Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Dissertação
Comportamento de
ancoragens passivas em
ensaios de arrancamento
executados em itabirito
friável
2023
DANIEL DA SILVA GOMES
COMPORTAMENTO DE ANCORAGENS
PASSIVAS EM ENSAIOS DE
ARRANCAMENTO EXECUTADOS EM
ITABIRITO FRIÁVEL
OURO PRETO
2023
SISBIN - SISTEMA DE BIBLIOTECAS E INFORMAÇÃO
CDU 624.13:624.15
FOLHA DE APROVAÇÃO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Geotécnica do Núcleo de Geotecnia da Escola de Minas da
Universidade Federal de Ouro Preto, como parte integrante dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Engenharia Geotécnica,
área de concentração Geotecnia de Fundações.
Membros da banca
Prof. Dr. Thiago Bomjardim Porto - Orientador (Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais)
Prof. Dr. Lucas Deleon Ferreira - (Universidade Federal de Ouro Preto)
Prof. Dr. Jean Jacques Rincent - (Rincent BTP Services)
O Prof. Dr. Lucas Deleon Ferreira, orientador do trabalho, aprovou a versão final e autorizou seu depósito no Repositório Institucional da
UFOP em 20/06/2023.
Documento assinado eletronicamente por Lucas Deleon Ferreira, COORDENADOR(A) DO MESTRADO PROFISSIONAL EM
ENGENHARIA GEOTÉCNICA, em 20/06/2023, às 13:46, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, §
1º, do Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.
Referência: Caso responda este documento, indicar expressamente o Processo nº 23109.005712/2022-26 SEI nº 0544279
Primeiramente agradeço aos meus pais, Ester da Silva Gomes e Romualdo de Matos Gomes, e
a minha irmã, Daiene da Silva Gomes, pelos ensinamentos dos princípios da vida e no quesito
educacional, não medindo esforços para que meus objetivos sejam atingidos.
A minha esposa, Jéssica Silva de Oliveira, pelo apoio incondicional desde o início do traçado
acadêmico e concedendo uma mudança de território nacional, para obtermos maiores
oportunidades em fins profissionais.
A FGS Geotecnia que sempre manteve a preocupação de cumprir os seus valores, quanto ao
incentivo dos colaboradores no desenvolvimento pessoal e de pesquisas geotécnicas,
proporcionando o compartilhamento de mão de obra interna e material para que se possa
efetivar o objetivo desta pesquisa.
A todos os amigos que de alguma forma contribuíram para o desenvolvimento desta pesquisa.
iii
RESUMO
Nos últimos anos ocorreu um aumento nas aplicações da técnica de solo grampeado, no entanto
há uma dificuldade na compreensão do comportamento das ancoragens, seja para
dimensionamento ou por questões de funcionamento do elemento, sendo promissoras as
pesquisas que se concentram a ampliar o conhecimento neste quesito. Esta dissertação apresenta
informações do comportamento de ancoragens passivas inseridas em material itabirito friável,
submetidas a ensaios de arrancamento convencionais e monitorados com extensômetros
elétricos. Estes ensaios de arrancamento foram executados em uma obra geotécnica com
características peculiares e com a utilização de infraestrutura pesada, no total foram submetidas
aos ensaios, 18 ancoragens concentradas numa região da obra. As ancoragens foram executadas
com variabilidade do comprimento do trecho ancorado, com 1,00 metro, 2,00 metros e 3,00
metros do trecho ancorado com preenchimento por calda de cimento. Seis ancoragens destas
foram ensaiadas após a instalação de extensômetros elétricos, bem como a utilização de célula
de carga e transdutor LVDT para a validação da carga aplicada sobre a ancoragem e obtenção
do deslocamento respectivamente, no intuito de avaliar o comportamento da distribuição da
carga durante os estágios de carregamento e descarregamento. Nove ensaios foram realizados
com o procedimento adaptado da NBR 5629 (ABNT, 2018), obtendo informações de
carregamento e descarregamento, enquanto três ensaios foram executados com o procedimento
com taxa de carregamento constante até a ruptura geotécnica, os quais não foram obtidos
diferenciação nos resultados de carga de ruptura comparado aos ensaios com execução de
carregamento/descarregamento. Foram também realizados ensaios de laboratório para
caracterização do material e execução de ensaios de cisalhamento direto. As amostras foram
coletadas em região próxima aos ensaios de arrancamento. Os resultados obtidos nos ensaios
de arrancamento demonstraram que com o aumento do comprimento do trecho ancorado ocorre
uma ligeira redução na resistência ao arrancamento das ancoragens. E que os valores de
resistência ao arrancamento obtidos nos ensaios com taxa de carregamento constante foram
considerados mais conservadores comparado aos ensaios de arrancamento executados com
metodologia convencionais. A partir disto conclui que esta pesquisa apresentou resultados com
boas perspectivas para o aperfeiçoamento no conhecimento do comportamento de ancoragens
passivas a partir da execução de ensaios de arrancamento em itabirito friável.
iv
ABSTRACT
In recent years, there has been an increase in the applications of the nailed soil technique,
however there is a difficulty in understanding the behavior of anchorages, either for
dimensioning or for reasons of element functioning, with promising research that focuses on
expanding knowledge in this regard. This document presents information on the behavior of
passive anchorages incorporated in brittle itabirite material, remaining in conventional pullout
tests and instrumented with an strain gauge. These pullout tests were carried out in a
geotechnical work with peculiar characteristics and with the use of heavy infrastructure, in total,
18 anchorages concentrated in the region of the work were considered for the tests. The
anchorages were executed with variability in the length of the anchored section, with 1.00
meters, 2.00 meters and 3.00 meters of the anchored section filled with cement grout. Six
anchorages were tested after the installation of electrical extensometers, as well as the use of a
load cell and LVDT transducer to validate the load applied on the anchorage and obtain the
displacement, respectively, in order to evaluate the behavior of the load distribution during the
reach of loading and unloading. Nine tests were carried out with the procedure adapted from
NBR 5629 (ABNT, 2018), obtaining loading and unloading information, while three tests were
performed with the procedure with constant loading rate until geotechnical failure, which did
not obtain differentiation in the results breaking load compared to tests with loading/unloading
execution. Laboratory tests were also carried out to characterize the material and carry out direct
shear tests. The samples were collected in the region close to the pullout tests. The results
obtained in the pullout tests show that with the increase in the length of the anchored section
there is a slight reduction in the pullout resistance of the anchorages. And that the pullout
strength values obtained in tests with constant loading rate were considered more conservative
compared to pullout tests performed with conventional methodology. From this it is concluded
that this research presented results with good perspectives for the improvement in the
knowledge of the behavior of passive anchorages from the execution of pullout tests in brittle
itabirite.
Key words: brittle itabirite; soil nail; pullout test; load transfer; interface strength.
v
Lista de Figuras
Figura 2-1: Métodos de estabilidade de galerias e túneis: (a) rígido e (b) flexível (adaptado de
Clouterre, 1991) .................................................................................................................. 7
Figura 2-2: Resultado dos ensaios de arrancamento executados posteriormente a injeção de
calda de cimento ................................................................................................................. 8
Figura 2-3: Cronologia de obras publicadas de solo grampeado executadas na década de 80 no
Brasil................................................................................................................................... 9
Figura 2-4: Cronologia de obras publicadas de solo grampeado executadas na década de 90 no
Brasil................................................................................................................................. 12
Figura 2-5: Cronologia do desenvolvimento de normas para ancoragens ativas e passivas no
Brasil................................................................................................................................. 13
Figura 2-6: Definição dos elementos característicos de instabilidade em maciço (Adaptado da
NBR 16.920-2, ABNT, 2021) .......................................................................................... 15
Figura 2-7: Representação das superfícies potenciais de ruptura (Adaptado da ABNT, 2021)
.......................................................................................................................................... 20
Figura 2-8: Esquema de montagem de equipamentos para execução de ensaio de
arrancamento (Adaptado de Clouterre, 1991) .................................................................. 21
Figura 2-9: Comportamento de ancoragens e demonstração da região máxima a tração
(Adaptado de Lazarte et al., 2003) ................................................................................... 25
Figura 2-10: Ábaco da resistência de interface terreno-ancoragem e pressão de injeção para
solos granulares (Adaptado de Bustamante e Doix, 1985)............................................... 36
Figura 2-11: Ábaco da resistência de interface terreno-ancoragem e pressão de injeção para
argilas (Adaptado de Bustamante e Doix, 1985) .............................................................. 36
Figura 2-12: Ábaco da resistência de interface terreno-ancoragem e pressão de injeção para
rochas alteradas (Adaptado de Bustamante e Doix, 1985) ............................................... 37
Figura 2-13: Cronologia inicial na aplicação de extensômetros............................................... 42
Figura 2-14: Tipologia de extensômetros disponíveis no mercado: (a) modelo unidirecional
estreito; (b) modelo duplo tipo espinha de peixe; (c) modelo unidirecional a 45°; (d)
modelo roseta dupla a 90° com grelhas lado a lado (Fonte: Excel Sensor – Acesso em:
01/10/2022)....................................................................................................................... 42
Figura 2-15: Formação de ponte Wheatstone completa (Fonte: Adaptado de Balbinot e
Brusamarello (2019))........................................................................................................ 43
vi
Figura 3-1: Estimativa do perímetro do Quadrilátero Ferrífero (em vermelho) e
posicionamento da Mina de Águas Claras (MAC) (Fonte: Adaptado de Google Earth –
Acesso em: 10/01/2023) ................................................................................................... 49
Figura 3-2: Visão geral da área e localização das sondagens (SM), pontos de amostragem (A),
campanha de ensaios convencionais (C__EA – NI), e campanha de ensaios monitorados
(C__EA – I) (Fonte: elaborado pelo autor) ...................................................................... 51
Figura 3-3: Volume de precipitação acumulada mensal entre os anos de 2017 e 2022, a partir
da estação de pluviometria instalada na região do empreendimento (Fonte: Adaptado do
Acervo Técnico de FGS Geotecnia, 2023) ....................................................................... 52
Figura 3-4: Seção transversal litológica na região adjacente a região em estudo (Fonte:
Adaptado do Acervo Técnico disponibilizado pela Mineradora VALE, 2023) ............... 53
Figura 3-5: Bloco de material indeformado próximo aos ensaios de arrancamento monitorados
(Fonte: elaborado pelo autor) ........................................................................................... 54
Figura 3-6: Curva granulométrica do material (Fonte: adaptado do relatório disponibilizado
pelo laboratório ETG/UFMG, 2022) ................................................................................ 55
Figura 3-7: Gráfico de tensão cisalhante em relação ao deslocamento horizontal (Fonte:
LAGEOTEC/UFRGS, 2019) ............................................................................................ 57
Figura 3-8: Envoltória de resistência ao cisalhamento de pico (Fonte: LAGEOTEC/UFRGS,
2019) ................................................................................................................................. 57
Figura 3-9: Demarcação da presença de material compacto no corpo de prova submetido a
tensão normal a 300 kPa (Fonte: LAGEOTEC/UFRGS, 2019) ....................................... 58
Figura 3-10: Célula de carga com capacidade máxima de 200 kN (a esquerda) e caixa de
obtenção dos dados (a direita) (Fonte: elaborado pelo autor) .......................................... 61
Figura 3-11: Reta de calibração da célula de carga com capacidade de 200 kN, utilizada na
calibração das barras (Fonte: elaborado pelo autor) ......................................................... 62
Figura 3-12: Reta de calibração da célula de carga com capacidade de 500 kN, utilizada nos
ensaios de arrancamento de campo (Fonte: elaborado pelo autor) ................................... 62
Figura 3-13: Distribuição dos extensômetros para a barra do ensaio com 1,00 metro ancorado
(Fonte: elaborado pelo autor) ........................................................................................... 63
Figura 3-14: Distribuição dos extensômetros para a barra do ensaio com 2,00 metros ancorado
(Fonte: elaborado pelo autor) ........................................................................................... 63
Figura 3-15: Distribuição dos extensômetros para a barra do ensaio com 3,00 metros ancorado
(Fonte: elaborado pelo autor) ........................................................................................... 63
Figura 3-16: Nomenclatura das barras instrumentadas com extensômetros elétricos (Fonte:
vii
elaborado pelo autor) ........................................................................................................ 64
Figura 3-17: Dimensões do sensor tipo roseta dupla e da área de fresa executada na barra
(Fonte: elaborado pelo autor) ........................................................................................... 64
Figura 3-18: Procedimentos de proteções do extensômetro e circuito: (a) hidrofugante; (b)
mecânica e isolante térmico (Fonte: elaborado pelo autor) .............................................. 65
Figura 3-19: Sistema dos ensaios de calibração das barras (Fonte: elaborado pelo autor) ...... 67
Figura 4-1: Envoltória de resistência ao cisalhamento (Fonte: elaborado pelo autor) ............. 70
Figura 3-20: Resultado dos ensaios de arrancamento convencional: (a) ensaio com somente
carregamento; (b) ensaio com carregamento e descarregamento (Fonte: elaborado pelo
autor)................................................................................................................................. 73
Figura 3-21: Resultados dos ensaios de arrancamento convencional: (c) e (d) ensaios com
carregamento e descarregamento (Fonte: elaborado pelo autor) ...................................... 73
Figura 3-22: Resultado dos ensaios de arrancamento monitorados (Fonte: elaborado pelo
autor)................................................................................................................................. 74
Figura 3-23: Distribuição das cargas ao longo de ancoragem instrumentada, ensaio B1_00
(Fonte: elaborado pelo autor) ........................................................................................... 74
Figura 3-24: Distribuição das cargas ao longo de ancoragem instrumentada, ensaio B1_01
(Fonte: elaborado pelo autor) ........................................................................................... 75
Figura 3-25: Resultado dos ensaios de arrancamento convencional: (a) ensaio com somente
carregamento; (b) ensaio com carregamento e descarregamento (Fonte: elaborado pelo
autor)................................................................................................................................. 76
Figura 3-26: Resultados dos ensaios de arrancamento convencional: (c) e (d) ensaios com
carregamento e descarregamento (Fonte: elaborado pelo autor) ...................................... 77
Figura 3-27: Resultado dos ensaios de arrancamento monitorados (Fonte: elaborado pelo
autor)................................................................................................................................. 77
Figura 3-28: Distribuição das cargas ao longo de ancoragem instrumentada, ensaio B2_00
(Fonte: elaborado pelo autor) ........................................................................................... 78
Figura 3-29: Distribuição das cargas ao longo de ancoragem instrumentada, ensaio B2_01
(Fonte: elaborado pelo autor) ........................................................................................... 78
Figura 3-30: Resultado dos ensaios de arrancamento convencional: (a) ensaio com somente
carregamento; (b) ensaio com carregamento e descarregamento (Fonte: elaborado pelo
autor)................................................................................................................................. 80
Figura 3-31: Resultados dos ensaios de arrancamento convencional: (c) e (d) ensaios com
carregamento e descarregamento (Fonte: elaborado pelo autor) ...................................... 81
viii
Figura 3-32: Resultado dos ensaios de arrancamento monitorados (Fonte: elaborado pelo
autor)................................................................................................................................. 81
Figura 3-33: Distribuição das cargas ao longo de ancoragem instrumentada, ensaio B3_00
(Fonte: elaborado pelo autor) ........................................................................................... 82
Figura 3-34: Distribuição das cargas ao longo de ancoragem instrumentada, ensaio B3_01
(Fonte: elaborado pelo autor) ........................................................................................... 82
Figura 3-35: Localização do ensaio de arrancamento 126 (b) com trecho ancorado de 3,00
metros (Fonte: elaborado pelo autor) ............................................................................... 83
Figura 4-2: Apresentação da relação qs/qs,mín. obtido nos ensaios de arrancamento com
metodologias executivas distintas .................................................................................... 90
Figura 4-3: Resultado dos Ensaios de Arrancamento monitorados com 1,00 metro ancorado
(Fonte: elaborado pelo autor) ........................................................................................... 92
Figura 4-4: Resultado dos Ensaios de Arrancamento monitorados com 2,00 metros ancorados
(Fonte: elaborado pelo autor) ........................................................................................... 93
Figura 4-5: Resultado dos Ensaios de Arrancamento monitorados com 3,00 metros ancorados
(Fonte: elaborado pelo autor) ........................................................................................... 93
Figura 4-6: Comportamento qs em relação ao comprimento do trecho ancorado das
ancoragens (Fonte: elaborado pelo autor) ........................................................................ 95
Figura 4-7: Comportamento da resistência ao cisalhamento ao longo das ancoragens aplicadas
ensaio de arrancamento monitorado (Fonte: elaborado pelo autor) ................................. 99
ix
Lista de Tabelas
x
Porto (2015) ...................................................................................................................... 38
Tabela 2-23: Valores resultantes das resistências dos materiais ensaiados pelos autores
supracitados ...................................................................................................................... 39
Tabela 2-24: Síntese dos principais trabalhos acadêmicos publicados na última década ........ 44
Tabela 3-1: Índices físicos do material (Fonte: Laboratório ETG/UFMG, 2022).................... 55
Tabela 3-2: Composição granulométrica do material (Fonte: adaptado do relatório
disponibilizado pelo laboratório ETG/UFMG, 2022) ...................................................... 55
Tabela 3-3: Equações de calibração e coeficiente de determinação (Fonte: elaborado pelo
autor)................................................................................................................................. 62
Tabela 3-4: Itens de atenção para a execução de extensômetros elétricos para instrumentação
de ancoragens (Fonte: elaborado pelo autor) – (Continua) .............................................. 66
Tabela 4-1: Parâmetros de resistência do material (Fonte: elaborado pelo autor) ................... 70
Tabela 3-5: Características e resultados dos ensaios de arrancamento das ancoragens com 1,00
metro do trecho ancorado (Fonte: elaborado pelo autor) ................................................. 85
Tabela 3-6: Características e resultados dos ensaios de arrancamento das ancoragens com 2,00
metros do trecho ancorado (Fonte: elaborado pelo autor) ................................................ 86
Tabela 3-7: Características e resultados dos ensaios de arrancamento das ancoragens com 3,00
metros do trecho ancorado (Fonte: elaborado pelo autor) ................................................ 87
Tabela 4-2: Resultado dos ensaios de arrancamento das ancoragens não instrumentadas com
1,00 metro ancorado (Fonte: elaborado pelo autor) ......................................................... 89
Tabela 4-3: Resultado dos ensaios de arrancamento das ancoragens não instrumentadas com
2,00 metros ancorados (Fonte: elaborado pelo autor) ...................................................... 89
Tabela 4-4: Resultado dos ensaios de arrancamento das ancoragens não instrumentadas com
3,00 metros ancorados (Fonte: elaborado pelo autor) ...................................................... 90
Tabela 4-5: Resultado dos ensaios de arrancamento das ancoragens instrumentadas com 1,00
metro ancorado (Fonte: elaborado pelo autor) ................................................................. 94
Tabela 4-6: Resultado dos ensaios de arrancamento das ancoragens instrumentadas com 2,00
metros ancorados (Fonte: elaborado pelo autor) .............................................................. 94
Tabela 4-7: Resultado dos ensaios de arrancamento das ancoragens instrumentadas com 3,00
metros ancorados (Fonte: elaborado pelo autor) .............................................................. 94
Tabela 4-8: Quantidade de extensômetros elétricos por ancoragens (Fonte: elaborado pelo
autor)................................................................................................................................. 98
xi
Lista de Símbolos, Nomenclatura e Abreviações
xii
R² = Coeficiente de determinação
TMÁX = Carga máxima de tracionamento (kN)
tu = Capacidade de carga unitária (kN/m)
ABGE = Associação Brasileira de Geologia de Engenharia
ABNT = Associação Brasileira de Normas Técnicas
DIN = Instituto Alemão para Normatização
LVDT = Transdutor de Deslocamento Variável Linear
MBR = Mineração Brasileira
NATM = Novo Método Austríaco para Abertura de Túneis
NB = Normativa Brasileira
NBR = Norma Brasileira
SUCS = Sistema Unificado de Classificação dos Solos
xiii
Lista de Apêndices e Anexos
Apêndice A .............................................................................................................................A-1
Apêndice B ...........................................................................................................................B-11
Apêndice C ...........................................................................................................................C-28
Apêndice D ...........................................................................................................................D-29
Apêndice E............................................................................................................................E-36
Apêndice F............................................................................................................................F-37
Anexo A................................................................................................................................A-39
Anexo B................................................................................................................................B-51
Anexo C................................................................................................................................C-52
xiv
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 ............................................................................................................................ 1
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
CAPÍTULO 2 ............................................................................................................................ 7
xv
2.7. SÍNTESE DOS PRINCIPAIS TRABALHOS ACADÊMICOS PUBLICADAS
NA ÚLTIMA DÉCADA .................................................................................................. 43
CAPÍTULO 3 .......................................................................................................................... 48
CAPÍTULO 4 .......................................................................................................................... 69
xvi
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 105
xvii
CAPÍTULO 1
1. INTRODUÇÃO
De acordo com a NBR 11.682 (ABNT, 2009) que trata da estabilidade de taludes, descreve
que para o desenvolvimento do projeto é de supra importância a exploração de informações
do local a ser implementado mecanismos externos para a estabilização do talude, estes dados
são relacionados a investigações geotécnicas do terreno, estudos hidrológicos, e estudos
precisos de ensaios de laboratórios, promovendo elementos capazes de estabilizar os esforços
estáticos oriundos do terreno e de sobrecargas.
1
proporcionais a deformação do maciço no caso da utilização de ancoragens passivas, elemento
considerado no desenvolvimento desta pesquisa.
1.2. JUSTIFICATIVA
2
espaçamentos e inclinação de execução das perfurações pré-determinados no processo de
dimensionamento, estas características são diretamente proporcionais a eficácia executiva dos
elementos dimensionados, corroborado por Sharma et al. (2019), Mohamed et al. (2021),
Villalobos (2020), Bathini e Krisna (2022) e Elahi et al. (2022).
Este parâmetro, na fase de projeto, pode ser estimado a partir de correlações empíricas, das
quais são obtidas por pesquisas. Como a de Ortigão e Palmeira (1997), a qual foi desenvolvida
com a compilação de ensaios de arrancamento executados em obras na região de São Paulo,
Rio de Janeiro e Brasília. Os resultados da interface terreno-ancoragem foram correlacionados
com o NSPT, com o intuito de prever a resistência a partir de métodos de investigações
geotécnicas mais usuais, no entanto devido a variabilidade do material e interpretação não
trivial, não há um coeficiente de determinação satisfatório.
3
Nesta circunstância, esta pesquisa pretende difundir a compreensão quanto as estimativas para
obtenção da tensão resistente entre o terreno-ancoragem em material itabirito friável, presente
na região do Quadrilátero Ferrífero, citado por Soares (1996), Spier (2005) e Rosenbach
(2018). Com a proposição de avaliar o comportamento em ensaios de arrancamento realizados
em campo em que foram consideradas variações do comprimento do trecho ancorado dos
reforços.
1.3. OBJETIVOS
Esta pesquisa possui como objetivo principal analisar a correlação entre a tensão resistente
característica da interface solo-calda-ancoragem e a variabilidade do comprimento do trecho
envoltório por calda de cimento em ancoragens passivas a partir da execução de ensaios de
arrancamento convencionais e monitorados com extensômetros distanciados de forma pré-
determinadas nas barras, célula de carga na extremidade do elemento de ensaio e
acompanhamento em tempo real durante a execução do ensaio.
Como objetivo secundário, fora executado uma campanha de ensaios de laboratório com o
intuito de caracterizar geotecnicamente o material existente na área em estudo, a partir de
ensaios de caracterização convencionais e de cisalhamento direto. A amostra indeformada foi
4
retirada em local pré-estabelecido próximo aos ensaios de arrancamento monitorados.
Destaca-se que as informações obtidas em ensaios de laboratório são de caráter informativo,
não sendo aprofundadas para cunho de aplicação por correlação de resistência ao
cisalhamento.
Esta dissertação apresentada por este documento foi dividida em cinco capítulos, na seguinte
ordem:
5
O capítulo 4, apresenta os resultados obtidos nos ensaios de arrancamento convencionais e
monitorados com extensômetros elétricos, e análises a partir dos resultados obtidos nos
ensaios, de forma a demonstrar os cenários que influenciam o comportamento das ancoragens
na aplicação do ensaio de arrancamento.
6
CAPÍTULO 2
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Figura 2-1: Métodos de estabilidade de galerias e túneis: (a) rígido e (b) flexível (adaptado de
Clouterre, 1991)
7
Na França, na década de 60, a técnica de solo reforçado teve uma ramificação direcionada para
a execução de aterros, o qual foi criado o sistema de contenção de Terra Armada, de autoria de
Henry Vidal. O sistema consiste na aplicação de fitas metálicas entre as camadas de
compactação do aterro, estes elementos elevam a resistência do maciço através do atrito gerado
e permitindo a execução de empilhamentos de material com elevada altura.
Em uma das obras constituídas no acervo francês, se destaca a obra de estabilização no pátio
da estação de Versailles-Chantiers. Nesta obra foi executada atividades de terraplenagem com
regularização de taludes de até 21,60 metros e inclinação na ordem de 70° numa extensão
próxima a 1km. A área de estabilização foi de 12.600 m² e 25.800 unidades de ancoragens
executadas com comprimento variável de 4,0 a 6,0 metros, e perfurações preenchidas com
injeção de calda de cimento. Na Figura 2-2 apresenta o resultado dos ensaios de arrancamentos
executados a 12, 36, 168 e 264 horas após o processo de preenchimento com calda de cimento.
100
80
Carga (kN)
60
40
20
0
0 50 100 150 200 250 300
Horas
8
Na Alemanha, a técnica de solo grampeado foi introduzida a partir de 1975, e até 1981 já havia
um acervo técnico superior a 24 obras utilizando o sistema de estabilização. No Canadá, há
registros que anteriormente a 1976 já haviam sido executadas 10.000 m² de área estabilizada
em taludes de até 18 metros de altura, conforme citado por Shen et al. (1981). Nos Estados
Unidos, iniciou em 1976, na utilização da estabilização durante o processo de escavação de um
Hospital em Portland, Oregon. Sendo executado a escavação e regularização de 13,7 metros de
subsolo aplicando 683 ancoragens de estabilização provisória com comprimento entre 7,0 e 8,5
metros, fixados com calda de cimento.
9
Abaixo serão apresentadas de forma resumida as características do maciço e das ancoragens
utilizadas nas obras supracitadas da década de 80 no Brasil.
10
ordem de 2,00 metros. O concreto projetado aplicada na face do talude possuía
aproximadamente 5 cm de espessura;
f) Em 1987, foi aplicado a técnica de solo grampeado numa área de 1.350 m² no município
de Salvador/BA. O talude em questão tinha 15 metros de altura e inclinação de 60°
constituído por solo residual. O tratamento aplicado constituía na inserção de
ancoragens entre 5,00 metros e 7,00 metros, de diâmetro de 20mm em perfurações de
75 mm, e espaçamento entre as ancoragens de 2,50 metros. O concreto projetado
executado era de 5 cm de espessura, e uma malha de tela metálica;
A Figura 2-4 apresenta as principais obras relacionadas a solo grampeado com a aplicação de
faceamento em concreto projetado publicadas, na década de 90 por Ortigão et al. (1993).
11
Figura 2-4: Cronologia de obras publicadas de solo grampeado executadas na década de 90 no
Brasil
Nos itens seguintes, serão apresentadas de forma sucinta as características do maciço e das
ancoragens utilizadas nas obras supracitadas da década de 90 no Brasil, nos estados de São
Paulo e Bahia.
12
tratamento aplicado foi de ancoragens cravadas de 22mm de diâmetro numa área de
1.800 m² de concreto projetado de armadura simples com espessura de 7 cm;
e) No ano de 1993, foi registrado a execução de três obras de contenções utilizando solo
grampeado no município de São Paulo/SP. As obras totalizam uma área estimada de
2.450 m². Os taludes estabilizados possuem altura geométrica máxima de 16,0 metros e
inclinação variando entre 60° e 90°. As ancoragens possuem profundidade entre 3,00
metros e 10,00 metros e espaçamentos horizontal e vertical mínimo de 1,00 metro e
máxima de 2,10 metros. O faceamento de concreto projetado varia entre espessuras de
6 cm e 10 cm.
No entanto, a normativa nacional, NBR 16920-2 (ABNT, 2021), foi publicada 25 anos após o
início da expansão célere supracitado. Durante este período o desenvolvimento de projetos e
execuções tiveram como base adaptações das normativas nacionais vigentes de ancoragens
ativas nacionais e internacionais e o Manual de Serviços Geotécnicos (Zirlis et al., 2018) com
as expertises de profissionais da empresa Solotrat para a execução de obras geotécnicas,
vinculadas a estabilizações de maciços.
13
2.1.3. Definição
Segundo a NBR 16920-2 (ABNT, 2021), a técnica de solo grampeado é formada pela inserção
de ancoragens distribuídas uniformemente com espaçamento e comprimento determinados por
análises de instabilidade, com a incumbência de reforçar a massa instável em conjunto com a
projeção de concreto ou a instalação de tela de alta resistência. Devido a estas ancoragens serem
executados na condição passiva, a análise para a aplicação de solo grampeado deverá ser
considerada a potencialidade da linha de ruptura (Caltrans, 2015).
Conforme apresentado pela NBR 11682 (ABNT, 2009), a ancoragem passiva é constituída por
um elemento inserido no terreno com o intuito de reforçar a estabilidade do maciço, envoltório
por calda de cimento ou mistura heterogênea de argamassa ou outro aglutinante capaz de resistir
a esforços de tração e cisalhante. O preenchimento da perfuração possui o intuito de distribuir
as cargas por todo o seu comprimento, sendo que o início da mobilização ocorre pela indução
de deformabilidade do maciço sendo está carga mobilizada absorvida parcialmente pela cabeça
da ancoragem. Na normativa vigente, a NBR 16.920-2 (ABNT, 2021) a ancoragem passiva é
denominada como elemento inserido no terreno, que propõe um reforço ao maciço e a
mobilização de resistência ocorre por todo o comprimento.
14
qual divide as zonas ativas e passivas. A zona ativa é a região instável do maciço, local onde
ocorrerá o deslocamento para a mobilização das ancoragens. A zona passiva se considera a
região onde as ancoragens estabilizarão o maciço, ocorre a incorporação e reação aos esforços
gerados pela zona ativa (Oliveira e Santos, 2007).
Este mecanismo torna que as ancoragens implementadas atuem como uma conexão entre a zona
ativa e passiva do maciço, deste modo ocorre a redução dos esforços para o faceamento do
maciço, ou seja, para a extremidade externa da ancoragem. A representatividade destes
componentes está apresentada na Figura 2-6.
15
2.1.4. Aplicações e Revestimentos
16
Tabela 2-1: Vantagens e desvantagens na utilização de faceamento com concreto projetado de
acordo com o manual de engenharia do corpo de engenheiros de U.S. Army (1993) –
(Conclusão)
Vantagem Desvantagem
• Eficácia quanto a durabilidade do material, visto • Facilidade na formação de pequenas
que o concreto é um elemento resistente a ação fissuras passíveis de infiltrações e
de intempéries e agentes químicos; processos corrosivos na armadura;
• Em locais com acesso a técnica se sobressai pela • Devido a rigidez da estrutura ocorre
facilidade do processo executivo, possibilitando a possibilidade de acréscimos de
uma maior produtividade para a execução; poropressão no interior do
elemento;
• Apesar de recomendações quanto a aplicação
em camadas de concreto projetado, a pressão de • Elevado custo de aplicabilidade
lançamento torna a camada espessa e resistente; devido a necessidade de ancoragens
com espaçamento inferiores para
• Possibilidade de aplicação em qualquer forma
evitar eventuais rupturas do
geométrica do maciço.
elemento rígido.
Tabela 2-2: Vantagens e desvantagens na utilização de faceamento com tela metálica de alta
resistência de acordo com Cala et al. (2012).
Vantagem Desvantagem
• Segurança de aplicação do revestimento visto • Baixa mão de obra especializada
que é possível a instalação da tela anteriormente para a execução da técnica;
a execução das perfurações;
• Publicada a primeira normativa
• Não ocorre a impermeabilização do maciço, brasileira para a aplicação da técnica
portanto evita a formação de excesso de em 2021.
poropressão;
• Alta durabilidade, devido ao revestimento
possuir proteções quanto a corrosão compatível
com o ambiente de aplicação;
• Possibilidade de aplicação em qualquer forma
geométrica do maciço, e passível a suportar
deformações;
17
avaliação do comportamento tensão deformação, utilizando ferramentas na base de elementos
finitos e modelagem numérica, conforme apresentado por Silva e Gomes (2016) e Mohamed et
al. (2023).
Para que estás avaliações quanto a estabilidade seja aproximada a realidade de campo, são
necessários o conhecimento e a assertividade das características dos materiais constituídos no
maciço. A NBR 16.920-2 (ABNT, 2021) apresenta que para taludes superiores a 3,00 metros
de altura sejam executadas duas perfurações de sondagens na seção característica da região.
Como ensaios complementares são considerados as investigações quanto ao nível
piezométricos, nível d’água, ensaios de laboratório e de campo.
Como elemento fundamental para a aplicação da técnica de solo grampeado está a execução de
ancoragens que possuem função de reforço e estabilidade do maciço, conforme projeto
apresentado por Clouterre (1991). O comprimento destas ancoragens deve ser dimensionado
com base no equilíbrio externo e interno do talude e verificado pela resistência ao arrancamento
na região instável e consequentemente resistentes com base nos esforços aplicados sobre o
elemento na zona de incorporação das ancoragens (Ehrlich, 2003).
18
Anteriormente a execução e avaliação dos ensaios de arrancamento executados em ancoragens,
é interessante compreender os mecanismos de ruptura que podem ocorrer durante os ensaios e
a vida útil do sistema de solo grampeado aplicado para estabilização. De acordo com Clouterre
(1991) e posteriormente evidenciada por Lanzieri (2019) e Yang et al. (2020), os mecanismos
podem ser subdivididos em:
19
Figura 2-7: Representação das superfícies potenciais de ruptura (Adaptado da ABNT, 2021)
Neste capítulo será apresentado uma revisão bibliográfica sobre métodos e características de
execução do ensaio de arrancamento que foram embasadas para a elaboração da norma vigente
NBR 16.920 (ABNT, 2021). Apresentando também os mecanismos de ruptura em elementos
utilizados em reforços de maciço com semelhanças ao que se espera que ocorra em ancoragens
passivas.
2.3.1. Metodologia
Anteriormente a 2021 não havia uma norma especifica no Brasil sobre a execução e
monitoramento de ensaio de arrancamento no Brasil, este era elaborado a partir de experiencia
de outros autores e com base em norma de tirantes (Springer, 2006). Em 2021 foi publicado a
primeira edição da NBR 16920 (ABNT, 2021), concentrada em diretrizes para execução de
muros e taludes em solo reforçado. A parte 1 da norma apresenta informações sobre solos
reforçados em aterro e na parte 2 diretrizes referentes a execução de solo grampeado.
20
(1991), o ensaio de arrancamento deverá ser monitorado por macaco hidráulico com capacidade
de carga compatível, placas e porcas do sistema de contenção utilizadas para leituras de reações
da carga exigida pelo macaco hidráulico, e medidor de deslocamento, esquema apresentado na
Figura 2-8. Este possui intuito de obter informações de resistência da interface terreno-
ancoragem (qs).
Para cada estágio de carga aplicada sobre a ancoragem, registra em planilha controle, através
de leitura realizada em relógio comparador, o qual está instalado em suporte fora do contato
com os equipamentos de ensaio e apoiada sobre a ponteira da barra de ensaio, segundo a NBR
5.629 (ABNT, 2018) o tempo de espera para cada ensaio é de 5 minutos, sendo o último estágio
15 minutos. Para Clouterre (1991), a carga aplicada sobre a barra em relação ao deslocamento
obtido pela barra é capaz de extrair o valor máximo resistente a tração pela ancoragem ensaiada.
21
elementos de cargas incorporadas: 0,3; 0,6; 0,75; 1,00; 1,20; 1,40; 1,60; 1,75, em que após cada
carregamento deverá ser aplicado o descarregado até a carga inicial e carregados posteriormente
a carga superior.
Em estudo desenvolvido por França (2007), onde foi realizado ensaio de arrancamento em
laboratório, foram aplicados sobrecarga de 50 kN/m² com velocidade média de 2,3kN/min, em
ancoragens protótipos de 8mm e 1,80m de comprimento total, sendo 1,30 metros inseridos no
furo de 27 mm de diâmetro e distribuídos em espaçamentos de 2,50 metros (horizontal e
vertical). Nesta proposta o carregamento foi aplicado de forma constante sem o aguardo de
tempos de espera entre os estágios. Neste mecanismo de ensaio podem ser determinadas a carga
de arrancamento máxima, a carga residual, e o coeficiente angular da curva de carga-
deslocamento.
Além da resistência máxima que a ancoragem resiste a tração obtido pelo ensaio de
arrancamento, na etapa intermediaria do ensaio, poderá ser aplicado uma carga constante, com
o intuito de verificar o comportamento da ancoragem quando estiver submetida a uma mesma
carga por um período. Segundo a NBR 5629 (ABNT, 2018), este mecanismo compreende no
ensaio de fluência, o qual, determina a estabilização da ancoragem quando aplicada carga
22
constante a longa duração.
Em monitoramentos realizados por Clouterre (1991), se observa que a fluência das ancoragens
ou fenômeno de Creep, ocorre em período após a obra ter finalizado. Comportamento este, que
fomenta na elevação dos esforços de cisalhamento compreendido na ancoragem.
Springer (2006), define que o ensaio de arrancamento consiste na execução de cargas sucessivas
sobre a ancoragem, no sentido de tração, até a carga máxima suportada. O qual ocorre a ruptura
ou o deslocamento da ancoragem devido ao rompimento da resistência de cisalhamento entre a
calda de cimento e o terreno.
2.3.2. Quantidades
De acordo com a normativa vigente de solo grampeado, NBR 16.920-2 (ABNT, 2021), para a
obtenção de resultados satisfatórios de atrito lateral das ancoragens da técnica de estabilização,
são necessários a execução de no mínimo três ensaios de arrancamento, que são de caráter
opcional, visando a possibilidade de resultar valor representativo para a região em análise de
estabilidade.
23
de projeto. A Tabela 2-3 apresenta o número mínimo de ancoragem do sistema a serem
ensaiados para comprovação dos resultados obtidos.
Tabela 2-3: Relação do número mínimo de ensaio de conformidade com a área de tratamento
(Adaptado de Clouterre, 1991)
Área de Área de
Tratamento Número Mínimo de Ensaio Tratamento Número Mínimo de Ensaio
de Arrancamento de Arrancamento
(m²) (m²)
Até 800 6 4000 a 8000 15
800 a 2000 9 8000 a 1600 18
2000 a 4000 12 6000 a 40000 25
24
avaliar a capacidade das ancoragens e de deformação do terreno. A geração de tensões ao longo
da barra tende a ser não uniforme e está relacionada a propriedades mecânicas da ancoragem, e
geomecânico do terreno, bem como a relação entre ambos.
Conforme Ehrlich (2003), são dois os mecanismos que atuam na ancoragem de solo grampeado
quando submetidos a esforços para a estabilização do maciço, primeiramente pela força a
tração, sendo desenvolvida uma região cisalhante (interface terreno-ancoragem) e o empuxo
(tensão que a ancoragem é submetida a partir do maciço). Os maciços normalmente apresentam
tensões de compressão e cisalhante satisfatórios, no entanto com déficit na resistência a tração,
o que a inserção de ancoragens equilibra o sistema, tornando favorável para a execução de
escavação com inclinações íngremes.
A região cisalhante da barra ocorre próxima a divisão da região instável com a região de
incorporação das ancoragens. Segundo Lazarte et al. (2003), na região instável do maciço
(próximo ao fator de segurança de ruptura) as tensões atuantes na ancoragem são orientadas
para fora do maciço. Enquanto na região considerada como resistente, as forças de atrito com
o terreno agem contra o sentido de arrancamento, ambos os mecanismos estão apresentados na
Figura 2-9.
25
carga máxima de tração.
A transferências das tensões geradas a partir do ensaio de arrancamento (força axial) é restrita
com a adesão entre o terreno e a ancoragem que por sua vez ocorre pequenas mobilizações com
a aplicação de carregamentos. Segundo Clouterre (1991), a tensão de resistência ao
arrancamento é denominada qs. Esta variável é diretamente proporcional com a capacidade de
carga última da ancoragem, ensaiada durante o ensaio de arrancamento.
Conforme verificado no item 2.4.1 existe uma complexidade para a determinação da tensão
máxima aplicada sobre uma ancoragem durante o ensaio de tração do elemento, o que
demonstra a não uniformidade da mobilização a resistência ao longo da ancoragem. Para
Lazarte et al. (2003) e Geoguide 7 (2008), é aceitável que seja adotado um valor de resistência
da interface terreno-ancoragem constante ao longo da barra.
A princípio está técnica de avaliação do comportamento em ancoragens teve início por Shields
et al. (1978, apud Zeitoune, 1982), o qual apresentou o resultado de ensaios de desempenho em
tirantes monitorados a partir de extensômetros elétricos. A partir das informações destes ensaios
de desempenho, o deslocamento obtido na cabeça da ancoragem foi dividido entre três
componentes:
26
c) Deslocamento do fundo do bulbo: este deslocamento obtido tem maior relevância, visto
o formato típico dos bulbos de ancoragem (alongados) e probabilidade de associação
com a mobilização da capacidade de carga do elemento de ancoragem.
Como alternativa das pesquisas anteriores, Iten e Puzrin (2010), utilizaram sensores de fibra
óptica para observar o comportamento de transferência de carga em ancoragens de 8,0 metros.
Assim como nos ensaios anteriores foi observado uma distribuição não linear no
comportamento das cargas aplicadas ao longo da ancoragem, e uma redução acentuada nos
últimos 2,0 metros do trecho ancorado.
Fabris et al. (2021), executou o monitoramento com sensores ópticos durante ensaio de
arrancamento, em ancoragem com 12,0 metros de comprimento e 8,0 metros destes ancorados,
inseridos em material argila-arenosa. Durante estes ensaios também não foram observadas
27
linearidades na transferência de carga no trecho ancorado. Devido a resolução de obtenção de
dados a cada 10 mm, foi observada pontos de ruptura da calda de cimento o que proporciona
estás fissuras iniciadas durante o ensaio de arrancamento.
No Brasil, Proto (2005), Feijó (2007), França (2007), Saré (2007), Pacheco e Silva (2009),
Beloni (2010), Ehrlich e Silva (2012), Gobbi et al. (2016), Souza et al. (2021), Batista Silva
(2022), Delmondes Filho et al. (2022), propagaram pesquisas sobre o comportamento de
resistência entre a interface terreno-ancoragem. Observado que a carga obtida durante as
medições não tende a uniformidade ao longo do comprimento, no entanto em todos os casos a
carga máxima obtida está próxima ao início do trecho ancorado e reduzindo rapidamente ao
longo do trecho até o final da barra instalada.
28
No entanto, no contexto nacional, há pesquisas em que foram disponibilizados os valores de
resistência para a interface terreno-ancoragem, para diversos materiais, estás estão apresentadas
na Tabela 2-5 a Tabela 2-19.
Peso
Ângulo de Coesão
Local Material Específico
Atrito (°) (kN/m²)
(kN/m³)
Rio de Janeiro/RJ Residual Arenoso 17 >32 Nulo
Diâmetro Diâmetro da Inclinação Comprimento Comprimento qs
Aço da Barra Perfuração
(°) Livre (m) Ancorado (m) (kN/m²)
(mm) (m)
CA-
32 0,075 20 1,00 3,00 250
50
Peso
Coesão
Local Material Específico Ângulo de Atrito (°)
(kN/m²)
(kN/m³)
Rio de Não Não
Gnaisse Não Publicado
Janeiro/RJ Publicado Publicado
Diâmetro Diâmetro da Comprimento
Inclinação Comprimento qs
Aço da Barra Perfuração Ancorado
(°) Livre (m) (kN/m²)
(mm) (m) (m)
6,00 185
CA- Não 6,00 205
25 0,075 2,00
50 Publicado 3,00 145
3,00 295
Peso
Ângulo de Coesão
Local Material Específico
Atrito (°) (kN/m²)
(kN/m³)
Rio de Não Não
Gnaisse Não Publicado
Janeiro/RJ Publicado Publicado
29
Tabela 2-7: Características e resistência ao arrancamento (Feijó e Ehrlich, 2001) – (conclusão)
Peso
Ângulo de Coesão
Local Material Específico
Atrito (°) (kN/m²)
(kN/m³)
Não Não Não
Guarulhos/SP Silto argiloso
Publicado Publicado Publicado
Peso
Ângulo de Coesão
Local Material Específico
Atrito (°) (kN/m²)
(kN/m³)
Não Não Não
São Paulo/SP Argilo-Arenoso
Publicado Publicado Publicado
30
Tabela 2-10: Características e resistência ao arrancamento (Pitta et al., 2003)
Peso
Ângulo de Coesão
Local Material Específico
Atrito (°) (kN/m²)
(kN/m³)
Não Não
São Paulo/SP Argila Não Publicado
Publicado Publicado
Diâmetro Diâmetro da Inclinação Comprimento Comprimento qs
Aço da Barra Perfuração
(°) Livre (m) Ancorado (m) (kN/m²)
(mm) (m)
6,00 37
CA- Não 6,00 92
20 0,075 Não Publicado
50 Publicado 6,00 125
6,00 131
Peso
Ângulo de Coesão
Local Material Específico
Atrito (°) (kN/m²)
(kN/m³)
Não Não
São Paulo/SP Saprólito de Gnaisse Não Publicado
Publicado Publicado
Diâmetro Diâmetro da Inclinação Comprimento Comprimento qs
Aço da Barra Perfuração
(°) Livre (m) Ancorado (m) (kN/m²)
(mm) (m)
6,00 69
CA- Não
20 0,075 Não Publicado 6,00 155
50 Publicado
6,00 123
31
Tabela 2-12: Características e resistência ao arrancamento (Pitta et al., 2003) – (conclusão)
Peso
Ângulo de Coesão
Local Material Específico
Atrito (°) (kN/m²)
(kN/m³)
Não Não
São Paulo/SP Argila Não Publicado
Publicado Publicado
Diâmetro Diâmetro da Inclinação Comprimento Comprimento qs
Aço da Barra Perfuração
(°) Livre (m) Ancorado (m) (kN/m²)
(mm) (m)
6,00 108
CA- Não
20 0,075 Não Publicado 6,00 141
50 Publicado
6,00 153
Peso
Ângulo de Coesão
Local Material Específico
Atrito (°) (kN/m²)
(kN/m³)
Porto Alegre/RS Dique Riolito 18 34 22
Diâmetro Diâmetro da Inclinação Comprimento Comprimento qs
Aço da Barra Perfuração
(°) Livre (m) Ancorado (m) (kN/m²)
(mm) (m)
CA-
20 0,100 18 Não Publicado Não Publicado 245
50
32
Tabela 2-15: Características e resistência ao arrancamento (Soares e Gomes, 2003) –
(conclusão)
Peso
Coesão
Específic
Local Material o Ângulo de Atrito (°) (kN/m²
)
(kN/m³)
Manaus/A
Areno Siltoso 18 30 5
M
Diâmetr Diâmetro Compriment
o da Inclinação o qs
da Compriment
Aço Barra (kN/m²
Perfuraçã (°) o Livre (m) Ancorado )
(mm) o (m) (m)
Não
CA-50 20 0,05 3,00 3,00 162
Publicado
Peso
Ângulo de Coesão
Local Material Específico
Atrito (°) (kN/m²)
(kN/m³)
Não
Niterói/RJ Argila-Arenosa 29,6 36,4
Publicado
Diâmetro Diâmetro
da Inclinação Comprimento Comprimento qs
Aço da Barra
Perfuração (°) Livre (m) Ancorado (m) (kN/m²)
(mm) (m)
CA75 –
Não
INCO- 22 0,075 11 6,00 166
Publicado
13-D
33
Tabela 2-18: Características e resistência ao arrancamento (Proto, 2005)
Peso
Ângulo de Coesão
Local Material Específico
Atrito (°) (kN/m²)
(kN/m³)
Não
Niterói/RJ Argila-Arenosa 36,4 59
Publicado
Diâmetro Diâmetro
da Inclinação Comprimento Comprimento qs
Aço da Barra
Perfuração (°) Livre (m) Ancorado (m) (kN/m²)
(mm) (m)
227
CA75 –
Não
INCO- 22 0,075 11 6,00 274
Publicado
13-D
260
Peso
Ângulo de Coesão
Local Material Específico
Atrito (°) (kN/m²)
(kN/m³)
Nova Lima/MG Itabirito Silicoso Friável 30,6 36 20,4
Diâmetro Diâmetro da Inclinação Comprimento Comprimento qs
Aço da Barra Perfuração
(°) Livre (m) Ancorado (m) (kN/m²)
(mm) (m)
283,1
Gewi 32 0,090 40 2,00 2,00
314,1
34
2.5.1. Parâmetros de Sondagens
Com base em dados utilizados por Bustamante e Doix (1985), os quais foram compostos por
120 ensaios (101 de arrancamento e 19 de carregamento em tirantes, estacas e micro estacas),
os quais estão distribuídos em 34 distritos da França. Além destes, foram compiladas
informações de pesquisas pregressas das quais totalizam 249 ancoragens em avaliação. A partir
destes ensaios foi verificado a influência para a estimativa da resistência, ou seja, uma
aproximação a capacidade de carga última, determinada pelas Equações 2.1 e 2.2:
𝑇 = 𝜋 ∙ 𝐷𝑆 ∙ 𝐿𝑏 ∙ 𝑞𝑠 Equação 2.1
𝐷𝑆 = 𝛼 ∙ 𝐷 Equação 2.2
onde, T é igual a carga axial máxima; Ds o diâmetro do bulbo acrescentado de um fator quanto
a possível expansão do diâmetro em virtude da tipologia do material e da sequência de re-
injeções; 𝐿𝑏 equivale ao comprimento do trecho ancorado; e qs corresponde a resistência lateral
máxima entre o terreno e o bulbo de preenchimento; 𝛼 é o coeficiente de majoração do diâmetro
do bulbo devido a injeção; 𝐷 é o diâmetro de perfuração.
35
Os ábacos apresentados pela Figura 2-10 a Figura 2-12 estão relacionados a determinação da
resistência de interface terreno-ancoragem para solos granulares, argilosos e rocha alterada em
relação a pressão obtida do ensaio pressiométrico e relacionado também a quantidade de golpes
obtido em ensaio SPT.
36
Figura 2-12: Ábaco da resistência de interface terreno-ancoragem e pressão de injeção para
rochas alteradas (Adaptado de Bustamante e Doix, 1985)
Tabela 2-21: Estudos relacionados a correlação de SPT com a resistência de atrito lateral em
forma de equações (continua)
Tipo de
Autor Ano qs (kN/m²) Equação
Ancoragem
Ortigão 1997 Passiva 50 + 7,5𝑁𝑆𝑃𝑇 Equação 2-3
Ortigão e Passiva
1997 67 + 60ln(𝑁𝑆𝑃𝑇 ) Equação 2-4
Palmeira
Passiva
Springer 2006 45,12 ln(𝑁𝑆𝑃𝑇 ) − 14,99 Equação 2-5
𝑆𝑃𝑇
Porto 2015 Ativa 10𝑘 × ( + 1) Equação 2-6
3
k = coeficiente de ancoragem (kN/m²)
37
Tabela 2-21: Estudos relacionados a correlação de SPT com a resistência de atrito lateral em
forma de equações (conclusão)
Tipo de
Autor Ano qs (kN/m²) Equação
Ancoragem
Passiva
Silva 2018 65,80 + 1,68𝑁𝑆𝑃𝑇 Equação 2-7
Além de também haver pesquisas em que foram aplicadas tais metodologias empíricas e
resultaram que não há uma correlação simples entre estas variáveis, as quais se destacam Feijó
(2007), Feijó e Ehrlich (2001), Goldbach et al. (2012), Ehrlich e Silva (2012), Silva e Casanova
(2018), Gontijo (2020).
Em contrapartida aos dados obtidos por sondagens, são avaliados em pesquisas a utilização de
parâmetros de resistência do material ensaiado para aplicação de equações analíticas na
aproximação da capacidade última de ancoragem. Estes parâmetros são obtidos pela
caracterização do material em ensaios de laboratório.
38
A aproximação da resistência lateral ocorre pela aplicação da teoria de Mohr-Coulomb. A qual
equivale a resistência na equação linear da relação da envoltória da tensão cisalhante e da tensão
normal aplicada sobre a amostra ensaiada. Utiliza-se, portanto, a Equação 2-9:
Onde, 𝜏 equivale a tensão cisalhante (kPa), 𝑐 a coesão do solo (kPa), 𝜎′ tensão vertical efetiva
normal (kPa) e ϕ ângulo de atrito (graus).
Na utilização das equações supracitadas, Gobbi et al. (2016), executou análises em material
semelhante ao proposto nesta pesquisa a compatibilização dos parâmetros de solo para a
aproximação dos valores de capacidade última, os quais resultaram os valores inferiores ao
registrados em campo durante os ensaios de arrancamento.
Tabela 2-23: Valores resultantes das resistências dos materiais ensaiados pelos autores
supracitados
Peso Específico Coesão Ângulo de atrito
Referências
(kN/m³) (kPa) (°)
Gobbi et al. (2016) 30,6 20,4 36,0
Rosenbach (2018) 52,6 47,0 29,0
39
comportamento tipológico do terreno, metodologia executiva (perfuração a injeção das
ancoragens), podem influenciar na obtenção da resistência ao cisalhamento. As cargas aplicadas
devem estar relacionadas a especificação da barra a ser utilizada. O comprimento das
ancoragens é um fator que não há uma adesão comum entre os autores.
Com base nos fatores que podem influenciar no resultado de resistência, cita-se Clouterre
(1991), o qual executou amostragens referente a pressão de calda de cimento no preenchimento
dos furos. Ancoragens que foram preenchidos com baixa pressão, ocasionaram na
vulnerabilidade na resistência, e ancoragens preenchidos com alta pressão resultaram em uma
estabilidade nos resultados, demonstrando maiores valores de atrito superficial.
Apesar da repetição de injeção proporcionar em poucos ganhos de resistência, como visto nas
pesquisas supracitadas, verifica que os ganhos de resistência ocorrem no aumento da pressão
de injeção de preenchimento. Para Zhou et al. (2007), Zhou et al. (2010), Yin et al. (2012) e
Ghadimi et al. (2017), estudaram o efeito do aumento da pressão, os quais concluíram que
ocorre um aumento considerável na resistência de atrito lateral, no entanto somente para
pressões superiores a 130 kPa.
Além das fases de injeção com calda de cimento, que podem influenciar na variabilidade da
resistência obtida no ensaio de arrancamento, o comprimento da ancoragem ensaiada poderá
ocasionar no aumento da resistência. Quando os ensaios de arrancamento estão localizados
numa mesma tipologia de solo, o aumento no comprimento das ancoragens não acarreta
mudança na resistência ao cisalhamento entre o contato do solo com a calda de cimento. Feijó
(2007), confirmou tal afirmação em estudo realizado no Rio de Janeiro, o qual executou ensaios
de arrancamento em solos tropicais com variação no trecho ancorado de 3,00m e 6,00m.
Com incongruência, Saré (2007) afirma que a resistência ao cisalhamento possui uma relação
40
direta com o comprimento da ancoragem. Outrossim, Silva (2009), conclui que as cargas
máximas resistes das ancoragens aumentam significadamente quando duplica o comprimento
das ancoragens. Além da observação quanto as resistências no aumento do comprimento das
ancoragens, é observado por Fabris et al. (2021), que a transferência de carga ocorre de maneira
uniforme no trecho livre e não uniforme na região ancorada da ancoragem. Estas diretrizes
também foram verificadas por Vasconcelos (2016), os quais foi verificado que as tensões
cisalhantes estão relacionadas a região geológica em que o bulbo está ancorado.
∆𝑙 Equação 2.10
𝜀=
𝑙
A lei de Hooke para uma barra de aço, deve garantir que a carga aplicada esteja no
comportamento elástico do elemento, neste comportamento a tendência é que a relação tensão-
deformação seja linear. Portanto o módulo de elasticidade pode ser apresentado de acordo com
a equação 2.11.
41
𝜎 Equação 2.11
𝐸=
𝜀
42
De modo a obter as informações da deformação de elementos metálicos, se executa a instalação
de extensômetro em região plana e limpa do elemento. Estes extensômetros apresentam dados
da variação da resistência na qual é diretamente relacionada a deformação do elemento,
conforme apresentado pela equação 2.12. Na equação referenciada como 2° lei de Ohms, R
apresenta a resistência elétrica, p é a resistividade do material do fio, l é o comprimento do
elemento, e A é a área da seção transversal do fio.
𝑙 Equação 2.12
𝑅 =𝜌∙
𝐴
A diferença entre a resultado da resistência inicial pela resistência a ser obtida após a aplicação
do carregamento no elemento, resulta de forma proporcional na magnitude da deformação a ser
medida no elemento. Os extensômetros são formados por uma grade elementar de material
resistivo, na qual por padronização varia entre 120 Ω e 350 Ω a depender do modelo a ser
utilizado e pela fabricação do elemento.
O sistema de aquisição dos dados pode ser segmentado em dois elementos. Em primeiro, o
elemento fixado na barra, o extensômetro, no qual transforma a deformação absorvida pela
barra em resistência elétrica, e pelo sistema de aquisição no qual é caracterizado por uma ponte
Wheatstone completa, como representada pela Figura 2-15.
43
Neste item da dissertação, serão apresentados na Tabela 2-24 é uma síntese dos principais
trabalhos acadêmicos publicados na última década relacionados ao tema presente desta
dissertação e sucessivamente um breve contexto.
Tabela 2-24: Síntese dos principais trabalhos acadêmicos publicados na última década
Ano de
Autores Título da Pesquisa
Publicação
Resistência ao arrancamento de grampos –
M. Ehrlich e R.C. Silva 2012 Análise da Influência do NSPT e da injeção da
bainha nos resultados
Soil nails field pullout testing: evaluation and
G. Babu e V. Singh 2013
applications
G.L. Sivakumar e V.P.
2014 Adequacy of field pullout testing of soil nails
Singh
Field and Laboratory Investigation of Pullout
J. Park, T. Qiu, e Y. Kim 2015
Resistance of Steel Anchors in Rock
F. Gobbi, A. Fonini, L. Realização de Ensaios de Arrancamento
2016
Bressani e H. Milan Monitorados
Wang, J., Huang, J. e Full-scale pullout tests and analyses of ground
2017
Jiang, H. anchors in rocks under ultimate load conditions
Verificação da adesão em solo grampeado obtida
R.R.C. Silva e B.P.
2018 através de ensaios de arrancamento comparados
Casanova
com métodos empíricos
S. Cola, L. Schenato, L. Composite Anchors for Slope Stabilisation:
Brezzi, F. Chantal, L. 2019 Monitoring of their In-Situ Behaciour with
Palmieri e A. Bisson Optical Fibre
Effect of nail spacing on the global stability of soil
F.A. Villalobos e S.A.
2020 nailed walls using limit equilibrium and finite
Villalobos
element methods
C. Fabris, H. F.
Numerical Simulation of a Ground Anchor
Schweiger, B. Pulko, H. 2021
Pullout Test Monitored with Fiber Optic Sensors
Woschitz e V. Racansky
Modelos Fuzzy com alterações no universo de
T.H.B.C. Tavares 2022 discurso para previsão de series não estacionárias
com aplicações em geotecnia
T.H.B.C. Tavares, T.B. Clustering-Based Fuzzy Model for Predicting
Porto, E.M.A.M. Mendes 2023
e B.P. Ferreira Anchor Bearing Capacity
44
Ehrlich e Silva (2012), realizaram uma compilação de informações relacionadas a ensaios de
arrancamento e de sondagem à trado, no intuito de proporcionar uma correlação entre estes
parâmetros. Os dados obtidos demonstraram uma dificuldade para a execução desta correlação,
visto a complexidade obtida nos resultados de resistência ao cisalhamento oriundos dos ensaios
de arrancamento, no entanto foi possível verificar a influências dos processos de injeções de
calda de cimento em ancoragens, proporcionando a necessidade de avanços de pesquisa.
Com base nos avanços de pesquisas e recorrentes tentativas de executar correlações entre
parâmetros de ensaios de sondagem e/ou de ensaios de laboratório, Babu e Singh (2013)
desenvolveram artigo relacionado a importância da execução de ensaios de arrancamento para
a obtenção do parâmetro de resistência na interface terreno-ancoragem.
Nesta mesma linha de pesquisa, Sivakumar e Singh. (2014), apresentaram uma metodologia
para a obtenção de conceitos satisfatórios para a determinação da resistência ao cisalhamento
na interface terreno-ancoragem, a partir de uma gama de ensaios de arrancamento executados,
de acordo com o número mínimo de ensaios recomendados.
Park et al. (2015), desenvolveu pesquisa relacionando os resultados obtidos nos ensaios de
arrancamento com a execução de ensaios de laboratório, envolvendo ensaios de cisalhamento
direto. Obteve como resultado a ocorrência de maiores resistência ao cisalhamento na interface
terreno-ancoragem quando executadas as injeções de calda de cimento com pressão, elevando
as tensões e ocasionando no preenchimento de falhas existentes em rocha.
45
demonstrada uniformidade, confirmando as questões de complexidade no comportamento
mecânico.
46
demonstrando boas respostas como alternativa a ser aprimorada para a obtenção de dados
capazes de serem aplicados no dimensionamento de ancoragens.
47
CAPÍTULO 3
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. INTRODUÇÃO
Para atender aos objetivos citados no item 1.3, este trabalho foi desenvolvido aplicando de
forma concomitante os ensaios de laboratório para a determinação das características do
material em que estão inseridas as ancoragens. E os ensaios de arrancamento executados em
campo, em escala real, inseridos em material itabirito friável.
48
empreendimento está contemplada por uma área estimada de 50 ha com a presença de formação
geológico de itabirito e hematita nas condições friáveis, medianas, e compacto, de acordo com
mapeamento geológico disponibilizado pela administradora da mina de Águas Claras (Vale,
2018), e podendo ser aprimoradas a partir das sondagens executados próxima a região de
estudo, dos quais foram utilizadas para a instalação de instrumentos de monitoramento
(inclinômetros e piezômetros);
49
A área abrangente para as avaliações apresentadas neste estudo está localizada na região central
da área norte da cava, com uma área aproximada de 2.900 m². No qual é representada por sua
totalidade em material itabirito friável. Para a caracterização do comportamento mecânico dos
materiais, foram executados ensaios de laboratório a partir de amostras indeformadas
removidas de áreas próximas aos ensaios de arrancamento monitorados. Nestes ensaios os
parâmetros de obtenção são constituídos por coesão, ângulo de atrito, e peso específico, para a
condição fidedigna do material. Além da obtenção de resultados de caracterização do material.
50
Figura 3-2: Visão geral da área e localização das sondagens (SM), pontos de amostragem (A),
campanha de ensaios convencionais (C__EA – NI), e campanha de ensaios monitorados
(C__EA – I) (Fonte: elaborado pelo autor)
Com base nos aspectos geológicos a composição da região em estudo pertence à Formação
Cauê, Supergrupo Minas. A estrutura geológica principal é a foliação, com direção média N42E
e mergulhos com angulação entre 30º e 60º para SE. Caracterizada pela presença de itabiritos
dolomíticos compactos na base do talude, sobrepostos por itabiritos silicosos médios, itabiritos
friáveis e hematita friável. Os taludes apresentam em média 53º de ângulo geral.
51
precipitação acumulado registrado na estação automatizada presente na região de estudo, de
forma a conduzir a execução de maiores investigações na resistência do terreno para a execução
de técnicas de estabilização geotécnica superficial nos taludes. Na Figura 3-3 apresenta os
valores acumulados de precipitação na região de estudo, o período de estiagem é bem definido
pela estação de inverno, com a transição nas estações de outono e primavera. O período com
maior interferência na condição do terreno está concentrado no verão, registrando volumes
mensais médios superiores a 200mm/mês.
1.000
Volume de Precipitação
Acumulado Mensal
800
600
(mm)
400
200
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Meses
2017 2018 2019 2020 2021 2022
Figura 3-3: Volume de precipitação acumulada mensal entre os anos de 2017 e 2022, a partir
da estação de pluviometria instalada na região do empreendimento (Fonte: Adaptado do
Acervo Técnico de FGS Geotecnia, 2023)
52
Na Figura 3-4, apresenta o posicionamento de quatro sondagens executadas na região de
concentração dos ensaios de arrancamento, sendo que três destas foram executadas no período
da exploração, sendo as informações disponibilizadas pela Vale (2011), e uma sondagem mista
executada para a instalação de instrumento de monitoramento, a qual as informações desta estão
próximas com as sondagens executadas durante a exploração de minério no período da MBR.
Figura 3-4: Seção transversal litológica na região adjacente a região em estudo (Fonte:
Adaptado do Acervo Técnico disponibilizado pela Mineradora VALE, 2023)
Com base nas informações compiladas nas sondagens, observa que a espessura de material
itabirito friável no local da execução dos ensaios de arrancamento é de aproximadamente 37
metros, o que torna muito significativo, a característica presente na região, visto que os ensaios
possuem comprimento máximo de 4,00 metros inseridos em terreno.
53
executado estão apresentados neste item.
Para a execução dos ensaios foram extraídos um bloco de forma cúbica de amostra
indeformada, com 30 cm de lado e amostra deformada para caracterização do material. Estas
amostras foram extraídas diretamente do talude, em região próxima aos ensaios de
arrancamento monitorados, para que os resultados obtidos possam ter maior representatividade,
conforme apresentado na Figura 3-2. A amostra A01, foi utilizada para a execução de ensaios
de caracterização, enquanto a amostra A02, representada pela Figura 3-5, foi utilizada na
execução de ensaio de cisalhamento direto.
Figura 3-5: Bloco de material indeformado próximo aos ensaios de arrancamento monitorados
(Fonte: elaborado pelo autor)
Os índices físicos do material coletada, pela amostra A02, estão apresentados na Tabela 3-1, os
quais correspondem a valores intermediários determinados a partir das relações entre os pesos
e volumes dos corpos de prova indeformados, utilizados na realização do ensaio de
cisalhamento direto.
54
Tabela 3-1: Índices físicos do material (Fonte: Laboratório ETG/UFMG, 2022)
55
Com base na composição granulométrica apresentado na Tabela 3-2, o material é classificado
como silte arenoso. Não foi possível classificar o material de acordo com o Sistema Unificado
de Classificação dos Solos (SUCS), devido à não execução de ensaio de Limite de Atterberg,
para distinção da classificação de granulação fina, na Carta Casagrande.
O ensaio de cisalhamento direto teve como objetivo a obtenção dos parâmetros de resistência
do solo. Os ensaios foram realizados no Laboratório de Geotecnologia da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (LAGEOTEC / UFRGS, 2019).
56
Figura 3-7: Gráfico de tensão cisalhante em relação ao deslocamento horizontal (Fonte:
LAGEOTEC/UFRGS, 2019)
Com base nos gráficos apresentados, observa-se uma discrepância no resultado obtido no corpo
de prova utilizado para a aplicação de tensões normais a 300 kPa. Observado na Figura 3-9 a
presença de porções de material compacto, após a execução do ensaio de cisalhamento direto,
o que pode ter provocado na variação do plano de ruptura no material presente neste corpo de
prova.
57
Figura 3-9: Demarcação da presença de material compacto no corpo de prova submetido a
tensão normal a 300 kPa (Fonte: LAGEOTEC/UFRGS, 2019)
58
dimensionamento de tratamento de estabilização dos taludes da mina, determinante para a
etapa de fechamento. Para aprimorar a avaliação quanto ao comportamento e a distribuição do
carregamento durante a execução dos ensaios de arrancamento, seis ancoragens destes foram
monitoradas com extensômetros elétricos.
As barras de aço utilizadas são do tipo Gewi, fornecido pela Dywidag, as barras possuem
diâmetro nominal de 25mm e 32mm, com tensão de escoamento de 50kgf/mm² e 55kgf/mm²
respectivamente. As barras possuem rosca esquerda (anti-horário) duplo filetada e robusta por
toda sua extensão, o que garante a rosqueabilidade mesmo em ambientes agressivos, e
facilitando a aderência da calda de cimento. Estas barras são fornecidas com comprimento
máximo de 12,00 metros, no entanto são usualmente utilizadas para a instalação comprimento
de 6,00 metros, o que facilita e propõe maior segurança na instalação das barras durante a
atividade de trabalho em altura. Para a utilização de comprimento superiores, são utilizadas
luvas de emenda, as quais não foram utilizadas nesta pesquisa.
59
Foram adotados elementos para a obtenção de informações de deslocamentos permanentes e
elásticos na extremidade da ancoragem durante os ensaios de arrancamento. Para os ensaios
convencionais, foram adotados relógio comparador, com resolução de 0,01mm fixado fora da
área de influência do carregamento imposto pelo conjunto macaco hidráulico-cilindro, a
fixação ocorreu com o auxílio de tripé e base magnética para fixação do elemento.
Para que a assertividade dos registros de cargas aplicadas sobre as ancoragens seja satisfatória,
são necessários alguns cuidados na metodologia de instalação, de modo a reduzir possíveis
erros de leitura na aferição da carga real aplicada sobre as ancoragens, os quais foram
observados ao longo da execução dos ensaios. A metodologia de instalação compreende:
a) A face do talude a ser posicionada a placa de reação deve ser plana, sem rugosidade,
proporcionando uma boa aderência entre a placa de reação e o plano inclinado do
talude;
b) A base de apoio para a célula de carga deve ser lisa, e proporcionando que toda a área
da célula de carga esteja em contato no conjunto ao cilindro do conjunto macaco
hidráulico;
60
c) O ângulo de posicionamento da célula de carga deve estar normalizado comparado
com o ângulo de inclinação da ancoragem, de forma a evitar a possibilidade de
carregamento da ancoragem de forma inclinada;
d) A pressão aplicada pelo macaco hidráulico deverá ser nula, no intuito do carregamento
não influenciar no vetor vertical e ocasionar numa resultante para o sistema de reação.
No entanto no início do ensaio de arrancamento deverá ser aplicada uma carga mínima,
de acordo com o procedimento de ensaio para que seja verificada a acomodação dos
elementos constituídos no ensaio de arrancamento.
Para os ensaios de calibração das barras foi utilizada uma célula de carga com capacidade
máxima de 200 kN para a aferição da carga aplicada, Figura 3-10. Nos ensaios de
arrancamento executados em campo, devido a necessidade de cargas superiores, foi utilizada
uma célula de carga com capacidade máxima de 500 kN.
Figura 3-10: Célula de carga com capacidade máxima de 200 kN (a esquerda) e caixa de
obtenção dos dados (a direita) (Fonte: elaborado pelo autor)
Com base nas retas de calibração apresentadas na Figura 3-11 e Figura 3-12, para as células
de carga de 200 kN e 500 kN respectivamente. A Tabela 3-3 demonstra a equação da reta a
partir da regressão linear aplicado sobre os dados de carregamento e descarregamento
aplicados para a obtenção dos valores em Volts. Durante a execução da calibração das barras
e execução dos ensaios de arrancamento em campo foram utilizados caixa de instrumentação
com obtenção de dados por segundo. Estes gráficos possuem o intuito de correlacionar os
valores apresentados pela caixa de instrumentação e melhorar a assertividade das cargas
aplicadas sobre as ancoragens durante os ensaios de arrancamento.
61
250
150
100
50
0
4 4,5 5 5,5 6 6,5 7 7,5 8 8,5
Tensão (V)
Figura 3-11: Reta de calibração da célula de carga com capacidade de 200 kN, utilizada na
calibração das barras (Fonte: elaborado pelo autor)
600
500
400
Carga (kN)
300
200
100
0
5 5,5 6 6,5 7
Tensão (V)
Figura 3-12: Reta de calibração da célula de carga com capacidade de 500 kN, utilizada nos
ensaios de arrancamento de campo (Fonte: elaborado pelo autor)
62
3.5.4. Instrumentação das Barras
Figura 3-13: Distribuição dos extensômetros para a barra do ensaio com 1,00 metro ancorado
(Fonte: elaborado pelo autor)
Figura 3-14: Distribuição dos extensômetros para a barra do ensaio com 2,00 metros ancorado
(Fonte: elaborado pelo autor)
Figura 3-15: Distribuição dos extensômetros para a barra do ensaio com 3,00 metros ancorado
(Fonte: elaborado pelo autor)
63
A nomenclatura executada nas barras instrumentadas para identificação fora de acordo com o
comprimento do trecho ancorado, sendo apresentado conforme Figura 3-16.
Figura 3-16: Nomenclatura das barras instrumentadas com extensômetros elétricos (Fonte:
elaborado pelo autor)
Figura 3-17: Dimensões do sensor tipo roseta dupla e da área de fresa executada na barra
(Fonte: elaborado pelo autor)
64
O mecanismo de fresa executado nas barras possuem o intuito de nivelar as nervuras da barra,
proporcionando uma superfície lisa e uniforme para a fixação dos extensômetros. Além da
fresa, fora executado a limpeza com solução aquosa (condicionador) para remoção de pequenas
oxidações na superfície em aço e posteriormente a aplicação de solução aquosa para neutralizar
o condicionador no preparo da superfície de aço, antecedendo a colagem do extensômetro
elétrico com o auxílio de adesivo instantâneo de baixa viscosidade com base em cianoacrilato,
substância utilizada em colagem de alta velocidade de cura em substratos de difícil adesão.
Além da fresa executada para a instalação do extensômetro, foi executado um outro facetado
para o posicionamento da placa de conexão, formando a ligação completa do ponto de
Wheatstone, nesta região ocorre a entrada da tensão elétrica e resposta do sistema,
correspondendo a um cabo de 4 vias com isolamento mecânico de comprimento suficiente para
a conexão e leitura dos dados durante a execução dos ensaios. Após a ligação completa do
sistema, e verificação com o auxílio de multímetro quanto a resistência dos fios, ocorre a
aplicação de cera hidrofugante para proteção física (água e umidade) e encapsulamento com
resina epóxi, acrescentando a proteção mecânica e isolamento elétrico para os componentes.
(a) (b)
Devido a elevada sensibilidade dos extensômetros elétricos, há uma série de cuidados que
devem ser tomados no processo de instalação dos quais foram descritos acima e se encontram
de uma forma mais detalhada no apêndice A com seus respectivos registros fotográficos.
A não execução destas etapas, e cuidados durante a montagem podem acarretar mudanças
65
significativas durante a o processo de calibração das barras e durante os ensaios executados em
campo. No Tabela 3-4, apresenta as principais patologias e com suas consequentes soluções-
consequências.
Tabela 3-4: Itens de atenção para a execução de extensômetros elétricos para instrumentação
de ancoragens (Fonte: elaborado pelo autor) – (Continua)
Patologia Consequência Solução Aplicada
Superfície de contato (fresa) Não aderência correta do Execução da fresa e
extensômetro no local de fresa posteriormente execução de
lixamento da superfície com
elevada granulometria
Tabela 3-4: Itens de atenção para a execução de extensômetros elétricos para instrumentação
de ancoragens (Fonte: elaborado pelo autor) – (Conclusão)
Colagem do extensômetro Formação de bolhas; Utilização de adesivo com baixa
Desalinhamento do viscosidade;
extensômetro em relação a barra Utilização de grampo múltiplo;
Conexão dos fios/cabos Não funcionamento dos Organização e identificação
extensômetros visual
Isolamento elétrico, umidade e Não funcionamento dos Utilização de proteções (cera e
mecânico extensômetros resina)
66
Figura 3-19: Sistema dos ensaios de calibração das barras (Fonte: elaborado pelo autor)
O carregamento aplicado nas barras durante a calibração foram de até 130 kN, o sistema de
aquisição de dados foi elaborado para a obtenção por segundo, sendo o tempo de espera após
a execução da taxa de carregamento ou descarregamento relacionado apenas quanto ao período
de estabilização das deformações e a obtenção de valores suficientes para a elaboração da reta
da calibração. Com a execução dos ensaios de calibração foi possível obter as retas de
calibração relacionando a carga aplicada (kN) e as informações obtidas pela caixa de
instrumentação (bits), estes gráficos estão apresentados no Apêndice B em conjunto com as
respectivas equações.
67
posicionamento de relógio comparador e leitura de forma manual, fora da área de influência
do carregamento aplicado pelo conjunto macaco hidráulico, com resolução de 0,01mm.
A carga última da barra para o ensaio foi determinada a partir da área da seção e tensão
resistente característica do aço, determinada pela Equação 3-3.
A carga máxima prevista (TMÁX) para os ensaios foi determinada pela Equação 2-1.
Para que se possa obter informações com maior exatidão nas respostas dos instrumentos
monitorados, a carga máxima prevista foi obtida a partir da menor resistência de interface
terreno-calda de cimento dos ensaios convencionais, tornando os ensaios de arrancamento
monitorados numa velocidade de taxa dos incrementos de carga menor.
68
CAPÍTULO 4
4. RESULTADOS E ANÁLISES
Apresentado neste capítulo uma breve análise comparativa entre os resultados de ensaios de
arrancamento executados em campo e o ensaio de laboratório visando a obtenção do parâmetro
de resistência do material ao qual foi inserido as ancoragens. Está análise comparativa é de
caráter secundária visto que a quantidade de ensaios de laboratório não é satisfatória para uma
análise mais profunda, além de que este não é o objetivo principal para este estudo.
Numa forma mais estabelecida, este capítulo discorrerá sobre o objetivo de avaliar o
comportamento de resistência e distribuição das cargas ao longo de ancoragens passivas
inseridas em material de itabirito friável. As ancoragens utilizadas nos ensaios de arrancamento
foram executados com duas condições metodológicas. A primeira executada sem o
acompanhamento com instrumentações, e a segunda com o acompanhamento com
extensômetros instalados ao longo do trecho ancorado. Este por sua vez, verificado a carga do
manômetro do conjunto bomba-cilindro por uma célula de carga instalada na cabeça da
ancoragem além da instalação de um extensômetro no trecho livre.
Com base nas características das ancoragens executadas, a avaliação se procedeu na avaliação
das características as ancoragens executadas, considerando dados obtidos em campo,
informações fornecidas pela empreiteira, pressões de injeção de calda de cimento e consumo
de cimento, além dos resultados obtidos nos ensaios de arrancamento.
69
A Figura 4-1, apresenta os dados de resistência ao cisalhamento obtidos no ensaio de
laboratório para o material, ao qual as ancoragens foram inseridas para a execução dos ensaios
de arrancamento. Destaca-se para a remoção da resultante obtida no corpo de prova para tensão
normal de 300 kPa, esta exceção foi comentada no Capítulo 3.
A Tabela 4-1 apresenta os parâmetros de resistência obtidos nos ensaios de cisalhamento direto
no material coletado em campo.
Com os parâmetros supracitados, obtidos nos ensaios de laboratório, foi possível estimar uma
aproximação da resistência ao cisalhamento na interface terreno-ancoragem resultante nos
ensaios de arrancamento. Está correlação ocorre com a utilização da equação clássica de Mohr-
Coulomb apresentado na Equação 2-9, no qual a tensão vertical efetiva normal (σ’) pode ser
70
substituída pela multiplicação entre o peso específico natural e a espessura de material presente
sobre a ancoragem, resultando na Equação 4-1.
Considerando que as ancoragens estão inseridas a uma profundidade vertical da crista do talude
de aproximadamente 30,00 metros e aplicando os parâmetros de resistência e características
do material apresentado na Tabela 4-1, o valor estimado da resistência ao arrancamento das
ancoragens inseridas em itabirito friável é de 496,14 kPa.
71
A resistência ao arrancamento máxima ocorrida na interface terreno-ancoragem é definida a
partir da razão entre a carga máxima que se manteve estabilizada no ensaio e o produto entre
a circunferência de perfuração e o comprimento injetado da ancoragem, uma reorganização da
Equação 2-1 apresenta anteriormente, demonstrada pela Equação 4-2.
Para a apresentação dos gráficos de distribuição das cargas dos ensaios monitorados com
extensômetros foram também utilizadas células de carga, capazes de adquirir informações
quanto a carga aplicada pelo sistema de cilindro hidráulico-bomba-manômetro, capaz de
acompanhar o carregamento e descarregamento a partir deste sistema e verificar quanto a
compatibilidade com o extensômetro instalado no trecho livre da ancoragem.
Nos gráficos em que estão apresentados os resultados referentes a distribuição da carga nos
ensaios de arrancamento monitorados por extensômetros elétricos, estão demonstrados o
posicionamento dos elementos de monitoramento, com a inclusão das sigas CC (Célula de
Carga) e SG (Extensômetros Elétricos).
72
132_A (a) Ensaio 129 (b)
2,0 2,0
4,0 4,0
Deslocamento (mm)
Deslocamento (mm)
6,0 6,0
8,0 8,0
10,0 10,0
12,0 12,0
14,0 14,0
Figura 4-2: Resultado dos ensaios de arrancamento convencional: (a) ensaio com somente
carregamento; (b) ensaio com carregamento e descarregamento (Fonte: elaborado pelo autor)
2,0 2,0
4,0 4,0
Deslocamento (mm)
Deslocamento (mm)
6,0 6,0
8,0 8,0
10,0 10,0
12,0 12,0
14,0 14,0
Figura 4-3: Resultados dos ensaios de arrancamento convencional: (c) e (d) ensaios com
carregamento e descarregamento (Fonte: elaborado pelo autor)
73
Ensaio B1_00 (e) Ensaio B1_01 (f)
5,0 5,0
Deslocamento (mm)
Deslocamento (mm)
10,0 10,0
15,0 15,0
20,0 20,0
25,0 25,0
30,0 30,0
Figura 4-4: Resultado dos ensaios de arrancamento monitorados (Fonte: elaborado pelo autor)
350
Carga na ancoragem (kN)
300
250
200
150
100
50
-
- 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
Comprimento da ancoragem (m)
Figura 4-5: Distribuição das cargas ao longo de ancoragem instrumentada, ensaio B1_00
(Fonte: elaborado pelo autor)
74
Distribuição da Carga (B01_01)
350
300
Carga na ancoragem (kN)
250
200
150
100
50
-
- 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
Comprimento da ancoragem (m)
Figura 4-6: Distribuição das cargas ao longo de ancoragem instrumentada, ensaio B1_01
(Fonte: elaborado pelo autor)
75
alguma falha no processo de preenchimento com calda de cimento durante a injeção. A
suposição de aumento do trecho ancorado para os ensaios monitorados é desconsiderada visto
o comportamento da carga aplicada na extremidade, comparado ao obtidos pelos extensômetros
ao longo da ancoragem.
Na Figura 4-5 e na Figura 4-6 apresentam o comportamento das cargas ao longo da ancoragem
com 1,00 metro do trecho final ancorado. O extensômetro 0 localizado anterior ao início do
trecho ancorado reflete a carga registrada pela célula de carga situada em conjunto com o
macaco hidráulico, enquanto o extensômetro 1 localizado ligeiramente no início do trecho
ancorado já indica uma pequena dissipação da carga em virtude do atrito terreno-ancoragem. O
extensômetro 2 reflete a dissipação ao longo de todo trecho ancorado, visto que está localizado
a 25cm da extremidade interna.
A Figura 4-7 e Figura 4-8 apresentam os ensaios de arrancamento convencionais, com 2,00
metros de ancoragem injetadas com calda de cimento, estes ensaios estão localizados na região
oeste da área de estudo. Os ensaios de arrancamento monitorados com a utilização de
extensômetros elétricos estão apresentados na Figura 4-9, Figura 4-10 e Figura 4-11.
2,0 2,0
4,0 4,0
Deslocamento (mm)
Deslocamento (mm)
6,0 6,0
8,0 8,0
10,0 10,0
12,0 12,0
14,0 14,0
Figura 4-7: Resultado dos ensaios de arrancamento convencional: (a) ensaio com somente
carregamento; (b) ensaio com carregamento e descarregamento (Fonte: elaborado pelo autor)
76
Ensaio 127 (c) Ensaio 133 (d)
2,0 2,0
4,0 4,0
Deslocamento (mm)
Deslocamento (mm)
6,0 6,0
8,0 8,0
10,0 10,0
12,0 12,0
14,0 14,0
Figura 4-8: Resultados dos ensaios de arrancamento convencional: (c) e (d) ensaios com
carregamento e descarregamento (Fonte: elaborado pelo autor)
2,0 2,0
4,0 4,0
6,0 6,0
Deslocamento (mm)
Deslocamento (mm)
8,0 8,0
10,0 10,0
12,0 12,0
14,0 14,0
16,0 16,0
18,0 18,0
20,0 20,0
Figura 4-9: Resultado dos ensaios de arrancamento monitorados (Fonte: elaborado pelo autor)
77
Distribuição da Carga (B02_00)
500
450
400
Carga na ancoragem (kN)
350
300
250
200
150
100
50
0
- 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 4,50 5,00
Comprimento da Ancoragem (m)
52,33 kN 72,70 kN 132,84 kN 182,33 kN 233,95 kN
262,45 kN 312,65 kN 360,27 kN 392,57 kN 415,23 kN
Figura 4-10: Distribuição das cargas ao longo de ancoragem instrumentada, ensaio B2_00
(Fonte: elaborado pelo autor)
500
450
400
Carga na ancoragem (kN)
350
300
250
200
150
100
50
-
- 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
Comprimento da ancoragem (m)
56,97 kN 64,19 kN 93,48 kN 138,55 kN 182,83 kN
226,49 kN 270,24 kN 315,58 kN 356,00 kN 384,30 kN
Figura 4-11: Distribuição das cargas ao longo de ancoragem instrumentada, ensaio B2_01
(Fonte: elaborado pelo autor)
78
Observado elevada aproximação entre os resultados obtidos nos ensaios de arrancamento
convencionais, apresentados na Figura 4-7 e Figura 4-8, os quais foi obtido uma média da carga
máxima de arrancamento de 287 kN para as ancoragens executadas com diâmetro de perfuração
de 90 mm e de 240kN para a ancoragem executada com diâmetro de perfuração de 75 mm. A
resistência da interface terreno-ancoragem de 501,5 kN/m².
Destaca-se que o ensaio de arrancamento identificado como 130 (b) não obteve ruptura, sendo
a carga máxima obtida durante o ensaio sendo limitada a utilização do equipamento macaco
hidráulico. Observada também deformações baixas comparada aos demais ensaios
convencionais e instrumentos, o que possibilita a ocorrência do vazamento da injeção de calda
de cimento e resultando no trecho ancorado superior a 2,00 metros.
79
ser evitada caso tenha sido simulado a carga máxima a ser aplicada durante o ensaio de
ancoragem a partir da equação de calibração.
A Figura 4-12 e Figura 4-13 apresentam os ensaios de arrancamento convencionais, com 3,00
metros de ancoragem injetadas com calda de cimento, estes ensaios estão localizados na região
oeste da área de estudo. Os ensaios de arrancamento monitorados estão apresentados na Figura
4-14, Figura 4-15 e Figura 4-16, estes foram executados na região leste da área em estudo.
Deslocamento (mm)
10,0 10,0
12,0 12,0
14,0 14,0
16,0 16,0
18,0 18,0
20,0 20,0
22,0 22,0
24,0 24,0
26,0 26,0
28,0 28,0
30,0 30,0
Figura 4-12: Resultado dos ensaios de arrancamento convencional: (a) ensaio com somente
carregamento; (b) ensaio com carregamento e descarregamento (Fonte: elaborado pelo autor)
80
131 (c) 134 (d)
Deslocamento (mm)
10,0 10,0
12,0 12,0
14,0 14,0
16,0 16,0
18,0 18,0
20,0 20,0
22,0 22,0
24,0 24,0
26,0 26,0
28,0 28,0
30,0 30,0
Figura 4-13: Resultados dos ensaios de arrancamento convencional: (c) e (d) ensaios com
carregamento e descarregamento (Fonte: elaborado pelo autor)
Deslocamento (mm)
10,0 10,0
12,0 12,0
14,0 14,0
16,0 16,0
18,0 18,0
20,0 20,0
22,0 22,0
24,0 24,0
26,0 26,0
28,0 28,0
30,0 30,0
Figura 4-14: Resultado dos ensaios de arrancamento monitorados (Fonte: elaborado pelo
autor)
81
Distribuição da Carga (B03_00)
500
450
Carga na Ancoragem (kN)
400
350
300
250
200
150
100
50
0
- 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 4,50 5,00
Comprimento da Ancoragem (m)
39,47 kN 90,34 kN 133,73 kN 180,79 kN 236,07 kN
279,21 kN 340,87 kN 372,53 kN 428,97 kN 473,42 kN
Figura 4-15: Distribuição das cargas ao longo de ancoragem instrumentada, ensaio B3_00
(Fonte: elaborado pelo autor)
500
450
Carga na Ancoragem (kN)
400
350
300
250
200
150
100
50
0
- 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 4,50 5,00
Comprimento da Ancoragem (m)
31,00 kN 80,03 kN 130,43 kN 180,28 kN 220,23 kN
269,50 kN 320,04 kN 369,90 kN 423,65 kN 469,15 kN
Figura 4-16: Distribuição das cargas ao longo de ancoragem instrumentada, ensaio B3_01
(Fonte: elaborado pelo autor)
82
Ocorrência de maior discrepância entre os resultados obtidos como carga máxima durante os
ensaios de arrancamento executados. Observa-se também que devido ao aumento do trecho
ancorado para 3,00 metros e a característica do material, não foi possível ocorrer a ruptura de
três dos seis ensaios executados, incluindo o conjunto de ensaio de arrancamento monitorado.
A carga registrada para estes ensaios está diretamente relacionada ao limite do equipamento
macaco hidráulico utilizado para o arrancamento da ancoragem.
O ensaio de arrancamento 126 (b) obteve carga abaixo da média dos demais ensaios, este
comportamento pode estar relacionado a falhas executivas. Está pode ser pelo déficit injeção
de calda de cimento executado na ancoragem, sendo assim comprimento do trecho ancorado
inferior a 3,00 metros, ou a possibilidade de material distinto aos demais ensaios, visto a
presença de coloração clara na região do ensaio de arrancamento executado, apresentado pela
Figura 4-17. O qual pode influenciar na resistência de interface terreno-ancoragem ou na fuga
de injeção de calda de cimento, caracterizando a baixa carga de arrancamento registrado.
Figura 4-17: Localização do ensaio de arrancamento 126 (b) com trecho ancorado de 3,00
metros (Fonte: elaborado pelo autor)
83
Os ensaios de arrancamento monitorados apresentados na Figura 4-14, demonstram tendência
de deformações semelhantes. As cargas de arrancamento aplicados na extremidade superior
próximos ao limite da célula de carga e cilindro do conjunto macaco hidráulico utilizado nestes
ensaios, no qual é de 500 kN.
Com base nas informações supracitadas quanto ao resultado dos ensaios de arrancamento,
comportamento do carregamento das ancoragens, e nas características dos elementos
compostos pelas ancoragens, a Tabela 4-2, Tabela 4-3 e Tabela 4-4, apresentam um resumo
destas informações para as ancoragens com 1,00 metro, 2,00 metros e 3,00 metros do trecho
ancorado respectivamente.
84
Tabela 4-2: Características e resultados dos ensaios de arrancamento das ancoragens com 1,00
metro do trecho ancorado (Fonte: elaborado pelo autor)
Nomenclatura do 132 A B1_01
129 (b) 128 (c) 132 (d) B1_00
Ensaio (a)
Data de Execução 22/11/19 30/09/19 24/09/19 23/10/19 19/09/22 08/09/22
Comprimento Total 3,81 3,75 3,75 3,85 4,68 4,73
(m)
Comprimento do 2,81 2,75 2,75 2,85 3,68 3,73
Trecho livre (m)
Comprimento do 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
Trecho Ancorado (m)
Diâmetro de 90 90 90 75 90 90
Perfuração (mm)
Tipo e Diâmetro da Gewi Gewi Gewi Gewi Gewi Gewi
Barra 32mm 32mm 32mm 32mm 32mm 32mm
Ângulo do
Posicionamento da 27° 29° 27° 27° 29° 31°
Barra (graus)
Volume de Injeção de 0,006 0,006 0,006 0,004 0,006 0,006
calda de cimento (m³)
Quantidade de cimento 5 5 5 4 5 5
(kg)
Tipo do Cimento CP-III CP-III CP-III CP-III CP-V CP-V
Relação a/c 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6
Tempo Mínimo de 5 dias 5 dias 5 dias 5 dias 3 dias 3 dias
Cura (dias)
Pressão Aplicada para IG IG IG IG IG IG
Injeção
Resistência à
Compressão – 28 dias 27,65 32,60 30,95 31,30 30,99 30,99
(MPa)
Tipo de Ensaio C C/D C/D C/D C/D C/D
Acompanhamento do NI NI NI NI I I
Ensaio
Carga Máxima de 149 190 164 104 202 204
Ruptura (kN)
Modo de Ruptura G G G G G G
Atrito Lateral - qs 527,0 672,0 582,9 441,2 714,4 721,5
(kN/m²)
Legenda:
IG – Injeção por gravidade
C/D – Carregamento e Descarregamento
C – Carregamento
NI – Convencional
I – Monitorado
G – Geotécnica
NR – Não ocorreu ruptura
85
Tabela 4-3: Características e resultados dos ensaios de arrancamento das ancoragens com 2,00
metros do trecho ancorado (Fonte: elaborado pelo autor)
Nomenclatura do 133_A B2_00 B2_01
130 (b) 127 (c) 133 (d) (f)
Ensaio (a) (e)
Data de Execução: 21/11/19 01/10/19 17/09/19 23/10/19 19/10/22 02/11/22
Comprimento Total 4,76 4,60 4,75 4,83 4,62 4,57
(m)
Comprimento do 2,76 2,60 2,75 2,83 2,62 2,57
Trecho livre (m)
Comprimento do 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00
Trecho Ancorado (m)
Diâmetro de 90 90 90 75 90 90
Perfuração (mm)
Tipo e Diâmetro da Gewi Gewi Gewi Gewi Gewi Gewi
Barra 32mm 32mm 32mm 32mm 32mm 32mm
Ângulo do
Posicionamento da 27° 30° 27° 28° 29° 28°
Barra (graus)
Volume de Injeção de 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01
calda de cimento (m³)
Quantidade de cimento 11 11 11 7 11 11
(kg)
Tipo do Cimento CP-III CP-III CP-III CP-III CP-V CP-V
Fator a/c 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6
Tempo Mínimo de 5 dias 5 dias 5 dias 5 dias 3 dias 3 dias
Cura (dias)
Pressão Aplicada para IG IG IG IG IG IG
Injeção
Resistência à
Compressão – 28 dias 27,65 32,60 30,95 31,30 30,99 30,99
(MPa)
Tipo de Ensaio C C/D C/D C/D C/D C/D
Acompanhamento do NI NI NI NI I I
Ensaio
Carga Máxima de 263 303 286 240 360 356
Ruptura (kN)
Modo de Ruptura G NR G G G G
Atrito Lateral - qs 465,1 525,8 506,5 508,8 636,6 629,5
(kN/m²)
Legenda:
IG – Injeção por gravidade
C/D – Carregamento e Descarregamento
C – Carregamento
NI – Convencional
I – Monitorado
G – Geotécnica
NR – Não ocorreu ruptura
86
Tabela 4-4: Características e resultados dos ensaios de arrancamento das ancoragens com 3,00
metros do trecho ancorado (Fonte: elaborado pelo autor)
Nomenclatura do 134_A B3_00 B3_01
126 (b) 131 (c) 134 (d) (f)
Ensaio (a) (e)
Data de Execução: 21/11/19 02/10/19 19/09/19 21/10/19 26/10/22 12/09/22
Comprimento Total 5,85 5,55 5,55 5,55 4,70 4,66
(m)
Comprimento do 2,85 2,55 2,55 2,55 1,70 1,66
Trecho livre (m)
Comprimento do 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00
Trecho Ancorado (m)
Diâmetro de 90 90 90 75 90 90
Perfuração (mm)
Tipo e Diâmetro da Gewi Gewi Gewi Gewi Gewi Gewi
Barra 32mm 32mm 32mm 32mm 32mm 32mm
Ângulo da Barra em
relação com a 30° 27° 29° 29° 31° 33°
horizontal (graus)
Volume de Injeção de 0,02 0,02 0,02 0,01 0,02 0,02
calda de cimento (m³)
Quantidade de cimento 17 17 17 11 17 17
(kg)
Tipo do Cimento CP-III CP-III CP-III CP-III CP-V CP-V
Fator a/c 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6
Tempo Mínimo de 5 dias 5 dias 5 dias 5 dias 3 dias 3 dias
Cura (dias)
Pressão Aplicada para IG IG IG IG IG IG
Injeção
Resistência à
Compressão – 28 dias 27,65 32,60 30,95 31,30 30,99 30,99
(MPa)
Tipo de Ensaio C/D C/D C/D C C/D C/D
Acompanhamento do NI NI NI NI I I
Ensaio
Carga Máxima de 341 191 321 368 466 469
Ruptura (kN)
Modo de Ruptura G G G NR NR NR
Atrito Lateral - qs 402,0 225,2 378,4 520,6 549,3 552,9
(kN/m²)
Legenda:
IG – Injeção por gravidade
C/D – Carregamento e Descarregamento
C – Carregamento
NI – Convencional
I – Monitorado
G – Geotécnica
NR – Não ocorreu ruptura
87
4.2.2. Influência da Metodologia Executiva
Os resultados obtidos dos ensaios de arrancamento das ancoragens não instrumentadas estão
apresentadas nas Tabela 4-5 a Tabela 4-7. Apresentados também elementos estatísticos de
modo a realizar informações comparativas entre os ensaios de arrancamento executados com
metodologia executiva distinta.
Para vislumbrar uma melhor comparação entre a metodologia de execução dos ensaios de
arrancamento com taxa de carregamento constante e a aplicação de carregamento e
descarregamento conforme mencionado em normativa, fora elaborado na Figura 4-18 uma
relação entre o qs obtido no ensaio de arrancamento e o qs,mín. obtido para cada conjunto de
ensaio de arrancamento com comprimento do trecho ancorado.
Tabela 4-5A carga TMÁX representa a carga máxima aplicada durante o ensaio de arrancamento,
sendo está atingida pela ruptura geotécnica da ancoragem ou limitação do equipamento
utilizado, este mais representativo para as ancoragens com 3,00 metros ancorados. O
deslocamento refere a máxima deformação medida na cabeça da ancoragem no momento da
aplicação da carga máxima. A resistência de interface terreno-ancoragem (qs) fora obtida a
partir da aplicação da Equação 4-2.
O coeficiente angular apresentado, fora obtido a partir do traçado de uma linha de tendência
linear na curva deslocamento-carga aplicada para cada ensaio de arrancamento representado,
no intuito de averiguar a convergência quanto ao comportamento da ancoragem ao longo do
ensaio de arrancamento.
88
Para vislumbrar uma melhor comparação entre a metodologia de execução dos ensaios de
arrancamento com taxa de carregamento constante e a aplicação de carregamento e
descarregamento conforme mencionado em normativa, fora elaborado na Figura 4-18 uma
relação entre o qs obtido no ensaio de arrancamento e o qs,mín. obtido para cada conjunto de
ensaio de arrancamento com comprimento do trecho ancorado.
Tabela 4-5: Resultado dos ensaios de arrancamento das ancoragens não instrumentadas com
1,00 metro ancorado (Fonte: elaborado pelo autor)
Tipo de TMÁX Deslocamento Coeficiente qs
Ensaio Nomenclatura
Ensaio (kN) (mm) Angular (kN/m²)
1 132_A (a) C 149,0 5,33 0,0376 527,0
2 129 (b) C/D 190,0 6,88 0,0353 672,0
3 128 (c) C/D 164,0 4,75 0,0299 582,9
4 132 (d) C/D 104,0 3,89 0,0278 441,2
Média C/D 152,7 5,17 0,0310 565,4
Tabela 4-6: Resultado dos ensaios de arrancamento das ancoragens não instrumentadas com
2,00 metros ancorados (Fonte: elaborado pelo autor)
Tipo de TMÁX Deslocamento Coeficiente qs
Ensaio Nomenclatura
Ensaio (kN) (mm) Angular (kN/m²)
5 133_A (a) C 263,0 5,95 0,0244 465,1
6 130 (b) C/D 303,0 6,90 0,0199 525,8
7 127 (c) C/D 286,0 7,61 0,0255 506,5
8 133 (d) C/D 240,0 12,00 0,0409 508,8
Média C/D 276,3 8,84 0,0288 513,7
89
Tabela 4-7: Resultado dos ensaios de arrancamento das ancoragens não instrumentadas com
3,00 metros ancorados (Fonte: elaborado pelo autor)
Tipo de TMÁX Deslocamento Coeficiente qs
Ensaio Nomenclatura
Ensaio (kN) (mm) Angular (kN/m²)
9 134_A (a) C 341,0 8,61 0,0268 402,0
10 126 (b) C/D 191,0 9,79 0,0550 225,2
11 131 (c) C/D 321,0 8,06 0,0258 378,4
12 134 (d) C/D 368,0 12,23 0,0290 520,6
Média C/D 344,5 10,1 0,0274 449,5
1,50
1,40
qs / qs,mín
1,30
1,20
1,10
1,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Ensaio de Arrancamento
Figura 4-18: Apresentação da relação qs/qs,mín. obtido nos ensaios de arrancamento com
metodologias executivas distintas
90
Comparando as metodologias aplicadas nos ensaios de arrancamento, de execução do ensaio
com carregamento e descarregamento e a execução com taxa de carregamento constante a
resistência ao cisalhamento na interface terreno-ancoragem possui uma compatibilização nos
resultados obtidos. Demonstrando que independente da metodologia a ser implementada, e
com o objetivo de obter exclusivamente a carga máxima e consequentemente a resistência ao
cisalhamento da interface o resultado obtido é convergente em ambas as situações pela
grandeza os valores obtidos. Ressalta-se que os valores obtidos para os ensaios de
arrancamento com taxa de carregamento constante possui ligeiramente um resultado para qs
mais conservador.
91
e ascendente, foi verificado o funcionamento adequado dos extensômetros com a utilização de
um multímetro, no qual apresentou respostas coerentes com o esperado.
Os ensaios de arrancamento executados com variação entre o trecho ancorado de 1,00 metro,
2,00 metros e 3,00 metros, obteve-se respectivamente, 717,95 kN/m², 633,05 kN/m² e 551,10
kN/m² para a média da resistência ao cisalhamento na interface terreno-ancoragem. Estes
valores foram obtidos nos ensaios de arrancamento monitorados executados em seis
ancoragens executadas numa mesma área, de aproximadamente 7,50 m², com ancoragens
espaçadas em no mínimo 1,50 metros. As curvas de deslocamento-carga aplicada estão
apresentadas na Figura 4-19 a Figura 4-21.
Foi verificado a partir dos resultados obtidos, o traçado da reta de verificação correspondente
ao deslocamento elástico teórico da ancoragem, conforme considerado pela NBR 5629 (2018),
na qual considerada o comprimento livre efetivo seja igual a 80% do comprimento livre
proposto. Os resultados obtidos também demonstraram coerências com o esperado no
comportamento de deslocamento elástico teórico para as ancoragens instrumentadas.
Carga (kN)
0 50 100 150 200 250
0,0
2,0
Deslocamento (mm)
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
B00_01 B01_01 80% do desl. elástico
Figura 4-19: Resultado dos Ensaios de Arrancamento monitorados com 1,00 metro ancorado
(Fonte: elaborado pelo autor)
92
Carga (kN)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
0,0
2,0
Deslocamento (mm)
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
B02_00 B02_01 80% do desl. elástico
Figura 4-20: Resultado dos Ensaios de Arrancamento monitorados com 2,00 metros
ancorados (Fonte: elaborado pelo autor)
Carga (kN)
0 100 200 300 400 500
0,0
5,0
Deslocamento (mm)
10,0
15,0
20,0
25,0
B3_00 B3_01 80% do desl. elástico
Figura 4-21: Resultado dos Ensaios de Arrancamento monitorados com 3,00 metros
ancorados (Fonte: elaborado pelo autor)
93
arrancamento com trecho ancorado variável entre 1,00 metros e 3,00 metros, apresenta na
Tabela 4-8, Tabela 4-9 e Tabela 4-10 o resultado referente a carga máxima aplicada para cada
ancoragem e suas respectivas resistências ao cisalhamento na interface terreno ancoragem (qs)
e a aplicação de parâmetros estatísticos referente aos resultados. Os dados obtidos foram
utilizados como embasamento para a execução das análises, de forma a relacionar a influência
do comprimento do trecho ancorado versus a resistência ao cisalhamento obtido a partir dos
ensaios de arrancamento.
Tabela 4-8: Resultado dos ensaios de arrancamento das ancoragens instrumentadas com 1,00
metro ancorado (Fonte: elaborado pelo autor)
Tipo de TMÁX Deslocamento Coeficiente tu qs
Ensaio Nomenclatura R²
Ensaio (kN) (mm) Angular (kN/m) (kN/m²)
1 B01_00 C/D 202,0 7,76 0,0452 0,95 201,99 714,40
2 B01_01 C/D 204,0 13,42 0,0871 0,98 204,00 721,50
Média 203,0 10,59 0,07 0,97 203,00 717,95
Desvio 1,41 4,00 0,03 0,02 1,42 5,02
Coeficiente de Variação 0,70% 37,79% 44,79% 2,08% 0,70% 0,70%
Tabela 4-9: Resultado dos ensaios de arrancamento das ancoragens instrumentadas com 2,00
metros ancorados (Fonte: elaborado pelo autor)
Tipo de TMÁX Deslocamento Coeficiente tu qs
Ensaio Nomenclatura R²
Ensaio (kN) (mm) Angular (kN/m) (kN/m²)
3 B02_01 C/D 360,0 11,12 0,0436 0,92 179,99 636,6
4 B02_02 C/D 356,0 11,62 0,0387 0,96 177,99 629,5
Média 358,0 11,37 0,04 0,94 178,99 633,05
Desvio 2,83 0,35 0,00 0,03 1,42 5,02
Coeficiente de Variação 0,79% 3,11% 8,42% 2,94% 0,79% 0,79%
Tabela 4-10: Resultado dos ensaios de arrancamento das ancoragens instrumentadas com 3,00
metros ancorados (Fonte: elaborado pelo autor)
Tipo de TMÁX Deslocamento Coeficiente tu qs
Ensaio Nomenclatura R²
Ensaio (kN) (mm) Angular (kN/m) (kN/m²)
5 B03_00 C/D 466,00 13,76 0,0329 0,96 155,31 549,3
6 B03_01 C/D 469,00 19,42 0,0128 1,00 156,33 552,9
Média 467,50 16,59 0,02 0,98 155,82 551,10
Desvio 2,12 4,00 0,01 0,03 0,72 2,55
Coeficiente de Variação 0,45% 24,12% 62,20% 2,98% 0,46% 0,46%
94
Para fins teóricos, as resistências ao cisalhamento na interface terreno-ancoragem tendem a ser
iguais independente do comprimento da ancoragem, sendo a carga de ruptura da ancoragem
elevada gradualmente de forma linear e proporcional ao aumento do comprimento do trecho
ancorado da ancoragem. No entanto os resultados obtidos nos ensaios de arrancamento
demonstraram uma ligeira redução no qs em relação ao aumento no comprimento do trecho
ancorado, no qual há uma tendência de que o aumento do trecho ancorado obtém resultados de
qs conservadores em relação ao material e conduzindo a maiores fatores de segurança visto que
reduz a probabilidade de ruptura do elemento.
800,0
700,0
600,0
y = -83,425x + 800,88
R² = 0,9979
500,0 y = -148,7ln(x) + 722,85
qs (kN/m²)
R² = 0,9786
400,0
300,0
200,0
100,0
-
1,00 2,00 3,00
Comprimento do Trecho Ancorado (m)
Comportamento Esperado (Teórico) Comportamento Obtido
Logarítmica (Comportamento Obtido) Linear (Comportamento Obtido)
As cargas das ancoragens com 1,00 metro e 2,00 metros do trecho ancorado foram obtidas a
partir da ruptura geotécnica da ancoragem na interface terreno-ancorado. No entanto, para a
ancoragem com 3,00 metros do trecho ancorado não foi possível atingir a ruptura devido a
95
limitação da barra e os equipamentos utilizados no tracionamento da barra. A carga de ruptura
para a ancoragem de 3,00 metros foi estimada, na hipótese ter continuidade no comportamento
da carga de ruptura das ancoragens com 1,00 metro e 2,00 metros, e, portanto, iria ter ruptura
quando atingir a carga de aproximadamente 513 kN, acréscimo médio de 10% da carga máxima
obtida pelo ensaio.
96
ancorado, no entanto não de forma gradual e linear.
Para o mesmo estudo de Ostermayer (1974), evidenciou uma ligeira redução na resistência ao
cisalhamento de ancoragens inseridas em material argiloso com o aumento do comprimento do
trecho ancorado. Este comportamento foi visível com a execução de bainha ou de re-injeções
para ancoragem do trecho ancorado. Para o autor este comportamento está relacionado a
resistência de pico da tensão de interface entre o terreno-ancoragem, no qual deve ser mais
evidente no caso da execução de ensaios de cisalhamento direto na interface material-calda de
cimento o qual não foi avaliado nesta pesquisa.
97
Os ensaios de arrancamento convencionais, apresentados na Tabela 4-2, Tabela 4-3 e Tabela
4-4 também apresentaram ligeiramente redução na resistência ao cisalhamento da interface
terreno-ancoragem com o aumento do trecho ancorado.
Tabela 4-11: Quantidade de extensômetros elétricos por ancoragens (Fonte: elaborado pelo
autor)
Trecho Quantidade de Quantidade de
Nomenclatura Ancorado extensômetros no trecho extensômetros no trecho
(m) Livre (unidade) Ancorado (unidade)
B01_00
1,00 1,00 2,00
B01_01
B02_00
2,00 1,00 3,00
B02_01
B03_00
3,00 1,00 4,00
B03_01
Com base nos dados obtidos dos extensômetros elétricos instalados ao longo das ancoragens,
e da carga máxima aplicada com a obtenção da ruptura geotécnica, para as ancoragens com
1,00 metro e 2,00 metros do trecho ancorado, ou na limitação dos equipamentos durante o
ensaio de arrancamento, no caso das ancoragens com 3,00 metros do comprimento no trecho
ancorado, apresentado na Figura 4-23 a distribuição do comportamento da resistência ao
cisalhamento ao longo das ancoragens ensaiadas para a carga última de ensaio.
98
800,00
700,00
600,00
500,00
qs (kN/m²)
400,00
300,00
200,00
100,00
-
0 100 200 300 400 500
Comprimento da Barra (cm)
B01_00 B01_01 B2_00 B02_01 B3_00 B3_01
Para a ancoragem com 2,00 metros ancorado e mais notoriamente na barra de 3,00 metros
ocorre um comportamento da distribuição das cargas de uma forma mais lenta, proporcionando
um formato de uma curva em meia parábola. A partir que a carga aplicada na extremidade da
ancoragem pelo uso de macaco hidráulico, esta carga é gradualmente transferida para o trecho
99
ancorado da ancoragem. E quanto mais alta é a carga aplicada sobre a ancoragem, mais
significante ocorre a distribuição da carga ao longo do trecho ancorado. Ressalta-se também
que para as ancoragens de 2,00 metros ancorados ocorre uma pequena obtenção de carga no
trecho final da ancoragem, proporcionando que apesar da obtenção de ruptura geotécnica da
ancoragem, não ocorreu a total mobilização do trecho ancorado.
Ainda com base na Figura 4-23, observa que não há interferência na transferência de carga ao
longo do trecho livre, sendo obtido a carga de aplicação na extremidade da ancoragem com
base na validação pela célula de carga e manômetro do conjunto macaco hidráulico, e
anteriormente ao trecho ancorado pela obtenção do valor registrado pelo extensômetro elétrico.
O que corrobora para a utilização apenas do trecho ancorado para a obtenção da resistência ao
cisalhamento da interface terreno-ancoragem.
Avaliando a ancoragem com 3,00 metros do trecho ancorado, observado na Figura 4-23,
observa que no primeiro metro do trecho ancorado ocorre a maior capacidade de dissipação,
superior a 50% da carga aplicada na extremidade. No segundo metro ocorre a dissipação de
aproximadamente 30% da carga aplicada, e por fim no último metro do trecho ancorado, ocorre
a dissipação de aproximadamente 15% e uma carga residual de 5%. Entende-se que o percentual
obtido da carga residual, considerando na mesma distância do fim da ancoragem, é
inversamente proporcional ao comprimento do trecho ancorado, visto que para a ancoragem
com 1,00 metro do trecho ancorado, obteve-se que uma carga residual de aproximadamente
15% da carga aplicada na extremidade. Enquanto para a ancoragem de 2,00 metros ancorados,
obteve-se uma carga residual de 7,8% comparado com a carga aplicada na extremidade da
ancoragem aferida pela célula de carga posicionada durante o ensaio de arrancamento.
Os dados obtidos nestes ensaios coincidem com o conceito apresentado por Clouterre (1991),
o qual determina que a partir de uma força a tração aplicada na extremidade da ancoragem, esta
desloca em relação ao terreno proporcionando uma mobilização com a perda do atrito lateral
do contato terreno-ancoragem. Esta mobilização é reproduzida gradativamente da região
externa (ponta da ancoragem) até a região mais profunda (fim do trecho ancorado). Quanto
menor for a ancoragem, mais rapidamente ocorre a mobilização (caso B01_00 e B01_01).
Enquanto maior for o comprimento do trecho ancorado da ancoragem, a distribuição da carga
aplicada ocorre de uma forma mais lenta (caso das ancoragens de 2,00 metros e 3,00 metros
ancorados em material itabirito friável).
100
CAPÍTULO 5
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
101
a) Diâmetro considerado em cálculo coerente quando a injeção de calda de cimento é
executada gravitacional (sem aplicação de pressão), com o diâmetro compatível do
cilindro de injeção por calda de cimento com o diâmetro de perfuração, no caso dos
ensaios de arrancamento monitorados (D=90mm).
102
f) Com base nos resultados dos ensaios de arrancamento, estima um comportamento
logarítmico para a relação da resistência ao cisalhamento da interface terreno-
ancoragem em comparativo com o aumento do comprimento do trecho ancorado em
ancoragens passivas inseridas em material itabirito friável;
g) Observado que apesar da elevação nos resultados de carga última aplicada nos ensaios
de arrancamento monitorados, este valor não é linear ou proporcional ao comprimento
do trecho ancorado. Concluindo que o comportamento das ancoragens com a
variabilidade do trecho ancorado não possui uma interpretação trivial, sendo necessário
evolução das pesquisas para uma melhor assertividade. No entanto observa-se que o
aumento do comprimento do trecho ancorado obtém valores mais conservadores a
serem utilizados no dimensionamento de ancoragens, sendo indicado a execução do
comprimento do trecho ancorado próximo ao comprimento pré dimensionado do
elemento a ser inserido para a estabilização do maciço, lembrando que há necessidade
de manter um comprimento definido para o trecho livre (deslocamento elástico).
A partir dos resultados obtidos e das referências bibliográficas apresentadas nesta pesquisa,
conclui que os dados de resistência da interface terreno-ancoragem são valores peculiares
dependendo exclusivamente da característica do material em que as ancoragens estão inseridas.
Sendo amplamente necessário o avanço das pesquisas e repetições dos ensaios apresentados
para uma melhor assertividade para adquirir o conhecimento do mecanismo que influencia o
comportamento das ancoragens na aplicação do ensaio de arrancamento e dimensionamento de
elementos para a estabilização de maciços.
103
5.1. SUGESTÕES DE FUTURAS PESQUISAS
No decorrer da execução desta pesquisa, foram observadas etapas e condições que não foram
tratadas ou que possibilitam uma oportunidade de um aprofundamento em pesquisas futuras.
Estes questionamentos são apresentados como:
104
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. 1996. NBR 5629 – Execução de Tirantes
Ancorados no Terreno. Rio de Janeiro, RJ.
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. 2006. NBR 5629 – Execução de Tirantes
Ancorados no Terreno. Rio de Janeiro, RJ.
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. 2016. NBR 6457 – Amostras de Solo –
Preparação para Ensaios de Compactação e Ensaios de Caracterização. Rio de Janeiro, RJ.
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. 2016. NBR 6458 – Grãos de pedregulhos
retidos na peneira de abertura 4,8mm – Determinação da massa específica, da massa específica
aparente e da absorção de água. Rio de Janeiro, RJ.
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. 2016. NBR 7181 – Solo – Análise
Granulométrica. Rio de Janeiro, RJ.
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. 2018. NBR 5629 – Execução de Tirantes
Ancorados no Terreno. Rio de Janeiro, RJ.
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. 2021. NBR 16920-2 – Muros e Taludes
em Solos Reforçados – Parte 2: Solos Grampeados. Rio de Janeiro, RJ.
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. 2022. NBR 6502 – Solos e Rochas -
Terminologia. Rio de Janeiro, RJ.
Babu, G. e Singh, V. 2010. Soil nails field pullout testing: evaluation and applications,
International Journal of Geotechnical Engineering, 4:1, 13-21.
105
Barbosa, M.G.T., Assis, A.P., Cunha, R.P. 2022. An innovative post grauting technique for soil
nails. ResearchSquare.
Bathini, D.J, e Krishna, V.R. 2022. Performance of Soil Nailing for Slope Stabilization – A
Review. IOP Conference Series: Earth Environmental Science 982.
Briaud, J.L., Griffin, A.Y., Soto, A., Suroor, A., Park, H. 1998. Long-Term Behavior of Ground
Anchors and Tieback Walls. Report FHWA_1391-1. Texas: Department of Transportation.
Bryson, L. e Giraldo, J.R. 2020. Analysis of case study presenting ground anchor load-transfer
response in shale stratum. Canadian Geotechnical Journal. Engineering.
Bustamante, M., Doix, B. 1985. Une Méhode Pour le Calcul des Tirants et Micropieux
Injectées. Bulletin des Liaison des Laboratories des Ponts et Chaussées, n° 140.
Cala, M., Flum, D., Roduner, A., Ruegger, R., Wartmann, S. 2012. TECCO® Slope
Stabilization System and RUVOLUM® dimensioning method. AGH University of Science and
Technology, Faculty of Mining and Geoengineering. Romanshoru, Suiça. Livro Texto.
Clouterre, 1991, Soil Nailing Recomendations for designing, calculating, constructing, and
inspecting earth support systems using soil nailing. English Language Translation.
Cola, S., Schenato, L., Brezzi, L., Tchamaleu Pangop, F.C., Palmieri, L. e Bisson, A. 2019.
Composite Anchors for Slope Stabilisation: Monitoring of their In-Situ Behaviour with Optical
Fibre. Geosciences 9, no. 5: 240.
Delmondes Filho, A. L., Cavalcante, E. H., Cardoso Júnior, C. R., e Cavalcanti Júnior, D. D.
A. 2022. Study of the behavior of an instrumented soil nail wall in Salvador-Brazil. Soils and
Rocks, 45.
Dorr, J.V.N., 1969. Physiograph, Stratigraphic and Structural Development of the Quadrilátero
106
Ferrífero Minas Gerais, Brazil. Geological Survey Professional Paper 641-A. United States
Goverment Printing Office, Washington.
Ehrich, M., Silva, R.C., 2012. Resistência ao Arrancamento de Grampos – Análise da Influência
do NSPT e da Injeção da Bainha nos Resultados. Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos
e Engenharia Geotécnica. São Paulo: ABMS.
Elias, V., Juran, I. 1991. Soil Nailing for Stabilization of Highway Slopes and Excavations.
Report FWHA-RD-89-198. U.S. Department of Transportation. McLean, Virginia.
Enginner Manual. 1993. Standard Practice for Shotcrete. Departament of the Army. US Army
Corps of Engineers. Washngton, DC.
Fabris, C. et al., 2021. Numerical Simulation of a Ground Anchor Pullout Test Monitored with
Fiber Optic Sensors. Journal of Geotechnical and Geoenvironmental Engineering, v. 147, n. 2,
p. 04020163.
Feijó, R.L, 2007. Monitoração de uma Escavação Experimental Grampeada em Solo Residual
Gnáissico Não Saturado. Dissertação de doutorado. Programa de Pós-Graduação de Engenharia
da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, RJ.
Feijó, R.L., Ehrlich, M., 2001. Resultados de ensaios de arrancamento em grampos injetados
em dois pontos do município do Rio de Janeiro. III Conferência Brasileira sobre Estabilidade
de Encostas. Rio de Janeiro: ABMS. v. único p. 517-524.
Flores, J.C., Lima, H.M. 2012. Fechamento de mina: aspectos técnicos, jurídicos e
socioambientais. Editora UFOP. Ouro Preto, MG.
Franca, P.R.B., 1997. Analysis of slope stability using limit equilibrium and numerical methods
with case examples from the Águas Claras Mina, Brazil. Dissertação de Mestrado. Queen’s
University – Kingston, Ontario, Canadá.
Franco, L.A., 2016. Soluções em Solo Grampeado com Faceamento Flexível de Alta
Resistência. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Ouro Preto, NUGEO – Núcleo
Geotecnia da Escola de Minas, Ouro Preto, MG.
107
Geoguide 7, 2008. Guide to Soil Nail Design and Construction. Geotechnical Enginnering
Office, Civil Engineering and Development Department. Hong Kong.
Ghadimi, A.S., Ghanbari, A., Sabermahani, M., Yazdani, M., 2017. Effect of soil type on nail
pull-out resistance. Instritution of Civil Enginners. Ground Improvement. Volume 170 Issue
GI2, p. 81-88.
Gobbi, F., Fonini, A., Bressani, L.A., Milan, H., 2016. Realização de Ensaios de Arrancamento
Monitorados. Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica –
COBRAMSEG. Minas Gerais, MG.
Goldbach, R, Mendonca, M., Becker, L., 2012. Análise da correlação entre a resistência ao
arrancamento de grampos (qs) e o índice de resistência a penetração (N) aplicada a um projeto
de solo grampeado. XVI Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica.
Rio de Janeiro: ABMS.
Gontijo, G.M., 2020. Reavaliação Geotécnica das ancoragens de uma estrutura de contenção
com patologias diversas. Dissertação de mestrado. Núcleo de Geotecnia, Universidade Federal
de Ouro Preto, Ouro Preto, MG.
Iten, M., Puzrin, A.M., 2010. Monitoring of stress distribution along a ground anchor using
BOTDA, Sensors Smart Struct. Technol Civil, Mech. Aerosp. Syst., vol. 7647
Lanzieri, D.R. 2019. Avaliação de métodos de cálculos de solos grampeados por meio de
modelagem tridimensional em elementos finitos e caso de obra. Dissertação de mestrado.
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. São Paulo, SP.
Lazarte, C.A., Elias, V., Espinosa, D., Sabatini, P.J. 2003. Geotechnical engineering circular
n.7 – soil mailing. US Departament of Transportation, Washngton D.C.
Li, J.C., Yao, H.L., Shi, L.P., Shy, B.I. 1988. Behavior of Graund Anchors for Taipei
sedimentar soils. In Proc. 2nd Int. Conf. Case Histories Geotec. Eng.
Mohamed, M.H, Ahmed, M, Mallick, J. e Hoa, P.V. 2021. An Experimental Study of a Nailed
Soil Slope: Effects of Surcharge Loading and Nails Characteristics. Appl. Sci.
Mohamed, M.H. Ahmed, M. Mallick, J. e AlQadhi, S. 2023. Finite Element Modeling of Soil-
Nailing Process in Nailed-Soil Slope. Appl. Sci. 13, 2139.
108
MG.
Oliveira, M.A., Santos, M.S., 2009. Solo Grampeado – Zona Ativa, a importância de sua
avaliação, como ela pode colaborar no dimensionamento e otimização desta solução. IV
Conferência Brasileira sobre Estabilidade de Encostas. São Paulo, SP.
Ortigão, J.A.R., 1997. Ensaios de arrancamento para projetos de solo grampeado, Nota Técnica,
Solos e Rochas, ABMS, v20:1, p. 39-43.
Ortigão, J.A.R., Palmeira, E.M., 1997. Solo Grampeado: técnica para estabilização de encostas
e escavações. Conferência Brasileira sobre Estabilidade de Encostas. Rio de Janeiro: ABMS.
p. 57-74.
Ortigão, J.A.R., Zirlis, A.C., Palmeira, E.M. 1993. Experiência com Solo Grampeado no Brasil
– 1970 a 1993 – Solos e Rochas, São Paulo, SP.
Park J., Qiu, T. e Kim, Y. 2014. A field investigation of pullout resistance of steel anchors in
rock. From Soil Behav Fundam Innov Geotech Eng
Pitta, C.A., Souza, G.J.T, Zirlis, A.C., 2003. Solo Grampeado: alguns detalhes executivos,
ensaios, casos de obras. Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica.
São Paulo, SP.
Porto, T.B., 2015. Comportamento geotécnico e metodologia via web para previsão e controle.
Tese de Doutorado. Núcleo de Geotecnia, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto,
MG.
Rosa, D.B. 2015. Faceamento de Solo Grampeado com Malhas de Aço – Estudo dos Critérios
de Dimensionamento. Dissertação de mestrado. Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Civil. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, RS.
109
Rosière, C.A. e Chamale, F.J., 2000. Itabiritos e Minérios de Ferro de Alto Teor do Quadrilátero
Ferrífero – Uma visão Geral e Discussão. Geonomos 8 (2): 27-43. Belo Horizonte, MG.
Sánchez, L.E., Silva-Sánchez, S.S., Neri, A.C. 2013. Guia para o Planejamento do Fechamento
de Mina. Instituto Brasileiro de Mineração. Brasília, DF.
Sharma, D., Dhital, B. e Suberi, T. 2021, Stabilization of Road Slope failure by Soil Nailing
Technique with Shotcrete Frame: A Case Study of Right Bank Slope at Telegangchu Bridge
Construction Project, Trongsa. GNH Journal of Construction Technology & Management.
Sharma, M., Samanta, M., Sarkar, S. 2019. Soil Nailing: An Effective Slope Stabilization
Technique. Theory, Practice and Modelling. Advances in Natural and Technological Hazards
Research, vol 50. Springer, Cham.
Shen, C.K., Bang, S., Romstad, K.M., Kulchin, L., DeNatale, J.S. 1981. Field Measurements
of Earth Support System. Jornal da ASCE Vol. 107.
Shields, D.H., Baguelin, F. e Jezequel, F.F. 1978. The Pressuremeter and Foundation
Engineering, Trans Tech Publications, Clausthal-Zellerfeld, Alemanha.
Silva, D.P., 2009. Análise de Diferentes Metodologias Executivas de Solo Pregado a partir de
Ensaios de Arrancamento Realizados em Campo e Laboratório. Tese de doutorado. Escola de
Engenharia de São Carlos. Universidade de São Paulo, SP.
Silva, R.R.C., 2018. Determinação da adesão em solo grampeado a partir de correlações com
ensaios SPT. Revista Tecnologia. Fortaleza, CE. doi: 10.5020/23180730.2018.8473.
Silva, R.R.C., Casanova, B.P., 2018. Verificação da adesão em solo grampeado obtida através
de ensaios de arrancamento comparados com métodos empíricos. 16° Congresso Brasileiro de
Geologia de Engenharia e Ambiental. São Paulo, SP.
Sivakumar, G.L. e Singh, V.P. 2014. Adequacy of field pullout testing of soil nails. Georisk:
Assessment and Management of Risk for Engineered Systems and Geohazards.
Soares, E. P., 1996. Análise de estabilidade de um talude da mina de Águas Claras MBR: uma
visão probabilística. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG.
Spier, C.A., 2005. Geoquímica e Gênese das Formações Ferríferas Bandadas e do Minério de
110
Ferro da Mina de Águas Claras, Quadrilátero Ferrífero, MG. Tese de Doutorado. Universidade
de São Paulo, São Paulo, SP.
Springer, F.O., 2006. Ensaios de Arrancamento de Grampos em Solo Residual de Gnaisse. Tese
de Doutorado. DEC/PUC, Rio de Janeiro, RJ.
Tamiozo, A.T.D., Sousa, T.R., Taboza, H.P. e Pires, R.C.S. 2022. Aplicabilidade e utilização
de telas de alta resistência para contenção de taludes e encostas rochosas. Epitaya E-Books.
Tavares, T.H.B.C. 2022. Modelos Fuzzy com alteração no universo de discurso para previsão
de séries não estacionárias com aplicações em finanças e geotecnia. Tese de doutorado.
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG.
Tavares, T.H.B.C., Porto, T.B., Mendes, E.M.A.M., e Ferreira, B.P. 2023. Clustering-Based
Fuzzy Model for Predicting Anchor Bearing Capacity. American Society of Civil Engineers –
ASCE. 12 p.
Villalobos, F.A. e Villalobos, S.A. 2020. Effect of nail spacing on the global stability of soil
nailed walls using limit equilibrium and finite element methods, Transportation Geotechnics.
Yang, T., Zou, J., Pan, Q. 2020. Three-dimensional seismic stability of slopes reinforced by
soil nails. Computers and Geotechnics. Central South University, Changsha, Hunan, China.
Yin J., Hua C., Zhou, W., 2012. Simplified analytical method for calculating the maximum
shear stress of nail–soil interface. International Journal of Geomechanics 12(3): 309–317.
Wang, J., Huang, J. e Jiang, H. 2017. Full-scale pullout tests and analyses of ground anchors
in rocks under ultimate load conditions. Engineering Geology. 228.
111
Engenharia Civil. Pontíficia Univerdade Católica do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro.
Zhou, W.H., Yin, J.H., Zhu, H.H., Hong, C.Y., 2010. Effects of overburden stress and grouting
pressure on soil nail pullout resistance. Proceedings of the 17th Southeast Asian Geotechnical
Conference, Taipei, Taiwan, pp. 248–251.
Zhou, W.H., Yin, Z.H., Zhu, H.H., Hong, C.Y., 2007. Study on the effects of grouting pressure
and overburden pressure on the pullout resistance of soil nails. Proceedings of the 60th
Canadian Geotechnical Conference & 8th joint CGS/IAH-CNC Groundwater Conference,
Ottawa, ON, Canadá, p; 985 – 990.
Zirlis, A.C., Val, E.C., Neme, P.A., 1999. Solo Grampeado: Projeto, execução e
instrumentação. Édile Serviços Gráficos e Editora Ltda. São Paulo, SP.
112
APÊNDICES
Figura A - 2: Equipamento de fresagem utilizado para a execução das fresas nas barras
1
Figura A - 3: Fresa utilizada para a fixação da ponte de conexão
2
Figura A - 6: Processo de solda dos fios de aquisição de dados na ponte de conexão
Figura A - 8: Processo de limpeza para remoção das impurezas nas regiões de fresa
3
Figura A - 9: Processo de colagem dos extensômetros nas regiões de fresa
4
Figura A - 12: Fixação da ponte de conexão na barra
5
Figura A - 15: Posicionamento do tubo PVC para a inserção da resina de proteção
Figura A - 16: Posicionamento vertical das barras para inserção da resina de proteção
6
Figura A - 18: Remoção da fôrma de PVC após período de cura da resina
Figura A - 20: Montagem das barras finalizadas para início da etapa de calibração
7
Figura A - 21: Sistema de aquisição dos dados
8
Figura A - 24: Aplicação da carga de calibração durante calibração das barras instrumentadas
Figura A - 25: Execução da vedação e posicionamento de tubo do trecho livre das barras
instrumentadas
9
Figura A - 27: Posicionamento dos espaçadores para garantir o diâmetro da perfuração
10
B. Apêndice B – Retas e equações de calibração das monobarras instrumentadas
11
Figura B - 3: Extensômetro B1_00_1 – Ciclo 01 (carregamento e descarregamento)
12
Figura B - 6: Extensômetro B1_00_2 – Ciclo 02 (carregamento e descarregamento)
13
Figura B - 9: Extensômetro B1_01_1 – Ciclo 01 (carregamento e descarregamento)
14
Figura B - 12: Extensômetro B1_01_2 – Ciclo 02 (carregamento e descarregamento)
15
Figura B - 15: Extensômetro B2_00_1 – Ciclo 01 (carregamento e descarregamento)
16
Figura B - 18: Extensômetro B2_00_2 – Ciclo 02 (carregamento e descarregamento)
17
Figura B - 21: Extensômetro B2_01_0 – Ciclo 01 (carregamento e descarregamento)
18
Figura B - 24: Extensômetro B2_01_1 – Ciclo 02 (carregamento e descarregamento)
19
Figura B - 27: Extensômetro B2_01_3 – Ciclo 01 (carregamento e descarregamento)
20
Figura B - 30: Extensômetro B3_00_0 – Ciclo 02 (carregamento e descarregamento)
21
Figura B - 33: Extensômetro B3_00_2 – Ciclo 01 (carregamento e descarregamento)
22
Figura B - 36: Extensômetro B3_00_3 – Ciclo 02 (carregamento e descarregamento)
23
Figura B - 39: Extensômetro B3_01_0 – Ciclo 01 (carregamento e descarregamento)
24
Figura B - 42: Extensômetro B3_01_1 – Ciclo 02 (carregamento e descarregamento)
25
Figura B - 45: Extensômetro B3_01_3 – Ciclo 01 (carregamento e descarregamento)
26
Figura B - 48: Extensômetro B3_01_4 – Ciclo 02 (carregamento e descarregamento)
27
C. Apêndice C – Diagrama da Instrumentação
28
D. Apêndice D – Execução dos ensaios de arrancamento monitorados em campo
29
Figura E - 4: Execução das perfurações para a instalação das barras
Figura E - 5: Injeção de modo ascendente com calda de cimento por gravidade (sem controle
de pressão)
30
Figura E - 7: Barras inferiores durante período de cura da calda de cimento
31
Figura E - 10: Conjunto de caixas de instrumentação e monitoramento com notebook
32
Figura E - 13: Registro fotográfico da ruptura dos cabos durante ensaio de arrancamento
Figura E - 14: Execução de proteção para evitar a ruptura dos cabos durante ensaio de
arrancamento
Figura E - 15: Conjunto parcialmente montado após a execução da proteção dos cabos
33
Figura E - 16: Conjunto para a execução do ensaio de arrancamento em uma das barras
inferiores
Figura E - 17: Durante a execução do ensaio de arrancamento em uma das barras superiores
Figura E - 18: Montagem dos equipamentos para execução de ensaio na barra inferior
34
Figura E - 19: Registro fotográfico durante a execução de ensaio de arrancamento em uma das
barras inferiores
35
E. Apêndice E – Itabirito Friável
Para Spier (2005), a gênese do minério de ferro de alto teor consolidado por itabirito friável na
mina de Águas Claras está relacionado a processos supergênicos, promovido pela lixiviação de
águas subterrâneas dos minerais da canga promovendo o enriquecimento residual em ferro. Este
processo e favorecido pelo clima tropicas e pela topografia do terreno. No entanto este processo
ainda não está entendido completamente, sendo aberto para debates na literatura geológica.
De acordo com as análises de laboratório realizadas, ambos os tipos de itabirito presentes são
originados da Formação de Cauê, que está distribuída em toda a região do Quadrilátero
Ferrífero. A formação de Cauê é formada por itabiritos e mineralizações ricas em hematita,
sendo denominada como a base do Grupo de Itabira, grupo que dispõe dos maiores depósitos
de minério de ferro do Quadrilátero Ferrífero. Como conclusão de Dorr (1969) e Spier (2005)
o minério na sua condição friável possui uma elevada porosidade e preservação na estrutura
original do itabirito dolomítico, agregado por hematita. Teófilo (2009), observou que o material
friável existente na mina de Águas Claras, possui elevado grau de minério, no entanto é o
mesmo resistente entre as classes. O mecanismo de ruptura é consolidado por sua maioria por
cisalhamento, devido a forte anisotropia existente no material. Em alguns casos, a orientação
anisotrópica em relação ao maciço rochoso, podem proporcionais rupturas catastróficas,
ocasionado pelo alívio das tensões na base do talude.
36
F. Apêndice F – Anteprojeto
2004 2018
Figura D-1: Condição da região no início dos processos erosivos (2004) e no início das
intervenções de recuperação dos taludes (2018). Fonte: Google Earth (Acesso: 22/04/2023)
37
Com base nos ensaios de laboratório realizado no local e na expertise da empresa em
estabilizações geotécnicas, fora executado análise bidimensional considerando uma retroanálise
no local, e a partir destes estudos correlacionados aos ensaios de arrancamento se desenvolveu
o projeto de estabilização a ser executado na região. A seção com a consideração da retroanálise
é apresentada na Figura D-2.
38
ANEXOS
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
H. Anexo B – Catálogo Excel Sensor
51
I. Anexo C – Especificação Tubo de Reação
52
53
54
DECLARAÇÃO
Eu, Daniel da Silva Gomes, inscrito no CPF: 023.127.910-80, declaro que esta dissertação
intitulada como “Comportamento de Ancoragens Passivas em Ensaios de
Arrancamento Executados em Itabirito Friável” é inteiramente e exclusivamente de
minha autoria e que, com exceção das citações diretas e indiretas claramente indicadas e
referenciadas nesse trabalho, e do uso autorizado de banco de dados, seu texto, figuras,
gráficos, quadros, tabelas, algoritmos e demais dados foram por mim obtidos e, portanto,
não contêm plágio. O resultado do relatório utilizando o Software Anti-plágio
CopySpider, resultou na similaridade inferior a 3%
Assinatura: