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Núcleo de Geotecnia

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Geotécnica


PPGEG

Dissertação

Comportamento de
ancoragens passivas em
ensaios de arrancamento
executados em itabirito
friável

Daniel da Silva Gomes

2023
DANIEL DA SILVA GOMES

COMPORTAMENTO DE ANCORAGENS
PASSIVAS EM ENSAIOS DE
ARRANCAMENTO EXECUTADOS EM
ITABIRITO FRIÁVEL

Dissertação apresentada ao Mestrado Profissional em


Engenharia Geotécnica do Núcleo de Geotecnia da
Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro
Preto, como parte integrante dos requisitos para
obtenção do título de Mestre em Engenharia
Geotécnica.

Área de concentração: Geotecnia de Contenções e


Engenharia de Fundações

Orientador: Prof. Dr. Thiago Bomjardim Porto

OURO PRETO

2023
SISBIN - SISTEMA DE BIBLIOTECAS E INFORMAÇÃO

G633c Gomes, Daniel da Silva.


GomComportamento de ancoragens passivas em ensaios de
arrancamento executados em Itabirito friável. [manuscrito] / Daniel da
Silva Gomes. - 2023.
Gom186 f.: il.: color., gráf., tab..

GomOrientador: Prof. Dr. Thiago Bomjardim Porto.


GomDissertação (Mestrado Profissional). Universidade Federal de Ouro
Preto. Núcleo de Geotecnia da Escola de Minas. Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Geotécnica.
GomÁrea de Concentração: Geotecnia de Contenções e Engenharia de
Fundações.

Gom1. Rochas metamórficas - Itabirito Friável. 2. Taludes (Mecânica do


solo) - Estabilidade - Solo Grampeado. 3. Transferência de Carga. 4.
Resistência (Engenharia) - Resistência de Interface. I. Porto, Thiago
Bomjardim. II. Universidade Federal de Ouro Preto. III. Título.

CDU 624.13:624.15

Bibliotecário(a) Responsável: Maristela Sanches Lima Mesquita - CRB-1716


MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
REITORIA
ESCOLA DE MINAS
COORDENACAO DO PROGRAMA DE POS-GRADUACAO
EM ENG. GEOTECNICA

FOLHA DE APROVAÇÃO

Daniel da Silva Gomes

Comportamento de ancoragens passivas em ensaios de arrancamento executados em Itabirito Friável

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Geotécnica do Núcleo de Geotecnia da Escola de Minas da
Universidade Federal de Ouro Preto, como parte integrante dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Engenharia Geotécnica,
área de concentração Geotecnia de Fundações.

Aprovada em 24 de março de 2023

Membros da banca

Prof. Dr. Thiago Bomjardim Porto - Orientador (Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais)
Prof. Dr. Lucas Deleon Ferreira - (Universidade Federal de Ouro Preto)
Prof. Dr. Jean Jacques Rincent - (Rincent BTP Services)

O Prof. Dr. Lucas Deleon Ferreira, orientador do trabalho, aprovou a versão final e autorizou seu depósito no Repositório Institucional da
UFOP em 20/06/2023.

Documento assinado eletronicamente por Lucas Deleon Ferreira, COORDENADOR(A) DO MESTRADO PROFISSIONAL EM
ENGENHARIA GEOTÉCNICA, em 20/06/2023, às 13:46, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, §
1º, do Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

A autenticidade deste documento pode ser conferida no site http://sei.ufop.br/sei/controlador_externo.php?


acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0 , informando o código verificador 0544279 e o código CRC
71448E85.

Referência: Caso responda este documento, indicar expressamente o Processo nº 23109.005712/2022-26 SEI nº 0544279

R. Diogo de Vasconcelos, 122, - Bairro Pilar Ouro Preto/MG, CEP 35402-163


Telefone: (31)3559-1508 - www.ufop.br
AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço aos meus pais, Ester da Silva Gomes e Romualdo de Matos Gomes, e
a minha irmã, Daiene da Silva Gomes, pelos ensinamentos dos princípios da vida e no quesito
educacional, não medindo esforços para que meus objetivos sejam atingidos.

A minha esposa, Jéssica Silva de Oliveira, pelo apoio incondicional desde o início do traçado
acadêmico e concedendo uma mudança de território nacional, para obtermos maiores
oportunidades em fins profissionais.

A todos os professores e funcionários do NUGEO, pelo compartilhamento nestes anos do


programa de pós-graduação, proporcionando o conhecimento teórico concomitantemente com
os exemplos práticos de eventos geotécnicos.

Ao orientador, Prof. Dr. Thiago Bomjardim Porto, pela disponibilidade de concretizar as


reuniões em horários matinais no intuito de auxiliar e direcionar, com base na experiência
profissional na área de concentração, assegurando um grande acréscimo no desenvolvimento
da pesquisa.

A FGS Geotecnia que sempre manteve a preocupação de cumprir os seus valores, quanto ao
incentivo dos colaboradores no desenvolvimento pessoal e de pesquisas geotécnicas,
proporcionando o compartilhamento de mão de obra interna e material para que se possa
efetivar o objetivo desta pesquisa.

A VALE pela disponibilidade da localidade e de dados geotécnicos para o desenvolvimento


desta pesquisa, bem como a empreiteira Civil Master e toda a equipe técnica pela total união na
disponibilidade de equipamentos e mão de obra tornando possível todo o processo executivo
das ancoragens.

A todos os amigos que de alguma forma contribuíram para o desenvolvimento desta pesquisa.

iii
RESUMO

Nos últimos anos ocorreu um aumento nas aplicações da técnica de solo grampeado, no entanto
há uma dificuldade na compreensão do comportamento das ancoragens, seja para
dimensionamento ou por questões de funcionamento do elemento, sendo promissoras as
pesquisas que se concentram a ampliar o conhecimento neste quesito. Esta dissertação apresenta
informações do comportamento de ancoragens passivas inseridas em material itabirito friável,
submetidas a ensaios de arrancamento convencionais e monitorados com extensômetros
elétricos. Estes ensaios de arrancamento foram executados em uma obra geotécnica com
características peculiares e com a utilização de infraestrutura pesada, no total foram submetidas
aos ensaios, 18 ancoragens concentradas numa região da obra. As ancoragens foram executadas
com variabilidade do comprimento do trecho ancorado, com 1,00 metro, 2,00 metros e 3,00
metros do trecho ancorado com preenchimento por calda de cimento. Seis ancoragens destas
foram ensaiadas após a instalação de extensômetros elétricos, bem como a utilização de célula
de carga e transdutor LVDT para a validação da carga aplicada sobre a ancoragem e obtenção
do deslocamento respectivamente, no intuito de avaliar o comportamento da distribuição da
carga durante os estágios de carregamento e descarregamento. Nove ensaios foram realizados
com o procedimento adaptado da NBR 5629 (ABNT, 2018), obtendo informações de
carregamento e descarregamento, enquanto três ensaios foram executados com o procedimento
com taxa de carregamento constante até a ruptura geotécnica, os quais não foram obtidos
diferenciação nos resultados de carga de ruptura comparado aos ensaios com execução de
carregamento/descarregamento. Foram também realizados ensaios de laboratório para
caracterização do material e execução de ensaios de cisalhamento direto. As amostras foram
coletadas em região próxima aos ensaios de arrancamento. Os resultados obtidos nos ensaios
de arrancamento demonstraram que com o aumento do comprimento do trecho ancorado ocorre
uma ligeira redução na resistência ao arrancamento das ancoragens. E que os valores de
resistência ao arrancamento obtidos nos ensaios com taxa de carregamento constante foram
considerados mais conservadores comparado aos ensaios de arrancamento executados com
metodologia convencionais. A partir disto conclui que esta pesquisa apresentou resultados com
boas perspectivas para o aperfeiçoamento no conhecimento do comportamento de ancoragens
passivas a partir da execução de ensaios de arrancamento em itabirito friável.

Palavras-chave: itabirito friável; solo grampeado; ensaio de arrancamento; transferência de


carga; resistência de interface.

iv
ABSTRACT

In recent years, there has been an increase in the applications of the nailed soil technique,
however there is a difficulty in understanding the behavior of anchorages, either for
dimensioning or for reasons of element functioning, with promising research that focuses on
expanding knowledge in this regard. This document presents information on the behavior of
passive anchorages incorporated in brittle itabirite material, remaining in conventional pullout
tests and instrumented with an strain gauge. These pullout tests were carried out in a
geotechnical work with peculiar characteristics and with the use of heavy infrastructure, in total,
18 anchorages concentrated in the region of the work were considered for the tests. The
anchorages were executed with variability in the length of the anchored section, with 1.00
meters, 2.00 meters and 3.00 meters of the anchored section filled with cement grout. Six
anchorages were tested after the installation of electrical extensometers, as well as the use of a
load cell and LVDT transducer to validate the load applied on the anchorage and obtain the
displacement, respectively, in order to evaluate the behavior of the load distribution during the
reach of loading and unloading. Nine tests were carried out with the procedure adapted from
NBR 5629 (ABNT, 2018), obtaining loading and unloading information, while three tests were
performed with the procedure with constant loading rate until geotechnical failure, which did
not obtain differentiation in the results breaking load compared to tests with loading/unloading
execution. Laboratory tests were also carried out to characterize the material and carry out direct
shear tests. The samples were collected in the region close to the pullout tests. The results
obtained in the pullout tests show that with the increase in the length of the anchored section
there is a slight reduction in the pullout resistance of the anchorages. And that the pullout
strength values obtained in tests with constant loading rate were considered more conservative
compared to pullout tests performed with conventional methodology. From this it is concluded
that this research presented results with good perspectives for the improvement in the
knowledge of the behavior of passive anchorages from the execution of pullout tests in brittle
itabirite.

Key words: brittle itabirite; soil nail; pullout test; load transfer; interface strength.

v
Lista de Figuras

Figura 2-1: Métodos de estabilidade de galerias e túneis: (a) rígido e (b) flexível (adaptado de
Clouterre, 1991) .................................................................................................................. 7
Figura 2-2: Resultado dos ensaios de arrancamento executados posteriormente a injeção de
calda de cimento ................................................................................................................. 8
Figura 2-3: Cronologia de obras publicadas de solo grampeado executadas na década de 80 no
Brasil................................................................................................................................... 9
Figura 2-4: Cronologia de obras publicadas de solo grampeado executadas na década de 90 no
Brasil................................................................................................................................. 12
Figura 2-5: Cronologia do desenvolvimento de normas para ancoragens ativas e passivas no
Brasil................................................................................................................................. 13
Figura 2-6: Definição dos elementos característicos de instabilidade em maciço (Adaptado da
NBR 16.920-2, ABNT, 2021) .......................................................................................... 15
Figura 2-7: Representação das superfícies potenciais de ruptura (Adaptado da ABNT, 2021)
.......................................................................................................................................... 20
Figura 2-8: Esquema de montagem de equipamentos para execução de ensaio de
arrancamento (Adaptado de Clouterre, 1991) .................................................................. 21
Figura 2-9: Comportamento de ancoragens e demonstração da região máxima a tração
(Adaptado de Lazarte et al., 2003) ................................................................................... 25
Figura 2-10: Ábaco da resistência de interface terreno-ancoragem e pressão de injeção para
solos granulares (Adaptado de Bustamante e Doix, 1985)............................................... 36
Figura 2-11: Ábaco da resistência de interface terreno-ancoragem e pressão de injeção para
argilas (Adaptado de Bustamante e Doix, 1985) .............................................................. 36
Figura 2-12: Ábaco da resistência de interface terreno-ancoragem e pressão de injeção para
rochas alteradas (Adaptado de Bustamante e Doix, 1985) ............................................... 37
Figura 2-13: Cronologia inicial na aplicação de extensômetros............................................... 42
Figura 2-14: Tipologia de extensômetros disponíveis no mercado: (a) modelo unidirecional
estreito; (b) modelo duplo tipo espinha de peixe; (c) modelo unidirecional a 45°; (d)
modelo roseta dupla a 90° com grelhas lado a lado (Fonte: Excel Sensor – Acesso em:
01/10/2022)....................................................................................................................... 42
Figura 2-15: Formação de ponte Wheatstone completa (Fonte: Adaptado de Balbinot e
Brusamarello (2019))........................................................................................................ 43

vi
Figura 3-1: Estimativa do perímetro do Quadrilátero Ferrífero (em vermelho) e
posicionamento da Mina de Águas Claras (MAC) (Fonte: Adaptado de Google Earth –
Acesso em: 10/01/2023) ................................................................................................... 49
Figura 3-2: Visão geral da área e localização das sondagens (SM), pontos de amostragem (A),
campanha de ensaios convencionais (C__EA – NI), e campanha de ensaios monitorados
(C__EA – I) (Fonte: elaborado pelo autor) ...................................................................... 51
Figura 3-3: Volume de precipitação acumulada mensal entre os anos de 2017 e 2022, a partir
da estação de pluviometria instalada na região do empreendimento (Fonte: Adaptado do
Acervo Técnico de FGS Geotecnia, 2023) ....................................................................... 52
Figura 3-4: Seção transversal litológica na região adjacente a região em estudo (Fonte:
Adaptado do Acervo Técnico disponibilizado pela Mineradora VALE, 2023) ............... 53
Figura 3-5: Bloco de material indeformado próximo aos ensaios de arrancamento monitorados
(Fonte: elaborado pelo autor) ........................................................................................... 54
Figura 3-6: Curva granulométrica do material (Fonte: adaptado do relatório disponibilizado
pelo laboratório ETG/UFMG, 2022) ................................................................................ 55
Figura 3-7: Gráfico de tensão cisalhante em relação ao deslocamento horizontal (Fonte:
LAGEOTEC/UFRGS, 2019) ............................................................................................ 57
Figura 3-8: Envoltória de resistência ao cisalhamento de pico (Fonte: LAGEOTEC/UFRGS,
2019) ................................................................................................................................. 57
Figura 3-9: Demarcação da presença de material compacto no corpo de prova submetido a
tensão normal a 300 kPa (Fonte: LAGEOTEC/UFRGS, 2019) ....................................... 58
Figura 3-10: Célula de carga com capacidade máxima de 200 kN (a esquerda) e caixa de
obtenção dos dados (a direita) (Fonte: elaborado pelo autor) .......................................... 61
Figura 3-11: Reta de calibração da célula de carga com capacidade de 200 kN, utilizada na
calibração das barras (Fonte: elaborado pelo autor) ......................................................... 62
Figura 3-12: Reta de calibração da célula de carga com capacidade de 500 kN, utilizada nos
ensaios de arrancamento de campo (Fonte: elaborado pelo autor) ................................... 62
Figura 3-13: Distribuição dos extensômetros para a barra do ensaio com 1,00 metro ancorado
(Fonte: elaborado pelo autor) ........................................................................................... 63
Figura 3-14: Distribuição dos extensômetros para a barra do ensaio com 2,00 metros ancorado
(Fonte: elaborado pelo autor) ........................................................................................... 63
Figura 3-15: Distribuição dos extensômetros para a barra do ensaio com 3,00 metros ancorado
(Fonte: elaborado pelo autor) ........................................................................................... 63
Figura 3-16: Nomenclatura das barras instrumentadas com extensômetros elétricos (Fonte:

vii
elaborado pelo autor) ........................................................................................................ 64
Figura 3-17: Dimensões do sensor tipo roseta dupla e da área de fresa executada na barra
(Fonte: elaborado pelo autor) ........................................................................................... 64
Figura 3-18: Procedimentos de proteções do extensômetro e circuito: (a) hidrofugante; (b)
mecânica e isolante térmico (Fonte: elaborado pelo autor) .............................................. 65
Figura 3-19: Sistema dos ensaios de calibração das barras (Fonte: elaborado pelo autor) ...... 67
Figura 4-1: Envoltória de resistência ao cisalhamento (Fonte: elaborado pelo autor) ............. 70
Figura 3-20: Resultado dos ensaios de arrancamento convencional: (a) ensaio com somente
carregamento; (b) ensaio com carregamento e descarregamento (Fonte: elaborado pelo
autor)................................................................................................................................. 73
Figura 3-21: Resultados dos ensaios de arrancamento convencional: (c) e (d) ensaios com
carregamento e descarregamento (Fonte: elaborado pelo autor) ...................................... 73
Figura 3-22: Resultado dos ensaios de arrancamento monitorados (Fonte: elaborado pelo
autor)................................................................................................................................. 74
Figura 3-23: Distribuição das cargas ao longo de ancoragem instrumentada, ensaio B1_00
(Fonte: elaborado pelo autor) ........................................................................................... 74
Figura 3-24: Distribuição das cargas ao longo de ancoragem instrumentada, ensaio B1_01
(Fonte: elaborado pelo autor) ........................................................................................... 75
Figura 3-25: Resultado dos ensaios de arrancamento convencional: (a) ensaio com somente
carregamento; (b) ensaio com carregamento e descarregamento (Fonte: elaborado pelo
autor)................................................................................................................................. 76
Figura 3-26: Resultados dos ensaios de arrancamento convencional: (c) e (d) ensaios com
carregamento e descarregamento (Fonte: elaborado pelo autor) ...................................... 77
Figura 3-27: Resultado dos ensaios de arrancamento monitorados (Fonte: elaborado pelo
autor)................................................................................................................................. 77
Figura 3-28: Distribuição das cargas ao longo de ancoragem instrumentada, ensaio B2_00
(Fonte: elaborado pelo autor) ........................................................................................... 78
Figura 3-29: Distribuição das cargas ao longo de ancoragem instrumentada, ensaio B2_01
(Fonte: elaborado pelo autor) ........................................................................................... 78
Figura 3-30: Resultado dos ensaios de arrancamento convencional: (a) ensaio com somente
carregamento; (b) ensaio com carregamento e descarregamento (Fonte: elaborado pelo
autor)................................................................................................................................. 80
Figura 3-31: Resultados dos ensaios de arrancamento convencional: (c) e (d) ensaios com
carregamento e descarregamento (Fonte: elaborado pelo autor) ...................................... 81

viii
Figura 3-32: Resultado dos ensaios de arrancamento monitorados (Fonte: elaborado pelo
autor)................................................................................................................................. 81
Figura 3-33: Distribuição das cargas ao longo de ancoragem instrumentada, ensaio B3_00
(Fonte: elaborado pelo autor) ........................................................................................... 82
Figura 3-34: Distribuição das cargas ao longo de ancoragem instrumentada, ensaio B3_01
(Fonte: elaborado pelo autor) ........................................................................................... 82
Figura 3-35: Localização do ensaio de arrancamento 126 (b) com trecho ancorado de 3,00
metros (Fonte: elaborado pelo autor) ............................................................................... 83
Figura 4-2: Apresentação da relação qs/qs,mín. obtido nos ensaios de arrancamento com
metodologias executivas distintas .................................................................................... 90
Figura 4-3: Resultado dos Ensaios de Arrancamento monitorados com 1,00 metro ancorado
(Fonte: elaborado pelo autor) ........................................................................................... 92
Figura 4-4: Resultado dos Ensaios de Arrancamento monitorados com 2,00 metros ancorados
(Fonte: elaborado pelo autor) ........................................................................................... 93
Figura 4-5: Resultado dos Ensaios de Arrancamento monitorados com 3,00 metros ancorados
(Fonte: elaborado pelo autor) ........................................................................................... 93
Figura 4-6: Comportamento qs em relação ao comprimento do trecho ancorado das
ancoragens (Fonte: elaborado pelo autor) ........................................................................ 95
Figura 4-7: Comportamento da resistência ao cisalhamento ao longo das ancoragens aplicadas
ensaio de arrancamento monitorado (Fonte: elaborado pelo autor) ................................. 99

ix
Lista de Tabelas

Tabela 2-1: Vantagens e desvantagens na utilização de faceamento com concreto projetado de


acordo com o manual de engenharia do corpo de engenheiros de U.S. Army (1993) –
(Continua) ......................................................................................................................... 16
Tabela 2-2: Vantagens e desvantagens na utilização de faceamento com tela metálica de alta
resistência de acordo com Cala et al. (2012). ................................................................... 17
Tabela 2-3: Relação do número mínimo de ensaio de conformidade com a área de tratamento
(Adaptado de Clouterre, 1991) ......................................................................................... 24
Tabela 2-4: Valores típicos de resistência da interface terreno-ancoragem (Adaptado de Elias
e Juran 1991) .................................................................................................................... 28
Tabela 2-5: Características e resistência ao arrancamento (Ortigão et al. 1992) ..................... 29
Tabela 2-6: Características e resistência ao arrancamento (Feijó e Ehrlich, 2001) .................. 29
Tabela 2-7: Características e resistência ao arrancamento (Feijó e Ehrlich, 2001) – (continua)
.......................................................................................................................................... 29
Tabela 2-8: Características e resistência ao arrancamento (Pitta et al., 2003) ......................... 30
Tabela 2-9: Características e resistência ao arrancamento (Pitta et al., 2003) ......................... 30
Tabela 2-10: Características e resistência ao arrancamento (Pitta et al., 2003) ....................... 31
Tabela 2-11: Características e resistência ao arrancamento (Pitta et al., 2003) ....................... 31
Tabela 2-12: Características e resistência ao arrancamento (Pitta et al., 2003) – (continua) ... 31
Tabela 2-13: Características e resistência ao arrancamento (Pitta et al., 2003) ....................... 32
Tabela 2-14: Características e resistência ao arrancamento (Azambuja et al., 2003) .............. 32
Tabela 2-15: Características e resistência ao arrancamento (Soares e Gomes, 2003) –
(continua) .......................................................................................................................... 32
Tabela 2-16: Características e resistência ao arrancamento (Moraes e Arduíno, 2003) .......... 33
Tabela 2-17: Características e resistência ao arrancamento (Proto, 2005) ............................... 33
Tabela 2-18: Características e resistência ao arrancamento (Proto, 2005) ............................... 34
Tabela 2-19: Características e resistência ao arrancamento (Gobbi et al., 2016) ..................... 34
Tabela 2-20: Valores do coeficiente de majoração para o cálculo do diâmetro médio injetável
de um tirante ou micro estaca (Adaptado de Bustamante e Doix, 1985) ......................... 35
Tabela 2-21: Estudos relacionados a correlação de SPT com a resistência de atrito lateral em
forma de equações (continua) ........................................................................................... 37
Tabela 2-22: Parâmetros do coeficiente de ancoragem (k), para a utilização da equação de

x
Porto (2015) ...................................................................................................................... 38
Tabela 2-23: Valores resultantes das resistências dos materiais ensaiados pelos autores
supracitados ...................................................................................................................... 39
Tabela 2-24: Síntese dos principais trabalhos acadêmicos publicados na última década ........ 44
Tabela 3-1: Índices físicos do material (Fonte: Laboratório ETG/UFMG, 2022).................... 55
Tabela 3-2: Composição granulométrica do material (Fonte: adaptado do relatório
disponibilizado pelo laboratório ETG/UFMG, 2022) ...................................................... 55
Tabela 3-3: Equações de calibração e coeficiente de determinação (Fonte: elaborado pelo
autor)................................................................................................................................. 62
Tabela 3-4: Itens de atenção para a execução de extensômetros elétricos para instrumentação
de ancoragens (Fonte: elaborado pelo autor) – (Continua) .............................................. 66
Tabela 4-1: Parâmetros de resistência do material (Fonte: elaborado pelo autor) ................... 70
Tabela 3-5: Características e resultados dos ensaios de arrancamento das ancoragens com 1,00
metro do trecho ancorado (Fonte: elaborado pelo autor) ................................................. 85
Tabela 3-6: Características e resultados dos ensaios de arrancamento das ancoragens com 2,00
metros do trecho ancorado (Fonte: elaborado pelo autor) ................................................ 86
Tabela 3-7: Características e resultados dos ensaios de arrancamento das ancoragens com 3,00
metros do trecho ancorado (Fonte: elaborado pelo autor) ................................................ 87
Tabela 4-2: Resultado dos ensaios de arrancamento das ancoragens não instrumentadas com
1,00 metro ancorado (Fonte: elaborado pelo autor) ......................................................... 89
Tabela 4-3: Resultado dos ensaios de arrancamento das ancoragens não instrumentadas com
2,00 metros ancorados (Fonte: elaborado pelo autor) ...................................................... 89
Tabela 4-4: Resultado dos ensaios de arrancamento das ancoragens não instrumentadas com
3,00 metros ancorados (Fonte: elaborado pelo autor) ...................................................... 90
Tabela 4-5: Resultado dos ensaios de arrancamento das ancoragens instrumentadas com 1,00
metro ancorado (Fonte: elaborado pelo autor) ................................................................. 94
Tabela 4-6: Resultado dos ensaios de arrancamento das ancoragens instrumentadas com 2,00
metros ancorados (Fonte: elaborado pelo autor) .............................................................. 94
Tabela 4-7: Resultado dos ensaios de arrancamento das ancoragens instrumentadas com 3,00
metros ancorados (Fonte: elaborado pelo autor) .............................................................. 94
Tabela 4-8: Quantidade de extensômetros elétricos por ancoragens (Fonte: elaborado pelo
autor)................................................................................................................................. 98

xi
Lista de Símbolos, Nomenclatura e Abreviações

α = coeficiente de majoração do diâmetro do bulbo


ε = deformação
ρ = resistividade do material do fio (Ω/m)
γ = peso específico natural (kN/m³)
τ = tensão cisalhante (N/m²)
σ = tensão total (kN/m²)
σ’ = tensão vertical efetiva (kN/m²)
φ = ângulo de atrito em termos de tensão total (°)
Ω = ohms (unidade de resistência elétrica)
Δl = variação do comprimento (m)
A = Área da seção transversal do fio (m²)
As = Área da seção transversal útil da barra (m²)
Cc = Coeficiente de Curvatura
Cu = Coeficiente de Uniformidade
CC = Célula de Carga
CV = Coeficiente de Variação
D = Diâmetro de Perfuração (m)
Ds = Diâmetro do bulbo acrescentado de um fator de expansibilidade (m)
E = Módulo de elasticidade (kg/m²)
Fu = Carga última da barra para o ensaio de arrancamento (kN)
SG = Extensômetros Elétricos
fy = tensão de escoamento do aço
fyk = valor característico da tensão de escoamento do aço (kN/m²)
h = espessura de material sobre a ancoragem (m)
k = parâmetro do coeficiente de ancoragem
l = Comprimento do elemento (m)
Lb = Comprimento do trecho ancorado ou injetado da ancoragem (m)
qs = resistência da interface terreno-ancoragem (kN/m²)
qs,mín = resistência de interface terreno-calda de cimento mínimo (kN/m²)
qs,ult = resistência de interface terreno-calda de cimento máxima estimada (kN/m²)
R = Resistência elétrica (Ω)

xii
R² = Coeficiente de determinação
TMÁX = Carga máxima de tracionamento (kN)
tu = Capacidade de carga unitária (kN/m)
ABGE = Associação Brasileira de Geologia de Engenharia
ABNT = Associação Brasileira de Normas Técnicas
DIN = Instituto Alemão para Normatização
LVDT = Transdutor de Deslocamento Variável Linear
MBR = Mineração Brasileira
NATM = Novo Método Austríaco para Abertura de Túneis
NB = Normativa Brasileira
NBR = Norma Brasileira
SUCS = Sistema Unificado de Classificação dos Solos

xiii
Lista de Apêndices e Anexos

Apêndice A .............................................................................................................................A-1
Apêndice B ...........................................................................................................................B-11
Apêndice C ...........................................................................................................................C-28
Apêndice D ...........................................................................................................................D-29
Apêndice E............................................................................................................................E-36
Apêndice F............................................................................................................................F-37
Anexo A................................................................................................................................A-39
Anexo B................................................................................................................................B-51
Anexo C................................................................................................................................C-52

xiv
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 ............................................................................................................................ 1

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1

1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS .............................................................................. 1


1.2. JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 2
1.3. OBJETIVOS ........................................................................................................... 4
1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO ........................................................................... 5

CAPÍTULO 2 ............................................................................................................................ 7

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 7

2.1. SOLO GRAMPEADO ........................................................................................... 7


2.1.1. Breve Histórico Internacional......................................................................... 7
2.1.2. Breve Histórico no Brasil ............................................................................... 9
2.1.3. Definição ...................................................................................................... 14
2.1.4. Aplicações e Revestimentos ......................................................................... 16
2.1.5. Vantagens e Desvantagens das Técnicas de Faceamento ............................. 16
2.2. DIMENSIONAMENTO DE ANCORAGENS PASSIVAS ................................ 17
2.2.1. Mecanismos de Ruptura ............................................................................... 18
2.3. ENSAIOS DE ARRANCAMENTO .................................................................... 20
2.3.1. Metodologia .................................................................................................. 20
2.3.2. Quantidades .................................................................................................. 23
2.4. TRANSFERÊNCIA DE CARGA TERRENO-ANCORAGEM.......................... 24
2.4.1. Comportamento Mecânico das Ancoragens ................................................. 24
2.4.2. Resistência da interface terreno-ancoragem ................................................. 26
2.4.3. Resultados típicos da resistência da interface............................................... 28
2.5. MÉTODOS EMPÍRICOS PARA DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE
INTERFACE TERRENO-ANCORAGEM (qs) ............................................................... 34
2.5.1. Parâmetros de Sondagens ............................................................................. 35
2.5.2. Resistência de Solo ....................................................................................... 38
2.5.3. Característica dos Elementos de Ensaio ....................................................... 39
2.6. INSTRUMENTAÇÃO DE ANCORAGENS PASSIVAS .................................. 41
2.6.1. Extensômetros Elétricos ............................................................................... 41
2.6.2. Sistema de aquisição de dados ..................................................................... 43

xv
2.7. SÍNTESE DOS PRINCIPAIS TRABALHOS ACADÊMICOS PUBLICADAS
NA ÚLTIMA DÉCADA .................................................................................................. 43

CAPÍTULO 3 .......................................................................................................................... 48

3. MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................... 48

3.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 48


3.2. DESCRIÇÃO DO LOCAL .................................................................................. 48
3.2.1. Caracterização Local .................................................................................... 51
3.3. INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS .................................................................. 52
3.4. ENSAIOS DE LABORATÓRIO ......................................................................... 53
3.4.1. Caracterização do Material ........................................................................... 54
3.4.2. Ensaios de Cisalhamento Direto ................................................................... 56
3.5. PROGRAMA EXPERIMENTAL DE CAMPO .................................................. 58
3.5.1. Características das Ancoragens .................................................................... 59
3.5.2. Leitura do Deslocamento na Extremidade da Ancoragem ........................... 59
3.5.3. Instrumentação com Célula de Carga ........................................................... 60
3.5.4. Instrumentação das Barras ............................................................................ 63
3.5.5. Ensaios de Calibração dos Extensômetros ................................................... 66
3.5.6. Procedimento do Ensaio de Arrancamento .................................................. 67

CAPÍTULO 4 .......................................................................................................................... 69

4. RESULTADOS E ANÁLISES ...................................................................................... 69

4.1. ENSAIOS DE CISALHAMENTO DIRETO ....................................................... 69


4.2. RESISTÊNCIA AO ARRANCAMENTO ........................................................... 71
4.2.1. Resultados Obtidos ....................................................................................... 71
4.2.2. Influência da Metodologia Executiva ........................................................... 88
4.2.3. Influência do Comprimento do Trecho Ancorado com a Resistência da
Interface terreno-ancoragem nos ensaios de arrancamento monitorados ..................... 91
4.2.4. Comportamento da Resistência de Interface Terreno-Ancoragem ao Longo
do Trecho Ancorado ..................................................................................................... 98

CAPÍTULO 5 ........................................................................................................................ 101

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 101

5.1. SUGESTÕES DE FUTURAS PESQUISAS...................................................... 104

xvi
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 105

xvii
CAPÍTULO 1
1. INTRODUÇÃO

1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

De acordo com a NBR 11.682 (ABNT, 2009) que trata da estabilidade de taludes, descreve
que para o desenvolvimento do projeto é de supra importância a exploração de informações
do local a ser implementado mecanismos externos para a estabilização do talude, estes dados
são relacionados a investigações geotécnicas do terreno, estudos hidrológicos, e estudos
precisos de ensaios de laboratórios, promovendo elementos capazes de estabilizar os esforços
estáticos oriundos do terreno e de sobrecargas.

O avanço nas pesquisas relacionadas ao aperfeiçoamento dos materiais que possuem


instabilidade incessantes, com alto índice de erodibilidade em virtude dos elevados volumes
de precipitações e consequentemente na circunstância de compreender o comportamento dos
elementos de estabilização incrementam nas tomadas de decisões auxiliando a eficiência de
intervenções a serem implementados em taludes.

Uma das soluções de estabilização de taludes amplamente utilizada é a execução de


ancoragens, seja passiva ou ativa, dependendo da criticidade avaliada no local, com paramento
em concreto projetado ou em tela metálica de alta resistência, comumente citadas em pesquisas
recentes tais como Sharma et al. (2021) e Tamiozo et al. (2022). A utilização de tela metálica
de alta resistência em conjunto com a implementação de manta antierosiva e a aplicação de
hidrossemeadura torna o sistema eficaz quanto a proteção de processos erosivos superficiais e
em concomitância prepondera a recuperação ambiental, aderindo com as diretrizes de
fechamento de mina por Flores e Lima (2012) e Sánchez et al. (2013).

Segundo a NBR 16.920-2 (ABNT, 2021), o processo executivo da inserção de ancoragens em


terreno, proporciona no aumento da resistência do maciço, por intermédio destes elementos
terem função passiva a obtenção das tensões e o tensionamento do faceamento são diretamente

1
proporcionais a deformação do maciço no caso da utilização de ancoragens passivas, elemento
considerado no desenvolvimento desta pesquisa.

Independente da tipologia do paramento de proteção aplicada para a estabilidade do talude, as


ancoragens utilizadas no sistema ancoragem-placa-paramento necessitam de informações
consolidadas para o seu dimensionamento. Nesta particularidade o conhecimento prévio da
resistência da interface terreno-ancoragem é significativo para a consolidação da metodologia
a ser concebida para o tratamento de estabilização.

As resistências da interface terreno-ancoragem são usualmente estimadas através de pesquisas


e correlações da resistência ao cisalhamento obtidos em ensaios de laboratório, conforme
apresentado pelas pesquisas de Springer (2006), França (2007) e Beloni (2010) em que foram
desenvolvidos em material gnaisse e areia argilosa. As correlações a partir de ensaios de
laboratório ou métodos de investigações geotécnicas são mais aplicados nesta condição devido
a facilidade de mobilização dos equipamentos necessários para a obtenção de parâmetros
físicos e de resistência do terreno.

Apesar da existência de estudos relacionados, conforme supracitado, a correlações de


resistência ao cisalhamento ou da interação da resistência entre terreno-ancoragem com
resultados de ensaios in situ ou de laboratório, não há uma obtenção de valores aplicados de
forma eficiente para as adversidades compatíveis no meio geotécnico. O que proporciona na
necessidade de maior aprofundamento na compreensão quanto ao desempenho de ancoragens
em taludes.

Desenvolvida em uma grande obra geotécnica, com a utilização de infraestrutura peculiar, na


proximidade a Serra do Curral no estado de Minas Gerais, esta pesquisa possui o objetivo de
compreender o comportamento da distribuição da carga ao longo do trecho ancorado de
ancoragem passiva, sendo avaliado os ensaios de arrancamento em ancoragens de diferentes
comprimentos do trecho ancorado e metodologias diversificadas.

1.2. JUSTIFICATIVA

As ancoragens utilizadas na estabilização de taludes, são executadas em terreno a partir da


disposição uniforme de reforços inseridos no terreno, com definição de comprimento,

2
espaçamentos e inclinação de execução das perfurações pré-determinados no processo de
dimensionamento, estas características são diretamente proporcionais a eficácia executiva dos
elementos dimensionados, corroborado por Sharma et al. (2019), Mohamed et al. (2021),
Villalobos (2020), Bathini e Krisna (2022) e Elahi et al. (2022).

O dimensionamento é obtido por métodos de elementos finitos (análise de estabilidade) ou


simulações numéricas, no qual são avaliados a inclinação do talude, caracterização geotécnica
e comportamento dos materiais, além da necessidade de obtenção de informações geológicas
do terreno, por sondagens e/ou estratificações substanciais, citadas nas pesquisas de Junior
(2007), Goldbach et al. (2012), Ehrlich e Silva (2012),

No processo de dimensionamento, a aplicabilidade das tensões resistentes características da


interface terreno-ancoragem possui relação relevante. Esta tensão resistente é diretamente
integrada com o comprimento das ancoragens e a resistência ao cisalhamento na conformidade
da calda de cimento com a tipologia do terreno, resistência denominada como qs por Clouterre
(1991), e consequentemente em pesquisas como as de Lima e Bueno (2007), e Silva e
Casanova (2018),

A resistência da interface terreno-ancoragem pode ser obtida de maneira assertiva através da


execução de ensaios de arrancamento em campo, conforme sugerida pela NBR 16920-2
(ABNT, 2021), no entanto devido a utilização de uma infraestrutura complexa para
mobilização (perfuratriz, central de calda de cimento), este procedimento é comumente
executado na etapa executiva para validação dos parâmetros aplicados na etapa de projeto. Na
fase de dimensionamento os parâmetros de resistência são usualmente estimados através de
processos semiempíricos, com possibilidades de ajustes apropriadamente aplicados.

Este parâmetro, na fase de projeto, pode ser estimado a partir de correlações empíricas, das
quais são obtidas por pesquisas. Como a de Ortigão e Palmeira (1997), a qual foi desenvolvida
com a compilação de ensaios de arrancamento executados em obras na região de São Paulo,
Rio de Janeiro e Brasília. Os resultados da interface terreno-ancoragem foram correlacionados
com o NSPT, com o intuito de prever a resistência a partir de métodos de investigações
geotécnicas mais usuais, no entanto devido a variabilidade do material e interpretação não
trivial, não há um coeficiente de determinação satisfatório.

3
Nesta circunstância, esta pesquisa pretende difundir a compreensão quanto as estimativas para
obtenção da tensão resistente entre o terreno-ancoragem em material itabirito friável, presente
na região do Quadrilátero Ferrífero, citado por Soares (1996), Spier (2005) e Rosenbach
(2018). Com a proposição de avaliar o comportamento em ensaios de arrancamento realizados
em campo em que foram consideradas variações do comprimento do trecho ancorado dos
reforços.

Os ensaios de arrancamento realizados foram executados por dois mecanismos: sem a


utilização de instrumentação, sendo executado o ensaio usual de acordo com a normativa
vigente durante a execução do ensaio; e, o método executando o ensaio monitorado com a
utilização de extensômetros instalados ao longo da barra, com o intuito de verificar a
distribuição da carga durante o ensaio de arrancamento, este por sua vez utilizados
frequentemente, como nas pesquisas de Gobbi et al. (2016), Liu et al. (2017), Chalmovsky e
Mica (2018), Sousa (2021), Fabris (2021).

Com a execução de ensaios de arrancamentos convencionais, com taxa de carregamento


constante, ensaios de arrancamento monitorados através da utilização de extensômetros
elétricos, e com a obtenção de parâmetros a partir de ensaios de laboratórios, este trabalho
possui o intuito de acrescentar informações quanto as estimativas da resistência por atrito
lateral a serem praticados em estágio de projeto e aprimorar a concepção na compreensão da
distribuição da carga ao longo das ancoragens.

1.3. OBJETIVOS

Esta pesquisa possui como objetivo principal analisar a correlação entre a tensão resistente
característica da interface solo-calda-ancoragem e a variabilidade do comprimento do trecho
envoltório por calda de cimento em ancoragens passivas a partir da execução de ensaios de
arrancamento convencionais e monitorados com extensômetros distanciados de forma pré-
determinadas nas barras, célula de carga na extremidade do elemento de ensaio e
acompanhamento em tempo real durante a execução do ensaio.

Como objetivo secundário, fora executado uma campanha de ensaios de laboratório com o
intuito de caracterizar geotecnicamente o material existente na área em estudo, a partir de
ensaios de caracterização convencionais e de cisalhamento direto. A amostra indeformada foi

4
retirada em local pré-estabelecido próximo aos ensaios de arrancamento monitorados.
Destaca-se que as informações obtidas em ensaios de laboratório são de caráter informativo,
não sendo aprofundadas para cunho de aplicação por correlação de resistência ao
cisalhamento.

Os objetivos específicos presentes neste trabalho são:

a) Compreender o comportamento de mobilização da tensão resistente ao longo do trecho


ancorado e da influência do comprimento do trecho ancorado;

b) Analisar o comportamento da resistência ao cisalhamento na interface terreno-


ancoragem nos ensaios de arrancamento;

c) Avaliar a variabilidade de métodos executivos em ensaios de arrancamento;

d) Aperfeiçoar a caracterização geotécnica do material presente na região em estudo;

1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO

Esta dissertação apresentada por este documento foi dividida em cinco capítulos, na seguinte
ordem:

O primeiro capítulo apresenta as considerações iniciais para o desenvolvimento desta


pesquisa, seguida da justificativa, objetivos específicos a serem concebidos no
desenvolvimento desta dissertação e a estrutura do trabalho.

O capítulo 2, apresenta os principais conceitos referenciados ao histórico e da execução da


técnica de solo grampeado, com o conhecimento explanado do dimensionamento das
ancoragens passivas, seguido da utilização de ensaios de arrancamento executados em campo
e de correlações utilizadas para a obtenção destes parâmetros de forma empírica. E
apresentação dos trabalhos científicos relevantes que abrangem o assunto proposto.

O capítulo 3, apresenta uma explanação da região a ser desenvolvida o estudo, abrangendo os


materiais e metodologias utilizadas no desenvolvimento desta pesquisa, para que seja possível
o cumprimento dos objetivos traçados.

5
O capítulo 4, apresenta os resultados obtidos nos ensaios de arrancamento convencionais e
monitorados com extensômetros elétricos, e análises a partir dos resultados obtidos nos
ensaios, de forma a demonstrar os cenários que influenciam o comportamento das ancoragens
na aplicação do ensaio de arrancamento.

O capítulo 5, apresenta as principais conclusões obtidas no desenvolvimento desta pesquisa e


diretrizes sugestivas para o desenvolvimento de futuras pesquisas.

No Apêndice A está apresentado a montagem das instrumentações com extensômetros nas


barras ensaiadas a partir da execução do ensaio de arrancamento; no Apêndice B estão
apresentadas as retas e equações de calibrações considerando a correlação entre bits x carga
aplicada; Apêndice C apresentado a diagramação da instrumentação das barras; Apêndice D
relatório fotográfico da execução dos ensaios de arrancamento em campo; Apêndice E, a
apresentação contextualizando o material itabirito friável; Apêndice F, apresenta a condição
do terreno, e o anteprojeto para a região de estudo.

Complementando as informações, estão apresentados no Anexo A o catálogo da Dywidag com


os elementos utilizados nesta pesquisa; no Anexo B o catálogo da Excel Sensor com o modelo
do extensômetro instalado nas barras e por último no Anexo C, a especificação técnica do tubo
utilizado como reação no desenvolvimento dos ensaios de calibração.

6
CAPÍTULO 2
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. SOLO GRAMPEADO

2.1.1. Breve Histórico Internacional

Desenvolvido por Ladislaus von Rabcewicz em 1945 ocorreu o surgimento da técnica de


estabilização utilizando concreto armado. Está técnica foi aplicada na estabilização de taludes
oriundas da escavação de túneis rochosos, e denominada em 1948 de NATM (“New Austrian
Tunneling Method”). Este método consiste na instalação de ancoragens com comprimento
variável de 3,00 a 6,00 metros na extensão do arco de túneis após a execução das escavações.
Estas ancoragens possibilitavam na redução da espessura do revestimento e proporcionavam
uma resistência para deformações permanentes decorrentes do maciço. O método foi aplicado
na estabilização do Túnel Massemberg em 1964, no sudeste da França. O comparativo do
método tradicional com o método australiano está apresentado na Figura 2-1.

Figura 2-1: Métodos de estabilidade de galerias e túneis: (a) rígido e (b) flexível (adaptado de
Clouterre, 1991)

7
Na França, na década de 60, a técnica de solo reforçado teve uma ramificação direcionada para
a execução de aterros, o qual foi criado o sistema de contenção de Terra Armada, de autoria de
Henry Vidal. O sistema consiste na aplicação de fitas metálicas entre as camadas de
compactação do aterro, estes elementos elevam a resistência do maciço através do atrito gerado
e permitindo a execução de empilhamentos de material com elevada altura.

Na década de 70, anteriormente do avanço da técnica NATM introduzida na França com a


aplicação de solo grampeado em taludes ferroviários próximo a Versailles, foi apresentado por
Lizzi, na Itália, o procedimento de estabilização de taludes em solo, com a inserção de
ancoragens passivas (não protendidas) executadas a diversas inclinações e utilizado vigas de
concreto armado como paramento. Na França, nesta mesma década, ocorreu avanços
significativos na utilização de solo grampeado em taludes constituídos de arenitos, o qual
abrangeu cerca de 12.000 m² de área estabilizada.

Em uma das obras constituídas no acervo francês, se destaca a obra de estabilização no pátio
da estação de Versailles-Chantiers. Nesta obra foi executada atividades de terraplenagem com
regularização de taludes de até 21,60 metros e inclinação na ordem de 70° numa extensão
próxima a 1km. A área de estabilização foi de 12.600 m² e 25.800 unidades de ancoragens
executadas com comprimento variável de 4,0 a 6,0 metros, e perfurações preenchidas com
injeção de calda de cimento. Na Figura 2-2 apresenta o resultado dos ensaios de arrancamentos
executados a 12, 36, 168 e 264 horas após o processo de preenchimento com calda de cimento.

100

80
Carga (kN)

60

40

20

0
0 50 100 150 200 250 300
Horas

Figura 2-2: Resultado dos ensaios de arrancamento executados posteriormente a injeção de


calda de cimento

8
Na Alemanha, a técnica de solo grampeado foi introduzida a partir de 1975, e até 1981 já havia
um acervo técnico superior a 24 obras utilizando o sistema de estabilização. No Canadá, há
registros que anteriormente a 1976 já haviam sido executadas 10.000 m² de área estabilizada
em taludes de até 18 metros de altura, conforme citado por Shen et al. (1981). Nos Estados
Unidos, iniciou em 1976, na utilização da estabilização durante o processo de escavação de um
Hospital em Portland, Oregon. Sendo executado a escavação e regularização de 13,7 metros de
subsolo aplicando 683 ancoragens de estabilização provisória com comprimento entre 7,0 e 8,5
metros, fixados com calda de cimento.

2.1.2. Breve Histórico no Brasil

A partir da utilização de ancoragens para a estabilização de galerias, túneis e taludes, fora


primeiramente publicada normativa na Alemanha, DIN-4125: Ground anchorages, Design,
constructon and testing (DIN-4125, 1972), padronizando as diretrizes para a execução do
método de contenção com ancoragens. Com base na norma alemã ocorreu a discretização da
norma em outros países, no Brasil, em 1975, foi elaborada a norma brasileira 565 (NB-565,
1975), que posteriormente foi renomeada para NBR 5629 (ABNT, 1977).

No Brasil, há registros no emprego das técnicas de ancoragens na construção de túneis na


década de 70, no entanto não há divulgações oficiais sobre o procedimento executivo, citado
por Ortigão et al. (1993). Dentre os anos de 1983 a 1993, há 17 obras em que foram executadas
utilizando a técnica de ancoragem com o uso de revestimento em concreto. Na Figura 2-3 estão
apresentados os municípios com as respectivas áreas das primeiras aplicações da técnica de
estabilização de solo grampeado utilizando concreto projetado.

Figura 2-3: Cronologia de obras publicadas de solo grampeado executadas na década de 80 no


Brasil

9
Abaixo serão apresentadas de forma resumida as características do maciço e das ancoragens
utilizadas nas obras supracitadas da década de 80 no Brasil.

a) Em Taboão da Serra/SP, no ano de 1983, foi executado um paramento de concreto


projetado em talude de aproximadamente 25 metros de altura e inclinação de 55°. O
tratamento aplicado se refere a ancoragens de 4,00 metros de comprimento numa malha
retangular de 2,00 metros x 1,50 metros, no qual foi aplicado concreto projetado na
espessura de 7 cm;

b) No município de São Paulo/SP, em 1983, foi executado a estabilização do talude


constituído por aterro de aproximação de uma ponte férrea, na qual foi inserido
ancoragens de 25 mm de diâmetro em perfurações de 75 mm, com profundidade de 7,50
metros a 10,50 metros. O talude possuía 6,50 metros de altura e inclinação de 75°, após
a execução das ancoragens, a face do talude foi encoberta por concreto projetado 10 cm;

c) No ano posterior, em 1984, foi aplicado um reforço de solo grampeado em talude de


aproximação em uma variante de ferrovia, no município de Mairinque/SP. O talude
possuía 26 metros de altura e inclinação de 75° constituído por filito extremamente
alterado. O tratamento aplicado foi de ancoragens de aço com 25 mm de diâmetro em
perfurações de 75 mm, espaçados de 2,00 metros na horizontal e 4,00 metros na vertical,
com comprimento de 8,0 metros a 23,0 metros. O faceamento foi executado com
concreto projetado de 10 cm de espessura;

d) Em Niterói/RJ, em 1984, foi executado a estabilização de uma escavação com altura


total de 35 metros e inclinação de 75°, subdividida em quatro bancadas. Na parte
superior, os primeiros 17 metros, foram executadas ancoragens passivas com
comprimento de 6,0 metros a 9,0 metros, enquanto na porção inferior foram executadas
ancoragens ativas. O faceamento foi aplicado concreto projetado com espessura de 15
cm;

e) No ano de 1986, nos municípios de Salvador/BA e Taboão da Serra/SP, foram


executados um total de 2.850 m² de talude estabilizado por solo grampeado. Os taludes
possuíam altura superior a 10 metros e inclinação entre 50° e 60°. As ancoragens
inseridas para a estabilização eram de 5,00 metros a 12,00 metros, e espaçamento na

10
ordem de 2,00 metros. O concreto projetado aplicada na face do talude possuía
aproximadamente 5 cm de espessura;

f) Em 1987, foi aplicado a técnica de solo grampeado numa área de 1.350 m² no município
de Salvador/BA. O talude em questão tinha 15 metros de altura e inclinação de 60°
constituído por solo residual. O tratamento aplicado constituía na inserção de
ancoragens entre 5,00 metros e 7,00 metros, de diâmetro de 20mm em perfurações de
75 mm, e espaçamento entre as ancoragens de 2,50 metros. O concreto projetado
executado era de 5 cm de espessura, e uma malha de tela metálica;

g) Nos municípios de Petrópolis/RJ e São Paulo/SP, foram executadas obras geotécnicas


de estabilização no ano de 1988, com área aproximada de 950 m². Os taludes possuem
altura na ordem de 10 metros e inclinação máxima de 75°. O concreto projetado
executado na face do talude possuía 10 cm de espessura, e as ancoragens tinham
comprimento entre 4,00 metros e 5,00 metros, de aço com 25 mm de diâmetro e
diâmetro da perfuração de 75 mm. As ancoragens eram espaçadas numa malha quadrada
de 1,50 metros;

h) No Polo Petroquímico de Camaçari/BA, foi executado uma das últimas obras


publicadas na década de 80, a qual configura um talude de aterro arenoso, a 70° e altura
aproximada de 4,00 metros. As ancoragens, executadas no ano de 1989, são espaçadas
a 1,00 metros na horizontal e 0,80 metros na vertical com comprimento de 2,00 metros
a 4,00 metros e diâmetro do aço de 20mm e perfurações de 90 mm de diâmetro. O
concreto projetado é constituído com armadura dupla e espessura de 10 cm;

i) Em paralelo, em São Paulo/SP, ocorreu a execução de uma obra semelhante a realizada


na Bahia no ano de 1989. Com área próxima a 250 m² e altura do talude de 8,00 metros
com inclinação vertical. O concreto projetado possuía espessura de 8 cm com uma
camada de tela metálica, as ancoragens eram de 2,50 metros, de aço de 25mm e
perfurações com 75 mm de diâmetro. A malha de execução dos tirantes era de 1,30
metros x 1,50 metros.

A Figura 2-4 apresenta as principais obras relacionadas a solo grampeado com a aplicação de
faceamento em concreto projetado publicadas, na década de 90 por Ortigão et al. (1993).

11
Figura 2-4: Cronologia de obras publicadas de solo grampeado executadas na década de 90 no
Brasil

Nos itens seguintes, serão apresentadas de forma sucinta as características do maciço e das
ancoragens utilizadas nas obras supracitadas da década de 90 no Brasil, nos estados de São
Paulo e Bahia.

a) Obra destaque pela execução no início da década de 90 em São Paulo/SP, a intervenção


contemplou a estabilização de um talude escavado com altura de aproximadamente 5,0
metros. As ancoragens possuíam comprimento variado de 3,00 metros a 6,00 metros,
com espaçamento de 1,20 metros tanto na horizontal como na vertical. O faceamento
foi executado com malha dupla de tela metálica e espessura de 12 cm de concreto
projetado;

b) No ano posterior, em 1991, ocorreu a estabilização de um talude com altura máxima de


11,00 metros e inclinação de 70°. A intervenção constituía por ancoragens de 3,00
metros a 6,00 metros e espaçamento de 2,00 metros em ambos os sentidos. O
faceamento foi executado em concreto projetado, com espessura de 7 cm;

c) Em Salvador/BA, em 1992, executada obra de estabilização em talude com altura


máxima de 10,00 metros e inclinação de 75°. O tratamento executado consistiu em
ancoragens de 3,00 metros a 4,00 metros e malha quadrada das ancoragens com
espaçamento de 2,00 metros. O faceamento foi executado com concreto projetado de
espessura igualitária a 6 cm;

d) Na obra de Cubatão/SP, executada no ano de 1992, representa taludes de inclinação


entre 45° e 70° e altura máxima de 10 metros constituído por granito/gnaisse. O

12
tratamento aplicado foi de ancoragens cravadas de 22mm de diâmetro numa área de
1.800 m² de concreto projetado de armadura simples com espessura de 7 cm;

e) No ano de 1993, foi registrado a execução de três obras de contenções utilizando solo
grampeado no município de São Paulo/SP. As obras totalizam uma área estimada de
2.450 m². Os taludes estabilizados possuem altura geométrica máxima de 16,0 metros e
inclinação variando entre 60° e 90°. As ancoragens possuem profundidade entre 3,00
metros e 10,00 metros e espaçamentos horizontal e vertical mínimo de 1,00 metro e
máxima de 2,10 metros. O faceamento de concreto projetado varia entre espessuras de
6 cm e 10 cm.

Sucedendo a evolução tecnológica, a técnica de utilização de ancoragens foi ampliando as suas


áreas de aplicações, sendo continuadamente utilizadas em obras temporárias conforme
inicialmente surgiu. As aplicações também foram desenvolvidas na estabilização de taludes em
rodovias, barragens e com expansão célere a partir do ano de 1996, segundo Pitta et al. (2003).
Na Figura 2-5 apresenta a cronologia histórica quanto ao desenvolvimento de normativas para
ancoragens ativas a partir da norma alemã até o ano de 2018, para posteriormente ser publicada
uma norma específica NBR 16920:2021 - Muros e taludes em solos reforçados (ABNT, 2021),
com a inclusão de diretrizes direcionadas para ancoragens passivas.

Figura 2-5: Cronologia do desenvolvimento de normas para ancoragens ativas e passivas no


Brasil

No entanto, a normativa nacional, NBR 16920-2 (ABNT, 2021), foi publicada 25 anos após o
início da expansão célere supracitado. Durante este período o desenvolvimento de projetos e
execuções tiveram como base adaptações das normativas nacionais vigentes de ancoragens
ativas nacionais e internacionais e o Manual de Serviços Geotécnicos (Zirlis et al., 2018) com
as expertises de profissionais da empresa Solotrat para a execução de obras geotécnicas,
vinculadas a estabilizações de maciços.

13
2.1.3. Definição

Segundo a NBR 16920-2 (ABNT, 2021), a técnica de solo grampeado é formada pela inserção
de ancoragens distribuídas uniformemente com espaçamento e comprimento determinados por
análises de instabilidade, com a incumbência de reforçar a massa instável em conjunto com a
projeção de concreto ou a instalação de tela de alta resistência. Devido a estas ancoragens serem
executados na condição passiva, a análise para a aplicação de solo grampeado deverá ser
considerada a potencialidade da linha de ruptura (Caltrans, 2015).

Conforme apresentado pela NBR 11682 (ABNT, 2009), a ancoragem passiva é constituída por
um elemento inserido no terreno com o intuito de reforçar a estabilidade do maciço, envoltório
por calda de cimento ou mistura heterogênea de argamassa ou outro aglutinante capaz de resistir
a esforços de tração e cisalhante. O preenchimento da perfuração possui o intuito de distribuir
as cargas por todo o seu comprimento, sendo que o início da mobilização ocorre pela indução
de deformabilidade do maciço sendo está carga mobilizada absorvida parcialmente pela cabeça
da ancoragem. Na normativa vigente, a NBR 16.920-2 (ABNT, 2021) a ancoragem passiva é
denominada como elemento inserido no terreno, que propõe um reforço ao maciço e a
mobilização de resistência ocorre por todo o comprimento.

Durante o processo de escavações, seja para beneficiamento de minério, ou para a execução de


rodovias e/ou ferrovias, ocorrem atividades de extração. Concedendo a exposição do material
confinado, este possui a tendência de deslocamento na direção da escavação, na ocorrência de
saturação do material e/ou a utilização de inclinações superiores a estabilidade do material in
situ, configurando a ruptura do maciço. A ação de deslocamento da massa em direção à zona
livre constitui na mobilização dos esforços de ancoragens passivo quando aplicado a técnica
grampeamento.

Para o dimensionamento de ancoragens passivas, há um pré-requisito de considerar uma


deformação do maciço para que as ancoragens sejam mobilizadas, está mobilização pode ser
iniciada pelo deslocamento mínimo do maciço. Ao contrário de ancoragens ativas, as
ancoragens passivas podem transferir tensões para o maciço ao longo de todo o comprimento,
visto que não há trecho livre na execução desta ancoragem.

Para o dimensionamento é de acentuada importância o conhecimento da cunha de ruptura, a

14
qual divide as zonas ativas e passivas. A zona ativa é a região instável do maciço, local onde
ocorrerá o deslocamento para a mobilização das ancoragens. A zona passiva se considera a
região onde as ancoragens estabilizarão o maciço, ocorre a incorporação e reação aos esforços
gerados pela zona ativa (Oliveira e Santos, 2007).

Este mecanismo torna que as ancoragens implementadas atuem como uma conexão entre a zona
ativa e passiva do maciço, deste modo ocorre a redução dos esforços para o faceamento do
maciço, ou seja, para a extremidade externa da ancoragem. A representatividade destes
componentes está apresentada na Figura 2-6.

Figura 2-6: Definição dos elementos característicos de instabilidade em maciço (Adaptado da


NBR 16.920-2, ABNT, 2021)

A compreensão da linha de ruptura durante a análise de estabilidade de um talude se caracteriza


pela obtenção de parâmetros suficientes para que ocorra aderência da ancoragem na zona
passiva. Este por sua vez, estimado pela resistência ao cisalhamento, ou resistência ao
arrancamento da ancoragem.

Para Clouterre (1991), a determinação do comprimento das ancoragens, constituída pela


aplicabilidade da ancoragem à resistência de carga, está conectada diretamente com a relação
da aderência entre a ancoragem e o solo, este parâmetro é determinado a partir de ensaios de
arrancamento executados na área.

15
2.1.4. Aplicações e Revestimentos

A aplicabilidade de solo grampeado para a estabilização de maciços iniciou com a utilização de


faceamento em concreto projetado, o qual resistia a deformações permanentes em simultâneo
com a aplicação de ancoragens. Posteriormente ocorreu a utilização de faceamentos maleáveis,
o que proporcionavam vantagens construtivas e elevação no fator de segurança durante a
aplicação da solução. Conforme Rosa (2015), a partir dos anos 2000 ocorreu avanços
significativos na utilização de tela metálica de alta resistência no faceamento de maciços
rochosos, o que proporciona em vantagens técnicas durante a fase de construção e
consequentemente de estabilização.

Dependendo do grau de instabilidade em que o talude se encontra, é possível aplicar outras


tecnologias capazes de aderir a função de revestimento para o maciço, como a utilização de
revestimento reforçados com aço, tela vegetal, hidrossemeadura e/ou painéis de concreto. A
aplicabilidade destas técnicas depende do diagnóstico e a necessidade quanto a estabilização do
talude. No entanto usualmente as técnicas optadas por estabilização de taludes são faceamento
de concreto projetado ou de tela metálica de alta resistência.

2.1.5. Vantagens e Desvantagens das Técnicas de Faceamento

Considerando apenas a utilização do faceamento com concreto projetado e de tela metálica de


alta resistência, pode destacar as seguintes vantagens quanto a aplicabilidade das técnicas. Na
Tabela 2-1 apresentada as vantagens e desvantagens quanto a aplicação de concreto projetado
e estabilização de maciço, enquanto na Tabela 2-2 apresentada as vantagens quanto a aplicação
de tela metálica de alta resistência.

Tabela 2-1: Vantagens e desvantagens na utilização de faceamento com concreto projetado de


acordo com o manual de engenharia do corpo de engenheiros de U.S. Army (1993) –
(Continua)
Vantagem Desvantagem
• Apesar de recomendações quanto a aplicação • Elevado custo de aplicabilidade
em camadas de concreto projetado, a pressão de devido a necessidade de ancoragens
lançamento torna a camada espessa e resistente; com espaçamento inferiores para
evitar eventuais rupturas do
• Possibilidade de aplicação em qualquer forma
elemento rígido.
geométrica do maciço.

16
Tabela 2-1: Vantagens e desvantagens na utilização de faceamento com concreto projetado de
acordo com o manual de engenharia do corpo de engenheiros de U.S. Army (1993) –
(Conclusão)
Vantagem Desvantagem
• Eficácia quanto a durabilidade do material, visto • Facilidade na formação de pequenas
que o concreto é um elemento resistente a ação fissuras passíveis de infiltrações e
de intempéries e agentes químicos; processos corrosivos na armadura;
• Em locais com acesso a técnica se sobressai pela • Devido a rigidez da estrutura ocorre
facilidade do processo executivo, possibilitando a possibilidade de acréscimos de
uma maior produtividade para a execução; poropressão no interior do
elemento;
• Apesar de recomendações quanto a aplicação
em camadas de concreto projetado, a pressão de • Elevado custo de aplicabilidade
lançamento torna a camada espessa e resistente; devido a necessidade de ancoragens
com espaçamento inferiores para
• Possibilidade de aplicação em qualquer forma
evitar eventuais rupturas do
geométrica do maciço.
elemento rígido.

Tabela 2-2: Vantagens e desvantagens na utilização de faceamento com tela metálica de alta
resistência de acordo com Cala et al. (2012).
Vantagem Desvantagem
• Segurança de aplicação do revestimento visto • Baixa mão de obra especializada
que é possível a instalação da tela anteriormente para a execução da técnica;
a execução das perfurações;
• Publicada a primeira normativa
• Não ocorre a impermeabilização do maciço, brasileira para a aplicação da técnica
portanto evita a formação de excesso de em 2021.
poropressão;
• Alta durabilidade, devido ao revestimento
possuir proteções quanto a corrosão compatível
com o ambiente de aplicação;
• Possibilidade de aplicação em qualquer forma
geométrica do maciço, e passível a suportar
deformações;

2.2. DIMENSIONAMENTO DE ANCORAGENS PASSIVAS

A estabilidade de um talude para a aplicação da técnica de solo grampeado, sendo a NBR


16.920-2 (ABNT, 2021) deve atender os critérios de segurança de estados-limite-últimos, a qual
é definida a partir de métodos da teoria de equilíbrio limite, determinante do fator de segurança
por uma potencialidade na superfície de ruptura definida de forma probabilística ou
determinística. Outro método de cálculo para a verificação do critério de segurança é pela

17
avaliação do comportamento tensão deformação, utilizando ferramentas na base de elementos
finitos e modelagem numérica, conforme apresentado por Silva e Gomes (2016) e Mohamed et
al. (2023).

A definição da superfície de ruptura está diretamente relacionada as questões geométricas do


talude, carregamentos aplicados sobre o maciço, resistência e deformabilidade do material e
das ancoragens. A sua forma da superfície depende do modo de ruptura, seja linear, poligonal
ou circular sendo definida por inspeção de campo e/ou tipologia do material.

Para que estás avaliações quanto a estabilidade seja aproximada a realidade de campo, são
necessários o conhecimento e a assertividade das características dos materiais constituídos no
maciço. A NBR 16.920-2 (ABNT, 2021) apresenta que para taludes superiores a 3,00 metros
de altura sejam executadas duas perfurações de sondagens na seção característica da região.
Como ensaios complementares são considerados as investigações quanto ao nível
piezométricos, nível d’água, ensaios de laboratório e de campo.

Como elemento fundamental para a aplicação da técnica de solo grampeado está a execução de
ancoragens que possuem função de reforço e estabilidade do maciço, conforme projeto
apresentado por Clouterre (1991). O comprimento destas ancoragens deve ser dimensionado
com base no equilíbrio externo e interno do talude e verificado pela resistência ao arrancamento
na região instável e consequentemente resistentes com base nos esforços aplicados sobre o
elemento na zona de incorporação das ancoragens (Ehrlich, 2003).

O dimensionamento do comprimento necessário da zona de incorporação das ancoragens é


definido a partir da Equação 2-1, (GeoRio, 2000), no qual a carga máxima (TMÁX) é definida
por ensaio de arrancamento executado na região a ser avaliada, 𝑞𝑠 corresponde a resistência de
interface terreno-ancorado, D é o diâmetro da perfuração e 𝐿𝑏 é comprimento do trecho
ancorado.

𝑇𝑀Á𝑋 = 𝑞𝑠 ∙ 𝜋 ∙ 𝐷 ∙ 𝐿𝑏 Equação 2-1

As características quanto ao ensaio de arrancamento está apresentado no item 2.3.

2.2.1. Mecanismos de Ruptura

18
Anteriormente a execução e avaliação dos ensaios de arrancamento executados em ancoragens,
é interessante compreender os mecanismos de ruptura que podem ocorrer durante os ensaios e
a vida útil do sistema de solo grampeado aplicado para estabilização. De acordo com Clouterre
(1991) e posteriormente evidenciada por Lanzieri (2019) e Yang et al. (2020), os mecanismos
podem ser subdivididos em:

a) Instabilidade Interna: ocorrência de deformações na região do maciço em que as


ancoragens foram inseridas, ou seja, rupturas locais. As causas desta ruptura podem
estar relacionadas a baixa adesão entre a resistência do terreno-ancoragem; ruptura
estrutural das ancoragens; processo de deslocamento do paramento de proteção; ruptura
superficial entre os espaçamentos das ancoragens, devido ao carreamento de material
e/ou saturação. Neste processo é comumente observado o cisalhamento das ancoragens;

b) Instabilidade Externa: ocorrência de deformação fora da região de incorporação das


ancoragens, comum na eventualidade de rupturas globais. Este mecanismo está
relacionado ao comprimento das ancoragens e/ou a baixa aderência da resistência entre
o terreno-ancoragens;

c) Instabilidade Mista: ocorrência de deformações parcialmente na região do maciço em


que as ancoragens foram executadas. Ruptura que está relacionada a insuficiente de
comprimento das ancoragens e insignificância resistência adquirida entre o terreno-
ancoragem.

19
Figura 2-7: Representação das superfícies potenciais de ruptura (Adaptado da ABNT, 2021)

2.3. ENSAIOS DE ARRANCAMENTO

Neste capítulo será apresentado uma revisão bibliográfica sobre métodos e características de
execução do ensaio de arrancamento que foram embasadas para a elaboração da norma vigente
NBR 16.920 (ABNT, 2021). Apresentando também os mecanismos de ruptura em elementos
utilizados em reforços de maciço com semelhanças ao que se espera que ocorra em ancoragens
passivas.

2.3.1. Metodologia

Anteriormente a 2021 não havia uma norma especifica no Brasil sobre a execução e
monitoramento de ensaio de arrancamento no Brasil, este era elaborado a partir de experiencia
de outros autores e com base em norma de tirantes (Springer, 2006). Em 2021 foi publicado a
primeira edição da NBR 16920 (ABNT, 2021), concentrada em diretrizes para execução de
muros e taludes em solo reforçado. A parte 1 da norma apresenta informações sobre solos
reforçados em aterro e na parte 2 diretrizes referentes a execução de solo grampeado.

O ensaio de arrancamento consiste na aplicação de carga (força a tração) na barra instalada,


com características prescritas pelo projetista, capaz de ocasionar uma movimentação de
cisalhamento entre o terreno e a ancoragem instalado. Em estudos realizados por Clouterre

20
(1991), o ensaio de arrancamento deverá ser monitorado por macaco hidráulico com capacidade
de carga compatível, placas e porcas do sistema de contenção utilizadas para leituras de reações
da carga exigida pelo macaco hidráulico, e medidor de deslocamento, esquema apresentado na
Figura 2-8. Este possui intuito de obter informações de resistência da interface terreno-
ancoragem (qs).

Figura 2-8: Esquema de montagem de equipamentos para execução de ensaio de


arrancamento (Adaptado de Clouterre, 1991)

Os ensaios de arrancamento, seguindo as diretrizes da NBR 16.920 (ABNT, 2021),


denominados de ensaio prévio, indicam a execução de estágios de carregamento, verificando a
carga de tração máxima resistente. Durante o ensaio deve ser realizado no mínimo 5 estágios,
com variação de carregamento de aproximadamente 20% da carga máxima prevista para o
ensaio.

Para cada estágio de carga aplicada sobre a ancoragem, registra em planilha controle, através
de leitura realizada em relógio comparador, o qual está instalado em suporte fora do contato
com os equipamentos de ensaio e apoiada sobre a ponteira da barra de ensaio, segundo a NBR
5.629 (ABNT, 2018) o tempo de espera para cada ensaio é de 5 minutos, sendo o último estágio
15 minutos. Para Clouterre (1991), a carga aplicada sobre a barra em relação ao deslocamento
obtido pela barra é capaz de extrair o valor máximo resistente a tração pela ancoragem ensaiada.

De maneira geral, os ciclos e a velocidade do carregamento são pré-determinados com base na


NBR 16.920 (ABNT, 2021). Para ensaios de tração, a normativa de tirantes NBR 5.629 (ABNT,
2018) apresenta os seguintes estágios de carregamento, para verificação no desempenho em

21
elementos de cargas incorporadas: 0,3; 0,6; 0,75; 1,00; 1,20; 1,40; 1,60; 1,75, em que após cada
carregamento deverá ser aplicado o descarregado até a carga inicial e carregados posteriormente
a carga superior.

Para ensaios de arrancamento em ancoragens, o carregamento de 1,75 equivale a resistência


máxima suportada pela barra ensaiada. Importante destacar que a barra adquirida para a
realização do ensaio necessita conceber a uma resistência superior a relação terreno e calda de
cimento do local ensaiado.

Como principal função do ensaio de arrancamento é a obtenção da carga máxima de tração da


interface terreno-ancoragem, o elemento de fixação, normalmente utilizado por barra de aço,
deve ser superdimensionada. Com o intuito de que os deslocamentos obtidos sejam obtidos pela
deformação do trecho ancorado. Portanto, GeoRio (2000) recomenda que a carga máxima do
ensaio esteja compatível com as características do elemento, conforme apresentado pela
Equação 2-2. Em que o dado de 𝑓𝑦 é a tensão de escoamento do aço e 𝐴𝑠 é a área da seção
transversal útil da barra.

𝑇𝑀Á𝑋 = 0,9 ∙ 𝑓𝑦 ∙ 𝐴𝑠 Equação 2-2

Em estudo desenvolvido por França (2007), onde foi realizado ensaio de arrancamento em
laboratório, foram aplicados sobrecarga de 50 kN/m² com velocidade média de 2,3kN/min, em
ancoragens protótipos de 8mm e 1,80m de comprimento total, sendo 1,30 metros inseridos no
furo de 27 mm de diâmetro e distribuídos em espaçamentos de 2,50 metros (horizontal e
vertical). Nesta proposta o carregamento foi aplicado de forma constante sem o aguardo de
tempos de espera entre os estágios. Neste mecanismo de ensaio podem ser determinadas a carga
de arrancamento máxima, a carga residual, e o coeficiente angular da curva de carga-
deslocamento.

Além da resistência máxima que a ancoragem resiste a tração obtido pelo ensaio de
arrancamento, na etapa intermediaria do ensaio, poderá ser aplicado uma carga constante, com
o intuito de verificar o comportamento da ancoragem quando estiver submetida a uma mesma
carga por um período. Segundo a NBR 5629 (ABNT, 2018), este mecanismo compreende no
ensaio de fluência, o qual, determina a estabilização da ancoragem quando aplicada carga

22
constante a longa duração.

Em monitoramentos realizados por Clouterre (1991), se observa que a fluência das ancoragens
ou fenômeno de Creep, ocorre em período após a obra ter finalizado. Comportamento este, que
fomenta na elevação dos esforços de cisalhamento compreendido na ancoragem.

Springer (2006), define que o ensaio de arrancamento consiste na execução de cargas sucessivas
sobre a ancoragem, no sentido de tração, até a carga máxima suportada. O qual ocorre a ruptura
ou o deslocamento da ancoragem devido ao rompimento da resistência de cisalhamento entre a
calda de cimento e o terreno.

A resistência ao cisalhamento obtido no ensaio realizado no local está relacionada a constância


no deslocamento da ancoragem durante a manutenção de carga aplicada. Para Caltrans (1997),
o deslocamento contínuo na ancoragem sem a elevação na carga de tração aplicada define o
ponto de ruptura da ancoragem ensaiada.

2.3.2. Quantidades

De acordo com a normativa vigente de solo grampeado, NBR 16.920-2 (ABNT, 2021), para a
obtenção de resultados satisfatórios de atrito lateral das ancoragens da técnica de estabilização,
são necessários a execução de no mínimo três ensaios de arrancamento, que são de caráter
opcional, visando a possibilidade de resultar valor representativo para a região em análise de
estabilidade.

Durante a etapa construtiva de execução do sistema de estabilização, são necessários a execução


do ensaio de arrancamento em 1% da quantidade total de ancoragens da obra, ou uma
quantidade mínima de três ensaios em região representativa da obra. Devido a execução de
esforços na ancoragem, estas não devem pertencer a estabilidade do maciço, servindo apenas
como ancoragens de sacrifício para a confirmação dos parâmetros utilizados em cálculo e
garantindo o funcionamento do sistema.

Clouterre (1991), informa a necessidade de execução dos ensaios de arrancamento para a


confirmação dos parâmetros estimados durante a etapa de projeto, neste caso, foi considerado
que não há parâmetros conhecidos de resistência da interface terreno-ancoragem durante a etapa

23
de projeto. A Tabela 2-3 apresenta o número mínimo de ancoragem do sistema a serem
ensaiados para comprovação dos resultados obtidos.

Tabela 2-3: Relação do número mínimo de ensaio de conformidade com a área de tratamento
(Adaptado de Clouterre, 1991)

Área de Área de
Tratamento Número Mínimo de Ensaio Tratamento Número Mínimo de Ensaio
de Arrancamento de Arrancamento
(m²) (m²)
Até 800 6 4000 a 8000 15
800 a 2000 9 8000 a 1600 18
2000 a 4000 12 6000 a 40000 25

Na possibilidade dos ensaios de arrancamento executados demonstrarem resultados não


satisfatórios, fica a critério da projetista a reavaliação da memória de cálculo e solicitação de
novos ensaios de arrancamento a serem executados na obra.

2.4. TRANSFERÊNCIA DE CARGA TERRENO-ANCORAGEM

O método de interpretação de ensaios de arrancamento se aproxima ao apresentado pela NBR


5.629 (ABNT, 2018), no qual se refere na metodologia de ensaios de desempenho para
ancoragens ativas. Neste método, avalia o deslocamento registrado na cabeça da ancoragem
através da estabilização da carga aplicada a tração sobre a ancoragem.

A resultante da carga máxima de ensaio está diretamente correlacionada a estabilização da carga


durante o ensaio ou limitada pelo deslocamento máximo estabelecido pela projetista e
consequentemente relacionada a resistência da interface terreno-ancoragem, citada pela NBR
16.920-2 (ABNT, 2021).

2.4.1. Comportamento Mecânico das Ancoragens

Apesar da utilização ampla de métodos analíticos e de equilíbrio limite para o dimensionamento


do sistema de solo grampeado, nenhum destes exemplifica o mecanismo de atuação das
ancoragens mediante aos esforços solicitados pelo terreno. Nestas circunstâncias, de acordo
com Geoguide 7 (2008) é de interesse geotécnico a análise de tensão-deformação de forma a

24
avaliar a capacidade das ancoragens e de deformação do terreno. A geração de tensões ao longo
da barra tende a ser não uniforme e está relacionada a propriedades mecânicas da ancoragem, e
geomecânico do terreno, bem como a relação entre ambos.

Conforme Ehrlich (2003), são dois os mecanismos que atuam na ancoragem de solo grampeado
quando submetidos a esforços para a estabilização do maciço, primeiramente pela força a
tração, sendo desenvolvida uma região cisalhante (interface terreno-ancoragem) e o empuxo
(tensão que a ancoragem é submetida a partir do maciço). Os maciços normalmente apresentam
tensões de compressão e cisalhante satisfatórios, no entanto com déficit na resistência a tração,
o que a inserção de ancoragens equilibra o sistema, tornando favorável para a execução de
escavação com inclinações íngremes.

A região cisalhante da barra ocorre próxima a divisão da região instável com a região de
incorporação das ancoragens. Segundo Lazarte et al. (2003), na região instável do maciço
(próximo ao fator de segurança de ruptura) as tensões atuantes na ancoragem são orientadas
para fora do maciço. Enquanto na região considerada como resistente, as forças de atrito com
o terreno agem contra o sentido de arrancamento, ambos os mecanismos estão apresentados na
Figura 2-9.

Figura 2-9: Comportamento de ancoragens e demonstração da região máxima a tração


(Adaptado de Lazarte et al., 2003)

Com base na Figura 2-9, se observa que o comprimento da ancoragem resistente ao


arrancamento, zona de incorporação, é superior ao verificado pela potencialidade de ruptura. O
que corrobora a complexidade na identificação do posicionamento da região em que ocorre a

25
carga máxima de tração.

2.4.2. Resistência da interface terreno-ancoragem

A transferências das tensões geradas a partir do ensaio de arrancamento (força axial) é restrita
com a adesão entre o terreno e a ancoragem que por sua vez ocorre pequenas mobilizações com
a aplicação de carregamentos. Segundo Clouterre (1991), a tensão de resistência ao
arrancamento é denominada qs. Esta variável é diretamente proporcional com a capacidade de
carga última da ancoragem, ensaiada durante o ensaio de arrancamento.

Conforme verificado no item 2.4.1 existe uma complexidade para a determinação da tensão
máxima aplicada sobre uma ancoragem durante o ensaio de tração do elemento, o que
demonstra a não uniformidade da mobilização a resistência ao longo da ancoragem. Para
Lazarte et al. (2003) e Geoguide 7 (2008), é aceitável que seja adotado um valor de resistência
da interface terreno-ancoragem constante ao longo da barra.

Com a incompreensão para o comportamento na interface terreno-ancoragem pesquisas tem se


aprofundado para diagnosticar estes mecanismos, no entanto há uma diferenciação quanto a
tipologia do material em que o elemento está ensaiado. Proto (2005), Springer (2006)
apresentaram o comportamento das tensões ao longo da barra, inseridas em material gnaisse,
através da utilização de extensômetros.

A princípio está técnica de avaliação do comportamento em ancoragens teve início por Shields
et al. (1978, apud Zeitoune, 1982), o qual apresentou o resultado de ensaios de desempenho em
tirantes monitorados a partir de extensômetros elétricos. A partir das informações destes ensaios
de desempenho, o deslocamento obtido na cabeça da ancoragem foi dividido entre três
componentes:

a) Deslocamento elástico da ancoragem no trecho livre: admite-se que neste componente


está a maior parte do deslocamento obtido na cabeça da ancoragem;

b) Deformação do bulbo de ancoragem: considera-se que está componente é nula ou


próxima de zero;

26
c) Deslocamento do fundo do bulbo: este deslocamento obtido tem maior relevância, visto
o formato típico dos bulbos de ancoragem (alongados) e probabilidade de associação
com a mobilização da capacidade de carga do elemento de ancoragem.

Li et al. (1988) utilizou extensômetros elétricos posicionados ao longo da ancoragem para a


avaliação do comportamento da distribuição de carga. Estes elementos foram inseridos em
material silte argiloso em paralelo a uma parede de diafragma. As ancoragens possuíam
comprimento de 30,0 metros. Nas interpretações das informações obtidas, foi observado que a
carga não se distribuiu uniformemente ao longo da ancoragem, se concentrando a carga máxima
próximo ao início do elemento. E a carga máxima obtida foi próxima a zero entre a porção
intermediária ao final da ancoragem do trecho ancorado.

Briaud et al. (1998), executou o monitoramento de ancoragens inseridas em material argiloso.


As ancoragens possuíam 9,2 metros de trecho livre, 4,6 metros de trecho ancorado, totalizando
13,8 metros. Os resultados obtidos nestes elementos monitorados identificaram carga máxima
das tensões próxima ao início do trecho ancorado.

Como alternativa das pesquisas anteriores, Iten e Puzrin (2010), utilizaram sensores de fibra
óptica para observar o comportamento de transferência de carga em ancoragens de 8,0 metros.
Assim como nos ensaios anteriores foi observado uma distribuição não linear no
comportamento das cargas aplicadas ao longo da ancoragem, e uma redução acentuada nos
últimos 2,0 metros do trecho ancorado.

Além da utilização de extensômetros elétricos para instrumentação e verificação da


transferência de carga ao longo de ancoragens durante ensaios de arrancamento ou de
desempenho, foi proposto por Bryson e Giraldo (2020), o monitoramento de um sistema de
estabilização inserido em xisto. Foram instalados extensômetros elétricos ao longo dos 4,6
metros do trecho ancorado. Durante o período de construção, foi observado pequenas
deformações, no entanto foram estabilizadas durante o longo período de monitoramento,
demonstrando estabilização das ancoragens.

Fabris et al. (2021), executou o monitoramento com sensores ópticos durante ensaio de
arrancamento, em ancoragem com 12,0 metros de comprimento e 8,0 metros destes ancorados,
inseridos em material argila-arenosa. Durante estes ensaios também não foram observadas

27
linearidades na transferência de carga no trecho ancorado. Devido a resolução de obtenção de
dados a cada 10 mm, foi observada pontos de ruptura da calda de cimento o que proporciona
estás fissuras iniciadas durante o ensaio de arrancamento.

No Brasil, Proto (2005), Feijó (2007), França (2007), Saré (2007), Pacheco e Silva (2009),
Beloni (2010), Ehrlich e Silva (2012), Gobbi et al. (2016), Souza et al. (2021), Batista Silva
(2022), Delmondes Filho et al. (2022), propagaram pesquisas sobre o comportamento de
resistência entre a interface terreno-ancoragem. Observado que a carga obtida durante as
medições não tende a uniformidade ao longo do comprimento, no entanto em todos os casos a
carga máxima obtida está próxima ao início do trecho ancorado e reduzindo rapidamente ao
longo do trecho até o final da barra instalada.

2.4.3. Resultados típicos da resistência da interface

Os valores de resistência terreno-ancoragem de materiais podem ser verificados pelo banco de


dados disponível na literatura. Elias e Juran (1991) apresentaram valores típicos para resistência
da interface em relação ao material em que a ancoragem é perfurada de forma rotativa,
conforme apresentado na Tabela 2-4.

Tabela 2-4: Valores típicos de resistência da interface terreno-ancoragem (Adaptado de Elias


e Juran 1991)
Resistência de interface terreno-ancoragem
Material Tipo de Rocha / Solo
(kN/m²)
Calcários 300 - 400
Filito 100 - 300
Dolomita mole 400 - 600
Rocha
Dolomita Fissurada 600 - 1000
Arenito Intemperizados 200 - 300
Basalto 500 - 600
Areia Siltosa 100 - 150
Solos Silte 60 -75
Não Coesivos Colúvio 75 - 150
Areia Siltosa 380
Argila Siltosa 35 - 50
Solos Silte Argiloso 90 - 140
Finos Argila Mole 20 - 30
Argila Rija 40 - 60

28
No entanto, no contexto nacional, há pesquisas em que foram disponibilizados os valores de
resistência para a interface terreno-ancoragem, para diversos materiais, estás estão apresentadas
na Tabela 2-5 a Tabela 2-19.

Tabela 2-5: Características e resistência ao arrancamento (Ortigão et al. 1992)

Peso
Ângulo de Coesão
Local Material Específico
Atrito (°) (kN/m²)
(kN/m³)
Rio de Janeiro/RJ Residual Arenoso 17 >32 Nulo
Diâmetro Diâmetro da Inclinação Comprimento Comprimento qs
Aço da Barra Perfuração
(°) Livre (m) Ancorado (m) (kN/m²)
(mm) (m)
CA-
32 0,075 20 1,00 3,00 250
50

Tabela 2-6: Características e resistência ao arrancamento (Feijó e Ehrlich, 2001)

Peso
Coesão
Local Material Específico Ângulo de Atrito (°)
(kN/m²)
(kN/m³)
Rio de Não Não
Gnaisse Não Publicado
Janeiro/RJ Publicado Publicado
Diâmetro Diâmetro da Comprimento
Inclinação Comprimento qs
Aço da Barra Perfuração Ancorado
(°) Livre (m) (kN/m²)
(mm) (m) (m)
6,00 185
CA- Não 6,00 205
25 0,075 2,00
50 Publicado 3,00 145
3,00 295

Tabela 2-7: Características e resistência ao arrancamento (Feijó e Ehrlich, 2001) – (continua)

Peso
Ângulo de Coesão
Local Material Específico
Atrito (°) (kN/m²)
(kN/m³)
Rio de Não Não
Gnaisse Não Publicado
Janeiro/RJ Publicado Publicado

29
Tabela 2-7: Características e resistência ao arrancamento (Feijó e Ehrlich, 2001) – (conclusão)

Diâmetro Diâmetro da Inclinação Comprimento Comprimento qs


Aço da Barra Perfuração
(°) Livre (m) Ancorado (m) (kN/m²)
(mm) (m)
6,00 95
6,00 120
CA- Não 6,00 190
25 0,075 2,00
50 Publicado 3,00 108
3,00 148
3,00 248

Tabela 2-8: Características e resistência ao arrancamento (Pitta et al., 2003)

Peso
Ângulo de Coesão
Local Material Específico
Atrito (°) (kN/m²)
(kN/m³)
Não Não Não
Guarulhos/SP Silto argiloso
Publicado Publicado Publicado

Diâmetro Diâmetro Comprimento


da Inclinação Comprimento qs
Aço da Barra Ancorado
Perfuração (°) Livre (m) (kN/m²)
(mm) (m) (m)

Não Não 4,00 85


CA-50 20 0,075
Publicado Publicado 4,00 123

Tabela 2-9: Características e resistência ao arrancamento (Pitta et al., 2003)

Peso
Ângulo de Coesão
Local Material Específico
Atrito (°) (kN/m²)
(kN/m³)
Não Não Não
São Paulo/SP Argilo-Arenoso
Publicado Publicado Publicado

Diâmetro Diâmetro Comprimento


da Inclinação Comprimento qs
Aço da Barra Ancorado
Perfuração (°) Livre (m) (kN/m²)
(mm) (m) (m)

Não Não 6,00 71


CA-50 20 0,075
Publicado Publicado 6,00 108

30
Tabela 2-10: Características e resistência ao arrancamento (Pitta et al., 2003)

Peso
Ângulo de Coesão
Local Material Específico
Atrito (°) (kN/m²)
(kN/m³)
Não Não
São Paulo/SP Argila Não Publicado
Publicado Publicado
Diâmetro Diâmetro da Inclinação Comprimento Comprimento qs
Aço da Barra Perfuração
(°) Livre (m) Ancorado (m) (kN/m²)
(mm) (m)
6,00 37
CA- Não 6,00 92
20 0,075 Não Publicado
50 Publicado 6,00 125
6,00 131

Tabela 2-11: Características e resistência ao arrancamento (Pitta et al., 2003)

Peso
Ângulo de Coesão
Local Material Específico
Atrito (°) (kN/m²)
(kN/m³)
Não Não
São Paulo/SP Saprólito de Gnaisse Não Publicado
Publicado Publicado
Diâmetro Diâmetro da Inclinação Comprimento Comprimento qs
Aço da Barra Perfuração
(°) Livre (m) Ancorado (m) (kN/m²)
(mm) (m)
6,00 69
CA- Não
20 0,075 Não Publicado 6,00 155
50 Publicado
6,00 123

Tabela 2-12: Características e resistência ao arrancamento (Pitta et al., 2003) – (continua)

Peso Específico Coesão


Local Material Ângulo de Atrito (°)
(kN/m³) (kN/m²)
São Paulo/SP Argila Não Publicado Não Publicado Não Publicado

31
Tabela 2-12: Características e resistência ao arrancamento (Pitta et al., 2003) – (conclusão)

Diâmetro Diâmetro da Comprimento


Inclinação Comprimento qs
Aço da Barra Perfuração Ancorado
(°) Livre (m) (kN/m²)
(mm) (m) (m)
6,00 81
CA- Não
20 0,075 Não Publicado 6,00 139
50 Publicado
6,00 150

Tabela 2-13: Características e resistência ao arrancamento (Pitta et al., 2003)

Peso
Ângulo de Coesão
Local Material Específico
Atrito (°) (kN/m²)
(kN/m³)
Não Não
São Paulo/SP Argila Não Publicado
Publicado Publicado
Diâmetro Diâmetro da Inclinação Comprimento Comprimento qs
Aço da Barra Perfuração
(°) Livre (m) Ancorado (m) (kN/m²)
(mm) (m)
6,00 108
CA- Não
20 0,075 Não Publicado 6,00 141
50 Publicado
6,00 153

Tabela 2-14: Características e resistência ao arrancamento (Azambuja et al., 2003)

Peso
Ângulo de Coesão
Local Material Específico
Atrito (°) (kN/m²)
(kN/m³)
Porto Alegre/RS Dique Riolito 18 34 22
Diâmetro Diâmetro da Inclinação Comprimento Comprimento qs
Aço da Barra Perfuração
(°) Livre (m) Ancorado (m) (kN/m²)
(mm) (m)
CA-
20 0,100 18 Não Publicado Não Publicado 245
50

Tabela 2-15: Características e resistência ao arrancamento (Soares e Gomes, 2003) – (continua)

Peso Específico Coesão


Local Material Ângulo de Atrito (°)
(kN/m³) (kN/m²)
Angra dos
Não Publicado 19 30 5
Reis/RJ

32
Tabela 2-15: Características e resistência ao arrancamento (Soares e Gomes, 2003) –
(conclusão)

Diâmetro Diâmetro Comprimento


da Inclinação Comprimento qs
Aço da Barra Ancorado
Perfuração (°) Livre (m) (kN/m²)
(mm) (m) (m)

3,00 3,00 269


3,00 3,00 282
Não
25 0,05 25 1,00 5,00 262
Publicado
3,00 3,00 374
3,00 3,00 310

Tabela 2-16: Características e resistência ao arrancamento (Moraes e Arduíno, 2003)

Peso
Coesão
Específic
Local Material o Ângulo de Atrito (°) (kN/m²
)
(kN/m³)
Manaus/A
Areno Siltoso 18 30 5
M
Diâmetr Diâmetro Compriment
o da Inclinação o qs
da Compriment
Aço Barra (kN/m²
Perfuraçã (°) o Livre (m) Ancorado )
(mm) o (m) (m)
Não
CA-50 20 0,05 3,00 3,00 162
Publicado

Tabela 2-17: Características e resistência ao arrancamento (Proto, 2005)

Peso
Ângulo de Coesão
Local Material Específico
Atrito (°) (kN/m²)
(kN/m³)
Não
Niterói/RJ Argila-Arenosa 29,6 36,4
Publicado

Diâmetro Diâmetro
da Inclinação Comprimento Comprimento qs
Aço da Barra
Perfuração (°) Livre (m) Ancorado (m) (kN/m²)
(mm) (m)
CA75 –
Não
INCO- 22 0,075 11 6,00 166
Publicado
13-D

33
Tabela 2-18: Características e resistência ao arrancamento (Proto, 2005)

Peso
Ângulo de Coesão
Local Material Específico
Atrito (°) (kN/m²)
(kN/m³)
Não
Niterói/RJ Argila-Arenosa 36,4 59
Publicado

Diâmetro Diâmetro
da Inclinação Comprimento Comprimento qs
Aço da Barra
Perfuração (°) Livre (m) Ancorado (m) (kN/m²)
(mm) (m)
227
CA75 –
Não
INCO- 22 0,075 11 6,00 274
Publicado
13-D
260

Tabela 2-19: Características e resistência ao arrancamento (Gobbi et al., 2016)

Peso
Ângulo de Coesão
Local Material Específico
Atrito (°) (kN/m²)
(kN/m³)
Nova Lima/MG Itabirito Silicoso Friável 30,6 36 20,4
Diâmetro Diâmetro da Inclinação Comprimento Comprimento qs
Aço da Barra Perfuração
(°) Livre (m) Ancorado (m) (kN/m²)
(mm) (m)
283,1
Gewi 32 0,090 40 2,00 2,00
314,1

2.5. MÉTODOS EMPÍRICOS PARA DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE


INTERFACE TERRENO-ANCORAGEM (qs)

Neste capítulo serão apresentadas pesquisas disponíveis na literatura que proporcionaram


informações para definição da resistência de cisalhamento de ancoragens para pré-
dimensionamentos de estruturas de contenção. Estas são definidas por informações usualmente
obtidas em etapas de projeto que servem no balizamento das informações e extrapolações. No
entanto, devido à complexidade na obtenção de informações sobre o comportamento da
resistência de interface terreno-ancoragem os ensaios de arrancamento executados em campo
forneceram informações com confiabilidade superiores para o desenvolvimento de projetos
executivos.

34
2.5.1. Parâmetros de Sondagens

Com base em dados utilizados por Bustamante e Doix (1985), os quais foram compostos por
120 ensaios (101 de arrancamento e 19 de carregamento em tirantes, estacas e micro estacas),
os quais estão distribuídos em 34 distritos da França. Além destes, foram compiladas
informações de pesquisas pregressas das quais totalizam 249 ancoragens em avaliação. A partir
destes ensaios foi verificado a influência para a estimativa da resistência, ou seja, uma
aproximação a capacidade de carga última, determinada pelas Equações 2.1 e 2.2:

𝑇 = 𝜋 ∙ 𝐷𝑆 ∙ 𝐿𝑏 ∙ 𝑞𝑠 Equação 2.1
𝐷𝑆 = 𝛼 ∙ 𝐷 Equação 2.2

onde, T é igual a carga axial máxima; Ds o diâmetro do bulbo acrescentado de um fator quanto
a possível expansão do diâmetro em virtude da tipologia do material e da sequência de re-
injeções; 𝐿𝑏 equivale ao comprimento do trecho ancorado; e qs corresponde a resistência lateral
máxima entre o terreno e o bulbo de preenchimento; 𝛼 é o coeficiente de majoração do diâmetro
do bulbo devido a injeção; 𝐷 é o diâmetro de perfuração.

Os valores estimados para a majoração do diâmetro do bulbo do trecho ancorado são


apresentados na Tabela 2-20, o qual há uma variação quanto a característica de injeção, seja por
injeção única ou pela execução de re-injeções. Para que o valor do coeficiente atinja os valores
da tabela, é necessário que o volume de injeção de calda de cimento seja de no mínimo 150%
o volume de perfuração.
Tabela 2-20: Valores do coeficiente de majoração para o cálculo do diâmetro médio injetável
de um tirante ou micro estaca (Adaptado de Bustamante e Doix, 1985)
Coeficiente 𝛼
Material
(a) Com re-injeções (b) Injeção única
Cascalho 1,8 1,3 – 1,4
Cascalho Arenoso 1,6 – 1,8 1,2 – 1,4
Areia com cascalho 1,5 – 1,6 1,2 – 1,3
Areia Grossa
Areia Média
1,4 – 1,5 1,1 – 1,2
Areia Fina
Areia Siltosa
Silte 1,4 – 1,6 1,1 – 1,2
Argila 1,8 – 2,0 1,2

35
Os ábacos apresentados pela Figura 2-10 a Figura 2-12 estão relacionados a determinação da
resistência de interface terreno-ancoragem para solos granulares, argilosos e rocha alterada em
relação a pressão obtida do ensaio pressiométrico e relacionado também a quantidade de golpes
obtido em ensaio SPT.

Figura 2-10: Ábaco da resistência de interface terreno-ancoragem e pressão de injeção para


solos granulares (Adaptado de Bustamante e Doix, 1985)

Figura 2-11: Ábaco da resistência de interface terreno-ancoragem e pressão de injeção para


argilas (Adaptado de Bustamante e Doix, 1985)

36
Figura 2-12: Ábaco da resistência de interface terreno-ancoragem e pressão de injeção para
rochas alteradas (Adaptado de Bustamante e Doix, 1985)

Para a determinação da estimativa da capacidade das ancoragens, os autores obtiveram


informações de ensaios de SPT, pressiômetro, CPT e ensaios de laboratório nas 34 localizações
dos demais ensaios de ancoragens. Estes dados corroboraram para a base na elaboração dos
ábacos presentes na pesquisa, os quais estão relacionados ao SPT e pressiômetro, o qual não é
comum sua utilização no Brasil, no eixo axial e a resistência lateral no eixo as abscissas.

Apesar da utilização de ensaios reais e de diversas metodologias para obtenção de dados


geotécnicos, não foi suficiente para garantir para todos os casos a resultante da capacidade de
ancoragem efetiva de acordo com as estimativas de cálculo. Outros estudos relacionados na
correlação da resistência de atrito lateral com sondagens SPT foram desenvolvidos ao longo do
tempo, conforme apresentado na Tabela 2-21, com as respectivas equações, tais como Ortigão
(1997), Ortigão e Palmeira (1997), Springer (2006), Porto (2015), Silva (2018) e Barbosa et al.
(2022).

Tabela 2-21: Estudos relacionados a correlação de SPT com a resistência de atrito lateral em
forma de equações (continua)
Tipo de
Autor Ano qs (kN/m²) Equação
Ancoragem
Ortigão 1997 Passiva 50 + 7,5𝑁𝑆𝑃𝑇 Equação 2-3
Ortigão e Passiva
1997 67 + 60ln⁡(𝑁𝑆𝑃𝑇 ) Equação 2-4
Palmeira
Passiva
Springer 2006 45,12 ln(𝑁𝑆𝑃𝑇 ) − 14,99 Equação 2-5
𝑆𝑃𝑇
Porto 2015 Ativa 10𝑘 × ( + 1) Equação 2-6
3
k = coeficiente de ancoragem (kN/m²)

37
Tabela 2-21: Estudos relacionados a correlação de SPT com a resistência de atrito lateral em
forma de equações (conclusão)
Tipo de
Autor Ano qs (kN/m²) Equação
Ancoragem
Passiva
Silva 2018 65,80 + 1,68𝑁𝑆𝑃𝑇 Equação 2-7

Barbosa et al. 2022 Passiva 190,24 + 5,38𝑁𝑆𝑃𝑇 Equação 2-8

Para a utilização da equação de Porto (2015), é necessário a identificação do material


correlacionando com o valor do coeficiente de ancoragem. Este parâmetro está apresentado na
Tabela 2-22.

Tabela 2-22: Parâmetros do coeficiente de ancoragem (k), para a utilização da equação de


Porto (2015)
Valores com
Material Predominante Valores Praticáveis
80% de confiança
Argila Siltosa 1,2 a 1,29 1,25
Argila Arenosa 0,9 a 1,01 0,95
Silte Argiloso 2,37 a 2,77 2,57
Silte (resultados inferidos) 2,04 a 2,28 2,16
Silte Arenoso 1,7 a 1,78 1,74
Areia Argilosa 2,57 a 2,77 2,67
Areia Siltosa 2,10 a 2,37 2,24

Além de também haver pesquisas em que foram aplicadas tais metodologias empíricas e
resultaram que não há uma correlação simples entre estas variáveis, as quais se destacam Feijó
(2007), Feijó e Ehrlich (2001), Goldbach et al. (2012), Ehrlich e Silva (2012), Silva e Casanova
(2018), Gontijo (2020).

2.5.2. Resistência de Solo

Em contrapartida aos dados obtidos por sondagens, são avaliados em pesquisas a utilização de
parâmetros de resistência do material ensaiado para aplicação de equações analíticas na
aproximação da capacidade última de ancoragem. Estes parâmetros são obtidos pela
caracterização do material em ensaios de laboratório.

38
A aproximação da resistência lateral ocorre pela aplicação da teoria de Mohr-Coulomb. A qual
equivale a resistência na equação linear da relação da envoltória da tensão cisalhante e da tensão
normal aplicada sobre a amostra ensaiada. Utiliza-se, portanto, a Equação 2-9:

𝜏 = 𝑐 + 𝜎′ ∙ tan(ϕ) Equação 2-9

Onde, 𝜏 equivale a tensão cisalhante (kPa), 𝑐 a coesão do solo (kPa), 𝜎′ tensão vertical efetiva
normal (kPa) e ϕ ângulo de atrito (graus).

Na utilização das equações supracitadas, Gobbi et al. (2016), executou análises em material
semelhante ao proposto nesta pesquisa a compatibilização dos parâmetros de solo para a
aproximação dos valores de capacidade última, os quais resultaram os valores inferiores ao
registrados em campo durante os ensaios de arrancamento.

Além dos ensaios de arrancamento monitorados e dos ensaios de cisalhamento direito


executados por Gobbi et al. (2016), foram realizados ensaios de caracterização por Rosenbach
(2018), os quais estão apresentados na Tabela 2-23.

Tabela 2-23: Valores resultantes das resistências dos materiais ensaiados pelos autores
supracitados
Peso Específico Coesão Ângulo de atrito
Referências
(kN/m³) (kPa) (°)
Gobbi et al. (2016) 30,6 20,4 36,0
Rosenbach (2018) 52,6 47,0 29,0

Neste mesmo modelo na estimativa de resistência ao cisalhamento a partir de resultados obtidos


de ensaios de laboratório, no entanto aplicado a outra característica de material foco desta
pesquisa, Proto (2005), em avaliação com gnaisse, resultou na aproximação em torno de 70%
dos valores de resistência comparado com os ensaios de arrancamento executados em campo.

2.5.3. Característica dos Elementos de Ensaio

A resistência máxima ao cisalhamento está relacionada diretamente ao comportamento do


terreno, ao comprimento da ancoragem e ao comprimento injetado com calda de cimento. Os
quais proporcionam na resistência qs denominada por Clouterre (1991). Fatores como o

39
comportamento tipológico do terreno, metodologia executiva (perfuração a injeção das
ancoragens), podem influenciar na obtenção da resistência ao cisalhamento. As cargas aplicadas
devem estar relacionadas a especificação da barra a ser utilizada. O comprimento das
ancoragens é um fator que não há uma adesão comum entre os autores.

Com base nos fatores que podem influenciar no resultado de resistência, cita-se Clouterre
(1991), o qual executou amostragens referente a pressão de calda de cimento no preenchimento
dos furos. Ancoragens que foram preenchidos com baixa pressão, ocasionaram na
vulnerabilidade na resistência, e ancoragens preenchidos com alta pressão resultaram em uma
estabilidade nos resultados, demonstrando maiores valores de atrito superficial.

A relação da injeção das ancoragens relacionadas proporcionalmente com maiores valores


obtidos na resistência a partir do ensaio de arrancamento. A reinjeção de ancoragens é capaz de
elevar a resistência ao cisalhamento em aproximadamente 50%, segundo Pitta et al. (2003).
Springer (2006), também concluiu que a injeção por mais de uma fase possui uma elevação em
50% na resistência, e uma redução na deformabilidade da ancoragem em 70% comparado às
ancoragens em que é executado em injeção única.

Apesar da repetição de injeção proporcionar em poucos ganhos de resistência, como visto nas
pesquisas supracitadas, verifica que os ganhos de resistência ocorrem no aumento da pressão
de injeção de preenchimento. Para Zhou et al. (2007), Zhou et al. (2010), Yin et al. (2012) e
Ghadimi et al. (2017), estudaram o efeito do aumento da pressão, os quais concluíram que
ocorre um aumento considerável na resistência de atrito lateral, no entanto somente para
pressões superiores a 130 kPa.

Além das fases de injeção com calda de cimento, que podem influenciar na variabilidade da
resistência obtida no ensaio de arrancamento, o comprimento da ancoragem ensaiada poderá
ocasionar no aumento da resistência. Quando os ensaios de arrancamento estão localizados
numa mesma tipologia de solo, o aumento no comprimento das ancoragens não acarreta
mudança na resistência ao cisalhamento entre o contato do solo com a calda de cimento. Feijó
(2007), confirmou tal afirmação em estudo realizado no Rio de Janeiro, o qual executou ensaios
de arrancamento em solos tropicais com variação no trecho ancorado de 3,00m e 6,00m.

Com incongruência, Saré (2007) afirma que a resistência ao cisalhamento possui uma relação

40
direta com o comprimento da ancoragem. Outrossim, Silva (2009), conclui que as cargas
máximas resistes das ancoragens aumentam significadamente quando duplica o comprimento
das ancoragens. Além da observação quanto as resistências no aumento do comprimento das
ancoragens, é observado por Fabris et al. (2021), que a transferência de carga ocorre de maneira
uniforme no trecho livre e não uniforme na região ancorada da ancoragem. Estas diretrizes
também foram verificadas por Vasconcelos (2016), os quais foi verificado que as tensões
cisalhantes estão relacionadas a região geológica em que o bulbo está ancorado.

2.6. INSTRUMENTAÇÃO DE ANCORAGENS PASSIVAS

A utilização de instrumentação em ancoragens passivas tem como intuito e verificação do


comportamento mecânico e da deformação da ancoragem a partir do tensionamento do
elemento. Visto que o funcionamento de ancoragens passivas depende do deslocamento do
maciço e a sua estabilidade está diretamente relacionada ao atrito lateral entre o elemento de
preenchimento e o terreno (qs).

2.6.1. Extensômetros Elétricos

Para Balbinot e Brusamarello (2019), a instrumentação utilizando extensômetro de resistência


elétrica são eficazes para a obtenção de informações entre tensões e deformações superficiais a
partir de esforços mecânicos aplicados no elemento. Este mecanismo está relacionado ao
estabelecido pela lei de Hooke em 1678, aplicado para a deformação, apresentado na equação
2.10:

∆𝑙 Equação 2.10
𝜀=
𝑙

Onde, ε se refere a deformação, Δl é a variação do comprimento final pelo inicial e l é o


comprimento inicial.

A lei de Hooke para uma barra de aço, deve garantir que a carga aplicada esteja no
comportamento elástico do elemento, neste comportamento a tendência é que a relação tensão-
deformação seja linear. Portanto o módulo de elasticidade pode ser apresentado de acordo com
a equação 2.11.

41
𝜎 Equação 2.11
𝐸=
𝜀

Sendo que E refere-se ao módulo de elasticidade do elemento ou módulo de Young e 𝜎 é a


tensão.

A aplicação de extensômetro para a observação de deformação superficial ao longo de


elementos iniciou por Kelvin em 1856, e incrementada por estudos realizado por Carlson em
1931 (Balbinot e Brusamarello, 2019). A cronologia e modo de aplicação de extensômetro é
apresentado na Figura 2-13 através da linha do tempo.

Figura 2-13: Cronologia inicial na aplicação de extensômetros

A partir destes conceitos, ocorreu a mudança na aplicabilidade de extensômetro com fio


desenvolvido por Carlson em 1931, para atualmente utilizando extensômetro por lâmina. Neste
modelo em lâmina pode ser encontrado no mercado atual diversas tipologias, como apresentado
na Figura 2-14.

Figura 2-14: Tipologia de extensômetros disponíveis no mercado: (a) modelo unidirecional


estreito; (b) modelo duplo tipo espinha de peixe; (c) modelo unidirecional a 45°; (d) modelo
roseta dupla a 90° com grelhas lado a lado (Fonte: Excel Sensor – Acesso em: 01/10/2022)

42
De modo a obter as informações da deformação de elementos metálicos, se executa a instalação
de extensômetro em região plana e limpa do elemento. Estes extensômetros apresentam dados
da variação da resistência na qual é diretamente relacionada a deformação do elemento,
conforme apresentado pela equação 2.12. Na equação referenciada como 2° lei de Ohms, R
apresenta a resistência elétrica, p é a resistividade do material do fio, l é o comprimento do
elemento, e A é a área da seção transversal do fio.

𝑙 Equação 2.12
𝑅 =𝜌∙
𝐴

A diferença entre a resultado da resistência inicial pela resistência a ser obtida após a aplicação
do carregamento no elemento, resulta de forma proporcional na magnitude da deformação a ser
medida no elemento. Os extensômetros são formados por uma grade elementar de material
resistivo, na qual por padronização varia entre 120 Ω e 350 Ω a depender do modelo a ser
utilizado e pela fabricação do elemento.

2.6.2. Sistema de aquisição de dados

O sistema de aquisição dos dados pode ser segmentado em dois elementos. Em primeiro, o
elemento fixado na barra, o extensômetro, no qual transforma a deformação absorvida pela
barra em resistência elétrica, e pelo sistema de aquisição no qual é caracterizado por uma ponte
Wheatstone completa, como representada pela Figura 2-15.

Figura 2-15: Formação de ponte Wheatstone completa (Fonte: Adaptado de Balbinot e


Brusamarello (2019))

2.7. SÍNTESE DOS PRINCIPAIS TRABALHOS ACADÊMICOS PUBLICADAS NA


ÚLTIMA DÉCADA

43
Neste item da dissertação, serão apresentados na Tabela 2-24 é uma síntese dos principais
trabalhos acadêmicos publicados na última década relacionados ao tema presente desta
dissertação e sucessivamente um breve contexto.

Tabela 2-24: Síntese dos principais trabalhos acadêmicos publicados na última década

Ano de
Autores Título da Pesquisa
Publicação
Resistência ao arrancamento de grampos –
M. Ehrlich e R.C. Silva 2012 Análise da Influência do NSPT e da injeção da
bainha nos resultados
Soil nails field pullout testing: evaluation and
G. Babu e V. Singh 2013
applications
G.L. Sivakumar e V.P.
2014 Adequacy of field pullout testing of soil nails
Singh
Field and Laboratory Investigation of Pullout
J. Park, T. Qiu, e Y. Kim 2015
Resistance of Steel Anchors in Rock
F. Gobbi, A. Fonini, L. Realização de Ensaios de Arrancamento
2016
Bressani e H. Milan Monitorados
Wang, J., Huang, J. e Full-scale pullout tests and analyses of ground
2017
Jiang, H. anchors in rocks under ultimate load conditions
Verificação da adesão em solo grampeado obtida
R.R.C. Silva e B.P.
2018 através de ensaios de arrancamento comparados
Casanova
com métodos empíricos
S. Cola, L. Schenato, L. Composite Anchors for Slope Stabilisation:
Brezzi, F. Chantal, L. 2019 Monitoring of their In-Situ Behaciour with
Palmieri e A. Bisson Optical Fibre
Effect of nail spacing on the global stability of soil
F.A. Villalobos e S.A.
2020 nailed walls using limit equilibrium and finite
Villalobos
element methods
C. Fabris, H. F.
Numerical Simulation of a Ground Anchor
Schweiger, B. Pulko, H. 2021
Pullout Test Monitored with Fiber Optic Sensors
Woschitz e V. Racansky
Modelos Fuzzy com alterações no universo de
T.H.B.C. Tavares 2022 discurso para previsão de series não estacionárias
com aplicações em geotecnia
T.H.B.C. Tavares, T.B. Clustering-Based Fuzzy Model for Predicting
Porto, E.M.A.M. Mendes 2023
e B.P. Ferreira Anchor Bearing Capacity

44
Ehrlich e Silva (2012), realizaram uma compilação de informações relacionadas a ensaios de
arrancamento e de sondagem à trado, no intuito de proporcionar uma correlação entre estes
parâmetros. Os dados obtidos demonstraram uma dificuldade para a execução desta correlação,
visto a complexidade obtida nos resultados de resistência ao cisalhamento oriundos dos ensaios
de arrancamento, no entanto foi possível verificar a influências dos processos de injeções de
calda de cimento em ancoragens, proporcionando a necessidade de avanços de pesquisa.

Com base nos avanços de pesquisas e recorrentes tentativas de executar correlações entre
parâmetros de ensaios de sondagem e/ou de ensaios de laboratório, Babu e Singh (2013)
desenvolveram artigo relacionado a importância da execução de ensaios de arrancamento para
a obtenção do parâmetro de resistência na interface terreno-ancoragem.

Nesta mesma linha de pesquisa, Sivakumar e Singh. (2014), apresentaram uma metodologia
para a obtenção de conceitos satisfatórios para a determinação da resistência ao cisalhamento
na interface terreno-ancoragem, a partir de uma gama de ensaios de arrancamento executados,
de acordo com o número mínimo de ensaios recomendados.

Park et al. (2015), desenvolveu pesquisa relacionando os resultados obtidos nos ensaios de
arrancamento com a execução de ensaios de laboratório, envolvendo ensaios de cisalhamento
direto. Obteve como resultado a ocorrência de maiores resistência ao cisalhamento na interface
terreno-ancoragem quando executadas as injeções de calda de cimento com pressão, elevando
as tensões e ocasionando no preenchimento de falhas existentes em rocha.

Devido a não obtenção de resultados de correlações satisfatórias para a obtenção da resistência


ao cisalhamento de ancoragens, Gobbi et al. (2016), propôs avaliar o comportamento mecânicos
de ancoragens em relação ao terreno a partir de ensaios de arrancamento monitorados com
extensômetros elétricos. Neste estudo, foram obtidas informações de deformações, e de tensões
aplicadas sobre as ancoragens, em paralelo foram realizados ensaios de laboratório nos quais
os resultados de resistência obtidos em campo foram superiores, demonstrando complexidade
para avaliar o comportamento.

Com continuidade na obtenção de informações consistentes no comportamento mecânico de


ancoragens, Wang et al. (2017), executou a instrumentação de ancoragens em escala real.
Obteve-se informações de que a transferência de carga ao longo do trecho ancorado não foi

45
demonstrada uniformidade, confirmando as questões de complexidade no comportamento
mecânico.

Com a intensa elaborações de pesquisas quanto a possibilidade de correlacionar de forma


empírica os parâmetros de resistência ao cisalhamento obtida nos ensaios de arrancamento,
Silva e Casanova (2018), correlacionaram a aplicabilidade disponível na literatura para obter a
determinação deste parâmetro. Dentre os mecanismos avaliados, foi verificada maior
proximidade no método empírico desenvolvido por Springer (2006), no entanto com um desvio
padrão de 20% entre os resultados obtidos para material coesivo.

Cola et al. (2019) desenvolveram a partir do mecanismo de cabo de fibra óptica o


monitoramento de ancoragens com a implementação de sistema capaz de avaliar a distribuição
de cargas axiais ao longo da ancoragem na proposta de determinar a capacidade estabilizadora
e a resistência na interface terreno-ancoragem. Segundo o autor, as avaliações serão realizadas
por um período prolongada no intuito de avaliar o comportamento das ancoragens em fases de
ativação por deslizamentos.

Além da proposta de aprofundar a avaliação do comportamento mecânico de ancoragens a partir


de ensaios de arrancamento, Villalobos (2020), avaliou a influência quanto ao espaçamento de
ancoragens para a estabilidade global a partir do método de equilíbrio limite e elementos finitos.
Nesta pesquisa conclui-se que é necessária uma avaliação criteriosa quanto a determinação do
espaçamento para taludes íngremes

Fabris et al. (2021), demonstrou o monitoramento de ancoragens utilizando sensores de fibra


óptica para a obtenção de maior abrangência no conhecimento do comportamento de
transferências de cargas durante ensaio de arrancamento. Devido a resolução espacial na
obtenção de dados, foi concebido que a transferência de carga ao longo do trecho ancorado não
ocorre de maneira uniforme, e que se verificou a formação de fissuras ao longo do trecho
ancorado, proporcionando picos de deformações longitudinais ao longo do trecho.

Proposto por Tavares (2022), o desenvolvimento e implementação da modelagem de sistemas


utilizando a lógica Fuzzy. Este mecanismo é uma técnica da inteligência artificial para o
desenvolvimento de modelos que possuem um grau de incerteza. Nesta pesquisa, dentre os
principais temas abordados, destaca-se aplicação de previsões na área geotécnica,

46
demonstrando boas respostas como alternativa a ser aprimorada para a obtenção de dados
capazes de serem aplicados no dimensionamento de ancoragens.

Tavares et al. (2023), amplia a aplicação de metodologia computacional para a previsão da


capacidade de carga de ancoragens aplicados em projetos geotécnicos para a estabilização de
maciços. A pesquisa desenvolveu um modelo Fuzzy a partir de ensaios de desempenho
executados em ancoragens, e o algoritmo validado pela aplicação em um outro conjunto de
ensaios de desempenho. Os primeiros resultados obtidos a partir desta técnica demonstraram
uma aproximação viável nos valores extrapolados, condicionando a uma alternativa para o
dimensionamento de ancoragens.

47
CAPÍTULO 3
3. MATERIAIS E MÉTODOS

Neste capítulo está apresentado a metodologia utilizada para avaliar o comportamento de


mobilização da tensão resistente de ancoragens inseridas em material itabirito friável a partir
da execução de ensaios de arrancamento não-monitorados e monitorados. A instrumentação
de monitoramento dos ensaios fora executada a partir da utilização de extensômetros elétricos
no trecho livre e no trecho ancorado da ancoragem, a metodologia, detalhamento de montagem
e diretrizes estão explanados nos itens a seguir.

3.1. INTRODUÇÃO

Para atender aos objetivos citados no item 1.3, este trabalho foi desenvolvido aplicando de
forma concomitante os ensaios de laboratório para a determinação das características do
material em que estão inseridas as ancoragens. E os ensaios de arrancamento executados em
campo, em escala real, inseridos em material itabirito friável.

Os ensaios de arrancamento foram segmentados em convencionais, os quais foram utilizados


no desenvolvimento de projetos de estabilização de áreas a serem estabilizadas. Estes em
conjunto com os ensaios de arrancamento monitorados com extensômetros nos trechos livres
e ancorados das ancoragens possuem o intuito de cumprir os objetivos propostos neste
trabalho.

3.2. DESCRIÇÃO DO LOCAL

O estudo de aperfeiçoamento da caracterização do material itabirito friável a partir dos ensaios


de laboratório executados a partir do material extraído e avaliação do comportamento da tensão
resistente do trecho ancorado durante o ensaio de arrancamento foi baseado numa obra de
contenção em solo grampeado localizado na região metropolitana de Belo Horizonte, Minas
Gerais, abrangida pelo Quadrilátero Ferrífero, apresentado pela Figura 3-1. A região total do

48
empreendimento está contemplada por uma área estimada de 50 ha com a presença de formação
geológico de itabirito e hematita nas condições friáveis, medianas, e compacto, de acordo com
mapeamento geológico disponibilizado pela administradora da mina de Águas Claras (Vale,
2018), e podendo ser aprimoradas a partir das sondagens executados próxima a região de
estudo, dos quais foram utilizadas para a instalação de instrumentos de monitoramento
(inclinômetros e piezômetros);

Figura 3-1: Estimativa do perímetro do Quadrilátero Ferrífero (em vermelho) e posicionamento


da Mina de Águas Claras (MAC) (Fonte: Adaptado de Google Earth – Acesso em: 10/01/2023)

A mina de Águas Claras (MAC), está localizado a noroeste do Quadrilátero Ferrífero,


pertencente ao município de Nova Lima, Minas Gerais. A mina foi iniciada, em 1971, operação
de extração de minério de ferro pela empresa MBR (Mineradora Brasileira), operando durante
os 29 anos, sendo finalizada as operações no ano de 2002. Atualmente, o complexo mina de
Águas Claras, é administrada pela mineradora Vale, a qual gerencia diversas obras de
contenções e melhorias nas diversas obras geotécnicas presentes no complexo. Para este local,
há diversos estudos científicos apresentando os problemas geológicos e técnicas de
estabilizações, estes citados a seguir: Soares (1996), Franca (1997), Nonato (2002), Spier
(2005), Costa (2009), Franco (2016), Gobbi et al. (2016) e Rosenbach (2018).

49
A área abrangente para as avaliações apresentadas neste estudo está localizada na região central
da área norte da cava, com uma área aproximada de 2.900 m². No qual é representada por sua
totalidade em material itabirito friável. Para a caracterização do comportamento mecânico dos
materiais, foram executados ensaios de laboratório a partir de amostras indeformadas
removidas de áreas próximas aos ensaios de arrancamento monitorados. Nestes ensaios os
parâmetros de obtenção são constituídos por coesão, ângulo de atrito, e peso específico, para a
condição fidedigna do material. Além da obtenção de resultados de caracterização do material.

O programa experimental de campo é constituído primeiramente por ensaios de arrancamento


executados no procedimento adaptado da NBR 5629 (ABNT, 2018), constituídos por quatro
campanhas: três campanhas executadas com carregamento e descarregamento e uma campanha
executada com somente carregamento. Nestas campanhas de ensaios de arrancamento
convencionais foram executados com comprimento do trecho ancorado variável de 1,00 metro,
2,00 metros e 3,00 metros.

Posteriormente, em região próxima, mas constituinte do mesmo material, itabirito friável,


ocorreu a execução de duas campanhas de ensaios de arrancamento com a utilização de
instrumentação, ou seja, instalação de extensômetros ao longo da barra ensaiada, com
distanciamento pré-determinados entre os sensores, nestes ensaios também foram executados
de acordo com o procedimento adaptado da NBR 5629 (ABNT, 2018).

As informações supracitadas quanto as sondagens mistas, amostras indeformadas, e ensaios de


arrancamento convencionais e monitorados estão apresentadas pela Figura 3-2. Anteriormente
a execução dos ensaios e coleta das amostras, foi executada serviços de terraplenagem
mantendo a região homogênea na condição do maciço.

50
Figura 3-2: Visão geral da área e localização das sondagens (SM), pontos de amostragem (A),
campanha de ensaios convencionais (C__EA – NI), e campanha de ensaios monitorados
(C__EA – I) (Fonte: elaborado pelo autor)

3.2.1. Caracterização Local

Os ensaios de arrancamento e ensaios de laboratório analisados neste trabalho estão localizados


em região predominantemente classificada como itabirito, e constituída por características
friáveis, ou seja, possui facilidade quanto a desagregação, segundo a ABGE (2012). A
caracterização do material seguiu as informações disponibilizada pela administradora da mina
(Vale, 2023). Esta característica do material pode ser verificada pelo grau de erodibilidade
apresentado pelo registro fotográfico na Figura 3-2, na qual evidência a deficiência de
drenagens superficiais.

Com base nos aspectos geológicos a composição da região em estudo pertence à Formação
Cauê, Supergrupo Minas. A estrutura geológica principal é a foliação, com direção média N42E
e mergulhos com angulação entre 30º e 60º para SE. Caracterizada pela presença de itabiritos
dolomíticos compactos na base do talude, sobrepostos por itabiritos silicosos médios, itabiritos
friáveis e hematita friável. Os taludes apresentam em média 53º de ângulo geral.

O grau de erodibilidade observado no terreno, está concomitante relacionada com o volume de

51
precipitação acumulado registrado na estação automatizada presente na região de estudo, de
forma a conduzir a execução de maiores investigações na resistência do terreno para a execução
de técnicas de estabilização geotécnica superficial nos taludes. Na Figura 3-3 apresenta os
valores acumulados de precipitação na região de estudo, o período de estiagem é bem definido
pela estação de inverno, com a transição nas estações de outono e primavera. O período com
maior interferência na condição do terreno está concentrado no verão, registrando volumes
mensais médios superiores a 200mm/mês.

1.000
Volume de Precipitação
Acumulado Mensal

800

600
(mm)

400

200

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Meses
2017 2018 2019 2020 2021 2022

Figura 3-3: Volume de precipitação acumulada mensal entre os anos de 2017 e 2022, a partir
da estação de pluviometria instalada na região do empreendimento (Fonte: Adaptado do
Acervo Técnico de FGS Geotecnia, 2023)

3.3. INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS

No intuito de compreender os materiais e identificar os contatos litológicos presentes para


refinamento de contato com as barras de ensaio de arrancamento torna significativo a execução
de investigações geotécnicas. Apesar da recomendação da NBR 11.682 (ABNT, 2009) quanto
a execução de investigações geotécnicas com quantidade mínima de três sondagens por seção
abrangente para a área de estudo, capaz de definir o perfil geológico-geotécnico, a condição
atual da mina e por procedimentos de gerenciamento executivo torna inviável a execução de
sondagens convencionais. Portanto para esta definição foram utilizadas sondagens mistas
executadas durante o período de exploração e de sondagens mistas executadas para a instalação
de instrumentos de monitoramento.

52
Na Figura 3-4, apresenta o posicionamento de quatro sondagens executadas na região de
concentração dos ensaios de arrancamento, sendo que três destas foram executadas no período
da exploração, sendo as informações disponibilizadas pela Vale (2011), e uma sondagem mista
executada para a instalação de instrumento de monitoramento, a qual as informações desta estão
próximas com as sondagens executadas durante a exploração de minério no período da MBR.

Figura 3-4: Seção transversal litológica na região adjacente a região em estudo (Fonte:
Adaptado do Acervo Técnico disponibilizado pela Mineradora VALE, 2023)

Com base nas informações compiladas nas sondagens, observa que a espessura de material
itabirito friável no local da execução dos ensaios de arrancamento é de aproximadamente 37
metros, o que torna muito significativo, a característica presente na região, visto que os ensaios
possuem comprimento máximo de 4,00 metros inseridos em terreno.

3.4. ENSAIOS DE LABORATÓRIO

A execução de ensaios de laboratório possui o intuito de ampliar o conhecimento e auxiliar na


compreensão do comportamento da resistência lateral a ancoragens inseridas em itabirito
friável. Os resultados obtidos na caracterização do material e do ensaio de cisalhamento

53
executado estão apresentados neste item.

Para a execução dos ensaios foram extraídos um bloco de forma cúbica de amostra
indeformada, com 30 cm de lado e amostra deformada para caracterização do material. Estas
amostras foram extraídas diretamente do talude, em região próxima aos ensaios de
arrancamento monitorados, para que os resultados obtidos possam ter maior representatividade,
conforme apresentado na Figura 3-2. A amostra A01, foi utilizada para a execução de ensaios
de caracterização, enquanto a amostra A02, representada pela Figura 3-5, foi utilizada na
execução de ensaio de cisalhamento direto.

Figura 3-5: Bloco de material indeformado próximo aos ensaios de arrancamento monitorados
(Fonte: elaborado pelo autor)

3.4.1. Caracterização do Material

Os ensaios de caracterização, foram executados de acordo com as diretrizes apresentadas pela


NBR 6.457 (ABNT, 2016), amostras de solo – preparação e ensaios de caracterização, NBR
6458 (2016), determinação da massa específica aparente e da absorção de água e NBR 7.181
(ABNT, 2016), solo - análise granulométrica

Os índices físicos do material coletada, pela amostra A02, estão apresentados na Tabela 3-1, os
quais correspondem a valores intermediários determinados a partir das relações entre os pesos
e volumes dos corpos de prova indeformados, utilizados na realização do ensaio de
cisalhamento direto.

54
Tabela 3-1: Índices físicos do material (Fonte: Laboratório ETG/UFMG, 2022)

Caracterização Média Valor Mínimo Valor Máximo


Teor de Umidade Natural (%) 7,05 4,73 9,92
Peso Específico Real dos Grãos (kN/m³) 46,12 - -
Peso Específico Natural (kN/m³) 27,94 26,78 29,11
Peso Específico Seco (kN/m³) 26,13 24,36 27,55
Índice de Vazios 0,77 0,67 0,89
Grau de Saturação (%) 42,26 32,36 52,22
Coeficiente de Uniformidade (Cu) 21,43 - -
Coeficiente de Curvatura (Cc) 0,17 - -

A curva granulométrica do material, utilizado da amostra deformada da amostra A01, está


apresentada pelo gráfico na Figura 3-6, e a composição granulométrica pela Tabela 3-2,
apresentando os percentuais de cada fração, definida pelos métodos de peneiramento e de
sedimentação, de acordo com as segmentações disposta pela NBR 6502 (ABNT, 2022).

Figura 3-6: Curva granulométrica do material (Fonte: adaptado do relatório disponibilizado


pelo laboratório ETG/UFMG, 2022)

Tabela 3-2: Composição granulométrica do material (Fonte: adaptado do relatório


disponibilizado pelo laboratório ETG/UFMG, 2022)

Composição Granulométrica Amostra A01 (%)


Argila 4,13
Silte 55,54
Areia Fina 9,31
Areia Média 24,67
Areia Grossa 5,14
Pedregulho 1,21

55
Com base na composição granulométrica apresentado na Tabela 3-2, o material é classificado
como silte arenoso. Não foi possível classificar o material de acordo com o Sistema Unificado
de Classificação dos Solos (SUCS), devido à não execução de ensaio de Limite de Atterberg,
para distinção da classificação de granulação fina, na Carta Casagrande.

Em ensaios pregressos realizado por Teófilo (2009), a composição granulométrica encontrado


para material friável presente na mina de Águas Claras foi obtido por 6% de pedregulho, 3%
de areia grossa, 6% de areia média, 30% de areia fina, 50% de silte e 5% de argila. Observando
que os principais componentes foram de silte e areia fina.

3.4.2. Ensaios de Cisalhamento Direto

O ensaio de cisalhamento direto teve como objetivo a obtenção dos parâmetros de resistência
do solo. Os ensaios foram realizados no Laboratório de Geotecnologia da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (LAGEOTEC / UFRGS, 2019).

Na execução deste ensaio, foi utilizado equipamento de cisalhamento direto convencional, do


tipo deformação controlada. Os corpos de prova foram moldados com diâmetro de 60mm e de
20mm de altura. O período de inundação dos corpos de prova anterior ao ensaio fora de 18
horas, tempo em que as deformações verticais dos corpos de prova estabilizavam. A velocidade
utilizada nos ensaios foi de 0,02438 mm/minuto.

A partir do bloco de amostra indeformada, foram realizados ensaios de cisalhamento direto em


4 corpos de prova, os quais foram aplicadas tensões normais de 50 kPa, 100 kPa, 200 kPa e
300 kPa. O gráfico de tensão cisalhante em relação ao deslocamento horizontal está
apresentado na Figura 3-7, enquanto a envoltória de resistência ao cisalhamento de pico do
material está apresentada na Figura 3-8.

56
Figura 3-7: Gráfico de tensão cisalhante em relação ao deslocamento horizontal (Fonte:
LAGEOTEC/UFRGS, 2019)

Figura 3-8: Envoltória de resistência ao cisalhamento de pico (Fonte: LAGEOTEC/UFRGS,


2019)

Com base nos gráficos apresentados, observa-se uma discrepância no resultado obtido no corpo
de prova utilizado para a aplicação de tensões normais a 300 kPa. Observado na Figura 3-9 a
presença de porções de material compacto, após a execução do ensaio de cisalhamento direto,
o que pode ter provocado na variação do plano de ruptura no material presente neste corpo de
prova.

57
Figura 3-9: Demarcação da presença de material compacto no corpo de prova submetido a
tensão normal a 300 kPa (Fonte: LAGEOTEC/UFRGS, 2019)

Considerando apenas os corpos de prova executados para a aplicação de tensões normais de 50


kPa, 100 kPa e 200 kPa, obtém parâmetros de resistência para o material de 8,3 kPa para coesão
efetiva, e ângulo de atrito interno efetivo de 30,2°. Estes parâmetros foram obtidos a partir do
método de regressão linear com coeficiente de determinação (R²) igual a 99%.

Com bases nos estudos pregressos, citados na referência bibliográfica, e executando um


comparativo entre os resultados obtidos nos ensaios de laboratório supracitados, se observa
uma compatibilidade quanto ao peso específico máxima obtidos em relação ao obtido por
Gobbi et al. (2016) e o ângulo de atrito obtido por Rosenbach (2018), no entanto assim como
nas pesquisas anteriores, a coesão resultante no material teve discrepância entre os resultados.
No entanto não foi obtido uma linearidade no consenso entre os valores resultantes.

3.5. PROGRAMA EXPERIMENTAL DE CAMPO

O programa experimental de campo contempla na execução e avaliação de 18 ensaios de


arrancamento realizados em talude na área de uma mina desativada localizada no munícipio
de Nova Lima, Minas Gerais. Os ensaios foram executados com o intuito de obter a resistência
de atrito lateral (qs) no contato terreno-calda de cimento ao longo de ancoragens passivas para

58
dimensionamento de tratamento de estabilização dos taludes da mina, determinante para a
etapa de fechamento. Para aprimorar a avaliação quanto ao comportamento e a distribuição do
carregamento durante a execução dos ensaios de arrancamento, seis ancoragens destes foram
monitoradas com extensômetros elétricos.

3.5.1. Características das Ancoragens

Todos os ensaios de arrancamento foram realizados a partir da execução de ancoragens


passivas injetadas com calda de cimento em perfurações de 75 mm e 90 mm, realizados por
martelo hidráulico pneumático e perfuratriz roto percussiva. O preenchimento das perfurações
fora executado com calda de cimento com fator água/cimento igual a 0,6 com utilização de
cimento CP-IV e CP V-ARI, e executados de forma ascendente com a utilização de mangueira
auxiliar.

As barras de aço utilizadas são do tipo Gewi, fornecido pela Dywidag, as barras possuem
diâmetro nominal de 25mm e 32mm, com tensão de escoamento de 50kgf/mm² e 55kgf/mm²
respectivamente. As barras possuem rosca esquerda (anti-horário) duplo filetada e robusta por
toda sua extensão, o que garante a rosqueabilidade mesmo em ambientes agressivos, e
facilitando a aderência da calda de cimento. Estas barras são fornecidas com comprimento
máximo de 12,00 metros, no entanto são usualmente utilizadas para a instalação comprimento
de 6,00 metros, o que facilita e propõe maior segurança na instalação das barras durante a
atividade de trabalho em altura. Para a utilização de comprimento superiores, são utilizadas
luvas de emenda, as quais não foram utilizadas nesta pesquisa.

Na ocorrência de patologias em ancoragens passivas constituídas do sistema de solo


grampeado em região próxima a execução dos ensaios de arrancamento, observou a perda de
material (itabirito friável) na região envoltória a ancoragem, expondo a calda de cimento de
preenchimento da perfuração. Nestas ancoragens foi possível verificar que com a aplicação do
preenchimento com calda de cimento sem a presença de pressão, ou seja, apenas pelo método
gravitacional, não ocorre o aumento do perímetro de preenchimento de calda de cimento em
relação ao diâmetro do bit de perfuração.

3.5.2. Leitura do Deslocamento na Extremidade da Ancoragem

59
Foram adotados elementos para a obtenção de informações de deslocamentos permanentes e
elásticos na extremidade da ancoragem durante os ensaios de arrancamento. Para os ensaios
convencionais, foram adotados relógio comparador, com resolução de 0,01mm fixado fora da
área de influência do carregamento imposto pelo conjunto macaco hidráulico-cilindro, a
fixação ocorreu com o auxílio de tripé e base magnética para fixação do elemento.

Para os ensaios de arrancamento monitorados com extensômetros elétricos e célula de carga,


foram incluídos a utilização de régua resistiva com transdutor de deslocamento variável linear
(LVDT). O qual também foi fixado fora da área de aplicação do carregamento e com o auxílio
de um tripé em conjunto com a base magnética. Este elemento foi conectado em conjunto com
a caixa de instrumentação no qual obteve também as leituras da célula de carga utilizada
durante o ensaio.

3.5.3. Instrumentação com Célula de Carga

Para a obtenção de informações da carga aplicada sobre as ancoragens, a célula de carga é um


elemento auxiliar para obter informações precisas da carga aplicada sobre as ancoragens
durante o ensaio de arrancamento, com este intuito o dispositivo é posicionado na porção
superior da ancoragem próxima ao cilindro do conjunto macaco hidráulico.

Para que a assertividade dos registros de cargas aplicadas sobre as ancoragens seja satisfatória,
são necessários alguns cuidados na metodologia de instalação, de modo a reduzir possíveis
erros de leitura na aferição da carga real aplicada sobre as ancoragens, os quais foram
observados ao longo da execução dos ensaios. A metodologia de instalação compreende:

a) A face do talude a ser posicionada a placa de reação deve ser plana, sem rugosidade,
proporcionando uma boa aderência entre a placa de reação e o plano inclinado do
talude;

b) A base de apoio para a célula de carga deve ser lisa, e proporcionando que toda a área
da célula de carga esteja em contato no conjunto ao cilindro do conjunto macaco
hidráulico;

60
c) O ângulo de posicionamento da célula de carga deve estar normalizado comparado
com o ângulo de inclinação da ancoragem, de forma a evitar a possibilidade de
carregamento da ancoragem de forma inclinada;

d) A pressão aplicada pelo macaco hidráulico deverá ser nula, no intuito do carregamento
não influenciar no vetor vertical e ocasionar numa resultante para o sistema de reação.
No entanto no início do ensaio de arrancamento deverá ser aplicada uma carga mínima,
de acordo com o procedimento de ensaio para que seja verificada a acomodação dos
elementos constituídos no ensaio de arrancamento.

Para os ensaios de calibração das barras foi utilizada uma célula de carga com capacidade
máxima de 200 kN para a aferição da carga aplicada, Figura 3-10. Nos ensaios de
arrancamento executados em campo, devido a necessidade de cargas superiores, foi utilizada
uma célula de carga com capacidade máxima de 500 kN.

Figura 3-10: Célula de carga com capacidade máxima de 200 kN (a esquerda) e caixa de
obtenção dos dados (a direita) (Fonte: elaborado pelo autor)

Com base nas retas de calibração apresentadas na Figura 3-11 e Figura 3-12, para as células
de carga de 200 kN e 500 kN respectivamente. A Tabela 3-3 demonstra a equação da reta a
partir da regressão linear aplicado sobre os dados de carregamento e descarregamento
aplicados para a obtenção dos valores em Volts. Durante a execução da calibração das barras
e execução dos ensaios de arrancamento em campo foram utilizados caixa de instrumentação
com obtenção de dados por segundo. Estes gráficos possuem o intuito de correlacionar os
valores apresentados pela caixa de instrumentação e melhorar a assertividade das cargas
aplicadas sobre as ancoragens durante os ensaios de arrancamento.

61
250

Carga (kN) 200

150

100

50

0
4 4,5 5 5,5 6 6,5 7 7,5 8 8,5
Tensão (V)

Figura 3-11: Reta de calibração da célula de carga com capacidade de 200 kN, utilizada na
calibração das barras (Fonte: elaborado pelo autor)

600
500
400
Carga (kN)

300
200
100
0
5 5,5 6 6,5 7
Tensão (V)

Figura 3-12: Reta de calibração da célula de carga com capacidade de 500 kN, utilizada nos
ensaios de arrancamento de campo (Fonte: elaborado pelo autor)

Tabela 3-3: Equações de calibração e coeficiente de determinação (Fonte: elaborado pelo


autor)

Capacidade da Célula de Carga Equação R²


200 kN 𝑦 = 52,34448𝑥 − 220,99879 99% Equação 3-1
500 kN 𝑦 = 273𝑥 − 1386,567 100% Equação 3-2
Sendo:
𝑥 a tensão em Volts, obtida em tempo real a partir da caixa de instrumentação utilizada durante
a calibração e ensaio de arrancamento;
𝑦 corresponde a carga de carregamento aplicada sobre a barra durante a calibração e/ou ensaio
de arrancamento.

62
3.5.4. Instrumentação das Barras

Dos 18 ensaios de arrancamento executados na área em estudo, 6 destes foram executados


utilizando instrumentação por meio da implementação de extensômetros elétricos ao longo
das barras. Este mecanismo teve como intuito a obtenção de informações quanto ao
monitoramento das deformações, sendo estas relacionadas com a distribuição das cargas ao
longo do trecho injetado da ancoragem.

O distanciamento entre os extensômetros foram pré-determinados com base nos comprimentos


variáveis dos trechos injetados e para uma melhor coerência nos resultados obtidos para a
distribuição destes elementos está apresentada na Figura 3-13, Figura 3-14 e Figura 3-15, os
comprimentos e distanciamento entre os extensômetros estão indicados em metros.

Figura 3-13: Distribuição dos extensômetros para a barra do ensaio com 1,00 metro ancorado
(Fonte: elaborado pelo autor)

Figura 3-14: Distribuição dos extensômetros para a barra do ensaio com 2,00 metros ancorado
(Fonte: elaborado pelo autor)

Figura 3-15: Distribuição dos extensômetros para a barra do ensaio com 3,00 metros ancorado
(Fonte: elaborado pelo autor)

63
A nomenclatura executada nas barras instrumentadas para identificação fora de acordo com o
comprimento do trecho ancorado, sendo apresentado conforme Figura 3-16.

Figura 3-16: Nomenclatura das barras instrumentadas com extensômetros elétricos (Fonte:
elaborado pelo autor)

Para as barras utilizadas nos ensaios de arrancamento convencionais a identificação seguiu de


acordo com a sequência dos ensaios de arrancamento realizados em toda a obra.

Os extensômetros elétricos utilizados na instrumentação das barras foram adquiridos na Excel


Sensor, do tipo folha e modelo roseta dupla a 90° com grelhas lado a lado, especificação PA-
06-250TG-350-L, com resistência de 350Ω, fios de 70mm e fator de sensibilidade de 2,19,
decorrente do material utilizado (liga metálica) e lote de fabricação (220603). A placa do
extensômetro utilizado possui largura de 14mm e comprimento de 20mm, enquanto a
fresagem das barras fora executada com dimensões de 20mm por 25mm.

Figura 3-17: Dimensões do sensor tipo roseta dupla e da área de fresa executada na barra
(Fonte: elaborado pelo autor)

64
O mecanismo de fresa executado nas barras possuem o intuito de nivelar as nervuras da barra,
proporcionando uma superfície lisa e uniforme para a fixação dos extensômetros. Além da
fresa, fora executado a limpeza com solução aquosa (condicionador) para remoção de pequenas
oxidações na superfície em aço e posteriormente a aplicação de solução aquosa para neutralizar
o condicionador no preparo da superfície de aço, antecedendo a colagem do extensômetro
elétrico com o auxílio de adesivo instantâneo de baixa viscosidade com base em cianoacrilato,
substância utilizada em colagem de alta velocidade de cura em substratos de difícil adesão.

Além da fresa executada para a instalação do extensômetro, foi executado um outro facetado
para o posicionamento da placa de conexão, formando a ligação completa do ponto de
Wheatstone, nesta região ocorre a entrada da tensão elétrica e resposta do sistema,
correspondendo a um cabo de 4 vias com isolamento mecânico de comprimento suficiente para
a conexão e leitura dos dados durante a execução dos ensaios. Após a ligação completa do
sistema, e verificação com o auxílio de multímetro quanto a resistência dos fios, ocorre a
aplicação de cera hidrofugante para proteção física (água e umidade) e encapsulamento com
resina epóxi, acrescentando a proteção mecânica e isolamento elétrico para os componentes.

(a) (b)

Figura 3-18: Procedimentos de proteções do extensômetro e circuito: (a) hidrofugante; (b)


mecânica e isolante térmico (Fonte: elaborado pelo autor)

Devido a elevada sensibilidade dos extensômetros elétricos, há uma série de cuidados que
devem ser tomados no processo de instalação dos quais foram descritos acima e se encontram
de uma forma mais detalhada no apêndice A com seus respectivos registros fotográficos.

A não execução destas etapas, e cuidados durante a montagem podem acarretar mudanças

65
significativas durante a o processo de calibração das barras e durante os ensaios executados em
campo. No Tabela 3-4, apresenta as principais patologias e com suas consequentes soluções-
consequências.

Tabela 3-4: Itens de atenção para a execução de extensômetros elétricos para instrumentação
de ancoragens (Fonte: elaborado pelo autor) – (Continua)
Patologia Consequência Solução Aplicada
Superfície de contato (fresa) Não aderência correta do Execução da fresa e
extensômetro no local de fresa posteriormente execução de
lixamento da superfície com
elevada granulometria

Tabela 3-4: Itens de atenção para a execução de extensômetros elétricos para instrumentação
de ancoragens (Fonte: elaborado pelo autor) – (Conclusão)
Colagem do extensômetro Formação de bolhas; Utilização de adesivo com baixa
Desalinhamento do viscosidade;
extensômetro em relação a barra Utilização de grampo múltiplo;
Conexão dos fios/cabos Não funcionamento dos Organização e identificação
extensômetros visual
Isolamento elétrico, umidade e Não funcionamento dos Utilização de proteções (cera e
mecânico extensômetros resina)

3.5.5. Ensaios de Calibração dos Extensômetros

As barras em que foram instaladas os extensômetros foram calibradas com a execução do


procedimento de carregamento e descarregamento em dois ciclos. Os dados foram obtidos a
partir do sistema montado na caixa de instrumentação que também foi utilizada durante a
execução dos ensaios de campo. Para a execução do ensaio, fora necessário a utilização de um
tubo de aço carbono schedule com comprimento de 3,50 metros, de modo que todos os
extensômetros estivessem inseridos no interior do tubo e obtendo informações de carga
simultâneas. O sistema utilizado para a calibração das barras está apresentado na Figura 3-19.

66
Figura 3-19: Sistema dos ensaios de calibração das barras (Fonte: elaborado pelo autor)

O carregamento aplicado nas barras durante a calibração foram de até 130 kN, o sistema de
aquisição de dados foi elaborado para a obtenção por segundo, sendo o tempo de espera após
a execução da taxa de carregamento ou descarregamento relacionado apenas quanto ao período
de estabilização das deformações e a obtenção de valores suficientes para a elaboração da reta
da calibração. Com a execução dos ensaios de calibração foi possível obter as retas de
calibração relacionando a carga aplicada (kN) e as informações obtidas pela caixa de
instrumentação (bits), estes gráficos estão apresentados no Apêndice B em conjunto com as
respectivas equações.

Com a execução de uma equação para cada extensômetro instalado, o coeficiente de


determinação obtido de forma geral foi de 99%. Estas equações foram utilizadas para a
interpretação das cargas obtidas para cada extensômetro após a execução dos ensaios de
arrancamento executados em campo.

3.5.6. Procedimento do Ensaio de Arrancamento

Os ensaios de arrancamento foram executados em duas campanhas, primeiramente na


execução de 12 ensaio convencionais, com comprimento do trecho ancorado variável de 1,00
metro a 3,00 metros, inseridos em material itabirito friável, seguindo uma adaptação da NBR
5629 (ABNT, 2018), a qual trata de tirantes ancorados no terreno – projeto e execução. Para
estes ensaios foram utilizados um conjunto de macaco hidráulico com capacidade de 400 kN,
o controle de deslocamentos na extremidade da barra foi executado com base no

67
posicionamento de relógio comparador e leitura de forma manual, fora da área de influência
do carregamento aplicado pelo conjunto macaco hidráulico, com resolução de 0,01mm.

A carga última da barra para o ensaio foi determinada a partir da área da seção e tensão
resistente característica do aço, determinada pela Equação 3-3.

𝐹𝑢 = 𝐴𝑆 ∙ 𝑓𝑦𝑘 ∙ 0,9 Equação 3-3

A carga máxima prevista (TMÁX) para os ensaios foi determinada pela Equação 2-1.

O carregamento inicial do ensaio de arrancamento é necessário para os ajustes iniciais dos


equipamentos instalados, no intuito de fixar o cilindro do macaco hidráulico, e porcas de
fixação das barras e mesas de suporte de reação do ensaio. A determinação desta carga é de
no máximo 2,5% da carga máxima prevista para o ensaio.

Após a execução destes ensaios de arrancamento convencionais, foram executados 6 ensaios


de arrancamento monitorados com o posicionamento de extensômetros elétricos ao longo da
barra, com comprimento do trecho ancorado variável de 1,00 metro a 3,00 metros. O
procedimento de execução para estes ensaios seguiu próximo ao apresentado, com alteração
somente no modo de monitoramento do ensaio, sendo totalmente monitorado com o
acompanhamento em tempo real das respostas obtidas pelos extensômetros, utilização de
célula de carga próximo ao cilindro do macaco hidráulico, e posicionamento de régua resistiva
automatizada para a leitura de deslocamentos na extremidade da barra. O macaco hidráulico
utilizado para a execução dos ensaios monitorados foi substituído por um com capacidade de
500 kN compatível com a célula de carga.

Para que se possa obter informações com maior exatidão nas respostas dos instrumentos
monitorados, a carga máxima prevista foi obtida a partir da menor resistência de interface
terreno-calda de cimento dos ensaios convencionais, tornando os ensaios de arrancamento
monitorados numa velocidade de taxa dos incrementos de carga menor.

68
CAPÍTULO 4
4. RESULTADOS E ANÁLISES

Apresentado neste capítulo uma breve análise comparativa entre os resultados de ensaios de
arrancamento executados em campo e o ensaio de laboratório visando a obtenção do parâmetro
de resistência do material ao qual foi inserido as ancoragens. Está análise comparativa é de
caráter secundária visto que a quantidade de ensaios de laboratório não é satisfatória para uma
análise mais profunda, além de que este não é o objetivo principal para este estudo.

Numa forma mais estabelecida, este capítulo discorrerá sobre o objetivo de avaliar o
comportamento de resistência e distribuição das cargas ao longo de ancoragens passivas
inseridas em material de itabirito friável. As ancoragens utilizadas nos ensaios de arrancamento
foram executados com duas condições metodológicas. A primeira executada sem o
acompanhamento com instrumentações, e a segunda com o acompanhamento com
extensômetros instalados ao longo do trecho ancorado. Este por sua vez, verificado a carga do
manômetro do conjunto bomba-cilindro por uma célula de carga instalada na cabeça da
ancoragem além da instalação de um extensômetro no trecho livre.

Com base nas características das ancoragens executadas, a avaliação se procedeu na avaliação
das características as ancoragens executadas, considerando dados obtidos em campo,
informações fornecidas pela empreiteira, pressões de injeção de calda de cimento e consumo
de cimento, além dos resultados obtidos nos ensaios de arrancamento.

4.1. ENSAIOS DE CISALHAMENTO DIRETO

No intuito de comparar a resistência do material em que as ancoragens foram inseridas com os


resultados obtidos em campo, fora avaliado o ensaio de cisalhamento direto nas condições
normais executado. De acordo com os resultados dos ensaios de laboratório apresentados no
Capítulo 3, reforça que o número de ensaio não é satisfatório para uma análise aprofundada.

69
A Figura 4-1, apresenta os dados de resistência ao cisalhamento obtidos no ensaio de
laboratório para o material, ao qual as ancoragens foram inseridas para a execução dos ensaios
de arrancamento. Destaca-se para a remoção da resultante obtida no corpo de prova para tensão
normal de 300 kPa, esta exceção foi comentada no Capítulo 3.

Figura 4-1: Envoltória de resistência ao cisalhamento (Fonte: elaborado pelo autor)

A Tabela 4-1 apresenta os parâmetros de resistência obtidos nos ensaios de cisalhamento direto
no material coletado em campo.

Tabela 4-1: Parâmetros de resistência do material (Fonte: elaborado pelo autor)


Interface Material/Material
Tipologia do Peso Específico Natural Intercepto
Coleta Ângulo de Atrito
Material (kN/m³) Coesivo
(graus)
(kPa)
Material 01 Silte Arenoso 27,94 8,3 30,2

Com os parâmetros supracitados, obtidos nos ensaios de laboratório, foi possível estimar uma
aproximação da resistência ao cisalhamento na interface terreno-ancoragem resultante nos
ensaios de arrancamento. Está correlação ocorre com a utilização da equação clássica de Mohr-
Coulomb apresentado na Equação 2-9, no qual a tensão vertical efetiva normal (σ’) pode ser

70
substituída pela multiplicação entre o peso específico natural e a espessura de material presente
sobre a ancoragem, resultando na Equação 4-1.

𝑞𝑠 = 𝑐′ + 𝛾 ∙ ℎ ∙ tan(ϕ) Equação 4-1

Considerando que as ancoragens estão inseridas a uma profundidade vertical da crista do talude
de aproximadamente 30,00 metros e aplicando os parâmetros de resistência e características
do material apresentado na Tabela 4-1, o valor estimado da resistência ao arrancamento das
ancoragens inseridas em itabirito friável é de 496,14 kPa.

O valor obtido na estimativa da resistência ao arrancamento a partir do ensaio de laboratório


fora utilizado para a elaboração da taxa de carregamento dos ciclos aplicados nos ensaios de
arrancamento convencionais. E em virtude dos ensaios de arrancamento monitorados com
extensômetros elétricos terem sido executados posterirormente aos ensaios convencionais,
estes tiveram ajustes também, na taxa de carregamento a partir dos resultados obtidos da
resistência ao arrancamento dos ensaios de arrancamento convencionais.

4.2. RESISTÊNCIA AO ARRANCAMENTO

No intuito de aprofundar o conhecimento quanto ao comportamento das ancoragens, este


capítulo apresenta os resultados obtidos nos ensaios de arrancamento convencionais e
monitorados, demonstrando a tendências de resistência obtidas conforme apresentados na
subsequência deste estudo.

4.2.1. Resultados Obtidos

Os ensaios de arrancamento executados foram apresentados relacionando a carga aplicada


com carregamentos e descarregamentos nas ancoragens passivas com o deslocamento na
cabeça da ancoragem. Estes ensaios foram realizados de três modos distintos: ensaio
convencional com somente carregamento; ensaio convencional com carregamento e
descarregamento; e ensaio instrumentada com extensômetros com carregamento e
descarregamento. Para os ensaios de arrancamento executados com instrumentação são
apresentados também as informações quanto a distribuição da carga ao longo das ancoragens.

71
A resistência ao arrancamento máxima ocorrida na interface terreno-ancoragem é definida a
partir da razão entre a carga máxima que se manteve estabilizada no ensaio e o produto entre
a circunferência de perfuração e o comprimento injetado da ancoragem, uma reorganização da
Equação 2-1 apresenta anteriormente, demonstrada pela Equação 4-2.

𝑇𝑀Á𝑋 Equação 4-2


𝑞𝑠 =
𝜋 ∙ 𝐷 ∙ 𝐿𝑏

Para a apresentação dos gráficos de distribuição das cargas dos ensaios monitorados com
extensômetros foram também utilizadas células de carga, capazes de adquirir informações
quanto a carga aplicada pelo sistema de cilindro hidráulico-bomba-manômetro, capaz de
acompanhar o carregamento e descarregamento a partir deste sistema e verificar quanto a
compatibilidade com o extensômetro instalado no trecho livre da ancoragem.

Nos gráficos em que estão apresentados os resultados referentes a distribuição da carga nos
ensaios de arrancamento monitorados por extensômetros elétricos, estão demonstrados o
posicionamento dos elementos de monitoramento, com a inclusão das sigas CC (Célula de
Carga) e SG (Extensômetros Elétricos).

A Figura 4-2 e Figura 4-3 apresentam o conjunto de resultados de ensaios de arrancamento


não instrumentos, com 1,00 metro de ancoragem injetada com calda de cimento. Os ensaios
de arrancamento monitorados estão com os resultados referente ao carregamento e
deformações registras na extremidade da barra apresentado na Figura 4-4, e na Figura 4-5 e
Figura 4-6 apresentado o comportamento da distribuição do carregamento ao longo da
ancoragem.

72
132_A (a) Ensaio 129 (b)

Carga (kN) Carga (kN)


0 100 200 300 400 0 100 200 300 400
0,0 0,0

2,0 2,0

4,0 4,0
Deslocamento (mm)

Deslocamento (mm)
6,0 6,0

8,0 8,0

10,0 10,0

12,0 12,0

14,0 14,0

Figura 4-2: Resultado dos ensaios de arrancamento convencional: (a) ensaio com somente
carregamento; (b) ensaio com carregamento e descarregamento (Fonte: elaborado pelo autor)

Ensaio 128 (c) Ensaio 132 (d)

Carga (kN) Carga (kN)


0 100 200 300 400 0 100 200 300 400
0,0 0,0

2,0 2,0

4,0 4,0
Deslocamento (mm)
Deslocamento (mm)

6,0 6,0

8,0 8,0

10,0 10,0

12,0 12,0

14,0 14,0

Figura 4-3: Resultados dos ensaios de arrancamento convencional: (c) e (d) ensaios com
carregamento e descarregamento (Fonte: elaborado pelo autor)

73
Ensaio B1_00 (e) Ensaio B1_01 (f)

Carga na ancoragem (kN) Carga na ancoragem (kN)


0 100 200 300 400 0 100 200 300 400
0,0 0,0

5,0 5,0
Deslocamento (mm)

Deslocamento (mm)
10,0 10,0

15,0 15,0

20,0 20,0

25,0 25,0

30,0 30,0

Figura 4-4: Resultado dos ensaios de arrancamento monitorados (Fonte: elaborado pelo autor)

Distribuição da Carga (B00_01)

350
Carga na ancoragem (kN)

300

250

200

150

100

50

-
- 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
Comprimento da ancoragem (m)

42,15 kN 76,27 kN 105,15 kN 133,57 kN 165,33 kN

192,84 kN 229,54 kN 252,13 kN 289,56 kN 316,34 kN

Figura 4-5: Distribuição das cargas ao longo de ancoragem instrumentada, ensaio B1_00
(Fonte: elaborado pelo autor)

74
Distribuição da Carga (B01_01)

350

300
Carga na ancoragem (kN)

250

200

150

100

50

-
- 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
Comprimento da ancoragem (m)

49,82 kN 76,47 kN 99,18 kN 125,80 kN 143,92 kN

177,92 kN 204,74 kN 223,67 kN 248,57 kN 273,06 kN

Figura 4-6: Distribuição das cargas ao longo de ancoragem instrumentada, ensaio B1_01
(Fonte: elaborado pelo autor)

Os ensaios de arrancamento convencionais, apresentados na Figura 4-2 e Figura 4-3, resultaram


em valores próximos na carga máxima aplicada durante o ensaio de arrancamento. O valor
médio apresentado para as ancoragens executadas com diâmetro de perfuração de 90 mm fora
de 167 kN, enquanto para o ensaio executado com diâmetro de perfuração de 75 mm foi de 104
kN. Com base nestes carregamentos máximos aplicados, a resistência mediana de interface
terreno-ancoragem para os ensaios de arrancamento convencionais fora de 555,7 kN/m².

Os dois ensaios de arrancamento executados com instrumentação por meio de extensômetros,


apresentados na Figura 4-4, obtiveram valores de carga máxima semelhantes, sendo 202 kN
para o ensaio B1_00 e 204 kN para o ensaio B1_01. Ambos os ensaios de arrancamento foram
executados mediante a perfuração com a utilização de diâmetro de 90mm. A resistência
mediana de interface terreno-ancoragem para os ensaios de arrancamento monitorados fora de
717,9 kN/m².

Comparando os resultados obtidos nos ensaios de arrancamento convencionais com os ensaios


monitorados, temos um aumento significativo de 25%. Observado também a baixa deformação
obtida na ruptura obtida no comportamento carregamento-deslocamento, o que pode indicar

75
alguma falha no processo de preenchimento com calda de cimento durante a injeção. A
suposição de aumento do trecho ancorado para os ensaios monitorados é desconsiderada visto
o comportamento da carga aplicada na extremidade, comparado ao obtidos pelos extensômetros
ao longo da ancoragem.

Na Figura 4-5 e na Figura 4-6 apresentam o comportamento das cargas ao longo da ancoragem
com 1,00 metro do trecho final ancorado. O extensômetro 0 localizado anterior ao início do
trecho ancorado reflete a carga registrada pela célula de carga situada em conjunto com o
macaco hidráulico, enquanto o extensômetro 1 localizado ligeiramente no início do trecho
ancorado já indica uma pequena dissipação da carga em virtude do atrito terreno-ancoragem. O
extensômetro 2 reflete a dissipação ao longo de todo trecho ancorado, visto que está localizado
a 25cm da extremidade interna.

A Figura 4-7 e Figura 4-8 apresentam os ensaios de arrancamento convencionais, com 2,00
metros de ancoragem injetadas com calda de cimento, estes ensaios estão localizados na região
oeste da área de estudo. Os ensaios de arrancamento monitorados com a utilização de
extensômetros elétricos estão apresentados na Figura 4-9, Figura 4-10 e Figura 4-11.

Ensaio 133_A (a) Ensaio 130 (b)

Carga (kN) Carga (kN)


0 100 200 300 400 0 100 200 300 400
0,0 0,0

2,0 2,0

4,0 4,0
Deslocamento (mm)

Deslocamento (mm)

6,0 6,0

8,0 8,0

10,0 10,0

12,0 12,0

14,0 14,0

Figura 4-7: Resultado dos ensaios de arrancamento convencional: (a) ensaio com somente
carregamento; (b) ensaio com carregamento e descarregamento (Fonte: elaborado pelo autor)

76
Ensaio 127 (c) Ensaio 133 (d)

Carga (kN) Carga (kN)


0 100 200 300 400 0 100 200 300 400
0,0 0,0

2,0 2,0

4,0 4,0
Deslocamento (mm)

Deslocamento (mm)
6,0 6,0

8,0 8,0

10,0 10,0

12,0 12,0

14,0 14,0

Figura 4-8: Resultados dos ensaios de arrancamento convencional: (c) e (d) ensaios com
carregamento e descarregamento (Fonte: elaborado pelo autor)

B02_00 (e) Ensaio B2_01 (f)

Carga (kN) Carga (kN)


0 100 200 300 400 500 0 100 200 300 400 500
0,0 0,0

2,0 2,0

4,0 4,0

6,0 6,0
Deslocamento (mm)

Deslocamento (mm)

8,0 8,0

10,0 10,0

12,0 12,0

14,0 14,0

16,0 16,0

18,0 18,0

20,0 20,0

Figura 4-9: Resultado dos ensaios de arrancamento monitorados (Fonte: elaborado pelo autor)

77
Distribuição da Carga (B02_00)

500
450
400
Carga na ancoragem (kN)

350
300
250
200
150
100
50
0
- 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 4,50 5,00
Comprimento da Ancoragem (m)
52,33 kN 72,70 kN 132,84 kN 182,33 kN 233,95 kN
262,45 kN 312,65 kN 360,27 kN 392,57 kN 415,23 kN

Figura 4-10: Distribuição das cargas ao longo de ancoragem instrumentada, ensaio B2_00
(Fonte: elaborado pelo autor)

Distribuição da Carga (B02_01)

500
450
400
Carga na ancoragem (kN)

350
300
250
200
150
100
50
-
- 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
Comprimento da ancoragem (m)
56,97 kN 64,19 kN 93,48 kN 138,55 kN 182,83 kN
226,49 kN 270,24 kN 315,58 kN 356,00 kN 384,30 kN

Figura 4-11: Distribuição das cargas ao longo de ancoragem instrumentada, ensaio B2_01
(Fonte: elaborado pelo autor)

78
Observado elevada aproximação entre os resultados obtidos nos ensaios de arrancamento
convencionais, apresentados na Figura 4-7 e Figura 4-8, os quais foi obtido uma média da carga
máxima de arrancamento de 287 kN para as ancoragens executadas com diâmetro de perfuração
de 90 mm e de 240kN para a ancoragem executada com diâmetro de perfuração de 75 mm. A
resistência da interface terreno-ancoragem de 501,5 kN/m².

Destaca-se que o ensaio de arrancamento identificado como 130 (b) não obteve ruptura, sendo
a carga máxima obtida durante o ensaio sendo limitada a utilização do equipamento macaco
hidráulico. Observada também deformações baixas comparada aos demais ensaios
convencionais e instrumentos, o que possibilita a ocorrência do vazamento da injeção de calda
de cimento e resultando no trecho ancorado superior a 2,00 metros.

Para os ensaios de arrancamento executados nas ancoragens instrumentadas com


extensômetros, apresentada na Figura 4-9, apresentaram carga máxima de ruptura de 360 kN
para a ancoragem B02_00 e 356 kN para a ancoragem B2_01. Assim como os ensaios de
arrancamento monitorados com 1,00 metro, estes foram executados também com perfuração e
diâmetro de 90mm. A resistência mediana de interface terreno-ancoragem para os ensaios de
arrancamento monitorados fora de 633,0 kN/m².

Realizando um comparativo entre a resistência de interface entre os ensaios convencionais e


monitorados, os quais obtiveram um aumento de 28% na resistência. Este aumento é compatível
com o valor encontrado na diferença para os ensaios de arrancamento com 1,00 metro ancorado.

Na Figura 4-10 e Figura 4-11 estão apresentados o comportamento do carregamento aplicado


sobre a ancoragem e a dissipação da carga ao longo da barra através dos extensômetros
instalados. Observado que na ancoragem B02_00, ocorreu a perda da obtenção dos dados no
extensômetro 0 a partir do carregamento de 360,27 kN, apesar dos extensômetros serem
independentes, ocorreu também uma variação na leitura obtida no extensômetro 1 localizado
ligeiramente no início do trecho ancorado e o extensômetro 2 localizado na região central do
trecho ancorado.

A perda de informações verificada pelo extensômetro 0 se dá pela carga aplicada ter


ultrapassado o limite de bits estimado pela reta de calibração. A perda de informação poderia

79
ser evitada caso tenha sido simulado a carga máxima a ser aplicada durante o ensaio de
ancoragem a partir da equação de calibração.

Para a ancoragem B02_01, se observa um comportamento adequado quanto a dissipação da


carga aplicada relacionado ao comprimento do trecho ancorado. Apesar das intermitências
observadas na aquisição das informações dos extensômetros na barra B02_00, em ambos os
ensaios de arrancamento é observado carga de arrancamento no extensômetro 3, localizado na
extremidade do trecho ancorado, próximo de 30 kN.

A Figura 4-12 e Figura 4-13 apresentam os ensaios de arrancamento convencionais, com 3,00
metros de ancoragem injetadas com calda de cimento, estes ensaios estão localizados na região
oeste da área de estudo. Os ensaios de arrancamento monitorados estão apresentados na Figura
4-14, Figura 4-15 e Figura 4-16, estes foram executados na região leste da área em estudo.

134A (a) 126 (b)

Carga (kN) Carga (kN)


0 100 200 300 400 500 0 100 200 300 400 500
0,0 0,0
2,0 2,0
4,0 4,0
6,0 6,0
8,0 8,0
Deslocamento (mm)

Deslocamento (mm)

10,0 10,0
12,0 12,0
14,0 14,0
16,0 16,0
18,0 18,0
20,0 20,0
22,0 22,0
24,0 24,0
26,0 26,0
28,0 28,0
30,0 30,0

Figura 4-12: Resultado dos ensaios de arrancamento convencional: (a) ensaio com somente
carregamento; (b) ensaio com carregamento e descarregamento (Fonte: elaborado pelo autor)

80
131 (c) 134 (d)

Carga (kN) Carga (kN)


0 100 200 300 400 500 0 100 200 300 400 500
0,0 0,0
2,0 2,0
4,0 4,0
6,0 6,0
8,0 8,0
Deslocamento (mm)

Deslocamento (mm)
10,0 10,0
12,0 12,0
14,0 14,0
16,0 16,0
18,0 18,0
20,0 20,0
22,0 22,0
24,0 24,0
26,0 26,0
28,0 28,0
30,0 30,0

Figura 4-13: Resultados dos ensaios de arrancamento convencional: (c) e (d) ensaios com
carregamento e descarregamento (Fonte: elaborado pelo autor)

B03_00 (e) B03_01 (f)

Carga (kN) Carga (kN)


0 100 200 300 400 500 0 100 200 300 400 500
0,0 0,0
2,0 2,0
4,0 4,0
6,0 6,0
8,0 8,0
Deslocamento (mm)

Deslocamento (mm)

10,0 10,0
12,0 12,0
14,0 14,0
16,0 16,0
18,0 18,0
20,0 20,0
22,0 22,0
24,0 24,0
26,0 26,0
28,0 28,0
30,0 30,0

Figura 4-14: Resultado dos ensaios de arrancamento monitorados (Fonte: elaborado pelo
autor)

81
Distribuição da Carga (B03_00)

500
450
Carga na Ancoragem (kN)

400
350
300
250
200
150
100
50
0
- 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 4,50 5,00
Comprimento da Ancoragem (m)
39,47 kN 90,34 kN 133,73 kN 180,79 kN 236,07 kN
279,21 kN 340,87 kN 372,53 kN 428,97 kN 473,42 kN

Figura 4-15: Distribuição das cargas ao longo de ancoragem instrumentada, ensaio B3_00
(Fonte: elaborado pelo autor)

Distribuição da Carga (B03_01)

500
450
Carga na Ancoragem (kN)

400
350
300
250
200
150
100
50
0
- 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 4,50 5,00
Comprimento da Ancoragem (m)
31,00 kN 80,03 kN 130,43 kN 180,28 kN 220,23 kN
269,50 kN 320,04 kN 369,90 kN 423,65 kN 469,15 kN

Figura 4-16: Distribuição das cargas ao longo de ancoragem instrumentada, ensaio B3_01
(Fonte: elaborado pelo autor)

82
Ocorrência de maior discrepância entre os resultados obtidos como carga máxima durante os
ensaios de arrancamento executados. Observa-se também que devido ao aumento do trecho
ancorado para 3,00 metros e a característica do material, não foi possível ocorrer a ruptura de
três dos seis ensaios executados, incluindo o conjunto de ensaio de arrancamento monitorado.
A carga registrada para estes ensaios está diretamente relacionada ao limite do equipamento
macaco hidráulico utilizado para o arrancamento da ancoragem.

Para os ensaios de arrancamento convencionais, apresentados na Figura 4-12 e Figura 4-13,


foram registrados carga máxima de ruptura média de 284 kN para as ancoragens executados
com perfuração de diâmetro de 90 mm, e para diâmetros de 75 mm é de 368 kN. A resistência
de interface terreno-ancoragem considerando estes ensaios de arrancamento é de 381,5 kN/m².
Apesar destes resultados há divergências executivas nos ensaios.

O ensaio de arrancamento 126 (b) obteve carga abaixo da média dos demais ensaios, este
comportamento pode estar relacionado a falhas executivas. Está pode ser pelo déficit injeção
de calda de cimento executado na ancoragem, sendo assim comprimento do trecho ancorado
inferior a 3,00 metros, ou a possibilidade de material distinto aos demais ensaios, visto a
presença de coloração clara na região do ensaio de arrancamento executado, apresentado pela
Figura 4-17. O qual pode influenciar na resistência de interface terreno-ancoragem ou na fuga
de injeção de calda de cimento, caracterizando a baixa carga de arrancamento registrado.

Figura 4-17: Localização do ensaio de arrancamento 126 (b) com trecho ancorado de 3,00
metros (Fonte: elaborado pelo autor)

83
Os ensaios de arrancamento monitorados apresentados na Figura 4-14, demonstram tendência
de deformações semelhantes. As cargas de arrancamento aplicados na extremidade superior
próximos ao limite da célula de carga e cilindro do conjunto macaco hidráulico utilizado nestes
ensaios, no qual é de 500 kN.

O comportamento da dissipação da carga aplicada para as ancoragens B3_00 e B3_01 estão


apresentadas na Figura 4-15 e Figura 4-16 respectivamente. Apesar destes ensaios não
resultarem em informações de rompimento geotécnico, ou seja, atingimento da carga máxima
de resistência da interface terreno-ancoragem, as curvaturas demonstram a dissipação das
cargas aplicadas ao longo do trecho ancorado, possibilitando avanço nas avaliações do
comportamento de ancoragens passivas inseridas em itabirito friável.

Com base nas informações supracitadas quanto ao resultado dos ensaios de arrancamento,
comportamento do carregamento das ancoragens, e nas características dos elementos
compostos pelas ancoragens, a Tabela 4-2, Tabela 4-3 e Tabela 4-4, apresentam um resumo
destas informações para as ancoragens com 1,00 metro, 2,00 metros e 3,00 metros do trecho
ancorado respectivamente.

84
Tabela 4-2: Características e resultados dos ensaios de arrancamento das ancoragens com 1,00
metro do trecho ancorado (Fonte: elaborado pelo autor)
Nomenclatura do 132 A B1_01
129 (b) 128 (c) 132 (d) B1_00
Ensaio (a)
Data de Execução 22/11/19 30/09/19 24/09/19 23/10/19 19/09/22 08/09/22
Comprimento Total 3,81 3,75 3,75 3,85 4,68 4,73
(m)
Comprimento do 2,81 2,75 2,75 2,85 3,68 3,73
Trecho livre (m)
Comprimento do 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
Trecho Ancorado (m)
Diâmetro de 90 90 90 75 90 90
Perfuração (mm)
Tipo e Diâmetro da Gewi Gewi Gewi Gewi Gewi Gewi
Barra 32mm 32mm 32mm 32mm 32mm 32mm
Ângulo do
Posicionamento da 27° 29° 27° 27° 29° 31°
Barra (graus)
Volume de Injeção de 0,006 0,006 0,006 0,004 0,006 0,006
calda de cimento (m³)
Quantidade de cimento 5 5 5 4 5 5
(kg)
Tipo do Cimento CP-III CP-III CP-III CP-III CP-V CP-V
Relação a/c 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6
Tempo Mínimo de 5 dias 5 dias 5 dias 5 dias 3 dias 3 dias
Cura (dias)
Pressão Aplicada para IG IG IG IG IG IG
Injeção
Resistência à
Compressão – 28 dias 27,65 32,60 30,95 31,30 30,99 30,99
(MPa)
Tipo de Ensaio C C/D C/D C/D C/D C/D
Acompanhamento do NI NI NI NI I I
Ensaio
Carga Máxima de 149 190 164 104 202 204
Ruptura (kN)
Modo de Ruptura G G G G G G
Atrito Lateral - qs 527,0 672,0 582,9 441,2 714,4 721,5
(kN/m²)
Legenda:
IG – Injeção por gravidade
C/D – Carregamento e Descarregamento
C – Carregamento
NI – Convencional
I – Monitorado
G – Geotécnica
NR – Não ocorreu ruptura

85
Tabela 4-3: Características e resultados dos ensaios de arrancamento das ancoragens com 2,00
metros do trecho ancorado (Fonte: elaborado pelo autor)
Nomenclatura do 133_A B2_00 B2_01
130 (b) 127 (c) 133 (d) (f)
Ensaio (a) (e)
Data de Execução: 21/11/19 01/10/19 17/09/19 23/10/19 19/10/22 02/11/22
Comprimento Total 4,76 4,60 4,75 4,83 4,62 4,57
(m)
Comprimento do 2,76 2,60 2,75 2,83 2,62 2,57
Trecho livre (m)
Comprimento do 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00
Trecho Ancorado (m)
Diâmetro de 90 90 90 75 90 90
Perfuração (mm)
Tipo e Diâmetro da Gewi Gewi Gewi Gewi Gewi Gewi
Barra 32mm 32mm 32mm 32mm 32mm 32mm
Ângulo do
Posicionamento da 27° 30° 27° 28° 29° 28°
Barra (graus)
Volume de Injeção de 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01
calda de cimento (m³)
Quantidade de cimento 11 11 11 7 11 11
(kg)
Tipo do Cimento CP-III CP-III CP-III CP-III CP-V CP-V
Fator a/c 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6
Tempo Mínimo de 5 dias 5 dias 5 dias 5 dias 3 dias 3 dias
Cura (dias)
Pressão Aplicada para IG IG IG IG IG IG
Injeção
Resistência à
Compressão – 28 dias 27,65 32,60 30,95 31,30 30,99 30,99
(MPa)
Tipo de Ensaio C C/D C/D C/D C/D C/D
Acompanhamento do NI NI NI NI I I
Ensaio
Carga Máxima de 263 303 286 240 360 356
Ruptura (kN)
Modo de Ruptura G NR G G G G
Atrito Lateral - qs 465,1 525,8 506,5 508,8 636,6 629,5
(kN/m²)
Legenda:
IG – Injeção por gravidade
C/D – Carregamento e Descarregamento
C – Carregamento
NI – Convencional
I – Monitorado
G – Geotécnica
NR – Não ocorreu ruptura

86
Tabela 4-4: Características e resultados dos ensaios de arrancamento das ancoragens com 3,00
metros do trecho ancorado (Fonte: elaborado pelo autor)
Nomenclatura do 134_A B3_00 B3_01
126 (b) 131 (c) 134 (d) (f)
Ensaio (a) (e)
Data de Execução: 21/11/19 02/10/19 19/09/19 21/10/19 26/10/22 12/09/22
Comprimento Total 5,85 5,55 5,55 5,55 4,70 4,66
(m)
Comprimento do 2,85 2,55 2,55 2,55 1,70 1,66
Trecho livre (m)
Comprimento do 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00
Trecho Ancorado (m)
Diâmetro de 90 90 90 75 90 90
Perfuração (mm)
Tipo e Diâmetro da Gewi Gewi Gewi Gewi Gewi Gewi
Barra 32mm 32mm 32mm 32mm 32mm 32mm
Ângulo da Barra em
relação com a 30° 27° 29° 29° 31° 33°
horizontal (graus)
Volume de Injeção de 0,02 0,02 0,02 0,01 0,02 0,02
calda de cimento (m³)
Quantidade de cimento 17 17 17 11 17 17
(kg)
Tipo do Cimento CP-III CP-III CP-III CP-III CP-V CP-V
Fator a/c 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6
Tempo Mínimo de 5 dias 5 dias 5 dias 5 dias 3 dias 3 dias
Cura (dias)
Pressão Aplicada para IG IG IG IG IG IG
Injeção
Resistência à
Compressão – 28 dias 27,65 32,60 30,95 31,30 30,99 30,99
(MPa)
Tipo de Ensaio C/D C/D C/D C C/D C/D
Acompanhamento do NI NI NI NI I I
Ensaio
Carga Máxima de 341 191 321 368 466 469
Ruptura (kN)
Modo de Ruptura G G G NR NR NR
Atrito Lateral - qs 402,0 225,2 378,4 520,6 549,3 552,9
(kN/m²)
Legenda:
IG – Injeção por gravidade
C/D – Carregamento e Descarregamento
C – Carregamento
NI – Convencional
I – Monitorado
G – Geotécnica
NR – Não ocorreu ruptura

87
4.2.2. Influência da Metodologia Executiva

Os ensaios de arrancamento convencionais, somam 12 ancoragens, aos quais, foram


executados seguindo duas metodologias distintas: a primeira no formato tradicional, seguindo
as diretrizes adaptadas da NBR 5629 (2018), vigente durante o ano da execução destes ensaios,
executando carregamento e descarregamento até a ocorrência de ruptura ou limite dos
equipamentos; a segunda metodologia na execução do ensaio com carregamento constante. O
processo construtivo das ancoragens, perfuração, instalação, injeção, e área de abrangência,
foram conforme apresentados no Capítulo 3.

Os resultados obtidos dos ensaios de arrancamento das ancoragens não instrumentadas estão
apresentadas nas Tabela 4-5 a Tabela 4-7. Apresentados também elementos estatísticos de
modo a realizar informações comparativas entre os ensaios de arrancamento executados com
metodologia executiva distinta.

Para vislumbrar uma melhor comparação entre a metodologia de execução dos ensaios de
arrancamento com taxa de carregamento constante e a aplicação de carregamento e
descarregamento conforme mencionado em normativa, fora elaborado na Figura 4-18 uma
relação entre o qs obtido no ensaio de arrancamento e o qs,mín. obtido para cada conjunto de
ensaio de arrancamento com comprimento do trecho ancorado.

Tabela 4-5A carga TMÁX representa a carga máxima aplicada durante o ensaio de arrancamento,
sendo está atingida pela ruptura geotécnica da ancoragem ou limitação do equipamento
utilizado, este mais representativo para as ancoragens com 3,00 metros ancorados. O
deslocamento refere a máxima deformação medida na cabeça da ancoragem no momento da
aplicação da carga máxima. A resistência de interface terreno-ancoragem (qs) fora obtida a
partir da aplicação da Equação 4-2.

O coeficiente angular apresentado, fora obtido a partir do traçado de uma linha de tendência
linear na curva deslocamento-carga aplicada para cada ensaio de arrancamento representado,
no intuito de averiguar a convergência quanto ao comportamento da ancoragem ao longo do
ensaio de arrancamento.

88
Para vislumbrar uma melhor comparação entre a metodologia de execução dos ensaios de
arrancamento com taxa de carregamento constante e a aplicação de carregamento e
descarregamento conforme mencionado em normativa, fora elaborado na Figura 4-18 uma
relação entre o qs obtido no ensaio de arrancamento e o qs,mín. obtido para cada conjunto de
ensaio de arrancamento com comprimento do trecho ancorado.

Tabela 4-5: Resultado dos ensaios de arrancamento das ancoragens não instrumentadas com
1,00 metro ancorado (Fonte: elaborado pelo autor)
Tipo de TMÁX Deslocamento Coeficiente qs
Ensaio Nomenclatura
Ensaio (kN) (mm) Angular (kN/m²)
1 132_A (a) C 149,0 5,33 0,0376 527,0
2 129 (b) C/D 190,0 6,88 0,0353 672,0
3 128 (c) C/D 164,0 4,75 0,0299 582,9
4 132 (d) C/D 104,0 3,89 0,0278 441,2
Média C/D 152,7 5,17 0,0310 565,4

Média 150,8 5,25 0,0343 546,2


Desvio Padrão 1,8 0,08 0,0033 19,2
Coeficiente de Variação 1,22% 1,49% 9,62% 3,51%

Tabela 4-6: Resultado dos ensaios de arrancamento das ancoragens não instrumentadas com
2,00 metros ancorados (Fonte: elaborado pelo autor)
Tipo de TMÁX Deslocamento Coeficiente qs
Ensaio Nomenclatura
Ensaio (kN) (mm) Angular (kN/m²)
5 133_A (a) C 263,0 5,95 0,0244 465,1
6 130 (b) C/D 303,0 6,90 0,0199 525,8
7 127 (c) C/D 286,0 7,61 0,0255 506,5
8 133 (d) C/D 240,0 12,00 0,0409 508,8
Média C/D 276,3 8,84 0,0288 513,7

Média 269,7 7,39 0,0266 489,4


Desvio Padrão 6,7 1,44 0,0022 24,3
Coeficiente de Variação 2,47% 19,52% 8,21% 4,97%

89
Tabela 4-7: Resultado dos ensaios de arrancamento das ancoragens não instrumentadas com
3,00 metros ancorados (Fonte: elaborado pelo autor)
Tipo de TMÁX Deslocamento Coeficiente qs
Ensaio Nomenclatura
Ensaio (kN) (mm) Angular (kN/m²)
9 134_A (a) C 341,0 8,61 0,0268 402,0
10 126 (b) C/D 191,0 9,79 0,0550 225,2
11 131 (c) C/D 321,0 8,06 0,0258 378,4
12 134 (d) C/D 368,0 12,23 0,0290 520,6
Média C/D 344,5 10,1 0,0274 449,5

Média 342,8 9,38 0,0271 425,8


Desvio Padrão 1,8 0,77 0,0003 23,8
Coeficiente de Variação 0,51% 8,18% 1,11% 5,58%

1,00 metro do 2,00 metros do 3,00 metros do


trecho ancorado trecho ancorado trecho ancorado
1,60

1,50

1,40
qs / qs,mín

1,30

1,20

1,10

1,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Ensaio de Arrancamento

Figura 4-18: Apresentação da relação qs/qs,mín. obtido nos ensaios de arrancamento com
metodologias executivas distintas

90
Comparando as metodologias aplicadas nos ensaios de arrancamento, de execução do ensaio
com carregamento e descarregamento e a execução com taxa de carregamento constante a
resistência ao cisalhamento na interface terreno-ancoragem possui uma compatibilização nos
resultados obtidos. Demonstrando que independente da metodologia a ser implementada, e
com o objetivo de obter exclusivamente a carga máxima e consequentemente a resistência ao
cisalhamento da interface o resultado obtido é convergente em ambas as situações pela
grandeza os valores obtidos. Ressalta-se que os valores obtidos para os ensaios de
arrancamento com taxa de carregamento constante possui ligeiramente um resultado para qs
mais conservador.

Observando pontualmente os valores obtidos de deslocamento, há uma grande variabilidade


dos resultados, visto que este pode estar relacionado a correções durante o ensaio quanto ao
comportamento e ajustes no mecanismo de montagem para a execução, tais como placas,
porcas e a própria deformação inicial do terreno. Comportamento observados nos resultados
apresentados no Capítulo 3.5.

A tendência do coeficiente angular demonstra a compatibilidade do comportamento da barra


relacionando a carga aplicada com o deslocamento na cabeça da ancoragem demonstram
proximidades, para as ancoragens de 1,00 metro e principalmente para as ancoragens com 2,00
metros do trecho ancorado. Destaca que para as ancoragens com 3,00 metros do comprimento
ancorado possuem um menor valor obtido, no entanto pode ser relacionada a não obtenção da
carga de rompimento e os resultados estarem relacionados a limitação do equipamento.

4.2.3. Influência do Comprimento do Trecho Ancorado com a Resistência da Interface


terreno-ancoragem nos ensaios de arrancamento monitorados

Os ensaios de arrancamento monitorados são constituídos por seis ancoragens, executadas em


pares com 1,00 metro, 2,00 metros 3,00 metros do comprimento ancorados com injeção por
calda de cimento (tipo CP V-ARI) sem a utilização de pressão. Estes foram executados a partir
da instalação de extensômetros elétricos ao longo do trecho ancorado e um extensômetro
localizado no trecho livre para verificação e compatibilização da carga aplicada na extremidade
com monitoramento do elemento célula de carga, conforme apresentado no Capítulo 3. Após
a execução da instalação das barras e da injeção com calda de cimento de forma gravitacional

91
e ascendente, foi verificado o funcionamento adequado dos extensômetros com a utilização de
um multímetro, no qual apresentou respostas coerentes com o esperado.

Os ensaios de arrancamento executados com variação entre o trecho ancorado de 1,00 metro,
2,00 metros e 3,00 metros, obteve-se respectivamente, 717,95 kN/m², 633,05 kN/m² e 551,10
kN/m² para a média da resistência ao cisalhamento na interface terreno-ancoragem. Estes
valores foram obtidos nos ensaios de arrancamento monitorados executados em seis
ancoragens executadas numa mesma área, de aproximadamente 7,50 m², com ancoragens
espaçadas em no mínimo 1,50 metros. As curvas de deslocamento-carga aplicada estão
apresentadas na Figura 4-19 a Figura 4-21.

Foi verificado a partir dos resultados obtidos, o traçado da reta de verificação correspondente
ao deslocamento elástico teórico da ancoragem, conforme considerado pela NBR 5629 (2018),
na qual considerada o comprimento livre efetivo seja igual a 80% do comprimento livre
proposto. Os resultados obtidos também demonstraram coerências com o esperado no
comportamento de deslocamento elástico teórico para as ancoragens instrumentadas.

Carga (kN)
0 50 100 150 200 250
0,0

2,0
Deslocamento (mm)

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0
B00_01 B01_01 80% do desl. elástico

Figura 4-19: Resultado dos Ensaios de Arrancamento monitorados com 1,00 metro ancorado
(Fonte: elaborado pelo autor)

92
Carga (kN)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
0,0

2,0
Deslocamento (mm)

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0
B02_00 B02_01 80% do desl. elástico

Figura 4-20: Resultado dos Ensaios de Arrancamento monitorados com 2,00 metros
ancorados (Fonte: elaborado pelo autor)

Carga (kN)
0 100 200 300 400 500
0,0

5,0
Deslocamento (mm)

10,0

15,0

20,0

25,0
B3_00 B3_01 80% do desl. elástico

Figura 4-21: Resultado dos Ensaios de Arrancamento monitorados com 3,00 metros
ancorados (Fonte: elaborado pelo autor)

Com base no comportamento das ancoragens, as quais foram aplicadas os ensaio de

93
arrancamento com trecho ancorado variável entre 1,00 metros e 3,00 metros, apresenta na
Tabela 4-8, Tabela 4-9 e Tabela 4-10 o resultado referente a carga máxima aplicada para cada
ancoragem e suas respectivas resistências ao cisalhamento na interface terreno ancoragem (qs)
e a aplicação de parâmetros estatísticos referente aos resultados. Os dados obtidos foram
utilizados como embasamento para a execução das análises, de forma a relacionar a influência
do comprimento do trecho ancorado versus a resistência ao cisalhamento obtido a partir dos
ensaios de arrancamento.

Tabela 4-8: Resultado dos ensaios de arrancamento das ancoragens instrumentadas com 1,00
metro ancorado (Fonte: elaborado pelo autor)
Tipo de TMÁX Deslocamento Coeficiente tu qs
Ensaio Nomenclatura R²
Ensaio (kN) (mm) Angular (kN/m) (kN/m²)
1 B01_00 C/D 202,0 7,76 0,0452 0,95 201,99 714,40
2 B01_01 C/D 204,0 13,42 0,0871 0,98 204,00 721,50
Média 203,0 10,59 0,07 0,97 203,00 717,95
Desvio 1,41 4,00 0,03 0,02 1,42 5,02
Coeficiente de Variação 0,70% 37,79% 44,79% 2,08% 0,70% 0,70%

Tabela 4-9: Resultado dos ensaios de arrancamento das ancoragens instrumentadas com 2,00
metros ancorados (Fonte: elaborado pelo autor)
Tipo de TMÁX Deslocamento Coeficiente tu qs
Ensaio Nomenclatura R²
Ensaio (kN) (mm) Angular (kN/m) (kN/m²)
3 B02_01 C/D 360,0 11,12 0,0436 0,92 179,99 636,6
4 B02_02 C/D 356,0 11,62 0,0387 0,96 177,99 629,5
Média 358,0 11,37 0,04 0,94 178,99 633,05
Desvio 2,83 0,35 0,00 0,03 1,42 5,02
Coeficiente de Variação 0,79% 3,11% 8,42% 2,94% 0,79% 0,79%

Tabela 4-10: Resultado dos ensaios de arrancamento das ancoragens instrumentadas com 3,00
metros ancorados (Fonte: elaborado pelo autor)
Tipo de TMÁX Deslocamento Coeficiente tu qs
Ensaio Nomenclatura R²
Ensaio (kN) (mm) Angular (kN/m) (kN/m²)
5 B03_00 C/D 466,00 13,76 0,0329 0,96 155,31 549,3
6 B03_01 C/D 469,00 19,42 0,0128 1,00 156,33 552,9
Média 467,50 16,59 0,02 0,98 155,82 551,10
Desvio 2,12 4,00 0,01 0,03 0,72 2,55
Coeficiente de Variação 0,45% 24,12% 62,20% 2,98% 0,46% 0,46%

94
Para fins teóricos, as resistências ao cisalhamento na interface terreno-ancoragem tendem a ser
iguais independente do comprimento da ancoragem, sendo a carga de ruptura da ancoragem
elevada gradualmente de forma linear e proporcional ao aumento do comprimento do trecho
ancorado da ancoragem. No entanto os resultados obtidos nos ensaios de arrancamento
demonstraram uma ligeira redução no qs em relação ao aumento no comprimento do trecho
ancorado, no qual há uma tendência de que o aumento do trecho ancorado obtém resultados de
qs conservadores em relação ao material e conduzindo a maiores fatores de segurança visto que
reduz a probabilidade de ruptura do elemento.

A Figura 4-22 representa o comportamento esperado (teórico), fixando a resistência ao


cisalhamento obtida para a ancoragem com 1,00 metro do trecho ancorado, e considerando os
três comprimentos de trecho ancorado ensaiados nesta pesquisa em comparativo com o
comportamento obtido nos ensaios de arrancamento.

800,0

700,0

600,0
y = -83,425x + 800,88
R² = 0,9979
500,0 y = -148,7ln(x) + 722,85
qs (kN/m²)

R² = 0,9786
400,0

300,0

200,0

100,0

-
1,00 2,00 3,00
Comprimento do Trecho Ancorado (m)
Comportamento Esperado (Teórico) Comportamento Obtido
Logarítmica (Comportamento Obtido) Linear (Comportamento Obtido)

Figura 4-22: Comportamento qs em relação ao comprimento do trecho ancorado das


ancoragens (Fonte: elaborado pelo autor)

As cargas das ancoragens com 1,00 metro e 2,00 metros do trecho ancorado foram obtidas a
partir da ruptura geotécnica da ancoragem na interface terreno-ancorado. No entanto, para a
ancoragem com 3,00 metros do trecho ancorado não foi possível atingir a ruptura devido a

95
limitação da barra e os equipamentos utilizados no tracionamento da barra. A carga de ruptura
para a ancoragem de 3,00 metros foi estimada, na hipótese ter continuidade no comportamento
da carga de ruptura das ancoragens com 1,00 metro e 2,00 metros, e, portanto, iria ter ruptura
quando atingir a carga de aproximadamente 513 kN, acréscimo médio de 10% da carga máxima
obtida pelo ensaio.

Observa-se também que os resultados obtidos nos ensaios de arrancamento convencionais


foram inferiores ao dos obtidos nos ensaios de arrancamento monitorados e estão localizados
na mesma região da obra. O qual há a probabilidade de interferência quanto ao tipo do cimento
utilizado na injeção de calda de cimento, visto que este foi o único diferencial entre os ensaios.
Para os ensaios de arrancamento não instrumentos foi utilizado cimento CP-III, que possui um
lento ganho de resistência em relação ao tempo, enquanto o cimento CP V utilizado nos ensaios
de arrancamento monitorados possui um rápido ganho da resistência.

Avaliando as informações apresentadas na Figura 4-22, apesar da demonstração de tendência


linear de redução da resistência ao cisalhamento em comparativo com o aumento do trecho
ancorado, se entende que a correta interpretação deste comportamento está relacionada a uma
linha de tendência logarítmica. Este comportamento pode ser justificado pela resistência ao
cisalhamento obtida para a ancoragem com 3,00 metros ancorado ser superior a obtida neste
estudo, visto que ocorreu a limitação pelos materiais e equipamentos utilizados.

A não ocorrência de ruptura geotécnica na ancoragem com 3,00 metros do comprimento


ancorado corrobora para que seja executada uma análise pontual para cada caso geotécnico a
ser implementado ensaios de arrancamento. Pela norma NBR 16920-2 (ABNT, 2021)
recomenda que os ensaios de arrancamento sejam executados com comprimento ancorado de
no mínimo 3,00 metros, característica conservadora comparado com as informações obtidas
neste trabalho e direcionada também a maiores condições de segurança durante a execução do
ensaio de arrancamento, visto uma redução na probabilidade de ruptura do elemento.

Os estudos quanto a ocorrência da variação entre a capacidade de carga máxima (TMÁX) e o


comprimento do trecho ancorado iniciaram por Ostermayer (1974), o qual observou este
comportamento em um estudo realizado na Alemanha com aproximadamente 300 ensaios em
ancoragens inseridas em solos argilosos e arenosos. Nestes ensaios foi verificado para os solos
arenosos um aumento na capacidade de carga máxima em relação ao comprimento do trecho

96
ancorado, no entanto não de forma gradual e linear.

Para o mesmo estudo de Ostermayer (1974), evidenciou uma ligeira redução na resistência ao
cisalhamento de ancoragens inseridas em material argiloso com o aumento do comprimento do
trecho ancorado. Este comportamento foi visível com a execução de bainha ou de re-injeções
para ancoragem do trecho ancorado. Para o autor este comportamento está relacionado a
resistência de pico da tensão de interface entre o terreno-ancoragem, no qual deve ser mais
evidente no caso da execução de ensaios de cisalhamento direto na interface material-calda de
cimento o qual não foi avaliado nesta pesquisa.

Avaliados as possíveis interferências de execução e comportamento do material inserido que


possibilitam esta divergência entre os resultados obtidos na resistência ao cisalhamento do
material estudado em comparativo com a redução na resistência ao cisalhamento obtido ao
decorrer do aumento do trecho ancorado das ancoragens com a aplicação do ensaio de
arrancamento executados em campo:

a) Heterogeneidade do Material – a região em que foi executado os ensaios de


arrancamento monitorados constitui numa área de 7,50 m² de talude, com inclinação
mediana de 44°. As perfurações foram acompanhadas pelo autor desta pesquisa,
constatando comportamento de perfuração por equipamento (martelo hidráulico) de
forma constante. Não havendo diferenciação do material. As sondagens executadas nas
localidades próximas a área ensaiada demonstram homogeneidade do material,
principalmente pelos ensaios serem executados de forma superficial (4,00 metros
inseridos) comparado com a dimensão do talude de forma geral;

b) Falha na Injeção de Calda de Cimento – a possibilidade de ter ocorrido o aumento do


trecho livre ou do trecho ancorado com falha do processo de injeção de calda de cimento
pode ser descartado. O descarte está justificado pela execução dos ensaios de
arrancamento monitorados e a obtenção do comportamento pelos extensômetros ao
longo do trecho livre e ancorado das ancoragens. Os comportamentos de distribuição da
carga aplicada apresentados na Figura 4-5, Figura 4-6, Figura 4-10, Figura 4-11, Figura
4-15 e Figura 4-16 demonstram a divisão assertiva do trecho livre e ancorado estimados
neste projeto de pesquisa.

97
Os ensaios de arrancamento convencionais, apresentados na Tabela 4-2, Tabela 4-3 e Tabela
4-4 também apresentaram ligeiramente redução na resistência ao cisalhamento da interface
terreno-ancoragem com o aumento do trecho ancorado.

4.2.4. Comportamento da Resistência de Interface Terreno-Ancoragem ao Longo do


Trecho Ancorado

A avaliação do comportamento da aplicação da carga ao longo da ancoragem foi concebida a


partir da análise dos ensaios de arrancamento monitorados. Estes foram posicionados
extensômetros elétricos ao longo do trecho ancorado e pontualmente no trecho livre para
validação da carga aplicada na extremidade, sendo também acompanhada por célula de carga
calibrada e compatível a capacidade de carga dos equipamentos utilizados no ensaio.

Os extensômetros elétricos foram posicionados em distanciamentos pré-determinados


conforme apresentado no capítulo 3.5 desta pesquisa. A quantidade de extensômetros
instalados por ancoragem estão apresentados na Tabela 4-11.

Tabela 4-11: Quantidade de extensômetros elétricos por ancoragens (Fonte: elaborado pelo
autor)
Trecho Quantidade de Quantidade de
Nomenclatura Ancorado extensômetros no trecho extensômetros no trecho
(m) Livre (unidade) Ancorado (unidade)
B01_00
1,00 1,00 2,00
B01_01
B02_00
2,00 1,00 3,00
B02_01
B03_00
3,00 1,00 4,00
B03_01

Com base nos dados obtidos dos extensômetros elétricos instalados ao longo das ancoragens,
e da carga máxima aplicada com a obtenção da ruptura geotécnica, para as ancoragens com
1,00 metro e 2,00 metros do trecho ancorado, ou na limitação dos equipamentos durante o
ensaio de arrancamento, no caso das ancoragens com 3,00 metros do comprimento no trecho
ancorado, apresentado na Figura 4-23 a distribuição do comportamento da resistência ao
cisalhamento ao longo das ancoragens ensaiadas para a carga última de ensaio.

98
800,00

700,00

600,00

500,00
qs (kN/m²)

400,00

300,00

200,00

100,00

-
0 100 200 300 400 500
Comprimento da Barra (cm)
B01_00 B01_01 B2_00 B02_01 B3_00 B3_01

Figura 4-23: Comportamento da resistência ao cisalhamento ao longo das ancoragens


aplicadas ensaio de arrancamento monitorado (Fonte: elaborado pelo autor)

Apesar da variabilidade do comprimento do trecho livre nos ensaios de arrancamento inseridos


em itabirito friável, se observa a partir dos resultados obtidos nos extensômetros e na célula de
carga posicionada na extremidade externa da ancoragem, que não ocorre elevada variabilidade
da distribuição da carga neste trecho, apresentando um comportamento uniforme. Resultando
que a definição do comprimento do trecho livre ocorre apenas pela deformabilidade elástica da
ancoragem.

Na Figura 4-23 estão apresentados o comportamento das cargas aplicadas no momento da


ruptura geotécnica ou limitação máxima das cargas devido aos equipamentos utilizados.
Observado que para as ancoragens com 1,00 metro do trecho ancorado e devido a existência de
somente dois extensômetros elétricos no trecho ancorado, ocorre uma linearidade no
comportamento das distribuições da carga ao longo da barra.

Para a ancoragem com 2,00 metros ancorado e mais notoriamente na barra de 3,00 metros
ocorre um comportamento da distribuição das cargas de uma forma mais lenta, proporcionando
um formato de uma curva em meia parábola. A partir que a carga aplicada na extremidade da
ancoragem pelo uso de macaco hidráulico, esta carga é gradualmente transferida para o trecho

99
ancorado da ancoragem. E quanto mais alta é a carga aplicada sobre a ancoragem, mais
significante ocorre a distribuição da carga ao longo do trecho ancorado. Ressalta-se também
que para as ancoragens de 2,00 metros ancorados ocorre uma pequena obtenção de carga no
trecho final da ancoragem, proporcionando que apesar da obtenção de ruptura geotécnica da
ancoragem, não ocorreu a total mobilização do trecho ancorado.

Ainda com base na Figura 4-23, observa que não há interferência na transferência de carga ao
longo do trecho livre, sendo obtido a carga de aplicação na extremidade da ancoragem com
base na validação pela célula de carga e manômetro do conjunto macaco hidráulico, e
anteriormente ao trecho ancorado pela obtenção do valor registrado pelo extensômetro elétrico.
O que corrobora para a utilização apenas do trecho ancorado para a obtenção da resistência ao
cisalhamento da interface terreno-ancoragem.

Avaliando a ancoragem com 3,00 metros do trecho ancorado, observado na Figura 4-23,
observa que no primeiro metro do trecho ancorado ocorre a maior capacidade de dissipação,
superior a 50% da carga aplicada na extremidade. No segundo metro ocorre a dissipação de
aproximadamente 30% da carga aplicada, e por fim no último metro do trecho ancorado, ocorre
a dissipação de aproximadamente 15% e uma carga residual de 5%. Entende-se que o percentual
obtido da carga residual, considerando na mesma distância do fim da ancoragem, é
inversamente proporcional ao comprimento do trecho ancorado, visto que para a ancoragem
com 1,00 metro do trecho ancorado, obteve-se que uma carga residual de aproximadamente
15% da carga aplicada na extremidade. Enquanto para a ancoragem de 2,00 metros ancorados,
obteve-se uma carga residual de 7,8% comparado com a carga aplicada na extremidade da
ancoragem aferida pela célula de carga posicionada durante o ensaio de arrancamento.

Os dados obtidos nestes ensaios coincidem com o conceito apresentado por Clouterre (1991),
o qual determina que a partir de uma força a tração aplicada na extremidade da ancoragem, esta
desloca em relação ao terreno proporcionando uma mobilização com a perda do atrito lateral
do contato terreno-ancoragem. Esta mobilização é reproduzida gradativamente da região
externa (ponta da ancoragem) até a região mais profunda (fim do trecho ancorado). Quanto
menor for a ancoragem, mais rapidamente ocorre a mobilização (caso B01_00 e B01_01).
Enquanto maior for o comprimento do trecho ancorado da ancoragem, a distribuição da carga
aplicada ocorre de uma forma mais lenta (caso das ancoragens de 2,00 metros e 3,00 metros
ancorados em material itabirito friável).

100
CAPÍTULO 5
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O programa experimental desta pesquisa foi concebido a partir da avaliação do comportamento


de ancoragens inseridas em material itabirito friável por meio de injeções de calda de cimento
sem a aplicação de pressões (gravitacional) com diferentes tipos de cimento com a aplicação
de ensaios de arrancamento. Para as análises foram apresentados ensaios de arrancamento
utilizando o método tradicional com a aplicação de carregamento e descarregamento, bem
como a aplicação do ensaio de arrancamento aplicando somente taxa de carregamento
constante até a obtenção da ruptura geotécnica das ancoragens.

Em paralelo foi avaliado o comportamento dos ensaios de arrancamento com a variabilidade


do comprimento do trecho ancorado. Com ensaios aplicados em ancoragens de 1,00 metro,
2,00 metros e 3,00 metros do trecho ancorados em material itabirito friável. Seis destes ensaios
foram utilizados extensômetros elétricos instalados ao longo da barra no intuito de observar a
distribuição da carga ao longo das ancoragens inseridas em material itabirito friável.

Os extensômetros elétricos são sensores com capacidade de obter deformações ao longo de um


elemento. Nesta pesquisa estes foram utilizados na obtenção da distribuição da carga ao longo
das ancoragens a partir da aplicação de ensaios de arrancamento. Estes dispositivos são
extremamente sensíveis, tornando o processo de instalação de forma minuciosa. Assim como
executado nesta pesquisa, é recomendada a verificação e calibração dos elementos de forma
prévia.

Os resultados obtidos nos ensaios de arrancamento com ancoragens inseridas em material


itabirito friável demonstraram valores satisfatórios, sendo possível avançar nas análises quanto
ao comportamento de ancoragens. Os conceitos que puderam ser desenvolvidos ao longo desta
pesquisa foram:

101
a) Diâmetro considerado em cálculo coerente quando a injeção de calda de cimento é
executada gravitacional (sem aplicação de pressão), com o diâmetro compatível do
cilindro de injeção por calda de cimento com o diâmetro de perfuração, no caso dos
ensaios de arrancamento monitorados (D=90mm).

b) Os resultados dos ensaios de arrancamento resultaram em valores de resistência ao


cisalhamento da interface terreno-ancoragem variáveis, e não lineares com a variação
dos trechos ancorados. Resultando em uma resistência ao cisalhamento média de 717,95
kN/m² para ancoragens com 1,00 metro ancorado; resistência ao cisalhamento média de
633,05 kN/m² para ancoragens com 2,00 metros ancorados; resistência ao cisalhamento
média de 551,10 kN/m² para ancoragens com 3,00 metros ancorados.

c) Quando são proporcionados ensaios de arrancamento a serem executados em materiais


competentes geotecnicamente, o comprimento do trecho ancorado deverá ser
reavaliado, visto que o atendimento com a recomendação da NBR 16920-2 (ABNT,
2021) poderá resultar em valores limitados aos equipamentos utilizados durante o ensaio
de arrancamento, no entanto foi verificado que o aumento do comprimento do trecho
ancorado possui relação maior conservadora para a obtenção do qs além de proporcionar
maior segurança na execução do ensaio de arrancamento.

d) Os ensaios de arrancamento aplicando taxa de carregamento constantes apresentaram


uma alternativa confiável quando o intuito do ensaio é somente obter a capacidade
máxima de carga do elemento de ancoragem e deslocamento máximo obtido na ruptura.
Dentre os três comprimentos utilizados do trecho livre, foi obtido um média do
coeficiente de variação de 4,68%. E a obtenção de valores mais conservadores
comparando aos resultados obtidos com método de carregamento/descarregamento.

e) A carga obtida nos extensômetros elétricos instalados ao longo das ancoragens


submetidas a ensaios de arrancamento monitorados demonstraram uma distribuição
não-uniforme, sendo no início do trecho ancorado valores próximos ao aplicado na
extremidade externa, e à medida que aumenta o comprimento do trecho ancorado,
ocorreu a distribuição da carga de forma não linear;

102
f) Com base nos resultados dos ensaios de arrancamento, estima um comportamento
logarítmico para a relação da resistência ao cisalhamento da interface terreno-
ancoragem em comparativo com o aumento do comprimento do trecho ancorado em
ancoragens passivas inseridas em material itabirito friável;

g) Observado que apesar da elevação nos resultados de carga última aplicada nos ensaios
de arrancamento monitorados, este valor não é linear ou proporcional ao comprimento
do trecho ancorado. Concluindo que o comportamento das ancoragens com a
variabilidade do trecho ancorado não possui uma interpretação trivial, sendo necessário
evolução das pesquisas para uma melhor assertividade. No entanto observa-se que o
aumento do comprimento do trecho ancorado obtém valores mais conservadores a
serem utilizados no dimensionamento de ancoragens, sendo indicado a execução do
comprimento do trecho ancorado próximo ao comprimento pré dimensionado do
elemento a ser inserido para a estabilização do maciço, lembrando que há necessidade
de manter um comprimento definido para o trecho livre (deslocamento elástico).

h) A partir dos ensaios de arrancamento monitorados por extensômetros elétricos, foi


possível observar que a ancoragem com 1,00 metro do trecho ancorado foi solicitada
até o fundo da ancoragem, enquanto a ruptura geotécnica obtida na ancoragem com 2,00
metros do trecho ancorado obteve uma pequena mobilização no fim da ancoragem.

i) Observado que apesar da aplicação de pequenas cargas no ensaio de arrancamento


monitorado, foi possível obter informações em todos os extensômetros posicionados ao
longo da barra. No entanto o deslocamento necessário para a total mobilização da
resistência ao cisalhamento de interface das ancoragens submetidas ao ensaio de
arrancamento demonstrou da ordem de 0,44% do comprimento da ancoragem ancorada.

A partir dos resultados obtidos e das referências bibliográficas apresentadas nesta pesquisa,
conclui que os dados de resistência da interface terreno-ancoragem são valores peculiares
dependendo exclusivamente da característica do material em que as ancoragens estão inseridas.
Sendo amplamente necessário o avanço das pesquisas e repetições dos ensaios apresentados
para uma melhor assertividade para adquirir o conhecimento do mecanismo que influencia o
comportamento das ancoragens na aplicação do ensaio de arrancamento e dimensionamento de
elementos para a estabilização de maciços.

103
5.1. SUGESTÕES DE FUTURAS PESQUISAS

No decorrer da execução desta pesquisa, foram observadas etapas e condições que não foram
tratadas ou que possibilitam uma oportunidade de um aprofundamento em pesquisas futuras.
Estes questionamentos são apresentados como:

a) Execução de uma maior amplitude dos ensaios de laboratório, para conhecimento e


caracterização do material e ampliar o conhecimento quanto a resistência de interface
material-calda de cimento;

b) Execução de ensaios de laboratório que proporcionem no avanço de conhecimento


geoquímico no material itabirito friável presente no Quadrilátero Ferrífero;

c) Avaliação quanto a diferença na resistência da interface terreno-ancoragem com a


execução de injeções de calda de cimento inseridas por pressão, comparando-as com
as injeções executadas por gravidade;

d) Execução de ensaios de arrancamento monitorados com intervalos inferiores ao desta


pesquisa para o comprimento dos trechos ancorados, e aplicação de um número maior
de extensômetros elétricos ou a utilização de sensores de fibra óptica instalados ao
longo das ancoragens para a obtenção das informações com resoluções inferiores;

e) Avaliação quanto ao ganho da resistência da interface terreno-ancoragem em relação


a tipologia do cimento utilizado para injeção de calda de cimento;

f) Utilização de inteligência artificial para avaliar o comportamento mecânico de


transferência de carga, capacidade de carga de ancoragens passivas;

104
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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112
APÊNDICES

A. Apêndice A – Montagem das barras instrumentadas

Figura A - 1: Barras Gewi com diâmetro de 32mm, fornecedora Dywidag

Figura A - 2: Equipamento de fresagem utilizado para a execução das fresas nas barras

1
Figura A - 3: Fresa utilizada para a fixação da ponte de conexão

Figura A - 4: Fresa utilizada para a fixação do extensômetro

Figura A - 5: Ponte de conexão para aquisição de dados

2
Figura A - 6: Processo de solda dos fios de aquisição de dados na ponte de conexão

Figura A - 7: Ponto de conexão com os 4 fios de aquisição de dados soldados

Figura A - 8: Processo de limpeza para remoção das impurezas nas regiões de fresa

3
Figura A - 9: Processo de colagem dos extensômetros nas regiões de fresa

Figura A - 10: Posicionamento do extensômetro na região de fresa da barra

Figura A - 11: Processo de fixação e tempo de cura da colagem do extensômetro na região de


fresa da barra

4
Figura A - 12: Fixação da ponte de conexão na barra

Figura A - 13: Processo de soldagem nos fios do extensômetro na ponte de conexão

Figura A - 14: Proteção com cera hidrofugante nos extensômetros

5
Figura A - 15: Posicionamento do tubo PVC para a inserção da resina de proteção

Figura A - 16: Posicionamento vertical das barras para inserção da resina de proteção

Figura A - 17: Acréscimo da resina de proteção na região dos extensômetros e ponte de


ligação

6
Figura A - 18: Remoção da fôrma de PVC após período de cura da resina

Figura A - 19: Verificação da resistência elétrica nos fios da ponte de conexão

Figura A - 20: Montagem das barras finalizadas para início da etapa de calibração

7
Figura A - 21: Sistema de aquisição dos dados

Figura A - 22: Conjunto macaco-bomba para calibração das barras instrumentadas e


acompanhamento da carga em tempo real com célula de carga

Figura A - 23: Extremidade oposta, fixação de placa e porca no sistema de reação

8
Figura A - 24: Aplicação da carga de calibração durante calibração das barras instrumentadas

Figura A - 25: Execução da vedação e posicionamento de tubo do trecho livre das barras
instrumentadas

Figura A - 26: Aplicação de massa plástica

9
Figura A - 27: Posicionamento dos espaçadores para garantir o diâmetro da perfuração

Figura A - 28: Isolamento entre o trecho livre e ancorado concluído

Figura A - 29: Barras instrumentadas para transporte para a obra

10
B. Apêndice B – Retas e equações de calibração das monobarras instrumentadas

Figura B - 1: Extensômetro B1_00_0 - Ciclo 01 (carregamento e descarregamento)

Figura B - 2: Extensômetro B1_00_0 – Ciclo 02 (carregamento e descarregamento)

11
Figura B - 3: Extensômetro B1_00_1 – Ciclo 01 (carregamento e descarregamento)

Figura B - 4: Extensômetro B1_00_1 – Ciclo 02 (carregamento e descarregamento)

Figura B - 5: Extensômetro B1_00_2 – Ciclo 01 (carregamento e descarregamento)

12
Figura B - 6: Extensômetro B1_00_2 – Ciclo 02 (carregamento e descarregamento)

Figura B - 7: Extensômetro B1_01_0 – Ciclo 01 (carregamento e descarregamento)

Figura B - 8: Extensômetro B1_01_0 – Ciclo 02 (carregamento e descarregamento)

13
Figura B - 9: Extensômetro B1_01_1 – Ciclo 01 (carregamento e descarregamento)

Figura B - 10: Extensômetro B1_01_1 – Ciclo 02 (carregamento e descarregamento)

Figura B - 11: Extensômetro B1_01_2 – Ciclo 01 (carregamento e descarregamento)

14
Figura B - 12: Extensômetro B1_01_2 – Ciclo 02 (carregamento e descarregamento)

Figura B - 13: Extensômetro B2_00_0 – Ciclo 01 (carregamento e descarregamento)

Figura B - 14: Extensômetro B2_00_0 – Ciclo 02 (carregamento e descarregamento)

15
Figura B - 15: Extensômetro B2_00_1 – Ciclo 01 (carregamento e descarregamento)

Figura B - 16: Extensômetro B2_00_1 – Ciclo 02 (carregamento e descarregamento)

Figura B - 17: Extensômetro B2_00_2 – Ciclo 01 (carregamento e descarregamento)

16
Figura B - 18: Extensômetro B2_00_2 – Ciclo 02 (carregamento e descarregamento)

Figura B - 19: Extensômetro B2_00_3 – Ciclo 01 (carregamento e descarregamento)

Figura B - 20: Extensômetro B2_00_3 – Ciclo 02 (carregamento e descarregamento)

17
Figura B - 21: Extensômetro B2_01_0 – Ciclo 01 (carregamento e descarregamento)

Figura B - 22: Extensômetro B2_01_0 – Ciclo 02 (carregamento e descarregamento)

Figura B - 23: Extensômetro B2_01_1 – Ciclo 01 (carregamento e descarregamento)

18
Figura B - 24: Extensômetro B2_01_1 – Ciclo 02 (carregamento e descarregamento)

Figura B - 25: Extensômetro B2_01_2 – Ciclo 01 (carregamento e descarregamento)

Figura B - 26: Extensômetro B2_01_2 – Ciclo 02 (carregamento e descarregamento)

19
Figura B - 27: Extensômetro B2_01_3 – Ciclo 01 (carregamento e descarregamento)

Figura B - 28: Extensômetro B2_01_3 – Ciclo 02 (carregamento e descarregamento)

Figura B - 29: Extensômetro B3_00_0 – Ciclo 01 (carregamento e descarregamento)

20
Figura B - 30: Extensômetro B3_00_0 – Ciclo 02 (carregamento e descarregamento)

Figura B - 31: Extensômetro B3_00_1 – Ciclo 01 (carregamento e descarregamento)

Figura B - 32: Extensômetro B3_00_1 – Ciclo 02 (carregamento e descarregamento)

21
Figura B - 33: Extensômetro B3_00_2 – Ciclo 01 (carregamento e descarregamento)

Figura B - 34: Extensômetro B3_00_2 – Ciclo 02 (carregamento e descarregamento)

Figura B - 35: Extensômetro B3_00_3 – Ciclo 01 (carregamento e descarregamento)

22
Figura B - 36: Extensômetro B3_00_3 – Ciclo 02 (carregamento e descarregamento)

Figura B - 37: Extensômetro B3_00_4 – Ciclo 01 (carregamento e descarregamento)

Figura B - 38: Extensômetro B3_00_4 – Ciclo 02 (carregamento e descarregamento)

23
Figura B - 39: Extensômetro B3_01_0 – Ciclo 01 (carregamento e descarregamento)

Figura B - 40: Extensômetro B3_01_0 – Ciclo 02 (carregamento e descarregamento)

Figura B - 41: Extensômetro B3_01_1 – Ciclo 01 (carregamento e descarregamento)

24
Figura B - 42: Extensômetro B3_01_1 – Ciclo 02 (carregamento e descarregamento)

Figura B - 43: Extensômetro B3_01_2 – Ciclo 01 (carregamento e descarregamento)

Figura B - 44: Extensômetro B3_01_2 – Ciclo 02 (carregamento e descarregamento)

25
Figura B - 45: Extensômetro B3_01_3 – Ciclo 01 (carregamento e descarregamento)

Figura B - 46: Extensômetro B3_01_3 – Ciclo 02 (carregamento e descarregamento)

Figura B - 47: Extensômetro B3_01_4 – Ciclo 01 (carregamento e descarregamento)

26
Figura B - 48: Extensômetro B3_01_4 – Ciclo 02 (carregamento e descarregamento)

27
C. Apêndice C – Diagrama da Instrumentação

28
D. Apêndice D – Execução dos ensaios de arrancamento monitorados em campo

Figura E - 1: Locação e demarcação dos pontos para a execução das perfurações

Figura E - 2: Armazenamento das barras em campo

Figura E - 3: Conjunto martelo hidráulico utilizado nas perfurações

29
Figura E - 4: Execução das perfurações para a instalação das barras

Figura E - 5: Injeção de modo ascendente com calda de cimento por gravidade (sem controle
de pressão)

Figura E - 6: Barras superiores durante período de cura da calda de cimento

30
Figura E - 7: Barras inferiores durante período de cura da calda de cimento

Figura E - 8: Verificação da resistência e funcionamento dos extensômetros com multímetro

Figura E - 9: Montagem dos equipamentos para a execução do ensaio de arrancamento

31
Figura E - 10: Conjunto de caixas de instrumentação e monitoramento com notebook

Figura E - 11: Conjunto instalado para a execução do ensaio de arrancamento

Figura E - 12: Verificação do comprimento externo fora do sistema de arrancamento

32
Figura E - 13: Registro fotográfico da ruptura dos cabos durante ensaio de arrancamento

Figura E - 14: Execução de proteção para evitar a ruptura dos cabos durante ensaio de
arrancamento

Figura E - 15: Conjunto parcialmente montado após a execução da proteção dos cabos

33
Figura E - 16: Conjunto para a execução do ensaio de arrancamento em uma das barras
inferiores

Figura E - 17: Durante a execução do ensaio de arrancamento em uma das barras superiores

Figura E - 18: Montagem dos equipamentos para execução de ensaio na barra inferior

34
Figura E - 19: Registro fotográfico durante a execução de ensaio de arrancamento em uma das
barras inferiores

35
E. Apêndice E – Itabirito Friável

A presença, predominante, do alto teor de ferro está no envoltório de materiais friáveis e de


materiais compactos, ambos os materiais são identificados em abundância na mina, localizado
no Quadrilátero Ferrífero. Dentre as formações geológicas na mina de Águas Claras, pesquisado
por Spier (2005), estão dois tipos de itabiritos: Quartzo Itabirito (rico em quartzo alternado com
hematita) e Itabirito Dolomítico (rico em hematita alternado com dolomita). Comparado com o
quartzo itabirito, o dolomítico é mais favorável na formação de depósitos de ferro de alto teor.

O itabirito possui formação ferrífera bandadas metamórficas, deformadas e oxidadas, possuindo


ocorrência restrita na mina de Águas Claras, Serra do Curral. Segundo Rosière e Chamale
(2000), os componentes mineralógicos principais constituídos do itabirito são: hematita,
martita, kenomagnetita e quartzo, sendo ainda os componentes acessórios: clorita, sericita,
dolomita, ferroana, caolinita, cianita, oximo de manganês, sulfetos, apatita e pirofilita.

Para Spier (2005), a gênese do minério de ferro de alto teor consolidado por itabirito friável na
mina de Águas Claras está relacionado a processos supergênicos, promovido pela lixiviação de
águas subterrâneas dos minerais da canga promovendo o enriquecimento residual em ferro. Este
processo e favorecido pelo clima tropicas e pela topografia do terreno. No entanto este processo
ainda não está entendido completamente, sendo aberto para debates na literatura geológica.

De acordo com as análises de laboratório realizadas, ambos os tipos de itabirito presentes são
originados da Formação de Cauê, que está distribuída em toda a região do Quadrilátero
Ferrífero. A formação de Cauê é formada por itabiritos e mineralizações ricas em hematita,
sendo denominada como a base do Grupo de Itabira, grupo que dispõe dos maiores depósitos
de minério de ferro do Quadrilátero Ferrífero. Como conclusão de Dorr (1969) e Spier (2005)
o minério na sua condição friável possui uma elevada porosidade e preservação na estrutura
original do itabirito dolomítico, agregado por hematita. Teófilo (2009), observou que o material
friável existente na mina de Águas Claras, possui elevado grau de minério, no entanto é o
mesmo resistente entre as classes. O mecanismo de ruptura é consolidado por sua maioria por
cisalhamento, devido a forte anisotropia existente no material. Em alguns casos, a orientação
anisotrópica em relação ao maciço rochoso, podem proporcionais rupturas catastróficas,
ocasionado pelo alívio das tensões na base do talude.

36
F. Apêndice F – Anteprojeto

A região em que foi desenvolvido os ensaios de arrancamento e os ensaios de laboratório faz


parte do projeto de recuperação do talude norte da cava de mina de Águas Claras, esta
recuperação têm o intuito de recuperar as áreas com desenvolvimento de processos erosivos
com a execução de retaludamentos e estabilizações superficiais a partir da técnica de solo
grampeado. O avanço do processo erosivo pode ser observado nos registros fotográficos na
Figura D-1.

2004 2018

Figura D-1: Condição da região no início dos processos erosivos (2004) e no início das
intervenções de recuperação dos taludes (2018). Fonte: Google Earth (Acesso: 22/04/2023)

O projeto e execução é gerenciado pela mineradora Vale, sendo o projeto executivo


inicialmente desenvolvido pela emprega VOGBR, em 2016, e devido a constante alteração do
terreno pelos volumes de precipitações, foi necessário a revisão do projeto e acompanhamento
técnicos de obras pela empresa FGS Geotecnia, a partir do início das obras pela empreiteira
Civil Master em 2018. Até a data desta dissertação há o andamento das implementações dos
sistemas de estabilização superficial e de drenagem.

37
Com base nos ensaios de laboratório realizado no local e na expertise da empresa em
estabilizações geotécnicas, fora executado análise bidimensional considerando uma retroanálise
no local, e a partir destes estudos correlacionados aos ensaios de arrancamento se desenvolveu
o projeto de estabilização a ser executado na região. A seção com a consideração da retroanálise
é apresentada na Figura D-2.

Figura D-2: Retroanálise da seção crítica. (Fonte: FGS Geotecnia)

38
ANEXOS

G. Anexo A – Catálogo Dywidag

39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
H. Anexo B – Catálogo Excel Sensor

51
I. Anexo C – Especificação Tubo de Reação

52
53
54
DECLARAÇÃO

Eu, Daniel da Silva Gomes, inscrito no CPF: 023.127.910-80, declaro que esta dissertação
intitulada como “Comportamento de Ancoragens Passivas em Ensaios de
Arrancamento Executados em Itabirito Friável” é inteiramente e exclusivamente de
minha autoria e que, com exceção das citações diretas e indiretas claramente indicadas e
referenciadas nesse trabalho, e do uso autorizado de banco de dados, seu texto, figuras,
gráficos, quadros, tabelas, algoritmos e demais dados foram por mim obtidos e, portanto,
não contêm plágio. O resultado do relatório utilizando o Software Anti-plágio
CopySpider, resultou na similaridade inferior a 3%

Assinatura:

Belo Horizonte, 04 de fevereiro de 2023


56

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