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ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
Porto Alegre
2013
VINÍCIUS ANTÔNIO DIEDRICH
Porto Alegre
2013
FOLHA DE APROVAÇÃO
Orientador:____________________________________
Prof. Luiz Tiarajú dos Reis Loureiro, UFRGS.
Banca Examinadora:
Dedico este trabalho aos meus pais, ao meu irmão, à minha namorada e ao meu filho,
que me apoiam e sempre me apoiaram incondicionalmente nesta árdua caminhada e sempre
me incentivaram a seguir em frente.
AGRADECIMENTOS
Eu gostaria de agradecer...
Ao meu pai, pela ajuda prestada quando eu estive ausente, pelo apoio incondicional
que me permitiu estudar longe de casa e chegar a essa conquista e pelo exemplo de
integridade, lealdade e honestidade.
À minha mãe, por todos os sacrifícios que me permitiram estudar em uma
universidade de excelência, pelas rezas às vésperas de provas, pelas boas vibrações enviadas e
pela base familiar sólida que serve de porto seguro.
Ao meu irmão, por todo o cuidado e preocupação que tens comigo, sempre zelando
por mim.
À minha namorada, que me acompanha desde o início do curso. Por você me permitir
continuar os estudos, mesmo longe, e chegar aonde cheguei. A metade desta vitória é
dedicada a você.
Ao meu filho, pela felicidade imensa proporcionada desde o seu nascimento e pelo
sorriso lindo que sempre me esperou nas sextas-feiras.
Aos meus amigos, que de inúmeras maneiras tornam a minha vida interessante e
especial.
À Universidade Federal do Rio Grande do Sul por proporcionar um ensino público,
gratuito e de excelência.
Agradeço ao professor Luiz Tiarajú, por todas as valiosas orientações e ensinamentos
passados durante o curso.
RESUMO
This work aims to present the design of a grid-connected photovoltaic power system,
so that the power generated and not consumed at the time of generation is injected in the grid.
This system has several advantages, including harnessing the sun's energy and reducing
greenhouse gas emissions, reducing the amount of electricity bill and reduce electrical losses
in the transmission due to be next generation and demand . The proposed system is designed
to compensate about 90% of demand of a residence with annual consumption of 6000 kWh.
The basic components and criteria for optimization of the photovoltaic system to generate
electricity are detailed.
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 14
3.2 INVERSORES....................................................................................................... 46
6 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 68
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 69
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Órbita terrestre em torno do Sol, com seu eixo N-S inclinado 23,5º. ..................... 18
Figura 2 – Irradiância espectral. ............................................................................................... 20
Figura 3 – Variação na distribuição espectral devido a massa de ar (AM). ............................. 21
Figura 4 – (a) Piranômetro e (b) pireliômetro. ......................................................................... 22
Figura 5 – Efeito Fotovoltaico. ................................................................................................. 25
Figura 6 – Curva de Eficiência de Shockley-Queiser (SQ) e máxima eficiência..................... 26
Figura 7 – Irradiação total em plano cuja inclinação é igual à latitude do local. Radiação solar
em kWh/m2/dia. ........................................................................................................................ 27
Figura 8 – Histograma com irradiação total ............................................................................. 28
Figura 9 – Esquema simplificado de um sistema isolado. ........................................................ 29
Figura 10 – Esquema simplificado de um sistema Híbrido. ..................................................... 29
Figura 11 – Diagrama esquemático representando uma instalação fotovoltaica conectada à
rede. .......................................................................................................................................... 30
Figura 12 – Detalhe de uma célula fotovoltaica vista em corte transversal. ............................ 31
Figura 13 – Participação das diferentes tecnologias no mercado mundial de módulos
fotovoltaicos. ............................................................................................................................ 32
Figura 14 – Circuito equivalente de uma célula fotovoltaica. .................................................. 35
Figura 15 – Curva característica de módulo fotovoltaico para diferentes valores de irradiância.
.................................................................................................................................................. 36
Figura 16 – Fator de forma: definição. ..................................................................................... 37
Figura 17 – Efeito da variação da resistência paralelo nas características elétricas de uma
célula fotovoltaica..................................................................................................................... 38
Figura 18 – Efeito da variação da resistência série nas características elétricas de uma célula
fotovoltaica. .............................................................................................................................. 39
Figura 19 – (a) Curva I –V e (b) P – V para vários níveis de irradiância. ................................ 39
Figura 20 – (a) Curva I –V e (b) P – V para vários níveis de temperatura. .............................. 40
Figura 21 – Curva I – V para conexão série de dois dispositivos fotovoltaicos....................... 43
Figura 22 – Curva I – V para conexão em paralelo de dois dispositivos fotovoltaicos. .......... 44
Figura 23 – Ligação de diodo Bypass em módulos fotovoltaicos. ........................................... 45
Figura 24 – Ligação de diodo de bloqueio em módulos fotovoltaicos..................................... 45
Figura 25 – Formas de ondas típicas dos inversores monofásicos. .......................................... 47
Figura 26 – Eficiência típica dos inversores. ............................................................................ 49
Figura 27 – Produtividade de SFCR (Yf) em função do fator de dimensionamento do inversor.
.................................................................................................................................................. 50
Figura 28 – Esquema de medição única do balanço de energia. .............................................. 51
Figura 29 – Medição Dupla. ..................................................................................................... 52
Figura 30 – Medições simultâneas. .......................................................................................... 52
Figura 31 – Irradiação média diária para a cidade de Porto Alegre (Inclinação 30º). .............. 59
Figura 32 – Temperatura média mensal para a cidade de Porto Alegre. .................................. 60
Figura 33 – Curva de eficiência do inversor Sunny Boy 3000HF-30. ..................................... 63
Figura 34 – Eficiência média do inversor Sunny Boy 3000HF-30 pelo FDI. .......................... 65
Figura 35 – Produtividade anul do SFCR em função do FDI para a cidade de Porto Alegre. . 65
Figura 36 – Geração de energia elétrica mensal. ...................................................................... 67
Figura 37 – Compensação de Energia Elétrica: Diferença entre produção e demanda. ........... 67
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Coeficientes de temperatura para módulos comerciais (dados fabricante). ........... 41
Tabela 2 – Fatores de correção segundo a orientação (γ) e inclinação (β) do gerador
fotovoltaico para a cidade de Porto Alegre. ............................................................................. 57
Tabela 3 – Média mensal dos valores de Irradiância para a cidade de Porto Alegre. .............. 58
Tabela 4 – Média mensal dos valores de Irradiância para a cidade de Porto Alegre. .............. 58
Tabela 5 – Temperatura média mensal para a cidade de Porto Alegre. ................................... 59
Tabela 6 – Valores de radiação e temperatura adquiridos do programa RADIASOL2. .......... 60
Tabela 7 – Resultado do consumo médio de energia elétrica................................................... 61
Tabela 8 – Modelos de módulos fotovoltaicos vendidos no Brasil. ......................................... 62
Tabela 9 – Parâmetros elétricos e térmicos do módulo CHN180-72M. ................................... 62
Tabela 10 – Parâmetros elétricos Inversor Sunny Boy 3000HF-30. ........................................ 63
Tabela 11 – Possibilidades de disposição dos módulos fotovoltaicos. .................................... 64
Tabela 12 – Resultados do Sistema Fotovoltaico: Geração e Consumo Mensal...................... 66
LISTA DE ABREVIATURAS
AM – Massa de ar
ANEEL – Agencia Nacional de Energia Elétrica
CA– Corrente alternada
CC – Corrente contínua
ηspmp – Eficiência no seguimento do ponto de máxima potência
FDI – Fator de dimensionamento do inversor
FF – Fator de forma
γmp – Coeficiente de temperatura no ponto de máxima potência
Ht,β – Irradiância incidente no plano do gerador
Href – condição de referência
ID – Corrente no diodo
IL – Corrente fotogerada
Imp – Corrente de máxima potência
Isc – Corrente de curto-circuito
Rp – Resistência paralelo
Rs – Resistência série
Pmp – Ponto de máxima potência
PnFV – Potência nominal do gerador fotovoltaico
PnINV – Potência nominal do inversor
PFV – Potência ativa fornecida pelo gerador fotovoltaico
SFCR – Sistema fotovoltaico conectado à rede
SPMP – Seguimento do ponto de máxima potência
STC – Condições padrão de teste (Standard Test Conditions)
SWERA – Solar and Wind Energy Resource Assessment
Ta – Temperatura ambiente
Tc – Temperatura de operação da célula
TNOC – Temperatura nominal de operação da célula
VD – Tensão no diodo
Vmp – Tensão de máxima potência
Voc – Tensão de circuito aberto
Wp – Watt-pico
Yp – Produtividade do sistema
14
1 INTRODUÇÃO
1.1 MOTIVAÇÃO
Tendo em vista que o sistema energético brasileiro está baseado em fontes impactantes
ao ambiente, são essenciais as iniciativas que promovam a inserção de fontes renováveis com
mínimo impacto ambiental na matriz energética. A energia fotovoltaica se caracteriza como
uma alternativa aos sistemas energéticos convencionais e poluentes por ser um modo de
geração de energia limpa, renovável e ainda com a vantagem de possibilitar a produção de
16
energia no próprio local de consumo. Portanto, os estudos que envolvam o uso de sistemas
fotovoltaicos são cada vez mais necessários.
A necessidade de aumentar a capacidade brasileira de geração energética é uma
questão atualmente importante. Tendo em vista a dificuldade de obtenção de recursos para
financiar grandes obras civis, problemas socioambientais causados por grandes usinas
hidrelétricas e os problemas com relação à oferta e a demanda energética no país, surge a
necessidade de buscar novas fontes de energia.
O sistema fotovoltaico, além de causar menor dano ambiental, permite a sua utilização
em pequena escala e ainda ser instalado próximo ao ponto de consumo, de forma distribuída,
minimizando as perdas por transmissão e distribuição da geração centralizada. Devido ao fato
de serem conectadas à rede elétrica pública, essas instalações dispensam os sistemas
acumuladores de energia (banco de baterias), utilizados nos sistemas isolados, reduzindo o
custo total da instalação e dispensando a manutenção envolvida por um banco de baterias.
Estes sistemas independentes envolvem um investimento ainda maior, pelo fato de
necessitarem de um superdimensionamento, para garantir eletricidade durante o ano todo,
independentemente dos períodos com menores níveis de radiação.
De acordo com as características da tecnologia fotovoltaica, do consumo energético
brasileiro e dos crescentes incentivos a este tipo de geração chegou-se à proposição do tema
para este trabalho: geração distribuída baseada em um sistema fotovoltaico que seja conectado
à rede de distribuição e que sirva para compensar o consumo de energia elétrica residencial.
1.2 OBJETIVO
A atmosfera terrestre é atingida anualmente por 1,5 x 109 TWh de energia solar, o que
corresponde a 10.000 vezes o consumo mundial de energia neste período. Além de ser
responsável pela manutenção da vida na Terra, a radiação solar constitui-se numa inesgotável
fonte energética, havendo um enorme potencial de utilização por meio de sistemas de
captação e conversão em outras formas de energia (térmica, elétrica, etc.) (COGEN, 2012).
Uma das formas de conversão da energia solar é através do efeito fotovoltaico que
ocorre em dispositivos conhecidos como células fotovoltaicas. Estas células são componentes
optoeletrônicos que convertem diretamente a radiação solar em eletricidade. São basicamente
constituídas de materiais semicondutores, sendo o silício o material mais empregado
(CEPEL/CRESESB, 1999).
Figura 1 – Órbita terrestre em torno do Sol, com seu eixo N-S inclinado 23,5º.
A posição angular do Sol, ao meio dia solar, em relação ao plano do Equador (Norte
positivo) é chamada de Declinação Solar (δ). Este ângulo, que pode ser visto na Figura 1,
varia, de acordo com o dia do ano, dentro dos seguintes limites (CEPEL/CRESESB, 1999): -
23,45° δ23,45°.
A soma desta declinação com a latitude local determina a trajetória do movimento
aparente do Sol para um determinado dia em uma dada localidade na Terra.
A radiação solar que atinge o topo da atmosfera terrestre provém da região da
fotosfera solar que é uma camada tênue com aproximadamente 300 km de espessura e
temperatura superficial da ordem de 5800 K (CEPEL/CRESESB, 1999).
Pode-se definir um valor médio para o nível de radiação solar incidente normalmente
sobre uma superfície situada no topo da atmosfera. Dados da WMO (World Meteorological
Organization) indicam um valor médio de 1367 W/m2 para a radiação extraterrestre.
A radiação solar é radiação eletromagnética que se propaga a uma velocidade de
300.000 km/s. Em termos de comprimentos de onda, a radiação solar ocupa a faixa espectral
de 0,1 μm a 5 μm, tendo uma máxima densidade espectral em 0,5 μm, que corresponde ao
espectro de luz verde.
É através da teoria ondulatória que são definidas, para os diversos meios materiais, as
propriedades na faixa solar de absorção e reflexão e, na faixa de 0,75 a 100 μm
(correspondente ao infravermelho), as propriedades de absorção, reflexão e emissão (Figura
3).
Por outro lado, utilizando mecânica quântica, é determinada a potência emissiva
espectral do corpo negro em termos de sua temperatura e do índice de refração do meio em
que está imerso. A conversão direta da energia solar em eletricidade também é explicada por
esta teoria. A potência de um feixe luminoso é descrita como o fluxo de fótons com energia
unitária hf, onde f é a frequência da onda eletromagnética associada e h é a Constante de
Planck (6,62 x10-34 Js). A energia solar incidente no meio material pode ser refletida,
transmitida e absorvida.
(a) (b)
Fonte: COGEN (2012).
23
Os mapas de irradiação solar para o território brasileiro foram obtidos com o uso do
modelo desenvolvido pelo INPE em parceria com o LABSOLAR/UFSC no âmbito do projeto
Solar and Wind Energy Resource Assessment (SWERA). Esse projeto visava a fazer o
levantamento a respeito dos recursos de energia solar no Brasil. O objetivo era buscar
alternativas para facilitar a inclusão de fontes renováveis na matriz energética de um grupo de
países selecionados.
Em 2006, o INPE publicou no Brasil, como um dos resultados do projeto SWERA, o
“Atlas Brasileiro de Energia Solar”. Os dados apresentam a média de radiação anual do
27
Brasil. Na Figura 7, observa-se que o país possui uma boa irradiação solar devido a sua
localização tropical.
Figura 7 – Irradiação total em plano cuja inclinação é igual à latitude do local. Radiação solar em
kWh/m2/dia.
3 SISTEMAS FOTOVOLTAICOS
Sistemas interligados à rede não necessitam utilização de baterias, visto que todo o
excedente de energia gerada durante o dia é injetado na rede de distribuição. Por isso, é
necessária a utilização de um inversor para converter a corrente contínua em corrente
alternada. Seu dimensionamento geralmente é feito para que a energia fotovoltaica gerada
anualmente seja igual ao consumo anual. A Figura 11 representa um sistema fotovoltaico
conectado à rede.
30
COMPONENTES BÁSICOS
32 mA/cm2, ou seja, cada célula gera uma corrente entre 1,5 A (50cm2) e 4,5 A (150cm2)
numa tensão entre 0,46 V e 0,48 V. Elas são agrupadas em associações série e paralelo para
produzir corrente e tensão adequada às aplicações elétricas a que se destinam. Como
inicialmente os módulos eram utilizados para carregar baterias de 12 V, eles geralmente são
constituídos por 36 células em série. A partir da configuração desejada, tamanho, potência,
tensão e corrente, o conjunto é encapsulado para constituir o módulo fotovoltaico. O
encapsulamento é realizado com materiais especiais, de forma a proporcionar a necessária
proteção contra danos externos, contra intempéries, isolar eletricamente as células de contatos
exteriores e fornecer rigidez mecânica ao conjunto. A Figura 12 apresenta alguns detalhes
construtivos de uma célula fotovoltaica.
chamamos filmes finos: silício amorfo e silício microcristalino (μc-Si) (5%), telureto de
cádmio (CdTe) (5,3%) e disseleneto de cobre (gálio) e índio (CIS e CIGS) (2,8%) (HERING,
2011).
Figura 13 – Participação das diferentes tecnologias no mercado mundial de módulos fotovoltaicos.
eficiência. Esse processo, porém torna-se mais barato devido à redução na energia necessária
a fabricação, tornando esse tipo de célula mais barata e acessível.
As células de filmes finos surgiram como uma alternativa mais barata se comparadas
aos wafers de silício cristalino. Contudo, esse tipo de célula apresenta menor eficiência de
conversão e confiabilidade. Comercialmente, a eficiência dos filmes finos varia de 6% a 12%,
sendo que o silício amorfo varia de 6% a 9%, CdTe 9% a 11% e o CIGS 10-12% (ABINEE,
2012). A cadeia produtiva deste tipo de célula envolve um menor número de etapas de
processo, o que resulta no seu custo reduzido.
(1)
A corrente que flui através de um diodo (ID), em função da tensão é dada pela
expressão (2).
( ) (2)
[ ]
Onde:
I0 – corrente de saturação reversa do diodo no escuro [A];
V – Tensão aplicada aos terminais do diodo [V];
e – carga do elétron [C];
m – fator de idealidade do diodo (entre 1 e 2 para o silício monocristalino);
k – constante de Boltzmann [J/K];
Tc – temperatura de operação da célula fotovoltaica [ºC].
Dessa forma, tem-se que a Eq. (1) pode ser reescrita como mostrado na Eq. (3).
( ) (3)
[ ]
Percebe-se que o circuito equivalente ideal, apresentado pela Eq. (4), não leva em
consideração as perdas resistivas oriundas do processo de conversão fotovoltaica e
transmissão da corrente fotogerada. O circuito representando uma célula real pode ser visto na
Figura 14. Neste circuito, mais completo e complexo, são incluídas resistências série e
paralelo levando em consideração as perdas internas. Esse circuito equivalente também é
valido para módulos fotovoltaicos, onde Rs representa a resistência série que leva em conta as
perdas ôhmicas do material, das metalizações e do contato metal-semicondutor, e Rp
representa a resistência paralelo procedente das correntes parasitas entre as partes superior e
inferior da célula, borda e do interior do material por irregularidades ou impurezas.
35
Para módulos com apenas células conectadas em série, acrescenta-se um termo que
representa o número de células conectadas em série, Ns, resultando na Eq. (7).
( ) (7)
[ ]
Uma célula ou módulo fotovoltaico pode ter que trabalhar com potência baixa. Para
esse caso, os pontos mostrados na Figura 16 são excursionados pela curva I – V de acordo
com o valor da Potência.
O fator de forma FF (do inglês fill factor) é uma grandeza que representa quanto à
curva característica se aproxima do ideal, ou seja, do retângulo formado com vértices em Isc e
Voc. O FF depende muito das características de construção da célula (dopagem, tipo de
semicondutor, conexão, etc.) e quanto melhor a qualidade das células do módulo mais
próxima a forma retangular será sua curva I – V. O fator de forma pode ser definido pela
razão entre as áreas dos retângulos A e B. A definição gráfica do fator de forma (FF) é
apresentada na Figura 16. Matematicamente, esse fator é dado pela Eq. (10).
(10)
Figura 17 – Efeito da variação da resistência paralelo nas características elétricas de uma célula
fotovoltaica.
Figura 18 – Efeito da variação da resistência série nas características elétricas de uma célula
fotovoltaica.
(a) (b)
Fonte: ZILLES (2012).
40
(a) (b)
Fonte: ZILLES (2012).
A eficiência de conversão de energia, definida como a razão entre a máxima potência
gerada e a potência incidente, pode ser calculada pela Eq. (11). A potência incidente depende
exclusivamente do espectro de luz incidente no plano da célula.
(11)
Onde:
A – Área útil do módulo (m2)
IC – Potência luminosa incidente (W/m2)
elétrico nos terminais sob influência desses fatores. A potência c.c. de entrada do inversor
depende do ponto da curva I – V em que o gerador fotovoltaico esta operando. Idealmente, o
inversor sempre deve operar no ponto de máxima potência (Pmp) do gerador fotovoltaico, que
varia ao longo do dia em função das condições ambientais (radiação solar e temperatura
ambiente). Desta forma, os inversores empregados em Sistemas Fotovoltaicos possuem, em
sua estrutura de condicionamento de potência, mecanismos para seguir o Pmp, de modo a
maximizar a transferência de potência (ZILLES, 2012).
Por isso, os cálculos para obtenção da potência do gerador fotovoltaico geralmente
consideram a operação em SPMP (seguidor do ponto de máxima potência). Os coeficientes
utilizados no cálculo são conhecidos como “coeficiente de temperatura” e “eficiência de
seguimento do ponto de máxima potência (ηspmp)”. De acordo com dados experimentais
(Abella; Chenlo, 2004; Haeberlin, 2004; Hohm; Ropp, 2003), para potência c.c. superiores a
20% da potência nominal do inversor a eficiência pode chegar a 98%, enquanto que para
valores menores a eficiência varia de 95% a 50%, dependendo do fabricante e da
configuração.
Tabela 1 – Coeficientes de temperatura para módulos comerciais (dados fabricante).
Fabricante Módulo
LG LG230R1C, c-Si 0,00067 -0,0031
Hyundai HIS-M 245-MG, c-Si 0,00048 -0,0032
ALSTOM AG ASA 240P-60, c-Si 0,00040 -0,0032
Kyocera USA KD 245GX-LFB2, c-SI 0,00060 -0,0036
Suntech Power Pluto 245-Wdm, pluto/c-Si 0,00051 -0,0031
Fonte: SMA (2013).
A taxa de variação da máxima potência do módulo com a temperatura, chamado
“coeficiente de temperatura do ponto de máxima potência” (γmp) é dado pela Eq. (12).
(12)
( )
Onde Pmp é a máxima potência fornecida pelo gerador fotovoltaico em uma dada
condição de operação; PnFV é a potência nominal do gerador fotovoltaico; é a irradiância
incidente no plano do gerador; Tc é a temperatura de operação da célula; e Href indica as
condições de referência STC (1000 W/m2, 25ºC e AM = 1,5) (ZILLES, 2012).
O valor calculado na Equação (14) representa o valor teórico ideal e não leva em conta
as perdas no processo de seguimento do ponto de máxima potência (SPMP). A Equação (15)
representa a potência CC entregue ao inversor.
(15)
[ ]
Sempre que se deseja associar células em série, é conveniente que as mesmas tenham
curvas características I – V o mais semelhante possível. Para esse caso, elas podem ser
consideradas idênticas.
Figura 21 – Curva I – V para conexão série de dois dispositivos fotovoltaicos.
3.2 INVERSORES
devem ser observadas, não somente em relação à potência, mas também variação de tensão,
frequência e forma de onda.
Os inversores são dimensionados levando-se em consideração basicamente dois
fatores. O primeiro é a potência elétrica que deverá alimentar, em operação normal, por
determinado período de tempo. O segundo é a potência de pico necessária para a partida de
motores e outras cargas, que requerem de duas a sete vezes a potência nominal para entrarem
em funcionamento.
A tensão de entrada CC e a variação de tensão aceitável devem ser especificadas no
lado de entrada do inversor. Algumas características que devem ser consideradas na
especificação de um inversor são apresentadas a seguir:
Forma de onda
Os inversores geralmente são classificados de acordo com o tipo de tensão CA
produzida. A Figura 25 ilustra os três tipos mais comuns de formas de onda: quadrada,
quadrada modificada ou retangular e senoidal.
Figura 25 – Formas de ondas típicas dos inversores monofásicos.
(23)
(25)
(26)
(27)
(28)
Onde:
- é a potência fotovoltaica normalizada em função da potência nominal do
inversor (PnINV).
- é a potência de saída do sistema fotovoltaico normalizada em função da
potência nominal do inversor (PnINV).
Eficiência é a relação entre a potência de saída e a potência de entrada do inversor,
para uma carga resistiva. A Figura 26 mostra a eficiência típica de um inversor para cargas
resistivas. Uma comparação mais útil é a eficiência do inversor para cargas indutivas, que são
os tipos de cargas mais frequentemente alimentadas pelo inversor.
50%. A eficiência de muitos inversores tende a ser mais baixa quando estão operando bem
abaixo da sua potência nominal.
Tabela 3 – Média mensal dos valores de Irradiância para a cidade de Porto Alegre.
Arquivo exportado pelo Programa RADIASOL 2 - Irradiação Média (kWh/m²/dia)
Cidade: Porto Alegre Azimute: 0 Inclinação: 20 Latitude: -30.02 Longitude:
51.22
Irr. Global Direta Difusa Irr. Plano Inclinado
Mês (kWh/m²/dia) (kWh/m²/dia) (kWh/m²/dia) (kWh/m²/dia)
1 5,95 2,85 2,96 5,84
2 5,48 6,02 2,74 5,63
3 4,66 8,06 2,47 5,12
4 3,85 10,88 1,97 4,54
5 2,91 12,53 1,69 3,7
6 2,41 14,59 1,51 3,17
7 2,82 16,35 1,47 3,71
8 3,32 18,6 1,77 4,03
9 4,07 21,44 2,36 4,6
10 5,24 23,81 2,41 5,49
11 6,02 27,62 2,94 5,98
12 6,49 30,06 2,88 6,24
Média 4,435 16,068 2,264 4,838
Tabela 4 – Média mensal dos valores de Irradiância para a cidade de Porto Alegre.
Arquivo exportado pelo Programa RADIASOL 2 - Irradiação Média (kWh/m²/dia)
Cidade: Porto Alegre Azimute: 0 Inclinação: 30 Latitude: -30.02 Longitude: 51.22
Irr. Global Direta Difusa Irr. Plano Inclinado
Mês (kWh/m²/dia) (kWh/m²/dia) (kWh/m²/dia) (kWh/m²/dia)
1 5,96 2,63 2,89 5,59
2 5,49 5,59 2,79 5,55
3 4,66 7,75 2,43 5,18
4 3,85 10,78 1,93 4,75
5 2,91 12,64 1,7 3,94
6 2,41 14,98 1,5 3,44
7 2,82 16,84 1,61 3,99
8 3,32 19,16 1,92 4,28
9 4,07 22,41 2,06 4,71
10 5,24 24,69 2,39 5,46
11 6,02 28,47 2,65 5,69
12 6,49 30,61 2,77 5,91
Média 4,437 16,379 2,220 4,874
59
Adotou-se um coeficiente de reflexão, Albedo, como sendo igual a 20. Esse é o valor
mínimo que pode ser ajustado no programa. Quanto maior o seu valor, maior será o valor da
irradiância no plano inclinado. Geralmente, em cidades o valor do albedo é pequeno devido às
construções, telhados e ao asfalto das ruas.
Figura 31 – Irradiação média diária para a cidade de Porto Alegre (Inclinação 30º).
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Mês
Irr. Plano Inclinado = 4,87 kWh/m²/dia Irr. Global = 4,43 kWh/m²/dia
25,00
Temperatura (ºC)
20,00
15,00
10,00
5,00
0,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Mês
Para o presente trabalho, considerou-se uma casa com consumo mensal médio de 500
kWh/mês. Como exemplo, foram utilizados dados de consumo de uma família com quatro
membros e com consumo de energia elétrica acima da média nacional, que segundo
ELETROBRAS/PROCEL, 2007, 68,2 % da população brasileira consome até 200 kWh. Os
dados de consumo foram obtidos de estudos acadêmicos da Casa Eficiente (concebida para
estudos acadêmicos e para ser um centro de demonstrações de eficiência energética).
A Tabela 6 mostra o consumo médio, considerando a potência média dos
equipamentos, o tempo médio de utilização e o número de dias. O consumo do ar
condicionado foi obtido por simulações computacionais, e segundo PEREIRA (2010) o ar
condicionado permanecia ligado continuamente para manter a temperatura ambiente em 24ºC.
inversor devem ser respeitados. Além disso, variações na temperatura ambiente geram
variações na tensão Voc e essas condições precisam ser previstas.
O inversor escolhido para o projeto é um Sunny Boy 3000HF-30, fabricada pela SMA,
Tabela 10.
Tabela 10 – Parâmetros elétricos Inversor Sunny Boy 3000HF-30.
Sunny Boy 3000HF-30
Potência Nominal 3000 W
Potência CC Máxima 3150 W
Tensão CC máxima 700 V
Tensão nominal 530 V
Corrente máxima entrada 15 A
Amplitude de tensão FV, MPPT 175 - 560 V
Potência CA máxima saída 3 kW
Tensão rede 180 - 280 V
Eficiência máxima 96,3 %
Fonte: SMA, 2010.
(fator de dimensionamento do inversor) é obtido de acordo com a Eq. (29), que relaciona a
potência nominal fotovoltaica e a potência nominal do inversor.
(30)
(31)
(32)
Tabela 11 – Possibilidades de disposição dos módulos fotovoltaicos.
Nº série Nº paralelo Nº total Potência total FDI
5 2 10 1800 1,67
5 3 15 2700 1,11
6 2 12 2160 1,39
6 3 18 3240 0,93
7 2 14 2520 1,19
7 3 21 3780 0,79
8 2 16 2880 1,04
8 3 24 4320 0,69
9 1 9 1620 1,85
9 2 18 3240 0,93
9 3 27 4860 0,62
10 1 10 1800 1,67
10 2 20 3600 0,83
11 1 11 1980 1,52
11 2 22 3960 0,76
12 1 12 2160 1,39
12 2 24 4320 0,69
O arranjo dos módulos foi escolhido considerando a potência total do sistema e o valor
do fator de dimensionamento do inversor. A Figura 34 mostra a curva de eficiência do
inversor de acordo com o Fator de Dimensionamento do Inversor (FDI). A eficiência máxima
do inversor (92%) é obtida para um valor de FDI de aproximadamente 0,8. Para valores de
FDI maiores, o rendimento do inversor diminui consideravelmente, chegando a 90% de sua
eficiência.
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Figura 35 – Produtividade anul do SFCR em função do FDI para a cidade de Porto Alegre.
300
200
100
0
1 2 3 4 5 6 Mês 7 8 9 10 11 12
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
-19,32
-50 -37,11
-52,25
-60,79
-100 -80,49
-103,18
-113,04 Diferença
-150
-165,06
-200
Mês
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
ABELLA, M. A.; CHENLO, F., 2004 Choosing the right inverter for grid-connected PV
systems. Renewable Energy, v. Mar.-abr.
EPE, 2012. Análise da Inserção da Geração Solar na Matriz Elétrica Brasileira. Nota
Técnica EPE. 58 p.
HERING, G., 2011. Cell Production Survey 2010. Photon International, v.3, março.
HOHM, D. P.; ROPP, M. E., 2003. Comparative Study of Maximum Power Point
Tracking Algorithms. Progress Photovoltaic, v. 11, n. 1, p. 47-62.
PEREIRA, C. D.; MIRANOSKI, A. K., 2010. In: Casa Eficiente: Consumo e Geração de
Energia. Florianópolis: UFSC/LabEEE. v. 2. Cap. 5. 76 p.
SCHMIDT, H.; JANTSCH, M.; SCHMID, J., 1992. Results of the concerted action on
Power conditioning and control. In: EUROPEAN PHOTOVOLTAIC SOLAR ENERGY
CONFERENCE, Mountreux, Switzeland. Proceedings...Mountreux.
SMA Solar Technology AG, 2010. Sunny Family 2009/2010 – The Future of Solar
Technology. Descrição técnica do Fabricante.
SMA Solar Technology AG, 2013. Disponível em: <www.sma.de>. Acesso em: 27 de maio
de 2013.