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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA E TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

ALVARO FELIX DE FREITAS


BRUNO CARNEIRO PEREIRA SOARES
GEISIANE XAVIER DE MATOS
IGOR VINICIUS DE LIMA BORGES

ENERGIA GEOTÉRMICA

MOSSORÓ
2022
ALVARO FELIX DE FREITAS
BRUNO CARNEIRO PEREIRA SOARES
GEISIANE XAVIER DE MATOS
IGOR VINICIUS DE LIMA BORGES

ENERGIA GEOTÉRMICA

Relatório apresentado ao Curso de Graduação em


Engenharia Elétrica da Universidade Federal Rural do
Semi Árido, como requisito avaliativo de uma parte da
nota referente a segunda Unidade da disciplina de Usinas
Geradoras de Energia I.

Orientador: Prof.ª Fabiana Karla de Oliveira Martins Varella Guerra

MOSSORÓ
2022
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Matriz Energética Mundial ...............................….………………....……… 7


Figura 2 – Matriz Energética Nacional .......................................….…………....……… 8
Figura 3 – Estrutura do Planeta Terra …...............................………………..………... 9
Figura 4 – Temperatura sob Diferentes Profundidades ......………………………….. 10
Figura 5 – Temperatura da Terra ao Longo do Ano......……………………...….……. 10
Figura 6 – Sistema de Bombas Geotérmicas para Calefação e Refrigeração....……..... 11
Figura – Sistemas de Bomba Geotérmica...................………………………………. 12
7
Figura 8 – Usinas Geotérmicas...................................…...……………………….……. 13
Figura 9 – Países com Produção de Energia Geotérmica......…............................……. 14
Figura – Mapa de fluxo de calor geotérmico para a América do Sul.......…....……....16
10
Figura – Funcionamento de uma Enhanced Geothermal System.......……...………....17
11
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ……………………………...……………...…………. 5
2 REFERENCIAL TEÓRICO... ……………............…………………... 6
2.1 Aspectos Gerais da Energia Geotérmica ……………………………… 6
2.2 Tipos de Usinas Geotérmicas.………………………………………… 11
2.3 Energia Geotérmica Mundial …………………….......……………… 12
2.3.1 Uso da Energia Geotérmica na Islândia………………………………….. 13
2.4 Energia Geotérmica no Brasil....... ….........…………………………... 14
2.5 Energia Geotérmica no Rio Grande do Norte..................................... 15

2.6 EGS – Enhanced Geothermal System................................................... 17

2.7 Vantagens e Desvantagens...................................................................... 18

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ………………………………………... 19


REFERÊNCIAS ……………………………………………………... 20
1 INTRODUÇÃO

Diante dos diversos problemas ambientais provenientes da exploração das fontes não-
renováveis de energia, como a nuclear e as fósseis, surge a necessidade de diversificação das
matrizes energéticas através de fontes de energias renováveis. Uma dessas fontes é a energia
geotérmica, oriunda do calor do interior da terra, uma alternativa sustentável e ambientalmente
viável (OZGENER; HEPBASLI; DINCER ,2007).
No seu processo de arrefecimento, o calor do interior da terra pode ser dissipado em
qualquer ponto da superfície terrestre. De acordo com Bicudo (2010) existem regiões onde a
libertação deste calor é mais intensa, normalmente coincidente com zonas ativas das fronteiras
das placas tectônicas do globo.
Lund, Freeston e Boyd (2010) afirmam que a exploração de energia geotérmica já é
crescente em diversos países do mundo e que várias universidades na Austrália estão
executando estudos do potencial de utilização da energia. Na maioria das vezes, a energia
geotérmica é utilizada em centrais geotérmicas para geração de eletricidade, no entanto estes
pesquisadores demonstraram de forma clara que esta forma de energia pode ser utilizada em
países onde não existem atividades vulcânicas, pois os recursos geotermais de baixa e média
temperatura também pode ser utilizados diretamente, como para o aquecimento de caldeiras, de
ambientes, além de fins recreativos e turísticos.
Levando em consideração o que foi exposto, o presente trabalho tem como objetivo
avaliar o potencial geotermal mundial e do Brasil, bem como avaliar o potencial presente no
Rio Grande do Norte, suas aplicações e limitações nesses cenários. Nesse contexto, a pesquisa
faz-se relevante devido à necessidade cada vez maior de explorar fontes de energias
alternativas, sustentáveis, acessíveis e ambientalmente corretas. A energia geotérmica
corresponde a estes requisitos e sua viabilização depende apenas de estudos mais aprimorados
para que os possíveis investimentos nessa área sejam feitos de forma mais assertiva.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Aspectos Gerais da Energia Geotérmica

Segundo dados da Agência Internacional de Energia (IEA) a matriz energética é


composta principalmente por combustíveis fósseis como petróleo, carvão e gás natural,
abaixo podemos verificar na Figura 1 a distribuição das fontes:

Figura 1 – Matriz Energética Mundial.

Fonte: IEA (2021).

Os 2% correspondem a fontes renováveis solar, geotérmica e eólica, somada a


biomassa e hidráulica compreendem a aproximadamente 14%. Considerando o cenário
nacional é possível concluir que pouco mais de 48% são fontes renováveis, vistos na Figura
2:

Figura 2 – Matriz Energética Nacional.

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Fonte: (BEN 2021).

A dependência por fontes de energia poluentes como os derivados do petróleo gera


preocupação, principalmente levando em consideração as mudanças climáticas observadas
nas últimas décadas, intensificadas pelas emissões de gases de efeito estufa (GEE) pelas
indústrias e a produção agrícola (PEREIRA, HORN & DOS SANTOS, 2010). Estima-se
um aumento de 1,5°C na temperatura global entre os anos de 2030 e 2050 causando pela
emissão desses gases (Intergovernmental Panel on Climate Change [IPCC], 2018). Logo, é
imprescindível que ampliação de fontes alternativas seja realizada, a exemplo, no Brasil
26,1% e 17,4% da energia elétrica consumida provém dos usos residenciais e comerciais
(EPE, 2020), senda a energia geotérmica uma opção para redução do consumo.

Primeiramente é importante conhecer a estrutura básica do planeta terra, ele possui três
frações principais, que são: a Crosta, que pode ser continental (mais espessa) ou oceânica
compreende de 5 a 80 km, com temperaturas variando até 400°; Manto, superior e inferior,
compreendendo de 90 a 2900 km e temperaturas variando até 3000°C; Núcleo, externo e
interno, de 2900 a 6400 km, variando de 4000 a 6000°C. (LEITE; NUMMER, 2014). A seguir
Figura 3 com os componentes do planeta:

Figura 3 – Estrutura do Planeta Terra.

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Fonte: Minasjr (2020).

A combinação desse calor proveniente do interior da Terra com o movimento das placas
tectônicas estabelece gradientes de temperatura ao longo da crosta. Os reservatórios
geotérmicos preenchem os espaços vazios entre as rochas ou placas, podendo infiltrar por
quilômetros. Essa água em contato com as rochas aquecidas é utilizada para captação de calor
(RABELO; OLIVEIRA, et al., 2002). O calor captado é armazenado como calor sensível ou
latente, para posteriormente tornar-se energia mecânica e finalmente energia elétrica
(CLAUSER, 2006).

A entalpia é utilizada para classificação da energia geotérmica e pode ser entendida


como a temperatura que a água é capaz de transferir o calor das rochas até a superfície. A Baixa
e Média Entalpia possuem utilização direta em residências, indústrias, para secagem, recreação
e turismo. Já para utilização indireta faz uso da Alta Entalpia, aplicada à geração de eletricidade,
que ocorre em locais semelhantes às usinas convencionais (CAMPOS; SCARPATI et al.,
2017). Dividida em: alta entalpia, temperaturas maiores de 150°C; média entalpia, temperaturas
entre 90 e 150°C; baixa entalpia, temperaturas entre 30 e 90°C e muito baixa entalpia,
temperaturas menores que 30°C (TRILLO; ANGULO, 2008).

A energia geotérmica superficial, com entalpias menores que 30°C, podem ser utilizadas
para garantir o aquecimento e arrefecimento, com uso de bombas de calor, sejam em
residências, na produção agrícola ou turismo (IDEA, 2012). A profundidade de 0,5m está mais
sujeita a variações, com profundidades acima de 1,5m a inércia térmica diminui e a temperatura
tende a se manter constante, sofrendo variações ao longo de grandes distâncias, o
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que caracteriza o gradiente térmico (FLORIDES; KALOGIROU, 2004, 2005). A seguir Figura
4, com a relação entre temperatura e profundidade:

Figura 4 – Temperatura da Terra sob Diferentes Profundidades.

Fonte: Florides e Kalogirou (2005).

Segundo Florides de Kalogirou (2005) as temperaturas mantem os mesmos valores ao


logo do ano conforme as profundidades aumentam, apresentando valores próximos a
temperaturas do ambiente externo, essa estabilidade garante maior segurança para climatização
dos ambientes e demais aplicações, a Figura 5 melhor representa essas conclusões:

Figura 5 – Temperatura da Terra ao Longo do Ano.

Fonte: Florides e Kalogirou (2005).

As bombas geotérmicas utilizadas em edificações possibilitam a troca de calor no


período quente e frio, já que podem absorver calor do solo e levar até a residência ou retirar
calor da residência e levar até o solo (FLORIDES; KALOGIROU, 2004, 2005). Semelhante a
um dispositivo de refrigeração comum pode refrigerar ou aquecer o ambiente, a bomba
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possui uma válvula de expansão e um compressor como elementos básicos. Possui assim um
Circuito Primário que é caracterizado por um sistema de tubos no subsolo e um Circuito
Secundário, com tubulações junto as paredes e pisos interior da edificação, é nesse trajeto que
que o fluido sofre sucessivas compressões e expansões. Sistemas como esse possibilitam uma
redução nas emissões de dióxido de carbono, além do seu uso durante todo o ano mesmo sob
diferentes condições de temperatura, reduzindo ainda a necessidade de climatização
convencional (SANCHES; OMIDO, 2019; LÓPEZ, 2018). A Figura 6 apresenta o esquema de
funcionamento de uma bomba geotérmica do período frio e quente:

Figura 6 – Sistema de Bombas Geotérmicas para Calefação e Refrigeração.

Fonte: López (2018).

Por sua vez, a Figura 7 também representa um esquema do sistema de aquecimento


fechado, com uma bomba geotermal ligada ao circuito primário presente no subsolo e ao
circuito secundário ligado a edificação:

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Figura 7 - Sistema de Bombas Geotérmicas.

(A) Sistema Horizontal. (B) Sistema Vertical.

Fonte: Sanches e Omido (2019).

2.2 Tipos de Usinas Geotérmicas

O uso indireto realizado nas usinas geotérmicas ocorre por meio da perfuração do
subsolo, onde a água ali presente tenha mais de 150° devido ao contato com o magma e outras
rochas aquecidas. Os tubos instalados ao longo das perfurações permitem que o vapor d’água
vá até a central geotérmica, movimentando as pás das turbinas, tornando a energia mecânica
em elétrica, através de um gerador (CLAUSER, 2006). Ao final do processo a água é levada
para resfriamento em uma torre e reinjetada no reservatório subterrâneo onde será aquecida
novamente pelo contato com as rochas quentes.

Existem três tipos de usinas geotérmicas: Ciclo Binário; Vapor Seco e Vapor Flash. A
usina de vapor seco foi o primeiro tipo a ser construída com o objetivo de gerar energia elétrica,
por Prince Piero Ginori Conti, o fluido do reservatório é exclusivamente vapor, que é levado
por meio de tubulações até a central elétrica, direcionando-o até a turbina que irá girar e seu
gerador irá converter energia mecânica em elétrica, o vapor condensado após a geração de
eletricidade é utilizado na torre de resfriamento, parte dele é injetado no reservatório e o restante
é liberado para atmosfera (ESCOBAR, 2014).

Por sua vez, as usinas binárias ocorrem em ciclo fechado, utilizando um segundo fluido,
chamado fluido de trabalho, com ponto de ebulição menor que o fluido geotérmico (água
aquecida), graças a essa propriedade ele evapora mais rapidamente e é direcionado até as
turbinas da central elétrica. Nesses sistemas o geo fluido não entra em contato com as turbinas,

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reduzindo prejuízos caso seja corrosivo ou possua temperatura abaixo de 150°C, isto é, locais
com média entalpia (ESCOBAR, 2014).

As usinas flash funcionam utilizando reservatórios de água que ao chegarem à superfície


dos poços sofrem uma variação brusca de pressão, porção dele torna-se vapor e a outra
permanece líquida, sendo injetada novamente no reservatório, o vapor é utilizado para
movimentar as turbinas, assim como nas usinas anteriores. Geralmente captam água em maiores
profundidades, com temperaturas acima de 150°C, mais próximas do magma, a água quente
possui altas pressões que ao entrarem com contato com regiões ou reservatórios de baixa
pressão vaporiza (ESCOBAR, 2014). A Figura 8 apresenta um esquema simples de
funcionamento de usinas geotérmicas:

Figura 8 – Usinas Geotérmica.

Fonte: Enel Green Power.

2.3 Energia Geotérmica Mundial


Atualmente, cerca de 25 países do planeta utilizam a energia geotérmica, sendo o Brasil
um país que não apresenta grande potencial de energia geotérmica, uma vez que ela é explorada,
em maior parte, nos locais do planeta onde surgem as áreas de transição entre as placas
tectônicas. Os três países com maior produção de energia geotérmica no mundo são: os Estados
Unidos, as Filipinas e a Indonésia. Além deles, outros países têm optado pela produção de
energia geotérmica, tais quais a China, Japão, Chile, México, França, Alemanha, Suíça,
Hungria, Islândia.
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Figura 9 - Países com Produção de Energia Geotérmica.

Fonte: IPCC (2010).

2.3.1 Uso da energia geotérmica na Islândia


Cerca de 72% da energia utilizada na Islândia é renovável e o aquecimento geotérmico
garante o aquecimento de 87% das habitações. Os EUA é a maior produtora de energia
geotérmica. A Suíça detém o recorde na exploração do calor do interior da terra e é o país
com maior densidade de usinas geotérmicas do mundo. No entanto, não existem Usinas para a
produção de eletricidade, ao contrário da Itália que há um século é a pioneira nesse ramo. A
Itália produz cerca de 5 bilhões de kWh de eletricidade por ano, um montante que cobre as
necessidades de energia de cerca de 2 milhões de famílias. Mas nenhum lugar a energia
geotérmica é tão presente como na Islândia – seus 575 MW de capacidade instalada, número
que pode dobrar até 2018.

A Islândia é um dos países do mundo com mais recursos geotérmicos e com uma
melhor aplicação das energias renováveis. Retira 99% da sua eletricidade e 78% da sua
energia primária a partir da soma dos seus recursos hídricos e geotérmicos, e pretende tornar-
se na primeira sociedade energeticamente autónoma. O governo islandês acredita que é
possível retirar 20 TWh/ano a partir do potencial geotérmico. Esta grande quantidade de
energia deverá permitir um excesso de eletricidade capaz de alimentar a produção industrial
de hidrogénio (SALES, 2018).

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2.4 Energia Geotérmica no Brasil
Energia geotérmica apresenta um espectro de pesquisa e métodos de usos em diferentes
fases de desenvolvimento na engenharia e na economia. Amplamente, os recursos acontecem
naturalmente nas formas de vapor, água quente (aquíferos) e pedras quentes e a fase de
desenvolvimento é ditada pela disponibilidade natural e o custo de extração.

A existência de um grande gradiente de temperatura não é o único critério para julgar a


utilidade de uma área geotérmica. A presença de fontes de água quente ou gases é também
exigida e a associação da água com um alto gradiente depende de condições geotérmicas. No
Brasil, há dois grandes e importantes aquíferos: o Guarani, situado no Centro-sul e que se
estende por outros países, além do aquífero Alter do Chão, localizado na região Norte.

Possuindo 6.430.000 km² de bacias sedimentares, dos quais 4.880.000 km² terrestres
(60% do total) e 1.550.000 km² na plataforma continental. As bacias sedimentares brasileiras
podem ser alvo de interesse pelas dimensões e especialmente pela presença de grandes
províncias ígneas (LIP – large igneous provinces) interestratificadas, além do tipo
geopressurizado.

A geologia brasileira não está localizada em áreas de anomalias geotermais tradicionais


de borda de placa tectônica ou vulcanismo ativo; a exceção são as ilhas de Fernando de Noronha
e Trindade.

A América do Sul possui entalpias entre 100 e 120 MW/m², com projetos na Argentina,
Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru. No Brasil as maiores entalpias variam entre 80 e 100
MW/m², sendo que o Norte apresenta o menor potencial, com cerca de 40 MW/m² (HAMZA
et al., 2008). No país há potencial para altas temperaturas geotérmicas em Fernando de Noronha
e Trindade, já para baixas temperaturas nas regiões de Goiás, Mato Grosso e Santa Catarina
(ARBOIT et al., 2013). Dentre as principais utilizações está o Turismo e a Recreação, em
banhos termais por exemplo, como em Caldas Novas (GO), Pirituba (SC), Araxá (MG),
Olímpia, Águas de Lindóia e Águas de São Pedro (SP) (VICHI; MANSOR, 2009).

Segundo Rabelo et al. (2002) o Aquífero Guarani possui temperaturas próximas a 70°C,
baixa entalpia, mas com aproveitamento agrícola, na climatização dos abrigos de animais e
secagem de grãos, processos industriais que demandam aquecimento, abastecimento público e
turismo. O Aquífero compreende porções de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São
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Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Com área de aproximadamente 1.196.500
km², sendo que 840.800 km² está presente no Brasil e os demais na Argentina, Paraguai e
Uruguai. (RIBEIRO, 2008).

O desenvolvimento da energia geotérmica no Brasil esbarra nas áreas remotas com


potencial geotérmico, dificultando o acesso, bem como condições climáticas extremas que
dificultam o transporte e instalação dos equipamentos. Falta de um enquadramento jurídico que
trate dos aspectos de origem geotérmica, criando uma relação entre a União e o explorador do
poço. Dificuldade de realização e avaliação dos estudos de impacto ambiental por especialistas
geotérmicos. Escassez de estudos dedicados à geotermia, como seu potencial nas regiões do
país, assim como uma maior variedade de explorações e seu papel no desenvolvimento
sustentável.

2.5 Energia Geotérmica no Rio Grande do Norte


Ainda que a maior parte da literatura existente mostrar, na maioria das vezes, apenas as
regiões Centro Oeste e Sul como potenciais fontes energéticas geotermais, é possível perceber
que os maiores valores no Brasil (80-100 mW/m²) se encontram não só nas regiões Sudeste,
Centro-Oeste e Sul, mas também na região nordeste do país, incluindo o estado do Rio Grande
do Norte, a Figura 10 decorrente dos estudos de Hamza et al. (2008), representa um mapa do
fluxo de calor (quantidade de calor que é transferida de ou para uma superfície em um dado
intervalo de tempo) para a América do Sul, como vemos a seguir:

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Figura 10 - Mapa de fluxo de calor geotérmico para a América do Sul.

Fonte: Hamza et al (2008)

Tendo em vista a utilização da energia geotérmica no Hotel Thermas Resort, é notado


que o uso de baixa entalpia pode ser uma saída viável presente no município de Mossoró/RN e
isto é visto na prática onde segundo o Hotel Thermas (2017), as águas termais chegam à
superfície onde o hotel está construído a uma temperatura de até 58°C, bombeadas de mais de
1.000 metros de profundidade através de uma motobomba que funciona 24 horas por dia. Essa
água é então direcionada para a piscina dos Japoneses, o tanque-mãe. Em seguida, por
gravidade, as águas vão correndo para as outras piscinas, perdendo calor gradativamente. Após
percorrer a última piscina, as águas se precipitam em um lago artificial, de onde seguem através
de um canal que percorre a cidade até o rio Mossoró.
Segundo a Organização Mundial de Termalismo (OMT), as características das águas
termais de Mossoró poderiam ser consideradas únicas no mundo.

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Elas possuem os chamados quatro principais macro elementos: sódio, potássio, magnésio e
cálcio, de alto poder energético, com benefícios à digestão, distúrbios estomacais, prevenção à
osteoporose e problemas circulatórios.

2.6 EGS – Enhanced Geothermal System

O Enhaced Geotermal System detém a perspectiva de extração de energia em rochas quentes


(geralmente profundas), que podem ser de baixa permeabilidade (USDOE, 2015). Pode ter bom
aproveitamento energético, com retorno financeiro breve, a depender da quantidade de
perfurações de injeção e recolhimento da substância de trabalho. Ocorre, a princípio, uma
injeção de água fria em rochas fraturadas pelo método fracking (OLIVEIRA, 2014). A Figura
12 demonstra como é realizado o processo de funcionamento em uma EGS:
Figura 11 - Funcionamento de uma Enhanced Geothermal System.

Fonte: USDOE (2015)

17
2.6 Vantagens e Desvantagens
Dentre os principais benefícios dessa fonte está sua independência das condições
meteorológicas, diferente da energia solar e eólica, além disso a água extraída pode ser
reinjetada na crosta terrestre.

As desvantagens presentes na sua instalação são o custo inicial para estudo de


viabilidade e implantação da usina, bem como para perfuração do poço e a poluição sonora no
período de instalação (CAMPOS; SCARPATI et al., 2016). Existem perdas associadas a
transmissão do fluido, estando na fase líquida ou gasosa, há troca de calor com o ambiente,
sendo necessários altos investimentos com isolamento térmico apropriado e minimização das
distâncias percorridas até a fonte produtora e unidade consumidora (RABELO; OLIVEIRA, et
al., 2002).

O desenvolvimento dessa energia no Brasil esbarra em problemas como a dificuldade


de acesso até áreas remotas com potencial geotérmico, bem como condições climáticas
extremas que dificultam o transporte e instalação dos equipamentos. Falta de um
enquadramento jurídico que trate dos aspectos de origem geotérmica, criando uma relação

entre a União e o explorador do poço. Dificuldade de realização e avaliação dos estudos de


impacto ambiental por especialistas geotérmicos. Escassez de estudos dedicados à geotermia,
como seu potencial nas regiões do país, assim como uma maior variedade de explorações e seu
papel no desenvolvimento sustentável

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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O calor que vem do interior da terra é uma fonte de energia limpa que está à disposição
em várias regiões do planeta, podendo ser utilizada para gerar eletricidade e para diversos usos
diretos a qualquer hora do dia. Se ao decorrer do avanço das tecnologias sólidas e viáveis para
a exploração e aproveitamento da energia geotérmica alcançarem índices desejáveis para a sua
exploração independentemente da localização, será possível alcançar uma revolução energética
e reduzir de maneira significativa a dependência do homem por combustíveis fósseis.
Onde o Brasil apesar de não ser um país com atividades vulcânicas ou que esteja
localizado sobre intrusões magmáticas, o país dispõe de um grande potencial geotérmico para
uso direto e/ou para a implantação de centrais geotérmicas sintéticas. De maneira que o nordeste
brasileiro, com destaque para a cidade de Mossoró no Rio Grande do Norte já utiliza este
potencial para fins diretos.

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REFERÊNCIAS

ARBOIT, N. K. S.; DDECEZARO, S. T.; AMARAL. G. M. do; LIBERALESSO, T.;


KEMERICH, P. D. da C. (2013). Potencialidade de utilização da energia geotérmica no Brasil
– Uma revisão de literatura. Revista do Departamento de Geografia, n. 26, p. 155-168.
Disponível em: < https://www.revistas.usp.br/rdg/article/view/75194/78742 >. Acesso em: 7
set. 2022.

BICUDO, C. Energia Geotérmica. Sentir e Interpretar os Açores (SIARAM). 2010.


Disponível em: < http://siaram.azores.gov.pt/energia-recursos-
hidricos/geotermia/energiageotermica.pdf >. Acesso em: 08 set de 2022.

CAMPOS, A. F.; SCARPATI, C. B. L.; SANTOS, L. T.; PAGEL, U, R; SOUZA, V. H. A.


Um panorama sobre a energia geotérmica no Brasil e no Mundo: Aspectos ambientais e
econômicos. Espacios, v 38, n. 1, p. 8, 2017. Disponível em:
<https://www.revistaespacios.com/a17v38n01/a17v38n01p08.pdf > Acesso em: 30 ago. 2022.

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20
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