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D0227G20
GOIÂNIA
2020
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 1
3. Título do trabalho
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo tropical
4. Informações de acesso ao documento (este campo deve ser preenchido pelo orientador)
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[1] Neste caso o documento será embargado por até um ano a partir da data de defesa. Após esse período, a possível disponibilização
ocorrerá apenas mediante:
a) consulta ao(à) autor(a) e ao(à) orientador(a);
b) novo Termo de Ciência e de Autorização (TECA) assinado e inserido no arquivo da tese ou dissertação.
O documento não será disponibilizado durante o período de embargo.
Casos de embargo:
- Solicitação de registro de patente;
- Submissão de artigo em revista científica;
- Publicação como capítulo de livro;
- Publicação da dissertação/tese em livro.
Obs. Este termo deverá ser assinado no SEI pelo orientador e pelo autor.
Documento assinado eletronicamente por Maurício Martines Sales, Professor do Magistério Superior, em 28/09/2020,
às 14:27, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 8.539, de 8 de outubro
de 2015.
Documento assinado eletronicamente por ROMULO RODRIGUES MACHADO, Discente, em 01/10/2020, às 11:00,
conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.
R. R. MACHADO
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D0227G20
GOIÂNIA
2020
R. R. MACHADO
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FICHA CATALOGRÁFICA
R. R. MACHADO
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R. R. MACHADO
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AGRADECIMENTOS
Ao meu pai, Juverci Machado Marins (Velho Branco), pelo esforço hercúleo empreendido para
que eu pudesse chegar até mais este momento; pelo amor ao seu filho e pelo exemplo de
hombridade e honestidade que me proporciona todos os dias.
À minha mãe, Marlene Carvalho Machado (Dona Marlene), pelo amparo e suporte
empreendidos.
À minha falecida mãe, Eleny Rodrigues Soares (in memorian), pelo eterno amor e por me
auxiliar nos primeiros passos de minha vida escolar.
À minha futura esposa, Giovana Alves de Oliveira, pelo companheirismo, amor, compreensão
e apoio irrestrito em todas as fases desta caminhada. Além disso, sou grato pelo valioso auxílio
em alguns ensaios e também pela cuidadosa revisão deste e de outros trabalhos.
Aos meus irmãos, Roniery Rodrigues Machado, Brunna Carvalho Machado e Mariana
Carvalho Gonçalves.
Aos meus orientadores e companheiros desde a graduação, Maurício Martines Sales e Renato
Resende Angelim, principalmente pela mentoria, apoio e auxílio no trabalho. Sou grato,
também, pelo contagiante bom humor, o qual tornou leves as reuniões e as discussões.
Ao meu parceiro de empreitada, Luiz Carlos Galvani Jr., e ao seu pai Luiz Carlos Galvani, por
toda ajuda e suporte na realização desta pesquisa.
Aos meus colegas do mestrado, que foram companheiros de estudos, de almoços no Restaurante
Universitário (R.U.) e grandes apoiadores durante esses dois anos. Em especial, agradeço aos
guerreiros da salinha: Luiz Galvani Jr., Eduardo Ferreira, João Victor Guabiroba, Carlos
Amaecing Jr., Rafael Goulart e Renan Ferreira. A eles, sou grato pela colaboração durante a
fase de ensaios, pelas conversas proveitosas e pelo suporte sempre oferecido. À Sabrina Cabral,
à Priscila Oliveira, à Jaqueline Souza e ao Alexandre Brito agradeço pela amizade, pelas boas
conversas, pelo apoio e pelas horas que passamos juntos estudando e/ou em laboratório.
R. R. MACHADO
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Ao Laboratório de Mecânica dos Solos UFG e ao Laboratório de Solos Não Saturados UFG,
sobretudo na figura do Técnico Administrativo João Carneiro de Lima Junior, pelo auxílio
durante a realização de alguns ensaios de campo e pelas boas conversas.
À FURNAS Centrais Elétricas S.A., pelo apoio técnico e pelo fornecimento do equipamento
necessário para a realização desta pesquisa.
Aos membros da banca examinadora, professores Drs. Erinaldo Hilário Cavalcante e Gilson de
Farias Neves Gitirana Jr, por aceitarem o convite e por contribuírem com esta pesquisa.
R. R. MACHADO
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RESUMO
R. R. MACHADO
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ABSTRACT
Special tests, such as the pressuremeter (PMT), are widely used in geotechnical works around
the world to estimate soil geotechnical parameters. In Brazil, with less expressive intensity,
these tests started to be more used by the technical environment and by research institutions,
but there are still doubts about the use of this equipment in tropical soils. Considering that the
Ménard pressiometric test can be a useful tool for estimating parameters of unsaturated tropical
soils, this dissertation aims to demonstrate the use of pressuremeter tests to estimate parameters
of resistance and deformability of the tropical soil of the Experimental Field of the Escola de
Engenharia Civil e Ambiental (EECA) of the Universidade Federal de Goiás (UFG).
Pedologically, the soil of the experimental field is a red latosol, classified as lateritic, in which
penetrometric field tests, such as PANDA 2 and SPT, were carried out, in addition to
characterization laboratory tests, such as granulometric analysis and MCT classification by the
expeditious method, which complement and assist in the analysis of pressuremeter results. 7
drillholes were drilled to a depth of 6.0 m, accounting a total of 42 Ménard type G pressure tests
on site. 3 boreholes were drilled in the rainy season and 4 boreholes were drilled in the dry
season of the Goiânia rain regime. The presssuremeter tests followed the procedures and
interpretations present in the relevant international standards. With the performance of the tests,
the resistance properties, more specifically the limit pressure (pL), and the deformability
properties, more specifically the Ménard module (EM) of the soil of the experimental field, were
directly determined; the results and the pressure curves obtained in different climatic situations
were compared; the pressuremeter results were related to those of other field tests and to the
laboratory tests performed, the EM were related with the Young's elastic modulus (EY) obtained
through triaxial tests; the soil-water characteristic curve (SWCC) of each meter of the profile
studied was determined using Temp Cell and the WP4C equipment (DewpointPotenciaMeter)
and a computational analytical method was used to indirectly estimate other resistance
parameters such as cohesion (c) and the friction angle (ϕ). The results obtained show that
variations in moisture content and suction from different climatic seasons considerably affect
the stress-strain behavior of the studied soil to a depth of 5.5 m. The PMT test was shown to be
sensitive to variations that the moisture content and suction can cause in the mechanical
behavior of the soil, so that the pL and EM values were between 2 and 7 times higher for the tests
carried out in the dry period.
Palavras-chave: Ménard moduli. Limit pressure. SWCC of tropical soils. Suction in field tests.
Triaxial tests. Numerical analysis of PMT.
R. R. MACHADO
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1.3 – Curvas pressiométricas em função da qualidade do furo (adaptado de ASTM, 2000)
.................................................................................................................................................. 34
Figura 1.6 – Curva pressiométrica bruta e corrigida do ensaio (furo: PMT 1 – profundidade: 0,5
m) .............................................................................................................................................. 38
Figura 1.8 – Determinação de σho pelo método de Briaud (1992) (Angelim, 2011) ................ 43
Figura 1.9 – Ensaio típico em solo não saturado, incluindo medição de sucção (SCHNAID;
LEHANE; FAHEY, 2004) ....................................................................................................... 45
Figura 1.10 – Curva bimodal e parâmetros (adaptado de GITIRANA JR. E FREDLUND, 2004)
.................................................................................................................................................. 48
Figura 2.1 – Localização do Campo Experimental da EECA – UFG (adaptado de Google Maps,
2018) ......................................................................................................................................... 51
Figura 2.4 – Posição dos furos de sondagem SPT e PANDA 2 no campo experimental......... 54
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Figura 2.5 – Média aritmética das sondagens PANDA 2 de cada ponteira (NASCIMENTO,
2019) ......................................................................................................................................... 54
Figura 2.6 – Resultados de NSPT e umidade dos ensaios SPT realizados em período seco e
chuvoso ..................................................................................................................................... 55
Figura 2.7 – Resultados de qd e umidade dos ensaios PANDA 2 realizados em período seco e
chuvoso ..................................................................................................................................... 55
Figura 2.11 – Tubo de aço para realização da calibração por perda de volume ....................... 62
Figura 2.13 – Trados utilizados para realização dos furos: trado tipo helicoidal acima e trado
tipo copo abaixo ....................................................................................................................... 63
Figura 2.14 – Realização dos furos de sondagem: (a) uso do nível de bolha para verificação da
verticalidade; (b) operação do trado; (c) coleta de amostras com o trado helicoidal ............ 64
Figura 2.15 – Armazenamento e preparação de solo para ensaios: (a) armazenamento de solo
em saco plástico; (b) amostras de solo utilizadas para determinação da sucção de campo no
WP4C; (c) amostras para determinação do teor de umidade.................................................... 65
Figura 2.16 – Equipamento WP4C e balança de precisão utilizados para determinação da sucção
de campo e do teor de umidade das amostras ........................................................................... 65
Figura 2.20 – Determinação de h0 e de G pelo método de Briaud (1992) (Furo: PMT 1 –
Profundidade: 0,5 m) ................................................................................................................ 69
R. R. MACHADO
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Figura 2.22 – Execução do poço de inspeção: (a) início da execução do poço; (b) uso de sistema
mecânico para içamento de solo do poço de inspeção ............................................................. 71
Figura 2.23 – Retirada de amostras para determinação do teor de umidade e da CCSA ......... 72
Figura 2.24 – Amostra retirada para utilização em Temp Cell de forma a determinar a CCSA
.................................................................................................................................................. 72
Figura 2.25 – Preparação de bloco de amostra indeformada: (a) arrasamento do bloco com
facão; (b) uso de parafina e tecido Morim ................................................................................ 73
Figura 2.26 – Retirada e armazenamento dos blocos: (a) uso de caixa de madeira para
armazenamento e içamento dos blocos; (b) finalização da preparação dos blocos em superfície
.................................................................................................................................................. 73
Figura 2.28 – Montagem de célula Temp Cell para início da saturação ................................... 75
Figura 2.29 – Células montadas sendo saturadas com fluxo ascendente e sistema Temp Cell 75
Figura 2.32 – Condicionamento do teor de umidade do solo com mangueiras de baixa pressão
.................................................................................................................................................. 76
Figura 2.33 – Pontos experimentais e ajuste para a CCSA de 3,5 m de profundidade ............ 76
R. R. MACHADO
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Figura 3.7 – Valores de coesão e de ângulo de atrito obtidos nos ensaios triaxiais CD .......... 89
Figura 3.8 – Valores de Et0, Et25% e Et50% obtidos nos ensaios triaxiais ................................... 91
Figura 3.9 – Evolução das curvas pressiométricas do período chuvoso com o aumento da
profundidade ............................................................................................................................. 93
Figura 3.10 – Evolução das curvas pressiométricas do período seco com o aumento da
profundidade ............................................................................................................................. 94
Figura 3.13 – Média e linha de tendência dos valores de p1 dos ensaios realizados em período
chuvoso ..................................................................................................................................... 97
Figura 3.14 – Pressões p1 e p2 dos ensaios pressiométricos do período seco ......................... 100
Figura 3.15 – Pressões pf dos ensaios pressiométricos do período seco ................................ 101
Figura 3.19 – Média e linha de tendência dos valores de p1 dos ensaios realizados em período
seco ......................................................................................................................................... 103
Figura 3.21 – Tensões horizontais obtidas pelo método de Briaud para o período chuvoso . 107
Figura 3.22 – Tensões horizontais obtidas pelo método de Briaud para o período seco........ 107
Figura 3.23 – Valores de K0 dos furos de sondagem do período chuvoso ............................. 108
Figura 3.24 – Valores de K0 dos furos de sondagem do período seco ................................... 108
Figura 3.25 – Pressões p1 e p2 do período chuvoso por diferentes metodologias .................. 109
R. R. MACHADO
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Figura 3.27 – Valores de EM para os furos PMT 1 e PMT 4 por diferentes metodologias .... 109
Figura 3.28 – Valores de EM para os furos PMT 3 e PMT 7 por diferentes metodologias .... 109
Figura 3.29 – Ajuste de curva via Fontaine; Cunha; Carvalho (2005) utilizado para a
profundidade 0,5 m do furo de sondagem PMT 1 .................................................................. 113
Figura 3.32 – Parâmetros ϕ’ e c’ obtidos por ajuste de curvas e ensaios triaxiais ................. 114
Figura 3.33 – Coesão total obtida por meio de ajuste de curva .............................................. 115
Figura 3.34 – Sucções matriciais obtidas por meio de ajuste de curva .................................. 116
Figura 3.35 – Teores de umidade do poço de inspeção e dos ensaios pressiométricos.......... 119
Figura 3.36 – Módulo EM-w e módulos Et50% obtidos para as diferentes tensões de adensamento
................................................................................................................................................ 119
Figura 3.37 – Tensões octaédricas versus deformações para ensaios pressiométricos (chuvoso)
e triaxiais ................................................................................................................................ 123
Figura 3.38 – Relação EYs/EM pela tensão confinante dos ensaios a 5,5 m de profundidade . 125
Figura 3.39 – Relação EYs/EM pelo percentual da tensão de ruptura dos ensaios a 5,5 m de
profundidade ........................................................................................................................... 126
Figura 3.40 – Relação entre EYs/EM e a deformação percentual dos ensaios triaxiais com tensão
entre 50% e 60% da tensão de ruptura ................................................................................... 127
R. R. MACHADO
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LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 – Relatório da sondagem SPT do período chuvoso (NASCIMENTO, 2019) ........ 56
Tabela 2.2 – Resumo dos resultados de caracterização do perfil de solo (NASCIMENTO, 2019)
.................................................................................................................................................. 57
Tabela 2.4 – Dados de entrada e dados após o ajuste da curva para o furo de sondagem PMT 2
.................................................................................................................................................. 70
Tabela 3.3 – Características dos corpos de prova dos ensaios triaxiais CDsat .......................... 83
Tabela 3.4 – Características dos corpos de prova dos ensaios triaxiais CDnat.......................... 84
Tabela 3.5 – Parâmetros de resistência obtidos por meio de ensaios triaxiais CD................... 84
Tabela 3.6 – Módulo Et0 e módulos secantes dos ensaios triaxiais .......................................... 89
Tabela 3.7 – Módulo de Elasticidade de Young obtidos nos ensaios CDnat ............................. 90
Tabela 3.8 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo de sondagem PMT 1 ............... 95
Tabela 3.9 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo de sondagem PMT 2 ............... 95
Tabela 3.10 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo de sondagem PMT 3 ............. 96
Tabela 3.11 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo de sondagem PMT 4 ............. 98
Tabela 3.12 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo de sondagem PMT 5 ............. 98
Tabela 3.13 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo de sondagem PMT 6 ............. 98
Tabela 3.14 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo de sondagem PMT 7 ............. 99
Tabela 3.15 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo PMT 1 Briaud (1992) .......... 104
Tabela 3.16 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo PMT 2 Briaud (1992) .......... 104
Tabela 3.17 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo PMT 3 Briaud (1992) .......... 105
Tabela 3.18 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo PMT 4 Briaud (1992) .......... 105
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Tabela 3.19 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo PMT 5 Briaud (1992) .......... 105
Tabela 3.20 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo PMT 6 Briaud (1992) .......... 105
Tabela 3.21 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo PMT 7 Briaud (1992) .......... 106
Tabela 3.22 – Resultados do ajuste de curvas para o PMT 1 (chuvoso) via Fontaine; Cunha;
Carvalho (2005) ...................................................................................................................... 111
Tabela 3.23 – Resultados do ajuste de curvas para o PMT 2 (chuvoso) via Fontaine; Cunha;
Carvalho (2005) ...................................................................................................................... 111
Tabela 3.24 – Resultados do ajuste de curvas para o PMT 3 (chuvoso) via Fontaine; Cunha;
Carvalho (2005) ...................................................................................................................... 111
Tabela 3.25 – Resultados do ajuste de curvas para o PMT 4 (seco) via Fontaine; Cunha;
Carvalho (2005) ...................................................................................................................... 111
Tabela 3.26 – Resultados do ajuste de curvas para o PMT 5 (seco) via Fontaine; Cunha;
Carvalho (2005) ...................................................................................................................... 112
Tabela 3.27 – Resultados do ajuste de curvas para o PMT 6 (seco) via Fontaine; Cunha;
Carvalho (2005) ...................................................................................................................... 112
Tabela 3.28 – Resultados do ajuste de curvas para o PMT 7 (seco) via Fontaine; Cunha;
Carvalho (2005) ...................................................................................................................... 112
Tabela 3.30 – Relações entre Et50% e EM w para as diversas tensões de adensamento ........... 120
Tabela 3.32 – Comparação entre EM e EY para o mesmo nível de tensão octaédrica ............. 121
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BX 63 mm de diâmetro
ES Espiríto Santo
et al. e outros
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MG Minas Gerais
NF Normalisation Française
TC trado concha
WP4C DewpointPotenciaMeter
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LISTA DE SÍMBOLOS
c coesão natural
c’ coesão efetiva
cm centímetro
CV coeficiente de variação
e índice de vazios
EY módulo de Young
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G módulo cisalhante
kg quilograma
km quilômetro
m metros
m³ metros cúbicos
min minuto
mm milímetro
R. R. MACHADO
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R² coeficiente de determinação
s segundo
S grau de saturação
VL volume correspondente a pL
w teor de umidade
z profundidade
R. R. MACHADO
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% porcento
coeficiente reológico
coeficiente de Poisson
ψ dilatância do solo
R. R. MACHADO
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ψt sucção total
1 tensão axial
3 tensão de adensamento
v tensão vertical
R. R. MACHADO
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SUMÁRIO
2.1.1. Localização..................................................................................................................... 51
3.7.2. Comparação entre módulos para o mesmo nível de tensão octaédrica .................. 120
REFERÊNCIAS....................................................................................................................169
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CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
Os ensaios de campo, por sua vez, conseguem incorporar todas, ou quase todas, as propriedades
naturais do solo (umidade, densidade, permeabilidade, etc.) e, por trabalharem em um maior
volume de solo conseguem reproduzir de maneira mais realística o solo que está sendo objeto
de estudo geotécnico, considerando fatores intrínsecos, como tensões confinantes, umidade
natural, saturação, densidade, sucção e fluxo d’água (CAVALCANTE, 1997; DIEMER, 2014).
Logo, a utilização dos ensaios de campo tem apresentado grande desenvolvimento, seja em
trabalhos de grande porte integrados, seja em solos de difícil amostragem e/ou em
procedimentos práticos de projeto, apesar de em campo ter-se menor controle sobre as
condições de contorno, o que pode dificultar a fase de interpretação.
Porém, a experiência de uso do PMT foi desenvolvida, em sua maior parte, em países europeus,
que apresentam solos de clima temperado. No Brasil, onde há predominância de solos tropicais,
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 27
apenas recentemente os custos desse equipamento têm ficado mais acessíveis, de forma que
esses ensaios começam, esporadicamente, a serem utilizados pelo meio técnico, uma vez que o
uso deles tem sido frequentemente restrito à pesquisas do âmbito acadêmico e à obras especiais
de grande porte. A pouca experiência e falta de normalização geram dúvidas quanto aos
procedimentos e quanto à adequabilidade dos resultados ao solo tropical.
Esta pesquisa visa, com a execução de ensaios pressiométricos, com a realização de curvas
características solo-água (CCSA), com ensaios triaxiais, com comparação com outros ensaios
de campo e com realização de estimativa analítica computacional da coesão (c’) e do ângulo de
atrito (ϕ’) em solo tropical do Campo Experimental da EECA/UFG em Goiânia, contribuir, de
maneira racional, com uma base de dados considerável de resultados desse ensaio no referido
solo. A criação dessa base de dados permitirá a obtenção de parâmetros característicos de solos
tropicais e a comparação sistemática dos resultados do ensaio pressiométrico com outros
ensaios de campo e de laboratório que são normalmente empregados no Brasil.
Comparar valores de EM (obtidos via PMT) com valores de Módulo de Young (EY) (obtidos
via laboratório) e avaliar a possibilidade de estabelecer correlação ou ajuste aceitável.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 28
Em 1955, o engenheiro francês Jean-Louis Ménard desenvolveu o equipamento que foi por ele
nomeado como pressiômetro. Esse equipamento, cuja forma era cilíndrica, foi projetado para
aplicar uma pressão uniforme nas paredes de um furo de sondagem através de uma membrana
flexível, promovendo a consequente expansão de uma cavidade cilíndrica, composta por três
células independentes, sendo duas delas células de guarda que protegiam a célula central do
efeito de ponta na massa de solo (GAMBIN, 1995).
Percebe-se que o ensaio pressiométrico Ménard vem sendo estudado cientificamente desde sua
criação e que tem uma grande importância para comunidade internacional no que se refere aos
ensaios de campo. Porém, no Brasil, o ensaio ainda não é utilizado em grande escala e, diante
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 29
Trabalhos pioneiros foram realizados na PUC-Rio (Brandt, 1978; Toledo Filho, 1986 e
Oliveira, 1990) com a aplicação do PMT para o estudo de solos residuais de gnaisse para
aplicação em projetos de fundações. Árabe (1995) realizou ensaios pressiométricos
auto-perfurantes em solos residuais estruturados coesivos-friccionais também no Campus da
PUC-Rio.
Brandt (1978) destacou a criação de uma versão do pressiômetro Ménard na PUC-Rio e sugeriu
um método gráfico simplificado para a obtenção da tensão horizontal em repouso por meio de
ensaios pressiométricos.
Bosch (1996) colaborou com a experiência brasileira por meio do trabalho desenvolvido para
avaliar parâmetros geotécnicos em solos coesivos-friccionais, através de métodos teóricos.
Estes métodos foram baseados na teoria de expansão de cavidade, mediante simulação teórica
da curva pressiométrica experimental. O autor realizou ensaios pressiométricos Ménard em
solos decompostos de granito na região de Porto Alegre e concluiu que o PMT consiste em uma
ferramenta adequada para a obtenção de parâmetros e de propriedades desse tipo de solo.
R. R. MACHADO
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Mota (2003) realizou uma série de ensaios de campo avançados (CPT, DMT, PMT, SPT-T e
DPL) em argila porosa não saturada de Brasília, buscando soluções para projeto de obras de
médio e grande porte no local. A autora obteve bons resultados de ângulo de atrito e de previsão
de recalque determinados por meio do ensaio pressiométrico Menárd. Além disso, Mota (2003)
sugeriu pesquisas numéricas sobre a curva pressiométrica de forma a ser possível simular
comportamento de fundações profundas computacionalmente.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 32
módulo pressiométrico e o módulo de Young obtido via laboratório. Também foi proposta uma
metodologia para determinação de K0 a partir do ensaio pressiométrico Ménard.
O Pressiômetro Ménard, representado na Figura 1.1, é composto por três partes: uma sonda,
uma unidade controladora de pressão e volume (CPV) e uma tubulação coaxial. A sonda é
composta por três células: uma célula central, protegida por duas células de guarda, uma
superior e outra inferior. As células de guarda são infladas com gás para garantir que a célula
central se expanda de maneira radial.
A célula central é preenchida com água para que se avalie sua variação de volume e,
consequentemente, sua deformação. A tubulação coaxial liga a CPV à sonda e permite o fluxo
de gás e água entre ambas. Para a expansão da sonda pressiométrica, são aplicados incrementos
de pressão de uma mesma magnitude. Conforme são realizados os incrementos, registram-se as
leituras do nível do volumímetro aos 15, 30 e 60 segundos. O ensaio é finalizado quando a
deformação máxima da sonda é alcançada (volume da CPV é esgotado). O resultado é uma
curva que relaciona o volume injetado ao final dos 60 s em função da pressão aplicada.
O resultado de uma curva pressiométrica típica do ensaio Ménard é apresentada na Figura 1.2,
em que é possível verificar várias fases do ensaio. O trecho AO corresponde ao início do ensaio,
em que a sonda é expandida livremente até começar a pressionar as paredes da cavidade,
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 33
Figura 1.1 – Representação esquemática do PMT tipo Ménard (adaptado de SCHNAID e ODEBRECHT, 2012)
Figura 1.2 – Curva típica de um ensaio pressiométrico Ménard (SANDRONI e BRANDT, 1983)
Por vezes, aplicam-se ciclos de descarga e recarga no ensaio para determinação de propriedades
do solo devido à não influência do amolgamento no descarregamento. Para este trabalho, não
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 34
foi realizado esse procedimento, pois o trecho pseudoelástico, principalmente dos ensaios
realizados em período chuvoso, apresentou poucos pontos.
Apenas ensaios pressiométricos realizados com boa qualidade apresentam nitidamente as fases
descritas na Figura 1.2. A realização do furo é o fator mais importante para que se consiga
atingir bons resultados. Deve-se realizar o furo de modo a causar a menor perturbação possível
no solo, para tanto, os equipamentos e métodos de perfuração devem variar de acordo com o
tipo de solo ensaiado e o ensaio deverá ser realizado logo após a execução do furo (BRIAUD,
1992).
Briaud e Gambin (1984) indicam que o furo deverá satisfazer a seguinte condição:
1,03 DSONDA < DFURO < 1,20 DSONDA. A Figura 1.3 mostra exemplos de curvas pressiométricas
em função da qualidade do furo realizado para o ensaio pressiométrico Ménard. A norma norte
americana D-4719 (ASTM, 2000) indica uma relação entre o diâmetro do furo e o diâmetro da
sonda de no máximo 1,20, enquanto a norma francesa NF P 94-110-1 (AFNOR, 2000 ) e a
europeia EN 22476-4 (ISO, 2009 ) apontam um limite de 1,15.
Figura 1.3 – Curvas pressiométricas em função da qualidade do furo (adaptado de ASTM, 2000)
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 35
Para qualquer tipo de pressiômetro, a calibração é uma operação essencial para que se possa
obter a correta curva pressão-volume do ensaio. Esse procedimento é recomendado pelas
normas e por diversos trabalhos publicados (Baguelin, Jézéquel e Shields, 1978; Mair e Wood,
1987; Clarke, 1995; ASTM D-4719, 2000; NF P94-110-1, 2000; EN ISO 22476-4, 2009;
Schnaid, 2009). Sem a calibração, a pressão e o volume de referência, que correspondem ao
momento em que a sonda inicia sua expansão, não podem ser definidos com precisão. Portanto,
o equipamento deve ser calibrado periodicamente e a cada programa de ensaio para que se possa
compensar os efeitos das perdas de pressão e de volume (CLARKE, 1995).
A resistência da sonda gera uma perda de pressão, visto que é necessário fornecer determinada
pressão para inflar a sonda e superar a resistência da membrana de borracha. Para verificar esse
efeito, realiza-se um ensaio de expansão ao ar livre (inflando a sonda através de, pelo menos,
seis estágios de pressão até que seja atingido o volume máximo da sonda) com a sonda na
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 36
posição vertical, fazendo coincidir a cota do centro da célula de medição com o manômetro de
pressão. A curva pressão-deformação resultante, chamada de curva de calibração da membrana,
ilustrada na Figura 1.5, é traçada e, a partir dela, pode-se obter a correção da pressão decorrente
da resistência própria da membrana para cada volume injetado.
Figura 1.4 – Curva de expansão obtida na calibração Figura 1.5 – Curva de calibração da membrana
em tubo rígido (SCHNAID e ODEBRECHT, 2012) (SCHNAID e ODEBRECHT, 2012)
arctg (a)
V (cm³)
V (cm³)
a = 0,0028cm³/kPa
p (kN/m²) p (kN/m²)
Os dados de pressão e de volume obtidos em campo devem ser corrigidos antes de os ensaios
serem interpretados. Portanto, para obtenção de parâmetros geotécnicos representativos do
comportamento do solo utilizando os resultados de ensaios pressiométricos, é necessário,
primeiramente, executar as correções das leituras realizadas para a pressão hidráulica (ph), para
a pressão de resistência da membrana (perda de pressão da sonda) e para a perda de volume
devido à dilatação da tubulação durante a pressurização (AFNOR, 2000).
A pressão no maciço do solo é igual à pressão lida na unidade de leitura CPV (pr) somada à
pressão hidráulica (ph) entre a elevação do centro do CPV (zc) e o centro da sonda pressiométrica
(zs) e subtraída a pressão de resistência das membranas (pel).
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 37
A pressão hidráulica que deve ser somada à pressão lida em campo é dada conforme a Equação
1.1:
ph = w ( z c - z s ) (1.1)
onde γw é o peso específico da água, zc é a cota do centro do CPV e zs é a cota do eixo da sonda
durante a realização do ensaio.
A correção para a perda de pressão da membrana da sonda consiste em, utilizando a curva de
calibração da membrana, desconsiderar a parcela de pressão medida que corresponde ao
necessário unicamente para o inflamento da membrana da sonda.
Dessa forma, os valores de pressão obtidos em campo devem ser corrigidos de acordo com a
Equação 1.2. Para cada incremento de volume, tem-se um valor de pressão que corresponde à
resistência da membrana, valor esse que deve ser descontado da pressão lida no ensaio.
onde pr é a pressão lida no CPV, ph é a pressão hidrostática entre o CPV e a célula central de
medição; pel é a pressão de resistência específica da membrana e revestimento da célula central;
e Vr é o volume lido no CPV.
A correção para a perda de volume na tubulação é feita, uma vez que, para cada valor de volume
Vr, deve-se eliminar a expansão adicional da tubulação e do equipamento, os quais também são
medidos pelo CPV.
Assim, os valores de volume obtidos em campo devem ser corrigidos de acordo com a Equação
1.3.
V = Vr − (a pr ) (1.3)
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 38
A Figura 1.6 apresenta uma curva sem tratamento (bruta) e outra após a correção (corrigida),
por meio da curva corrigida, pode-se calcular os parâmetros de resistência e de deformabilidade
de interesse.
Figura 1.6 – Curva pressiométrica bruta e corrigida do ensaio (furo: PMT 1 – profundidade: 0,5 m)
800
700
Volume - 60s (cm³)
600
500
400
300
Curva pressiométrica bruta
200
Curva pressiométrica corrigida
100
0
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45 0,50 0,55
Pressão (MPa)
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 39
Vi − Vi −1
mi = (1.4)
pi − pi −1
Utilizando o menor valor de “mi” (me), que tem as coordenadas iniciais (pE, VE) e as coordenadas
finais (p’E, V’E), obtém-se o valor de 𝛽, conforme a Equação 1.5. O trecho da curva
pressiométrica usado para determinação do modulo pressiométrico é obtido considerando todos
os segmentos que apresentam gradiente menor ou igual ao produto de 𝛽 e me.
1 p` + p 2
= 1+ E E + (1.5)
100 p`E − p E V `E −VE
(V + V2 ) p 2 − p1
E M = 2(1 + ) Vs + 1 V −V (1.6)
2 2 1
onde V1 é volume inicial do trecho elástico, V2 é o volume final do trecho elástico, Vs é o volume
inicial da célula central, p1 é a pressão inicial do trecho elástico, p2 é a pressão final do trecho
elástico e é o coeficiente de Poisson, admitido como 0,33 para todos os tipos de solos pela
norma francesa. O módulo EM é expresso em MPa.
VL = Vs + 2V1 (1.7)
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 40
Quando for possível, a pressão limite será determinada pela associação do resultado da Equação
2.7 com um valor de pressão na curva pressiométrica corrigida. Porém, se o volume da célula
central se tornar maior que Vs + 2VL, então a pressão será obtida por meio de dois métodos de
interpolação linear e considerando o menor valor encontrado (AFNOR, 2000).
Esse método consiste em transformar o par (p, V) em (p, 1/V) e aplicar regressão linear para
todos os valores acima de p2, inclusive p2. Essa extrapolação é obtida pela transformação da
Equação 1.8.
Y = A P + B (1.8)
com:
Y = V −1 (1.9)
onde A e B são coeficiente obtidos da equação linear que melhor se adapta à curva (p, 1/V), no
trecho após (p2, V2), incluído esses pontos. O valor da pressão limite será dado pela Equação
1.10.
−B 1
plin = + (1.10)
A A(Vs + 2VL )
Nesse método, a extrapolação é obtida com todas as leituras, tal que p > pE (coordenada do
início do segmento “me”), através da transformação da Equação 1.11.
Y =C X −D (1.11)
com:
V 2 − Ve
2
X= (1.12)
p − pe
pV 2 − p EVE
2
Y= (1.13)
p − pE
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 41
onde C e D são coeficientes obtidos através da equação da reta que melhor se adapta ao gráfico
formado pelos diversos valores de X e Y obtidos para todas as leituras, tal que p > pE.
p E (VE + D) + C (VL − VE )
2 2 2
plh = (1.14)
Vl + D
2
A pressão limite é dada pelo menor valor entre plin e plh, obtidos na Equação (1.10) e na Equação
(1.14).
plin − Plh
Caso a inequação 2 não seja atendida, o ensaio não permite a obtenção da pressão
plh
limite e, portanto, o valor da pressão limite será dado como pL > p, com p sendo o último valor
da curva corrigida.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 42
dp
G =V (1.15)
dV
O módulo G também pode ser relacionado com EM utilizando a teoria da elasticidade com a
expressão da Equação 1.16.
EM
G= (1.16)
2.(1 + )
dp
G = 0,5. (1.17)
d c
Existem alguns métodos para a determinação desse parâmetro, como os propostos por Baguelin;
Jézéquel; Shields, 1978, Brandt (1978) e por Briaud (1992). Nesse trabalho foi utilizado o
método proposto por Briaud (1992) e adotado pela norma norte-americana D-4719 (ASTM,
2000). Este método consiste em escrever a curva pressiométrica em função da pressão e da
deformação do raio da cavidade em relação ao raio inicial da cavidade e identificar o ponto de
raio de máxima curvatura de onde partirá uma reta horizontal, que se encontrará com um
prolongamento da reta do trecho pseudoelástico e determinará σho no eixo das pressões e a
deformação radial correspondente ao raio inicial da cavidade ((Δr/r0)c) no eixo da deformação
radial. O processo é ilustrado na Figura 1.8.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 43
Figura 1.8 – Determinação de σho pelo método de Briaud (1992) (Angelim, 2011)
pL
EM
E2R
ER
A maioria desses métodos, baseados em soluções analíticas, utiliza a técnica de ajuste de curva,
na qual a curva experimental, obtida por meio de ensaio de campo, é comparada com o resultado
de uma curva teórica gerada analiticamente por uma simulação computacional, que aplica uma
das teorias da expansão de cavidade cilíndrica (CUNHA, 1996).
Os parâmetros que levam à construção da curva teórica são escolhidos pelo usuário de acordo
com a qualidade do ajuste. A interdependência dos parâmetros envolvidos (c, ϕ, σho e G) reduz
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 44
a possibilidade de erros grosseiros, pois o uso de valores não realistas diminui a possibilidade
de se encontrar um ajuste adequado. Por outro lado, mais de um conjunto de valores pode
fornecer ajuste satisfatório, de forma que é necessário bom senso e utilização de parâmetros de
ensaios de laboratórios para calibrar os resultados de campo (VECCHI et al., 2000).
Neste trabalho, foi utilizado o modelo elasto-plástico apresentado por Fontaine; Cunha;
Carvalho (2005) a partir de Cunha (1996) para a interpretação de ensaios pressiométricos em
solos friccionais. Esse modelo incorpora também duas variáveis que compreendem a sucção
mátrica do solo (ua – uw) e o ângulo de atrito dependente da sucção mátrica (ϕb). Dessa maneira,
contemplam-se as duas parcelas de coesão (c) para solos não saturados, a parcela relativa à
coesão efetiva, c’, dada pela cimentação em conjunto com as forças de atração dos
argilo- minerais do solo, e a parcela de coesão aparente, tgϕb(ua – uw), fornecida pela sucção
matricial do solo. A soma dessas duas parcelas de coesão é denominada coesão total (ctotal).
As sucções para utilização do modelo foram obtidas a partir das curvas características e pelo
WP4C. O coeficiente de Poisson, adotado para todos os casos como 0,3, pouco influência nos
resultados e, devido à característica laterítica do solo em estudo, adotou-se a dilatância (ψ) como
sendo nula, assim como feito por Mántaras (1995), Mota (2003) e Fontaine; Cunha; Carvalho
(2005).
Na interpretação de testes in situ em países com solos tropicais e não saturados, é necessário
levar em consideração o papel da sucção matricial e o seu efeito sobre o comportamento do
solo, pois a sucção confere um comportamento distinto ao solo. Uma importante contribuição
para a análise de solos não saturados tem sido a extensão dos conceitos de estado crítico
elástico-plástico para solos não saturados (DOURADO, 2005; SCHNAID, 2009).
A técnica com pré-furo é uma opção viável para realização do ensaio em solos não saturados,
apesar de suas limitações, uma vez que o uso do fluido de lavagem ou do ar comprimido,
utilizado nos outros tipos de ensaios pressiométricos, produzem mudanças na poropressão de
água ou poropressão de ar, o que afeta a sucção do solo in situ (ua - uw) na vizinhança da sonda
pressiométrica (GIACHETI, 2001).
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 45
Um dos primeiros ensaios pressiométricos em solo não saturado no Brasil foi realizado por
BRANDT (1978) no campo experimental da PUC-Rio. A partir de então, vários trabalhos foram
realizados nesse sentido, com destaque para os trabalhos realizados pela Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (UFRGS) (e.g. Schnaid e Rocha Filho, 1994; Schnaid; Consoli; Mántaras,
1995; Mántaras, 1995; Bosch, 1996; Kratz de Oliveira, 1999; Schnaid e Mántaras, 2004) e para
os trabalhos realizados pela Universidade de Brasília (UnB) (e.g. Ortigão; Cunha; Alves, 1996;
Cunha et al., 2000; Vecchi et al., 2000 e Mota, 2003).
Diversas publicações (e.g. Schnaid e Rocha Filho, 1994; Silva, 1997; Kratz de Oliveira, 1999
e 2002) apontam para a necessidade de determinação prévia in situ da sucção matricial para
uma interpretação racional do ensaio pressiométrico. A existência da sucção tende a aumentar
a resistência e a rigidez do solo. Portanto, neste estudo, mediu-se a umidade referente à cota de
cada ensaio realizado, verificou-se a sucção total dessas amostras com o WP4C e
determinaram-se curvas características matriciais aproximadas de cada profundidade estudada
do solo do Campo Experimental da EECA/UFG utilizando ensaios em TempCell e em WP4C.
A Figura 1.9 demonstra resultados comuns em um ensaio realizado em solo não saturado.
Percebe-se que, em comparação ao ensaio em solo saturado, houve redução acentuada na
resposta de rigidez inicial do pressiômetro e na pressão limite da cavidade.
Figura 1.9 – Ensaio típico em solo não saturado, incluindo medição de sucção (SCHNAID; LEHANE; FAHEY,
2004)
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 46
Os solos tropicais são de difícil estudo geotécnico no seu estado natural, sobretudo por
encontrarem-se, geralmente, não saturados, ou seja, sujeitos à poro-pressões negativas, as quais
resultam em variações no intercepto coesivo em razão das variações de saturação e por
apresentarem cimentação natural ocasionada por óxidos de alumínio e de ferro, que se arranjam
de maneira particular no solo devido ao efeito da pedogênese (FREDLUND; RAHARDJO;
FREDLUND, 2012).
A não saturação, por sua vez, faz com que o solo apresente sucção. As mudanças de sucção no
solo ocorrem devido às mudanças de pressão de água e de ar no interior do maciço de solo e
são muito influenciadas pelas mudanças ambientais e climáticas na superfície.
A relação entre a sucção e o grau de saturação (S) do solo, ou a sucção e o teor de umidade (w),
é de suma importância para o entendimento dos solos não saturados. O gráfico resultante dessa
relação é denominado curva característica solo água.
Projetos que tratem do comportamento geotécnico de solos não saturados necessitam da relação
entre umidade e sucção fornecida pela CCSA, de forma que já foram propostas, na literatura,
inúmeras maneiras de se determinar essa relação, utilizando ensaios de campo e de laboratório
(e.g. Tensiômetros, Temp cell, sensores de condutividade térmica, método do papel filtro,
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 47
Ao se observar uma CCSA típica, percebe-se que a sucção varia inversamente à quantidade de
água presente no solo, gerando mudanças no comportamento do solo não saturado. O formato
da CCSA irá se alterar de acordo com o tipo de solo estudado e com a distribuição e tamanho
dos poros presentes no solo.
Diversas equações matemáticas foram propostas para a modelagem de CCSAs (e.g. Brooks e
Corey, 1964; Campbell, 1974; Van Genuchten, 1980; Mckee e Bumb, 1987; Fredlund e Xing,
1994 e Gitirana Jr. E Fredlund, 2004) a maioria dessas modelagens baseia-se na
interdependência entre o formato da curva e a distribuição de volume de vazios do solo.
A Equação proposta por Gitirana Jr. e Fredlund (2004), utilizada neste trabalho, destaca-se por
seus parâmetros serem baseados em propriedades bem definidas dos solos não saturados,
facilitando o tratamento estatístico das curvas e por haver uma proposição unicamente para
solos com comportamento bimodal.
Uma CCSA bimodal apresenta dois valores de entrada de ar e dois valores residuais, resultando
em um total de 4 pontos de curvatura. Um parâmetro adicional “a” é utilizado para definir a
transição próximo ao valor de entrada de ar e para definir os pontos de curvatura com maior
clareza. Em resumo, são necessários 8 parâmetros para representação de uma CCSA bimodal:
b1 o primeiro valor de entrada de ar , b2 o segundo valor de entrada de ar, res1 a primeira
sucção residual do solo, res2 a segunda sucção residual do solo, Sres1 o primeiro grau de
saturação residual, Sres2 o segundo grau de saturação residual, Sb a sucção referente a b2 e a. A
Figura 1.10 apresenta uma curva bimodal modelada com a equação de Gitirana Jr. e Fredlund
(2004) com os parâmetros citados.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 48
Figura 1.10 – Curva bimodal e parâmetros (adaptado de GITIRANA JR. E FREDLUND, 2004)
O clima de Goiânia se caracteriza por apresentar as estações chuvosa e seca bem definidas.
Geralmente, o período chuvoso se estende da metade final de outubro até a metade inicial de
abril, e o período seco se estende da metade final de abril até a metade inicial de outubro. O
índice pluviométrico médio anual é em torno de 1500 mm, e aproximadamente 95% do total de
precipitação ocorre no período chuvoso. Durante todo o ano, a sensação térmica é elevada,
sendo que, geralmente, a temperatura varia entre 15 °C e 33 °C, e raramente, é inferior a 12 °C
ou superior a 36 °C (ALMEIDA et al., 2006). A Figura 1.11 apresenta os dados de pluviometria
de Goiânia, em 2019 e uma média dos dados de 1961 a 1990, os quais foram obtidos pelo
Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), na estação meteorológica de Código
OMM 83423, localizada a 2,41 km de distância do Campo Experimental da EECA/UFG.
A combinação de pluviometria e temperatura típicas de Goiânia faz com que o solo da cidade,
assim como ocorre em outras regiões do Brasil e do mundo que se localizam entre os trópicos,
seja, em sua grande maioria, tropical e laterítico. Esse tipo de solo é caracterizado por sofrer
processos de intemperismo e de lixiviação devido à ação da temperatura e da umidade, que
fazem com que o solo apresente cimentações com acúmulo de óxidos e de hidróxidos de ferro
e alumínio (NOGAMI e VILLIBOR, 1995).
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 49
300
250
Preciptação (mm)
200
Chuva Acumulada
150 Mensal 2019
Devido a esses efeitos, o solo de Goiânia apresenta algumas características peculiares, como
por exemplo, alta resistência quando compactado, baixa expansibilidade, alta permeabilidade e
presença de aglomeração de argilas. Essas características fazem com que esse solo apresente
massa específica dos grãos acima de 2,70 g/cm³, altos teores de agregação da fração argila do
solo, baixa compressibilidade e índices de vazios elevados (acima de 1,0). Esses resultados são
condizentes com os relatados por Cardoso (2010), Gomes (2015), Nascimento (2019) e com os
encontrados neste trabalho.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 50
CAPÍTULO 2
METODOLOGIA
Neste capítulo, são apresentadas as características do campo experimental onde foi realizado o
programa experimental desta pesquisa e os procedimentos adotados nos ensaios de campo e de
laboratório que foram executados.
Esse poço permitiu, ainda, a retirada de 3 blocos de amostra indeformada de 30x30x30 cm nas
cotas de 2,5, 3,5 e 5,5 m para realização de ensaios de laboratório do tipo triaxial CD. Estes
ensaios triaxiais possibilitaram a obtenção de c’ e ϕ’ e dos diagramas de tensão deformação
para determinação dos módulos de deformabilidade do solo.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 51
2.1.1. Localização
Figura 2.1 – Localização do Campo Experimental da EECA – UFG (adaptado de Google Maps, 2018)
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 52
Segundo o mapa geológico do munícipio de Goiânia, apresentado por Campos et al. (2003) e
representado na Figura 2.2, o Campo Experimental da EECA/UFG (em vermelho) está
localizado dentro da zona de ocorrência de um xisto típico do Grupo Araxá, que engloba
micaxistos, quartzo-micaxistos, granada-quartzo-micaxistos, granada-cloritoide-quartzo-
micaxistos, quartzitos e quartzitos micáceos.
Pedologicamente, segundo o mapa de solos apresentado por Campos et al. (2003) e, como
representado na Figura 2.3, o solo da região do campo experimental, assim como grande parte
do território goianiense, trata-se de um latossolo vermelho.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 53
Figura 2.3 – Classificação Pedológica do solo da região do Campo Experimental (adaptado de Campos, 2003)
A Figura 2.4 ilustra a locação dos pontos de ensaios de campo (SPT e PANDA 2) e das estacas
de reação que foram realizadas no local. As sondagens SPT foram posicionadas na extremidade
inferior direita do hexágono formado pelas estacas de reação e as sondagens SPT realizadas em
período chuvoso (wet) e seco (dry) foram denominadas de SPTw e SPTd, respectivamente. Os
ensaios PANDA 2 referentes ao período chuvoso foram posicionados em um raio de 50 cm do
ensaio SPTw, e os ensaios PANDA 2 referentes ao período seco foram realizados próximos ao
centro do hexágono delimitado pelas estacas de reação e apresentado na Figura 2.4.
A Figura 2.5 mostra uma média da resistência dinâmica ponderada pela energia para os
resultados de PANDA 2 obtidos para as ponteiras de 4 cm² e 10 cm². As curvas de ambas as
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 54
ponteiras apresentaram alto grau de convergência, o que possibilitou o uso da média aritmética
das curvas. Percebe-se que as curvas médias para as ponteiras de 4 cm² e 10 cm² apresentam
um perfil semelhante, porém os valores de qd são menores para a ponteira de 10 cm², fato que
pode ser explicado pelo maior atrito lateral durante a cravação.
Figura 2.4 – Posição dos furos de sondagem SPT e PANDA 2 no campo experimental
Figura 2.5 – Média aritmética das sondagens PANDA 2 de cada ponteira (NASCIMENTO, 2019)
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 55
As Figuras 2.6 e 2.7 apresentam os resultados dos parâmetros de resistência e dos teores de
umidade obtidos durante os ensaios SPT e PANDA 2 realizados em período seco (d) e
chuvoso (w). Verifica-se um comportamento similar entre as curvas obtidas por meio dos dois
ensaios de campo. A camada mais superficial, que demonstra alto grau de cimentação, apresenta
parâmetros de resistência mais elevados que as camadas subsequentes tanto para o período seco
quanto para o período chuvoso. Em ambos os ensaios, verificou-se que a sução do período seco
aumenta consideravelmente os parâmetros de resistência do solo até a profundidade 4,5 metros,
a partir dessa profundidade há uma aproximação entre as umidades e entre os parâmetros de
resistência dos ensaios SPT e PANDA 2.
Figura 2.6 – Resultados de NSPT e umidade dos Figura 2.7 – Resultados de qd e umidade dos ensaios
ensaios SPT realizados em período seco e chuvoso PANDA 2 realizados em período seco e chuvoso
NSPT qd (MPa)
0 5 10 15 0 3 6 9 12
0 0
1 1
2
Profundidade (m)
2
Profundidade (m)
3 3
4 4
SPT w
Panda2 w
5 SPT d 5 Panda2 d
Umidade w Umidade w
Umidade d Umidade d
6 6
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%
Teor de umidade Teor de umidade
Vale ressaltar que os ensaios SPT foram realizados até a profundidade de 10,45 metros e até
essa profundidade não foi encontrado o nível d’água do terreno.
A Tabela 2.1 mostra o laudo da sondagem SPT realizada em período chuvoso. A caracterização
realizada sem defloculante determinou que o solo se trata de uma areia siltosa vermelha até a
profundidade de 5,45 m. Entre as profundidades de 2,0 e 6,45 m, foram encontrados
pedregulhos e fragmentos de quartzo.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 56
A realização do ensaio SPT permitiu a coleta de amostras do solo a cada metro de profundidade
até a cota de 9,45 m, na qual o ensaio foi encerrado. As amostras obtidas foram utilizadas para
a realização da classificação granulométrica, da classificação expedita MCT (Método das
Pastilhas), da aferição da umidade e do cálculo da massa específica.
Os ensaios para obtenção desses parâmetros e para a caracterização do solo foram realizados
por Nascimento (2019), no laboratório de geotecnia da EECA/UFG, seguindo as orientações
das normas e dos trabalhos pertinentes, a saber, NBR 7181 (ABNT, 2016); procedimentos do
DERSA (2006); NBR 6457 (ABNT, 2016); e NBR 6458 (ABNT, 2016).
A Tabela 2.2 apresenta um resumo dos resultados obtidos por meio dos ensaios de laboratório.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 57
Tabela 2.2 – Resumo dos resultados de caracterização do perfil de solo (NASCIMENTO, 2019)
Vale ressaltar que a gênese do perfil de solo varia com a profundidade, de 0,0 a 4,0 m o solo é
aparentemente transportado, a partir de 6,0 o solo tem características de solo residual. A
transição entre essas camadas fica entre 4,0 e 6,0 m e justamente nessa transição há maior
quantidade de pedregulho e de fragmentos de quartzo.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 58
Para a realização dos 42 ensaios pressiométricos que constituem este trabalho, foram seguidas
as orientações das normas internacionais D-4719 (ASTM, 2000), NF P 94-110-1 (AFNOR,
2000), e EN 22476-4 (ISO, 2009).
A Figura 2.8 apresenta a locação dos furos de sondagem PMT no Campo Experimental da
EECA/UFG, a localização de estacas de reação e de provas de carga apresentadas por
Nascimento (2019) e Galvani Jr. (2020) e a locação do poço de inspeção de 6,0 m de
profundidade executado com o objetivo de retirar amostras para realização de ensaios triaxiais
CD e CCSAs. Os ensaios pressiométricos foram locados a 1,5 m de distância das estacas de
reação mais externas do Campo Experimental, de forma que não houvesse influência nas provas
de carga, mas que, ao mesmo tempo, os ensaios pressiométricos fossem representativos do local
estudado.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 59
Optou-se por realizar esse último furo de sondagem a 1,0 m de distância do furo de sondagem
PMT 6.
O equipamento que foi utilizado para a realização da pesquisa é um pressiômetro tipo Ménard.
Este aparelho possui uma tubulação de 25 m de comprimento que liga a sonda à CPV, uma
fonte de pressão de gás nitrogênio comprimido de 1 m3 e uma sonda tipo G (células encaixadas),
que tem codificação BX, diâmetro de 60 mm e foi montada com membrana de borracha de
3 mm de espessura, a qual é destinada para baixas pressões (pressões até 1500 kPa). O
equipamento é fabricado pela empresa francesa APAGEO e foi cedido por FURNAS Centrais
Elétricas S.A. para realização desta pesquisa.
A Figura 2.9 apresenta uma vista geral do equipamento que foi utilizado para realização dos
ensaios pressiométricos Ménard.
Alça de transporte;
CPV equipada por um reservatório de água graduado (volumímetro), por uma válvula
diferencial e por manômetros de 0-2500 kPa, 0-6000 kPa e 0-10000 kPa (APAGEO, 2005).
Um corpo metálico cilíndrico, com duas saliências simétricas e anéis de vedação que
ajustam os limites entre as células de guarda e a célula central;
Uma membrana de borracha formando a célula central e prensada por dois anéis de
membrana;
Uma membrana exterior de proteção, fixa por anéis de cobrimento, presos através de porcas;
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 61
Uma seção rosqueada no topo da sonda para acoplagem das hastes de manipulação
(APAGEO, 2005).
A CPV e a sonda pressiométrica são interligadas por uma tubulação dupla (geminada) de Rilsan
com diâmetro de 3-6 mm, vermelha para as células de guarda (gás) e preta para a célula central
(água). A tubulação preta é mais rígida e a conexão/desconexão é realizada por engates rápidos
(APAGEO, 2005).
2.2.2. Calibrações
Para que o equipamento fosse colocado em situação de uso, foi preciso, inicialmente, conectar
os componentes do pressiômetro descritos e, posteriormente, realizar a completa saturação da
sonda pressiométrica, de maneira que foi possível verificar a ausência de vazamentos no
sistema. Essa operação tem ainda como objetivo eliminar o máximo de bolhas de ar do sistema,
pois, quando as bolhas de ar se encontram sobre altas pressões, elas são dissolvidas, o que
implica em variações volumétricas indevidas no sistema (recomenda-se uso de água destilada
e dearada) (ARAUJO, 2001).
Após esses procedimentos, realizaram-se calibrações por perda de volume e por perda pressão
na sonda pressiométrica. Os procedimentos de calibração foram repetidos para cada furo de
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 62
sondagem realizado, de maneira que cada furo de sondagem apresenta suas próprias curvas de
calibração.
Durante as calibrações por perda de volume, a sonda pressiométrica foi inserida, verticalmente,
dentro de um tubo de aço rígido, com diâmetros de 65-97 mm (ver Figura 2.11), considerado
indeformável, e foram aplicados incrementos de pressão com o objetivo de obter uma curva
pressão versus volume, como a demonstrada na Figura 1.4.
Figura 2.11 – Tubo de aço para realização da calibração por perda de volume
Para realização dessa calibração, são aplicados incrementos de pressão menores (50 kPa) até
que a sonda entre totalmente em contato com a parede interna do tubo de aço, para que se tenha
uma boa definição do trecho inicial da curva. Em seguida, são realizados outros incrementos
com maior pressão (100 kPa) até uma pressão máxima de 2500 kPa, de maneira a obter o
coeficiente de expansão da tubulação.
Durante as calibrações por perda de pressão, a sonda pressiométrica foi colocada ao lado da
CPV, ao ar livre, de forma que o centro da célula central coincidisse com a parte intermediária
do volumímetro da CPV. Em seguida, a sonda foi inflada com passos de pressão de 25 kPa,
com 60 segundos de duração cada. Foram realizadas leituras de variação de volume
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 63
Para a realização dos furos, são necessários cuidados para que sejam obtidas a verticalidade e
o mínimo de perturbação das paredes da cavidade. Essas premissas são indispensáveis para que
haja resultados de boa qualidade. Portanto, utilizou-se nível de bolha para verificação da
verticalidade dos furos realizados.
Foram providenciados dois trados manuais, apresentados na Figura 2.13, para realização dos
furos de sondagem, sendo um trado do tipo copo e outro do tipo helicoidal. O trado tipo copo
apresenta 63 mm entre seus dentes, enquanto o trado do tipo helicoidal apresenta 58 mm de
diâmetro, e, por meio de ensaios teste, verificou-se que ambos resultam em furos com espaço
anular teórico (espaçamento entre a sonda pressiométrica e a borda do furo) menor do que
9 mm, conforme prescrito na norma NF P 94 – 110-1 (AFNOR, 2000) e com um diâmetro
menor do que 1,20 vezes o diâmetro da sonda, como prescrito na norma D-4719 (ASTM, 2000).
Figura 2.13 – Trados utilizados para realização dos furos: trado tipo helicoidal acima e trado tipo copo abaixo
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 64
O trado tipo helicoidal foi utilizado durante a execução dos pré-furos referentes ao clima
chuvoso, enquanto o trado tipo copo foi utilizado durante a execução dos pré-furos referentes
ao clima seco, pois, neste caso, o solo se desprendia do trado helicoidal durante o processo de
tradagem. A finalização dos furos realizados com trado helicoidal foi realizada com o trado tipo
copo, de maneira que os furos de ambos os períodos fossem comparáveis.
Figura 2.14 – Realização dos furos de sondagem: (a) uso do nível de bolha para verificação da verticalidade;
(b) operação do trado; (c) coleta de amostras com o trado helicoidal
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 65
Figura 2.15 – Armazenamento e preparação de solo para ensaios: (a) armazenamento de solo em saco plástico;
(b) amostras de solo utilizadas para determinação da sucção de campo no WP4C; (c) amostras para determinação
do teor de umidade
Figura 2.16 – Equipamento WP4C e balança de precisão utilizados para determinação da sucção de campo e do
teor de umidade das amostras
Os ensaios pressiométricos foram realizados logo após cada etapa de escavação, de forma que
a célula central ficasse centralizada nas cotas de 0,5; 1,5; 2,5; 3,5; 4,5 e 5,5 m. Cada ensaio foi
considerado representativo da faixa de cada 1 m de profundidade. Dessa maneira, foi respeitada
a distância mínima necessária que deve existir entre dois ensaios consecutivos, que, para o
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 66
Figura 2.17 – Realização de um ensaio pressiométrico e registro dos dados em boletim de campo
Devido ao fato de o solo do campo experimental ter apresentado baixa resistência nos ensaios
de campo previamente realizados, inclusive em ensaios pressiométricos teste, optou-se pela
utilização de membrana externa de borracha com espessura de 3 mm e indicada para baixas
pressões. Por esse mesmo motivo, foi utilizado para leitura de dados o manômetro da CPV, que
faz leituras até 2500 kPa e que, portanto, apresenta melhor precisão para baixas pressões do que
os manômetros que fazem leitura até 6000 e 10000 kPa.
Antes do início dos ensaios pressiométricos, deve-se verificar a diferença de pressão entre a
célula central e as células de guarda (pressão diferencial), ajustando essa diferença de acordo
com a profundidade em que se pretende realizar o ensaio. O manual de operação do
equipamento fornece um quadro com alguns valores de pressão diferencial. A Tabela 2.3
apresenta as pressões diferenciais que foram utilizadas para cada profundidade de realização de
ensaio.
Com a diferença ajustada, deve-se aplicar e manter os níveis de pressão no solo por um período
de 60 s cada. Dessa forma, realizaram-se as leituras do volumímetro aos 15, 30 e 60 s. Optou-
se por realizar incrementos de pressão de 25 kPa, sendo esse valor a mínima precisão oferecida
pelo manômetro de 0-2500 kPa devido à baixa resistência do solo.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 67
Dessa forma, foram obtidas as curvas pressiométricas corrigidas de cada furo de sondagem. As
curvas pressiométricas corrigidas foram trabalhadas, no Excel, de acordo com o exposto nas
seções 1.3.3.1 a 1.3.3.5 e com o exposto em D-4719 (ASTM, 2000), NF P 94-110-1 (AFNOR,
2000), EN 22476-4 (ISSO, 2009) e Briaud (1992), de maneira que foi possível obter EM , G, pL,
pf e h0 para cada metro de cada um dos 7 ensaios pressiométricos realizados. As Figuras 2.18,
2.19 e 2.20 mostram exemplos gráficos da determinação dos parâmetros de interesse para o
PMT 1 na profundidade de 0,5 m.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 68
Figura 2.18 – Curva pressiométrica corrigida e determinação de EM e pL (Furo: PMT 1 – Profundidade: 0,5 m)
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 69
Figura 2.20 – Determinação de h0 e de G pelo método de Briaud (1992) (Furo: PMT 1 – Profundidade: 0,5 m)
2.2.5.1. Obtenção de c’ e ϕ’
Os parâmetros de entrada no programa são: ϕ’, c’, h0, G, módulo cisalhante na zona plástica
(Gp – geralmente assumido como 2G), (assumido como 0,3 para todas as análises), ψ
(assumido como 0 para todas as análises devido às características do solo), (ua – uw) e ϕb
(adotado como ϕ’/2, conforme proposto por Cordão Neto et al., 2001).
Para as profundidades em que haviam valores de c’ e ϕ’ (2,5, 3,5 e 4,5 m), utilizou-se os valores
obtidos por meio de ensaio triaxial como dado de entrada inicial. Para as demais profundidades
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 70
(0,5, 1,5 e 5,5 m), utilizou-se valores próximos aos encontrados por meio de ensaios triaxiais.
Os valores iniciais de h0 e G foram obtidos pela metodologia de Briaud (1992), e a sucção
matricial inicial foi ponderada a partir dos dados de sucção de campo obtidos no WP4C e das
CCSAs, diagramadas a partir de amostras retiradas do poço de inspeção para cada uma das 6
profundidades estudadas.
Figura 2.21 – Interface computacional: em vermelho a curva experimental e em roxo a curva idealizada
(Furo: PMT 2 – Profundidade: 1,5 m)
Tabela 2.4 – Dados de entrada e dados após o ajuste da curva para o furo de sondagem PMT 2
ϕ’ c’ G h0 ua – uw
Profundidade
(º) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa)
(m) inicial final inicial final inicial final inicial final inicial final
0,5 34 34 10 20 1095 1095 13 13 60 80
1,5 34 30 10 15 463 463 10 10 20 40
2,5 34 34 10 10 171 171 13 10 12 60
3,5 30 26 23 22 707 707 26 30 10 55
4,5 30 26 20 19 2460 2460 16 30 200 600
5,5 31 26 19 19 2460 2460 16 30 200 60
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 71
possível realizar a plotagem das curvas experimentais junto com as curvas idealizadas e
observar novamente o grau de assertividade do ajuste escolhido.
O poço de inspeção, com diâmetro de 1,2 m e profundidade de 6,5 m, foi realizado nos dias 05
e 06 de junho de 2019, por uma equipe especializada, a 3,0 m de distância do furo de sondagem
PMT 4, conforme verifica-se na Figura 2.8. A Figura 2.22 mostra a execução do poço de
inspeção.
Figura 2.22 – Execução do poço de inspeção: (a) início da execução do poço; (b) uso de sistema mecânico para
içamento de solo do poço de inspeção
(a) (b)
Em cada uma das cotas representativas de cada metro (0,5; 1,5; 2,5; 3,5; 4,5 e 5,5 m),
realizou-se a retirada de amostras para determinação do teor de umidade e da CCSA do solo do
Campo Experimental da EECA/UFG, como retratado na Figura 2.23. As amostras retiradas
para determinação das CCSAs em conjunto com os pesos específicos dos grãos (s) obtidos por
Nascimento (2019), permitiram a determinação do peso específico natural (nat), do peso
específico seco (d) e do índice de vazios do solo (e). A Figura 2.24 mostra um exemplo de
amostra retirada para determinação de uma CCSA.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 72
Figura 2.23 – Retirada de amostras para Figura 2.24 – Amostra retirada para utilização em
determinação do teor de umidade e da CCSA Temp Cell de forma a determinar a CCSA
Nas cotas de 2,5, 3,5 e de 5,5 m, optou-se por realizar a retirada de blocos de amostra
indeformada de 30x30x30 cm. A escolha dessas profundidades se deu por acreditar que esse
conjunto de três blocos seria representativo de todo o perfil de solo até a profundidade de 6,0
metros, para realização de ensaios de laboratório do tipo triaxial CD para obtenção de c’, ϕ’, e
dos diagramas de tensão-deformação para determinação dos módulos de deformabilidade do
solo. Esses parâmetros foram posteriormente comparados com aqueles obtidos por meio dos
ensaios pressiométricos.
Para retirada dos blocos de amostra indeformada, o técnico do laboratório de geotecnia da UFG
desceu no poço nas profundidades determinadas e, utilizando das ferramentas necessárias,
realizou a retirada e içamento dos blocos. Os blocos foram selados com parafina e tecido Morim
para manutenção das condições de campo e, posteriormente, foram armazenados em caixas de
madeiras pré-dimensionadas. Esse procedimento era iniciado dentro do poço e finalizado na
superfície onde também eram indicados no bloco a profundidade e a orientação geográfica
deste.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 73
As Figuras 2.25 e 2.26 apresentam os procedimentos realizados durante a retirada dos blocos
de amostra indeformada.
Figura 2.25 – Preparação de bloco de amostra indeformada: (a) arrasamento do bloco com facão; (b) uso de
parafina e tecido Morim
(a) (b)
Figura 2.26 – Retirada e armazenamento dos blocos: (a) uso de caixa de madeira para armazenamento e
içamento dos blocos; (b) finalização da preparação dos blocos em superfície
(a) (b)
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 74
As amostras retiradas para determinação das CCSAs foram levadas ao laboratório de solos não
saturados da UFG, onde foram realizados os ensaios de Temp Cell e WP4C, e as caixas com os
blocos de amostra indeformada foram levadas ao laboratório de geotecnia de Furnas Centrais
Elétricas S.A., onde foram realizados os ensaios triaxiais CD para determinação de c’, de ϕ’ e
dos diagramas de tensão deformação para determinação dos módulos de deformabilidade do
solo.
Para determinação das CCSAs de cada profundidade, foram utilizados os ensaios de Temp Cell
a fim de obter a relação entre w ou S e (ua – uw) até sucção de 90 kPa e os ensaios de WP4C
para determinação dessa relação para maiores sucções.
Em laboratório, realizou-se o arrasamento do solo para que este ficasse no mesmo nível que a
borda do anel da Temp Cell, como verifica-se na Figura 2.27. Posteriormente, os anéis foram
encaixados no restante da célula e iniciava-se o processo de saturação do solo com fluxo
ascendente, conforme ilustrado nas Figuras 2.28 e 2.29. Considerava-se que o solo estava
saturado no momento em que água começava a transbordar na parte superior da célula.
Depois de verificar a saturação das amostras, processo que demorou entre 4 dias e uma semana,
pesava-se o conjunto da célula e iniciava-se as aplicações de patamares constantes e crescentes
de pressão. Foram aplicadas as seguintes pressões: 2, 4, 8, 15, 30, 50 e 90 kPa. Ao perceber-se
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 75
que a pressão aplicada não estava mais variando o volume de água das células, verificava-se o
peso do conjunto da célula e iniciava-se o patamar seguinte. As Figuras 2.30 e 2.31 demonstram
a aplicação de pressão e a pesagem das células.
Figura 2.28 – Montagem de célula Temp Cell para Figura 2.29 – Células montadas sendo saturadas
início da saturação com fluxo ascendente e sistema Temp Cell
Após o término do último patamar de pressão, retiravam-se amostras do topo, centro e base do
anel para verificação do teor de umidade final da amostra e para o cálculo dos demais teores.
O restante do solo coletado foi utilizado para determinação dos demais pontos da curva
característica, variando o grau de saturação das amostras da umidade de campo até o mais
próximo de 0 (zero) possível. As amostras foram levadas até a umidade de interesse com auxílio
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 76
Figura 2.32 – Condicionamento do teor de umidade do solo com mangueiras de baixa pressão
100
90 Dados Experimentais
80 Curva de melhor ajuste
70
60
S (%)
50
40
30
20
10
0
0,01 0,1 1 10 100 1000 10000 100000 1000000
ua-uw (kPa)
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 77
Optou-se por realizar ensaios triaxiais CDnat de forma a simular as condições de campo e obter
c’, ϕ’ e os módulos de deformabilidade para as condições naturais de campo. Realizou-se
também um ensaio triaxial CDsat na profundidade de 2,5 metros. Os ensaios triaxiais foram
realizados em Furnas Centrais Elétricas S.A. e foram seguidas as normas da American Society
for Testing and Materials (ASTM).
Cada um dos blocos passou por processos de corte e de arrasamento para a produção de 4 corpos
de prova cilíndricos, com 5 cm de diâmetro e 10 cm de altura. A Figura 2.34 mostra o processo
de formação dos corpos de prova para o ensaio triaxial.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 78
Após a moldagem dos corpos de prova, eles eram levados para a prensa triaxial para dar início
ao processo de consolidação do solo, processo que demorou entre 4 dias e uma semana,
dependendo do corpo de prova. Após ao processo de consolidação, iniciava-se, efetivamente o
ensaio triaxial com velocidade de ruptura baixa de 0,02 mm/min. A Figura 2.35 ilustra o
posicionamento do corpo de prova na célula triaxial e o início do processo de consolidação.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 79
As tensões confinantes dos ensaios triaxiais foram determinadas de acordo com as tensões
octaédricas obtidas nos ensaios pressiométricos que já haviam sido realizados. No geral, as
tensões octaédricas eram baixas, de maneira que as tensões confinantes foram de 25, 50, 75 e
100 kPa. A Figura 2.36 apresenta a realização de um ensaio triaxial.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 80
CAPÍTULO 3
RESULTADOS E ANÁLISES
Neste capítulo, são apresentados os resultados dos ensaios de campo e de laboratório que foram
realizados. Tendo em vista que para a análise de resultados de ensaios de campo em solos não
saturados é necessário introduzir informações adicionais relacionadas ao teor de umidade e à
sucção do solo, serão inicialmente apresentados os resultados obtidos por meio da execução do
poço de inspeção que permitiu a determinação de parâmetros de caracterização do solo, das
curvas características e dos parâmetros advindos de ensaios triaxiais CD.
Tabela 3.1 – Caracterização do perfil de solo do Campo Experimental – poço de inspeção 06/06/2019
Profundidade nat w S d
Gs e
(m) (kN/m³) (%) (%) (kN/m³)
0,5 2,74 14,50 17,30 38,50 12,30 1,23
1,5 2,73 14,70 17,90 41,60 12,50 1,18
2,5 2,72 15,20 19,60 46,00 12,60 1,16
3,5 2,75 16,40 19,00 53,30 13,90 0,98
4,5 2,74 15,50 17,90 44,20 13,00 1,11
5,5 2,79 16,50 20,40 54,70 13,70 1,04
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 81
Os valores de Gs variaram entre 2,74 e 2,79 (média de 2,75), o nat variou entre 14,5 e
16,5 kN/m³ (média de 15,5 kN/m³), o d variou entre 12,3 e 13,9 kN/m³ (média de 13 kN/m³) e
o e variou entre 0,98 e 1,23 (média de 1,12). Esses valores de peso específico e de índice de
vazios são típicos de solos tropicais lateríticos com elevado índice de vazios assim como os
estudados por Cardoso (2010) e por Gomes (2015).
Guimarães (2002) afirma que o formato das curvas características depende do tipo de solo e da
distribuição e tamanho dos poros, sendo que solos arenosos tendem a apresentar perda brusca
de umidade, enquanto os solos argilosos têm perdas mais suaves quando a sucção atinge o valor
de entrada de ar. Vanapalli et al. (1999) acrescentam outros fatores como o teor de umidade
inicial, a presença de agregações, a mineralogia e o histórico de tensões.
45
40
35
30 0,5m
0,5m
w (%)
25 1,5m
1,5m
20 2,5m
2,5m
15 3,5m
3,5m
10 4,5m
4,5m
5 5,5m
5,5m
0
0,01 0,1 1 10 100 1000 10000 100000 1000000
(ua - uw) (kPa)
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 82
Profundidade (m)
Parâmetros
0,5 1,5 2,5 3,5 4,5 5,5
b1 0,9 1,0 0,5 1,0 0,5 0,5
res1 22,5 16,0 16,0 15,0 15,0 14,5
Sres1 0,440 0,463 0,520 0,590 0,550 0,615
b2 10000 9000 7000 7000 7000 4000
Sb 0,23 0,26 0,29 0,30 0,26 0,32
res2 23000 19000 17000 15000 13000 13000
Sres2 0,05 0,05 0,05 0,05 0,04 0,06
a 0,03 0,03 0,02 0,03 0,03 0,03
Os valores de b1 foram baixos e variaram entre 0,5 e 1,0. Segundo Aubertin; Ricard;
Chapius (1998), valores nessa faixa são típicos de areias grossas, o que demonstra a presença
de agregações porosas em todas as profundidades estudadas. Os valores de res1 diminuem e os
valores de Sres1 elevam-se conforme o aumento da profundidade, indicando a redução dos
macroporos. Da mesma forma, os valores de b2 diminuem e os valores de Sb elevam-se de
acordo com o aumento da profundidade, demonstrando maior dificuldade da sucção em retirar
água dos microporos do solo mais superficial. De forma parecida à res1 e b2, os valores de
res2 reduzem conforme o aumento da profundidade. Os parâmetros Sres2 e a praticamente não
variaram com o aumento da profundidade.
A Figura 3.2 apresenta o m2w, o qual corresponde à variação do teor de umidade volumétrico
com a variação da sucção e pode ser correlacionado com a distribuição média do tamanho dos
poros do solo. Maiores valores de m2w representam maior inclinação na CCSA e, desta forma,
um maior valor da moda da distribuição do tamanho do poro.
A primeira elevação na Figura 3.2 está relacionada com os macroporos e a segunda elevação
com os microporos. Verifica-se uma tendência de redução da quantidade de macroporos e,
também, uma tendência de movimentação para a esquerda das elevações referentes aos
microporos, indicando microporos maiores, com o aumento da profundidade.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 83
35
0,5m
30
1,5m
25 2,5m
3,5m
20
m 2w
4,5m
15
5,5m
10
0
0,01 0,1 1 10 100 1000 10000 100000 1000000
(ua-uw) (kPa)
As CCSAs permitiram a determinação da sucção do solo para cada ensaio realizado, por meio
dos teores de umidade obtidos de amostras indeformadas retiradas durante a realização dos
furos de sondagem.
Tabela 3.3 – Características dos corpos de prova dos ensaios triaxiais CDsat
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 84
Tabela 3.4 – Características dos corpos de prova dos ensaios triaxiais CDnat
As Figuras 3.3, 3.4 e 3.5 apresentam as curvas de tensão desviadora versus deformação axial,
as envoltórias de Mohr-Coulomb e as trajetórias de tensão efetiva (p’ versus q),
respectivamente, para as tensões de adensamento aplicadas nos corpos de prova referentes às
profundidades de 2,5; 3,5 e 5,5 metros para o caso natural e a Figura 3.6 apresenta os resultados
para o ensaio CDsat realizado na profundidade de 2,5 m.
Por meio das trajetórias de tensão das Figuras 3.5 e 3.6, traçaram-se as retas de melhor ajuste
pelos pontos máximos e obtiveram-se os coeficientes e d’, e com estes determinaram-se os
parâmetros de resistência efetiva, ϕ’ e c’, mostrados na Tabela 3.5 e na Figura 3.7.
Profundidade (m)
Parâmetros
2,5 nat 2,5 sat 3,5 nat 5,5 nat
c’ (kPa) 10 2 19 23
ϕ’ (º) 34 35 31 30
Para os ensaios CDnat Os valores de c’ variaram entre 10 e 23 kPa, com uma média de 17 kPa,
e os valores de ϕ’ variaram entre 30º e 34º com uma média de 32º. Notou-se uma tendência de
aumento de c’ e de redução de ϕ’ com o aumento da profundidade. Para o ensaio saturado os
valores de c’e ϕ’ foram de 2 kPa e 35º, respectivamente. Considerou-se os parâmetros de pico
nas realizadas.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 85
2,5 m
3,5 m
5,5 m
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 86
2,5 m
c’ = 10 kPa
ϕ’ = 34º
3,5 m
c’ = 19 kPa
ϕ’ = 31º
5,5 m
c’ = 23 kPa
ϕ’ = 30º
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 87
2,5 m
y = 0,5652x + 8,4526
R² = 0,9979
q
p’
3,5 m
y = 0,5052x + 19,501
R² = 0,9918
q
p’
5,5 m
y = 0,509x + 16,153
R² = 0,9969
q
p’
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 88
2,5 m
2,5 m
c’ = 2 kPa
ϕ’ = 35º
2,5 m
y = 0,5719x + 1,1316
R² = 0,9983
q
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 89
Figura 3.7 – Valores de coesão e de ângulo de atrito obtidos nos ensaios triaxiais CD
c' (kPa) ϕ' (º)
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 29 31 33 35
2 2
3 3
Profundidade (m)
Profundidade (m)
4 4
CDnat
5 CDsat 5
CDnat
6 6
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 90
Dessa forma, pelas peculiaridades das curvas tensão-deformação para o solo deste estudo,
optou-se por trabalhar com o módulo tangente inicial (Et0), com o módulo tangente a 25% da
tensão de ruptura (Et25%) e com o módulo tangente a 50% da tensão de ruptura (Et50%).
Considerando-se a ruptura como a tensão máxima atingida dentro da deformação axial de 20%.
Para não depender de determinações gráficas para o módulo tangente, as quais são sujeitas à
imprecisões, foi determinado o módulo secante nos segmentos que continham os valores de
tensão igual a 25% e 50% da tensão de ruptura. Por se tratar de um segmento estreito (pequenas
deformações), nesse caso o módulo secante tende ao módulo tangente nos pontos da curva a
25% e a 50% da tensão de ruptura, e assim esses módulos foram considerados e determinados
neste trabalho. Os mesmos procedimentos para determinação também foram realizados por
Angelim (2011), cujo o solo estudado também apresentou situação de bi-linearidade.
A Tabela 3.7 apresenta os módulos Et0, Et25% e Et50% determinados por meio das curvas de tensão
desviadora versus deformação axial apresentadas na Figura 3.3.
Módulos de Young
Profundidade Tensão de
(m) adensamento (kPa) Et0 Et25% Et50%
(MPa) (MPa) (MPa)
25 86,0 86,0 19,5
50 112,2 112,2 0,7
75 72,3 2,1 1,2
2,5
100 86,5 1,9 1,5
Média 89,3 50,5 5,7
CV (%) 16,2 97,9 139,3
25 106,0 106,0 20,5
50 181,9 181,9 9,1
75 197,0 197,0 4,9
3,5
100 147,5 147,5 2,3
Média 158,1 158,1 9,2
CV (%) 22,1 22,1 75,8
25 83,5 83,5 7,7
50 44,7 8,0 5,0
75 97,8 9,2 5,2
5,5
100 74,1 10,1 2,9
Média 75,0 27,7 5,2
CV (%) 25,9 86,0 33,0
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 91
O comportamento bi-linear das curvas de tensão desviadora versus deformação axial e as baixas
deformações iniciais fazem com que os valores de Et0 sejam bastante elevados, apresentando
médias de 89,3; 158,1 e 75,0 MPa para as profundidades de 2,5, 3,5 e 5,5 m, respectivamente.
Os valores de Et0 apresentaram menor coeficiente de variação (CV) do que Et25% e Et50%.
Por muitas vezes, os valores de Et25% foram iguais aos de Et0, o que ocorreu porque a tensão
desviadora correspondente a 25% da tensão máxima de ensaio se encontrava ainda dentro do
primeiro trecho da tensão versus deformação de comportamento bi-linear. Os valores
encontrados na ocorrência dessa situação são muito elevados em relação aos demais valores, o
que faz com que os valores de CV para essa situação sejam elevados. Tal fato faz com que seja
necessária prudência na utilização dos resultados de Et25%.
Os valores de Et50% foram menores que os demais (Et0 > Et25% > Et50%), porém apresentaram um
elevado CV. Isso ocorreu, pois, os valores encontrados para as menores tensões de adensamento
apresentaram tendência de serem consideravelmente maiores que os demais. Apesar do elevado
CV, acredita-se que os valores de Et50% são os mais adequados para comparações com o EM,
visto que, conforme descrito por Wood (1990), os módulos iniciais, para deformações
extremamente pequenas, encontrados por meio de ensaios triaxiais, não são comparáveis com
EM obtido via ensaio pressiométrico no qual os níveis de deformação são maiores.
A Figura 3.8 apresenta os valores de Et0, Et25% e Et50% em todas as tensões confinantes utilizadas
nos ensaios triaxiais CDnat.
Figura 3.8 – Valores de Et0, Et25% e Et50% obtidos nos ensaios triaxiais
3 3 3
Profundidade (m)
4 4 4
5 5 5
25 kPa
50 kPa
75 kPa
100 kPa 6 6
6
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 92
As Figuras 3.9 e 3.10 apresentam a evolução das curvas pressiométricas dos furos de sondagem
do período chuvoso (PMT 1, PMT 2 e PMT 3) e do período seco (PMT 4, PMT 5, PMT 6 e
PMT 7), respectivamente, com o aumento da profundidade.
Analisando as Figuras 3.9 e 3.10, percebeu-se grande coerência entre as curvas pressiométricas
do período chuvoso e entre as curvas pressiométricas do período seco. A evolução das curvas
do PMT 2 é muito similar a evolução das curvas do PMT 3, apresentando inclusive uma faixa
de variação da pressão e do volume muito próximas. O mesmo fato ocorreu ao se comparar o
PMT 4 ao PMT 5.
O PMT 1 apresentou uma evolução de curvas que atingiu menores valores de pressão que o
verificado para os PMT 2 e PMT 3, principalmente para as profundidades de 4,5 e 5,5 m, mas
os parâmetros obtidos dessas curvas foram coerentes com os obtidos para o período chuvoso,
como será visto adiante.
Conforme se verifica nas Figuras 3.9 e 3.10, as curvas pressiométricas do período chuvoso
apresentaram menor faixa de variação de pressão e, portanto, menos pontos, o que gera trechos
pseudo-elásticos menos extensos. Esse fato faz com que as curvas desse período apresentem
valores menores de p2, pf e pL quando comparadas com as curvas do período seco.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 93
Figura 3.9 – Evolução das curvas pressiométricas do período chuvoso com o aumento da profundidade
900 PMT 1
800
700
600
Volume (cm³)
500
400
0,5m
300 1,5m
2,5m
200 3,5m
4,5m
100 5,5m
0
0,00 0,08 0,16 0,24 0,32 0,40 0,48
Pressão (MPa)
900 PMT 2
800
700
Volume (cm³)
600
500
400
300 0,5 m
1,5 m
200 2,5 m
3,5 m
100 4,5 m
5,5 m
0
0,00 0,08 0,16 0,24 0,32 0,40 0,48
Pressão (MPa)
900
PMT 3
800
700
600
Volume - (cm³)
500
400
300 0,5 m
1,5 m
200 2,5 m
3,5 m
100 4,5 m
5,5 m
0
0,00 0,08 0,16 0,24 0,32 0,40 0,48
Pressão (MPa)
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 94
Figura 3.10 – Evolução das curvas pressiométricas do período seco com o aumento da profundidade
900 PMT 4
800
700
Volume - (cm³)
600
500
0,5m
400 1,5m
300 2,5m
200 3,5m
4,5m
100 5,5m
0
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20
Pressão (MPa)
900 PMT 5
800
700
Volume - (cm³)
600
500
400 0,5 m
1,5 m
300 2,5 m
200 3,5 m
100 4,5 m
5,5 m
0
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20
Pressão (MPa)
900 PMT 6
800
700
Volume - (cm³)
600
500
400 0,5 m
1,5 m
300 2,5 m
200 3,5 m
4,5 m
100 5,5 m
0
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20
Pressão (MPa)
900
PMT 7
800
700
Volume - (cm³)
600
500
0,5 m
400 1,5 m
300 2,5 m
3,5 m
200 4,5 m
100 5,5 m
0
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20
Pressão (MPa)
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 95
Notou-se que os ensaios realizados em período chuvoso apresentam elevados valores de teor
de umidade, variando, aproximadamente, entre 18% e 21% (exceção para a profundidade de
4,5 m do PMT 2, na qual se encontrou grande quantidade de pedregulhos e fragmentos de
quartzo com baixo teor de umidade) e valores reduzidos de sucção matricial. As amostras
retiradas de uma mesma profundidade, em geral, apresentaram w e (ua - uw) próximos entre si.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 96
Verificou-se discrepância entre as sucções obtidas por meio das curvas características (ua - uw)
e por meio do equipamento WP4C (ψt), isso ocorre, pois, como afirmado anteriormente o WP4C
apresenta melhor precisão para sucções partir de 500 kPa.
As Figuras 3.11 e 3.12 ilustram o comportamento das pressões p1 e p2, de início e término do
trecho pseudo-elástico, e das pressões de fluência, respectivamente, dos ensaios pressiométricos
referentes ao período chuvoso.
Figura 3.11 – Pressões p1 e p2 dos ensaios Figura 3.12 – Pressões pf dos ensaios pressiométricos
pressiométricos do período chuvoso do período chuvoso
Profundidade (m)
p1-PMT 2 pf-PMT 2
2 p2-PMT 2 2 pf-PMT 3
p1-PMT 3
3 p2-PMT 3 3
4 4
5 5
6 6
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 97
Com a média de valores p1 foi utilizado o método proposto por Angelim (2011) para a
determinação de K0 por meio de uma linha de tendência dos valores médios de p1. A Figura
3.13 mostra os valores médios de p1 e a linha de tendência, que apresenta coeficiente angular
que se relaciona com a tensão horizontal do solo segundo os procedimentos da metodologia. A
média de p1 referente à profundidades de 0,5 m foi desconsiderada da linha de tendência por
apresentar comportamento divergente e natural para essa camada superficial que apresenta
variações de umidade e variações volumétricas que modificam o seu comportamento.
Figura 3.13 – Média e linha de tendência dos valores de p1 dos ensaios realizados em período chuvoso
Pressão (kPa)
0 10 20 30 40 50
0
2
Profundidade (m)
y = 0,1506x - 0,5138
3 R² = 0,6326
4
Linha de Tendência
(1,5 a 5,5 m)
p1 médio (chuvoso)
5
Ponto
Reta Kodesconsiderado
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 98
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 99
Observou-se que os ensaios realizados em período seco apresentam valores de teor de umidade
baixos, variando, aproximadamente, entre 11% e 17%. Assim como ocorreu para o PMT 2, a
profundidade de 4,5 m dos PMT 6 e PMT 7 também apresentaram maiores quantidades de
pedregulhos e fragmentos de quartzo, o que resultou em baixos teores de umidade.
Em geral, os valores de teor de umidade são menores e os de sucção matricial são maiores do
que os encontrados para o período chuvoso. Por algum motivo inesperado, os valores de Ψt
obtidos via WP4C se distanciaram dos valores de (ua - uw) obtidos via CCSA, sobretudo para
as profundidades de 4,5 e 5,5 m.
As Figuras 3.14 e 3.15 ilustram o comportamento das pressões p1 e p2, de início e término do
trecho pseudo-elástico, e das pressões de fluência, respectivamente, dos ensaios pressiométricos
referentes ao período seco.
Notou-se que, no geral, os valores de p1 apresentaram valores próximos para uma mesma
profundidade. Por outro lado, diferentemente do que ocorreu para os ensaios do período
chuvoso, os valores de p2 apresentaram variabilidade considerável para uma mesma
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 100
Assim como ocorreu para os ensaios do período chuvoso e é descrito pelas normas
internacionais, um comportamento similar ao de p2 foi encontrado para pf.
Verificou-se que, da mesma forma que ocorreu para o período chuvoso, os maiores trechos
pseudo-elásticos (diferença entre p1 e p2) e as maiores pressões de fluência foram encontrados
para as profundidades de 0,5, 4,5 e 5,5 m (com exceção dos resultados do PMT 6 para as
profundidades de 3,5 e 5,5 m), o que indica uma maior resistência dessas camadas em relação
às demais, provavelmente devido aos mesmos motivos citados no item anterior.
Pressão (kPa)
0 100 200 300 400 500 600 700
0
1
p1-PMT 4
p2-PMT 4
2 p1-PMT 5
p2-PMT 5
Profundidade (m)
p1-PMT 6
p2-PMT 6
3 p1-PMT 7
p2-PMT 7
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 101
Pressão (kPa)
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750
0
2
pf-PMT 4
Profundidade (m)
pf-PMT 5
3 pf-PMT 6
pf-PMT 7
p1-PMT 1
1 1 p2-PMT 1
p1-PMT 2
p2-PMT 2
p1-PMT 3 p2-PMT 3
2 p1-PMT 4 2 p2-PMT 4
Profundidade (m)
Profundidade (m)
p1-PMT 5 p2-PMT 5
p2-PMT 6
3 p1-PMT 6 3
p2-PMT 7
p1-PMT 7
4 4
5 5
6 6
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 102
Pressão (kPa)
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750
0
1
pf-PMT 1
pf-PMT 2
2
pf-PMT 3
Profundidade (m)
pf-PMT 4
pf-PMT 5
3 pf-PMT 6
pf-PMT 7
Assim como para os ensaios do período chuvoso, os valores de p1 dos ensaios realizados em
período seco apresentaram baixa variabilidade para uma mesma profundidade, de forma que
foi possível realizar novamente a análise proposta por Angelim (2011) para determinação do
K0 do período seco. Portanto, a Figura 3.19 apresenta os valores médios de p1 e a linha de
tendência, a qual tem coeficiente angular que se relaciona com a tensão horizontal do solo
segundo os procedimentos da metodologia.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 103
Figura 3.19 – Média e linha de tendência dos valores de p1 dos ensaios realizados em período seco
Pressão (kPa)
0 10 20 30 40 50
0
2
Profundidade (m)
3 y = 0,2021x - 3,5298
R² = 0,3461
Dessa forma, verificou-se que o aumento da sucção e a redução do teor de umidade ocasionam
a diminuição do valor de K0 conforme se espera, pois as tensões são maiores o solo úmido pela
diminuição da sucção. Mesmo que a linha de tendência dos valores de p1 dos ensaios realizados
em período seco tenha apresentado R² menos representativo percebe-se coerência entre a linha
de tendência e os pontos.
Uma análise mais completa dos resultados, incluindo os parâmetros essênciais pL, EM e a relação
EM/pL, além de w e ua - uw, é apresentada no Capítulo 5.
Por meio da metodologia de Briaud (1992), apresentada no tópico 1.3.3.5 e ilustrada nas Figuras
1.8 e 2.20, determinou-se as tensões horizontais no repouso e se calculou o módulo cisalhante
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 104
Desse modo, as Tabelas 3.15 a 3.21 apresentam os resultados das curvas pressiométricas
adotando a metodologia de Briaud (1992). Os parâmetros abordados são: a deformação radial
específica para o raio inicial da cavidade ((Δr/r0)c), a tensão horizontal no repouso (h0), o
coeficiente de empuxo no repouso K0, as pressões p1 e p2 de início e término do trecho pseudo-
elástico, o módulo de deformabilidade (EM) e o módulo cisalhante (G).
A deformação radial específica para o raio inicial da cavidade e a tensão horizontal no repouso
são utilizadas para determinar a origem dos novos eixos rr e ɵɵ, que expressam a pressão e a
deformação específica diretamente na cavidade, conforme se visualiza na Figura 3.20.
Tabela 3.15 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo PMT 1 pela metodologia de Briaud (1992)
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 105
Tabela 3.17 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo PMT 3 pela metodologia de Briaud (1992)
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 106
Tabela 3.21 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo PMT 7 pela metodologia de Briaud (1992)
As Figuras 3.21 e 3.22 apresentam as tensões horizontais no repouso. Essas tensões foram
obtidas para os ensaios pressiométricos realizados em período chuvoso e seco, respectivamente,
por meio da metodologia proposta por Briaud (1992). Verificou-se, no geral, valores de tensão
horizontal próximos para uma mesma profundidade nos ensaios do período chuvoso, os valores
variaram entre 7 e 26 kPa, e foi observada uma tendência de esses valores aumentarem
conforme havia aumento da profundidade.
Figura 3.20 – Utilização do método de Briaud para a profundidade de 0,5 m do furo de sondagem PMT 1
250
150
Ponto desconsiderado
100
0
0,00 Ponto 10,00 20,00
desconsiderado 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00
qq = rc/rc (%)
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 107
para o par de furos PMT 6 e PMT 7. Acredita-se que isso ocorreu porque os furos de sondagem
PMT 4 e PMT 5 foram realizados em datas próximas e porque os furos de sondagem PMT 6 e
PMT 7 também foram realizados em datas próximas, além destes últimos estarem mais
próximos entre si.
Figura 3.21 – Tensões horizontais obtidas pelo Figura 3.22 – Tensões horizontais obtidas pelo
método de Briaud para o período chuvoso método de Briaud para o período seco
4 4
5 5
6 6
De modo geral, os valores de tensão horizontal no repouso dos ensaios do período seco foram
maiores do que os valores do período chuvoso, não coerente com o esperado, já que a
contribuição da sucção diminui para o solo úmido, podendo indicar que a metodologia de
Briaud não é muito assertiva quanto à tensão horizontal em repouso in situ. Uma comparação
das médias dos valores do período seco e do período chuvoso é apresentada no capítulo 5.
Utilizando a média do peso específico do solo de 15,5 kN/m³ e os valores de h0, foi possível
calcular o K0 de cada furo de sondagem de acordo com a profundidade. As Figuras 3.23 e 3.24
mostram essa simulação para os furos do período chuvoso e do período seco, respectivamente.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 108
Figura 3.23 – Valores de K0 dos furos de sondagem Figura 3.24 – Valores de K0 dos furos de sondagem
do período chuvoso do período seco
K0 K0
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50
0 0
1 1
PMT 4
Profundidade (m)
2 2
PMT 1
Profundidade (m)
PMT 5
PMT 2
3 PMT 6
PMT 3 3
PMT 7
4 4
5 5
6 6
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 109
Figura 3.25 – Pressões p1 e p2 do período chuvoso Figura 3.26 – Pressões p1 e p2 do período seco por
por diferentes metodologias diferentes metodologias
1 1
p1-PMT 4
p1-PMT 1
2 2 p2-PMT 4
p2-PMT 1
Profundidade (m)
Profundidade (m)
p1-PMT 1 p1-PMT 4
3 3 (Briaud)
(Briaud)
p2-PMT 1 p2-PMT 4
(Briaud) (Briaud)
4 4
5 5
6 6
A diferença entre as duas metodologias também foi verificada nos valores de EM. A Figura 3.27
ilustra a comparação entre os diferentes resultados obtidos para os furos de sondagem PMT 1
(período chuvoso) e PMT 4 (período seco), e a Figura 3.28 mostra a mesma comparação entre
os furos de sondagem PMT 3 (período chuvoso) e PMT 7 (período seco).
Figura 3.27 – Valores de EM para os furos PMT 1 e Figura 3.28 – Valores de EM para os furos PMT 3 e
PMT 4 por diferentes metodologias PMT 7 por diferentes metodologias
EM (MPa) EM (MPa)
0 2 4 6 8 10 12 0 2 4 6 8 10 12 14 16
0 0
PMT 1
1 1
PMT 1
(Briaud)
2 PMT 4 PMT 3
2
Profundidade (m)
Profundidade (m)
PMT 4 PMT 3
(Briaud) (Briaud)
3 3 PMT 7
PMT 7
4 4 (Briaud)
5 5
6 6
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 110
Analisando as Figuras 3.27 e 3.28 e os valores das Tabelas 3.15 a 3.21 percebeu-se que os
valores de EM obtidos pela metodologia de Briaud são, em geral um pouco menores que os
valores obtidos pela metodologia tradicional. Esse comportamento foi verificado em
praticamente todos os casos para os resultados dos ensaios do período chuvoso, nos quais os
valores de EM são relativamente pequenos. Tal comportamento também ocorreu na maioria das
vezes para os resultados do período seco, nos quais verifica-se maiores valores de EM.
A utilização da metodologia de Briaud (1992) foi necessária para que os dados ficassem no
formato adequado (rr versus ɵɵ) para utilização da ferramenta analítica computacional
apresentada por Fontaine; Cunha; Carvalho (2005). Como a ferramenta é adaptada para
trabalhar com os dados dessa metodologia, optou-se por utilizar os resultados obtidos por meio
da metodologia de Briaud (1992), os quais foram apresentados no tópico anterior, como dados
de entrada para o programa.
As Tabelas 3.22 a 3.28 apresentam os resultados obtidos para cada um dos furos de sondagem
realizados por meio da ferramenta analítica computacional apresentada por Fontaine; Cunha;
Carvalho (2005). Os parâmetros abordados são ângulo de atrito (ϕ’), coesão saturada efetiva
(c’), a coesão total (ctotal), o módulo cisalhante no trecho pseudo-elástico (Ge), o módulo
cisalhante na zona plástica (Gp), a tensão horizontal no repouso (h0) e a sucção matricial
(ua – uw).
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 111
Tabela 3.22 – Resultados do ajuste de curvas para o PMT 1 (chuvoso) via Fontaine; Cunha; Carvalho (2005)
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 112
Tabela 3.26 – Resultados do ajuste de curvas para o PMT 5 (seco) via Fontaine; Cunha; Carvalho (2005)
A Figura 3.29 apresenta o exemplo do ajuste de curva utilizado para a profundidade de 0,5 m
do furo de sondagem PMT 1 em termos de tensão radial (rr) versus deformação radial (qq).
Quanto maior a proximidade entre as curvas dos ensaios e as curvas teóricas estiverem, maior
a confiança nos parâmetros de ajuste obtidos (CUNHA, 1996). Desse modo, considerou-se que
os ajustes selecionados representaram bem o comportamento das curvas pressiométricas.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 113
Figura 3.29 – Ajuste de curva via Fontaine; Cunha; Carvalho (2005) utilizado para a profundidade 0,5 m do furo
de sondagem PMT 1
250
PMT1
Curva- PMT
0,5m 1 - 0,5 m
PMT 1 - 0,5 m
150 Parâmetros de ajuste:
ϕ' = 38º
c' = 20 kPa
100
Ge = 660 MPa
Gp = 2Ge
50 h0 = 20 kPa
ua - uw = 30 kPa
0
0 10 20 30 40 50
ɵɵ (%)
As Figuras 3.30 e 3.31 apresentam os resultados de ϕ’ e c’ obtidos por meio do ajuste para os
ensaios realizados em período chuvoso e em período seco.
Figura 3.30 – Ângulos de atrito obtidos por ajuste Figura 3.31 – Coesões efetivas obtidas por ajuste
1 1
2 2
Profundidade (m)
Profundidade (m)
3 3
PMT 1 PMT 1
PMT 2 4
4 PMT 2
PMT 3
PMT 3
PMT 4
PMT 5 PMT 4
5 5
PMT 6 PMT 5
PMT 7 PMT 6
6 6 PMT 7
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 114
Como a coesão saturada efetiva (c’) está relacionada apenas com a cimentação e com as forças
entre os argilominerais do solo, também não se notou variação considerável entre os resultados
obtidos. Percebeu-se que a variabilidade desse parâmetro se reduziu com o aumento da
profundidade. Esse comportamento está de acordo com o relatado por Ortigão e Alves (1994)
e Ortigão; Cunha; Alves (1996), que afirmam que a coesão efetiva só influencia a curva
pressiométrica teórica na análise de ensaios PMT de pequenas profundidades.
A Figura 3.32 apresenta os valores médios de ϕ’ e c’ obtidos por meio de ajuste, juntamente
com os resultados dos ensaios triaxiais realizados. Os valores de ϕ’ e de c’ obtidos por meio do
método de ajuste de curvas da ferramenta analítica computacional apresentada por Fontaine;
Cunha; Carvalho (2005) se mostraram coerentes com os resultados triaxiais. Cabe ressaltar a
menor quantidade de ensaios triaxiais no perfil em relação aos pressiométricos, entretanto
suficientes para uma validação razoavelmente satisfatória do método.
2
Profundidade (m)
34
32 35 2 10 13
3 3
28 30 c estimado 20 23
PMT
4 φ estimado PMT 4
c triaxial
CDnat
28 f triaxial
φ CDnat 19
5 f CDsat 5 c CDsat
30 31 19 19
6 6
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 115
A Figura 3.33 demonstra a variação da ctotal com o aumento da profundidade para todos os furos
de sondagem realizados de acordo com os ajustes de curva realizados. Como a ctotal considera
as três parcelas de coesão a que o solo está submetido, a coesão devido à sucção, a coesão
devido às forças de atração entre os argilominerais e a cimentação, verifica-se diferença
considerável entre os resultados obtidos para os ensaios realizados em período chuvoso e seco.
ctotal (kPa)
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
0
2
Profundidade (m)
PMT 1
PMT 2
4
PMT 3
PMT 4
PMT 5
5 PMT 6
PMT 7
Os valores obtidos para os ensaios realizados em período seco tendem a ser maiores em
praticamente todas as profundidades. A maior discrepância entre os diferentes períodos ocorre
para a profundidade de 0,5 m e percebe-se redução da diferença da ctotal com o aumento da
profundidade, até que, na profundidade de 5,5 m, os valores se aproximam, indicando que essa
profundidade é um limite para a influência da sucção no comportamento do solo estudado.
A sucção matricial, resultado dos ajustes de curva realizados, não se mostraram coerentes com
os valores obtidos por meio das curvas características e apresentados anteriormente. Os valores
foram, em geral, maiores do que os encontrados para pequenas sucções e menores do que os
encontrados para altas sucções. A Figura 3.34 apresenta as sucções matriciais obtidas pelo
método de ajuste de curvas para todos os ensaios realizados.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 116
ua - uw (kPa)
0 100 200 300 400 500 600
0
2
Profundidade (m)
3
PMT 1
PMT 2
4 PMT 3
PMT 4
PMT 5
5 PMT 6
PMT 7
O comportamento apresentado para a ua -uw é similar ao observado para a ctotal. Há uma grande
diferença entre resultados do período chuvoso e do período seco para as profundidades inicias
e há uma redução dessa diferença, conforme o aumento da profundidade. Para a profundidade
de 5,5 m, os valores se aproximam consideravelmente. Os resultados obtidos por meio das
curvas características apresentaram comportamento similar, porém as sucções encontradas para
o período chuvoso foram menores e as sucções encontradas para o período seco foram
consideravelmente maiores, conforme se verifica na Figura 9 do Capítulo 5.
A h0 também não apresentou grande variação entre o valor de entrada inicial e o resultado final
do ajuste de curva, pois, em curvas que apresentam baixo grau de perturbação do solo em sua
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 117
fase inicial, não se mostra necessária grande variação desse parâmetro para obtenção do valor
de melhor ajuste (CUNHA, 1994).
No Capítulo 5, é apresentada uma comparação, em termos de média, dos resultados obtidos por
meio da ferramenta analítica computacional apresentada por Fontaine; Cunha; Carvalho (2005)
para os ensaios do período chuvoso e do período seco.
Porém, essa equação é calibrada para solos sedimentares saturados típicos de países de clima
temperados, de maneira que podem não se adequar ao solo tropical brasileiro. Além disso,
Sedran; Failmeger; Drevinikas (2013) afirmam que, na prática, essa abordagem empírica
fornece poucas informações sobre a interação entre a sonda pressiométrica e o solo circundante.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 118
A Figura 3.35 apresenta os teores de umidade obtidos das amostras deformadas que foram
retiradas durante a escavação do poço, os teores de umidades médios iniciais dos ensaios
triaxiais apresentados na Tabela 3.4 e os teores de umidade obtidos in situ para os ensaios
realizados no período chuvoso. Devido ao fato de os teores de umidade provenientes do poço
de inspeção serem próximos dos teores obtidos nos ensaios pressiométricos do período
chuvoso, os módulos Et50% foram comparados aos EM obtidos para o período chuvoso.
A Tabela 3.29 apresenta os módulos EM dos ensaios do período chuvoso e os valores de Et50%
para as diferentes tensões de adensamento utilizadas em laboratório para as profundidades em
que foram retirados blocos de amostra indeformada.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 119
Figura 3.35 – Teores de umidade do poço de inspeção Figura 3.36 – Módulo EM-w e módulos Et50% obtidos
e dos ensaios pressiométricos para as diferentes tensões de adensamento
w (%) E (MPa)
0 4 8 12 16 20
9,00 12,00 15,00 18,00 21,00 24,00
2
0
1
PMT 1
3
2
PMT 2
Profundidade (m)
Profundidade (m)
3 PMT 3
4
4 POÇO
5 Média dos
ensaios 5 Et50% (25 kPa)
triaxiais Et 50% (50 kPa)
6 Et50% (75 kPa)
Et50% (100 kPa)
7 6 EM w
3 = 25 3 = 50 3 = 75 3 = 100
PMT 1 PMT 2 PMT 3 MÉDIA
kPa kPa kPa kPa
Prof. EM EM EM EM-w Et50% Et50% Et50% Et50%
(m) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa)
2,5 2,0 0,6 1,2 1,3 19,5 0,7 1,2 1,5
3,5 1,9 2,1 2,5 2,2 20,5 9,1 4,9 2,3
5,5 6,6 8,0 8,2 7,6 7,7 5,0 5,2 2,9
Notou-se que o módulo médio EM -w se aproximou, no geral, dos resultados de Et50% obtidos
para as tensões de adensamento de 50, 75 e 100 kPa. Pelo fato de as tensões octaédricas no
início dos ensaios pressiométricos serem de 25,8; 36,2 e 56,8 (considerando o médio de
15,5 kN/m³ e K0 = 0,5) para as profundidades de 2,5, 3,5 e 5,5 m, respectivamente, esperava-se
que os valores de EM-w fossem mais próximos dos valores de Et50% obtidos para as tensões de
adensamento de 25 e 50 kPa.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 120
Considerando o peso específico médio do perfil igual a 15,5 kN/m³ e K0 igual a 0,5, tem-se as
tensões octaédricas (oct = (v+rr)/3) do perfil antes e durante (na metade do trecho
pseudo-elástico, pm) os ensaios pressiométricos do período chuvoso, conforme se verifica na
Tabela 3.31.
Tabela 3.31 – Tensões octaédricas antes e durante os ensaios pressiométricos do período chuvoso
oct
nat oct
Prof. v h pm durante
Ensaio médio K0 inicial
(m) (kPa) (kPa) (kPa) PMT
(kN/m³) (kPa)
(kPa)
PMT 1 19,4 42 25,8 41,0
2,5 PMT 2 15,5 38,75 0,5 27,1 41 36,2 41,0
PMT 3 42,6 38 56,8 37,9
PMT 1 19,4 45 25,8 47,9
3,5 PMT 2 15,5 54,25 0,5 27,1 48 36,2 48,5
PMT 3 42,6 47 56,8 49,2
PMT 1 19,4 85 25,8 85,4
5,5 PMT 2 15,5 85,25 0,5 27,1 152 36,2 142,2
PMT 3 42,6 175 56,8 145,0
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 121
Comparou-se os módulos EM obtidos por meio dos ensaios pressiométricos com os módulos
tangentes encontrados ao se buscar níveis de tensões octaédricas nos ensaios triaxiais
((1+23)/3) que fossem próximos aos níveis de tensões octaédricas obtidos durante os ensaios
pressiométricos.
oct
oct Y
Prof. durante
Ensaio PMT triaxial triaxial tangencial EY/EM
(m) PMT (MPa)
(%) (kPa) (%) (kPa)
(kPa)
PMT 1 41,0 2,0 42,6 (1) 0,1 2,0 52,8 26,4
2,5 PMT 2 41,0 7,7 42,6 (1) 0,1 0,6 52,8 88,0
PMT 3 37,9 3,4 39,3 (1) 0,05 1,2 86 71,7
PMT 1 47,9 3,0 48,5 (1) 0,7 1,9 10,1 5,3
3,5 PMT 2 48,5 1,6 48,8 (1) 0,6 2,1 10,1 4,8
PMT 3 49,2 2,3 49,9 (1) 0,9 2,5 8,3 3,3
PMT 1 85,4 1,4 86,6 (2) 2,0 6,6 5,5 0,8
2,8 3 4
5,5 PMT 2 142,2 141,9( )/141,8( ) 5,0/1,6 8,0 4,0/7,8 0,5/1,0
PMT 3 145,0 2,6 145,8(3)/144,5 (4) 6,0/1,8 8,2 3,5/7,3 0,4/0,9
Nota: 1, 2, 3 e 4 são tensões confinantes de 25, 50, 75 e 100 kPa, respectivamente.
Comparando os valores de EM e EY para o mesmo nível de tensão octaédrica (ou tensão média),
percebeu-se que, para a profundidade de 2,5 m, há uma grande discrepância entre os resultados
encontrados, o que ocorre porque, apesar de os ensaios estarem em um mesmo nível de tensão
octaédrica, os níveis de deformação ainda são muito menores para o ensaio triaxial.
O mesmo comportamento é visualizado para a profundidade de 3,5 m, porém, para esse caso,
o nível de deformação do ensaio triaxial é um pouco maior, o que gera valores menores de EY.
Notou-se que, para as profundidades de 2,5 e 3,5 metros, apenas os ensaios triaxias realizados
com tensão de adensamento de 25 kPa apresentaram tensões octaédricas próximas às do ponto
médio dos ensaios pressiométricos. As outras tensões de adensamento atingiram maiores
tensões octaédricas desde seu início e por isso não foram apresentadas.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 122
Para a profundidade de 5,5 m houve uma aproximação entre os valores de EM e EY. Isso ocorreu
devido ao fato de que houve uma aproximação entre os níveis de deformação quando foi
atingido o mesmo nível de tensão octaédrica. Verificou-se que a relação entre EY e EM foi muito
próxima da unidade (1) para os valores obtidos com a tensão de adensamento de 100 kPa,
atribuiu-se esse fato à proximidade entre os níveis de deformação do ensaio pressiométrico e
do ensaio triaxial realizado com essa tensão de adensamento.
Esse método não foi considerado satisfatoriamente adequado, pois os resultados que mais se
aproximaram foram aqueles que se aproximaram do mesmo nível de deformação. Portanto,
optou-se por realizar a comparação para o mesmo nível de deformação e de tensão octaédrica.
2
v = ( ) qq (3.1)
3
A relação dessa equação é muito perto da unidade (1), de maneira que pode ser negligenciada
nessa e em outras ocasiões (WOOD, 1990).
Dessa forma, foram criados gráficos, para cada profundidade estudada, que relacionam as
tensões octaédricas de ambos os ensaios com as deformações que foram consideradas iguais,
conforme se visualiza na Figura 3.37.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 123
Figura 3.37 – Tensões octaédricas versus deformações para ensaios pressiométricos (chuvoso) e triaxiais
200
2,5 metros
180
160
s3 = 25 kPa
140
s3= 50 kPa
120 s3 = 75 kPa
oct (kPa)
200
3,5 metros
180
160
140 s3 = 25 kPa
120 s3= 50 kPa
oct (kPa)
s3 = 75 kPa
100
s3 = 100 kPa
80 PMT 1
60 PMT 2
40 PMT 3
20
0
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00
v = ɵɵ (%)
5,5 metros
220
200
180
s3 = 25 kPa
160 s3= 50 kPa
140
oct (kPa)
s3 = 75 kPa
120 s3 = 100 kPa
100 PMT 1
80 PMT 2
60 PMT 3
40
20
0
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00
v = ɵɵ (%)
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 124
Tabela 3.33 – Comparação entre EM e EY para o mesmo nível de tensão octaédrica e de deformação
Y tangencial-
Prof.
Ensaio (MPa)-(%) EYt/EM
(m) (MPa)
3 (kPa) 3 (kPa)
25 50 75 100 25 50 75 100
PMT 1 2,0 0,4 - 4,0 - - - 0,20 - - -
2,5 PMT 2 0,6 0,1 - 15,3 - - - 0,17 - - -
PMT 3 1,2 0,3 - 6,8 - - - 0,25 - - -
PMT 1 1,9 0,2 - 4,2 - - - 0,11 - - -
3,5 PMT 2 2,1 1,0 - 2,7 - - - 0,48 - - -
PMT 3 2,5 0,4 - 3,0 - - - 0,16 - - -
PMT 1 6,6 4,8 - 0,5 3,2 - 1,5 2,0 - 3,1 - 0,73 0,48 0,30 -
5,5 PMT 2 8,0 7,7 - 0,4 2,7 - 1,2 1,5 - 2,7 5,0 - 3,3 0,96 0,34 0,19 0,30
PMT 3 8,2 7,7 - 0,1 5,0 - 1,2 2,5 - 2,5 5,4 - 2,7 0,94 0,61 0,30 0,26
Tabela 3.34 – Comparação entre EM e EY para o mesmo nível de tensão octaédrica e de deformação
Y secante -
Prof.
Ensaio (MPa)-(%) EYs/EM
(m) (MPa)
3 (kPa) 3 (kPa)
25 50 75 100 25 50 75 100
PMT 1 2,0 2,0 - 4,0 - - - 1,0 - - -
2,5 PMT 2 0,6 1,2 - 15,3 - - - 2,0 - - -
PMT 3 1,2 0,6 - 6,8 - - - 0,5 - - -
PMT 1 1,9 2,5 - 4,2 - - - 1,3 - - -
3,5 PMT 2 2,1 3,8 - 2,7 - - - 1,3 - - -
PMT 3 2,5 3,2 - 3,0 - - - 1,3 - - -
PMT 1 6,6 16,3 - 0,5 6,2 - 1,5 5,7 - 3,1 - 2,5 0,94 0,86 -
5,5 PMT 2 8,0 14,4 - 0,4 7,3 - 1,2 6,5 - 2,7 2,4 - 3,3 1,8 0,91 0,81 0,30
PMT 3 8,2 40,7 - 0,1 7,3 - 1,2 6,5 - 2,5 2,1 - 2,7 5,0 0,89 0,79 0,26
As análises a seguir foram realizadas considerando os módulos secantes de Young (EYs) que
apresentaram resultados mais próximos da unidade (1).
Para as profundidades de 2,5 e 3,5 m apenas a curva tensão-deformação dos ensaios triaxiais
com tensão confinante de 25 kPa se aproximou e interceptou, respectivamente, o trecho
pseudo-elástico das curvas pressiométricas, dificultando uma análise no mesmo nível de tensão
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 125
A Figura 3.38 apresenta a relação EYs/EM para as quatro tensões confinantes do ensaio triaxial
para a profundidade de 5,5 m.
Figura 3.38 – Relação EYs/EM pela tensão confinante dos ensaios a 5,5 m de profundidade
125
Tensão Confinante (kPa)
100
50
25
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3
EYs/EM
Resta então analisar os resultados apresentados para EYs/EM determinados nos mesmos níveis
de tensão e deformação para ambos os ensaios. Percebeu-se na Figura 3.38 que a relação EYs/EM
não convergiu para um único valor e apresentou um comportamento não linear variando entre
0,26 e 2,50. Neste caso é necessário analisar os níveis de deformação ou a distância da ruptura
que os módulos EYs foram determinados, já que para os módulos Ménard (EM) o patamar
pseudo-elástico é longo para o mesmo valor de módulo.
A Figura 3.39 apresenta a relação EYs/EM em função do percentual da tensão de ruptura dos
ensaios triaxiais das amostras a 5,5 m de profundidade. Nota-se que os percentuais das tensões
de ruptura variaram entre 50% a 74% na determinação de EYs, demonstrando que a
compatibilidade entre os ensaios pressiométricos e triaxiais se situa em faixas de tensões
elevadas cujas deformações são variadas e podem ser vistas na Tabela 3.34 (para o módulo
secante).
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 126
Figura 3.39 – Relação EYs/EM pelo percentual da tensão de ruptura dos ensaios a 5,5 m de profundidade
Ainda quanto a Figura 3.39, considerando as relações EYs/EM com EYs determinados mais
próximos de 50% da tensão de ruptura, mais especificamente entre 50% e 60%, verifica-se que
todos os resultados para a tensão confinante de 75 kPa ficam excluídos da análise e um dos
resultados para a tensão confinante de 100 kPa. O ponto com tensão confinante de 100 kPa
considerado apresentou deformação de 2,7%, os três pontos com tensão confinante de 50 kPa
apresentaram deformações entre 1,2% a 1,5% e os dois pontos com tensão confinante de 25 kPa
apresentaram deformações de 0,4% e 0,5%.
Assim, elegeu-se os resultados da tensão confinante de 50 kPa com deformação média 1,3% à
54% da tensão de ruptura média como os mais representativos para uma relação média EYs/EM
com valor de 0,91. E com menor representatividade pode-se chegar a relação média EYs/EM de
0,26 (à 57% da tensão de ruptura média) para confianante de 100 kPa e na relação média EYs/EM
de 2,2 (à 57% da tensão de ruptura média) para a confinante de 25 kPa.
A Figura 3.40 resume as análises da relação EYs/EM para a profundidade estudada de 5,5 m e
tensão entre 50% e 60% da tensão de ruptura, indicando que essa relação, mesmo estando no
mesmo nível de tensão varia com o nível de deformação e está próxima da curva apresentada
na Figura 3.40.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 127
Figura 3.40 – Relação entre EYs/EM e a deformação percentual dos ensaios triaxiais com tensão entre 50% e 60%
da tensão de ruptura
2,5
Deformação (%)
0,5
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3
EYs/EM
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 128
CAPÍTULO 4
ARTIGO: UTILIZAÇÃO DE ENSAIOS PRESSIOMÉTRICOS
MÉNARD PARA AVALIAÇÃO DE UM PERFIL DE SOLO
TROPICAL
Nota: Artigo submetido à Revista Tecnia. Aprovado para publicação em 2020 (in press).
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 129
1. Introdução
As propriedades dos solos tropicais podem ser determinadas por meio de ensaios de laboratório
e de ensaios de campo, sendo muitas vezes necessário o emprego de ambos. Apesar de os
ensaios de laboratório ainda serem considerados a maneira mais satisfatória de estudar os solos,
vale ressaltar que eles requerem a retirada de amostras, o que nem sempre é possível devido às
dificuldades operacionais e à desvantagem de demandarem mais tempo para a sua execução, de
forma que, em muitos casos, os ensaios in situ se mostram mais vantajosos.
Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi verificar se o efeito da pluviometria, representada
indiretamente por meio do teor de umidade e da sucção total no solo, pode ser avaliado pelo
pressiômetro Ménard através de seus parâmetros de resistência e deformabilidade, pL e EM.
2. Revisão Bibliográfica
O pressiômetro foi inventando por Louis Ménard em 1955 e consistia de um elemento de forma
cilíndrica projetado para aplicar uma pressão uniforme nas paredes de um furo de sondagem
através de uma membrana flexível composta por três células independentes. Duas delas são as
células de guarda, que moldavam a célula central para promover a expansão de uma cavidade
cilíndrica na massa de solo (GAMBIN, 1995).
Ménard (1967) mostrou, ao realizar ensaios e correlações empíricas, que seu equipamento era
capaz de balizar projetos da maioria dos tipos de fundação. Em seguida, utilizando a teoria da
expansão de cavidade, diversos autores substituíram gradualmente as bases empíricas do ensaio
por bases teóricas (e.g. Vésic, 1972; Baguelin; Jézéquel; Shields, 1978; Cunha, 1994 e 1996).
Apesar de ser internacionalmente reconhecido como o ensaio de campo mais adequado para a
determinação dos parâmetros de tensão-deformação de solos e de apresentar uma base teórica
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 130
bem definida pela teoria de expansão de cavidade, o PMT não é muito utilizado na rotina de
projetos da engenharia geotécnica brasileira, tendo sua utilização restrita a pesquisas do âmbito
acadêmico e a obras especiais de grande porte. Acredita-se que os principais motivos para essa
restrição estão no preço da aparelhagem e na necessidade de envolver técnicos especializado
para realização do ensaio, o que o torna dispendioso, além da falta de tradição do seu uso em
solos tropicais brasileiros.
Nas universidades brasileiras, tem-se estudado a aplicabilidade desse ensaio em solos tropicais
e buscado difundir o ensaio pressiométrico para o meio técnico como uma alternativa
complementar para as campanhas de investigação geotécnica. Dentre as pesquisas realizadas
no Brasil, destacam-se o trabalho de Brandt (1978), um dos primeiros realizados no Brasil, os
realizados pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) (e.g. Schnaid e Rocha
Filho, 1994; Schnaid; Consoli; Mántaras, 1996; Kratz de Oliveira; Schnaid; Gehling, 1999;
Schnaid e Mántaras, 2003; Mántaras 1995 e 2000) e os trabalhos realizados pela Universidade
de Brasília (UnB) (e.g. Ortigão; Cunha; Alves, 1996; Cunha; Costa; Pastore, 2000; Vecchi et
al., 2000; Mota, 2003; Angelim, 2011 e Angelim; Sales; Cunha, 2016).
3. O Equipamento Utilizado
O equipamento utilizado foi o pressiômetro tipo Ménard, fabricado pela empresa francesa
APAGEO (Figura 1). Este aparelho possui uma tubulação de 25 m de comprimento que liga a
sonda à unidade central de controle de pressão e volume (CPV); fonte de pressão em cilindro
de gás nitrogênio comprimido de 1 m³ e sonda tipo G (de células encaixadas), codificação BX,
diâmetro de 60 mm e montada com membrana de borracha de 3 mm de espessura especificada
para baixas pressões (ANGELIM, 2011).
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 131
Para a expansão da sonda pressiométrica, são aplicados incrementos de pressão de uma mesma
magnitude e, para a adoção desse incremento, verifica-se o tipo de solo estudado. Os
incrementos de pressão correspondem a um décimo da pressão limite estimada. Conforme são
realizados os incrementos, registram-se as leituras do nível do volumímetro aos 15, 30 e 60
segundos. O ensaio é finalizado quando a deformação máxima da sonda é alcançada (volume
da CPV é esgotado). O resultado é uma curva que relaciona o volume injetado ao final dos 60
segundos com a pressão aplicada (SCHNAID e ODERBRECHT, 2012).
A sonda pressiométrica utilizada é formada por um núcleo cilíndrico de aço e por três células
independentes formadas por duas membranas de borracha sobrepostas. O tubo metálico oco
permite, por meio de pequenos orifícios, a passagem de água pressurizada para a célula central
e de gás nitrogênio para as células de guarda. A sonda também possui pequenos orifícios em
sua extremidade inferior com a função de permitir a drenagem de água caso necessária. Os
procedimentos para a utilização do pressiômetro Ménard, incluindo a calibração e a obtenção
de dados, estão presentes nas normas internacionais D 4719 (ASTM, 2000), NF P 94 110 1
(AFNOR, 2000) e EN 22476 4 (ISO, 2009).
Neste mesmo local, foram realizadas sondagens de simples reconhecimento tipo SPT (Standard
Penetration Test) e tipo PANDA 2 (penetrômetro dinâmico de cone leve com energia variável),
apresentadas por Machado et al. (2018) e Rodrigues et al. (2018), respectivamente, além de
provas de carga estáticas em estacas metálicas tubulares feitas por Nascimento (2019). A Figura
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 132
3 ilustra a locação dos furos para os ensaios de campo realizados no local e a posição dos dois
furos de sondagem PMT, sendo a sondagem PMT 1 (em azul) realizada em período chuvoso,
de 29 a 30/04/2019, e a PMT 2 (em vermelho) realizada em período seco, de 19 a 21/08/2019,
conforme verifica-se no Gráfico 1, que apresenta os dados de pluviometria em Goiânia para
ano de 2019, e uma média dos dados do período entre 1961 e 1990.
300
250
Preciptação (mm)
200
Chuva Acumulada
150
Mensal 2019
100
Chuva (Normal
50 Climatológica 61 - 90)
0
As estacas de reação executadas por Nascimento (2019) delimitam um formato hexagonal, com
lado de 3,0 m, no Campo Experimental. Os furos de sondagem PMT estão distanciados em
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 133
1,5 m de duas dessas estacas, em alinhamento radial ao centro do hexágono, e com 4,5 m entre
si. As sondagens pressiométricas foram feitas a cada camada de 1 m do perfil até 6 m de
profundidade, o que possibilitou a determinação do EM e da pL representativos de cada metro
do perfil, além da determinação da sucção total do solo (ψ), por meio do equipamento WP4C
(Dewpoint PotentiaMeter), seguindo as recomendações da norma americana D-6836 (ASTM,
2004), e do teor de umidade natural das amostras deformadas, retiradas durante a realização dos
pré furos, seguindo os procedimentos da NBR 6457 (ABNT, 2016).
LA'-LG'
2 2 2 2
Profundidade (m)
LG'
3 3 3 3
LA'-LG'
4 4 4 4
LA'-LG'
5 5 5 5
LG'
6 6 6 6
Nota: LA'-LG' = arenoso ou argiloso laterítico; LG' = argiloso laterítico; NSPT = Índice de resistência à
penetração da sondagem de simples reconhecimento SPT.
Figura 4 – Resultados da caracterização do solo do perfil do Campo Experimental da EECA/UFG
Fonte: Elaborado pelo autor.
Salienta-se que a sucção total fornecida pelo WP4C é mais precisa a partir de 500 kPa e que,
para valores acima de 1000 kPa, esta pode ser relacionada diretamente com a sucção matricial
em solos tropicais, pois as curvas características de ambas as sucções desses tipos de solos são
muito semelhantes a partir desse valor (KÜHN, 2014).
NF P 94-110-1 (AFNOR, 2000), e com um diâmetro menor do que 1,20 vezes o diâmetro da
sonda, como prescrito na norma D 4719 (ASTM, 2000). Durante a execução do pré furo de
sondagem PMT 1, realizado em clima chuvoso, foi utilizado o trado helicoidal e para a
realização do pré furo de sondagem PMT 2, no período seco, foi utilizado o trado tipo copo,
pois o solo não apresentava coesão o suficiente para ser retirado do furo com a utilização do
trado helicoidal.
Figura 5 – Trados do tipo copo e helicoidal utilizado para realização dos pré-furos
Fonte: MACHADO (2020).
Os dados obtidos em campo durante os ensaios foram corrigidos, ou seja, foram descontadas a
inércia da membrana, a dilatação das tubulações e a pressão hidrostática na profundidade do
ensaio relativa à CPV, conforme orientado pelas normas pertinentes. A partir das curvas
pressiométricas corrigidas, expressas em pressão (kPa) versus volume (cm3) (notação
europeia), foi possível determinar os parâmetros principais EM e pL.
4. Resultados e Discussões
A Figura 6 demonstra a evolução, apresentada por meio da notação europeia, das curvas
pressiométricas corrigidas das duas sondagens com o aumento da profundidade. É valido
salientar que, na extremidade das curvas, está apresentada a pressão limite, o ensaio é
interrompido antes da obtenção dessa pressão e esse valor é obtido por meio de extrapolação.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 135
900
a) PMT 1 (chuvoso)
800
700
600
Volume (cm³)
500 0,5m
400 1,5m
300 2,5m
3,5m
200 4,5m
100 5,5m
0
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80
Pressão (MPa)
600
500
0,5m
400 1,5m
300 2,5m
200 3,5m
4,5m
100 5,5m
0
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80
Pressão (MPa)
Figura 6 – Evolução das curvas pressiométricas com a profundidade: a) PMT 1 (chuvoso) b) PMT 2 (seco)
Fonte: Elaborado pelo autor.
As curvas pressiométricas referentes às profundidades de 4,5 e 5,5 metros, com maior influência
da tensão confinante, apresentaram maior resistência (pL). Para a sondagem PMT 2 (seco), a
curva referente à profundidade de 0,5 m superou todas as outras no que tange à resistência.
Nota-se que as curvas pressiométricas do PMT 2 (seco) se estendem por uma faixa maior de
pressões do que as do PMT 1 (chuvoso), indicando maiores valores de p1, p2, pf e pL e
demonstrando a influência da pluviometria no comportamento do solo. Para ambas as
sondagens, a curva pressiométrica correspondente à profundidade de 0,5 m se mostrou uma das
mais prolongadas, o que indica parâmetros de resistência maiores nessa camada superficial.
Essa situação ocorre, provavelmente, devido a camada mais superficial do solo ser mais
susceptível aos efeitos do intemperismo, apresentando cimentações e agregações conforme
descrito por Nogami e Villibor (1995). Para o período seco tem-se, ainda, o efeito de altas
sucções superficiais, que ocorrem para os baixos teores de umidade, como verifica se nos
Gráficos 2 e 3.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 136
w (%) (kPa)
11 13 15 17 19 21 23 1 10 100 1000 10000
0 0
12,7 20,5
1 1
13,6 20,4
2 2
Profundidade (m)
Profundidade (m)
17,0 20,9
3 3
16,5 18,5
4 4
PMT 1 PMT 1 (chuvoso)
13,2 18,0 (chuvoso)
PMT 2 (seco)
PMT 2
5 (seco) 5
17,8 18,1
6 6
Conforme se verifica no Gráfico 2, os teores de umidade obtidos para o PMT 2 (seco) são
inferiores aos encontrados para o PMT 1 (chuvoso) em todo perfil, com exceção da
profundidade 5,5 m, em que podem ser considerados numericamente iguais. Percebeu-se uma
tendência de redução da diferença entre os valores de teor de umidade dos períodos seco e
chuvoso com o aumento da profundidade, com exceção à profundidade de 4,5 m, o que pode
ser justificado por ter sido encontrada maior presença de pedregulho nessa camada para o
PMT 2 (seco), deixando o material mais drenante e com dificuldade para reter a umidade na
estiagem. Para a profundidade de 5,5 m, os teores de umidade encontrados praticamente se
igualaram, indicando que, talvez, essa profundidade seja um ponto de redução da influência da
pluviometria no comportamento mecânico do solo estudado.
No que tange à sucção, Gráfico 3, os valores determinados foram maiores para o PMT 2 (seco)
em relação ao PMT 1 (chuvoso) em todo o perfil, destacando-se a profundidade de 0,5 m e com
exceção da profundidade de 5,5 m, que apresentou valores de sucção pequenos e praticamente
iguais, indicando uma redução da influência da sucção no comportamento do solo nessa
profundidade e foi verificada, novamente, uma tendência de aproximação entre os valores
encontrados com o aumento da profundidade, com exceção novamente da profundidade de
4,5 m.
A Figura 7 apresenta uma comparação entre as curvas pressiométricas das diferentes estações
juntas para os casos de 3,5 e 5,5 m separadamente, o que possibilita visualizar a aproximação
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 137
Na profundidade de 3,5 metros, a declividade e a extensão dos trechos pseudo elásticos das
curvas pressiométricas são muito diferentes, e os pontos finais das curvas se encontram muito
afastados, sempre com maior ganho de resistência para a sondagem PMT 2 (seco). Na
profundidade de 5,5 metros, percebeu se a semelhança entre as declividades do trecho pseudo
elásticos (módulo EM) das curvas pressiométricas. Embora a diferença entre os pontos finais
das curvas seja menor em relação à de 3,5 metros, o ganho de resistência ainda é considerável,
em torno de 60%.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 138
o PMT 1 e para o PMT 2. Os valores p1, com média geral de 32,6 kPa, são próximos para as
duas sondagens realizadas. Os valores de p2 são muito maiores, entre aproximadamente 2 a 4
vezes, para o PMT 2 (seco) em relação ao PMT 1 (chuvoso).
p1 e p2 (kPa)
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480
0
2
Profundidade (m)
p1 PMT1 (chuvoso)
p2 PMT1 (chuvoso)
p1 PMT2 (seco)
3 p2 PMT2 (seco)
Essa situação faz com que a extensão do trecho pseudo elástico dos ensaios pressiométricos
realizados em período úmido correspondam, praticamente, de 1/2 a 1/7 da extensão dos trechos
pseudo elásticos do período seco. Esse comportamento mostra que o solo mais úmido se
deformou muito mais sob tensões muito menores impostas pelo equipamento, com discreto
trecho elástico antes de plastificar se, principalmente para os ensaios realizados até 3,5 m de
profundidade. Acredita se que a água em maior quantidade presente nos vazios do solo, apesar
de a pressão ser aplicada lentamente durante o ensaio, fluiu radialmente, escapando da zona
plastificada junto à membrana para a zona elástica, que, ao receber a água, aumenta sua
saturação e se plastifica mais rapidamente do que ocorreria na massa de solo em período seco.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 139
pf (kPa) h (kPa)
0 100 200 300 400 500 600 700 800 0 10 20 30 40 50
0 0
PMT 1
(chuvoso)
PMT 2
1 1 (seco)
Ko = 0,5
PMT 1 Ko = 0,4
2 2
Profundidade (m)
Profundidade (m)
(chuvoso)
PMT 2 Ko = 0,6
(seco)
3 3
4 4
5 5
6 6
Como a pf simboliza a transição entre o regime pseudo elástico e o regime plástico, é importante,
em casos de projetos geotécnicos, perceber que, para todas as profundidades estudadas, os
valores de pf do PMT 2 (seco) foram entre aproximadamente 2 e 4 vezes maiores que para o
PMT 1 (chuvoso) no Gráfico 5.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 140
(provavelmente até a profundidade de 2,5 m) seguida de uma reta com K0 constante, conforme
apresentado por Lambe e Whitman (1969).
pL (kPa) EM (MPa)
0 100 200 300 400 500 600 700 800 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
0 0
1 1
4 4
5 5
6 6
No Gráfico 7, na profundidade de 0,5 m, assim como encontrado para pf, o valor de pL obtido
para o PMT 2 (seco) é mais do que 3 vezes maior que o obtido para o PMT 1 (chuvoso). De 1,5
até 4,5 m de profundidade, os valores de pL do PMT 2 (seco) estão aproximadamente entre 2 e
3 vezes maiores que os de PMT 1 (chuvoso). Uma tendência de aproximação entre os valores
de pL só é verificada nos ensaios realizados na profundidade de 5,5 m, que possuíam
praticamente a mesma umidade independentemente da estação.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 141
Vale ressaltar que, para a profundidade de 4,5 m, o furo PMT 2 (seco) apresentou um solo com
maior presença de pedregulho (fragmentos de quartzo), o que pode ter influenciado os
resultados apresentados para essa profundidade, como, por exemplo, a redução do teor de
umidade (w), o aumento da sucção total (ψ) e os aumentos de pL e EM nessa profundidade.
5. Conclusões
Neste trabalho, a pluviometria, observada de forma indireta pelo teor de umidade natural in situ,
presente no solo no momento do ensaio pressiométrico, e pela sucção total influenciou o
comportamento mecânico do solo tanto em termos de tensão quanto de deformação. Dentre as
principais observações verificou-se:
uma tendência de redução da diferença entre os valores de teor de umidade e de sucção dos
períodos seco e chuvoso com o aumento da profundidade. Para a profundidade de 5,5 m, os
teores de umidade e as sucções encontradas para os diferentes períodos convergiram para
valores semelhantes, indicando que essa profundidade é um ponto de término da influência da
pluviometria (faixa ativa de sucção) no comportamento mecânico do perfil de solo estudado;
que os valores de módulo Ménard (EM) e pressão limite (pL) determinados para o período seco
superaram os obtidos para o período chuvoso na ordem de 3 a 4 vezes para EM e de 2 a 3 vezes
para pL, notando-se ainda um decréscimo da variação com a profundidade para os 2 parâmetros
até 5,5 m do perfil estudado;
que o equipamento WP4C foi eficiente e rápido para determinação da sucção total in situ do
perfil a partir das amostras deformadas de solo retiradas dos pré furos;
Referências
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). NBR 6457: Amostras de solo - Preparação
para ensaios de compactação e ensaios de caracterização. Rio de Janeiro, 2016.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 142
ASTM (American Society for Testing and Materials). D4719: Standard test method for pre-
bored pressuremeter testing in soils. Philadelphia, 2000.
ASTM (American Society for Testing and Materials). D6836: Standard Test Methods for
Determination of the Soil Water Characteristic Curve for Desorption Using Hanging Column,
Pressure Extractor, Chilled Mirror Hygrometer, or Centrifuge. Philadelphia, 2004.
CUNHA, R.P. A New Cavity Expansion Model to Simulate Sefboring Pressuremeter Tests in
Sand. Solos e Rochas, São Paulo, v. 19 n.1 p. 15-27, 1996.
CUNHA, R.P., COSTA, A.F. & PASTORE, E.L. Ensaio Pressiométrico em Ardósia Alterada
para o Estudo do Prolongamento do Metrô em Brasília-DF. Solos e Rochas, ABMS/ABGE, v.
23 n. 1 p. 57-67, 2000.
GAMBIN, M. Reasons for the Success of Ménard Pressuremeter, In: 4TH INT. SYM. ON
PRESSUREMETERS, Sherbrooke, Canada, 1995.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 143
MÉNARD, L. Rules for the use of pressuremeter techniques and processing the results obtained
for the calculation of foundations. 1967. Centre d'etudes geotechniques Louis Menard, 1967.
NOGAMI, J. S.; VILLBOR, D. F. Pavimentação de Baixo Cuso com Solos Lateríticos. São
Paulo: Ed. Villibor, 1995.
ORTIGÃO, J.A.R; CUNHA, R.P; ALVES, L.S. In Situ Test in Brasília Porous Clay. Canadian
Geotechnical Journal, v. 33 n.1 p. 189-198, 1996.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 144
VECCHI, P.P.L.; CUNHA R.P.; PEREIRA, J.H.F.; SCHNAID, F.; & KRATZ DE OLIVEIRA,
L.A. Aplicação do ensaio pressiométrico tipo ménard na previsão de parâmetros geotécnicos
da argila porosa de Brasília.In: SEFE IV e BIC – SEMINÁRIO BRASILEIRO DE
INVESTIGAÇÃO DE CAMPO, ABMS, São Paulo, SP, 3: 312-325, 2000.
VÉSIC, A. S. Expansion of cavities in infinite soil mass. Journal of Soil Mechanics and
Foundations Division, ASCE, v. 98, n. SM3, p. 265-290, 1972.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 145
CAPÍTULO 5
ARTIGO: EFEITO DA SUCÇÃO EM ENSAIOS
PRESSIOMÉTRICOS REALIZADOS EM SOLO TROPICAL
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 146
1 Introdução
Dessa maneira, a determinação das propriedades do solo por ensaios in situ se torna atraente,
pois esses ensaios permitem o trabalho com massas de solo mais consideráveis e a redução das
perturbações ao solo, além de serem sensíveis a fatores intrínsecos, como tensões confinantes,
umidade natural, saturação, densidade, sucção e fluxo de água e ar. Nessa sentido, destaca-se o
pressiômetro Ménard, de pré-furo, que é internacionalmente reconhecido como um dos
melhores ensaios para determinação dos parâmetros de tensão-deformação de solos por
apresentar uma base de interpretação teórica bem definida por expansão de cavidade cilíndrica
e por permitir, com relativa facilidade, a obtenção dos parâmetros Pressão Limite (pL) e Módulo
de Deformabilidade Ménard (EM), ambos aplicáveis no cálculo da capacidade de carga e do
recalque de fundações (ANGELIM; CUNHA; SALES, 2016).
Apesar das vantagens citadas acima, o PMT ainda não é muito utilizado na rotina de projetos
da engenharia geotécnica brasileira, tendo sua utilização concentrada em pesquisas do âmbito
acadêmico e em obras especiais de grande porte. Essa situação talvez ocorra pelo fato de haver
poucas unidades desse equipamento em todo país e pela falta de tradição na interpretação dos
resultados obtidos em solos tropicais.
2 Materiais e Métodos
2.1 Localização
O clima de Goiânia se caracteriza por apresentar tanto a estação chuvosa quanto a estação seca
bem definida, o que permitiu a fácil separação entre os ensaios representativos do período seco
e do período chuvoso. Geralmente, o período chuvoso se estende da metade final de outubro
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 147
até a metade inicial de abril, e o período seco se estende da metade final de abril até a metade
inicial de outubro. O índice pluviométrico médio anual é em torno de 1500 mm, e
aproximadamente 95% do total de precipitações ocorre no período chuvoso. Durante todo o
ano, a sensação térmica é elevada, e a temperatura, geralmente, varia entre 15 °C e 33 °C e
raramente é inferior a 12 °C ou superior a 36 °C (ALMEIDA et al., 2006).
300
250
Precipitação (mm)
200
Chuva Acumulada
150 Mensal 2019
A Figura 2 ilustra a locação dos ensaios de campo já realizados no local, bem como a locação
das 7 sondagens PMT e do poço de inspeção e amostragem realizados para esta pesquisa. Os
furos de sondagem PMT do período chuvoso (em azul) foram executados entre 29 de abril e 15
de maio de 2019, período com grande incidência de chuva. Os furos de sondagem do período
seco (em vermelho) foram realizados entre os dias 19 de agosto e 21 de setembro de 2019,
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 148
período no qual as chuvas ainda não haviam se iniciado. O poço de inspeção e amostragem foi
executado nos dias 05 e 06 de junho de 2019, período em que as chuvas já haviam se encerrado.
Figura 2 – Locação das sondagens PMT, SPT e PANDA 2 e do poço de inspeção e amostragem
A Figura 3 apresenta um resumo dos resultados de caracterização do solo Campo Experimental da EECA/UFG.
LA'-LG'
2 2 2 2 2
Profundidade (m)
LG'
3 3 3 3 3
LA'-LG'
4 4 4 4 4
LA'-LG'
5 5 5 5 5
LG'
6 6 6 6 6
Nota: LA'-LG' = arenoso ou argiloso laterítico; LG' = argiloso laterítico
Foi feita a análise granulométrica com e sem uso de defloculante (hexametafosfato de sódio).
Sem uso de defloculante, o solo do perfil foi classificado (SUCS), até 6,0 m, como uma areia
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 149
siltosa, mas, com uso de defloculante, o solo foi classificado como areia argilosa, demonstrando
a presença de agregações no solo. O resultado da classificação MCT expedita (DERSA, 2006)
qualificou o solo como arenoso ou argiloso laterítico até a profundidade de 6,0 metros.
O peso específico natural do solo (nat) variou entre 14,5 e 16,5 kN/m³ (média de 15,5 kN/m³),
e o peso específico seco (d) variou entre 12,3 e 13,9 kN/m³ (média de 13 kN/m³). O índice de
vazios (e) apresentou valores elevados típicos de solos lateríticos, variando entre 0,98 e 1,23
(média de 1,12), e a densidade dos grãos (Gs) variou entre 2,72 e 2,79 (média de 2,75) para a
fração do solo passante na peneira de 2 mm.
Salienta-se que o WP4C fornece a sucção total, e não a sucção matricial, que os valores de sáida
do equipamento são mais confiáveis a partir de 500 kPa e que, para valores acima de 1000 kPa,
esta pode ser relacionada diretamente com a sucção matricial em solos tropicais, pois as curvas
características de ambas as sucções desses tipos de solos são muito semelhantes a partir desse
valor (KÜHN, 2014). Portanto considerou-se os valores obtidos pelo WP4C como
representativos de sucção matricial.
Para modelagem das CCSAs, utilizou-se a Equação proposta por Gitirana Jr. e Fredlund (2004),
pois ela apresenta um ajuste específico para curvas bimodais típicas de solos tropicais.
Giacheti (2001) afirma que a técnica com pré-furo (Ménard), utilizada nesta pesquisa, é uma
opção viável para realização do ensaio em solos não saturados, apesar de suas limitações, uma
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 150
vez que o uso do fluido de lavagem ou do ar comprimido, utilizado nos outros tipos de ensaios
pressiométricos, produzem mudanças na poropressão de água ou na poropressão de ar, o que
afeta a sucção do solo in situ (ua - uw) ao redor da sonda pressiométrica.
Para a realização dos 42 ensaios pressiométricos que constituem este trabalho, foram seguidas
as orientações de normas internacionais, como a norte-americana D-4719 (ASTM, 2000), a
francesa NF P 94-110-1 (AFNOR, 2000), e a europeia EN 22476-4 (ISSO, 2009). Os resultados
foram expressos na forma proposta pela norma francesa (pressão versus volume), de maneira
que foi possível determinar o EM e a pL dos ensaios pressiométricos realizados, e também foram
expressos na forma proposta pela norma norte-americana e pela metodologia de Briaud (1992)
(deformação radial versus pressão), de maneira que foi possível obter a h0 e utilizar a
ferramenta analítica computacional apresentada por Fontaine; Cunha; Carvalho (2005).
A ferramenta analítica computacional apresentada por Fontaine; Cunha; Carvalho (2005) avalia
a coesão efetiva (c’) e a coesão total (ctotal) do solo. A coesão efetiva é dada pela cimentação
em conjunto com as forças de atração dos argilos minerais do solo e a coesão total é dada pela
soma dessa parcela com a parcela referente à sucção matricial, conforme demonstrado por
Mota (2003). Além disso, essa ferramenta permite também a obtenção do ϕ’ do solo.
Foram providenciados 2 trados manuais, apresentados na Figura 5, para realização dos furos de
sondagem, sendo um trado do tipo copo e outro do tipo helicoidal. O trado tipo copo apresenta
63 mm de diâmetro, enquanto o helicoidal apresenta 58 mm de diâmetro, e, por meio de ensaios
teste, verificou-se que ambos resultaram em furos de mesmo diâmetro, com espaço anular
teórico, dado pelo espaçamento entre a sonda pressiométrica e a borda do furo, menor do que
9 mm, conforme prescrito na norma NF P 94-110-1 (AFNOR, 2000) e com um diâmetro menor
do que 1,2 vezes o diâmetro da sonda, como prescrito na norma D-4719 (ASTM, 2000).
Durante a execução dos furos de sondagem do período chuvoso, foi utilizado o trado helicoidal,
enquanto, durante a realização dos furos de sondagem do período seco, foi utilizado o trado
copo, pois o solo não apresentava coesão o suficiente para para ser retirado do furo com a
utilização do trado helicoidal.
Figura 5 – Trados utilizados para realização dos furos. Trado copo acima e trado helicoidal abaixo
3 Resultados e Análises
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 151
campo experimental foi classificado por Nascimento (2019) como não laterítico, por meio da
metodologia MCT expedita.
Figura 6 – CCSAs do perfil de solo do campo experimental da EECA/UFG
45
40
35
30
25
w (%)
20 0,5m
1,5m
15 2,5m
3,5m
10 4,5m
5 5,5m
0
0,01 0,1 1 10 100 1000 10000 100000 1000000
Sucção (kPa)
A Figura 7 apresenta os teores de umidade obtidos de amostras retiradas dos pré-furos de cada
um dos ensaios PMT realizados e a sucção obtida ao se aplicar o teor de umidade na CCSA
correspondente.
Os teores de umidade obtidos das amostras retiradas do poço de inspeção no início do período
seco apresentaram valores muito parecidos com os teores obtidos nas amostras dos pré-furos
no período chuvoso e, por isso, foram apresentados juntos no mesmo gráfico da Figura 7, o que
indica que o solo do perfil consegue reter a umidade na sua estrutura por algum tempo após o
fim da estação chuvosa.
Por outro lado, as umidades e as sucções encontradas para o período seco (Figura 7 à direita)
apresentaram maior variação tanto das umidades quanto das sucções em relação ao período
chuvoso. As umidades diminuíram, e as sucções aumentaram para uma faixa entre 1000 kPa a
3000 kPa aproximadamente.
Notou-se que as oscilações do teor de umidade, no período seco, foram claramente decrescentes
entre os furos de sondagem em todas as camadas do perfil, conforme sequência nessa ordem:
PMT 4 (19/08 a 21/08/2019), PMT 5 (23/08 a 29/08/2019), PMT 6 (29/08 a 02/09/2019) e
PMT 7 (17/10 a 21/10/2019). O PMT 7, último a ser realizado, apresentou os menores teores
de umidade. Essa situação demonstrou a sensibilidade desse parâmetro ao tempo, frente à
intensidade dos fatores climáticos (temperatura, umidade relativa, ventos, evapotranspiração,
etc.) no período seco.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 152
Cabe salientar que a profundidade 4,5 m teve comportamento atípico, pois apresentou maior
dificuldade em reter a umidade, em razão da presença de pedregulhos (fragmentos de quartzo).
Figura 7 – Teores de umidade e sucções dos ensaios realizados
w (%) w (%)
8 10 12 14 16 18 20 22 24 8 10 12 14 16 18 20 22 24
0 0
PMT 4
1 1 PMT 5
PMT 6
PMT 1 PMT 7
2 2
PMT 2
Profundidade (m)
Profundidade (m)
PMT 3
3 POÇO 3
4 4
5 5
1 1
2
Profundidade (m)
Profundidade (m)
2
PMT 1 PMT 4
PMT 2 PMT 5
PMT 3 PMT 6
3 3
PMT 7
4 4
5 5
6 6
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 153
Volume - (cm³)
600 600
Volume (cm³)
500 500
400 400
0,5m 0,5m
300 1,5m 300 1,5m
2,5m 2,5m
200 3,5m 200 3,5m
4,5m 4,5m
100 5,5m 100 5,5m
0 0
0,00 0,20 0,40 0,60 0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20
Pressão (MPa) Pressão (MPa)
600 600
Volume (cm³)
500 500
400 400
0,5 m 0,5 m
300 300 1,5 m
1,5 m
200 2,5 m 200 2,5 m
3,5 m 3,5 m
100 4,5 m 100 4,5 m
5,5 m 5,5 m
0 0
0,00 0,20 0,40 0,60 0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20
Pressão (MPa) Pressão (MPa)
900
PMT 3 900 PMT 7
800 800
700 700
600
Volume - (cm³)
Volume - (cm³)
600
500 500
400 400
300 0,5 m 300 0,5 m
1,5 m 1,5 m
200 2,5 m 200 2,5 m
3,5 m 3,5 m
100 4,5 m 100 4,5 m
5,5 m 5,5 m
0 0
0,00 0,20 0,40 0,60 0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20
Pressão (MPa) Pressão (MPa)
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 154
Figura 9 – Evolução das curvas pressiométricas do PMT 6 com a profundidade expressa segundo norma
francesa (à esquerda) e expressa segundo a norma norte-americana e por Briaud (1992) (à direita)
Pressão (kPa)
600 600
0,5 m
500 1,5 m 500
400 2,5 m 400
300 3,5 m 300
200 4,5 m 200
5,5 m
100 100
0 0
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 0 10 20 30 40
Pressão (MPa) r/r0 (%)
Tanto nos valores obtidos para o período chuvoso quanto nos valores obtidos para o período
seco, verificaram-se discrepâncias na profundidade de 4,5 m, o que ocorre porque, em alguns
furos de sondagem (PMT2, PMT 6 e PMT7), foi encontrada uma maior quantidade de
pedregulhos (fragmentos de quartzo) nessa profundidade.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 155
Figura 10 – Variação dos parâmetros de ensaios de campo com a profundidade e com o teor de umidade
Nspt qd (MPa)
0 5 10 15 0 3 6 9 12
0 0
1 1
Profundidade (m)
Profundidade (m)
2 2
3 3
4 4
SPT w Panda2 w
5 SPT d 5 Panda2 d
Umidade w Umidade w
Umidade d Umidade d
6 6
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%
Umidade Umidade
EM (MPa) pL (kPa)
0 5 10 15 20 25 0 200 400 600 800 1000
0 0
1 1
Profundidade (m)
Profundidade (m)
2 2
pL w
3 3 pL d
Umidade w
Umidade d
4 EM w 4
EM d
Umidade w
Umidade d 5
5
6 6
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%
Umidade Umidade
Nota: Os resultados que apresentam “w” no final da legenda são referentes ao período chuvoso e os resultados que
apresentam “d” no final da legenda são referentes ao período seco.
Observa-se, na Figura 10, grande coerência entre os parâmetros obtidos por todos os ensaios de
campo. O comportamento das curvas correspondentes obedece a um mesmo padrão, de maneira
que é possível verificar a sensibilidade desses ensaios às ações climáticas, traduzida no teor de
umidade do solo, que, ao se elevar com estação chuvosa, reduziu os resultados das resistências
dos ensaios penetrométricos realizados no mesmo perfil de solo.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 156
A variação de EM de acordo com a sucção a que o solo está submetido vai ao encontro dos
resultados obtidos por Menegotto, Cintra e Aoki (2002), que avaliaram a mudança do módulo
de deformabilidade do solo devido à sucção tanto por meio de ensaios de laboratório
(compressão confinada e triaxiais) quanto por meio de ensaios in situ (provas de carga em placa)
no Campo Experimental de Fundações da USP/São Carlos. Os autores perceberam que os
valores de módulo de Young , EY, entre 2 e 2,5 vezes maiores para um acréscimo de sucção de
40 kPa em ensaios de placa e em ensaios triaxiais e que os valores de EY aumentaram
aproximadamente 5 vezes para um acréscimo de sucção de 300 kPa em ensaios de compressão
confinada.
Os valores de c’ e o ϕ’, obtidos pelo método analítico computacional proposto por Fontaine et
al. (2005) e encontrados por meio de ensaios triaxiais, demonstraram boa coerência, o que
reforça a utilidade do método.
A coesão efetiva apresentou diferença considerável entre c’w e c’d apenas para a profundidade
de 0,5 m. Nas profundidades em que houve divergência entre c’w e c’d, verificou-se que c’w
apresentou os maiores valores. Esse comportamento está de acordo com o relatado por Ortigão
e Alves (1994) e Ortigão; Cunha; Alves, (1996), que afirmam que a coesão efetiva só influencia
a curva pressiométrica teórica na análise de ensaios PMT de pequenas profundidades.
A ctotal , que considera a sucção matricial a que o solo está submetido, apresentou, conforme
esperado, valores de ctotal-d maiores em todas as profundidades. A maior diferença entre ctotal-w
e ctotal-d foi encontrada para a profundidade de 0,5 m e, de maneira semelhante ao encontrado
para os parâmetros w, (ua - uw), EM e pL, os valores obtidos para a profundidade de 5,5 m são
quase idênticos. O comportamento dos vários parâmetros de se igualar na profundidade de
5,5 m indica que, talvez, essa profundidade seja um limite para a influência da sucção no
comportamento do solo estudado.
Assim como encontrado por Escario (1980) e por Ho e Fredlund (1982) em ensaios triaxiais
não saturados, verificou-se que a variação de sucção não resultou em grande variação do ângulo
de atrito do solo estudado. As diferenças entre ϕ’w e ϕ’d, apresentadas na Figura 11, são de
apenas 1 ou 2 graus até a profundidade de 6 m. Quando houve divergência entre ϕ’w e ϕ’d,
notou-se que ϕ’d apresentou valores mais elevados que ϕ’w.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 157
1 1
Profundidade (m)
2
Profundidade (m)
ctotal-w
ctotal w PMT
ctotal d PMT
ctotal-d
3 3
4 4
5 c'wc’w PMT 5
c'dc’d PMT
c' c’ triaxial
triaxial
6 6
2 2
Profundidade (m)
3 3
4 φϕ’
ww PMT 4
φϕ’
d d PMT
5 5
6 6
Considerando o peso específico médio do solo, até 6 m de profundidade, como 15,5 kN/m³ e
K0 igual 0,5 (valor típico para esse tipo de solos), traçou-se a curva teórica da tensão horizontal
em repouso, h0, para essas condições no perfil. Utilizou-se K0 igual a 0,4 e 0,6 apenas para
ordem de grandeza. Os valores de h0-w e h0-d, obtidos das curvas pressiométricas expressas
segundo Briaud (1992), não apresentaram comportamento similar ao dessa previsão, apesar de
h0-d apresentar valores relativamente próximos ao se desconsiderar as extremidades das curvas.
Para todas as profundidades analisadas, os valores de h0-d foram superiores aos de h0-w e as
diferenças mais consideráveis foram encontradas para as de profundidades de 4,5 e 5,5 m.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 158
Vale ressaltar que não se esperava que o comportamento de σh0 apresentasse o mesmo
comportamento que as retas teóricas, pois sabe-se que, no caso analisado, o solo superficial, até
a profundidade de 2,5 metros, sofre intensos processos de ressecamento que ocasionam um
efeito de pré-adensamento na superfície, impedindo que a σh0 se aproxime de zero na superfície
e fazendo com que o comportamento ideal para representar esse tipo de solo seja uma reta
vertical (provavelmente até a profundidade de 2,5 metros) seguida de uma reta com K0
constante, conforme apresentado por Lambe e Whitman (1969).
As diferenças entre as h0 obtidas para os dois períodos climáticos estudados também podem
ser visualizadas nas curvas pressiométricas da Figura 8. Autores como Baguelin; Jézéquel;
Shields (1978) e Brandt (1978) atribuem h0 a pontos da curva pressiométrica (p0) que ocorrem
pouco antes do início do trecho pseudo-elástico (p1). Como as curvas pressiométricas do
período seco necessitam de maior pressão para início do trecho pseudo-elástico (Figura 8), os
resultados obtidos se justificam.
As Tabelas 1 e 2 apresentam relações entre os valores de EM, pL, pL* (pL* = pL - h0) e EM/pL e
o tipo de solo propostas por Ménard (1975) e Briaud (1992), baseadas em resultados de solos
sedimentares saturados e aplicadas internacionalmente.
Tabela 1 – Valores típicos de EM, pL e EM/pL para diversos tipos de solo, adaptado de Ménard, (1975)
EM pL
Tipo de Solo EM/pL
(MPa) (kPa)
Argila mole 0,5 – 3,0 50 - 300 10
Argila média 3,0 – 8,0 300 - 800 10
Argila rija 8,0 – 40,0 600 – 2.000 13 - 20
Argila muito rija 5,0 – 60,0 600 – 4.000 8 - 15
Argila siltosa fofa 0,5 – 2,0 100 - 500 5-4
Silte puro 2,0 – 10,0 200 – 1.500 6,7 - 10
Areia e pedregulho 8,0 – 40,0 1.200 – 5.000 6,7 - 8
Areias sedimentares 7,5 – 40,0 1.000 – 5.000 7,5 - 8
Tabela 2 – Valores típicos de EM e pL* para diversos tipos de solo (Briaud, 1992)
EM pL*
Tipo de Solo
(MPa) (kPa)
Argila mole 0 – 2,5 0 - 200
Argila média 2,5 – 5,0 200 - 400
Argila rija 5,0 – 12,0 400 - 800
Argila muito rija 12,0 – 25,0 800 – 1.600
Argila dura > 2,5 > 1.600
Areia fofa 0 – 3,5 0 - 500
Areia compacta 3,5 – 12,0 500 – 1.500
Areia densa 12,0 – 22,5 1.500 – 2.500
Areia muito densa > 22,5 > 2500
A Figura 12 apresenta um compilado dos valores de pL, pL*, EM e EM/pL obtidos para todos os
ensaios PMT realizados. Os valores de EM variaram entre aproximadamente 0,5 MPa e 8 MPa,
para os ensaios realizados em período chuvoso, e entre aproximadamente 3 MPa e 16 MPa,
para os ensaios realizados em período seco. Os valores de pL variaram entre 99 kPa e 440 kPa,
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 159
para os ensaios realizados em período chuvoso, e entre 166 kPa e 1057 kPa, para os ensaios
realizados em período seco.
Figura 12 – Parâmetros geotécnicos dos ensaios PMT: EM, pL, pL* e EM/pL
pL (kPa) EM (MPa)
100 300 500 700 900 1100 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
0 0
PMT 1
PMT 2
1 1
PMT 3
PMT 1
PMT 4
2 PMT 2 2 PMT 5
Profundidade (m)
Profundidade (m)
PMT 3
PMT 6
PMT 4
PMT 7
3 3
PMT 5
PMT 6
4 PMT 7
4
5 5
6 6
1 1
PMT 1
2 PMT 2 2
Profundidade (m)
PMT 3
Profundidade (m)
PMT 4
3 3
PMT 5
PMT 6
PMT 1
PMT 7
4 4 PMT 2
PMT 3
PMT 4
5 5
PMT 5
PMT 6
6 6 PMT 7
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 160
Comparando os resultados dos ensaios PMT realizados em período chuvoso (Figura 12) com a
Tabela 1, percebeu-se que os valores de EM, pL e EM/pL não se enquadram dentro das faixas
típicas apresentadas para areias. Para os ensaios do período seco, os valores de EM estão
parcialmente dentro da faixa apresentada por Ménard (1975) para esse tipo de solo, porém os
valores de pL são inferiores e os de EM/pL superiores aos apresentados.
Da mesma forma, para Tabela 2, verificou-se que os ensaios realizados em período chuvoso
têm valores próximos aos apresentados por Briaud (1992) para areias fofas até a profundidade
de 4,5 m e que a profundidade de 5,5 m apresenta valores de EM e pL* próximos à faixa de areia
compacta. Os ensaios do período seco apresentaram valores que se encontram entre as faixas
propostas para areias compactas e areias densas.
1 1 1
Profundidade (m)
2 2 2
3 3 3
4 4 4
5 5 5
6 6 6
7 7 7
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 161
O fato de o solo do Campo Experimental da USP – São Carlos apresentar parâmetros mais
elevados do que os demais pode ser explicado pela menor quantidade de argila que ele possui
em relação aos outros campos experimentais apresentados na Figura 13. A coerência entre os
resultados obtidos, sobretudo entre 0,5 e 1,5 m e 3,5 e 6,0 m, indica a possibilidade de se
desenvolver faixas de parâmetros pressiométricos típicos de solos tropicais, de maneira a
adequar o ensaio pressiométrico à realidade brasileira.
4 Conclusões
• Os valores médios de EM do período seco, EM-d, foram entre 2 e 7 vezes maiores do que
os valores médios referentes ao período chuvoso, EM-w, até a profundidade de 4,5 m.
Em 5,5 m de profundidade, os valores obtidos foram praticamente iguais, o que
demonstra a redução da influência da sucção no perfil.
• Os valores médios de pL do período seco, pL-d, foram entre 2 e 4 vezes maiores do que
os valores médios referentes ao período chuvoso, pL-w, até a profundidade de 4,5 m. Em
5,5 m de profundidade, os valores obtidos foram praticamente iguais, o que mostra a
redução da influência da sucção no perfil. Acredita-se, assim, que a zona ativa de sucção
desse perfil termina nessa profundidade.
• As faixas de valores típicos de EM, pL e EM/pL para areias, apresentadas por Ménard
(1975), não se mostraram coerentes com a classificação do solo tropical do Campo
Experimental da EECA/UFG. Por outro lado, as faixas de valores típicos de EM e pL*
para areias apresentadas por Briaud (1992) mostraram-se mais aproximadas da
classificação previamente realizada. Apesar de os resultados adequarem-se
relativamente às faixas apresentadas por Briaud (1992), verifica-se, ainda, a necessidade
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 162
AGRADECIMENTOS
À FURNAS Centrais Elétricas S.A., pelo apoio técnico na realização desta pesquisa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASTM. American Society for Testing and Materials D4719: Standard test method for pre-bored
pressuremeter testing in soils. Philadelphia, 14p, 2000.
ESCARIO, V. Suction–controlled penetration and shear tests, In: Proceedings of the Fourth
International Conference on Expansive Soils, American Society of Civil Engineers, Denver,
CO, Vol. 2, p. 781–797, 1980.
HO, D. Y. F.; FREDLUND, D. G. Increase in shear strength due to soil suction for two Hong
Kong soils, In: Proceedings of Specialty Conference on Engineering and Construction in
Tropical and Residual Soils, ASCE, Honolulu, HI, p. 263–295, 1982.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 164
NOGAMI, J.S.; VILLBOR, D.F. Pavimentação de Baixo Cuso com Solos Lateríticos. 213p.,
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R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 165
CAPÍTULO 6
CONCLUSÕES
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 166
Utilizando a tensão horizontal obtida por meio da metodologia de Briaud (1992) e o peso
específico médio natural do solo, calculou-se os valores de K0 para o período chuvoso e
para o período seco. Foi verificada uma tendência de redução do valor de K0 com o aumento
da profundidade e a existência de valores maiores de K0 para o período seco.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 167
O equipamento WP4C se mostrou uma ferramenta prática e ágil para obtenção da sucção
do solo.
A equação para CCSAs bimodais, proposta por Gitirana Jr. e Fredlund (2004), mostrou-se
adequada para o ajuste dos pontos de sucção versus saturação obtidos em laboratório.
Pela análise do m2w, verificou-se uma tendência de redução dos macroporos e de aumento
do diâmetro dos microporos com o aumento da profundidade.
Acredita-se que a análise para o mesmo nível de tensão octaédrica e de deformação pode
oferecer resultados promissores para relacionar ensaios pressiométricos com ensaios
triaxiais, desde que haja compatibilidade suficiente entre as curvas de tensão octaédrica
versus a deformação dos diferentes ensaios. Os resultados obtidos por meio desse método
possibilitaram uma análise relacionando EYs/EM e a deformação obtida em ensaios que
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 168
apresentaram tensões entre 50% e 60% (média de 54%) e com deformação média de 1,3%,
da tensão de ruptura apenas para a profundidade de 5,5 m com uma relação média de 0,91.
Para as outras profundidades não houveram pontos suficientes para realização dessa análise.
Verificou-se que a relação EYs/EM diminuiu de acordo com o aumento da tensão confinante
do ensaio triaxial e que essa relação se aproximou da unidade (1) para ensaios triaxiais
realizados com tensões confinantes de 50 e 75 kPa.
Mais estudos são necessários para ampliar o banco de dados de ensaios pressiométricos em
solos tropicais regionais, bem como para enriquecer as informações do Campo Experimental
da EECA/UFG. Ao tomar por base as observações que foram realizadas durante a realização
desta dissertação, algumas sugestões são feitas para pesquisas futuras:
Utilizar os resultados dos ensaios pressiométricos para dimensionar estacas e para calcular
recalques no solo do Campo Experimental da EECA/UFG utilizando metodologias de
cálculo internacionais e também possíveis ajustes para solos tropicais. Comparar os
resultados obtidos dessa maneira com os resultados encontrados por meio da cravação de
estacas e das provas de carga realizadas por Nascimento (2019) e Galvani Jr. (2020).
Tentar utilizar curvas pressiométricas para calibrar programas numéricos como o PLAXIS,
a fim de realizar a simulação do comportamento de fundações em diferentes períodos
pluviométricos/climáticos.
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 169
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R. R. MACHADO
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R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 176
Optou-se por utilizar os dados referentes ao PMT 1 para demonstração dos procedimentos
utilizados para todos os ensaios pressiométricos.
2,5 231
180,0 a = 0,3328
3,0 231
3,5 232 150,0
17,0 236
18,0 236
19,0 237
20,0 237
21,0 238
22,0 238
23,0 238
24,0 239 220
25,0 239 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0
Pressão (bar)
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 177
CURVA DE CALIBRAÇÃO
2,00
1,80 y = 2E-09x3 - 5E-06x2 + 0,0045x + 0,0086
R² = 0,9997
1,60
1,40
1,20
1,00
0,80
0,60
0,40
MPM 1 - a 1,5 m do SPT Chuva 1 dia antes do início do furo
0,20
0,00
0,0 100,0 200,0 300,0 400,0 500,0 600,0 700,0 800,0
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 178
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 179
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 180
R. R. MACHADO
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R. R. MACHADO
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R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 183
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 184
PMT 1 – 1,5 m
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 185
PMT 1 – 2,5 m
PMT 1 – 3,5 m
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 186
PMT 1 – 4,5 m
PMT 1 – 5,5 m
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 187
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 188
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 189
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 190
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 191
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 192
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 193
PMT 1 – 0,5 m
PMT 1 – 0,5 m
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 194
PMT 1 – 1,5 m
PMT 1 – 1,5 m
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 195
PMT 1 – 2,5 m
PMT 1 – 2,5 m
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 196
PMT 1 – 3,5 m
PMT 1 – 3,5 m
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 197
PMT 1 – 4,5 m
PMT 1 – 4,5 m
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 198
PMT 1 – 5,5 m
PMT 1 – 5,5 m
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 199
Pressão Volume
r/r0 rc/r0c Ptransf
Corrigida Corrigido
(%) (%) (kPa)
(kPa) (cm³)
8,188 72 7,44
13,575 127 12,79 0,00 11,000
45,952 184 18,07 2,77 45,952
67,020 198 19,33 4,03 67,020
87,183 216 20,93 5,63 87,183
107,089 235 22,68 7,38 107,089
129,172 247 23,72 8,42 129,172
144,114 292 27,55 12,25 144,114
161,096 333 30,95 15,65 161,096
176,908 388 35,37 20,07 176,908
193,717 448 40,04 24,74 193,717
208,957 544 47,20 31,90 208,957
227,111 645 54,38 39,08 227,111
246,714 769 62,76 47,46 246,714
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 200
Pressão Volume
Corrigida Corrigido r/r0 rc/r0c Ptransf
(kPa) (cm³) (%) (%) (kPa)
8,394 98 10,00
10,145 169 16,71
17,645 233 22,45 0,00 10,145
30,187 287 27,08 3,08 30,187
51,068 307 28,75 4,75 51,068
68,578 347 32,04 8,04 68,578
84,789 401 36,42 12,42 84,789
100,619 473 41,97 17,97 100,619
113,721 614 52,24 28,24 113,721
132,559 741 60,94 36,94 132,559
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 201
Pressão Volume
Corrigida Corrigido r/r0 rc/r0c P transf
(kPa) (cm³) (%) (%) (kPa)
10,206 121 12,22 0,00 10,206
22,062 162 16,07 1,07 22,062
42,888 176 17,35 2,35 42,888
62,192 196 19,15 4,15 62,192
78,207 230 22,17 7,17 78,207
88,318 295 27,74 12,74 88,318
100,658 362 33,32 18,32 100,658
106,710 509 44,66 29,66 106,710
120,243 674 56,41 41,41 120,243
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 202
Pressão Volume
r/r0 rc/r0c Ptransf
Corrigida Corrigido
(%) (%) (kPa)
(kPa) (cm³)
15,045 136 13,65 0,00 15,045
24,811 186 18,27 0,77 24,811
43,732 208 20,24 2,74 43,732
64,540 224 21,65 4,15 64,540
78,290 271 25,72 8,22 78,290
94,698 312 29,16 11,66 94,698
103,977 404 36,66 19,16 103,977
115,951 515 45,11 27,61 115,951
131,060 654 55,03 37,53 131,060
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 203
Pressão Volume
Corrigida Corrigido r/r0 rc/r0c P transf
(kPa) (cm³) (%) (%) (kPa)
26,491 131 13,17 0,00 26,491
46,963 145 14,49 0,69 46,963
68,828 155 15,41 1,61 68,828
91,379 163 16,15 2,35 91,379
109,337 187 18,33 4,53 109,337
129,350 205 19,95 6,15 129,350
147,325 231 22,33 8,53 147,325
160,687 281 26,63 12,83 160,687
169,130 369 33,87 20,07 169,130
181,643 459 40,89 27,09 181,643
195,345 581 49,89 36,09 195,345
213,623 701 58,24 44,44 213,623
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 204
Pressão Volume
r/r0 rc/r0c Ptransf
Corrigida Corrigido
(%) (%) (kPa)
(kPa) (cm³)
15,520 200 19,54 0,00 15,520
38,085 209 20,33 0,53 38,085
61,233 216 20,95 1,15 61,233
84,932 221 21,38 1,58 84,932
108,650 226 21,82 2,02 108,650
131,636 234 22,51 2,71 131,636
155,400 238 22,94 3,14 155,400
177,036 252 24,15 4,35 177,036
198,808 266 25,35 5,55 198,808
211,255 327 30,46 10,66 211,255
228,616 371 34,02 14,22 228,616
245,830 424 38,19 18,39 245,830
261,625 504 44,26 24,46 261,625
276,773 634 53,62 33,82 276,773
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 205
PMT1 (0,5m)
300
PMT1 - 0,5m
PMT 1 - 0,5 m
Ajuste Fontaine; Cunha; Carvalho (2005)
250
Parâmetros
de ajuste:
200
rr = Pressão (kPa)
ϕ' = 38º
c' = 20 kPa
150
Ge = 660
100 Gp = 2Ge
h0 = 20 kPa
50
ua - uw = 30 kPa
0
0 10 20 30 40 50
r/r0 (%)
PMT 1 (1,5m)
150
PMT 1 - 1,5 m
PMT1 - 1,5m
Ajuste Fontaine; Cunha; Carvalho (2005) Parâmetros
de ajuste:
rr = Pressão (kPa)
c' = 15 kPa
Ge = 387
50 Gp = 2Ge
h0 = 10 kPa
ua - uw = 18 kPa
0
0 10 20 30 40
r/r0 (%)
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 206
PMT 1 (2,5m)
150
PMT1 - 2,5m PMT 1 - 2,5 m
Ajuste Fontaine; Cunha; Carvalho (2005) Parâmetros
de ajuste:
rr = Pressão (kPa)
c' = 10 kPa
Ge = 650
50 Gp = 2Ge
h0 = 15 kPa
ua - uw = 10 kPa
0
0 10 20 30 40 50
r/r0 (%)
PMT 1 (3,5m)
150 PMT 1 - 3,5 m
PMT1 - 3,5m
Parâmetros
Ajuste Fontaine; Cunha; Carvalho (2005)
de ajuste:
ϕ' = 30º
rr = Pressão (kPa)
100
c' = 10 kPa
Ge = 650
Gp = 2Ge
50
h0 = 15 kPa
ua - uw = 10 kPa
0
0 10 20 30 40
r/r0 (%)
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 207
PMT 1 (4,5m)
250 PMT 1 - 4,5 m
PMT1 - 4,5m
Parâmetros
Estimativa Fontaine; Cunha; Carvalho (2005)
200 de ajuste:
ϕ' = 25º
rr = Pressão (kPa)
Ge = 1338
100
Gp = 2Ge
h0 = 24 kPa
50
ua - uw = 25 kPa
0
0 10 20 30 40 50
r/r0 (%)
ϕ' = 30º
200
rr = Pressão (kPa)
c' = 18 kPa
150 Ge = 2248
Gp = 2Ge
100
h0 = 16 kPa
50
ua - uw = 70 kPa
0
0 10 20 30 40
r/r0 (%)
R. R. MACHADO