um cabeçote esquemático na
figura 3.2.

Figura 3.2 – Representação esquemática do cabeçote de entrada do campo de coletores.

A vazão nas fileiras de coletores deve ser balanceada objetivando manter a temperatura
de saída de cada uma das fileiras constante. Visando realizar esse balanceamento o diâmetro
dos tubos do cabeçote deve ser escalonado para manter a velocidade do fluxo de fluido térmico
relativamente constante (54). O escalonamento foi realizado seguindo a metodologia descrita
por Wagner; Gilman (54), com a velocidade mínima de 2 m/s, e a velocidade máxima
de 3 m/s (49). A metodologia utilizada para o dimensionamento do cabeçote de entrada é
explicada na figura 3.3.
Essa metodologia inicia com a determinação da vazão em cada uma das seções do
cabeçote, seguido pelo cálculo do diâmetro máximo (relacionado com a velocidade mínima)
e do diâmetro mínimo (com base na velocidade máxima). Finalmente, é determinado o
diâmetro de cada seção, seguindo o critério demonstrado graficamente na figura 3.4.
De modo a reduzir a quantidade de reduções de diâmetro, para a primeira seção é
escolhido o diâmetro mínimo determinado. Na segunda seção é verificado se o diâmetro da
18 Capítulo 3. Metodologia

Figura 3.3 – Metodologia para o dimensionamento do cabeçote de entrada do campo de coletores.

Parâmetros:
Determinada a
Número de fileiras
vazão de fluido em Calculado o Calculado o
Diâmetro dos tubos das Seleção do
cada uma das diâmetro máximo e diâmetro máximo e
fileiras diâmetro correto
seções da mínimo para cada mínimo para cada
Velocidade máxima para cada seção
tubulação do segmento segmento
Velocidade mínima
cabeçote
Densidade do fluido

Figura 3.4 – Seleção do diâmetro de cada seção do cabeçote de entrada do campo de coletores.
Diâmetro

Dmax

Dmax

Dmax

Dmin Dmax

Dmax
Dmin
Dmax
Dmin

Dmin
Dmax
Dmin

Dmin
Dmin

1 2 3 4 5 ... n-1 n Seções

seção da anterior se encontra dentro dos limites de diâmetro máximo e mínimo determinados
para a seção, ou seja, é verificado se a velocidade que o fluido irá desenvolver com o diâmetro
da seção anterior está dentro dos limites de velocidade máxima e mínima determinados.
Esse procedimento é repetido para todas as seções subsequentes, porém, para a quarta seção,
vemos que o diâmetro da seção anterior está fora dos limites estabelecidos, dessa forma, se faz
necessário reduzir o diâmetro da seção da tubulação, sendo selecionado o diâmetro mínimo
calculado para a quarta seção. O processo é repetido para as n seções existentes, e sempre
que o diâmetro da seção anterior estiver fora dos limites é realizada a redução desse diâmetro
para o diâmetro mínimo calculado para a seção.
Uma vista em corte do cabeçote resultante do escalonamento para um sistema solar
com seis fileiras é mostrada na figura 3.5. Temos a vazão de entrada, 𝑚 ̇ 𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 , a vazão em
cada fileira, 𝑚
̇ 𝑓 𝑖𝑙𝑒𝑖𝑟𝑎 , a primeira área do cabeçote, 𝐴1 , a segunda área, 𝐴2 e a última área 𝐴3 . A
transição entre as áreas é realizada através de um bocal, representado pela área tracejada da
figura 3.5.
Com relação à perda de carga do componente, Δ𝑝ℎ𝑒𝑎𝑑,𝑖𝑛 , é possível determiná-la
através da adição de quatro dispositivos diferentes, sendo eles os “T divisores”, Δ𝑝𝑑𝑖𝑣𝑖𝑠𝑜𝑟 , as
seções retas de tubulação, Δ𝑝 𝑝𝑖𝑝𝑒 , os bocais de redução de diâmetro, Δ𝑝𝑏𝑜𝑐𝑎𝑙 , e o cotovelo da
última saída, Δ𝑝𝑐𝑜𝑡𝑜𝑣𝑒𝑙𝑜 . Como a quantidades de cada um desses elementos no cabeçote varia,
3.1. Componentes para a simulação 19

Figura 3.5 – Representação do escalonamento do cabeçote de entrada do campo de coletores.


A1
A2
A3
ṁsistema

ṁfileira
ṁfileira

foi utilizada a notação de somatórios como mostrado na equação que segue,

𝑛−1
∑︂ 𝑛
∑︂ 𝑚
∑︂
Δ𝑝ℎ𝑒𝑎𝑑,𝑖𝑛 = Δ𝑝𝑑𝑖𝑣𝑖𝑠𝑜𝑟,𝑖 + Δ𝑝 𝑝𝑖𝑝𝑒,𝑖 + Δ𝑝𝑏𝑜𝑐𝑎𝑙,𝑖 + Δ𝑝𝑐𝑜𝑡𝑜𝑣𝑒𝑙𝑜 (3.4)
𝑖=1 𝑖=1 𝑖=1

Os índices dos somatórios na equação (3.4) diferem pois dentro do cabeçote existirão
diferentes quantidades para cada um dos dispositivos, como pode ser visto na figura 3.5 e
como explicado anteriormente.

3.1.4 Cabeçote de saída

Do mesmo modo que é necessário um cabeçote de entrada é necessário um cabeçote


na saída do campo de coletores solares, conforme apresentado pela figura 3.6, para unir as
vazões das fileiras de coletores e conduzi-las para as demais partes do sistema.

Figura 3.6 – Representação esquemática do cabeçote de saída do campo de coletores.

O cabeçote de saída também é escalonado, seguindo a mesma metodologia imple-


mentada para o cabeçote de entrada, entretanto, para o cabeçote de saída, o diâmetro da
tubulação é crescente como mostrado esquematicamente na figura 3.7.
Uma representação em corte de um cabeçote escalonado, para um sistema com seis
fileiras é mostrada na figura 3.8, onde se tem a vazão em cada fileira, 𝑚
̇ 𝑓 𝑖𝑙𝑒𝑖𝑟𝑎 , a vazão de
20 Capítulo 3. Metodologia

Figura 3.7 – Seleção do diâmetro de cada seção do cabeçote de entrada do campo de coletores.

Diâmetro
Dmax

Dmax

Dmax

Dmax Dmin

Dmax Dmin

Dmax Dmin

Dmax Dmin

Dmin

Dmin

Dmin

1 2 3 4 5 ... n-1 n Seções

saída, 𝑚
̇ 𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 , a primeira área do cabeçote, 𝐴1 , a segunda área, 𝐴2 e a última área 𝐴3 , sendo
a transição entre as áreas realizadas com um difusor, representado pela linha tracejada.

Figura 3.8 – Representação do escalonamento do cabeçote de saída do campo de coletores.


A1
A2
A3
ṁsistema

ṁfileira
ṁfileira

A perda de carga desse componente também é composta por quatro parcelas, Δ𝑝ℎ𝑒𝑎𝑑,𝑜𝑢𝑡 ,
conforme segue,

𝑛−1
∑︂ 𝑛
∑︂ 𝑚
∑︂
Δ𝑝ℎ𝑒𝑎𝑑,𝑜𝑢𝑡 = Δ𝑝𝑚𝑖𝑠𝑡𝑢𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟,𝑖 + Δ𝑝 𝑝𝑖𝑝𝑒,𝑖 + Δ𝑝𝑑𝑖 𝑓 𝑢𝑠𝑜𝑟,𝑖 + Δ𝑝𝑐𝑜𝑡𝑜𝑣𝑒𝑙𝑜 (3.5)
𝑖=1 𝑖=1 𝑖=1

Sendo a primeira parcela relativa ao “T misturador”, Δ𝑝𝑚𝑖𝑠𝑡𝑢𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟 , a segunda referindo-


se às seções retas, Δ𝑝 𝑝𝑖𝑝𝑒 , a terceira relacionada aos difusores e a última referente ao cotovelo
do início do cabeçote. Novamente, os índices dos somatórios diferem, pois a quantidade de
cada um dos acessórios que compõem o cabeçote pode ser diferente.

3.1.5 Tubulações isoladas

O modelo matemático do componente que modela as tubulações isoladas é derivado


do Type 604 da biblioteca de componentes da TESS, com seu modelo térmico sendo mantido
3.1. Componentes para a simulação 21

conforme o original descrito por TESS (55), sendo a esse adicionado um equacionamento que
calcula a perda de carga em seções de tubulação reta através da equação de Darcy-Weisbach,
equação (B.2). Além disso, foi adicionado o cálculo da variação de pressão estática do fluido
decorrente da variação da altura entre a entrada e a saída do fluido no componente, e também
a queda de pressão de acessórios do tipo cotovelos, de acordo com o equacionamento de
Idelchik (56).
O modelo térmico do Type 604 considera uma tubulação com diâmetro constante,
onde existe uma série de elementos de fluido, completamente misturados, e interconectados,
com isolamento térmico, que trocam calor com o ambiente externo através da radiação emiti-
da pela superfície e convecção natural ou forçada, sendo o usuário responsável por determinar
qual tipo de convecção existe em sua simulação. O modelo térmico do componente também
considera os efeitos da massa de isolamento térmico e do material da tubulação no balanço
de energia do componente (55).
A perda de carga referente à diferença de cotas entre a entrada e a saída da tubulação,
Δ𝑝𝑒𝑠𝑡𝑎𝑡𝑖𝑐𝑎 , é exemplificada pela equação que segue,

Δ𝑝𝑒𝑠𝑡𝑎𝑡𝑖𝑐𝑎 = 𝜌 𝑔 𝐻 (3.6)

onde, 𝜌 é a densidade do fluido, 𝑔 é a aceleração da gravidade e 𝐻 é a diferença de cotas entre


a entrada e a saída da tubulação. Por fim, a queda de pressão do componente é:

𝑛
∑︂
Δ𝑝 𝑝𝑖𝑝𝑒,𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = Δ𝑝 𝑝𝑖𝑝𝑒 + Δ𝑝𝑐𝑜𝑡𝑜𝑣𝑒𝑙𝑜 + Δ𝑝𝑒𝑠𝑡𝑎𝑡𝑖𝑐𝑎 (3.7)
𝑖=1

A notação de somatórios utilizada na equação (3.7) demonstra que o componente


permite que n cotovelos sejam considerados para o segmento de tubulação.

3.1.6 Reservatório térmico

O componente que representa o reservatório térmico, é uma modificação do Type 534


da TESS (57), ao qual foi adicionado um modelo para o cálculo da perda de carga. O Type
534 foi escolhido, pois esse modela um reservatório cilíndrico de volume fixo com trocadores
de calor imersos, como mostrado na figura 3.9.
O reservatório pode ser dividido em elementos de temperatura uniforme, de modo a
modelar a estratificação existente em tanques de armazenamento, sendo o usuário capaz de
controlar o grau de estratificação mediante a seleção da quantidade de elementos estratificados,
além de permitir aquecimento auxiliar via resistência elétrica.
O componente permite até dois fluxos mássicos independentes, como ilustrado na
figura 3.9, além de dispor de quatro tipos distintos de trocador de calor que podem ser
utilizados. Os trocadores de calor imersos são apresentados na figura 3.10, sendo eles: (A)
feixe de tubos horizontais, (B) feixe de tubos verticais, (C) serpentina e (D) tubo enrolado.
22 Capítulo 3. Metodologia

Figura 3.9 – Representação esquemática do reservatório térmico.


𝑚ሶ 1,𝑖𝑛 𝑚ሶ 2,𝑖𝑛

𝑚ሶ HX,𝑖𝑛

𝑚ሶ HX,𝑜𝑢𝑡
𝑚ሶ 1,𝑜𝑢𝑡

𝑚ሶ 2,𝑜𝑢𝑡

Fonte – TESS (57)


Figura 3.10 – Tipos de trocadores de calor imersos, (A) feixe de tubos horizontais; (B) feixe de tubos
verticais; (C) serpentina; (D) tubo enrolado.

(A) (B)

(C) (D)

Fonte – TESS (57)

Os tubos do trocador de calor podem discretizados, e cada uma destas seções pode ser
posicionada em um diferente nó do reservatório. O dimensionamento do trocador de calor
dentro do reservatório é feito selecionando seu tipo, diâmetro interno, externo e quantidade
de tubos. Além disso, são necessários os parâmetros referentes à correlação da convecção
natural. Será utilizado o trocador de calor do tipo serpentina, sendo esse disposto dentro do
reservatório conforme mostrado na figura 3.11.
O modelo térmico do componente, que pode ser consultado em TESS (57), não
dimensiona os trocadores de calor imersos dentro do reservatório. Entretanto, para o cálculo
da perda de carga é necessário conhecer o caminho hidráulico pelo qual o fluido escoará. De
modo a atender essa premissa, foi implementado um procedimento de dimensionamento
para o trocador de calor tipo serpentina, mostrado na figura 3.10 (C).
Antes de iniciar o procedimento de dimensionamento do trocador de calor é pre-
3.1. Componentes para a simulação 23

Figura 3.11 – Representação esquemática do serpentina dentro do reservatório térmico.

ciso conhecer as dimensões características das curvas em U da serpentina, apresentadas na


figura 3.12, e adicionadas aos parâmetros de entrada do modelo matemático do componente.

Figura 3.12 – Dimensões características das curvas em U.

Fonte – adaptado de Idelchik (56)

A curva em U é muito semelhante aos cotovelos, com o diferencial de existir um seg-


mento de tubulação reta, de comprimento 𝑙𝑒𝑙 que une dois cotovelos. O diâmetro hidráulico
para tubulações circulares é igual ao diâmetro interno da tubulação, isto é 𝐷ℎ , 𝑅0 é o raio
de curvatura de cada um dos segmentos da curva, e 𝛿 é o ângulo de curvatura das curvas.
Conhecendo as dimensões da curva, é iniciado o procedimento, descrito na figura 3.13.
24 Capítulo 3. Metodologia

A primeira etapa consiste em calcular a altura de uma curva e o comprimento de


tubulação da curva. A segunda etapa realiza o cálculo da quantidade de curvas que podem ser
colocadas na altura disponibilizada dentro do reservatório, 𝐻𝑚𝑎𝑥 . A terceira e última etapa
realiza a verificação dimensional da serpentina, com relação ao espaço disponível dentro da
seção transversal do reservatório.

Figura 3.13 – Procedimento de verificação dimensional da serpentina imersa dentro do reservatório


térmico.

Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3


Lreta

Hcurva
Lcurva . . .
Hmax . . . Htotal curvas
. . .

A figura 3.14 (A) mostra a limitação espacial imposta, onde é mostrado em vermelho o
quadrado inscrito dentro do reservatório compreendendo a área na qual a serpentina pode ser
instalada. Já a figura 3.14 (B) apresenta uma vista superior do reservatório contendo os tubos,
a qual demonstra que o comprimento das serpentinas, não poderá exceder o comprimento
do lado do quadrado inscrito.

Figura 3.14 – Acomodação do trocador de calor dentro do reservatório, (A) quadrado inscrito dentro
da área transversal do reservatório; (B) disposição dos tubos dentro da área transversal
do reservatório.

(A) (B)

O processo de cálculo da perda de carga, foi dividido em perda de carga dos cabeçotes
e perda de carga das serpentinas. A perda de carga do cabeçote de entrada foi realizada
de modo semelhante ao apresentado para o seção 3.1.3, onde a perda de carga total é a
soma da perda de carga dos acessórios “T divisor”, das seções retas e do cotovelo no final
do componente, entretanto, nesse caso, não foi realizado o escalonamento da tubulação do
cabeçote, mantendo o diâmetro da seção constante. Para o cabeçote de saída, raciocínio foi
3.1. Componentes para a simulação 25

utilizado, porém os acessórios são “T misturadores”, e mantém-se inalterado o diâmetro da


seção do componente.
Já a perda de carga da serpentina, (Δ𝑝𝑠𝑒𝑟𝑝 ), é calculada através da soma da perda de
carga das seções retas, (Δ𝑝 𝑝𝑖𝑝𝑒 ), e da perda de carga das curvas, (Δ𝑝𝑐𝑢𝑟𝑣𝑎 ), conforme segue,

Δ𝑝𝑠𝑒𝑟𝑝 = (Δ𝑝𝑐𝑢𝑟𝑣𝑎 ∗𝑛𝑐𝑢𝑟𝑣𝑎𝑠 ) + Δ𝑝 𝑝𝑖𝑝𝑒,𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 (3.8)

É importante salientar que, conforme Menon (58), a perda de carga total para
escoamentos em paralelo é igual a perda de carga de apenas um dos escoamentos. Assim, a
perda de carga total para a serpentina imersa e os cabeçotes é dada pela equação que segue,

Δ𝑝𝑠𝑒𝑟𝑝,𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = Δ𝑝𝑠𝑒𝑟𝑝 + Δ𝑝ℎ𝑒𝑎𝑑,𝑖𝑛 + Δ𝑝ℎ𝑒𝑎𝑑,𝑜𝑢𝑡 (3.9)

3.1.7 Dissipador de calor

Como explanado na capítulo 1, faz-se necessário adotar um dissipador de calor dentro


do circuito hidráulico do fluido térmico dos coletores, a fim de evitar o sobreaquecimento e a
operação próxima da temperatura de estagnação. O dissipador é composto por um conjunto
de tubos aletados em paralelo, que trocam calor tanto por convecção natural ou convecção
forçada com o ambiente externo. O componente foi desenvolvido de modo a representar o
dissipador de calor, sendo o mesmo apresentado esquematicamente na figura 3.15.

Figura 3.15 – Representação esquemática do dissipador de calor.

O dimensionamento do dissipador térmico, utiliza como parâmetros de entrada a


potência térmica a ser dissipada em condições de projeto, as dimensões da aleta e diâmetros
da tubulação, conforme apresentado pela figura 3.16.
O comprimento dos tubos do dissipador térmico, é determinado a fim de garantir
que, na condição de projeto, a troca térmica seja igual a potência térmica requerida. Com o
comprimento do dissipador determinado, a operação transiente do componente é realizada.
Primeiramente, é apresentado o dimensionamento do dissipador, e na sequência como
funciona a operação transiente do componente.
26 Capítulo 3. Metodologia

Figura 3.16 – Dimensões dos tubos aletados do dissipador de calor.


paleta

thaleta

Dout Din Daleta

3.1.7.1 Dimensionamento do dissipador de calor

A troca térmica entre o fluido quente escoando nos tubos aletados do dissipador
e o ambiente ocorre através de convecção forçada entre o fluido e as paredes internas da
tubulação, por condução através dos tubos aletados, e por convecção mista entre a superfície
externa dos tubos e o ambiente externo, resultando no conjunto de resistências térmicas
mostrado na figura 3.17.

Figura 3.17 – Resistências térmicas do dissipador de calor.

Tf,avg Ts,in Ts,out Tamb


Convecção Condução Convecção
interna externa

Consequentemente o seguinte conjunto de equações deve Radiação


ser satisfeito, com a primeira
equação referindo-se ao balanço de energia do volume de controle do fluido, representando
Tsi Tso
Tf
a energia perdida pelo fluido ao escoar pela tubulação, conforme segue, Ta
Convecção Condução
interna
(3.10)
(︁ )︁
𝑞̇ = 𝑚
̇ 𝑐 𝑝 𝑇𝑓 ,𝑖𝑛 −𝑇𝑓 ,𝑜𝑢𝑡
Convecção
natural externa
onde, 𝑇𝑓 ,𝑖𝑛 é a temperatura de entrada do fluido no dissipador de calor, 𝑇𝑓 ,𝑜𝑢𝑡 é a temperatura
de saída do fluido do dissipador de calor. A segunda equação contabiliza a troca térmica
entre o fluido e a superfície interna da tubulação via convecção,

1 (︁
(3.11)
)︁
𝑞̇ = 𝑇𝑓 ,𝑎𝑣𝑔 −𝑇𝑠,𝑖𝑛
𝑅𝑖𝑛
onde, 𝑅𝑖𝑛 é a resistência térmica à convecção interna e 𝑇𝑠,𝑖𝑛 a temperatura da parede interna da
tubulação. A terceira equação calcula a condução de energia através do material da tubulação
3.1. Componentes para a simulação 27

através da seguinte equação,

1
(3.12)
(︁ )︁
𝑞̇ = 𝑇𝑠,𝑖𝑛 −𝑇𝑠,𝑜𝑢𝑡
𝑅𝑐𝑜𝑛𝑑
onde, 𝑅𝑐𝑜𝑛𝑑 é a resistência à condução do material dos tubos e 𝑇𝑠,𝑜𝑢𝑡 a temperatura na parede
externa da tubulação. A última equação computa a troca térmica entre a superfície externa
da tubulação e o ambiente, por meio da equação que segue,

1 (︁
(3.13)
)︁
𝑞̇ = 𝑇𝑠,𝑜𝑢𝑡 −𝑇𝑎𝑚𝑏
𝑅𝑜𝑢𝑡

onde, 𝑅𝑜𝑢𝑡 é a resistência térmica à convecção externa. A resistência térmica da equação (3.11),
𝑅𝑖𝑛 , é dada por,

1
𝑅𝑖𝑛 = (3.14)
𝜋𝐷𝑖𝑛 𝐿𝑠𝑖𝑛𝑘 ℎ𝑖𝑛
onde, 𝐷𝑖𝑛 é o diâmetro interno da tubulação, 𝐿𝑠𝑖𝑛𝑘 é o comprimento da tubulação e ℎ𝑖𝑛 o
coeficiente de troca térmica convectiva interno, baseado modelo de Klein (59). Já a resistência
térmica à condução para um elemento anular é calculada pela seguinte equação,

𝑙𝑛 (𝐷𝑜𝑢𝑡 /𝐷𝑖𝑛 )
𝑅𝑐𝑜𝑛𝑑 = (3.15)
2𝜋𝑘𝐿𝑠𝑖𝑛𝑘
onde, 𝐷𝑜𝑢𝑡 é o diâmetro externo da tubulação e 𝑘 é a condutividade térmica do material da
tubulação. A resistência térmica a convecção externa e dada por,

1
𝑅𝑜𝑢𝑡 = (3.16)
𝜂𝑠𝑖𝑛𝑘 ℎ𝑜𝑢𝑡 𝐴𝑜𝑢𝑡, 𝑠𝑖𝑛𝑘

onde, 𝜂𝑠𝑖𝑛𝑘 é a eficiência das aletas, calculada conforme Incropera et al. (60), ℎ𝑜𝑢𝑡 é o coeficiente
de convecção externa e 𝐴𝑜𝑢𝑡, 𝑠𝑖𝑛𝑘 a área externa total, incluindo a área das aletas.
A troca de calor na superfície externa do dissipador se dá tanto por convecção natural,
em função da superfície dos tubos estarem aquecidas, quanto por convecção forçada ocasio-
nada pelo vento ambiente. O modelo térmico do componente foi desenvolvido de modo a
identificar qual o tipo de convecção externa é predominante, e posteriormente calcular o
coeficiente de convecção apropriado.
Utilizou-se para tal o tratamento proposto por Bejan (61) para um fluido com número
de Prandtl menor que 1 (caso do ar em torno do dissipador), sendo o critério de decisão dado
por,

𝐵𝑜 𝐿1/4
{︄
convecção natural se > 1
= (3.17)
𝑃𝑒𝐿1/2 convecção forçada se < 1
onde, 𝐵𝑜 𝐿 é número de Boussinesq, calculado através da seguinte equação,

𝑔𝛽𝑎𝑖𝑟 Δ𝑇 𝐿 3
𝐵𝑜 𝐿 = (3.18)
𝛼𝑎𝑖𝑟
28 Capítulo 3. Metodologia

onde, 𝛽𝑎𝑖𝑟 é o coeficiente de expansão térmica do ar, 𝛼𝑎𝑖𝑟 a difusividade térmica do ar e Δ𝑇


a diferença de temperatura entre a superfície e o ambiente. Já 𝑃𝑒𝐿 é o número de Peclet,
determinado por,

𝑣𝐿
𝑃𝑒𝐿 = 2
(3.19)
𝛼𝑎𝑖𝑟

onde, 𝑣 é a velocidade do vento escoando sob a superfície, e 𝐿 a dimensão representativa do


problema. Os coeficientes de troca convectiva foram novamente determinados através do
equacionamento de Klein (59).
Através do modelo térmico descrito é possível calcular qual a carga térmica dissipada e
a temperatura de saída do fluido para um dado comprimento de dissipador de calor. Todavia, é
necessário determinar o comprimento da tubulação para dissipar a potência térmica requerida
na condição de projeto.

Figura 3.18 – Procedimento para a determinação do comprimento dos tubos do Type 8005.

1
9 8
Parâmetros e
Próximo elemento Comprimento
inputs do
discreto final
dissipador
5

2 Qe=Qn
Temperatura de saída Não
Não Sim
Temperatura average
Resistência interna 7
Temp. interna pipe
Resistência condução Qt>Qdes
Temp. externa pipe 4
Resistência externa
Resistência total (Qn-Qe)/Qe<tol

Sim 6
3
Tin:Tout
Qn=(Tavg-Tamb)/Rtot Qt=Qt+Qn

Para determinar o comprimento dos tubos do dissipador um procedimento discreto foi


implementado, através da união de segmentos elementares de tubo aletado de comprimento
fixo. O processo é apresentado em forma de fluxograma na figura 3.18.
O processo é iniciado pela definição do comprimento do segmento elementar de tubo
aletado, em (1), e uma estimativa inicial da energia dissipada pelo tubo elementar (𝑄𝑒 ). Em
(2) são calculadas as resistências térmicas culminando com a determinação do calor trocado
pelo segmento, (𝑄𝑛 ), em (3). A energia determinada é comparada com a estimativa inicial da
energia trocada, em (4), caso a diferença percentual entre as duas energias seja maior que
uma tolerância estabelecida, a estimativa inicial (𝑄𝑒 ) é alterada para a energia calculada (𝑄𝑛 ),
em (5), sendo repetido o procedimento de (2), (3) e (4).
3.1. Componentes para a simulação 29

Esse esquema é repetido até que a diferença percentual entre a energia dissipada seja
menor que a tolerância. Após a convergência da energia dissipada, em (6), é realizado um
somatório da energia dissipada por todos os elementos de tubo já adicionados (𝑄𝑡 ). Em (7) é
verificado se a energia total trocada pelos 𝑁 elementos discretos é maior que a carga térmica
de projeto, 𝑄𝑑𝑒𝑠 . Em caso afirmativo, o dimensionamento do dissipador de calor é finalizado,
em (8), caso contrário, um novo elemento é adicionado, sendo repetido o procedimento
descrito para um novo elemento de tubulação, em (9).

3.1.7.2 Desempenho do dissipador de calor

Com o comprimento da tubulação determinada, o cálculo do modelo transiente é


iniciado, onde a equação implícita para a troca térmica é:

𝑇𝑓 ,𝑖𝑛 − 𝑇𝑓 ,𝑜𝑢𝑡
[︃ (︃ )︃ ]︃
𝑀𝑐 𝑝
̇ 𝑐 𝑝 (𝑇𝑖𝑛 − 𝑇𝑜𝑢𝑡 ) −𝑄𝑜𝑢𝑡
−𝑇𝑎𝑣𝑔,𝑜𝑙𝑑 = 𝑚 (3.20)
Δ𝑡 2

onde, 𝑀 é a massa de fluido dentro do elemento discretizado, Δ𝑡 é o passo de tempo da


simulação, 𝑇𝑎𝑣𝑔,𝑜𝑙𝑑 é a temperatura média do elemento discreto no intervalo de tempo anterior,
e 𝑄𝑜𝑢𝑡 a energia térmica dissipada pelo elemento discreto durante o intervalo de tempo.
A energia dissipada, 𝑄𝑜𝑢𝑡 , e a temperatura de saída do elemento, 𝑇𝑓 ,𝑜𝑢𝑡 , são determi-
nadas de modo semelhante ao realizado para a determinação do comprimento dos tubos
do dissipador, definindo-se uma estimativa inicial da troca térmica do elemento, buscando-
se a convergência dessa estimativa. A energia dissipada pelos elementos é integrada, e a
temperatura de saída do fluido do elemento 𝑛 é a temperatura de entrada do elemento 𝑛 + 1.
O modelo para o cálculo da perda de carga do componente, é composto pela perda de
carga das tubulações retas, Δ𝑝 𝑝𝑖𝑝𝑒 , utilizando a equação de Darcy-Weisbach, equação (B.4).
Já para os cabeçotes, são calculados utilizando o mesmo equacionamento para o seção 3.1.3 e
para o seção 3.1.4, sem realizar o escalonamento da tubulação. A queda de pressão através do
dissipador de calor é dado por,

Δ𝑝𝑠𝑖𝑛𝑘 = Δ𝑝ℎ𝑒𝑎𝑑,𝑖𝑛 + Δ𝑝ℎ𝑒𝑎𝑑,𝑜𝑢𝑡 + Δ𝑝 𝑝𝑖𝑝𝑒 (3.21)

Novamente, como elucidado por Menon (58), a perda de carga das tubulações em
paralelo é igual, dessa forma, a perda de carga de todos os segmentos é igual, em decorrência
disso, existe apenas um termo para perda de carga em seção reta na equação (3.21).

3.1.8 Coletor solar de placas planas

A biblioteca de componentes da TESS apresenta um componente que modela um


conjunto de coletores solares planos montados em série e paralelo, considerando os efeitos da
capacitância térmica dos coletores. A eficiência dos coletores é baseada na diferença entre a
temperatura de entrada do fluido e a temperatura ambiente TESS (62), determinada através
da equação (A.3).
30 Capítulo 3. Metodologia

Esse componente da biblioteca padrão não calcula a perda de carga através dos coletores,
sendo adicionado um polinômio de quinta ordem para o cálculo da perda de carga do próprio
coletor, Δ𝑝𝑐𝑜𝑙 ,

Δ𝑝𝑐𝑜𝑙 = 𝜉 0 + 𝜉 1𝑚 ̇ 2 + 𝜉 3𝑚
̇ + 𝜉 2𝑚 ̇ 3 + 𝜉 4𝑚
̇ 4 + 𝜉 5𝑚
̇5 (3.22)

onde, 𝑚̇ é a vazão mássica através do coletor, e 𝜉 0 , 𝜉 1 , 𝜉 2 , 𝜉 3 , 𝜉 4 e 𝜉 5 , são as constantes do


polinômio para o cálculo da perda de carga. Além disso para os segmentos retos entre os
coletores, a perda de carga é calculada através da equação de Darcy-Weisbach, conforme a
T1 Tout
equação (B.4).
ṁ1 ṁout
3.1.9 Válvula divisora de fluxo
ṁ2
No circuito hidráulico do campo de coletores do sistema de aquecimento solar do
T2
poço de produção MUI-15, existem dois percursos pelo qual o fluido pode escoar, um pela
serpentina imersa no reservatório e outro através do dissipador de calor, dessa forma, se faz
necessário o uso de uma válvula divisora de fluxo com controle externo para direcionar a
vazão corretamente por cada um dos caminhos hidráulicos do sistema.

Figura 3.19 – Esquema simplificado da válvula divisora de fluido.

γ=1
Tin T1
ṁin ṁ1

γ=0 ṁ2
T2

A biblioteca padrão do TRNSYS possui um componente que simula uma válvula


divisora de líquido com controle por sinal externo. Esse componente divide uma vazão
entrada de acordo com a proporção informada pelo sinal de entrada, 𝛾, gerando dois fluxos
mássicos de fluido nas saídas do componente.
Sendo 𝑚̇ 𝑖𝑛 a vazão de entrada do componente, além disso, as temperaturas de entrada
e de saída do componente são mantidas contantes. O modelo da biblioteca foi modificado,
adicionando a ele o cálculo da perda de carga do acessório tê divisor, proposto por Idelchik
(56), apresentado previamente na apêndice B.0.3.
O modelo da apêndice B.0.3 é válido apenas quando existe escoamento nas duas saídas
do “T divisor”, o que não acontecerá na simulação do sistema de aquecimento solar para
o poço de MUI-15. Dessa forma, quando houver fluxo mássico somente para a serpentina
imersa foi considerada a perda de carga de um segmento de tubulação reta, caso o escoamento
3.1. Componentes para a simulação 31

siga para o dissipador de calor, a perda de carga do componente será considerada através do
modelo do cotovelo.

3.1.10 Válvula misturadora de fluxo

De modo a unir o fluxo de massa vindo do dissipador de calor e da serpentina imersa,


é empregada uma válvula misturadora de líquido. A biblioteca padrão de componentes
do TRNSYS possui um modelo que realiza a função de válvula misturadora de líquidos,
conforme a figura 3.20.

Figura 3.20 – Esquema simplificado da válvula misturadora de líquido.

T1 Tout
ṁ1 ṁout

ṁ2
T2

A temperatura de saída do componente é obtida através do balanço de energia entre


as entradas e a saída considerando que a calor específico do fluido em questão é constante,
resultando na equação que segue,
γ=1
Tin T1
̇ 1𝑇1 +𝑚
𝑚 ̇ 2𝑇2
ṁin 𝑇𝑜𝑢𝑡 = ṁ1 (3.23)
𝑚̇ 1 +𝑚
̇2

A vazão mássica de saída do componente,ṁ𝑚 ̇ 𝑜𝑢𝑡 , é a soma das vazões mássicas de


γ=0 2
entrada 𝑚̇1 e𝑚̇ 2 . O componente foi modificado para
T2 contabilizar a perda de carga causada
pelo “T divisor”, seguindo o equacionamento apresentado na apêndice B.0.4. Novamente, o
equacionamento mencionado, é válido quando existem dois fluxos de massa entrando no
componente, situação que não irá ocorrer. Assim, quando o escoamento vier do dissipador
de calor considerou-se a queda de pressão de um cotovelo, e quando o fluxo de massa vem
da serpentina imersa foi considerada a perda de carga de um segmento reto de tubulação.

3.1.11 Válvulas

Esse componente contabiliza a perda de carga decorrente da passagem do fluido


térmico através de válvulas do tipo gaveta e de retenção utilizando os modelos matemáticos
descritos na apêndice B.0.6. É importante salientar que este componente não influencia no
comportamento hidráulico do sistema, isto é, ele não modifica nem restringe a vazão de
fluido que passa por ele, realizando apenas o cálculo da queda de pressão no acessório.
32 Capítulo 3. Metodologia

3.2 SISTEMA DE CONTROLE

Como descrito na capítulo 3, existem condições para que o sistema opere corretamente,
e para tal, um sistema de controle que cumpra com os requisitos estipulados.
A passagem do fluido térmico pelo dissipador de calor é controlada por um termostato
concebido para sistemas de resfriamento. Esse componente trabalha com histereses para evitar
problemas de instabilidade quando a temperatura medida está próxima ou igual a seu setpoint.
Para o sistema de aquecimento auxiliar/injeção de água e para evitar o superaquecimento dos
coletores foi utilizado um controlador de temperatura com tempo mínimo de funcionamento.
A bomba dos coletores é controlada por um controlador diferencial de temperatura
com histerese e tempo mínimo de ativação, isto é, quando acionada existe um tempo mínimo
que a bomba dos coletores deve ficar ativada.
A operação básica dos coletores, é realizada monitorando a temperatura de entrada
dos coletores, 𝑇𝑖 , a temperatura de saída, 𝑇𝑜𝑢𝑡 , e o estado do controlador no intervalo de tempo
anterior, 𝛾𝑖 , com a descrição do controle apresentado na figura 3.21.

Figura 3.21 – Lógica de controle implementada para as bombas dos coletores solares do sistema
de aquecimento solar auxiliar da água quente para injeção no poço de produção de
MUI-15.

Mantenha a
Sim bomba dos
coletores ligada

Ligada Tout>Tin+dT

Desligue a bomba
Não
dos coletores
Estado da
Tout, Tin
bomba

Ligue a bomba
Sim
dos coletores

Desligada Tout>Tin+dT

Mantenha a
bomba dos
Não
coletores
desligada

O aquecimento auxiliar e a injeção da água aquecida dependem primordialmente do


horário do dia, uma vez que, é premissa do sistema que a injeção ocorra essencialmente a partir
das 15 h diariamente, salvos casos em que a temperatura do reservatório alcance a temperatura
de injeção antes das 15 h. O conjunto de condições para prover o aquecimento auxiliar do
reservatório e a injeção da água quente no poço de produção MUI-15 é apresentado na
figura 3.22.
A primeira condição verificada é o horário do dia, com o sistema sendo ativado
somente para horários após 15 h, em caso oposto o aquecimento é mantido desligado. A
segunda condição diz respeito a temperatura do reservatório, caso essa seja maior que 95 ◦C,
o aquecimento auxiliar permanece desligado, em caso afirmativo, é verificado se houve
3.2. Sistema de controle 33

Figura 3.22 – Fluxograma do controle do aquecimento auxiliar elétrico do reservatório térmico e


injeção de água quente no poço de produção de MUI-15

time>15:00 Sim Tavg<95º Sim Nesv<1 Sim Nht<1

Não Não Não Não

Sim
Mantenha o
aquecimento
auxiliar desligado

Altere a passagem
Mantenha o
da água aquecida
aquecimento Não Tavg>95º
para o dissipador
auxiliar ligado
de calor
Altere a passagem
da água aquecida
do dissipador de
calor para o Ligar aquecimento
campo de Sim auxiliar do
coletores reservatório

Realizar a injeção
Injeção e Desligar o
da água aquecida
reabastecimento aquecimento
no poço de
finalizados auxilar
petróleo

alguma injeção de água no dia, se houve injeção, o sistema encerra o aquecimento e não
realiza injeção. A última condição verifica se houve alguma ocorrência de aquecimento do
reservatório via resistência elétrica no dia, com essa condição redundante para o controle da
injeção. Caso todas as condições sejam satisfeitas, o aquecimento auxiliar é ativado até a água
do reservatório atingir 95 ◦C. Na sequência a passagem do fluido térmico dos coletores é
alterada para o dissipador de calor, mantendo-se dessa forma até o fim do processo de injeção
e reabastecimento do reservatório térmico.
Dentro do controle do aquecimento do reservatório e injeção da água quente no poço
de produção é preciso um contador do número de injeções. Esse contador é composto por um
conjunto de quatro componentes, sendo eles um gravador de dados, um integrador periódico,
e duas calculadoras. O contador recebe os sinais de atuação, isto é, o sinal indicando que é
necessária uma injeção de água. Em primeiro lugar é verificado se houve alguma injeção no
dia, se houve, o contador não permite a realização da injeção. Caso contrário o contador
permite a injeção e monitora o sinal de entrada até o final da injeção, quando o sinal muda
do estado ligado para desligado, essa alteração no estado do sinal de entrada é utilizada
pelo integrador periódico para atualizar a contagem. Esse integrador está configurado para
reiniciar a contagem diariamente, descartando os dados do dia anterior.
34 Capítulo 3. Metodologia

3.3 PARÂMETROS DE REFERÊNCIA

Esta seção apresenta os parâmetros de referência da simulação. Iniciando pelo reserva-


tório térmico, apresentando os valores dos parâmetros utilizados e mostrando a metodologia
aplicada ao desenvolvimento da serpentina. Em seguida são apresentados os parâmetros do
campo solar, na sequência os parâmetros do dissipador, seguido pelo sistema hidráulico e por
último são apresentadas os setpoints utilizados para os controles.

3.3.1 Reservatório térmico

Como previamente informado na seção 3.1.6, o sistema utiliza um reservatório


cilíndrico vertical estratificado, o qual admite aquecimento indireto através da passagem de
um fluido quente por um trocador de calor imerso. O componente permite a utilização de
qualquer fluido tanto para o reservatório quanto para o trocador de calor, necessitando das
propriedades físico químicas do mesmo, o que concede maior flexibilidade para a simulação.
O volume do reservatório é estratificado em 10 partes, iniciando a contagem do topo
para a base, visto que, de acordo com Duffie; Beckman (35), a estratificação a partir de
8 volumes já é suficientemente representativa para as simulações numéricas. A serpentina
também foi estratificada em 10 partes iguais, entrando no primeiro nó, no topo, saindo pelo
décimo nó.
Uma peculiaridade do componente diz respeito ao seu volume, um parâmetro de
entrada do componente. Ocorre que o volume informado diz respeito ao volume físico
disponível, isto é, ao volume de água e ao volume ocupado pelos trocadores de calor imersos.
De modo a eliminar esse problema, o volume físico do reservatório é a soma do volume de
fluido e do volume dos trocadores de calor. O modelo matemático do reservatório térmico
calcula o diâmetro do reservatório através da seguinte equação,

𝐷𝑠𝑡𝑜 = (4𝑆𝑠𝑉𝑠𝑡𝑜 /𝜋) 1/3 (3.24)

onde, 𝑉𝑠𝑡𝑜 é o volume do reservatório e 𝑆𝑠 a razão de aspecto do reservatório, com os valores


dos parâmetros apresentados na tabela 3.2.
Além disso, é fundamental determinar os coeficientes de perdas térmicas do reser-
vatório. O coeficiente das perdas do topo e da base do reservatório são obtidos através da
razão entre a condutividade térmica (𝑘𝑖𝑠𝑜 ) e espessura do isolamento térmico (𝑒𝑖𝑠𝑜 ), e as perdas
laterais (𝑈 𝐴𝑠𝑡𝑜 ) foram calculadas pela equação que segue,

2
2𝜋𝑘𝑖𝑠𝑜 𝐷𝑠𝑡𝑜
2𝜋𝑘𝑖𝑠𝑜 𝐷𝑠𝑡𝑜
𝑈 𝐴𝑠𝑡𝑜 = )︃ + (3.25)
𝐷𝑠𝑡𝑜 + 2𝑒𝑖𝑠𝑜 4𝑒𝑖𝑠𝑜
(︃
𝑆𝑠 ln
𝐷𝑠𝑡𝑜

A tabela 3.2 apresenta os valores dos parâmetros utilizados para o reservatório.


3.3. Parâmetros de referência 35

Tabela 3.2 – Parâmetros do reservatório térmico para o sistema de injeção de água do poço MUI-15.

Parâmetro Valor Unidade


Volume de água 3,0 ( m3 )
Razão de aspecto 1/3 (−)
Espessura do isolamento térmico 50,0 ( mm )
Perda térmica das laterais do reservatório 2,628 ( W/(m2 K) )
Perda térmica do topo do reservatório 2,520 ( W/(m2 K) )
Potência do aquecimento auxiliar 30,0 ( kW )
Diâmetro interno dos tubos da serpentina 26,64 ( mm )
Diâmetro externo dos tubos da serpentina 33,40 ( mm )

A troca de calor entre o fluido do reservatório e o trocador de calor imerso ocorre


através de convecção natural, sendo que os coeficientes da correlação adotada para estimar o
número de Nusselt são fornecidos como parâmetros do componente. Utiliza-se a correlação
empírica de Morgan para convecção natural em cilindros horizontais, presente em Incropera
et al. (60), a qual tem a forma que segue,

𝑁𝑢𝑑 = 0, 48 (𝑅𝑎) 0,25 (3.26)

O dimensionamento da serpentina imersa foi realizado com base no modelo apresen-


tado por Perry; Green; Maloney (63), no qual a área de troca térmica é calculada conforme
segue,

𝑇𝑓 𝑖𝑛𝑎𝑙 + 𝑇𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 1
[︃ (︃ )︃ ]︃ [︃ ]︃
𝑄
𝐴𝑠𝑒𝑟𝑝 = + 𝑈𝑠𝑖𝑑𝑒 𝐴𝑒 − 𝑇𝑎𝑚𝑏 (𝐹 ) (3.27)
Δ𝑡 2 𝑈𝑠𝑒𝑟𝑝 [𝑇ℎ𝑚 − (𝑇𝐹 + 𝑇0 ) /2]

onde, 𝑄 é o calor que deve ser trocado, o tempo necessário para o aquecimento Δ𝑡, 𝑈𝑠𝑖𝑑𝑒
as perdas térmicas laterais, 𝑇𝐹 a temperatura final do fluido, 𝑇0 a temperatura inicial do
reservatório, 𝑇𝑎𝑚𝑏 a temperatura ambiente, 𝑈𝑠𝑒𝑟𝑝 coeficiente da serpentina, 𝑇ℎ𝑚 a temperatura
do meio de aquecimento, 𝐹 o fator de segurança e 𝐴𝑒 a área equivalente expressa por,

𝐴𝑡𝑜𝑝 𝑈𝑡𝑜𝑝 𝐴𝑏𝑜𝑡𝑡𝑜𝑚𝑈𝑏𝑜𝑡𝑡𝑜𝑚


𝐴𝑒 = + + 𝐴𝑠𝑖𝑑𝑒 (3.28)
𝑈𝑠𝑖𝑑𝑒 𝑈𝑠𝑖𝑑𝑒

onde, 𝐴 é a área, e 𝑈 é o coeficiente global de troca térmica, com o subscrito 𝑡𝑜𝑝 referindo-se
ao topo do reservatório, 𝑏𝑜𝑡𝑡𝑜𝑚 ao fundo do reservatório, e 𝑠𝑖𝑑𝑒 a lateral. Os valores utilizados
para o cálculo da área equivalente são mostrados na tabela 3.3.
Considerou-se o Δ𝑡 de 6 h, como sendo o tempo disponível para aquecer a água do
reservatório térmico, a temperatura final do fluido (𝑇𝐹 ) é igual a temperatura de injeção
(95 ◦C), a temperatura inicial do reservatório (𝑇0 ) é igual a temperatura ambiente (𝑇𝑎𝑚𝑏 ),
23 ◦C. As perdas laterais foram calculadas pela equação (3.25). O coeficiente da serpentina
𝑈𝑠𝑖𝑑𝑒 foi estipulado com base nas informações contidas em Perry; Green; Maloney (63). Já o
36 Capítulo 3. Metodologia

Tabela 3.3 – Parâmetros para o cálculo da serpentina imersa no tanque de armazenamento.

Parâmetro Valor Unidade


Calor de projeto, 𝑄 924573,0 ( kJ )
Tempo de aquecimento, Δ𝑡 6,0 (h)
Perdas laterais 𝑈𝑠𝑖𝑑𝑒 0,776 ( W/(m2 K) )
Área equivalente do reservatório, 𝐴𝑒 1,982 (m)
Temperatura final do fluido, 𝑇𝐹 95,0 ( ◦C )
Temperatura inicial do fluido, 𝑇0 23,0 ( ◦C )
Temperatura ambiente, 𝑇𝑎𝑚𝑏 23,0 ( ◦C )
Coeficiente de troca térmica da serpentina, 𝑈𝑠𝑒𝑟𝑝 150,0 ( W/m2 )
Temperatura média do meio quente, 𝑇ℎ𝑚 99,0 ( ◦C )
Fator de segurança, 𝐹 3,0 (−)
Perda térmica do fundo, 𝑈𝑏𝑜𝑡𝑡𝑜𝑚 0,7 ( W/(m2 K) )

calor necessário (𝑄) foi determinado como a energia necessária para aquecer toda a massa de
água do reservatório, de 𝑇0 até 𝑇𝐹 .
Sabendo a área de troca térmica necessária, da equação equação (3.27), diâmetros
interno e externo, especificados por CENPES (51), e a quantidade de tubos da serpentina,
é determinado o comprimento de cada tubo da serpentina. Esses parâmetros estão listados
na tabela 3.4. Destaca-se que o número de tubos da serpentina foi escolhido para reduzir
o comprimento de cada segmento da serpentina, além de reduzir a vazão em cada um dos
tubos, o que, consequentemente reduz a perda de carga nos tubos.

Tabela 3.4 – Dimensões da serpentina imersa.

Parâmetro Valor Unidade


Área da serpentina 23,8306 (m)
Diâmetro interno dos tubos 26,64 ( mm )
Diâmetro externo dos tubos 33,40 (mm )
Número de tubos 20 (−)
Comprimento dos tubos 11,356 (m)

3.3.2 Campo de coletores solares

Como um dos grandes diferencias da plataforma de simulação proposta é considerar


a queda de pressão existente no sistema e suas implicações, buscou-se por coletores solares
para os quais existam informações tanto dos coeficientes da curva de eficiência, quanto da
perda de carga em função do fluxo de massa. Identificou-se que o coletor da marca Gaia,
modelo RUN 2.15 BLUE S, testado pela SPF (33) atende aos requisitos informados, assim,
esse coletor foi utilizado para as simulações do presente trabalho. As características do coletor
são apresentadas na tabela 3.5, com os resultados do teste do coletor expostos na na integra
no apêndice A.
Para o cálculo da perda de carga foi implementado um polinômio de sexta ordem, dado
pela equação (3.22). Para a determinação dos coeficientes para o polinômio, foi realizada uma
regressão nos dados da queda de pressão do coletor, disponíveis no apêndice A. Verificou-se
3.3. Parâmetros de referência 37

Tabela 3.5 – Parâmetros de referência para os coletores solares.

Parâmetro Valor Unidade


Área do coletor 1,887 (m)
Altura do coletor 2,037 (m)
Comprimento do coletor 1,036 (m)
Temperatura de estagnação 195,0 ( ◦C )
Capacidade térmica específica 5,5 ( kJ/K )
Vazão por coletor 0,02 ( kg/s )
𝑎0 0,785 (−)
𝑎1 4,40 ( W/(m2 K) )
𝑎2 0,0074 ( W/(m2 K2 ) )

Fonte – SPF (33)

que o melhor ajuste seria através de um polinômio de segunda ordem, com, 𝜉 0 igual a zero,
𝜉 1 igual a 2, 7462 e 𝜉 2 igual a 0, 002.

Figura 3.23 – Arranjo dos coletores solares empregado para o sistema de injeção de água aquecida
em poços de petróleo.

A concepção de campo solar é um arranjo preliminar (figura 3.23), e será avaliado em


estudos posteriores. Inicialmente o campo solar é composto por um conjunto de 50 coletores,
com cinco fileiras de 10 coletores dispostas em paralelo, como ilustrado na figura 3.23. As
fileiras são dispostas a 3 m de distância uma da outra, e os coletores instalados com uma
inclinação, 𝛽 igual a latitude local, isto é, 12,67°.
Com relação ao dimensionamento dos cabeçotes do sistema, a velocidade mínima
utilizada foi de 2 m/s, e a máxima de 3 m/s como indicado por Kelly; Kearney (49). e o
diâmetro interno utilizado para tubulações das fileiras de coletores foi de 22 mm.

3.3.3 Dissipador de calor

Os parâmetros de referência para o dimensionamento do dissipador de calor, são


oriundos do documento do CENPES (51), parâmetros que são apresentados na tabela 3.6.
38 Capítulo 3. Metodologia

Utilizou-se alumínio como material de construção do equipamento, e as propriedades da


água na condição de projeto foram determinadas no programa EES à temperatura de 131 ◦C,
que é a temperatura de entrada na condição de projeto, e pressão de 3 atm, que é a pressão
que garante que a água permaneça como líquido comprimido.

Tabela 3.6 – Parâmetros de referência para o dissipador de calor.

Parâmetro Valor Unidade


Capacidade de resfriamento 60,0 ( kW )
Temperatura de entrada do fluido 131,0 ( ◦C )
Temperatura ambiente 30,0 ( ◦C )
Quantidade de tubos 6 (−)
Velocidade do vento de projeto 2,0 ( m/s )
Vazão de projeto 1,0 ( kg/s )

Fonte – CENPES (51)

As dimensões de referência adotadas para a tubulação e para as aletas são apresentadas


na tabela 3.7, juntamente com o comprimento obtido para os tubos do dissipador de calor.

Tabela 3.7 – Dimensões de referência do dissipador de calor.

Parâmetro Valor Unidade


Diâmetro interno dos tubos 96,0 ( mm )
Diâmetro externo dos tubos 100,0 ( mm )
Diâmetro das aletas 200,0 ( mm )
Espessura das aletas 5,0 ( mm )
Distância entre as aletas 10,0 ( mm )
Comprimento dos tubos 2,85 (m)

3.3.4 Tubulações do sistema

No desenvolvimento das simulações, de modo a retratar o sistema de modo mais


detalhado, foram adicionados componentes que representam segmentos de tubulação isolada
entre todos os componentes do sistema, dessa forma, considerando a perda térmica e queda
de pressão em cada um dos segmentos de tubulação.
Para a tubulação foi utilizado o cobre como material e poliestireno para o isolamento
térmico. Considerou-se que a troca térmica externa da tubulação ocorre somente por con-
vecção mista. As dimensões e propriedades termodinâmicas adotadas para as tubulações são
apresentadas na tabela 3.8
Visando facilitar a compreensão da simulação, o sistema foi dividido em três setores,
mostrados na figura 3.24, onde, o setor do campo de coletores está em vermelho, o setor do
dissipador de calor em azul e o setor do reservatório térmico em verde. Para a divisão proposta,
foram assumidos para cada um dos setores uma quantidade de acessórios e comprimentos de
tubulação, todos apresentados na tabela 3.9.
3.3. Parâmetros de referência 39

Tabela 3.8 – Propriedades dos materiais utilizados nas tubulações e isolamentos térmicos.

Parâmetro Valor Unidade


Rugosidade interna da tubulação 45,0 ( µm )
Diâmetro interno da tubulação 50,0 ( mm )
Espessura da tubulação 5,0 ( mm )
Densidade do material 8960,0 ( kg3 /m )
Condutividade do material 393,0 ( W/(m K) )
Capacidade térmica do material 0,385 ( kJ/(kg K) )
Espessura do isolamento térmico 10,0 ( mm )
Densidade o isolamento térmico 49,95 ( kg3 /m )
Condutividade o isolamento térmico 0,025 ( W/(m K) )
Capacidade térmica o isolamento térmico 1,181 ( kJ/(kg K) )

Figura 3.24 – Divisão da simulação em três setores, em vermelho o setor do campo solar, em verde
o setor do reservatório e em azul o setor do dissipador de calor.

Tabela 3.9 – Comprimentos das tubulações e quantidade de acessórios em cada um dos setores do
sistema hidráulico do circuito do fluido térmico do campo de coletores para aquecimento
de água solar para o poço de MUI-15.

Grandeza Coletores Dissipador Reservatório


Comprimento total da tubulação, ( 𝑚 ) 15,0 10,0 9,0
Quantidade de cotovelos, ( − ) 6 4 8
Válvulas gaveta, ( − ) 0 1 1
Válvulas de retenção, ( − ) 0 1 1

3.3.5 Controles

Como referido anteriormente, existem três tipos de controladores no sistema simulado,


um para o acionamento da válvula do dissipador de calor (nomeado Type 1503), um para
acionamento da bomba dos coletores solares (chamado de Type 911), e um para o controle
do aquecimento do reservatório/injeção de água além de evitar o superaquecimento dos
coletores (designado Type 1233). Os parâmetros utilizados para cada um dos componentes
40 Capítulo 3. Metodologia

são apresentados na tabela 3.10.

Tabela 3.10 – Parâmetros dos controladores do sistema de controle do sistema de injeção de água
aquecida em poços de petróleo.

Type Parâmetro Valor Unidade


Número de oscilações 5 (−)
911 Tempo mínimo de funcionamento 0,4 (h)
Tempo mínimo de desligado 0,125 (h)
Número de oscilações 5 (−)
1233 (super) Tempo mínimo de funcionamento 9 (h)
Tempo mínimo de desligado 0,125 (h)
Número de oscilações 5 (−)
1503
Diferença de temperatura para acionamento 0,5 ( ◦C )
Número de oscilações 5 (−)
1233 (injeção) Tempo mínimo de funcionamento 1,87 (h)
Tempo mínimo de desligado 12 (h)

Todos os controladores trabalham com um número máximo de oscilações, que é a


quantidade permitida de variações consecutivas entre os dois estados (on - off ). Os Types 911
e 1233 trabalham com um tempo mínimo de execução e tempo mínimo desligado, ou seja,
uma vez que o controle foi acionado, o mesmo deve ficar ativado durante o tempo mínimo
estipulado. Do mesmo modo, quando o controle é desligado, esse deve permanecer desligado
pelo período estipulado. Além disso, o Type 1503 trabalha com histerese para reduzir as
instabilidades em temperaturas próximas ao setpoint, demandando uma diferença mínima de
temperatura para ser acionado.

Tabela 3.11 – Inputs dos controladores do sistema de controle do sistema de injeção de água aquecida
em poços de petróleo.

Type Inputs Valor Unidade


Diferença de temperatura para acionamento 5,0 ( ◦C )
911
Diferença de temperatura para desligamento 0,5 ( ◦C )
Temperatura máxima dos coletores 105,0 ( ◦C )
1233 (super)
Temperatura mínima 67,0 ( ◦C )
1503 Temperatura de acionamento 95,0 ( ◦C )
Temperatura de injeção 96,5 ( ◦C )
1233 (injeção)
Temperatura pós injeção 20,0 ( ◦C )

O Type 911 é um controlador diferencial de temperatura, o qual utiliza uma diferença


de temperatura de 5 ◦C para ativar a bomba dos coletores, e uma diferença mínima de 0,5 ◦C
para desligar a bomba dos coletores. O Type 1503 utiliza como setpoint, a temperatura de
consumo (95 ◦C), visto que, esse monitora se o reservatório está aquecido. Já o Type 1233
(superaquecimento), que monitora a temperatura de saída do campo de coletores, tem como
temperatura de acionamento 105 ◦C, que é a máxima temperatura que os coletores podem
operar, e tem como temperatura mínima 67 ◦C que é a temperatura na qual é garantido que o
sistema opere sem superaquecer os coletores novamente. O Type 1233 (injeção) atua na injeção,
3.3. Parâmetros de referência 41

iniciando-a quando a temperatura média do reservatório é igual a 96,5 ◦C (95 ◦C+1,5 ◦C), e
a temperatura mínima de 20 ◦C (23 ◦C-3 ◦C).

3.3.6 Parâmetros econômicos

A fim de realizar a análise econômica do sistema de aquecimento solar proposto, foram


selecionadas algumas figuras de mérito, sendo elas: o tempo de retorno do investimento, a
taxa de retorno sobre o investimento, 𝑅𝑂𝐼 2 , e a economia de custo de vida, 𝐿𝐶𝑆 3 . A explicação
detalhada dos modelos é apresentada no apêndice C.
De modo a executar a análise econômica são necessários valores para as tarifas das
fontes de energia auxiliar utilizadas, bem como a taxa de variação do preço dos combustíveis,
adicionalmente são necessários os custos dos componentes do sistema, tais como coletores,
bomba, reservatório, dissipador de calor, tubulações, sistema de controle, dentre outros, os
quais são apresentados na tabela 3.12.

Tabela 3.12 – Custos e inflação das fontes de energia auxiliares.

Parâmetro Valor Unidade


Custo do gás natural 164,0 ( R$/(MW h) )
Inflação do gás natural 5,0 (%)
Custo da energia elétrica 535,25 ( R$/(MW h) )
Inflação da energia elétrica 6,0 (%)
Coletor solar 1323,0 ( R$/m2 )
Reservatório térmico 6187,0 ( R$/m3 )
Dissipador de calor 16000,0 ( R$ )

A inflação da energia elétrica a inflação foi determinada através da análise histórica da


taxa de variação do preço do combustível, com base nos dados obtidos no site da ANEEL
(64), para um período de 10 anos (2009 a 2019), já a taxa de variação do preço do gás natural
(inflação), foi extraída de Starke et al. (65). Os custos dos combustíveis e do coletor solar
foram obtidos de Solar Payback (66) e o custo do reservatório de Mauthner; Herkel (67).
Para estimar o custo do dissipador de calor, realizou-se uma pesquisa do custo do tubo
aletado por unidade de comprimento. Esse custo foi multiplicado por um fator de correção
para considerar custos adicionais associados à fabricação do componente (arranjo dos tubos,
montagem, suporte para os tubos, etc.).
A determinação do custo dos componentes depende diretamente do nível de deta-
lhamento do projeto, quanto mais detalhado esse for, mais precisa será a análise Turton
et al. (68). De modo a contornar essa limitação, por vezes, são encontrados na bibliografia
custos condensados, por exemplo, o custo dos coletores solares da tabela 3.12 engloba o custo
diretamente dos coletores, do sistema de controle, instalação, bombas e tubulações isoladas
do sistema. Já o custo do reservatório inclui o reservatório térmico e a serpentina imersa.
2 Return on investment.
3 Life-cycle cost savings.
42 Capítulo 3. Metodologia

Considerou-se que o sistema não produz renda, dessa forma, a constante Γ, da equa-
ção (C.2) e equação (C.4), será igual a zero. Além disso, não foram considerados cenários com
a presença de financiamentos ou empréstimos para o investimento inicial e nenhum custo de
imposto sobre propriedade é gerado. De modo semelhante, a depreciação dos equipamentos
e componentes do sistema foi desconsiderada.
Louvet et al. (69) sugere que o weighted average cost of capital (WACC) seja usado
como taxa de desconto para a análise econômica. De acordo com Rocha; Gutierrez; Hauser
(70), o WACC médio, desconsiderando a inflação, para energia renovável no Brasil é de
9,43 %. Já os custos anuais de operação e manutenção foram de 1,0 % do investimento inicial,
como sugerido por Solar Payback (66), sem inflação. A análise econômica foi realizada para
um período de 20 anos como sugerido por Starke et al. (65), Solar Payback (66) e Cardemil;
Starke; Colle (71).
43

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Este capítulo apresenta os resultados obtidos para a simulação do sistema implementado


em TRNSYS. Primeiramente, é descrito como ocorre o fluxo de informações dentro da
simulação, bem como, o funcionamento diário do sistema. Na sequência são apresentados os
resultados termo-econômicos obtidos para o caso de referência. E por fim, são apresentadas as
análises de sensibilidade em termos de parâmetros de interesse a saber, a quantidade de fileiras
no campo de coletores, a inclinação dos coletores, a distância entre as fileiras de coletores, a
vazão do sistema, custo das fontes de energia auxilar, taxas de inflação dos combustíveis e
taxa de desconto. Em seguida apresenta-se a análise de sensibilidade das premissa adotadas.

4.1 FUNCIONAMENTO DOS CONTROLES E DO SISTEMA

Na presente seção, ilustra-se a operação do sistema de aquecimento e o sistema de


controle atuante. Inicialmente, é apresentado o sistema termo-hidráulico desenvolvido em
TRNSYS, e todo o sistema de controle e contagem de injeções.
As linhas vermelhas na figura 4.1 representam a parte onde o fluido “quente” escoa, já
as linhas sólidas azuis simbolizam onde o fluido “frio” escoa. As linhas tracejadas, representam
a troca de sinais de controle e de comando entre os componentes do sistema e os controladores,
e a linha sólida verde representa o sinal para a realização da injeção da água aquecida no poço
de produção.
Estão presentes na figura 4.1 dois coletores solares, isso porque, o primeiro deles,
“COL-1”, representa a primeira fileira de coletores, na qual não existe o sombreamento
entre fileiras, já o segundo componente, “COL-N”, corresponde as demais fileiras do campo
de coletores, onde existe o sombreamento entre fileiras. Além disso, de modo a melhor
representar o comportamento térmico do sistema, todos os componentes principais são
conectados através de tubulações com isolamento térmico, apresentadas como “P1”, “P2”,
“P3”, “PT1”, “PT2”, “PS1” e “PS2”, sendo “P” a abreviação para pipe, “T” para tank e “S” para
sink.
No início do dia, o sistema está desligado e o reservatório está à temperatura ambiente.
O “TYPE911” monitora o ganho térmico dos coletores, comparando sua temperatura de
saída, através do sinal do componente “HEADEROUT”, e a temperatura de entrada, por
meio do sinal do componente “P2”. O sinal de saída do “TYPE911” vai até o componente
“SINKPUMP”, esse componente que também recebe os sinais advindos do componente
“SIGSINK”, “SIGSUPER” e “INJECTQAUX”. Caso as condições de controle sejam atendidas,
um sinal sai do componente “SINKPUMP” para a bomba dos coletores “PUMP”, ligando-a
e iniciando o escoamento do fluido térmico através do sistema.
O fluido térmico sai da bomba, “PUMP”, passando pela tubulação isolada “P2”,
chegando ao cabeçote de entrada, onde o fluxo mássico é divido igualmente entre todas as
fileiras de coletores. O fluido é aquecido nos coletores “COL-1” e “COL-N”, posteriormente
o fluido é recombinado no cabeçote de saída, “HEADEROUT”.
44 Capítulo 4. Resultados e discussões

Figura 4.1 – Sistema de aquecimento solar, e sistema de controle, para injeção de água aquecida em
poços de petróleo desenvolvido no programa TRNSYS.

Do cabeçote de saída “HEADEROUT” o fluido passa pela tubulação isolada “P3”,


chegando a válvula divisora “DIV”, a qual direciona o fluxo para o reservatório, passando
pela tubulação isolada “PT1”, passando pela serpentina imersa no reservatório térmico,
“TANK”, seguindo pela tubulação isolada “PT2”, e pela válvula “V-TANK”, chegando à
válvula misturadora “MIST”, percorrendo a tubulação isolada “P1”, chegando novamente a
bomba “PUMP”.
Para os casos em que o fluido térmico deve escoar através do dissipador de calor, a
diferença ocorre a partir da válvula divisora, “DIV”, onde o fluxo será direcionado para o
dissipador de calor, passando pela tubulação isolada “PS1”, pelo dissipador de calor “SINK”,
seguindo pela tubulação isolada “PS2”, e pela válvula “V-SINK”, chegando também a válvula
misturadora “MIST”, prosseguindo novamente pela tubulação isolada “P1” e retornando a
bomba “PUMP”.
O funcionamento detalhado do sistema é mostrado na figura 4.2, onde é apresentado
um dia de operação do sistema no qual o sistema realizou a injeção antes das 15:00, uma vez
4.1. Funcionamento dos controles e do sistema 45

que o mesmo armazenou energia suficiente para atingir a temperatura de injeção antes do
horário estipulado. Além disso, no presente dia, não houve a necessidade de aporte térmico
auxiliar, visto que foi possível realizar uma injeção antes do horário determinado.

Figura 4.2 – Operação do sistema solar de injeção de água aquecida em poços de petróleo para um
dia com elevada radiação solar, para Candeias-BA.

O reservatório atinge 95°C, então Após a injeção o reservatório


o fluxo de água dos coletores é é reabastecido com água à
desviado para o dissipador de temperatura ambiente.
calor, enquanto a bomba do
coletor continua ativada.

Durante a injeção a Após a injeção ainda


Durante o dia o fluido térmico bomba dos coletores existe radiação solar
escoa através da serpentina permanece ligada e o disponível, dessa forma,
imersa, aquecendo a água do fluido dos coletores a bomba dos coletores é
reservatório. escoa no dissipador. reativada.

Onde, a linha sólida verde representa a temperatura de saída da serpentina imersa, a


linha azul representa a temperatura de entrada do campo de coletores, a linha ciano representa
a temperatura de saída do campo de coletores, a linha vermelha a temperatura de entrada do
dissipador de calor, a linha rosa simboliza a temperatura de saída do dissipador de calor, a
linha roxa corresponde a temperatura média do reservatório térmico e a linha sólida cinza
refere-se a temperatura ambiente. Na parte inferior, referenciadas ao eixo ordenado direito,
intitulado Vazão kg/h, temos as linhas que representam o fluxo de massa, sendo, a linha
pontilhada azul clara referente ao fluxo de massa nos coletores e da serpentina imersa, a linha
tracejada laranja correspondente ao fluxo de massa no dissipador de calor e a linha traço
ponto verde sendo a vazão no reservatório, isto é, a ocorrência da injeção.
No início do dia, a temperatura média do reservatório térmico (linha sólida roxa) e
a temperatura de saída da serpentina imersa (linha sólida verde) são praticamente idênticas
e maiores que a temperatura ambiente. Isso é resultado do ciclo de aquecimento do dia
46 Capítulo 4. Resultados e discussões

anterior, no qual após a realização injeção, houve ganho térmico suficiente para reiniciar o
aquecimento da água do reservatório.
A temperatura de saída dos coletores (linha sólida ciano) é igual a temperatura ambiente
(linha sólida cinza), entretanto a temperatura de saída e de entrada do dissipador de calor
(linha vermelha e linha rosa respectivamente) estão sobrepostas e acima da temperatura
ambiente, o fato de ambas serem coincidentes se dá pois o modelo térmico do componente
considera que para situações em que a vazão através do dissipador é nula sua temperatura de
saída é igual a temperatura de entrada.
Ambas estão acima da temperatura ambiente, pois, quando o dissipador estava sendo
utilizado no dia anterior, o fluido que entrava nele, estava a uma temperatura maior que
a temperatura ambiente. Após a realização da injeção e reabastecimento do reservatório o
fluido permaneceu dentro das tubulações isoladas a uma temperatura superior à ambiente,
resfriando durante a noite, todavia, por essa tubulação ter isolamento térmico, sua troca
térmica é baixa, mantendo o fluido aquecido, mesmo durante a noite.
Durante a quinta hora do dia a temperatura de saída dos coletores (linha sólida ciano)
começa a aumentar, até próximo das 6:00, quando a temperatura de saída é maior que o
estipulado pelo Type 911, iniciando a circulação do fluido térmico através do sistema. Durante
as próximas sete horas o fluido é aquecido no campo de coletores solares, trocando calor e
aquecendo a água do reservatório térmico, até as 14:00, quando a temperatura média do
reservatório atinge a temperatura de 95 ◦C, iniciando o processo de injeção.
Ao iniciar o processo de injeção, o fluido térmico para de escoar através da serpentina
imersa, e é direcionado para o dissipador de calor1 , dissipando para o ambiente a energia
adquirida pelo fluido no campo de coletores. Nesse momento ocorre um aumento repentino
das temperaturas de entrada e de saída do dissipador de calor (linha vermelha e linha rosa
respectivamente), devido a mudança do escoamento, entrando fluido quente advindo do
campo solar que é misturado ao fluido que estava dentro dessa parte do sistema, elevando a
sua temperatura. Após alguns minutos inicia-se o resfriamento do fluido térmico.
O resfriamento ocorre durante todo o período de injeção e reabastecimento do
reservatório, depois o fluido volta a escoar pela serpentina imersa. Após o processo de injeção
e reabastecimento, é importante salientar que a temperatura média do reservatório (linha
sólida roxa) está abaixo da temperatura ambiente (linha sólida cinza), visto que, a temperatura
da água de reposição é 3 ◦C menor que a temperatura ambiente. Esse fato serve como garantia
de que o sistema entregou toda a energia que havia sido armazenada dentro do reservatório,
sendo possível iniciar o próximo ciclo de aquecimento sem existir energia residual do ciclo
de aquecimento anterior.
Após a injeção e reabastecimento do reservatório, ainda existe ganho térmico sufici-
ente nos coletores solares, o que é aproveitado pelo sistema, iniciando o próximo ciclo de
aquecimento, que mantém-se por aproximadamente uma hora e trinta minutos. Após o fim
do novo ciclo de aquecimento a bomba dos coletores é desligada, e todas as trocas térmicas
1 visando evitar a ocorrência do sobreaquecimento dos coletores solares
4.1. Funcionamento dos controles e do sistema 47

que ocorrem entre os componentes e o ambiente se dão devido a convecção natural.


Existem dias nos quais a radiação solar é insuficiente para aquecer o reservatório,
como mostrado na figura 4.3. No início desse dia, o sistema se comporta de forma semelhante
ao verificado para o dia com boa incidência de radiação.

Figura 4.3 – Operação do sistema solar de injeção de água aquecida em poços de petróleo para um
dia com radiação solar baixa, para Candeias-BA.

A temperatura média do
No horário da injeção o reservatório aumenta
reservatório não está a 95°C sendo bruscamente devido ao
necessário o uso de calor auxiliar. aporte térmico auxiliar.

O reservatório está a temperatura


ambiente até o início da operação
da bomba do circuito hidráulico.

Após a injeção
Durante o dia o fluido térmico Com o início do
o reservatório
escoa através da serpentina imersa, aquecimento auxiliar o
é reabastecido
aquecendo a água do reservatório. fluido térmico é
com água à
redirecionado para o
temperatura
dissipador de calor.
ambiente.

A circulação do fluido térmico ocorre normalmente durante seis horas, quando


a temperatura de saída dos coletores (linha sólida ciano) começa a cair, permanecendo
constante durante pouco mais de uma hora, quando a bomba é desligada, o que imediatamente
eleva a temperatura de saída do campo de coletores, religando a bomba dos coletores por
aproximadamente 30 minutos. Às 14:00 a bomba dos coletores está desligada e a temperatura
de saída do campo de coletores volta a decrescer, permanecendo assim até às 15:00.
Visto que a temperatura média do reservatório está abaixo da temperatura de injeção,
95 C, no horário previsto para ser realizada a injeção, 15 h, a resistência elétrica imersa no

reservatório é ligada, e assim permanece até que o fluido do reservatório atinja a temperatura
estabelecida. Simultaneamente ao início do processo de aquecimento via resistência auxiliar
do reservatório térmico, o fluido térmico é dirigido para o dissipador de calor, pois, prefere-
48 Capítulo 4. Resultados e discussões

se utilizar o dissipador de calor em vez de desligar a bomba dos coletores, evitando que a
temperatura dos coletores aumente.
O aquecimento auxiliar é realizado até que a temperatura média do reservatório
seja igual a temperatura de injeção. Quando a temperatura está correta é iniciada a injeção,
tendo a bomba dos coletores permanecido ativada com o fluido térmico escoando através
do dissipador durante todo o aquecimento elétrico e injeção de água e reabastecimento do
reservatório.

4.2 CASO DE REFERÊNCIA

O caso de referência é definido com base nos parâmetros apresentados na seção 3.3,
sendo realizada a simulação do sistema para um ano de operação. Antes de apresentar os
resultados para a simulação do sistema, é necessário identificar as grandezas energéticas
existentes. A figura 4.4 mostra de forma simplificada quais são as entradas e saídas de energia
do sistema. As entradas de energia são simbolizadas pelas setas em azul, compreendendo o
ganho dos coletores “𝑄𝑢 ”, e a energia auxiliar “𝑄 𝑎𝑢𝑥 ”. Já as saídas de energia são representadas
pelas setas vermelhas, compreendendo a energia entregue a demanda “𝑄𝑙𝑜𝑎𝑑 ”, a energia
dissipada pelo dissipador de calor “𝑄𝑠𝑖𝑛𝑘 ”, a energia perdida nas tubulações “𝑄𝑙𝑜𝑠𝑡,𝑝𝑖𝑝𝑒𝑠 ” e a
energia perdida no reservatório “𝑄𝑙𝑜𝑠𝑡,𝑠𝑡𝑜 ”.

Figura 4.4 – Energias que entram (setas azuis) e saem (setas vermelhas) do sistema solar de aqueci-
mento de água para o poço de produção MUI-15.
Qlost,pipes

Qu Qlost,sto

Qaux
Qsink
Qload

A energia entregue para a demanda, “𝑄𝑙𝑜𝑎𝑑 ”, é definida conforme apresentado na


equação (4.1).

𝑄𝑙𝑜𝑎𝑑 = 𝑀𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑐 𝑝 (𝑇𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 − 𝑇𝑎𝑚𝑏 ) (4.1)

onde, 𝑀𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 é a massa de água injetada no poço de produção, 𝑐 𝑝 é a calor específico da


água, determinado a temperatura de 60 ◦C, 𝑇𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 é a temperatura da injeção, 95 ◦C, e 𝑇𝑎𝑚𝑏
é a temperatura ambiente no início do processo de injeção.
4.2. Caso de referência 49

Identificadas as energias do sistema, a figura 4.5 apresenta o valor médio diário mensal
2 das energias que entram e saem do sistema. As barras azuis representam a energia entregue
para a demanda, as barras vermelhas correspondem ao ganho energético dos coletores, as
barras amarelas representam a energia auxiliar utilizada, as barras roxas simbolizam a energia
dissipada no dissipador, as barras verdes a energia perdida no reservatório e as barras azuis
claras a energia perdida nas tubulações.

Figura 4.5 – Energias médias mensais para o sistema solar de aquecimento de água do poço de
produção de MUI-15.

105
10

9
Energia média diária mensal, (kJ/dia)

0
Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.
Meses

Verifica-se na figura 4.5, que a energia entregue para a demanda (barras azuis) per-
manece aproximadamente constante durante o ano, tendo um pequeno acréscimo durante
os meses de junho, julho, agosto e setembro, quando a temperatura ambiente é mais baixa.
Por outro lado, o ganho térmico dos coletores (barras vermelhas) cai drasticamente para os
mesmos meses. Proporcionalmente a queda do ganho dos coletores, a energia auxiliar (barras
amarelas) aumenta para os meses do inverno, com o objetivo de atender a demanda térmica.
Com relação a energia dissipada (barras roxas), ela é maior para os meses em que o
ganho dos coletores é mais elevado. As perdas térmicas do reservatório (barras verdes) e das
tubulações (barras azuis claras) permanecem aproximadamente constantes durante o ano,
com valores pequenos em comparação as demais energias do sistema.
De modo complementar, na figura 4.6 é apresentada a fração solar mensal do sistema.
A fração solar é um indicador de desempenho comumente usada para descrever o desempenho
∫𝑁
2 integral mensal da energia pelo número de dias do mês,
𝑄 𝑑𝐸
𝑁
50 Capítulo 4. Resultados e discussões

de um sistema solar. Esse indicador de desempenho representa a a porcentagem da demanda


energética que foi suprida pelo sistema solar, com o restante da demanda sendo fornecida
pela fonte auxiliar de energia (35). Como esperado, a fração solar do sistema é menor para os
meses de junho, julho e agosto, meses do inverno, atingindo o mínimo de 44 % para o mês
de junho. Já para os demais meses do ano, o sistema tem uma fração solar acima de 60 % para
todos os meses, alcançando nos meses de fevereiro e março o máximo de 75 %. Resultando
em uma fração solar anual de 63,7 %.

Figura 4.6 – Fração solar mensal para o sistema de aquecimento solar de água para injeção no poço
de produção MUI-15.
100

80 75 75
Fração solar, (%)

70 69 70
65 67 67
61
60 56
49
44
40

20

0
Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.
Meses

No tocante à perda de carga, o valor máximo obtido foi de 207,22 kPa, demandando
uma bomba de 224,41 kW de potência elétrica, com eficiência de bombeamento de 95 %.
Para um ano de operação do sistema, foi determinado que essa bomba consumirá 1,08 MW h
de energia elétrica. Como critério comparativo, para o mesmo ano de operação do sistema, a
complementação do aquecimento do reservatório consumiu 30,94 MW h de energia térmica.
Se a fonte de aquecimento auxiliar também utilizar energia elétrica, a energia consumida de
bombeamento representa 4 % da energia utilizada para aquecimento auxiliar.
Com relação a análise econômica, foram analisados dois cenários econômicos distintos,
o primeiro é a substituição de um sistema que utiliza gás como fonte de energia, por um
sistema solar que utiliza gás como fonte de energia auxiliar. E o segundo caso, utilizando
energia elétrica como fonte auxiliar de aquecimento. Os critérios econômicos analisados
referem-se ao 𝐿𝐶𝐶1, 𝐿𝐶𝐶2, e 𝐿𝐶𝑆, tempo de retorno e o 𝑅𝑂𝐼 . Com a tabela 4.1 sintetizando
os resultados obtidos para o sistema de referência.
Analisando os resultados de 𝐿𝐶𝑆 da tabela 4.1, vemos que o cenário mais favorável
ocorre para a troca de um sistema elétrico por um sistema solar/elétrico, e o menos vantajoso,
apresentando prejuízo financeiro, é a substituição do sistema a gás por um sistema solar/gás.
O fato de o cenário elétrico ser mais favorável se deve ao fato de o custo da energia elétrica
ser maior que o custo do gás (vide tabela 4.1), por esse mesmo motivo o cenário gás torna-se
desvantajoso.
4.3. Análises paramétricas 51

Tabela 4.1 – Resultados econômicos obtidos para o caso de referência.

Parâmetro Gás Elétrico


𝐿𝐶𝐶1 R$ 238.019,02 R$ 626.455,66
𝐿𝐶𝐶2 R$ 341.257,95 R$ 482.292,56
𝐿𝐶𝑆 -R$ 103.238,93 R$ 144.163,10
Tempo de retorno 21,9 anos 6,6 anos
𝑅𝑂𝐼 4,6 % 15,1 %

4.3 ANÁLISES PARAMÉTRICAS

Dentre todos os parâmetros de entrada para a simulação do sistema, foram selecionados


oito parâmetros de interesse para verificar a sensibilidade do sistema aos mesmos. As variáveis
selecionadas foram: a quantidade de fileiras no campo de coletores, a inclinação dos coletores,
a distância entre as fileiras no campo de coletores, o fluxo mássico do sistema, a tarifa da
fonte auxiliar de energia, a taxa de inflação dos combustíveis e a taxa de desconto. Cada um
dos parâmetros selecionadas foi analisado separadamente, enquanto os demais permaneceram
constantes.
Foram analisados dois cenários de 𝐿𝐶𝑆 para o sistema, o primeiro caso (𝐿𝐶𝑆𝑔𝑎𝑠 ) consi-
dera um sistema que era movido por um processo que consumia apenas gás natural, e que
o sistema solar proposto utiliza o próprio gás natural como fonte de energia auxiliar, e o
segundo caso (𝐿𝐶𝑆𝑒𝑙𝑒 ), segue a mesma ideia do primeiro caso, diferindo no combustível que
nesse cenário é a energia elétrica.

4.3.1 Quantidade de fileiras de coletores

A primeira análise paramétrica realizada foi a variação da área do campo de coletores,


mantendo a quantidade de coletores por fileira constate, sendo acrescido o número de fileiras,
de 2 fileiras até 13 fileiras. A vazão através do sistema foi alterada conforme a quantidade de
coletores presentes. A figura 4.7 apresenta a fração solar anual do sistema em função da área
do campo de coletores. Como esperando, o acréscimo da área do campo solar eleva a fração
solar do sistema assintoticamente.
Todavia, analisar unicamente a fração solar do sistema, sem ponderar acerca dos
investimento necessários para realizar o empreendimento é insuficiente para qualquer tomada
de decisão. De modo a iniciar a análise econômica do sistema, a figura 4.8 traz o 𝐿𝐶𝐶1 de
ambos os cenários econômicos e a figura 4.9 o 𝐿𝐶𝐶2, nas quais, a linha tracejada representa
o caso a gás e a linha sólida refere-se ao caso elétrico.
Analisando a figura 4.8, verifica-se que o custo de vida dos sistemas convencionais
mantém-se praticamente constante para todas as áreas analisadas. Essas variações ocorrem,
porque, a variação do tamanho do campo solar altera horário em que ocorre a entrega de
energia para a demanda. Como o “𝑄𝑙𝑜𝑎𝑑 ”, vide equação (4.1), depende da diferença entre a
temperatura de injeção e a temperatura ambiente, se a injeção ocorre em um horário distinto,
uma temperatura diferente é utilizada, contabilizando uma quantidade de energia diferente.
52 Capítulo 4. Resultados e discussões

Figura 4.7 – Fração solar anual em função da área do campo de coletores

100

88 89 90
90 86
84
81
80 77
Fração solar anual, (%)

71
70
64
60
54
50
43
40
30
30

20

10

0
38 57 75 94 113 132 151 170 189 208 226 245
2
Área do campo de coletores, (m )

Figura 4.8 – 𝐿𝐶𝐶1 em função da área do campo de coletores


800

700

600
LCC, (R$ mil)

500

400

300

200

100

0
40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240

Área do campo de coletores, (m2 )

Com relação ao 𝐿𝐶𝐶2, exposto na figura 4.9, verifica-se que existem valores de área
que minimizam o 𝐿𝐶𝐶2, mais evidenciadamente para o 𝐿𝐶𝐶2𝑒𝑙𝑒 , para o qual, obtém-se um
valor mínimo de 474 mil reais, para área de 113,22 m2 . Esse comportamento ocorre, pois,
o aumento da área do campo de coletores resulta em uma menor necessidade de energia
auxiliar para suprir a demanda, até o ponto de mínimo identificado. A partir do mínimo, o
acréscimo de fileiras no campo de coletores eleva o custo dos equipamentos e implementação
do sistema, de tal modo que o decréscimo da energia auxiliar não é suficiente para reduzir o
custo de vida do sistema.
Com o intuito de verificar a economia promovida pela substituição dos sistemas
convencionais pelo sistema solar, a figura 4.10 apresenta os dois cenários do 𝐿𝐶𝑆 avaliados
dentro das análises paramétricas, onde a linha com quadrados representa o cenário 1, (𝐿𝐶𝑆𝑔𝑎𝑠 )
e a linha com marcadores circulares representa o cenário 2, (𝐿𝐶𝑆𝑒𝑙𝑒 ). Da figura 4.10, verifica-
4.3. Análises paramétricas 53

Figura 4.9 – 𝐿𝐶𝐶2 em função da área do campo de coletores


800

700

600

LCC, (R$ mil) 500

400

300

200

100

0
40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240

Área do campo de coletores, (m2 )

se que o melhor cenário econômico, com o maior retorno econômico é para o caso elétrico,
sendo verificado um ponto de máximo de 151 mil reais para o 𝐿𝐶𝑆𝑒𝑙𝑒 , correspondendo a área
de 113,22 m2 , a mesma área que resultou no valor mínimo para o 𝐿𝐶𝐶2𝑒𝑙𝑒 . Já o 𝐿𝐶𝑆𝑔𝑎𝑠 , para
todas as áreas analisadas, resultou em prejuízo, com a solução solar se mostrando inviável
economicamente.

Figura 4.10 – 𝐿𝐶𝑆 em função da área do campo de coletores.


300

200

100

0
LCS, (R$ mil)

-100

-200

-300

-400

-500

-600
40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240
2
Área do campo de coletores, (m )

A energia elétrica utilizada para bombeamento é incluída no cálculo do 𝐿𝐶𝑆. Com o


objetivo de verificar o efeito do custo da energia de bombeamento no 𝐿𝐶𝑆𝑒𝑙𝑒 , a figura 4.11,
apresenta o 𝐿𝐶𝑆𝑒𝑙𝑒 em função da área dos coletores, com a linha tracejada representando
o 𝐿𝐶𝑆𝑒𝑙𝑒 sem considerar a energia elétrica consumida para bombeamento, e a linha sólida
mostrando o 𝐿𝐶𝑆𝑒𝑙𝑒 contabilizando a energia elétrica para bombeamento.
Para as áreas pequenas, a diferença entre as curvas é pouco significativa, pois a vazão
no sistema, e consequente energia para bombeamento são baixas. Entretanto, a partir da
54 Capítulo 4. Resultados e discussões

Figura 4.11 – Efeito da energia elétrica de bombeamento no 𝐿𝐶𝑆𝑒𝑙𝑒 em função da área do campo de
coletores.
200

150
LCS, (R$ mil)

100

50

-50
40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240

Área do campo de coletores, (m2 )

área de 75,48 m2 a diferença se torna mais significativa. Para a área de 113,22 m2 (área com
o melhor 𝐿𝐶𝑆𝑒𝑙𝑒 ), a energia elétrica foi da ordem de 10 mil reais, chegando a 30 mil reais
para a área de 245,31 m2 . O aumento do consumo de energia elétrica para bombeamento é
resultado do aumento na queda de pressão do sistema, em decorrência do aumento da vazão
de fluido térmico, promovido pelo aumento no número de coletores no campo solar.
A adição de coletores no sistema altera a vazão através do mesmo, causando uma
variação na queda de pressão. Assim, a figura 4.12, apresenta a variação da queda de pressão
em função da área do campo de coletores.

Figura 4.12 – Queda de pressão em função da área do campo de coletores.


450
399
400
369
Queda de pressão, (kPa)

356
350 338
305 300
300
274
250 229
207
200 192

150 136
107
100

50

0
38 57 75 94 113 132 151 170 189 208 226 245
2
Área do campo de coletores, (m )

A queda de pressão cresce com o aumento da área do campo de coletores, isso se


deve, ao aumento da queda de pressão nos acessórios (maior quantidade de acessórios e maior
comprimento da tubulação), e ao aumento da vazão através do sistema. É importante salientar
que o dimensionamento dos cabeçotes do campo de coletores depende da vazão do sistema,
4.3. Análises paramétricas 55

sendo redimensionado para que a velocidade do escoamento dentro deles, esteja no intervalo
permitido. Entretanto, os cabeçotes da serpentina imersa e do dissipador de calor não são
redimensionados.

4.3.2 Inclinação dos coletores

A inclinação dos coletores é um parâmetro que impacta diretamente no ganho térmico


dos mesmos (35). Além disso, a inclinação dos coletores também interfere no sombreamento
entre as fileiras de coletores no campo solar. Dessa forma, foi realizada uma análise paramétrica
da inclinação dos coletores, (𝛽), de 0° até 40°. A fração solar, e o fator de sombreamento
entre fileiras do campo de coletores, em função da inclinação dos coletores, são apresentados
na figura 4.13. O fator de sombreamento é calculado através da razão entre a diferença da
radiação total incidente na primeira fileira e na segunda fileira (sombreada), pela radiação
total incidente na primeira fileira.

Figura 4.13 – Fração solar anual, e fator de sombreamento em função da inclinação dos coletores.
Fração solar Fator de sombra
70 8
63 64 64 63 62

Fator de sombreamento, (%)


61
60 59 7
57
Fração solar anual, (%)

54
6
50
5
40
4
30
3
20
2

10 1

0 0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Inclinação dos coletores, (°)

Através da figura 4.13, verifica-se que a fração solar decresce com o aumento da
inclinação dos coletores, enquanto, o fator de sombreamento aumenta. A fração solar tem
seu máximo entre 5° e 10°, já o fator de sombreamento (linha pontilhada), para a inclinação
de 40°, chega a 7 %. A fim de verificar a influência da inclinação na análise econômica, a
figura 4.14, apresenta os dois cenários de 𝐿𝐶𝑆 em função da inclinação dos coletores.
Percebe-se que o aumento da inclinação dos coletores resulta em uma aumento no
𝐿𝐶𝑆 até o ponto de ótimo de 145 mil reais, para a inclinação de 10°, a partir do qual, ocorre
uma redução para ambos os 𝐿𝐶𝑆, entretanto, esse comportamento é mais pronunciado para
o 𝐿𝐶𝑆𝑒𝑙𝑒 . Apesar da redução percebida do 𝐿𝐶𝑆 na figura 4.14, para a latitude analisada, o
sombreamento não afeta significativamente o desempenho do sistema.
56 Capítulo 4. Resultados e discussões

Figura 4.14 – LCS em função da inclinação dos coletores.


200

150

100
LCS, (R$ mil)

50

-50

-100

-150

-200
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Inclinação dos coletores, (°)

4.3.3 Distância entre fileiras

Além da inclinação dos coletores, outro parâmetro que influência no sombreamento


dos coletores é a distância entre as fileiras de coletores. Para verificar a sensibilidade do sistema
com relação a esse parâmetro, foi realizada uma análise da fração solar anual e do fator de
sombreamento em função da distância entre as fileiras de coletores, mantendo a inclinação
dos coletores em 12,67°, como mostrado na figura 4.15.

Figura 4.15 – Fração solar anual, e fator de sombreamento em função da distância entre as fileiras
de coletores.
Fração solar Fator de sombra
70 6
64 64 64 64 64 64
62
Fator de sombreamento, (%)

60 5
Fração solar anual, (%)

50
4
40
3
30
2
20

10 1

0 0
0 0.7 1.3 2 2.6 3.3 4
Separação entre fileiras, (m)

A ausência de separação entre as fileiras de coletores resultou na menor fração solar


anual, de 62 % e um fator de sombreamento de 5,2 %. Separando as fileiras em 0,70 m a
fração solar aumentou em 2 %, enquanto o fator de sombreamento caiu para 1,5 %. O efeito
do espaçamento entre as fileiras na análise econômica é apresentado na figura 4.16.
4.3. Análises paramétricas 57

Figura 4.16 – LCS em função da distância entre as fileiras de coletores.


300

250

200

150
LCS, (R$ mil) 100

50

-50

-100

-150

-200
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
Separação entre fileiras, (m)

Nota-se que o espaçamento entre as fileiras para valores maiores que 0,70 m não resul-
tam em grandes alterações no 𝐿𝐶𝑆 do sistema, pois, para a latitude analisada, o sombreamento
não possui influencia significativa no comportamento térmico e econômico do sistema.
Todavia, deve ser salientado que o espaçamento entre as fileiras não existe exclu-
sivamente para reduzir o sombreamento entre fileiras, mas também para a realização de
operações de manutenção, com esse aspecto devendo ser considerado no projeto do campo
de coletores solares. Além disso, o aumento da inclinação dos coletores demanda um maior
espaçamento entre as fileiras, visto que o sombreamento entre fileiras é maior.

4.3.4 Vazão do sistema

Os coletores solares planos são projetados e desenvolvidos para uma determinada


vazão de operação, todavia, esses componentes podem ser operados a diferentes vazões.
Esse parâmetro exerce grande influência no ganho térmico do coletor, bem como em sua
temperatura de saída, além disso, a perda de carga dos componentes, também é influenciada.
A figura 4.17, traz a queda de pressão e a integral anual da energia elétrica consumida para
bombeamento em função da fração da vazão utilizada.
Através da figura 4.17 verifica-se que a perda de carga permanece aproximadamente
constante, isso ocorre, pois, os cabeçotes são dimensionados em função da vazão do sistema,
buscando manter a velocidade do escoamento constante em todos os seus segmentos. Todavia,
a potência de bombeamento aumenta com o aumento da vazão. Esse comportamento ocorre,
poi, a potência de bombeamento é diretamente proporcional a vazão do sistema.
De modo a verificar se o aumento da potência de bombeamento afeta a análise econô-
mica, a figura 4.18 apresenta o 𝐿𝐶𝑆 em função da vazão do sistema. Analisando a figura 4.18
constata-se que para as condições analisadas, a variação da vazão não modifica o 𝐿𝐶𝑆 do
sistema. Todavia, deve ser salientado, que isso acontece, pois a energia de bombeamento é
muito menor que a energia auxiliar de aquecimento, apenas para comparação, para a vazão
58 Capítulo 4. Resultados e discussões

Figura 4.17 – Queda de pressão e potência de bombeamento em função da vazão do sistema.


1000 7

Queda de pressão, (kPa)

Energia parasita, (GJ)


800
6

600
5
400

4
200

0 3
0.8 0.9 1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6

de 1,6 vezes a vazão de referência, a energia elétrica de bombeamento é igual a 5,9 % da


energia elétrica utilizada como fonte auxiliar de aquecimento.

Figura 4.18 – LCS em função da vazão do sistema.


1000
LCS, (R$ mil)

500

-500
0.8 0.9 1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6

4.3.5 Tarifa de combustível

Um parâmetro econômico importante de ser considerado em uma análise de sensibi-


lidade é o valor da tarifa utilizada para as fontes auxiliares de energia. A figura 4.19 ilustra o
comportamento do 𝐿𝐶𝑆𝑔𝑎𝑠 e do 𝐿𝐶𝑆𝑒𝑙𝑒 em função da fração de variação da tarifa 𝐶 𝑓 𝑢𝑒𝑙 /𝐶 𝑓 𝑢𝑒𝑙,𝑟𝑒 𝑓
A variação é realizada a partir de 30 % até duas vezes os valores originais da tabela 3.12.
Verifica-se na figura 4.19 um incremento acentuado do 𝐿𝐶𝑆𝑒𝑙𝑒 , que para o caso de referência
era de 144 mil reais, para a tarifa duas vezes maior, teve um lucro de 535 mil reais. O 𝐿𝐶𝑆𝑔𝑎𝑠
apresenta crescimento mais suave, obtendo lucro a partir tarifa 1,7 vezes, chegando a um
lucro de 40 mil reais para a tarifa 2 vezes maior. Esse comportamento ocorre pois o 𝐿𝐶𝐶1 dos
sistemas convencionais cresce proporcionalmente com o aumento das tarifas, entretanto o
𝐿𝐶𝐶2 do sistema solar, tem variação somente no seu termo que depende da demanda auxiliar
de energia, 𝑄 𝑎𝑢𝑥 , enquanto o segundo termo, que considera os custos de implementação e
operação do sistema permanecem constantes. O custo da energia elétrica de bombeamento
4.3. Análises paramétricas 59

Figura 4.19 – LCS em função da tarifa do combustível.


600

500

400

LCS, (R$ mil) 300

200

100

-100

-200

0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2

também é alterado, porém, como mostrado na seção 4.1 sua magnitude é muito menor do
que a energia auxiliar.

4.3.6 Taxa de variação do preço futuro do combustível

A taxa de variação do preço futuro do combustível corresponde a taxa percentual


na qual ocorre o aumento dos preços dos combustíveis. Assim, a sensibilidade do 𝐿𝐶𝑆 em
função da taxa de variação do preço dos combustíveis é apresentada na figura 4.20, sendo
apresentados os dois cenários de 𝐿𝐶𝑆 estudados.

Figura 4.20 – 𝐿𝐶𝑆 em função da inflação dos combustíveis.


200

150

100
LCS, (R$ mil)

50

-50

-100

-150

-200
0 1 2 3 4 5 6 7
Inflação do combustível, (%)

O aumento da inflação causa um aumento para ambos os cenários do 𝐿𝐶𝑆, isso ocorre
pois, as séries de pagamentos futuros dos combustíveis, determinadas pela equação (C.3),
60 Capítulo 4. Resultados e discussões

são acrescidas pelo percentual estimado da inflação. Analisando o 𝐿𝐶𝑆𝑒𝑙𝑒 , constata-se que
para a inflação de 0 % seu valor é próximo a zero, já para a taxa de 7 % o 𝐿𝐶𝑆𝑒𝑙𝑒 foi de 175
mil. O 𝐿𝐶𝑆𝑔𝑎𝑠 também aumentou com a inflação, entretanto, para o intervalo analisado, não
resultou em lucro.

4.3.7 Taxa de desconto

A taxa de desconto é um indicador econômico que representa o retorno mínimo


esperado de um dado investimento. Essa taxa depende das condições de mercado, dessa forma,
é importante avaliar o comportamento do 𝐿𝐶𝑆 perante as variações dessa taxa.

Figura 4.21 – 𝐿𝐶𝑆 em função da taxa de desconto.


500

400

300
LCS, (R$ mil)

200

100

-100

-200

-300
3.5 4.5 5.5 6.5 7.5 8.5 9.5 10.5 11.5 12.5 13.5 14.5 15.5
Taxa de desconto, (%)

Verifica-se, através da figura 4.21, que a taxa de desconto influencia significativamente


o 𝐿𝐶𝑆 do sistema, principalmente do 𝐿𝐶𝑆𝑒𝑙𝑒 , que para uma taxa de 3,5 % era de 490 mil reais,
caiu para um prejuízo de 89 mil reais para a taxa de desconto de 15,5 %. Com A taxa de
3,5 % foi possível um resultado de 45 mil reais para o 𝐿𝐶𝑆𝑔𝑎𝑠 , porém, a partir dessa taxa o
sistema apresenta 𝐿𝐶𝑆 negativo.

Figura 4.22 – 𝐿𝐶𝑆 em função da área do campo de coletores para três taxas de desconto distintas.

600

500
LCS elétrico, (R$ mil)

400

300

200

100

-100
40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240
2
Área do campo de coletores, (m )
4.3. Análises paramétricas 61

Uma vez que o sistema elétrico apresentou viabilidade econômica nas análises prece-
dentes, e de modo a visualizar a sensibilidade do 𝐿𝐶𝑆 à taxa de desconto, foi realizada uma
análise paramétrica do 𝐿𝐶𝑆 elétrico em função área do campo de coletores para 3 taxas de
desconto distintas, como mostra a figura 4.22.
Taxas de desconto maiores, de fato, reduzem o 𝐿𝐶𝑆 do sistema, por exemplo, para
a área de 94,35 m2 , a taxa de 4 % gerou um 𝐿𝐶𝑆 de 451 mil reais, já para 6 % o 𝐿𝐶𝑆 foi de
311 mil reais, uma redução de 31 %. Verifica-se que as áreas que obtiveram os melhores
resultados de 𝐿𝐶𝑆 alteraram, para a taxa de 4 % a área de 169,83 m2 resultou no 𝐿𝐶𝑆 ótimo
de foi de 529 mil reais, já para a taxa de 6 %, a área de 132,09 m2 realizou 350 mil de 𝐿𝐶𝑆.
A figura 4.23 apresenta a análise paramétrica do tempo de retorno do investimento
em função da área do campo de coletores, para as taxas de desconto de 9,43 %, 6 % e 4 %,
sendo novamente analisado o sistema elétrico, dada sua viabilidade econômica.

Figura 4.23 – Tempo de retorno em função da área do campo de coletores para três taxas de desconto
distintas.
12
Tempo de retorno, (anos)

10

0
38 57 75 94 113 132 151 170 189 208 226 245

Área do campo de coletores, (m2 )

Figura 4.24 – 𝑅𝑂𝐼 em função da área do campo de coletores.


50

40
ROI, (%)

30

20 17.7 18.3 18.2 17.6 16.9


15.8 16 15.1
14.2 13.4
12.7 12
10

0
38 57 75 94 113 132 151 170 189 208 226 245

Área do campo de coletores, (m2 )

O tempo de retorno mais curto, ocorre para as áreas de 75,48 m2 e 94,35 m2 em todas
as taxas de desconto, com o mínimo obtido sendo de 5,5 anos para a taxa de 4 %. Outro
62 Capítulo 4. Resultados e discussões

critério econômico avaliado refere-se ao 𝑅𝑂𝐼 , apresentado na figura 4.24.


Em termos do 𝑅𝑂𝐼 , o sistema mais atrativo é aquele que possui o maior valor. Dessa
forma, o melhor caso ocorre para a área de 75,48 m2 , atingindo 18,3 %, com a área de
referência, de 94,35 m2 figurando com o segundo melhor 𝑅𝑂𝐼 , de 18,2 %. Verifica-se uma
mudança da área com o maior 𝐿𝐶𝑆 para a área com o maior 𝑅𝑂𝐼 .
Em linhas gerais, os cenários econômicos nos quais o gás foi substituído por um sistema
solar e aquecimento solar a gás mostraram-se não atrativos economicamente. Por outro
lado, os sistemas que consideram a substituição de um sistema elétrico por um sistema solar
auxiliado por aquecimento elétrico, apresentaram viabilidade econômica para os parâmetros
analisados.
63

5 CONCLUSÃO

O objetivo do presente trabalho foi propor um sistema solar de aquecimento de


água para atender uma demanda térmica de calor de processo para evitar a formação de
depósitos de parafina na coluna de produção de petróleo para o poço de produção de MUI-
15, localizado na cidade de Candeias no estado da Bahia, construindo uma plataforma de
simulação transiente para dimensioná-lo e analisá-lo.
A plataforma de simulação considera o sombreamento entre fileiras do campo de co-
letores, a perda de carga do fluido térmico do sistema e aquecimento indireto do reservatório
térmico. Essas características presentes na plataforma foram apresentadas no decorrer do
trabalho, sendo alcançadas através da criação e edição de alguns componentes do programa
TRNSYS. Da mesma forma que o dissipador de calor utilizado para proteção do sistema de
aquecimento também demandou a criação de um componente específico.
O caso de referência e o sistema de controle desenvolvido basearam-se, majoritaria-
mente nas informações contidas em CENPES (51), com sistema solar obtendo uma fração
solar anual de 63,7 %. Para um período de análise de 20 anos, a substituição de um sistema
alimentado por energia elétrica pelo sistema de aquecimento solar resultou em uma economia
no custo de vida de 144 mil reais e um tempo de retorno de investimento de 6 anos.
A análise de sensibilidade do sistema aos parâmetros de projeto demonstrou que, a
inclinação e a distância entre as fileiras de coletores exerceram pequena influência no resultado
econômico do sistema para a latitude analisada, com a inclinação ótima correspondendo a
10°, resultando em um 𝐿𝐶𝑆𝑒𝑙𝑒 de 145 mil reais. A distância entre as fileiras a partir de 0,70 m
não alterou o resultado econômico do sistema.
Com relação à área do campo de coletores, verificou-se que o maior 𝐿𝐶𝑆𝑒𝑙𝑒 , de 151 mil
reais, ocorre para uma área de 113,22 m2 , obtido para seis fileiras de 10 coletores, montadas
em paralelo. A vazão do sistema teve pouca influência no resultado econômico do sistema,
resultando apenas em uma variação na potência elétrica de bombeamento.
Os parâmetros econômicos analisados foram a tarifa do combustível, inflação do
combustível e taxa de desconto. O aumento do valor da tarifa do combustível e da taxa de
inflação dos combustíveis ocasionaram um aumento no 𝐿𝐶𝑆, por outro lado o aumento da
taxa de desconto provocou uma queda considerável no 𝐿𝐶𝑆. Para o caso elétrico, a taxa de
3,5 %, resultou em um 𝐿𝐶𝑆 de 490 mil reais, já a taxa de 15,5 % produziu um 𝐿𝐶𝑆 45 mil
reais negativo.
Além dos resultados obtidos e das análises realizadas, a plataforma desenvolvida permite
que seu usuário possa realizar diferentes análises termo-econômicas do sistema implementado,
bem como de diferentes conceitos de sistema e demandas térmicas. Além disso, a ferramenta
é um importante recurso para avaliar e dimensionar o sistema de aquecimento solar.
O sistema apresentado e simulado já apresenta viabilidade econômica, todavia, é
vital destacar, que a adoção do sistema solar evita a ocorrência dos bloqueios da coluna de
produção, que ocasionam paradas de produção. Para sanar esse problema, um dispendioso
procedimento de limpeza da coluna é necessário. Como o sistema solar evita esse transtorno,
64 Capítulo 5. Conclusão

esse custo evitado representa mais uma forma de benefício econômico para o sistema em
análise.

5.1 SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS

Mediante as análises realizadas e resultados obtidos, algumas possibilidades de trabalhos


complementares foram elencadas, tais como:
A avaliação do uso de outras tecnologias solares para atender a demanda, como por
exemplo, os coletores de tubos evacuados, que também são capazes de atender a temperatura
de operação adotada. Englobando uma análise aprofundada do reservatório térmico, exis-
tindo a possibilidade de serem utilizados múltiplos reservatórios térmicos, com diferentes
combinações de volume de água a ser aquecido e temperaturas de injeção.
O conceito apresentado e estudado atende apenas um poço produtor, mas pode ser
expandido para atender diversos poços produtores em um modelo semelhante a sistemas
já existentes de District Heating. Os modelos matemáticos desenvolvidos permitem simular
um sistema centralizado de geração de calor solar, a partir do qual fluido aquecido pode ser
enviado por tubulações até vários poços produtores dentro do mesmo campo de exploração
de petróleo. Para simular tal aplicação, os modelos desenvolvidos neste trabalho para calcular
a perda de carga e perda térmica em tubulações podem ser úteis.
A demanda térmica utilizada no trabalho não foi explorada, utilizando as informações
providas pela PETROBRAS. Nesse sentido, a elaboração de um modelo da troca térmica
dentro do poço de produção, que considere as diferentes temperaturas nas camadas do solo,
apresenta potencial de estudo.
Por fim, outras demandas térmicas de baixa temperatura para indústria do petróleo
podem ser estudadas, como por exemplo, o aquecimento do petróleo para aumento de sua
mobilidade, através da redução da viscosidade, o que reduz a potência de bombeamento
necessária em oleodutos.
65

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Apêndices
73

APÊNDICE A – COMPORTAMENTO TÉRMICO DO COLETOR SOLAR

O modelo matemático para simular o comportamento de coletores de placas planas


será descrito em detalhe, descrevendo o modelo para o cálculo de sua eficiência e as correções
aplicadas para operações em condições diferentes das condições de teste. Em seguida, serão
apresentados os critérios e métodos utilizados na determinação das parcelas de radiação que
incidem do plano do coletor.

A.0.1 Modelo de eficiência

Coletores solares são dispositivos que absorvem a irradiação solar, transferindo-a para
um fluido térmico, elevando sua temperatura. Esses equipamentos absorvem tanto a radiação
solar direta, que é a parcela advinda diretamente do sol, quanto pela radiação difusa, que é a
radiação que foi dispersada pela atmosfera terrestre (35).
Diversos modelos para descrever a eficiência de coletores solares podem ser encontra-
dos na bibliografia, variando a quantidade de parâmetros desses modelos e consequentemente
sua complexidade e finalidades. Modelos de menor complexidade são satisfatórios para a simu-
lação de sistemas térmicos em meios computacionais, como o apresentado pela equação (A.1)
derivado da combinação da definição de eficiência instantânea e a equação do ganho de
Hottel-Whillier, como descrito em (35),
[︁ ]︁
𝑄𝑢 𝐹𝑟 𝐼𝑇 (𝜏𝛼)𝑎𝑣𝑔 − 𝑈𝐿 (𝑇𝑖𝑛 − 𝑇𝑎𝑚𝑏 )
𝜂= = (A.1)
𝐴𝑐 𝐼𝑇 𝐼𝑇
onde, 𝜂 é a eficiência do coletor, 𝑄𝑢 é o ganho térmico do coletor, 𝐴𝑐 é a área do coletor
solar, 𝐼𝑇 é a radiação global incidente no plano do coletor (plano inclinado). 𝐹𝑟 é o fator de
remoção de calor do coletor, (𝜏𝛼)𝑎𝑣𝑔 é o produto transmitância-absortância médio (average),
𝑈𝐿 é o coeficiente de perda térmica do coletor, 𝑇𝑖𝑛 é a temperatura de entrada do coletor e
𝑇𝑎𝑚𝑏 é a temperatura ambiente. É importante salientar, que os parâmetros da equação (A.1),
são determinados através de testes experimentais padronizados com diferente condições de
referência, demandando cautela em sua utilização.
O fator de remoção, 𝑈𝐿 da equação (A.1), na prática, não é uma constante, assim, uma
expressão melhor pode ser obtida considerando uma dependência linear de 𝑈𝐿 com relação a
diferença de temperatura (𝑇𝑖 − 𝑇𝑎𝑚𝑏 ), obtendo a equação que segue,

(𝑇𝑖 −𝑇𝑎𝑚𝑏 ) (𝑇𝑖 −𝑇𝑎𝑚𝑏 ) (𝑇𝑖 −𝑇𝑎𝑚𝑏 )


𝜂 = 𝐹𝑟 (𝜏𝛼)𝑛 − 𝐹𝑟 𝑈𝐿 − 𝐹𝑟 𝑈𝐿/𝑇 (A.2)
𝐼𝑇 𝐼𝑇
onde, 𝑈𝐿/𝑇 é a dependência do coeficiente de perda térmica com relação à temperatura. Os
testes para determinação dos coeficientes da curva de eficiência do coletor são realizados para
horários com a maior incidência de radiação, com essa incidindo praticamente normal ao
plano do coletor, dessa forma, (𝜏𝛼)𝑎𝑣 , o produto transmitância absortância médio, pode ser
substituído por (𝜏𝛼)𝑛 na equação (A.2). A equação (A.2) pode ser reescrita da seguinte forma,
74 APÊNDICE A. Comportamento térmico do coletor solar

onde Δ𝑇 = (𝑇𝑖 −𝑇𝑎𝑚𝑏 ), resultando na equação que segue,

Δ𝑇 Δ𝑇 2
𝜂 = 𝑎0 − 𝑎1 − 𝑎2 (A.3)
𝐼𝑇 𝐼𝑇
A determinação dos coeficientes 𝑎 0 , 𝑎 1 e 𝑎 2 da curva de eficiência é realizada através de
testes experimentais em condições pré determinadas através de normas, tal como a ASHRAE
/ ANSI 93-2003 e European Standards EN 12975. Cada uma dessas normas utiliza uma
área nos testes, tipicamente nos Estados Unidos da América é utilizada a área bruta (que é
a área total ocupada pelo coletor), enquanto na Europa é utilizada a área de abertura (área
de cobertura desobstruída). Além disso, os valores coeficientes 𝑎 0 , 𝑎 1 e 𝑎 2 dependem de
qual diferença de temperatura (entrada, média ou saída) foi utilizada na sua determinação.
Portanto, ao utilizar uma diferença de temperatura distinta àquela usada na determinação
dos coeficientes, esses coeficientes devem ser corrigidos (35).

A.0.2 Correções de curva ideal de eficiência

Conforme mencionado, os coeficientes para a curva de eficiência são determinados


para condições de referência pré-determinadas, dessa forma, duas correções devem ser
aplicadas aos coeficientes de eficiência. A primeira correção refere-se à variação da eficiência
para coletores associados em série, e a segunda correção considera a vazão dos coletores
diferente da vazão de teste.
Como explicado anteriormente, os coeficientes da curva de eficiência do coletor
são determinados com a radiação incidente sendo praticamente normal ao plano da placa
absorvedora do coletor. Por outro lado, durante a operação do coletor, a radiação não será
normal, ou seja, com ângulos de incidência não perpendiculares ao plano. Para esses períodos
o produto transmitância absortância, (𝜏𝛼)𝑛 deve ser corrigido, o que é realizado através do
incidence angle modifier (IAM), que é definido pela expressão que segue (62),

1 + cos 𝛽 (𝜏𝛼)𝑑 1 − cos 𝛽 (𝜏𝛼)𝑔


(︃ )︃ (︃ )︃
(𝜏𝛼)𝑏
𝐼𝑏 + 𝐼𝑑 + 𝜌𝑔 𝐼
(𝜏𝛼) (𝜏𝛼)𝑛 2 (𝜏𝛼)𝑛 2 (𝜏𝛼)𝑛
𝐼𝐴𝑀 = = (A.4)
(𝜏𝛼)𝑛 𝐼𝑇

Para coletores de placas planas (𝜏𝛼)/(𝜏𝛼)𝑛 pode ser aproximado por resultados do
teste da ASHRAE, por um polinômio de segunda ordem em função do ângulo de incidência
da radiação direta no plano do coletor, 𝜃 , como segue,
)︃ 2
1 1
(︃ )︃ (︃
(𝜏𝛼)𝑏
= 1 −𝑏 0 − 1 −𝑏 1 −1 (A.5)
(𝜏𝛼)𝑛 cos𝜃 cos𝜃
onde, 𝑏 0 é o coeficiente de primeira ordem e 𝑏 1 é a constante de segunda ordem. Os
modificadores do ângulo de incidência para a radiação difusa do céu, (𝜏𝛼)𝑑 /(𝜏𝛼)𝑛 , e para a
radiação difusa de solo, (𝜏𝛼)𝑔 /(𝜏𝛼)𝑛 , são determinados através da integração da razão entre a
radiação difusa absorvida e a radiação difusa incidente no plano inclinado do coletor (62).
75

Idealmente, os testes realizados nos coletores solares são realizados a uma vazão de
operação constante, entretanto, se o coletor for operado a uma vazão distinta da de teste
uma correção de 𝐹𝑟 𝑈𝐿 e 𝐹𝑟 (𝜏𝛼)𝑛 é necessária. De acordo com Duffie; Beckman (35), para
aquecedores solares de líquidos, assume-se que a única diferença causada pela variação da
vazão é no diferencial de temperatura, resultando na razão 𝑟 1 de correção para a os coeficientes:

̇ 𝑐 𝑝,𝑓 (︂
𝑚 −𝐴𝑐 𝐹 ′𝑈𝐿 /𝑚
)︂
1 − 𝑒 ̇ 𝑐 𝑝,𝑓
𝐹𝑟 (𝜏𝛼)𝑛 |𝑢𝑠𝑒 𝐹𝑟 𝑈𝐿 |𝑢𝑠𝑒 𝐴 𝐹 ′ 𝑈𝐿
(A.6)
𝑢𝑠𝑒
𝑟1 = = = 𝑐
𝐹𝑟 (𝜏𝛼)𝑛 |𝑡𝑒𝑠𝑡 𝐹𝑟 𝑈𝐿 |𝑡𝑒𝑠𝑡 𝐹𝑟 𝑈𝐿 |𝑡𝑒𝑠𝑡
Para utilizar a equação (A.6) faz-se necessário estimar 𝐹 ′𝑈𝐿 , que para condições de
teste pode ser calculado através de 𝐹𝑟 𝑈𝐿 , pela equação que segue,

̇ 𝑐 𝑝,𝑓
(︃ )︃
𝑚 𝐹𝑟 𝑈𝐿 𝐴𝑐

𝐹 𝑈𝐿 = − ln 1 − (A.7)
𝐴𝑐 𝑚̇ 𝑐 𝑝,𝑓
onde, 𝑚
̇ é a vazão do coletor, 𝑐 𝑝,𝑓 é o calor específico do fluido de operação do coletor.
77

APÊNDICE B – MODELAGEM DO COMPORTAMENTO HIDRÁULICO

A queda de pressão é uma grandeza que depende principalmente do atrito entre o


fluido e a tubulação na qual este escoa. Além disso, quando acessórios estão presentes na
trajetória do escoamento, esses acessórios também induzem uma perda de carga, sendo essa re-
lacionada com a geometria e função do acessório. Dessa forma, dependendo da complexidade
do campo solar existirão diferentes tipos de acessórios e quantidades de acessórios.
A perda de carga é uma grandeza importante, pois a potência de bombeamento é
diretamente proporcional a ela, e, consequentemente o consumo de energia elétrica para
o bombeamento. Em outras palavras, quanto maior a perda de carga, maior o consumo de
energia elétrica parasita para o bombeamento do fluido térmico através do sistema.
O cálculo da perda de carga do escoamento depende em primeira instância do tipo
de escoamento presente, definido pelo número de Reynolds, conforme segue,

𝑅𝑒 = 𝜌 𝑣 𝐷/𝜇 (B.1)

onde, 𝜌 é a densidade do fluido escoando, 𝑣 é a velocidade do escoamento, 𝐷 é o diâmetro da


tubulação onde o fluido escoa, e 𝜇 é a viscosidade dinâmica do fluido. Sendo que, de acordo
com Idelchik (56), valores de 𝑅𝑒 ≤ 3500 correspondem a um escoamento laminar, ao passo
que valores de 𝑅𝑒 ≥ 4000 são relativos a um escoamento turbulento. Valores de Reynolds
intermediários, isto é, 3500 > 𝑅𝑒 > 4000 representam um escoamento de transição.
Nas seções que seguem serão indicados os modelos utilizados para a perda de carga das
seções retas (apêndice B.0.1), para as contrações e expansões cônicas (apêndice B.0.2), para
o acessório “T divisor” (apêndice B.0.3), para o acessório “T misturador” (apêndice B.0.4),
para os cotovelos (apêndice B.0.5), e para as válvulas do sistema (apêndice B.0.6).

B.0.1 Queda de pressão em segmentos retos

Para o cálculo da perda de carga em seções retas foi utilizada a equação de Darcy-
Weisbach, expressa como segue,

𝐿 𝜌𝑣 2
Δ𝑝𝑠𝑡 = 𝑓 (B.2)
𝐷ℎ 2

onde, Δ𝑝𝑠𝑡 é a queda de pressão na seção reta, 𝐿 é o comprimento do segmento de tubulação,


𝐷ℎ é o diâmetro hidráulico da seção (para tubos circulares é o diâmetro do tubo), 𝜌 é a
densidade do fluido, 𝑣 é a velocidade do escoamento e 𝑓 é o fator de atrito do tubo. O
coeficiente de atrito é calculado de duas formas distintas, dependendo do tipo de escoamento.
Para o escoamento laminar, isto é, 𝑅𝑒 < 2300 (72), tem-se,

𝑓 = 64/𝑅𝑒 (B.3)
78 APÊNDICE B. Modelagem do comportamento hidráulico

Para o regime turbulento, 𝑅𝑒 > 4000 de acordo com J. P. Holman (72), o coeficiente
de atrito é determinado utilizando a equação de Haaland (73), conforme segue,
{︃ }︃
𝜀
𝑓 −1/2
= −1, 8 log10 + 6, 9/𝑅𝑒 (B.4)
(3, 7𝐷ℎ ) 1,11
onde, 𝜀 é a rugosidade absoluta da superfície interna da tubulação. Optou-se por utilizar a
equação de Haaland por essa ser a forma explícita da equação de Colebrook (74), e dessa
forma é resolvida mais rapidamente. Para a região de transição, 2300 < 𝑅𝑒 < 4000 o coeficiente
de atrito foi obtido através de interpolação linear entre o valor obtido pela equação (B.3),
para 𝑅𝑒 = 2300, e o obtido na equação (B.4), para 𝑅𝑒 = 4000, método também utilizado por
Jones; Lior (75) e repetido por Bava; Furbo; Dragsted (47).

B.0.2 Queda de pressão em contrações e expansões cônicas

A perda de carga do bocal foi implementada seguindo o modelo de Rennels; Hudson


(76), conforme segue,

2
𝜌 𝑣𝑖𝑛
Δ𝑝𝑏𝑜𝑐𝑎𝑙 = 𝜁𝑏𝑜𝑐𝑎𝑙 (B.5)
2
onde o coeficiente de queda de pressão, 𝜁𝑏𝑜𝑐𝑎𝑙 , é representado como a soma da queda de
pressão local, 𝜁𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙, 𝑏𝑜𝑐𝑎𝑙 e da perda causada pelo atrito na superfície, 𝜁 𝑓 𝑟 , como mostra a
equação que segue,

𝜁𝑏𝑜𝑐𝑎𝑙 = 𝜁𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙, 𝑏𝑜𝑐𝑎𝑙 + 𝜁 𝑓 𝑟 (B.6)

De acordo com Rennels; Hudson (76), a perda pelo atrito da superfície é dada pela
seguinte equação,

𝑓 1 − 𝛽𝑟4
(︁ )︁
𝜁𝑓 𝑟 = (B.7)
8 sin (𝛼/2)
onde, 𝑓 é o fator de atrito do tubo, obtido pela equação (B.4), 𝛼 é o ângulo de divergência,
mostrado na figura B.1, e 𝛽𝑟 é a razão beta, utilizada para descrever contrações e expansões,
sendo nesse caso a razão do diâmetro menor pelo diâmetro maior.

Figura B.1 – Contração cônica.


r

Fonte – Rennels; Hudson (76)


79

O coeficiente de queda da pressão local é obtido pela seguinte equação,


(︂ )︂
𝜁𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙, 𝑏𝑜𝑐𝑎𝑙 = 0, 696 sin (𝛼/2) 1 − 𝛽𝑟5 𝐵 12 (𝐵 1 − 1) 2 (B.8)

onde, 𝐵 1 é uma constante determinada pela equação a seguir,


(︂ )︂
𝐵 1 = 1 + 0, 622 (𝛼 + 180) 4/5 1 − 0, 215𝛽𝑟2 − 0, 785 𝛽𝑟5 (B.9)

A perda de carga do difusor também segue o modelo proposto por Rennels; Hudson
(76), com a única diferença sendo o coeficiente de queda de pressão, agora denominado
𝜁𝑑𝑖 𝑓 𝑢𝑠𝑜𝑟 . Esse coeficiente novamente é representado como a soma da queda de pressão local,
𝜁𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙, 𝑑𝑖 𝑓 𝑢𝑠𝑜𝑟 e da perda causada pelo atrito na superfície, 𝜁 𝑓 𝑟 , conforme equação que segue,

𝜁𝑑𝑖 𝑓 𝑢𝑠𝑜𝑟 = 𝜁𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙, 𝑑𝑖 𝑓 𝑢𝑠𝑜𝑟 + 𝜁 𝑓 𝑟 (B.10)

A perda pelo atrito da superfície, é idêntica à equação (B.6), ao passo que a queda de
pressão local depende do ângulo de divergência, 𝛼, e da razão beta, 𝛽𝑟 . A tabela B.1 apresenta
as equações e as condições para as quais elas são válidas.

Tabela B.1 – Correlações para a queda de pressão local para o difusor.

Ângulo de di- Razão beta Equação da queda de pressão do difusor


vergência
)︁ 2
0° ≤ 𝛼 ≤ 20° 0 ≤ 𝛽𝑟 ≤ 1 8, 3{︄ [tan (𝛼/2)] 1,75 1 − 𝛽𝑟2
(︁
]︃ 0,5 }︄
2𝜋 (𝛼 − 15°) )︁ 𝛼 − 20°
[︃ √︃
20° ≤ 𝛼 ≤ 60° 0 ≤ 𝛽𝑟 ≤ 0, 5 ≈ 1, 366 sin − 0, 17 − 3, 28 0, 0625 − 𝛽𝑟 4
(︁
180° 40°
2
)︁ 2
1{︄− 𝛽𝑟
(︁
]︃ 0,5 }︄
2𝜋 (𝛼 − 15°)
[︃
)︁ 2
20° ≤ 𝛼 ≤ 60° 0, 5 ≤ 𝛽𝑟 ≤ 1 ≈ 1, 366 sin − 0, 17 1 − 𝛽𝑟2
(︁
180°
[︄ }︄
)︁ 𝛼 − 20° (︁
√︃
4
)︁ 2
60° ≤ 𝛼 ≤ 180° 0 ≤ 𝛽𝑟 ≤ 0, 5 ≈ 1, 205 − 3, 28 0, 0625 − 𝛽𝑟 1 − 𝛽𝑟2
(︁
40°
(︄ )︄
𝛼 − 60° (︁
√︃
)︁ 2
60° ≤ 𝛼 ≤ 180° 0, 5 ≤ 𝛽𝑟 ≤ 1 ≈ 1, 205 − 0, 20 1 − 𝛽𝑟2
120°

Fonte – Rennels; Hudson (76)

Dessa forma, a perda de carga do difusor é calculada plea equação que segue,

2
𝜌 𝑣𝑖𝑛
Δ𝑝𝑑𝑖 𝑓 𝑢𝑠𝑜𝑟 = 𝜁𝑑𝑖 𝑓 𝑢𝑠𝑜𝑟 (B.11)
2

B.0.3 Queda de pressão em “T divisor”

A perda de carga do componente “T divisor” é contabilizada utilizando o modelo


proposto por Idelchik (56), o qual divide o escoamento em três seções distintas, o escoamento
ṁadição

80 APÊNDICE B. Modelagem do comportamento hidráulico

da entrada (combinado), o escoamento da extração (lateral), e o escoamento da saída (saída),


apresentados na figura B.2.

Figura B.2 – Representação esquemática do “T divisor” de fluido.

ṁentrada ṁsaída

ṁextração

A perda de carga é dívida em duas partes, a primeira é a perda de carga na região da


extração, e a segunda é a perda de carga na região da saída, além disso, a perda de carga será
função do regime de escoamento, laminar ou turbulento. Para a região da extração a perda
de carga do regime turbulento é dado pela seguinte equação,
(︃ )︃ 2
𝑣𝑒𝑥𝑡
𝑡
𝜁𝑑𝑖𝑣,𝑒𝑥𝑡 = 1+ (B.12)
𝑣𝑖𝑛
onde, 𝜁𝑑𝑖𝑣,𝑒𝑥𝑡
𝑡 é o coeficiente de queda de pressão na região da extração em regime turbulento,
𝑣𝑒𝑥𝑡 é a velocidade do escoamento através da tubulação de extração e 𝑣𝑖𝑛 é a velocidade do
escoamento na tubulação de entrada, isto é, antes da divisão do escoamento. Para o regime
laminar admite-se a seguinte equação,

150
(︃ )︃
𝑙
𝜁𝑑𝑖𝑣,𝑒𝑥𝑡 = (𝐵 2 + 1) 𝑡
𝜁𝑑𝑖𝑣,𝑒𝑥𝑡 + (B.13)
𝑅𝑒
onde, 𝜁𝑑𝑖𝑣,𝑒𝑥𝑡
𝑙 é o coeficiente de queda de pressão na região da extração em regime laminar,
𝑅𝑒 é o número de Reynolds do escoamento e 𝐵 2 é uma constante determinada em função
da razão entre as vazões volumétricas da extração e da entrada, isto é, 𝑅𝑉̇ = 𝑉̇ 𝑒𝑥𝑡 /𝑉̇ 𝑖𝑛 . Para
valores de 𝑅𝑉̇ ≤ 0,6 a seguinte equação é utilizada,

𝐵 2 = 0, 9 + 𝑅𝑉̇ (B.14)

Para razões de 𝑅𝑉̇ > 0,6, tem-se a equação que segue,

1, 5 − (𝑅𝑉̇ − 0, 6)
𝐵2 = (B.15)
2

A utilização do coeficiente de queda de pressão em regime turbulento ou laminar de-


penderá do número de Reynolds do escoamento, calculado através da equação equação (B.1).
Em caso de o escoamento se enquadrar na zona de transição, o coeficiente de queda de
pressão de transição será obtido através de uma interpolação linear entre os coeficientes
81

turbulento e laminar, como realizado por J. P. Holman (72). Por fim, a perda de carga para
a região da extração é calculada pela equação que segue,

2
𝜁𝑑𝑖𝑣,𝑒𝑥𝑡 𝜌 𝑣𝑖𝑛
Δ𝑝𝑑𝑖𝑣,𝑒𝑥𝑡 = (B.16)
2

onde, 𝜁𝑑𝑖𝑣,𝑒𝑥𝑡 é o coeficiente de queda de pressão da região da extração e 𝑣𝑖𝑛 é a velocidade do


escoamento na região de entrada.
Para a região da saída o coeficiente de queda de pressão turbulento, 𝜁𝑑𝑖𝑣,𝑜𝑢𝑡
𝑡 , é definido
como

)︃ 2
𝑉̇ 𝑒𝑥𝑡
(︃
𝑡
𝜁𝑑𝑖𝑣,𝑜𝑢𝑡 = 𝐵3 + (B.17)
𝑉̇ 𝑖𝑛
onde, 𝑉̇ 𝑒𝑥𝑡 é a vazão volumétrica através da tubulação de extração, 𝑉̇ 𝑖𝑛 é a vazão volumétrica
na tubulação de entrada, isto é, antes da divisão do escoamento e 𝐵 3 é uma constante que
depende da razão entre as vazões volumétricas, e a razão entre as áreas das seções transversais,
sendo essa constante definida na tabela B.2.

Tabela B.2 – Correlações para a determinação da constante 𝐵 3 .

𝐴𝑒𝑥𝑡 /𝐴𝑖𝑛 ≤ 0, 4 𝐴𝑒𝑥𝑡 /𝐴𝑖𝑛 > 0, 4 𝐴𝑒𝑥𝑡 /𝐴𝑖𝑛 > 0, 4


𝑉̇ 𝑒𝑥𝑡 /𝑉̇ 𝑖𝑛 ≤ 1, 0 𝑉̇ 𝑒𝑥𝑡 /𝑉̇ 𝑖𝑛 ≤ 0, 5 𝑉̇ 𝑒𝑥𝑡 /𝑉̇ 𝑖𝑛 > 0, 5
𝐵 3 0, 4 2 2𝑉̇ 𝑒𝑥𝑡 /𝑉̇ 𝑖𝑛 − 1 0, 3 2𝑉̇ 𝑒𝑥𝑡 /𝑉̇ 𝑖𝑛 − 1
(︁ )︁ (︁ )︁

Fonte – Idelchik (56).

Para o regime laminar o coeficiente de queda de pressão, 𝜁𝑑𝑖𝑣,𝑜𝑢𝑡


𝑙 , é calculado pela
equação que segue,

𝑙
𝜁𝑑𝑖𝑣,𝑜𝑢𝑡 = 3 𝜁𝑑𝑖𝑣,𝑜𝑢𝑡
𝑡
+ (33/𝑅𝑒) (B.18)

Novamente, caso o escoamento esteja na região de transição, o coeficiente de queda de


pressão será determinado por interpolação linear entre o coeficiente laminar e o coeficiente
turbulento. Assim, a queda de pressão na região da saída do “T divisor” é dado pela seguinte
equação,

2
𝜁𝑑𝑖𝑣,𝑜𝑢𝑡 𝜌 𝑣𝑖𝑛
Δ𝑝𝑑𝑖𝑣,𝑜𝑢𝑡 = (B.19)
2
Por fim, a perda de carga do componente “T divisor”, é a soma da perda de carga de
cada uma das regiões do escoamento:

Δ𝑝𝑑𝑖𝑣 = Δ𝑝𝑑𝑖𝑣,𝑒𝑥𝑡 + Δ𝑝𝑑𝑖𝑣,𝑜𝑢𝑡 (B.20)


82 APÊNDICE B. Modelagem do comportamento hidráulico

B.0.4 Queda de pressão em “T misturador”

A perda de carga do acessório “T misturador” também é baseada no equacionamento


proposto por Idelchik (56), onde, o escoamento também é dividido em três regiões, a região
de entrada, a região de adição e a região de saída, como elucidado na figura B.3.

Figura B.3 – Representação esquemática do tê misturador de fluido.

ṁentrada ṁsaída

ṁadição

Novamente, a queda de pressão no acessório irá depender do regime do escoamento


através do componente, e de modo semelhante, a queda de pressão é dividida em duas regiões,
uma de adição e um de saída. Com relação ao escoamento turbulento na região de adição,
tem-se a equação que segue
ṁentrada (︄ )︃ 2 ṁ)︃saída
2
)︄
𝑉̇ 𝑎𝑑
(︃ (︃
𝑣 𝑎𝑑
𝑡
𝜁𝑚𝑖𝑠𝑡,𝑎𝑑 = 𝐵4 1+ −2 1− (B.21)
𝑣𝑖𝑛 𝑉̇ 𝑖𝑛

onde, 𝜁𝑚𝑖𝑠𝑡,𝑎𝑑
𝑡 ṁextração
é o coeficiente de queda de pressão na região de adição para o regime turbulento,
𝑣 𝑎𝑑 é a velocidade do escoamento na região de adição, 𝑣𝑖𝑛 é a velocidade do escoamento na
entrada, 𝑉̇ 𝑎𝑑 é a vazão volumétrica na região de adição, 𝑉̇ 𝑖𝑛, é a vazão volumétrica na região
de entrada e 𝐵 4 é uma constante. Essa constante é determinada através de duas razões, a saber,
a razão entre as áreas da seção transversal da região de adição e da região de entrada e a razão
entre as vazões volumétricas das respectivas seções. A tabela B.3 apresenta as informações
para determinar os valores de 𝐵 4 .

Tabela B.3 – Correlações para a determinação da constante 𝐵 4 .

𝐴𝑎𝑑 /𝐴𝑖𝑛 ≤ 0, 35 𝐴𝑎𝑑 /𝐴𝑖𝑛 > 0, 35 𝐴𝑎𝑑 /𝐴𝑖𝑛 > 0, 35


𝑉̇ 𝑎𝑑 /𝑉̇ 𝑖𝑛 ≤ 1, 0 𝑉̇ 𝑎𝑑 /𝑉̇ 𝑖𝑛 ≤ 0, 4 𝑉̇ 𝑎𝑑 /𝑉̇ 𝑖𝑛 > 0, 4
𝐵 4 0, 4 0, 9 1 −𝑉̇ 𝑎𝑑 /𝑉̇ 𝑖𝑛 0, 55
(︁ )︁

Fonte – Idelchik (56).

Para o regime laminar o coeficiente de queda de pressão, 𝜁𝑚𝑖𝑠𝑡,𝑎𝑑


𝑙 , é dado pela seguinte
equação,

𝑙
𝜁𝑚𝑖𝑠𝑡,𝑎𝑑 = 2 𝜁𝑚𝑖𝑠𝑡,𝑎𝑑
𝑡
+ (150/𝑅𝑒) (B.22)
83

Novamente, para números Reynolds na zona de transição, o coeficiente de queda


de pressão é obtido através de uma interpolação linear entre os coeficientes para o regime
laminar e para o regime turbulento. Assim, a perda de carga na região da adição é dada pela
seguinte equação,

2
𝜁𝑚𝑖𝑠𝑡,𝑎𝑑 𝜌 𝑣𝑖𝑛
Δ𝑝𝑚𝑖𝑠𝑡,𝑎𝑑 = (B.23)
2
Quanto a perda de carga na região de saída do “T divisor”, para o regime turbulento,
o coeficiente de queda de pressão, 𝜁𝑚𝑖𝑠𝑡,𝑜𝑢𝑡
𝑙 , é definido como segue,
)︃ 2
𝑉̇ 𝑎𝑑 𝑉̇ 𝑎𝑑
(︃
𝑡
𝜁𝑚𝑖𝑠𝑡,𝑜𝑢𝑡 = 1, 55 − (B.24)
𝑉̇ 𝑖𝑛 𝑉̇ 𝑖𝑛
De acordo com Bava; Furbo (77), baseado em testes realizados por Ohnewein;
Hausner; Preiß (78), o valor do coeficiente de queda de pressão obtido pela equação (B.24)
difere do valor encontrado em testes experimentais. Dessa forma, Bava; Furbo (77) propõem
o seguinte fator de correção,
{︄
2,22 𝜁𝑚𝑖𝑠𝑡,𝑜𝑢𝑡
𝑡 se 𝑉̇ 𝑎𝑑 /𝑉̇ 𝑖𝑛 < 0,3
𝑡
𝜁𝑚𝑖𝑠𝑡,𝑜𝑢𝑡 = (B.25)
2,74 𝜁𝑚𝑖𝑠𝑡,𝑜𝑢𝑡 se 𝑉̇ 𝑎𝑑 /𝑉̇ 𝑖𝑛 ≥ 0,3
𝑡

Quanto ao coeficiente de queda de pressão na região de saída para o regime laminar,


𝑙
𝜁𝑚𝑖𝑠𝑡,𝑜𝑢𝑡 ,tem-se a a equação que segue,
)︃ 2 )︃ 2
𝑉̇ 𝑎𝑑
(︃ (︃ )︃ (︃
𝐴𝑎𝑑 𝑣 𝑎𝑑
𝑙
𝜁𝑚𝑖𝑠𝑡,𝑜𝑢𝑡 =2 𝑙
𝜁𝑚𝑖𝑠𝑡,𝑎𝑑 + 𝐵5 1− − 1, 6 − 0, 3 (B.26)
𝑉̇ 𝑖𝑛 𝐴𝑖𝑛 𝑣𝑖𝑛
onde, 𝜁𝑚𝑖𝑠𝑡,𝑎𝑑
𝑙 é o coeficiente de queda de pressão na região de adição para o regime laminar
(equação (B.23)), 𝐴𝑎𝑑 é a área da seção transversal da tubulação de adição, 𝐴𝑖𝑛 é a área da
seção transversal e 𝐵 5 é uma constante dependente de 𝑅𝑉̇ e da razão entre a área da seção
transversal da tubulação de adição e a tubulação de entrada. A tabela B.4 apresenta como
determinar a constante 𝐵 5 .

Tabela B.4 – Correlações para a determinação da constante 𝐵 5 .

𝐴𝑎𝑑 /𝐴𝑖𝑛 ≤ 0, 35 𝐴𝑎𝑑 /𝐴𝑖𝑛 > 0, 35 𝐴𝑎𝑑 /𝐴𝑖𝑛 > 0, 35


𝑉̇ 𝑎𝑑 /𝑉̇ 𝑖𝑛 ≤ 1, 0 𝑉̇ 𝑎𝑑 /𝑉̇ 𝑖𝑛 ≤ 0, 2 𝑉̇ 𝑎𝑑 /𝑉̇ 𝑖𝑛 > 0, 2
𝐵 5 1, 8 −𝑉̇ 𝑎𝑑 /𝑉̇ 𝑖𝑛 1, 8 − 4𝑉̇ 𝑎𝑑 /𝑉̇ 𝑖𝑛 1, 2 −𝑉̇ 𝑎𝑑 /𝑉̇ 𝑖𝑛
(︁ )︁

Fonte – Idelchik (56).

Valores de número de Reynolds dentro da zona de transição, serão novamente inter-


polados linearmente entre os valores para regime laminar e turbulento. Por fim, a perda de
carga na região de saída é calculada como segue,

2
𝜁𝑚𝑖𝑠𝑡,𝑜𝑢𝑡 𝜌 𝑣𝑖𝑛
Δ𝑝𝑚𝑖𝑠𝑡,𝑜𝑢𝑡 = (B.27)
2
84 APÊNDICE B. Modelagem do comportamento hidráulico

A perda de carga total do componente é a adição das componentes de queda de pressão


da região de adição e na região de saída, conforme segue,

Δ𝑝𝑚𝑖𝑠𝑡 = Δ𝑝𝑚𝑖𝑠𝑡,𝑜𝑢𝑡 + Δ𝑝𝑚𝑖𝑠𝑡,𝑎𝑑 (B.28)

B.0.5 Queda de pressão em cotovelos

As dimensões características de um cotovelo, de acordo com Idelchik (56) são, o raio


de curvatura do cotovelo, (𝑅0 ), o diâmetro externo da tubulação (𝐷 0 ) e o ângulo de curvatura
(𝛿), apresentados na figura B.4.

Figura B.4 – Dimensões características de um cotovelo.

Fonte – Idelchik (56)

Os cotovelos são divididos em dois grupos com base na razão entre o raio de curvatura
e o diâmetro externo do tubo, (𝑅0 /𝐷 0 ) . Para relações de 𝑅0 /𝐷 0 < 3 são chamados de canais
curvados, enquanto relações de 𝑅0 /𝐷 0 ≥ 3 são chamados de cotovelos suavemente curvados
(56).
Cada grupo apresenta equacionamentos distintos para o coeficiente de queda de
pressão, entretanto, a queda de pressão de ambos é dada pela equação que segue,

𝜁𝑐𝑜𝑡𝑜𝑣𝑒𝑙𝑜 𝜌 𝑣 2
Δ𝑝𝑐𝑜𝑡𝑜𝑣𝑒𝑙𝑜 = (B.29)
2
onde, 𝜁 é o coeficiente de queda de pressão do acessório, determinado através do número de
Reynolds, e da rugosidade da tubulação, (Δ).
Para canais curvados (𝑅0 /𝐷 0 < 3), 𝑅𝑒 ≥ 2.105 e Δ = 0, tem-se que o coeficiente de
queda de pressão do acessório é composto pelo coeficiente de queda de pressão por atrito,
𝜁 𝑓 𝑟 , e pelo coeficiente de queda de pressão local, 𝜁𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙 , como segue,

𝜁𝑐𝑜𝑡𝑜𝑣𝑒𝑙𝑜 = 𝜁 𝑓 𝑟, 𝑐𝑜𝑡𝑜𝑣𝑒𝑙𝑜 + 𝜁𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙, 𝑐𝑜𝑡𝑜𝑣𝑒𝑙𝑜 (B.30)

O coeficiente de queda de pressão por atrito é da dado pela seguinte equação,

𝑅0
𝜁 𝑓 𝑟, 𝑐𝑜𝑡𝑜𝑣𝑒𝑙𝑜 = 0, 0175 𝛿 𝑓 (B.31)
𝐷0
85

onde 𝑓 é o coeficiente de atrito. O coeficiente de queda de pressão local é determinado


conforme segue,

𝜁𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙, 𝑐𝑜𝑡𝑜𝑣𝑒𝑙𝑜 = 𝐵 6 𝐵 7 𝐵 8 (B.32)

A constante 𝐵 8 depende da geometria da tubulação, no caso de tubulações circulares


𝐵 8 = 1. A constante 𝐵 6 é determinada com base no ângulo de curvatura, conforme segue,



⎪ 0, 9 sin (𝛿) se 𝛿 ≤ 70°
(B.33)


𝐵6 = 1, 0 se 𝛿 = 90°
0, 7 + 0, 35 (𝛿/90°) se 𝛿 ≥ 100°




A constante 𝐵 7 é função da razão 𝑅0 /𝐷 0 , conforme segue,
{︄
0, 21 (𝑅0 /𝐷 0 ) −2,5 se 𝑅0 /𝐷 0 < 1
𝐵7 = −0,5 (B.34)
0, 21 𝑅0 /𝐷 0 se 𝑅0 /𝐷 0 ≥ 1
√︁

Para a condição de 𝑅𝑒 ≥ 104 e Δ > 0 o coeficiente de queda de pressão do acessório é


calculado pela seguinte equação,

𝜁 = 𝐵 9 𝐵 10 𝜁𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙 + 𝜁 𝑓 𝑟 (B.35)

onde, 𝜁 𝑓 𝑟 é determinado pela equação (B.31), 𝜁𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙 , é determinado na equação (B.32), 𝐵 9 é


uma constante que depende de 𝑅0 /𝐷 0 , determinada pela seguinte equação,



⎪ 1 + (4400/𝑅𝑒) se 𝑅0 /𝐷 0 < 0, 55
5, 45/𝑅𝑒 0,131 se 0, 55 ≤ 𝑅0 /𝐷 0 ≥ 0, 70 (B.36)


𝐵9 =
1, 3 − 0, 29 ln 𝑅𝑒.10−5 se 𝑅0 /𝐷 0

⎪ (︁ )︁


𝐵 10 é outra constante, que depende do número de Reynolds, da razão 𝑅0 /𝐷 0 , e da
rugosidade específica da superfície interna da tubulação. Para valores de 𝑅𝑒 < 4.104 , 𝐵 10
possui valor unitário. Para 𝑅𝑒 > 4.104 existem dois casos distintos, um para 𝑅0 /𝐷 0 < 0, 55,
conforme segue,



⎪ 1, 0 se Δ̄ = 0
1 + Δ̄ 0, 5.103 se 0 < Δ̄ < 0, 001 (B.37)

⎪ (︁ )︁
𝐵 10 =
∼ 1, 5 se Δ̄ > 0, 001




onde, Δ̄ é a rugosidade específica, definida pela razão entre a rugosidade da tubulação, Δ, e o
diâmetro interno da tubulação, 𝐷𝑖𝑛 , da seguinte forma,

Δ̄ = Δ/𝐷𝑖𝑛 (B.38)

O valor de 𝐵 10 é dado pelas condições da tabela B.5.


86 APÊNDICE B. Modelagem do comportamento hidráulico

Tabela B.5 – Correlações para determinação da constante 𝐵 10 .

Rugosidade específica 4.105 < 𝑅𝑒 < 2.105 𝑅𝑒 > 2.105


Δ̄ = 0 𝐵 10 = 1 𝐵 10 = 1
0 < Δ̄ < 0, 001 𝐵 10 = 1 + Δ̄ 1.103
(︁ )︁
𝐵 10 = 𝐵 11 /𝐵 12
Δ̄ > 0, 001 𝐵 10 ∼ 2, 0 𝐵 10 ∼ 2, 0
Fonte – Idelchik (56).

A constante 𝐵 11 é obtida através da equação (B.4), ao passo que a constante 𝐵 12 é


determinada conforme segue,

1
𝐵 12 = [︁ )︁ ]︁ 2 (B.39)
2 log 3, 7/Δ̄
(︁

Por fim, para Δ > 0 e 3.103 < 𝑅𝑒 < 1.104 o coeficiente de queda de pressão é calculado
pela seguinte equação,

𝐵 13
𝜁= + 𝜁 𝑓 𝑟 + 𝜁𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙 (B.40)
𝑅𝑒
O coeficiente de queda de pressão por atrito, 𝜁 𝑓 𝑟 , é calculado pela equação (B.31), o
coeficiente de queda de pressão local, 𝜁𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙 , é determinado pela equação (B.32) para 𝑅𝑒 > 2.105 .
A constante 𝐵 13 é determinada conforme segue,




⎪ 0, 004 se 0, 50 < 𝑅0 /𝐷 0 ≤ 0, 55
0, 006 se 0, 55 < 𝑅0 /𝐷 0 ≤ 0, 70




(B.41)


𝐵 13 = 0, 004 se 0, 70 < 𝑅0 /𝐷 0 ≤ 1, 00
0, 001 se 1, 00 < 𝑅0 /𝐷 0 ≤ 2, 00





⎪ 0, 006 se 2, 00 < 𝑅0 /𝐷 0 ≤ 2, 50



Para cotovelos curvados suavemente, (𝑅0 /𝐷 0 ≥ 3), a queda de pressão também é
determinada pela equação (B.29), com o coeficiente de queda de pressão calculado através da
seguinte equação,

𝑅0
𝜁 = 0, 0175 𝐵 14 𝛿 (B.42)
𝐷0
O coeficiente 𝐵 14 é determinado de através da tabela B.6, sendo os parâmetros de
entrada o número de Reynolds, 𝑅𝑒, e a relação 𝑅0 /𝐷 0 .
A curva em U é muito semelhante aos cotovelos, com o diferencial de existir um
segmento de tubulação reta, de comprimento 𝑙𝑒𝑙 que une dois cotovelos, como mostra a
figura B.5. O diâmetro hidráulico para tubulações circulares é igual ao diâmetro interno da
tubulação, isto é 𝐷ℎ = 𝐷 0 , 𝑅0 é o raio de curvatura de cada um dos segmentos da curva, e 𝛿 é
o ângulo de curvatura das curvas.
87

Tabela B.6 – Determinação da constante 𝐵 14 .

𝑅0 /𝐷 0 400 600 800 1.103 2.103 4.103 6.103 8.103 1.104 2.104 3.104 5.104 1.105
>3,0<3,8 0, 34 0, 26 0, 22 0, 19 0, 12 0, 078 0, 063 0, 058 0, 055 0, 050 0, 048 0, 046 0, 044
>3,8<4,0 0, 30 0, 23 0, 19 0, 17 0, 11 0, 070 0, 060 0, 055 0, 052 0, 047 0, 045 0, 044 0, 042
>4,3<5,0 0, 28 0, 22 0, 18 0, 16 0, 10 0, 065 0, 056 0, 052 0, 049 0, 045 0, 043 0, 04 0, 040
>5,0<10 0, 26 0, 20 0, 16 0, 14 0, 09 0, 060 0, 052 0, 049 0, 047 0, 043 0, 042 0, 040 0, 038
>10>20 0, 24 0, 18 0, 15 0, 13 0, 08 0, 055 0, 043 0, 040 0, 038 0, 034 0, 033 0, 030 0, 028
>20<30 0, 22 0, 16 0, 14 0, 12 0, 075 0, 048 0, 040 0, 037 0, 035 0, 030 0, 029 0, 027 0, 026
>30<50 0, 20 0, 15 0, 13 0, 11 0, 070 0, 045 0, 038 0, 035 0, 033 0, 028 0, 027 0, 025 0, 023
>50 0, 18 0, 14 0, 11 0, 09 0, 052 0, 040 0, 035 0, 032 0, 030 0, 025 0, 023 0, 022 0, 020
Fonte – Idelchik (56).

Figura B.5 – Dimensões características das curvas em U.

Fonte – Idelchik (56)

A perda de carga para a curva em U é dada pela seguinte equação,

)︁ 𝜌 𝑣 2
Δ𝑝𝑐𝑢𝑟𝑣𝑎 = 𝐵 15 𝜁𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙, 𝑐𝑢𝑟𝑣𝑎 + 𝜁 𝑓 𝑟, 𝑐𝑢𝑟𝑣𝑎 (B.43)
(︁
2

onde, 𝜁𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙, 𝑐𝑢𝑟𝑣𝑎 dependerá da relação 𝑅0 /𝐷 0 , se esta for menor que 3, então o equacionamento
para cotovelo curto será aplicado, se for maior que 3, então o equacionamento para cotovelo
longo deve ser aplicado. A constante 𝐵 15 , para ângulo de curvatura de 90° é determinada
88 APÊNDICE B. Modelagem do comportamento hidráulico

conforme segue,



⎪ 1, 37 se 𝑙𝑒𝑙 /𝐷ℎ = 0
0, 95 se 𝑙𝑒𝑙 /𝐷ℎ = 1





1, 10 se 𝑙𝑒𝑙 /𝐷ℎ = 2





1, 25 se 𝑙𝑒𝑙 /𝐷ℎ = 3





1, 35 se 𝑙𝑒𝑙 /𝐷ℎ = 4





1, 45 se 𝑙𝑒𝑙 /𝐷ℎ = 6




(B.44)


𝐵 15 = 0, 45 se 𝑙𝑒𝑙 /𝐷ℎ = 8
1, 50 se 𝑙𝑒𝑙 /𝐷ℎ = 10





1, 50 se 𝑙𝑒𝑙 /𝐷ℎ = 12





1, 60 se 𝑙𝑒𝑙 /𝐷ℎ = 14





1, 70 se 𝑙𝑒𝑙 /𝐷ℎ = 20





1, 90 se 𝑙𝑒𝑙 /𝐷ℎ = 25




2, 00 se 40 < 𝑙𝑒𝑙 /𝐷ℎ < 50




Já o coeficiente de queda de pressão por atrito para a curva em U é determinado pela
da seguinte forma,
(︃ )︃
𝑙𝑒𝑙 𝑅0
𝜁 𝑓 𝑟,𝑐𝑢𝑟𝑣𝑎 = 𝑓 + 0, 035 𝛿 (B.45)
𝐷ℎ 𝐷ℎ
onde, 𝑓 é determinado pela equação (B.4) e os demais fatores são todos parâmetros de entrada
fornecidos pelo projetista do sistema.

B.0.6 Queda de pressão em válvulas

O circuito hidráulico do sistema de aquecimento solar para o poço de produção


MUI-15 dispõe de válvulas do tipo gaveta e de retenção. A perda de carga da válvula gaveta
é contabilizada através do modelo matemático desenvolvido por Idelchik (56), onde,

𝜁𝑔𝑎𝑡𝑒 𝜌 𝑣 2
Δ𝑝𝑔𝑎𝑡𝑒 = (B.46)
2
onde, 𝜁𝑔𝑎𝑡𝑒 é o coeficiente de queda de pressão para a válvula gaveta, esse que depende da
parcela de abertura da válvula, 𝑧. Para 𝑧 > 0, 9 a seguinte relação é utilizada,

𝜁𝑔𝑎𝑡𝑒 = 0, 6 − 0, 6 (𝑧) (B.47)

Para valores de 0,2 ≤ 𝑧 < 0,9 a equação que segue é adequada,

6
∑︂
𝜁𝑔𝑎𝑡𝑒 = exp 𝜏𝑖 (𝑧)𝑖 (B.48)
𝑖=0

As constantes 𝜏𝑖 são apresentadas na tabela B.7,


89

Tabela B.7 – Constantes para a determinação do coeficiente de queda de pressão da válvula gaveta.

Parâmetros Valores
𝜏0 7, 66
𝜏1 −72, 64
𝜏2 345, 76
𝜏3 −897, 83
𝜏4 1275, 94
𝜏5 −938, 83
𝜏6 278, 82

Fonte – Idelchik (56).

Com relação a perda de carga da válvula de retenção, Δ𝑝𝑐ℎ𝑒𝑐𝑘 , a sua determinação se


dá de modo semelhante à perda de carga da válvula gaveta, conforme segue,

𝜁𝑐ℎ𝑒𝑐𝑘 𝜌 𝑣 2
Δ𝑝𝑐ℎ𝑒𝑐𝑘 = (B.49)
2
onde, 𝜁𝑐ℎ𝑒𝑐𝑘 , o coeficiente de queda de pressão da válvula de retenção. Para 𝑅𝑒 ≥ 104 é
determinado através da seguinte relação,

𝜁𝑐ℎ𝑒𝑐𝑘 = 1, 0755 + 5, 161422𝐷 0 − 6, 714641𝐷 02 + 4, 934111𝐷 03 (B.50)


Para 𝑅𝑒 < 104 , o coeficiente de queda de pressão é determinado conforme segue,

𝜁𝑐ℎ𝑒𝑐𝑘 = 𝜁 + 530𝜁 1,25 /𝑅𝑒 (B.51)


onde, 𝜁 é obtido através da equação (B.50).

B.0.7 Potência de bombeamento

A potência elétrica parasita demandada pelo sistema é calculada com base na equação
sugerida por Wagner; Gilman (54),

Δ𝑃 𝑚
̇
𝑃𝑝𝑢𝑚𝑝 = (B.52)
𝜂 𝜌𝑓
A equação equação (B.52) calcula a potência parasita em um segmento de tubulação,
𝑃𝑝𝑢𝑚𝑝 , onde Δ𝑃 é a queda de pressão no respectivo segmento da tubulação, 𝑚 ̇ é a vazão
mássica do fluido térmico no segmento, 𝜌 𝑓 é a densidade do fluido e 𝜂 é a eficiência da
bomba, utilizada para converter a potência mecânica em potência elétrica.
Sublinha-se que o consumo de energia depende de onde o o fluido está escoando,
pois existem diferentes quedas de pressão em cada setor do sistema.
91

APÊNDICE C – ANÁLISE ECONÔMICA

Sistemas solares são geralmente compostos por um sistema de absorção da energia


solar complementado por uma fonte de energia auxiliar. A demanda é atendia através da
associação dessas fontes, com as estimativas dos custos de operação desse sistema baseadas nas
frações energéticas fornecidas pela fonte solar e pela fonte auxiliar (79).
O meio mais completo de abordar a economia de sistemas solares, se dá através de
métodos que consideram todos os gastos futuros do sistema, dessa forma, é possível comparar
os custos futuros com os custos presentes, trazendo todos os custos previstos para valor
presente Duffie; Beckman (35).
Dentre os critérios econômicos, pelas características do sistema, optou-se por avaliar
economicamente o sistema através do método 𝐿𝐶𝑆 (Life-Cycle Savings). Esse método analisa a
diferença entre os gastos do sistema convencional e do sistema solar, durante o ciclo de vida
dos sistemas, trazendo todos os ganhos e dispêndios de ambos os sistemas a valor presente.
Para determinar o 𝐿𝐶𝑆 é utilizado o método 𝑃 1 𝑃2 (35), que emprega a seguinte equação,

𝐿𝐶𝑆 = 𝑃1 𝐶 𝑓 𝑢𝑒𝑙 𝑄𝑙𝑜𝑎𝑑 ℱ − 𝑃2 (𝐶𝐴 𝐴𝐶 + 𝐶𝐸 ) (C.1)

onde, 𝑄𝑙𝑜𝑎𝑑 é a demanda anual de energia, 𝐶 𝑓 𝑢𝑒𝑙 é a tarifa da energia auxiliar no primeiro
ano, ℱ a fração solar anual do sistema, 𝐴𝐶 é a área de coletores solares, 𝐶𝐴 é a soma de
todos os custos dependentes da área de coletores do sistema e 𝐶𝐸 é a parcela do custo que é
independente da área de coletores. A constante 𝑃1 é a razão entre a economia de energia
auxiliar durante o período de vida e o custo da energia auxiliar no primeiro ano. Já o termo
𝑃2 é a razão entre os custos durante o período de vida do sistema em razão do investimento
adicional de capital e investimento inicial. A constante 𝑃1 é definida como segue,

𝑃1 = 1 − Γ𝑡¯ 𝑃𝑊 𝐹 𝑁𝑒 ,𝑖 𝑓 𝑢𝑒𝑙 ,𝑑 (C.2)


(︁ )︁ (︁ )︁

onde, Γ é um indicador do tipo de empreendimento, tendo valor 1 se o empreendimento for


comercial, e valor 0 em caso contrário, 𝑡¯ é a taxa efetiva de imposto de renda, 𝑁𝑒 é o período
da análise econômica expresso em anos, 𝑖 𝑓 𝑢𝑒𝑙 é a taxa de variação do preço do combustível
fonte de energia auxiliar e 𝑑 é a taxa de desconto anual do mercado. A função 𝑃𝑊 𝐹 (𝑁 ,𝑖,𝑑)
determina o valor presente (present worth) de uma série de pagamentos futuros, por um
período de 𝑁 anos, que inflaciona a uma taxa 𝑖 e é descontado a uma taxa anual de mercado
𝑑, definida como segue,

[︄ )︃ 𝑁 ]︄
1 1 +𝑖
⎧ (︃
1− , se 𝑖 ≠ 𝑑


𝑁
(1 +𝑖) 𝑗−1 1 +𝑑
∑︂ ⎪
𝑑 −𝑖 (C.3)


𝑃𝑊 (𝑁 ,𝑖,𝑑) = =
(1 +𝑑) 𝑗 ⎪ 𝑁
𝑗=1
, se 𝑖 = 𝑑


𝑁 +1


92 APÊNDICE C. Análise econômica

Já a constante 𝑃2 é definida como segue,

𝑃𝑊 𝐹 (𝑁𝑚𝑖𝑛 , 0,𝑑)
𝑃2 =Λ + (1 − Λ)
𝑃𝑊 𝐹 (𝑁𝐿 , 0,𝑚)
1 𝑃𝑊 𝐹 (𝑁𝑚𝑖𝑛 , 0,𝑑)
[︃ (︃ )︃ ]︃
− 𝑡¯ (1 − Λ) 𝑃𝑊 𝐹 (𝑁𝑚𝑖𝑛 ,𝑚,𝑑) 𝑚 − +
𝑃𝑊 𝐹 (𝑁𝐿 , 0,𝑚) 𝑃𝑊 𝐹 (𝑁𝐿 , 0,𝑚) (C.4)
+ 𝑅𝑚 1 − Γ𝑡¯ 𝑃𝑊 𝐹 (𝑁𝑒 ,𝑖,𝑑) + 𝑡𝑖 Π 1 − 𝑡¯ 𝑃𝑊 𝐹 (𝑁𝑒 ,𝑖,𝑑)
(︁ )︁ (︁ )︁

Γ𝑡¯ 𝑅𝑣
, 0,𝑑 − 1 Γ𝑡 ¯
(︁ ′ )︁ (︁ )︁
− 𝑃𝑊 𝐹 𝑁𝑚𝑖𝑛 −
𝑁𝐷 (1 +𝑑) 𝑁𝑒
onde, Λ é a razão entre a entrada e o investimento inicial, 𝑚 é a taxa anual de juros do
financiamento, 𝑁𝐿 é o tempo de amortização do financiamento, 𝑁𝑚𝑖𝑛 é o período em que a
amortização do financiamento contribui na análise (normalmente é o valor mínimo entre 𝑁𝑒
e 𝑁𝐿 ), 𝑅𝑠 é a razão entre os custos diversos no primeiro ano e o investimento inicial, 𝑡𝑖 é o
imposto patrimonial baseado no valor de avaliação, Π é a razão entre o valor patrimonial do
sistema avaliado no primeiro ano e o investimento inicial, 𝑁𝐷 é o período de depreciação,

𝑁𝑚𝑖𝑛 é o período em que a depreciação contribui na análise (geralmente é o valor mínimo
entre 𝑁𝑒 e 𝑁𝐷 ) e 𝑅𝑣 é a razão entre o valor de revenda no final da vida útil e o investimento
inicial.
O primeiro termo à direita da equação (C.4) corresponde ao pagamento de entrada.
Os termos restantes correspondem ao valor presente dos pagamentos ou série de pagamentos
que sucedem durante o período de análise, esses definidos por razões proporcionais ao valor
inicial. O segundo termo representa os dispêndios relativos ao financiamento do sistema
(parcelas e juros), o terceiro termo contabiliza a dedução do imposto de renda relativo
aos juros. O quarto termo contabiliza os custos diversos, tais como seguro e manutenção
do sistema. O quinto termo corresponde ao imposto patrimonial, já o sexto, contabiliza a
dedução do imposto de renda devido a depreciação pelo método linear, e o sétimo e último
termo, refere-se ao valor presente do valor de revenda dos equipamentos no final do período
considerado na análise.
Outro modo de determinar o 𝐿𝐶𝑆 é através da diferença entre os life-cycle costs, 𝐿𝐶𝐶,
do sistema convencional e do sistema solar, como mostra a equação que segue,

𝐿𝐶𝑆 = 𝐿𝐶𝐶1 − 𝐿𝐶𝐶2 (C.5)


onde o 𝐿𝐶𝐶1, que é o custo do ciclo de vida do sistema convencional é definido através da
equação que segue,

𝐿𝐶𝐶1 = 𝑃1𝐶 𝑓 𝑢𝑒𝑙 𝑄𝑙𝑜𝑎𝑑 (C.6)


Já o 𝐿𝐶𝐶2 é o custo do clico de vida do sistema solar, é determinado através da seguinte
equação,

𝐿𝐶𝐶2 = 𝑃1𝐶 𝑓 𝑢𝑒𝑙 𝑄 𝑎𝑢𝑥 + 𝑃2 (𝐶𝐴𝐴𝐶 +𝐶𝐸 ) (C.7)


93

O 𝐿𝐶𝐶2 considera todos os gastos do sistema solar, sendo o primeiro termo relativo ao
gasto de combustível para atender a demanda de calor auxiliar, e o segundo termo é relativo
ao custo de implementação do sistema.
Além do 𝐿𝐶𝑆 e do 𝐿𝐶𝐶, outro indicador econômico é o tempo de retorno do investi-
mento. Esse indicador pode ser definido de várias formas (35). Todavia, nesse trabalho será
empregado o tempo de retorno definido como o tempo necessário para o valor presente da
economia de combustível seja igual ao valor presente do investimento inicial do sistema, isto
é, o período de tempo necessário para obter-se um 𝐿𝐶𝑆 nulo, como segue,
[︄
(︁ )︁ ]︄
𝐶𝑆 𝑖 𝑓 𝑢𝑒𝑙 +𝑑
ln +1
ℱ 𝑄𝑙𝑜𝑎𝑑 𝐶 𝑓 𝑢𝑒𝑙
𝑁𝑃 = (C.8)
1 +𝑖 𝑓 𝑢𝑒𝑙
(︃ )︃
ln
1 +𝑑
onde, 𝑁𝑃 é o tempo de retorno e 𝐶𝑆 é o investimento inicial no sistema.
De acordo com Duffie; Beckman (35), o retorno sobre investimento, é a taxa de
desconto que irá proporcionar um 𝐿𝐶𝑆 nulo durante o ciclo de vida dos sistemas analisados,
isso é, os dispêndios durante o ciclo de vida das alternativa solar e convencional são iguais. O
resultado mais atrativo é aquele que possui o maior 𝑅𝑂𝐼 .
Como uma das capacidades da plataforma de simulação é considerar a energia parasita
consumida para o bombeamento do fluido térmico através do sistema, adicionou-se um
terceiro termo a equação do 𝐿𝐶𝐶2 (vide equação (C.7)). Esse termo é definido como,

𝐶𝑝𝑢𝑚𝑝 = 𝑃 1𝐶𝑒𝑙𝑒 𝐸𝑝𝑢𝑚𝑝 (C.9)


onde, 𝐸𝑝𝑢𝑚𝑝 é a energia elétrica consumida para bombeamento, 𝐶𝑒 é o custo da energia
elétrica, e 𝑃1 é obtido através da equação (C.2). Salienta-se que o custo da energia para
bombeamento não contempla a potência consumida para a injeção de água no poço de
produção e reabastecimento do reservatório térmico.
Anexos
97

ANEXO A – DADOS DO COLETOR SOLAR


C1772
Solar Collector Factsheet
Gaia GAIA RUN 2.15 BLUE S
Model GAIA RUN 2.15 BLUE S
Type Flat plate collector
Manufacturer Gaia Energies Nouvelles
Address 25 rue Canne Bambou
Zac Portail
RE-97424 Piton Saint Leu
Telephone +262 262 700 900
Fax +262 262 700 988
Email contact@gaia.re
Internet www.gaia.re
Test date 11.2016

 Performance test ISO9806:2013


Solar Keymark
 Quality test ISO9806:2013

Dimensions Technical data


Total length 2.037 m Minimum flowrate 50 l/h
Total width 1.036 m Nominal flowrate 100 l/h
2
Gross area 2.110 m Maximum flowrate 200 l/h
2
Aperture area 1.907 m Fluid content 1.4 l
2
Absorber area 1.887 m Maximum operating pressure 10 bar
Weight empty 38 kg Stagnation temperature 195 °C

Types of mounting Further information


 Construction for sloping roof  Units in different sizes available
 Integration into sloping roof  Glazing replaceable
 On flat roof with stand Hydraulic connection
 Facade Copper pipe, nominal diameter 22 mm

Construction
1 Cover rail
2 Frame
3 Glazing
4 Glass support
5 Absorber
6 Thermal insulation
7 Glued seal
8 Rear panel

SPF Testing, Institut für Solartechnik SPF, Hochschule für Technik Rapperswil HSR, CH-8640 Rapperswil, Switzerland
19.06.2018 / SCFv3.0en www.solarenergy.ch page 1/2
~
C1772
Peak Power per collector unit Wpeak Relative efficiency η
[kW] 1.6 Solar irradiance G=1000 W/m2 1.0 Solar irradiance G=800W/m2
1.4
0.8
1.2
1.0 0.6
0.8
0.6 0.4

0.4
0.2
0.2
0.0 0.0
*
0 20 40 60 80 Tm-T100
amb 0 0.02 0.04 0.06 0.08 T0.1
m

Peak Power Wpeak 1481 W Reference Gross Aperture Absorber


Thermal capacity* 5.5 kJ/K η0 0.702 0.777 0.785
Flowrate during test 150 l/h a1 [WK-1m-2] 3.93 4.35 4.40
-2 -2
Fluid for test Water-Glycol 33.3% a2 [WK m ] 0.0066 0.0073 0.0074
*) Specific thermal capacity C of the collector without fluid, determined according to 6.1.6.2 of EN12975-2:2006

Incident angle modifier IAM Pressure drop Δp


1.2 [Pa] 1600
1400
1.0
1200
0.8
1000
0.6 800
600
0.4
400
IAML=IAMT
0.2
200
0.0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 θ
90 0 100 200 300 [l/h]
400

K1, transversal IAM at 50° 0.91 Pressure drop at nominal flowrate


K2, longitudinal IAM at 50° 0.91 Δp = 289 Pa (T=20°C)

SPF Simulation of systems using Polysun


Short description of the system Surface demand** Solar yield**
Climate: Central Switzerland, orientation of the collectors: South, Number of collectors
Cold water 10°C, Hot water 50°

Domestic hot water: Fss* = 60%


Tank 450 l, collector inclination 45°, 5.57 m2
457 kWh/m2
Daily energy demand 10 kWh (4-6 persons) 2.9 collectors
Energy demand of the reference system 4200 kWh/year
Water pre-heating: Fss* = 25%
2 Tanks: 1500 l & 2500 l, collector inclination 30°, 69.8 m2
Domestic hot water consumption 10’000 l/day (200 persons) 689 kWh/m2
Daily heat losses (circulation and tanks) 60 kWh, 36.6 collectors
Energy demand of the reference system 191'700 kWh/year
Space heating system: Fss* = 25%
Combined storage1200 l, collector inclination 45°,
Daily energy demand 10 kWh (4-6 persons), Building 200 m2, moderately 18.5 m2
290 kWh/m2
heavy construction, well insulated, Heating power demand 5.8 kW (ambient 9.7 collectors
temperature -8°C), Energy demand space heating 12140 kWh/year,
Energy demand of the reference system 16340 kWh/year

*) Fractional solar savings: Proportion of the final energy that, thanks to the solar system, can be saved compared to a reference system.
**) Surface demand and solar yield are given with respect to the aperture area.

SPF Testing, Institut für Solartechnik SPF, Hochschule für Technik Rapperswil HSR, CH-8640 Rapperswil, Switzerland
19.06.2018 / SCFv3.0en www.solarenergy.ch page 2/2

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