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ebook

Como o
Modelo
Digital de
Elevação
estudos
é importante para

ambientais
Entenda como o
MDE pode ser
útil a você, que
atua na área
ambiental.
ebook

Como o Modelo Digital de Elevação é


importante para estudos ambientais

2021

by Pixel inbox geodelivery

@pixelinbox
www.pixelinbox.com
pixelinbox@yahoo.com

2
Sumário
Apresentação 8
Capítulo 1 Meio ambiente, relevo e
modelo digital de elevação 11
1.1 O meio ambiente é espacial 11
1.2 O relevo é a base para inúmeros estudos ambientais 12
1.3 O Modelo Digital de Elevação tem papel chave nos estudos
ambientais 13

Capítulo 2 Conceitos, fonte de dados e


características dos MDEs 16
2.1 Formas de representar a superfície do terreno em meio digital 17
2.2 Características da representação topográfica em formato
raster 18
2.3 O que representa um pixel do MDE? 19
2.4 MDE, MDT, MDS, MNT... o que é o quê? 21
2.5 Qual a origem dos dados topográficos? 23
2.5.1 Tipos de levantamento 23
2.5.2 Dados de sensoriamento remoto orbital 24
2.6 Quais são os modelos digitais de elevação disponíveis? 25
2.6.1 Fontes de dados de MDEs de levantamentos globais 25
2.6.2 Outras fontes de dados de MDEs 26 3
Capítulo 3 O MDE na caracterização
do relevo 27
3.1 Curvas de nível, faixas de elevação e curva hipsométrica 28
3.2 MDE 3D, perfis transversais e mapa de declividades 29

Capítulo 4 Obtendo e caracterizando


a rede de drenagem 31
4.1 Depressões do terreno, direções de fluxo e áreas acumuladas
de drenagem 31
4.2 Qual algoritmo utilizar para remover depressões do MDE e
obter direções de fluxo? 32
4.3 Caminhos de fluxo x cursos d'água 33
4.4 Características da rede de drenagem 37
4.5 Distâncias ao longo dos caminhos de fluxo 38
4.6 Distâncias até os cursos d'água 39

Capítulo 5 Delimitação e caracterização


de bacia hidrográfica 40
5.1 Delimitação de bacia hidrográfica 41
5.2 Divisão em sub-bacias 42
5.3 Características da bacia hidrográfica e sub-bacias 43
4
Capítulo 6 Hidrologia 44
6.1 Análise do relevo 45
6.2 Rede de drenagem e bacia hidrográfica 45
6.3 Modelagem hidrológica 45
6.4 Mapeamento e zoneamento de inundações 46
6.5 Inundações urbanas 46
6.6 Inventário do potencial hidroelétrico 48
6.7 Impacto de barramentos 50
6.8 Onda de cheia por ruptura de barragens 51
6.9 Conectividade hidrológica rio-planície 52
6.10 Recarga de águas subterrâneas 52
6.11 Poluição do solo e da água 53

Capítulo 7 Geotecnia 54
7.1 Erosão hídrica e perda de solo 55
7.2 Risco de deslizamento de terra 56
7.3 Risco de rompimento de barragem 57

Capítulo 8 Ciências atmosféricas e clima 58


8.1 Dispersão de poluentes atmosféricos 59
8.2 Otimização da rota de veículos para redução de poluição 60
8.3 Modelagem da interação solo-vegetação-atmosfera 60
8.4 Impacto do aumento do nível do mar 61
5
Capítulo 9 Ecologia, biologia e
ciências florestais 62
9.1 Diversidade da paisagem 63
9.2 Distribuição espacial de espécies 64
9.3 Risco de extinção de espécies 65
9.4 Gestão ambiental e ações de conservação 65
9.5 Resiliencia de florestas 66
9.6 Ocorrência e severidade de queimadas 66

Capítulo 10 Resíduos sólidos 67


10.1 Otimização da rota de coleta de lixo 68
10.2 Seleção de áreas aptas para aterro sanitário 69

Capítulo 11 Ciências agrícolas 70


11.1 Perda de solos e nutrientes 71
11.2 Aptidão agrícola 72
11.3 Agricultura de precisão 73

Capítulo 12 Energias renováveis 74


12.1 Energia eólica 75
12.2 Energia solar 76
12.3 Energia hidroelétrica 78
12.4 Biomassa plantada 78
6
Capítulo 13 Planejamento urbano
e mobilidade 79
13.1 Ilhas de calor e climatologia urbana 80
13.2 Geomorfologia urbana 81
13.3 Mobilidade urbana e sistemas de transporte inteligentes 82

Capítulo 14 Mensagem final 83

Capítulo 15 Referências bibliográficas 85

7
Obviamente, muitos tópicos podem

Apresentação ser mais aprofundados, fugindo ao


escopo deste livro. Esperamos dar ao
leitor as principais noções e
conceitos, que formem uma base de
Por que criamos este livro? entendimento do assunto, ao mesmo
tempo que o capacite para outras
leituras adicionais.
A idéia para elaborar este livro veio da Por outro lado, é notória a
percepção recorrente de como Modelos escassez de material
E, no futuro, lançaremos também
Digitais de Elevação (MDE) estão cada vez mais instrucional sobre a temática
outros livros que o ajudem nessa
presentes na vida profissional de quem atua que apresente qualidade
busca por mais capacitação.
na área ambiental. técnica, seja moldado em
bases científicas atualizadas e
Como é visto no capítulo 1, a espacialidade do elaborado de uma forma
meio ambiente e o papel que o relevo didática.
desempenha nas relações e processos
ambientais explicam porque o MDE veio para A diagramação visual e a forma
ficar. Ele já é incorporado a uma vasta gama de como os textos deste livro
aplicações na área ambiental, desde a foram escritos vão fazer você
hidrologia e geotecnia até áreas como lê-lo facilmente, mas
ecologia, biologia, ciências agronômicas e absorvendo os relevantes
atmosféricas, urbanismo e energias renováveis. conhecimentos apresentados. 8
Quem escreveu
este livro?

Temos muito orgulho de dizer que


este livro é uma obra coletiva de
diversos colaboradores da equipe
Pixel inbox geodelivery.

Diferentes profissionais, com


distintas formações e experiências,
mas unidos em prol de um objetivo
único: trazer conteúdo relevante,
atual, com embasamento científico e
com uma apresentação bem
bacana.

9
Qual o conteúdo O capítulo 3 apresenta diversas Cada um dos capítulos 6 a 13
formas de analisar o relevo a aborda uma grande área do
deste livro? partir do processamento do conhecimento (hidrologia;
MDE, como a elaboração de geotecnia; ciências
Este livro foi cuidadosamente
curva hispsométrica, perfis atmosféricas; resíduos sólidos;
organizado em 15 capítulos.
transversais, curvas de nível e ecologia, biologia e ciências
visualização do MDE na forma florestais; ciências agrícolas;
No capítulo 1, descrevemos a
3D, entre outros. energias renováveis;
importância de analisar o meio
ambiente espacialmente e de planejamento urbano e
No capítulo 4, abordamos o que
como as características mobilidade). Ao total, são
pode ser considerado o principal
topográficas estão intimamente descritos 35 temas de aplicação do
uso que se tem dado aos MDEs:
relacionadas a ele. Isso justifica a MDE e produtos derivados dentro
a obtenção da rede de
massiva integração de Modelos dessas 8 áreas do conhecimento.
drenagem. Mostramos as
Digitais de Elevação aos estudos operações e conceitos
ambientais. Uma mensagem final aos leitores é
envolvidos, e como extrair
apresentada no capítulo 14, e o
diversas características da rede
O capítulo 2 aborda os principais capítulo 15 lista as dezenas de
de drenagem.
conceitos sobre MDEs, como a referências bibliográficas citadas no
origem dos dados topográficos e livro.
O capítulo 5 é complementar ao
como pode-se trabalhar tais
Boa leitura e
anterior, mas focado na
dados em formato digital. Ainda, delimitação e caracterização de
apresenta as principais fontes de
dados de MDEs.
bacias hidrográficas e a divisão
em sub-bacias. divirtam-se! 10
1
Meio ambiente,
relevo e modelo
digital de elevação

Capítulo

11
1.1 O meio ambiente é espacial

Se você atua na área ambiental, em qualquer temática que


seja, já deve saber da espacialidade do meio ambiente.
Tanto quem atua na hidrologia, geografia ou engenharia
ambiental de modo geral, quanto nas ciências florestais,
ciências agrárias, ecologia, biologia... Desde quem atua na
escala mais macro, interessado em processos de
degradação e erosão, por exemplo, ou quem atua na escala
micro, como microbiologia de solos.

O fato é que o meio ambiente é espacial. Tudo que


acontece em um ponto do meio ambiente, tudo que você
observa ocorrendo nesse ponto, não é originário dali
exatamente. É o resultado de interações e processos no
espaço ao redor desse ponto, em diferentes escalas
espaciais. E, claro, em diferentes escalas temporais.
Um complexo arranjo espaço-temporal de características e
acontecimentos determina os padrões existentes (e as
variações deles) no meio ambiente. 12
As trocas de energia, água, carbono e outras substâncias são
1.2 O relevo é a base para fortemente influenciadas pelo relevo.
inúmeros estudos ambientais
A oferta de habitat e de condições de reprodução, predação e
A forma como a superfície do terreno se distribui abrigo tem relação com o fator topográfico, ajudando a explicar
topograficamente, isto é, as características do relevo, é a ocorrência e distribuição de espécies.
uma informação que serve de base para diversos estudos
ambientais, em diferentes escalas espaciais. O relevo também deve ser considerado para o melhor
aproveitamento de energia eólica e solar.
A topografia do terreno é um dos fatores principais que
explicam os processos hidrológicos, sedimentológicos e Inúmeras relações, como é amplamente ilustrado ao longo dos
ecológicos. capítulos 6 a 13.

RELEVO

13
1.3 O Modelo Digital de Elevação tem
papel chave nos estudos ambientais

Com a necessidade de incorporar informações do Praticidade, reproducibilidade,


relevo e considerando a crescente disponibilidade transparência e qualidade da
de dados topográficos obtidos por sensores informação contribuem para o
remotos e os avanços metodológicos e científicos, uso cada vez mais abrangente
o uso de MDEs é considerado crucial na maioria dos MDEs. 14
dos estudos ambientais.
A praticidade do uso de MDEs diz Como os dados de uma Tudo isso contribui para mais
respeito à forma como os dados mesma fonte estão transparência nos estudos que
são organizados, como estruturas rigorosamente disponíveis utilizam os MDEs. Facilita-se o
matriciais, e também à forma no mesmo formato e tem entendimento de como foi feito o
como esses dados são mesma origem, garante-se estudo, qual seu alcance ou
disponibilizados. a reproducibilidade de um limitação e sua aceitação pela
estudo desenvolvido com comunidade técnica e científica.
Os dados de MDEs costumam eles.
estar disponíves em formatos de
arquivos comumente trabalhados Ou seja, o que foi
em geoprocessamento. desenvolvido para uma
área de estudo, pode ser
Pode-se utilizar tais arquivos feito para qualquer outra
diretamente nos softwares área - a diferença é a
disponíveis, ou via algum processo interpretação dos
inicial de importação ou conversão resultados obtidos e a
simples. limitação ou potencialidade
dessa informação, que
Em geral, há plataformas de pode variar conforme as
acesso gratuito pela internet para características de cada
obter esses dados, que abrangem região.
cobertura global. 15
2
2
Conceitos, fontes de
dados e características
dos MDEs

Capítulo

16
2.1 Formas de representar a A superfície do terreno pode ser representada
digitalmente por três formas principais: usando
superfície do terreno em curvas de nível, ou via uma rede de triângulos
meio digital irregulares ou por uma matriz numérica.

Curvas
de nível TIN Raster
Representação topográfica por meio O TIN (Triangular Irregular Network) No formato de matriz numérica, ou
de linhas ou contornos de mesma representa a topografia por um raster, cada elemento da matriz
elevação. conjunto de faces triangulares de representa a elevação do terreno
tamanhos variados e inclinados. naquele ponto.
Essas linhas podem ser digitalizadas
a partir de cartas topográficas ou Permite visualizar na forma Forma mais prática e utilizada para
podem ser obtidas a partir de tridimensional o relevo e é eficiente representar a topografia da superfície.
pontos cotados ou mesmo via computacionalmente no Facilita cruzamentos e análises com
17
processamento de um MDE. armazenamento da informação. outros planos de informação.
2.2 Características da representação
topográfica em formato raster
O formato raster nada mais é do que uma matriz numérica, cujo
atributo se refere à elevação do terreno, usualmente em metros. Mas,
ao invés de olhar para os números em si, adota-se uma paleta de cores
correspondentes aos valores, o que permite a identificação e
interpretação adequadas.

Como qualquer matriz, ela é definida por um número de linhas (p) e de


colunas (q). O produto p x q indica a quantidade de elementos da
matriz, ou seja, a quantidade de pontos da representação topográfica.

Precisa-se definir onde geograficamente se situa essa matriz, ou seja,


quais as coordenadas dos seus vértices: as coordenadas mínima e
máxima no eixo x (Xmin e Xmax) e as coordenadas mínima e máxima no
eixo y (Ymin e Ymax).

Combinando o fato de ser matriz e ser dado geográfico, vem a principal


característica de um dado raster: o tamanho do pixel (d), também
chamado de resolução espacial. 18
2.3 O que Em qualquer raster, ou qualquer imagem,
cada pixel tem um único atributo numérico.
representa um
pixel do MDE? Esse atributo representa o valor do pixel para
a variável representada nessa imagem.

No caso do MDE, o atributo é a elevação,


usualmente em metros.

19
Mas veja que o pixel ocupa uma área geográfica. O
atributo do pixel é representativo então do ponto Qual gráfico melhor
central desse pixel? Não. O valor do pixel é uma
representa um perfil
representação da variável da imagem sobre toda a área
transversal traçado ao
do pixel. Ou seja, ao trabalhar com um raster, assume-se
longo da linha tracejada que
que, na área ocupada por cada pixel, a variável
representada é uniforme espacialmente. corta esse pixel do MDE?

Acontece que, quase sempre, a variável não é uniforme


nessa área. Há, de fato, uma variação naquela área do
pixel. Mas é uma variação ignorada no raster, por ser
subpixel, inferior ao tamanho do pixel.

Por exemplo, considere um raster que representa a


topografia da superfície, como o Modelo Digital de
Elevação da figura ao lado. Para o pixel em destaque,
que tem atributo 1 m, qual gráfico melhor representa o
perfil transversal indicado? No MDE, a representação é
exatamente a 'c'. Porém, o terreno real pode ter
qualquer variação, não existe como saber isso a partir
desse MDE.
20
2.4 MDE, MDT, MDS, MNT... MNT O MNT, conceitualmente, se
Modelo refere à representação de
o que é o quê? Numérico do uma superfície numérica no
Terreno espaço geográfico. Mas não
Realmente existe uma confusão entre necessariamente se refere à
as nomenclaturas para se referir ao topografia, embora seja mais
raster que representa a topografia da usada para essa finalidade.
superfície. Para piorar, não há
consenso absoluto no uso de cada Outra variável, como a
termo, com autores usando o mesmo precipitação, pode ser
termo para significados diferentes. tomada para ser
representada em um MNT.

Tudo isso dificulta quem


está se iniciando na
temática.

A forma mais comum de


distinguir esses termos é
conforme o esquema ao
lado e a descrição que se
segue. 21
MDE MDT MDS
Modelo Digital Modelo Digital Modelo Digital
de Elevação do Terreno de Superfície

O MDE é o termo mais Representação da Representação da


genérico indicado para topografia do terreno topografia da
se referir à em si, 'nu', superfície,
representação da desconsiderando considerando o que
superfície topográfica no árvores, prédios e há sobre o terreno,
formato raster. outras edificações como florestas,
sobre ele. pontes, prédios etc.
Essa elevação, contudo,
pode ser referente ao
terreno em si (e aí se
tem um MDT), ou
levando em conta o que
se tem sobre ele (é o MDS
MDS).

MDT 22
2.5.1 Tipos de levantamento Há, também, os levantamentos com
2.5 Qual a origem dos Os dados topográficos podem ser equipamentos e sensores
dados topográficos? coletados por meio de diferentes aerotransportados, sejam aeronaves
tipos de levantamentos. Uma das tradicionais, como aviões, ou os
formas mais tradicionais é com o veículos aéreos não tripulados (VANTs),
uso de equipamentos em solo, grupo no qual se destacam os drones.
como teodolito e estação total.
Outro tipo de levantamento é via
sensores remotos orbitais, a bordo de
satélites.

23
2.5.2 Dados de
sensoriamento
remoto orbital

Trata-se da principal fonte


de informação usada para
obter MDEs mundialmente.
São vários motivos: a
disponibilidade gratuita, a
abrangência global, a
facilidade de manuseio e a
ampla descrição de
produtos e resultados na
literatura a partir desses
dados.

São diversos produtos


disponíveis, com diferentes
características. Confira no
item seguinte.

24
2.6 Quais são os modelos digitais
de elevação disponíveis?
Esses quatro produtos listados na tabela à esquerda são
2.6.1 Fontes de dados de MDEs de as principais fontes de dados de MDEs a nível global.
levantamentos globais
O SRTM é o mais famoso e ainda o mais utilizado
Nome do Sistema de Comprimento Resolução
mundialmente, pela gratuidade e por ser o precursor
produto imageamento de onda espacial
dentre eles. Pelo tipo de radar e comprimento de onda
Radar de abertura utilizado, esses dados tem interferência relevante da
SRTM 5,66 cm 90m, 30 m
sintética banda C
vegetação de maior porte, como ilustrado na figura
ASTER abaixo.
Óptico 0,78 - 0,86 m 30 m
GDEM

2,5 m, 5 m,
Os produtos ALOS AW3D e TanDEM-X, principalmente
ALOS
Óptico 0,52 - 0,77 m esse último, tem se destacado nas avaliações de
AW3D 30 m
pesquisas científicas recentemente. Porém, as resoluções
Radar de abertura mais refinadas de ambos não são gratuitas .
TanDEM-X 3,1 cm 12 m, 30 m
sintética banda X

25
2.6.2 Outras fontes de
dados de MDEs

Além de MDEs fornecidos a partir da aquisição de


informações por diferentes sensores orbitais, há
Nome do Resolução
produtos que foram posteriormente elaborados Processamento Referência
produto espacial
pelo processamento desses MDEs.
EarthENV- Fusão de dados SRTM-90 Robinson
30 m
DEM 90 e ASTER GDEM et al., 2014
Pesquisadores trabalharam sobre os dados de
alguns daqueles produtos de MDEs globalmente BareEarth- Remoção de ruídos e O’Loughlin
melhorias nos dados SRTM-90 90 m
disponíveis e propuseram melhorias. Procuraram SRTM90 et al., 2016
remover diferentes tipos de ruídos, como a MERIT
Remoção de ruídos e
Yamazaki
interferência da vegetação, ou a fusão de dados melhorias nos dados SRTM-90 90 m
DEM com fusão ao AW3D et al., 2017
de mais de uma fonte.

Essas três fontes de dados listadas na tabela ao


lado são as principais desse tipo, disponibilizadas
gratuitamente. Todas com o respaldo científico de
terem os métodos e resultados avaliados pelo
processo de revisão de importantes revistas
científicas internacionais.
26
3
3
O MDE na
caracterização
do relevo

Capítulo

27
3.1 Curvas de nível, faixas de
elevação e curva hipsométrica
A partir das faixas de elevação,
O uso mais básico dos Modelos Digitais de Elevação é pode-se elaborar a curva
para caracterizar o relevo de uma região. A hipsométrica, que mostra o
visualização do MDE com o devido ajuste da paleta de percentual da área de estudo que
cores já permite identificar características da está acima de cada valor de
topografia local. Mas isso geralmente requer olhos elevação do terreno.
mais treinados.
Trata-se de uma forma clássica de
Para melhor identificar as feições topográficas, pode- sintetizar a variação topográfica de
se gerar curvas de nível ou classificar a região em uma área, com uso direto para
faixas de elevação, isto é, identificar e quantificar as estudos geomorfológicos e
áreas contidas em determinados intervalos de valores hidrológicos.
de elevação. Gera-se informação interessante para
estudos geomorfológicos e hidrológicos, além de ser
útil para cruzamento com outros planos de
informação.

As curvas de nível são tradicionalmente usadas em


projetos de irrigação, estudos hidrossedimentológi-
cos e obras de engenharia civil. 28
3.2 MDE 3D, perfis transversais e
mapa de declividades
A visualização em formato 3D enfatiza a variação topográfica e o
entendimento preliminar dos caminhos de fluxo; útil para didática
e intuitivamente levar à compreensão até profissionais que
desconhecem conceitos básicos do tema.

Outra visão interessante são os perfis transversais: a variação


topográfica ao longo de transectos, linhas que perfilam diferentes
trajetos ao longo da área de estudo. Para cada ponto ao longo do
transecto, tem-se a distância medida desde a origem e a elevação
do terreno. Permite identificar com detalhe a variação topográfica
localmente, indicada especialmente para perfis que cortem
transversalmente o curso d'água e a planície adjacente.

O processamento do MDE permite, ainda, obter a superfície que


indica a declividade para cada pixel, calculada localmente em
função das elevações dos 4 pixels vizinhos ortogonais. Trata-se de
um plano de informação útil para estudos de aptidão agrícola,
erosão, hidrológicos, seleção de áreas para aterro sanitário e
identificação de áreas de recarga de águas subterrâneas (Ahirwar
et al., 2020), etc. 29
Áreas com
declividade
entre 5% e 25%

Declividades
Áreas com
da superfície
MDE declividade de
até 12%
A análise das declividades da superfície pode ser usada, por exemplo, como
um dos critérios para a seleção de locais para instalação de aterros
sanitários, geralmente procurando áreas com declividade entre 5% e 25%.

Ou para identificar áreas para a mecanização da cana-de-açúcar, cuja


indicação é de declividades não superiores a 12%. 30
4
4
Obtendo e
caracterizando
a rede de
drenagem
Capítulo

31
4.1 Depressões do terreno, direções de Com o MDE tratato,
determinam-se as direções de
fluxo e áreas acumuladas de drenagem fluxo, que é um plano de
MDE informação no qual cada pixel
assume uma dentre 8 possíveis
O processamento do MDE para
MDE sem direções de fluxo; cada
obtenção e caracterização da rede de depressões possibilidade de direção de
drenagem é uma etapa fundamental
fluxo aponta o sentido do
para gerar informações para diversos
escoamento para um dos 8
outros estudos ambientais.
Rede de vizinhos ao redor do pixel em
drenagem análise, em uma janela 3 x 3.
O procedimento inicia com o
tratamento do MDE para a remoção
Nessa etapa também há
de depressões. É uma tarefa que
resultados diferenciados em
requer algoritmo específico, quase
função do algoritmo utilizado.
sempre disponível nos softwares de
Procure sempre acompanhar a
geoprocessamento. Mas atenção:
evolução do conhecimento e
trata-se de uma operação complexa,
utilizar os métodos mais
que tem motivado inúmeras
recomendados.
pesquisas científicas, visando Direções
incrementar a qualidade dos de fluxo
resultados e também conseguir Áreas
trabalhar com grandes quantidades acumuladas
32
de dados. de drenagem
A idéia central dos algoritmos é tentar artificialmente
4.2 Qual algoritmo utilizar para
elevar esses pixels mais baixos, para ocorrer uma
remover depressões do MDE e declividade positiva para o fluxo, ou escavar o terreno,
obter direções de fluxo? rebaixando pixels vizinhos, ou a combinação de
medidas de escavar e elevar pixels.

Geralmente, os usuários já Isso ocorre porque a decisão


habituados a um software de de como encontrar as
geoprocessamento ou direções e caminhos de fluxo
Sistemas de Informação requer um tratamento
Geográfica tendem a usá-lo especial a duas situações
também para processar um principais.
MDE.
A primeira se refere aos pixels
Porém, especificamente os que são mais baixos que seus
algoritmos disponíveis em tais vizinhos em uma janela 3x3
softwares para a remoção de (comumente chamados como
depressões e a definição das depressões do terreno). Como
direções de fluxo são distintos definir para onde segue o
entre si, podendo haver grande fluxo desses pixels, se seus
variação de resultados entre vizinhos são mais elevados
eles (Buarque et al., 2009). que eles?
33
010010011100101010101100110
A segunda situação é como lidar com Um questão adicional é como fazer tais processamentos
áreas planas, onde um conjunto de pixels quando se tem uma enorme quantidade de pixels (Du et al.,
tem mesma elevação. 2017; Wu et al., 2019).

Para onde essa área deve drenar, e como Essa situação surge de duas formas:
devem ser os caminhos de fluxo internos
a ela? 1) o MDE é oriundo de dados de levantamentos refinados como
o LiDAR, com resolução espacial de 1 m, por exemplo;
Os algoritmos originalmente propostos
na década de 1980 (O'Callaghan e Marks, 2) ou porque se trabalha com bacias hidrográficas muito
1984; Jenson e Domingue, 1988; Marks, extensas, fazendo com que mesmo considerando um MDE com
1983), por exemplo, apresentam uma resolução espacial de 30 m, o custo computacional de
tendência a gerar drenagens paralelas processamento possa ser proibitivo.
irreais, devido a essa questão das áreas
planas - comum de acontecer em rios
largos ou nas planícies de inundação.

Erros no traçado da rede de drenagem


podem resultar em incertezas na
modelagem hidrológica e de processos
biogeoquímicos (Yan et al., 2020). 34
Alguns algoritmos tem sido Por toda essa complexidade,
propostos especificamente para um grande número de pesquisas
serem mais eficientes científicas foram e continuam sendo
computacionalmente, conseguindo desenvolvidas para incrementar o
lidar com bilhões de pixels (Du et processamento de MDE visando
al., 2017). obter redes de drenagem e
relacionar os erros com fatores
Pode-se, ainda, considerar que o como cobertura da terra, textura do
advento de dados tão refinados solo e declividade (Yan et al., 2020).
como os provenientes de LiDAR
levam a necessidades de ajustes de Alguns desses algoritmos foram
algoritmos, pela característica da incorporados a softwares de
informação disponível nesses geoprocessamento disponíveis no
dados. mercado. Mas outros algoritmos
continuam sendo usados apenas por
Pela primeira vez, tem-se a pesquisadores especializados na
representação de feições temática.
topográficas com precisão
centimétrica (Persendt e Gomez, Fica a ressalva do usuário saber
2016). Lidar com isso escolher qual algoritmo utilizar e
apropriadamente não é para saber adequadamente criticar e
35
qualquer algoritmo. analisar os resultados obtidos.
O raster de áreas acumuladas de drenagem
mostra todos os caminhos de fluxo presentes na
área de estudo, já que todo e qualquer pixel tem
área não nula (no mínimo, ele drena a si mesmo).

Mas, não confunda os caminhos de fluxo com os


cursos d'água propriamente. O procedimento
mais simples é assumir que existe uma área
4.3 Caminhos Cursos mínima de drenagem (Amin) a partir da qual se
de fluxo d'água formam os cursos d'água (Jenson e Domingue,
1988). Com isso, gera-se o plano de informação
A partir das direções de fluxo, qualquer da rede de drenagem. A questão chave é a
algoritmo simples é capaz de fazer a seleção do valor de área mínima de drenagem,
acumulação e determinar as áreas idealmente variável no espaço ao longo da bacia
acumuladas de drenagem. hidrográfica (Fan et al., 2013).

Nesse plano de informação, cada pixel tem


como atributo o valor correspondente à
área da bacia contribuinte a esse pixel.

Essa área pode ser expressa em


quantidade de pixels ou em unidade de
36
área propriamente (km²).
4.4 Características Outra análise de grande aplicação
prática é a elaboração do perfil
da rede de drenagem longitudinal de um curso d'água.

Trata-se da representação em gráfico da


Com a obtenção dos caminhos
variação topográfica do curso d'água ao
de fluxo e considerando as
longo do seu percurso, em termos de
elevações do terreno
distância percorrida desde a cabeceira.
representadas no MDE, pode-se 98)
a pt a do de EPA (19
Ad
extrair automaticamente
Identifica-se, facilmente, as áreas mais
características da hidrografia e
ou menos declivosas desse rio, e por
dos caminhos de fluxo.
qual extensão isso ocorre.
As informações mais
Tal variação topográfica ajuda a explicar
demandadas são o
diversos aspectos hidrológicos, de
comprimento de um curso
produção e transporte de sedimentos,
d'água (L), a declividade dele (S)
de características físico-químicas da
e sua sinuosidade (Sn).
água e até ecológicos.
A sinuosidade é simplesmente a
Se ao mesmo gráfico adicionar os perfis
relação entre o comprimento
topográficos de todos os cursos d'água
real do curso d'água e o
da bacia hidrográfica, a análise pode ser
comprimento medido em linha
ainda mais completa. 37
reta da cabeceira até a foz.
4.5 Distâncias ao São duas formas de mapeamento das
distâncias ao longo dos fluxos que
longo dos caminhos ajudam a caracterizar interessantes
de fluxo padrões de resposta hidrológica em
termos da transformação chuva-vazão e
Além de caracterizar os cursos d'água de tendência à ocorrência de cheias.
em si, é possivel pelo processamento
do MDE e de seus produtos, gerar Tais mapeamentos podem ser usados
uma informação mais generalizada, para derivar mapas de tempo de viagem
que inclui todos os caminhos de fluxo do escoamento de cada pixel até o
identificados, envolvendo todos os exutório ou a um ponto de interesse
pixels da área de estudo. (Melesse e Graham, 2004).

Tomando todos os caminhos de fluxo Podem ajudar também a identificar a


traçados, determina-se a distância origem da poluição da água (Xiang et al.,
que o fluxo de cada pixel integrante 2020) e na elaboração de medidas de
da bacia hidrográfica percorre até contenção no caso de acidentes
alcançar o exutório. envolvendo poluentes lançados ao solo.

Inversamente, pode-se contabilizar


para cada pixel a que distância ele se
situa da cabeceira mais a montante.
38
4.6 Distâncias até
os cursos d'água
Outra análise interessante é
quantificar e mapear a distância
de cada ponto da bacia
hidrográfica até o curso d'água
mais próximo.

Essa distância pode ser


quantificada em termos de uma
linha reta, que é a chamada
distância euclidiana.

O cálculo dessa distância tem 0 2 km


sido utilizado para delimitar Áreas
Diferentemente da São duas formas bem Partes do terreno podem
de Preservação Permanente de
distância em linha reta, é distintas de contabilizar as
estar em linha reta
margens de rio, como critério
possível determinar a distâncias. A primeira, próximas à rede de
para localizar aterros sanitários
distância desde cada euclidiana, é meramente drenagem, mas separadas
ao impor distância mínima aos
pixel até o curso d'água geométrica. por um divisor de águas, o
cursos d'água, e para definir
ao qual esse pixel se que é identificado nessa
áreas de influência em estudos
conecta ao longo dos A segunda tem relação com segunda abordagem. 39
ambientais.
caminhos de fluxo. a geomorfologia da bacia.
5
5
Delimitação e
caracterização
de bacia
hidrográfica
Capítulo

40
5.1 Delimitação de Basta selecionar o pixel Se um mesmo ponto é escolhido
bacia hidrográfica definido como exutório como exutório, as diferenças
da bacia a delimitar e, dentre delimitações é resultante
depois, identificar todos unicamente das direções de fluxo.
Uma bacia hidrográfica é
os pixels cujos caminhos Isso reforça a importância do
um conjunto de áreas que
de fluxo passam por tal algoritmo usado para obter esse
contribuem com
exutório. plano de informações.
escoamento para um
determinado ponto. Esse
ponto é chamado de
exutório da bacia.

Logo, a delimitação
automatizada de uma
bacia hidrográfica a partir
do MDE é um
procedimento simples,
desde que as direções de
fluxo, principalmente, e
outros planos de
informação já estejam
disponíveis.
41
Tal divisão segue o método proposto por
5.2 Divisão em Otto Pfafstetter, que consiste em identificar
sub-bacias os 4 principais cursos d'água e delimitar
suas sub-bacias correspondentes, além das
Para vários tipos de estudos, incluindo 3 bacias intermediárias a elas, a bacia a
a avaliação de disponibilidade hídrica e montante do afluente situado na parte mais
a gestão da demanda pelos recursos alta, e a bacia a jusante do afluente situado
hídricos, há o interesse em dividir a na parte mais baixa da bacia.
bacia hidrográfica em unidades
menores, as sub-bacias. Esse procedimento pode ser repetido para
divisão de cada uma dessas bacias,
Também é um procedimento que recursivamente.
pode ser automatizado a partir do
processamento do MDE e seus Outra forma é definir sub-bacias em função
produtos. diretamente das confluências dos cursos
d'água, ou impondo um critério de área
Mas há diferentes critérios para mínima de contribuição de cada sub-bacia.
estabelecer essa divisão em sub-
bacias. A escolha depende, principalmente, do
propósito que se quer fazer com tal
Uma das formas muito utilizada é a subdivisão, devendo haver a correta
divisão em otto-bacias (Verdin e interpretação dessa representação
Verdin, 1999). adotada. 42
A delimitação da bacia A relação entre o
permite quantificar sua área comprimento de todos os
5.3 Características da bacia e seu perímetro, e com cursos d'água da rede de
essas informações drenagem e a área da
hidrográfica e sub-bacias determinar o coeficiente de bacia representa a
compacidade (Kc) e o fator densidade de drenagem
Com o processamento do de forma (Kf), o qual requer (Dd). Quanto maior esse
Do MDE, tem-se estatísticas da
MDE e a delimitação da também informação do valor, mais bem drenada é
variação topográfica
bacia hidrográfica, pode- curso d'água principal. a bacia.
internamente à bacia.
se extrair uma série de
características envolvendo Esses dois coeficientes Lembra do parâmetro
A rede de drenagem da bacia
o MDE, a rede de ajudam a caracterizar o Amin para derivar a rede
pode ser hierarquizada segundo
drenagem e outros formato da bacia e a de drenagem? O valor de
diferentes codificações, como a
produtos no formato estimar a tendência a Dd vai ser totalmente
ordem de Strahler.
raster. cheias que ela apresenta. dependente de Amin.

43
6
6
Hidrologia

Capítulo

44
6.1 Análise 6.2 Rede de 6.3 Modelagem hidrológica
do relevo drenagem e bacia Um aspecto que tem potencializado o
hidrográfica benefício de incorporar um MDE aos
A caracterização do estudos hidrológicos é a modelagem
relevo é uma Quase todo estudo hidrológica.
informação básica para hidrológico também requer
a maioria dos estudos informações da rede de Modelos matemáticos diversos tem sido
hidrológicos, já que a drenagem e a delimitação aplicados para representar distintos
topografia rege o da bacia hidrográfica. sistemas e processos hidrológicos, seja
padrão de na escala de bacia hidrográfica, de
direcionamento do Isso vale tanto para bacias trecho de rio ou de áreas urbanas. Na
escoamento na escala micro, de poucos verdade, a disponibilidade da informação
da água. km², a até a escala de topográfica na forma do MDE também
grandes bacias, de dezenas tem potencializado os modelos
Análise hipsométrica, de milhares de km². hidrológicos.
informações de
declividade, perfis Nesse segundo caso, deve-
transversais e curvas de se atentar para efeitos de
nível são utilizadas escala entre a resolução
como dados de entrada espacial do MDE que vai ser
em muitos estudos trabalhado e o tamanho da
hidrológicos. bacia (Davies e Bell, 2009).
45
Por isso, MDEs e 6.4 Mapeamento e Porém, com o uso de modelos
Isso pode ser feito
produtos básicos zoneamento de inundações hidrodinâmicos se consegue estimar
combinado ou não com
derivados como as áreas de inundação para
As informações contidas e derivadas dados hidrológicos e
direções de fluxo, áreas diferentes eventos de cheia, bem
do MDE são imprescindíveis para o observações de eventos
acumuladas e rede de como compor sistemas de previsão e
mapeamento e zoneamento de de cheia (Speckhann et al.,
drenagem são alerta em tempo real (Loi et al., 2019).
inundações. 2018).
informação básica de
entrada requerida para 6.5 Inundações urbanas
É possível estimar o risco à Para esse tipo de estudo,
a maioria dos modelos
inundação a partir de análises precisa-se caracterizar a A combinação modelos hidrológicos e
hidrológicos com base
diretas do MDE, como via o descritor topografia da planície de MDE é valiosa para estudar diferentes
física, como os modelos
do terreno HAND (Height Above inundação e áreas cenários de inundações urbanas e
hidrológicos distribuídos
Nearest Drainage; Nobre et al., adjacentes. Quanto estimar os custos associados,
ou os modelos
2016; Rodda, 2005; Rennó et al., melhor essa informação, auxiliando a tomada de decisão (Kim
hidrodinâmicos.
2008). mais realista é o estudo. et al., 2020) 46
47
6.6 Inventário do
potencial hidroelétrico
O processamento do MDE
permite avaliar, de forma
prática e rápida, o potencial
hidroelétrico de uma região
(Larentis et al., 2010).

A partir de pontos escolhidos


para instalação de
barramentos, pode-se estimar
a área inundada pelo lago, o
volume armazenado, verificar
se tal lago se sobrepõe a
áreas mais sensíveis como
sítios arqueológicos, terras
indígenas e ocupações
urbanas.

Extrai-se, ainda, a curva cota-


área-volume, que melhor
caracteriza o lago formado
48
pela barragem.
49
Isso ocorre devido principalmente à
fragmentação de habitat e à alteração
6.7 Impacto de
do regime hidrológico, mas também
barramentos devido à retenção de sedimentos,
alteração da qualidade da água a
Também com a combinação entre jusante e à transformação do
modelos hidrológicos e MDEs, pode-se ambiente lótico para lêntico no lago
avaliar o impacto da construção de (FitzHugh e Vogel, 2011).
barramentos sobre o regime
hidrológico de rios e planícies de O regime de operação da barragem
inundação, levando em conta a pode causar ainda diversos outros
sazonalidade hidrológica da região e a impactos (Mailhot et al., 2018)
distribuição espacial desses impactos
(Jardim et al., 2020; Ryo et al., 2015).

A alteração do regime hidrológico


repercute em impactos ambientais em
todo o ecossistema associado ao rio.

50
6.8 Onda de cheia por
Para esses estudos a caracterização
ruptura de barragens
topográfica a partir de MDEs é fundamental.
Um outro uso de MDEs relacionado a
barramentos é para a elaboração de Dados obtidos por levantamento
estudos de propagação de onda de aerotransportado como sensores LiDAR são
cheia resultante de cenários de muito recomendados nessa situação, devido
rompimento de barragem (Azeez et al., ao maior refinamento da resolução espacial e
2020). menor efeito da cobertura vegetal.

Tais estudos são requeridos para O uso combinado do MDT e do MDS


gerar informações e subsídios para provenientes dos dados LiDAR auxilia na
compor o Plano de Ações estimativa dos riscos e danos associados à
Emergenciais da barragem, integrando mancha de inundação provocada por um
o Plano de Segurança de Barragens. possível rompimento da barragem.

51
As áreas de contribuição de águas
6.9 Conectividade 6.10 Recarga de subterrâneas podem diferir substancialmente
hidrológica rio-planície águas subterrâneas das áreas de contribuição definidas pela
topografia (Park et al., 2020).
Estudos hidrológicos valendo-se
de MDE podem ser usados
Fatores como tipo de solos, geologia,
também para avaliar padrões de
cobertura vegetal e regime de precipitação
conectividade entre o rio, ou sua
são muito atuantes nas características dos
calha principal, e a planície de
estoques subterrâneos de água.
inundação.
Mas os MDEs também dão suporte na
A conectividade rio-planície age
identificação de áreas de recarga subterrânea,
fortemente no funcionamento,
a partir de sua análise direta e de produtos
integridade e produtividade dos
derivados como direções de fluxo, áreas
ecossistemas (Park e Latrubesse,
acumuladas de drenagem e mapa de
2017; Liu et al., 2020).
declividades da superfície (Baalousha et al.,
2018; Ahiwar et al., 2020).

52
6.11 Poluição do
Trata-se de uma Além do MDE, planos de Esse tipo de estudo pode ajudar a
solo e da água ferramenta útil para informação como direções identificar as fontes de poluição
Com modelos hidrológicos simular cenários de fluxo, áreas acumuladas difusa que aporta aos rios (Xiang et
alimentados por MDE e diversos de intervenção, de drenagem, delimitação al., 2020) e quantificar as cargas
produtos derivados de mudança de uso e da bacia, rede de poluentes de forma espacialmente
acoplados a módulos de cobertura da terra, e de drenagem, distâncias até os distribuída (Motovilov e
simulação da qualidade da ocorrência de derrames cursos d'água e declividade Fashchevskaya, 2019), fornecendo
água, pode-se estimar o e acidentes com cargas da superfície podem subsídios para a tomada de decisão
transporte de contaminantes de poluentes na auxiliar na elaboração de acerca do gerenciamento de risco e
pela bacia hidrográfica. superfície da bacia. tais estimativas. controle da poluição ambiental.

53
7
7
Geotecnia
ambiental

Capítulo

54
A morfometria da bacia hidrográfica
pode ser vista como fator pré-
condicionante ao risco de erosão, o
7.1 Erosão hídrica que ressalta a relevância de
e perda de solo adequadamente fazer o tratamento
e processamento do MDE e dos
O processo de erosão do solo produtos necessários.
está relacionado a diversos
fatores ambientais. A obtenção do fator topográfico (LS)
e abordagens do tipo RUSLE são
Modelos de predição de erosão muito usadas (Lu et al., 2020).
tem usado características
geofísicas e geomorfológicas A determinação do início da rede de
como declividade do terreno, drenagem e o cômputo das
tipo de solo, uso e cobertura da distâncias de cada ponto da bacia
terra, topografia, distâncias até até a rede de drenagem merecem
o rio, densidade de drenagem, especial atenção, pois influenciam
geometria e índice de diretamente a distinção das áreas
bifurcação da rede de com produção e processos erosivos
drenagem, além da erosividade à superfície das áreas de maior
da chuva (Hembran et al., 2019; transporte pelas calhas dos cursos
Lohani et al., 2020). d'água. 55
Nessa empreitada, a análise
7.2 Risco de
morfométrica e morfológica da
deslizamento de terra área é um fator crucial.

Os deslizamentos de terras Modelos Digitais de Elevação e


são considerados umas das produtos derivados, como
tragédias de maior ocorrência declividade, caminhos de fluxo
a nível global. e rede de drenagem tem ampla
aplicação nesse sentido (Basu e
Desde a década de 1990, Pal, 2019; Huang e Chao, 2018).
estudos tem usado Sistemas
de Informação Geográfica para
estimar as áreas de maior
risco ao deslizamento.

56
7.3 Risco de
rompimento de
barragem

As elevações do maciço de
uma barragem obtidas com
precisão e representadas
em um MDE podem ser Um desses métodos é o
usadas como informação baseado na
para investigar o risco de microgravimetria, que
falhas e de rompimento da procura estudar variações
barragem, em algumas do campo gravitacional
abordagens (Dezert et al., associadas a anomalias de
2020). massa (Dezert et al., 2020).

57
8
8
Ciências
atmosféricas

Capítulo

58
Ferramentas matemáticas Nessa linha, outro tipo de estudo
como análise de regressão, similar é a identificação de padrões
modelagem matemática e de como varia no tempo e no
inteligência artificial tem sido espaço a concentração de
empregadas em estudos para poluentes atmosféricos.
simular a dispersão de
poluentes na atmosfera. Por exemplo, Kong e Tian (2020)
8.1 Dispersão estimaram como varia espaço-
de poluentes Podem ser gerados subsídios temporalmente a concentração de
para auxiliar as intervenções, a material particulado na atmosfera.
atmosféricos
proposição de ajuste de Avaliaram, ainda, quais fatores que
regulamentos e o incentivo a atuam mais fortemente para isso,
Com a crescente medidas mais sustentáveis. como uso da terra, Modelo Digital de
urbanização, Elevação, distribuição da população,
aumento da Quase todas as abordagens de localização das estradas e fatores
industrialização e análise de dispersão de meteorológicos.
crescimento da poluentes atmosféricos requer
frota de veículos, a caracterização topográfica do A incorporação das informações
monitorar e ambiente, o que costuma ser geoespaciais e, em especial, do MDE,
controlar a poluição provido pelos Modelos Digitais é fundamental para compreender o
atmosférica é um de Elevação, como nos estudos meio ambiente.
dos grandes de Douglas et al. (2019) e Conti
desafios globais. et al. (2017), por exemplo. Você ainda tem dúvidas? 59
8.2 Otimização da Em segundo lugar, o MDE 8.3 Modelagem da
rota de veículos para é usado como plano de interação solo-
informações para
redução de poluição vegetação-atmosfera
possibilitar o estudo da
Uma forma de incorporar o dispersão de poluentes O MDE também é um plano de
MDE duplamente: otimizar a na atmosfera. informações usado como
rota de veículos de carga entrada para estudos de
para reduzir a poluição Pode-se avaliar o grau de modelagem matemática das
atmosférica (Schroder e impacto de diferentes interações entre os sistemas
Cabral, 2019). rotas dos veículos em solo, vegetação e atmosfera
partes específicas da (Emmett et al., 2021; Ivanov et
Primeiro, precisa-se do MDE cidade, consideradas al., 2008).
para contabilizar o consumo mais sensíveis à poluição
de combustível e esforço de atmosférica, como áreas São realizadas simulações para
motor em função das escolares e de hospitais. representar como energia, água,
elevações do trajeto. carbono e outros constituintes
são trocados entre tais sistemas,
sendo a topografia um aspecto
fundamental (Ji et al., 2017).

60
Esse tipo de estudo é Consequencia imediata Para esse tipo de estudo,
essencial para melhor desse aumento é a Modelos Digitais de
entender o funcionamento inundação de áreas Elevação das áreas
biogeoquímico dos costeiras. costeiras são informação
ecossistemas, para simular imprescindível.
impactos de cenários de Assim, é crucial estimar o
mudanças climáticas e potencial de exposição da Os MDEs servem para
impactos de ações como população às projeções diferentes abordagens de
desmatamento, substituição de aumento do nível do estimar a área inundada
de cobertura vegetal, mar, para planejamento a partir de cenários de
queimadas e outras da ocupação costeira e elevação do nível do mar,
intervenções antrópicas. para avaliação dos como métodos diretos a
benefícios de mitigar as partir da análise
8.4 Impacto do mudanças climáticas, bem topográfica, método do
aumento do nível como dos custos da falha tipo vasos comunicantes
em agir nesse sentido e ainda aplicações de
do mar
(Kulp e Strauss, 2019; modelos hidráulicos-
Com as mudanças climáticas, Gesch, 2018). hidrodinâmicos.
uma das grandes
preocupações ambientais é
o aumento do nível mar.

61
9
9
Ecologia,
biologia e
ciências
florestais
Capítulo

62
9.1 Diversidade Por sua vez, a Por isso, Modelos Digitais de Elevação
da paisagem diversidade da paisagem são um dos planos de informação
atua fortemente na requeridos para adequadamente
As características ciclagem biogeoquímica, avaliar a diversidade da paisagem
topográficas riqueza de espécies, espacialmente, podendo ainda se
representam um dos diversidade filogenética e considerar informações sobre os
grandes fatores qualidade da água dos caminhos de fluxo, distâncias aos
atuantes para explicar rios (Clement et al., 2017; cursos d'água, descritores do terreno
a diversidade da Emmett et al., 2021; Kim como HAND (Rennó et al., 2008) e
paisagem nos e Lee, 2021), entre delimitação de sub-bacias
ecossistemas. outros aspectos. hidrográficas (Clement et al., 2017).

63
9.2 Distribuição O melhor entendimento desses
espacial de espécies padrões permite investigar, por
exemplo, a diversidade funcional,
A ocorrência e distribuição espacial de relacionada à diversidade das
espécies ao longo dos ecossistemas características das espécies que
também tem como uma das forças afetam o funcionamento do
governantes a topografia (Emmett et ecossistema e repercutem
al., 2021; Wu et al., 2017). diretamente na capacidade de
realização dos serviços ambientais
Assim, Modelos Digitais de Elevação e (Hager e Avalos, 2017).
produtos derivados, como declividade
da superfície, caminhos de fluxo e rede Outra funcionalidade é avaliar as
de drenagem, também são conexões entre a diversidade de
informações usadas para avaliar a árvores e o armazenamento de
distribuição espacial de espécies. carbono (Hager e Avalos, 2017).

64
9.3 Risco de extinção de
espécies
9.4 Gestão ambiental e
Para conservação ambiental, é vital a ações de conservação
determinação da vulnerabilidade de espécies
à extinção e a quantificação da extensão de Como a topografia se relaciona com a diversidade de espécies,
perda e fragmentação de habitat. de habitat, da paisagem e está intimamente relacionada,
portanto, ao funcionamento dos ecossistemas, é natural que as
Isso pode direcionar os esforços e otimizar o características topográficas sejam levadas em conta na gestão
uso prioritário de escassos recursos ambiental e proposição de ações de conservação (Brambilla et
disponíveis para esse tipo de ação. al., 2020; Sano et al., 2019).

Com o uso de geoprocessamento e E, para isso, o uso de MDEs é de grande utilidade, facilitando o
considerando dados topográficos a partir do cruzamento com outros planos de informação em ambiente SIG.
MDE, além de informações de cobertura
florestal e uso da terra, tem-se a melhoria do
entendimento do processo de extinção de
espécies e a melhor identificação do risco de
extinção de cada espécie (Ocampo-Penuela
et al.; 2016; Tukiainen et al., 2016).

65
9.5 Resiliência de florestas
9.6 Ocorrência e Fatores como o clima, a Inclusive, a proteção de
Modelos Digitais de Elevação e existência de vegetação como áreas topográficas que
severidade de
produtos derivados também são combustível e a topografia possam servir como
informações úteis para estudar a queimadas
podem ser considerados refúgio de longo prazo ao
resiliência de florestas e predizer o como os três principais fogo pode ser importante
As características
comportamento em escalas
topográficas estão tão aspectos que norteiam a para a manutenção da
regionais, a partir de modelagem severidade do fogo na escala integridade ecológica de
relacionadas aos
matemática.
ecossistemas que até local, além da ocorrência de florestas, principalmente
a ocorrência e eventos anteriores de com as mudanças
Pode-se investigar pela modelagem queimadas (Harris e Taylor, climáticas (Collins et al.,
severidade de
a distribuição espacial de espécies 2017; Collins et al., 2019). 2019).
queimadas naturais
vegetais, o processo de conversão
sofre influência da
de biomassa devido a eventos de
topografia.
perturbação e a dinâmica de
regeneração de florestas em
condições de mudanças climáticas
(Emmett et al., 2021).

66
10
10
Resíduos
sólidos

Capítulo

67
10.1 Otimização da
rota de coleta de lixo

Ao fazer o
gerenciamento dos
resíduos sólidos de uma Para esse tipo de análise,
cidade, a atividade de um plano de informações Deve-se buscar, ainda,
coleta e transporte tem fundamental é o Modelo trabalhar com a capacidade
papel chave, pois é, Digital de Elevação. de carga dos veículos
geralmente, a de maior transportadores e levar em
custo (Rahimi et al., A rota otimizada, de menor conta a geração de
2020). custo, deve considerar o resíduos espacialmente na
consumo de combustível cidade, a quantidade de
Diversos estudos tem em função das distâncias e horas dos trabalhadores, os
sido feitos visando também dos desníveis tempos de semáforo, os
reduzir tais custos, a percorridos ao longo do limites de velocidades,
partir da otimização das percurso, contando com o estimativas de trânsito e os
rotas de coleta dos peso do veículo e da carga tipos de vias, entre outros
veículos. transportada. aspectos. 68
10.2 Seleção de O local a ser instalado o aterro sanitário
deve obedecer a critérios técnicos e
áreas aptas para
legais.
aterro sanitário

Além do aumento Diversos métodos computacionais tem


populacional em algumas sido empregados para vasculhar as
cidades, o aumento dos opções possíveis de locação de um aterro
padrões de consumo de sanitário, levando a uma decisão de
forma generalizada tem menor custo para instalação e
acelerado o crescimento manutenção, mantendo o atendimento
da geração de resíduos aos requisitos técnicos e legais.
sólidos.
O MDE e produtos como o mapa de
Embora ações de declividades são informações básicas
reciclagem, para muitas dessas abordagens de
compostagem e outras seleção de locais para aterros sanitários
mais adequadas sejam (Rahimi et al., 2020).
crescentes, é gigantesca a
demanda por aterros
sanitários no Brasil, para
a disposição final dos
resíduos coletados.
69
11
11
Ciências
agrícolas

Capítulo

70
11.1 Perda de É fundamental a identificação
solos e de áreas criticas de
ocorrência de perdas de solos
nutrientes
e nutrientes e, para esse
papel, o MDE e produtos
Estimativas de perdas de derivados são fundamentais
solos e de nutrientes são (Lohani et al., 2020), com
problemas críticos para atenção ao efeito da
as áreas cultivadas, resolução espacial nesse tipo
resultando em redução de estudo (Napoli et al., 2017).
da fertilidade dos solos,
redução de Tais perdas estão
produtividade, demanda relacionadas às práticas
por manejo mais intenso, agrícolas, tipos de solos,
aumento de custos e fatores erosivos e, também, às
maior poluição hídrica características de variação
(Napoli et al., 2017). topográfica e declividade na
região.

71
11.2 Aptidão agrícola Por exemplo, a cultura da
cana-de-açúcar de forma
Em função de características mecanizada é indicada para
do solo relativas à fertilidade, terrenos com declividade de
suprimento de água, de até 12%.
oxigênio, susceptibilidade à
erosão e requisitos para o O processamento do Modelo
manejo agrícola, pode-se Digital de Elevação preenche
avaliar a aptidão agrícola de completamente essa
uma área para determinadas demanda por avaliação da
culturas agrícolas. declividade, em atendimento
às exigências da mecanização.
Um dos requisitos relativos
ao manejo pode ser Com operações de SIG, pode-
referente às exigências se fazer o cruzamento dos
necessárias para a planos de informação
mecanização, como a envolvidos para delinear áreas
declividade. com aptidão agrícola.

72
Nesse contexto, os Modelos Digitais de Elevação também tem seu
11.3 Agricultura lugar de destaque, já que conhecer e representar digitalmente a
de precisão topografia da área é fundamental para o manejo agrícola preciso.

A agricultura de Por exemplo, o MDE pode ser usado como preditor da


precisão envolve um produtividade agrícola, isto é, a variação topográfica como
conjunto de práticas ferramenta para avaliar a variabilidade espacial quantitativa da
agrícolas que se valem produtividade na lavoura (Moravec et al., 2017).
de diferentes
tecnologias, como Em função das características da agricultura de precisão, o
geolocalização, sensoriamento remoto com veículos aéreos não tripulados (VANTs)
automação, análise de é uma virada de jogo (Maes e Steppe, 2019). Ele oferece resolução
dados, internet das espectral, espacial e temporal sem precedentes, mas também pode
coisas, inteligência fornecer dados detalhados de altura da vegetação, microtopografia
artificial e robótica. e observações multiangulares (Maes e Steppe, 2019).

Tudo isso em prol de


cultivar de forma mais
precisa, com uso mais
racional e inteligente
dos recursos, e
automatizada.
73
12
Capítulo
Energias
renováveis

74
12.1 Energia eólica No caso da energia eólica, a
produção de energia varia com o
As energias renováveis, em cubo da velocidade do vento. Então,
particular as fontes eólica e solar, quanto mais criteriosa a escolha do
são uma realidade sem volta, no local de instalação, maior produção
mundo e no Brasil. Os e maior fator de capacidade.
investimentos e a quantidade de
energia gerada tem crescido Deve ser avaliado o arranjo das Isso repercute não apenas em mais rendimento
velozmente. torres eólicas espacialmente no financeiro, mas também em maior segurança no
terreno, levando em conta a fornecimento de energia, trazendo mais confiança
posição individual de cada uma e o e estímulo a esse tipo de aproveitamento
distanciamento e efeito de esteira. energético.

Não basta analisar na escala macro as áreas do


país ou mesmo de um estado com melhor
possibilidades de oferta de ventos.
75
É necessário estudar em Por exemplo, a análise
12.2 Energia solar
mais detalhes a variação e de declividades é um
características dos ventos fator importante ao Características topográficas devem ser
localmente, com selecionar locais para também analisadas na seleção de locais para
levantamentos de campo e parques eólicos, instalação de parques de geração de energia
modelagem matemática. porque quanto mais solar fotovoltaica ou térmica.
íngreme for o declive,
A representação topográfica maior será o custo do Uma preocupação principal são encostas íngremes, que
é crucial para isso, dada a parque eólico (Dhunny podem causar efeitos de sombreamento indesejados de uma
interferência que as feições et al., 2019). fila de painéis solares sobre a outra (Dhunny et al., 2019).
do relevo tem sobre o
campo espacial dos ventos. E, para isso, novamente
os Modelos Digitais de
Elevação e produtos
derivados são
prontamente
empregados.

76
Uma alternativa que gera maior rendimento de
energia em quantidade menor de área ocupada é a
co-geração eólica e solar na mesma área, já que
fazendas solares ocupam a superfície do nível do solo,
enquanto as turbinas eólicas são montadas em eixos
verticais (Dhunny et al., 2019).

A análise de requisitos topográficos para essa área


deve, agora, satisfazer ambos critérios, eólico e solar.

77
12.3 Energia hidroelétrica
12.4 Biomassa plantada
A utilidade de Modelos Digitais
de Elevação e produtos Modelos Digitais de Elevação
derivados no setor de também tem diversas aplicações
hidroeletricidade é vasta. no setor de biomassa plantada,
além dos produtos derivados,
Como visto no capítulo 6 como declividades e direções de
Hidrologia, o MDE e produtos fluxo.
servem principalmente para
identificar locais apropriados No Brasil, há grande produção
para instalação de uma de etanol a partir da cana-de-
hidroelétrica, caracterizar a açúcar e de biodiesel a partir da
área que será alagada, soja.
inclusive com a elaboração da
curva cota-área-volume, Em particular, destacam-se as
quantificar a inundação aplicações para estimativa de
causada por eventual ruptura perdas de solos e nutrientes,
da barragem e estimar avaliação de aptidão agrícola e
alterações do regime aplicações de agricultura de
hidrológico devido à operação precisão, como comentado no
da barragem. capítulo 11 Ciências Agrícolas. 78
13
Planeja-
mento
urbano e
mobilidade
Capítulo

79
13.1 Ilhas de calor e A variação topográfica ao
climatologia longo da cidade e as
Diversos fatores atuam
declividades também
urbana para a formação de ilhas de
influenciam a formação
calor, tais como
desse fenômeno (Wu et al.,
Em cidades com grande concentração de superfícies
2019) e a climatologia
urbanização, pode de grande absorção de
urbana como um todo
ocorrer o fenômeno calor (concreto, asfalto,
(Cetin, 2019; Assis, 2006).
climático das ilhas de telhas etc), reduzida
calor. vegetação, reduzida
Por isso, Modelos Digitais de
absorção e infiltração de
Elevação e produtos
Há o aumento da água para o solo devido à
derivados também são
temperatura e redução impermeabilização,
usados para estudar as ilhas
da umidade do ar nessas poluição atmosférica e
de calor (Wu et al., 2019).
cidades, ou em partes reduzida circulação de ar
delas, relativamente a devido à concentração de
outras áreas e cidades da edificações (Chapman et al.,
região. 2017).

80
Isso contribui fortemente para
13.2 Geomorfologia
processos erosivos e mudanças
urbana geomorfológicas.

Ao processo de urbanização
Uma das formas de estudar e
se associam mudanças
quantificar esse processo é com
geomorfológicas na superfície
a avaliação comparativa entre
das cidades.
Modelos Digitais de Elevação
correspondentes aos períodos
A impermeabilização da
pré- e pós-urbanização.
superfície urbana acarreta
impactos nos processos
São analisadas as diferenças
hidrológicos, como aumento
entre os dois MDEs e também
do volume, intensidade e
de produtos derivados, como as
rapidez na geração de
áreas acumuladas de drenagem
escoamento superficial e
e índices topográficos (de
redução da recarga de águas
Albuquerque et al., 2020).
subterrâneas.

81
13.3 Mobilidade
urbana e sistemas Um MDE também se
de transporte mostra de grande
inteligentes Além disso, o uso de Por isso, a topografia potencial quando se
bicicletas nas cidades representada em um envolve sistemas de
As variações topográficas pode ser grandemente MDE e produtos transportes inteligentes.
e declividades ao longo influenciado pela derivados como a
das vias tem impacto no declividade longitudinal declividade são Por exemplo, as
planejamento da das vias (Saplioglu e importantes de serem variações topográficas
mobilidade urbana. Aydin, 2018; Yang et al., incorporados em geram dificuldades
2019). estudos de mobilidade, relacionadas à
Uma relação é que o por exemplo na transmissão e
consumo de combustível integração entre o uso interferências do sinal
e mesmo o tempo de de bicicletas e sistemas para manter a conexão
deslocamento são de transporte público entre os carros
dependentes da (Saplioglu e Aydin, autônomos ao longo do
declividade do percurso. 2018). tempo (Hadiwardoyo et
al., 2020).

82
14
14
Mensagem
final

Capítulo

83
Há, ainda, outros temas e Muitas vezes, é mais
Neste livro vimos como o interessante você se
áreas que não foram
Modelo Digital de Elevação apropriar da essência do
abordados. Assim como há
pode ser utilizado em conhecimento, ter aquela
maior aprofundamento de
inúmeros estudos noção geral bem
cada tema trabalhado
ambientais. embasada, e deixar para
neste livro. Tudo isso pode
ser encontrado nas especialistas de cada
Afinal, o meio ambiente é área usarem a
referências mencionadas e
espacial, o relevo é um dos experiência deles em
em outros materiais
fatores governantes dos cada área específica.
complementares.
processos ambientais e o
MDE é a forma mais Sobra mais tempo para
Mas fica a reflexão: em um
prática para lidar com a você estudar e atuar na
mundo de tanta ocupação,
caracterização topográfica sua especialidade com
falta de tempo e excesso
espacialmente. calma e excelência.
de informações, avalie se
você de fato precisa fazer o
A versatilidade do uso do O resultado é altamente
aprofundamento, ou o
MDE e de produtos positivo: cada um
quanto de tempo e energia
derivados foi notoriamente fazendo o que sabe de
pode gastar nisso.
destacada, quando melhor.

Esperamos que
abordamos 35 temas de
aplicação do MDE,
distribuídos em 8 grandes
áreas de aplicação. você tenha gostado! 84
15
Capítulo
Referências
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15
85
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