Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
São Luís
2018
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão.
Campus São Luís Monte Castelo
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Materiais
São Luís
2018
iii
Dedico este trabalho à todos aqueles que contribuíram para esta vitória, em especial à
minha esposa que esteve sempre ao meu lado me dando apoio e forças para
prosseguir.
v
.
vii
BANCA EXAMINADORA:
São Luís
2018
ix
AGRADECIMENTOS
À Deus que tornou possível que eu trilhasse meu caminho e alcançasse esta
conquista.
À minha esposa Dayanne Feitosa, por estar presente em todos os momentos
no decorrer desta etapa da minha vida, por ter me incentivado, dado forças e ajudado
até mesmo com procedimentos laboratoriais. Mas principalmente pelo amor, carinho e
dedicação que são o alicerce e inspiração de tudo que faço e conquisto em minha vida.
Ao professor e orientador Dr. Valdemar Silva Leal por ter me acolhido no pro-
grama, pela orientação séria e segura, pela amizade, compreensão e apoio para a
conclusão deste trabalho.
Aos amigos do curso de mestrado, Thiago Aguiar, André Buonocore, Pauliane
Nogueira, Thays Lavra, Marta Gabriela, Roberta Adrielle, Felipe Aquino, Larissa Serra
pelo companheirismo, apoio e bons momentos vividos desde o início do programa.
Ao professor MsC. Raul Everton, pelo incentivo, amizade, companheirismo e
conversas agradáveis no IFMA.
À professora Dr. Carmem Celia, pelas contribuições, sugestões feitas ao longo
do trabalho e pela sua disponibilidade.
Aos meus irmãos André Guilherme e Kalynka Cordeiro pelos momentos diverti-
dos que me proporcionaram em meio à rotina estressante de trabalho.
Ao meu pai, Daniel Cordeiro e à sua esposa Wallquíria Cordeiro pelo acolhimento
e incentivo.
Ao professor Dr. André Santana, principal responsável pelo início de minha
carreira no magistério, pela amizade, aconselhamento e apoio desde o período da
graduação.
Ao professor Dr. Ferndinando Borges pela amizade, apoio e acolhimento na
etapa do trabalho realizada em Teresina.
Aos amigos Bruno Leonardy e Alessandro Macio pelos conselhos a respeito da
execução do trabalho e doação dos reagentes utilizados nos ataques metalográficos.
Aos corpo docente do PPGEM e professores convidados pelos conhecimentos
transmitidos, em especial aos professores Dr. Ernandes Paiva e Dr. Waldemir Martins
À empresa MEMPS que se disponibilizou a realizar o corte das chapas utilizadas
no trabalho e a preparar os corpos de prova gratuitamente.
Ao SENAI-MA e à equipe do Laboratório de Ensaios Mecânicos onde foram
realizados os ensaios de tração e Charpy.
Ao professor Dr. Clenilton dos Santos da UFMA por ter cedido uma generosa
quantidade de nitrogênio líquido utilizado para refrigerar os CP’s dos ensaios Charpy.
Ao professor Dr.Ayrton Brandim e à equipe do Laboratório de Materiais do IFPI
pela disponibilidade e ajuda com a etapa de microscopia eletrônica.
Aos amigos Rui Rei Sousa e Lenilson Vieira, pela fundamental contribuição nos
x
RESUMO
ABSTRACT
Due to its excellent mechanical properties and resistance to corrosion, duplex steels
are increasingly applied in industrial sectors. The major challenges of its application
are the trends of intermetallic precipitation and the imbalance of the desired ratio
among its microconstituents, which can occur during the metallurgical procedures,
deteriorating the properties of the alloy. Therefore, the development of techniques that
optimize the welding of these materials, thus allowing the amplification of its spectrum
of use, is necessary. This work has the objective of analyzing and characterizing the
microstructure of welded SAF 2205 steel joints making correlation with its mechanical
properties and resistance to corrosion. Welds were carried out through pulsed MIG
(Metal Inert Gas) process using protection gas Ar + 2 % O textsubscript 2, and pure
Ar as purge gas. Such procedure was repeated for welding energies of 0,89 and
1,14 kJ/mm. The microstructural characterization of the base metal (BM) and welded
joints was performed by X-ray diffraction (XRD), optical microscopy (OM), scanning
electron microscopy (SEM) and dispersive energy spectroscopy (EDS). Vickers, Charpy
and tensile microhardness tests were performed in order to analyze the mechanical
properties, correlating them with the respective microstructures. Corrosion properties
were investigated through Cyclic Potentiodynamic Polarization (CPP) tests. The results
showed differences between the microstructures, mechanical and corrosion properties
of the welds analyzed, due to the different welding energies. It was observed a greater
average width of the heat affected zone (HAZ), and higher austenite contents in the
bead of greater welding energy. Also, both HAZ and melt zone (MZ) have different
austenite morphologies. Such differences, in addition to the presence of the α phase
and the difference in composition between BM and the addition metal resulted in a
considerable oscillation in the microhardness values (240-297HV), which pointed out
larger numbers in the MZ. The Charpy and corrosion tests exhibited different behaviors
in the HAZ and MZ regions with respect to the welding energy.
Key-words: SAF 2205 Duplex Stainless Steel, Welding, Pulsed MIG, Microhardness,
Toughness, Corrosion.
xv
SUMÁRIO
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
5.1 Caracterização do Metal Base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
5.1.1 Difratometria de Raios-X . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
5.1.2 Microscopia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
5.2 Soldagem das chapas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
5.3 Caracterização das Juntas Soldadas . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
5.3.1 Difratometria de Raios-X . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
5.3.2 Microscopia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
5.4 Caracterização Mecânica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
5.4.1 Ensaios de Microdureza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
5.4.2 Ensaios de Impacto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
5.4.3 Ensaios de Tração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
5.4.4 Ensaios de Polarização Potenciodinâmica Cíclica (PPC) . . . . . 84
6 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS . . . . . . . . . . . . 91
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
xvii
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1 – Economia em peso pela substituição do aço AISI 316L pelo aço SAF
2205. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Tabela 3.2 – Composição química dos aços inoxidáveis duplex e super duplex. . 10
Tabela 3.3 – Influência dos elementos de liga nos aços inoxidáveis. . . . . . . . . 11
Tabela 3.4 – Fases intermetálicas, fórmulas químicas e faixa de temperaturas de
formação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Tabela 3.5 – Efeitos das alterações nas variáveis do processo MIG. . . . . . . . . 26
Tabela 3.6 – Propriedades Mecânicas dos AID. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Tabela 3.7 – Resultados de ensaio de tração realizados em juntas soldadas de
aço SAF 2205. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Tabela 3.8 – Valores de microdureza obtidos em juntas soldadas de aço SAF 2205. 28
Tabela 3.9 – Energias absorvidas obtidas em ensaios de Impacto Charpy a -40°C
com corpos de prova reduzidos (5mmx5mmx55mm). . . . . . . . . 31
Tabela 4.1 – Composição química do aço duplex SAF 2205. (%massa) . . . . . . 41
Tabela 4.2 – Propriedades mecânicas do aço duplex SAF 2205. . . . . . . . . . . 41
Tabela 4.3 – Composição Química do Arame sólido AWS A/SFA 5.9 ER 2209.
(%massa) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Tabela 4.4 – Propriedades Mecânicas do Arame sólido AWS A/SFA 5.9 ER 2209. 41
Tabela 4.5 – Finalidades das partes cortadas das chapas soldadas. . . . . . . . 45
Tabela 4.6 – Dimensões relacionadas ao corpo de tração mostrado na Figura 4.15. 51
Tabela 4.7 – Condições dos CP’s de tração ensaiados. . . . . . . . . . . . . . . . 53
Tabela 4.8 – Condições dos CP’s submetidos ao ensaio Charpy. . . . . . . . . . 55
Tabela 4.9 – Condições das amostras para o ensaio de polarização. . . . . . . . 57
Tabela 5.1 – Critérios adotados para manipulação de parâmetros. . . . . . . . . 65
Tabela 5.2 – Parâmetros de soldagem utilizados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
Tabela 5.3 – Microdureza média do metal base. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
Tabela 5.4 – Resultados dos ensaios Charpy em corpos de prova reduzidos. . . 80
Tabela 5.5 – Resultados dos ensaios de tração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
Tabela 5.6 – Resultados dos ensaios de corrosão por PPC. . . . . . . . . . . . . 86
xix
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
µm Micrometro
A Ampere
Al Alumínio
Ar Argônio
C Carbono
Co Cobalto
Cr Cromo
Cu Cobre
Potentiodynamic Reactivation
e Espessura
Ep Potencial de Pite
E pp Potencial de Proteção
Es Energia de Soldagem
Fe Ferro
g Grama
HV Dureza Vickers
I Intensidade de Corrente
Ib Corrente de Base
Ip Corrente de Pico
J Joule
K2 S2 O5 Metabissulfito de Potássio
kJ Kilojoule
m Metro
M7 C3 , M23 C6 Carbetos
MB Metal de Base
xxv
mm Milímetro
Mn Manganês
MO Microscopia Ótica
Mo Molibdênio
MPa Megapascal
N Nitrogênio
Nb Nióbio
O Oxigênio
P Fósforo
S Enxofre
s Segundo
Se Selênio
Industrial
Si Silício
Tb Tempo de Base
Ti Titânio
xxvi
Tp Tempo de Pico
TTP Tempo-Temperatura-Precipitação
V Vanádio
V Tensão
Va Velocidade de Alimentação
Vs Velocidade de Soldagem
W Tungstênio
ZF Zona Fundida
α Ferrita
α0 Ferrita Primária
γ Austenita
γ2 Austenita Secundária
∆L Alongamento
ε Épsilon
η Eficiência Térmica
σ Sigma
σe Tensão de Escoamento
τ Tau
χ Chi
1
1 INTRODUÇÃO
das ligas duplex, uma vez que causam a deterioração de suas propriedades. Outro
problema se dá pelo desequilíbrio das proporções volumétricas entre as fases ferrita e
austenita que também pode resultar de procedimentos inadequados a elevadas tempe-
raturas, e deve ser evitado a fim de que sejam mantidas as propriedades desejadas
[8].
Tanto a precipitação de fases intermetálicas quanto o desequilíbrio austeno-
ferrítico da microestrutura do material resultam em efeitos catastróficos sobre as propri-
edades de resistência mecânica e de corrosão, a redução de tenacidade e a corrosão
por pites são as consequências mais comuns [9]. Em determinadas situações a preci-
pitação de fases intermetálicas é inevitável [10], diante disso relevantes esforços em
pesquisas da comunidade científica vem sendo desencadeados a fim de otimizar o
processamento destas ligas, e aumentar a sua aplicabilidade, reduzindo suas limitações
quanto a procedimentos de soldagem, tratamentos térmicos, e quaisquer processa-
mentos termomecânicos que possam vir a degradar suas vantajosas características.
Esta pesquisa se insere nesta conjuntura, visando compreender aspectos do
processo de soldagem MIG pulsado assim como seus resultados nas característica
microestruturais, mecânicas e de resistência à corrosão do aço SAF 2205, material
este de grande importância e aplicação nas indústrias química e petroquímica.
3
2 OBJETIVOS
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
No que diz respeito à corrosão, o ferro e sua liga mais comum, o aço, são
materiais falhos, uma vez que sofrem corrosão ao ar livre e em meios ácidos, além de
descamação nas atmosferas de elevadas temperaturas dos fornos. Apesar disso, há
um grupo de ligas a base de ferro conhecidas como aços inoxidáveis, que resistem à
corrosão em água salgada e em ácidos concentrados além de não sofrer descamação
em temperaturas de até 1100◦ C [11].
Para Carbó [12], os aços inoxidáveis são ligas que possuem dentre outros
elementos, como principais constituintes o ferro e o cromo, sendo este último, em
uma concentração mínima de 10,50%, o mais importante pois confere à liga elevada
resistência à corrosão. Em atmosferas com baixos índices de contaminação, pode-se
observar uma grande diminuição da velocidade de oxidação destas ligas à medida que
os teores de cromo são incrementados. À um teor de 10,50% de cromo constata-se que
não há corrosão atmosférica sob estas condições, sendo este o critério para definição
de aços inoxidáveis .
Diferentemente do ouro e da platina os elementos constituintes das ligas de
aços inoxidáveis não são metais nobres, portanto reagem com facilidade. O cromo em
particular é responsável pela formação de filmes de óxidos que protegem o metal de
ataques subsequentes. Tal fenômeno, onde o material deixa de ser corroído quando
termodinamicamente espera-se o contrário é denominado passividade [12].
Segundo Lo et al. [13], os aços inoxidáveis são classificados de acordo com suas
características microestruturais, que dependem diretamente da composição química
da liga. Apesar de o diagrama Fe-Cr ser a base, os aços inoxidáveis modernos contem
uma série de outros elementos capazes de aprimorar propriedades específicas.
De acordo com Colpaert [14], os três principais tipos de microestruturas existen-
tes nos aços inoxidáveis são as estruturas ferrítica, austenítica e martensítica. Cada
uma delas, pode ser obtida por ajuste de composição química. A partir destas três
microestruturas os aços inoxidáveis são divididos em categorias:
• Ferríticos;
• Austeníticos;
• Martensíticos;
O diagrama de Schaeffler (Figura 3.1) pode ser utilizado para predizer a microes-
trutura dos aços inoxidáveis soldados ou fundidos a partir de sua composição química.
O percentual em peso dos elementos austenitizantes são inseridos na equação de
Níquel equivalente (Equação 3.2) enquanto os teores de elementos ferritizantes são
inseridos na equação de Cromo equivalente (Equação 3.1) [15].
Os aços inoxidáveis ferríticos compõem a série 400 dos aços inoxidáveis, são
aços magnéticos com estrutura cúbica de corpo centrado, compostos basicamente
por ferro e cromo [12], este ultimo em concentrações entre 11,2% e 19%, e pouca
ou nenhuma adição de níquel [11]. Estas ligas possuem boa resistência à corrosão
sob tensão, por pites e em frestas. São utilizados em uma série de aplicações onde a
resistência à corrosão desempenha um papel mais importante que as propriedades
mecânicas. Possuem resistência à corrosão superior em relação aos aços inoxidáveis
austeníticos e martensíticos, porém apresentam temperatura limite de trabalho de
400◦ C devido à formação de fases fragilizantes [17].
7
Os aços inoxidáveis austeníticos compõem a série 300 dos aços inoxidáveis, são
aços não magnéticos com estrutura cúbica de face centrada, compostos basicamente
por ferro, cromo e níquel [12]. Extremamente conformáveis, possuem boa soldabilidade
e plicações em uma larga faixa de temperaturas. Podem se tornar dúcteis a ponto
de serem facilmente conformados pelo mesmo ferramental dos aços ao carbono, ao
mesmo tempo que podem ser extremamente resistentes quando trabalhados a frio [18].
Estes aços possuem teores de cromo e níquel respectivamente de 17% a 25%
e de 7% a 20%. São utilizados em setores automobilísticos, de utensílios de cozinha,
equipamentos de processamento e uma série de aplicações industriais [19]. Se não
fosse pelo elevado custo do níquel, que atua como estabilizador austenítico, a gama de
aplicações destas ligas seria ainda maior.
Os aços inoxidáveis martensíticos possuem entre 11% e 18% de cromo [19], são
aços baseados no diagrama ternário Fe-Cr-C, representam o menor grupo dos aços
inoxidáveis. Suas melhores resistência e temperabilidade resultam do maior teor de
carbono em relação às outras ligas. Por vezes, nitrogênio e enxofre são adicionados a
fim de aprimorar ainda mais a resistência e usinabilidade, respectivamente. Possuem
nenhum ou pequenos teores de níquel, o molibdênio raramente é adicionado [11].
Compõe, juntamente com os aços ferríticos, a série 400.
Geralmente a resistência à corrosão destas ligas é inferior à dos aços ferríticos e
austeníticos devido ao relativamente baixo teor de cromo e elevado teor de carbono.
Usualmente são aplicadas em situações onde a combinação de elevada resistência
mecânica e à corrosão em condições de ambientes atmosféricos se faz necessária
[20].
Os aços inoxidáveis endurecíveis por precipitação são ligas baseadas no dia-
grama Fe-Cr-Ni, contendo pequenos teores de Cu, Al, Ti, Nb e Mo responsáveis pela
formação de precipitados que elevam a resistência mecânica do metal. Apresentam
boa tenacidade e ductilidade, e resistência à corrosão considerada de regular a boa.
Dependendo do tratamento térmico adotado e do microconstituinte predominante,
estas ligas podem ser agrupados em três diferentes classificações: austeníticos, mar-
tensíticos e semi-austeníticos. São submetidos a tratamento térmico de solubilização
com subsequente resfriamento rápido, supersaturando-o, e posterior reaquecimento
controlado para envelhecimento, o que forma uma fina dispersão de precipitados em
sua matriz [21].
Como define Davis [22], os aços inoxidáveis duplex (AID) são um grupo de ligas
metálicas com microestrutura bifásica, composta por uma matriz ferrítica e ilhas de
austenita, com frações volumétricas de, aproximadamente, 50% de cada fase, sendo o
número de contornos de grão α/α e γ/γ é similar ao número de interfaces α/γ, portanto
8
suas propriedades físicas estão entre aquelas dos aços austeníticos e ferríticos, mas
tendem a estar mais próximas dos ferríticos e do aço carbono [3].
A Figura 3.2 exibe a microestrutura típica dos aços duplex em estado laminado,
onde a fase ferrita aparece em grãos de tom mais escuro, e a austenita em tons mais
claros. Tais ligas podem atingir tensão de escoamento cerca de duas vezes maior que
a dos aços austeníticos e com resistência à corrosão por pites e sob tensão superiores
às da liga do Tipo 316 [23].
Tabela 3.1 – Economia em peso pela substituição do aço AISI 316L pelo aço SAF 2205.
Esforço admissível
Economia
Código País (e>5mm, 20◦ C) [MPa]
em peso [%]
AISI 316 L SAF 2205
ASME VIII E.U.A. 115 155 26
CODAP 90, f.1 França 170 275 38
BS 5.500 Inglaterra 150 289 48
ADW 2 Dinamarca 150 300 50
Fonte: Adaptado de [28]
Tabela 3.2 – Composição química dos aços inoxidáveis duplex e super duplex.
Material C N Mn Cr Mo Ni Cu Fe
Duplex 0,02 0,14-0,12 1,60 21,65-23,00 2,56-3,5 4,5-5,5 0,43 Eq.
S. Duplex 0,03 0,24-0,32 1,20 24,0-26,0 3,0-5,0 6,0-8,0 0,50 Eq.
Fonte: [8]
•Enxofre: Jeon et al. [34] apontam que adições de enxofre juntamente com o
manganês promovem a formação de inclusões de MnS, que geram bons resultados
no que diz respeito ao custo e à produtividade, o que motiva constantes estudos que
visam melhorar a usinabilidade das ligas inoxidáveis, entretanto, este mesmo composto
reduz a resistência à corrosão por pites.
•Manganês: Hyun et al. [35] reportam que esforços vem sendo realizados na
tentativa de substituir o níquel por adições de manganês, pois este também atua como
estabilizador austenítico, porém, a um menor custo. O manganês aumenta a resistência
à abrasão [1] e à tração, sem prejudicar a ductilidade, aumenta também a solubilidade
do nitrogênio nos aços inoxidáveis, contudo reduz sua resistência à corrosão [35], pois
causa a formação de sulfeto de manganês, que age como sítio de formação de pites,
conforme afirmam Krawiec et al. [36].
•Molibdênio: O molibdênio é um estabilizador ferrítico [33]. Tan et al. [37] afir-
mam que ele atua nos aços duplex e super duplex protegendo-os da corrosão por
pites e em frestas formando uma camada protetora. Das equações de Número de
Equivalência a Resistência aos Pites ou Pitting Resistance Equivalent Number (PREN),
Equações 3.4 à 3.7, fica claro que o molibdênio é 3,3 vezes mais eficiente do que o
cromo no que diz respeito a proteção contra este modo de corrosão. Ajuda também
a prevenir corrosão sob tensão, sendo recomendada a adição de pelo menos 3% em
concentração para esta finalidade em ambientes cloretados, como água do mar, e uma
concentração máxima de 4% [1], pois elevados teores podem levar a precipitação das
fases χ e σ em elevadas temperaturas de trabalho [38].
•Nióbio: Conforme Cunat [31], nos aços micro-ligados, o nióbio atua elevando a
resistência mecânica através do mecanismo de dispersão de um fino precipitado de
carbetos (NbC). Nos inoxidáveis, atuam prevenindo a corrosão intergranular na zona
afetada pelo calor, onde é adicionado em quantidades que dependem da quantidade de
carbono e nitrogênio. Nos aços ferríticos, a adição deste elemento é um dos métodos
mais eficientes para a melhoria da resistência à fadiga em elevadas temperaturas.
•Níquel: Segundo Sathiya et al. [39], o níquel é um elemento gamágeno que tem
nas ligas duplex como principal função equilibrar a proporção entre as fases, de modo
que para que este objetivo seja alcançado, elementos ferritizantes e austenitizandes
devem ter seus teores ajustados apropriadamente. Geralmente eleva tenacidade e
ductilidade, além de aprimorar a resistência a corrosão em atmosferas redutoras,
entretanto, elevados teores de níquel aceleram a precipitação da fase alfa primária (α 0 ),
o que causa a fragilização do material [1].
•Nitrogênio: Hänninen et al. [40] descrevem o nitrogênio como um elemento
austenitizante, que contribui para o aumento da resistência da liga. Lothongkum et
al. [41] afirmam ter sido relatado que tal elemento aumenta a resistência à corrosão
em frestas. O nitrogênio eleva também a resistência à corrosão em soluções ácidas,
13
porém não possui grande efeito meios básicos ou neutros. Possui efeitos favoráveis
na resistência à corrosão dos aços duplex e super duplex, a medida que retarda a
precipitação de fases intermetálicas [25], porém, elevados teores de nitrogênio podem
resultar na precipitação de nitretos [8].
•Silício: Muito utilizado como desoxidante nos aços, elevando a resistência à
oxidação em altas temperaturas. É um elemento gamágeno que também aumenta
a resistência mecânica [11]. De acordo com Cunat [31], em pequenas quantidades
confere um leve aumento da capacidade de encruamento. Diminutos teores de silício e
cobre são adicionados aos aços inoxidáveis austeníticos que contém molibdênio a fim
de melhorar a resistência à corrosão em ácido sulfúrico.
•Titânio: Contribui consideravelmente na precipitação de carbetos, assim, reduz
o teor efetivo de carbono no interior dos grãos, favorecendo de maneira contundente
à formação de ferrita. Nos aços austeníticos de elevado teor de carbono, é adicio-
nado para elevar a resistência à corrosão intergranular e aprimorar as propriedades
mecânicas em altas temperaturas. Nos ferríticos, melhora a tenacidade, conformabi-
lidade e resistência à corrosão. Nos martensíticos, reduz a dureza ao combinar-se
com o carbono. Nos aços endurecíveis por precipitação, é utilizado para formar fases
intermetálicas que elevam a resistência da liga [11].
•Tungstênio: Apesar de aparecer como impureza na maioria dos aços inoxi-
dáveis, algumas ligas especiais possuem adições deste elemento para melhoria da
resistência à corrosão por pites, como por exemplo o aço inoxidável super duplex 4501
[11].
Devido a maior afinidade química entre o manganês e o titânio, em comparação
ao manganês e o enxofre, a formação do Ti2 S ocorre preferencialmente em relação ao
MnS. Assim, adições de titânio, contribuem para melhorar a resistência à corrosão por
pites, visto que o sulfeto de manganês age como sítio de início de formação de pites.
Quando dissolvido no aço, aumenta a capacidade de encruamento, entretanto
devido à grande tendência de formação de carbetos, frequentemente termina por
diminuí-la [31].
•Vanádio: Favorece a precipitação de carbetos e nitretos em temperaturas
relativamente baixas, o que favorece a formação de ferrita e do aumento da tenacidade.
Devido ao efeito do tipo de carbetos formados, aumenta a dureza dos aços inoxidáveis
martensíticos [11].
Charles [25] afirma que durante a solidificação, os aços duplex formam pri-
meiramente uma estrutura ferrítica, que com a queda da temperatura, transforma-se
parcialmente em austenita. Esta mescla de microestruturas proporciona melhor resis-
tência à corrosão sob tensão e à corrosão intergranular do que dos aços austeníticos.
14
•Fase Sigma (σ ): Magnabosco [42] relata que a fase σ é altamente dura, não
magnética, e possui uma estrutura tetragonal de 32 átomos por célula unitária, onde
existem 5 sítios cristalográficos diferentes, cuja ocupação por um ou outro elemento
17
Entre 850 e 900◦ C ocorre a maior taxa de precipitação, que se inicia nos contor-
nos de grãos devido a alta energia nestas regiões que favorecem a nucleação da fase
σ , crescendo posteriormente em direção ao interior dos grãos ferríticos, em virtude de
sua taxa de difusão muito superior em relação aos grãos austeníticos [49].
18
Nunes et al. [60] ressalta que uma grande parcela das aplicações industriais
dos AID está nos setores químico, petroquímico e de papel e celulose, geralmente em
equipamentos cuja fabricação envolve operações de soldagem. Nestas aplicações, caso
a soldagem não seja executada com os devidos cuidados, as vantagens dos AID podem
ser perdidas [61]. Com isto, na soldagem, deve-se obter um controle dos parâmetros
21
para que a junta possua níveis aceitáveis do teor de ferrita e de propriedades mecânicas,
de modo a eliminar o tratamento térmico pós-soldagem, proporcionando redução de
custos, diminuindo o tempo de parada e minimizando as falhas.
Muthupandi et al. [62] afirma ser primordial a obtenção do balanço microestrutural
de aproximadamente 50% austenita e 50% ferrita para aliar boa resistência mecânica e
resistência à corrosão, porém, durante o procedimento de soldagem, este equilíbrio é
perturbado, e formam-se teores de ferrita que excedem os 50%.
A segunda geração dos AID teve grande desenvolvimento comercial ao final
da década de 80, quando havia um entendimento limitado do papel do nitrogênio no
controle de estabilidade das fases, sendo a limitação do aporte de calor o principal foco
a fim de se obter equilíbrio entre estas. Desde modo os métodos mais econômicos, que
possuíam maiores taxas de deposição eram considerados inapropriados. Entretanto,
consideráveis esforços foram direcionados ao entendimento de como utilizar processos
mais econômicos. Como resultado, tem-se que atualmente, virtualmente todos os
processos de soldagem podem ser aplicados aos AID, com exceção da oxiacetilênica
devido à contaminação por carbono [3].
A energia de soldagem, também conhecida como aporte de calor é definida
como a quantidade de energia fornecida à junta por unidade de comprimento da mesma.
Na soldagem à arco, pode-se considerar o arco como a única fonte de calor, e a sua
energia de soldagem pode ser expressa pela Equação 3.3:
ηV I
Es = (3.3)
Vs
Onde Es é a energia de soldagem (J/mm), η é a eficiência térmica do processo,
V é a tensão no arco (V), I é a corrente de soldagem (A), e Vs é a velocidade de
avanço(mm/s) do arco [63].
Nos AID, a energia de soldagem está diretamente associada às transformações
microestruturais e às características da junta soldada. A dureza da área soldada é
afetada diretamente pela taxa de resfriamento, como uma consequência direta das
diferentes estruturas formadas nestas zonas [64].
Assim, de forma geral, uma energia de soldagem elevada provoca uma baixa
velocidade de resfriamento, favorecendo a precipitação de austenita. Porém, pode
ocorrer a precipitação de fases intermetálicas. Por outro lado, uma baixa energia de
soldagem, resulta numa taxa de resfriamento mais elevada, retardando a precipitação
de austenita. Deve-se, além de buscar uma energia ótima de soldagem, considerar
o fato de que, na soldagem multipasse, a junta é submetida a vários ciclos térmi-
cos. O que significa que a região soldada passa por aquecimentos e resfriamentos
consecutivos, comumente pouco controlados. Tais variações de temperatura podem
modificar a microestrutura original e, consequentemente afetar o desempenho da junta,
modificando suas propriedades [60].
22
Resultados obtidos em vários estudos [65, 66, 67, 68, 69, 64] realizados envol-
vendo diferentes processos de soldagem do aço duplex SAF 2205 exibiram na ZAC
das juntas soldadas uma região com predominância da fase ferrítica e granulometria
grosseira, diferente do que foi observado no metal de base, onde proporções apro-
ximadamente iguais entre as fases α e γ foram encontradas. O mesmo efeito fora
constatado por Świerczyńska et al. [70] para a soldagem à arco submerso e a eletrodo
revestido do aço inoxidável super duplex UR 52N, e também por Vasconcellos [71]
para a soldagem à eletrodo revestido com passe de raiz feito através do processo TIG
(Tungsten Inert Gas) na liga super duplex SAF 2507.
Guimarães et al. [72] realizaram estudos acerca dos efeitos da energia de
soldagem na ZAC, obtendo como resultado maiores extensões desta região para
maiores valores de energia. Resultados semelhantes foram obtidos por Sanita et al.
[73] e Nunes et al. [74].
Haupt et al. [75], analisaram as transformações metalúrgicas ocorridas na ZAC
dos aços SAF 2205 soldados através do processo MIG pulsado, e concluíram que além
da energia de soldagem, a temperatura de interpasse contribui para o aumento da ZAC,
causando alterações microestruturais em regiões mais extensas da junta soldada.
Wang et al. [76] afirmam que a microestrutura da ZAC depende do aporte térmico,
espessura do material, temperatura de pré-aquecimento e temperatura entre os passes
de soldagem. Relatam ainda que o pico de temperatura alcançado e o tempo de
exposição influenciam na proporção entre as fases e no crescimento de grãos ferríticos
e que a largura da ZAC depende da energia de soldagem e da taxa de resfriamento
após o processo de soldagem. Quanto mais alta for a temperatura e mais lenta a taxa
de resfriamento, mais larga será a ZAC.
Porta et al. [77] estudaram o efeito do processo de soldagem MIG pulsado sobre
a liga SAF 2205, e concluíram que esta liga deve ser soldada com baixo aporte de calor
a fim de se evitar a formação de precipitados. Deste modo, é recomendável utilizar
energia de soldagem entre 0,5 e 2,5 kJ/mm para a soldagem dos aços duplex [78, 3].
De modo que, a energia de soldagem seja alta o suficiente para promover a formação
de austenita e baixa o suficiente para prevenir a precipitação de fases indesejáveis [1].
Resultados de pesquisas envolvendo soldagem com diferentes energias, através
dos processos TIG convencional [67, 73], TIG pulsado [79], eletrodo revestido [16, 80,
74], MIG [81], laser pulsado [82] dentre outros, em aço duplex SAF 2205 apontam
em seus resultados a formação de teores mais elevados de austenita para maiores
energias de soldagem.
A Figura 3.8 exibe um corte do diagrama ternário Fe-Cr-Ni para um teor constante
de Fe, mostrando as alterações microestruturais que ocorrem em juntas soldadas dos
aços duplex [83].
Dentre os processos de soldagem aplicáveis aos AID destaca-se o processo
23
A soldagem GMAW (Gas Metal Arc Welding) envolve os processos MIG (Metal
Inert Gas) e MAG (Metal Active Gas), tendo como fonte de calor um arco elétrico
mantido entre um eletrodo nú consumível, alimentado continuamente, e a peça a soldar.
A proteção da região de soldagem é feita por um fluxo de gás inerte (MIG) ou gás
ativo (MAG). A soldagem pode ser semi-automática ou automática. A Figura 3.9 mostra
esquematicamente o processo [85].
• Polaridade;
• Velocidade de soldagem;
• Comprimento do eletrodo;
• Ângulo da pistola;
• Diâmetro do eletrodo.
A Tabela 3.5 exibe como algumas destas variáveis influenciam o resultado final
da solda [87].
Jana [101] analisou os efeitos do aporte de calor sobre a ZAC do aço SAF 2205,
e percebeu uma queda de dureza tanto na zona termicamente afetada quanto na
zona fundida a medida que a energia de soldagem variou de 0,4 para 0,8kJ/mm. Para
maiores energias não houve indícios claros de variação desta propriedade. A Tabela
3.8 exibe os resultados obtidos em ensaios de microdureza Vickers realizados nas
juntas soldadas para diferentes energias.
Tabela 3.8 – Valores de microdureza obtidos em juntas soldadas de aço SAF 2205.
Energia de Dureza Hv (1,0kg)
Soldagem (kJ/mm) Metal de Base Zona Fundida ZAC
0,4 (244 − 260)/253 (364 − 384)/374 (350 − 375)/366
0,8 - (277 − 299)/285 (269 − 282)/274
1,1 - (282 − 297)/289 (282 − 292)/287
1,6 - (290 − 298)/295 (283 − 293)/289
*Variação/Valor Médio
Fonte: Adaptado de [101]
Figura 3.10 – Variação de microdureza para aços duplex soldados com diferentes
energias.
Fonte: Adaptado de [99]
(a) (b)
Figura 3.11 – Perfis de microdureza horizontais em juntas soldadas de aços duplex.
Fonte: Adaptado de [99]
30
Figura 3.12 – Resistência ao impacto dos aços inoxidáveis duplex e 316L. Ensaio
Charpy, corpos-de-prova de seção 10mmX10mmX50mm e entalhe em V.
Fonte: Adaptado de [25]
de modo que o aumento do aporte de calor reduziu a energia absorvida. A Tabela 3.9
exibe os valores de energia absorvidos obtidos no trabalho.
Tabela 3.9 – Energias absorvidas obtidas em ensaios de Impacto Charpy a -40°C com
corpos de prova reduzidos (5mmx5mmx55mm).
Energia de Soldagem ZAC (J) Rompimento
14,7 Não
10,8 Não
1,5 kJ/mm
8,8 Sim
4,9 Sim
5,4 Não
8,3 Não
2,0 kJ/mm
5,4 Sim
3 Sim
Fonte: Adaptado de [104]
Segundo Lima [105] a corrosão nos materiais metálicos afeta sua elasticidade,
resistência mecânica e ductilidade. Tal fenômeno pode ocorrer através de diferentes
mecanismos, podendo estes ser agrupados em quatro categorias: corrosão em meios
aquosos (90%), oxidação e corrosão quente (8%), corrosão em meios orgânicos (1,8%)
e corrosão por metais líquidos (0,2%).
Para Pinto [106], a ampla utilização dos AID e dos AISD na última década atribui-
se às suas excelentes resistências à corrosão localizada e à corrosão sob tensão,
aliadas a um bom desempenho mecânico. Entretanto, eles também são aplicados onde
a resistência à corrosão generalizada é exigida. Giraldo [107] afirma que a resistência
à corrosão dos AID é comparável à dos aços austeníticos, sendo ainda detentores de
propriedades mecânicas superiores.
Conforme Combrade e Audouard [108], a resistência à corrosão localizada de
um AID é determinada pelas características individuais de resistência à corrosão das
fases que o compõe (α e γ), sendo ela influenciada tanto pelas proporções entre estas
quanto pela composição química de cada uma.
A resistência à corrosão é determinada pela capacidade que estes materiais
possuem de passivar-se e permanecer neste estado no ambiente a que estiver exposto.
Tal característica é dependente, principalmente, dos teores de elementos de liga
presentes em sua composição, relacionando-se também, em menor grau, com o
tamanho de grão, distribuição e morfologia de inclusões, precipitação de fases e
qualidade da superfície [6].
A soldagem assim como quaisquer procedimentos termomecânicos realiza-
dos nos AID podem ter efeitos desastrosos sobre suas propriedades de resistência
à corrosão, visto que acarretam em alterações microestruturais, composicionais e
32
Gentil [109] descreve a corrosão por pites como sendo um mecanismos de corro-
são localizada, que se processa em pontos ou pequenas áreas na superfície metálica
produzindo cavidades que apresentam o fundo em forma angulosa e profundidade
geralmente maior que o seu diâmetro.
Paulraj e Garg [8] afirmam que a corrosão por pites é um processo autocatalítico.
Inicia-se nas imperfeições da superfície e resultam na formação de profundas cavidades
no metal, ao mesmo tempo que o restante da superfície permanece intacto. A morfologia
deste tipo de defeitos é mostrada na Figura 3.13.
A resistência à corrosão por pites é medida em termos do Número Equivalente
à Resistência por Pites, ou Pitting Resistance Equivalent Number (PREN), dado por
[111, 112, 113]:
Figura 3.14 – Temperaturas críticas de corrosão por pites e em frestas para aços
inoxidáveis austeníticos não soldados (à esquerda) e aços inoxidáveis
duplex (à direita) no estado recozido e solubilizado (avaliada em cloreto
férrico a 6% pela norma ASTM G48).
Fonte: [3]
Os AID são protegidos pelo filme passivo formado em sua superfície, a integri-
dade deste filme depende grandemente de seus teores de Cr, Mo e N. Quando as fases
intermetálicas formam-se nestes materiais os contornos de grãos adjacentes a elas
ficam empobrecidas em Cr e Mo. Assim, estes contornos de grãos se tornam propícios
a ataques corrosivos [119].
A sensitização está relacionada a suscetibilidade de um aço inoxidável à corrosão
intergranular, principalmente devido a precipitação de fases intermetálicas ricas em
elementos inibidores de corrosão. A maior velocidade de difusão de tais elementos
nestas regiões provoca o empobrecimento em cromo nas zonas vizinhas ao contorno
de grão ou interface matriz/precipitado favorecendo a corrosão nestas localidades [109].
Sabe-se que a taxa de difusão do cromo na ferrita é cerca de 100 vezes mais
rápida que na austenita, portanto havendo precipitação na interface α/γ haverá uma
redistribuição mais rápida de cromo no grão ferrítico e um maior empobrecimento no
grão austenítico [48], como mostra a Figura 3.16.
Ravindranath e Malhotra [120] realizaram estudos envolvendo ensaios de polari-
zação potenciodinâmica em aço SAF 2205. Os resultados apontaram que a precipitação
36
Adhe et al. [121] obtiveram resultados similares em seus estudos sobre a pre-
sença da fase sigma em aços duplex. Seus resultados apontaram que o envelhecimento
do material estudado em temperaturas entre 650◦ C e 850◦ C, levando a precipitação de
fase sigma, é deletério a resistência à corrosão. Os autores reportam que a restituição
do cromo e do molibdênio, subtraídos pela precipitação indesejada, através de trata-
mentos de longa duração entre temperaturas de 650◦ C e 750◦ C levam a retomada de
resistência à corrosão intergranular.
Amadou et al. [122] empregaram a técnica DL-EPR para checar a suscetibilidade
à corrosão intergranular dos AID, e concluíram que tal método de ensaio trata-se de
uma poderosa ferramenta na investigação da corrosão intergranular causada por vários
tipos de fases secundárias, como carbetos Cr23 C6 , χ e σ . Tais fases empobrecem suas
vizinhanças, tornando-as mais propensas a corrosão intergranular.
Ortiz et al. [123] realizaram testes DL-EPR em amostras de aço duplex 2205
envelhecidas a 700◦ C por diferentes períodos, variando de 1 minuto à 240 horas.
Os testes foram conduzidos em solução de 2 M de H2 SO4 + 0,01 M KSCN + 0,5 M
NaCl, com velocidade de varredura de 1mV/s. A amostra que não foi submetida a
envelhecimento, assim como as que tiveram tempo de envelhecimento inferior a 1 hora,
exibiram grau de sensitização muito pequenos, o que demonstrou a inexistência de
corrosão intergranular. Para as demais amostras, submetidas a maiores tempos de
envelhecimento, o grau de sensitização obtido era maior, o que indica que a precipitação
de fase sigma causou a corrosão intergranular.
Figura 3.18 – Curvas de polarização cíclica em solução 3,5% NaCl do aço SAF 2205
com frações volumétricas crescentes de fase sigma.
Fonte: [128]
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Materiais
Neste trabalho, utilizou-se como metal de base o aço inoxidável duplex SAF 2205
na forma de chapa, com espessura de 6,7mm. Sua composição química e propriedades
mecânicas, conforme o fabricante, estão dispostas nas Tabelas 4.1 e 4.2.
Tabela 4.3 – Composição Química do Arame sólido AWS A/SFA 5.9 ER 2209.
(%massa)
%C %Mn %Si %Cr %Ni %Mo %N
0,02 1,6 0,5 22,5 9,0 3,0 0,15
Tabela 4.4 – Propriedades Mecânicas do Arame sólido AWS A/SFA 5.9 ER 2209.
LRT Tensão de Escoamento Alongamento Charpy-V 20◦ C
(MPa) (MPa) (%) (J)
765 600 28 31
Para geração das soldas e confecção dos corpos de prova, duas chapas do
aço duplex SAF 2205 com dimensões iniciais de 6,7mm x 255mm x 255mm foram
seccionadas transversalmente à direção de laminação, gerando duas partes iguais com
42
Figura 4.2 – Serra de fita S Ramos 260 utilizada no corte das chapas.
Figura 4.4 – Esquema da junta de topo para soldagem adotada neste trabalho.
Para a soldagem, como anteriormente citado, foi utilizado como gás de proteção
a mistura Ar + 2% O2 e Ar puro como gás de purga. O gás de purga foi aplicado
durante a soldagem através do dispositivo de proteção de raiz mostrado na Figura 4.5.
Todos os equipamentos utilizados nesta etapa, são de propriedade do Departamento
de Mecânica e Materiais (DMM) do Instituto Federa do Maranhão (IFMA).
44
Figura 4.5 – Dispositivo utilizado na aplicação do gás de purga para proteção de raiz.
Va × Aarame
>1 (4.2)
Vs × Achan f ro
Onde Va , Vs , Aarame e Achan f ro são as velocidades de alimentação do arame, e de
soldagem e áreas de seção transversal do metal de adição e do chanfro respectiva-
mente.
Após a soldagem das chapas, cada uma delas foi cortada em doze partes em
sentido transversal à direção de soldagem, para retirada do material para confecção
dos corpos de prova, conforme o esquema da Figura 4.6.
As partes "1" e "12" foram descartadas, visto que nas extremidades do cordão
as taxas de deposição e resfriamento são desiguais em relação ao restante da solda,
apresentando portanto características que não a representam como um todo.
As partes "2" , "3" e "5" foram utilizadas para a confecção de corpos de prova
para ensaio Charpy com entalhe na zona fundida e as partes "8", "10" e "11" foram
utilizadas para a confecção de corpos de prova para ensaio Charpy com entalhe na
região da ZAC. Das partes "4" e "9" foram confeccionados corpos de prova para
ensaio de tração e da parte "6" foram retiradas as amostras para os ensaios de
45
A Figura 4.7 mostra algumas das partes cortadas das juntas soldadas e já
identificadas.
• Preparação Metalográfica:
A preparação metalográfica foi executada conforme descrito abaixo:
• Ataque Químico:
O ataque químico para revelação da microestrutura da superfície polida e limpa
das amostras, foi feita através de um duplo ataque, sendo o primeiro deles eletrolítico
por imersão em solução de KOH (15g/KOH para 100ml de água destilada) sob tensão
de 3V durante 20 segundos e em seguida, após a lavagem das superfícies atacadas das
amostras, um novo ataque foi conduzido, desta vez, com o reagente Behara modificado
(100 ml H2 O + 20 ml de HCl + 0,4 g de K2 S2 O5 ), com a imersão das amostras em
solução durante 10 segundos sendo em seguida lavadas em água corrente, secas com
jato de ar quente e visualizadas ao microscópio ótico.
Após o procedimento acima, se a microestrutura da amostra não se apresentasse
com uma definição bem detalhada, um leve repolimento era feito para clareamento
das zonas demasiadamente atacadas e novamente submersa no reagente de Behara,
lavada, seca e analisada ao microscópio. Este procedimento era repetido até que se
obtivesse uma boa visualização da microestrutura.
• Análise Microestrutural Por Microscopia Ótica:
As amostras após polidas e atacadas, foram analisadas microestruturalmente
por microscopia ótica com a finalidade de caracterizar e quantificar as fases presentes.
Para isto, foi utilizado um microscópio Nikon modelo Eclipse LV100D-U associado a
um sistema de aquisição de imagem, o qual pertence ao Departamento de Mecânica e
Materiais (DMM) do Instituto Federal do Maranhão - IFMA.
Para caracterização das fases, usou-se aumentos que variaram de 37,5X a
1500X e para quantificação da fração volumétrica das fases α e γ nas diferentes
regiões da junta soldada e metal de base, adotou-se o aumento de 300X e o software
de analise de imagem ImageJ Versão 1.7, utilizando-se dez (10) campos por amostra.
A Figura 4.9 mostra o microscópio utilizado.
• Análise Microestrutural por Microscopia Eletrônica de Varredura:
As mesmas amostras usadas na análise microestrutural por microscopia ótica e
mostradas na Figura 4.10, foram utilizadas para a microscopia eletrônica de varredura
(MEV) adotando-se o mesmo procedimento de preparação e ataque, objetivando-
48
• Ensaio de Microdureza:
Ensaios de microdureza foram realizados em conformidade com a norma ASTM
A384-11 [132], com a finalidade de se investigar a microdureza Vickers das juntas
soldadas e do metal base. Para isto, foi utilizado o microdurômetro de fabricação
Shimadzu, modelo HMV-2TE, pertencente ao Programa de Pós-Graduação do Instituto
Federal do Maranhão-PPGEM-IFMA, sendo este equipamento mostrado na Figura
4.13.
Figura 4.13 – Microdurômetro Shimadzu HMV, modelo 2TE utilizado neste trabalho.
51
As medidas de microdureza tanto para o caso das juntas soldadas quanto para
o metal base, foram realizadas nas mesmas amostras usadas na microscopia óptica e
microscopia eletrônica de varredura.
Para o metal base, foram realizadas medições de microdureza nas fases ferrita e
austenita afim de se verificar a dureza média de cada uma destas fases e a influência
da quantidade das fases na dureza do material. Neste caso, a carga utilizada foi de
10 gf durante 15 segundos, uma vez que, devido ao refinamento da microestrutura,
uma carga superior resultaria em uma impressão que extrapolaria a fronteira do grão
ensaiado.
Nas juntas soldadas, foi feito o mapeamento da variação de dureza fazendo-se
testes de microdureza Vickers em linha, onde três linhas de medidas de dureza foram
realizadas, sendo duas delas horizontais atravessando toda a região da junta soldada
(MB, ZAC, ZF, ZAC, MB) e uma vertical feita apenas na zona fundida. A Figura 4.14
exibe uma configuração esquemática da junta soldada onde se observa as regiões
onde foram realizadas as linhas de microdureza. No caso do metal de base, medidas
de dureza em linha também foram realizadas objetivando-se a determinação da sua
dureza média.
As endentações para as medidas de dureza em linha, foram feitas com carga de
100gf durante 15 segundos em espaçamentos de 0,2mm.
• Ensaio de Tração:
Os corpos de prova para ensaio de tração foram confeccionados de acordo com
a norma ASTM A370-16 [133], cujas dimensões encontram-se discriminadas na Tabela
4.6 e na Figura 4.15. Na Figura 4.16 tem-se o esquema tridimensional de um corpo de
prova retirado da junta soldada e na Figura 4.17 são mostrados os corpos de prova de
tração prontos para o ensaio.
tamanho reduzido e em conformidade com a norma ASTM A370-16 [133], sendo suas
dimensões exibidas na Figura 4.19. A superfície dos corpos de prova antes de serem
entalhados e cortados em suas dimensões finais, foram submetidas a lixamento com
lixa de granulometria 120 e posteriormente atacada por imersão com reagente Behara
modificado (100 ml H2 O + 20 ml de HCl + 0,4 g de K2 S2 O5 ) para que se pudesse
visualizar a região onde se localizaria o entalhe e aí então, realiza-lo com precisão nas
regiões desejadas, como descrito na Tabela 4.5.
Tabela 4.7 – Condições dos CP’s de tração ensaiados.
Energia de Soldagem
CP
(kJ/mm)
1
0,89
2
3
1,14
4
5
-*
6
*Material como recebido
Figura 4.18 – Máquina universal EMIC, MU100 usada na realização dos ensaios de
tração.
(a) CP’s atacados com reagente (b) CP’s entalhados e prontos paro o ensaio Charpy.
Behara antes do entalhe.
Figura 4.20 – Corpos de prova Charpy
prova resfriados a -40◦ C, o que foi conseguido pela imersão dos mesmo em nitrogênio
líquido, sendo o controle da temperatura feito através de um termopar de contato tipo
"K" (Figura 4.22a) conectado a um mostrador digital de temperatura.
Os ensaios foram realizados em conformidade como a norma ASTM A370-16
[133] e o equipamento utilizado para este fim foi o pêndulo de impacto RMU Testing
Equipment pertencente ao Laboratório de Ensaios Mecânicos do SENAI-MA, mostrado
na Figura 4.22b. Após a fratura dos corpos de prova, as superfícies fraturadas foram
submetidas à análise fractográfica por microscopia eletrônica de varredura.
(a) Termopar de contato tipo "K" utili- (b) Pêndulo de impacto Charpy
zado para monitorar a temperatura RMU Testing Equipment usado
dos CP’s durante o ensaio Charpy. neste trabalho.
Figura 4.22 – Aparato utilizado na execução dos ensaios Charpy.
Figura 4.23 – Corpos de prova Charpy fraturados com as partes fraturadas reduzidas.
Para a confecção das amostras das condições "1" a "4" , foram cortadas duas
fatias com cerca de 5mm de largura de cada uma das juntas soldadas, transversalmente
à direção de soldagem. Em cada fatia retirada, observou-se a superfície do corte e
escolheu-se a menos rugosa, que foi então lixada a úmido usando lixa de granulometria
120 com o auxílio de uma politriz, até a obtenção de uma superfície totalmente plana,
uniforme e livre de defeitos.
A superfície lixada foi posteriormente atacada com reagente Behara modificado
para que fosse possível a visualização da zona fundida e a definição do contorno de
57
fusão, o qual separa a zona fundida do metal base. A Figura 4.24 exibe a fatia que
deu origem às amostras das condições "1" e "2" , após o ataque. Desta fatia foram
cortados dois pequenos pedaços, sendo um deles composto pelas três regiões da
junta soldada (ZF, ZAC e metal base) e o outro constituído somente pela zona fundida,
definindo assim as amostras das condições 1 e 2.
As linhas tracejadas mostradas na Figura 4.24 representam as localizações
dos cortes realizados na fatia. As regiões "1" e "2" compreendias entre estas linhas
correspondem às amostras 1 e 2 a serem ensaiadas. A Figura 4.25a exibe as amostras
das condições "1" e "3" após o corte descrito acima.
Figura 4.24 – Fatia da junta soldada com energia de 0,89 kJ/mm de onde foram retira-
dos corpos de prova submetidos ao ensaio de corrosão para as condições
"1" e "2".
(a) Amostras das condições "1" e "3" prontas (b) Amostras das condições "2"
para serem anexados ao fio de cobre. e "4" prontas para o embuti-
mento.
Figura 4.25 – Amostras sendo preparadas para ensaio de PPC.
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A Figura 5.1 mostra o resultado do ensaio para o aço inoxidável duplex SAF
2205 na condição recebida pelo fabricante. Nele, estão indexadas as fases presentes e
seus respectivos planos de difração. Pôde-se então concluir que no metal base existem
apenas as fases ferrita (α) e austenita (γ). Logo, todas as alterações das propriedades
exibidas pelo material no decorrer da pesquisa são resultantes dos procedimentos de
soldagens realizados.
Figura 5.1 – Difratograma de raios-X obtido a partir de ensaio do metal base SAF 2205.
5.1.2 Microscopia
(a) Metal base após ataque com Behara. (b) Fotomicrografia binarizada do MB.
Figura 5.3 – Comparação entre imagem original e sua respectiva imagem binarizada
do MB.
proporção entre as fases deve ser de aproximadamente 50%-50% para que os mesmos
apresentem as propriedades esperadas [1, 14, 82].
As mesmas amostras utilizadas na microscopia ótica foram submetidas às téc-
nicas de MEV e EDS, a fim de se investigar com mais detalhes a microestrutura e a
composição química do material como recebido.
A Figura 5.4 exibe uma imagem do metal base sob um aumento de 2000 vezes
obtidas via MEV. É possível visualizar ilhas austeníticas alongadas, na direção de
laminação, aparecendo em primeiro plano em relação a matriz ferrítica. Resultados
semelhantes foram obtidos pelos autores Higa et al. [134], Londoño [135] e Videira et
al. [67].
A técnica EDS foi aplicada no metal base em áreas equivalentes para as fases α
e γ. As Figuras 5.5 e 5.6 exibem as regiões onde a técnica fora aplicada e o respectivo
espectro obtido.
Os resultados apontaram uma composição similar para as duas fases, com os
mesmos picos e pequena variação de intensidade entre eles. Os principais elementos
da liga estudada, exibidos na Tabela 4.1, foram reconhecidos nos espectros obtidos.
Pode-se observar nos resultados obtidos para as duas fases que há um pico que
denuncia o elemento enxofre, que possui uma ínfima concentração na liga estudada.
Sua presença pode ser relacionado, a utilização do metabissulfito de potássio (K2 S2 O5 ),
reagente empregado na preparação da solução de ataque Behara modificado.
Desde modo, os testes de EDS realizados ratificaram aquilo que foi constatado
pelos ensaios de DRX, visto que não apontaram na composição das fases constituintes
da liga elementos estranhos àqueles da Tabela 4.1.
64
com maior energia apresentou um cordão mais volumoso, o que se atribui à maior
razão Va /Vs , que resultou em uma maior quantidade de arame adicionado ao chanfro.
Houve penetração total na raiz, que também apresentou bom aspecto visual,
porém com aparência mais limpa e espelhada do que no topo, mesmo antes de ser
efetuada a limpeza, o que se deu pela proteção gasosa de Ar puro, utilizado como gás
de purga. As raízes apresentaram variação de altura entre 2 e 3mm. As Figuras 5.9 e
5.10 exibem imagens aproximadas das raízes dos cordões para as energias de 0,89 e
1,14 kJ/mm respectivamente.
O mesmo procedimento de ensaio DRX adotado para o o metal base foi repe-
tido para a região de zona fundida das amostras retiradas dos cordões soldados. A
Figura 5.11 mostra os resultados obtidos para as duas amostras em forma de gráficos
sobrepostos.
Figura 5.11 – Difratograma de raios-X obtido a partir de ensaio das amostras soldadas.
5.3.2 Microscopia
teor de ferrita e granulometria grosseira. É possível observá-la nas Figuras 5.12 a 5.14.
(a) Fotomicrografia obtida após banho eletrolítico em(b) Fotomicrografia obtida após ataque com reagente
solução de KOH. Behara modificado.
Figura 5.12 – Diferença de contrastes obtidos com ataques eletrolítico e Behara modifi-
cado.
vislumbrados por Świerczyńska et al. [70], Antonucci [68], Zappa et al. [69], Pardal et al.
[136] e Videira et al. [67].
de cromo das áreas vizinhas. Os autores Zhang et al. [137] e Musauel et al. [138],
que também investigaram a soldagem de aços duplex, expuseram em seus trabalhos
micrografias de microscopia eletrônica, evidenciando nitretos em regiões análogas à
exibida na Figura 5.17.
A fração volumétrica de ferrita foi calculada com base em toda a extensão da
ZAC das superfícies analisadas. Para o caso da zona fundida, foram utilizadas imagens
do topo, da região central e da raiz da solda. Fez-se o cálculo de fração volumétrica de
todas as imagens e em seguida a média dos valores foi contabilizada. O resultados
obtidos são mostrados através de gráfico na Figura 5.18, que exibe a variação da fração
volumétrica ferrítica média das diferentes zonas analisadas paras as duas energias de
71
soldagem utilizadas.
Fica então evidente que a energia de soldagem possui maior efeito sobre as
alterações microestruturais sofridas na ZAC quando comparadas àquelas ocorridas na
zona fundida. Tal fato atribui-se às maiores temperaturas e consequentemente menores
taxas de resfriamento que ocorrem na ZF, o que resulta em maior tempo para que
ocorram processos difusionais e alterações microestruturais.
Houve também uma leve tendência de queda da fração volumétrica ferrítica
com o aumento da energia de soldagem, fato também atribuído às temperaturas e
taxas de resfriamento no cordão de solda, visto que para maiores energias são obtidas
temperaturas mais elevadas e resfriamento mais lento, o que favorece a formação da
fase austenítica.
Vários autores [67, 16, 81, 80, 73, 82] que investigaram diferentes processos
de soldagem em liga SAF 2205 variando-se o aporte de calor, chegaram a mesma
conclusão em seus trabalhos: quanto maior o aporte de calor, menor será a fração
volumétrica ferrítica resultante. A pequena diferença nos valores de fração volumétrica
exibida na Figura 5.18 se deve à proximidade das energias de soldagem aplicadas.
Ao se analisar as micrografias obtidas para as amostras soldadas percebeu-se
uma suave diferença na largura média da ZAC para as duas energias. Foram realizadas
medidas ao longo de toda a extensão da ZAC, obtendo-se valores médios de 773,23µm
para a energia de 0,89kJ/mm e 778,02µm para a energia de 1,14 kJ/mm. A Figura 5.19
exibe algumas das linhas de medição da ZAC do cordão soldado com energia de 1,14
kJ/mm.
Wang et al. [76], Sanita et al. [73], Menezes et al. [80] e Nunes et al. [74], dentre
outros autores, afirmam que a espessura da ZAC depende do aporte térmico e da taxa
de resfriamento utilizado nos processos de soldagem, de modo que quanto mais lento
é o resfriamento mais larga será a ZAC, assim maiores faixas de energia resultam em
microestrutura mais grosseira e extensas nestas regiões. Deste modo, os resultados
obtidos corroboram com as conclusões dos trabalhos desenvolvidos pelos autores
citados acima.
Observou-se em ambas amostras soldadas um maior refinamento da microes-
trutura na região inferior da zona fundida, como mostram as Figuras 5.20 e 5.21. Tal
fato se deu pela maior velocidade de resfriamento na raiz das soldas, fator que foi
potencializado pela vazão de gás de purga direcionados a estas zonas.
EDS fora aplicada e seus respectivos resultados para amostra soldada com energia de
0,89 kJ/mm. As Figuras 5.26 à 5.29 exibem as imagens e resultados para a amostra
soldada com energia de 1,14 kJ/mm.
310
Ferrita
300 Austenita
Em Linha
290 Aj. Linear (Ferrita)
Microdureza (HV)
Aj. Linear (Austenita)
280 Aj. Linear (Em Linha)
270
260
250
240
230
0 2 4 6 8 10
Medidas
Figura 5.30 – Resultado dos testes de microdureza para o metal base.
340 340
330
0,89 kJ/mm 330 0,89 kJ/mm
1,14 kJ/mm 1,14 kJ/mm
320 320
Aj. Polinomial (1,14 kJ/mm) Aj. Polinomial (1,14 kJ/mm)
Microdureza (HV)
Microdureza (HV)
310 310
Aj. Polinomial (0,89 kJ/mm) Aj. Polinomial (0,89 kJ/mm)
300 300
290 290
280 280
270 270
260 260
250 250
240 240 MB ZF MB
MB ZF MB
230 230
0 10 20 30 40 50 60 0 10 20 30 40 50 60
Medidas Medidas
(a) Perfil de microdureza horizontal do topo da(b) Perfil de microdureza horizontal da raiz da
solda. solda.
Figura 5.31 – Perfis de microdureza horizontais das juntas soldadas.
340
0,89 kJ/mm
330
1,14 kJ/mm
320 Aj. Linear (0,89 kJ/mm)
Microdureza (HV)
290
280
270
260
250
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Medidas
Figura 5.32 – Perfis de microdureza verticais das juntas soldadas.
desta solda. Paulraj e Garg [99] afirmam que o refinamento da microestrutura em juntas
soldadas favorece suas propriedades mecânicas, o que explica o comportamento do
gráfico da Figura 5.32.
A Tabela 5.4 exibe os resultados dos testes realizados para os quinze corpos
de prova submetidos aos ensaios de impacto Charpy a -40◦ C, e a Figura 5.34 exibe
através de um gráfico de colunas a média dos resultados de energia absorvida para
cada uma das cinco condições ensaiadas.
Para as duas condições de soldagem testadas foi verificada uma menor absorção
de energia para os corpos de prova com entalhe na zona fundida. Os CP’s entalhados
na ZAC apresentaram absorção de energia intermediária entre aqueles com entalhe na
ZF e no metal base.
A maior tenacidade média do metal base se deve à proporção equilibrada entre
as fases ferrita e austenita, conforme também observado nos trabalhos de Wang et al.
[76] e Nunes [139]. Fedele et al. [16] afirmam que um dos fatores que podem contribuir
para a baixa absorção de energia na ZF e na ZAC é a precipitação de fases frágeis,
Muthupandi et al. [62] afirmam que outras razões que explicariam tal comportamento
são: tensões residuais, dureza, tamanho de grãos, esferoidização de partículas de
austenita intragranular.
De fato o elevado teor de ferrita e granulometria grosseira da ZAC influenciaram
na queda dos níveis de energia absorvida levando-se em consideração a tenacidade
do metal base. Porém os CP’s entalhados na zona fundida apresentaram absorção de
energia ainda menor, mesmo possuindo teores de ferrita mais próximos do metal base
e microestrutura significativamente mais refinada. Não sendo este, portanto, o fator
determinante na tenacidade desta zona.
A precipitação de intermetálicos atestada através de microscopia eletrônica
e EDS (Figura 5.17), assim como os ensaios de microdureza Vickers (Figura 5.31)
evidenciaram a ZF como uma região de elevada dureza, tratando-se portanto de uma
zona frágil, o que explica a baixa absorção de energia dos CP’s entalhados na ZF.
A Figura 5.35 exibe a variação da energia absorvida pelos CP’s com entalhes
81
nas diferentes regiões para os dois aportes de calor analisados e para o metal base.
Os CP’s entalhados na ZAC apresentaram tenacidade média superior para as
condições de maior energia de soldagem. Tal resultado era esperado devido à menor
fração volumétrica ferrítica formada. Entretanto, os CP’s com entalhe na zona fundida
exibiram comportamento oposto, onde aqueles que foram soldados com maior energia
apresentaram uma drástica queda no valor médio de tenacidade.
Nunes et al. [60] afirma que energias de soldagem mais altas resultam em maio-
res temperaturas e menores velocidade de resfriamento, e consequentemente maior
probabilidade de precipitação de fases frágeis. A maior concentração de elementos de
liga no metal de adição aumenta ainda mais a chance de ocorrência de tais precipitados
na ZF, o que pode lhe conferir um comportamento frágil.
Os CP’s apresentaram, de modo geral, fraturas mistas com regiões dúcteis e
frágeis em todas as condições. Porém, a maioria das superfícies de fraturas analisadas
exibiu um aspecto rugoso predominante, característico de comportamento dúctil. A Fi-
gura 5.36 exibe imagem obtida por microscopia eletrônica da superfície de fratura de um
dos CP’s ensaiados. Nela são apontadas pequenas zonas de superfícies relativamente
regular envoltas por uma grande região rugosa.
A Figura 5.37 mostra diferentes regiões de uma mesma superfície de fratura de
CP Charpy de condição ZAC 0,89. À esquerda, tem-se um aspecto típico de clivagem,
característico de fraturas frágeis. À direita, a presença de alvéolos e microcavida-
des evidenciam a deformação plástica ocorrida na região, e consequentemente seu
comportamento dúctil.
82
Figura 5.36 – Superfície de fratura de corpo de prova Charpy fraturado (ZF 0,89).
Figura 5.37 – Contraste entre regiões dúcteis (à direita) e frágeis (à esquerda) de uma
mesma superfície de fratura.
83
Todos os CP’s soldados apresentaram ruptura no metal base. A Tabela 5.5 exibe
os resultados dos seis ensaios realizados sob as condições mostradas na Tabela
4.7. Na Figura 5.38, tem-se os gráficos sobrepostos expondo os valores médios de
tensão de escoamento, limite de resistência e alongamento percentual das condições
ensaiadas em função da energia de soldagem.
Foi observada uma pequena variação dos valores médios obtidos de tensão de
escoamento e limite de resistência para as três condições. Tal resultado é compatível
com as conclusões de OJEDA [97] e Almenara e Payares [98]. Ambos analisaram a
influência do aporte de calor de juntas soldadas do aço SAF 2205 através do processo
MIG, e concluíram que a energia de soldagem em um intervalo de 0,501 a 1,45kJ/mm,
e por conseguinte as temperaturas alcançadas não influenciam significativamente a
resistência a tração destas ligas.
Em contrapartida, Paulraj e Garg [99] chegaram a conclusão de que haveria nas
84
juntas soldadas uma queda de resistência à tração com o aumento do aporte de calor,
entretanto os autores aplicaram o processo de soldagem TIG nas soldas analisadas.
Comparando-se o valor médio de deformação percentual obtido para o metal
base como recebido e para as juntas soldadas com energia de 0,89 kJ/mm vislumbra-se
uma considerável diminuição de ductilidade. Os valores de deformação obtidos para
as juntas soldadas apresentaram uma suave queda com o aumento da energia de
soldagem. Tais resultados corroboram com os obtidos por OJEDA [97].
Figura 5.39 – Curvas de polarização cíclica obtidas para as cinco condições ensaiadas.
microscopia ótica, sendo esta a possível causa da maior área do loop e menores
valores dos potenciais da curva obtida na amostra retirada da ZAC do cordão soldado
com maior energia.
6 CONCLUSÃO
A caracterização do metal base através das técnicas MO, MEV, EDS e DRX
atestaram a inexistência de fases indesejadas, de modo que pôde-se concluir que todas
as alterações de propriedades observadas nos testes realizados nas chapas soldadas
foram decorrentes dos procedimentos de soldagem.
A soldagem realizada mostrou-se eficaz no controle térmico apresentando resul-
tados satisfatórios nos testes realizados. A utilização do Ar como gás de purga resultou
em raízes de excelente aspecto visual, sem defeitos e de microestrutura mais refinada
em relação ao topo.
A sobreposição dos ataques por imersão com Behara modificado e eletrolítico
em solução de KOH mostrou-se mais eficiente do que cada um deles isoladamente.
O aumento da energia de soldagem no intervalo estudado resultou em :
• Aumento das áreas de loop das curvas de ensaios de polarização, tanto na ZAC
quanto na ZF;
• Ângulo da pistola;
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[17] LIPPOLD, J.; KOTECKI, D. Welding metallurgy and weldability of stainless steels.
[S.l.]: Wiley-Interscience, 2005. ISBN 9780471473794.
[18] MCGUIRE, M. F. Stainless steels for design engineers. [S.l.]: Asm International,
2008.
[19] SOUZA, S. A. de. Composição química dos aços. [S.l.]: Edgard Blücher, 2006.
[22] DAVIS, J. R. ASM specialty handbook: stainless steels. [S.l.]: ASM International,
1994.
[24] YANG, Y. et al. The effect of large heat input on the microstructure and corrosion
behaviour of simulated heat affected zone in 2205 duplex stainless steel. Corrosion
Science, Elsevier, v. 53, n. 11, p. 3756–3763, 2011.
[25] CHARLES, J. Super duplex stainless steels: structure and properties. Duplex
Stainless Steels’91., v. 1, p. 151–168, 1991.
[26] CHEN, T.; WENG, K.; YANG, J. The effect of high-temperature exposure on the
microstructural stability and toughness property in a 2205 duplex stainless steel.
Materials Science and Engineering: A, Elsevier, v. 338, n. 1, p. 259–270, 2002.
[27] CHARLES, J. Structure and mechanical properties of duplex stainless steels. In:
Conference Duplex Stainless Steels. [S.l.: s.n.], 1994. v. 94.
[28] CHARLES, J. Why and where duplex stainless steels. duplex stainless steels’ 97.
345-353. KCI publishing. Maastricht, 1997.
[29] FARGAS, G.; MESTRA, A.; MATEO, A. Effect of sigma phase on the wear behavior
of a super duplex stainless steel. Wear, Elsevier, v. 303, n. 1, p. 584–590, 2013.
[30] PERREN, R. et al. Corrosion resistance of super duplex stainless steels in chloride
ion containing environments: investigations by means of a new microelectrochemical
method: I. precipitation-free states. Corrosion science, Elsevier, v. 43, n. 4, p. 707–726,
2001.
[31] CUNAT, P.-J. Alloying elements in stainless steel and other chromium-containing
alloys 2004. Euro Inox: Paris.
[32] BANAS, J.; MAZURKIEWICZ, A. The effect of copper on passivity and corrosion
behaviour of ferritic and ferritic–austenitic stainless steels. Materials Science and
Engineering: A, Elsevier, v. 277, n. 1, p. 183–191, 2000.
95
[33] LIOU, H.-Y. et al. Effects of alloying elements on the mechanical properties and
corrosion behaviors of 2205 duplex stainless steels. Journal of materials engineering
and performance, Springer, v. 10, n. 2, p. 231–241, 2001.
[34] JEON, S.-H. et al. Effects of sulfur addition on pitting corrosion and machinability
behavior of super duplex stainless steel containing rare earth metals: Part 2. Corrosion
science, Elsevier, v. 52, n. 10, p. 3537–3547, 2010.
[35] HYUN, P. J.; KWON, H. S. et al. Development of high mn–n duplex stainless
steel for automobile structural components. Corrosion Science, Elsevier, v. 50, n. 2, p.
404–410, 2008.
[36] KRAWIEC, H. et al. Influence of the dissolution of mns inclusions under free
corrosion and potentiostatic conditions on the composition of passive films and the
electrochemical behaviour of stainless steels. Electrochimica Acta, Elsevier, v. 51, n. 16,
p. 3235–3243, 2006.
[37] TAN, H. et al. Effect of annealing temperature on the pitting corrosion resistance of
super duplex stainless steel uns s32750. Materials Characterization, Elsevier, v. 60,
n. 9, p. 1049–1054, 2009.
[38] DENG, B. et al. Effect of thermal cycles on the corrosion and mechanical properties
of uns s31803 duplex stainless steel. Corrosion Science, Elsevier, v. 51, n. 12, p.
2969–2975, 2009.
[42] POHL, M.; STORZ, O.; GLOGOWSKI, T. Effect of intermetallic precipitations on the
properties of duplex stainless steel. Materials characterization, Elsevier, v. 58, n. 1, p.
65–71, 2007.
[44] YANG, Y. et al. Effect of a brief post-weld heat treatment on the microstructure
evolution and pitting corrosion of laser beam welded uns s31803 duplex stainless steel.
Corrosion Science, Elsevier, v. 65, p. 472–480, 2012.
[50] PADILHA, A.; PLAUT, R.; RIOS, P. Stainless steels heat treatment (chapter 12).
Steel Heat Treatment Handbook (Second Edition), CRC Press, Boca Raton (FL, USA),
p. 695–739, 2007.
[51] RAMIREZ, A.; LIPPOLD, J.; BRANDI, S. The relationship between chromium
nitride and secondary austenite precipitation in duplex stainless steels. Metallurgical
and materials transactions A, Springer, v. 34, n. 8, p. 1575–1597, 2003.
[52] NILSSON, J.-O.; KARLSSON, L.; ANDERSSON, J.-O. Secondary austenite for
mation and its relation to pitting corrosion in duplex stainless steel weld metal. Materials
Science and Technology, Taylor & Francis, v. 11, n. 3, p. 276–283, 1995.
[54] KOBAYASHI, D. Y.; WOLYNEC, S. Evaluation of the low corrosion resistant phase
formed during the sigma phase precipitation in duplex stainless steels. Materials
Research, SciELO Brasil, v. 2, n. 4, p. 239–247, 1999.
[55] CUI, J. et al. Degradation of impact toughness due to formation of r phase in high
nitrogen 25cr-7ni-mo duplex stainless steels. ISIJ international, The Iron and Steel
Institute of Japan, v. 41, n. 2, p. 192–195, 2001.
[57] NILSSON, J.-O. Super duplex stainless steels. Materials science and technology,
Taylor & Francis, v. 8, n. 8, p. 685–700, 1992.
[58] PADILHA, A. F.; PLAUT, R. L. Phase transformation and microstructure. In: WILEY
ONLINE LIBRARY. Duplex Stainless Steels. [S.l.], 2009. p. 115–139.
[62] MUTHUPANDI, V. et al. Effect of weld metal chemistry and heat input on the
structure and properties of duplex stainless steel welds. Materials Science and
Engineering: A, Elsevier, v. 358, n. 1, p. 9–16, 2003.
[64] KORDATOS, J.; FOURLARIS, G.; PAPADIMITRIOU, G. The effect of cooling rate
on the mechanical and corrosion properties of saf 2205 (uns 31803) duplex stainless
steel welds. Scripta materialia, Pergamon, v. 44, n. 3, p. 401–408, 2001.
[69] ZAPPA, S. et al. Efecto de la composición química del metal de aporte y del calor
aportado sobre la microestructura y la resistencia a la corrosión en juntas de soldadura
de aceros inoxidables dúplex. In: Congresso Panamericano de Soldagem. [S.l.: s.n.],
2014. v. 1.
[76] WANG, J. et al. Effect of welding process on the microstructure and properties of
dissimilar weld joints between low alloy steel and duplex stainless steel. International
Journal of Minerals, Metallurgy, and Materials, Springer, v. 19, n. 6, p. 518–524, 2012.
[77] PORTA, C. et al. Soldadura de un acero inoxidable dúplex 2205 por gmaw
mediante el uso de la técnica de arco pulsado. Revista Latinoamericana de Metalurgia
y Materiales, Universidad Simón Bolívar, v. 23, n. 1, p. 21–26, 2003.
[79] YOUSEFIEH, M.; SHAMANIAN, M.; SAATCHI, A. Influence of heat input in pulsed
current gtaw process on microstructure and corrosion resistance of duplex stainless
steel welds. Journal of iron and steel research, international, Elsevier, v. 18, n. 9, p.
65–69, 2011.
[82] CRESPO, G. et al. Influência da energia do pulso de soldagem laser nd: Yag no
balanço de fases ferrita/austenita do aço inoxidável duplex uns s32205.
[84] ATAMERT, S.; KING, J. Super duplex stainless steels part 1 heat affected zone
microstructures. Materials Science and Technology, Taylor & Francis, v. 8, n. 10, p.
896–912, 1992.
[86] MACHADO, I. G. Soldagem & técnicas conexas: processos. [S.l.]: Ed. do Autor,
1996.
[89] DILLENBECK, V.; CASTAGNO, L. The effects of various shielding gases and
associated mixtures in gma welding of mild-steel. Welding Journal, AMER WELDING
SOC PO BOX 351040, MIAMI, FL 33135, v. 66, n. 9, p. 45–49, 1987.
[91] MODENESI, P.; NIXON, J. Arc instability phenomena in gma welding. Welding
Journal Including Welding Research Supplement, [Miami, American Welding Society].,
v. 73, n. 9, p. 219–224, 1994.
[92] MUTHUPANDI, V. et al. Effect of nickel and nitrogen addition on the microstructure
and mechanical properties of power beam processed duplex stainless steel (uns 31803)
weld metals. Materials Letters, Elsevier, v. 59, n. 18, p. 2305–2309, 2005.
[93] LAI, J. K. L.; SHEK, C. H.; LO, K. H. Stainless steels: An introduction and their
recent developments. [S.l.]: Bentham Science Publishers, 2012.
[95] FLOREEN, S.; HAYDEN, H. The influence of austenite and ferrite on the
mechanical properties of two-phase stainless steels having microduplex structures.
ASM Trans Quart, v. 61, n. 3, p. 489–499, 1968.
[100] KARLSSON, L.; RYEN, L.; PAK, S. Precipitation of intermetallic phases in 22% cr
duplex stainless weld metals. Welding Journal-Including Welding Research Supplement,
[Miami, American Welding Society]., v. 74, n. 1, p. 28–38, 1995.
[101] JANA, S. Effect of heat input on the haz properties of two duplex stainless steels.
Journal of Materials Processing Technology, Elsevier, v. 33, n. 3, p. 247–261, 1992.
[108] COMBRADE, P.; AUDOUARD, J. Duplex stainless steels and localized corrosion
resistance(english). P. Combrade, and J-P. Audouard, Duplex Stainless Steels’91., v. 1,
p. 257–281, 1991.
[110] DENG, B. et al. Evaluation of localized corrosion in duplex stainless steel aged
at 850 c with critical pitting temperature measurement. Electrochimica Acta, Elsevier,
v. 54, n. 10, p. 2790–2794, 2009.
[114] PARK, C.; RAO, V. S.; KWON, H. Effects of sigma phase on the initiation and
propagation of pitting corrosion of duplex stainless steel. Corrosion, v. 61, n. 1, p.
76–83, 2005.
[116] FARGAS, G.; ANGLADA, M.; MATEO, A. Effect of the annealing temperature on
the mechanical properties, formability and corrosion resistance of hot-rolled duplex
stainless steel. Journal of materials processing technology, Elsevier, v. 209, n. 4, p.
1770–1782, 2009.
[119] WOLYNEC, S. Técnicas Eletroquímicas em Corrosão Vol. 49. [S.l.]: Edusp, 2003.
[124] EL-YAZGI, A.; HARDIE, D. Stress corrosion cracking of duplex and super duplex
stainless steels in sour environments. Corrosion science, Elsevier, v. 40, n. 6, p.
909–930, 1998.
[125] OLDEN, V.; THAULOW, C.; JOHNSEN, R. Modelling of hydrogen diffusion and
hydrogen induced cracking in supermartensitic and duplex stainless steels. Materials &
design, Elsevier, v. 29, n. 10, p. 1934–1948, 2008.
[126] SHINOZAKI, K.; KE, L.; NORTH, T. Hydrogen cracking in duplex stainless steel
weld metal. WELDING JOURNAL-NEW YORK-, AMERICAN WELDING SOC, v. 71, p.
387–s, 1992.
[129] SRIRAM, R.; TROMANS, D. Pitting corrosion of duplex stainless steels. Corrosion,
v. 45, n. 10, p. 804–810, 1989.
[130] GIRÃO, I. F. Caracterização da resistência a corrosão por pite do aço uns s31803
após soldagem. Projeto de pesquisa orientado pelo Prof. Dr. Rodrigo Magnabosco,
Centro de Desenvolvimento de Materiais Metálicos (CDMatM)–Departamento de
Engenharia Mecânica Centro Universitário da Fundação Educacional Inaciana Pe.
Sabóia de Medeiros (FEI), São Bernardo do Campo, 2008.
102
[132] STANDARD, A. E384-11. Standard test method for knoop and Vickers hardness
of materials. West Conshohocken (PA): ASTM International, 2011.
[133] 370-16, A. A. Standard Test Methods and Definitions for Mechanical Testing of
Steel Products. [S.l.], 2016.
[140] WALKER, R.; GOOCH, T. Pitting resistance of weld metal for 22cr-5ni
ferritic-austenitic stainless steels. British corrosion journal, Taylor & Francis, v. 26, n. 1,
p. 51–59, 1991.