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Ouro Preto
2018
Mauro Pio dos Santos Junior
Ouro Preto
2018
S237a Santos Junior, Mauro Pio dos.
Análise estatística de estabilidade de barragem alteada a montante sujeita a
liquefação estática [manuscrito] / Mauro Pio dos Santos Junior. - 2018.
CDU: 624
Catalogação: ficha@sisbin.ufop.br
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à minha família: minha mãe Maria Rozária da Silva Santos, meu
pai Mauro pio dos Santos e minha irmã Ana Cláudia dos Santos, sem os quais certamente eu
não teria chegado até aqui.
À minha namorada Bianca Machado pelo apoio e cooperação ao longo dessa etapa.
Ao professor Saulo Ribeiro pelos ensinamentos, pelas ideais e tutoria ao longo do
desenvolvimento desse trabalho: tem sido uma honra trabalhar ao lado de um exímio
profissional como esse.
Ao meu orientador professor Romero César Gomes, pela orientação e acompanhamento
do trabalho.
À empresa GeoFast – Geotechnical Modelling pelo apoio e por ceder a licença plena do
software GeoStudio durante a realização desse trabalho.
Aos amigos do PET-Civil UFOP pelas amizades e ensinamentos ao longo dessa trajetória.
Aos amigos do Centro Acadêmico de Engenharia Civil (CAEC) pelo companheirismo e
apoio durante os últimos semestres.
À Fundação Gorceix por todo auxílio e em especial ao DETAP, pelas boas parcerias junto
ao PET-Civil.
Ás empresas Geo-Slope International e Minitab pelo excelente suporte técnico e pelo
esclarecimento das dúvidas.
A todos os amigos da graduação que me apoiaram e de certa forma contribuíram durante
essa etapa: Muito obrigado!
RESUMO
O estudo de liquefação feito em barragens alteadas para montante tem se tornado uma
prática de engenharia cada vez mais frequente no Brasil. Um dos maiores desafios dessa
análise está na definição da razão de resistência não drenada de pico e liquefeita do material,
que são comumente obtidas via correlações empíricas com o ensaio Cone Penetration Test
(CPTu). Os ensaios do tipo CPTu fornecem uma grande quantidade de dados, o que propicia
uma análise estatística para o cálculo das razões de resistência não drenada. No presente
trabalho três curvas de distribuição são testadas como propostas de ajuste aos histogramas das
razões de resistência não drenada do material: a distribuição normal, a distribuição log-nomal
e a distribuição log-normal de três parâmetros. Após uma análise das três propostas, fica claro
que, para a sondagem estudada, a log-normal de três parâmetros é o ajuste que melhor se
adequa aos histogramas das razões de resistência não drenada. Para esse tipo de ajuste,
propõe-se o uso da moda da distribuição como resistência de projeto. Em seguida, a
estabilidade de uma barragem fictícia alteada para montante é estudada e uma análise
estatística usando a distribuição log-normal de três parâmetros é realizada. Verifica-se que a
probabilidade de ruptura encontrada por essa metodologia é muito pequena (inferior a 10-6), o
que se justifica pelo fato da moda da distribuição log-normal estar próxima do limite inferior
dos valores de razão de resistência não drenada.
The flow liquefaction study, usually required for upstream tailings dams, has become a
very common engineering practice in Brazil. One of the major challenges to perform these
analyses relies on the definition of the yield undrained strength ratio and the liquefied
undrained strength ratio of the soil, which is usually done via empirical correlations with the
Cone Penetration Test (CPTu). The cone penetration test gives a large quantity of data, which
makes passible to do a statistical analysis to calculate the undrained strength ratios of the soil.
In the study, three probability distribution curves were tested to fit the histogram of the
undrained strength ratio of the material: a normal distribution curve, a lognormal distribution
curve and a three-parameter lognormal distribution curve. After analyzing the probability
distribution curves, we concluded that, for the CPTu test studied, the three-parameter
lognormal distribution is the best fit for the histogram of undrained strength ratios. For this
distribution the mode is suggested to be taken as the design strength. Thereafter, the stability
of a fictitious upstream tailing dam is studied and a statistical stability analysis is performed
using the three parameter log-normal distribution. It is shown that the probability of failure
using this methodology is very low (less than 10-6), which is justified because the mode of the
lognormal distribution is close the lower bound value of the undrained strength ratio.
Keywords: Flow Liquefaction. Statistical adjustment. CPTu test. Yield Strength. Liquefied
Strength.
Sumário
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 12
2. OBJETIVOS............................................................................................................. 14
4. METODOLOGIA .................................................................................................... 29
6. CONCLUSÕES ........................................................................................................ 61
7. REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 62
8. APÊNDICE............................................................................................................... 64
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1: Gráfico tensão versus deformação para três tipos de carregamento: (a)
Carregamento estático (trajetória A, B, C), (b) Fluência (trajetória A, D, C) e (c)
Carregamento cíclico (trajetória A', E, C) ................................................................................ 12
Figura 2: Critério de susceptibilidade à liquefação de Robertson (2010) aplicado à sondagem
CPT F-02 da Barragem de Fundão ........................................................................................... 13
Figura 3: Critério de susceptibilidade à liquefação para sondagem SPT sugerido por Olson
(2001) ....................................................................................................................................... 17
Figura 4: Critério de susceptibilidade à liquefação para a sondagem CPTu sugerido por Olson
(2001) ....................................................................................................................................... 18
Figura 5: Critério de susceptibilidade à liquefação sugerido por Robertson (2010) ................ 19
Figura 6: Modos predominantes de cisalhamento em uma superfície potencial de ruptura..... 20
Figura 7: Relação entre a razão de resistência não drenada de pico e o parâmetro IB para
compressão triaxial (TXC), cisalhamento simples (DSS & HCTS) e extensão triaxial (TXE),
comparados com os casos de rupturas por liquefação. ............................................................. 21
Figura 8: Relação entre a razão de resistência não drenada liquefeita e o parâmetro IB para
compressão triaxial (TXC), cisalhamento simples (DSS & HCTS) e extensão triaxial (TXE),
comparados com os casos de rupturas por liquefação. ............................................................. 22
Figura 9: Relação entre a razão de resistência não drenada e a resistência de ponta
normalizada do CPTu, com inclusão dos pontos representativos dos casos de ruptura por
liquefação estudados ................................................................................................................. 23
Figura 10: Definição de parâmetro de estado ........................................................................... 24
Figura 11: Ábaco para identificação de microestrutura no solo sugerido por Robertson (2016)
.................................................................................................................................................. 25
Figura 12: Curvas de distribuição normal ................................................................................ 27
Figura 13: Curvas de distribuição log-normal .......................................................................... 28
Figura 14: Verificação quanto à presença de estrutura no solo, segundo a metodologia
proposta por Robertson (2016) ................................................................................................. 31
Figura 15: Critério de susceptibilidade à liquefação de Robertson (2010) aplicado aos dados
da sondagem CPTu ................................................................................................................... 32
Figura 16: Critério de susceptibilidade à liquefação de Fear e Robertson (1995) sugerido por
Olson (2001) ............................................................................................................................. 33
Figura 17: Histograma do parâmetro de estado (ψ).................................................................. 34
Figura 18: Valores do parâmetro de estado (ψ) versus a profundidade ................................... 35
Figura 19: Histograma com ajuste normal para a razão de resistência não drenada liquefeita
segundo a metodologia de Olson (2001) .................................................................................. 36
Figura 20: Histograma com ajuste log-normal para a razão de resistência não drenada
liquefeita segundo a metodologia de Olson (2001) .................................................................. 36
Figura 21: Histograma com ajuste log-normal de três parâmetros para a razão de resistência
não drenada liquefeita segundo a metodologia de Olson (2001) ............................................. 37
Figura 22: Percentil 20 calculado para a distribuição log-normal de três parâmetros ............. 38
Figura 23: Histograma com ajuste normal para a razão de resistência não drenada de pico
segundo a metodologia de Olson (2001) .................................................................................. 38
Figura 24: Histograma com ajuste log-normal para a razão de resistência não drenada de pico
segundo a metodologia de Olson (2001) .................................................................................. 39
Figura 25: Histograma com ajuste log-normal de três parâmetros para a razão de resistência
não drenada de pico segundo a metodologia de Olson (2001) ................................................. 39
Figura 26: Percentil 20 calculado para a distribuição log-normal de três parâmetros ............. 40
Figura 27: Histograma com ajuste normal para a razão de resistência não drenada liquefeita
segundo a metodologia de Robertson (2010) ........................................................................... 41
Figura 28: Histograma com ajuste log-normal para a razão de resistência não drenada
liquefeita segundo a metodologia de Robertson (2010) ........................................................... 41
Figura 29: Histograma com ajuste log-normal de três parâmetros para a razão de resistência
não drenada liquefeita segundo a metodologia de Robertson (2010) ....................................... 42
Figura 30: Percentil 20 calculado para a distribuição log-normal de três parâmetros ............. 43
Figura 31: Histograma com ajuste normal para a razão de resistência não drenada liquefeita
segundo a metodologia de Sadrekarimi (2014) ........................................................................ 44
Figura 32: Histograma com ajuste log-normal para a razão de resistência não drenada
liquefeita segundo a metodologia de Sadrekarimi (2014) ........................................................ 44
Figura 33: Histograma com ajuste log-normal de três parâmetros para a razão de resistência
não drenada liquefeita segundo a metodologia de Sadrekarimi (2014).................................... 45
Figura 34: Percentil 20 calculado para a distribuição log-normal de três parâmetros ............. 46
Figura 35: Histograma com ajuste normal para a razão de resistência não drenada de pico
segundo a metodologia de Sadrekarimi (2014) ........................................................................ 47
Figura 36: Histograma com ajuste log-normal para a razão de resistência não drenada de pico
segundo a metodologia de Sadrekarimi (2014) ........................................................................ 47
Figura 37: Histograma com ajuste log-normal de três parâmetros para a razão de resistência
não drenada de pico segundo a metodologia de Sadrekarimi (2014) ....................................... 48
Figura 38: Percentil 20 calculado para a distribuição log-normal de três parâmetros ............. 49
Figura 39: Curvas log-normais de três parâmetros obtidas para cada um dos métodos ........... 50
Figura 40: Seção transversal de barragem alteada a montante ................................................. 51
Figura 41: Seção transversal do dique 1 de Fundão ................................................................. 51
Figura 42: Seção transversal proposta para o estudo de estabilidade ....................................... 52
Figura 43: Gráfico SBTn (Soil Behavior Type) ....................................................................... 53
Figura 44: Malha de elementos finitos utilizada para análise no SEEP/W .............................. 55
Figura 45: Análise de percolação no GeoStudio 2016 ............................................................. 55
Figura 46: Análise em termos de tensões efetivas .................................................................... 56
Figura 47: Análise em termos de resistência não drenada........................................................ 57
Figura 48: Análise de pico - Olson (2001) ............................................................................... 57
Figura 49: Análise de pico – Sadrekarimi (2014)..................................................................... 57
Figura 50: Análise liquefeita - Olson (2001) ............................................................................ 58
Figura 51: Análise liquefeita - Robertson (2010) ..................................................................... 58
Figura 52: Análise liquefeita - Sadrekarimi (2014) .................................................................. 58
Figura 53: Distribuição log-normal de três parâmetros usada na simulação de Monte Carlo.. 59
Figura 54: Histograma dos fatores de segurança obtidos para a análise probabilística ........... 60
Figura 55: Probabilidade de ruptura da barragem .................................................................... 60
Figura 56: Resistência de ponta vs profundidade ..................................................................... 64
Figura 57: Razão de atrito vs profundidade.............................................................................. 65
Figura 58: Índice Ic vs profundidade ........................................................................................ 66
Figura 59: Poropressão vs profundidade .................................................................................. 67
Figura 60: Razões de resistência não drenada vs profundidade ............................................... 68
ÍNDICE DE TABELAS
1. INTRODUÇÃO
Figura 1: Gráfico tensão versus deformação para três tipos de carregamento: (a) Carregamento estático
(trajetória A, B, C), (b) Fluência (trajetória A, D, C) e (c) Carregamento cíclico (trajetória A', E, C)
Olson (2001) sugere que uma análise de liquefação deve conter três etapas: (1) Análise da
susceptibilidade à liquefação, (2) Análise em termos de resistência de pico e (3) Análise em
termos de resistência liquefeita. Para seguir a nomenclatura internacional das publicações
mais recentes, a resistência não drenada de pico será designada por Su(yield) e a resistência
não drenada liquefeita, residual ou em estado crítico, será designada por Su (LIQ).
13
Figura 2: Critério de susceptibilidade à liquefação de Robertson (2010) aplicado à sondagem CPT F-02 da
Barragem de Fundão
Esse estudo apresenta uma metodologia estatística para obtenção da resistência não
drenada de pico e liquefeita, usando as equações empíricas desenvolvidas por Olson (2001),
Robertson (2010) e Sadrekarimi (2014) para o ensaio CPT (Cone Penetration Test), ou CPTu
(quando há medição da poropressão).
2. OBJETIVOS
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Olson (2001) propôs um método para avaliar o “gatilho” da liquefação usando a razão de
resistência de pico calculada a partir de trinta casos de rupturas por liquefação. Embora o
autor tenha coletado trinta e três casos da literatura, em apenas trinta havia informações
suficientes das condições pré-ruptura para conduzir uma análise de estabilidade. Para isso o
autor categorizou as rupturas em três tipos: (1) ruptura induzida por carregamento estático, (2)
ruptura induzida por deformação e (3) ruptura induzida por carregamento sísmico. Embora
apenas os casos de ruptura induzida por carregamento estático possam ser usados para
15
calcular Su(yield)/σ’vo de forma confiável, o autor usa os três tipos de ruptura na elaboração
das equações. Cinco casos de rupturas induzidas por carregamento estático são apresentados,
sendo que as razões de resistência de pico variam entre 0,24 e 0,30. Seis casos de rupturas
induzidas por deformação são apresentados, com razões de resistência de pico variando entre
0,20 e 0,28. As rupturas induzidas por carregamento sísmico contabilizam dezenove casos,
com razões de resistência variando entre 0,15 e 0,32.
Apesar das incertezas, é possível observar uma tendência de aumento da razão de
resistência de pico com o aumento da resistência à penetração normalizada dos ensaios Cone
Penetration Test (CPTu) e Standard Penetration Test (SPT), excluindo os casos 19-21 (casos
de Nerlerk). Da análise desses dados, o autor propõe a seguinte equação:
𝑆𝑢 (𝑦𝑖𝑒𝑙𝑑)
= 0,205 + 0,0075[(𝑁1 )60 ] ± 0,04 para (𝑁1 )60 ≤ 12 (1)
𝜎′𝑣0
Onde:
Su(yield)/σ’vo é a razão de resistência de pico;
(N1)60 é número de golpes do SPT normalizado para 60% da energia de queda livre do
martelo, dado por:
𝐸𝑅
(𝑁1 )60 = [𝑁𝐶𝑁 ] (2)
60
Sendo:
N é o número de golpes medido em campo;
ER a porcentagem de energia utilizada no ensaio (relativa à energia teórica de queda livre do
martelo) e:
𝑃 0,5
𝐶𝑁 = (𝜎 𝑎 ′) (3)
𝑣0
Em que:
σ’v0 é a tensão vertical efetiva no ponto e
Pa é a pressão atmosférica, na mesma unidade da tensão efetiva.
16
De acordo com Schnaid (2000), no Brasil é comum o uso de sistemas manuais para a
liberação de queda do martelo que aplica uma energia da ordem de 68% da energia teórica.
No presente estudo, o valor 70% foi usado para ER.
Para a resistência de ponta normalizada do ensaio CPT, a seguinte equação é proposta:
𝑆𝑢 (𝑦𝑖𝑒𝑙𝑑)
= 0,205 + 0,0143(𝑞𝑐1 ) ± 0,04 para 𝑞𝑐1 ≤ 6,5𝑀𝑃𝑎 (4)
𝜎′𝑣0
Onde:
qc1 é a resistência de ponta normalizada do ensaio CPT, definida por:
𝑞𝑐1 = 𝐶𝑁 𝑞𝑐 (5)
Sendo:
1,8
𝐶𝑁 = 𝜎′ (6)
0,8+ 𝑣0
𝑃𝑎
Su (LIQ)
= 0,03 + 0,0143(q c1 ) ± 0,03 para q c1 ≤ 6,5MPa (7)
σ′vo
17
Onde:
Su(LIQ)/σ’vo é a razão de resistência liquefeita.
𝑆𝑢 (𝐿𝐼𝑄)
= 0,03 + 0,0075[(𝑁1 )60 ] ± 0,03 para (𝑁1 )60 ≤ 12 (8)
𝜎′𝑣𝑜
Olson (2001) também sugere que a razão de resistência liquefeita deva ter valores
entre 0,05 a 0,12, com um valor médio de 0,09, de acordo com os dados obtidos.
Olson (2001) também analisou diversas propostas encontradas na literatura para
determinação da susceptibilidade à liquefação do material e concluiu que a proposta
apresentada por Fear e Robertson (1995) é a que mais se adequa aos casos por ele estudados.
Além disso, essa proposta foi desenvolvida com base em testes de laboratório e em teoria de
mecânica dos solos em estado crítico e por isso é recomendada pelo autor para delinear
condições de campo susceptíveis e não susceptíveis à liquefação estática. A curva de Fear e
Robertson (1995) foi adaptada para CPT usando uma relação qc/N60 = 0,6. Ambas as curvas
com suas respectivas equações são mostradas abaixo:
Figura 3: Critério de susceptibilidade à liquefação para sondagem SPT sugerido por Olson (2001)
Figura 4: Critério de susceptibilidade à liquefação para a sondagem CPTu sugerido por Olson (2001)
Embora a equação seja desenvolvida para σv0’ menor que 350kPa, Olson (2001)
sugere que essa equação possa ser extrapolada para valores maiores.
Robertson (2010) mostrou a ligação entre o parâmetro Qtn,cs (Equivalent clean sand
cone resistance) e o parâmetro de estado (ψ). Partindo da observação de não há nenhum caso
documentado de ruptura por liquefação estática em materiais com Qtn,cs > 70, sugeriu esse
valor para dividir os solos entre contráteis e dilatantes, como mostrado na figura abaixo:
19
𝑆𝑢 (𝐿𝐼𝑄) [0,02199−0,0003124𝑄𝑡𝑛,𝑐𝑠 ]
= 2 para 𝑄𝑡𝑛,𝑐𝑠 ≤ 70 (11)
𝜎′𝑣0 [1−0,02676𝑄𝑡𝑛,𝑐𝑠 +0,0001783(𝑄𝑡𝑛,𝑐𝑠 ) ]
20
Após analisar um banco de dados de 600 ensaios laboratoriais o autor propõe relações
para obtenção das razões de resistência de pico e liquefeita para os três modos de
cisalhamento em função do parâmetro IB (undrained brittleness index), definido como:
𝑆𝑢 (𝑦𝑖𝑒𝑙𝑑)−𝑆𝑢 (𝐿𝐼𝑄)
𝐼𝐵 = (12)
𝑆𝑢 (𝑦𝑖𝑒𝑙𝑑)
Figura 7: Relação entre a razão de resistência não drenada de pico e o parâmetro IB para compressão triaxial
(TXC), cisalhamento simples (DSS & HCTS) e extensão triaxial (TXE), comparados com os casos de rupturas
por liquefação.
Figura 8: Relação entre a razão de resistência não drenada liquefeita e o parâmetro IB para compressão
triaxial (TXC), cisalhamento simples (DSS & HCTS) e extensão triaxial (TXE), comparados com os casos de
rupturas por liquefação.
Nas imagens acima, TXC indica compressão triaxial, TXE extensão triaxial, DSS
cisalhamento simples e HCTS cisalhamento por torção.
A partir de uma análise dos casos de ruptura por liquefação estudados por Olson
(2001) e Muhammad (2012), selecionando apenas os casos com dados de maior
confiabilidade, i.e., aqueles em que dados de ensaios CPT ou SPT estavam disponíveis
(evitando assim correlações para obtenção da resistência à penetração), o autor apresenta as
seguintes equações para compressão e cisalhamento simples:
Para compressão:
𝑆𝑢 (𝑦𝑖𝑒𝑙𝑑)
= 0,219 + 0,008𝑞𝑐1 ± 0,049 para 𝑞𝑐1 < 8𝑀𝑃𝑎 (13)
𝜎′𝑣0
𝑆𝑢 (𝐿𝐼𝑄)
= 0,019 + 0,016𝑞𝑐1 ± 0,012 para 𝑞𝑐1 < 8𝑀𝑃𝑎 (14)
𝜎′𝑣0
23
𝑆𝑢 (𝑦𝑖𝑒𝑙𝑑)
= 0,189 + 0,008𝑞𝑐1 ± 0,025 para 𝑞𝑐1 < 8𝑀𝑃𝑎 (15)
𝜎′𝑣0
𝑆𝑢 (𝐿𝐼𝑄)
= 0,017 + 0,015𝑞𝑐1 ± 0,006 para 𝑞𝑐1 < 8𝑀𝑃𝑎 (16)
𝜎′𝑣0
Figura 9: Relação entre a razão de resistência não drenada e a resistência de ponta normalizada do CPTu,
com inclusão dos pontos representativos dos casos de ruptura por liquefação estudados
índice de vazios para o qual não há tendência nem de aumento nem de redução do volume
durante o cisalhamento. O espaço geométrico que congrega esses pontos é chamado de linha
de estado crítico (CSL), responsável por delinear a fronteira entre condições dilatantes
(aumento de volume) e contráteis (redução de volume), como mostrado na figura abaixo:
𝜓 = 𝑒1 − 𝑒𝑐𝑠 (17)
Embora em teoria materiais contráteis são aqueles que possuem ψ > 0, em prática ψ > -
0,05 é adotado como o valor limite para diferenciar materiais contráteis e dilatantes (Jefferies
e Been 2006).
Robertson (2016) atualizou o sistema de classificação SBT (Soil behaviour type) e propôs
um método para identificação de microestruturas no solo (idade e cimentação). Como
observado pelo autor, a maioria das correlações empíricas disponíveis para o ensaio CPTu são
predominantemente baseadas em solos com pouca ou nenhuma microestrutura. Para solos e
depósitos antigos ou com cimentação, as correlações empíricas desenvolvidas para o ensaio
CPT são menos confiáveis e modificações locais são necessárias.
Para identificar se o solo é “ideal”, i.e., sem processo de cimentação e confiável no
que concerne a aplicações de formulações empíricas desenvolvidas para o CPTu, ou se o solo
possui microestruturas (depósitos antigos e com cimentação), o autor sugere o seguinte
gráfico abaixo:
Figura 11: Ábaco para identificação de microestrutura no solo sugerido por Robertson (2016)
𝐺
𝐾 ∗ 𝐺 = (𝑞0 ) (𝑄𝑡𝑛 )0,75 (18)
𝑛
Solos com K*G < 330 são classificados pelo autor como “solos ideais”, para os quais as
correlações empíricas do ensaio CPTu têm grande confiabilidade. Solos com K*G > 330 são
classificados como possuindo microestruturas (presença de cimentação ou depósitos antigos),
para os quais as correlações empíricas têm baixa confiabilidade.
No presente trabalho, três curvas de distribuição serão testadas como propostas de ajuste
aos histogramas das razões de resistência não drenadas: (1) Distribuição Normal, (2)
Distribuição Log-Normal e (3) Distribuição Log-Normal de três parâmetros.
−(𝑥−µ)2
1 ⁄ 2
𝑓(𝑥; µ, 𝜎) = 𝑒 (2𝜎 ) -∞<x<∞ (19)
√2𝜋𝜎
Uma variável aleatória não negativa X, por sua vez, é dita ter uma distribuição log-
normal, se a variável aleatória Y = ln(X) for normalmente distribuída. A função densidade de
probabilidade resultante, com parâmetros µ e σ, onde -∞ < µ < ∞ e σ > 0, é dada por:
−[ln(𝑥−µ)]2
1
𝑓(𝑥; µ, 𝜎) = 𝑒 2𝜎2 x>0 (20)
𝑥𝜎√2𝜋
Nesse caso µ e σ não são a média e desvio padrão de X e sim de ln(X). Pode ser
mostrado que a média da distribuição log-normal é dada por:
𝜎2
𝐸(𝑥) = 𝑒 µ+ 2 (21)
2)
𝑀𝑜𝑑𝑎(𝑋) = 𝑒 (µ−𝜎 (22)
28
[ln(𝑥−𝜃)−µ]2
1 −
𝑓(𝑥; µ, 𝜎, 𝜃) = (𝑥−𝜃)𝜎√2𝜋
𝑒 2𝜎2 (23)
𝜎2
(µ+ )
𝐸(𝑥) = 𝜃 + 𝑒 2 (24)
A moda da distribuição log-normal de três parâmetros, por sua vez, é dada por
2)
𝑀𝑜𝑑𝑎(𝑋) = 𝜃 + 𝑒 (µ−𝜎 (25)
29
Nesse tipo de distribuição temos Moda(X) < Mediana(X) < E(X). Cabe observar que a
distribuição log-normal é um caso particular da distribuição log-normal de três parâmetros
quando θ=0.
4. METODOLOGIA
Segundo Olson (2001) uma análise de liquefação tipicamente consiste em três etapas: (1)
Análise da susceptibilidade à liquefação, (2) Análise em termos de resistência de pico e (3)
Análise em termos de resistência liquefeita. Para executar essas análises é necessário que um
critério de susceptibilidade à liquefação seja adotado e, em seguida, uma metodologia seja
empregada para o cálculo das razões de resistência de pico e liquefeita. Tipicamente, as
razões de resistência não drenadas são obtidas por meio de correlação com ensaios in-situ,
sendo o SPT e o CPTu os ensaios mais comuns.
O ensaio CPTu tem a vantagem de ser um ensaio contínuo, com pouca interferência do
operador e altamente confiável. O ensaio é tipicamente executado a uma velocidade de 2cm/s
e a aquisição de informações é feita a cada 20mm. O CPTu fornece três informações à medida
que é feita a cravação do cone: resistência de ponta (qc), resistência do atrito lateral (fs) e a
poropressão (u2). Como observado por Sadrekarimi (2014), o CPTu é particularmente
vantajoso para a análise de liquefação por ser capaz de identificar finas camadas de material
contrátil e fornecer um perfil contínuo da variabilidade do solo com alta precisão.
Como observado no item 3.5, Robertson (2016) sugere que antes de proceder com uma
análise e usar correlações empíricas desenvolvidas para solos “ideais”, o material seja
verificado quanto à presença de estrutura. Para isso, o parâmetro K*G é calculado para todos
os pontos do ensaio CPTu.
O estudo da susceptibilidade à liquefação é feito de acordo com a envoltória de Fear e
Robertson (1995), sugerida por Olson (2001), pela metodologia de Robertson (2010) e usando
os conceitos de parâmetro de estado, conforme abordado nos itens 3.1, 3.2 e 3.4,
respectivamente.
Uma vez identificado o alto potencial à liquefação, as equações de Olson (2001),
Robertson (2010) e Sadrekarimi (2014) são aplicadas para o cálculo das razões de resistência
não drenada, conforme descrito nos itens 3.1 a 3.3.
Os valores das razões de resistência não drenada são, em seguida, importados no
programa de análise estatística Minitab 18 para a geração dos histogramas de resistência. Em
seguida três ajustes estatísticos serão analisados: (1) ajuste com uma curva de distribuição
30
normal, (2) ajuste com uma curva de distribuição log-normal e (3) ajuste com uma curva de
distribuição log-normal de três parâmetros. O ajuste que apresentar melhor adequação aos
dados da sondagem CPTu será utilizado para a obtenção da resistência de projeto seguindo o
seguinte critério: para o ajuste normal, a média da distribuição será adotada, enquanto que
para o ajuste log-normal a moda será adotada. Para esse estudo, os limites de validade das
equações sugeridos pelos autores foram obedecidos, i.e., qc1 ≤ 6,5MPa para Olson (2001) e qc1
< 8MPa para Sadrekarimi (2014).
Sadrekarimi (2014) observa que, nos estágios inicias da ruptura, associados ao gatilho da
liquefação, o plano de cisalhamento é fortemente dominado por compressão, enquanto que
após a ruptura, particularmente a grandes deformações, o cisalhamento simples controlaria
grande parte da superfície potencial de ruptura. De fato, Olson (2001) e Olson and Stark
(2002), relatam que para a maioria dos casos de ruptura à liquefação estudados, a superfície
de ruptura dentro da zona de liquefação se aproxima de cisalhamento direto. Por conseguinte,
Su(yield)/σ’v0 será calculado usando a equação para compressão (TXC), enquanto que
Su(LIQ)/σ’v0 será calculado usando a equação para cisalhamento simples (DSS), para a
metodologia de Sadrekarimi (2014).
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Robertson (2016) propõe um método para a verificação de estrutura no solo por meio do
parâmetro K*G, conforme discutido no item 3.5. Segundo Roberton (2016), a maioria das
correlações empíricas desenvolvidas para o CPTu foram obtidas por meio de estudos em solos
com pouca ou nenhuma microestrutura (solos ideais). Sendo assim, antes de proceder ao
cálculo das razões de resistência não drenada sugere-se verificar quanto à estrutura do solo,
para que seja possível aferir quanto à confiabilidade das equações empíricas que serão
aplicadas. Os dados obtidos na sondagem CPTu em estudo, plotados no ábaco de Roberton
(2016), é mostrado na figura a seguir:
31
Figura 14: Verificação quanto à presença de estrutura no solo, segundo a metodologia proposta por
Robertson (2016)
Como pode ser observado na figura 11, todos os pontos da sondagem CPTu plotam abaixo
de K*G = 330, o que indica que o material em estudo não possui microestrutura e pode ser
classificado como “solo ideal”, para os quais as correlações empíricas desenvolvidas para o
CPTu têm grande confiabilidade.
A susceptibilidade à liquefação será analisada por meio dos métodos de Robetson (2010),
usando a envoltória de Fear e Robertson (1995) sugerida por Olson (2001) e usando os
conceitos de parâmetro de estado introduzidos por Jefferies e Been (2006).
A metodologia de Robertson (2010) propõe o contorno Qtn,cs = 70 como o divisor entre
solos dilatantes e contráteis. Sendo assim, para verificar a porcentagem de pontos que
apresentam susceptibilidade à liquefação segundo essa metodologia, basta calcular a
porcentagem dos pontos que apresentam Qtn,cs ≤ 70. A imagem a seguir mostra os pontos
obtidos na sondagem CPTu plotados no gráfico SBTn (Soil behaviour type) sugerido para a
verificação à liquefação.
32
Figura 15: Critério de susceptibilidade à liquefação de Robertson (2010) aplicado aos dados da sondagem
CPTu
Como pode ser observado na figura 15, a grande maioria dos pontos da sondagem CPTu
apresentam susceptibilidade à liquefação, uma vez que plotam abaixo da região Qtn,cs = 70. De
fato, aproximadamente 82% dos dados dessa sondagem apresentaram Qtn,cs ≤ 70.
A envoltória de Fear e Robertson (1995) sugerida por Olson (2001), por sua vez, é
determinada pela Equação 10 e está mostrada na Figura 4 para a sondagem CPTu. Os dados
obtidos da sondagem, plotados junto com a envoltória de Fear e Robertson (1995), são
mostrados a seguir:
33
Figura 16: Critério de susceptibilidade à liquefação de Fear e Robertson (1995) sugerido por Olson (2001)
Como pode ser observado na Fig. 16, a grande maioria dos dados plotam dentro da região
de materiais contráteis, indicando que o solo possui alto potencial à liquefação. De fato, 89%
dos dados plotaram na região contrátil da envoltória.
Jefferies e Been (2006) sugeriram que quando o solo tem um parâmetro de estado ψ > -
0,05 a perda de resistência em cisalhamento não drenado pode ser esperada. Portanto, o
critério do parâmetro de estado ψ > -0,05 pode ser adotado para a verificação da
susceptibilidade à liquefação. Para o cálculo do parâmetro de estado a equação abaixo,
sugerida por Robertson (2010), foi utilizada:
20
15
ncia (%)
10
uê
Freq
0
-0,20 -0,15 -0,10 -0,05 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20
ψ
Como pode ser observado na figura 17, a maioria dos dados apresentaram valores de ψ>-
0,05, o que indica que o material tem alto potencial à liquefação. De fato, para essa sondagem,
83% dos dados apresentaram valores de ψ>-0,05. O gráfico que mostra como o parâmetro de
estado varia com a profundidade, é mostrado na figura a seguir:
35
Para a confecção dos histogramas das razões de resistência não drenadas, o software
Minitab 18 foi utilizado. Para o mesmo histograma, três propostas de ajuste foram testadas:
(1) ajuste com distribuição normal, (2) ajuste com distribuição log-normal e (3) ajuste com
distribuição log-normal de três parâmetros. A metodologia de ajuste escolhida será aquela que
melhor se adequar aos dados da sondagem CPTu. Para o caso de o ajuste normal ser mais
adequado, a média da distribuição será adotada como resistência de projeto, enquanto que a
moda será adotada caso o melhor ajuste seja o log-normal.
Para os valores obtidos pela metodologia de Olson (2001) os seguintes histogramas, com
seus respectivos ajustes foram obtidos por meio do software Minitab 18:
Figura 19: Histograma com ajuste normal para a razão de resistência não drenada liquefeita segundo a
metodologia de Olson (2001)
15
ncia (%)
10
uê
Freq
0
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12
Su(LIQ)/σ'v0
Figura 20: Histograma com ajuste log-normal para a razão de resistência não drenada liquefeita segundo a
metodologia de Olson (2001)
Loc -2,886
20 Escala 0,4113
N 735
15
ncia (%)
10
uê
Freq
0
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14
Su(LIQ)/σ'v0
37
Figura 21: Histograma com ajuste log-normal de três parâmetros para a razão de resistência não drenada
liquefeita segundo a metodologia de Olson (2001)
15
ncia (%)
10
uê
Freq
0
0,03 0,06 0,09 0,12 0,15 0,18 0,21
Su(LIQ)/σ'v0
Como observado nas figuras 19, 20 e 21, a distribuição log-normal de três parâmetros é a
que melhor se adequa ao histograma da razão de resistência não drenada liquefeita. Para essa
distribuição o parâmetro de localização μ = -3,913, o parâmetro de escala σ = 0,9931 e o
limite (threshold) θ = 0,02996. O valor adotado para a resistência, portanto, será a moda da
distribuição, dada por:
𝑆𝑢 (𝐿𝐼𝑄) 2 2
= 𝑒 µ−𝜎 + 𝜃 = 𝑒 −3,913−(0,9931 ) + 0,02996 = 0,037 (27)
𝜎′𝑣0
Como fica evidenciado pela figura abaixo, a resistência calculada de acordo com essa
metodologia se assemelha ao percentil 20, sugerido por Popescu et al. (1997) e citado em
Robertson (2010). O valor, embora conservador, seria representativo das zonas mais fracas,
que controlam a instabilidade em casos de rupturas progressivas.
38
30
Densidade de probabilidade
25
20
15
10
0
0,039
Su(LIQ)/(σ'vo)
Para a razão de resistência não drenada de pico, os histogramas obtidos, com seus
respectivos ajustes, usando os valores de resistência calculados segundo a metodologia de
Olson (2001), são os mostrados abaixo:
Figura 23: Histograma com ajuste normal para a razão de resistência não drenada de pico segundo a
metodologia de Olson (2001)
15
ncia (%)
10
uê
Freq
0
0,18 0,20 0,22 0,24 0,26 0,28 0,30
Su(yield)/σ’vo
39
Figura 24: Histograma com ajuste log-normal para a razão de resistência não drenada de pico segundo a
metodologia de Olson (2001)
Loc -1,450
20 Escala 0,1091
N 735
15
ncia (%)
10
uê
Freq
0
0,18 0,20 0,22 0,24 0,26 0,28 0,30
Su(yield)/σ'v0
Figura 25: Histograma com ajuste log-normal de três parâmetros para a razão de resistência não drenada de
pico segundo a metodologia de Olson (2001)
15
ncia (%)
10
uê
Freq
0
0,21 0,24 0,27 0,30 0,33 0,36 0,39
Su(yield)/σ'v0
Como observado nas figuras 23, 24 e 25, o ajuste com a distribuição log-normal de três
parâmetros é o que melhor se adequa ao histograma das razões de resistência não drenada de
pico segundo a metodologia de Olson (2001). Por conseguinte, o valor de projeto para a razão
40
de resistência não drenada será a moda da distribuição log-normal de três parâmetros, dada
por:
𝑆𝑢 (𝑦𝑖𝑒𝑙𝑑) 2 2
= 𝑒 µ−𝜎 + 𝜃 = 𝑒 −3,913−(0,9931 ) + 0,2050 = 0,212 (28)
𝜎′𝑣0
O valor calculado usando a técnica do percentil 20 sugerida por Popescu et al. (1997) é
mostrado abaixo:
30
Densidade de probabilidade
25
20
15
10
0
0,214
Su(yield)/(σ'vo)
Figura 27: Histograma com ajuste normal para a razão de resistência não drenada liquefeita segundo a
metodologia de Robertson (2010)
15
uê
Freq
10
0
0,020 0,056 0,092 0,128 0,164 0,200 0,236
Su(LIQ)/σ'v0
Figura 28: Histograma com ajuste log-normal para a razão de resistência não drenada liquefeita segundo a
metodologia de Robertson (2010)
15
uê
Freq
10
0
0,032 0,068 0,104 0,140 0,176 0,212 0,248
Su(LIQ)/σ'v0
42
Figura 29: Histograma com ajuste log-normal de três parâmetros para a razão de resistência não drenada
liquefeita segundo a metodologia de Robertson (2010)
15
uê
Freq
10
0
0,020 0,056 0,092 0,128 0,164 0,200 0,236
Su(LIQ)/σ'v0
Como pode ser observado nas figuras 27 ,28 e 29, o ajuste com a log-normal de três
parâmetros é o que melhor se adequa ao histograma das razões de resistência obtido pela
metodologia de Robertson (2010). A razão de resistência liquefeita, portanto, será a moda da
distribuição, dada por:
𝑆𝑢 (𝐿𝐼𝑄) 2 2
= 𝑒 µ−𝜎 + 𝜃 = 𝑒 −3,156−(0,6622 ) + 0,02018 = 0,048 (29)
𝜎′𝑣0
15
0,2
10
0
0,045
Su(LIQ)/(σ'vo)
Figura 31: Histograma com ajuste normal para a razão de resistência não drenada liquefeita segundo a
metodologia de Sadrekarimi (2014)
20
ncia (%)
15
uê
Freq
10
0
-0,024 0,000 0,024 0,048 0,072 0,096 0,120 0,144
Su(LIQ)/σ'v0
Figura 32: Histograma com ajuste log-normal para a razão de resistência não drenada liquefeita segundo a
metodologia de Sadrekarimi (2014)
20
ncia (%)
15
uê
Freq
10
0
0,000 0,024 0,048 0,072 0,096 0,120 0,144 0,168
Su(LIQ)/σ'v0
45
Figura 33: Histograma com ajuste log-normal de três parâmetros para a razão de resistência não drenada
liquefeita segundo a metodologia de Sadrekarimi (2014)
20
ncia (%)
15
uê
Freq
10
0
0,00 0,04 0,08 0,12 0,16 0,20 0,24 0,28
Su(LIQ)/σ'v0
Como observado nas figuras 31, 32 e 33, o ajuste com a log-normal de três parâmetros é o
que melhor se ajusta ao histograma das razões de resistência não drenada liquefeita para o
método de Sadrekarimi (2014). O valor de resistência adotado, portanto, será a moda da
distribuição, dada por:
𝑆𝑢 (𝐿𝐼𝑄) 2 2
= 𝑒 µ−𝜎 + 𝜃 = 𝑒 −3,764−(1,040 ) + 0,01698 = 0,025 (30)
𝜎′𝑣0
25
Densidade de probabilidade
20
15
10
0
0,027
Su(LIQ)/(σ'vo)
Figura 35: Histograma com ajuste normal para a razão de resistência não drenada de pico segundo a
metodologia de Sadrekarimi (2014)
15
uê
Freq
10
0
0,204 0,216 0,228 0,240 0,252 0,264 0,276 0,288
Su(yield)/σ’vo
Figura 36: Histograma com ajuste log-normal para a razão de resistência não drenada de pico segundo a
metodologia de Sadrekarimi (2014)
15
uê
Freq
10
0
0,204 0,216 0,228 0,240 0,252 0,264 0,276 0,288
Su(yield)/σ'v0
48
Figura 37: Histograma com ajuste log-normal de três parâmetros para a razão de resistência não drenada de
pico segundo a metodologia de Sadrekarimi (2014)
15
uê
Freq
10
0
0,22 0,24 0,26 0,28 0,30 0,32 0,34 0,36
Su(yield)/σ'v0
Como pode ser observado nas figuras 35 ,36 e 37, o ajuste com a log-normal de três
parâmetros é o que melhor se adequa ao histograma das razões de resistência não drenada de
pico, para a metodologia de Sadrekarimi (2014). A resistência adotada, portando, será a moda
da distribuição, dada por:
𝑆𝑢 (𝑦𝑖𝑒𝑙𝑑) 2 2
= 𝑒 µ−𝜎 + 𝜃 = 𝑒 −4,393−(1,040 ) + 0,2190 = 0,223 (31)
𝜎′ 𝑣0
0,2
50
Densidade de probabilidade
40
30
20
10
0
0,224
Su(yield)/(σ'vo)
Após analisar os histogramas das razões de resistência não drenada obtidos pelos métodos
de Olson (2001), Robertson (2010) e Sadrekarimi (2014), fica claro que o ajuste com a log-
normal de três parâmetros é o que melhor se adequa aos dados da sondagem CPTu estudada.
O valor da resistência de projeto, para cada um dos métodos, foi atribuído como a moda da
distribuição log-normal de três parâmetros. A Tabela 1 abaixo mostra um comparativo entre
os valores de resistência calculados:
Razões de resistência
Olson (2001) Robertson (2010) Sadrekarimi (2014)
não drenadas
salientar que todos os valores estão abaixo do valor mínimo de 0,05 encontrado nos casos
estudados por Olson (2001) e o valor de Su(LIQ)/σ'v0 encontrado por Sadrekarimi (2014) é
inferior a 0,03 sugerido por Robertson (2010) como o limite inferior para a razão de
resistência não drenada liquefeita.
Para a razão de resistência não drenada de pico, o método de Sadrekarimi (2014) forneceu
um valor superior ao encontrado pelo método de Olson (2001). A proposta de Robertson
(2010) não prevê uma equação para o cálculo da resistência de pico e por isso essa razão de
resistência não foi calculada para esse método.
Todos os valores calculados usando a moda da distribuição log-normal de três parâmetros
apresentam boa conformidade com o percentil 20 da amostra, sugerido por Popescu et al.
(1997) como um valor adequado para representar a variabilidade espacial da resistência do
solo sob liquefação.
As curvas log-normais de três parâmetros para os três métodos são apresentadas na Figura
39:
Figura 39: Curvas log-normais de três parâmetros obtidas para cada um dos métodos
51
𝑞
( 𝑡⁄𝜎𝑎𝑡𝑚 )
𝑞𝑡1 = ⁄ 𝜎′ 0,5 (33)
( 𝑣0⁄𝜎𝑎𝑡𝑚 )
O ângulo de atrito usado na modelagem, portanto, será a média dos ângulos de atritos
calculados segundo esse critério para a sondagem estudada. O valor obtido para a sondagem
CPTu em estudo foi φ’=35°. Esse valor se encontra dentro da faixa sugerida por Martin
(2002) para análises em termos de tensões efetivas. Além disso, o autor sugere coesão nula
para essa mesma análise, o que será adotado nesse estudo.
A resistência não drenada do material, foi calculada usando a equação abaixo, assumindo
Nkt = 18:
𝑆𝑢 𝑞𝑡 −𝜎𝑣0 1
=( ) (𝑁 ) (34)
𝜎′𝑣0 𝜎′𝑣0 𝑘𝑡
Em que:
𝑞𝑡 = 𝑞𝑐 + 𝑢2 (1 − 𝑎) (35)
materiais nas regiões 4, 3 e 2 do gráfico SBTn. Os valores de Nkt variam tipicamente entre 10
e 18 e o valor conservador de 18 foi adotado neste estudo. Após aplicar a equação 34 na
sondagem CPTu estudada, a média dos valores foi calculada obtendo-se uma razão de
resistência não drenada igual a 0,37.
Outro importante aspecto da análise de liquefação é a identificação da linha freática por
meio de uma análise de percolação. Para tanto, é necessário que a condutividade hidráulica do
rejeito seja calculada. A equação abaixo, sugerida por Robertson (2010), foi usada para esse
fim:
Uma vez calculada a condutividade hidráulica para todos os pontos da sondagem, a média
desses valores foi calculada obtendo-se o valor de k = 4,7 x 10-5 m/s. A tabela com o resumo
dos parâmetros de resistência e condutividade dos materiais é mostrada abaixo:
Foram adotados elementos de tamanho 2m para a malha de elementos finitos, sendo que a
região do dreno foi refinada adotando-se elementos de tamanho 0,25m. O resultado da análise
é mostrado na figura abaixo:
Tabela 3: Parâmetros de resistência utilizados nas análises de estabilidade para os diversos cenários
Resistência
Cor Material Φ’ c’(kPa) Su /σ’v0 Su(LIQ)/σ’v0 Su(yield)/σ’v0 γ (kN/m³)
mínima (kPa)
Rejeito drenado 35 0 - - - - 16
Figura 53: Distribuição log-normal de três parâmetros usada na simulação de Monte Carlo
Os valores dos fatores de segurança obtidos e a probabilidade de ruptura para essa análise
são mostrados a seguir:
60
Figura 54: Histograma dos fatores de segurança obtidos para a análise probabilística
20
Frequência (%)
15
10
0
1,0445 1,3361 1,6277 1,9193 2,2109
1,1903 1,4819 1,7735 2,0651 2,3567
Fator de Segurança
Como pode ser visto na figura 50, a probabilidade de ruptura da barragem é nula quando
se considera a variabilidade das razões de resistência liquefeitas por meio de uma análise
estatística usando a distribuição log-normal de três parâmetros. Isso acontece devido ao fato
da moda da distribuição log-normal de três parâmetros usada na análise determinística ser
muito próxima do limite inferior das razões de resistência não drenadas liquefeitas. Sendo
assim, embora o fator de segurança 1,05 possa parecer pequeno, a barragem está segura
quanto à sua estabilidade.
6. CONCLUSÕES
7. REFERÊNCIAS
DEVORE, J. L. "Probability and Statistics for Engineering and the Sciences, Cengage
Learning." (2015).
JEFFERIES, Mike, and Ken BEEN. “Soil liquefaction: a critical state approach. CRC press,”
(2015).
MARTIN, T. E., E. C. McRoberts, and M. P. Davies. "A tale of four upstream tailings dams."
Proceedings, Tailings Dams (2002).
63
OLSON, Scott M., and Timothy D. STARK. "Liquefied strength ratio from liquefaction flow
failure case histories." Canadian Geotechnical Journal 39.3 (2002): 629-647.
OLSON, Scott Michael. "Liquefaction analysis of level and sloping ground using field case
histories and penetration resistance." Mid-America Earthquake Center CD Release 02-02
(2002).
POPESCU, Radu, Jean H. PRÉVOST, and George DEODATIS. "Effects of spatial variability
on soil liquefaction: some design recommendations." Geotechnique 47.5 (1997): 1019-1036.
ROBERTSON, P. K. "Evaluation of flow liquefaction and liquefied strength using the cone
penetration test." Journal of Geotechnical and Geoenvironmental Engineering 136.6 (2009):
842-853.
ROBERTSON, P. K., and K. L. CABAL. "Guide to cone penetration testing for geotechnical
engineering." Gregg Drilling and Testing Inc., USA, (2015): 6-15
8. APÊNDICE