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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – UFMT

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE VÁRZEA GRANDE


FACULDADE DE ENGENHARIA – FAENG
ENGENHARIA DE MINAS

EXTRAÇÃO MINERAL ILEGAL E PERMISSÃO DE LAVRA GARIMPEIRA: UMA


DISCUSSÃO SOBRE A LEGALIDADE DOS GARIMPOS

BRUNO BESSA GUERRA

CUIABÁ-MT

2022
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – UFMT
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE VÁRZEA GRANDE
FACULDADE DE ENGENHARIA – FAENG
ENGENHARIA DE MINAS

EXTRAÇÃO MINERAL ILEGAL E PERMISSÃO DE LAVRA GARIMPEIRA: UMA


DISCUSSÃO SOBRE A LEGALIDADE DOS GARIMPOS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Graduação
em Engenharia de Minas da
Universidade Federal de Mato
Grosso como requisito parcial para
obtenção do título de Bacharel em
Engenharia de Minas.

Orientadora: Prof.a Dra. Flávia


Regina Pereira Santos

CUIABÁ-MT

2022
Dados Internacionais de Catalogação na Fonte.

B557e Bessa Guerra, Bruno.


Extração Mineral Ilegal e Permissão de Lavra Garimpeira: Uma
discussão sobre a Legalidade dos Garimpos / Bruno Bessa Guerra. -
- 2022
37 f. : il. color. ; 30 cm.

Orientadora: Flávia Regina Pereira Santos.


TCC (graduação em Engenharia de Minas) - Universidade
Federal de Mato Grosso, Instituto de Engenharia, Várzea Grande,
2022.
Inclui bibliografia.

1. garimpo. 2. lavra garimpeira. 3. Legislação Mineral. I. Título.

Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.


UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

REGISTRO DE REUNIÃO
ATA DE DEFESA DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Nome do Aluno: Bruno Bessa Guerra

Data da defesa: 04/07/2022

Local: Sala Virtual:https://meet.google.com/pqc-zgww-nhi

Hora de início: 14h10 Hora de fim: 14h41min

Banca examinadora:

Orientador Profa. Drª. Flávia Regina Pereira Santos

Membro Profa. Me Lorrana Dias Ferreira

Membro Prof. Me Caiubi Emanuel Souza Kuhn

Título da monografia: Garimpo Ilegal e Permissão de Lavra Garimpeira: Uma Discussão sobre a
Legalidade dos Garimpeiros no Brasil

Em sessão pública, após exposição de cerca de 31 minutos, o candidato foi arguido oralmente pelos membros
da banca tendo como resultado:

( ) Aprovação por unanimidade sem exigências;

( X ) Aprovação condicionada ao atendimento das exigências constantes na folha de modificações no


prazo fixado pela banca de 7 (sete) dias corridos;

( ) Reprovação;

e a nota 6,12 foi atribuída ao trabalho.

Na forma regulamentar foi lavrada a presente ata que é assinada abaixo pelos membros da banca na ordem
acima determinada e pelo aluno.

Cuiabá - MT, 04 de
julho de2022.

Orientador Profa. Drª. Flávia Regina Pereira Santos

Membro Profa. Me Lorrana Dias Ferreira

Membro Prof. Me Caiubi Emanuel Souza Kuhn

Discente Bruno Bessa Guerra

Registro de Reunião 4920989 SEI 23108.057313/2022-51 / pg. 1


Docente da disciplina de TCC Luis Henrique Nery Januario

CORREÇÕES DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Nome do Aluno: Bruno Bessa Guerra

A banca examinadora condicionou a aprovação do Trabalho de Conclusão de Curso às seguintes correções:

As correções estão contidas nos manuscritos de defesa corrigidos pelos membros da banca e encaminhados
à docente da disciplina e ao discente.

O prazo para o cumprimento é de 7 (sete) dias corridos, sendo o orientador o responsável pela
verificação do atendimento às exigências da banca.

Cuiabá - MT, 04 de
julho de 2022

Documento assinado eletronicamente por bruno bessa guerra, Usuário Externo, em 20/07/2022, às
09:10, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no § 3º do art. 4º do Decreto nº 10.543, de
13 de novembro de 2020.

Documento assinado eletronicamente por FLAVIA REGINA PEREIRA SANTOS DE SIQUEIRA ,


Docente da Universidade Federal de Mato Grosso , em 28/07/2022, às 10:02, conforme horário oficial
de Brasília, com fundamento no § 3º do art. 4º do Decreto nº 10.543, de 13 de novembro de 2020 .

Documento assinado eletronicamente por CAIUBI EMANUEL SOUZA KUHN, Docente da


Universidade Federal de Mato Grosso, em 28/07/2022, às 16:10, conforme horário oficial de Brasília,
com fundamento no § 3º do art. 4º do Decreto nº 10.543, de 13 de novembro de 2020 .

Documento assinado eletronicamente por LORRANA DIAS FERREIRA, Usuário Externo, em


01/08/2022, às 12:28, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no § 3º do art. 4º do
Decreto nº 10.543, de 13 de novembro de 2020 .

Documento assinado eletronicamente por LUIS HENRIQUE NERY JANUARIO, Docente da


Universidade Federal de Mato Grosso, em 01/08/2022, às 14:12, conforme horário oficial de Brasília,
com fundamento no § 3º do art. 4º do Decreto nº 10.543, de 13 de novembro de 2020 .

A autenticidade deste documento pode ser conferida no site


http://sei.ufmt.br/sei/controlador_externo.php?acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0,
informando o código verificador 4920989 e o código CRC F52CFDE5.

Referência: Processo nº 23108.057313/2022-51 SEI nº 4920989

Registro de Reunião 4920989 SEI 23108.057313/2022-51 / pg. 2


UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – UFMT
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE VÁRZEA GRANDE
FACULDADE DE ENGENHARIA – FAENG
ENGENHARIA DE MINAS

EXTRAÇÃO MINERAL ILEGAL E PERMISSÃO DE LAVRA GARIMPEIRA: UMA


DISCUSSÃO SOBRE A LEGALIDADE DOS GARIMPOS

Trabalho de Conclusão de Curso julgado e aprovado para obtenção do título de Bacharel em


Engenharia de Minas da Universidade Federal de Mato Grosso.

Data: ____/____/____

Nota: ______

Banca Examinadora:

Prof.a Dra. Flávia Regina Pereira Santos (Orientadora)

Prof. Me. Caiubi Emanuel Souza Kuhn

Prof.a Lorrana Dias Ferreira


AGRADECIMENTOS

Com o término deste trabalho de conclusão de curso, não posso deixar de agradecer
primeiramente a Deus, por ter me proporcionado a escolha do curso de engenharia de minas,
que me tornou uma pessoa mais racional, criativo, detalhista e crítico. Primeiramente, gostaria
de agradecer aos meus pais, pelo apoio, ajuda e compreensão no decorrer da minha vida
acadêmica e ter acreditado no meu potencial. A minha família que sempre me apoio e estiverem
sempre ao meu lado, contribuindo para o meu crescimento nesta jornada. Aos meus
professores, André Luiz Agnes Stein, Caiubi Emanuel Souza Kuhn, Cinthia Serenotti
Brigante, Felipe Thomaz Aquino, Flávia Regina Pereira Santos de Siqueira, Frank Eduardo da
Silva Steinhoff, Frederico Ayres de Oliveira Neto, Lorrana Dias Ferreira, Gláucia Aparecida
Soares Miranda, Jânio Alves Ribeiro, Jésus Franco Bueno, Jose Fidel Matos Mandujano, Joyce
Aline de Oliveira Marins, Juliana Queiroz Borges de Magalhães Chegury, Júlio Cesar de
Carvalho Miranda, Luis Henrique Nery Januário, Maribel Valverde Ramirez, Mauro Lúcio
Naves Oliveira, Mônica Aragona, Paulo Henrique Souza Almeida, Perla Haydee da Silva,
Raoni Florentino da Silva Teixeira, Raulim de Oliveira Galvão, Rodrigo Lopes Costa, Roxana
Bedoya Prado, Thiago Miranda Tunes, Ursula Fabiola Rodríguez Zúñiga, Eduaro Carlos
Alexandrina, Dalila Pexe Plens, Elzio da silva Barboza, Gabrielle Aparecida de Lima, Renato
Blat Migliorini, Pedro Henrique Neuppmann, Ana Cláudia Franca Gomes, Cramer Almeida,
Agnes Cristina Oliveira Mafra, Mauricio Brito De Souza, Lucas, Douglas Vinicius Antunes
Rodrigues, Angelo Quintiliano Nunes Da Silva, Felipe Ribeiro Souza, Carlos Eduardo
Domingues Da Mata, Renata Conciani Nunes, Ivo Ferreira De Souza Junior, Joao Batista
Bezerra Ito, Lucas Campos Curcino Vieira, Vitor Otacílio De Almeida, sou grato a todos por
me tornar quem sou hoje. Aos meus amigos Felipe almeida, Tiago Siqueira, Gustavo Ale,
Wellington De Paula, pelo companheirismo e momentos de dificuldades e vários outros que
contribuíram para o meu crescimento pessoal e acadêmico. A minha orientadora Flávia Regina
Pereira Santos agradeço imensamente pela ajuda, compreensão e oportunidades no decorrer da
graduação e todo tempo disponibilizado para a elaboração desse trabalho. Agradeço aos
funcionários da UFMT tanto da PRAE quando do bloco da FAENG sempre me auxiliando e
sanando todas as dúvidas no decorrer da graduação. Por fim, agradeço a todos que contribuíram
para o meu desenvolvimento, pessoal, acadêmico e profissional.
RESUMO

No Brasil muitas vezes a extração mineral não regularizada e que funciona de forma
desordenada no território é confundida com garimpos. Garimpo, mineração ilegal e permissão
de lavra garimpeira são conceitos diferentes, mas atualmente há pouca bibliografia que
esclareça a diferença. Com o objetivo de esclarecer estes conceitos este trabalho apresentará
uma revisão bibliográfica sobre o assunto. Para isto foi realizada a busca em repositórios de
artigos científicos nacionais e internacionais em busca de trabalhos sobre a legislação para
lavra garimpeira, extração mineral ilegal e permissão de lavra garimpeira. No decorrer do
trabalho, foi exposto o contexto histórico do termo garimpo, diferença entre garimpo ilegal e
lavra garimpeira e os procedimentos de requerimento de lavra garimpeira junto a Agência
Nacional de Mineração. Concluiu-se que o termo garimpo é utilizado amplamente em artigos
científicos para se referir a mineração ilegal, mesmo as que não apresentam características de
garimpo artesanais e que são amplamente mecanizadas. Quando a mineração não é legalizada
ela pode gerar impactos ao meio ambiente e a sociedade, devido a não haver nenhum controle
do empreendimento. Neste trabalho destacamos as vantagens das lavras garimpeiras, em
comparação da extração mineral ilegal. As lavras garimpeiras autorizadas pela Agência
Nacional de Mineração são empreendimentos de mineração legalizados e que devem seguir as
normas ambientais e fiscais no território brasileiro.

Palavras-chave: garimpo, lavra garimpeira, Legislação Mineral


ABSTRACT

In Brazil, mineral extraction that is not regularized and that works in a disorderly way
in the territory is often confused with mining. “Garimpo”, illegal mining and permission to
mine gold are different concepts, but currently there is little bibliography that clarifies the
difference. To clarify these concepts, this work will present a literature review on the subject.
For this, a search was carried out in repositories of national and international scientific articles
in search of works on the legislation for gold mining, illegal mineral extraction, and permission
for gold mining. In the course of the work, the historical context of the term mining was
exposed, the difference between illegal mining and gold mining and the procedures for
requesting gold mining with the National Mining Agency. It was concluded that the term
“garimpo” is widely used in scientific articles to refer to illegal mining, even those that do not
have artisanal mining characteristics and are largely mechanized. When mining is not legal, it
can generate impacts on the environment and society, due to the lack of any control over the
enterprise. In this work, we highlight the advantages of gold mining compared to illegal mineral
extraction. “Garimpeiros” authorized by the National Mining Agency are legalized mining
ventures that must comply with environmental and fiscal regulations in the Brazilian territory.

Keywords: illegal mineral extraction, gold prospector, mineral legislation


LISTA DE FIGURAS E QUADROS

Quadro1- Leis e normas Brasileiras que abordam garimpos.................................. .... 12

Figura 1 Foto ilustrativa de extração mineral ilegal em mata. ..................................... 20

Figura 2 Foto ilustrativa de garimpo artesanal em rio. ................................................ 20

Figura 3 Detalhe da garimpagem artesanal de diamantes em franca atividade. .......... 21

Figura 4 Garimpeiro em Santo Inácio fazendo a apuração manual de cascalho nas


lavadeiras. ................................................................................................................................ 21

Figura 5 Montagem de jigue de cooperativa de lavra garimpeira................................ 22

Figura 6 Operações de beneficiamento em lavra garimpeira. ...................................... 22

Figura 7 Lavra garimpeira com trilho para retirada dos blocos maiores de cascalho que
entram no processo de beneficiamento. ................................................................................... 23

Figura 8 Lavra garimpeira com operações de beneficiamento do cascalho................. 23

Figura 9 Lavadeira de cascalho diamantífero e ferramentas utilizadas pelos garimpeiros


manuais no garimpo de Santo Inácio no município de Coromandel/MG. ............................... 24

Figura 10 Maquinário utilizado na mecanização de lavras garimpeiras de diamantes.


.................................................................................................................................................. 24

Figura 11 Fluxograma para Obtenção de Permissão de Lavra Garimpeira (PLG) ...... 25

Figura 12 Porcentagem de Substâncias Minerais no Estado de Mato Grosso ............. 30

Figura 13 - Quantidade de substâncias minerais extraídas no Mato Grosso em todos os


tipos de requerimentos ou portarias da ANM. ......................................................................... 33
LISTA DE TABELAS

TABELA 1- Quantidade de Requerimento no Estado do Mato Grosso ...................... 30

TABELA 2 - Quantidade de Minerais Extraídos no Estado do Mao Grosso .............. 31

TABELA 3- Quantidade de Minerais Extraídos em PLG no Estado do Mato Grosso. 32


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 10

2 OBJETIVOS .......................................................................................................... 11

2.1 Objetivo Geral ................................................................................................ 11

2.2 Objetivos Específicos ..................................................................................... 11

3 METODOLOGIA .................................................................................................. 11

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 12

4.1 Legislação para lavra garimpeira ................................................................... 12

4.2 Extração mineral ilegal e lavra garimpeira .................................................... 14

4.3 Requerendo uma lavra garimpeira ................................................................. 24

5 LAVRAS GARIMPEIRAS NO MATO GROSSO ............................................... 29

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 34

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 35


10

1 INTRODUÇÃO

No Brasil a expressão “garimpagem” trata-se da atividade que o “garimpeiro” realiza


nos locais denominados “garimpos”. O termo “garimpeiro” é depreciativo, sendo que originou
no século XVIII, era relacionada a “contrabandistas que furtavam diamantes nos distritos onde
a circulação de pessoas estranhas ao serviço legal da mineração, era proibida” (Ferreira, 1980).

O termo garimpeiro são homens livres e sem bens que tiveram que ir em lugares ermos,
chamados de “grimpas”, lavravam distantes das autoridades do século XVIII, sendo assim, o
termo garimpeiros deram origem ao termo garimpeiro (DNPM, 2015).

No ano de 1993, aproximadamente 6 milhões dos 30 milhões de trabalhadores na


mineração mundial estavam inseridos no que se chama “mineração artesanal” ou
“garimpagem” como é definido no Brasil. Esses mineiros espalhados em 40 países extraiam
mais de 30 diferentes tipos de minerais (Noetstaller, 1995).

Os governos têm um papel fundamental em estabelecer o arcabouço legal que seja


visivelmente vantajoso ao mineiro artesanal; de outra forma ele irá inevitavelmente trabalhar
ilegalmente (Bugnosen et al., 2000;. Hentschel et al., 2001).

A mineração artesanal é uma atividade de extrema importante, como geração de


emprego com contribuição do alívio da pobreza e sendo organizada e assistida, contribuirá para
o desenvolvimento sustentável das comunidades (Dahlberg, 1997).

Os governos e as empresas de mineração têm papel importantíssimo nesta inserção do


garimpeiro na economia formal. A parceria entre empresas de mineração e o garimpo é
possível, por exemplo, o projeto Las Rojas, na Venezuela. De modo a desocupar a sua área de
prospecção e evitar invasões, a empresa canadense Placer Dome estabeleceu juntamente com
os mineiros artesanais um local de garimpagem. Com treinamento de funcionários, organização
e investimento da empresa (Davidson, 1995).

Os impactos ambientais provocado pela garimpagem podem ser divididos em físicos e


biológicos. Os impactos físicos a destruição da capa vegetal e de solos assim como pelo
assoreamento de rios. O revolvimento do solo promove intensa erosão das margens (barrancos)
de rios, carreando sólidos em suspensão e associado a matéria orgânica para o sistema de
drenagem. Este processo pode ser uma das principais vias de entrada de mercúrio natural ou
antropogênico nos sistemas aquáticos amazônicos (Roulet et al., 1998; Roulet et al., 2001).

O tema do trabalho foi escolhido, por ser um assunto de relevância econômica, social e
ambiental, visto que, é de grande importância conhecer o conceito de garimpo e garimpeiro e
11

as diferentes formas desse assunto no país, a mineração é um meio que fornece matéria prima
para todas as áreas da sociedade, portanto devemos conhecer melhor sobre ela.

2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral

Esclarecer o conceito de garimpo, mineração ilegal e Permissão de Lavra Garimpeira e


demonstrar a importância dessa atividade na mineração do estado de Mato Grosso.

2.2 Objetivos Específicos

a) Explicar qual é a diferença de extração mineral ilegal de lavra garimpeira;


b) Explicar o procedimento de outorga de lavra garimpeira de acordo com a ANM;
c) Sintetizar a situação das lavras garimpeiras no Mato Grosso.

3 METODOLOGIA

O presente trabalho foi realizado em 3 etapas: 1) Revisão bibliográfica; 2) Coleta de


dados no SIGMINE; e 3) Organização dos dados e escrita do TCC.

Na etapa de revisão bibliográfica foi realizada uma pesquisa sobre os temas: lavra
garimpeira; garimpos ilegais; histórico de garimpos; impactos ambientais da mineração;
Legislação Mineral Brasileira. A pesquisa foi realizada em bases de busca de artigos científicos
como o Google Acadêmico, Periódico CAPES e SciELO. De maneira secundária foram
consultados: Leis, portarias, livros, resumos científicos e relatórios técnicos. Todos os
materiais bibliográficos foram obtidos gratuitamente.

Na segunda etapa foi usado o site SIGMINE da ANM (Agência Nacional de Mineração)
para obtenção dos dados relativos aos processos minerários atuais no estado de Mato Grosso.

Na terceira fase do trabalho os dados coletados nas etapas anteriores foram trabalhados
e foi realizado a escrita do texto utilizando Microsoft Word.
12

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4.1 Legislação para lavra garimpeira

O vocábulo garimpo é mencionado na legislação brasileira a partir dos anos quarenta.


Em 1940, o Código de Minas ditou a garimpagem sendo o modo de “extração rudimentar de
pedras preciosas”, com um conjunto de aparelhos manuais ou portáveis. Por isto, o termo
garimpo era livres terras e águas de domínio público sendo o Estado adotar medidas de estímulo
e fiscalização (Oliveira Lacerda & Saadi, 2017). A seguir iremos abordar as leis e normas
brasileira que falam sobre garimpos que está resumida no quadro 1.

Quadro 1 Leis e normas Brasileiras que abordam garimpos

Ano Lei / Norma Descrição


Reconheceu a garimpagem como o modo de
“extração rudimentar de pedras preciosas”, com
1940 Código de Minas
a utilização de aparelhos manuais ou máquinas
portáveis-diferenciada
Retirou a caracterização socioeconômica da
1967 O Novo Código de Minas garimpagem do texto da lei, vinculando-o ao
caráter individual do trabalho
Compete a União “estabelecer as áreas e as
1988 Constituição Federal condições para o exercício da atividade de
garimpagem, em forma associativa”.
Lei Nº 7.805 de 1989, que “Altera o Decreto-lei
nº 227, cria o regime de permissão de lavra
1989 Lei de PLG
garimpeira, extingue o Regime de Matrícula, e
dá outras providências”
Apresentam as diretrizes sobre os regimes de
1996 Código de Mineração autorização e concessão para aproveitamento
das jazidas minerais
Fonte: Elaborado por Autoria Própria

Entretanto, no ano de 1967, o novo Código de Minas eliminou a caracterização


socioeconômica da garimpagem do texto da lei, vinculando-o ao caráter individual do trabalho.
A extração em terras e de águas públicas dependeu de permissão do Governo Federal, que
vedou a garimpagem em áreas objeto de autorização de pesquisa ou concessão de lavra. Como
o código não incute restrições ao número de concessões e outorga de uma única empresa, isso
incentivou uma corrida aos requerimentos minerários nas áreas mais promissoras e, como
consequência, criou uma barreira para os garimpeiros (Oliveira Lacerda & Saadi, 2017).

Ainda nos anos 1980, a criação do CONAMA, da Política Nacional da Avaliação dos
Impactos Ambientais em 1986, e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (IBAMA) em 1989, com a criação de secretarias e conselhos estaduais e
municipais de meio ambiente, alterou a maneira de atuação de várias atividades produtivas que
13

utilizam os recursos naturais. (Oliveira Lacerda & Saadi, 2017). Paisagem garimpeira no
planalto de Diamantina, Minas Gerais. Revista Espinhaço.).

A Política Nacional de Meio Ambiente, Lei n°6.938, iniciada em 1981, foi um marco
na evolução da legislação ambiental brasileira e carregou consigo a autonomia de criação de
territórios especialmente protegidos pelo poder público federal, estadual e municipal (BRASIL,
1981). Em 1989, a lei de Permissão de Lavra Garimpeira intentou um tratamento diferenciado
para a situação. Porém, ao mesmo tempo em que avançou, também recuou, não obstante,
amenizou a obrigação das atividades preliminares de pesquisa, e estabeleceu a preferência
pela garimpagem associativa, com prioridade para as cooperativas de garimpeiros autorizadas
a funcionar como empresas de mineração. Continuamente, o problema persistiu, porque, a
cooperativa não consegue ter bom consentimento por parte dos garimpeiros, pois trabalham
sozinhos ou em pequenos grupos de pessoas. Ademais, sendo uma empresa privada, a
cooperativa fica impedida de pleitear fundos sociais para prestar assistência às famílias
garimpeiras, além de, assumir obrigações financeiras, como os custos de licenciamento
ambiental, sem o qual não há concessão de lavra garimpeira (Oliveira Lacerda & Saadi, 2017).

Ao condicionar a legalidade do garimpeiro ao trabalho associativo, a lei de Permissão


de Lavra Garimpeira manteve-se distante da solução, pois autorizando à cooperativa a
funcionar como empresa, as imposições são de natureza diferenciada do sistema social e
econômico de sua produção. Em 2008, o Estatuto do Garimpeiro reconheceu outras
modalidades de trabalho para o garimpeiro além da cooperativa, por exemplo, trabalhador
autônomo, familiar, individual e o contrato de parceria. Isso, certifica o garimpeiro o direito de
vender sua produção diretamente ao consumidor final, desde que comprovada a titularidade da
área de origem do diamante (Oliveira Lacerda & Saadi, 2017).

Ainda assim, não foi um avanço, e a conflito continuou: Por conta da criação, no
quadro legal não induz o proprietário da terra a negociar com os garimpeiros,
dificultando a comprovação da origem da pedra. Sobre a parte ambiental, o cerco ao garimpeiro
teve início na década de 1990, quando um conjunto de Unidades de Conservação (UC ś )
municipais e estaduais foi criado em Minas Gerais. A lei de Crimes Ambientais (BRASIL,
1998) aumentou a tensão ao firmar como crime passível de pena e reclusão a extração de
recursos minerais sem autorização e todo ato que cause danos às UC ́s. No ano 2000, foi
realizado o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), Lei n°9.985, o qual
estipula critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação,
divididas em UCs de proteção integral e de uso sustentável (BRASIL, 2000). Ao investigar a
criação dessas UC’s, notasse um processo impositivo e excludente, ineficaz referindo-se às
14

soluções para o desenvolvimento socioeconômico das populações que sofrem diretamente as


restrições de uso.

Em 2006, foi criada a Lei da Mata Atlântica incluiu em seus domínios os campos
rupestres, a fitofisionomia predominante do planalto de Diamantina, esta lei define o termo
população tradicional como “população vivendo em estreita relação com o ambiente
natural, dependendo de seus recursos naturais para a sua reprodução sociocultural, por meio de
atividades de baixo impacto ambiental” (BRASIL, 2006). Esta mesma lei. Em 2007, foi
instituída a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades
Tradicionais com o objetivo de tornar o desenvolvimento sustentável destes povos. Este
decreto define Povos e Comunidades Tradicionais.

Este decreto de 2016 do Conselho Nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais,


além de recomendar atenção às especificações de cada comunidade, também define as cadeiras
a serem ocupadas no conselho, sendo que, entre as entidades públicas, um dos assentos sendo
ICMbio e, entre os representantes da sociedade civil, estão comunidades quilombolas,
povos de matriz africana e apanhadores de sempre-vivas (BRASIL, 2016). Essa discussão traz
reflexos sobre a inserção da população extrativista mineral e revela especialmente a
importância para os estados de Minas Gerais, Mato Grosso e Bahia, espaços tradicionais de
atividades minerárias, às quais se juntaram vastas porções da Amazônia Legal (Martins, 2009).
O garimpo tradicional acontece em comunidades bem assentadas, antigas, com vizinhança,
com diferentes frentes de garimpagem que configurariam o garimpo circunstancial realizado
por pessoas não integradas ao lugar (Martins, 2009).

A população garimpeira é formada por perfis diversos e inexistentes projetos


cooperativos que associem alguns com instruções, já outros analfabetos, os que detemos meios
de produção e aqueles completamente despossuídos. Entre garimpeiros, há os que levaram
a vida variando nos serviços manuais e mecanizados, o que impede a divisão de quem seria
o garimpeiro tradicional. Indubitavelmente, são raros os garimpeiros que tenham trabalhado
exclusivamente com modo manual, ou mecanizado, pois as duas formas de organização do
trabalho conviveram durante muito tempo e ainda hoje coexistem (Oliveira Lacerda & Saadi,
2017).

4.2 Extração mineral ilegal e lavra garimpeira

A atividade garimpeira quando executada em conflito com o poder jurídico brasileiro,


ou seja, sem a liberação necessária para o exercício da referida atividade, ou quando a conduta
do garimpeiro está em desacordo com a permissão a ele concedida. É certo que a extração
mineral ilegal, configura um delito ambiental previsto na Lei nº 9.605/98, também se desdobra
15

no crime de usurpação mineral, em que são extraídos bens minerais pertencentes à União sem
a devida permissão. Assim, é possível afirmar que a extração mineral ilegal apresenta diversos
reflexos no cotidiano, entre eles os danos ambientais (Gonçalves Ribeiro & Iasbik ,2019).

É caracterizado pela Lei 11.685/2008, em seu artigo 2º, III, os minerais garimpáveis,
como: ouro, diamante, cassiterita, columbita, tantalita, wolframita, nas formas aluvionar,
eluvional e coluvial, scheelita, demais gemas, rutilo, quartzo, berilo, muscovita, espodumênio,
lepidolita, feldspato, mica e outros, entre outros minerais de ocorrência que vierem a ser
indicados, a critério do DNPM (BRASIL, 2008). Diretamente, “o garimpo, é uma extração
mineral com métodos rudimentares e tradicionais, sem embasamento do jazimento e sem
projeto técnico específico” (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE et al., 2001, p. 1) com
pouca execução elaborada das atividades, há um reflexo no resultado de tal atuação e nos
impactos ambientais negativos que por vezes não são mitigados pela ausência de planejamento
da execução da atividade e carência de conhecimento técnico específico (MINISTÉRIO DO
MEIO AMBIENTE et al., 2001, p.4). Outra definição de garimpo, como foi citado
anteriormente, não corresponde à mineração no sentido técnico, mas sim a um processo arcaico
de extração de recursos minerais, caracterizado pela falta de conhecimento do jazimento e pela
falta de planejamento, de recursos técnicos (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE et al.,
2001, p.5).

“A União é responsável pelo domínio sobre os recursos minerais, sobretudo por razões
estratégicas, e econômicas relevantes que produzem riquezas” (IASBIK; SILVA, 2017, p.
228). A Lei nº 9.605, do dia 12 de fevereiro de 1998, prega o Art. 55. Executar pesquisa, lavra
ou extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou
licença, não seguindo a lei, cabe detenção, de seis meses a um ano, e multa. Parágrafo único.
A pena também ocorre, quando o proprietário não recupera áreas degradas, nos termos da
autorização, permissão, licença. Concessão (BRASIL, 1998). De acordo com o referido tipo
penal, “tutela-se o ambiente ameaçado pela atividade extrativa de recursos minerais sem a
competente autorização, permissão, concessão ou licença” (PRADO, 2013, p. 298). Sobre os
sujeitos ativo/ passivo da referida conduta, o “sujeito ativo pode ser qualquer pessoa física, já
o sujeito passivo é a coletividade” (PRADO, 2013, p. 298). Nesse sentido, “o delito consiste
em realizar trabalhos de pesquisas, lavra ou extração de substâncias minerais, sem a competente
permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida” (PRADO, 2013, p. 298).
Quando há extração de minério sem a autorização, o Estado Brasileiro deve coibir a prática de
atos atentatórios à legalidade e lesivos ao patrimônio público. O garimpeiro ilegal toma posse
para si riquezas minerais do Estado Brasileiro, e não ocorre a geração de riquezas e
16

desenvolvimento na sociedade, tendo o dever de ressarcir a União pelo prejuízo causado ao


patrimônio público (MARTINS, 2012, s.p).

De acordo com a Lei nº 8.176/1991 estabelece que: Art. 2° Constitui crime contra o
patrimônio, na modalidade de usurpação, produzir bens ou explorar matéria-prima pertencentes
à União, sem autorização legal ou em desacordo com as obrigações impostas pelo título
autorizativo com pena: detenção, de um a cinco anos e multa. § 1° Isso é da mesma maneira
para quem não possui autorização legal, adquirir, transportar, industrializar, tiver consigo,
consumir ou comercializar produtos ou matéria-prima (BRASIL, 1991).

Quando desempenhada a lavra clandestina de recursos minerais sem qualquer


autorização, prática junto o crime ambiental e o crime de usurpação. A ação é, normalmente,
uma só, mas gerará dois resultados de conduta (LANARI, 2004, p.32).

Como a atividade garimpeira é na forma de exploração dos recursos minerais, apesar


de ser mais rudimentar, tal obrigação também se estende aos garimpeiros e é reiterada na Lei
nº 11.685/2008, em seu artigo 12, I, em que é prevista a necessidade de “recuperar as áreas
degradadas por suas atividades” (BRASIL, 2008).

O artigo 3º da Lei nº6.938/81 tem conceitos importantes, como: Art 3º - Para os fins
previstos nesta Lei, entende-se por: I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências
e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas
as suas formas; II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características
do meio ambiente; III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades
que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente
a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou
energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos; IV - poluidor, a pessoa física
ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade
causadora de degradação ambiental; V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores,
superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da
biosfera, a fauna e a flora (BRASIL, 1981).

Exemplificativamente, a atividade de garimpagem no leito de um rio pode degradá-lo,


pela extração de um recurso mineral já no solo pode gerar alterações no meio, inclusive no
lençol freático. Consequentemente, atividade de mineração é perigosa ao meio ambiente e, em
muitas oportunidades, poderá danificá-lo significativamente, isso quando o garimpo é ilegal
sem nenhum planejamento e conhecimento técnico necessário (LECEY, 2011, p.3).
17

No Brasil, a lei nº 7.805 de 20 de julho de 1989 estabelece que os minérios aluvionares,


coluvionares e eluvionares seriam minerados por “atividade garimpeira organizada”, isto é,
associações ou cooperativas de garimpeiros (Barreto, 1993).

A Constituição atribui competência a União de legislar sobre jazidas minerais e, para


este fim, foi criado o Código de Mineração, cujo objetivo era dar cumprimento à definição da
política e do plano de desenvolvimento econômico do governo da época (MATTA, 2006).
Promulgado através do Decreto-Lei Nº 227 de 1967, e atualizado pela Lei Nº 9.314 de 1996, o
Código de Mineração é considerado o principal marco regulatório constitucional do setor
mineral brasileiro, com diretrizes sobre os regimes de autorização e concessão para
aproveitamento das jazidas minerais, de conceitos como pesquisa e lavra, dos direitos do
minerador e do proprietário do solo, das empresas e cooperativas legalmente habilitadas à
mineração, entre outros (CETEM, 2002).

Conforme o Art. 21, Inciso XXV da Constituição de 1988, compete a União


“estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma
associativa”. No Art. 174, demonstra que pretende apoiar e estimular o cooperativismo e outras
formas de associativismo (§ 2.º). Também aborda ao processo de organização da atividade
garimpeira em cooperativas e destaca a necessidade de proteção ao meio ambiente. De acordo
com o § 3.º do Art. 174 “O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em
cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social
dos garimpeiros.” Com isso, as cooperativas garimpeiras ainda passaram a ter prioridade na
autorização ou concessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais garimpáveis,
nas áreas onde estejam atuando (Art. 174, § 4.º). Mais recentemente, a ênfase ao
cooperativismo no garimpo foi reforçada com a publicação do Estatuto do Garimpeiro (Lei Nº
11.685, de 2 de Junho de 2008).

Em 1989, no contexto do governo de José Sarney, foram criados mecanismos de


regulamentação do garimpo e foram retomados por meio da Lei Nº 7.805 de 1989, que “Altera
o Decreto-lei nº 227, criando o regime de permissão de lavra garimpeira, extingue o Regime
de Matrícula, e dá outras providências”. Associado ao debate ambiental, os rebatimentos desses
novos marcos da legislação minerária nos garimpos em todo o Brasil foram impactantes. Diante
desse fato, em Estados como Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais, no final dos anos 1980 e
início da década de 1990, áreas tradicionais de garimpagem passaram a sofrer a pressão da
legislação ambiental e minerária. Segundo Martins (2007, p. 4),

O controle do território coloca-se como elemento fundamental para garantir o


suprimento da demanda sempre em ascensão por recursos naturais, como ocorre com os
diamantes. (PORTO-GONÇALVES, 2006)
18

Muitos garimpeiros ainda trazem na lembrança as épocas em que os diamantes


afloravam no cascalho e eram encontrados nas aluviões dos rios e córregos com facilidade.
Contam histórias de grandes diamantes que foram parar em outras mãos, em outros bolsos,
retirados pelos “pobres garimpeiros de riquezas” que ainda continuam na miséria e na solidão
da vida marcada pelo trabalho nos garimpos. (SOUSA, 2011),

O proprietário da terra não significa ser dono e ter direito de explorar o subsolo. No Art.
176 da Constituição Federal (1988) a distinção entre solo e subsolo é destacada: “As jazidas,
em lavra ou não, e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do
solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União.

Para extrair bens minerais é preciso da autorização do Governo Federal através do


DNPM hoje ANM. Isto, é lei e está exposto na Constituição Federal. Conforme o Art. 20,
Inciso IX, “os recursos minerais, inclusive os do subsolo”, são classificados como bens da
União. A pesquisa ou lavra dos recursos minerais é permitida apenas mediante sua autorização
ou concessão, como expõe o Art. 176 § 1º; “A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o
aproveitamento dos potenciais somente poderão ser efetuados mediante autorização ou
concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa brasileira de capital
nacional, na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas atividades se
desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas.”

O Art. 176 § 1º, quando formulado, deixa claro que as riquezas do subsolo são de
interesse nacional, prevendo o aproveitamento dos recursos minerais por brasileiros ou
empresas de capital nacional. Originalmente, o Art. 176 § 1º entende o subsolo como um bem
público, assegurado pela União a brasileiros.

No governo de Fernando Henrique Cardoso no ano de 1995 a 2002, as políticas


neoliberais foram legitimadas no Brasil. Na mineração significou abertura política para a
atuação das empresas transnacionais. Relacionando com a publicação da Ementa
Constitucional nº 6, de 15/08/1995, mudando a redação do § 1 do Art. 176: “A pesquisa e a
lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se refere o "caput" deste
artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse
nacional, por brasileiros ou empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e
administração no País, na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas
atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas.” A nova redação deixou
a prioridade de direitos concedidos aos brasileiros e abriu espaços para o capital estrangeiro
apropriar o subsolo nacional.
19

Entre as atividades produtivas brasileiras, a mineração destaca-se como a atividade


responsável pela produção de bens que constituem a principal e mais substancial base de
recursos materiais, indispensáveis para a civilização moderna (DIAS, 2007). Além disso,
representa 4% do PIB nacional, sendo o Brasil produtor de 72 substâncias minerais e um dos
maiores exportadores de minério de ferro no mundo, com crescimento de 550% nos últimos
dez anos. Contudo, apesar da geração de riqueza e crescimento econômico, a atividade de
mineração está entre as que mais causam impactos socioambientais e econômicos negativos
nos territórios onde ocorre. Esses impactos estão associados às diversas fases de exploração,
desde a lavra até o transporte e beneficiamento do minério, podendo estender-se após o
fechamento de mina (ARAUJO, OLIVIERI, FERNANDES, 2014)

Na medida em que importadores da produção mineral nacional estão situados em países


que prezam pelos indicadores de sustentabilidade do setor e demandam a adesão aos programas
de certificação ambiental internacional – como, por exemplo, o ISO 14.000 e o NOSA 1
(ENRÍQUEZ, 2009).

No que diz respeito aos rígidos requisitos ambientais, uma abordagem que inclua os
atores sociais afetados e interessados deve ser priorizada, para não minarem paradigmas e
estratégias virtuosas de desenvolvimento (MILANEZ, 2013). Dessa forma, a minimização dos
impactos e conflitos ambientais, junto com à garantia de bem-estar das gerações futuras pelo
uso sustentado das rendas proporcionadas, pode apresentar a mineração como uma atividade
sustentável (ENRIQUEZ, 2009)

A maior parte dos garimpeiros se encontra na informalidade devido, à inadequação ao


processo burocrático imposto pela Lei nº 7.805/89 (MATOS, 2004), que descaracterizou o
garimpeiro como trabalhador individual ao estabelecer a obrigatoriedade de: ele estar inserido
em uma associação, de obter licenças ambientais e de ter a permissão de lavra garimpeira
(LIMA et al., 2004)
20

Figura 1 Foto ilustrativa de extração mineral ilegal em mata.

Fonte: RIBEIRO, (2015).

Figura 2 Foto ilustrativa de garimpo artesanal em rio.

Fonte: RIBEIRO, (2015).


21

Figura 3 Detalhe da garimpagem artesanal de diamantes em franca atividade.

Fonte: BITTENCOURT ROSA, 2006.

Figura 4 Garimpeiro em Santo Inácio fazendo a apuração manual de cascalho nas


lavadeiras.

Fonte: COOPERGAC, 2008.


22

Figura 5 Montagem de jigue de cooperativa de lavra garimpeira.

Fonte: Gonçalves & Mendonça (2011).

Figura 6 Operações de beneficiamento em lavra garimpeira.

Fonte: MORAES & AMARAL (2001).


23

Figura 7 Lavra garimpeira com trilho para retirada dos blocos maiores de cascalho
que entram no processo de beneficiamento.

Fonte: MORAES & AMARAL (2001).

Figura 8 Lavra garimpeira com operações de beneficiamento do cascalho.

Fonte: MORAES & AMARAL (2001).


24

Figura 9 Lavadeira de cascalho diamantífero e ferramentas utilizadas pelos


garimpeiros manuais no garimpo de Santo Inácio no município de Coromandel/MG.

Fonte: Gonçalves & Mendonça (2011).

Figura 10 Maquinário utilizado na mecanização de lavras garimpeiras de diamantes.

Fonte: MATTA, 2006 (figura a esquerda); PIMENTEL, 2014 (figura a direita).

4.3 Requerendo uma lavra garimpeira

O regime de Permissão de Lavra Garimpeira (PLG) é o mais adequado aos garimpos


do tipo artesanal ou manual, ou para os garimpos mecanizados. A PLG pode ser obtida por
garimpeiros de forma individual, ou organizados em cooperativas se forem cumpridas as
seguintes etapas processuais apresentadas na figura 2 e explicadas na sequência.
25

Figura 11 Fluxograma para Obtenção de Permissão de Lavra Garimpeira (PLG)

Fonte: Adaptado de MATTA, 2006.

As etapas a serem cumpridas são as seguintes:

• 1ª Etapa: Entrar com processo de requerimento da PLG e ser protocolado na Agência


Nacional de Mineração – ANM, regulamentada pela Portaria n° 178, de 12/04/2004,
com Diário Oficial da União de 13/04/2004, do Diretor geral da ANM. A área máxima
para requerimento para pessoa física é de 50 hectares e para cooperativa até 1000
hectares.
• 2ª Etapa: A ANM analisará o processo e realiza inspeção “in loco” com emissão de
parecer. Essa análise tem o objetivo de emitir uma declaração de aptidão do requerente
para receber a PLG. O pedido da PLG for indeferido, a área ficará disponível no edital
da ANM.
• 3ª Etapa: Após a declaração de aptidão do requerente para receber a PLG, ele terá um
prazo de até 90 dias para apresentar a licença ambiental a ANM;
• 4ª Etapa: Para a outorga definitiva do título da PLG deve ser protocolada a licença
ambiental. O título tem um prazo de cinco anos podendo ser renovado quando requerido
pelo titular. Os trâmites processuais para aquisição da PLG são mais simples quando
comparado aos processos de concessão e autorização, pois não necessita da pesquisa
mineral e nem de um projeto de lavra mais elaborado associado a um Plano de
Aproveitamento Econômico – PAE para a jazida de diamantes. Entretanto, os
garimpeiros devem seguir as Normas Reguladoras da Mineração - Portaria da ANM N°
12 de 22/01/2002 e Portaria N° 178 de 12/04/2004, DOU de 13/04/2004. Essas normas
regulatórias estão relacionadas à boa técnica de mineração, da prevenção e segurança
dos trabalhos de mineração e recuperação ambiental.
26

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, com a sua Instrução


Normativa Nº 11, de 11 de dezembro de 2014, ratifica que os mineradores devem cumprir a
legislação ambiental, principalmente nos procedimentos à reparação de danos ambientais.
Impactos ambientais e garimpeiros

Todas as alterações ambientais promovidas pela garimpagem devem ser conforme o §


2° do artigo 225 da Constituição Federal de 1988: “Aquele que explorar recursos minerais fica
obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com a solução técnica exigida pelo
órgão público competente, na forma da Lei” (BRASIL, 1988). Nos incisos do artigo 47 do
Código de Mineração também convergem com a legislação ambiental e estão relacionados com
as consequências ambientais e sociais das atividades de mineração, conforme CETEM (2002),
sendo o titular obrigado a VIII - Responder pelos danos e prejuízos a terceiros, que resultarem,
direta ou indiretamente, da lavra; IX - Promover a segurança e a salubridade das habitações
existentes no local; X - Evitar o extravio das águas e drenar as que possam ocasionar danos e
prejuízos aos vizinhos; XI - Evitar poluição do ar, ou da água, que possa resultar dos trabalhos
de mineração; XII - Proteger e conservar as Fontes, bem como utilizar as águas segundo os
preceitos técnicos [...]; XIII - Tomar as providências indicadas pela Fiscalização dos órgãos
Federais; XIV - Não suspender os trabalhos de lavra, sem prévia comunicação a ANM; XV -
Manter a mina em bom estado, no caso de suspensão temporária dos trabalhos de lavra, de
modo a permitir a retomada das operações (BRASIL, 1967).

Sobre à recuperação de área degradada pela mineração, é tratada com atenção no


Decreto Federal Nº 97.632, de 10 de abril de 1989, no qual determina que, juntamente com o
Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Os
empreendimentos vão explorar os recursos minerais devem “submeter à apreciação do órgão
ambiental competente plano de recuperação de área degradada- PRAD.

A recuperação de área minerada também é determinada pelos artigos 20, 176 e 225 da
Constituição Federal, pelo artigo 19 da Lei Federal Nº 7.805/1989, pelo Decreto Federal Nº
99.274/1990, e artigo 55 da Lei Federal Nº 9.605/1998, todos esses decretos visam a prevenção
de impactos ambientais (ROCHA 2015; BRASIL, 2016).

Além dos impactos ambientais provocados, a atividade de mineração também gera


conflitos ambientais. A expressão de impacto ambiental possui elementos espaciais e temporais
e pode ser retratado como uma mudança em um parâmetro ambiental (WATHERN, 1988, p.7).

Os conflitos ambientais são grupos sociais relacionados com modos diferenciados de


apropriação, uso e significação do território, tendo origem quando um dos grupos tem a
27

continuidade das formas sociais de apropriação do meio, que desenvolvem impactos


indesejados, exprimidos no solo, água ou ar. (ACSELRAD, 2004, p.26)

Dias (2007) apud Maimom (1992) diz que “a política ambiental e a pressão da
comunidade local e internacional estão entre as principais causas da mudança de
comportamento das empresas brasileiras”. Na relação da sustentabilidade no setor mineral
brasileiro, destaca-se o mercado exportador enquanto fator determinante, para a legislação e
dos instrumentos coercitivos (ENRÍQUEZ, 2009).

A atividade garimpeira é responsável por impactos diretos na natureza, acarretando na


degradação do ambiente, extraindo recursos do solo ou subsolo, de onde são retirados diversos
tipos de minérios (NISHIDA; RIBEIRO, 2012).

Essas extrações geram impactos ambientais devastadores com difícil recuperação. As


mineradoras encontram-se geralmente longe dos centros, poucas pessoas sabem sobre os
malefícios que esta atividade traz ao meio ambiente, mesmo trazendo inicialmente benefícios
econômicos para regiões onde estão instaladas (PORTELLA, 2015).

Os impactos ambientais são visíveis e significativos no meio ambiente. Além da


alteração intensa na área minerada e as áreas vizinhas, onde são feitos os depósitos de estéril e
de rejeito, deve-se atentar se haver presença de substâncias químicas provindas do
beneficiamento de minério, pois causará mais danos ao meio ambiente (SILVA, 2007).

Essa degradação ocorre geralmente quando a vegetação e fauna são destruídas,


removidas, e quando tem perda da camada fértil do solo e a alteração na qualidade da água e
regime da vazão do sistema hídrico (WILLIAMS; BUGIN; REIS, 1990).

O significado de degradação na literatura especializada é bem amplo e diverso, porque


se ter qualquer tipo de alteração no meio natural pode ser considerada uma forma de
degradação. Portanto, uma área degradada é aquela que apresenta baixa produtividade, devido
os manejos agrícolas inadequados; que teve sua cobertura vegetal removida; ou que teve seu
solo poluído; ou perdeu seus horizontes superficiais do solo em decorrência da erosão
(CORRÊA, 2007).

Corrêa (2007), explica que, desmatar e deteriorar as propriedades de um solo de uma


determinada área poder ser considerado degradação ou perturbação do ambiente dependendo
da intensidade do dano. O ambiente não se recuperando sozinho em tempo razoável, ele é
considerado degradado, e a ação do homem será necessária. Se o ambiente mante sua
capacidade de resiliência, ele é considerado perturbado e a ação humana acelerará o processo
de recuperação. Em suma, a degradação intensa apresente perda de resiliência, resultando em
áreas degradadas.
28

De acordo com Noffs, Galli e Gonçalves (2000), a degradação ambiental são


modificações impostas pela sociedade aos ecossistemas naturais, porque mudam suas
características físicas, químicas e biológicas. Por fim, com a mudança dessas características o
desenvolvimento socioeconômico deixa de ser vantajoso (WILLIAMS; BUGIN; REIS, 1990).

Na extração e beneficiamento do minério utilizado no garimpo e na mineração geram


efeitos ao meio ambiente, pois a retirada de material decorrente da atividade de extração traz
mudanças na topografia e estrutura local, além da contaminação por substâncias tóxicas que
podem ocorrer durante as etapas de beneficiamento (SILVA, 2005).

Para Denúbila (2013) as alterações do meio ambiente como a modificação da paisagem


original, remoção da superfície do solo, da vegetação e alterações dos cursos d’água são
decorrentes da extração de minerais do solo, subsolo e do fundo dos rios. Entretanto, essas
alterações podem ser menores quando a atividade é realizada de acordo com que é estabelecido
pela legislação ambiental, pois se a atividade não obedece à lei e não possui as licenças
ambientais provocará várias formas de degradação, algumas irreversíveis, como a erosão,
assoreamento dos cursos d’água, destruição do habitat da fauna nativa, poluição do ar e da
água, contaminação do solo e do lençol freático, entre outros.

Para Noffs, Galli e Gonçalves (2000), a erosão ocorre quando há um desgaste ou ataque
das formações superficiais, que tira partículas das porções mais elevadas do globo; transporta
e deposita nas mais baixas depressões das encostas, vales e corpos d’água. Desenvolve-se e
evolui a partir da exposição dos solos, geralmente provocada pelo desmatamento. O solo então
sofre impacto direto das chuvas que promove a desagregação de suas partículas.

A dinâmica erosiva desenvolve-se a partir de 4 etapas, escoamento superficial; arraste


das partículas do solo liberadas por meio da enxurrada e desagregação e arraste de novas
partículas. A erosão laminar é como uma lâmina que remove as camadas mais superficiais e
expostas do solo (NOFFS; GALLI; GONÇALVES, 2000).

A degradação é a ruptura dos ciclos naturais em sua porção terrestre. A recuperação de


áreas, deve ser feita com restituição da função ecológica dessa área em seus ciclos naturais.
Portanto, os projetos de revegetação têm que ser considerados os ciclos da natureza para não
comprometerem sua sustentabilidade ecológica. Para o PRAD é imprescindível a incorporação
da Edafologia, da Ecologia e dos ambientalistas (CORRÊA, 2007).

O PRAD é um estudo obrigatório solicitado pelo órgão ambiental no momento do


licenciamento de empreendimentos para a exploração de recursos naturais (LAURENTINO&
SOUZA, 2013). Todas as áreas ambientalmente perturbadas pelas atividades de mineração
devem ser devolvidas à comunidade ou ao proprietário superficiário em condições apropriadas.
29

Tanto para o retorno do uso original do solo ou em condições para implantação de uso futuro,
e as partes envolvidas e afetadas pela mineração entrem em acordo (LIMA; FLORES; COSTA,
2006).

O do Plano de Recuperação de áreas Degradadas para empresas de extração mineral,


contida na Constituição Federal de 1988, foi determinada através do Decreto nº 97.632, de abril
de 1989, que diz que “os empreendimentos que se destinam à exploração de recursos minerais
deverão, quando da apresentação do Estudo de Impacto Ambiental- EIA e do Relatório do
Impacto Ambiental - RIMA, submeter à aprovação do órgão ambiental competente, plano de
recuperação de área degradada”. E no seu Art.3º frisa que a recuperação deverá ter por objetivo
o retorno da área degradada a uma forma de utilização, de acordo com um plano
preestabelecido para o uso do solo, e que vise à obtenção de uma solidez do meio ambiente
(BRASIL, 1989).

De acordo com Corrêa (2007), as áreas perturbadas, com um grau de recuperação


necessitam de uma mitigação de seus impactos ambientais para que seus processos de
regeneração natural recuperem o ecossistema terrestre. O reconhecimento dos mecanismos de
recuperação de um ecossistema e a diferença de áreas perturbadas e das degradadas é
fundamental para o êxito econômico de um PRAD.

Não tendo os amparos de medidas específicas, para controlar a degradação e


recuperação ambiental será impossível ou acontecerá de maneira lenta podendo levar a
ampliação da área já danificada ou intensificar a degradação (FERREIRA et al., 2008).

5 LAVRAS GARIMPEIRAS NO MATO GROSSO

No estado de Mato Grosso com área de 903.357 km² e situado no centro – oeste do
Brasil, atualmente encontra-se cerca de 1673 pedidos de requerimento de pesquisa de acordo
com os processos minerários do Sigmine em junho de 2022 (ANM, 2022). Já o requerimento
de lavra garimpeira há 1016 pedidos, esses dados mostra o potencial mineral do estado e sua
importância para geração de empregos e fomento dos comércios nas cidades dos municípios
(Tabela 1).

Tabela 1- Quantidade de Requerimento no Estado do Mato Grosso


Requerimento na ANM Contagem
APTO PARA DISPONIBILIDADE 213
AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA 3429
CONCESSÃO DE LAVRA 194
30

DADO NÃO CADASTRADO 12


DIREITO DE REQUERER A LAVRA 114
DISPONIBILIDADE 647
LAVRA GARIMPEIRA 1016
LICENCIAMENTO 923
REGISTRO DE EXTRAÇÃO 217
REQUERIMENTO DE LAVRA 345
REQUERIMENTO DE LAVRA 1739
GARIMPEIRA
REQUERIMENTO DE LICENCIAMENTO 327
REQUERIMENTO DE PESQUISA 1673
REQUERIMENTO DE REGISTRO DE 184
EXTRAÇÃO
Total Geral 11033

Fonte: Elaborado por Autoria Própria

Figura 12 Porcentagem de Substâncias Minerais no Estado de Mato Grosso

Quantidade
9% 2% Registro de Extração
3%
Autorização de Pesquisa
2%
Concessão de Lavra
34%
Direito de Requerer a Lavra
17%
Lavra Garimpeira

Requerimento de Lavra

Requerimento de Lavra
Garimpeira
Requerimento de Pesquisa
2%
17% 1% Requerimento de Registro de
3% 10% Extração

Fonte: Elaborado por Autoria Própria.

No estado do Mato Grosso, a extração de minérios vem se desenvolvendo


progressivamente, com cerca de 69 substâncias mineráveis no estado (Tabela 2), em vista de
novos surgimentos de empresas de mineração e permissão de lavra garimpeira, pela grande
quantidade e riqueza de minérios da localidade, desde os mais simples aos mais complexos.
Continuamente, será demonstrado a quantidade numérica de todas as substâncias mineráveis
do estado de Mato Grosso. Na figura 13 há uma demonstração das principais substâncias
mineráveis no estado do Mato Grosso, com suas respectivas quantidades numéricas, sendo os
principais minérios ouro, cobre e diamante. Na figura 14 observamos que as principais
substâncias mineradas no regime de Permissão de Lavra Garimpeira no estado de Mato Grosso
são ouro e diamante.
31

Tabela 2 Quantidade de Minerais Extraídos no Estado do Mato Grosso


numericamente
Tipo de substância Contagem
Água Mineral 129
Águas Termais 2
Ametista 11
Areia 1180
Areia Lavada 1
Arenito 35
Argila 245
Basalto 28
Brita de Granito 1
Calcário 463
Calcário Calcítico 27
Calcário Dolomítico 69
Calcário Industrial 2
Calcedônia 1
Cascalho 820
Cascalho Diamantífero 2
Cassiterita 75
Caulim 4
Chumbo 1
Cobre 1
Columbita 2
Conglomerado 3
Diabásio 1
Diamante 434
Diamante industrial 20
Dolomito 9
Estanho 6
Feldspato 6
Filito 11
Fosfato 162
Gabro 3
Galena 2
Grafita 1
GRANITO 96
GRANITO 1
ORNAMENTAL
ILMENITA 8
LATERITA 2
MÁRMORE 183
MAGNETITA 2
Manganês 19
Minério de Chumbo 82
Minério de Cobre 803
Minério de Estanho 31
32

Minério de Ferro 98
Minério de Magnésio 1
Minério Manganês 224
Minério Níquel 40
Minério de Nióbio 4
Minério de Ouro 4671
Minério de Platina 5
Minério de Tântalo 1
Minério de Titânio 6
Minério de Zinco 28
Níquel 61
Opala 1
Ouro 515
Quartzito 35
Quartzo 29
Saibro 2
Sais de Potássio 1
Sienito 117
Siltito 2
Tântalo 2
Tantalita 2
Terras Raras 1
Titânio 2
Turfa 47
Turmalina 5
Zinco 6
Fonte: Elaborado pelo autor.

Tabela 3- Quantidade de Minerais Extraídos em PLGs no Estado do Mato Grosso.

Rótulos de Linha Contagem


AMETISTA 1
AREIA 2
CASSITERITA 6
DIAMANTE 50
DIAMANTE 6
INDUSTRIAL
MINÉRIO DE OURO 814
OURO 126
QUARTZO 11
Total Geral 1016

Fonte: Elaborado pelo autor.


33

Figura 13 - Quantidade de substâncias minerais extraídas no Mato Grosso em todos os


tipos de requerimentos ou portarias da ANM.

4671
5000
4000
3000
2000 803
82 98 224 434
1000 31 1 40 4 5 1 6 28 20
0

Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 14 - Quantidade de substâncias minerais extraídas no Mato Grosso em PLGs.

1200
1016
1000
814
800

600

400

200 126
50 11
1 2 6 6
0

Fonte: Elaborado pelo autor.


34

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No decorrer do trabalho foi demonstrado e explicado sobre a lavra garimpeira, como é


feito para realizar o pedido junto a ANM, desmistificação do assunto extração mineral ilegal a
de lavra garimpeira e seus danos ambientais gerados, apesar de que, há pouca bibliografia
encontrada. Foi exposto a legislação vigente para lavra garimpeira a demonstração de dados
graficamente quanto dados numericamente e explicação do PRAD quando usa, o que é e para
que serve. O trabalho deve o intuito de explicar a diferença de extração mineral ilegal de lavra
garimpeira e seus impactos ambientais com suas legislações vigentes.

Concluiu-se que o termo garimpo é utilizado amplamente em artigos científicos para se


referir a mineração ilegal, mesmo as que não apresentam características de garimpo artesanais
e que são amplamente mecanizadas. Quando a mineração não é legalizada ela pode gerar
impactos ao meio ambiente e a sociedade, devido a não haver nenhum controle do
empreendimento. Neste trabalho destacamos as vantagens das lavras garimpeiras, em
comparação da extração mineral ilegal. As lavras garimpeiras autorizadas pela Agência
Nacional de Mineração são empreendimentos de mineração legalizados e que devem seguir as
normas ambientais e fiscais no território brasileiro.
35

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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