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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOTECNIA,
ESTRUTURAS E CONSTRUÇÃO CIVIL

ENSAIOS PRESSIOMÉTRICOS PARA


ESTIMATIVA DE PARÂMETROS DE
RESISTÊNCIA E DEFORMABILIDADE EM
UM PERFIL DE SOLO TROPICAL

ROMULO RODRIGUES MACHADO

D0227G20
GOIÂNIA
2020
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS


ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL
TERMO DE CIÊNCIA E DE AUTORIZAÇÃO (TECA) PARA DISPONIBILIZAR VERSÕES ELETRÔNICAS DE TESES
E DISSERTAÇÕES NA BIBLIOTECA DIGITAL DA UFG
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1. Identificação do material bibliográfico


[ X ] Dissertação [ ] Tese

2. Nome completo do autor


Romulo Rodrigues Machado

3. Título do trabalho
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo tropical

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- Solicitação de registro de patente;
- Submissão de artigo em revista científica;
- Publicação como capítulo de livro;
- Publicação da dissertação/tese em livro.
Obs. Este termo deverá ser assinado no SEI pelo orientador e pelo autor.

Documento assinado eletronicamente por Maurício Martines Sales, Professor do Magistério Superior, em 28/09/2020,
às 14:27, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 8.539, de 8 de outubro
de 2015.

Documento assinado eletronicamente por ROMULO RODRIGUES MACHADO, Discente, em 01/10/2020, às 11:00,
conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

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Referência: Processo nº 23070.017904/2020-06 SEI nº 1579679

R. R. MACHADO
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ROMULO RODRIGUES MACHADO

ENSAIOS PRESSIOMÉTRICOS PARA


ESTIMATIVA DE PARÂMETROS DE
RESISTÊNCIA E DEFORMABILIDADE EM
UM PERFIL DE SOLO TROPICAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em


Geotecnia, Estruturas e Construção Civil da Universidade Federal
de Goiás para obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil.
Área de Concentração: Geotecnia
Orientador: Prof. Dr. Mauricio Martines Sales
Coorientador: Prof. Dr. Renato Resende Angelim

D0227G20
GOIÂNIA
2020

R. R. MACHADO
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FICHA CATALOGRÁFICA

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação na (CIP)


GPT/BC/UFG

Machado, Romulo Rodrigues.


Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de
resistência e deformabilidade em um perfil de solo tropical
[manuscrito] / Romulo Rodrigues Machado. - 2020.
xv, 207 f. : il., figs, tabs.

Orientador: Prof. Dr. Maurício Martines Sales; Co-


orientador: Renato Resende Angelim
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás,
Escola de Engenharia Civil, 2020.
Bibliografia.
Inclui lista de figuras, abreviaturas, siglas e tabelas.
Apêndices.

1. Módulo Ménard. 2. Pressão limite. 3. CCSA de Solos


Tropicais. 4. Sucção em ensaios de campo. 5. Ensaios
triaxiais. 6. Análise numérica de PMT I. Título.

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AGRADECIMENTOS

Quero registrar meus sinceros agradecimentos às seguintes pessoas e instituições que


possibilitaram, de diferentes maneiras, a realização deste trabalho.

Ao meu pai, Juverci Machado Marins (Velho Branco), pelo esforço hercúleo empreendido para
que eu pudesse chegar até mais este momento; pelo amor ao seu filho e pelo exemplo de
hombridade e honestidade que me proporciona todos os dias.

À minha mãe, Marlene Carvalho Machado (Dona Marlene), pelo amparo e suporte
empreendidos.

À minha falecida mãe, Eleny Rodrigues Soares (in memorian), pelo eterno amor e por me
auxiliar nos primeiros passos de minha vida escolar.

À minha futura esposa, Giovana Alves de Oliveira, pelo companheirismo, amor, compreensão
e apoio irrestrito em todas as fases desta caminhada. Além disso, sou grato pelo valioso auxílio
em alguns ensaios e também pela cuidadosa revisão deste e de outros trabalhos.

Aos meus irmãos, Roniery Rodrigues Machado, Brunna Carvalho Machado e Mariana
Carvalho Gonçalves.

Aos meus orientadores e companheiros desde a graduação, Maurício Martines Sales e Renato
Resende Angelim, principalmente pela mentoria, apoio e auxílio no trabalho. Sou grato,
também, pelo contagiante bom humor, o qual tornou leves as reuniões e as discussões.

Ao meu parceiro de empreitada, Luiz Carlos Galvani Jr., e ao seu pai Luiz Carlos Galvani, por
toda ajuda e suporte na realização desta pesquisa.

Aos meus colegas do mestrado, que foram companheiros de estudos, de almoços no Restaurante
Universitário (R.U.) e grandes apoiadores durante esses dois anos. Em especial, agradeço aos
guerreiros da salinha: Luiz Galvani Jr., Eduardo Ferreira, João Victor Guabiroba, Carlos
Amaecing Jr., Rafael Goulart e Renan Ferreira. A eles, sou grato pela colaboração durante a
fase de ensaios, pelas conversas proveitosas e pelo suporte sempre oferecido. À Sabrina Cabral,
à Priscila Oliveira, à Jaqueline Souza e ao Alexandre Brito agradeço pela amizade, pelas boas
conversas, pelo apoio e pelas horas que passamos juntos estudando e/ou em laboratório.

R. R. MACHADO
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À Escola de Engenharia Civil e Ambiental e ao Programa de Pós-Graduação Em Geotecnia,


Estruturas e Construção Civil, pelo conhecimento adquirido durante o meu processo de
formação. Agradeço, especialmente, aos professores Drs. Gilson de Farias Neves Gitirana Jr,
Márcia Maria dos Anjos Mascarenha e Lilian Ribeiro Rezende pelos conhecimentos
transmitidos.

Ao Laboratório de Mecânica dos Solos UFG e ao Laboratório de Solos Não Saturados UFG,
sobretudo na figura do Técnico Administrativo João Carneiro de Lima Junior, pelo auxílio
durante a realização de alguns ensaios de campo e pelas boas conversas.

À FURNAS Centrais Elétricas S.A., pelo apoio técnico e pelo fornecimento do equipamento
necessário para a realização desta pesquisa.

Ao Fernando Feitosa Monteiro, pelo auxílio na utilização da ferramenta analítica computacional


durante o processamento dos dados.

Aos membros da banca examinadora, professores Drs. Erinaldo Hilário Cavalcante e Gilson de
Farias Neves Gitirana Jr, por aceitarem o convite e por contribuírem com esta pesquisa.

À CAPES, pela bolsa de pesquisa que permitiu o desenvolvimento desta dissertação.

R. R. MACHADO
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RESUMO

Ensaios especiais, como o pressiométrico (PMT), são amplamente utilizados em obras


geotécnicas ao redor do mundo para estimativa de parâmetros geotécnicos de solos. No Brasil,
ainda em intensidade menos expressiva, esses ensaios começaram a ser mais utilizados pelo
meio técnico e por instituições de pesquisa, mas ainda existem dúvidas quanto ao uso desse
equipamento em solos tropicais. Considerando que o ensaio pressiométrico Ménard pode ser
uma ferramenta útil para estimativa de parâmetros de solos tropicais não saturados, essa
dissertação tem como objetivo demonstrar a utilização de ensaios pressiométricos para
estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade do solo tropical do Campo
Experimental da Escola de Engenharia Civil e Ambiental (EECA) da Universidade Federal de
Goiás (UFG). Pedologicamente, o solo do campo experimental é um latossolo vermelho,
classificado como laterítico, no qual foram realizados ensaios penetrométricos de campo, como
PANDA 2 e SPT, além de ensaios de laboratório de caracterização, como análise
granulométrica e classificação MCT pelo método expedito das pastilhas, que complementam e
auxiliam na análise dos resultados pressiométricos. Foram realizados sete furos de sondagem
até a profundidade de 6,0 m, contabilizando, ao todo, 42 ensaios pressiométricos Ménard do
tipo G no local. Três furos de sondagem foram realizados em período chuvoso e quatro furos
de sondagem foram realizados em período seco do regime pluviométrico de Goiânia. Os ensaios
pressiométricos seguiram os procedimentos e as interpretações presentes nas normas
internacionais pertinentes. Com a realização dos ensaios determinou-se de maneira direta as
propriedades de resistência, mais especificamente a pressão limite (pL), e de deformabilidade,
mais especificamente o módulo Ménard (EM) do solo do campo experimental; comparam-se os
resultados e as curvas pressiométricas obtidas em diferentes situações climáticas; relacionaram-
se os resultados pressiométricos com os de outros ensaios de campo e com os ensaios
laboratoriais realizados, relacionaram-se EM com o módulo elástico de Young (EY) obtido por
meio de ensaios triaxiais; determinaram-se, utilizando Temp Cell e o equipamento WP4C
(DewpointPotenciaMeter) a curva característica solo-água (CCSA) de cada metro do perfil
estudado e utilizou-se o método analítico computacional para a estimativa indireta de outros
parâmetros de resistência como a coesão (c) e o ângulo de atrito (ϕ). Os resultados obtidos
comprovam que as variações de teor de umidade e de sucção provenientes das diferentes
estações climáticas afetam consideravelmente o comportamento tensão-deformação do solo
estudado até a profundidade de 5,5 m. O ensaio PMT se mostrou sensível às variações que o
teor de umidade e a sucção podem ocasionar no comportamento mecânico do solo, de maneira
que os valores de pL e EM foram entre 2 e 7 vezes maiores para os ensaios realizados no período
seco.

Palavras-chave: Módulo Ménard. Pressão limite. CCSA de Solos Tropicais. Sucção em


ensaios de campo. Ensaios triaxiais. Análise numérica de PMT.

R. R. MACHADO
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ABSTRACT

Special tests, such as the pressuremeter (PMT), are widely used in geotechnical works around
the world to estimate soil geotechnical parameters. In Brazil, with less expressive intensity,
these tests started to be more used by the technical environment and by research institutions,
but there are still doubts about the use of this equipment in tropical soils. Considering that the
Ménard pressiometric test can be a useful tool for estimating parameters of unsaturated tropical
soils, this dissertation aims to demonstrate the use of pressuremeter tests to estimate parameters
of resistance and deformability of the tropical soil of the Experimental Field of the Escola de
Engenharia Civil e Ambiental (EECA) of the Universidade Federal de Goiás (UFG).
Pedologically, the soil of the experimental field is a red latosol, classified as lateritic, in which
penetrometric field tests, such as PANDA 2 and SPT, were carried out, in addition to
characterization laboratory tests, such as granulometric analysis and MCT classification by the
expeditious method, which complement and assist in the analysis of pressuremeter results. 7
drillholes were drilled to a depth of 6.0 m, accounting a total of 42 Ménard type G pressure tests
on site. 3 boreholes were drilled in the rainy season and 4 boreholes were drilled in the dry
season of the Goiânia rain regime. The presssuremeter tests followed the procedures and
interpretations present in the relevant international standards. With the performance of the tests,
the resistance properties, more specifically the limit pressure (pL), and the deformability
properties, more specifically the Ménard module (EM) of the soil of the experimental field, were
directly determined; the results and the pressure curves obtained in different climatic situations
were compared; the pressuremeter results were related to those of other field tests and to the
laboratory tests performed, the EM were related with the Young's elastic modulus (EY) obtained
through triaxial tests; the soil-water characteristic curve (SWCC) of each meter of the profile
studied was determined using Temp Cell and the WP4C equipment (DewpointPotenciaMeter)
and a computational analytical method was used to indirectly estimate other resistance
parameters such as cohesion (c) and the friction angle (ϕ). The results obtained show that
variations in moisture content and suction from different climatic seasons considerably affect
the stress-strain behavior of the studied soil to a depth of 5.5 m. The PMT test was shown to be
sensitive to variations that the moisture content and suction can cause in the mechanical
behavior of the soil, so that the pL and EM values were between 2 and 7 times higher for the tests
carried out in the dry period.

Palavras-chave: Ménard moduli. Limit pressure. SWCC of tropical soils. Suction in field tests.
Triaxial tests. Numerical analysis of PMT.

R. R. MACHADO
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LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 – Representação esquemática do PMT tipo Ménard (adaptado de SCHNAID e


ODEBRECHT, 2012) ............................................................................................................... 33

Figura 1.2 – Curva típica de um ensaio pressiométrico Ménard (SANDRONI e BRANDT,


1983) ......................................................................................................................................... 33

Figura 1.3 – Curvas pressiométricas em função da qualidade do furo (adaptado de ASTM, 2000)
.................................................................................................................................................. 34

Figura 1.4 – Curva de expansão obtida na calibração em tubo rígido (SCHNAID e


ODEBRECHT, 2012) ............................................................................................................... 36

Figura 1.5 – Curva de calibração da membrana (SCHNAID e ODEBRECHT, 2012) ............ 36

Figura 1.6 – Curva pressiométrica bruta e corrigida do ensaio (furo: PMT 1 – profundidade: 0,5
m) .............................................................................................................................................. 38

Figura 1.7 – Curva de fluência (AFNOR, 2000) ...................................................................... 41

Figura 1.8 – Determinação de σho pelo método de Briaud (1992) (Angelim, 2011) ................ 43

Figura 1.9 – Ensaio típico em solo não saturado, incluindo medição de sucção (SCHNAID;
LEHANE; FAHEY, 2004) ....................................................................................................... 45

Figura 1.10 – Curva bimodal e parâmetros (adaptado de GITIRANA JR. E FREDLUND, 2004)
.................................................................................................................................................. 48

Figura 1.11 – Distribuição mensal de chuvas em Goiânia e média de 61 a 90 (INMET, 2020)


.................................................................................................................................................. 49

Figura 2.1 – Localização do Campo Experimental da EECA – UFG (adaptado de Google Maps,
2018) ......................................................................................................................................... 51

Figura 2.2 – Classificação Geológica do solo da região do Campo Experimental (adaptado de


Campos et al., 2003) ................................................................................................................. 52

Figura 2.3 – Classificação Pedológica do solo da região do Campo Experimental (adaptado de


Campos, 2003) .......................................................................................................................... 53

Figura 2.4 – Posição dos furos de sondagem SPT e PANDA 2 no campo experimental......... 54

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Figura 2.5 – Média aritmética das sondagens PANDA 2 de cada ponteira (NASCIMENTO,
2019) ......................................................................................................................................... 54

Figura 2.6 – Resultados de NSPT e umidade dos ensaios SPT realizados em período seco e
chuvoso ..................................................................................................................................... 55

Figura 2.7 – Resultados de qd e umidade dos ensaios PANDA 2 realizados em período seco e
chuvoso ..................................................................................................................................... 55

Figura 2.8 – Localização dos ensaios pressiométricos e do poço de inspeção ......................... 59

Figura 2.9 – Vista geral do equipamento .................................................................................. 60

Figura 2.10 – A sonda pressiométrica e seus detalhes ............................................................. 61

Figura 2.11 – Tubo de aço para realização da calibração por perda de volume ....................... 62

Figura 2.12 – Calibração por perda de pressão ........................................................................ 63

Figura 2.13 – Trados utilizados para realização dos furos: trado tipo helicoidal acima e trado
tipo copo abaixo ....................................................................................................................... 63

Figura 2.14 – Realização dos furos de sondagem: (a) uso do nível de bolha para verificação da
verticalidade; (b) operação do trado; (c) coleta de amostras com o trado helicoidal ............ 64

Figura 2.15 – Armazenamento e preparação de solo para ensaios: (a) armazenamento de solo
em saco plástico; (b) amostras de solo utilizadas para determinação da sucção de campo no
WP4C; (c) amostras para determinação do teor de umidade.................................................... 65

Figura 2.16 – Equipamento WP4C e balança de precisão utilizados para determinação da sucção
de campo e do teor de umidade das amostras ........................................................................... 65

Figura 2.17 – Realização de um ensaio pressiométrico e registro dos dados em boletim de


campo ....................................................................................................................................... 66

Figura 2.18 – Curva pressiométrica corrigida e determinação de EM e pL (Furo: PMT 1 –


Profundidade: 0,5 m) ................................................................................................................ 68

Figura 2.19 – Determinação de pf (Furo: PMT 1 – Profundidade: 0,5 m) ............................... 68

Figura 2.20 – Determinação de h0 e de G pelo método de Briaud (1992) (Furo: PMT 1 –
Profundidade: 0,5 m) ................................................................................................................ 69

R. R. MACHADO
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Figura 2.21 – Interface computacional: em vermelho a curva experimental e em roxo a curva


idealizada (Furo: PMT 2 – Profundidade: 1,5 m).................................................................... 70

Figura 2.22 – Execução do poço de inspeção: (a) início da execução do poço; (b) uso de sistema
mecânico para içamento de solo do poço de inspeção ............................................................. 71

Figura 2.23 – Retirada de amostras para determinação do teor de umidade e da CCSA ......... 72

Figura 2.24 – Amostra retirada para utilização em Temp Cell de forma a determinar a CCSA
.................................................................................................................................................. 72

Figura 2.25 – Preparação de bloco de amostra indeformada: (a) arrasamento do bloco com
facão; (b) uso de parafina e tecido Morim ................................................................................ 73

Figura 2.26 – Retirada e armazenamento dos blocos: (a) uso de caixa de madeira para
armazenamento e içamento dos blocos; (b) finalização da preparação dos blocos em superfície
.................................................................................................................................................. 73

Figura 2.27 – Arrasamento do solo no anel da Temp Cell ....................................................... 74

Figura 2.28 – Montagem de célula Temp Cell para início da saturação ................................... 75

Figura 2.29 – Células montadas sendo saturadas com fluxo ascendente e sistema Temp Cell 75

Figura 2.30 – Aplicação de patamar de pressão ....................................................................... 75

Figura 2.31 – Pesagem do conjunto ......................................................................................... 75

Figura 2.32 – Condicionamento do teor de umidade do solo com mangueiras de baixa pressão
.................................................................................................................................................. 76

Figura 2.33 – Pontos experimentais e ajuste para a CCSA de 3,5 m de profundidade ............ 76

Figura 2.34 – Formação dos corpos de prova ........................................................................... 77

Figura 2.35 – Posicionamento do corpo de prova na célula triaxial e início da consolidação . 78

Figura 2.36 – Realização de ensaio triaxial .............................................................................. 79

Figura 3.1 – Curvas características do solo do Campo Experimental da EECA/UFG ............. 81

Figura 3.2 – m2w em função da sucção ..................................................................................... 83

Figura 3.3 – Tensão desviadora versus deformação axial ........................................................ 85

Figura 3.4 – Envoltórias de Mohr-Coulomb ............................................................................ 86

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Figura 3.5 – Trajetórias de tensão efetiva................................................................................. 87

Figura 3.6 – Resultados do ensaio CDsat na profundidade de 2,5 m ....................................... 88

Figura 3.7 – Valores de coesão e de ângulo de atrito obtidos nos ensaios triaxiais CD .......... 89

Figura 3.8 – Valores de Et0, Et25% e Et50% obtidos nos ensaios triaxiais ................................... 91

Figura 3.9 – Evolução das curvas pressiométricas do período chuvoso com o aumento da
profundidade ............................................................................................................................. 93

Figura 3.10 – Evolução das curvas pressiométricas do período seco com o aumento da
profundidade ............................................................................................................................. 94

Figura 3.11 – Pressões p1 e p2 dos ensaios pressiométricos do período chuvoso..................... 96

Figura 3.12 – Pressões pf dos ensaios pressiométricos do período chuvoso ............................ 96

Figura 3.13 – Média e linha de tendência dos valores de p1 dos ensaios realizados em período
chuvoso ..................................................................................................................................... 97

Figura 3.14 – Pressões p1 e p2 dos ensaios pressiométricos do período seco ......................... 100

Figura 3.15 – Pressões pf dos ensaios pressiométricos do período seco ................................ 101

Figura 3.16 – Pressões p1........................................................................................................ 101

Figura 3.17 – Pressões p2........................................................................................................ 101

Figura 3.18 – Pressões pf ........................................................................................................ 102

Figura 3.19 – Média e linha de tendência dos valores de p1 dos ensaios realizados em período
seco ......................................................................................................................................... 103

Figura 3.20 – Utilização do método de Briaud para a profundidade de 0,5 m do furo de


sondagem PMT 1 .................................................................................................................... 106

Figura 3.21 – Tensões horizontais obtidas pelo método de Briaud para o período chuvoso . 107

Figura 3.22 – Tensões horizontais obtidas pelo método de Briaud para o período seco........ 107

Figura 3.23 – Valores de K0 dos furos de sondagem do período chuvoso ............................. 108

Figura 3.24 – Valores de K0 dos furos de sondagem do período seco ................................... 108

Figura 3.25 – Pressões p1 e p2 do período chuvoso por diferentes metodologias .................. 109

Figura 3.26 – Pressões p1 e p2 do período seco por diferentes metodologias......................... 109

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 13

Figura 3.27 – Valores de EM para os furos PMT 1 e PMT 4 por diferentes metodologias .... 109

Figura 3.28 – Valores de EM para os furos PMT 3 e PMT 7 por diferentes metodologias .... 109

Figura 3.29 – Ajuste de curva via Fontaine; Cunha; Carvalho (2005) utilizado para a
profundidade 0,5 m do furo de sondagem PMT 1 .................................................................. 113

Figura 3.30 – Ângulos de atrito obtidos por ajuste................................................................. 113

Figura 3.31 – Coesões efetivas obtidas por ajuste .................................................................. 113

Figura 3.32 – Parâmetros ϕ’ e c’ obtidos por ajuste de curvas e ensaios triaxiais ................. 114

Figura 3.33 – Coesão total obtida por meio de ajuste de curva .............................................. 115

Figura 3.34 – Sucções matriciais obtidas por meio de ajuste de curva .................................. 116

Figura 3.35 – Teores de umidade do poço de inspeção e dos ensaios pressiométricos.......... 119

Figura 3.36 – Módulo EM-w e módulos Et50% obtidos para as diferentes tensões de adensamento
................................................................................................................................................ 119

Figura 3.37 – Tensões octaédricas versus deformações para ensaios pressiométricos (chuvoso)
e triaxiais ................................................................................................................................ 123

Figura 3.38 – Relação EYs/EM pela tensão confinante dos ensaios a 5,5 m de profundidade . 125

Figura 3.39 – Relação EYs/EM pelo percentual da tensão de ruptura dos ensaios a 5,5 m de
profundidade ........................................................................................................................... 126

Figura 3.40 – Relação entre EYs/EM e a deformação percentual dos ensaios triaxiais com tensão
entre 50% e 60% da tensão de ruptura ................................................................................... 127

R. R. MACHADO
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LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Relatório da sondagem SPT do período chuvoso (NASCIMENTO, 2019) ........ 56

Tabela 2.2 – Resumo dos resultados de caracterização do perfil de solo (NASCIMENTO, 2019)
.................................................................................................................................................. 57

Tabela 2.3 – Pressão diferencial em função da profundidade da sonda ................................... 67

Tabela 2.4 – Dados de entrada e dados após o ajuste da curva para o furo de sondagem PMT 2
.................................................................................................................................................. 70

Tabela 3.1 – Caracterização do perfil de solo do Campo Experimental – poço de inspeção


06/06/2019 ................................................................................................................................ 80

Tabela 3.2 – Parâmetros das CCSAs ........................................................................................ 82

Tabela 3.3 – Características dos corpos de prova dos ensaios triaxiais CDsat .......................... 83

Tabela 3.4 – Características dos corpos de prova dos ensaios triaxiais CDnat.......................... 84

Tabela 3.5 – Parâmetros de resistência obtidos por meio de ensaios triaxiais CD................... 84

Tabela 3.6 – Módulo Et0 e módulos secantes dos ensaios triaxiais .......................................... 89

Tabela 3.7 – Módulo de Elasticidade de Young obtidos nos ensaios CDnat ............................. 90

Tabela 3.8 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo de sondagem PMT 1 ............... 95

Tabela 3.9 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo de sondagem PMT 2 ............... 95

Tabela 3.10 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo de sondagem PMT 3 ............. 96

Tabela 3.11 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo de sondagem PMT 4 ............. 98

Tabela 3.12 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo de sondagem PMT 5 ............. 98

Tabela 3.13 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo de sondagem PMT 6 ............. 98

Tabela 3.14 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo de sondagem PMT 7 ............. 99

Tabela 3.15 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo PMT 1 Briaud (1992) .......... 104

Tabela 3.16 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo PMT 2 Briaud (1992) .......... 104

Tabela 3.17 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo PMT 3 Briaud (1992) .......... 105

Tabela 3.18 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo PMT 4 Briaud (1992) .......... 105

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 15

Tabela 3.19 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo PMT 5 Briaud (1992) .......... 105

Tabela 3.20 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo PMT 6 Briaud (1992) .......... 105

Tabela 3.21 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo PMT 7 Briaud (1992) .......... 106

Tabela 3.22 – Resultados do ajuste de curvas para o PMT 1 (chuvoso) via Fontaine; Cunha;
Carvalho (2005) ...................................................................................................................... 111

Tabela 3.23 – Resultados do ajuste de curvas para o PMT 2 (chuvoso) via Fontaine; Cunha;
Carvalho (2005) ...................................................................................................................... 111

Tabela 3.24 – Resultados do ajuste de curvas para o PMT 3 (chuvoso) via Fontaine; Cunha;
Carvalho (2005) ...................................................................................................................... 111

Tabela 3.25 – Resultados do ajuste de curvas para o PMT 4 (seco) via Fontaine; Cunha;
Carvalho (2005) ...................................................................................................................... 111

Tabela 3.26 – Resultados do ajuste de curvas para o PMT 5 (seco) via Fontaine; Cunha;
Carvalho (2005) ...................................................................................................................... 112

Tabela 3.27 – Resultados do ajuste de curvas para o PMT 6 (seco) via Fontaine; Cunha;
Carvalho (2005) ...................................................................................................................... 112

Tabela 3.28 – Resultados do ajuste de curvas para o PMT 7 (seco) via Fontaine; Cunha;
Carvalho (2005) ...................................................................................................................... 112

Tabela 3.29 – Módulos EM e Et50%.......................................................................................... 119

Tabela 3.30 – Relações entre Et50% e EM w para as diversas tensões de adensamento ........... 120

Tabela 3.31 – Tensões octaédricas antes e durante os ensaios pressiométricos do período


chuvoso ................................................................................................................................... 120

Tabela 3.32 – Comparação entre EM e EY para o mesmo nível de tensão octaédrica ............. 121

Tabela 3.33 – Comparação entre EM e EY para o mesmo nível de tensão octaédrica e de


deformação ............................................................................................................................. 124

Tabela 3.34 – Comparação entre EM e EY para o mesmo nível de tensão octaédrica e de


deformação ............................................................................................................................. 124

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 16

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AFNOR Association Française de Normalisation

ASTM American Society for Testing and Materials

BX 63 mm de diâmetro

CCSA curva característica solo-água

CDnat adensado, drenado, em estado natural de umidade

CDsat adensado, drenado, saturado

CPT Ensaio de Penetração de Cone Elétrico (Cone Penetration Test)

CPV Unidade Controladora de Pressão e Volume

Dfuro diâmetro do furo da sondagem pressiométrica

Dsonda diâmetro da sonda pressiométrica

DERSA Departamento de Estradas de Rodagem

DMT ensaio dilatométrico (DilatoMeter Test)

DPL Penetrômetro Dinâmico Leve

e.g. por exemplo

EECA Escola de Engenharia Civil e Ambiental

ES Espiríto Santo

et al. e outros

FEAGRI Faculdade de Engenharia Agrícola

G tipo de sonda pressiométrica com sondas encaixadas

INMET Instituto Nacional de Metereologia

ISO International Organization for Standardization


LA’-LG’ arenoso ou argiloso laterítico

LG’ argiloso laterítico

MCT Miniatura, Compactada, Tropical

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 17

MG Minas Gerais

NSPT Índice de Resitência à Penetração do ensaio SPT

NBR Norma Brasileira

NA’-NS’ arenoso ou siltoso não laterítico

NF Normalisation Française

NG’ argiloso não laterítico

NS’-NG’ siltoso ou argiloso não laterítico

PANDA 2 ensaio penetrômetrico leve de energia variável

PANDA 2d PANDA 2 realizado em período seco (dry)

PANDA 2w PANDA 2 realizado em período chuvoso (wet)

PMT ensaio pressiométrico (PressureMeter Test)

PMT 1 a PMT 7 ensaios pressiométricos realizados no Campo Experimental da EECA

PUC-Rio Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

S.A. Sociedade Anônima

SPT sondagem de simples reconhecimento (Standard Penetration Test)

SPTd SPT realizado em período seco (dry)

SPTw SPT realizado em período chuvoso (wet)

SPT-T sondagem de simples reconhecimento à percussão com medida de torque

TC trado concha

UFG Universidade Federal de Goiás

UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul

UHE Usina Hidrelétrica

UnB Universidade de Brasília

UNICAMP Universidade Estadual de Campinas

Umidaded umidade em período seco (dry)

Umidadew umidade em período chuvoso (wet)

WP4C DewpointPotenciaMeter

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 18

LISTA DE SÍMBOLOS

a coeficiente de expansão das tubulações do PMT

a parâmetro de ajuste das curvas características solo-água

c coesão natural

c’ coesão efetiva

c’d média das coesões efetivas obtidas em período seco

c’w média das coesões efetivas obtidas em período chuvoso

cm centímetro

cm² centímetro quadrado

cm³ centímetro cúbico

ctotal coesão total

ctotal-d coesão total média obtida em período seco (dry)

ctotal-w coesão total média obtida em período chuvoso (wet)

CV coeficiente de variação

e índice de vazios

EM módulo pressiométrico Ménard

EM-d média dos módulos pressiométricos obtidos em período seco

EM-w média dos módulos pressiométricos obtidos em período chuvoso

Et0 módulo tangente inicial

Es25% módulo secante a 25% da tensão de ruptura

Es50% módulo secante a 50% da tensão de ruptura

Et25% módulo tangente a 25% da tensão de ruptura

Et50% módulo tangente a 50% da tensão de ruptura

EY módulo de Young

EYs módulo de Young secante

EYt módulo de Young tangencial

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 19

G módulo cisalhante

Ge módulo cisalhante na zona elástica

Gp módulo cisalhante na zona plástica

Gs peso específico relativo

g/cm³ grama por centímetro cúbico

K0 coeficiente de empuxo em repouso

kg quilograma

km quilômetro

kN/m² quilo Newton por metro quadrado

kN/m³ quilo Newton por metro quadrado

kPa quilo Pascal

m metros

m³ metros cúbicos

m2w variação do teor de umidade volumétrico com a variação da sucção

me menor valor de mi necessariamente positivo

mi inclinação de qualquer segmento da curva pressiométrica

min minuto

mm milímetro

mm/min milímitro por minuto

MPa mega Pascal

p pressão corrigida aplicada no solo

p0 pressão inicial da cavidade durante o ensaio pressiométrico

p1 abscissa no início do trecho da curva pressiométrica que define EM

p2 abscissa no final do trecho da curva pressiométrica que define EM

pE abscissa no início do segmento me da curva pressiométrica

p’E abscissa no final do segmento me da curva pressiométrica

pel pressão de resistência das membranas

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 20

pf presão de fluência ou pressão de deformação plástica

ph pressão hidrostática entre a unidade de leitura e a célula central da sonda

pi abscissa do final do segmento mi na curva pressiométrica

pL pressão limite do ensaio pressiométrico

pL* pressão limite efetiva

pm valor de pressão correspondente à metade do trecho pseudo elástico

pr pressão lida no CPV durante a realização do ensaio ou pressão bruta

qd resistência dinâmica de cone (Ensaio PANDA 2)

R² coeficiente de determinação

s segundo

S grau de saturação

Sb sucção referente a b2

Sres1 primeiro grau de saturação residual (macroporos)

Sres2 segundo grau de saturação residual (microporos)

Su resistência não drenada do solo

ua-uw sucção matricial

V volume corrigido injetado na célula central

V1 ordenada no início do trecho da curva que define EM na curva pressiométrica

V2 ordenada no final do trecho da curva que define EM na curva pressiométrica

VE ordenada no início do segmento me

V’E ordenada no final do segmento me

Vi ordenada do final do segmento mi

VL volume correspondente a pL

Vr volume lido no CPV durante a realização do ensaio

Vs volume inicial da célula central da sonda

w teor de umidade

z profundidade

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 21

zc elevação do centro da CPV

zs elevação do centro da sonda

% porcento

 coeficiente reológico

 coeficiente usado para definir o trecho pseudo-elástico da curva pressiométrica

 variação do volume injetado entre

r/r0 deformação radial do ensaio pressiométrico

(Δr/r0)c deformação radial correspondente ao raio inicial da cavidade

V60/30 variação de volume, para um mesmo nível de pressão, entre 30 e 60 segundos

Δrc/rc deformação radial na curva pressoimétrica corrigida pelo método de Briaud

ɵɵ = c deformação radial do ensaio pressiométrico

v deformação volumétrica dos ensaios triaxiais

ϕ’ ângulo de atrito efetivo

ϕb ângulo indicativo do coeficiente de incremento de resistência cisalhante devido


à sucção mátrica

ϕ’d ângulo de atrito médio para o período seco (dry)

ϕ’w ângulo de atrito médio para o período chuvoso (wet)

 peso específico do solo

d peso específico seco do solo

nat peso específico natural do solo

s peso específico dos sólidos

w peso específico da água

 coeficiente de Poisson

ψ dilatância do solo

ψb1 primeiro valor de entrada de ar (macroporos)

ψb2 segundo valor de entrada de ar (microporos)

ψres1 primeiro valor de sucção residual (macroporos)

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 22

ψres2 segundo valor de sucção residual (microporos)

ψt sucção total

1 tensão axial

3 tensão de adensamento

h0 tensão horizontal total no repouso

h0-d média das tensões horizontais obtidas em período seco

h0-w média das tensões horizontais obtidas em período chuvoso

’h tensão horizontal efetiva

oct tensão octaédrica

rr pressão corrigida (Método de Briaud)

v tensão vertical

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 23

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 26

1.1. OBJETIVOS GERAIS ................................................................................................. 27

1.1.1. Objetivos específicos ..................................................................................................... 27

1.2. DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO E UTILIZAÇÃO DO PRESSIÔMETRO


MÉNARD ....................................................................................................................... 28

1.2.1. Experiência brasileira ................................................................................................... 28

1.3. O ENSAIO PRESSIOMÉTRICO MÉNARD ............................................................. 32

1.3.1. Procedimentos de calibração ........................................................................................ 35

1.3.2. Tratamento dos dados obtidos em campo................................................................... 36

1.3.3. Parâmetros obtidos por meio do ensaio pressiométrico ............................................ 38

1.3.4. Interpretação do ensaio pressiométrico por meio de métodos analíticos................. 43

1.3.5. Uso do ensaio pressiométrico em solos não saturados ............................................... 44

1.4. SOLOS TROPICAIS E NÃO SATURADOS ............................................................. 46

1.4.1. Curva Característica Solo Água CCSA ...................................................................... 46

1.4.2. Solo tropical da região de Goiânia............................................................................... 48

CAPÍTULO 2 METODOLOGIA ......................................................................................... 50

2.1. CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO EXPERIMENTAL ......................................... 51

2.1.1. Localização..................................................................................................................... 51

2.1.2. Geologia e pedologia ..................................................................................................... 52

2.1.3. Caracterização do perfil ............................................................................................... 53

2.2. ENSAIOS PRESSIOMÉTRICOS ............................................................................... 58

2.2.1. Descrição do equipamento............................................................................................ 59

2.2.2. Calibrações .................................................................................................................... 61

2.2.3. Realização dos furos ...................................................................................................... 63

2.2.4. Execução dos ensaios pressiométricos ......................................................................... 65


R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 24

2.2.5. Obtenção dos parâmetros de interesse ........................................................................ 67

2.3. REALIZAÇÃO DO POÇO DE INSPEÇÃO .............................................................. 71

2.4. DETERMINAÇÃO DAS CCSAs ................................................................................ 74

2.5. ENSAIOS TRIAXIAIS ................................................................................................. 77

CAPÍTULO 3 RESULTADOS E ANÁLISES ..................................................................... 80

3.1. CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA ...................................................................... 80

3.2. CURVAS CARACTERÍSTICAS ................................................................................ 81

3.3. ENSAIOS TRIAXIAIS CD .......................................................................................... 83

3.4. RESULTADOS DOS ENSAIOS PRESSIOMÉTRICOS .......................................... 92

3.4.1. Parâmetros obtidos em período chuvoso .................................................................... 95

3.4.2. Parâmetros obtidos em período seco e comparação .................................................. 98

3.5. RESULTADOS DOS ENSAIOS PRESSIOMÉTRICOS PELA METODOLOGIA


DE BRIAUD ................................................................................................................ 103

3.6. RESULTADOS DA FERRAMENTA ANALÍTICA COMPUTACIONAL .......... 110

3.7. COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS DOS ENSAIOS TRIAXIAS E OS


RESULTADOS PRESSIOMÉTRICOS .................................................................... 117

3.7.1. Comparação direta entre EM e Et50% ......................................................................... 118

3.7.2. Comparação entre módulos para o mesmo nível de tensão octaédrica .................. 120

3.7.3. Comparação entre módulos para o mesmo nível de deformação e de tensão


octaédrica ..................................................................................................................... 122

CAPÍTULO 4 ARTIGO: UTILIZAÇÃO DE ENSAIOS PRESSIOMÉTRICOS


MÉNARD PARA AVALIAÇÃO DE UM PERFIL DE SOLO TROPICAL .................. 128

CAPÍTULO 5 ARTIGO: EFEITO DA SUCÇÃO EM ENSAIOS PRESSIOMÉTRICOS


REALIZADOS EM SOLO TROPICAL ............................................................................ 145

CAPÍTULO 6 CONCLUSÕES ........................................................................................... 165

6.1. SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS ........................................................ 168

REFERÊNCIAS....................................................................................................................169

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 25

APÊNDICE A - CALIBRAÇÕES REALIZADAS PMT 1................................................176

APÊNDICE B - DADOS BRUTOS E CORRIGIDOS PMT 1...........................................179

APÊNDICE C - DETERMINAÇÃO DA PRESSÃO DE FLUÊNCIA OU DE


DEFORMAÇÃO PLÁSTICA PMT 1..................................................................................183

APÊNDICE D - DETERMINAÇÃO DO EM PMT 1..........................................................187

APÊNDICE E - DETERMINAÇÃO DA pL PMT 1............................................................194

APÊNDICE F - CURVAS PRESSIOMÉTRICAS DO PMT 1 PELA METODOLOGIA


DE BRIAUD (1992)...............................................................................................................199

APÊNDICE G - AJUSTE DO PMT 1 PELO MÉTODO ANALÍTICO


COMPUTACIONAL DE FONTAINE; CUNHA; CARVALHO
(2005)......................................................................................................................................205

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 26

CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO

Para a elaboração de projetos de engenharia geotécnica, especialmente no que se refere às


fundações, e para o atendimento das exigências de novas tecnologias construtivas de maneira
satisfatória, é necessário conhecer os parâmetros geotécnicos hidromecânicos que interferem
no comportamento das estruturas que se assentam sobre o solo. Assim, identificar e classificar
as diversas camadas do subsolo torna-se essencial.

Os parâmetros geotécnicos e as propriedades do solo podem ser determinados por meio de


ensaios de laboratório e de ensaios de campo, sendo muitas vezes necessário o emprego de
ambos. Os ensaios de laboratório requerem a retirada de amostras, o que nem sempre é possível
devido às dificuldades operacionais e também apresentam a desvantagem de demandarem mais
tempo para a sua execução.

Os ensaios de campo, por sua vez, conseguem incorporar todas, ou quase todas, as propriedades
naturais do solo (umidade, densidade, permeabilidade, etc.) e, por trabalharem em um maior
volume de solo conseguem reproduzir de maneira mais realística o solo que está sendo objeto
de estudo geotécnico, considerando fatores intrínsecos, como tensões confinantes, umidade
natural, saturação, densidade, sucção e fluxo d’água (CAVALCANTE, 1997; DIEMER, 2014).
Logo, a utilização dos ensaios de campo tem apresentado grande desenvolvimento, seja em
trabalhos de grande porte integrados, seja em solos de difícil amostragem e/ou em
procedimentos práticos de projeto, apesar de em campo ter-se menor controle sobre as
condições de contorno, o que pode dificultar a fase de interpretação.

Nesse contexto, destaca-se o pressiômetro (PMT) Ménard, que é internacionalmente


reconhecido como um dos melhores ensaios para determinação dos parâmetros de
tensão-deformação de solos por, apresentar uma base de interpretação teórica bem definida por
expansão de cavidade cilíndrica e por permitir com relativa velocidade e facilidade, a obtenção
dos parâmetros Pressão Limite (pL) e Módulo de Deformabilidade Ménard (EM), ambos
aplicáveis no cálculo da capacidade de carga e do recalque de fundações (ANGELIM; CUNHA;
SALES, 2016)

Porém, a experiência de uso do PMT foi desenvolvida, em sua maior parte, em países europeus,
que apresentam solos de clima temperado. No Brasil, onde há predominância de solos tropicais,
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 27

apenas recentemente os custos desse equipamento têm ficado mais acessíveis, de forma que
esses ensaios começam, esporadicamente, a serem utilizados pelo meio técnico, uma vez que o
uso deles tem sido frequentemente restrito à pesquisas do âmbito acadêmico e à obras especiais
de grande porte. A pouca experiência e falta de normalização geram dúvidas quanto aos
procedimentos e quanto à adequabilidade dos resultados ao solo tropical.

1.1. OBJETIVOS GERAIS

Esta pesquisa visa, com a execução de ensaios pressiométricos, com a realização de curvas
características solo-água (CCSA), com ensaios triaxiais, com comparação com outros ensaios
de campo e com realização de estimativa analítica computacional da coesão (c’) e do ângulo de
atrito (ϕ’) em solo tropical do Campo Experimental da EECA/UFG em Goiânia, contribuir, de
maneira racional, com uma base de dados considerável de resultados desse ensaio no referido
solo. A criação dessa base de dados permitirá a obtenção de parâmetros característicos de solos
tropicais e a comparação sistemática dos resultados do ensaio pressiométrico com outros
ensaios de campo e de laboratório que são normalmente empregados no Brasil.

1.1.1. Objetivos específicos

 Determinar parâmetros diretos do ensaio PMT como pL e EM pelas curvas pressiométricas,


bem como demais parâmetros auxiliares;

 Analisar os resultados de ensaios PMT realizados em diferentes estações: seca e chuvosa,


levando em conta o efeito da sucção e da distribuição de poros do solo.

 Determinar indiretamente c’ e ϕ’ do solo utilizando o método analítico computacional


apresentado por Fontaine; Cunha; Carvalho (2005);

 Comparar os valores de pL e EM com outros valores obtidos em solos tropicais no Brasil;

 Comparar valores de EM (obtidos via PMT) com valores de Módulo de Young (EY) (obtidos
via laboratório) e avaliar a possibilidade de estabelecer correlação ou ajuste aceitável.

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 28

1.2. DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO E UTILIZAÇÃO DO


PRESSIÔMETRO MÉNARD

Em 1955, o engenheiro francês Jean-Louis Ménard desenvolveu o equipamento que foi por ele
nomeado como pressiômetro. Esse equipamento, cuja forma era cilíndrica, foi projetado para
aplicar uma pressão uniforme nas paredes de um furo de sondagem através de uma membrana
flexível, promovendo a consequente expansão de uma cavidade cilíndrica, composta por três
células independentes, sendo duas delas células de guarda que protegiam a célula central do
efeito de ponta na massa de solo (GAMBIN, 1995).

Ménard (1967) demonstrou, ao realizar diversos ensaios e correlações empíricas entre o


desempenho de fundações e os resultados obtidos, que seu equipamento era capaz de balizar o
projeto e prever o comportamento de praticamente qualquer tipo de fundação. Posteriormente,
utilizando a possibilidade de medir propriedades de tensão-deformação do solo por meio do
ensaio pressiométrico, outros pesquisadores foram gradualmente substituindo as bases
empíricas do ensaio por análises teóricas baseadas, sobretudo, na teoria da expansão de
cavidade (e.g. Vésic, 1972; Palmer, 1972; Hughes; Wroth; Windle, 1977; Baguelin; Jézéquel;
Shields, 1978; Carter; Booker; Yeung, 1986; Yu e Houlsby, 1991 e 1995; Cunha, 1994 e 1996;
Mántaras e Schnaid, 2002; Schnaid e Mántaras, 2003; Fontaine; Cunha; Carvalho, 2005).

Os estudos realizados posteriormente permitiram o desenvolvimento de novos tipos de


pressiômetros (autoperfurante e cravado), com o objetivo de minimizar as incertezas
decorrentes da instalação da sonda e de obter medições mais confiáveis de pressão e
deformação, além de possibilitar a realização do ensaio pressiométrico em solos duros e rochas
frágeis e, depois, estender o uso para solos cimentados, colapsíveis, expansíveis e não saturados.
Neste trabalho será dado destaque ao pressiômetro de pré-furo Ménard, tendo em vista que esse
foi o equipamento utilizado nesta pesquisa.

1.2.1. Experiência brasileira

Percebe-se que o ensaio pressiométrico Ménard vem sendo estudado cientificamente desde sua
criação e que tem uma grande importância para comunidade internacional no que se refere aos
ensaios de campo. Porém, no Brasil, o ensaio ainda não é utilizado em grande escala e, diante

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 29

disso, as universidades brasileiras têm sido as responsáveis pela difusão do ensaio


pressiométrico Ménard no meio técnico.

O ensaio pressiométrico Ménard é o tipo de ensaio pressiométrico mais realizado no Brasil e


está presente em diversos trabalhos científicos. A seguir, são apresentadas algumas das
pesquisas realizadas por universidades brasileiras que contribuem com o desenvolvimento de
estudos sobre o ensaio pressiométrico em solos nacionais.

Trabalhos pioneiros foram realizados na PUC-Rio (Brandt, 1978; Toledo Filho, 1986 e
Oliveira, 1990) com a aplicação do PMT para o estudo de solos residuais de gnaisse para
aplicação em projetos de fundações. Árabe (1995) realizou ensaios pressiométricos
auto-perfurantes em solos residuais estruturados coesivos-friccionais também no Campus da
PUC-Rio.

Na Universidade Federal de Brasília, durante um programa de investigação geotécnico para o


metrô em 1992, foram realizados ensaios pressiométricos tipo Ménard que marcaram o início
das pesquisas nesta área e que geraram, até hoje, inúmeros trabalhos científicos e
dissertações/teses de mestrado e doutorado. A Universidade Federal da Paraíba,
especificamente no campus de Campina Grande, também se destaca na área e tem contribuído
com pesquisas em argilas e areias naturais desde o ano de 1997, com o trabalho de Cavalcante
(1997).

Brandt (1978) destacou a criação de uma versão do pressiômetro Ménard na PUC-Rio e sugeriu
um método gráfico simplificado para a obtenção da tensão horizontal em repouso por meio de
ensaios pressiométricos.

Bosch (1996) colaborou com a experiência brasileira por meio do trabalho desenvolvido para
avaliar parâmetros geotécnicos em solos coesivos-friccionais, através de métodos teóricos.
Estes métodos foram baseados na teoria de expansão de cavidade, mediante simulação teórica
da curva pressiométrica experimental. O autor realizou ensaios pressiométricos Ménard em
solos decompostos de granito na região de Porto Alegre e concluiu que o PMT consiste em uma
ferramenta adequada para a obtenção de parâmetros e de propriedades desse tipo de solo.

Cavalcante (1997) realizou 51 ensaios em um depósito de argila mole na cidade de Recife e


comparou os resultados pressiométricos com resultados de ensaios de campo e de laboratório
anteriormente realizados no local. Os resultados obtidos demonstraram boa performance e
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 30

tempo de resposta do ensaio pressiométrico na avaliação de parâmetros de resistência de solo


argiloso saturado. Os resultados de PMT se mostraram coerentes com os outros ensaios de
campo, por exemplo, o piezocone, concordando na identificação do perfil de solo e na
determinação de parâmetros de resistência, tal como a resistência ao cisalhamento não drenada
(Su). Além disso, foram obtidas correlações significativas entre parâmetros pressiométricos e
penetrométricos.

Kratz de Oliveira (1999) propôs a identificação de solos colapsíveis a partir de ensaios


pressiométricos duplos. A metodologia consiste na realização de um ensaio na condição natural
e de outro com o furo inundado, de maneira semelhante ao que ocorre no ensaio oedométrico
duplo. Assim como no ensaio oedométrico duplo, é preciso utilizar um ajuste de raios iniciais
para determinar a magnitude do colapso pressiométrico.

Araújo (2001) estudou a utilização do ensaio pressiométrico Ménard para a estimativa da


capacidade de carga e recalque em solo residual de gnaisse do campo experimental da
Universidade Federal de Viçosa. O pesquisador comparou os resultados obtidos com métodos
de cálculo de fundações e recalques, além de ter realizado um estudo comparativo entre os
parâmetros geotécnicos obtidos por meio de diferentes ensaios de campo. Por fim, constatou-se
a efetividade do ensaio pressiométrico Ménard em determinar as características de
deformabilidade e de resistência do solo residual gnáissico estudado e que o Método de Ménard
se mostrou satisfatório para sapata analisada para tensões até 600 kPa.

Giachetti (2001) abordou os ensaios de campo na investigação de solos tropicais. O autor


observou que, quando os ensaios laboratoriais falham em retratar algumas das características
do maciço, o ensaio pressiométrico Ménard se mostra uma técnica de campo apropriada para
análise devido ao seu desenvolvimento teórico e à grande área de análise do solo.

Em outro trabalho da Universidade Federal de Viçosa, Custódio (2003) comparou parâmetros


geotécnicos obtidos em ensaios de laboratório e de campo realizados em Viçosa-MG (solo
residual de ganisse) e em Serra - ES (solo residual de rocha sedimentar), contribuindo para o
estudo de correlações geotécnicas entre ensaios. A principal conclusão desse trabalho é de que
as correlações apresentadas na literatura internacional, geralmente, não se aplicam aos solos
tropicais devido às diferenças entre os solos presentes em climas temperados e os solos
tropicais. Os modelos e valores apresentados por pesquisadores europeus não se adequaram aos
resultados obtidos por meio dos diversos ensaios realizados.

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 31

Mota (2003) realizou uma série de ensaios de campo avançados (CPT, DMT, PMT, SPT-T e
DPL) em argila porosa não saturada de Brasília, buscando soluções para projeto de obras de
médio e grande porte no local. A autora obteve bons resultados de ângulo de atrito e de previsão
de recalque determinados por meio do ensaio pressiométrico Menárd. Além disso, Mota (2003)
sugeriu pesquisas numéricas sobre a curva pressiométrica de forma a ser possível simular
comportamento de fundações profundas computacionalmente.

Fontaine (2004) estudou a aplicabilidade do pressiômetro Ménard e dos Ensaios de Penetração


de Cone Elétrico (CPT) em solo do interior de São Paulo e utilizou esses ensaios para
determinação de propriedades geotécnicas, de classificações geotécnicas e da carga de ruptura
de estacas. Para isso, o pesquisador utilizou relações consagradas internacionalmente para
determinação de carga de ruptura por meio do PMT e concluiu a necessidade de adequação
dessas relações para solos tropicais, visto que as estimativas pressiométricas foram em grande
maioria inferiores aos resultados de provas de carga realizadas.

Na Universidade Federal de Pernambuco, Dourado (2005) estudou a utilização do pressiômetro


Ménard na identificação e na previsão de recalques em solo colapsível. As curvas
pressiométricas foram utilizadas para avaliar o efeito do umedecimento no solo colapsível de
forma a criar critérios para identificação e para a classificação de colapsos e de previsão de
recalques. Os resultados obtidos demonstraram a possibilidade de identificação da
colapsibilidade do solo, porém a autora verificou a subestimação dos recalques de colapso em
60% pelo método utilizado.

Oliveira (2010) realizou ensaios pressiométricos Ménard em maciços compactados da


barragem UHE Batalha para avaliação de módulos elásticos. Os resultados de ensaios de
laboratório foram comparados com vinte e quatro ensaios pressiométricos, realizados segundo
a metodologia das normas francesas. O autor concluiu que o ensaio pressiométrico Ménard é
uma ferramenta de grande utilidade para determinação de módulos de elasticidade em aterros.

Angelim (2011) estudou o desempenho do ensaio pressiométrico em aterros compactados de


barragens de terra com o objetivo de estimar parâmetros geotécnicos. Após uma extensa
campanha de ensaios de laboratório e de campo, verificou- a aplicabilidade do ensaio
pressiométrico na determinação do módulo de deformabilidade do aterro estudado. Foi
observado que os módulos de deformabilidade obtidos por meio do pressiômetro Ménard
apresentaram baixa variação e que não foi possível obter correlações satisfatórias entre o

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 32

módulo pressiométrico e o módulo de Young obtido via laboratório. Também foi proposta uma
metodologia para determinação de K0 a partir do ensaio pressiométrico Ménard.

Lima (2014) avaliou a estabilidade de taludes em áreas de risco de movimento de massa


utilizando o ensaio pressiométrico Ménard. A pesquisa teve como base mapas de classificação
de risco aos movimentos de massa e, com os parâmetros obtidos nos ensaios pressiométricos,
foi possível simular pontos de instabilidade dos taludes.

Imamura (2017) avaliou os métodos tradicionais de avaliação de capacidade de carga de


diferentes tipos de estacas com o ensaio pressiométrico em um solo tropical do campo
experimental da Faculdade de Engenharia Agrícola - FEAGRI, Universidade Estadual de
Campinas - UNICAMP. Os resultados obtidos demonstraram que é possível aplicar métodos
de cálculo de fundações baseados em ensaios pressiométricos em solos tropicais, desde que se
façam ajustes e correções nos parâmetros de entrada, a fim de se considerar o método executivo
de cada estaca e as particularidades de resistência desse tipo de solo.

1.3. O ENSAIO PRESSIOMÉTRICO MÉNARD

O Pressiômetro Ménard, representado na Figura 1.1, é composto por três partes: uma sonda,
uma unidade controladora de pressão e volume (CPV) e uma tubulação coaxial. A sonda é
composta por três células: uma célula central, protegida por duas células de guarda, uma
superior e outra inferior. As células de guarda são infladas com gás para garantir que a célula
central se expanda de maneira radial.

A célula central é preenchida com água para que se avalie sua variação de volume e,
consequentemente, sua deformação. A tubulação coaxial liga a CPV à sonda e permite o fluxo
de gás e água entre ambas. Para a expansão da sonda pressiométrica, são aplicados incrementos
de pressão de uma mesma magnitude. Conforme são realizados os incrementos, registram-se as
leituras do nível do volumímetro aos 15, 30 e 60 segundos. O ensaio é finalizado quando a
deformação máxima da sonda é alcançada (volume da CPV é esgotado). O resultado é uma
curva que relaciona o volume injetado ao final dos 60 s em função da pressão aplicada.

O resultado de uma curva pressiométrica típica do ensaio Ménard é apresentada na Figura 1.2,
em que é possível verificar várias fases do ensaio. O trecho AO corresponde ao início do ensaio,
em que a sonda é expandida livremente até começar a pressionar as paredes da cavidade,

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 33

reestabelecendo as condições de repouso do solo. O trecho linear AB corresponde ao intervalo


de comportamento linear do solo, conhecido como fase pseudo-elástica. Esse trecho AB é
utilizado para determinação do módulo pressiométrico Ménard EM. A partir do ponto B, inicia-
se a fase plástica do solo, momento em que este começa a se deformar consideravelmente, o
que faz com que a curva se comporte assintoticamente para a vertical e, nesse trecho final,
define-se a pressão limite pL.

Figura 1.1 – Representação esquemática do PMT tipo Ménard (adaptado de SCHNAID e ODEBRECHT, 2012)

Figura 1.2 – Curva típica de um ensaio pressiométrico Ménard (SANDRONI e BRANDT, 1983)

Por vezes, aplicam-se ciclos de descarga e recarga no ensaio para determinação de propriedades
do solo devido à não influência do amolgamento no descarregamento. Para este trabalho, não
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 34

foi realizado esse procedimento, pois o trecho pseudoelástico, principalmente dos ensaios
realizados em período chuvoso, apresentou poucos pontos.

Apenas ensaios pressiométricos realizados com boa qualidade apresentam nitidamente as fases
descritas na Figura 1.2. A realização do furo é o fator mais importante para que se consiga
atingir bons resultados. Deve-se realizar o furo de modo a causar a menor perturbação possível
no solo, para tanto, os equipamentos e métodos de perfuração devem variar de acordo com o
tipo de solo ensaiado e o ensaio deverá ser realizado logo após a execução do furo (BRIAUD,
1992).

Briaud e Gambin (1984) indicam que o furo deverá satisfazer a seguinte condição:
1,03 DSONDA < DFURO < 1,20 DSONDA. A Figura 1.3 mostra exemplos de curvas pressiométricas
em função da qualidade do furo realizado para o ensaio pressiométrico Ménard. A norma norte
americana D-4719 (ASTM, 2000) indica uma relação entre o diâmetro do furo e o diâmetro da
sonda de no máximo 1,20, enquanto a norma francesa NF P 94-110-1 (AFNOR, 2000 ) e a
europeia EN 22476-4 (ISO, 2009 ) apontam um limite de 1,15.

Figura 1.3 – Curvas pressiométricas em função da qualidade do furo (adaptado de ASTM, 2000)

O ensaio pressiométrico Ménard possibilita a obtenção de parâmetros de deformabilidade do


solo, como o módulo pressiométrico, e de ruptura, como a pressão limite Além desses, outros
parâmetros, como o módulo de descarga e de recarga (módulo cisalhante – G), a pressão inicial
da cavidade (p0), que se relaciona com tensão horizontal in situ (σho), a pressão de fluência (pf),
a resistência ao cisalhamento não drenada (Su), o ϕ e a dilatância das areias (ψ) também podem
ser obtidos por meio de ensaios pressiométricos Ménard.

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 35

1.3.1. Procedimentos de calibração

Para qualquer tipo de pressiômetro, a calibração é uma operação essencial para que se possa
obter a correta curva pressão-volume do ensaio. Esse procedimento é recomendado pelas
normas e por diversos trabalhos publicados (Baguelin, Jézéquel e Shields, 1978; Mair e Wood,
1987; Clarke, 1995; ASTM D-4719, 2000; NF P94-110-1, 2000; EN ISO 22476-4, 2009;
Schnaid, 2009). Sem a calibração, a pressão e o volume de referência, que correspondem ao
momento em que a sonda inicia sua expansão, não podem ser definidos com precisão. Portanto,
o equipamento deve ser calibrado periodicamente e a cada programa de ensaio para que se possa
compensar os efeitos das perdas de pressão e de volume (CLARKE, 1995).

Para que o ensaio pressiométrico apresente qualidade em seus resultados, a calibração do


equipamento deve contemplar:

 Sistemas de medição (manômetros);

 Variações no sistema – calibração por perda de volume (tubulações);

 Resistência da sonda – calibração por perda de pressão (membranas).

A calibração para verificar as variações no sistema é realizada com a pressurização da sonda no


interior de um tubo de aço rígido e espesso com o diâmetro interno ligeiramente superior ao da
sonda (WINTER, 1982). A APAGEO (2005) recomenda tubo de aço com, aproximadamente,
1,05 metros de comprimento e diâmetros interno-externo de 65-85 mm.

A pressurização é realizada em incrementos, que são mantidos constantes durante 1 minuto, e


o deslocamento é monitorado com o objetivo de traçar uma curva pressão-deslocamento,
chamada de curva de expansão. Uma curva desse tipo, obtida para o pressiômetro Ménard, é
demonstrada na Figura 1.4. Nessa curva, é possível verificar dois trechos com diferentes
inclinações. No primeiro momento, a sonda se expande até encostar-se nas paredes do tubo
rígido, posteriormente chega-se à declividade do segundo trecho, que corresponde ao
coeficiente de expansão da tubulação e do aparelho (a) (SCHNAID e ODEBRECHT, 2012).

A resistência da sonda gera uma perda de pressão, visto que é necessário fornecer determinada
pressão para inflar a sonda e superar a resistência da membrana de borracha. Para verificar esse
efeito, realiza-se um ensaio de expansão ao ar livre (inflando a sonda através de, pelo menos,
seis estágios de pressão até que seja atingido o volume máximo da sonda) com a sonda na

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 36

posição vertical, fazendo coincidir a cota do centro da célula de medição com o manômetro de
pressão. A curva pressão-deformação resultante, chamada de curva de calibração da membrana,
ilustrada na Figura 1.5, é traçada e, a partir dela, pode-se obter a correção da pressão decorrente
da resistência própria da membrana para cada volume injetado.

Figura 1.4 – Curva de expansão obtida na calibração Figura 1.5 – Curva de calibração da membrana
em tubo rígido (SCHNAID e ODEBRECHT, 2012) (SCHNAID e ODEBRECHT, 2012)

arctg (a)

V (cm³)
V (cm³)

a = 0,0028cm³/kPa

p (kN/m²) p (kN/m²)

1.3.2. Tratamento dos dados obtidos em campo

Os dados de pressão e de volume obtidos em campo devem ser corrigidos antes de os ensaios
serem interpretados. Portanto, para obtenção de parâmetros geotécnicos representativos do
comportamento do solo utilizando os resultados de ensaios pressiométricos, é necessário,
primeiramente, executar as correções das leituras realizadas para a pressão hidráulica (ph), para
a pressão de resistência da membrana (perda de pressão da sonda) e para a perda de volume
devido à dilatação da tubulação durante a pressurização (AFNOR, 2000).

1.3.2.1. Correção das leituras de campo

A pressão no maciço do solo é igual à pressão lida na unidade de leitura CPV (pr) somada à
pressão hidráulica (ph) entre a elevação do centro do CPV (zc) e o centro da sonda pressiométrica
(zs) e subtraída a pressão de resistência das membranas (pel).

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 37

A correção da interferência da pressão hidráulica está relacionada à coluna de água acima do


ponto no qual o ensaio está sendo realizado, levando em consideração que a tubulação e a célula
central estão cheias de água. Considera-se a coluna d’água e a elevação entre o centro do CPV
e o centro da sonda.

A pressão hidráulica que deve ser somada à pressão lida em campo é dada conforme a Equação
1.1:

ph =  w ( z c - z s ) (1.1)

onde γw é o peso específico da água, zc é a cota do centro do CPV e zs é a cota do eixo da sonda
durante a realização do ensaio.

1.3.2.2. Correção da curva pressiométrica

A correção para a perda de pressão da membrana da sonda consiste em, utilizando a curva de
calibração da membrana, desconsiderar a parcela de pressão medida que corresponde ao
necessário unicamente para o inflamento da membrana da sonda.

Dessa forma, os valores de pressão obtidos em campo devem ser corrigidos de acordo com a
Equação 1.2. Para cada incremento de volume, tem-se um valor de pressão que corresponde à
resistência da membrana, valor esse que deve ser descontado da pressão lida no ensaio.

p = p r + p h − pel (Vr ) (1.2)

onde pr é a pressão lida no CPV, ph é a pressão hidrostática entre o CPV e a célula central de
medição; pel é a pressão de resistência específica da membrana e revestimento da célula central;
e Vr é o volume lido no CPV.

A correção para a perda de volume na tubulação é feita, uma vez que, para cada valor de volume
Vr, deve-se eliminar a expansão adicional da tubulação e do equipamento, os quais também são
medidos pelo CPV.

Assim, os valores de volume obtidos em campo devem ser corrigidos de acordo com a Equação
1.3.

V = Vr − (a  pr ) (1.3)

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 38

onde V é o volume corrigido de água injetado na célula central; e a é o coeficiente de dilatação


da tubulação de ensaio, calculado na curva de calibração de volume.

A Figura 1.6 apresenta uma curva sem tratamento (bruta) e outra após a correção (corrigida),
por meio da curva corrigida, pode-se calcular os parâmetros de resistência e de deformabilidade
de interesse.

Figura 1.6 – Curva pressiométrica bruta e corrigida do ensaio (furo: PMT 1 – profundidade: 0,5 m)

800

700
Volume - 60s (cm³)

600

500

400

300
Curva pressiométrica bruta
200
Curva pressiométrica corrigida
100

0
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45 0,50 0,55
Pressão (MPa)

1.3.3. Parâmetros obtidos por meio do ensaio pressiométrico

Os dois principais parâmetros geralmente buscados ao se usar o pressiômetro são o módulo


pressiométrico e a pressão limite, pois tais parâmetros permitem o dimensionamento de
fundações. Além dos dois parâmetros supracitados, neste trabalho também foram determinadas
a tensão horizontal no repouso, a pressão de fluência (também utilizada no dimensionamento
de fundações) e o módulo cisalhante que se relaciona com o módulo pressiométrico.

1.3.3.1. Módulo pressiométrico

O módulo pressiométrico é determinado a partir da curva pressiométrica corrigida. De início, é


definido o trecho da curva pressiométrica referente à fase elástica utilizando o método da norma
francesa NF P 94-110-1 (AFNOR, 2000). Depois, seguindo as recomendações da norma, são
verificados os coeficientes angulares de cada segmento da curva pressiométrica utilizando a
Equação 1.4.

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 39

Vi − Vi −1
mi = (1.4)
pi − pi −1

onde pi e Vi são as coordenadas do final do seguimento.

Utilizando o menor valor de “mi” (me), que tem as coordenadas iniciais (pE, VE) e as coordenadas
finais (p’E, V’E), obtém-se o valor de 𝛽, conforme a Equação 1.5. O trecho da curva
pressiométrica usado para determinação do modulo pressiométrico é obtido considerando todos
os segmentos que apresentam gradiente menor ou igual ao produto de 𝛽 e me.

1 p` + p 2
 = 1+  E E + (1.5)
100 p`E − p E V `E −VE

onde 𝛿 é a variação do volume injetado e representa a confiabilidade do resultado obtido,


recomenda-se valor inicial de 3 cm³.

Por convenção, segundo a norma NF P-94-110-1 (AFNOR, 2000), as coordenadas do trecho


elástico do módulo pressiométrico são conhecidas como (p1, V1) no início e (p2, V2) no final e
são utilizadas para cálculo do módulo pressiométrico de Ménard com o auxílio da Equação 1.6.

 (V + V2 )  p 2 − p1
E M = 2(1 +  )  Vs + 1  V −V (1.6)
 2  2 1

onde V1 é volume inicial do trecho elástico, V2 é o volume final do trecho elástico, Vs é o volume
inicial da célula central, p1 é a pressão inicial do trecho elástico, p2 é a pressão final do trecho
elástico e  é o coeficiente de Poisson, admitido como 0,33 para todos os tipos de solos pela
norma francesa. O módulo EM é expresso em MPa.

1.3.3.2. Pressão limite

A pressão limite pL é admitida, por convenção, como a pressão correspondente ao dobro do


volume inicial do trecho reto somado ao volume inicial da sonda pressiométrica, dada pela
Equação 1.7 (ALZUBAIDI, 2014).

VL = Vs + 2V1 (1.7)

onde VL é o volume correspondente à pressão limite.

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 40

Quando for possível, a pressão limite será determinada pela associação do resultado da Equação
2.7 com um valor de pressão na curva pressiométrica corrigida. Porém, se o volume da célula
central se tornar maior que Vs + 2VL, então a pressão será obtida por meio de dois métodos de
interpolação linear e considerando o menor valor encontrado (AFNOR, 2000).

 Método da curva inversa

Esse método consiste em transformar o par (p, V) em (p, 1/V) e aplicar regressão linear para
todos os valores acima de p2, inclusive p2. Essa extrapolação é obtida pela transformação da
Equação 1.8.

Y = A P + B (1.8)

com:

Y = V −1 (1.9)

onde A e B são coeficiente obtidos da equação linear que melhor se adapta à curva (p, 1/V), no
trecho após (p2, V2), incluído esses pontos. O valor da pressão limite será dado pela Equação
1.10.

−B 1
plin = + (1.10)
A A(Vs + 2VL )

 Método de ajuste hiperbólico

Nesse método, a extrapolação é obtida com todas as leituras, tal que p > pE (coordenada do
início do segmento “me”), através da transformação da Equação 1.11.

Y =C X −D (1.11)

com:

V 2 − Ve
2

X= (1.12)
p − pe

pV 2 − p EVE
2

Y= (1.13)
p − pE

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 41

onde C e D são coeficientes obtidos através da equação da reta que melhor se adapta ao gráfico
formado pelos diversos valores de X e Y obtidos para todas as leituras, tal que p > pE.

A pressão limite é obtida para VL = VS + 2V1 por meio da Equação 1.14.

p E (VE + D) + C (VL − VE )
2 2 2

plh = (1.14)
Vl + D
2

A pressão limite é dada pelo menor valor entre plin e plh, obtidos na Equação (1.10) e na Equação
(1.14).

plin − Plh
Caso a inequação  2 não seja atendida, o ensaio não permite a obtenção da pressão
plh
limite e, portanto, o valor da pressão limite será dado como pL > p, com p sendo o último valor
da curva corrigida.

1.3.3.3. Pressão de fluência

A pressão de fluência pf está relacionada à tensão de escoamento do solo, ou seja, a tensão a


partir da qual o comportamento do solo passa do regime linear-elástico para o regime plástico.
Tal pressão é obtida pela análise do gráfico do diagrama pressão versus variação do volume
injetado entre 30 e 60 segundos (p, ΔV60/30). O valor de pf, sempre igual ou maior a p2, pode ser
aceito como a abscissa da intersecção de duas linhas retas escolhidas para representar o trecho
elástico e o plástico, respectivamente, no gráfico p versus ΔV60/30, como mostra a Figura 1.7.

Figura 1.7 – Curva de fluência (AFNOR, 2000)

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 42

1.3.3.4. Módulo cisalhante

Assim como o módulo pressiométrico, o módulo cisalhante é determinado no trecho pseudo-


elástico da curva pressiométrica. Na curva pressiométrica tradicional (p, V) G é calculado
utilizando a Equação 1.15.

dp
G =V (1.15)
dV

O módulo G também pode ser relacionado com EM utilizando a teoria da elasticidade com a
expressão da Equação 1.16.

EM
G= (1.16)
2.(1 +  )

Ao se escrever a curva pressiométrica em termos de pressão (p) e deformação radial da cavidade


( ɵɵ ou  c) , conforme peconizado pela metodologia apresentada por Briaud (1992) o módulo
cisalhante pode ser obtido pela Equação 1.17.

dp
G = 0,5. (1.17)
d c

1.3.3.5. Tensão horizontal em repouso

A tensão horizontal é encontrada na parte inicial da curva pressiométrica (próximo ao ponto A


da Figura 1.2). A determinação desse parâmetro é mais difícil quão maior é o nível de
perturbação na realização do ensaio.

Existem alguns métodos para a determinação desse parâmetro, como os propostos por Baguelin;
Jézéquel; Shields, 1978, Brandt (1978) e por Briaud (1992). Nesse trabalho foi utilizado o
método proposto por Briaud (1992) e adotado pela norma norte-americana D-4719 (ASTM,
2000). Este método consiste em escrever a curva pressiométrica em função da pressão e da
deformação do raio da cavidade em relação ao raio inicial da cavidade e identificar o ponto de
raio de máxima curvatura de onde partirá uma reta horizontal, que se encontrará com um
prolongamento da reta do trecho pseudoelástico e determinará σho no eixo das pressões e a
deformação radial correspondente ao raio inicial da cavidade ((Δr/r0)c) no eixo da deformação
radial. O processo é ilustrado na Figura 1.8.

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 43

Figura 1.8 – Determinação de σho pelo método de Briaud (1992) (Angelim, 2011)

pL

EM
E2R
ER

1.3.4. Interpretação do ensaio pressiométrico por meio de métodos


analíticos

Diversos problemas geotécnicos podem ser interpretados e estudados de modo analítico


utilizando a teoria da expansão de cavidade. Com destaque para o estudo de comportamento de
fundações e para a interpretação de ensaios de campo como o CPT e o PMT.

A interpretação dos dados de ensaios pressiométricos, visando à determinação de parâmetros


geotécnicos, pode ser feita de maneira tradicional, como descrito por Baguelin; Jézéquel;
Shields, 1978 ou racional, utilizando soluções analíticas associadas à teoria da expansão da
cavidade (e.g. Carter; Booker; Yeung 1986; Yu e Houlsby, 1991 e 1995; Cunha, 1994 e 1996;
Ortigão; Cunha; Alves, 1996; Bosch; Mántaras; Schnaid, 1997; Cunha e Campanella, 1998; e
Fontaine; Cunha; Carvalho, 2005).

A maioria desses métodos, baseados em soluções analíticas, utiliza a técnica de ajuste de curva,
na qual a curva experimental, obtida por meio de ensaio de campo, é comparada com o resultado
de uma curva teórica gerada analiticamente por uma simulação computacional, que aplica uma
das teorias da expansão de cavidade cilíndrica (CUNHA, 1996).

Os parâmetros que levam à construção da curva teórica são escolhidos pelo usuário de acordo
com a qualidade do ajuste. A interdependência dos parâmetros envolvidos (c, ϕ, σho e G) reduz
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 44

a possibilidade de erros grosseiros, pois o uso de valores não realistas diminui a possibilidade
de se encontrar um ajuste adequado. Por outro lado, mais de um conjunto de valores pode
fornecer ajuste satisfatório, de forma que é necessário bom senso e utilização de parâmetros de
ensaios de laboratórios para calibrar os resultados de campo (VECCHI et al., 2000).

Neste trabalho, foi utilizado o modelo elasto-plástico apresentado por Fontaine; Cunha;
Carvalho (2005) a partir de Cunha (1996) para a interpretação de ensaios pressiométricos em
solos friccionais. Esse modelo incorpora também duas variáveis que compreendem a sucção
mátrica do solo (ua – uw) e o ângulo de atrito dependente da sucção mátrica (ϕb). Dessa maneira,
contemplam-se as duas parcelas de coesão (c) para solos não saturados, a parcela relativa à
coesão efetiva, c’, dada pela cimentação em conjunto com as forças de atração dos
argilo- minerais do solo, e a parcela de coesão aparente, tgϕb(ua – uw), fornecida pela sucção
matricial do solo. A soma dessas duas parcelas de coesão é denominada coesão total (ctotal).

As sucções para utilização do modelo foram obtidas a partir das curvas características e pelo
WP4C. O coeficiente de Poisson, adotado para todos os casos como 0,3, pouco influência nos
resultados e, devido à característica laterítica do solo em estudo, adotou-se a dilatância (ψ) como
sendo nula, assim como feito por Mántaras (1995), Mota (2003) e Fontaine; Cunha; Carvalho
(2005).

1.3.5. Uso do ensaio pressiométrico em solos não saturados

Na interpretação de testes in situ em países com solos tropicais e não saturados, é necessário
levar em consideração o papel da sucção matricial e o seu efeito sobre o comportamento do
solo, pois a sucção confere um comportamento distinto ao solo. Uma importante contribuição
para a análise de solos não saturados tem sido a extensão dos conceitos de estado crítico
elástico-plástico para solos não saturados (DOURADO, 2005; SCHNAID, 2009).

A técnica com pré-furo é uma opção viável para realização do ensaio em solos não saturados,
apesar de suas limitações, uma vez que o uso do fluido de lavagem ou do ar comprimido,
utilizado nos outros tipos de ensaios pressiométricos, produzem mudanças na poropressão de
água ou poropressão de ar, o que afeta a sucção do solo in situ (ua - uw) na vizinhança da sonda
pressiométrica (GIACHETI, 2001).

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 45

Um dos primeiros ensaios pressiométricos em solo não saturado no Brasil foi realizado por
BRANDT (1978) no campo experimental da PUC-Rio. A partir de então, vários trabalhos foram
realizados nesse sentido, com destaque para os trabalhos realizados pela Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (UFRGS) (e.g. Schnaid e Rocha Filho, 1994; Schnaid; Consoli; Mántaras,
1995; Mántaras, 1995; Bosch, 1996; Kratz de Oliveira, 1999; Schnaid e Mántaras, 2004) e para
os trabalhos realizados pela Universidade de Brasília (UnB) (e.g. Ortigão; Cunha; Alves, 1996;
Cunha et al., 2000; Vecchi et al., 2000 e Mota, 2003).

Diversas publicações (e.g. Schnaid e Rocha Filho, 1994; Silva, 1997; Kratz de Oliveira, 1999
e 2002) apontam para a necessidade de determinação prévia in situ da sucção matricial para
uma interpretação racional do ensaio pressiométrico. A existência da sucção tende a aumentar
a resistência e a rigidez do solo. Portanto, neste estudo, mediu-se a umidade referente à cota de
cada ensaio realizado, verificou-se a sucção total dessas amostras com o WP4C e
determinaram-se curvas características matriciais aproximadas de cada profundidade estudada
do solo do Campo Experimental da EECA/UFG utilizando ensaios em TempCell e em WP4C.

A Figura 1.9 demonstra resultados comuns em um ensaio realizado em solo não saturado.
Percebe-se que, em comparação ao ensaio em solo saturado, houve redução acentuada na
resposta de rigidez inicial do pressiômetro e na pressão limite da cavidade.

Figura 1.9 – Ensaio típico em solo não saturado, incluindo medição de sucção (SCHNAID; LEHANE; FAHEY,
2004)

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 46

Foram desenvolvidas poucas soluções analíticas para a interpretação de ensaios pressiométricos


que consideram tanto os efeitos do ângulo de atrito interno quanto o do intercepto de coesão
(Carter; Booker; Yeung, 1986; Yu e Houlsby, 1991 e 1995; Cunha, 1996; Mantaras e Schnaid,
2002; Schnaid e Mantaras, 2003; Fontaine; Cunha; Carvalho, 2005). Esses métodos conseguem
representar a natureza coesivo-friccional dos solos, de maneira que podem ser utilizados para o
estudo de solos não saturados e tropicais.

1.4. SOLOS TROPICAIS E NÃO SATURADOS

Os solos tropicais são de difícil estudo geotécnico no seu estado natural, sobretudo por
encontrarem-se, geralmente, não saturados, ou seja, sujeitos à poro-pressões negativas, as quais
resultam em variações no intercepto coesivo em razão das variações de saturação e por
apresentarem cimentação natural ocasionada por óxidos de alumínio e de ferro, que se arranjam
de maneira particular no solo devido ao efeito da pedogênese (FREDLUND; RAHARDJO;
FREDLUND, 2012).

Os óxidos de ferro e de alumínio agregam as partículas do solo tropical de maneira a formar


uma macroestrutura, cujo grau de desenvolvimento depende da intensidade da ação
pedogenética. Dessa forma, os solos lateríticos apresentam poros de dimensões variáveis
(microporos e macroporos) que resultam em índices de vazios altos.

A não saturação, por sua vez, faz com que o solo apresente sucção. As mudanças de sucção no
solo ocorrem devido às mudanças de pressão de água e de ar no interior do maciço de solo e
são muito influenciadas pelas mudanças ambientais e climáticas na superfície.

A relação entre a sucção e o grau de saturação (S) do solo, ou a sucção e o teor de umidade (w),
é de suma importância para o entendimento dos solos não saturados. O gráfico resultante dessa
relação é denominado curva característica solo água.

1.4.1. Curva Característica Solo Água CCSA

Projetos que tratem do comportamento geotécnico de solos não saturados necessitam da relação
entre umidade e sucção fornecida pela CCSA, de forma que já foram propostas, na literatura,
inúmeras maneiras de se determinar essa relação, utilizando ensaios de campo e de laboratório
(e.g. Tensiômetros, Temp cell, sensores de condutividade térmica, método do papel filtro,

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 47

prensas de adensamento com controle de sucção e medidores de ponto de orvalho como o


WP4C).

Ao se observar uma CCSA típica, percebe-se que a sucção varia inversamente à quantidade de
água presente no solo, gerando mudanças no comportamento do solo não saturado. O formato
da CCSA irá se alterar de acordo com o tipo de solo estudado e com a distribuição e tamanho
dos poros presentes no solo.

Diversas equações matemáticas foram propostas para a modelagem de CCSAs (e.g. Brooks e
Corey, 1964; Campbell, 1974; Van Genuchten, 1980; Mckee e Bumb, 1987; Fredlund e Xing,
1994 e Gitirana Jr. E Fredlund, 2004) a maioria dessas modelagens baseia-se na
interdependência entre o formato da curva e a distribuição de volume de vazios do solo.

A Equação proposta por Gitirana Jr. e Fredlund (2004), utilizada neste trabalho, destaca-se por
seus parâmetros serem baseados em propriedades bem definidas dos solos não saturados,
facilitando o tratamento estatístico das curvas e por haver uma proposição unicamente para
solos com comportamento bimodal.

Uma CCSA bimodal apresenta dois valores de entrada de ar e dois valores residuais, resultando
em um total de 4 pontos de curvatura. Um parâmetro adicional “a” é utilizado para definir a
transição próximo ao valor de entrada de ar e para definir os pontos de curvatura com maior
clareza. Em resumo, são necessários 8 parâmetros para representação de uma CCSA bimodal:

b1 o primeiro valor de entrada de ar , b2 o segundo valor de entrada de ar, res1 a primeira
sucção residual do solo, res2 a segunda sucção residual do solo, Sres1 o primeiro grau de
saturação residual, Sres2 o segundo grau de saturação residual, Sb a sucção referente a b2 e a. A
Figura 1.10 apresenta uma curva bimodal modelada com a equação de Gitirana Jr. e Fredlund
(2004) com os parâmetros citados.

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 48

Figura 1.10 – Curva bimodal e parâmetros (adaptado de GITIRANA JR. E FREDLUND, 2004)

1.4.2. Solo tropical da região de Goiânia

O clima de Goiânia se caracteriza por apresentar as estações chuvosa e seca bem definidas.
Geralmente, o período chuvoso se estende da metade final de outubro até a metade inicial de
abril, e o período seco se estende da metade final de abril até a metade inicial de outubro. O
índice pluviométrico médio anual é em torno de 1500 mm, e aproximadamente 95% do total de
precipitação ocorre no período chuvoso. Durante todo o ano, a sensação térmica é elevada,
sendo que, geralmente, a temperatura varia entre 15 °C e 33 °C, e raramente, é inferior a 12 °C
ou superior a 36 °C (ALMEIDA et al., 2006). A Figura 1.11 apresenta os dados de pluviometria
de Goiânia, em 2019 e uma média dos dados de 1961 a 1990, os quais foram obtidos pelo
Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), na estação meteorológica de Código
OMM 83423, localizada a 2,41 km de distância do Campo Experimental da EECA/UFG.

A combinação de pluviometria e temperatura típicas de Goiânia faz com que o solo da cidade,
assim como ocorre em outras regiões do Brasil e do mundo que se localizam entre os trópicos,
seja, em sua grande maioria, tropical e laterítico. Esse tipo de solo é caracterizado por sofrer
processos de intemperismo e de lixiviação devido à ação da temperatura e da umidade, que
fazem com que o solo apresente cimentações com acúmulo de óxidos e de hidróxidos de ferro
e alumínio (NOGAMI e VILLIBOR, 1995).

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 49

Figura 1.11 – Distribuição mensal de chuvas em Goiânia e média de 61 a 90 (INMET, 2020)

300

250
Preciptação (mm)

200
Chuva Acumulada
150 Mensal 2019

100 Chuva (Normal


Climatológica 61 - 90)
50

Devido a esses efeitos, o solo de Goiânia apresenta algumas características peculiares, como
por exemplo, alta resistência quando compactado, baixa expansibilidade, alta permeabilidade e
presença de aglomeração de argilas. Essas características fazem com que esse solo apresente
massa específica dos grãos acima de 2,70 g/cm³, altos teores de agregação da fração argila do
solo, baixa compressibilidade e índices de vazios elevados (acima de 1,0). Esses resultados são
condizentes com os relatados por Cardoso (2010), Gomes (2015), Nascimento (2019) e com os
encontrados neste trabalho.

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 50

CAPÍTULO 2
METODOLOGIA

Neste capítulo, são apresentadas as características do campo experimental onde foi realizado o
programa experimental desta pesquisa e os procedimentos adotados nos ensaios de campo e de
laboratório que foram executados.

No Campo Experimental da EECA/UFG, foram realizados 7 furos de sondagem pressiométrica,


4 em período seco e 3 em período chuvoso, nos quais foi realizado um total de 42 ensaios
pressiométricos, sendo cada ensaio representativo de um metro de profundidade, até a
profundidade de 6,0 m. Cada ensaio pressiométrico permitiu a retirada de amostras deformadas
de solo dos trados, que foram utilizadas para a determinação do teor de umidade e da sucção
por meio do WP4C, e a determinação de EM, G, pL e pf. Utilizando o Método proposto por
Briaud (1992), foi possível construir as curvas pressiométricas em função da pressão e da
deformação do raio da cavidade em relação ao raio inicial da cavidade, o que permitiu a
determinação de h0. Com os parâmetros obtidos, utilizou-se a ferramenta analítica
computacional apresentada por Fontaine; Cunha; Carvalho (2005) para obtenção de ϕ’ e c’ de
cada profundidade em que se realizaram ensaios pressiométricos.

Foi executado um poço de inspeção e amostragem de 1,2 m de diâmetro e de 6,5 m de


profundidade a 3,0 m de um dos ensaios pressiométricos, o que possibilitou a retirada de 6
amostras para determinação da CCSA representativa de cada metro do Campo Experimental da
EECA/UFG, por meio da utilização de Temp Cells (sucções até 90 kPa) e do WP4C (restante
da gama de sucções). Cabe salientar que a sucção total fornecida pelo WP4C apresenta maior
precisão a partir de 500 kPa e que, para sucções acima de 1000 kPa, essa sucção total pode ser
relacionada diretamente com a sucção matricial de solos tropicais, pois as curvas características
de sucção total e de sucção matricial desses tipos de solos são muito semelhantes a partir desse
valor de sucção (KÜHN, 2014).

Esse poço permitiu, ainda, a retirada de 3 blocos de amostra indeformada de 30x30x30 cm nas
cotas de 2,5, 3,5 e 5,5 m para realização de ensaios de laboratório do tipo triaxial CD. Estes
ensaios triaxiais possibilitaram a obtenção de c’ e ϕ’ e dos diagramas de tensão deformação
para determinação dos módulos de deformabilidade do solo.

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 51

No solo do Campo Experimental da EECA/UFG, já haviam sido realizadas algumas campanhas


de ensaios de campo e de laboratório. Foram realizados ensaios com o penetrômetro leve de
energia variável - PANDA 2 (Rodrigues et al., 2018), sondagem de simples reconhecimento -
SPT com medição de energia (Machado et al., 2018) e provas de carga estáticas em estacas
metálicas tubulares de ponta aberta (Nascimento, 2019 e Galvani Jr., 2020). Além disso,
Nascimento (2019), utilizando as amostras de solos da sondagem SPT, também realizou a
classificação granulométrica, a classificação expedita MCT (Método das Pastilhas), a aferição
da umidade e o cálculo da massa específica do solo até a profundidade de 9,45 m.

2.1. CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO EXPERIMENTAL

2.1.1. Localização

O Campo Experimental da Escola de Engenharia Civil da Universidade Federal de Goiás se


encontra na porção sudoeste da quadra 86 da Escola de Engenharia Civil e Ambiental, entre o
edifício do Centro de Aulas das Engenharias e o alambrado da divisa com a 5ª Avenida, no
Setor Leste Universitário, em Goiânia - Goiás. As coordenadas de latitude e de longitude do
local são 16º40’41” S e 49º14’31” W. A Figura 2.1 mostra, por meio de imagens de satélite, a
região de localização do campo experimental.

Figura 2.1 – Localização do Campo Experimental da EECA – UFG (adaptado de Google Maps, 2018)

R. R. MACHADO
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2.1.2. Geologia e pedologia

Segundo o mapa geológico do munícipio de Goiânia, apresentado por Campos et al. (2003) e
representado na Figura 2.2, o Campo Experimental da EECA/UFG (em vermelho) está
localizado dentro da zona de ocorrência de um xisto típico do Grupo Araxá, que engloba
micaxistos, quartzo-micaxistos, granada-quartzo-micaxistos, granada-cloritoide-quartzo-
micaxistos, quartzitos e quartzitos micáceos.

Figura 2.2 – Classificação Geológica do solo da região do Campo Experimental


(adaptado de Campos et al., 2003)

Pedologicamente, segundo o mapa de solos apresentado por Campos et al. (2003) e, como
representado na Figura 2.3, o solo da região do campo experimental, assim como grande parte
do território goianiense, trata-se de um latossolo vermelho.

Em consonância com a classificação pedológica, o aspecto visual do solo superficial da região


é de uma areia vermelha, comumente encontrada em diversas regiões de Goiânia e geralmente
classificada como laterítica.

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 53

Figura 2.3 – Classificação Pedológica do solo da região do Campo Experimental (adaptado de Campos, 2003)

2.1.3. Caracterização do perfil

Para melhor conhecimento e caracterização do perfil do solo estudado, foram realizadas


sondagens SPT e PANDA 2 em período chuvoso e seco do regime pluviométrico local. Os
resultados referentes ao período chuvoso foram apresentados por Machado et al. (2018) e
Rodrigues et al. (2018) e os resultados referentes ao período seco ainda não foram publicados.

A Figura 2.4 ilustra a locação dos pontos de ensaios de campo (SPT e PANDA 2) e das estacas
de reação que foram realizadas no local. As sondagens SPT foram posicionadas na extremidade
inferior direita do hexágono formado pelas estacas de reação e as sondagens SPT realizadas em
período chuvoso (wet) e seco (dry) foram denominadas de SPTw e SPTd, respectivamente. Os
ensaios PANDA 2 referentes ao período chuvoso foram posicionados em um raio de 50 cm do
ensaio SPTw, e os ensaios PANDA 2 referentes ao período seco foram realizados próximos ao
centro do hexágono delimitado pelas estacas de reação e apresentado na Figura 2.4.

A Figura 2.5 mostra uma média da resistência dinâmica ponderada pela energia para os
resultados de PANDA 2 obtidos para as ponteiras de 4 cm² e 10 cm². As curvas de ambas as

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 54

ponteiras apresentaram alto grau de convergência, o que possibilitou o uso da média aritmética
das curvas. Percebe-se que as curvas médias para as ponteiras de 4 cm² e 10 cm² apresentam
um perfil semelhante, porém os valores de qd são menores para a ponteira de 10 cm², fato que
pode ser explicado pelo maior atrito lateral durante a cravação.

Figura 2.4 – Posição dos furos de sondagem SPT e PANDA 2 no campo experimental

Figura 2.5 – Média aritmética das sondagens PANDA 2 de cada ponteira (NASCIMENTO, 2019)

R. R. MACHADO
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As Figuras 2.6 e 2.7 apresentam os resultados dos parâmetros de resistência e dos teores de
umidade obtidos durante os ensaios SPT e PANDA 2 realizados em período seco (d) e
chuvoso (w). Verifica-se um comportamento similar entre as curvas obtidas por meio dos dois
ensaios de campo. A camada mais superficial, que demonstra alto grau de cimentação, apresenta
parâmetros de resistência mais elevados que as camadas subsequentes tanto para o período seco
quanto para o período chuvoso. Em ambos os ensaios, verificou-se que a sução do período seco
aumenta consideravelmente os parâmetros de resistência do solo até a profundidade 4,5 metros,
a partir dessa profundidade há uma aproximação entre as umidades e entre os parâmetros de
resistência dos ensaios SPT e PANDA 2.

Figura 2.6 – Resultados de NSPT e umidade dos Figura 2.7 – Resultados de qd e umidade dos ensaios
ensaios SPT realizados em período seco e chuvoso PANDA 2 realizados em período seco e chuvoso

NSPT qd (MPa)
0 5 10 15 0 3 6 9 12
0 0

1 1

2
Profundidade (m)

2
Profundidade (m)

3 3

4 4

SPT w
Panda2 w
5 SPT d 5 Panda2 d
Umidade w Umidade w
Umidade d Umidade d
6 6
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%
Teor de umidade Teor de umidade

Vale ressaltar que os ensaios SPT foram realizados até a profundidade de 10,45 metros e até
essa profundidade não foi encontrado o nível d’água do terreno.

A Tabela 2.1 mostra o laudo da sondagem SPT realizada em período chuvoso. A caracterização
realizada sem defloculante determinou que o solo se trata de uma areia siltosa vermelha até a
profundidade de 5,45 m. Entre as profundidades de 2,0 e 6,45 m, foram encontrados
pedregulhos e fragmentos de quartzo.

R. R. MACHADO
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Tabela 2.1 – Relatório da sondagem SPT do período chuvoso (NASCIMENTO, 2019)

A realização do ensaio SPT permitiu a coleta de amostras do solo a cada metro de profundidade
até a cota de 9,45 m, na qual o ensaio foi encerrado. As amostras obtidas foram utilizadas para
a realização da classificação granulométrica, da classificação expedita MCT (Método das
Pastilhas), da aferição da umidade e do cálculo da massa específica.

Os ensaios para obtenção desses parâmetros e para a caracterização do solo foram realizados
por Nascimento (2019), no laboratório de geotecnia da EECA/UFG, seguindo as orientações
das normas e dos trabalhos pertinentes, a saber, NBR 7181 (ABNT, 2016); procedimentos do
DERSA (2006); NBR 6457 (ABNT, 2016); e NBR 6458 (ABNT, 2016).

A Tabela 2.2 apresenta um resumo dos resultados obtidos por meio dos ensaios de laboratório.

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Tabela 2.2 – Resumo dos resultados de caracterização do perfil de solo (NASCIMENTO, 2019)

Classificação Classificação Classificação Teor de Massa


Prof. Granulométrica Granulométrica expedita Agregação específica
(m) sem com MCT (%) dos grãos
defloculante defloculante (g/cm³)
0a1 Areia siltosa Areia argilosa LA'-LG' 94 2,74
1a2 Areia siltosa Areia argilosa LA'-LG' 100 2,73
2a3 Areia siltosa Areia argilosa LG' 49 2,72
3a4 Areia siltosa Areia argilosa LA'-LG' 59 2,75
4a5 Areia siltosa Areia argilosa LA'-LG' 100 2,74
5a6 Areia siltosa Areia argilosa LG' 100 2,79
6a7 Silte arenoso Areia argilosa LG' 100 2,77
7a8 Silte arenoso Areia argilosa NG' 100 2,81
8a9 Silte arenoso Areia siltosa NS'-NG' 100 2,80
9 a 10 Areia siltosa Areia siltosa NA-NS' 100 2,78
Nota: LA'-LG' = arenoso ou argiloso laterítico; LG' = argiloso laterítico; NG' = argiloso não laterítico; NS'-NG' =
siltoso ou argiloso não laterítico; NA-NS' = arenoso ou siltoso não laterítico.

É possível observar que o solo do perfil do campo experimental, até a profundidade de 10 m, é,


em geral, predominantemente arenoso e laterítico, com um alto teor de agregação das partículas
e com a presença de pedregulhos. A fração areia é predominante em todas as profundidades
analisadas na situação com defloculante. Na situação sem defloculante, a fração areia é
predominante de 0,0 a 6,0 m. A fração areia varia de 66% a 36% para a situação com
defloculante e de 74% a 39% para a situação sem defloculante. O teor de agregação é bastante
elevado em todas as profundidades, variando de 49,4% a 100%, tratando-se, assim, de um solo
bastante intemperizado. A partir da profundidade de 7,0 m, o solo é não-laterítico e possui um
menor teor de argila, sugerindo o início do horizonte saprolítico do perfil (NASCIMENTO,
2019).

Vale ressaltar que a gênese do perfil de solo varia com a profundidade, de 0,0 a 4,0 m o solo é
aparentemente transportado, a partir de 6,0 o solo tem características de solo residual. A
transição entre essas camadas fica entre 4,0 e 6,0 m e justamente nessa transição há maior
quantidade de pedregulho e de fragmentos de quartzo.

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 58

2.2. ENSAIOS PRESSIOMÉTRICOS

Para a realização dos 42 ensaios pressiométricos que constituem este trabalho, foram seguidas
as orientações das normas internacionais D-4719 (ASTM, 2000), NF P 94-110-1 (AFNOR,
2000), e EN 22476-4 (ISO, 2009).

A Figura 2.8 apresenta a locação dos furos de sondagem PMT no Campo Experimental da
EECA/UFG, a localização de estacas de reação e de provas de carga apresentadas por
Nascimento (2019) e Galvani Jr. (2020) e a locação do poço de inspeção de 6,0 m de
profundidade executado com o objetivo de retirar amostras para realização de ensaios triaxiais
CD e CCSAs. Os ensaios pressiométricos foram locados a 1,5 m de distância das estacas de
reação mais externas do Campo Experimental, de forma que não houvesse influência nas provas
de carga, mas que, ao mesmo tempo, os ensaios pressiométricos fossem representativos do local
estudado.

Os ensaios e procedimentos realizados durante o período chuvoso se encontram de azul,


enquanto os ensaios realizados em período seco se encontram de vermelho na Figura 2.7. Os
ensaios realizados no período chuvoso ocorreram entre 29 de abril e 15 de maio de 2019,
período com grande incidência de chuva nesse ano. Os 3 primeiros furos de sondagem do
período seco (PMT 4, PMT 5 e PMT 6) foram realizados entre os dias 19 de agosto e 02 de
setembro, período no qual as chuvas ainda não haviam se iniciado no local. Com os resultados
dos 3 furos de sondagem do período seco em mãos, optou-se por realizar um furo de sondagem
extra (PMT 7), que foi realizado entre os dias 17 e 21 de setembro, quando ainda não havia
chovido no Campo Experimental. O poço de inspeção foi executado nos dias 05 e 06 de junho
de 2019, período em que as chuvas já haviam se encerrado, mas, devido aos teores de umidade
obtidos de amostras retiradas do poço terem valores muito parecidos com os teores obtidos nos
ensaios do período chuvoso, considerou-se que o poço de inspeção é representativo do período
chuvoso. Essas informações estão de acordo com o que foi apresentado na Figura 1.11.

Buscou-se intercalar os furos de sondagem de forma que um ensaio em período seco se


encontrasse próximo a dois ensaios realizados em período chuvoso e vice-versa, de maneira
que as comparações entre os dois diferentes períodos climáticos fossem facilitadas. Após a
realização de 3 furos de sondagem em período seco optou-se por realizar um furo de sondagem
extra (PMT 7), em busca de maior convergência dos resultados encontrados para esse período.

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 59

Optou-se por realizar esse último furo de sondagem a 1,0 m de distância do furo de sondagem
PMT 6.

Figura 2.8 – Localização dos ensaios pressiométricos e do poço de inspeção

2.2.1. Descrição do equipamento

O equipamento que foi utilizado para a realização da pesquisa é um pressiômetro tipo Ménard.
Este aparelho possui uma tubulação de 25 m de comprimento que liga a sonda à CPV, uma
fonte de pressão de gás nitrogênio comprimido de 1 m3 e uma sonda tipo G (células encaixadas),
que tem codificação BX, diâmetro de 60 mm e foi montada com membrana de borracha de
3 mm de espessura, a qual é destinada para baixas pressões (pressões até 1500 kPa). O
equipamento é fabricado pela empresa francesa APAGEO e foi cedido por FURNAS Centrais
Elétricas S.A. para realização desta pesquisa.

A Figura 2.9 apresenta uma vista geral do equipamento que foi utilizado para realização dos
ensaios pressiométricos Ménard.

A CPV apresenta as seguintes especificações:


R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 60

 Dimensões: 86 x 43 x 26 cm (comprimento, largura, profundidade), e a altura do tripé de


50 cm;

 Peso: 24,5 kg da CPV e 2 kg do tripé;

 Corpo do equipamento em alumínio com tampa de proteção articulada;

 Alça de transporte;

 CPV equipada por um reservatório de água graduado (volumímetro), por uma válvula
diferencial e por manômetros de 0-2500 kPa, 0-6000 kPa e 0-10000 kPa (APAGEO, 2005).

Figura 2.9 – Vista geral do equipamento

A sonda pressiométrica consiste basicamente de:

 Um corpo metálico cilíndrico, com duas saliências simétricas e anéis de vedação que
ajustam os limites entre as células de guarda e a célula central;

 Uma membrana de borracha formando a célula central e prensada por dois anéis de
membrana;

 Uma membrana exterior de proteção, fixa por anéis de cobrimento, presos através de porcas;

 Dois orifícios na parte superior: um para circulação da água de alimentação da célula


(maior) e outro para o gás das células de guarda (menor);

 Um dreno na parte inferior da sonda, protegido por um cone metálico;

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 61

 Uma seção rosqueada no topo da sonda para acoplagem das hastes de manipulação
(APAGEO, 2005).

A Figura 2.10 mostra a sonda pressiométrica e seus detalhes.

Figura 2.10 – A sonda pressiométrica e seus detalhes

A CPV e a sonda pressiométrica são interligadas por uma tubulação dupla (geminada) de Rilsan
com diâmetro de 3-6 mm, vermelha para as células de guarda (gás) e preta para a célula central
(água). A tubulação preta é mais rígida e a conexão/desconexão é realizada por engates rápidos
(APAGEO, 2005).

2.2.2. Calibrações

Para que o equipamento fosse colocado em situação de uso, foi preciso, inicialmente, conectar
os componentes do pressiômetro descritos e, posteriormente, realizar a completa saturação da
sonda pressiométrica, de maneira que foi possível verificar a ausência de vazamentos no
sistema. Essa operação tem ainda como objetivo eliminar o máximo de bolhas de ar do sistema,
pois, quando as bolhas de ar se encontram sobre altas pressões, elas são dissolvidas, o que
implica em variações volumétricas indevidas no sistema (recomenda-se uso de água destilada
e dearada) (ARAUJO, 2001).

Após esses procedimentos, realizaram-se calibrações por perda de volume e por perda pressão
na sonda pressiométrica. Os procedimentos de calibração foram repetidos para cada furo de

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 62

sondagem realizado, de maneira que cada furo de sondagem apresenta suas próprias curvas de
calibração.

2.2.2.1. Calibração por perda de volume

Durante as calibrações por perda de volume, a sonda pressiométrica foi inserida, verticalmente,
dentro de um tubo de aço rígido, com diâmetros de 65-97 mm (ver Figura 2.11), considerado
indeformável, e foram aplicados incrementos de pressão com o objetivo de obter uma curva
pressão versus volume, como a demonstrada na Figura 1.4.

Figura 2.11 – Tubo de aço para realização da calibração por perda de volume

Para realização dessa calibração, são aplicados incrementos de pressão menores (50 kPa) até
que a sonda entre totalmente em contato com a parede interna do tubo de aço, para que se tenha
uma boa definição do trecho inicial da curva. Em seguida, são realizados outros incrementos
com maior pressão (100 kPa) até uma pressão máxima de 2500 kPa, de maneira a obter o
coeficiente de expansão da tubulação.

2.2.2.2. Calibração por perda de pressão

Durante as calibrações por perda de pressão, a sonda pressiométrica foi colocada ao lado da
CPV, ao ar livre, de forma que o centro da célula central coincidisse com a parte intermediária
do volumímetro da CPV. Em seguida, a sonda foi inflada com passos de pressão de 25 kPa,
com 60 segundos de duração cada. Foram realizadas leituras de variação de volume

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 63

correspondentes a 15, 30 e 60 segundos, após a estabilização da pressão, possibilitando a


plotagem da curva de pressão versus volume (60 s), similar à ilustrada na Figura 1.5. A Figura
2.12 demonstra a inflagem da sonda pressiométrica durante o processo.

Figura 2.12 – Calibração por perda de pressão

2.2.3. Realização dos furos

Para a realização dos furos, são necessários cuidados para que sejam obtidas a verticalidade e
o mínimo de perturbação das paredes da cavidade. Essas premissas são indispensáveis para que
haja resultados de boa qualidade. Portanto, utilizou-se nível de bolha para verificação da
verticalidade dos furos realizados.

Foram providenciados dois trados manuais, apresentados na Figura 2.13, para realização dos
furos de sondagem, sendo um trado do tipo copo e outro do tipo helicoidal. O trado tipo copo
apresenta 63 mm entre seus dentes, enquanto o trado do tipo helicoidal apresenta 58 mm de
diâmetro, e, por meio de ensaios teste, verificou-se que ambos resultam em furos com espaço
anular teórico (espaçamento entre a sonda pressiométrica e a borda do furo) menor do que
9 mm, conforme prescrito na norma NF P 94 – 110-1 (AFNOR, 2000) e com um diâmetro
menor do que 1,20 vezes o diâmetro da sonda, como prescrito na norma D-4719 (ASTM, 2000).

Figura 2.13 – Trados utilizados para realização dos furos: trado tipo helicoidal acima e trado tipo copo abaixo

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 64

O trado tipo helicoidal foi utilizado durante a execução dos pré-furos referentes ao clima
chuvoso, enquanto o trado tipo copo foi utilizado durante a execução dos pré-furos referentes
ao clima seco, pois, neste caso, o solo se desprendia do trado helicoidal durante o processo de
tradagem. A finalização dos furos realizados com trado helicoidal foi realizada com o trado tipo
copo, de maneira que os furos de ambos os períodos fossem comparáveis.

Os solos coletados em cada etapa de tradagem foram armazenados em sacos plásticos e em


caixas térmicas de maneira que, posteriormente, foram utilizados para determinação do teor de
umidade, seguindo os procedimentos da NBR 6457 (ABNT, 2016) e da sucção de campo
utilizando o equipamento WP4C e seguindo-se os procedimentos da norma americana D-6836
(ASTM, 2004). As Figuras 2.14, 2.15 e 2.16 demonstram os principais procedimentos
realizados durante a execução dos furos de sondagem.

Figura 2.14 – Realização dos furos de sondagem: (a) uso do nível de bolha para verificação da verticalidade;
(b) operação do trado; (c) coleta de amostras com o trado helicoidal

(a) (b) (c)

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 65

Figura 2.15 – Armazenamento e preparação de solo para ensaios: (a) armazenamento de solo em saco plástico;
(b) amostras de solo utilizadas para determinação da sucção de campo no WP4C; (c) amostras para determinação
do teor de umidade

(a) (b) (c)

Figura 2.16 – Equipamento WP4C e balança de precisão utilizados para determinação da sucção de campo e do
teor de umidade das amostras

2.2.4. Execução dos ensaios pressiométricos

Os ensaios pressiométricos foram realizados logo após cada etapa de escavação, de forma que
a célula central ficasse centralizada nas cotas de 0,5; 1,5; 2,5; 3,5; 4,5 e 5,5 m. Cada ensaio foi
considerado representativo da faixa de cada 1 m de profundidade. Dessa maneira, foi respeitada
a distância mínima necessária que deve existir entre dois ensaios consecutivos, que, para o

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 66

equipamento utilizado, é de aproximadamente 90 cm (ASTM, 2000) ou 70 cm (APAGEO,


2005). A Figura 2.17 mostra a realização de um dos ensaios pressiométricos.

Figura 2.17 – Realização de um ensaio pressiométrico e registro dos dados em boletim de campo

Devido ao fato de o solo do campo experimental ter apresentado baixa resistência nos ensaios
de campo previamente realizados, inclusive em ensaios pressiométricos teste, optou-se pela
utilização de membrana externa de borracha com espessura de 3 mm e indicada para baixas
pressões. Por esse mesmo motivo, foi utilizado para leitura de dados o manômetro da CPV, que
faz leituras até 2500 kPa e que, portanto, apresenta melhor precisão para baixas pressões do que
os manômetros que fazem leitura até 6000 e 10000 kPa.

Antes do início dos ensaios pressiométricos, deve-se verificar a diferença de pressão entre a
célula central e as células de guarda (pressão diferencial), ajustando essa diferença de acordo
com a profundidade em que se pretende realizar o ensaio. O manual de operação do
equipamento fornece um quadro com alguns valores de pressão diferencial. A Tabela 2.3
apresenta as pressões diferenciais que foram utilizadas para cada profundidade de realização de
ensaio.

Com a diferença ajustada, deve-se aplicar e manter os níveis de pressão no solo por um período
de 60 s cada. Dessa forma, realizaram-se as leituras do volumímetro aos 15, 30 e 60 s. Optou-
se por realizar incrementos de pressão de 25 kPa, sendo esse valor a mínima precisão oferecida
pelo manômetro de 0-2500 kPa devido à baixa resistência do solo.

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 67

As leituras realizadas foram devidamente registradas em boletim de campo adequado com as


seguintes informações: nível do carregamento; identificação do operador; normalização do
ensaio; identificação da CPV; identificação do ensaio; número da sondagem; data e horário de
realização do ensaio; técnica de perfuração do ensaio e tipo de sonda pressiométrica.

Tabela 2.3 – Pressão diferencial em função da profundidade da sonda

Diferença entre a o manômetro das células


Profundidade do centro da sonda
de guarda e o manômetro da célula central
0,5 m - 0,86 bar (-86 kPa)
1,5 m -0,76 bar (-76 kPa)
2,5 m -0,66 bar (-66 kPa)
3,5 m - 0,56 bar (-56 kPa)
4,5 m - 0,46 bar (-46 kPa)
5,5 m - 0,36 bar (-36 kPa)

2.2.5. Obtenção dos parâmetros de interesse

As curvas pressiométricas obtidas seguindo os procedimentos destacados acima foram


corrigidas, conforme demonstrado nas seções 1.3.2.1 e 1.3.2.2, utilizando os dados de
calibração específicos de cada furo de sondagem. Esse processo foi realizado utilizando o
software Excel.

Dessa forma, foram obtidas as curvas pressiométricas corrigidas de cada furo de sondagem. As
curvas pressiométricas corrigidas foram trabalhadas, no Excel, de acordo com o exposto nas
seções 1.3.3.1 a 1.3.3.5 e com o exposto em D-4719 (ASTM, 2000), NF P 94-110-1 (AFNOR,
2000), EN 22476-4 (ISSO, 2009) e Briaud (1992), de maneira que foi possível obter EM , G, pL,
pf e h0 para cada metro de cada um dos 7 ensaios pressiométricos realizados. As Figuras 2.18,
2.19 e 2.20 mostram exemplos gráficos da determinação dos parâmetros de interesse para o
PMT 1 na profundidade de 0,5 m.

Os resultados obtidos foram relacionados e comparados dividindo-os em ensaios do período


seco e ensaios de período chuvoso, de maneira a facilitar a interpretação dos resultados.

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 68

Figura 2.18 – Curva pressiométrica corrigida e determinação de EM e pL (Furo: PMT 1 – Profundidade: 0,5 m)

Figura 2.19 – Determinação de pf (Furo: PMT 1 – Profundidade: 0,5 m)

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 69

Figura 2.20 – Determinação de h0 e de G pelo método de Briaud (1992) (Furo: PMT 1 – Profundidade: 0,5 m)

2.2.5.1. Obtenção de c’ e ϕ’

Para a obtenção de c’ e de ϕ’ foi utilizada a ferramenta analítica computacional apresentada por


Fontaine; Cunha; Carvalho (2005). A ferramenta utiliza um modelo elasto-plástico de teoria da
expansão de cavidade e de ajuste de curva baseado no proposto por Cunha (1994 e 1996), mas
adaptado para solos não saturados.

O uso da ferramenta consiste, basicamente, em comparar uma curva pressiométrica de campo


com uma curva teórica idealizada pela ferramenta computacional. A curva idealizada pode ser
alterada ao se mudar algum dos parâmetros de entrada que apresentam relação reológica.
Realizam-se alterações na curva idealizada até que esta esteja o mais próximo possível da curva
de campo. Quanto mais perto as curvas estiverem, maior é a confiança nos parâmetros obtidos.

Os parâmetros de entrada no programa são: ϕ’, c’, h0, G, módulo cisalhante na zona plástica
(Gp – geralmente assumido como 2G),  (assumido como 0,3 para todas as análises), ψ
(assumido como 0 para todas as análises devido às características do solo), (ua – uw) e ϕb
(adotado como ϕ’/2, conforme proposto por Cordão Neto et al., 2001).

Para as profundidades em que haviam valores de c’ e ϕ’ (2,5, 3,5 e 4,5 m), utilizou-se os valores
obtidos por meio de ensaio triaxial como dado de entrada inicial. Para as demais profundidades

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 70

(0,5, 1,5 e 5,5 m), utilizou-se valores próximos aos encontrados por meio de ensaios triaxiais.
Os valores iniciais de h0 e G foram obtidos pela metodologia de Briaud (1992), e a sucção
matricial inicial foi ponderada a partir dos dados de sucção de campo obtidos no WP4C e das
CCSAs, diagramadas a partir de amostras retiradas do poço de inspeção para cada uma das 6
profundidades estudadas.

A Figura 2.21 demonstra a interface de utilização da ferramenta analítica computacional


apresentada por Fontaine; Cunha; Carvalho (2005) e a Tabela 2.4 apresenta os dados de entrada
e os dados obtidos ao final do processo de ajuste de curva de um determinado furo de sondagem.

Figura 2.21 – Interface computacional: em vermelho a curva experimental e em roxo a curva idealizada
(Furo: PMT 2 – Profundidade: 1,5 m)

Tabela 2.4 – Dados de entrada e dados após o ajuste da curva para o furo de sondagem PMT 2

ϕ’ c’ G h0 ua – uw
Profundidade
(º) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa)
(m) inicial final inicial final inicial final inicial final inicial final
0,5 34 34 10 20 1095 1095 13 13 60 80
1,5 34 30 10 15 463 463 10 10 20 40
2,5 34 34 10 10 171 171 13 10 12 60
3,5 30 26 23 22 707 707 26 30 10 55
4,5 30 26 20 19 2460 2460 16 30 200 600
5,5 31 26 19 19 2460 2460 16 30 200 60

A resposta do programa é uma série de coordenadas de pontos da curva idealizada em formato


de texto. A resposta obtida para cada ensaio pressiométrico foi transferida para o Excel e foi

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 71

possível realizar a plotagem das curvas experimentais junto com as curvas idealizadas e
observar novamente o grau de assertividade do ajuste escolhido.

2.3. REALIZAÇÃO DO POÇO DE INSPEÇÃO

O poço de inspeção, com diâmetro de 1,2 m e profundidade de 6,5 m, foi realizado nos dias 05
e 06 de junho de 2019, por uma equipe especializada, a 3,0 m de distância do furo de sondagem
PMT 4, conforme verifica-se na Figura 2.8. A Figura 2.22 mostra a execução do poço de
inspeção.

Figura 2.22 – Execução do poço de inspeção: (a) início da execução do poço; (b) uso de sistema mecânico para
içamento de solo do poço de inspeção

(a) (b)

Em cada uma das cotas representativas de cada metro (0,5; 1,5; 2,5; 3,5; 4,5 e 5,5 m),
realizou-se a retirada de amostras para determinação do teor de umidade e da CCSA do solo do
Campo Experimental da EECA/UFG, como retratado na Figura 2.23. As amostras retiradas
para determinação das CCSAs em conjunto com os pesos específicos dos grãos (s) obtidos por
Nascimento (2019), permitiram a determinação do peso específico natural (nat), do peso
específico seco (d) e do índice de vazios do solo (e). A Figura 2.24 mostra um exemplo de
amostra retirada para determinação de uma CCSA.

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 72

As amostras retiradas para determinação do teor de umidade foram armazenadas em sacos


plásticos e em caixas térmicas e tratadas conforme o exposto na NBR 6457 (ABNT, 2016),
enquanto as amostras retiradas para determinação das CCSAs foram embrulhadas com papel
filme e papel alumínio para manutenção das condições de campo.

Figura 2.23 – Retirada de amostras para Figura 2.24 – Amostra retirada para utilização em
determinação do teor de umidade e da CCSA Temp Cell de forma a determinar a CCSA

Nas cotas de 2,5, 3,5 e de 5,5 m, optou-se por realizar a retirada de blocos de amostra
indeformada de 30x30x30 cm. A escolha dessas profundidades se deu por acreditar que esse
conjunto de três blocos seria representativo de todo o perfil de solo até a profundidade de 6,0
metros, para realização de ensaios de laboratório do tipo triaxial CD para obtenção de c’, ϕ’, e
dos diagramas de tensão-deformação para determinação dos módulos de deformabilidade do
solo. Esses parâmetros foram posteriormente comparados com aqueles obtidos por meio dos
ensaios pressiométricos.

Para retirada dos blocos de amostra indeformada, o técnico do laboratório de geotecnia da UFG
desceu no poço nas profundidades determinadas e, utilizando das ferramentas necessárias,
realizou a retirada e içamento dos blocos. Os blocos foram selados com parafina e tecido Morim
para manutenção das condições de campo e, posteriormente, foram armazenados em caixas de
madeiras pré-dimensionadas. Esse procedimento era iniciado dentro do poço e finalizado na
superfície onde também eram indicados no bloco a profundidade e a orientação geográfica
deste.

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 73

As Figuras 2.25 e 2.26 apresentam os procedimentos realizados durante a retirada dos blocos
de amostra indeformada.

Figura 2.25 – Preparação de bloco de amostra indeformada: (a) arrasamento do bloco com facão; (b) uso de
parafina e tecido Morim

(a) (b)

Figura 2.26 – Retirada e armazenamento dos blocos: (a) uso de caixa de madeira para armazenamento e
içamento dos blocos; (b) finalização da preparação dos blocos em superfície

(a) (b)

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 74

As amostras retiradas para determinação das CCSAs foram levadas ao laboratório de solos não
saturados da UFG, onde foram realizados os ensaios de Temp Cell e WP4C, e as caixas com os
blocos de amostra indeformada foram levadas ao laboratório de geotecnia de Furnas Centrais
Elétricas S.A., onde foram realizados os ensaios triaxiais CD para determinação de c’, de ϕ’ e
dos diagramas de tensão deformação para determinação dos módulos de deformabilidade do
solo.

2.4. Determinação das CCSAs

Para determinação das CCSAs de cada profundidade, foram utilizados os ensaios de Temp Cell
a fim de obter a relação entre w ou S e (ua – uw) até sucção de 90 kPa e os ensaios de WP4C
para determinação dessa relação para maiores sucções.

Em laboratório, realizou-se o arrasamento do solo para que este ficasse no mesmo nível que a
borda do anel da Temp Cell, como verifica-se na Figura 2.27. Posteriormente, os anéis foram
encaixados no restante da célula e iniciava-se o processo de saturação do solo com fluxo
ascendente, conforme ilustrado nas Figuras 2.28 e 2.29. Considerava-se que o solo estava
saturado no momento em que água começava a transbordar na parte superior da célula.

Figura 2.27 – Arrasamento do solo no anel da Temp Cell

Depois de verificar a saturação das amostras, processo que demorou entre 4 dias e uma semana,
pesava-se o conjunto da célula e iniciava-se as aplicações de patamares constantes e crescentes
de pressão. Foram aplicadas as seguintes pressões: 2, 4, 8, 15, 30, 50 e 90 kPa. Ao perceber-se

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 75

que a pressão aplicada não estava mais variando o volume de água das células, verificava-se o
peso do conjunto da célula e iniciava-se o patamar seguinte. As Figuras 2.30 e 2.31 demonstram
a aplicação de pressão e a pesagem das células.

Figura 2.28 – Montagem de célula Temp Cell para Figura 2.29 – Células montadas sendo saturadas
início da saturação com fluxo ascendente e sistema Temp Cell

Figura 2.30 – Aplicação de patamar de pressão Figura 2.31 – Pesagem do conjunto

Após o término do último patamar de pressão, retiravam-se amostras do topo, centro e base do
anel para verificação do teor de umidade final da amostra e para o cálculo dos demais teores.
O restante do solo coletado foi utilizado para determinação dos demais pontos da curva
característica, variando o grau de saturação das amostras da umidade de campo até o mais
próximo de 0 (zero) possível. As amostras foram levadas até a umidade de interesse com auxílio

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 76

de mangueiras de ar de baixa pressão como se visualiza na Figura 2.32. Quando as amostras se


encontravam na umidade de interesse, eram armazenadas com papel filme e papel alumínio em
caixas térmicas, para que a amostra de solo pudesse estabilizar com o teor de umidade desejado
e, depois de 24 horas, realizava-se a verificação da sucção de cada amostra com o WP4C (Figura
2.16).

Figura 2.32 – Condicionamento do teor de umidade do solo com mangueiras de baixa pressão

Com todos os pontos relacionando sucção e grau de saturação determinados, utilizou-se a


equação proposta para curvas bimodais de Gitirana Jr. e Fredlund (2004) para determinação do
melhor ajuste das CCSAs. A Figura 2.33 apresenta a CCSA ajustada para a profundidade de
3,5 m.

Figura 2.33 – Pontos experimentais e ajuste para a CCSA de 3,5 m de profundidade

100
90 Dados Experimentais
80 Curva de melhor ajuste
70
60
S (%)

50
40
30
20
10
0
0,01 0,1 1 10 100 1000 10000 100000 1000000
ua-uw (kPa)
R. R. MACHADO
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2.5. Ensaios triaxiais

Optou-se por realizar ensaios triaxiais CDnat de forma a simular as condições de campo e obter
c’, ϕ’ e os módulos de deformabilidade para as condições naturais de campo. Realizou-se
também um ensaio triaxial CDsat na profundidade de 2,5 metros. Os ensaios triaxiais foram
realizados em Furnas Centrais Elétricas S.A. e foram seguidas as normas da American Society
for Testing and Materials (ASTM).

Cada um dos blocos passou por processos de corte e de arrasamento para a produção de 4 corpos
de prova cilíndricos, com 5 cm de diâmetro e 10 cm de altura. A Figura 2.34 mostra o processo
de formação dos corpos de prova para o ensaio triaxial.

Figura 2.34 – Formação dos corpos de prova

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 78

Após a moldagem dos corpos de prova, eles eram levados para a prensa triaxial para dar início
ao processo de consolidação do solo, processo que demorou entre 4 dias e uma semana,
dependendo do corpo de prova. Após ao processo de consolidação, iniciava-se, efetivamente o
ensaio triaxial com velocidade de ruptura baixa de 0,02 mm/min. A Figura 2.35 ilustra o
posicionamento do corpo de prova na célula triaxial e o início do processo de consolidação.

Figura 2.35 – Posicionamento do corpo de prova na célula triaxial e início da consolidação

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 79

As tensões confinantes dos ensaios triaxiais foram determinadas de acordo com as tensões
octaédricas obtidas nos ensaios pressiométricos que já haviam sido realizados. No geral, as
tensões octaédricas eram baixas, de maneira que as tensões confinantes foram de 25, 50, 75 e
100 kPa. A Figura 2.36 apresenta a realização de um ensaio triaxial.

Figura 2.36 – Realização de ensaio triaxial

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 80

CAPÍTULO 3
RESULTADOS E ANÁLISES

Neste capítulo, são apresentados os resultados dos ensaios de campo e de laboratório que foram
realizados. Tendo em vista que para a análise de resultados de ensaios de campo em solos não
saturados é necessário introduzir informações adicionais relacionadas ao teor de umidade e à
sucção do solo, serão inicialmente apresentados os resultados obtidos por meio da execução do
poço de inspeção que permitiu a determinação de parâmetros de caracterização do solo, das
curvas características e dos parâmetros advindos de ensaios triaxiais CD.

Posteriormente, serão apresentados os resultados dos ensaios de campo; as análises desses


ensaios de acordo com a prática internacional; os resultados da utilização do Método de
Briaud (1992), da utilização da ferramenta analítica computacional apresentada por Fontaine;
Cunha; Carvalho (2005) e as comparações entre os resultados de campo realizados em
diferentes períodos climáticos e entre ensaios de campo e de laboratório.

3.1. CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA

As amostras de solo deformadas e indeformadas retiradas do poço de inspeção, em conjunto


com os resultados de ensaios de caracterização de laboratório realizados por
Nascimento (2019), possibilitaram a obtenção de mais parâmetros do solo do Campo
Experimental da EECA/UFG. A Tabela 3.1 apresenta os resultados de densidade relativa dos
grãos (Gs), do peso específico natural, do teor de umidade das amostras do poço (período
chuvoso), do peso específico seco e do índice de vazios.

Tabela 3.1 – Caracterização do perfil de solo do Campo Experimental – poço de inspeção 06/06/2019

Profundidade nat w S d
Gs e
(m) (kN/m³) (%) (%) (kN/m³)
0,5 2,74 14,50 17,30 38,50 12,30 1,23
1,5 2,73 14,70 17,90 41,60 12,50 1,18
2,5 2,72 15,20 19,60 46,00 12,60 1,16
3,5 2,75 16,40 19,00 53,30 13,90 0,98
4,5 2,74 15,50 17,90 44,20 13,00 1,11
5,5 2,79 16,50 20,40 54,70 13,70 1,04

R. R. MACHADO
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Os valores de Gs variaram entre 2,74 e 2,79 (média de 2,75), o nat variou entre 14,5 e
16,5 kN/m³ (média de 15,5 kN/m³), o d variou entre 12,3 e 13,9 kN/m³ (média de 13 kN/m³) e
o e variou entre 0,98 e 1,23 (média de 1,12). Esses valores de peso específico e de índice de
vazios são típicos de solos tropicais lateríticos com elevado índice de vazios assim como os
estudados por Cardoso (2010) e por Gomes (2015).

Os teores de umidade obtidos no poço de inspeção variaram entre 17,30% e 20,40% e se


assemelharam com os teores de umidade calculados para os ensaios pressiométricos realizados
no período chuvoso, como ainda será demonstrado.

3.2. CURVAS CARACTERÍSTICAS

Guimarães (2002) afirma que o formato das curvas características depende do tipo de solo e da
distribuição e tamanho dos poros, sendo que solos arenosos tendem a apresentar perda brusca
de umidade, enquanto os solos argilosos têm perdas mais suaves quando a sucção atinge o valor
de entrada de ar. Vanapalli et al. (1999) acrescentam outros fatores como o teor de umidade
inicial, a presença de agregações, a mineralogia e o histórico de tensões.

A Figura 3.1 apresenta as curvas características do solo do Campo Experimental da EECA/UFG


obtidas com uso de Temp Cell e WP4C com trajetória de secagem até a profundidade de 5,5 m.

Figura 3.1 – Curvas características do solo do Campo Experimental da EECA/UFG

45

40

35

30 0,5m
0,5m
w (%)

25 1,5m
1,5m
20 2,5m
2,5m
15 3,5m
3,5m
10 4,5m
4,5m
5 5,5m
5,5m
0
0,01 0,1 1 10 100 1000 10000 100000 1000000
(ua - uw) (kPa)

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 82

Todas as curvas características apresentaram comportamento bimodal e parâmetros similares.


As curvas características de 0,5 m e 1,5 m de profundidade apresentaram comportamento muito
similar. Nota-se uma redução do comportamento bimodal com o aumento da profundidade. A
Tabela 3.2 apresenta os parâmetros de melhor ajuste encontrados para cada CCSA.

Tabela 3.2 – Parâmetros das CCSAs

Profundidade (m)
Parâmetros
0,5 1,5 2,5 3,5 4,5 5,5
b1 0,9 1,0 0,5 1,0 0,5 0,5
res1 22,5 16,0 16,0 15,0 15,0 14,5
Sres1 0,440 0,463 0,520 0,590 0,550 0,615
b2 10000 9000 7000 7000 7000 4000
Sb 0,23 0,26 0,29 0,30 0,26 0,32
res2 23000 19000 17000 15000 13000 13000
Sres2 0,05 0,05 0,05 0,05 0,04 0,06
a 0,03 0,03 0,02 0,03 0,03 0,03

Os valores de b1 foram baixos e variaram entre 0,5 e 1,0. Segundo Aubertin; Ricard;
Chapius (1998), valores nessa faixa são típicos de areias grossas, o que demonstra a presença
de agregações porosas em todas as profundidades estudadas. Os valores de res1 diminuem e os
valores de Sres1 elevam-se conforme o aumento da profundidade, indicando a redução dos
macroporos. Da mesma forma, os valores de b2 diminuem e os valores de Sb elevam-se de
acordo com o aumento da profundidade, demonstrando maior dificuldade da sucção em retirar
água dos microporos do solo mais superficial. De forma parecida à res1 e b2, os valores de
res2 reduzem conforme o aumento da profundidade. Os parâmetros Sres2 e a praticamente não
variaram com o aumento da profundidade.

A Figura 3.2 apresenta o m2w, o qual corresponde à variação do teor de umidade volumétrico
com a variação da sucção e pode ser correlacionado com a distribuição média do tamanho dos
poros do solo. Maiores valores de m2w representam maior inclinação na CCSA e, desta forma,
um maior valor da moda da distribuição do tamanho do poro.

A primeira elevação na Figura 3.2 está relacionada com os macroporos e a segunda elevação
com os microporos. Verifica-se uma tendência de redução da quantidade de macroporos e,
também, uma tendência de movimentação para a esquerda das elevações referentes aos
microporos, indicando microporos maiores, com o aumento da profundidade.

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 83

Figura 3.2 – m2w em função da sucção

35
0,5m
30
1,5m

25 2,5m

3,5m
20
m 2w

4,5m
15
5,5m

10

0
0,01 0,1 1 10 100 1000 10000 100000 1000000
(ua-uw) (kPa)

As CCSAs permitiram a determinação da sucção do solo para cada ensaio realizado, por meio
dos teores de umidade obtidos de amostras indeformadas retiradas durante a realização dos
furos de sondagem.

3.3. ENSAIOS TRIAXIAIS CD

As características iniciais e finais dos corpos de prova ensaiados, representativos das


profundidades de 2,5, 3,5 e 5,5 m, submetidos aos ensaios CD, tais como teor de umidade,
sucção, peso específico natural e peso específico seco, além do nível de tensão efetiva a que
esses foram submetidos ao final do adensamento estão apresentados na Tabela 3.3 para o ensaio
CDsat e na Tabela 3.4 para os ensaios CDnat.

Tabela 3.3 – Características dos corpos de prova dos ensaios triaxiais CDsat

Tensão de Iniciais Finais


Prof.
(m)
adensamento nat d w (ua-uw) nat d w (ua-uw)
(kPa) (kN/m³) (kN/m³) (%) (kPa) (kN/m³) (kN/m³) (%) (kPa)
25 13,3 11,2 18,4 170 18,5 13,9 33,3 2,8
50 13,6 11,5 18,6 150 18,9 14,6 29,9 4,0
2,5
75 13,8 11,6 19,0 120 19,2 14,9 28,8 5,0
100 15,0 12,6 18,5 160 19,6 15,7 24,9 10,0

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 84

Tabela 3.4 – Características dos corpos de prova dos ensaios triaxiais CDnat

Tensão de Iniciais Finais


Prof.
(m)
adensamento nat d w (ua-uw) nat d w (ua-uw)
(kPa) (kN/m³) (kN/m³) (%) (kPa) (kN/m³) (kN/m³) (%) (kPa)
25 12,9 11,0 17,4 300 15,7 13,2 19,1 110
50 12,9 11,1 17,0 400 16,8 14,2 17,9 230
2,5
75 13,3 11,3 17,4 300 17,4 14,6 18,9 120
100 13,6 11,6 17,3 330 18,3 15,3 19,5 90
25 14,6 11,9 16,8 200 16,2 13,9 16,5 250
50 13,0 11,1 17,2 170 16,9 14,6 15,9 330
3,5
75 14,9 12,7 17,8 110 17,0 14,6 16,5 250
100 15,8 13,5 17,1 160 18,0 15,5 16,2 270
25 15,9 13,3 19,8 80 16,1 13,4 20,3 70
5,5 50 14,5 12,0 20,8 50 16,8 13,8 21,7 35
75 15,1 12,5 20,8 50 17,4 14,3 21,4 40
100 14,6 12,0 21,0 45 17,5 14,3 22,4 25

As Figuras 3.3, 3.4 e 3.5 apresentam as curvas de tensão desviadora versus deformação axial,
as envoltórias de Mohr-Coulomb e as trajetórias de tensão efetiva (p’ versus q),
respectivamente, para as tensões de adensamento aplicadas nos corpos de prova referentes às
profundidades de 2,5; 3,5 e 5,5 metros para o caso natural e a Figura 3.6 apresenta os resultados
para o ensaio CDsat realizado na profundidade de 2,5 m.

Por meio das trajetórias de tensão das Figuras 3.5 e 3.6, traçaram-se as retas de melhor ajuste
pelos pontos máximos e obtiveram-se os coeficientes  e d’, e com estes determinaram-se os
parâmetros de resistência efetiva, ϕ’ e c’, mostrados na Tabela 3.5 e na Figura 3.7.

Tabela 3.5 – Parâmetros de resistência obtidos por meio de ensaios triaxiais CD

Profundidade (m)
Parâmetros
2,5 nat 2,5 sat 3,5 nat 5,5 nat
c’ (kPa) 10 2 19 23
ϕ’ (º) 34 35 31 30

Para os ensaios CDnat Os valores de c’ variaram entre 10 e 23 kPa, com uma média de 17 kPa,
e os valores de ϕ’ variaram entre 30º e 34º com uma média de 32º. Notou-se uma tendência de
aumento de c’ e de redução de ϕ’ com o aumento da profundidade. Para o ensaio saturado os
valores de c’e ϕ’ foram de 2 kPa e 35º, respectivamente. Considerou-se os parâmetros de pico
nas realizadas.

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 85

Figura 3.3 – Tensão desviadora versus deformação axial

2,5 m

3,5 m

5,5 m

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 86

Figura 3.4 – Envoltórias de Mohr-Coulomb

2,5 m
c’ = 10 kPa
ϕ’ = 34º

3,5 m
c’ = 19 kPa
ϕ’ = 31º

5,5 m
c’ = 23 kPa
ϕ’ = 30º

R. R. MACHADO
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Figura 3.5 – Trajetórias de tensão efetiva

2,5 m

y = 0,5652x + 8,4526
R² = 0,9979
q

p’

3,5 m

y = 0,5052x + 19,501
R² = 0,9918
q

p’

5,5 m

y = 0,509x + 16,153
R² = 0,9969
q

p’

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 88

Figura 3.6 – Resultados do ensaio CDsat na profundidade de 2,5 m

2,5 m

2,5 m

c’ = 2 kPa
ϕ’ = 35º

2,5 m

y = 0,5719x + 1,1316
R² = 0,9983
q

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 89

Figura 3.7 – Valores de coesão e de ângulo de atrito obtidos nos ensaios triaxiais CD
c' (kPa) ϕ' (º)
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 29 31 33 35
2 2

3 3
Profundidade (m)

Profundidade (m)
4 4

CDnat

5 CDsat 5

CDnat
6 6

O comportamento das curvas de tensão-deformação, apresentadas nas Figuras 3.3 e 3.6,


indicam dois trechos distintos (comportamento bi-linear), de tal forma que, determinando os
módulos secantes Es25% e Es50% da forma convencional partindo da origem até ponto da curva
referente a 25% e a 50% da tensão considerada de ruptura, respectivamente, são obtidos valores
altos e próximos ou iguais aos de Et0 conforme verifica-se na Tabela 3.6.

Tabela 3.6 – Módulo Et0 e módulos secantes dos ensaios triaxiais

Tipo de 3c Et0 Es25% Es50%


Prof. (1-3)máx Deformação
Ensaio (kPa) (MPa) (MPa) (MPa)

CDnat(CDsat) 25 98,38 (78,94) 14,21(11,17) 86,0(97,1) 86,0(97,1) 26,4(97,1)


CDnat(CDsat) 50 181,63(144,28) 20,09(20,09) 112,2(44,0) 112,2(44,0) 4,5(1,7)
2,5
CDnat(CDsat) 75 227,21(193,68) 19,93(20,09) 72,3(37,8) 9,3(2,6) 2,3(1,6)
CDnat(CDsat) 100 298,39(278,13) 19,96(20,09) 86,5(62,2) 6,0(3,8) 2,5(2,2)
CDnat 25 124,86 17,07 106,0 106,0 63,3
CDnat 50 203,89 14,12 181,9 181,9 102,8
3,5
CDnat 75 241,85 14,29 197,0 197,0 60,5
CDnat 100 284,79 16,43 147,5 147,5 8,6
CDnat 25 139,29 8,04 83,5 83,5 22,9
CDnat 50 169,73 13,10 44,7 14,8 7,3
5,5
CDnat 75 237,92 15,08 97,8 38,4 11,7
CDnat 100 281,87 16,15 74,1 17,1 6,9

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 90

Dessa forma, pelas peculiaridades das curvas tensão-deformação para o solo deste estudo,
optou-se por trabalhar com o módulo tangente inicial (Et0), com o módulo tangente a 25% da
tensão de ruptura (Et25%) e com o módulo tangente a 50% da tensão de ruptura (Et50%).
Considerando-se a ruptura como a tensão máxima atingida dentro da deformação axial de 20%.

Para não depender de determinações gráficas para o módulo tangente, as quais são sujeitas à
imprecisões, foi determinado o módulo secante nos segmentos que continham os valores de
tensão igual a 25% e 50% da tensão de ruptura. Por se tratar de um segmento estreito (pequenas
deformações), nesse caso o módulo secante tende ao módulo tangente nos pontos da curva a
25% e a 50% da tensão de ruptura, e assim esses módulos foram considerados e determinados
neste trabalho. Os mesmos procedimentos para determinação também foram realizados por
Angelim (2011), cujo o solo estudado também apresentou situação de bi-linearidade.

A Tabela 3.7 apresenta os módulos Et0, Et25% e Et50% determinados por meio das curvas de tensão
desviadora versus deformação axial apresentadas na Figura 3.3.

Tabela 3.7 – Módulo de Elasticidade de Young obtidos nos ensaios CDnat

Módulos de Young
Profundidade Tensão de
(m) adensamento (kPa) Et0 Et25% Et50%
(MPa) (MPa) (MPa)
25 86,0 86,0 19,5
50 112,2 112,2 0,7
75 72,3 2,1 1,2
2,5
100 86,5 1,9 1,5
Média 89,3 50,5 5,7
CV (%) 16,2 97,9 139,3
25 106,0 106,0 20,5
50 181,9 181,9 9,1
75 197,0 197,0 4,9
3,5
100 147,5 147,5 2,3
Média 158,1 158,1 9,2
CV (%) 22,1 22,1 75,8
25 83,5 83,5 7,7
50 44,7 8,0 5,0
75 97,8 9,2 5,2
5,5
100 74,1 10,1 2,9
Média 75,0 27,7 5,2
CV (%) 25,9 86,0 33,0

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 91

O comportamento bi-linear das curvas de tensão desviadora versus deformação axial e as baixas
deformações iniciais fazem com que os valores de Et0 sejam bastante elevados, apresentando
médias de 89,3; 158,1 e 75,0 MPa para as profundidades de 2,5, 3,5 e 5,5 m, respectivamente.
Os valores de Et0 apresentaram menor coeficiente de variação (CV) do que Et25% e Et50%.

Por muitas vezes, os valores de Et25% foram iguais aos de Et0, o que ocorreu porque a tensão
desviadora correspondente a 25% da tensão máxima de ensaio se encontrava ainda dentro do
primeiro trecho da tensão versus deformação de comportamento bi-linear. Os valores
encontrados na ocorrência dessa situação são muito elevados em relação aos demais valores, o
que faz com que os valores de CV para essa situação sejam elevados. Tal fato faz com que seja
necessária prudência na utilização dos resultados de Et25%.

Os valores de Et50% foram menores que os demais (Et0 > Et25% > Et50%), porém apresentaram um
elevado CV. Isso ocorreu, pois, os valores encontrados para as menores tensões de adensamento
apresentaram tendência de serem consideravelmente maiores que os demais. Apesar do elevado
CV, acredita-se que os valores de Et50% são os mais adequados para comparações com o EM,
visto que, conforme descrito por Wood (1990), os módulos iniciais, para deformações
extremamente pequenas, encontrados por meio de ensaios triaxiais, não são comparáveis com
EM obtido via ensaio pressiométrico no qual os níveis de deformação são maiores.

A Figura 3.8 apresenta os valores de Et0, Et25% e Et50% em todas as tensões confinantes utilizadas
nos ensaios triaxiais CDnat.

Figura 3.8 – Valores de Et0, Et25% e Et50% obtidos nos ensaios triaxiais

Et0 (MPa) Et25% (MPa) Et50% (MPa)


40 80 120 160 200 0 40 80 120 160 200 0 4 8 12 16 20
2 2 2

3 3 3
Profundidade (m)

4 4 4

5 5 5
25 kPa
50 kPa
75 kPa
100 kPa 6 6
6

R. R. MACHADO
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3.4. RESULTADOS DOS ENSAIOS PRESSIOMÉTRICOS

Os procedimentos utilizados para escavação do furo de sondagem, para coleta de amostras de


determinação do teor de umidade e da sucção de campo e para a execução e interpretação dos
ensaios pressiométricos foram descritos no Capítulo 2.

As Figuras 3.9 e 3.10 apresentam a evolução das curvas pressiométricas dos furos de sondagem
do período chuvoso (PMT 1, PMT 2 e PMT 3) e do período seco (PMT 4, PMT 5, PMT 6 e
PMT 7), respectivamente, com o aumento da profundidade.

Essas figuras possibilitam a visualização do comportamento das curvas pressiométricas,


especificamente dos trechos pseudo-elásticos e das pressões limites obtidas por meio de
extrapolação.

Analisando as Figuras 3.9 e 3.10, percebeu-se grande coerência entre as curvas pressiométricas
do período chuvoso e entre as curvas pressiométricas do período seco. A evolução das curvas
do PMT 2 é muito similar a evolução das curvas do PMT 3, apresentando inclusive uma faixa
de variação da pressão e do volume muito próximas. O mesmo fato ocorreu ao se comparar o
PMT 4 ao PMT 5.

O PMT 1 apresentou uma evolução de curvas que atingiu menores valores de pressão que o
verificado para os PMT 2 e PMT 3, principalmente para as profundidades de 4,5 e 5,5 m, mas
os parâmetros obtidos dessas curvas foram coerentes com os obtidos para o período chuvoso,
como será visto adiante.

Considerou-se que as curvas pressiométricas do PMT 6 estavam apresentando comportamento


e parâmetros diferentes das demais do período seco para determinadas profundidades e por esse
motivo, optou-se pela realização do PMT 7, que apresentou uma evolução de curvas
pressiométricas que, hora se assemelhava à encontrada para os PMT 4 e PMT 5, e hora se
assemelhava ao PMT 6. Dessa maneira, decidiu-se por manter todas essas sondagens como
representativas do período seco, apesar da maior variabilidade em relação ao período chuvoso.

Conforme se verifica nas Figuras 3.9 e 3.10, as curvas pressiométricas do período chuvoso
apresentaram menor faixa de variação de pressão e, portanto, menos pontos, o que gera trechos
pseudo-elásticos menos extensos. Esse fato faz com que as curvas desse período apresentem
valores menores de p2, pf e pL quando comparadas com as curvas do período seco.

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 93

Figura 3.9 – Evolução das curvas pressiométricas do período chuvoso com o aumento da profundidade

900 PMT 1
800
700
600
Volume (cm³)

500
400
0,5m
300 1,5m
2,5m
200 3,5m
4,5m
100 5,5m
0
0,00 0,08 0,16 0,24 0,32 0,40 0,48
Pressão (MPa)

900 PMT 2
800
700
Volume (cm³)

600
500
400
300 0,5 m
1,5 m
200 2,5 m
3,5 m
100 4,5 m
5,5 m
0
0,00 0,08 0,16 0,24 0,32 0,40 0,48
Pressão (MPa)

900
PMT 3
800
700
600
Volume - (cm³)

500
400
300 0,5 m
1,5 m
200 2,5 m
3,5 m
100 4,5 m
5,5 m
0
0,00 0,08 0,16 0,24 0,32 0,40 0,48
Pressão (MPa)

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 94

Figura 3.10 – Evolução das curvas pressiométricas do período seco com o aumento da profundidade

900 PMT 4
800
700
Volume - (cm³)
600
500
0,5m
400 1,5m
300 2,5m
200 3,5m
4,5m
100 5,5m
0
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20
Pressão (MPa)

900 PMT 5
800
700
Volume - (cm³)

600
500
400 0,5 m
1,5 m
300 2,5 m
200 3,5 m
100 4,5 m
5,5 m
0
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20
Pressão (MPa)

900 PMT 6
800
700
Volume - (cm³)

600
500
400 0,5 m
1,5 m
300 2,5 m
200 3,5 m
4,5 m
100 5,5 m
0
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20
Pressão (MPa)

900
PMT 7
800
700
Volume - (cm³)

600
500
0,5 m
400 1,5 m
300 2,5 m
3,5 m
200 4,5 m
100 5,5 m
0
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20
Pressão (MPa)

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 95

3.4.1. Parâmetros obtidos em período chuvoso

As Tabelas 3.8 a 3.10 apresentam os resultados dos ensaios pressiométricos executados em


período chuvoso. Os parâmetros abordados são: teor de umidade (w), sucção total pelo WP4C
(ψt), sucção matricial por meio de curva característica (ua – uw), p1, p2, pressão de fluência (pf),
pressão limite (pL), módulo pressiométrico Ménard (EM), módulo cisalhante pela teoria da
elasticidade (G) e a relação EM/pL utilizada internacionalmente para classificação de solos.

Comparando os valores de teor de umidade da Tabela 3.1 com os teores de umidade


apresentados nas Tabelas 3.8 e 3.9, verificou-se que os teores obtidos durante a realização do
poço de inspeção são coerentes com aqueles encontrados para os ensaios do período chuvoso.

Notou-se que os ensaios realizados em período chuvoso apresentam elevados valores de teor
de umidade, variando, aproximadamente, entre 18% e 21% (exceção para a profundidade de
4,5 m do PMT 2, na qual se encontrou grande quantidade de pedregulhos e fragmentos de
quartzo com baixo teor de umidade) e valores reduzidos de sucção matricial. As amostras
retiradas de uma mesma profundidade, em geral, apresentaram w e (ua - uw) próximos entre si.

Tabela 3.8 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo de sondagem PMT 1

Prof. w Ψt (ua – uw) p1 p2 pf pL EM G


E /p
(m) (%) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (MPa) (MPa) M L
0,5 20,5 230 30 45,9 107,1 124,0 241,2 2,1 0,8 8,8
1,5 20,4 190 18 30,2 68,6 71,0 135,0 1,3 0,5 9,9
2,5 20,9 180 40 22,1 62,2 75,0 118,7 2,0 0,8 17,1
3,5 18,5 220 70 24,8 64,5 74,6 130,6 1,9 0,7 14,4
4,5 18,0 230 100 47,0 91,4 108,4 206,4 4,1 1,5 19,9
5,5 18,1 250 130 15,5 155,4 182,2 276,7 6,6 2,5 23,9
Tabela 3.9 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo de sondagem PMT 2

Prof. w Ψt (ua – uw) p1 p2 pf pL EM G


E /p
(m) (%) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (MPa) (MPa) M L
0,5 17,7 290 80 24,0 133,5 151,0 249,0 3,7 1,4 14,9
1,5 18,7 160 40 14,0 50,7 57,6 99,0 1,5 0,5 14,7
2,5 20,2 240 60 21,6 62,7 63,1 82,6 0,6 0,2 7,2
3,5 18,7 140 55 25,6 65,6 75,0 124,8 2,1 0,8 17,0
4,5 9,4 230 600 34,3 291,7 309,0 385,8 7,7 2,9 19,9
5,5 20,4 260 60 41,6 299,8 306,3 439,8 8,0 3,0 18,2

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 96

Tabela 3.10 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo de sondagem PMT 3

Prof. w Ψt (ua – uw) p1 p2 pf pL EM G


E /p
(m) (%) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (MPa) (MPa) M L
0,5 20,8 135 30 38,2 102,2 116,2 217,8 3,3 1,2 15,0
1,5 19,6 240 20 14,9 49,6 63,6 113,5 1,2 0,5 10,9
2,5 20,1 190 50 12,0 63,0 64,2 120,6 1,2 0,4 9,9
3,5 19,0 190 55 26,4 67,0 79,5 145,4 2,5 1,0 17,4
4,5 17,2 190 200 35,2 244,3 260,8 360,1 7,6 2,9 21,2
5,5 19,4 230 100 34,5 315,4 331,9 428,9 8,2 3,1 19,0

Verificou-se discrepância entre as sucções obtidas por meio das curvas características (ua - uw)
e por meio do equipamento WP4C (ψt), isso ocorre, pois, como afirmado anteriormente o WP4C
apresenta melhor precisão para sucções partir de 500 kPa.

As Figuras 3.11 e 3.12 ilustram o comportamento das pressões p1 e p2, de início e término do
trecho pseudo-elástico, e das pressões de fluência, respectivamente, dos ensaios pressiométricos
referentes ao período chuvoso.

Observou-se que, no geral, os valores de p1 e p2 apresentaram similaridade para uma mesma


profundidade, com exceção das profundidades de 4,5 e 5,5 m para o p2 do PMT 1. Acredita-se
que essa diferença ocorreu por uma característica de menor resistência dessas camadas do furo
PMT 1, que resultaram também em menores valores de pL e EM nas mesmas profundidades. Um
comportamento similar ao de p2 foi encontrado para pf. Vale ressaltar que esse comportamento
está de acordo com as normas internacionais, que indicam que os valores de pf devem ser um
pouco maiores que os valores de p2.

Figura 3.11 – Pressões p1 e p2 dos ensaios Figura 3.12 – Pressões pf dos ensaios pressiométricos
pressiométricos do período chuvoso do período chuvoso

Pressão (kPa) Pressão (kPa)


0 40 80 120 160 200 240 280 320 0 40 80 120 160 200 240 280 320
0 0
1 p1-PMT 1 1
p2-PMT 1 pf-PMT 1
Profundidade (m)

Profundidade (m)

p1-PMT 2 pf-PMT 2
2 p2-PMT 2 2 pf-PMT 3
p1-PMT 3
3 p2-PMT 3 3

4 4

5 5

6 6

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 97

Verificou-se que os maiores trechos pseudo-elásticos (diferença entre p1 e p2) e as maiores


pressões de fluência foram encontrados para as profundidades de 0,5, 4,5 e 5,5 m, indicando
maior resistência dessas camadas em relação às demais. Acredita-se que isso ocorre na
profundidade de 0,5 m devido aos processos de intemperismo que geram agregações e
cimentações no solo, conforme descrito por Nogami e Villibor (1995), e nas profundidades de
4,5 e 5,5 m devido ao aumento da tensão confinante agindo no solo.

Com a média de valores p1 foi utilizado o método proposto por Angelim (2011) para a
determinação de K0 por meio de uma linha de tendência dos valores médios de p1. A Figura
3.13 mostra os valores médios de p1 e a linha de tendência, que apresenta coeficiente angular
que se relaciona com a tensão horizontal do solo segundo os procedimentos da metodologia. A
média de p1 referente à profundidades de 0,5 m foi desconsiderada da linha de tendência por
apresentar comportamento divergente e natural para essa camada superficial que apresenta
variações de umidade e variações volumétricas que modificam o seu comportamento.

Figura 3.13 – Média e linha de tendência dos valores de p1 dos ensaios realizados em período chuvoso

Pressão (kPa)
0 10 20 30 40 50
0

2
Profundidade (m)

y = 0,1506x - 0,5138
3 R² = 0,6326

4
Linha de Tendência
(1,5 a 5,5 m)
p1 médio (chuvoso)
5
Ponto
Reta Kodesconsiderado

h0 (K0 = 0,43 - Método Angelim)


6

Considerando, de acordo com a metodologia de Angelim (2011), que a inclinação da reta da


tensão horizontal in situ seja igual à da reta da pressão p1 média transladada para a origem (’h

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 98

nula na superfície) em função da profundidade (z), tem-se que ’h = z/0,1506 e


consequentemente: K0 = 1/(0,1506 * ) Utilizando o  médio do perfil de 15,5 kN/m³ a tem-
se K0 igual a 0,43.

3.4.2. Parâmetros obtidos em período seco e comparação

As Tabelas 3.11 a 3.14 apresentam os resultados dos ensaios pressiométricos executados em


período seco. Os parâmetros abordados são os mesmos apresentados para o período chuvoso.

Tabela 3.11 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo de sondagem PMT 4

Prof. w Ψt (ua – uw) p1 p2 pf pL EM G


E /p
(m) (%) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (MPa) (MPa) M L
0,5 12,7 5780 2000 35,4 459,3 481,2 788,8 8,3 3,1 10,5
1,5 13,6 1140 1000 41,3 205,8 218,6 341,9 8,1 3,0 23,6
2,5 17,0 140 300 26,1 187,6 219,8 302,3 6,7 2,5 22,3
3,5 16,5 160 200 31,0 242,1 264,1 366,3 8,5 3,2 23,1
4,5 13,2 60 1500 32,8 341,8 381,2 561,3 10,5 3,9 18,7
5,5 17,8 0 180 38,9 320,0 335,7 436,1 8,5 3,2 19,5
Tabela 3.12 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo de sondagem PMT 5

Prof. w Ψt (ua – uw) p1 p2 pf pL EM G


E /p
(m) (%) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (MPa) (MPa) M L
0,5 13,7 910 900 18,2 320,0 336,3 529,9 7,6 2,8 14,2
1,5 14,5 680 800 34,7 197,5 212,3 288,4 7,8 2,9 27,1
2,5 15,6 70 900 41,0 204,2 219,4 282,5 8,2 3,1 28,9
3,5 14,5 190 700 22,3 257,9 271,9 338,5 9,5 3,6 28,2
4,5 11,0 50 3000 65,4 687,8 708,4 894,3 13,3 5,0 14,8
5,5 18,3 170 140 56,2 282,8 306,0 411,0 6,5 2,4 15,7
Tabela 3.13 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo de sondagem PMT 6

Prof. w Ψt (ua – uw) p1 p2 pf pL EM G


E /p
(m) (%) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (MPa) (MPa) M L
0,5 12,80 1130 2000 26,4 456,3 459,1 837,6 13,8 5,2 16,5
1,5 13,40 920 1600 37,9 299,9 317,1 473,0 13,1 4,9 27,6
2,5 13,80 1110 2000 28,0 277,1 280,1 468,2 6,2 2,3 13,2
3,5 12,70 460 2000 32,2 489,1 504,6 696,8 16,4 6,2 23,6
4,5 9,80 120 6000 30,6 506,4 509,4 739,9 12,4 4,7 16,8
5,5 14,70 50 800 28,9 112,2 119,1 165,6 3,2 1,2 19,3

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 99

Tabela 3.14 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo de sondagem PMT 7

Prof. w Ψt (ua – uw) p1 p2 pf pL EM G


E /p
(m) (%) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (MPa) (MPa) M L
0,5 11,80 2100 3000 30,0 627,9 639,9 1.057,0 14,5 5,4 13,7
1,5 12,30 1220 3000 16,9 273,8 293,1 457,7 9,2 3,5 20,2
2,5 14,00 1250 2000 32,0 239,8 259,5 367,3 7,9 3,0 21,4
3,5 12,40 680 2000 16,1 176,6 195,1 272,9 7,2 2,7 26,4
4,5 8,30 370 7000 31,7 314,1 329,6 466,3 10,5 4,0 22,6
5,5 11,40 290 3000 21,2 470,5 494,8 625,2 11,5 4,3 18,3

Observou-se que os ensaios realizados em período seco apresentam valores de teor de umidade
baixos, variando, aproximadamente, entre 11% e 17%. Assim como ocorreu para o PMT 2, a
profundidade de 4,5 m dos PMT 6 e PMT 7 também apresentaram maiores quantidades de
pedregulhos e fragmentos de quartzo, o que resultou em baixos teores de umidade.

Diferentemente do que ocorreu para os ensaios do período chuvoso, os teores de umidade e as


sucções encontradas para o período seco apresentaram maior variação. Os teores de umidade
aumentaram e as sucções diminuíram conforme com a data de realização do furo de sondagem.
O PMT 4 foi o primeiro a ser realizado (19 a 21/08/2019) e apresenta, em geral, os maiores
teores de umidade, enquanto os PMT 6 (29 a 02/09/2019) e 7 (17 a 21/10/2019), últimos a
serem realizados, apresentaram os menores teores. Essa situação pode ser explicada pelo fato
de que os últimos furos de sondagem que foram realizados sofreram por maior tempo e
intensidade o efeito do período seco.

Em geral, os valores de teor de umidade são menores e os de sucção matricial são maiores do
que os encontrados para o período chuvoso. Por algum motivo inesperado, os valores de Ψt
obtidos via WP4C se distanciaram dos valores de (ua - uw) obtidos via CCSA, sobretudo para
as profundidades de 4,5 e 5,5 m.

As Figuras 3.14 e 3.15 ilustram o comportamento das pressões p1 e p2, de início e término do
trecho pseudo-elástico, e das pressões de fluência, respectivamente, dos ensaios pressiométricos
referentes ao período seco.

Notou-se que, no geral, os valores de p1 apresentaram valores próximos para uma mesma
profundidade. Por outro lado, diferentemente do que ocorreu para os ensaios do período
chuvoso, os valores de p2 apresentaram variabilidade considerável para uma mesma

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 100

profundidade, principalmente abaixo de 3,5 m. Destaca-se que, no geral, o comportamento dos


PMT 4 e PMT 5 ficaram semelhantes.

Assim como ocorreu para os ensaios do período chuvoso e é descrito pelas normas
internacionais, um comportamento similar ao de p2 foi encontrado para pf.

Verificou-se que, da mesma forma que ocorreu para o período chuvoso, os maiores trechos
pseudo-elásticos (diferença entre p1 e p2) e as maiores pressões de fluência foram encontrados
para as profundidades de 0,5, 4,5 e 5,5 m (com exceção dos resultados do PMT 6 para as
profundidades de 3,5 e 5,5 m), o que indica uma maior resistência dessas camadas em relação
às demais, provavelmente devido aos mesmos motivos citados no item anterior.

Figura 3.14 – Pressões p1 e p2 dos ensaios pressiométricos do período seco

Pressão (kPa)
0 100 200 300 400 500 600 700
0

1
p1-PMT 4
p2-PMT 4
2 p1-PMT 5
p2-PMT 5
Profundidade (m)

p1-PMT 6
p2-PMT 6
3 p1-PMT 7
p2-PMT 7

Os valores de p1 encontrados para os dois períodos do regime pluviométrico ficaram próximos,


conforme se verifica na Figura 3.16, indicando que a sucção e a pluviometria não apresentam
grande capacidade de modificarem propriedades do solo como o h0 e a K0. Por outro lado, os
valores de p2 e pf são muito maiores para os ensaios realizados em período seco, conforme se
visualiza nas Figuras 3.17 e 3.18.

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 101

Figura 3.15 – Pressões pf dos ensaios pressiométricos do período seco

Pressão (kPa)
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750
0

2
pf-PMT 4
Profundidade (m)

pf-PMT 5

3 pf-PMT 6
pf-PMT 7

Figura 3.16 – Pressões p1 Figura 3.17 – Pressões p2

Pressão (kPa) Pressão (kPa)


0 10 20 30 40 50 60 70 0 100 200 300 400 500 600 700
0 0

p1-PMT 1
1 1 p2-PMT 1
p1-PMT 2
p2-PMT 2
p1-PMT 3 p2-PMT 3
2 p1-PMT 4 2 p2-PMT 4
Profundidade (m)

Profundidade (m)

p1-PMT 5 p2-PMT 5
p2-PMT 6
3 p1-PMT 6 3
p2-PMT 7
p1-PMT 7

4 4

5 5

6 6

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 102

Figura 3.18 – Pressões pf

Pressão (kPa)
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750
0

1
pf-PMT 1
pf-PMT 2
2
pf-PMT 3
Profundidade (m)

pf-PMT 4
pf-PMT 5
3 pf-PMT 6
pf-PMT 7

Os valores de p2 foram maiores para os ensaios do período seco em todas as profundidades


(com exceção do PMT 6 na profundidade de 5,5 m). Verifica-se, assim, uma tendência de
aproximação entre os valores de p2 dos ensaios realizados em diferentes períodos nas
profundidades de 4,5 e 5,5 m, indicando redução da influência da sucção nessas profundidades.
Essa diferença entre os p2 dos ensaios realizados em diferentes períodos faz com que os trechos
pseudo-elásticos (diferença entre p2 e p1) dos ensaios realizados no período seco sejam
consideravelmente maiores.

Na comparação entre os valores de pf dos ensaios realizados em período chuvoso e em período


seco, percebeu-se um comportamento praticamente idêntico ao obtido para a comparação entre
os valores de p2. Os valores de pf obtidos em período seco foram até 7 vezes maiores do que os
encontrados em período chuvoso. Como a pf simboliza a transição entre o regime pseudo-
elástico e o regime plástico essa discrepância é notável em casos de projetos geotécnicos.

Assim como para os ensaios do período chuvoso, os valores de p1 dos ensaios realizados em
período seco apresentaram baixa variabilidade para uma mesma profundidade, de forma que
foi possível realizar novamente a análise proposta por Angelim (2011) para determinação do
K0 do período seco. Portanto, a Figura 3.19 apresenta os valores médios de p1 e a linha de
tendência, a qual tem coeficiente angular que se relaciona com a tensão horizontal do solo
segundo os procedimentos da metodologia.

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 103

Figura 3.19 – Média e linha de tendência dos valores de p1 dos ensaios realizados em período seco

Pressão (kPa)
0 10 20 30 40 50
0

2
Profundidade (m)

3 y = 0,2021x - 3,5298
R² = 0,3461

6 h0 (K0 = 0,32 - Método Angelim)

Para os ensaios do período seco, foram utilizados os valores de todas as profundidades


estudadas de maneira a se obter o melhor R², que, mesmo assim, foi muito baixo (R² = 0,3461).
Por meio da equação da linha de tendência tem-se que ’h = z/0,2021 e consequentemente
K0 = 1/(0,2021 * ) Utilizando-se o  médio do perfil de 15,5 kN/m³ tem-se K0 igual a 0,32.

Dessa forma, verificou-se que o aumento da sucção e a redução do teor de umidade ocasionam
a diminuição do valor de K0 conforme se espera, pois as tensões são maiores o solo úmido pela
diminuição da sucção. Mesmo que a linha de tendência dos valores de p1 dos ensaios realizados
em período seco tenha apresentado R² menos representativo percebe-se coerência entre a linha
de tendência e os pontos.

Uma análise mais completa dos resultados, incluindo os parâmetros essênciais pL, EM e a relação
EM/pL, além de w e ua - uw, é apresentada no Capítulo 5.

3.5. RESULTADOS DOS ENSAIOS PRESSIOMÉTRICOS PELA


METODOLOGIA DE BRIAUD

Por meio da metodologia de Briaud (1992), apresentada no tópico 1.3.3.5 e ilustrada nas Figuras
1.8 e 2.20, determinou-se as tensões horizontais no repouso e se calculou o módulo cisalhante
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 104

G do solo. Os valores de G e, consequentemente, de EM obtidos pela metodologia de Briaud


(1992) são diferentes daqueles apresentados anteriormente, pois se utiliza a Equação 1.17 e
também porque, em razão da utilização de linhas de tendência e não das equações propostas
pela norma NF P 94-110-1 (AFNOR, 2000) pode-se determinar pontos diferentes para início e
fim do trecho pseudo-elástico.

Desse modo, as Tabelas 3.15 a 3.21 apresentam os resultados das curvas pressiométricas
adotando a metodologia de Briaud (1992). Os parâmetros abordados são: a deformação radial
específica para o raio inicial da cavidade ((Δr/r0)c), a tensão horizontal no repouso (h0), o
coeficiente de empuxo no repouso K0, as pressões p1 e p2 de início e término do trecho pseudo-
elástico, o módulo de deformabilidade (EM) e o módulo cisalhante (G).

A deformação radial específica para o raio inicial da cavidade e a tensão horizontal no repouso
são utilizadas para determinar a origem dos novos eixos rr e ɵɵ, que expressam a pressão e a
deformação específica diretamente na cavidade, conforme se visualiza na Figura 3.20.

Tabela 3.15 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo PMT 1 pela metodologia de Briaud (1992)

Prof. (Δr/r0)c h0 K0 p1 p2 EM G


(m) (kPa) (kPa) ( = 15,5 kN/m³) (kPa) (kPa) (MPa) (MPa)
0,5 15,3 11,0 1,42 45,9 107,1 1,8 0,7
1,5 24,0 10,1 0,44 30,2 68,6 1,0 0,4
2,5 15,0 10,2 0,26 22,1 78,2 1,7 0,7
3,5 17,5 15,0 0,28 24,8 64,5 1,6 0,6
4,5 13,8 26,5 0,38 47,0 91,4 3,6 1,3
5,5 19,8 15,5 0,18 38,1 155,4 6,0 2,2
Tabela 3.16 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo PMT 2 pela metodologia de Briaud (1992)

Prof. (Δr/r0)c h0 K0 p1 p2 EM G


(m) (kPa) (kPa) ( = 15,5 kN/m³) (kPa) (kPa) (MPa) (MPa)
0,5 18,4 13,0 1,68 24,0 133,5 2,9 1,1
1,5 15,8 10,0 0,43 14,0 50,7 1,2 0,5
2,5 21,4 12,7 0,33 21,6 62,7 0,5 0,2
3,5 11,4 25,6 0,47 25,6 65,6 1,9 0,7
4,5 18,8 15,6 0,22 34,3 269,2 6,7 2,5
5,5 19,2 15,5 0,18 41,6 299,8 6,6 2,5

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 105

Tabela 3.17 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo PMT 3 pela metodologia de Briaud (1992)

Prof. (Δr/r0)c h0 K0 p1 p2 EM G


(m) (kPa) (kPa) ( = 15,5 kN/m³) (kPa) (kPa) (MPa) (MPa)
0,5 16,1 7,0 0,91 38,2 82,7 3,7 1,4
1,5 19,1 11,0 0,47 14,9 49,6 1,0 0,4
2,5 16,1 12,0 0,31 12,0 63,0 1,0 0,4
3,5 13,9 10,0 0,18 26,4 82,5 2,2 0,8
4,5 15,1 16,3 0,23 35,2 244,3 6,5 2,4
5,5 17,8 15,5 0,18 34,5 293,2 7,4 2,8
Tabela 3.18 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo PMT 4 pela metodologia de Briaud (1992)

Prof. (Δr/r0)c h0 K0 p1 p2 EM G


(m) (kPa) (kPa) ( = 15,5 kN/m³) (kPa) (kPa) (MPa) (MPa)
0,5 19,4 18,0 2,32 35,4 344,5 8,3 3,1
1,5 20,5 21,4 0,92 41,3 183,2 7,5 2,8
2,5 13,8 26,1 0,67 26,1 187,6 5,8 2,2
3,5 13,9 31,0 0,57 31,0 242,1 7,2 2,7
4,5 17,4 32,8 0,47 32,8 341,8 8,8 3,3
5,5 12,0 38,9 0,46 61,5 275,0 9,4 3,5
Tabela 3.19 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo PMT 5 pela metodologia de Briaud (1992)

Prof. (Δr/r0)c h0 K0 p1 p2 EM G


(m) (kPa) (kPa) ( = 15,5 kN/m³) (kPa) (kPa) (MPa) (MPa)
0,5 18,6 18,2 2,35 39,8 253,2 8,9 3,3
1,5 16,0 22,7 0,98 34,7 197,5 6,6 2,5
2,5 16,9 20,8 0,54 41,0 204,2 6,9 2,6
3,5 17,9 22,2 0,41 22,3 235,5 8,8 3,3
4,5 15,7 43,7 0,63 110,6 549,2 19,4 7,3
5,5 12,6 37,5 0,44 56,2 282,8 5,6 2,1
Tabela 3.20 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo PMT 6 pela metodologia de Briaud (1992)

Prof. (Δr/r0)c h0 K0 p1 p2 EM G


(m) (kPa) (kPa) ( = 15,5 kN/m³) (kPa) (kPa) (MPa) (MPa)
0,5 20,5 7,3 0,94 26,4 340,1 14,8 5,6
1,5 20,0 16,1 0,69 37,9 254,2 13,3 5,0
2,5 18,8 11,6 0,30 28,0 255,9 5,4 2,0
3,5 20,3 12,1 0,22 32,2 373,8 22,1 8,3
4,5 23,2 20,0 0,29 30,6 416,5 14,1 5,3
5,5 19,6 16,1 0,19 28,9 112,2 2,6 1,0

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 106

Tabela 3.21 – Resultados dos ensaios pressiométricos do furo PMT 7 pela metodologia de Briaud (1992)

Prof. (Δr/r0)c h0 K0 p1 p2 EM G


(m) (kPa) (kPa) ( = 15,5 kN/m³) (kPa) (kPa) (MPa) (MPa)
0,5 19,3 13,8 1,78 30,0 535,1 13,7 5,1
1,5 18,9 5,0 0,22 16,9 228,6 8,7 3,2
2,5 17,5 13,9 0,36 32,0 196,5 8,6 3,2
3,5 17,9 16,1 0,30 16,1 176,6 6,0 2,3
4,5 16,5 31,6 0,45 31,7 292,2 10,0 3,7
5,5 15,6 21,2 0,25 21,2 448,2 10,2 3,8

As Figuras 3.21 e 3.22 apresentam as tensões horizontais no repouso. Essas tensões foram
obtidas para os ensaios pressiométricos realizados em período chuvoso e seco, respectivamente,
por meio da metodologia proposta por Briaud (1992). Verificou-se, no geral, valores de tensão
horizontal próximos para uma mesma profundidade nos ensaios do período chuvoso, os valores
variaram entre 7 e 26 kPa, e foi observada uma tendência de esses valores aumentarem
conforme havia aumento da profundidade.

Figura 3.20 – Utilização do método de Briaud para a profundidade de 0,5 m do furo de sondagem PMT 1

250

200 G = 6,6 MPa


rr = Pressão (kPa)

150

Ponto desconsiderado
100

Translação de(Δr/r0)c = 15,3 %


50
h = 11 kPa
0

0
0,00 Ponto 10,00 20,00
desconsiderado 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00
qq = rc/rc (%)

Os valores de tensão horizontal referentes ao período seco apresentaram maior variabilidade do


que os valores referentes ao período chuvoso, pois variaram entre 5 e 43 kPa, e também
mostraram tendência de elevação de acordo com o aumento da profundidade. Notou-se uma
maior similaridade entre os resultados obtidos para o par de furos PMT 4 e PMT 5 e também

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 107

para o par de furos PMT 6 e PMT 7. Acredita-se que isso ocorreu porque os furos de sondagem
PMT 4 e PMT 5 foram realizados em datas próximas e porque os furos de sondagem PMT 6 e
PMT 7 também foram realizados em datas próximas, além destes últimos estarem mais
próximos entre si.

Figura 3.21 – Tensões horizontais obtidas pelo Figura 3.22 – Tensões horizontais obtidas pelo
método de Briaud para o período chuvoso método de Briaud para o período seco

h0 (kPa) h0 (kPa)


5 10 15 20 25 30 35 40 45 5 10 15 20 25 30 35 40 45
0 0
PMT 1
PMT 2
1 PMT 3 1 PMT 4
Limites PMT 5
PMT 6
2 2
Profundidade (m)

Profundidade (m) PMT 7


Limites
3 3

4 4

5 5

6 6

De modo geral, os valores de tensão horizontal no repouso dos ensaios do período seco foram
maiores do que os valores do período chuvoso, não coerente com o esperado, já que a
contribuição da sucção diminui para o solo úmido, podendo indicar que a metodologia de
Briaud não é muito assertiva quanto à tensão horizontal em repouso in situ. Uma comparação
das médias dos valores do período seco e do período chuvoso é apresentada no capítulo 5.

Utilizando a média do peso específico do solo de 15,5 kN/m³ e os valores de h0, foi possível
calcular o K0 de cada furo de sondagem de acordo com a profundidade. As Figuras 3.23 e 3.24
mostram essa simulação para os furos do período chuvoso e do período seco, respectivamente.

O comportamento observado para os dois períodos analisados é de redução do K0 de acordo


com o aumento da profundidade. Verificou-se uma menor variabilidade dos resultados obtidos
para ambos os períodos em termos de K0 do que dos resultados obtidos em termos de h0.

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 108

Figura 3.23 – Valores de K0 dos furos de sondagem Figura 3.24 – Valores de K0 dos furos de sondagem
do período chuvoso do período seco
K0 K0
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50
0 0

1 1

PMT 4
Profundidade (m)

2 2
PMT 1

Profundidade (m)
PMT 5
PMT 2
3 PMT 6
PMT 3 3
PMT 7

4 4

5 5

6 6

Retirando os resultados de K0 da profundidade de 0,5 m, os quais apresentaram valores


elevados, em relação ao demais do perfil, devido às condições de intemperismo e de
ressecamento acentuadas, os furos de sondagem do período chuvoso apresentaram K0 médio de
0,30 com valores variando entre 0,47 e 0,18 e os ensaios do período seco apresentaram média
de 0,47 e valores variando entre 0,19 e 0,98.

Diferentemente do observado pela análise baseada na proposta de K0 de Angelim (2011), os


valores de K0 referentes ao período seco foram maiores do que os encontrados para o período
chuvoso. Esse comportamento não é considerado natural, já que a sucção age no solo de forma
a reduzir o valor de K0 para o período seco.

As Figuras 3.25 e 3.26 apresentam as pressões p1 e p2 de início e de término do trecho


pseudo-elástico dos furos de sondagem PMT 1 (período chuvoso) e PMT 4 (período seco) pela
metodologia de Briaud (1992) e pela metodologia tradicional. Para os furos de sondagem do
período chuvoso, a metodologia de Briaud (1992) mudou pouco os valores de p1 e p2, variando
o trecho pseudo-elástico em duas ou três profundidades por furo. Enquanto isso, para os furos
do período seco, observou-se uma diferença um pouco maior entre os valores obtidos pelas
diferentes metodologias, uma vez que os valores obtidos pela metodologia de Briaud (1992)
apresentaram tendência de valores de p1 maiores e de valores de p2 menores em relação aos
apresentados anteriormente.

R. R. MACHADO
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Figura 3.25 – Pressões p1 e p2 do período chuvoso Figura 3.26 – Pressões p1 e p2 do período seco por
por diferentes metodologias diferentes metodologias

Pressão (kPa) Pressão (kPa)


0 20 40 60 80 100 120 140 160 0 100 200 300 400 500
0 0

1 1
p1-PMT 4
p1-PMT 1
2 2 p2-PMT 4
p2-PMT 1

Profundidade (m)
Profundidade (m)

p1-PMT 1 p1-PMT 4
3 3 (Briaud)
(Briaud)
p2-PMT 1 p2-PMT 4
(Briaud) (Briaud)
4 4

5 5

6 6

A diferença entre as duas metodologias também foi verificada nos valores de EM. A Figura 3.27
ilustra a comparação entre os diferentes resultados obtidos para os furos de sondagem PMT 1
(período chuvoso) e PMT 4 (período seco), e a Figura 3.28 mostra a mesma comparação entre
os furos de sondagem PMT 3 (período chuvoso) e PMT 7 (período seco).

Figura 3.27 – Valores de EM para os furos PMT 1 e Figura 3.28 – Valores de EM para os furos PMT 3 e
PMT 4 por diferentes metodologias PMT 7 por diferentes metodologias

EM (MPa) EM (MPa)
0 2 4 6 8 10 12 0 2 4 6 8 10 12 14 16
0 0

PMT 1
1 1
PMT 1
(Briaud)
2 PMT 4 PMT 3
2
Profundidade (m)
Profundidade (m)

PMT 4 PMT 3
(Briaud) (Briaud)
3 3 PMT 7

PMT 7
4 4 (Briaud)

5 5

6 6

R. R. MACHADO
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Analisando as Figuras 3.27 e 3.28 e os valores das Tabelas 3.15 a 3.21 percebeu-se que os
valores de EM obtidos pela metodologia de Briaud são, em geral um pouco menores que os
valores obtidos pela metodologia tradicional. Esse comportamento foi verificado em
praticamente todos os casos para os resultados dos ensaios do período chuvoso, nos quais os
valores de EM são relativamente pequenos. Tal comportamento também ocorreu na maioria das
vezes para os resultados do período seco, nos quais verifica-se maiores valores de EM.

Em geral, os parâmetros obtidos pelas duas diferentes metodologias apresentaram uma


diferença muito pequena para uma mesma profundidade. Os valores de G apresentaram
comportamentos similares aos encontrados para o EM, pois esses dois parâmetros são
relacionados por meio da teoria da elasticidade. Situação semelhante foi encontrada por
Angelim (2011).

3.6. RESULTADOS DA FERRAMENTA ANALÍTICA


COMPUTACIONAL

A utilização da metodologia de Briaud (1992) foi necessária para que os dados ficassem no
formato adequado (rr versus ɵɵ) para utilização da ferramenta analítica computacional
apresentada por Fontaine; Cunha; Carvalho (2005). Como a ferramenta é adaptada para
trabalhar com os dados dessa metodologia, optou-se por utilizar os resultados obtidos por meio
da metodologia de Briaud (1992), os quais foram apresentados no tópico anterior, como dados
de entrada para o programa.

As Tabelas 3.22 a 3.28 apresentam os resultados obtidos para cada um dos furos de sondagem
realizados por meio da ferramenta analítica computacional apresentada por Fontaine; Cunha;
Carvalho (2005). Os parâmetros abordados são ângulo de atrito (ϕ’), coesão saturada efetiva
(c’), a coesão total (ctotal), o módulo cisalhante no trecho pseudo-elástico (Ge), o módulo
cisalhante na zona plástica (Gp), a tensão horizontal no repouso (h0) e a sucção matricial
(ua – uw).

R. R. MACHADO
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Tabela 3.22 – Resultados do ajuste de curvas para o PMT 1 (chuvoso) via Fontaine; Cunha; Carvalho (2005)

Prof. ϕ’ c' ctotal Ge EM Gp h0 ua-uw


(m) (º) (kPa) (kPa) (kPa) (MPa) (kPa) (kPa) (kPa)
0,5 38 20 30,3 660 1,76 2Ge 20 30
1,5 35 15 20,7 387 1,03 2Ge 10 18
2,5 30 10 15,4 650 1,73 2Ge 10 20
3,5 28 15 17,5 587 1,56 2Ge 15 10
4,5 25 18 23,5 1338 3,56 2Ge 24 25
5,5 30 18 36,8 2248 5,98 2Ge 16 70
Tabela 3.23 – Resultados do ajuste de curvas para o PMT 2 (chuvoso) via Fontaine; Cunha; Carvalho (2005)

Prof. ϕ’ c' ctotal Ge EM Gp h0 ua-uw


(m) (º) (kPa) (kPa) (kPa) (MPa) (kPa) (kPa) (kPa)
0,5 34 20 33,4 1095 2,91 2Ge 13 60
1,5 30 15 20,4 463 1,23 2Ge 10 20
2,5 34 10 13,7 171 0,45 2Ge 10 12
3,5 26 22 22,7 707 1,88 2Ge 30 10
4,5 26 19 65,2 2460 6,54 2,4Ge 30 200
5,5 26 19 65,2 2460 6,54 2,4Ge 30 200
Tabela 3.24 – Resultados do ajuste de curvas para o PMT 3 (chuvoso) via Fontaine; Cunha; Carvalho (2005)

Prof. ϕ’ c' ctotal Ge EM Gp h0 ua-uw


(m) (º) (kPa) (kPa) (kPa) (MPa) (kPa) (kPa) (kPa)
0,5 30 20 38,3 1397 3,72 2Ge 7 50
1,5 30 15 20,4 463 1,23 2Ge 10 20
2,5 30 20 22,7 374 0,99 2Ge 12 10
3,5 30 23 25,7 820 2,18 2Ge 5 10
4,5 26 19 66,2 2447 6,51 2,3Ge 12 200
5,5 31 19 74,5 2783 7,40 2Ge 15 200
Tabela 3.25 – Resultados do ajuste de curvas para o PMT 4 (seco) via Fontaine; Cunha; Carvalho (2005)

Prof. ϕ’ c' ctotal Ge EM Gp h0 ua-uw


(m) (º) (kPa) (kPa) (kPa) (MPa) (kPa) (kPa) (kPa)
0,5 34 10 141,5 3133 8,33 2Ge 18 430
1,5 34 10 31,4 2824 7,51 2Ge 21 70
2,5 34 10 31,4 2824 7,51 2Ge 21 70
3,5 28 20 44,9 2714 7,22 2Ge 31 100
4,5 30 20 73,6 3288 8,75 2Ge 33 200
5,5 31 18 45,7 3522 9,37 2Ge 30 100

R. R. MACHADO
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Tabela 3.26 – Resultados do ajuste de curvas para o PMT 5 (seco) via Fontaine; Cunha; Carvalho (2005)

Prof. ϕ’ c' ctotal Ge EM Gp h0 ua-uw


(m) (º) (kPa) (kPa) (kPa) (MPa) (kPa) (kPa) (kPa)
0,5 34 20 81,2 3353 8,92 2Ge 18 200
1,5 30 20 33,4 3353 8,92 2Ge 18 50
2,5 30 10 28,8 2586 6,88 2Ge 21 70
3,5 30 20 33,4 3327 8,85 2Ge 22 50
4,5 30 20 127,2 7288 19,39 2Ge 44 400
5,5 31 20 42,2 2100 5,59 2Ge 38 80
Tabela 3.27 – Resultados do ajuste de curvas para o PMT 6 (seco) via Fontaine; Cunha; Carvalho (2005)

Prof. ϕ’ c' ctotal Ge EM Gp h0 ua-uw


(m) (º) (kPa) (kPa) (kPa) (MPa) (kPa) (kPa) (kPa)
0,5 34 10 135,4 5579 14,84 2Ge 7 410
1,5 30 10 63,6 4985 13,26 2Ge 16 200
2,5 34 10 86,4 2045 5,44 2Ge 12 250
3,5 26 20 112,4 8316 22,12 2Ge 12 400
4,5 30 18 125,2 5302 14,10 2Ge 20 400
5,5 31 18 31,9 986 2,62 2Ge 16 50
Tabela 3.28 – Resultados do ajuste de curvas para o PMT 7 (seco) via Fontaine; Cunha; Carvalho (2005)

Prof. ϕ’ c' ctotal Ge EM Gp h0 ua-uw


(m) (º) (kPa) (kPa) (kPa) (MPa) (kPa) (kPa) (kPa)
0,5 34 10 193,5 5146 13,69 2Ge 14 600
1,5 30 18 55,5 3745 9,96 2Ge 32 140
2,5 34 10 40,6 3256 8,66 2Ge 13 100
3,5 30 20 46,8 2263 6,02 2Ge 5 100
4,5 28 18 57,9 3745 9,96 2Ge 32 160
5,5 31 18 128,9 2825 7,51 2,7Ge 21 400

A Figura 3.29 apresenta o exemplo do ajuste de curva utilizado para a profundidade de 0,5 m
do furo de sondagem PMT 1 em termos de tensão radial (rr) versus deformação radial (qq).
Quanto maior a proximidade entre as curvas dos ensaios e as curvas teóricas estiverem, maior
a confiança nos parâmetros de ajuste obtidos (CUNHA, 1996). Desse modo, considerou-se que
os ajustes selecionados representaram bem o comportamento das curvas pressiométricas.

R. R. MACHADO
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Figura 3.29 – Ajuste de curva via Fontaine; Cunha; Carvalho (2005) utilizado para a profundidade 0,5 m do furo
de sondagem PMT 1

250
PMT1
Curva- PMT
0,5m 1 - 0,5 m

200 Estimativa Fontaine


Curva estimada peloetmétodo
al. (2005)
rr = Pressão (kPa)

PMT 1 - 0,5 m
150 Parâmetros de ajuste:
ϕ' = 38º
c' = 20 kPa
100
Ge = 660 MPa
Gp = 2Ge
50 h0 = 20 kPa
ua - uw = 30 kPa

0
0 10 20 30 40 50
ɵɵ (%)

As Figuras 3.30 e 3.31 apresentam os resultados de ϕ’ e c’ obtidos por meio do ajuste para os
ensaios realizados em período chuvoso e em período seco.

Figura 3.30 – Ângulos de atrito obtidos por ajuste Figura 3.31 – Coesões efetivas obtidas por ajuste

ϕ' (º) c' (kPa)


20 25 30 35 40 0 5 10 15 20 25
0 0

1 1

2 2
Profundidade (m)

Profundidade (m)

3 3

PMT 1 PMT 1
PMT 2 4
4 PMT 2
PMT 3
PMT 3
PMT 4
PMT 5 PMT 4
5 5
PMT 6 PMT 5
PMT 7 PMT 6
6 6 PMT 7

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 114

Observou-se pouca variação entre os resultados de ϕ’ e de c’ para uma mesma profundidade,


mesmo ao se comparar os ensaios realizados em diferentes períodos pluviométricos.
Esperava-se que os resultados de ϕ’ apresentassem esse comportamento porque ensaios triaxiais
não saturados, como os realizados por Escario (1980) e Ho e Fredlund (1982) demonstraram
que variações na sucção não resultaram em grande variação do ângulo de atrito.

Como a coesão saturada efetiva (c’) está relacionada apenas com a cimentação e com as forças
entre os argilominerais do solo, também não se notou variação considerável entre os resultados
obtidos. Percebeu-se que a variabilidade desse parâmetro se reduziu com o aumento da
profundidade. Esse comportamento está de acordo com o relatado por Ortigão e Alves (1994)
e Ortigão; Cunha; Alves (1996), que afirmam que a coesão efetiva só influencia a curva
pressiométrica teórica na análise de ensaios PMT de pequenas profundidades.

A Figura 3.32 apresenta os valores médios de ϕ’ e c’ obtidos por meio de ajuste, juntamente
com os resultados dos ensaios triaxiais realizados. Os valores de ϕ’ e de c’ obtidos por meio do
método de ajuste de curvas da ferramenta analítica computacional apresentada por Fontaine;
Cunha; Carvalho (2005) se mostraram coerentes com os resultados triaxiais. Cabe ressaltar a
menor quantidade de ensaios triaxiais no perfil em relação aos pressiométricos, entretanto
suficientes para uma validação razoavelmente satisfatória do método.

Figura 3.32 – Parâmetros ϕ’ e c’ obtidos por ajuste de curvas e ensaios triaxiais

ϕ' (º) c' (kPa)


20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 0 5 10 15 20 25
0 0
34 20
1 1
31 15
2
Profundidade (m)

2
Profundidade (m)

34
32 35 2 10 13
3 3
28 30 c estimado 20 23
PMT
4 φ estimado PMT 4
c triaxial
CDnat
28 f triaxial
φ CDnat 19
5 f CDsat 5 c CDsat

30 31 19 19
6 6

R. R. MACHADO
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A Figura 3.33 demonstra a variação da ctotal com o aumento da profundidade para todos os furos
de sondagem realizados de acordo com os ajustes de curva realizados. Como a ctotal considera
as três parcelas de coesão a que o solo está submetido, a coesão devido à sucção, a coesão
devido às forças de atração entre os argilominerais e a cimentação, verifica-se diferença
considerável entre os resultados obtidos para os ensaios realizados em período chuvoso e seco.

Figura 3.33 – Coesão total obtida por meio de ajuste de curva

ctotal (kPa)
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
0

2
Profundidade (m)

PMT 1
PMT 2
4
PMT 3
PMT 4
PMT 5
5 PMT 6
PMT 7

Os valores obtidos para os ensaios realizados em período seco tendem a ser maiores em
praticamente todas as profundidades. A maior discrepância entre os diferentes períodos ocorre
para a profundidade de 0,5 m e percebe-se redução da diferença da ctotal com o aumento da
profundidade, até que, na profundidade de 5,5 m, os valores se aproximam, indicando que essa
profundidade é um limite para a influência da sucção no comportamento do solo estudado.

A sucção matricial, resultado dos ajustes de curva realizados, não se mostraram coerentes com
os valores obtidos por meio das curvas características e apresentados anteriormente. Os valores
foram, em geral, maiores do que os encontrados para pequenas sucções e menores do que os
encontrados para altas sucções. A Figura 3.34 apresenta as sucções matriciais obtidas pelo
método de ajuste de curvas para todos os ensaios realizados.

R. R. MACHADO
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Figura 3.34 – Sucções matriciais obtidas por meio de ajuste de curva

ua - uw (kPa)
0 100 200 300 400 500 600
0

2
Profundidade (m)

3
PMT 1
PMT 2
4 PMT 3
PMT 4
PMT 5
5 PMT 6
PMT 7

O comportamento apresentado para a ua -uw é similar ao observado para a ctotal. Há uma grande
diferença entre resultados do período chuvoso e do período seco para as profundidades inicias
e há uma redução dessa diferença, conforme o aumento da profundidade. Para a profundidade
de 5,5 m, os valores se aproximam consideravelmente. Os resultados obtidos por meio das
curvas características apresentaram comportamento similar, porém as sucções encontradas para
o período chuvoso foram menores e as sucções encontradas para o período seco foram
consideravelmente maiores, conforme se verifica na Figura 9 do Capítulo 5.

Os valores de Ge praticamente não sofreram alteração entre o dado de entrada inicial e o


resultado final do ajuste de curva. Optou-se por manter os valores de Ge em praticamente todos
os ajustes realizados, pois acredita-se que esse é um parâmetro confiável obtido diretamente do
ensaio pressiométrico, de maneira que não se viu necessária sua alteração. Quando houve
necessidade de variar o módulo cisalhante, preferiu-se modificar o Gp, mas, mesmo assim, na
maioria dos casos, manteve-se a relação de Gp igual a duas vezes Ge, como sugere Cunha (1994)
e Fontaine; Cunha; Carvalho (2005).

A h0 também não apresentou grande variação entre o valor de entrada inicial e o resultado final
do ajuste de curva, pois, em curvas que apresentam baixo grau de perturbação do solo em sua

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 117

fase inicial, não se mostra necessária grande variação desse parâmetro para obtenção do valor
de melhor ajuste (CUNHA, 1994).

No geral, a ferramenta analítica computacional apresentada por Fontaine; Cunha; Carvalho


(2005) se mostrou adequada para a obtenção de parâmetros geotécnicos por meio da curva
pressiométrica. Os valores de ϕ’ e de c’, principais parâmetros de interesse, obtidos para as
profundidades nas quais haviam resultados de ensaios triaxiais, foram satisfatórios e acredita-se
que os valores encontrados para as demais profundidades são coerentes com o comportamento
do solo estudado.

Os valores de Ge e h0 mantiveram-se de acordo com o comportamento obtido pela a análise da


metodologia de Briaud (1992), a qual acredita-se que reflete bem o comportamento do solo
tanto para o período chuvoso quanto para o período seco. As sucções matriciais encontradas
por meio do ajuste de curvas não apresentaram valores iguais aos determinados por meio das
curvas características, mas o comportamento de aumento e de diminuição dos valores foi
similar.

No Capítulo 5, é apresentada uma comparação, em termos de média, dos resultados obtidos por
meio da ferramenta analítica computacional apresentada por Fontaine; Cunha; Carvalho (2005)
para os ensaios do período chuvoso e do período seco.

3.7. COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS DOS ENSAIOS


TRIAXIAS E OS RESULTADOS PRESSIOMÉTRICOS

O módulo pressiométrico Ménard, EM, é tradicionalmente e empiricamente relacionado com o


módulo de Young de solos, EY, por meio da equação EM/EY = , proposta por Ménard em 1965,
sendo  um coeficiente reológico que assume valores entre 0 e 1, variando de acordo com o
tipo de solo, com o grau de compactação e com a relação EM/pL (FAWAZ; HAGECHEHADE;
FARAH, 2014).

Porém, essa equação é calibrada para solos sedimentares saturados típicos de países de clima
temperados, de maneira que podem não se adequar ao solo tropical brasileiro. Além disso,
Sedran; Failmeger; Drevinikas (2013) afirmam que, na prática, essa abordagem empírica
fornece poucas informações sobre a interação entre a sonda pressiométrica e o solo circundante.

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 118

Portanto, neste trabalho, optou-se por comparar os resultados de EM e de EY de três maneiras


distintas: comparação direta entre os valores de EM e Et50%, comparação entre módulos para o
mesmo nível de tensões octaédricas e comparação entre módulos para o mesmo nível de tensão
octaédrica e de deformação.

3.7.1. Comparação direta entre EM e Et50%

Como apresentado anteriormente, optou-se por comparar os valores de EM com os valores de


Et50%, pois este foi o módulo analisado que alcançou os maiores níveis deformação, de maneira
que se aproximou mais dos níveis de deformação de EM. Os módulos E0 e Et25%, por se tratarem
de módulos para deformações extremamente pequenas nos ensaios triaxiais realizados, não
seriam, a princípio, comparáveis ao EM.

A Figura 3.35 apresenta os teores de umidade obtidos das amostras deformadas que foram
retiradas durante a escavação do poço, os teores de umidades médios iniciais dos ensaios
triaxiais apresentados na Tabela 3.4 e os teores de umidade obtidos in situ para os ensaios
realizados no período chuvoso. Devido ao fato de os teores de umidade provenientes do poço
de inspeção serem próximos dos teores obtidos nos ensaios pressiométricos do período
chuvoso, os módulos Et50% foram comparados aos EM obtidos para o período chuvoso.

Como os valores de EM determinados para o período chuvoso apresentaram pequena variação


para uma mesma profundidade, optou-se por trabalhar com a média desses valores (EM-w). A
Figura 3.36 mostra o comportamento do módulo médio EM-w, juntamente com o comportamento
dos módulos Et50%, obtidos com as diferentes tensões de adensamento, conforme o aumento da
profundidade.

A Tabela 3.29 apresenta os módulos EM dos ensaios do período chuvoso e os valores de Et50%
para as diferentes tensões de adensamento utilizadas em laboratório para as profundidades em
que foram retirados blocos de amostra indeformada.

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 119

Figura 3.35 – Teores de umidade do poço de inspeção Figura 3.36 – Módulo EM-w e módulos Et50% obtidos
e dos ensaios pressiométricos para as diferentes tensões de adensamento

w (%) E (MPa)
0 4 8 12 16 20
9,00 12,00 15,00 18,00 21,00 24,00
2
0

1
PMT 1
3
2
PMT 2
Profundidade (m)

Profundidade (m)
3 PMT 3
4

4 POÇO

5 Média dos
ensaios 5 Et50% (25 kPa)
triaxiais Et 50% (50 kPa)
6 Et50% (75 kPa)
Et50% (100 kPa)
7 6 EM w

Tabela 3.29 – Módulos EM e Et50%

3 = 25 3 = 50 3 = 75 3 = 100
PMT 1 PMT 2 PMT 3 MÉDIA
kPa kPa kPa kPa
Prof. EM EM EM EM-w Et50% Et50% Et50% Et50%
(m) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa)
2,5 2,0 0,6 1,2 1,3 19,5 0,7 1,2 1,5
3,5 1,9 2,1 2,5 2,2 20,5 9,1 4,9 2,3
5,5 6,6 8,0 8,2 7,6 7,7 5,0 5,2 2,9

Notou-se que o módulo médio EM -w se aproximou, no geral, dos resultados de Et50% obtidos
para as tensões de adensamento de 50, 75 e 100 kPa. Pelo fato de as tensões octaédricas no
início dos ensaios pressiométricos serem de 25,8; 36,2 e 56,8 (considerando o  médio de
15,5 kN/m³ e K0 = 0,5) para as profundidades de 2,5, 3,5 e 5,5 m, respectivamente, esperava-se
que os valores de EM-w fossem mais próximos dos valores de Et50% obtidos para as tensões de
adensamento de 25 e 50 kPa.

Os valores encontrados para a tensão de adensamento de 25 kPa foram muito elevados e só se


aproximaram de EM-w para a profundidade de 5,5 m. Os valores encontrados para a tensão de

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 120

adensamento de 50 kPa foram razoáveis para as profundidades de 2,5 e 5,5 m. Em discordância


com as tensões octaédricas de início de ensaio, os valores obtidos para as tensões de
adensamento de 75 e 100 kPa foram os que mais se aproximaram dos valores de EM-w. A Tabela
3.30 apresenta a relação entre os valores de Et50% e EM-w para as diversas tensões de
adensamento.

Tabela 3.30 – Relações entre Et50% e EM w para as diversas tensões de adensamento

Profundidade 3 = 25 kPa 3 = 50 kPa 3 = 75 kPa 3 = 100 kPa


(m) Et50%/EM w Et50%/EM w Et50%/EM w Et50%/EM w
2,5 15,00 0,54 0,92 1,15
3,5 9,30 4,14 2,23 1,05
5,5 1,01 0,66 0,68 0,38

3.7.2. Comparação entre módulos para o mesmo nível de tensão


octaédrica

Considerando o peso específico médio do perfil igual a 15,5 kN/m³ e K0 igual a 0,5, tem-se as
tensões octaédricas (oct = (v+rr)/3) do perfil antes e durante (na metade do trecho
pseudo-elástico, pm) os ensaios pressiométricos do período chuvoso, conforme se verifica na
Tabela 3.31.

Tabela 3.31 – Tensões octaédricas antes e durante os ensaios pressiométricos do período chuvoso

oct
nat oct
Prof. v  h pm durante
Ensaio médio K0 inicial
(m) (kPa) (kPa) (kPa) PMT
(kN/m³) (kPa)
(kPa)
PMT 1 19,4 42 25,8 41,0
2,5 PMT 2 15,5 38,75 0,5 27,1 41 36,2 41,0
PMT 3 42,6 38 56,8 37,9
PMT 1 19,4 45 25,8 47,9
3,5 PMT 2 15,5 54,25 0,5 27,1 48 36,2 48,5
PMT 3 42,6 47 56,8 49,2
PMT 1 19,4 85 25,8 85,4
5,5 PMT 2 15,5 85,25 0,5 27,1 152 36,2 142,2
PMT 3 42,6 175 56,8 145,0

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 121

Comparou-se os módulos EM obtidos por meio dos ensaios pressiométricos com os módulos
tangentes encontrados ao se buscar níveis de tensões octaédricas nos ensaios triaxiais
((1+23)/3) que fossem próximos aos níveis de tensões octaédricas obtidos durante os ensaios
pressiométricos.

A Tabela 3.32 apresenta as tensões octaédricas na metade do trecho pseudo-elástico para os


ensaios pressiométricos e as tensões octaédricas mais próximas a esses valores obtidas por meio
dos ensaios triaxiais, além dos módulos EM e EY tangencial encontrados para essas situações.

Tabela 3.32 – Comparação entre EM e EY para o mesmo nível de tensão octaédrica

oct
 oct  Y
Prof. durante 
Ensaio PMT triaxial triaxial tangencial EY/EM
(m) PMT (MPa)
(%) (kPa) (%) (kPa)
(kPa)
PMT 1 41,0 2,0 42,6 (1) 0,1 2,0 52,8 26,4
2,5 PMT 2 41,0 7,7 42,6 (1) 0,1 0,6 52,8 88,0
PMT 3 37,9 3,4 39,3 (1) 0,05 1,2 86 71,7
PMT 1 47,9 3,0 48,5 (1) 0,7 1,9 10,1 5,3
3,5 PMT 2 48,5 1,6 48,8 (1) 0,6 2,1 10,1 4,8
PMT 3 49,2 2,3 49,9 (1) 0,9 2,5 8,3 3,3
PMT 1 85,4 1,4 86,6 (2) 2,0 6,6 5,5 0,8
2,8 3 4
5,5 PMT 2 142,2 141,9( )/141,8( ) 5,0/1,6 8,0 4,0/7,8 0,5/1,0
PMT 3 145,0 2,6 145,8(3)/144,5 (4) 6,0/1,8 8,2 3,5/7,3 0,4/0,9
Nota: 1, 2, 3 e 4 são tensões confinantes de 25, 50, 75 e 100 kPa, respectivamente.

Comparando os valores de EM e EY para o mesmo nível de tensão octaédrica (ou tensão média),
percebeu-se que, para a profundidade de 2,5 m, há uma grande discrepância entre os resultados
encontrados, o que ocorre porque, apesar de os ensaios estarem em um mesmo nível de tensão
octaédrica, os níveis de deformação ainda são muito menores para o ensaio triaxial.

O mesmo comportamento é visualizado para a profundidade de 3,5 m, porém, para esse caso,
o nível de deformação do ensaio triaxial é um pouco maior, o que gera valores menores de EY.
Notou-se que, para as profundidades de 2,5 e 3,5 metros, apenas os ensaios triaxias realizados
com tensão de adensamento de 25 kPa apresentaram tensões octaédricas próximas às do ponto
médio dos ensaios pressiométricos. As outras tensões de adensamento atingiram maiores
tensões octaédricas desde seu início e por isso não foram apresentadas.

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 122

Para a profundidade de 5,5 m houve uma aproximação entre os valores de EM e EY. Isso ocorreu
devido ao fato de que houve uma aproximação entre os níveis de deformação quando foi
atingido o mesmo nível de tensão octaédrica. Verificou-se que a relação entre EY e EM foi muito
próxima da unidade (1) para os valores obtidos com a tensão de adensamento de 100 kPa,
atribuiu-se esse fato à proximidade entre os níveis de deformação do ensaio pressiométrico e
do ensaio triaxial realizado com essa tensão de adensamento.

Esse método não foi considerado satisfatoriamente adequado, pois os resultados que mais se
aproximaram foram aqueles que se aproximaram do mesmo nível de deformação. Portanto,
optou-se por realizar a comparação para o mesmo nível de deformação e de tensão octaédrica.

3.7.3. Comparação entre módulos para o mesmo nível de deformação e de


tensão octaédrica

Uma comparação entre EM e EY para um mesmo nível de deformação se torna realizável de


maneira direta apenas, também, para um mesmo nível de tensões octaédricas, pois como
apresentado por Wood (1990), a deformação dos ensaios triaxiais (v) pode, nesse caso, ser
relacionada com a deformação do PMT (ɵɵ) por meio da Equação 3.1:

2
v = ( )   qq (3.1)
3

A relação dessa equação é muito perto da unidade (1), de maneira que pode ser negligenciada
nessa e em outras ocasiões (WOOD, 1990).

Dessa forma, foram criados gráficos, para cada profundidade estudada, que relacionam as
tensões octaédricas de ambos os ensaios com as deformações que foram consideradas iguais,
conforme se visualiza na Figura 3.37.

Verificando os pontos onde as curvas pressiométricas, durante o trecho pseudo-elástico, tocam


ou se aproximam muito das curvas dos ensaios triaxiais, calculou-se os módulos tangentes EY
referentes a esses pontos, conforme apresentado na Tabela 3.33. Para essa análise optou-se por
realizar comparação também com o módulo secante EY conforme apresentado na Tabela 3.34.

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 123

Figura 3.37 – Tensões octaédricas versus deformações para ensaios pressiométricos (chuvoso) e triaxiais

200
2,5 metros
180
160
s3 = 25 kPa
140
s3= 50 kPa
120 s3 = 75 kPa
oct (kPa)

100 s3 = 100 kPa


80 PMT 1
PMT 2
60
PMT 3
40
20
0
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00
v = ɵɵ (%)

200
3,5 metros
180
160
140 s3 = 25 kPa
120 s3= 50 kPa
oct (kPa)

s3 = 75 kPa
100
s3 = 100 kPa
80 PMT 1
60 PMT 2
40 PMT 3

20
0
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00
v = ɵɵ (%)

5,5 metros
220
200
180
s3 = 25 kPa
160 s3= 50 kPa
140
oct (kPa)

s3 = 75 kPa
120 s3 = 100 kPa
100 PMT 1
80 PMT 2
60 PMT 3
40
20
0
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00
v = ɵɵ (%)

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 124

Tabela 3.33 – Comparação entre EM e EY para o mesmo nível de tensão octaédrica e de deformação

Y tangencial-
Prof. 
Ensaio (MPa)-(%) EYt/EM
(m) (MPa)

3 (kPa) 3 (kPa)
25 50 75 100 25 50 75 100
PMT 1 2,0 0,4 - 4,0 - - - 0,20 - - -
2,5 PMT 2 0,6 0,1 - 15,3 - - - 0,17 - - -
PMT 3 1,2 0,3 - 6,8 - - - 0,25 - - -
PMT 1 1,9 0,2 - 4,2 - - - 0,11 - - -
3,5 PMT 2 2,1 1,0 - 2,7 - - - 0,48 - - -
PMT 3 2,5 0,4 - 3,0 - - - 0,16 - - -
PMT 1 6,6 4,8 - 0,5 3,2 - 1,5 2,0 - 3,1 - 0,73 0,48 0,30 -
5,5 PMT 2 8,0 7,7 - 0,4 2,7 - 1,2 1,5 - 2,7 5,0 - 3,3 0,96 0,34 0,19 0,30
PMT 3 8,2 7,7 - 0,1 5,0 - 1,2 2,5 - 2,5 5,4 - 2,7 0,94 0,61 0,30 0,26

Tabela 3.34 – Comparação entre EM e EY para o mesmo nível de tensão octaédrica e de deformação

Y secante -
Prof. 
Ensaio (MPa)-(%) EYs/EM
(m) (MPa)

3 (kPa) 3 (kPa)
25 50 75 100 25 50 75 100
PMT 1 2,0 2,0 - 4,0 - - - 1,0 - - -
2,5 PMT 2 0,6 1,2 - 15,3 - - - 2,0 - - -
PMT 3 1,2 0,6 - 6,8 - - - 0,5 - - -
PMT 1 1,9 2,5 - 4,2 - - - 1,3 - - -
3,5 PMT 2 2,1 3,8 - 2,7 - - - 1,3 - - -
PMT 3 2,5 3,2 - 3,0 - - - 1,3 - - -
PMT 1 6,6 16,3 - 0,5 6,2 - 1,5 5,7 - 3,1 - 2,5 0,94 0,86 -
5,5 PMT 2 8,0 14,4 - 0,4 7,3 - 1,2 6,5 - 2,7 2,4 - 3,3 1,8 0,91 0,81 0,30
PMT 3 8,2 40,7 - 0,1 7,3 - 1,2 6,5 - 2,5 2,1 - 2,7 5,0 0,89 0,79 0,26

As análises a seguir foram realizadas considerando os módulos secantes de Young (EYs) que
apresentaram resultados mais próximos da unidade (1).

Para as profundidades de 2,5 e 3,5 m apenas a curva tensão-deformação dos ensaios triaxiais
com tensão confinante de 25 kPa se aproximou e interceptou, respectivamente, o trecho
pseudo-elástico das curvas pressiométricas, dificultando uma análise no mesmo nível de tensão

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 125

e de deformação dos ensaios triaxiais e pressiométricos. Somente para a profundidade de 5,5 m


houve interseção entre os resultados pressiométricos e triaxiais para as quatro tensões
confinantes possibilitando comparações nos mesmos níveis de tensão e deformação
simultaneamente para ambos os ensaios.

A Figura 3.38 apresenta a relação EYs/EM para as quatro tensões confinantes do ensaio triaxial
para a profundidade de 5,5 m.

Figura 3.38 – Relação EYs/EM pela tensão confinante dos ensaios a 5,5 m de profundidade

125
Tensão Confinante (kPa)

100

y = 20,499x2 - 92,139x + 126,14


75 R² = 0,9062

50

25

0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3
EYs/EM

Resta então analisar os resultados apresentados para EYs/EM determinados nos mesmos níveis
de tensão e deformação para ambos os ensaios. Percebeu-se na Figura 3.38 que a relação EYs/EM
não convergiu para um único valor e apresentou um comportamento não linear variando entre
0,26 e 2,50. Neste caso é necessário analisar os níveis de deformação ou a distância da ruptura
que os módulos EYs foram determinados, já que para os módulos Ménard (EM) o patamar
pseudo-elástico é longo para o mesmo valor de módulo.

A Figura 3.39 apresenta a relação EYs/EM em função do percentual da tensão de ruptura dos
ensaios triaxiais das amostras a 5,5 m de profundidade. Nota-se que os percentuais das tensões
de ruptura variaram entre 50% a 74% na determinação de EYs, demonstrando que a
compatibilidade entre os ensaios pressiométricos e triaxiais se situa em faixas de tensões
elevadas cujas deformações são variadas e podem ser vistas na Tabela 3.34 (para o módulo
secante).

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 126

Figura 3.39 – Relação EYs/EM pelo percentual da tensão de ruptura dos ensaios a 5,5 m de profundidade

Percentual da Tensão de Ruptura (%)


100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3
EYs/EM
Conf. 100 kPa Conf. 75 kPa Conf. 50 kPa Conf. 25 kPa

Ainda quanto a Figura 3.39, considerando as relações EYs/EM com EYs determinados mais
próximos de 50% da tensão de ruptura, mais especificamente entre 50% e 60%, verifica-se que
todos os resultados para a tensão confinante de 75 kPa ficam excluídos da análise e um dos
resultados para a tensão confinante de 100 kPa. O ponto com tensão confinante de 100 kPa
considerado apresentou deformação de 2,7%, os três pontos com tensão confinante de 50 kPa
apresentaram deformações entre 1,2% a 1,5% e os dois pontos com tensão confinante de 25 kPa
apresentaram deformações de 0,4% e 0,5%.

Assim, elegeu-se os resultados da tensão confinante de 50 kPa com deformação média 1,3% à
54% da tensão de ruptura média como os mais representativos para uma relação média EYs/EM
com valor de 0,91. E com menor representatividade pode-se chegar a relação média EYs/EM de
0,26 (à 57% da tensão de ruptura média) para confianante de 100 kPa e na relação média EYs/EM
de 2,2 (à 57% da tensão de ruptura média) para a confinante de 25 kPa.

A Figura 3.40 resume as análises da relação EYs/EM para a profundidade estudada de 5,5 m e
tensão entre 50% e 60% da tensão de ruptura, indicando que essa relação, mesmo estando no
mesmo nível de tensão varia com o nível de deformação e está próxima da curva apresentada
na Figura 3.40.

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 127

Figura 3.40 – Relação entre EYs/EM e a deformação percentual dos ensaios triaxiais com tensão entre 50% e 60%
da tensão de ruptura

2,5
Deformação (%)

2 y = 0,412x2 - 2,112x + 2,9624


R² = 0,8648
1,5

0,5

0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3
EYs/EM

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 128

CAPÍTULO 4
ARTIGO: UTILIZAÇÃO DE ENSAIOS PRESSIOMÉTRICOS
MÉNARD PARA AVALIAÇÃO DE UM PERFIL DE SOLO
TROPICAL

Nota: Artigo submetido à Revista Tecnia. Aprovado para publicação em 2020 (in press).

Romulo Rodrigues Machado


Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Brasil, romulorodrimachado@gmail.com

Luiz Carlos Galvani Junior


Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Brasil, luizgalvanijr@gmail.com

Renato Resende Angelim


Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Brasil, angelim@ufg.br

Maurício Martines Sales


Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Brasil, mmartines@ufg.br

RESUMO: O ensaio pressiométrico (PMT) é considerado internacionalmente um dos melhores


ensaio de campo para determinação dos parâmetros de tensão-deformação de solos. O objetivo
deste artigo é comparar os resultados dos ensaios de dois furos de sondagem pressiométrica
realizados no Campo Experimental da Escola de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade
Federal de Goiás (EECA/UFG), em Goiânia, realizados em período seco e chuvoso do regime
pluviométrico local, de modo a verificar a influência do teor de umidade nos resultados de
deformabilidade e de resistência, que são expressos pelo Módulo Ménard (EM) e pela Pressão
Limite (pL), respectivamente, e, além disso, avaliar a influência da sucção total nas duas
diferentes situações para os ensaios realizados. Em cada furo de sondagem, foram realizados 6
ensaios pressiométricos, sendo um ensaio para cada camada de um metro até de 6 m de
profundidade. Durante a realização dos furos de sondagem, foram coletadas amostras
deformadas de solo de cada metro de profundidade, por meio das quais foi possível determinar
o teor de umidade e a sucção total do solo. Por meio da comparação entre os valores obtidos
em cada período do regime pluviométrico, percebeu-se que os parâmetros de deformabilidade
e de resistência apresentaram uma queda considerável quando comparado o período seco ao
chuvoso, de forma que essa variação deve ser considerada na elaboração dos projetos de
engenharia geotécnica.

PALAVRAS-CHAVE: Pressiômetro Ménard. Módulo de Deformabilidade do Solo. Pressão


Limite. Teor de Umidade e Sucção de Solos Tropicais. Efeito da Pluviometria em Ensaios de
Campo.

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 129

1. Introdução

As propriedades dos solos tropicais podem ser determinadas por meio de ensaios de laboratório
e de ensaios de campo, sendo muitas vezes necessário o emprego de ambos. Apesar de os
ensaios de laboratório ainda serem considerados a maneira mais satisfatória de estudar os solos,
vale ressaltar que eles requerem a retirada de amostras, o que nem sempre é possível devido às
dificuldades operacionais e à desvantagem de demandarem mais tempo para a sua execução, de
forma que, em muitos casos, os ensaios in situ se mostram mais vantajosos.

Os ensaios de campo conseguem incorporar, em seus resultados, todas ou quase todas as


influências das propriedades naturais do solo in situ, como tensões confinantes, umidade
natural, saturação, densidade, sucção e fluxo d’água e de ar. Ademais, por envolverem uma
massa/volume de solo mais considerável quando comparados às amostras utilizadas em
laboratório, os ensaios de campo conseguem reproduzir de maneira mais realista o
comportamento do maciço do solo, objeto de estudo geotécnico. Essas aptidões dos ensaios de
campo os tornam mais capazes de verificar, por exemplo, as variações que a estação
pluviométrica pode ocasionar na resistência e na deformabilidade de um solo (DIEMER, 2014).

Destaca-se, assim, o ensaio pressiométrico (PressureMeter Test - PMT), considerado um dos


melhores ensaios disponíveis para determinação dos parâmetros de tensão-deformação de solos
in situ. O PMT se sobressai em razão do fato de que apresenta uma base de interpretação teórica
bem definida por expansão de cavidade cilíndrica e permite, com relativa rapidez e facilidade,
a obtenção dos parâmetros Pressão Limite (pL) e Módulo de Deformabilidade (Ep), ambos
aplicáveis ao cálculo da capacidade de carga e do recalque de fundações (ANGELIM; SALES;
CUNHA, 2016).

Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi verificar se o efeito da pluviometria, representada
indiretamente por meio do teor de umidade e da sucção total no solo, pode ser avaliado pelo
pressiômetro Ménard através de seus parâmetros de resistência e deformabilidade, pL e EM.

2. Revisão Bibliográfica

O pressiômetro foi inventando por Louis Ménard em 1955 e consistia de um elemento de forma
cilíndrica projetado para aplicar uma pressão uniforme nas paredes de um furo de sondagem
através de uma membrana flexível composta por três células independentes. Duas delas são as
células de guarda, que moldavam a célula central para promover a expansão de uma cavidade
cilíndrica na massa de solo (GAMBIN, 1995).

Ménard (1967) mostrou, ao realizar ensaios e correlações empíricas, que seu equipamento era
capaz de balizar projetos da maioria dos tipos de fundação. Em seguida, utilizando a teoria da
expansão de cavidade, diversos autores substituíram gradualmente as bases empíricas do ensaio
por bases teóricas (e.g. Vésic, 1972; Baguelin; Jézéquel; Shields, 1978; Cunha, 1994 e 1996).

Os estudos realizados posteriormente permitiram o desenvolvimento de novos tipos de


pressiômetro (autoperfurante e cravado), com o objetivo de minimizar as incertezas decorrentes
da instalação da sonda em pré furo e de obter medições mais confiáveis de pressão e
deformação, além de possibilitar a realização do ensaio pressiométrico em solos duros e rochas
frágeis.

Apesar de ser internacionalmente reconhecido como o ensaio de campo mais adequado para a
determinação dos parâmetros de tensão-deformação de solos e de apresentar uma base teórica
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bem definida pela teoria de expansão de cavidade, o PMT não é muito utilizado na rotina de
projetos da engenharia geotécnica brasileira, tendo sua utilização restrita a pesquisas do âmbito
acadêmico e a obras especiais de grande porte. Acredita-se que os principais motivos para essa
restrição estão no preço da aparelhagem e na necessidade de envolver técnicos especializado
para realização do ensaio, o que o torna dispendioso, além da falta de tradição do seu uso em
solos tropicais brasileiros.

Nas universidades brasileiras, tem-se estudado a aplicabilidade desse ensaio em solos tropicais
e buscado difundir o ensaio pressiométrico para o meio técnico como uma alternativa
complementar para as campanhas de investigação geotécnica. Dentre as pesquisas realizadas
no Brasil, destacam-se o trabalho de Brandt (1978), um dos primeiros realizados no Brasil, os
realizados pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) (e.g. Schnaid e Rocha
Filho, 1994; Schnaid; Consoli; Mántaras, 1996; Kratz de Oliveira; Schnaid; Gehling, 1999;
Schnaid e Mántaras, 2003; Mántaras 1995 e 2000) e os trabalhos realizados pela Universidade
de Brasília (UnB) (e.g. Ortigão; Cunha; Alves, 1996; Cunha; Costa; Pastore, 2000; Vecchi et
al., 2000; Mota, 2003; Angelim, 2011 e Angelim; Sales; Cunha, 2016).

3. O Equipamento Utilizado

O equipamento utilizado foi o pressiômetro tipo Ménard, fabricado pela empresa francesa
APAGEO (Figura 1). Este aparelho possui uma tubulação de 25 m de comprimento que liga a
sonda à unidade central de controle de pressão e volume (CPV); fonte de pressão em cilindro
de gás nitrogênio comprimido de 1 m³ e sonda tipo G (de células encaixadas), codificação BX,
diâmetro de 60 mm e montada com membrana de borracha de 3 mm de espessura especificada
para baixas pressões (ANGELIM, 2011).

Figura 1 – Vista geral do pressiômetro Ménard


Fonte: MACHADO (2020).

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Para a expansão da sonda pressiométrica, são aplicados incrementos de pressão de uma mesma
magnitude e, para a adoção desse incremento, verifica-se o tipo de solo estudado. Os
incrementos de pressão correspondem a um décimo da pressão limite estimada. Conforme são
realizados os incrementos, registram-se as leituras do nível do volumímetro aos 15, 30 e 60
segundos. O ensaio é finalizado quando a deformação máxima da sonda é alcançada (volume
da CPV é esgotado). O resultado é uma curva que relaciona o volume injetado ao final dos 60
segundos com a pressão aplicada (SCHNAID e ODERBRECHT, 2012).

A sonda pressiométrica utilizada é formada por um núcleo cilíndrico de aço e por três células
independentes formadas por duas membranas de borracha sobrepostas. O tubo metálico oco
permite, por meio de pequenos orifícios, a passagem de água pressurizada para a célula central
e de gás nitrogênio para as células de guarda. A sonda também possui pequenos orifícios em
sua extremidade inferior com a função de permitir a drenagem de água caso necessária. Os
procedimentos para a utilização do pressiômetro Ménard, incluindo a calibração e a obtenção
de dados, estão presentes nas normas internacionais D 4719 (ASTM, 2000), NF P 94 110 1
(AFNOR, 2000) e EN 22476 4 (ISO, 2009).

Os furos experimentais para a realização dos ensaios pressiométricos foram realizados no


Campo Experimental da Escola de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Federal de
Goiás (EECA/UFG), encontra na porção sudoeste da quadra 86 da Escola de Engenharia Civil
e Ambiental, entre o edifício do Centro de Aulas das Engenharias e o alambrado da divisa com
a 5ª Avenida, no Setor Leste Universitário, em Goiânia Goiás (Figura 2).

Figura 2 – Localização da área de estudo (Campo Experimental da EECA/UFG)


Fonte: Adaptado de Google Maps (2019).

Neste mesmo local, foram realizadas sondagens de simples reconhecimento tipo SPT (Standard
Penetration Test) e tipo PANDA 2 (penetrômetro dinâmico de cone leve com energia variável),
apresentadas por Machado et al. (2018) e Rodrigues et al. (2018), respectivamente, além de
provas de carga estáticas em estacas metálicas tubulares feitas por Nascimento (2019). A Figura

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3 ilustra a locação dos furos para os ensaios de campo realizados no local e a posição dos dois
furos de sondagem PMT, sendo a sondagem PMT 1 (em azul) realizada em período chuvoso,
de 29 a 30/04/2019, e a PMT 2 (em vermelho) realizada em período seco, de 19 a 21/08/2019,
conforme verifica-se no Gráfico 1, que apresenta os dados de pluviometria em Goiânia para
ano de 2019, e uma média dos dados do período entre 1961 e 1990.

Figura 3 – Locação dos ensaios experimentais no Campo Experimental da EECA/UFG


Fonte: MACHADO (2020)

300
250
Preciptação (mm)

200
Chuva Acumulada
150
Mensal 2019
100
Chuva (Normal
50 Climatológica 61 - 90)
0

Gráfico 1 – Distribuição mensal de chuvas em Goiânia para o ano de 2019


Fonte: Adaptado pelo autor de INMET (2020).

As estacas de reação executadas por Nascimento (2019) delimitam um formato hexagonal, com
lado de 3,0 m, no Campo Experimental. Os furos de sondagem PMT estão distanciados em

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1,5 m de duas dessas estacas, em alinhamento radial ao centro do hexágono, e com 4,5 m entre
si. As sondagens pressiométricas foram feitas a cada camada de 1 m do perfil até 6 m de
profundidade, o que possibilitou a determinação do EM e da pL representativos de cada metro
do perfil, além da determinação da sucção total do solo (ψ), por meio do equipamento WP4C
(Dewpoint PotentiaMeter), seguindo as recomendações da norma americana D-6836 (ASTM,
2004), e do teor de umidade natural das amostras deformadas, retiradas durante a realização dos
pré furos, seguindo os procedimentos da NBR 6457 (ABNT, 2016).

A Figura 4 apresenta um resumo dos resultados de caracterização do solo. A classificação


granulométrica SUCS e MCT foram realizadas por Nascimento (2019). Cabe salientar que o
nível d’água não foi encontrado na sondagem SPT realizada até 9,5 m de profundidade no dia
29 de janeiro de 2018.

nat (kN/m³) Nspt e Gs


Perfil 14 15 16 17 0 2 4 6 8 0,9 1,1 1,3 2,71 2,80
0 0 0 0
LA'-LG'
1 1 1 1
SUCS: Areia Argilosa Vermelha

LA'-LG'
2 2 2 2
Profundidade (m)

LG'
3 3 3 3
LA'-LG'
4 4 4 4
LA'-LG'
5 5 5 5

LG'
6 6 6 6
Nota: LA'-LG' = arenoso ou argiloso laterítico; LG' = argiloso laterítico; NSPT = Índice de resistência à
penetração da sondagem de simples reconhecimento SPT.
Figura 4 – Resultados da caracterização do solo do perfil do Campo Experimental da EECA/UFG
Fonte: Elaborado pelo autor.

Salienta-se que a sucção total fornecida pelo WP4C é mais precisa a partir de 500 kPa e que,
para valores acima de 1000 kPa, esta pode ser relacionada diretamente com a sucção matricial
em solos tropicais, pois as curvas características de ambas as sucções desses tipos de solos são
muito semelhantes a partir desse valor (KÜHN, 2014).

O ensaio pressiométrico Ménard também é conhecido como ensaio pressiométrico de pré-furo,


de maneira que, para realização dos furos de sondagem, foram utilizados dois trados manuais,
apresentados na Figura 5, sendo um trado tipo copo e o outro tipo helicoidal. O trado tipo copo
possui 63 mm e o trado tipo helicoidal 58 mm de diâmetro, o que resultou em furos com
diâmetros de aproximadamente 67 mm, ou seja, com espaço anular teórico (espaçamento entre
a sonda pressiométrica e a borda do furo) menor do que 9 mm, conforme prescrito na norma
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NF P 94-110-1 (AFNOR, 2000), e com um diâmetro menor do que 1,20 vezes o diâmetro da
sonda, como prescrito na norma D 4719 (ASTM, 2000). Durante a execução do pré furo de
sondagem PMT 1, realizado em clima chuvoso, foi utilizado o trado helicoidal e para a
realização do pré furo de sondagem PMT 2, no período seco, foi utilizado o trado tipo copo,
pois o solo não apresentava coesão o suficiente para ser retirado do furo com a utilização do
trado helicoidal.

Figura 5 – Trados do tipo copo e helicoidal utilizado para realização dos pré-furos
Fonte: MACHADO (2020).

Os dados obtidos em campo durante os ensaios foram corrigidos, ou seja, foram descontadas a
inércia da membrana, a dilatação das tubulações e a pressão hidrostática na profundidade do
ensaio relativa à CPV, conforme orientado pelas normas pertinentes. A partir das curvas
pressiométricas corrigidas, expressas em pressão (kPa) versus volume (cm3) (notação
europeia), foi possível determinar os parâmetros principais EM e pL.

Na curva pressiométrica como parâmetros complementares, p1 e p2 são pontos que determinam


o início e o fim do trecho pseudo elástico da curva, respectivamente e pf é a pressão de fluência
ou de início da deformação plástica, ou seja, a tensão a partir da qual o comportamento do solo
passa do regime linear-elástico para o regime plástico. Essa pressão de fluência é obtida pela
análise do gráfico do diagrama pressão versus variação do volume injetado entre 30 e 60
segundos. A σh é a tensão horizontal in situ estimada ao analisar a curva pressiométrica
corrigida por meio do método de Briaud (1992), o qual consiste em escrever os dados obtidos
em campo em função da pressão (kPa) e da deformação radial da sonda (%) (notação norte-
americana).

4. Resultados e Discussões

A Figura 6 demonstra a evolução, apresentada por meio da notação europeia, das curvas
pressiométricas corrigidas das duas sondagens com o aumento da profundidade. É valido
salientar que, na extremidade das curvas, está apresentada a pressão limite, o ensaio é
interrompido antes da obtenção dessa pressão e esse valor é obtido por meio de extrapolação.

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900
a) PMT 1 (chuvoso)
800
700
600
Volume (cm³)

500 0,5m
400 1,5m
300 2,5m
3,5m
200 4,5m
100 5,5m
0
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80
Pressão (MPa)

900 b) PMT 2 (seco)


800
700
Volume - (cm³)

600
500
0,5m
400 1,5m
300 2,5m
200 3,5m
4,5m
100 5,5m
0
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80
Pressão (MPa)
Figura 6 – Evolução das curvas pressiométricas com a profundidade: a) PMT 1 (chuvoso) b) PMT 2 (seco)
Fonte: Elaborado pelo autor.

As curvas pressiométricas referentes às profundidades de 1,5 , 2,5 e 3,5 m se assemelham tanto


para o PMT 1 (chuvoso) quanto para o PMT 2 (seco), o que gera parâmetros de tensão
deformação semelhantes para essas profundidades da mesma sondagem. Elas se estendem por
uma faixa menor que as demais curvas, indicando valores menores e muito próximos dos
parâmetros de resistência (pL).

As curvas pressiométricas referentes às profundidades de 4,5 e 5,5 metros, com maior influência
da tensão confinante, apresentaram maior resistência (pL). Para a sondagem PMT 2 (seco), a
curva referente à profundidade de 0,5 m superou todas as outras no que tange à resistência.

Nota-se que as curvas pressiométricas do PMT 2 (seco) se estendem por uma faixa maior de
pressões do que as do PMT 1 (chuvoso), indicando maiores valores de p1, p2, pf e pL e
demonstrando a influência da pluviometria no comportamento do solo. Para ambas as
sondagens, a curva pressiométrica correspondente à profundidade de 0,5 m se mostrou uma das
mais prolongadas, o que indica parâmetros de resistência maiores nessa camada superficial.
Essa situação ocorre, provavelmente, devido a camada mais superficial do solo ser mais
susceptível aos efeitos do intemperismo, apresentando cimentações e agregações conforme
descrito por Nogami e Villibor (1995). Para o período seco tem-se, ainda, o efeito de altas
sucções superficiais, que ocorrem para os baixos teores de umidade, como verifica se nos
Gráficos 2 e 3.

R. R. MACHADO
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w (%)  (kPa)
11 13 15 17 19 21 23 1 10 100 1000 10000
0 0

12,7 20,5

1 1

13,6 20,4

2 2

Profundidade (m)
Profundidade (m)

17,0 20,9

3 3

16,5 18,5

4 4
PMT 1 PMT 1 (chuvoso)
13,2 18,0 (chuvoso)
PMT 2 (seco)
PMT 2
5 (seco) 5

17,8 18,1

6 6

Gráfico 2 –Perfil de w Gráfico 3 –Perfil de ψ


Fonte: Elaborado pelo autor. Fonte: Elaborado pelo autor.

Conforme se verifica no Gráfico 2, os teores de umidade obtidos para o PMT 2 (seco) são
inferiores aos encontrados para o PMT 1 (chuvoso) em todo perfil, com exceção da
profundidade 5,5 m, em que podem ser considerados numericamente iguais. Percebeu-se uma
tendência de redução da diferença entre os valores de teor de umidade dos períodos seco e
chuvoso com o aumento da profundidade, com exceção à profundidade de 4,5 m, o que pode
ser justificado por ter sido encontrada maior presença de pedregulho nessa camada para o
PMT 2 (seco), deixando o material mais drenante e com dificuldade para reter a umidade na
estiagem. Para a profundidade de 5,5 m, os teores de umidade encontrados praticamente se
igualaram, indicando que, talvez, essa profundidade seja um ponto de redução da influência da
pluviometria no comportamento mecânico do solo estudado.

No que tange à sucção, Gráfico 3, os valores determinados foram maiores para o PMT 2 (seco)
em relação ao PMT 1 (chuvoso) em todo o perfil, destacando-se a profundidade de 0,5 m e com
exceção da profundidade de 5,5 m, que apresentou valores de sucção pequenos e praticamente
iguais, indicando uma redução da influência da sucção no comportamento do solo nessa
profundidade e foi verificada, novamente, uma tendência de aproximação entre os valores
encontrados com o aumento da profundidade, com exceção novamente da profundidade de
4,5 m.

A Figura 7 apresenta uma comparação entre as curvas pressiométricas das diferentes estações
juntas para os casos de 3,5 e 5,5 m separadamente, o que possibilita visualizar a aproximação

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das curvas pressiométricas sob diferentes condições climáticas e a influência do aumento da


profundidade.

Figura 7 – Comparação entre as curvas pressiométricas de 3,5 e 5,5 metros


Fonte: Elaborado pelo autor.

Na profundidade de 3,5 metros, a declividade e a extensão dos trechos pseudo elásticos das
curvas pressiométricas são muito diferentes, e os pontos finais das curvas se encontram muito
afastados, sempre com maior ganho de resistência para a sondagem PMT 2 (seco). Na
profundidade de 5,5 metros, percebeu se a semelhança entre as declividades do trecho pseudo
elásticos (módulo EM) das curvas pressiométricas. Embora a diferença entre os pontos finais
das curvas seja menor em relação à de 3,5 metros, o ganho de resistência ainda é considerável,
em torno de 60%.

As curvas pressiométricas corrigidas, mostradas na Figura 6, permitiram a determinação dos


parâmetros de tensão-deformação do perfil de solo. O Gráfico 4 apresenta os valores de p1 e
p2, que são os limites do trecho pseudo elástico da curva pressiométrica corrigida obtidos para

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o PMT 1 e para o PMT 2. Os valores p1, com média geral de 32,6 kPa, são próximos para as
duas sondagens realizadas. Os valores de p2 são muito maiores, entre aproximadamente 2 a 4
vezes, para o PMT 2 (seco) em relação ao PMT 1 (chuvoso).

p1 e p2 (kPa)
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480
0

2
Profundidade (m)

p1 PMT1 (chuvoso)
p2 PMT1 (chuvoso)
p1 PMT2 (seco)
3 p2 PMT2 (seco)

Gráfico 4 – Valores de p1 e p2 para o PMT 1 e para o PMT 2


Fonte: Elaborado pelo autor.

Essa situação faz com que a extensão do trecho pseudo elástico dos ensaios pressiométricos
realizados em período úmido correspondam, praticamente, de 1/2 a 1/7 da extensão dos trechos
pseudo elásticos do período seco. Esse comportamento mostra que o solo mais úmido se
deformou muito mais sob tensões muito menores impostas pelo equipamento, com discreto
trecho elástico antes de plastificar se, principalmente para os ensaios realizados até 3,5 m de
profundidade. Acredita se que a água em maior quantidade presente nos vazios do solo, apesar
de a pressão ser aplicada lentamente durante o ensaio, fluiu radialmente, escapando da zona
plastificada junto à membrana para a zona elástica, que, ao receber a água, aumenta sua
saturação e se plastifica mais rapidamente do que ocorreria na massa de solo em período seco.

Os Gráficos 5 e 6 apresentam os resultados obtidos em termos de pf e σh. Em ambos os gráficos,


os valores referentes ao período seco (PMT 2) são consideravelmente maiores que os valores
referentes ao período chuvoso (PMT 1).

Como a pf simboliza a transição entre o regime pseudo elástico e o regime plástico, é


importante, em casos de projetos geotécnicos, perceber que, para todas as profundidades
estudadas, os valores de pf do PMT 2 (seco) foram entre aproximadamente 2 e 4 vezes maiores
que para o PMT 1 (chuvoso) no Gráfico 5.

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pf (kPa) h (kPa)
0 100 200 300 400 500 600 700 800 0 10 20 30 40 50
0 0
PMT 1
(chuvoso)
PMT 2
1 1 (seco)
Ko = 0,5

PMT 1 Ko = 0,4
2 2
Profundidade (m)

Profundidade (m)
(chuvoso)
PMT 2 Ko = 0,6
(seco)
3 3

4 4

5 5

6 6

Gráfico 5 –Perfil de pf Gráfico 6 – Perfil de σh


Fonte: Elaborado pelo autor. Fonte: Elaborado pelo autor.

Como a pf simboliza a transição entre o regime pseudo elástico e o regime plástico, é importante,
em casos de projetos geotécnicos, perceber que, para todas as profundidades estudadas, os
valores de pf do PMT 2 (seco) foram entre aproximadamente 2 e 4 vezes maiores que para o
PMT 1 (chuvoso) no Gráfico 5.

Por meio de amostras indeformadas retiradas em poço de inspeção (locação apresentada na


Figura 4), determinou-se um valor médio de 15,5 kN/m3 para o peso específico natural do solo
e, adotando para K0 os valores de 0,4 , 0,5 e 0,6, foi possível estimar curvas teóricas da tensão
horizontal ( h ) pela profundidade, dada pelas retas (de cor preta) no Gráfico 6. Isso possibilitou
uma comparação entre os resultados de campo e as estimativas teóricas de K0.

O comportamento de h com a profundidade, obtido das curvas pressiométricas, segundo


Briaud (1992), para a sondagem PMT 1 (chuvoso) e para a sondagem PMT 2 (seco) foram
diferentes entre elas, mas notou se que a faixa entre os valores das duas praticamente conteve a
curva teórica para K0 igual 0,5. Os valores de h encontrados para PMT 2 (seco) foram
superiores aos encontrados para o PMT 1 (chuvoso), demonstrando, novamente, a influência
do teor de umidade e da sucção nos parâmetros obtidos por meio de ensaios pressiométricos.
Vale ressaltar que não se esperava que o comportamento de h apresentasse o mesmo
comportamento que as retas teóricas, pois sabe-se que o solo superficial, até a profundidade de
2,5 m, no caso analisado, sofre intensos processos de ressecamento que ocasionam um efeito
de pré-adensamento na superfície, impedindo que a h se aproxime de zero na superfície e
fazendo com que o comportamento ideal para representar esse tipo de solo seja uma reta vertical

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(provavelmente até a profundidade de 2,5 m) seguida de uma reta com K0 constante, conforme
apresentado por Lambe e Whitman (1969).

Os Gráficos 7 e 8 mostram os resultados obtidos para os principais parâmetros de interesse nos


ensaios pressiométricos, o EM e a pL. Percebeu se comportamento similar entre os dados
apresentados nos dois gráficos, o que também pode ser notado ao compará los à pf do Gráfico 5.

pL (kPa) EM (MPa)
0 100 200 300 400 500 600 700 800 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
0 0

241 789 2,12 8,25

1 1

135 342 1,34 8,08


PMT 1
2 (chuvoso) 2
Profundidade (m)

PMT 2 Profundidade (m) PMT 1


119 302 (seco) 2,03 6,74 (chuvoso)
PMT 2
(seco)
3 3

131 366 1,87 8,46

4 4

206 561 4,11 10,48

5 5

277 436 6,62 8,49

6 6

Gráfico 7 –Perfil de EM Gráfico 8 –Perfil de pL


Fonte: Elaborado pelo autor. Fonte: Elaborado pelo autor.

No Gráfico 7, na profundidade de 0,5 m, assim como encontrado para pf, o valor de pL obtido
para o PMT 2 (seco) é mais do que 3 vezes maior que o obtido para o PMT 1 (chuvoso). De 1,5
até 4,5 m de profundidade, os valores de pL do PMT 2 (seco) estão aproximadamente entre 2 e
3 vezes maiores que os de PMT 1 (chuvoso). Uma tendência de aproximação entre os valores
de pL só é verificada nos ensaios realizados na profundidade de 5,5 m, que possuíam
praticamente a mesma umidade independentemente da estação.

No Gráfico 8, os valores de EM encontrados para o PMT 2 (seco) estão entre aproximadamente


3 e 4 vezes maiores do que os valores encontrados para o PMT 1 (chuvoso) até a profundidade
de 4,5 m, indicando que as condições pluviométricas que ocasionaram diferenças de umidade
e de sucção entre os dois ensaios influenciam na deformabilidade do solo. Em relação à
profundidade de 5,5 m, visualiza-se uma aproximação entre os valores de EM encontrados,
assim como no Gráfico 7 para pL, indicando que, nessa profundidade, a pluviometria não

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influenciou tanto no comportamento mecânico do solo estudado, o que é comprovado pelos


valores praticamente iguais de umidade e de sucção apresentados nos Gráficos 2 e 3.

Vale ressaltar que, para a profundidade de 4,5 m, o furo PMT 2 (seco) apresentou um solo com
maior presença de pedregulho (fragmentos de quartzo), o que pode ter influenciado os
resultados apresentados para essa profundidade, como, por exemplo, a redução do teor de
umidade (w), o aumento da sucção total (ψ) e os aumentos de pL e EM nessa profundidade.

5. Conclusões
Neste trabalho, a pluviometria, observada de forma indireta pelo teor de umidade natural in situ,
presente no solo no momento do ensaio pressiométrico, e pela sucção total influenciou o
comportamento mecânico do solo tanto em termos de tensão quanto de deformação. Dentre as
principais observações verificou-se:
uma tendência de redução da diferença entre os valores de teor de umidade e de sucção dos
períodos seco e chuvoso com o aumento da profundidade. Para a profundidade de 5,5 m, os
teores de umidade e as sucções encontradas para os diferentes períodos convergiram para
valores semelhantes, indicando que essa profundidade é um ponto de término da influência da
pluviometria (faixa ativa de sucção) no comportamento mecânico do perfil de solo estudado;

que os valores de módulo Ménard (EM) e pressão limite (pL) determinados para o período seco
superaram os obtidos para o período chuvoso na ordem de 3 a 4 vezes para EM e de 2 a 3 vezes
para pL, notando-se ainda um decréscimo da variação com a profundidade para os 2 parâmetros
até 5,5 m do perfil estudado;

que os resultados do ensaio pressiométrico de Ménard se mostraram sensíveis às variações de


umidade e de sucção no perfil do solo, demonstrando o potencial do equipamento para
investigação geotécnica de solos tropicais não saturados no que tange ao comportamento tensão
deformação;

que o equipamento WP4C foi eficiente e rápido para determinação da sucção total in situ do
perfil a partir das amostras deformadas de solo retiradas dos pré furos;

a importância de considerar a influência da pluviometria no resultado dos ensaios de campo em


solo tropical para a realização de projetos e de obras geotécnicas, realizando assim a
investigação geotécnica, sempre que possível, em duas diferentes estações climáticas (seca e
chuvosa) e determinando perfis de umidade e de sucção.

Referências

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R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 145

CAPÍTULO 5
ARTIGO: EFEITO DA SUCÇÃO EM ENSAIOS
PRESSIOMÉTRICOS REALIZADOS EM SOLO TROPICAL

Romulo Rodrigues Machado


Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Brasil, romulorodrimachado@gmail.com

Luiz Carlos Galvani Junior


Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Brasil, luizgalvanijr@gmail.com

Renato Resende Angelim


Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Brasil, angelim@ufg.br

Maurício Martines Sales


Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Brasil, mmartines@ufg.br

RESUMO: Este artigo apresenta e discute os resultados de ensaios pressiométricos (PMT), os


quais foram realizados em um solo tropical no Campo Experimental da Escola de Engenharia
Civil e Ambiental da Universidade Federal de Goiás (EECA/UFG), e avalia a influencia da
sucção nestes e no comportamento mecânico desse solo. Pedologicamente, o solo do perfil
estudado é um latossolo vermelho laterítico, no qual já haviam sido realizados ensaios
penetrométricos de campo, como PANDA 2 e SPT, além de ensaios de laboratório de
caracterização, como a análise granulométrica e a classificação MCT, sendo esta realizada pelo
método expedito das pastilhas. Foram realizados, na campanha experimental deste trabalho, 7
furos de sondagem até a profundidade de 6 m, com um PMT representando cada metro de
profundidade do perfil, contabilizando 42 ensaios pressiométricos Ménard no local. 3 furos de
sondagem PMT foram realizados em período chuvoso e 4 furos de sondagem em período seco
do regime pluviométrico de Goiânia. A 3 m de um dos ensaios pressiômetros, foi executado um
poço de inspeção com profundidade de 6,5 m que permitiu a retirada de amostras indeformadas
para determinação da curva característica solo-água (CCSA) de cada profundidade estudada,
além da coleta de 3 blocos para realização de ensaios triaixias CDnat nas profundidades de 2,5,
3,5 e 5,5 m. Os ensaios pressiométricos possibilitaram a determinação direta do módulo de
deformabilidade do solo (EM), da pressão limite (pL), da tensão horizontal no repouso (h0) e
indireta da coesão ( c’ ) e do ângulo de atrito ( ϕ’ ). Os parâmetros e curvas pressiométricas
obtidos em período chuvoso foram comparados aos obtidos em período seco, de forma que
pôde-se verificar a influência da sucção e da pluviometria nos parâmetros encontrados.
Analisou-se os resultados obtidos sob a luz das faixas de resultados típicos apresentadas por
Ménard (1975) e Briaud (1992). Comparou-se os resultados pressiométricos com outros ensaios
realizados em solos tropicais brasileiros. Verificou-se que os parâmetros de deformabilidade e
de resistência apresentaram uma queda considerável quando comparado o período seco ao
chuvoso, principalmente nas profundidades iniciais.

PALAVRAS-CHAVE: Pressiômetro Ménard, Módulo de Deformabilidade do Solo, Pressão


Limite, CCSA de Solo Tropical, Efeito da Sucção em Ensaios in situ

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 146

1 Introdução

Apesar de os ensaios de laboratório ainda serem considerados a melhor maneira de se estudar


o comportamento mecânico de solos tropicais, a determinação de parâmetros de tensão-
deformação desses solos é complexa devido à sua variabilidade e heterogeneidade espacial. As
amostras de laboratório, de dimensões reduzidas, podem não representar bem a presença de
partículas maiores e de agregações presentes no solo. A sensibilidade das cimentações para com
as perturbações das amostras pode afetar consideravelmente os resultados encontrados, além de
os ensaios de laboratório geralmente constituírem uma solução mais cara e demorada para a
obtenção dos parâmetros de interesse (SCHNAID et al., 2000).

Dessa maneira, a determinação das propriedades do solo por ensaios in situ se torna atraente,
pois esses ensaios permitem o trabalho com massas de solo mais consideráveis e a redução das
perturbações ao solo, além de serem sensíveis a fatores intrínsecos, como tensões confinantes,
umidade natural, saturação, densidade, sucção e fluxo de água e ar. Nessa sentido, destaca-se o
pressiômetro Ménard, de pré-furo, que é internacionalmente reconhecido como um dos
melhores ensaios para determinação dos parâmetros de tensão-deformação de solos por
apresentar uma base de interpretação teórica bem definida por expansão de cavidade cilíndrica
e por permitir, com relativa facilidade, a obtenção dos parâmetros Pressão Limite (pL) e Módulo
de Deformabilidade Ménard (EM), ambos aplicáveis no cálculo da capacidade de carga e do
recalque de fundações (ANGELIM; CUNHA; SALES, 2016).

Apesar das vantagens citadas acima, o PMT ainda não é muito utilizado na rotina de projetos
da engenharia geotécnica brasileira, tendo sua utilização concentrada em pesquisas do âmbito
acadêmico e em obras especiais de grande porte. Essa situação talvez ocorra pelo fato de haver
poucas unidades desse equipamento em todo país e pela falta de tradição na interpretação dos
resultados obtidos em solos tropicais.

Nesse contexto, este artigo apresenta os resultados e a determinação de parâmetros de ensaios


pressiométricos realizados em solo tropical de Goiânia, avaliando a influência que a sucção e o
teor de unidade geram nos parâmetros de tensão-deformação desse tipo de solo ao se comparar
ensaios realizados em períodos secos com ensaios realizados em períodos chuvosos. A
realização deste trabalho dá início a uma base de dados de ensaios PMT em solo tropical
goianiense e avalia a sensibilidade do PMT e de outros ensaios de campo aos efeitos da
pluviometria e da sucção.

2 Materiais e Métodos

2.1 Localização

Os ensaios foram realizados no Campo Experimental da Escola de Engenharia Civil da


Universidade Federal de Goiás (EECA – UFG), que se encontra em Goiânia, Goiás, Brasil.
Essa cidade se encontra na região centro-oeste do país, entre a Linha do Equador e o Trópico
de Capricórnico, de maneira que os solos dessa região são tipicamente tropicais. As
coordenadas de latitude e de longitude do local são 16º40’41” S e 49º14’31” W.

2.2 Aspectos climáticos

O clima de Goiânia se caracteriza por apresentar tanto a estação chuvosa quanto a estação seca
bem definida, o que permitiu a fácil separação entre os ensaios representativos do período seco
e do período chuvoso. Geralmente, o período chuvoso se estende da metade final de outubro
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 147

até a metade inicial de abril, e o período seco se estende da metade final de abril até a metade
inicial de outubro. O índice pluviométrico médio anual é em torno de 1500 mm, e
aproximadamente 95% do total de precipitações ocorre no período chuvoso. Durante todo o
ano, a sensação térmica é elevada, e a temperatura, geralmente, varia entre 15 °C e 33 °C e
raramente é inferior a 12 °C ou superior a 36 °C (ALMEIDA et al., 2006).

A Figura 1 apresenta os dados de pluviometria de Goiânia em 2019 (ano da realização dos


ensaios deste trabalho) e uma média dos dados de 1961 a 1990, os quais foram obtidos pelo
Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), na estação meteorológica de Código
OMM 83423, localizada a 2,41 km de distância do Campo Experimental da EECA/UFG. Cabe
salientar que o ano de 2019 foi atípico em relação à curva média pluviométrica, pois, em abril,
choveu cerca de 75% acima da média, e as chuvas se extenderam até maio, com precipitação
elevada, em torno de 115% acima da média. A chuva acumulada para os meses de setembro a
dezembro ficou abaixo da média para o referido ano.
Figura 1 – Distribuição mensal de chuvas em Goiânia para 2019 e média de 1961 a 1990 (INMET, 2020)

300

250
Precipitação (mm)

200
Chuva Acumulada
150 Mensal 2019

100 Chuva (Normal


Climatológica 61 - 90)
50

A combinação de pluviometria e de temperatura típicas de Goiânia faz com que o solo da


cidade, assim como ocorre em outras regiões do Brasil e do mundo que se localizam entre os
trópicos, seja, em sua grande maioria, tropical e laterítico. Esse tipo de solo é caracterizado por
sofrer processos intensos de intemperismo e de lixiviação devido à ação da temperatura e da
umidade, que fazem com que o solo apresente cimentações com acúmulo de óxidos e de
hidróxidos de ferro e alumínio (NOGAMI e VILLIBOR, 1995).

2.3 Caracterização geotécnica do perfil

No Campo Experimental da ECCA/UFG, já haviam sido realizadas sondagens SPT (Standard


Penetration Test) e PANDA 2 (ensaio de penetração dinâmica de cone leve com energia
variável), apresentadas por Machado et al. (2018) e por Rodrigues et al. (2018),
respectivamente (os resultados dessas sondagens serão apresentados no tópico de resultados e
análises), além de provas de carga em estacas metálicas tubulares apresentadas por Nascimento
(2019).

A Figura 2 ilustra a locação dos ensaios de campo já realizados no local, bem como a locação
das 7 sondagens PMT e do poço de inspeção e amostragem realizados para esta pesquisa. Os
furos de sondagem PMT do período chuvoso (em azul) foram executados entre 29 de abril e 15
de maio de 2019, período com grande incidência de chuva. Os furos de sondagem do período
seco (em vermelho) foram realizados entre os dias 19 de agosto e 21 de setembro de 2019,

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 148

período no qual as chuvas ainda não haviam se iniciado. O poço de inspeção e amostragem foi
executado nos dias 05 e 06 de junho de 2019, período em que as chuvas já haviam se encerrado.
Figura 2 – Locação das sondagens PMT, SPT e PANDA 2 e do poço de inspeção e amostragem

A Figura 3 apresenta um resumo dos resultados de caracterização do solo Campo Experimental da EECA/UFG.

Figura 3 – Caracterização do perfil de solo do Campo Experimental da EECA/UFG

nat (kN/m³) d (kN/m³) e Gs


Perfil 14 15 16 17 12 13 14 0,9 1,1 1,3 2,71 2,80
0 0 0 0 0
LA'-LG'
LA'-LG'
1 1 1 1 1
SUCS: Areia Argilosa Vermelha

LA'-LG'
2 2 2 2 2
Profundidade (m)

LG'
3 3 3 3 3
LA'-LG'
4 4 4 4 4
LA'-LG'
5 5 5 5 5

LG'
6 6 6 6 6
Nota: LA'-LG' = arenoso ou argiloso laterítico; LG' = argiloso laterítico

Foi feita a análise granulométrica com e sem uso de defloculante (hexametafosfato de sódio).
Sem uso de defloculante, o solo do perfil foi classificado (SUCS), até 6,0 m, como uma areia

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Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 149

siltosa, mas, com uso de defloculante, o solo foi classificado como areia argilosa, demonstrando
a presença de agregações no solo. O resultado da classificação MCT expedita (DERSA, 2006)
qualificou o solo como arenoso ou argiloso laterítico até a profundidade de 6,0 metros.

O peso específico natural do solo (nat) variou entre 14,5 e 16,5 kN/m³ (média de 15,5 kN/m³),
e o peso específico seco (d) variou entre 12,3 e 13,9 kN/m³ (média de 13 kN/m³). O índice de
vazios (e) apresentou valores elevados típicos de solos lateríticos, variando entre 0,98 e 1,23
(média de 1,12), e a densidade dos grãos (Gs) variou entre 2,72 e 2,79 (média de 2,75) para a
fração do solo passante na peneira de 2 mm.

O poço de inspeção e amostragem permitiu a retirada de amostras indeformadas para a


realização dos ensaios triaxiais CDnat nas profundidades de 2,5, 3,5 e 5,5 m e para a
determinação das CCSAs das profundidades de 0,5 , 1,5 , 2,5 , 3,5 , 4,5 e 5,5 m. Para
determinação das CCSAs, utilizou-se células Temp Cell para sucções até 90 kPa e, para as
demais faixas de sucção, utilizou-se o equipamento WP4C (Dewpoint PotenciaMeter),
seguindo as orientações da norma americana D-6836 (ASTM, 2004).

Salienta-se que o WP4C fornece a sucção total, e não a sucção matricial, que os valores de sáida
do equipamento são mais confiáveis a partir de 500 kPa e que, para valores acima de 1000 kPa,
esta pode ser relacionada diretamente com a sucção matricial em solos tropicais, pois as curvas
características de ambas as sucções desses tipos de solos são muito semelhantes a partir desse
valor (KÜHN, 2014). Portanto considerou-se os valores obtidos pelo WP4C como
representativos de sucção matricial.

Para modelagem das CCSAs, utilizou-se a Equação proposta por Gitirana Jr. e Fredlund (2004),
pois ela apresenta um ajuste específico para curvas bimodais típicas de solos tropicais.

2.4 Ensaios Pressiométricos

O equipamento utilizado para a realização das sondagens PMT, apresentado na Figura 4, é um


pressiômetro tipo Ménard. Este aparelho possui uma tubulação geminada (gás-água) de 25 m
de comprimento que liga a sonda à unidade de controle de pressão e volume (CPV), uma fonte
de pressão de gás nitrogênio comprimido de 1 m3 e uma sonda tipo G (células encaixadas), que
tem codificação BX, diâmetro de 60 mm e foi montada com membrana de borracha de 3 mm
de espessura, a qual é destinada para baixas pressões (ANGELIM, 2011). O equipamento é
fabricado pela empresa francesa APAGEO e foi cedido por FURNAS Centrais Elétricas S.A. à
EECA/UFG para uso em pesquisas.
Figura 4 – Vista geral do equipamento utilizado

Giacheti (2001) afirma que a técnica com pré-furo (Ménard), utilizada nesta pesquisa, é uma
opção viável para realização do ensaio em solos não saturados, apesar de suas limitações, uma
R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 150

vez que o uso do fluido de lavagem ou do ar comprimido, utilizado nos outros tipos de ensaios
pressiométricos, produzem mudanças na poropressão de água ou na poropressão de ar, o que
afeta a sucção do solo in situ (ua - uw) ao redor da sonda pressiométrica.

Para a realização dos 42 ensaios pressiométricos que constituem este trabalho, foram seguidas
as orientações de normas internacionais, como a norte-americana D-4719 (ASTM, 2000), a
francesa NF P 94-110-1 (AFNOR, 2000), e a europeia EN 22476-4 (ISSO, 2009). Os resultados
foram expressos na forma proposta pela norma francesa (pressão versus volume), de maneira
que foi possível determinar o EM e a pL dos ensaios pressiométricos realizados, e também foram
expressos na forma proposta pela norma norte-americana e pela metodologia de Briaud (1992)
(deformação radial versus pressão), de maneira que foi possível obter a h0 e utilizar a
ferramenta analítica computacional apresentada por Fontaine; Cunha; Carvalho (2005).

A ferramenta analítica computacional apresentada por Fontaine; Cunha; Carvalho (2005) avalia
a coesão efetiva (c’) e a coesão total (ctotal) do solo. A coesão efetiva é dada pela cimentação
em conjunto com as forças de atração dos argilos minerais do solo e a coesão total é dada pela
soma dessa parcela com a parcela referente à sucção matricial, conforme demonstrado por
Mota (2003). Além disso, essa ferramenta permite também a obtenção do ϕ’ do solo.

Foram providenciados 2 trados manuais, apresentados na Figura 5, para realização dos furos de
sondagem, sendo um trado do tipo copo e outro do tipo helicoidal. O trado tipo copo apresenta
63 mm de diâmetro, enquanto o helicoidal apresenta 58 mm de diâmetro, e, por meio de ensaios
teste, verificou-se que ambos resultaram em furos de mesmo diâmetro, com espaço anular
teórico, dado pelo espaçamento entre a sonda pressiométrica e a borda do furo, menor do que
9 mm, conforme prescrito na norma NF P 94-110-1 (AFNOR, 2000) e com um diâmetro menor
do que 1,2 vezes o diâmetro da sonda, como prescrito na norma D-4719 (ASTM, 2000).
Durante a execução dos furos de sondagem do período chuvoso, foi utilizado o trado helicoidal,
enquanto, durante a realização dos furos de sondagem do período seco, foi utilizado o trado
copo, pois o solo não apresentava coesão o suficiente para para ser retirado do furo com a
utilização do trado helicoidal.
Figura 5 – Trados utilizados para realização dos furos. Trado copo acima e trado helicoidal abaixo

Conforme se visualiza na Figura 2, os furos de sondagem foram intercalados de forma que um


ensaio em período seco se encontrasse próximo a dois ensaios realizados em período chuvoso
e vice-versa, de modo a facilitar as comparações entre os dois diferentes períodos climáticos.

3 Resultados e Análises

A Figura 6 apresenta o resultado da modelagem das CCSAs até a profundidade de 5,5 m do


perfil. As CCSAs de 0,5, 1,5 e 2,5 m apresentaram comportamento muito parecido. Verificou-
se que todas as 6 curvas apresentaram comportamento bimodal, mas que a intensidade dessa
bimodalidade se reduz com a profundidade, de maneira que as CCSAs de 4,5 e 5,5 m têm essa
tendência bem menos aparente. Vale ressaltar que, a partir de 7,0 m de profundidade, o solo do

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 151

campo experimental foi classificado por Nascimento (2019) como não laterítico, por meio da
metodologia MCT expedita.
Figura 6 – CCSAs do perfil de solo do campo experimental da EECA/UFG

45

40

35

30

25
w (%)

20 0,5m
1,5m
15 2,5m
3,5m
10 4,5m
5 5,5m

0
0,01 0,1 1 10 100 1000 10000 100000 1000000
Sucção (kPa)

A Figura 7 apresenta os teores de umidade obtidos de amostras retiradas dos pré-furos de cada
um dos ensaios PMT realizados e a sucção obtida ao se aplicar o teor de umidade na CCSA
correspondente.

Os teores de umidade e as sucções encontradas no período chuvoso (Figura 7 à esquerda)


apresentaram valores semelhantes para todas as profundidades do perfil estudado, demostrando
que a maior umidade do solo conduz os resultados de sucção para valores baixos, isto é, na
ordem de 100 kPa.

Os teores de umidade obtidos das amostras retiradas do poço de inspeção no início do período
seco apresentaram valores muito parecidos com os teores obtidos nas amostras dos pré-furos
no período chuvoso e, por isso, foram apresentados juntos no mesmo gráfico da Figura 7, o que
indica que o solo do perfil consegue reter a umidade na sua estrutura por algum tempo após o
fim da estação chuvosa.

Por outro lado, as umidades e as sucções encontradas para o período seco (Figura 7 à direita)
apresentaram maior variação tanto das umidades quanto das sucções em relação ao período
chuvoso. As umidades diminuíram, e as sucções aumentaram para uma faixa entre 1000 kPa a
3000 kPa aproximadamente.

Notou-se que as oscilações do teor de umidade, no período seco, foram claramente decrescentes
entre os furos de sondagem em todas as camadas do perfil, conforme sequência nessa ordem:
PMT 4 (19/08 a 21/08/2019), PMT 5 (23/08 a 29/08/2019), PMT 6 (29/08 a 02/09/2019) e
PMT 7 (17/10 a 21/10/2019). O PMT 7, último a ser realizado, apresentou os menores teores
de umidade. Essa situação demonstrou a sensibilidade desse parâmetro ao tempo, frente à
intensidade dos fatores climáticos (temperatura, umidade relativa, ventos, evapotranspiração,
etc.) no período seco.

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Cabe salientar que a profundidade 4,5 m teve comportamento atípico, pois apresentou maior
dificuldade em reter a umidade, em razão da presença de pedregulhos (fragmentos de quartzo).
Figura 7 – Teores de umidade e sucções dos ensaios realizados

w (%) w (%)
8 10 12 14 16 18 20 22 24 8 10 12 14 16 18 20 22 24
0 0

PMT 4
1 1 PMT 5
PMT 6
PMT 1 PMT 7
2 2
PMT 2

Profundidade (m)
Profundidade (m)

PMT 3
3 POÇO 3

4 4

5 5

6 PMT1: 29 e 30/04/2019 6 PMT4: 19 a 21/08/2019


PMT2: 08 e 09/05/2019 PMT5: 23 a 28/08/2019
PMT3: 14 e 15/05/2019 PMT6: 29 a 02/09/2019
7 POÇO: 05 e 06/06/2019 7 PMT7: 17 a 21/10/2019

(ua - uw) (kPa) (ua - uw) (kPa)


0 200 400 600 800 1000 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000
0 0

1 1

2
Profundidade (m)

Profundidade (m)

2
PMT 1 PMT 4
PMT 2 PMT 5
PMT 3 PMT 6
3 3
PMT 7

4 4

5 5

6 6

A Figura 8 demonstra a evolução, com o aumento da profundidade, das curvas pressiométricas


de 3 furos de sondagem do período chuvoso (à esquerda) e de 3 furos de sondagem do período
seco (à direita). A Figura 9 apresenta as curvas da sondagem PMT 6 do período seco, expressas
na forma proposta pela norma francesa (à esquerda), como as outras mostradas na Figura 8, e
também na forma proposta por Briaud (1992) e pela norma norte-americana (à direita).

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Figura 8 – Evolução das curvas pressiométricas com a profundidade

900 PMT 1 900 PMT 4


800 800
700 700

Volume - (cm³)
600 600
Volume (cm³)

500 500
400 400
0,5m 0,5m
300 1,5m 300 1,5m
2,5m 2,5m
200 3,5m 200 3,5m
4,5m 4,5m
100 5,5m 100 5,5m
0 0
0,00 0,20 0,40 0,60 0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20
Pressão (MPa) Pressão (MPa)

900 PMT 2 900 PMT 5


800 800
700 700
Volume - (cm³)

600 600
Volume (cm³)

500 500
400 400
0,5 m 0,5 m
300 300 1,5 m
1,5 m
200 2,5 m 200 2,5 m
3,5 m 3,5 m
100 4,5 m 100 4,5 m
5,5 m 5,5 m
0 0
0,00 0,20 0,40 0,60 0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20
Pressão (MPa) Pressão (MPa)

900
PMT 3 900 PMT 7
800 800
700 700
600
Volume - (cm³)

Volume - (cm³)

600
500 500
400 400
300 0,5 m 300 0,5 m
1,5 m 1,5 m
200 2,5 m 200 2,5 m
3,5 m 3,5 m
100 4,5 m 100 4,5 m
5,5 m 5,5 m
0 0
0,00 0,20 0,40 0,60 0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20
Pressão (MPa) Pressão (MPa)

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Figura 9 – Evolução das curvas pressiométricas do PMT 6 com a profundidade expressa segundo norma
francesa (à esquerda) e expressa segundo a norma norte-americana e por Briaud (1992) (à direita)

PMT 6 PMT 6 - BRIAUD (1992)


900 900
800 800
700 700
Volume - (cm³)

Pressão (kPa)
600 600
0,5 m
500 1,5 m 500
400 2,5 m 400
300 3,5 m 300
200 4,5 m 200
5,5 m
100 100
0 0
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 0 10 20 30 40
Pressão (MPa) r/r0 (%)

Analisando a Figura 8, percebeu-se grande coerência entre as curvas pressiométricas do período


chuvoso e as curvas pressiométricas do período seco. Algumas discrepâncias notadas para
algumas curvas em certas profudidades serão tratadas adiante.

Tanto nos valores obtidos para o período chuvoso quanto nos valores obtidos para o período
seco, verificaram-se discrepâncias na profundidade de 4,5 m, o que ocorre porque, em alguns
furos de sondagem (PMT2, PMT 6 e PMT7), foi encontrada uma maior quantidade de
pedregulhos (fragmentos de quartzo) nessa profundidade.

Conforme se verifica na Figura 8, as curvas pressiométricas do período chuvoso apresentaram


menor faixa de variação de pressão e, consequentemente, menos pontos, o que gerou trechos
pseudo-elásticos curtos. Esse fato faz com que as curvas desse período apresentem valores
menores de p2, pf e pL quando comparadas às curvas do período seco.

Em todos os furos de sondagem apresentados, verificou-se que as curvas pressiométricas


correspondentes às profundidades de 1,5, 2,5 e 3,5 m apresentaram comportamento semelhante
dentro de cada regime climático.

Notou-se que, em todos os casos, a curva pressiométrica correspondente à profundidade de


0,5 m se mostrou uma das mais prolongadas, com trecho pseudo-elástico extenso, o que gerou
elevados níveis de tensão de resposta para o solo dessa camada superficial Esse fato pode ser
atribuído a três fatores: a) a sucção do solo, quando no período seco; b) a presença de
cimentações e de agregações na estrutura, conforme descrito por Nogami e Villibor (1995) pelo
intenso processo de intemperismo sofrido nessa camada do solo; c) ao efeito do
pré-adensamento causado pelo ciclos de expansão-retração volumétrica decorrentes da variação
de umidade e de temperatura nessa zona do perfil. Essa situação de maior resistência em camada
superficial também foi verificada em ensaios penetrométricos de campo realizados no Campo
Experimental da EECA/UFG. A Figura 10 apresenta os resultados médios de ensaios SPT
realizados por Machado et al., (2018), de ensaios PANDA 2 realizados por
Rodrigues et al. (2018) e dos ensaios PMT realizados nesta pesquisa em estação seca (d) e
chuvosa (w).

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Figura 10 – Variação dos parâmetros de ensaios de campo com a profundidade e com o teor de umidade

Nspt qd (MPa)
0 5 10 15 0 3 6 9 12
0 0

1 1

Profundidade (m)
Profundidade (m)

2 2

3 3

4 4

SPT w Panda2 w
5 SPT d 5 Panda2 d
Umidade w Umidade w
Umidade d Umidade d
6 6
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%
Umidade Umidade

EM (MPa) pL (kPa)
0 5 10 15 20 25 0 200 400 600 800 1000
0 0

1 1
Profundidade (m)

Profundidade (m)

2 2

pL w
3 3 pL d
Umidade w
Umidade d
4 EM w 4
EM d
Umidade w
Umidade d 5
5

6 6
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%
Umidade Umidade

Nota: Os resultados que apresentam “w” no final da legenda são referentes ao período chuvoso e os resultados que
apresentam “d” no final da legenda são referentes ao período seco.

Observa-se, na Figura 10, grande coerência entre os parâmetros obtidos por todos os ensaios de
campo. O comportamento das curvas correspondentes obedece a um mesmo padrão, de maneira
que é possível verificar a sensibilidade desses ensaios às ações climáticas, traduzida no teor de
umidade do solo, que, ao se elevar com estação chuvosa, reduziu os resultados das resistências
dos ensaios penetrométricos realizados no mesmo perfil de solo.

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Percebeu-se que a variação da umidade do solo e a respectiva alteração da sucção influenciam


consideravelmente nos resultados de ensaios pressiométricos tanto nos valores médios de EM
quanto nos valores médios de pL. Os valores encontrados de EM -d entre as profundidades de 0,5
e 4,5 m são entre 2 e 7 vezes maiores do que os obtidos de EM-w, enquanto os valores encontrados
de pL-d,entre essas mesmas profundidades, são entre 2 e 4 vezes maiores do que os obtidos de
pL-w. Na profundidade de 5,5 m, a redução da influência da sucção no perfil é perceptível, pois
os valores de pL-d convergiram para valores muito próximos de pL-w, da mesma forma que
ocorreu para os EM obtidos em diferentes estações.

A variação de EM de acordo com a sucção a que o solo está submetido vai ao encontro dos
resultados obtidos por Menegotto, Cintra e Aoki (2002), que avaliaram a mudança do módulo
de deformabilidade do solo devido à sucção tanto por meio de ensaios de laboratório
(compressão confinada e triaxiais) quanto por meio de ensaios in situ (provas de carga em placa)
no Campo Experimental de Fundações da USP/São Carlos. Os autores perceberam que os
valores de módulo de Young , EY, entre 2 e 2,5 vezes maiores para um acréscimo de sucção de
40 kPa em ensaios de placa e em ensaios triaxiais e que os valores de EY aumentaram
aproximadamente 5 vezes para um acréscimo de sucção de 300 kPa em ensaios de compressão
confinada.

Utilizando a metodologia de Briaud (1992) e a ferramenta analítica computacional apresentada


por Fontaine; Cunha; Carvalho (2005), foram obtidos os valores de c’, coesão total (ctotal), ϕ’ e
h0 para todas as profundidades estudadas, de forma que é possível realizar a mesma análise
acima, em termos de médias, para esses parâmetros. A Figura 11 apresenta uma comparação
entre c’, ctotal, ϕ’ e h0 obtidos analiticamente via resultados do PMT para o clima chuvoso (w)
e para o clima seco (d), bem como os valores de c’ e ϕ’, determinados via ensaios de laboratório
triaxiais tipo CDnat.

Os valores de c’ e o ϕ’, obtidos pelo método analítico computacional proposto por Fontaine et
al. (2005) e encontrados por meio de ensaios triaxiais, demonstraram boa coerência, o que
reforça a utilidade do método.

A coesão efetiva apresentou diferença considerável entre c’w e c’d apenas para a profundidade
de 0,5 m. Nas profundidades em que houve divergência entre c’w e c’d, verificou-se que c’w
apresentou os maiores valores. Esse comportamento está de acordo com o relatado por Ortigão
e Alves (1994) e Ortigão; Cunha; Alves, (1996), que afirmam que a coesão efetiva só influencia
a curva pressiométrica teórica na análise de ensaios PMT de pequenas profundidades.

A ctotal , que considera a sucção matricial a que o solo está submetido, apresentou, conforme
esperado, valores de ctotal-d maiores em todas as profundidades. A maior diferença entre ctotal-w
e ctotal-d foi encontrada para a profundidade de 0,5 m e, de maneira semelhante ao encontrado
para os parâmetros w, (ua - uw), EM e pL, os valores obtidos para a profundidade de 5,5 m são
quase idênticos. O comportamento dos vários parâmetros de se igualar na profundidade de
5,5 m indica que, talvez, essa profundidade seja um limite para a influência da sucção no
comportamento do solo estudado.

Assim como encontrado por Escario (1980) e por Ho e Fredlund (1982) em ensaios triaxiais
não saturados, verificou-se que a variação de sucção não resultou em grande variação do ângulo
de atrito do solo estudado. As diferenças entre ϕ’w e ϕ’d, apresentadas na Figura 11, são de
apenas 1 ou 2 graus até a profundidade de 6 m. Quando houve divergência entre ϕ’w e ϕ’d,
notou-se que ϕ’d apresentou valores mais elevados que ϕ’w.

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Figura 11 – Variação de c’, ctotal, ϕ’ e h0 com a profundidade

c' (kPa) ctotal (kPa)


0 5 10 15 20 25 30 0 20 40 60 80 100 120 140
0 0

1 1

Profundidade (m)
2
Profundidade (m)

ctotal-w
ctotal w PMT
ctotal d PMT
ctotal-d
3 3

4 4

5 c'wc’w PMT 5
c'dc’d PMT
c' c’ triaxial
triaxial
6 6

ϕ' (º) h0 (kPa)


20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 0 10 20 30 40 50
0 0
h0-w
sh0 w Briaud (1992)
h0-d
sh0 d Briaud (1992)
1 1
KoK=0 =
0,50,5
KoK=0 =
0,40,4
KoK=0 =
0,60,6
Profundidade (m)

2 2
Profundidade (m)

3 3

4 φϕ’
ww PMT 4
φϕ’
d d PMT

5 5

6 6

Considerando o peso específico médio do solo, até 6 m de profundidade, como 15,5 kN/m³ e
K0 igual 0,5 (valor típico para esse tipo de solos), traçou-se a curva teórica da tensão horizontal
em repouso, h0, para essas condições no perfil. Utilizou-se K0 igual a 0,4 e 0,6 apenas para
ordem de grandeza. Os valores de h0-w e h0-d, obtidos das curvas pressiométricas expressas
segundo Briaud (1992), não apresentaram comportamento similar ao dessa previsão, apesar de
h0-d apresentar valores relativamente próximos ao se desconsiderar as extremidades das curvas.
Para todas as profundidades analisadas, os valores de h0-d foram superiores aos de h0-w e as
diferenças mais consideráveis foram encontradas para as de profundidades de 4,5 e 5,5 m.

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Vale ressaltar que não se esperava que o comportamento de σh0 apresentasse o mesmo
comportamento que as retas teóricas, pois sabe-se que, no caso analisado, o solo superficial, até
a profundidade de 2,5 metros, sofre intensos processos de ressecamento que ocasionam um
efeito de pré-adensamento na superfície, impedindo que a σh0 se aproxime de zero na superfície
e fazendo com que o comportamento ideal para representar esse tipo de solo seja uma reta
vertical (provavelmente até a profundidade de 2,5 metros) seguida de uma reta com K0
constante, conforme apresentado por Lambe e Whitman (1969).

As diferenças entre as h0 obtidas para os dois períodos climáticos estudados também podem
ser visualizadas nas curvas pressiométricas da Figura 8. Autores como Baguelin; Jézéquel;
Shields (1978) e Brandt (1978) atribuem h0 a pontos da curva pressiométrica (p0) que ocorrem
pouco antes do início do trecho pseudo-elástico (p1). Como as curvas pressiométricas do
período seco necessitam de maior pressão para início do trecho pseudo-elástico (Figura 8), os
resultados obtidos se justificam.

As Tabelas 1 e 2 apresentam relações entre os valores de EM, pL, pL* (pL* = pL - h0) e EM/pL e
o tipo de solo propostas por Ménard (1975) e Briaud (1992), baseadas em resultados de solos
sedimentares saturados e aplicadas internacionalmente.
Tabela 1 – Valores típicos de EM, pL e EM/pL para diversos tipos de solo, adaptado de Ménard, (1975)

EM pL
Tipo de Solo EM/pL
(MPa) (kPa)
Argila mole 0,5 – 3,0 50 - 300 10
Argila média 3,0 – 8,0 300 - 800 10
Argila rija 8,0 – 40,0 600 – 2.000 13 - 20
Argila muito rija 5,0 – 60,0 600 – 4.000 8 - 15
Argila siltosa fofa 0,5 – 2,0 100 - 500 5-4
Silte puro 2,0 – 10,0 200 – 1.500 6,7 - 10
Areia e pedregulho 8,0 – 40,0 1.200 – 5.000 6,7 - 8
Areias sedimentares 7,5 – 40,0 1.000 – 5.000 7,5 - 8
Tabela 2 – Valores típicos de EM e pL* para diversos tipos de solo (Briaud, 1992)

EM pL*
Tipo de Solo
(MPa) (kPa)
Argila mole 0 – 2,5 0 - 200
Argila média 2,5 – 5,0 200 - 400
Argila rija 5,0 – 12,0 400 - 800
Argila muito rija 12,0 – 25,0 800 – 1.600
Argila dura > 2,5 > 1.600
Areia fofa 0 – 3,5 0 - 500
Areia compacta 3,5 – 12,0 500 – 1.500
Areia densa 12,0 – 22,5 1.500 – 2.500
Areia muito densa > 22,5 > 2500

A Figura 12 apresenta um compilado dos valores de pL, pL*, EM e EM/pL obtidos para todos os
ensaios PMT realizados. Os valores de EM variaram entre aproximadamente 0,5 MPa e 8 MPa,
para os ensaios realizados em período chuvoso, e entre aproximadamente 3 MPa e 16 MPa,
para os ensaios realizados em período seco. Os valores de pL variaram entre 99 kPa e 440 kPa,

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para os ensaios realizados em período chuvoso, e entre 166 kPa e 1057 kPa, para os ensaios
realizados em período seco.
Figura 12 – Parâmetros geotécnicos dos ensaios PMT: EM, pL, pL* e EM/pL

pL (kPa) EM (MPa)
100 300 500 700 900 1100 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
0 0

PMT 1
PMT 2
1 1
PMT 3
PMT 1
PMT 4
2 PMT 2 2 PMT 5
Profundidade (m)

Profundidade (m)
PMT 3
PMT 6
PMT 4
PMT 7
3 3
PMT 5
PMT 6

4 PMT 7
4

5 5

6 6

pL* (kPa) EM /pL (MPa)


100 300 500 700 900 1100 6 12 18 24 30
0 0

1 1

PMT 1
2 PMT 2 2
Profundidade (m)

PMT 3
Profundidade (m)

PMT 4
3 3
PMT 5
PMT 6
PMT 1
PMT 7
4 4 PMT 2
PMT 3
PMT 4
5 5
PMT 5
PMT 6

6 6 PMT 7

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Comparando os resultados dos ensaios PMT realizados em período chuvoso (Figura 12) com a
Tabela 1, percebeu-se que os valores de EM, pL e EM/pL não se enquadram dentro das faixas
típicas apresentadas para areias. Para os ensaios do período seco, os valores de EM estão
parcialmente dentro da faixa apresentada por Ménard (1975) para esse tipo de solo, porém os
valores de pL são inferiores e os de EM/pL superiores aos apresentados.

Da mesma forma, para Tabela 2, verificou-se que os ensaios realizados em período chuvoso
têm valores próximos aos apresentados por Briaud (1992) para areias fofas até a profundidade
de 4,5 m e que a profundidade de 5,5 m apresenta valores de EM e pL* próximos à faixa de areia
compacta. Os ensaios do período seco apresentaram valores que se encontram entre as faixas
propostas para areias compactas e areias densas.

Ao se comparar os resultados obtidos no solo tropical do Campo Experimental da EECA/UFG,


que foi classificado como uma areia argilosa, com as faixas apresentadas por Ménard (1975),
notou-se que os parâmetros tanto do período chuvoso quanto do período seco não se adequaram
às faixas apresentadas para areias na Tabela 1. Por outro lado, os parâmetros, EM e pL*, obtidos
para os dois períodos estudados encontraram-se dentro das faixas propostas para areias por
Briaud (1992). Apesar de os resultados adequarem-se às faixas apresentadas na Tabela 2,
verifica-se, ainda, a necessidade de elaboração de métodos que se encaixem melhor aos
resultados obtidos em solos tropicais, pois as faixas apresentadas foram obtidas para ensaios
realizados, sobretudo, em solos sedimentares e saturados.

Os valores médios de EM , pL e EM/pL encontrados no Campo Experimental da EECA/UFG são


relativamente próximos aos valores médios encontrados em outros solos tropicais arenosos do
Brasil, como demonstra a Figura 13, que apresenta dados obtidos em período chuvoso.
Cavalcante; Giachetti; Bezerra (2005) encontraram valores de EM variando entre 2 e 12 MPa e
de pL variando entre e 100 e 500 kPa entre 1,0 e 6,0 m de profundidade para solo arenoso fino
pouco argiloso laterítico do Campo Experimental da UNESP-Bauru em período chuvoso.
Fontaine (2004) obteve valores de EM variando entre 8 e 16 MPa e de pL variando entre e 200
e 600 kPa para a areia argilosa laterítica do Campo Experimental da USP-São Carlos também
em período chuvoso.
Figura 13 – Comparação entre ensaios pressiométricos realizados em períodos chuvosos em solos tropicais

EM (MPa) pL (kPa) EM/pL


0 5 10 15 20 100 300 500 700 0 10 20 30 40
0 0 0

1 1 1
Profundidade (m)

2 2 2

3 3 3

4 4 4

5 5 5

6 6 6

7 7 7

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Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 161

Verifica-se determinada similaridade entre os resultados obtidos em diferentes solos tropicais,


com parâmetros reduzidos para as camadas superficiais (até 1,5 m) e valores elevados para
profundidades maiores que 3,5 m. O solo do Campo Experimental da EECA/UFG apresentou
valores inferiores aos demais para as profundidades de 1,5 a 3,5 m.

O fato de o solo do Campo Experimental da USP – São Carlos apresentar parâmetros mais
elevados do que os demais pode ser explicado pela menor quantidade de argila que ele possui
em relação aos outros campos experimentais apresentados na Figura 13. A coerência entre os
resultados obtidos, sobretudo entre 0,5 e 1,5 m e 3,5 e 6,0 m, indica a possibilidade de se
desenvolver faixas de parâmetros pressiométricos típicos de solos tropicais, de maneira a
adequar o ensaio pressiométrico à realidade brasileira.

4 Conclusões

A variação sazonal da sucção ocasionada pela interação solo-atmosfera demonstrou, nos


resultados apresentados, uma alta capacidade de interferir no comportamento mecânico do solo
estudado, tanto em termos de resistência quanto em termos de deformabilidade. As principais
conclusões resultantes do trabalho são listadas a seguir:

• As curvas pressiométricas do período seco apresentaram um trecho pseudo-elástico


extendido entre, aproximadamente, 100% e 600% maior do que os das curvas do
período chuvoso e, consequentemente, maiores valores de p2, pf e pL.

• Os valores médios de EM do período seco, EM-d, foram entre 2 e 7 vezes maiores do que
os valores médios referentes ao período chuvoso, EM-w, até a profundidade de 4,5 m.
Em 5,5 m de profundidade, os valores obtidos foram praticamente iguais, o que
demonstra a redução da influência da sucção no perfil.

• Os valores médios de pL do período seco, pL-d, foram entre 2 e 4 vezes maiores do que
os valores médios referentes ao período chuvoso, pL-w, até a profundidade de 4,5 m. Em
5,5 m de profundidade, os valores obtidos foram praticamente iguais, o que mostra a
redução da influência da sucção no perfil. Acredita-se, assim, que a zona ativa de sucção
desse perfil termina nessa profundidade.

• Verificou-se maior convergência entre os resultados no perfil do período chuvoso e


percebeu-se que os ensaios do período seco apresentaram maiores valores quão mais
distante o ensaio foi realizado do início do período seco.

• A ferramenta analítica computacional apresentada por Fontaine; Cunha; Carvalho


(2005), alimentada com os resultados do ensaio PMT, mostrou-se adequada para estimar
valores de c’ e ϕ’, os quais apresentaram valores próximos dos obtidos via ensaios
triaxiais CDnat, enriquecendo as análises realizadas no solo tropical do estudado.

• As faixas de valores típicos de EM, pL e EM/pL para areias, apresentadas por Ménard
(1975), não se mostraram coerentes com a classificação do solo tropical do Campo
Experimental da EECA/UFG. Por outro lado, as faixas de valores típicos de EM e pL*
para areias apresentadas por Briaud (1992) mostraram-se mais aproximadas da
classificação previamente realizada. Apesar de os resultados adequarem-se
relativamente às faixas apresentadas por Briaud (1992), verifica-se, ainda, a necessidade

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 162

de elaboração de métodos que se encaixem melhor aos resultados obtidos em solos


tropicais.

• A similaridade entre os resultados obtidos neste trabalho e em outras pesquisas


realizadas em solos arenosos lateríticos demonstra a possibilidade de se criar
ferramentas que levem em consideração as particularidades dos solos tropicais.

• O ensaio pressiométrico Ménard, executado imediatamente após a abertura do pré-furo


por tradagem manual, metro a metro até 6 m, demonstrou ser adequado para a obtenção
de parâmetros de solos tropicais não saturados por não modificar a umidade e, com isso,
a sucção in situ, conforme afirmado por Giachetti (2001). Dessa forma, os resultados
demonstraram que o ensaio PMT é sensível à influência da variação da sucção no perfil
de solo.

AGRADECIMENTOS

À FURNAS Centrais Elétricas S.A., pelo apoio técnico na realização desta pesquisa.

À CAPES, pelo auxílio financeiro.

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R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 165

CAPÍTULO 6
CONCLUSÕES

Os estudos realizados neste trabalho permitem as seguintes conclusões:

A. Quanto aos ensaios pressiométricos e aos seus resultados:

 Para todas as sondagens pressiométricas realizadas, percebeu-se que a pressão p1 foi o


parâmetro pressiométrico que apresentou menor variação, mesmo ao se comparar ensaios
realizados em período chuvoso com ensaios realizados em período seco, diferentemente do
que aconteceu com os parâmetros p2, pf, pL e EM.

 Os maiores trechos pseudo-elásticos e as maiores pressões de fluência foram encontrados


para as profundidades de 0,5, 4,5 e 5,5 m, indicando maior resistência dessas camadas em
relação às demais. Acredita-se que isso ocorra na profundidade de 0,5 m devido aos
processos de intemperismo, que geram agregações e cimentações no solo, e devido ao
pré-adensamento, provocado pelos ciclos de expansão-retração em razão das variações de
umidade e de sucção do solo. Nas profundidades de 4,5 e 5,5m, tal situação ocorre devido
ao aumento da tensão confinante agindo no solo. Nessas três profundidades, existe, ainda,
o efeito da sucção, influente principalmente no período seco.

 A variação do teor de umidade e da sucção no perfil de solo é significativa até a


profundidade de 5,5 m. Essa situação pôde ser constatada por meio das curvas
pressiométricas e dos parâmetros advindos dessas curvas, que demonstraram resultados de
EM e pL que foram entre 2 e 7 vezes maiores para o período seco em comparação ao período
chuvoso. Dessa forma, cuidados devem ser tomados, principalmente em fundações rasas e
em obras de contenção, pois elas estão sujeitas às influências das variações de sucção e de
teor de umidade, que modificam o comportamento mecânico do solo.

B. Quanto à produtividade e ao uso do PMT:

 Considerando as características de execução do ensaio com o pressiômetro Ménard, que


incluem abertura de furo, instalação de pressiômetro e execução do ensaio com incrementos
sucessivos de carga, considerou-se a produtividade nos ensaios realizados alta, uma vez que
foi possível realizar uma média de 3 ensaios pressiométricos por dia de trabalho com 2
trabalhadores.

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 166

 O ensaio pressiométrico Ménard, com os equipamentos especificados para este trabalho,


mostrou-se eficiente para a determinação das características de deformabilidade e de
resistência do solo tropical estudado, pois possibilitou a obtenção, de forma satisfatória, dos
parâmetros de interesse até a profundidade de 6,0 m.

 Recomenda-se a calibração da sonda pressiométrica para cada furo de sondagem realizado,


pois verificou-se que as calibrações realizadas após o término de cada furo de sondagem
eram diferentes das calibrações realizadas para o furo anterior, sobretudo para a calibração
por perda de pressão.

C. Quanto aos métodos utilizados nos resultados pressiométricos:

 Em geral, os parâmetros de tensão-deformação obtidos pela metodologia francesa e pela


metodologia de Briaud (1992) apresentaram comportamento semelhante e uma diferença
pequena para os resultados de cada ensaio analisado.

 Na grande maioria dos ensaios tratados, considerou-se que os parâmetros de ajuste


selecionados pelo método de ajuste de curvas apresentado por Fontaine; Cunha; Carvalho
(2005) representaram bem o comportamento das curvas pressiométricas corrigidas.

 A ferramenta analítica computacional apresentada por Fontaine; Cunha; Carvalho (2005)


se mostrou válida para o solo tropical do Campo Experimental da EECA/UFG e forneceu
valores de c’ e ϕ’ coerentes com os obtidos via ensaios triaxiais CDnat, o que enriqueceu as
análises realizadas. Esse fato indica a possibilidade de serem realizadas investigações
geotécnicas com uma menor quantidade de ensaios triaxiais, utilizando-os para validar
ensaios PMT.

 Utilizando a tensão horizontal obtida por meio da metodologia de Briaud (1992) e o peso
específico médio natural do solo, calculou-se os valores de K0 para o período chuvoso e
para o período seco. Foi verificada uma tendência de redução do valor de K0 com o aumento
da profundidade e a existência de valores maiores de K0 para o período seco.

 A metodologia proposta por Angelim (2011) para determinação de K0 se mostrou adequada


para os valores de p1 obtidos em período chuvoso, determinando um valor de K0 igual a
0,52, que se acredita representativo do perfil de solo. A metodologia também se mostrou
adequada aos valores de p1 obtidos em período seco e determinou um valor de K0 igual a
0,32.

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 167

 As sucções matriciais, resultados dos ajustes de curva realizados, não se mostraram


coerentes com os valores obtidos por meio das curvas características. Os valores foram, em
geral, maiores do que os encontrados para pequenas sucções e menores do que os
encontrados para altas sucções. Esse fato ocorreu, possivelmente, porque, durante o ensaio
pressiométrico, a expansão da sonda pressiométrica provoca deformação e fluxos de água
e de ar no solo, variando o valor inicial da sucção.

D. Quanto à determinação da sucção e das CCSAs:

 O equipamento WP4C se mostrou uma ferramenta prática e ágil para obtenção da sucção
do solo.

 A equação para CCSAs bimodais, proposta por Gitirana Jr. e Fredlund (2004), mostrou-se
adequada para o ajuste dos pontos de sucção versus saturação obtidos em laboratório.

 Todas as CCSAs apresentaram comportamento bimodal. Notou-se uma redução do


comportamento bimodal das curvas com o aumento da profundidade.

 Pela análise do m2w, verificou-se uma tendência de redução dos macroporos e de aumento
do diâmetro dos microporos com o aumento da profundidade.

E. Quanto aos resultados dos ensaios triaxiais e à comparação entre EM e EY:

 O módulo médio EM -w se aproximou, em geral, dos resultados de Et50% obtidos para as


tensões de adensamento de 50, 75 e 100 kPa. Pelo fato de as tensões octaédricas no início
dos ensaios pressiométricos serem de 25,8; 36,2 e 56,8 (considerando-se o  médio de 15,5
kN/m³ e K0 = 0,5) para as profundidades de 2,5; 3,5 e 5,5 m, respectivamente, esperava-se
que os valores de EM-w fossem mais próximos dos valores de Et50% que foram obtidos para
as tensões de adensamento de 25 e 50 kPa.

 A comparação entre EM (PMT) e EY (Triaxial CDnat) para o mesmo nível de tensão


octaédrica não se mostrou adequada para relacionar ensaios pressiométricos e ensaios
triaxiais. Isso ocorreu porque, apesar de os ensaios estarem em um mesmo nível de tensão
octaédrica, os níveis de deformação não foram compatíveis.

 Acredita-se que a análise para o mesmo nível de tensão octaédrica e de deformação pode
oferecer resultados promissores para relacionar ensaios pressiométricos com ensaios
triaxiais, desde que haja compatibilidade suficiente entre as curvas de tensão octaédrica
versus a deformação dos diferentes ensaios. Os resultados obtidos por meio desse método
possibilitaram uma análise relacionando EYs/EM e a deformação obtida em ensaios que

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 168

apresentaram tensões entre 50% e 60% (média de 54%) e com deformação média de 1,3%,
da tensão de ruptura apenas para a profundidade de 5,5 m com uma relação média de 0,91.
Para as outras profundidades não houveram pontos suficientes para realização dessa análise.

 Verificou-se que a relação EYs/EM diminuiu de acordo com o aumento da tensão confinante
do ensaio triaxial e que essa relação se aproximou da unidade (1) para ensaios triaxiais
realizados com tensões confinantes de 50 e 75 kPa.

6.1. SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS

Mais estudos são necessários para ampliar o banco de dados de ensaios pressiométricos em
solos tropicais regionais, bem como para enriquecer as informações do Campo Experimental
da EECA/UFG. Ao tomar por base as observações que foram realizadas durante a realização
desta dissertação, algumas sugestões são feitas para pesquisas futuras:

 Utilizar os resultados dos ensaios pressiométricos para dimensionar estacas e para calcular
recalques no solo do Campo Experimental da EECA/UFG utilizando metodologias de
cálculo internacionais e também possíveis ajustes para solos tropicais. Comparar os
resultados obtidos dessa maneira com os resultados encontrados por meio da cravação de
estacas e das provas de carga realizadas por Nascimento (2019) e Galvani Jr. (2020).

 Realizar ensaios pressiométricos e determinar o teor de umidade e a sucção para maiores


profundidades no Campo Experimental da EECA/UFG, de maneira a verificar o
comportamento do solo para maiores profundidades.

 Determinar a pressão de pré-adensamento do solo do Campo Experimental da EECA/UFG


por meio de ensaios de laboratório e verificar a possibilidade de relações entre essa pressão
e a pf do ensaio pressiométrico, tendo em vista que é reconhecida a utilidade desta na
previsão do recalque de fundações.

 Buscar maneiras de realizar ensaios pressiométricos com ciclos de descarga e recarga


mesmo quando o solo apresentar trechos pseudo-elásticos curtos como o do Campo
Experimental da EECA/UFG para avaliar o comportamento do módulo de recarregamento
(Err).

 Tentar utilizar curvas pressiométricas para calibrar programas numéricos como o PLAXIS,
a fim de realizar a simulação do comportamento de fundações em diferentes períodos
pluviométricos/climáticos.

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 169

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R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 176

APÊNDICE A – CALIBRAÇÕES REALIZADAS PMT 1

Optou-se por utilizar os dados referentes ao PMT 1 para demonstração dos procedimentos
utilizados para todos os ensaios pressiométricos.

CALIBRAÇÃO DA SONDA PRESSIOMÉTRICA EM TUBO RÍGIDO PMT 1

LOCAL: EECA - LAB Ñsat


RESPONSÁVEL: Romulo

Pressão Volume - 60s FURO: Tubo


(bar) (cm³) DATA: 13/04/2019
0,0 0,0 INÍCIO - TÉRMINO: 16:40 - 17:10
0,5 105 POSIÇÃO: 0
1,0 224 Pdif: -1bar

1,5 228 240,0


2,0 230 210,0
Volume - 60s (cm³)

2,5 231
180,0 a = 0,3328
3,0 231
3,5 232 150,0

4,0 232 120,0


4,5 232 90,0
5,0 232
60,0
6,0 233
7,0 233 30,0
8,0 234 0,0
9,0 234 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0
10,0 235 Pressão (bar)
11,0 235
12,0 235 CURVA DE CALIBRAÇÃO
13,0 235 240
14,0 235 y = 0,3328x + 230,71
15,0 236 R² = 0,9713
16,0 236
Volume - 60s (cm³)

17,0 236
18,0 236
19,0 237
20,0 237
21,0 238
22,0 238
23,0 238
24,0 239 220
25,0 239 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0
Pressão (bar)

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 177

INÉRCIA DA SONDA AO AR LIVRE PMT 1

LOCAL: EECA - LAB Ñsat


RESPONSÁVEL: Romulo

Pressão Volume - 60s Volume - 60s Pressão FURO: Ar Livre


(bar) (cm³) (cm³) (bar) DATA: 13/04/2019
0,00 0,0 0,0 0,00 INÍCIO - TÉRMINO: 14:54 - 17:01
0,25 53 53 0,25 POSIÇÃO: 0
0,50 126 126 0,50 Pdif: -1bar
0,75 208 208 0,75
1,00 300 300 1,00
1,25 413 413 1,25
1,50 575 575 1,50
1,75 740 740 1,75
2,00 - - 2,00
2,25 - - 2,25
2,50 - - 2,50
2,75 - - 2,75
3,00 - - 3,00
3,50 - - 3,50

CURVA DE CALIBRAÇÃO
2,00
1,80 y = 2E-09x3 - 5E-06x2 + 0,0045x + 0,0086
R² = 0,9997
1,60
1,40
1,20
1,00
0,80
0,60
0,40
MPM 1 - a 1,5 m do SPT Chuva 1 dia antes do início do furo
0,20
0,00
0,0 100,0 200,0 300,0 400,0 500,0 600,0 700,0 800,0

TRANSCRIÇÃO DA EQUAÇÃO DO GRÁFICO:


Pe = 2E-9Vr³-5E-6Vr²+0,0045Vr+0,0086

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 178

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 179

APÊNDICE B – DADOS BRUTOS E CORRIGIDOS PMT 1

LOCAL: Campo Experimental EEC/UFG gw = 9,81 kN/m³

FURO: PMT 1 – 0,5 m HORÁRIO: 13:40-14:00 zc-zs = 1,42 m

DATA: 29/04/2019 Pdif: -0,86 bar

RESPONSÁVEL: Romulo TRADO: Helicoidal

DADOS BRUTOS (lidos em campo) Dados de entrada em planilha de cálculo


Volume Volume Volume Volume p Volume Pressão Volume
F ph pe
Pressão - 0s - 15s - 30s - 60s (bar) Corrigido (bar) (bar) Corrigida injetado
(bar) (cm³) (cm³) (cm³) (cm³) (cm³) (MPa) (cm³)
0,25 5,0 35,0 50,0 72,0 - 72 0,14 0,31 0,08 22
0,50 72 99 114 127 - 127 0,14 0,50 0,14 13
1,00 127 161 178 184 - 184 0,14 0,68 0,46 6
1,25 184 191 196 198 - 198 0,14 0,72 0,67 2
1,50 200 204 208 216 1,75 216 0,14 0,77 0,87 8
1,75 216 223 228 236 2 235 0,14 0,82 1,07 8
2,00 236 239 242 248 - 247 0,14 0,85 1,29 6
2,25 248 260 272 293 2,5 292 0,14 0,95 1,44 21
2,50 293 302 314 334 2,625 333 0,14 1,03 1,61 20
2,75 334 351 365 389 - 388 0,14 1,12 1,77 24
3,00 389 405 421 449 - 448 0,14 1,20 1,94 28
3,25 449 471 492 545 3,5 544 0,14 1,30 2,09 53
3,50 545 571 596 646 - 645 0,14 1,37 2,27 50
3,75 646 681 713 770 - 769 0,14 1,42 2,47 57

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 180

FURO: PMT 1 – 1,5 m HORÁRIO: 14:40-14:53 gw = 9,81 kN/m³

DATA: 29/04/2019 Pdif: -0,76 bar zc-zs = 2,42 m

RESPONSÁVEL: Romulo TRADO: Helicoidal

DADOS BRUTOS (lidos em campo) Dados de entrada em planilha de cálculo


Volume Volume Volume Volume Volume Pressão Volume
pF ph pe
Pressão - 0s - 15s - 30s - 60s Corrigido Corrigida injetado
(bar) (cm³) (cm³) (cm³) (cm³) (bar) (cm³) (bar) (bar) (MPa) (cm³)
0,25 11,0 36,0 57,0 98,0 - 98 0,24 0,40 0,008 41
0,50 98 132 152 169 - 169 0,24 0,64 0,010 17
0,75 169 193 213 233 - 233 0,24 0,81 0,018 20
1,00 233 257 267 287 1,125 287 0,24 0,94 0,030 20
1,25 287 300 304 307 - 307 0,24 0,98 0,051 3
1,50 307 320 330 347 - 347 0,24 1,05 0,069 17
1,75 347 364 377 402 1,875 401 0,24 1,14 0,085 25
2,00 402 423 440 474 - 473 0,24 1,23 0,101 34
2,25 474 497 535 615 2,5 614 0,24 1,35 0,114 80
2,50 615 647 685 742 741 0,24 1,41 0,133 57

FURO: PMT 1 – 2,5 m HORÁRIO: 15:30-15:42 gw = 9,81 kN/m³

DATA: 29/04/2019 Pdif: -0,66 bar zc-zs = 3,42 m

RESPONSÁVEL: Romulo TRADO: Helicoidal

DADOS BRUTOS (lidos em campo) Dados de entrada em planilha de cálculo


Volume Volume Volume Volume Volume Pressão Volume
ph pe
Pressão - 0s - 15s - 30s - 60s PF Corrigido Corrigida injetado
(bar) (cm³) (cm³) (cm³) (cm³) (bar) (cm³) (bar) (bar) (MPa) (cm³)
0,25 30 70 94 121 - 121 0,34 0,48 0,010 27
0,50 121 147 158 162 0,63 162 0,34 0,61 0,022 4
0,75 165 172 174 176 - 176 0,34 0,66 0,043 2
1,00 176 185 190 196 - 196 0,34 0,71 0,062 6
1,25 196 207 215 230 - 230 0,34 0,80 0,078 15
1,50 230 250 265 295 1,63 295 0,34 0,95 0,088 30
1,75 295 315 332 363 - 362 0,34 1,08 0,101 31
2,00 363 397 440 510 2,25 509 0,34 1,27 0,107 70
2,25 510 550 590 675 2,38 674 0,34 1,38 0,120 85
2,50 675 721 770 - 121 0,34 0,48 0,010 27

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 181

FURO: PMT 1 – 3,5 m HORÁRIO: 09:37-09:50 gw = 9,81 kN/m³

DATA: 29/04/2019 Pdif: -0,56 bar zc-zs = 4,42 m

RESPONSÁVEL: Romulo TRADO: Helicoidal

DADOS BRUTOS (lidos em campo) Dados de entrada em planilha de cálculo


Volume Volume Volume Volume Volume Pressão Volume
ph pe
Pressão - 0s - 15s - 30s - 60s PF Corrigido Corrigida injetado
(bar) (cm³) (cm³) (cm³) (cm³) (bar) (cm³) (bar) (bar) (MPa) (cm³)
0,25 40 75 103 136 - 136 0,43 0,53 0,015 33
0,50 136 159 172 186 - 186 0,43 0,69 0,025 14
0,75 186 200 205 208 0,88 208 0,43 0,75 0,044 3
1,00 208 214 219 224 - 224 0,43 0,79 0,065 5
1,25 224 235 248 271 - 271 0,43 0,90 0,078 23
1,50 271 283 295 312 - 312 0,43 0,99 0,095 17
1,75 312 335 356 405 2,00 404 0,43 1,14 0,104 49
2,00 405 436 465 516 - 515 0,43 1,27 0,116 51
2,25 516 552 591 655 - 654 0,43 1,37 0,131 64
2,50 655 700 740 - - 136 0,43 0,53 0,015 33

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 182

FURO: PMT 1 – 4,5 m HORÁRIO: 11:18-11:34 gw = 9,81 kN/m³

DATA: 30/04/2019 Pdif: -0,46 bar zc-zs = 5,42 m

RESPONSÁVEL: Romulo TRADO: Helicoidal

DADOS BRUTOS (lidos em campo) Dados de entrada em planilha de cálculo


Volume Volume Volume Volume - Volume Pressão Volume
ph pe
Pressão - 0s - 15s - 30s 60s pF Corrigido Corrigida injetado
(bar) (cm³) (cm³) (cm³) (cm³) (bar) (cm³) (bar) (bar) (MPa) (cm³)
0,25 96 123 130 131 - 131 0,53 0,52 0,026 1
0,50 131 140 142 145 - 145 0,53 0,56 0,047 3
0,75 145 150 154 155 0,85 155 0,53 0,59 0,069 1
1,00 155 160 161 163 - 163 0,53 0,62 0,091 2
1,25 163 164 175 187 1,38 187 0,53 0,69 0,109 12
1,50 187 192 195 205 - 205 0,53 0,74 0,129 10
1,75 205 215 218 232 - 231 0,53 0,81 0,147 14
2,00 232 246 266 282 - 281 0,53 0,92 0,161 16
2,25 282 301 323 370 2,38 369 0,53 1,09 0,169 47
2,50 370 405 423 460 - 459 0,53 1,22 0,182 37
2,75 460 490 524 582 - 581 0,53 1,33 0,195 58
3,00 582 615 645 702 - 701 0,53 1,40 0,214 57
3,25 702 739 774 - - 131 0,53 0,52 0,026 1

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 183

FURO: PMT 1 – 5,5 m HORÁRIO: 14:36-14:52 gw = 9,81 kN/m³

DATA: 30/04/2019 Pdif: -0,36 bar zc-zs = 6,42 m

RESPONSÁVEL: Romulo TRADO: Helicoidal

DADOS BRUTOS (lidos em campo) Dados de entrada em planilha de cálculo


Volume Volume Volume Volume Volume Pressão Volume
ph pe
Pressão - 0s - 15s - 30s - 60s Pf Corrigido Corrigida injetado
(bar) (cm³) (cm³) (cm³) (cm³) (bar) (cm³) (bar) (bar) (MPa) (cm³)
0,25 78 130 170 200 0,50 200 0,63 0,72 0,016 30
0,50 200 204 206 209 0,63 209 0,63 0,75 0,038 3
0,75 209 213 215 216 0,83 216 0,63 0,77 0,061 1
1,00 216 219 219 221 - 221 0,63 0,78 0,085 2
1,25 221 225 225 226 - 226 0,63 0,79 0,109 1
1,50 226 229 230 234 1,63 234 0,63 0,81 0,132 4
1,75 324 235 238 239 - 238 0,63 0,83 0,155 1
2,00 239 246 250 253 2,10 252 0,63 0,86 0,177 3
2,25 253 257 259 267 266 0,63 0,89 0,199 8
2,50 267 285 300 328 2,75 327 0,63 1,02 0,211 28
2,75 328 340 351 372 2,90 371 0,63 1,09 0,229 21
3,00 372 389 400 425 - 424 0,63 1,17 0,246 25
3,25 425 446 475 505 3,38 504 0,63 1,26 0,262 30
3,50 505 530 565 635 3,75 634 0,63 1,36 0,277 70
3,75 635 675 721 - - 200 0,63 0,72 0,016 30

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 184

APÊNDICE C – DETERMINAÇÃO DA PRESSÃO DE


FLUÊNCIA OU DE DEFORMAÇÃO PLÁSTICA PMT 1

CURVA DE FLUÊNCIAPMT 1 – 0,5 m

PMT 1 – 1,5 m

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 185

PMT 1 – 2,5 m

PMT 1 – 3,5 m

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 186

PMT 1 – 4,5 m

PMT 1 – 5,5 m

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 187

APÊNDICE D – DETERMINAÇÃO DO EM PMT 1

LOCAL: Campo Experimental EEC/UFG gw = 9,81 kN/m³

FURO: PMT 1 – 0,5 m HORÁRIO: 13:40-14:00 zc-zs = 1,42 m

DATA: 29/04/2019 Pdif: -0,86 bar

RESPONSÁVEL: Romulo TRADO: Helicoidal


Prof.: extrap. extrap. extrap.
0,5m Inversa Hiper. Hiper.
Pressão Volume
1/V X Y mi
Corrigida Corrigido
(1/cm³) DV/DP
(MPa) (cm³)
0,008 72
0,014 127 10193
0,046 184 1755
0,067 198 251848 50612 661
0,087 216 308194 60603 889
0,107 235 0,00425 354741 71723 1001
0,129 247 0,00404 329739 76327 540
0,144 292 0,00342 526449 109602 3006
0,161 333 0,00300 671049 141837 2409
0,177 388 0,00258 892487 191622 3473
0,194 448 0,00223 1129985 252631 3565
0,209 544 0,00184 1608013 369739 6294
0,227 645 0,00155 2109084 512730 5559
0,247 769 0,00130 2775664 718528 6321
P>=P2 P>PE P>PE

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 188

FURO: PMT 1 – 1,5 m HORÁRIO: 14:40-14:53 gw = 9,81 kN/m³

DATA: 29/04/2019 Pdif: -0,76 bar zc-zs = 2,42 m

RESPONSÁVEL: Romulo TRADO: Helicoidal


Prof.: extrap. extrap. extrap.
1,5m Inversa Hiper. Hiper.
Pressão Volume
1/V X Y mi
Corrigida Corrigido
(1/cm³) DV/DP
(MPa) (cm³)
0,008 98
0,010 169 40492
0,018 233 8523
0,030 287 4299
0,051 307 565855 111075 954
0,069 347 0,00289 986797 149851 2280
0,085 401 0,00249 1446051 204788 3388
0,101 473 0,00211 2014240 284849 4543
0,114 614 0,00163 3532997 483954 10755
0,133 741 0,00135 4563288 687081 6737
P>=P2 P>PE P>PE

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 189

FURO: PMT 1 – 2,5 m HORÁRIO: 15:30-15:42 gw = 9,81 kN/m³

DATA: 29/04/2019 Pdif: -0,66 bar zc-zs = 3,42 m

RESPONSÁVEL: Romulo TRADO: Helicoidal


Prof.: extrap. extrap. extrap.
2,5m Inversa Hiper. Hiper.
Pressão Volume
1/V X Y mi
Corrigida Corrigido
(1/cm³) DV/DP
(MPa) (cm³)
0,010 121
0,022 162 3451
0,043 176 225588 35865 668
0,062 196 0,00511 301406 44935 1032
0,078 230 0,00436 472326 63129 2118
0,088 295 0,00340 913733 106889 6420
0,101 362 0,00276 1337929 160864 5504
0,107 509 0,00196 2755306 320209 24277
0,120 674 0,00148 4363601 550884 12186
P>=P2 P>PE P>PE

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 190

FURO: PMT 1 – 3,5 m HORÁRIO: 09:37-09:50 gw = 9,81 kN/m³

DATA: 29/04/2019 Pdif: -0,56 bar zc-zs = 4,42 m

RESPONSÁVEL: Romulo TRADO: Helicoidal


Prof.: extrap. extrap. extrap.
3,5 m Inversa Hiper. Hiper.
Pressão Volume
1/V X Y mi
Corrigida Corrigido
(1/cm³) DV/DP
(MPa) (cm³)
0,015 136
0,025 186 5111
0,044 208 1158
0,065 224 0,00447 330009 64459 765
0,078 271 0,00370 869717 111251 3412
0,095 312 0,00321 1057039 143260 2494
0,104 404 0,00247 1998421 250949 10014
0,116 515 0,00194 3079687 400252 9263
0,131 654 0,00153 4407342 620788 9194
P>=P2 P>PE P>PE

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 191

FURO: PMT 1 – 4,5 m HORÁRIO: 11:18-11:34 gw = 9,81 kN/m³

DATA: 30/04/2019 Pdif: -0,46 bar zc-zs = 5,42 m

RESPONSÁVEL: Romulo TRADO: Helicoidal


Prof.: extrap. extrap. extrap.
4,5 m Inversa Hiper. Hiper.
Pressão Volume
1/V X Y mi
Corrigida Corrigido
(1/cm³) DV/DP
(MPa) (cm³)
0,026 131
0,047 145 680
0,069 155 454
0,091 163 0,00615 111435 34130 351
0,109 187 0,00536 268235 53276 1332
0,129 205 0,00489 295314 62146 895
0,147 231 0,00432 377167 79514 1497
0,161 281 0,00355 600935 120510 3736
0,169 369 0,00271 1120607 213476 10414
0,182 459 0,00218 1656583 324854 7186
0,195 581 0,00172 2479606 508326 8898
0,214 701 0,00143 3228405 713608 6561
P>=P2 P>PE P>PE

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 192

FURO: PMT 1 – 5,5 m HORÁRIO: 14:36-14:52 gw = 9,81 kN/m³

DATA: 30/04/2019 Pdif: -0,36 bar zc-zs = 6,42 m

RESPONSÁVEL: Romulo TRADO: Helicoidal


Prof.: extrap. extrap. extrap.
5,5 m Inversa Hiper. Hiper.
Pressão Volume
1/V X Y mi
Corrigida Corrigido
(1/cm³) DV/DP
(MPa) (cm³)
0,016 200
0,038 209 395
0,061 216 299
0,085 221 207
0,109 226 92510 58745 207
0,132 234 124800 65122 344
0,155 238 0,00419 115640 66664 207
0,177 252 0,00396 162628 77485 643
0,199 266 0,00376 194911 87444 639
0,211 327 0,00306 461872 146267 4894
0,229 371 0,00269 619482 190318 2530
0,246 424 0,00236 814700 248971 3074
0,262 504 0,00198 1161560 352587 5059
0,277 634 0,00158 1840340 558051 8577
P>=P2 P>PE P>PE

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 193

APÊNDICE E – DETERMINAÇÃO DA pL PMT 1

PMT 1 – 0,5 m

PMT 1 – 0,5 m

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 194

PMT 1 – 1,5 m

PMT 1 – 1,5 m

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 195

PMT 1 – 2,5 m

PMT 1 – 2,5 m

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 196

PMT 1 – 3,5 m

PMT 1 – 3,5 m

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 197

PMT 1 – 4,5 m

PMT 1 – 4,5 m

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 198

PMT 1 – 5,5 m

PMT 1 – 5,5 m

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 199

APÊNDICE F – CURVAS PRESSIOMÉTRICAS DO PMT 1


PELA METODOLOGIA DE BRIAUD (1992)

LOCAL: Campo Experimental EEC/UFG gw = 9,81 kN/m³

FURO: PMT 1 – 0,5 m HORÁRIO: 13:40-14:00 zc-zs = 1,42 m

DATA: 29/04/2019 Pdif: -0,86 bar

RESPONSÁVEL: Romulo TRADO: Helicoidal

Pressão Volume
r/r0 rc/r0c Ptransf
Corrigida Corrigido
(%) (%) (kPa)
(kPa) (cm³)
8,188 72 7,44
13,575 127 12,79 0,00 11,000
45,952 184 18,07 2,77 45,952
67,020 198 19,33 4,03 67,020
87,183 216 20,93 5,63 87,183
107,089 235 22,68 7,38 107,089
129,172 247 23,72 8,42 129,172
144,114 292 27,55 12,25 144,114
161,096 333 30,95 15,65 161,096
176,908 388 35,37 20,07 176,908
193,717 448 40,04 24,74 193,717
208,957 544 47,20 31,90 208,957
227,111 645 54,38 39,08 227,111
246,714 769 62,76 47,46 246,714

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 200

FURO: PMT 1 – 1,5 m HORÁRIO: 14:40-14:53 gw = 9,81 kN/m³

DATA: 29/04/2019 Pdif: -0,76 bar zc-zs = 2,42 m

RESPONSÁVEL: Romulo TRADO: Helicoidal

Pressão Volume
Corrigida Corrigido r/r0 rc/r0c Ptransf
(kPa) (cm³) (%) (%) (kPa)
8,394 98 10,00
10,145 169 16,71
17,645 233 22,45 0,00 10,145
30,187 287 27,08 3,08 30,187
51,068 307 28,75 4,75 51,068
68,578 347 32,04 8,04 68,578
84,789 401 36,42 12,42 84,789
100,619 473 41,97 17,97 100,619
113,721 614 52,24 28,24 113,721
132,559 741 60,94 36,94 132,559

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 201

FURO: PMT 1 – 2,5 m HORÁRIO: 15:30-15:42 gw = 9,81 kN/m³

DATA: 29/04/2019 Pdif: -0,66 bar zc-zs = 3,42 m

RESPONSÁVEL: Romulo TRADO: Helicoidal

Pressão Volume
Corrigida Corrigido r/r0 rc/r0c P transf
(kPa) (cm³) (%) (%) (kPa)
10,206 121 12,22 0,00 10,206
22,062 162 16,07 1,07 22,062
42,888 176 17,35 2,35 42,888
62,192 196 19,15 4,15 62,192
78,207 230 22,17 7,17 78,207
88,318 295 27,74 12,74 88,318
100,658 362 33,32 18,32 100,658
106,710 509 44,66 29,66 106,710
120,243 674 56,41 41,41 120,243

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 202

FURO: PMT 1 – 3,5 m HORÁRIO: 09:37-09:50 gw = 9,81 kN/m³

DATA: 29/04/2019 Pdif: -0,56 bar zc-zs = 4,42 m

RESPONSÁVEL: Romulo TRADO: Helicoidal

Pressão Volume
r/r0 rc/r0c Ptransf
Corrigida Corrigido
(%) (%) (kPa)
(kPa) (cm³)
15,045 136 13,65 0,00 15,045
24,811 186 18,27 0,77 24,811
43,732 208 20,24 2,74 43,732
64,540 224 21,65 4,15 64,540
78,290 271 25,72 8,22 78,290
94,698 312 29,16 11,66 94,698
103,977 404 36,66 19,16 103,977
115,951 515 45,11 27,61 115,951
131,060 654 55,03 37,53 131,060

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 203

FURO: PMT 1 – 4,5 m HORÁRIO: 11:18-11:34 gw = 9,81 kN/m³

DATA: 30/04/2019 Pdif: -0,46 bar zc-zs = 5,42 m

RESPONSÁVEL: Romulo TRADO: Helicoidal

Pressão Volume
Corrigida Corrigido r/r0 rc/r0c P transf
(kPa) (cm³) (%) (%) (kPa)
26,491 131 13,17 0,00 26,491
46,963 145 14,49 0,69 46,963
68,828 155 15,41 1,61 68,828
91,379 163 16,15 2,35 91,379
109,337 187 18,33 4,53 109,337
129,350 205 19,95 6,15 129,350
147,325 231 22,33 8,53 147,325
160,687 281 26,63 12,83 160,687
169,130 369 33,87 20,07 169,130
181,643 459 40,89 27,09 181,643
195,345 581 49,89 36,09 195,345
213,623 701 58,24 44,44 213,623

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 204

FURO: PMT 1 – 5,5 m HORÁRIO: 14:36-14:52 gw = 9,81 kN/m³

DATA: 30/04/2019 Pdif: -0,36 bar zc-zs = 6,42 m

RESPONSÁVEL: Romulo TRADO: Helicoidal

Pressão Volume
r/r0 rc/r0c Ptransf
Corrigida Corrigido
(%) (%) (kPa)
(kPa) (cm³)
15,520 200 19,54 0,00 15,520
38,085 209 20,33 0,53 38,085
61,233 216 20,95 1,15 61,233
84,932 221 21,38 1,58 84,932
108,650 226 21,82 2,02 108,650
131,636 234 22,51 2,71 131,636
155,400 238 22,94 3,14 155,400
177,036 252 24,15 4,35 177,036
198,808 266 25,35 5,55 198,808
211,255 327 30,46 10,66 211,255
228,616 371 34,02 14,22 228,616
245,830 424 38,19 18,39 245,830
261,625 504 44,26 24,46 261,625
276,773 634 53,62 33,82 276,773

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 205

APÊNDICE G – AJUSTES DO PMT 1 PELO MÉTODO


ANALÍTICO COMPUTACIONAL DE FONTAINE; CUNHA;
CARVALHO (2005)

PMT1 (0,5m)
300
PMT1 - 0,5m
PMT 1 - 0,5 m
Ajuste Fontaine; Cunha; Carvalho (2005)
250
Parâmetros
de ajuste:
200
rr = Pressão (kPa)

ϕ' = 38º

c' = 20 kPa
150
Ge = 660

100 Gp = 2Ge

h0 = 20 kPa
50
ua - uw = 30 kPa

0
0 10 20 30 40 50
r/r0 (%)

PMT 1 (1,5m)
150
PMT 1 - 1,5 m
PMT1 - 1,5m
Ajuste Fontaine; Cunha; Carvalho (2005) Parâmetros
de ajuste:
rr = Pressão (kPa)

100 ϕ' = 35º

c' = 15 kPa

Ge = 387

50 Gp = 2Ge

h0 = 10 kPa

ua - uw = 18 kPa
0
0 10 20 30 40

r/r0 (%)

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 206

PMT 1 (2,5m)
150
PMT1 - 2,5m PMT 1 - 2,5 m
Ajuste Fontaine; Cunha; Carvalho (2005) Parâmetros
de ajuste:
rr = Pressão (kPa)

100 ϕ' = 30º

c' = 10 kPa

Ge = 650

50 Gp = 2Ge

h0 = 15 kPa

ua - uw = 10 kPa

0
0 10 20 30 40 50
r/r0 (%)

PMT 1 (3,5m)
150 PMT 1 - 3,5 m
PMT1 - 3,5m
Parâmetros
Ajuste Fontaine; Cunha; Carvalho (2005)
de ajuste:

ϕ' = 30º
rr = Pressão (kPa)

100
c' = 10 kPa

Ge = 650

Gp = 2Ge
50
h0 = 15 kPa

ua - uw = 10 kPa

0
0 10 20 30 40
r/r0 (%)

R. R. MACHADO
Ensaios pressiométricos para estimativa de parâmetros de resistência e deformabilidade em um perfil de solo... 207

PMT 1 (4,5m)
250 PMT 1 - 4,5 m
PMT1 - 4,5m
Parâmetros
Estimativa Fontaine; Cunha; Carvalho (2005)
200 de ajuste:

ϕ' = 25º
rr = Pressão (kPa)

150 c' = 18 kPa

Ge = 1338
100
Gp = 2Ge

h0 = 24 kPa
50
ua - uw = 25 kPa

0
0 10 20 30 40 50
r/r0 (%)

PMT 1 (5,5m) PMT 1 - 5,5 m


300 Ajuste Fontaine;
Cunha; Carvalho (2005) Parâmetros
PMT1 - 5,5m
250 de ajuste:

ϕ' = 30º
200
rr = Pressão (kPa)

c' = 18 kPa

150 Ge = 2248

Gp = 2Ge
100
h0 = 16 kPa
50
ua - uw = 70 kPa

0
0 10 20 30 40
r/r0 (%)

R. R. MACHADO

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