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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS – CCT


PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE
MATERIAIS - PGCEM
MESTRADO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS

SACHA KARINE DE ARAÚJO

EFEITO DA MODIFICAÇÃO COM ESTRÔNCIO NA MICROESTRUTURA E NAS


PROPRIEDADES MECÂNICAS
DA LIGA 356

JOINVILLE/SC
2012
SACHA KARINE DE ARAÚJO

EFEITO DA MODIFICAÇÃO COM ESTRÔNCIO NA MICROESTRUTURA E NAS


PROPRIEDADES MECÂNICAS
DA LIGA 356

Dissertação apresentada para a obtenção do título de


Mestre em Ciência e Engenharia de Materiais, área
de concentração: Metais, Centro de Ciências
Tecnológicas – CCT da Universidade do Estado de
Santa Catarina.

Orientador: Prof.Dr .Guilherme Ourique Verran

JOINVILLE/ SC
2012
FICHA CATALOGRÁFICA

A658e
Araújo, Sacha Karine.
Efeito da modificação com estrôncio na microestrutura e
nas propriedades mecânicas da liga 356 / Sacha Karine de
Araújo / orientador: Guilherme Ouriques Verran –
Joinville, 2012.
75 f. : il ; 30 cm.
Incluem referências.

Dissertação (mestrado) – Universidade do Estado Santa


Catarina, Centro de Ciências Tecnológicas, Mestrado em
Ciências e Engenharia de Materiais, Joinville, 2012.

1. Metais. 2. Fundição. I. Verran, Guilherme Ourique.

CDD 620.16
“EFEITO DA MODIFICAÇÃO COM ESTRÔNCIO NA MICROESTRUTURA
E NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DA LIGA 356”

por

SACHA KARINE DE ARAUJO

Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de

MESTRE EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS

área de concentração em “Metais”,


e aprovada em sua forma final pelo

CURSO DE MESTRADO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS


CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA.

Dr. Guilherme Ourique Verran


CCT/UDESC (presidente/orientador)

Banca Examinadora:
Dr. César Edil da Costa
Joinville, 29 de fevereiro de 2012. CCT/UDESC

Dr. Marcelo Alexandre Tirelli


FASB

Dr. Wilson Luiz Guesser


CCT/UDESC
“Sempre olhe para frente, encare as tempestades
e lembre-se você pode até envergar, mas nunca
quebrar, nosso limite só chegará com a morte.”
(S.C Araújo, Meu Pai)
AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr.Guilherme Ourique Verran, pela sua excelente orientação e pela parceria
nesta importante jornada acadêmica.
Ao bolsista do laboratório de Fundição Vinícius C. Vilella, pelo seu comprometimento
e auxílio nos experimentos de Fundição, assim como na caracterização dos materiais.
À Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC e ao Programa de Pós-
graduação em Ciência e Engenharia de Materiais - PGCEM pela realização do trabalho.
A CAPES pela bolsa de estudos concedida, que possibilitou a realização deste
trabalho.
A todos os professores do Curso de Mestrado em Ciência e Engenharia de Materiais,
que contribuíram para a realização desse trabalho e que acreditaram no meu potencial.
Às empresas Wetzel S.A Divisão Alumínio, Alumínio Rio Cedrense e VR Metais, pela
parceria e auxílio com a obtenção de materiais.
Aos amigos queridos que estudaram e estiveram sempre presentes comigo: Thaís,
Sônia, Fernanda e Carlos Onofre.
À Tatiane Haskel, que auxiliou na supervisão do meu estágio de docência e pela sua
amizade.
Ao meu Pai, meus irmãos e minha irmã que são as raízes que sustentam a minha vida.
Ao meu querido e amado Marcelo Augusto de Oliveira, pela sua compreensão e
dedicação ao nosso amor.
À minha querida mãe Ivone Gorges Alves, minha referência de caráter e amor, aqui
está mais um sonho realizado.
RESUMO

ARAÚJO Sacha Karine. Efeito da Modificação com Estrôncio na Microestrutura e nas


Propriedades Mecânicas na Liga 356. A658e. Dissertação (Mestrado em Ciência e
Engenharia de Materiais – Área: Metais – Universidade do Estado de Santa Catarina.
Programa de Pós Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais, Joinville, 2012.

A resistência mecânica e a qualidade de ligas fundidas alumínio-silício são determinadas pela


microestrutura e pela sanidade interna das peças fundidas. Tratamentos de refino de grão e de
modificação do silício causam alterações microestruturais que resultam em melhorias nas
propriedades mecânicas das ligas Al-Si de fundição. O tratamento de modificação altera a
forma do silício do eutético da forma acicular para forma fibrosa interferindo sobre o
comportamento mecânico da liga. Diversos tipos de modificadores são descritos na literatura,
os mais utilizados são estrôncio e o sódio, pois apresentam efeitos de modificação adequados
para as baixas concentrações requeridas. O estrôncio é o mais empregado em fundições, em
função da maior facilidade no manuseio e uma maior resistência ao desvanecimento.
Entretanto, adições de Sr estão associadas com a formação da porosidade em ligas
modificadas. O principal objetivo deste estudo é avaliar a influência de diferentes percentuais
de estrôncio sobre a morfologia e a distribuição das partículas de Si na matriz e os efeitos
destas alterações sobre as propriedades mecânicas. Também foi avaliado o efeito do estrôncio
na temperatura de formação e no superesfriamento do eutético Al-Si através de DTA. Os
resultados obtidos indicam que teores de Sr a partir de 0, 012% em peso resultaram na
modificação total do Si, com incrementos consideráveis na ductilidade da liga 356 e
superesfriamento de 7,1 °C na temperatura do eutético Al-Si. Com valores a partir de 0,031%
em peso as propriedades mecânicas, microestrutura e temperatura do eutético apresentavam
semelhança com as das ligas semi-modificadas, porém superiores à condição sem
modificação.

Palavras-chave: Liga de Alumínio-Silício. Modificação. Eutético de Silício. Propriedades


Mecânicas. Microestrutura. Temperatura do Eutético. Estrôncio.
ABSTRACT

ARAÚJO, Sacha Karine. Effect of strontium on the microstructure and mechanical


properties alloys 356. A658e Dissertation (Master Course in Science and Materials
Engineering – Area: Metals) – Santa Catarina State University, Post Graduation Program in
Science and Materials Engineering, Joinville, 2012.

The properties of aluminum-silicon alloys are strongly dependent on the casting process used,
the chemical additions made to control eutectic structure, primary silicon and grain structure,
and molten metal treatment to reduce hydrogen gas content and to remove inclusions.
Modification treatments transform the flake eutectic silicon into a fibrous form producing a
structure with increased ultimate tensile strength, ductility, hardness, and machinability.
Elements in groups I and II and the rare earths europium, lanthanum, cerium, praseodymium,
and neodymium modify, but only sodium and strontium produce a strong modifying action at
the low concentration required for commercial application. In this investigation, the effect of
strontium concentration on the modification of the eutectic silicon in the 356 alloy was
studied. For this porpoise the 356 alloy in as-cast and modified conditions using different Sr
concentrations were examined. The results were accessed by tensile tests and metallographic
examinations. As evaluated the effect of strontium in the formation temperature and the
supercoiling of eutectic Al-Si through DTA. The results indicate that the Sr content of from 0
012% by weight resulted in total of Si modification with substantial increases in the
toughness of the alloy 356, and supercoiling of 7.1 ° C temperature of the eutectic Al-Si. The
indication of from 0.031% by weight mechanical properties, and temperature of the eutectic
microstructure way similar to the alloys of the semi - modified but still higher than the same
properties of the alloy without modification.

Key words: Aluminum-Silicon Alloys. Modification. Eutectic Silicon. Mechanical


Properties. Microstructure. Eutectic Temperature. Strontium.
LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Ilustração do Ciclo de Reciclagem de latas de Alumínio (Mundo Ético, 2011)....19


Figura 02 - Diagrama de fase Al-Si. (ASM, 1992)..................................................................22
Figura 03 - Seqüência de eventos durante a nucleação eutética das fases em ligas
hipoeutéticas Al-Si não modificadas (a) nucleação e crescimento da dendrita α-Al (b)
nucleação da fase de β(Al, Si, Fe) (c) nucleação do Si eutético na fase β-(Al, Si, Fe fase) à
frente da fase Al eutético no campo de soluto, a nucleação de Al eutético no Si eutético e
crescimento de Al eutético; (d) choque das dendritas α-Al e do Al eutético, resultando na
interrupção do crescimento das dendritas e do crescimento do eutético Al-Si (MAKHLOUF,
et al., 2005)............................................................................................................................. 24
Figura 04 – Ilustração esquemática do mecanismos de aresta de plano re-entrante TPRE. (a)
e cristal com uma única macla, (b) o encerramento de maclas devido à formação de sulco (c)
de cristal com duas maclas, (d) criação de cantos extras reentrante I e II, (e) de propagação de
cristal, devido a cantos re-entrantes (FREDRIKSSON et al.,1973) ...................................... 28
Fig. 05 - Ilustração de nucleação de uma liga hipoeutética. Estrutura A – liga hipoeutética
sem modificação. Estrutura B – liga hipoeutética com modificação (DAHLE, et al., 2001). 29
Figura 06 - Modelos de solidificação do eutético Al-Si em ligas hipoeutéticas (a) frente de
crescimento oposta ao gradiente de temperatura (b) nucleação e crescimento em torno dos
dendritas primárias de alumínio, em ligas não modificadas;(c) nucleação heterogêna com
imperuzas no líquido crescimento independente da rede interdendrítica, liga modificada
(NOGITA et al., 2001)............................................................................................................30
Figura 07 - Ligas Al-Si hipoeutéticas modificadas (a) por adição de modificador químico Na
(b) por têmpera. (HELLAWELL, 1990) .................................................................................31
Figura 08 – Gráfico que representa parcela de proporção de raios atômicos (R) versus raio
atômico do silício (Rsi) para a gama de ligas de elementos e modificadores (SCHAFFER et
al, 2005).................................................................................................................................. 33
Figura 09 – Imagem de microscopia óptica de uma liga Al-Si hipoeutética modificada
parcialmente com estrôncio Sr (DJURDJEVIC et al., 2001)................................................. 35
Figura 10. (A) Microestrutura de um cabeçote de motor liga 356 modificada com estrôncio
apresenta microestrutura com porosidade arredondada (B) Microestrutura de um cabeçote de
motor liga 356 não modificadas apresenta microestrutura com porosidade irregular e
interdendrítico (A) 70X e (B) 70X. (McCLAIN et al., 2005)................................................. 37
Figura 11. Microestrutura de um cabeçote de motor liga 356 modificadas com estrôncio. (A)
microestrutura com porosidade irregular ou interdendrítica (B) microestrutura modificadas
apresenta microestrutura com porosidade arredondada (A) 70X e (B) 70X (FUOCO, et al.,
2001)........................................................................................................................................ 38
Figura 12 - O método de análise termica por diferencial utilizado para analisar as curvas de
resfriamento (a) A curva refrigeração com derivativos correspondente de uma liga 356
modificado com Sr(b) magnitude de pontos eutéticos e pontos de transformação
(RIONTINO, et al., 2005)....................................................................................................... 41
Figura 13 - Comportamento das curvas de resfriamento, com foco na reação eutética, para
todos os níveis de adição testados Ba em uma liga A356.0 com correspondentes micrografias
ópticas da estrutura eutética representante para cada amostra (KNUUTINEN, et al., 2001).42
Figura 14 - Fluxograma do processo de fundição da pesquisa com liga 356 e modificação
com ante liga de Al10%Sr........................................................................................................44
Figura 15 – Forno de fusão à indução da marca Inductotherm modelo VIP PT 10, 30 Kw do
Labfund/DEM/UDESC ...........................................................................................................48
Figura 16 - (a) Molde metálico utilizado na pesquisa. (b) Corpo de Prova obtido com canais e
massalotes Labfund/DEM/UDESC......................................................................................... 49
Figura 17 – Retirada de escória após tratamento de desgaseificação utilizando termopar tipo
K para controle de temperatura................................................................................................50
Figura 18 – Desenho de um corpo de prova conforme norma ASTM E 8M-01......................51
Figura 19 - Diagrama esquemático do compartimento da amostra na análise DTA
(WENDHAUSEN et al,2008) ................................................................................................52
Figura 20 – Gráfico demonstrativo DTA. a) Variação da capacidade calorífica b) Reação
exotérmica c) Reação endotérmica (WENDHAUSEN et al,2008) .........................................53
Figura 21 – Microestrutura de liga não modificada Al-Si 356 (a) Imagens de microscopia
óptica representativa da microestrutura (b) MEV .................................................................. 54
Figura 22 – Microestrutura de liga modificada Al-Si 356 com 0,008% Sr em peso (a)
imagens de microscopia óptica representativa da microestrutura liga(b) (MEV)
microestrutura acicular .......................................................................................................... 55
Figura 23 – Microestrutura de liga modificada Al-Si 356 com 0,012% Sr peso (a) Imagens de
microscopia óptica representativa da microestrutura (b) (MEV) liga com ataque profundo
................................................................................................................................................. 56
Figura 24 –. Microestrutura de liga modificada Al-Si 356 com 0,022% Sr peso (a) Imagens de
microscopia óptica representativa da microestrutura (b) (MEV) ............................................56
Figura 25 – Microestrutura de liga modificada Al-Si 356 com 0,031% Sr peso (a) Imagens de
microscopia óptica representativa da microestrutura liga 356 modificada 0,031% Sr peso (b)
(MEV) .................................................................................................................................... 57
Figura 26 – Microestrutura de liga modificada Al-Si 356 com 0,040% Sr peso (a) Imagens de
microscopia óptica representativa da microestrutura modificada 0,040% Sr peso (b) (MEV)
..................................................................................................................................................58
Figura 27 – Resultado da análise térmica para liga sem estrôncio, considerada o padrão para
de temperatura eutética definida em testes de TE = Te = 569,7 °C ..........................................59
Figura 28 – Resultado da análise térmica para liga com 0,008% Sr peso. ............................. 60
Figura 29 – Resultado da análise térmica para liga com 0,012% Sr peso. ..............................60
Figura 30 – Resultado da análise térmica para liga com 0,022% Sr peso. ............................ 61
Figura 31– Resultado da análise térmica para liga com 0,031% Sr peso. .............................. 62
Figura 32 – Resultado da análise térmica para liga com 0,040% Sr em peso. ........................62
Figura 33 – Resultado da análise térmica - comparativo entre as ligas...................................63
Figura 34 – Gráficos mostrando a diferença nos valores das propriedades mecânicas para o
efeito da modificação de estrôncio em liga 356. (a) Gráfico do LR (MPa) linha vermelha e
LE (MPa) linha verde x o percentual de Sr em peso. (b) Gráfico do Alongamento (%) x pelo
percentual de Sr em peso......................................................................................................... 66
Figura 35 – Fractografia (a) liga não modificada Al-Si 356: toda a superfície de fratura
apresenta alvéolos alongados (b) liga com 0,008%Sr: presença de regiões de alvéolos
arredondados e regiões de alvéolos alongados ........................................................................67
Figura 36 – Fractografia (a) liga modificada com 0,012%Sr (b) liga Al-Si modificada com
0,022%Sr .................................................................................................................................67
Figura 37 – Fractografia (a) liga modificada com 0,031%Sr . (b) liga modificada com
0,040%Sr ................................................................................................................................68
LISTA DE TABELAS

Tabela 1– Classificação das ligas de alumínio segundo a Aluminium Association Al (ASTM,


2001) ....................................................................................................................................... 21
Tabela 02 – Comparativo entre agentes modificadores ...........................................................34
Tabela 03- Composição química da liga alumínio – silício 356 não modificada.....................45
Tabela 04 – Experimentos realizados para parametrizar o processo de fundição com
diferentes níveis de estrôncio ..................................................................................................46
Tabela 05 – Percentuais de estrôncio utilizados...................................................................... 48
Tabela 06 – Resultados de análise térmica em DTA. TE - temperatura eutética .................. 63
LISTA DE SÍMBOLOS

Al – Elemento químico Alumínio.


Si – Elemento químico Silício.
Al-Si – Liga Alumínio Silício.
Na – Elemento químico Sódio.
Sr – Elemento químico Estrôncio.
DTA – Análise Térmica Diferencia..
AIP – Composto Intermetálico de Fosfeto de Alunínio.
β (Al,Si,Fe) – composto intermetálico de ferro em ligas alumínio e silício.
α – Fator de Forma da Interfase.
TPRE - Twin Plane Re-entrant Edge – tradução aresta de plano de maclas re-entrantes.
MEV – Microscópia Eletrônica de Varredura.
R – Raio Atômico.
Rsi - Raio atômico do Silício.
SUMÁRIO

1. Introdução ............................................................................................................................16
2. Fundamentação Teórica
2.1 - Alumínio e suas ligas .............................................................................................18
2.2 - Ligas de fundição ..................................................................................................20
2.3 - Liga de fundição Al-Si ...........................................................................................21
2.4 - Ligas da Série 356 .................................................................................................23
2.5 - Solidificação da liga Al-Si-Mg 356 .......................................................................23
2.6 - Modificação do eutético Al-Si................................................................................25
2.7 - Mecanismos de modificação – conceito................................................................ 26
2.8 - Mecanismos de modificação – teorias....................................................................28
2.8.1 - Teoria de restrição a nucleação......................................................28
2.8.2 - Teoria de crescimento restrito...........................................................31
2.9 - Agentes modificadores...........................................................................................32
2.10 - Modificação com estrôncio (Sr).......................................................................... 34
2.11 – Defeitos que podem ocorrer na modificação.......................................................36
2.11.1 – Porosidade .....................................................................................36
2.11.2 – Supermodificação ..........................................................................38
2.11.3 – Desvanecimento ou enfraquecimento ...........................................39
2.12 – Processo de modificação – parâmetros térmicos ................................................40
3. Materiais e Métodos
3.1 - Fluxograma............................................................................................................ 44
3.2 - Matéria – primas.....................................................................................................45
3.3 - Experimentos realizados.........................................................................................45
3.4 - Obtenção dos corpos de prova................................................................................48
3.5 - Caracterização do material ....................................................................................50
4. Discussões e Resultados
4.1 - Caracterização Microestrutural .............................................................................54
4.2 - Avaliando a modificação usando análise térmica ..................................................58
4.3 - Ensaio de tração .....................................................................................................64
4.4 - Fractografica ..........................................................................................................67
5. Conclusões ......................................................................................................................... 69
6. Sugestões para trabalhos futuros .........................................................................................71
7. Referências ..........................................................................................................................72
16

1. Introdução

As ligas Al-Si constituem 80% das ligas de fundição em alumínio, devido as suas
características como: excelente fluidez, alta resistência à corrosão, boa soldabilidade, baixa
contração na solidificação e baixo coeficiente de dilatação térmica.
Nestas ligas o silício forma um sistema eutético com o alumínio, sendo responsável
por aumentar a fluidez da liga, também reduz o seu ponto de fusão, assim como diminui a sua
contração durante a solidificação. A baixa densidade do Si, de 2,34 kg/m³, mantém baixa
densidade da liga fundida Al-Si em relação ao peso das peças, tornando seu custo de
produção interessante para o mercado (CARDOSO, 2003).
Quando as ligas Al-Si são fundidas em areia ou em molde permanente uma forma de
melhorar as propriedades mecânicas é através da modificação do eutético. Em solidificações
lentas de ligas Al-Si, forma-se uma microestrutura com uma morfologia grosseira, onde o
eutético aparece na forma de placas ou agulhas de silício dentro de uma matriz de alumínio.
Nesta morfologia, o silício é considerado acicular. Estas grosseiras agulhas de silício são
quebradiças, ocasionando estruturas eutéticas com baixa ductilidade e baixa resistência
mecânica.
A utilização de modificadores químicos, como o estrôncio, resulta na mudança da
morfologia do silício eutético. Mudando sua morfologia acicular, grosseira e na forma de
agulha, para uma morfologia fibrosa. Os modificadores influenciam no processo de
nucleação e crescimento dos cristais de silício eutético. Existem diferentes abordagens
teóricas e experimentais descritas na literatura, uma é a teoria da restrição da nucleação,
defendida por Dahle (DAHLE, et al., 2001), que surgerem a existência de uma relação entre
o grau de nucleação e a frequência de nucleação do eutético. Outra é a teoria da restrição ao
crescimento defendida por Makhlouf (MAKHLOUF, et al., 2005), na qual a adsorção do
modificador ocorre, preferencialmente, por maclas reentrantes que se encaixam ou crescem
nas superfícies da fase de Si, inibindo o crescimento de Si e produzindo assim uma estrutura
modificada. Ainda não há uma concordância sobre qual teoria melhor explica o fenômeno da
modificação do Si eutético e estas dúvidas geram lacunas que justificam a necessidade de um
maior entendimento sobre este assunto.
17

O estrôncio é o modificador mais utilizado na indústria, por ser de fácil manuseio, não
ser tóxico, ter uma boa taxa de modificação com adição de uma pequena quantidade de
material em peso em relação à liga e por ter bom tempo de atuação no banho.
Alguns estudos, como de Closset (CLOSSET, et al., 1990) defendem que a quantidade
ideal de estrôncio a ser adicionada na liga está em torno de 0, 005% a 0, 012% em peso de Sr,
obter melhores propriedades mecânicas com relação a ligas não modificadas. Estudos como
de Dasgupta (DASGUPTA, et al., 1988) defendem o uso de estrôncio entre 0,005% e 0,01%
em peso estrôncio. Ligas com teores de estrôncio menores que os necessários para atingirem
uma boa modificação tendem apresentar uma microestrutura parcialmente modificada. Teores
de estrôncio superiores ao necessário para uma modificação resultam no fenômeno
denominado supermodificação.
Nesta pesquisa, diferentes níveis de estrôncio foram adicionados na liga Al-Si, com o
objetivo de investigar a influência da quantidade de estrôncio sobre a microestrutura, em
especial sobre a morfologia do silício eutético, e as consequências destas alterações sobre o
comportamento mecânico da liga através de ensaios de tração e fractográfica e no
comportamento da sua temperatura eutética por meio de DTA.

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