Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA E TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
ENERGIA GEOTÉRMICA
MOSSORÓ
2022
ALVARO FELIX DE FREITAS
BRUNO CARNEIRO PEREIRA SOARES
GEISIANE XAVIER DE MATOS
IGOR VINICIUS DE LIMA BORGES
ENERGIA GEOTÉRMICA
MOSSORÓ
2022
LISTA DE FIGURAS
1 INTRODUÇÃO ……………………………...……………...…………. 5
2 REFERENCIAL TEÓRICO... ……………............…………………... 6
2.1 Aspectos Gerais da Energia Geotérmica ……………………………… 6
2.2 Tipos de Usinas Geotérmicas.………………………………………… 11
2.3 Energia Geotérmica Mundial …………………….......……………… 12
2.3.1 Uso da Energia Geotérmica na Islândia………………………………….. 13
2.4 Energia Geotérmica no Brasil....... ….........…………………………... 14
2.5 Energia Geotérmica no Rio Grande do Norte..................................... 15
Diante dos diversos problemas ambientais provenientes da exploração das fontes não-
renováveis de energia, como a nuclear e as fósseis, surge a necessidade de diversificação das
matrizes energéticas através de fontes de energias renováveis. Uma dessas fontes é a energia
geotérmica, oriunda do calor do interior da terra, uma alternativa sustentável e ambientalmente
viável (OZGENER; HEPBASLI; DINCER ,2007).
No seu processo de arrefecimento, o calor do interior da terra pode ser dissipado em
qualquer ponto da superfície terrestre. De acordo com Bicudo (2010) existem regiões onde a
libertação deste calor é mais intensa, normalmente coincidente com zonas ativas das fronteiras
das placas tectônicas do globo.
Lund, Freeston e Boyd (2010) afirmam que a exploração de energia geotérmica já é
crescente em diversos países do mundo e que várias universidades na Austrália estão
executando estudos do potencial de utilização da energia. Na maioria das vezes, a energia
geotérmica é utilizada em centrais geotérmicas para geração de eletricidade, no entanto estes
pesquisadores demonstraram de forma clara que esta forma de energia pode ser utilizada em
países onde não existem atividades vulcânicas, pois os recursos geotermais de baixa e média
temperatura também pode ser utilizados diretamente, como para o aquecimento de caldeiras, de
ambientes, além de fins recreativos e turísticos.
Levando em consideração o que foi exposto, o presente trabalho tem como objetivo
avaliar o potencial geotermal mundial e do Brasil, bem como avaliar o potencial presente no
Rio Grande do Norte, suas aplicações e limitações nesses cenários. Nesse contexto, a pesquisa
faz-se relevante devido à necessidade cada vez maior de explorar fontes de energias
alternativas, sustentáveis, acessíveis e ambientalmente corretas. A energia geotérmica
corresponde a estes requisitos e sua viabilização depende apenas de estudos mais aprimorados
para que os possíveis investimentos nessa área sejam feitos de forma mais assertiva.
5
2 REFERENCIAL TEÓRICO
6
Fonte: (BEN 2021).
Primeiramente é importante conhecer a estrutura básica do planeta terra, ele possui três
frações principais, que são: a Crosta, que pode ser continental (mais espessa) ou oceânica
compreende de 5 a 80 km, com temperaturas variando até 400°; Manto, superior e inferior,
compreendendo de 90 a 2900 km e temperaturas variando até 3000°C; Núcleo, externo e
interno, de 2900 a 6400 km, variando de 4000 a 6000°C. (LEITE; NUMMER, 2014). A seguir
Figura 3 com os componentes do planeta:
7
Fonte: Minasjr (2020).
A combinação desse calor proveniente do interior da Terra com o movimento das placas
tectônicas estabelece gradientes de temperatura ao longo da crosta. Os reservatórios
geotérmicos preenchem os espaços vazios entre as rochas ou placas, podendo infiltrar por
quilômetros. Essa água em contato com as rochas aquecidas é utilizada para captação de calor
(RABELO; OLIVEIRA, et al., 2002). O calor captado é armazenado como calor sensível ou
latente, para posteriormente tornar-se energia mecânica e finalmente energia elétrica
(CLAUSER, 2006).
A energia geotérmica superficial, com entalpias menores que 30°C, podem ser utilizadas
para garantir o aquecimento e arrefecimento, com uso de bombas de calor, sejam em
residências, na produção agrícola ou turismo (IDEA, 2012). A profundidade de 0,5m está mais
sujeita a variações, com profundidades acima de 1,5m a inércia térmica diminui e a temperatura
tende a se manter constante, sofrendo variações ao longo de grandes distâncias, o
8
que caracteriza o gradiente térmico (FLORIDES; KALOGIROU, 2004, 2005). A seguir Figura
4, com a relação entre temperatura e profundidade:
10
Figura 7 - Sistema de Bombas Geotérmicas.
O uso indireto realizado nas usinas geotérmicas ocorre por meio da perfuração do
subsolo, onde a água ali presente tenha mais de 150° devido ao contato com o magma e outras
rochas aquecidas. Os tubos instalados ao longo das perfurações permitem que o vapor d’água
vá até a central geotérmica, movimentando as pás das turbinas, tornando a energia mecânica
em elétrica, através de um gerador (CLAUSER, 2006). Ao final do processo a água é levada
para resfriamento em uma torre e reinjetada no reservatório subterrâneo onde será aquecida
novamente pelo contato com as rochas quentes.
Existem três tipos de usinas geotérmicas: Ciclo Binário; Vapor Seco e Vapor Flash. A
usina de vapor seco foi o primeiro tipo a ser construída com o objetivo de gerar energia elétrica,
por Prince Piero Ginori Conti, o fluido do reservatório é exclusivamente vapor, que é levado
por meio de tubulações até a central elétrica, direcionando-o até a turbina que irá girar e seu
gerador irá converter energia mecânica em elétrica, o vapor condensado após a geração de
eletricidade é utilizado na torre de resfriamento, parte dele é injetado no reservatório e o restante
é liberado para atmosfera (ESCOBAR, 2014).
Por sua vez, as usinas binárias ocorrem em ciclo fechado, utilizando um segundo fluido,
chamado fluido de trabalho, com ponto de ebulição menor que o fluido geotérmico (água
aquecida), graças a essa propriedade ele evapora mais rapidamente e é direcionado até as
turbinas da central elétrica. Nesses sistemas o geo fluido não entra em contato com as turbinas,
11
reduzindo prejuízos caso seja corrosivo ou possua temperatura abaixo de 150°C, isto é, locais
com média entalpia (ESCOBAR, 2014).
A Islândia é um dos países do mundo com mais recursos geotérmicos e com uma
melhor aplicação das energias renováveis. Retira 99% da sua eletricidade e 78% da sua
energia primária a partir da soma dos seus recursos hídricos e geotérmicos, e pretende tornar-
se na primeira sociedade energeticamente autónoma. O governo islandês acredita que é
possível retirar 20 TWh/ano a partir do potencial geotérmico. Esta grande quantidade de
energia deverá permitir um excesso de eletricidade capaz de alimentar a produção industrial
de hidrogénio (SALES, 2018).
13
2.4 Energia Geotérmica no Brasil
Energia geotérmica apresenta um espectro de pesquisa e métodos de usos em diferentes
fases de desenvolvimento na engenharia e na economia. Amplamente, os recursos acontecem
naturalmente nas formas de vapor, água quente (aquíferos) e pedras quentes e a fase de
desenvolvimento é ditada pela disponibilidade natural e o custo de extração.
Possuindo 6.430.000 km² de bacias sedimentares, dos quais 4.880.000 km² terrestres
(60% do total) e 1.550.000 km² na plataforma continental. As bacias sedimentares brasileiras
podem ser alvo de interesse pelas dimensões e especialmente pela presença de grandes
províncias ígneas (LIP – large igneous provinces) interestratificadas, além do tipo
geopressurizado.
A América do Sul possui entalpias entre 100 e 120 MW/m², com projetos na Argentina,
Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru. No Brasil as maiores entalpias variam entre 80 e 100
MW/m², sendo que o Norte apresenta o menor potencial, com cerca de 40 MW/m² (HAMZA
et al., 2008). No país há potencial para altas temperaturas geotérmicas em Fernando de Noronha
e Trindade, já para baixas temperaturas nas regiões de Goiás, Mato Grosso e Santa Catarina
(ARBOIT et al., 2013). Dentre as principais utilizações está o Turismo e a Recreação, em
banhos termais por exemplo, como em Caldas Novas (GO), Pirituba (SC), Araxá (MG),
Olímpia, Águas de Lindóia e Águas de São Pedro (SP) (VICHI; MANSOR, 2009).
Segundo Rabelo et al. (2002) o Aquífero Guarani possui temperaturas próximas a 70°C,
baixa entalpia, mas com aproveitamento agrícola, na climatização dos abrigos de animais e
secagem de grãos, processos industriais que demandam aquecimento, abastecimento público e
turismo. O Aquífero compreende porções de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São
14
Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Com área de aproximadamente 1.196.500
km², sendo que 840.800 km² está presente no Brasil e os demais na Argentina, Paraguai e
Uruguai. (RIBEIRO, 2008).
15
Figura 10 - Mapa de fluxo de calor geotérmico para a América do Sul.
16
Elas possuem os chamados quatro principais macro elementos: sódio, potássio, magnésio e
cálcio, de alto poder energético, com benefícios à digestão, distúrbios estomacais, prevenção à
osteoporose e problemas circulatórios.
17
2.6 Vantagens e Desvantagens
Dentre os principais benefícios dessa fonte está sua independência das condições
meteorológicas, diferente da energia solar e eólica, além disso a água extraída pode ser
reinjetada na crosta terrestre.
18
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O calor que vem do interior da terra é uma fonte de energia limpa que está à disposição
em várias regiões do planeta, podendo ser utilizada para gerar eletricidade e para diversos usos
diretos a qualquer hora do dia. Se ao decorrer do avanço das tecnologias sólidas e viáveis para
a exploração e aproveitamento da energia geotérmica alcançarem índices desejáveis para a sua
exploração independentemente da localização, será possível alcançar uma revolução energética
e reduzir de maneira significativa a dependência do homem por combustíveis fósseis.
Onde o Brasil apesar de não ser um país com atividades vulcânicas ou que esteja
localizado sobre intrusões magmáticas, o país dispõe de um grande potencial geotérmico para
uso direto e/ou para a implantação de centrais geotérmicas sintéticas. De maneira que o nordeste
brasileiro, com destaque para a cidade de Mossoró no Rio Grande do Norte já utiliza este
potencial para fins diretos.
19
REFERÊNCIAS
20
Energia Geotérmica ou Energia Geotermal: Energia Geotérmica no Mundo. Disponível
em: <http://conhecaenergiageotermica.blogspot.com/2013/09/energia-geotermica-no-
mundo.html>. Acesso em: 12 set. 2022.
EPE. Empresa de Pesquisa Energética - Brasil. Matriz energética e elétrica 2021: Ano base
2021/ Empresa de Pesquisa Energética. Rio de Janeiro: EPE. Disponível em: <
https://www.epe.gov.br/pt/abcdenergia/matriz-energetica-e-eletrica >. Acesso em: 12 set.
2022.
21
IDEA. Instituto para la Diversificácion y Ahorro de la Energía (Espanha). Área Tecnológica:
Geotermia. Mapa Tecnológico: Calor y Frío Renovables. Observatorio tecnológico de la
energia, 2012. Disponível em: <
https://www.idae.es/uploads/documentos/documentos_Calor_y_Frio_Renovables_Geotermia
_30012012_global_196afed7.pdf >. Acesso em: 30 ago. 2022.
IPCC. The Intergovernmental Panel on Climate Change. (2018). Summary for Policymakers.
In: Global Warming of 1.5°C.An IPCC Special Report on the impacts of global warming of
1.5°C above pre-industrial levels and related global greenhouse gas emission pathways, in the
context of strengthening the global response to the threat of climate change, sustainable
development, and efforts to eradicate poverty [Masson-Delmotte, V., P. Zhai, H.-O. Pörtner,
D. Roberts, J. Skea, P.R. Shukla, A. Pirani, W. Moufouma-Okia, C. Péan, R. Pidcock, S.
Connors, J.B.R. Matthews, Y. Chen, X. Zhou, M.I. Gomis, E. Lonnoy, T. Maycock, M.
Tignor, and T. Waterfield (eds.)]. In Press. Disponível em: <
https://www.ipcc.ch/site/assets/uploads/sites/2/2019/05/SR15_SPM_version_report_LR.pdf
>. Acesso em: 7 set. 2022.
22
AMBIENTAL, 8., 2017, Campo Grande: IBEAS, 2017. Disponível em: <
https://www.ibeas.org.br/congresso/Trabalhos2017/X-005.pdf >. Acesso em: 30 ago. 2022.
OZGENER, L.; HEPBASLI, A.; DINCER, I. Parametric study of the effect of dead state on
energy and exergy efficiencies of geothermal district heating systems. Heat Transfer
Engineering. 2007. Disponível em: Acesso em: 8 set. 2022.
23
<https://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/2325#:~:text=Um%20sistema%20de%20a
valia%C3%A7%C3%A3o%20do,foi%20monitorado%20a%20temperatura%20ambiente>.
Acesso em: 13 set de 2022.
SANCHES, Ítalo S.; SANCHES, Édipo S.; OMIDO, A. R.; BARBOZA, C. S.; JORDAN, R.
A. Prelúdio para utilização da energia geotérmica superficial na climatização do ambiente
construído na Cidade de Naviraí, Estado do Mato Grosso do Sul, Brasil. Research, Society
and Development, [S. l.], v. 9, n. 10, p. e4909108864, 2020. DOI: 10.33448/rsd-v9i10.8864.
Disponível em: <https://www.rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/8864 >. Acesso em:
14 set. 2022.
SANNER, Burkhard. Geothermal energy opportunities for desert regions. In: Proceedings
of the global conference on renewable energy approaches for DEsert Regions [GCREADER].
Le Royal Hotel Amman, Jordan, p. 18-22. 2006. Disponível em:< http://www.sanner-
geo.de/media/GCREADER$20Amman$2006$20Sanner.pdf >
Acesso em: 13 set. 2022.
USDOE. Top 10 Things You Didn’t Know about Enhanced Geothermal Systems. 2015.
Disponível em:< http://energy.gov/articles/ Acesso em: 9 jul. 2015.
VICHI, Flavio Maron; MANSOR, Maria Teresa Castilho. Energia, meio ambiente e
economia: o Brasil no contexto mundial. Revista Quim. Nova, v.32, n.3, p.757-767, 2009.
ISSN 1678-7064 versão on-line. Disponível em:
http://submission.quimicanova.sbq.org.br/qn/qnol/2009/vol32n3/18-
QN09061.pdf?agreq=energia%20meio%20ambiente&agrep=jbcs,qn,qnesc,qnint,rvq. Acesso
em: 10 set. 2022.
24
25