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INFLUÊNCIA DA ESPESSURA DA MEMBRANA EM ENSAIO DE

DILATÔMETRO EM ARGILA MUITO MOLE

Matheus Nery Reynaud Schaefer

Projeto de Graduação apresentado


ao Curso de Engenharia Civil da
Escola Politécnica, Universidade
Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de Engenheiro.

Orientadores: Prof. Fernando Artur Brasil Danziger

Profa. Graziella Maria Faquim Jannuzzi

Rio de Janeiro
Fevereiro de 2020
INFLUÊNCIA DA ESPESSURA DA MEMBRANA EM ENSAIO DE
DILATÔMETRO EM ARGILA MUITO MOLE

Matheus Nery Reynaud Schaefer

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO


DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinado por:

_______________________________________________

Prof. Fernando Artur Brasil Danziger, D.Sc. (Orientador)

_______________________________________________

Profa. Graziella Maria Faquim Jannuzzi, D.Sc. (Orientadora)

_______________________________________________

Prof. Leandro Torres Di Gregorio, D.Sc.

_______________________________________________

Arthur Veiga Silvério Pinheiro, M.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL


FEVEREIRO - 2020
Schaefer, Matheus Nery Reynaud
Influência da espessura da membrana em ensaio de
dilatômetro em argila muito mole/ Matheus Nery Reynaud
Schaefer – Rio de Janeiro: UFRJ/Escola Politécnica, 2020.

vi, 72p.:il.; 29,7 cm.

Orientadores: Fernando Artur Brasil Danziger, Graziella


Maria Faquim Jannuzzi

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de


Engenharia Civil, 2020.

Referências Bibliográficas: p. 69-72

1. Dilatômetro 2. Parâmetro geotécnico 3. Argila mole

I. Danziger, Fernando Artur Brasil. Jannuzzi, Graziella


Maria Faquim II. Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III. Título
“Zorba, me ensine a dançar."
AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais Sônia e Frederico por investirem na minha educação, já
que a tentativa de me fazer ser jogador de futebol deu errado. Agradeço também a minha
irmã Gabriela, que é para mim muito mais do que eu mereço. Agradeço a meus tios
Marcelo e Carlos Ernesto, aos meus primos Thales, Mariana, Cecília e Rosita e aos
meus avós Ernestina e Walter.

Gostaria de agradecer aos companheiros dos meus tempos de UERJ e CMRJ, que
me moldaram enquanto cidadão: Rafael Amorim, Victor Hugo, Bernardo Siman, José
Pereira, Eduardo Taft, Bruno Pereira, Glauco Bressan, Laura Neves, Silvio Neves,
Fernando Paiva, Caio Felippe e Caio Assir. O aprendizado que tive com vocês enquanto
aluno da Universidade mais popular do país valeu mais do que tudo que já aprendi em
sala de aula.

Importante lembrar dos meus companheiros de Partido dos Trabalhadores:


George, Gabriel Lins, Patrick, Annyeli, Camila e Pedro "He-Man".

Aos amigos da UFRJ, sou muito grato por me ajudarem a superar o árduo desafio
que é conseguir o diploma da Escola Politécnica. Sem a ajuda de Bernardo Branco,
Fernanda Sousa, Norton Neto, Paulo Menezes, Gabriel Fernandes, Lucas Trapani e
Lucas Garcia, essa conquista não seria possível. Agradeço a Marcelle Guedes, minha
companheira de todas as horas. Agradeço também a professora Sandra Oda, que é o raio
de sol que nos ilumina no bloco D.

Aos companheiros de arquibancada do Flamengo, agradeço imensamente.


Principalmente ao Fillipe Azeredo, Diego Lima, Daniel Lepesteur e Rafael Costa.

Por fim, agradeço aos companheiros do Laboratório de Ensaios de Campo e


Instrumentação: Roberto Mazzarone, Rhamira Pascual, Edgard, João Henrique
Guimarães, Roney Moura, Roberto, Max, Gustavo Domingos, George Teles, Rita e
Arthur Veiga. Todos capitaneados pelos meus pais acadêmicos Fernando Artur Brasil
Danziger e Graziella Maria Faquim Jannuzzi. Agradeço a ambos pela oportunidade que
me deram me aceitando no projeto, pela paciência com minhas dúvidas e também por
me orientarem na conclusão desse trabalho.

.
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica – UFRJ como parte
dos requisitos necessários para obtenção do grau de Engenheiro Civil.

INFLUÊNCIA DA ESPESSURA DA MEMBRANA EM ENSAIO DE


DILATÔMETRO EM ARGILA MUITO MOLE

Matheus Nery Reynaud Schaefer

Fevereiro/2020

Orientadores: Fernando Artur Brasil Danziger

Graziella Maria Faquim Jannuzzi

Curso: Engenharia Civil

Nos ensaios de dilatômetro em argilas muito moles, com membranas convencionais de


0,20 mm, a proximidade entre valores de P0 e P1 impede a estimativa apropriada de
parâmetros geotécnicos que depende da diferença entre aqueles valores. De modo a se
obter maior acurácia na determinação de P0 e P1, optou-se por utilizar membranas com
menor espessura. No presente trabalho, serão realizados ensaios com membranas de
0,15 mm de espessura, no campo experimental de Sarapuí II, visando a obtenção de
resultados mais acurados. Foram realizados comparações entre os ensaios de
dilatômetro sísmico (SDMT) realizados por JANNUZZI (2013) empregando a
membrana de 0,20 mm com os ensaios da presente pesquisa, realizados com a
membrana de 0,15 mm. Parâmetros geotécnicos foram estimados com a membrana de
menor espessura e comparados com a padrão.

Palavras-chave: dilatômetro; parâmetro geotécnico; argila mole.


Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of
the requeriments for the degree of Engineer

INFLUNCE OF MEMBRANE THICKNESS ON DILATOMETER TEST IN VERY


SOFT CLAY

Matheus Nery Reynaud Schaefer

February/2020

Advisor: Fernando Artur Brasil Danziger

Graziella Maria Faquim Jannuzzi

Course: Civil Engineering

In dilatometer tests on very soft clays with conventional 0,20 mm membranes, the
proximity between P0 and P1 values prevents the properly estimation of geotechnical
parameters depending on the difference between those values. In order to have a greater
sensitivity in determining P0 and P1, thinner membranes have been chosen. In the
present work, tests with 0,15 mm thickness membranes will be performed in the
experimental field of Sarapuí II, aiming to obtain more accurate results. Comparisons
between the sismic dilatometer (SDMT) made by JANNUZZI (2013) using de 0,20 mm
membranes and the tests of the this research with 0,15 mm membranes have been made.
Geotechnical parameters were estimated with the thinner membrane and compared with
the standard membrane.

Key-words: dilatometer; geotechnical parameter; soft clay.


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 7

1.1 GENERALIDADES .................................................................................................... 7

1.2 OBJETIVOS ................................................................................................................ 7

1.3 MOTIVAÇÃO DO TRABALHO................................................................................ 8

1.4 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ........................................................................... 8

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................. 9

2.1 HISTÓRICO DO DILATÔMETRO E DILATÔMETRO SÍSMICO ......................... 9

2.2 CORRELAÇÕES PARA ESTIMATIVAS DE PARÂMETROS


GEOTÉCNICOS E COMPORTAMENTO DO SOLO....................................................... 13

2.2.1 PARÂMETROS INTERMEDIÁRIOS .................................................... 14

2.2.2 PARÂMETROS OBTIDOS POR CORRELAÇÃO ................................ 16

3 O DEPÓSITO DE SOLO MOLE DE SARAPUÍ II ......................................... 22

3.1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 22

3.2 ENSAIOS REALIZADOS ANTERIORMENTE EM SARAPUÍ II ......................... 27

4 REALIZAÇÃO DOS ENSAIOS ........................................................................ 32

4.1 PREPARAÇÃO DE LABORATÓRIO ..................................................................... 32

4.2 REALIZAÇÃO DOS ENSAIOS SDMT ................................................................... 34

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................. 38

5.1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 38

5.2 SDMT COM MEMBRANA DE 0,15MM ................................................................ 38

5.3 ANÁLISE CONJUNTA DOS RESULTADOS ........................................................ 47

5.4 PROPOSTA DE CORRELAÇÕES COM ÍNDICES DE COMPRESSÃO (CC),


RECOMPRESSÃO (CR) E EXPANSÃO (CS) .................................................................... 61

6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS ............... 67

6.1 CONCLUSÕES ......................................................................................................... 67

6.2 SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS ........................................................ 67

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 69

i
LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 - Desenho esquemático da placa original do Dilatômetro. ............................. 9


Figura 2.2 - Desenho esquemático da placa atual do Dilatômetro. ................................ 10
Figura 2.3 - Lâmina do DMT e módulo sísmico. ........................................................... 12
Figura 2.4 - Layout esquemático do teste de dilatômetro sísmico.................................. 13
Figura 2.5 - Correlação do índice de tensão horizontal do dilatômetro com resistência
não-drenada em compressão triaxial .............................................................................. 18
Figura 2.6 - Gráfico qc, K0, Φ'. ....................................................................................... 21
Figura 3.1- Sarapuí I e Sarapuí II em relação à Rodovia Washington Luiz BR 040 ..... 23
Figura 3.2 - Localização da área de realização dos ensaios na Estação Rádio da Marinha
em relação à rodovia Washington Luiz .......................................................................... 24
Figura 3.3 - Perfil geotécnico no local do primeiro aterro experimental em Sarapuí . .. 24
Figura 3.4 - Locação dos ensaios realizados em relação à estrada de acesso da Estação
Rádio da Marinha ........................................................................................................... 25
Figura 3.5 - Curvas de nível de espessura de argila mole a partir dos resultados dos
ensaios de campo (Piezocone e Piezocone Torpedo) realizados em Sarapuí II . ......... 25
Figura 3.6 - Perfil geotécnico traçado a partir das sondagens a percussão .................... 26
Figura 3.7 - Nível d'água elevado dificulta a realização de ensaios. .............................. 26
Figura 3.8 - Madeiras colocadas para permitir o deslocamento em Sarapuí II. ............. 27
Figura 3.9 - Localização das áreas de ensaios realizados em Sarapuí II. ....................... 28
Figura 3.10 - Ensaio de Piezocone na argila do Sarapuí II............................................. 28
Figura 3.11 - (a) Distribuição de tamanhos de grão; (b) teor de matéria orgânica; (c) teor
de sal; (d) composição mineralógica da argila ............................................................... 29
Figura 3.12 - (a) Limite de liquidez, limite de plasticidade e teor de umidade natural; (b)
densidade específica; (c) peso específico; (d) índice de vazios inicial; (e) atividade da
argila. .............................................................................................................................. 29
Figura 3.13 - (a) Amostra do topo do perfil, mostrando mais de 15cm de raízes misturas
com solo; (b) e (c) fragmentos de madeira encontrados entre 1,38m e 1,44m; (d) topo da
amostra de 12cm de altura (1,38–1,50m de profundidade); (e) conchas sendo removidas;
(f) fundo da amostra após a remoção de conchas; (g) conchas removidas lavadas; (h)

ii
conchas dentro do amostrador, amostra com 14cm de altura (5,86–6,00m de
profundidade); (i) conchas lavadas removidas; (j) resistência do cone dos seis ensaios de
piezocone ........................................................................................................................ 30
Figura 3.14 - a) OCR pela profundidade com influência das conchas apontada no
gráfico; (b) Δe/eo pela profundidade............................................................................... 31
Figura 4.1 - Ciclagem da membrana. ............................................................................. 33
Figura 4.2 - Membrana de 0,15mm de espessura após plastificar por conta da ciclagem.
........................................................................................................................................ 33
Figura 4.3 - Máquina de cravação para realização do ensaio com dilatômetro encaixado
........................................................................................................................................ 35
Figura 4.4 - Martelo submerso atrasava a realização do ensaio. .................................... 36
Figura 4.5 - Momento em que o martelo é lançado para gerar onda a ser lida pelos
geofones do dilatômetro. ................................................................................................ 36
Figura 4.6 - Martelo atravessando a lâmina d'água. ....................................................... 37
Figura 5.1 - Gráfico P0 pela profundidade dos ensaios realizados para o presente
trabalho. .......................................................................................................................... 39
Figura 5.2 - Gráfico P1 pela profundidade dos ensaios realizados para o presente
trabalho. .......................................................................................................................... 39
Figura 5.3 - Gráfico P2 pela profundidade dos ensaios realizados para o presente
trabalho. .......................................................................................................................... 40
Figura 5.4 - Gráfico de P0, P1, P2 e poropressão dos ensaios realizados para o presente
trabalho. .......................................................................................................................... 40
Figura 5.5 - Gráfico de P0, P1, P2 e poropressão do primeiro ensaio realizado para o
presente trabalho. ............................................................................................................ 41
Figura 5.6 - Gráfico de P0, P1, P2 e poropressão do segundo ensaio realizado para o
presente trabalho. ............................................................................................................ 41
Figura 5.7 - Gráfico ΔP pela profundidade dos ensaios realizados para o presente
trabalho. .......................................................................................................................... 42
Figura 5.8 - Gráfico somente da camada argilosa de ΔP pela profundidade dos ensaios
realizados para o presente trabalho. ................................................................................ 42
Figura 5.9 - Gráfico ED pela profundidade dos ensaios realizados para o presente
trabalho. .......................................................................................................................... 43
Figura 5.10 - Gráfico ID pela profundidade dos ensaios realizados para o presente
trabalho. .......................................................................................................................... 43

iii
Figura 5.11 - Gráfico KD pela profundidade dos ensaios realizados para o presente
trabalho. .......................................................................................................................... 44
Figura 5.12 - Gráfico Su pela profundidade dos ensaios realizados para o presente
trabalho. .......................................................................................................................... 44
Figura 5.13 - Gráfico OCR pela profundidade dos ensaios realizados para o presente
trabalho. .......................................................................................................................... 45
Figura 5.14 - Gráfico M pela profundidade dos ensaios realizados para o presente
trabalho. .......................................................................................................................... 45
Figura 5.15 - Gráfico K0 (MARCHETTI, 1980) pela profundidade dos ensaios
realizados para o presente trabalho. ................................................................................ 46
Figura 5.16 - Gráfico K0 (LACASSE & LUNNE, 1988) pela profundidade dos ensaios
realizados para o presente trabalho. ................................................................................ 46
Figura 5.17 - K0 (LACASSE & LUNNE, 1988) e (MARCHETTI, 1980) pela
profundidade dos ensaios realizados para o presente trabalho. ...................................... 47
Figura 5.18 - Gráfico P0 pela profundidade dos ensaios do presente trabalho e de
JANNUZZI (2013) até 10 metros................................................................................... 48
Figura 5.19 - Gráfico P0 pela profundidade dos ensaios do presente trabalho e de
JANNUZZI (2013) até apenas na camada argilosa. ....................................................... 49
Figura 5.20 - Gráfico P1 pela profundidade dos ensaios do presente trabalho e de
JANNUZZI (2013) até 10 metros. .................................................................................. 49
Figura 5.21 - Gráfico P1 pela profundidade dos ensaios do presente trabalho e de
JANNUZZI (2013) apenas na camada argilosa. ............................................................. 50
Figura 5.22 - Gráfico ΔP pela profundidade dos ensaios do presente trabalho e de
JANNUZZI (2013) até 10 metros. .................................................................................. 50
Figura 5.23 - Gráfico ΔP pela profundidade dos ensaios do presente trabalho e de
JANNUZZI (2013) apenas na camada argilosa .............................................................. 51
Figura 5.24 - Gráfico ED pela profundidade dos ensaios do presente trabalho e de
JANNUZZI (2013) até 10 metros. .................................................................................. 52
Figura 5.25 - Gráfico ED pela profundidade dos ensaios do presente trabalho e de
JANNUZZI (2013) na camada de solo mole. ................................................................. 52
Figura 5.26 - Gráfico ID pela profundidade dos ensaios do presente trabalho e de
JANNUZZI (2013) até 10 metros. .................................................................................. 53
Figura 5.27 - Gráfico KD pela profundidade dos ensaios do presente trabalho e de
JANNUZZI (2013) até 10 metros. .................................................................................. 53

iv
Figura 5.28 - Gráfico K0 (MARCHETTI, 1980) pela profundidade dos ensaios do
presente trabalho e de JANNUZZI (2013) até 10 metros. .............................................. 54
Figura 5.29 - Gráfico K0 (LACASSE & LUNNE, 1988) pela profundidade dos ensaios
do presente trabalho e de JANNUZZI (2013) até 10 metros. ......................................... 55
Figura 5.30 - Gráfico Su pela profundidade dos ensaios do presente trabalho e de
JANNUZZI (2013) até 10 metros................................................................................... 56
Figura 5.31 - Gráfico Su pela profundidade dos ensaios do presente trabalho, de palheta
JANNUZZI (2009) sem a correção de Bjerrum e de JANNUZZI (2013)...................... 56
Figura 5.32 - Gráfico Su pela profundidade dos ensaios do presente trabalho, de
JANNUZZI (2013) e de palheta de JANNUZZI (2009) com a correção de Bjerrum. ... 57
Figura 5.33 - Gráfico Su versus profundidade dos ensaios do presente trabalho e dos
ensaios de palheta de JANNUZZI (2009) com a correção de Bjerrum. ......................... 57
Figura 5.34 - Gráfico OCR pela profundidade dos ensaios do presente trabalho e de
JANNUZZI (2013) até 10 metros. .................................................................................. 58
Figura 5.35 - Gráfico M pela profundidade dos ensaios do presente trabalho e de
JANNUZZI (2013) até 10 metros. .................................................................................. 59
Figura 5.36 - Gráfico M pela profundidade dos ensaios do presente trabalho e de
JANNUZZI (2013) apenas na camada argilosa. ............................................................. 59
Figura 5.37 - Vs pela profundidade dos ensaios realizados para o presente trabalho. .... 60
Figura 5.38 - Vs pela profundidade dos ensaios realizados para o presente trabalho. em
comparação comcom os ensaios de JANNUZZI (2013). ............................................... 60
Figura 5.39 - UD pela profundidade dos ensaios realizados para o presente trabalho. ... 61
Figura 5.40 - Curva típica de um ensaio edométrico com os respectivos índices. ......... 63
Figura 5.41 - Índices de compressão, recompressão e expansão do Campo Experimental
de Sarapuí II (JANNUZZI, 2015)................................................................................... 63
Figura 5.42 - Gráfico da correlação para estimativa de Cc pela profundidade dos ensaios
do presente trabalho apenas na camada argilosa. ........................................................... 65
Figura 5.43 - Gráfico da correlação para estimativa de C r pela profundidade dos ensaios
do presente trabalho apenas na camada argilosa. ........................................................... 65
Figura 5.44 - Gráfico da correlação para estimativa de Cs pela profundidade dos ensaios
do presente trabalho apenas na camada argilosa. ........................................................... 66

v
LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Classificação do tipo de solo baseada no ID .............................................. 14


Tabela 2.2 – Valores de RM em função de ID e KD ......................................................... 17
Tabela 2.3 – Correlações entre ID e OCR ....................................................................... 19
Tabela 2.4 – Cálculo de OCR em função idade da argila ou da razão entre Su e σ'v...... 20
Tabela 4.1 - Leituras de ΔA e ΔB antes e após as ciclagens. ......................................... 34

vi
1 INTRODUÇÃO

1.1 GENERALIDADES

O ensaio de dilatômetro foi desenvolvido na Itália, na Universidade de L'Aquila, por


Marchetti, em 1970. Os dois objetivos iniciais eram: obter valores do módulo de
elasticidade do solo (E) e o valor da deformação horizontal, associado ao
comportamento de estacas cravadas submetidas a carregamento lateral, de acordo com
MARCHETTI (1975).

Com o passar dos anos, Marchetti vislumbrou correlacionar os índices do dilatômetro


para obtenção de parâmetros geotécnicos, tais como, razão de sobreadensamento , em
inglês overconsolidation ratio (OCR), ângulo de atrito (Ø), resistência não-drenada (Su),
entre outros. Entretanto, para solos moles, a diferença entre P0 e P1 é muito pequena, o
que acaba ocasionando um erro significativo principalmente quando se utiliza a
diferença ΔP=P0-P1. Uma vez que as correlações do ensaio dependem
fundamentalmente desses resultados, há necessidade de se empregar membrana com
menor rigidez de forma a se determinar o valor de A e B mais precisos, principalmente
no que concerne a solos muito moles.

O presente trabalho visa aprofundar ainda mais a obtenção de parâmetros geotécnicos


do depósito de solo mole de Sarapuí II, utilizando o ensaio de dilatômetro sísmico e
verificar o efeito da rigidez da membrana na obtenção desses parâmetros principalmente
quando a diferença ΔP=P0-P1 é empregada. Para isso, buscou-se empregar uma
membrana de menor espessura (0,15mm) para efetuar uma comparação com os valores
obtidos por JANNUZZI (2013), que utilizou a membrana convencional de 0,20mm de
espessura. Adicionalmente, pretende-se contribuir com a obtenção de parâmetros
geotécnicos para o projeto de pesquisa entre a COPPE/UFRJ e a Petrobrás, intitulado
Obtenção de Parâmetros Geotécnicos para Início de Poço, sob coordenação do Professor
Fernando Danziger. Essa cooperação utilizando experimentos em solos moles para
extrapolação para a área offshore não é inédita, conforme JANNUZZI (2009).

1.2 OBJETIVOS

O presente trabalho tem como objetivo realizar um estudo comparativo entre os


resultados de ensaio de dilatômetro (DMT) realizados com membranas de espessuras

7
distintas para se verificar a alteração dos valores de P0 e P1, que são utilizados para
estimar os parâmetros geotécnicos, principalmente no que diz respeito a solos moles,
nos quais a diferença entre P0 e P1 é pequena. O campo experimental de Sarapuí II será
o local de realização dos ensaios em virtude do vasto conhecimento que se tem do solo
daquela região.

1.3 MOTIVAÇÃO DO TRABALHO

A motivação principal é verificar a influência da espessura da membrana do dilatômetro


para solos moles e muito moles nos quais P0 e P1 são muito próximos. Este fato
influencia na estimativa de parâmetros geotécnicos principalmente naqueles em que se
empregam a diferença (P0-P1), como por exemplo o Índice do material (ID). Há também
interesse em contribuir para aumentar o banco de dados da região de Sarapuí II que
possam a vir auxiliar em pesquisas futuras.

1.4 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Após esta introdução segue o capítulo 2 que aborda uma Revisão Bibliográfica que
versa a respeito do histórico do ensaio e detalha as correlações dos resultados do ensaio
com os parâmetros geotécnicos e de comportamento do solo.

O capítulo 3 caracteriza o local de realização dos ensaios, que é o depósito de solo mole
de Sarapuí II e uma breve abordagem dos ensaios anteriormente realizados é feita.

No capítulos 4 são descritos os ensaios realizados na presente pesquisa. A apresentação


e análise dos resultados são apresentadas no capítulo 5.

Finalmente, o capítulo 6 é a conclusão do presente trabalho, com sugestões para futuros


trabalhos seguido das referências bibliográficas.

8
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 HISTÓRICO DO DILATÔMETRO E DILATÔMETRO SÍSMICO

Em 1975, o professor, da Universidade L'Aquila, e Engenheiro Silvano Marchetti


desenvolveu um equipamento capaz de determinar as deformações do solo em estacas
cravadas sofrendo cargas laterais. Esse equipamento era constituído de uma placa de
aço inoxidável de espessura de 20mm e largura de 80mm, com uma membrana
expansível circular de aço de diâmetro de 60mm presente em ambas as faces. O desenho
esquemático elaborado por MARCHETTI (1975) detalha o formato do equipamento.

Figura 2.1 - Desenho esquemático da placa original do Dilatômetro (MARCHETTI, 1975).

O objetivo inicial era obter valores do Módulo de Elasticidade do solo (E) e a


deformação horizontal associados ao comportamento de estacadas cravadas submetidas
a carregamento lateral.

Posteriormente, Marchetti direcionou seus estudos para a correlação entre os resultados


apresentados pelo DMT com diversos parâmetros geotécnicos, como razão de sobre-
adensamento (OCR), resistência não-drenada (Su), dentre outros. Para isso, algumas
modificações no equipamento foram necessárias. Segundo JAMIOLKOWSKI et alii
(1985) em VIEIRA (1994), as mudanças realizadas visavam tornar o equipamento mais
simples, econômico, proporcionar repetibilidade de seus resultados e reduzir ao máximo
as deformações volumétricas e cisalhantes causadas pela cravação da placa no solo.

O novo equipamento elaborado consistia numa placa de aço inoxidável com uma ponta
formando 20º. Ao contrário do equipamento anterior, há apenas uma membrana em uma

9
das faces com diâmetro de 60mm e espessura de 0,2mm. O desenho esquemático por
MARCHETTI (1980) evidencia a diferença perante o equipamento original.

Figura 2.2 - Desenho esquemático da placa atual do Dilatômetro (modificado de MARCHETTI, 1980).

O ensaio consiste na cravação da placa a uma velocidade constante, que LACASSE e


LUNNE (1988) sugere ser de 2cm/s, e aplicação de uma pressão para expandir a
membrana presente na placa a cada 20cm. Tradicionalmente, são feitas duas leituras:

a) Leitura A: leitura do equipamento da pressão necessária para que o centro da


membrana se desloque em 0,05mm dentro do solo. Inicialmente, media o
deslocamento nulo da membrana, mas foi alterada por conta da inserção de
sensores no equipamento;

b) Leitura B: leitura do equipamento da pressão necessária para que o centro da


membrana se desloque em 1,10mm dentro do solo. Inicialmente, media o

10
deslocamento da membrana em 1,0mm, mas foi alterada por conta da inserção
de sensores no equipamento.

Há ainda a leitura C, que é a leitura de pressão feita após a lenta despressurização da


membrana logo após a atingir a pressão da Leitura B.

Através das leituras A, B e C, são definidas as pressões P1, P0 e P2 que são definidas
por:

(2.1)

(2.2)

(2.3)

Onde:

P0 = pressão corrigida que corresponde ao deslocamento nulo da membrana;

P1 = pressão corrigida que corresponde ao deslocamento de 1,1mm da membrana;

P2 = pressão corrigida que corresponde ao retorno da membrana a posição de


deslocamento nulo;

A = leitura de pressão que corresponde ao deslocamento de 0,05mm do centro da


membrana;

B = leitura de pressão que corresponde ao deslocamento de 1,10mm do centro da


membrana;

Zm = leitura de pressão sem nenhuma pressão aplicada;

ΔA = pressão aplicada na membrana ao ar para que haja um deslocamento de seu centro


de 0,05mm. É obtida através de sucção. Entretanto, adota-se seu valor como positivo;

ΔB = pressão aplicada na membrana ao ar para que haja um deslocamento de seu centro


de 1,10mm.

Atualmente, o ensaio é padronizado pela American Society for Testing Materials


(ASTM) com a norma D6635-15 e pela International Organization for Standardization
ISO 22476-11:2017. Não há uma regulamentação específica sobre o ensaio na norma
brasileira.

11
Já o Dilatômetro Sísmico (SDMT) é uma combinação do tradicional DMT com um
módulo sísmico colocado acima da lâmina do DMT. O módulo sísmico do SDMT é
equipado com dois geofones, espaçados de 0,5 m, para aquisição da onda de
cisalhamento (Vs). A partir de Vs, o módulo máximo cisalhante (G0) é determinado
utilizando a teoria da elasticidade (MARCHETTI, 2008).

A configuração do teste com dois geofones auxilia na determinaçao de. Vs de forma


mais acurada (ver Figura 2.4). A determinação da velocidade de propagação da onda
cisalhante (Vs) é obtida pela diferença entre as distâncias dos dois recebedores (S2-S1),
que é de 0,50m e a diferença do tempo de chegada nos dois geofones delay (Δt). A
realização do ensaio sísmico para determinar Vs é realizado a cada 0,5 m de
profundidade.

Figura 2.3 - Lâmina do DMT e módulo sísmico (MARCHETTI, 2008).

12
Figura 2.4 - Layout esquemático do teste de dilatômetro sísmico (MARCHETTI, 2008).

2.2 CORRELAÇÕES PARA ESTIMATIVAS DE PARÂMETROS GEOTÉCNICOS


E COMPORTAMENTO DO SOLO

De acordo com MARCHETTI (1980), há três parâmetros intermediários que são


calculados através das pressões corrigidas obtidas no ensaio DMT e que são base para
as correlações empíricas propostas por diversos autores para a obtenção da estimativa
dos parâmetros geotécnicos. Há também um último parâmetro associado a poropressão.
Esses parâmetros intermediários são:

a) ID – índice de material;

b) KD – índice de tensão horizontal;

c) ED – módulo dilatométrico; e

d) UD – índice de poropressão.

MARCHETTI et al (2001) diz que há também os parâmetros interpretados, que são


derivados dos parâmetros intermediários por correlação semi-empírica. Alguns desses
parâmetros são:

a) M – módulo edométrico;

b) Su – resistência não-drenada de argilas;

c) K0 – coeficiente de empuxo no repouso;

13
d) OCR – razão de sobreadensamento do solo; e

e) Φ' – ângulo de atrito efetivo.

2.2.1 PARÂMETROS INTERMEDIÁRIOS

2.2.1.1 ÍNDICE DE MATERIAL, ID

MARCHETTI e CRAPPS (1981) diz que o ID é um índice útil e sensível, já que reflete
sensivelmente a mudança da formação do solo ao longo do ensaio. Ainda segundo
MARCHETTI e CRAPPS (1981), há de apreciar e entender as consequências da
utilização de comportamentos mecânicos para descrição do solo. Exemplo: uma mistura
de argila e areia provavelmente será descrita pelo índice como silte.

Por definição:

(2.4)

Onde:

P1 = pressão necessária para haver o deslocamento de 1,1 mm da membrana

P0 = pressão estabilizante contra o empuxo natural do solo

u0 = poropressão in situ ou hidrostática.

A Tabela 2.1 mostra a classificação do solo de acordo com o ID do material.

Tabela 2.1 – Classificação do tipo de solo baseada no I D (MARCHETTI, 1980)

TIPO DE SOLO ID

Argila muito mole/turfa <0,10

Argila 0,10 a 0,35

Argila Siltosa 0,35 a 0,60

Silte Argiloso 0,60 a 0,90

14
Silte 0,90 a 1,20

Silte Arenoso 1,20 a 1,80

Areia Siltosa 1,80 a 3,30

Areia >3,30

2.2.1.2 ÍNDICE DE TENSÃO HORIZONTAL, KD


Em MARCHETTI et al (2001) é dito que o índice KD é assemelhado ao coeficiente de
empuxo em repouso (K0) ampliado pela penetração.

MARCHETTI e CRAPPS (1981) diz que esse parâmetro permite inferir o OCR e que
seu valor aumenta de acordo com o aumento de alguns fenômenos, como cimentação,
aging, ciclos de pré-carregamento, vibrações (areias), dentre outros.

Por definição:

(2.5)

Sendo:

σ'v = tensão vertical efetiva

P0 = pressão estabilizante contra o empuxo natural do solo

u0 = poro pressão in situ ou hidrostática.

2.2.1.3 MÓDULO DILATOMÉTRICO, ED


O módulo dilatométrico ED é obtido de P0 e P1 pela teoria da elasticidade (GRAVESEN,
1960).

O módulo dilatométrico é obtido relacionando o deslocamento da membrana (s 0) ao P0 e


P1 do seguinte modo por GRAVESEN (1960) apud SCHNAID (2009) :

(2.6)

Onde:

15
E = módulo de Young

D = diâmetro da membrana

ν = coeficiente de Poisson

Segundo MARCHETTI (1980), o Módulo Dilatométrico ED é definido por E/(1-ν²).


Substituindo o diâmetro da membrana D por 60mm e o deslocamento da membrana s0
por 1,1mm, a equação de ED fica:

(2.7)

2.2.1.4 ÍNDICE DE POROPRESSÃO, UD

O índice de poropressão (UD) é definido por LUTENEGGER e KABIR (1988) pela


seguinte equação:

(2.8)

De acordo com MARCHETTI et al (2001), o índice permite distinguir solos permeáveis


(UD=0), solos impermeáveis (UD=0,7) e solos com permeabilidade intermerdiária
(0<UD<0,7).

2.2.2 PARÂMETROS OBTIDOS POR CORRELAÇÃO

2.2.2.1 MÓDULO EDOMÉTRICO, M


De acordo com MARCHETTI et al (2001), M é o módulo tangente vertical drenado
confinado (unidimensional) na σ'v correspondente. O MDMT é obtido através da
aplicação de um fator de correção RM ao ED obtido. Logo, a expressão de MDMT é:

(2.9)

MARCHETTI et al (2001) diz que por MDMT ser um módulo "corrigido", as


propriedades de deformações do solo devem ser derivadas do MDMT e não do ED, além
de ser um módulo altamente reprodutível nos diversos sítios no intervalo entre 0,4MPa
até 400MPa.

16
Para o cálculo de RM, que é função de ID e KD, MARCHETTI (1980) definiu as
equações da Tabela 2.2.

Tabela 2.2 – Valores de RM em função de ID e KD, adaptado de MARCHETTI (1980)

Condicionantes RM

ID ≤ 0,6 RM = 0,14 + 2,36 log(KD)

ID ≥ 3 RM = 0,5 + 2 log(KD)

0,6 < ID < 3 RM = RM0 0,5 + (2,5 - RM0) log(KD)

Sendo RM0 = 0,14 + 0,15 (ID - 0,6)

KD > 10 RM = 0,32 + 2,18 log(KD)

RM < 0,85 Utilizar RM = 0,85

MARCHETTI et al (2001) diz que a necessidade de corrigir o ED pelo fator RM se dá


porque:

a) ED é derivado do solo distorcido pela cravação do dilatômetro;

b) A direção do carregamento é horizontal, enquanto M é vertical;

c) ED deixa lacunas quanto as informações do histórico de tensões e tensões


laterais; e

d) Em argilas, ED é derivado de uma expansão não drenada, enquanto M é um


módulo drenado.

2.2.2.2 RESISTÊNCIA NÃO-DRENADA DE ARGILAS, Su

A correlação inicial proposta por MARCHETTI (1980) entre o índice de tensão


horizontal (KD) e a resistência não-drenada de argilas (Su) é dada pela equação:

(2.10)

De acordo com MARCHETTI et al (2001), o valor da resistência não-drenada obtida


por essa equação geralmente se situa numa posição intermediária entre os valores

17
encontrados por outros pesquisadores, como os encontrados por LACASSE e LUNNE
(1988) na figura 2.5.

Figura 2.5 - Correlação do índice de tensão horizontal do dilatômetro com resistência não-drenada em
compressão triaxial (LACASSE e LUNNE, 1988)

LACASSE e LUNNE (1988) propuseram que a correlação entre KD e Su varia de acordo


com o teste utilizado para definição do Su e que a correlação seja definida de acordo
com as tensões definidas pelo projeto.

2.2.2.3 COEFICIENTE DE EMPUXO NO REPOUSO EM ARGILAS, K0

A correlação para cálculo do coeficiente de empuxo no repouso em argilas não-


cimentadas (K0) apresentada por MARCHETTI (1980) é:

(2.11)

18
De acordo com MARCHETTI et al (2001), essa correlação proporciona resultados
geralmente satisfatórios por conta da dificuldade de dimensionar precisamente K0 e que
a maioria das aplicações de K0 são satisfeitas com estimativas aproximadas de K0.
MARCHETTI et al (2001) também diz que em argilas altamente cimentadas, a equação
(2.11) superestima significativamente o K0, já que uma parte do KD se deve ao processo
de cimentação.

Visando uma melhor correlação para o K0 em argilas, LACASSE e LUNNE (1988)


propuseram uma modificação na formulação da correlação original. Essa formulação
leva em conta a plasticidade da argila ensaiada.

(2.12)

Onde:

m = 0,44 para argila altamente plástica; e

m = 0,64 para argila de baixa plasticidade

2.2.2.4 RAZÃO DE SOBREADENSAMENTO EM SOLOS ARGILOSOS, OCR

De acordo com TAYLOR (1948), a razão de sobreadensamento é definida como a


divisão entre a máxima tensão vertical efetiva pela qual o solo já foi submetido pela
tensão vertical efetiva no presente.

Observando uma similaridade entre perfis de OCR e KD, MARCHETTI (1980) propôs a
uma correlação para solos coesivos não cimentados onde 0,2 < ID < 2

(2.13)

Em MARCHETTI e CRAPPS (1981), há uma nova gama de correlações para faixas


diferentes de ID.

Tabela 2.3 – Correlações entre ID e OCR de acordo com MARCHETTI e CRAPPS (1981)

ID < 1,2

ID > 2

1,2 < ID < 2

19
Onde:

(2.14)

(2.15)

(2.16)

Já LUNNE et al (1989) propôs novas correlações que levassem em conta o tempo


geológico da argila ou a razão Su/σ'v para estimativa do OCR.

Tabela 2.4 – Cálculo de OCR em função idade da argila ou da razão entre S u e σ'v de acordo com LUNNE
et al (1989)

Argilas jovens: Su/σ'v ≤ 0,8

Argilas velhas: Su/σ'v > 0,8

2.2.2.5 ÂNGULO DE ATRITO EFETIVO PARA SOLOS ARENOSOS, Φ'

MARCHETTI e CRAPPS (1981) propuseram que o cálculo para ângulo de atrito


efetivo deveria ser feito apenas para ID > 1,2, que deve ser vista com cautela em função
do banco de dados ainda pequeno, seguindo as seguintes correlações:

(2.17)

Se σ'v < 50kPa e R > 500,

(2.18)

Se σ' ≥ 50kPa ou R ≤ 500,

(2.19)

onde

20
(2.20)

MARCHETTI et al (2001) cita o método iterativo desenvolvido por SCHMERTMANN


(1982, 1983), colocando que se trata de um procedimento "relativamente complicado".
O método estima concomitantemente Φ' e K0 através de uma função das variáveis KD e
da resistência de ponta dada pelo ensaio de cone (q c).

MARCHETTI (1997) apresenta o gráfico da figura 2.6, que é derivado da teoria de


DURGUNOGLU e MITCHELL (1975) que permite relacionar K0 e qc/σ'v para chegar
no ângulo de atrito efetivo. Esse gráfico ainda possui a contribuição de CAMPANELLA
e ROBERTSON (1991) na escala da direita, já que foi observado por eles que a razão
qc/σ'v = 33 KD.

Figura 2.6 - Gráfico qc, K0, Φ', de acordo com DURGUNOGLU e MITCHELL (1975). Escala KD a
direita adicionada por CAMPANELLA e ROBERTSON (1991) para estimativa de Φ' por KD em areias
não cimentadas (MARCHETTI, 1997).

MARCHETTI (1997) apresenta a equação (2.21), que MARCHETTI et al (2001) diz


poder ser utilizada para estimar o limite inferior de Φ'.

(2.21)

MARCHETTI et al (2001) diz que se há valores maiores de Φ' que o obtido pelo limite
inferior de alguma forma mais acurada, eles deverão ser utilizados.

21
3 O DEPÓSITO DE SOLO MOLE DE SARAPUÍ II

3.1 INTRODUÇÃO

De acordo com JANNUZZI (2009), o depósito de Sarapuí é o mais antigo depósito de


argila mole extensivamente estudado no Brasil.

Os primeiros estudos sobre as características geotécnicas do depósito de argila mole da


Baixada Fluminense foram realizados por PACHECO SILVA (1953) quando da
construção da variante Rio-Petrópolis. A partir de 1976, foi implantado pelo Instituto de
Pesquisas Rodoviárias do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (IPR-
DNER) um extenso programa de pesquisa na área de Mecânica dos Solos com a
colaboração da COPPE/UFRJ e da PUC/RJ, intitulado "Construção de Aterros sobre
Solos Compressíveis" (VIEIRA, 1994).

O depósito se situa próximo a Baía de Guanabara e da Refinaria Duque de Caxias


(REDUC), na margem esquerda do Rio Sarapuí. Está dividido em duas partes: Sarapuí I
e Sarapuí II. Como indica a Figura 3.1 de NEJAIM (2015), o Campo Experimental de
Sarapuí I se situa a esquerda da BR-040 sentido Petrópolis. ORTIGÃO (1980) traçou
um perfil estratigráfico da região, conforme mostra a Figura 3.3. Já o Campo
Experimental de Sarapuí II está localizado a direita da BR-040 sentido Petrópolis, numa
área militar sob tutela da Marinha do Brasil, onde funciona a Estação Rádio da Marinha
no Rio de Janeiro. De acordo com JANNUZZI (2009), a área de Sarapuí II passou a ser
utilizada em detrimento da área de Sarapuí I por conta de problemas de segurança na
região.

22
Figura 3.1- Sarapuí I e Sarapuí II em relação à Rodovia Washington Luiz BR 040 (NEJAIM, 2015)

JANNUZZI (2009) elenca algumas desvantagens na mudança de Sarapuí I para Sarapuí


II. A primeira desvantagem é que diversos ensaios já haviam sido realizados em Sarapuí
I. A segunda desvantagem é a menor espessura de argila mole encontrada no Sarapuí II
em comparação com Sarapuí I. Enquanto Sarapuí I, de acordo com JANNUZZI (2009),
possuía 11m de espessura de argila mole, o campo de Sarapuí II possui, em média 8m
de espessura de argila mole na região dos ensaios mostrados pelas Figuras 3.2 e 3.3 .
Utilizando os dados dos ensaios de campo realizados por JANNUZZI (2009, 2013) e
das cravações de estacas-torpedo realizadas por DANZIGER et al (2013),
FERNANDES e SCHAEFER (2018) traçaram a curva de nível das espessuras de argila
mole da região (Figura 3.4).

23
Figura 3.2 - Localização da área de realização dos ensaios na Estação Rádio da Marinha em relação à
rodovia Washington Luiz (JANNUZZI, 2009)

Figura 3.3 - Perfil geotécnico no local do primeiro aterro experimental em Sarapuí I (ORTIGÃO, 1980).

24
Figura 3.4 - Locação dos ensaios realizados em relação à estrada de acesso da Estação Rádio da Marinha
(JANNUZZI, 2009)

Figura 3.5 - Curvas de nível de espessura de argila mole a partir dos resultados dos ensaios de campo
(Piezocone e Piezocone Torpedo) realizados em Sarapuí II (FERNANDES e SCHAEFER, 2018), com
ajuda do Engenheiro Arthur Veiga.

JANNUZZI (2009) traçou a estratigrafia de Sarapuí II com base em ensaios a percussão


SPT (Fig. 3.5), sendo possível comparar com a estratigrafia realizada por ORTIGÃO
(1980).

A altura do nível d'água costuma ser um problema na área do Sarapuí II. Como mostra a
Figura 3.7, o nível d'água se situa acima do nível do terreno, dificultando a mobilidade
de equipamento e pessoal na área a ser ensaiada. Para contornar o problema, são
utilizados dormentes de madeira e madeirites para viabilizar o deslocamento pelo
terreno, como mostra a Figura 3.8. O transporte das máquinas de cravação é feito com
caminhão tipo munck até o ponto previamente designado para realização do ensaio.

25
Figura 3.6 - Perfil geotécnico traçado a partir das sondagens a percussão (JANNUZZI, 2009)

Figura 3.7 - Nível d'água elevado dificulta a realização de ensaios.

26
Figura 3.8 - Madeiras colocadas para permitir o deslocamento em Sarapuí II.

3.2 ENSAIOS REALIZADOS ANTERIORMENTE EM SARAPUÍ II

Os primeiros ensaios na área de Sarapuí II foram realizados para os trabalhos de


FRANCISCO (2004) e ALVES (2004). Entretanto, os ensaios citados se deram em um
local diferente presente trabalho, indicado pela Figura 3.9. O resultado do ensaio de
piezocone realizado por FRANCISCO (2004) (Figura 3.10) permite observar uma
espessura de 6m de argila mole no local, condizente com as espessuras encontradas
pelos ensaios realizados por JANNUZZI (2009) na área onde foi realizado o ensaio
dilatométrico para o presente trabalho.

JANNUZZI et al (2015) permite conhecer melhor as características granulométricas,


químicas e mineralógicas da argila do local do presente trabalho em Sarapuí II,
apresentando o gráfico da Figura 3.11, onde determina a composição granulométrica,

27
teor de matéria orgânica, teor de sal e composição mineralógica da argila de acordo com
a profundidade de onde foi extraída a amostra ensaiada.

Já na Figura 3.12, JANNUZZI et al (2015) apresenta o limite de liquidez, limite de


plasticidade, teor de umidade natural, densidade específica, peso específico, índice de
vazios inicial e atividade da argila também de acordo com a profundidade de extração
da amostra. JANNUZZI et al (2015) ressalta que a plasticidade da argila pode estar
diretamente relacionada aos argilominerais, já que valores de plasticidade altos
correspondem a valores elevados de esmectita.

Figura 3.9 - Localização das áreas de ensaios realizados em Sarapuí II (base – Google).

Figura 3.10 - Ensaio de Piezocone na argila do Sarapuí II (FRANCISCO, 2004).

28
Figura 3.11 - (a) Distribuição de tamanhos de grão; (b) teor de matéria orgânica; (c) teor de sal; (d)
composição mineralógica da argila - modificado de (JANNUZZI et al, 2015).

Figura 3.12 - (a) Limite de liquidez, limite de plasticidade e teor de umidade natural; (b) densidade
específica; (c) peso específico; (d) índice de vazios inicial; (e) atividade da argila - modificado de
(JANNUZZI et al, 2015).

DANZIGER et al (2019) apresenta ensaios de piezocone e algumas peculiaridades da


argila mole da região ensaiada para o presente trabalho. A forte presença de conchas é

29
algo que chama atenção. DANZIGER et al (2019), onde mencionam que os autores têm
conhecimento que a quantidade de conchas é tão significante a ponto de ser detectada
pelo perfil de resistência de cone dado pelo piezocone. As profundidades que o ensaio
aponta essas interferências são entre 1,0m e 1,6m e entre 5,2m e 6,0m, conforme
demonstra a Figura 3.13. A presença de matéria orgânica também se faz presente, com
pedaços de fragmentos de madeira entre 1,38m e 1,44m.

Figura 3.13 - (a) Amostra do topo do perfil, mostrando mais de 15cm de raízes misturas com solo; (b) e
(c) fragmentos de madeira encontrados entre 1,38m e 1,44m; (d) topo da amostra de 12cm de altura
(1,38–1,50m de profundidade); (e) conchas sendo removidas; (f) fundo da amostra após a remoção de
conchas; (g) conchas removidas lavadas; (h) conchas dentro do amostrador, amostra com 14cm de altura
(5,86–6,00m de profundidade); (i) conchas lavadas removidas; (j) resistência do cone dos seis ensaios de
piezocone. – modificado de (DANZIGER et al, 2019)

JANNUZZI et al (2015) traça a curva de OCR pela profundidade na argila mole de


Sarapuí II, utilizando ensaios de adensamento convencional com carga incremental de
24 horas com carregamento incremental. Pode-se notar novamente a influência da
presença das conchas nos resultados dos ensaios. Essas conchas fazem com que a
qualidade da amostra seja prejudicada. De acordo com o critério de LUNNE et al
(1997), que relaciona a razão Δe/eo (onde Δe = e -eo é a diferença entre o índice de
vazios sob tensão vertical efetiva atuante (e) e o índice de vazios inicial (eo)). A Figura
3.14 apresenta a curva OCR e Δe/eo pela profundidade.

30
Figura 3.14 - a) OCR pela profundidade com influência das conchas apontada no gráfico; (b) Δe/eo pela
profundidade. – modificado de (JANNUZZI et al, 2015)

31
4 REALIZAÇÃO DOS ENSAIOS

4.1 PREPARAÇÃO DE LABORATÓRIO

Para que haja melhores resultados na execução do ensaio dilatométrico, LACASSE e


LUNNE (1988) sugeriu que alguns procedimentos fossem adotados antes da realização
do ensaio em campo. São eles:

a) Exercitar uma membrana dilatométrica nova no ar para que a mesma tenha uma
resistência constante durante o ensaio. São sugeridos 100 ciclos de expansão;

b) Calibração da rigidez da membrana deve ser realizada no ar antes da realização


do ensaio.

VIEIRA (1994) aponta que há variação significativa de valores de ΔA e ΔB durante o


processo de calibração quando a membrana está exercitada (ciclada) e quando não está,
reforçando a necessidade da ciclagem. Também foi observado por VIEIRA (1994) que
membranas de reposição para substituir membranas eventualmente danificadas na
realização do ensaio já devem estar cicladas. E, mesmo assim, deve-se verificar os
valores de ΔA e ΔB fornecidos pelo fabricante da membrana para servir de referência,
pois geralmente esses valores são maiores quando a membrana não está devidamente
ciclada. Logo, há a necessidade de nova ciclagem. A Figura 4.1a mostra o processo de
ciclagem realizado para o ensaio do presente trabalho.

Para uma membrana de espessura tradicional (0,20mm), MARCHETTI e CRAPPS


(1981) sugere que seja aplicada uma pressão de até 3 bar ao ar para que o exercício seja
corretamente realizado. Essa aplicação de pressão de 3 bar é feita com uma seringa que
possui um encaixe específico em sua ponta para o equipamento.

Com o intuito de avaliar os efeitos do método de calibração tradicional na membrana de


espessura de 0,15mm, foi realizada a ciclagem com a pressão de 3 bar. Entretanto, não
se chegou aos 100 ciclos de expansão sugeridos por LACASSE e LUNNE (1988). A
membrana de 0,15mm sofreu um processo de plastificação durante o processo (Figura
4.1), conforme mostra a Figura 4.2. Sua parte central ficou permanentemente expandida,
culminando no descarte da membrana.

32
Figura 4.1 - Ciclagem da membrana.

Figura 4.2 - Membrana de 0,15mm de espessura após plastificar por conta da ciclagem.

33
Por orientação de MARCHETTI (2019), houve uma adaptação no processo de ciclagem
para evitar a plastificação da membrana. Ao invés da aplicação de 3 bar, a pressão
máxima para exercitação foi de 1 bar. O número de 100 ciclos de expansão foi mantido.

Foram medidos os valores de ΔA e ΔB antes e depois da ciclagem, indicados pela


Tabela 4.1. O valor de desvio do zero (Zm) era de 0,05 bar.

Tabela 4.1 - Leituras de ΔA e ΔB antes e após as ciclagens.

ΔA (bar) ΔB (bar)

Antes da ciclagem (após 0,06 0,31


corrigir por Zm)

Depois da ciclagem (após 0,06 0,10


corrigir por Zm)

Mesmo com os erros inerentes a leitura visual do manômetro, é perceptível que o


processo de ciclagem reduziu significativamente o valor de ΔB.

4.2 REALIZAÇÃO DOS ENSAIOS SDMT

A realização do ensaio no Campo Experimental de Sarapuí II foi feita em dois dias. No


dia 08/07/2019, foi possível realizar parte da primeira vertical planejada em virtude das
limitações do horário de trabalho. Já no dia 09/07/2019, completou-se a primeira
vertical e foi feita a segunda vertical.

A execução da primeira vertical foi feita com cravação estática do dilatômetro à


velocidade de 2cm/s utilizando a máquina de cravação da Figura 4.3. A aplicação de
pressão na membrana era feita a cada 20cm a partir do nível do terreno e foram feitas as
leituras A, B e C. A parte sísmica foi executada a cada 50cm a partir da profundidade de
1,5m do nível do terreno. Para referenciar topograficamente o ensaio, foi utilizado um
benchmark feito para ensaios anteriores. O nível d'água estava a 0,35m acima do nível
do terreno no primeiro dia no qual realizou-se o ensaio. Já no segundo dia, o nível
d'água estava a 0,32m. Essa diferença foi considerada na análise dos resultados.

34
Prosseguiu-se com o ensaio da primeira vertical a partir de 4m até máxima atingida de
9,47m.

Na segunda vertical, a velocidade de cravação,o intervalo de aplicação de pressão na


membrana e as leituras A, B e C foram mantidas. Entretanto, houve uma mudança na
execução do ensaio sísmico por conta do tempo possível para permanecer no campo
experimental. Como mostram as Figura 4.4, 4.5 e 4.6, o nível d'água elevado dificultava
a realização do ensaio sísmico. O martelo para aplicação da onda a ser lida pelos
geofones ficava submerso. Foi decidido então executá-lo a cada metro, começando na
profundidade de 2m. A profundidade máxima atingida foi 9,2m.

Figura 4.3 - Máquina de cravação para realização do ensaio com dilatômetro encaixado.

35
Figura 4.4 - Martelo submerso atrasava a realização do ensaio.

Figura 4.5 - Momento em que o martelo é lançado para gerar onda a ser lida pelos geofones do
dilatômetro.

36
Figura 4.6 - Martelo atravessando a lâmina d'água.

37
5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

5.1 INTRODUÇÃO

Primeiramente serão apresentados os ensaios realizados na presente pesquisa com a


membrana de 0,15mm de espessura. A seguir será realizada uma comparação dos
resultados obtidos na presente pesquisa com os de JANNUZZI (2013), onde a
membrana utilizada no SDMT foi de espessura de 0,20mm. E, finalmente, uma proposta
de correção do ensaio de DMT com o ensaio de adensamento com a finalidade de se
estimar o recalque.

5.2 SDMT COM MEMBRANA DE 0,15MM

Os resultados obtidos pelo ensaio e as correlações serão apresentados em forma gráfica


para facilitar a compreensão e auxiliar na comparação com os ensaios de JANNUZZI
(2013). O software Grapher foi utilizado para fazer os gráficos.

Pode-se observar nas figuras P0 (Figura 5.1), P1 (Figura 5.2), P2 (Figura 5.3), que os
resultados não apresentaram dispersão significativa. As Figuras 5.4, 5.5 e 5.6
apresentam os valores de P0, P1, P2 e u0 de todos os ensaios, apenas do ensaio 1 e apenas
do ensaio 2 respectivamente. Já os valores de ΔP (Figura 5.7 e Figura 5.8) apresentaram
pequena dispersão. As Figuras 5.9, 5.10, 5.11, 5.12, 5.13, 5.14, 5.15, 5.16 e 5.17
mostram respectivamente o Módulo Dilatométrico, Índice de Material, Índice de Tensão
Horizontal, Resistência Não-drenada de Argilas, Razão de Sobreadensamento, Módulo
Edométrico, Coeficiente de Empuxo no Repouso calculado de acordo com
MARCHETTI (1980), Coeficiente de Empuxo no Repouso calculado de acordo com
LACASSE & LUNNE (1988) e Coeficiente de Empuxo no Repouso de ambos os
autores.

Apesar dos gráficos terem sido plotados separadamente para que os resultados do
presente trabalho possam ser vistos com mais clareza, a análise será realizada em
conjunto com os outros resultados com o intuito do texto não ficar repetitivo.

Pode-se observar que nos dois ensaios, as Figuras 5.5 e 5.6 mostram que os valores de
P1 foram maiores que o de P0, que foram maiores que o de P2, conforme esperado. Se o
solo fosse arenoso, esperava-se que os valores de P2 ficassem próximos de u0.

38
Entretanto, como o solo é argiloso, isso não aconteceu, como pode ser visto na Figura
5.4. Os valores de P2 ficaram superiores a u0 por se tratar de um solo argiloso.

Figura 5.1 - Gráfico P0 pela profundidade dos ensaios realizados para o presente trabalho.

Figura 5.2 - Gráfico P1 pela profundidade dos ensaios realizados para o presente trabalho.

39
Figura 5.3 - Gráfico P2 pela profundidade dos ensaios realizados para o presente trabalho.

Figura 5.4 - Gráfico de P0, P1, P2 e poropressão dos ensaios realizados para o presente trabalho.

40
Figura 5.5 - Gráfico de P0, P1, P2 e poropressão do primeiro ensaio realizado para o presente trabalho.

Figura 5.6 - Gráfico de P0, P1, P2 e poropressão do segundo ensaio realizado para o presente trabalho.

41
Figura 5.7 - Gráfico ΔP pela profundidade dos ensaios realizados para o presente trabalho.

Figura 5.8 - Gráfico somente da camada argilosa de ΔP pela profundidade dos ensaios realizados para o
presente trabalho.

42
Figura 5.9 - Gráfico ED pela profundidade dos ensaios realizados para o presente trabalho.

Figura 5.10 - Gráfico ID pela profundidade dos ensaios realizados para o presente trabalho.

43
Figura 5.11 - Gráfico KD pela profundidade dos ensaios realizados para o presente trabalho.

Figura 5.12 - Gráfico Su pela profundidade dos ensaios realizados para o presente trabalho.

44
Figura 5.13 - Gráfico OCR pela profundidade dos ensaios realizados para o presente trabalho.

Figura 5.14 - Gráfico M pela profundidade dos ensaios realizados para o presente trabalho.

45
Figura 5.15 - Gráfico K0 (MARCHETTI, 1980) pela profundidade dos ensaios realizados para o presente
trabalho.

Figura 5.16 - Gráfico K0 (LACASSE & LUNNE, 1988) pela profundidade dos ensaios realizados para o
presente trabalho.

46
Figura 5.17 - K0 (LACASSE & LUNNE, 1988) e (MARCHETTI, 1980) pela profundidade dos ensaios
realizados para o presente trabalho.

5.3 ANÁLISE CONJUNTA DOS RESULTADOS

Para visualizar os efeitos da utilização de uma membrana com espessura mais delgada,
serão apresentados nos mesmos gráficos os resultados obtidos pelos ensaios do presente
trabalho com os ensaios de JANNUZZI (2013).

Os resultados apresentados são os seguintes: P0 (Figura 5.18 e Figura 5.19), P1 (Figura


5.20 e Figura 5.21), ΔP (Figura 5.22 e Figura 5.23), Módulo Dilatométrico (Figura 5.24
e Figura 5.25), Índice de Material (Figura 5.26), Índice de Tensão Horizontal (Figura
5.27, Figura 5,28 e Figura 5.29), Resistência Não-drenada de Argilas (Figura 5.30,
Figura 5.31 e Figura 5.32), Razão de Sobreadensamento (Figura 5.34), Módulo
Edométrico (Figura 5.35 e Figura 5.36), Velocidade de propagação da onda cisalhante
(Figura 5.37 e Figura 5.38) e Índice de poropressão (Figura 5.39).

De forma geral, pode-se afirmar que a repetibilidade dos ensaios realizados com
membrana de 0,15mm de espessura foi maior do que a dos ensaios com membrana de
0,20mm de espessura, principalmente nos valores de P 0. Por consequência, as
correlações que são dependentes dos valores das leituras de pressões também tiveram
sua dispersão reduzida.

47
Pode-se observar nos gráficos de P0 (Figuras 5.18 e 5.19) que os valores obtidos com a
membrana de 0,15mm ficaram muito próximos, ligeiramente no limite inferior dos
obtidos com a membrana de 0,20mm. Pode-se afirmar que a dispersão encontrada com a
membrana de 0,15mm foi menor do que com a membrana de 0,20mm. Nos gráficos de
P1 (Figuras 5.20 e 5.21), o mesmo comportamento é observado. Ou seja, os valores dos
resultados obtidos com a membrana de 0,15mm e 0,20mm ficaram próximos, mas os de
0,15mm ficaram sutilmente superiores aos valores de 0,20mm. Já nos gráficos de P
(Figuras 5.22 e 5.23), pode-se verificar que os resultados, embora na mesma ordem de
grandeza, deram valores muito diferentes. Observa-se que a diferença entre P0 e P1,
obtida com a membrana de 0,20mm, gerou uma dispersão grande, podendo ocasionar
um equívoco significativo na estimativa de parâmetros geotécnicos cujas correlações
dependem da diferença entre P0 e P1. Isso não foi observado para a membrana de
0,15mm, cuja diferença entre P0 e P1 ocasionou uma dispersão. Assim, sugere-se utilizar
a membrana de 0,15mm para solos nos quais P0 e P1 sejam próximos.

Figura 5.18 - Gráfico P0 pela profundidade dos ensaios do presente trabalho e de JANNUZZI (2013) até
10 metros.

48
Figura 5.19 - Gráfico P0 pela profundidade dos ensaios do presente trabalho e de JANNUZZI (2013) até
apenas na camada argilosa.

Figura 5.20 - Gráfico P1 pela profundidade dos ensaios do presente trabalho e de JANNUZZI (2013) até
10 metros.

49
Figura 5.21 - Gráfico P1 pela profundidade dos ensaios do presente trabalho e de JANNUZZI (2013)
apenas na camada argilosa.

Figura 5.22 - Gráfico ΔP pela profundidade dos ensaios do presente trabalho e de JANNUZZI (2013) até
10 metros.

50
Figura 5.23 - Gráfico ΔP pela profundidade dos ensaios do presente trabalho e de JANNUZZI (2013)
apenas na camada argilosa

Observa-se nos gráficos de ED (Figura 5.24 e 5.25) e ID (Figura 5.26) que ambos, por
dependerem da diferença entre P0 e P1, tiveram a mesma tendência e a mesma ordem de
grandeza para ambas as membranas. Entrentanto, os valores são consideravelmente
diferentes. Os resultados de ED com a membrana de 0,15mm são da ordem de grandeza
do dobro dos resultados de 0,20mm e os de ID são 2,5 vezes maiores na camanda de
argila mole. Os valores obtidos para o índice de material também se mostraram
coerentes com a realidade vista in situ. A extensão da camada argilosa foi definida pelo
ensaio, tendo seu final na profundidade entre 7m e 8m abaixo do nível do terreno. Esse
resultado se mostra condizente com os ensaios previamente executados no campo
experimental de Sarapuí II.

O valor de KD (Figura 5.27), como depende de P0, seguiu a mesma tendência do gráfico
de P0 versus profundidade. Ou seja, os valores de ambas as membranas ficaram
próximos, sendo que, os da membrana de 0,15mm ficaram no limite inferior, na camada
de argila mole

51
Figura 5.24 - Gráfico ED pela profundidade dos ensaios do presente trabalho e de JANNUZZI (2013) até
10 metros.

Figura 5.25 - Gráfico ED pela profundidade dos ensaios do presente trabalho e de JANNUZZI (2013) na
camada de solo mole.

52
Figura 5.26 - Gráfico ID pela profundidade dos ensaios do presente trabalho e de JANNUZZI (2013) até
10 metros.

Figura 5.27 - Gráfico KD pela profundidade dos ensaios do presente trabalho e de JANNUZZI (2013) até
10 metros.

53
Para se estimar o K0 (Figuras 5.28 e 5.29), ambas as propostas empregadas na presente
pesquisa (MARCHETTI, 1980 e LACASSE & LUNNE, 1988) empregam o parâmetro
do dilatômetro KD.

Pode-se observar que, de acordo com proposta de MARCHETTI (1980) para


determinação de K0, os resultados de ambas membranas ficaram próximos e seguiram a
mesma tendência. Porém o valor de K0 obtido ficou maior do que o esperado para este
campo experimental. Já os valores obtidos por LACASSE & LUNNE (1988) tiveram
uma dispersão menor e os resultados ficaram próximos do esperado na literatura.
Portanto, para este campo experimental a proposta de LACASSE & LUNNE (1988) foi
a mais adequada para determinação de K0.

Fica perceptível a diferença entre os K0 calculados através de diferentes correlações


propostas por MARCHETTI (1980) e LACASSE e LUNNE (1988). A discrepância
entre os dois métodos de cálculo mostra o cuidado que se deve ter ao utilizar uma
correlação, mostrando que novas correlações podem ser propostas para determinar K 0 e
outros parâmetros geotécnicos.

Figura 5.28 - Gráfico K0 (MARCHETTI, 1980) pela profundidade dos ensaios do presente trabalho e de
JANNUZZI (2013) até 10 metros.

54
Figura 5.29 - Gráfico K0 (LACASSE & LUNNE, 1988) pela profundidade dos ensaios do presente
trabalho e de JANNUZZI (2013) até 10 metros.

Verifica-se no gráfico de Su versus profundidade (Figura 5.30) que os valores obtidos


para ambas membranas ficaram próximos. Sendo que o obtido com a membrana
0,15mm ficou ligeiramente no limite inferior do que os da membrana de 0,20mm. Cabe
ressaltar que na correlação para determinar Su, o parâmetro utilizado é o KD que leva em
consideração o P0, por este motivo a tendência do perfil de Su da membrana de 0,15mm
ficou no limite inferior da de 0,20mm. Na Figura 5.31 é feita uma comparação com os
resultados obtidos pela correlação de MARCHETTI (1980), com o ensaio de Palheta de
Campo, que é o ensaio de referência em termos de ensaio de campo para determinar S u,
de JANNUZZI (2009). Verifica-se que os valores de Su do DMT ficaram no limite
inferior dos valores de Su obtidos no ensaio de palheta. Entretanto, ao se empregar a
correção de Bjerrum, pode-se observar que os valores de Su obtidos com o ensaio de
DMT ficaram ainda mais próximos dos valores de Palheta (Figura 5.32), sendo que os
valores de Su com a membrana de 0,15mm foram os que mais se aproximaram (Figura
5.33).

55
Figura 5.30 - Gráfico Su pela profundidade dos ensaios do presente trabalho e de JANNUZZI (2013) até
10 metros.

Figura 5.31 - Gráfico Su pela profundidade dos ensaios do presente trabalho, de palheta JANNUZZI
(2009) sem a correção de Bjerrum e de JANNUZZI (2013).

56
Figura 5.32 - Gráfico Su pela profundidade dos ensaios do presente trabalho, de JANNUZZI (2013) e dos
ensaios de palheta de JANNUZZI (2009) com a correção de Bjerrum.

Figura 5.33 - Gráfico Su versus profundidade dos ensaios do presente trabalho e dos ensaios de palheta de
JANNUZZI (2009) com a correção de Bjerrum.

57
No que concerne à determinação do OCR, pode-se verificar que para ambas as
membranas os valores ficaram próximos, sendo que para a membrana de 0,15mm a
dispersão foi menor. Tanto a membrana de 0,15mm quanto a de 0,20mm foram capazes
de reproduzir o formato do perfil de OCR versus profundidade. O valor de OCR
estimado pelo ensaio de DMT na camada de argila mole é da ordem de 4, enquanto que
o valor esperado para este depósito, de acordo com os ensaios de adensamento de
JANNUZZI (2013) é 2.

Figura 5.34 - Gráfico OCR pela profundidade dos ensaios do presente trabalho e de JANNUZZI (2013)
até 10 metros.

Em relação ao Módulo Dilatométrico (M) pode-se observar que a dispersão dos


resultados é grande (Figura 5.36), principalmente para a membrana de 0,20mm. Esse
fato é devido à diferença entre P0 e P1, que conforme mencionado anteriormente,
quando são muito próximos podem ocasionar um equívoco na determinação de outros
parâmetros. Percebe-se uma menor dispersão dos resultados com a membrana de
0,15mm sendo que a ordem de grandeza dos valores obtidos com a membrana de
0,15mm é 2 vezes maior do que a de 0,20mm.

58
Figura 5.35 - Gráfico M pela profundidade dos ensaios do presente trabalho e de JANNUZZI (2013) até
10 metros.

Figura 5.36 - Gráfico M pela profundidade dos ensaios do presente trabalho e de JANNUZZI (2013)
apenas na camada argilosa.

No que diz respeito ao ensaio de SDMT, pode-se verificar que há um aumento da


velocidade de propagação da onda cisalhante com a profundidade (Figura 5.37). Pode-

59
se observar na Figura 5.38 que os resultados obtidos na presente pesquisa foram muito
semelhante aos obtidos por JANNUZZI (2013). Observa-se que a camada de solo mole
da presente pesquisa é ligeiramente menor do que a de JANNUZZI (2013).

Figura 5.37 - Vs pela profundidade dos ensaios realizados para o presente trabalho.

Figura 5.38 - Vs pela profundidade dos ensaios realizados para o presente trabalho. em comparação
comcom os ensaios de JANNUZZI (2013).

60
No que diz respeito ao índice de poropressão (UD) definido por LUTENEGGER e
KABIR (1988) para distinguir solos permeáveis, impermeáveis e parcialmente
permeáveis, pode-se verificar que o depósito de Sarapuí II, UD variou de 0,5 a 2m a 0,65
a 7m, sendo portanto de permeabilidade intermediária, mais próximo do “impermeável”
o que condiz com o comportamento do solo que tem a permeabilidade baixa. Já para
maiores profundidades percebe-se um decréscimo de UD chega ao final da camada com
valor de 0,1, sendo esse material classificado como silte-argilo arenoso que tem portanto
uma permeabilidade maior, por isso o valor de UD baixo. Esse material também é
classificado como de permeabilidade intermediária. Vale ressaltar que o foco da
presente pesquisa é na camada argilosa.

Figura 5.39 - UD pela profundidade dos ensaios realizados para o presente trabalho.

5.4 PROPOSTA DE CORRELAÇÕES COM ÍNDICES DE COMPRESSÃO (CC),


RECOMPRESSÃO (CR) E EXPANSÃO (CS)

No presente trabalho, com o intuito de aprimorar a estimativa do recalque através do


ensaio de DMT, foi proposta uma correlação - que deve ser vista de forma preliminar

61
devido ao banco de dados existente ainda ser pequeno - entre os dados obtidos com o
ensaio de dilatômetro e o de adensamento. Os índices a serem correlacionados são:
índices de compressão (Cc), recompressão (Cr) e descompressão (Cs), conforme mostra
a Figura 5.35.

Procurou-se um sentido físico das correlações propostas com a similaridade entre o


ensaio edométrico e do dilatômetro de Marchetti.

Como P0 é obtido através do deslocamento da membrana até a posição zero, ou seja, um


pequeno deslocamento da massa de solo, considerou-se que este trecho teria
correspondência ao Cr. Logo, procurou-se correlacionar Cr com P0.

Já P1, que corresponde ao deslocamento da membrana de 1,1mm, embora o


deslocamento seja pequeno, é o que mais se aproxima fisicamente de C c.. Portanto, a
correlação proposta para estimar Cc foi com P1.

Por fim, para estimar o Cs, o parâmetro que mais se aproximou foi o P2, pois ambos têm
em comum a descompressão do solo, promovendo uma expansão do mesmo até uma
determinada posição.

As correlações de Cr e Cs foram elaboradas considerando a pressão aplicada em cada


evento menos a poropressão e Cc foi considerada a diferença entre P0 e P1. Todas as
correlações foram normalizadas em relação à tensão efetiva de campo.

A partir dos ensaios de adensamento de carga incremental de 24 horas de duração cada


carregamento, foi plotada a curva índice de vazios versus logaritmo da tensão vertical
efetiva e determinados Cr, Cs e Cc, (JANNUZZI, 2013, JANNUZZI, 2015), que foram
os valores de referência para aferir as correlações propostas.

O solo de Sarapuí foi classificado como parcialmente permeável, sendo que para a
camada argilosa, cuja permeabilidade é baixa, o valor ficou em torno de 0,6, mais
próximo do “impermeável”. Já para maiores profundidades, cujo solo é classificado
como silte-argilo arenoso, portando de maior permeabilidade, o valor decresce
chegando em torno de 0,1, ficando próximo da condição permeável o que condiz com o
esperado na literatura para este tipo de solo.

62
Figura 5.40 - Curva típica de um ensaio edométrico com os respectivos índices.

Figura 5.41 - Índices de compressão, recompressão e expansão do Campo Experimental de Sarapuí II


(JANNUZZI, 2015).

Para estimativa do Cc, propõe-se a seguinte correlação:

(5.1)

Onde o valor de α varia de acordo com o solo ensaiado. Para o campo experimental de
Sarapuí II, α = 1.

63
Para estimativa do Cr, propõe-se a seguinte correlação:

(5.2)

Onde o valor de β varia de acordo com o solo ensaiado. Para o campo experimental de
Sarapuí II, β = 0,1.

Para estimativa do Cs, propõe-se a seguinte correlação:

(5.3)

Onde o valor de γ varia de acordo com o solo ensaiado. Para o campo experimental de
Sarapuí II, γ = 0,06.

A Figura 5.42, a Figura 5.43 e a a Figura 5.44 mostram os gráficos dos valores obtidos
pelas correlações para Cc, Cr e Cs na camada de argila respectivamente.

Comparando as correlações dos índices de compressão, recompressão e expansão com


os valores de JANNUZZI (2015), nota-se que há uma tendência de estabilização das
correlações para próximo dos valores de referência na parte central da camada argilosa.

64
Figura 5.42 - Gráfico da correlação para estimativa de Cc pela profundidade dos ensaios do presente
trabalho apenas na camada argilosa.

Figura 5.43 - Gráfico da correlação para estimativa de Cr pela profundidade dos ensaios do presente
trabalho apenas na camada argilosa.

65
Figura 5.44 - Gráfico da correlação para estimativa de Cs pela profundidade dos ensaios do presente
trabalho apenas na camada argilosa.

66
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS

6.1 CONCLUSÕES

A análise comparativa com os ensaios dilatométricos realizados por JANNUZZI (2013)


permitiu observar que a mudança da espessura da membrana utilizada no equipamento
do dilatômetro não altera de modo significativo os parâmetros geotécnicos obtidos
através das correlações. Entretanto, a dispersão dos resultados dos ensaios com
membrana de espessura 0,15mm foi menor do que os ensaio com membrana de
espessura 0,20mm. Com isso, houve uma maior repetibilidade dos parâmetros
geotécnicos calculados através das pressões fornecidas pelo ensaio dilatométrico.

Observa-se que os valores de Su do ensaio de palheta utilizando a correção de Bjerrum e


os calculados com a correlação do DMT ficaram próximos. Verifica-se que os
resultados obtidos com a membrana de 0,15mm forneceram resultados mais próximos
dos de referência que é o ensaio de palheta. Pode-se dizer que o ensaio de DMT foi
capaz de estimar o valor de Su para o depósito de solo mole de Sarapuí II.

Verificou-se um aumento da velocidade de propagação da onda cisalhante com a


profundidade em torno de 42m/s a 1 m até 83m/s a 6,5m. Observa-se que para ambas as
membranas o resultado foi semelhante, conforme já era esperado uma vez que os
sensores para detectar a velocidade de propagação da onda cisalhante os geofones estão
instalados na haste instrumentada.

Correlações para estimar Cr, Cs e Cc, foram propostas a partir dos ensaios de
adensamento de carga incremental de 24 horas de duração cada estágio.

6.2 SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS

Sugere-se que mais ensaios com a membrana de 0,20mm e de 0,15mm sejam realizados
na camada de argila mole de Sarapuí II e em outros campos experimentais. Com isso,
será possível analisar os efeitos de redução da dispersão que a membrana mais fina pode
vir a causar na estimativa dos parâmetros geotécnicos.

Aumentar o banco de dados para validação das correlações propostas para C c, Cr e Cs,
assim como determinar novos valores de α, β e γ para diferentes tipos de solos. Espera-

67
se que estas correlações sejam testadas para outros depósitos de solos argilosos nos
quais tenham sido realizados ensaios de laboratório (adensamento) e de campo (DMT).

Realizar ensaios com a Medusa DMT e comparar com os resultados de ensaios de DMT
realizados com a membrana de 0,15mm e 0,20mm.

Por fim, sugere-se determinar o valor de K0 do campo experimental de Sarapuí II para


poder comparar com os métodos de cálculo de LACASSE e LUNNE (1988) e
MARCHETTI (1980).

68
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