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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE AGRONOMIA

Avaliação da influência das áreas verdes urbanas na atenuação das ilhas de calor
na cidade de Goiânia-GO.

Matheus Zampetrik Gomes Caetano

Goiânia, GO
Dez/2020
1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS


ESCOLA DE AGRONOMIA

AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DAS ÁREAS VERDES URBANAS NA


ATENUAÇÃO DAS ILHAS DE CALOR NA CIDADE DE GOIÂNIA-GO

Matheus Zampetrik Gomes Caetano

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Escola de
Agronomia da UFG, como
requisito parcial para a obtenção
do título de Engenheiro
Florestal.
Orientador: Prof. Dr. Nori Paulo
Griebeler
2

Goiânia, GO
Maio/2021
MATHEUS ZAMPETRIK GOMES CAETANO

AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DAS ÁREAS VERDES URBANAS NA


ATENUAÇÃO DAS ILHAS DE CALOR NA CIDADE DE GOIÂNIA-GO

Trabalho de Conclusão de Curso Defendido e Aprovado em ___/___/____,

pela Banca Examinadora constituída pelos membros:

Nota:_______ (por extenso)

Nome e titulação do componente da banca

Instituição

Nome e titulação do componente da banca

Instituição

Nome e titulação do componente da banca

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS – NORI PAULO GRIEBELER

Goiânia, Goiás
JUNHO/2021
3

Sumário

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................................4
2. METODOLOGIA...................................................................................................................5
2.1. Localização e descrição da área de estudo.............................................................................5
2.2. Obtenção do índice de verde (NDVI).............................................................................6
2.3. Obtenção da temperatura de superfície via sensoriamento remoto.............................6
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...............................................................................................8
3.1. Clima e mudanças climáticas...............................................................................................8
3.2. Fenômeno de ilhas de calor..................................................................................................8
3.3. Ilhas de frescor e conforto térmico......................................................................................9
3.4. Sensoriamento Remoto.......................................................................................................9
3.5. Parque Urbanos..................................................................................................................10
3.5.1 Parque Municipal Areião.................................................................................................10
3.5.2 Parque Vaca Brava...........................................................................................................11
3.5.3 Parque Flamboyant..........................................................................................................11
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO...........................................................................................11
5. CONCLUSÕES.....................................................................................................................16
6. REFERÊNCIAS....................................................................................................................17
4

1. INTRODUÇÃO
As cidades vêm sofrendo grandes alterações antrópicas com o passar dos tempos,
estas modificações alteram a superfície do solo a fim de atender as necessidades a
sociedade. Este processo intenso de desenvolvimento, também conhecido como
urbanização, pode alterar o balanço de radiação e hídrico do sistema, devido a substituição
das superfícies naturais por materiais artificiais que possuem características físicas,
químicas e mecânicas diferentes (DELGADO et al., 2012).

A supressão da vegetação natural e consequente substituição por materiais


artificiais, como concreto e cimento, elevam o índice de albedo, a razão da radiância
refletida pela radiância incidente na superfície, com isso o solo retém mais calor,
diminuindo assim sua reflectância. Este efeito, associado a outros fenômenos climáticos e
características do solo urbano, contribui para a formação das ilhas de calor.

Segundo ZHOU et al., (2019) ilha de calor urbano é um fenômeno em que a


temperatura de uma zona urbana é significativamente maior do que as áreas que a
circundam, este fenômeno está diretamente associado com a troca de energia entre as
superfícies do solo com a atmosfera e é causado, principalmente, pela alteração dos solos
naturais por superfícies não permeáveis. Este aumento de temperatura, além de promover
um desbalanço de energia atmosférica, também resulta em complicações para o bem-estar
da população, levando ao aumento da demanda de energia consumida, principalmente com
os ares-condicionados, e aumento da morbidade (GARTLAND, 2010).

As áreas verdes possuem um papel importantíssimo nos grandes centros urbanos,


dentre os inúmeros benefícios advindos da presença das árvores nas cidades está a
atenuação da temperatura. Estudos apontam que a presença das áreas verdes traz a
melhoria e estabilidade do microclima, por conta da redução do calor e da insolação direta,
diminuição da velocidade dos ventos, devido a presença das árvores e arbustos, bem como
a ampliação da umidade do ar (MODNA; VECCHIA, 2003; OMETTO, 1981).

Estudos a respeito da avaliação de temperatura e umidade em áreas rurais e urbanas


vêm sendo cada vez mais importantes para avaliar a importância das áreas verdes para a
formação do microclima local. No estudo de Rocha e Specian (2016) os autores
constataram em seu estudo comparando duas áreas, uma urbana e uma rural no município
de Iporá – GO, que a temperatura urbana foi maior em 3°C em relação a área rural,
5

corroborando com a premissa de que a presença do componente vegetal é fator


determinante para a atenuação da temperatura do ambiente.

Ometto (1981) em seu estudo sobre bioclimatologia vegetal destaca que o


sombreamento promovido pela vegetação arbórea é capaz de promover a manutenção do
equilíbrio energético, isto se deve a maior resistência do solo absorver uma radiação
excessiva que promoveria o aumento da temperatura do ar.

Em virtude da gravidade das consequências da alteração do fluxo energético nos


grandes centros urbanos, são realizados cada vez mais estudos com o uso das tecnologias e
metodologias que utilizam o sensoriamento remoto, a fim de quantificar e monitorar os
ambientes das grandes cidades. A utilização do sensoriamento remoto possibilita
identificação no âmbito espectral, espacial e temporal da área de estudo, sendo possível
realizar uma correlação com imagens de satélite com dados meteorológicos e energéticos
permitindo a identificação das ilhas de calor (ALMEIDA et al., 2018).

Portanto, diante da necessidade de se conhecer mais a respeito da influência e importância


das áreas verdes urbanas para a atenuação das ilhas de calor dentro das grandes cidades,
este trabalho objetiva realizar uma análise temporal, contemplando os anos de 2005, 2010,
2015 e 2020, da temperatura em áreas específicas da região metropolitana de Goiânia e
analisar o efeito térmico causado pelas áreas verdes da região metropolitana de Goiânia.

2. METODOLOGIA

2.1. Localização e descrição da área de estudo


A área de estudo selecionada para este trabalho corresponde ao município de
Goiânia, estado de Goiás (Figura 1). Situa-se entre as coordenadas geográficas de
16°40’48’’ Latitude Sul e 49°15’18’’ Longitude Oeste, apresentando altitude de 760
metros. A área total da capital é de 732,8 km² e a população é estimada em 1.516.113
habitantes, apresentando assim uma densidade demográfica de 2.068,9 habitantes por km².
6

Figura 1- Mapa de Localização da Cidade de Goiânia-GO. Fonte: O autor.

2.2. Obtenção do índice de verde (NDVI)


O Normalized Difference Vegatation Index (NVDI) é o índice de vegetal mais
conhecido e mais utilizado nas análises de cobertura de solo. O NVDI é expresso pela
razão entre a diferença da medida da reflectância nos canais de infravermelho próximo e
vermelho e as somas destes canais, conforme descrito na equação 1, conforme descrito por
Rouse et al., (1973):

(ρ 4− ρ3)
NVDI =
( ρ 4+ ρ 3)

Em que:

ρ 4 – Infravermelho próximo;

ρ 3 – Vermelho.

2.3. Obtenção da temperatura de superfície via sensoriamento remoto


A radiância espectral será obtida conforme metodologia descrita por TEIXEIRA et
al., (2017) onde são determinados os números digitais de cada banda espectral do satélite
utilizado no estudo, Landasat7. Após a obtenção destes dados são calculados os valores de
albedo planetário seguindo a seguinte equação (2):

Lλ∗π∗d ²
apb=
Rab∗cosθ

Em que:
7

Lλ – radiância espectral da banda;

d²- distância da Terra ao Sol, em unidades astronômicas;

Rab- irradiância solar espectral média para cada banda (W/m²).

Para obtenção do valor de albedo da superfície serão adotados os procedimentos


descritos por Teixeira et al. (2008) que executa correções atmosféricas.

As radiâncias espectrais obtidas nas bandas dos satélites escolhidos para a análise
serão transformadas em temperatura radiométrica utilizando a Lei de Plank a fim de se
obter a temperatura de brilho (Tb), em Kelvin. As Tb de cada satélite obtidas na equação 3
serão somadas e divididas pelo número de bandas para descobrirmos a médias e por fim
será transformada em temperatura aerodinâmica conforme equação 4.

Equação 3:

K2
Tb=
K1
ln ⁡( )
Lb+1

Em que:

K1 e K2 são constantes de calibração de cada banda dos satélites;

Lb é a radiância espectral calculada na equação 1.

Equação 4:

T ST =1,0694∗Tb−20,173

Por fim, a temperatura encontrada na equação 3 será transformada em °C para melhor


comparação e análise dos dados.

Após a obtenção dos dados de temperatura de superfície e do índice de verde da área de


estudo serão analisados conjuntamente, por meio da estatística descritiva, a fim de se
identificar alguma correlação entre as informações encontradas.
8

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Clima e mudanças climáticas


O clima pode ser conceituado de várias maneiras, o conceito básico climatológico
define clima como uma descrição estática expressa por condições médias da normal
climatológica (30 anos) de um determinado local. A normal climatológica foi definida pela
Organização Mundial Meteorológica (OMM) com base em princípios estatísticos de
tendência.

Nas obras de Neto (2000) e Coltri (2006 apud CONTI, 2000) o clima é definido
pela soma das interações dos elementos climáticos, temperatura, umidade e precipitação,
com os processos físicos que estão relacionados com a atmosfera, os oceanos e as
superfícies terrestres. A associação destes elementos não é linear, sendo difícil prever o
comportamento do ambiente por conta da interação de todos os elementos, este é um dos
principais desafios no estudo do clima.

A alteração do ambiente, principalmente por causas antrópicas, afeta diretamente o


clima terrestre, observamos isso com uma análise temporal da temperatura mundial, que
vem aumentando significativamente desde a Revolução Industrial (COLTRI, 2006 apud
CONTI, 2000).

A mudança climática entrou em foco nos últimos anos, sendo pauta principal das
conferências mundiais desde Estocolmo em 1972. O IPCC (Intergovernamental Panel on
Climate Change, 2001) define mudança climática como alterações de clima por conta,
principalmente, das ações antrópicas. Já Santos (2000) conceitua mudança climática em
consonância com a OMM, entendendo que as alterações são inconsistências climáticas
independendo da sua natureza estatística ou de suas causas físicas.

Os dados dos relatórios do IPCC e os estudos de pesquisadores da área mostram


que as principais atividades que provocam alguma alteração climática são: a urbanização, a
industrialização, a agricultura, mineração e atividade de pecuária, a construção de lagos e
represamento de rios (PONGRACZ et al., 2006; COLTRI, 2006).

3.2. Fenômeno de ilhas de calor


O fenômeno de ilhas de calor vem sendo observado há muito tempo em áreas
urbanas, o primeiro estudo acerca deste tema data-se de 1818 realizado por Luke Howard
que detectou este “oásis inverso” provocado pelo excesso de calor artificial nos grandes
9

centros urbanos. O aumento da urbanização, muito associado ao êxodo rural que fez com
que as cidades aumentassem sua população substancialmente, fez com que este tema fosse
cada vez mais estudado, pois este processo potencializa os problemas associado a alteração
do meio ambiente natural (GARTLAND, 2010; HOWARD, 1818).

As ilhas de calor são caracterizadas como uma alteração da temperatura local


devido a transformações da paisagem provocadas pelo homem. Este fenômeno é
considerado uma anomalia térmica causada, principalmente, pelo desenvolvimento urbano.
Isto acontece pois em ambientes urbanos os padrões de reflectividade são dependentes
principalmente dos matérias de construção, haja visto que a área verde em grandes cidades
é deficiente (BIAS, et al., 2003; DE SOUZA et al., 2017).

3.3. Ilhas de frescor e conforto térmico


O conceito de ilhas de frescor foi trazido em estudos de Lombardo (1991) e Gomez
(1997) e está relacionado com a melhoria do conforto térmico associado com a ação das
áreas verdes no ambiente. As plantas, por conta de seus processos fisiológicos e pela sua
estrutura, promovem o aumento da umidade do microclima e consequente diminuição da
temperatura do ar promovendo o conforto térmico da população. Deste modo, as áreas
verdes urbanas tem relação direta com o microclima dos grandes centros urbanos.

Estudos acerca da influência das áreas verdes nas cidades têm aumentando
significativamente. O estudo de Rovani et al. (2010) que observou ilhas de frescor em
Santa Maria – RS encontrou uma diferença de 7°C na temperatura de áreas com vegetação
em relação a áreas vizinhas. Ferreira et al. (2015) em seus estudos sobre áreas verdes
urbanas em Uberlândia-MG constatou que a umidade relativa do ar em áreas com parques
era significativamente maior do que em áreas sem vegetação.

Podemos concluir que a influência da vegetação urbana é notória na definição da


sensação térmica nas cidades. São muitos os estudos que destacam que a inserção da
vegetação nas grandes cidades é fundamental para atenuação da temperatura e redução das
ilhas de calor. (WENG, 2003; WANG et al., 2019; DELGADO et al., 2012; ZHOU et al.,
2019).

3.4. Sensoriamento Remoto


Segundo uma classificação de Jensen (2007) o sensoriamento remoto é uma
ferramenta que funciona harmonicamente com as ciências sociais, físicas e biológicas. A
10

partir do sensoriamento é possível mensurar a quantidade de energia que emana de uma


área de estudo e a partir destes dados tirar informações importantes que podem ser
utilizadas de diversas formas. Essa quantificação só é possível por meio de instrumentos
como câmeras, scanners, dispositivos lineares e matriciais presentes nos satélites que
registram informações como: região do infravermelho, micro-ondas e espectro
eletromagnético.

Dentre as diversas vantagens de se utilizar essa tecnologia para as análises


climáticas estão o caráter não-intrunsivo, ou seja, não perturba nem altera o objeto ou a
área de interesse, e a possibilidade de fazer análises sistemáticas para áreas pontuais e
também para áreas muito grandes. Porém também possui algumas limitações como a falta
de calibração dos instrumentos de sensoriamento (JENSEN, 2007).

3.5. Parque Urbanos


As áreas verdes urbanas, ou parques urbanos, são áreas públicas destinadas ao
convívio social, lazer e contemplação. Os parques possuem as mais variadas funções,
podem ser destinados à proteção ambiental de espécies nativas do bioma aos quais estão
inseridos, ou função social, destinados a aproximação da sociedade com a natureza
(MACEDO, 2003; SILVA E PASQUALETTO, 2013).

Goiânia, segundo Guzzo (1998), possuía uma gestão que incentivou a criação de
diversos parques em diferentes regiões da cidade. Isso possibilitou a preservação de uma
grande extensão de área verde e, consequentemente, propiciou que mais pessoas pudesse
usufruir dos benefícios advindos destas áreas.

De acordo com o Plano Diretor de Goiânia e com o banco de dados da Agência


Municipal de Meio Ambiente (AMMA), atualmente a capital apresenta 191 parques e
bosque que foram implantados pela prefeitura, contando ainda com 30 unidades de
conservação localizadas em diferentes regiões da cidade, que objetivam o lazer, educação
ambiental, prática de esportes e o contato com a natureza através dos sentidos sensoriais
das pessoas.

3.5.1 Parque Municipal Areião


O parque Areião está localizado nos setores Marista e Pedro Ludovico, no entorno
da nascente do Córrego Areião. A área total do parque é de aproximadamente 360 mil m²,
já foi uma área abandonada no passado, mas hoje é um parque bem estruturado e um dos
11

principais motivos para a valorização imobiliária da região do seu entorno (Relatório do


Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás – CAU/GO).

3.5.2 Parque Vaca Brava


O parque Sulivan Silvestre, conhecido pelos populares como Parque Vaca Brava, é
um dos parques mais antigos de Goiânia, criado no ano de 1951, está localizado no setor
Bueno, apresentando uma área de 79.800 m², apresentando uma vegetação nativa do bioma
Cerrado (Relatório do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás – CAU/GO).

3.5.3 Parque Flamboyant


O Parque Flamboyant é um dos parques mais recentes da capital goiana, foi
inaugurado no ano de 2007 apresentando uma área de 127.572 m² localizados dentro do
Jardim Goiás, a área está alocada dentro da nascente do Córrego do Sumidouro e contendo
ainda outros dois lagos, nascentes e áreas de vereda (Relatório do Conselho de Arquitetura
e Urbanismo de Goiás – CAU/GO).

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Conforme Costa et al. (2007) o Normalized Difference Vegetation Index (NDVI) é
o índice que avalia a cobertura vegetal. O índice varia de -1 a +1, quanto mais próximo do
valor positivo de 1 maior a densidade vegetal do local e quanto mais próximo do valor
negativo de 1 menor a densidade de vegetação.

A partir da confecção dos mapas de NDVI (Figura 2), observa-se que a região com
menores valores de NDVI estão diretamente relacionadas com as áreas com ausência de
vegetação, na parte central da cidade de Goiânia, representadas pelas cores vermelho e
laranja nos mapas.

É notória a diferença sazonal dos índices dentro de um mesmo ano. Aquino &
Oliveira (2012) apud Santos & Negri, constatam a alta correlação entre o NDVI com o
nível precipitação e temperatura de cada época. Esta variação de pluviosidade e
temperatura que ocorrem de acordo com cada estação do ano influencia o comportamento
fisiológico das plantas, sendo então perceptível com a análise do NDVI.

Segundo Barbosa et al. (2006); Huxman et al. (2004) a sazonalidade climática, que
caracteriza as variações de precipitação, disponibilidade hídrica e temperatura, afetam as
12

características fisionômicas da vegetação, as quais refletem no índice de vegetação. Ou


seja, isto corrobora ainda mais na premissa de que o NDVI é altamente sensível à
sazonalidade climática e as consequências dela advindas.

A análise temporal foi realizada a fim de se encontrar algum comportamento da


vegetação da cidade de Goiânia ao longo destes 15 anos. Com os dados obtidos foi
possível encontrar uma tendência negativa da média do índice de cada período, porém a
diferença não se mostrou significativa.

Os parques e bosques presentes na cidade de Goiânia são facilmente destacados nos


mapas de NDVI, tanto na estação chuvosa quanto na seca, os maiores índices encontrados
dentro da região central da cidade estão presentes nas regiões onde existe a presença de
algum destes parques.

Figura 2- Evolução do NDVI nas diferentes épocas do ano dentro do período de 15 anos (2005-2020).

De modo geral, constata-se que dentro da área objeto do estudo as faixas das
classes do NDVI variaram de -0,001 a <0,5. Estes resultados coadunam aos dados obtidos
pelo estudo da dinâmica do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI)
realizado por Aquino e Oliveira (2012).
13

Para a análise dos parques selecionados para este estudo, observou-se o mesmo
comportamento já supracitado. A média do índice dentro do perímetro de cada parte possui
uma leve tendência negativa, observada principalmente na estação seca, porém as
diferenças das médias não foram significativas estatisticamente. Os gráficos abaixo
demonstram o comportamento do NDVI nas estações seca e chuvosa no decorrer dos anos
analisados.

Gráfico de dispersão do NDVI na estação


CHUVOSA de Goiânia (2005-2020)
0.45
0.4
0.35
0.3
0.25
NDVI

0.2
0.15
0.1
0.05
0
Série histórica da estação seca

Parque Areião Parque Vaca Brava Parque Flamboyant

Gráfico 1-Gráfico de dispersão do NDVI na estação chuvosa de Goiânia (2005-2020).

Gráfico de dispersão do NDVI na estação


SECA de Goiânia (2005-2020)
0.4
0.35
0.3
0.25
NDVI

0.2
0.15
0.1
0.05
0
Série histórica da estação seca

Parque Areião Parque Vaca Brava Parque Flamboyant

Gráfico 2-Gráfico de dispersão do NDVI na estação seca de Goiânia (2005-2020).


14

De acordo com os resultados do mapa de distribuição a temperatura superficial


terrestre na cidade de Goiânia (Figura 3), tem-se uma variação entre 17°C a 25°C para a
estação chuvosa e 21°C a 26°C para a estação seca. Sendo que as regiões com temperatura
mais amenas estão diretamente relacionadas a um valor de NDVI mais elevado, ou seja,
apresentando uma vegetação mais significante, excetuando-se os locais com água.

Figura 3- Evolução a temperatura superficial terrestre dentro do período objeto de estudo.

Pode-se conferir a variação de temperatura através dos gráficos de dispersão


demonstrados a seguir (Gráficos 3 e 4). A partir destes dados observamos que a
temperatura dos parques em Goiânia possui uma leve tendência positiva constatada no
período chuvoso, ou seja, dentro da amostra temporal é possível observar que com o passar
dos anos existe um aumento da temperatura superficial terrestre.

Estas médias de temperatura foram analisadas estatisticamente por meio de um


teste de Tukey a fim de confirmar se as temperaturas diferem significativamente e assim
confirmar a tendência mostrada graficamente. Os resultados encontram-se nas tabelas 1 e
2.

Tabela 1 – Médias de temperatura das áreas verdes no período chuvoso. ¹

Áreas Verdes 2005 2010 2015 2020


Parque Areião 17,5246 a 16,5143 a 21,6699 b 23,8249 c
Parque Vaca Brava 18,5972 a 18,6796 a 21,5032 b 23,8369 c
15

Parque Flamboyant 16,1325 b 13,2004 a 21,8828 c 23,1401 d


¹Médias seguidas por letras iguais, nas colunas, dentro de espaçamento, não diferem entre si pelo teste de
Tukey a 5%. CV: coeficiente de variação.

Tabela 2 – Médias de temperatura das áreas verdes no período seco. ¹

Áreas Verdes 2005 2010 2015 2020


Parque Areião 22,5547 a 24,4699 b 23,4782 a 24,3301 ab
Parque Vaca Brava 22,4915 a 23,1246 a 23,7335 a 23,6830 a
Parque Flamboyant 23,5143 a 23,2946 a 24,0291 a 24,4053 a
¹Médias seguidas por letras iguais, nas colunas, dentro de espaçamento, não diferem entre si pelo teste de
Tukey a 5%. CV: coeficiente de variação.

Gráfico de dispersão da temperatura dos Parques


objetos de estudo no período chuvoso (2005-2020)
30
25
Temperatura (°C)

20
15
10
5
0
2005 2010 2015 2020
Período Chuvoso (2005-2020)

Parque Areião Parque Vaca Brava Parque Flamboyant

Gráfico 3- Gráfico de dispersão da temperatura dos Parques objetos de estudo no período chuvoso (2005-
2020).
16

Gráfico de dispersão da temperatura dos Parques


objetos de estudo no período seco (2005-2020)
30
25
Temperatura (°C)

20
15
10
5
0
2005 2010 2015 2020
Período Seco (2005-2020)

Parque Areião Parque Vaca Brava Parque Flamboyant

Gráfico 4-Gráfico de dispersão da temperatura dos Parques objetos de estudo no período seco (2005-2020).

A partir da análise dos dados obtidos de temperatura e NDVI foi possível verificar,
através de uma análise de correlação, que as áreas com maior presença de vegetação, sendo
quantificadas com um maior índice de NDVI, favoreceram a diminuição da temperatura
superficial terrestre, por conta da diminuição de radiação solar que alcança a superfície,
estatisticamente os dados levantados demonstraram uma correlação de 0,70239
demonstrando a forte relação entre os dados. Estes resultados confirmam que as ilhas de
calor estão relacionadas a ambientes com baixo índice de vegetação, menores valores de
NDVI e alto índice de ocupação.

As áreas onde a vegetação era escassa ou ausente, presentes principalmente no


centro da cidade, representadas graficamente no mapa pelas cores Vermelho e Roxo,
influenciaram no aumento da temperatura, independente da estação. Os maiores índices de
vegetação, e consequente menor temperatura, foram encontradas nos principais parques da
cidade, sendo que sua área de influência apresentava, em média, cerca de 3,2°C menor do
que a temperatura média da cidade.

As áreas verdes dentro das grandes cidades são muito mais importantes do que se
imaginam. A presença da vegetação em meio a um ambiente totalmente antropizada, como
solo impermeável e com alta capacidade de reter calor, contribui para a melhoria do
conforto ambiental. À face disto, os estudos de Dacanal, Labaki e Silva (2010) contribuem
com a hipótese de que o elemento vegetacional deve ser integrado aos projetos urbanos,
como forma de atenuar as condições microclimáticas e, em consequência disto, melhorar o
desempenho térmico nas construções.
17

Corroborando com os estudos de Dacanal, Labaki e Silva, Sattler (1992) relata que
a umidade do ar pode aumentar significativamente, graças à atividade de evapotranspiração
na fisiologia das árvores melhorando o desempenho térmico das edificações, devido ao
fato de que a vegetação pode absorver até 90% da energia solar, elementos inertes (como
superfícies totalmente pavimentadas), que apresentam uma refletância muito elevada
podem resfriar-se.

5. CONCLUSÕES
A partir dos resultados obtidos dentro deste estudo foi possível concluir que a
expansão urbana dentro dos 15 anos na cidade de Goiânia-GO pode estar diretamente
relacionada com o aumento da temperatura superficial terrestre dentro dos anos analisados,
por mais que não foi encontrada uma diferença significativa, o NDVI também apresentou
uma tendência negativa de sua média, demonstrando que o índice de vegetação vem se
reduzindo com o passar dos anos.

Foi evidente a diferença de temperatura dentro dos parques urbanos, sendo possível
identificar uma diferença de 3,2°C da média da temperatura do centro da cidade. Indicando
que estas áreas verdes possuem influência significativa na criação de um microclima que
consegue atenuar os efeitos negativos das ilhas de calor.
18

6. REFERÊNCIAS

1. ALMEIDA, L. M. DE S. et al. Determinação da temperatura de superfície com uso do


sensor termal do landsat 8. Conexão Eltetrônica, p. 10, 2018.
2. BARBOSA, H. A.; HUETE, A. R.; BAETHGEN, W. E. A 20-year study of NDVI
variability over the Northeast region of Brazil. Journal of Arid Environments, London,
GB. v. 67, n. 2, p. 288-307, 2006.
3. BIAS, E. S.; BAPTISTA, G. M. M.; LOMBARDO, M. A. Análise do fenômeno de
Ilhas de Calor urbana por meio de combinação de dados Landsat e Ikonos. Simpósio
Brasileiro de Sensoriamento Remoto, p. 1741–1748, 2003.
4. COLTRI, P. P. Influência do uso e cobertura do solo no clima de Piracicaba, São
Paulo: Análise de séries históricas, ilhas de calor e técnicas de sensoriamento remoto.
Universidade de São Paulo, p. 166, 2006.
5. DACANAL, Cristiane; LABAKI, Lucila Chebel; SILVA, Talita Meulman Leite da.
Vamos passear na floresta! O conforto térmico em fragmentos florestais urbanos.
Ambiente Construído, v. 10, n. 2, p. 115-132, 2010.
6. DE SOUZA, B. P. et al. Análise Espacial de Ilhas de Calor da Área Urbana de
Manaus a partir de imagens Landsat 8. Santos: [s.n.].
7. DELGADO, R. C. et al. Uso do sensoriamento remoto na estimativa dos efeitos de
ilhas de calor Use of Remote Sensing in Estimation of Urban Heat Island Effects.
Revista Brasileira de Ciências Ambientais, v. 25, n. 1808–4524, p. 69–80, 2012.
8. FERREIRA, L.; CARRILHO, S.; MENDES, P. Áreas Verdes Urbanas: Uma
Contribuição Aos Estudos Das Ilhas De Frescor. Brazilian Geographical Journal:
Geosciences and Humanities research medium, v. 6, n. 2, p. 101–120, 2015.
9. GARTLAND, L.Ilhas de Calor. São Paulo: Oficina de Textos, 2010.
10. GOMEZ, A. L. El clima urbano: teledetección de la isla de calor em Madrid.
Ministerio de Obras Pubicas y transportes, p. 157, 1997.
11. GUZZO, P. Conceitos e Definições. São Paulo: USP, 1998. Disponível em:
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