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Curso Básico de

Gerenciamento da
Segurança
Operacional

Módulo - 4

Sistema de
Gerenciamento da
Segurança Operacional
(SMS)
CONTEÚDO DO MÓDULO
01 Introdução

02 Sistema de Gerenciamento da segurança


operacional (SMS)

03 Estruturação do SMS (framework)

04 Responsabilidades e atribuições dos colaboradores


da organização em relação ao SMS

05 Princípios do Gerenciamento de Riscos

06 Sistema de Relatos de Segurança Operacional

07 Familiarização com o Manual de Gerenciamento da


Segurança Operacional (MGSO) da organização

08 Resumo

09 Referências Bibliográficas
Introdução
VAMOS AGORA DAR CONTINUIDADE NO CURSO, INICIANDO O ÚLTIMO
TÓPICO DE ESTUDOS, MÓDULO 4 – SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA
SEGURANÇA OPERACIONAL (SMS), QUE TEM COMO PRINCIPAL
OBJETIVO APRESENTAR O ESCOPO DESSE SISTEMA PARA
PROPORCIONAR ÀS ORGANIZAÇÕES DE AVIAÇÃO UMA ABORDAGEM
SISTEMÁTICA PARA ALCANÇAR NÍVEIS ACEITÁVEIS DE DESEMPENHO
NA SEGURANÇA DAS OPERAÇÕES.
Após falarmos sobre o tema da Dessa forma, podemos dizer que um
supervisão da segurança operacional SMS é um conjunto de ferramentas
pelo Estado Brasileiro, vamos agora gerenciais e métodos organizados que
finalizar nossos estudos conhecendo a visam a apoiar as decisões que o Gestor
estrutura de um Safety Managment Responsável pelo PSAC, ou Executivo
System (SMS), traduzido no Português Responsável pelo PSNA, deve tomar em
como Sistema de Gerenciamento da relação aos riscos de suas atividades
Segurança Operacional (SMS), uma das diárias. Esse sistema deve considerar a
exigências do país para com seus estrutura organizacional, as
regulados no segmento da aviação civil, responsabilidades (accountabilities) dos
conforme orientação dada pelo Anexo 19. envolvidos, os procedimentos e
Com a publicação do Programa Brasileiro processos inerentes à operação e as
para a Segurança Operacional da medidas necessárias à implementação
Aviação Civil (PSO-BR), do Programa de das diretrizes para o gerenciamento da
Segurança Operacional Específico da segurança operacional, o que veremos a
Agência Nacional de Aviação Civil seguir.
(PSOE-ANAC) e do Programa de
Segurança Operacional Específico do
Comando da Aeronáutica (PSOE-
COMAER), ficou instituído pelo Estado
Brasileiro a exigência dos provedores de
serviços de aviação civil (PSAC) e dos
provedores de serviços de navegação
aérea (PSNA), implantarem, na operação,
um SMS que os permitisse alcançar um
nível aceitável de desempenho (NADSO)
nas atividades desenvolvidas, visando a
melhoria contínua da segurança
operacional.
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Sistema de
Gerenciamento da
Segurança Operacional (SMS)

UMA ABORDAGEM QUE TRATA A SEGURANÇA


NO CAMPO DA GESTÃO
No decorrer dos anos, grandes melhorias
tecnológicas trouxeram excelentes contribuições
para a segurança em diferentes atividades que
envolvem a produção de bens e serviços, e o
segmento da aviação não ficou de fora dessa
evolução. No entanto, para melhorar a segurança
das operações não bastavam apenas atitudes
isoladas, pois era preciso haver uma mudança de
comportamento dos envolvidos no sistema, bem
como um melhor reconhecimento do ambiente ao
seu redor. Diante disso, ter ciência que evitar
acidentes se faz essencial para uma atividade diversos níveis e de modo contínuo pela
aérea sustentável, pode significar o primeiro passo organização.
para se encontrar oportunidades de melhoria em
um ambiente em que os perigos fazem parte de O SMS é uma abordagem sistemática para o
toda atividade desenvolvida. Nesse cenário, evoluir gerenciamento da segurança das operações, a ser
de um foco meramente reativo para uma adotada pelas organizações de aviação no trato de
abordagem proativa que buscasse identificar suas atividades diárias e representa um elemento
perigos e gerenciar riscos, antes mesmo que algo chave para se alcançar o nível aceitável de
ruim acontecesse, era algo esperado. Mas em que desempenho da segurança operacional (NADSO) na
um Sistema de Gerenciamento da Segurança aviação. O sistema é um produto de uma evolução
Operacional (SMS) poderia contribuir com essa contínua da segurança operacional da aviação. Ele
mudança de paradigma? Por quê as organizações trata a segurança no campo da gestão, por meio da
de aviação deveriam implantar um SMS na identificação de perigos e análise dos riscos,
operação? A resposta é muito simples: primeiro viabilidade operacional, definição de prioridades e
porque o sistema busca melhorar o nível da alocação equilibrada de recursos, permitindo ao
segurança operacional – que já é bastante alto – regulado adaptar-se às mudanças no ambiente
da aviação civil e segundo, porque ele adiciona operacional, à complexidade do próprio sistema e à
novas regras, não prescritivas, flexíveis limitação dos recursos disponíveis. Em outras
(performance-based), sem revogar ou substituir os palavras, podemos dizer que o SMS deve ser
regulamentos existentes. Segundo o Anexo 19 da entendido como uma ferramenta para auxiliar nas
OACI, cabe ao Estado, como parte do seu decisões gerenciais e não como um programa de
Programa de Segurança Operacional (PSO), segurança tradicional, separado e distinto dos
requerer de seus regulados a implementação e negócios. O sistema ainda inclui requisitos para
manutenção de um "Safety Management System reforçar as atitudes de prevenção de acidentes,
(SMS)", traduzido no Brasil para Sistema de buscando melhorar a cultura de segurança
Gerenciamento da Segurança Operacional (SMS), operacional de diretores, gerentes e demais
proporcional à dimensão do provedor e à colaboradores de uma organização.
complexidade de sua operação. O sistema diz
A seguir, vamos conhecer a estrutura requerida
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respeito a processos definidos com o objetivo de


orientar uma tomada de decisão eficaz baseada na para o SMS de acordo com os regulamentos
análise de dados de segurança coletados em vigentes.
ESTRUTURAÇÃO DO SMS (FRAMEWORK)
O Anexo 19 da OACI estabeleceu uma estruturação O primeiro componente da estrutura do SMS está
básica para o SMS que foi internalizada no Brasil pelo relacionado à criação de um ambiente favorável ao
Programa de Segurança Operacional Específico da gerenciamento da segurança operacional. Ele se baseia
ANAC (PSOE-ANAC) para os PSAC e pela ICA 81-2 em uma política alinhada com os objetivos e as metas
(GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL DO de segurança operacional da organização e possui cinco
SISCEAB) para os PSNA. A estrutura definida é elementos distintos: Responsabilidade e
composta de quatro componentes e doze elementos, comprometimento da alta direção; Responsabilidade
são eles: primária acerca da segurança operacional; Designação
do pessoal-chave da segurança operacional;
Componente 1 - Política e Objetivos da Segurança Coordenação do Plano de Resposta a Emergências; e
Operacional Documentação do SMS. O segundo componente
1.1. Responsabilidade e comprometimento da alta refere-se à obrigação da organização em
direção desenvolver, implantar e formalizar processos para
1.2. Responsabilidade primária acerca da segurança identificar perigos e mitigar riscos à segurança
operacional operacional. Ele é composto por dois elementos:
1.3. Designação do pessoal-chave da segurança identificação de perigos e processo de avaliação e
operacional controle de riscos. O terceiro componente refere-se
1.4. Coordenação do Plano de Resposta a aos processos internos para verificar o desempenho
Emergências da segurança operacional em comparação com as
1.5. Documentação do SMS políticas e os objetivos de segurança estabelecidos
pela alta direção em seu SMS, validando assim, a
Componente 2 - Gerenciamento de Riscos à eficácia dos controles de riscos implementados. Ele é
Segurança Operacional composto por três elementos fundamentais: processo
2.1. Processo de identificação de perigos de monitoramento e medição de desempenho da
2.2. Processo de avaliação e controle de riscos segurança operacional, processo de gerenciamento de
mudanças e processo de melhoria contínua do SMS. O
Componente 3 - Garantia da Segurança Operacional quarto e último componente consiste na promoção
3.1. Processo de monitoramento e medição do da segurança operacional incluindo capacitação,
desempenho da segurança operacional comunicação e outras ações para criar uma cultura
3.2. Processo de gerenciamento de mudanças positiva de segurança operacional em todos os níveis
3.3. Processo de melhoria contínua do SMS da organização. Ele é formado por dois elementos:
treinamento e qualificação; divulgação do SMS e da
Componente 4 - Promoção da Segurança comunicação acerca da segurança operacional. Vale
Operacional lembrar que embora alguns termos relacionados à
4.1. Treinamento e qualificação segurança operacional sejam diferentes nas normas de
4.2. Divulgação do SMS e da comunicação acerca PSAC e PSNA, a essência dos componentes, bem como
da segurança operacional dos elementos e atividades dentro de um SMS são as
mesmas.
Fica a critério de cada organização decidir quanto à
inclusão de outros componentes e elementos que, No próximo tópico falaremos sobre as atribuições e
segundo suas próprias considerações, sejam demais responsabilidades dos colaboradores de uma
necessários ao êxito da implementação do SMS. organização em relação ao SMS.
Fonte: Estruturação do SMS - SMS para PSAC (ANAC 2022).

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Responsabilidades e atribuições
dos colaboradores da organização
em relação ao SMS

Os componentes e elementos da estrutura do SMS, mencionados


no tópico anterior, baseiam-se em processos, procedimentos,
responsabilidades e estruturas. Ao serem definidos, implementados
e interagirem entre si constituem um sistema no qual a segurança
operacional, agregada às atividades dos provedores deve ser
gerenciada dentro dos mesmos níveis de responsabilidade e
comprometimento que todos os outros aspectos organizacionais
relevantes para o alcance dos seus objetivos estratégicos.
Cabe à organização: identificar um Gestor Responsável (GR) ou
Executivo Responsável (ER) que, independente de outras funções,
será o responsável primário pela implementação, manutenção e
desempenho do SMS; identificar claramente os níveis de
responsabilidade e de autoridade dentro da própria organização,
desde os colaboradores e gerentes até a Alta Direção, em relação à
segurança operacional e ao desempenho do sistema; documentar
e comunicar formalmente os níveis de responsabilidade e de
autoridade citados anteriormente e explicitar os níveis gerenciais
com autoridade compatível para a tomada de decisões relativas à
tolerabilidade dos riscos à segurança operacional.
O GR/ER deverá, comprovadamente, ter: pleno controle sobre a
administração dos recursos humanos e financeiros demandados
para conduzir as atividades da organização dentro dos requisitos e
padrões de segurança operacional em vigor; plena
responsabilidade sobre a condução das atividades da organização,
em conformidade com os requisitos aplicáveis à sua
homologação/certificação e plena responsabilidade pela condução
dos interesses estratégicos da organização.
Cabe ao GR/ER: realizar a aprovação final da política, dos objetivos
e das metas da segurança operacional; realizar a aprovação final da
sistemática de avaliação de desempenho da segurança
operacional; realizar a aprovação final da documentação
corporativa referente ao SMS; assegurar a alocação de recursos de
qualquer natureza necessários ao estabelecimento, implementação
e manutenção do SMS; realizar a aprovação da liberação dos
recursos demandados para a implementação das ações
necessárias à redução dos riscos operacionais identificados pela
organização; decidir quanto à continuidade das atividades em face
da tolerabilidade aos riscos operacionais identificados pela
organização; assegurar a confidencialidade e a confiabilidade
demandadas pela implementação dos procedimentos relacionados
aos relatos de situações adversas à segurança operacional;
assegurar a divulgação do SMS e da comunicação acerca da
segurança operacional; assegurar a implementação das ações
demandadas para garantir a segurança operacional nas atividades
da organização, conforme definidas nos relatórios de auditorias
internas ou de avaliações periódicas do SMS; assegurar a
implementação das ações demandadas para garantir a segurança
operacional nas atividades da organização, visando atender
satisfatoriamente às requisições oriundas das auditorias do Órgão
Regulador; formalizar a comunicação e as interações do SMS da
organização com seus subcontratados e clientes, conforme
aplicável, visando a promoção, a garantia e a melhoria da segurança
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operacional; além de presidir o Comitê de Segurança Operacional


(CSO), quando aplicável.
Pessoal-Chave de
Segurança Operacional

A estrutura do SMS concebida e operacionalizada


pelo pessoal-chave da segurança operacional,
deverá ser compatível com os critérios de
escalabilidade das organizações, quando
aplicável, e estar em conformidade com o
preconizado pelos regulamentos vigentes,
principalmente no requisito relacionado à
Direção/Gerência Requerida (estrutura mínima
necessária para o desempenho das atividades
desenvolvidas pelo provedor). Para tanto, cada
organização deverá identificar e nomear um
Gestor de Segurança Operacional (GSO) ou
Gerente da Segurança Operacional (GSOP) para a
área de navegação aérea, que será o responsável
por administrar o SMS implantado, bem como, o
ponto focal perante o Órgão Regulador para
responder pelo sistema. Esse mesmo GSO/GSOP
deverá possuir a autoridade necessária para a
tomada de decisões que impactam o f) gerenciar a elaboração e revisão da
desempenho do SMS, estando diretamente documentação corporativa relativa ao SMS;
subordinado ao GR/ER para assessorá-lo quanto g) aprovar previamente a documentação
às questões ligadas à segurança operacional e ao corporativa relativa ao SMS, cuja aprovação final
próprio sistema. compete ao GR/ER;
h) manter a documentação corporativa relativa ao
SMS adequada ao sistema implementado na
organização e em conformidade com a
regulamentação em vigor;
i) viabilizar e supervisionar o planejamento e a
realização dos treinamentos em SMS requeridos
pelas Autoridades de Aviação ou estabelecidos
pela própria organização;
j) assegurar a não interferência hierárquica sobre
os relatos das situações adversas à segurança
operacional realizados pelos colaboradores da
organização;
Assim, seriam atribuições do GSO ou GSOP:
k) auxiliar os demais gerentes e coordenar ações
a) viabilizar e supervisionar os processos de
integradas entre gerências da organização para o
gerenciamento de riscos e garantia da segurança
tratamento adequado de questões específicas
operacional da organização;
em segurança operacional;
b) monitorar a implementação das ações
l) aprovar o programa de auditorias internas ou de
demandadas para o tratamento adequado das
avaliações periódicas do SMS;
situações que afetam adversamente a segurança
m) aprovar os relatórios de auditorias internas ou
operacional no âmbito das operações sob a
de avaliações periódicas do SMS, e encaminhá-
responsabilidade direta da organização ou de
los ao GR/ER, conforme apropriado e estabelecido
seus subcontratados;
no Manual de Gerenciamento da Segurança
c) propor ao GR/ER a revisão da política, objetivos
Operacional (MGSO) da organização;
e metas da segurança operacional, a fim de
n) comunicar periodicamente a toda a
mantê-los adequados às condições da organização sobre o desempenho da segurança
organização e em conformidade com a operacional; e
regulamentação em vigor; o) planejar e coordenar a atuação do Plano de
d) fornecer subsídios ao GR/ER durante as Resposta à Emergência.
reuniões do Comitê de Segurança Operacional
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(CSO), visando a tomada de decisões que A seguir, listaremos as atribuições de outros


impactam na segurança operacional das colaboradores de uma organização de aviação em
atividades da organização; relação ao SMS.
RESPONSABILIDADES E ATRIBUIÇÕES DE OUTROS
COLABORADORES DA ORGANIZAÇÃO EM RELAÇÃO AO SGSO

Todos os funcionários da organização tem h) assegurar que os recursos apropriados


algum tipo de responsabilidade associada ao sejam disponibilizados para a execução das
SMS, no entanto, destacamos aqui aqueles ações mitigadoras acordadas;
cujas atividades estão de alguma forma i) monitorar a eficiência da vigilância
diretamente associadas ao sistema. Assim, operacional das operações subcontratadas; e
aos colaboradores dos Setores de Manutenção, j) prover orientação estratégica ao GASO.
Inspeção, Engenharia, Publicações Técnicas, Em relação à periodicidade de reuniões da
Suprimentos, Ferramentaria, CTM e SRM CSO, fica a cargo da organização definir, uma
caberiam: vez que dependerá da complexidade da
a) Registrar e comunicar os perigos operação e da quantidade de informação a ser
identificados ao Gestor de Segurança processada.
Operacional (GSO) ou ao Grupo de Ação de
Segurança Operacional (GASO); Grupo de Ação de Segurança Operacional
b) Participar dos processos de identificação de (GASO)
perigos e de gerenciamento de riscos,
implementando as ações definidas pelo GASO; Para apoiar nas análises de risco realizadas
c) Comunicar eventos relevantes de segurança pela organização e sugerir métodos para
operacional ao GSO (diretamente ou por meio mitigá-los, cada provedor deverá formar o seu
do processo de relatos voluntários); Grupo de Ação de Segurança Operacional
d) Participar dos treinamentos, ações de (GASO), sempre que previsto em regulamento
prevenção e quaisquer outros eventos voltados ou em caso negativo, se julgar oportuno. Tal
ao aumento da consciência situacional a grupo deverá ser composto, porém, sem se
respeito da segurança operacional. limitar, pelo Gestor de Segurança Operacional
(GSO), pelo Gerente de Operações, Piloto
Comitê de Segurança Operacional (CSO) Chefe, Gerente de Manutenção, Controle
Técnico de Manutenção (CTM), Coordenador
Para prover apoio ao GSO e assegurar que o de Voos entre outros designados pela
SMS funcione corretamente, cada organização, organização. O trabalho do GASO é sempre
sempre que previsto em regulamento, deve apoiado e coordenado pelo GSO. Dessa forma,
instituir um Comitê de Segurança Operacional seriam atribuições do GASO:
(CSO) com representantes do mais alto nível a) supervisionar a segurança operacional
hierárquico da companhia. Assim, caberia à dentro das áreas funcionais;
CSO: b) assegurar que qualquer ação corretiva seja
a) assegurar que os objetivos e as ações realizada de forma oportuna;
especificadas no SMS sejam atingidos nos c) levar a cabo avaliações de segurança
prazos previstos; operacional antes que a organização implante
b) supervisionar o desempenho da segurança mudanças operacionais significativas, com o
operacional em relação à política e aos propósito de determinar o impacto que tais
objetivos de segurança planejados; mudanças possam ter na segurança;
c) assessorar o GR/ER sobre questões de d) implantar os planos de ações corretivas;
segurança operacional; e) promover a participação de todo pessoal na
d) analisar o progresso da organização a segurança operacional; e
respeito dos perigos identificados e das f) informar e aceitar a direção estratégica dada
medidas adotadas em face de acidentes e pela CSO da organização.
incidentes;
e) Monitorar a eficácia das ações mitigadoras, Após falarmos sobre as responsabilidades dos
implementadas em decorrência das análises de envolvidos com a segurança operacional em
risco; um organização de aviação, no próximo tópico
f) ajudar a identificar perigos na operação e abordaremos os princípios do gerenciamento
auxiliar o GSO nas análises de risco; de risco, o segundo componente da estrutura
g) preparar e analisar informes sobre segurança de um SMS que representa a parte prática do
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operacional, elaborando relatório para o GR/ER; sistema.


Princípios do
Gerenciamento de Riscos

INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS


SOBRE GERENCIAMENTO DE RISCO

Agora que já conhecemos os fundamentos da


segurança operacional, apresentados na Unidade
2, vamos nos concentrar no gerenciamento dos
riscos. Essencialmente, o que queremos fazer nesse
tipo de gerenciamento é uma análise da
organização e de seu ambiente operacional, um
exame cuidadoso das interações de todos os
atores e partes interessadas que estão ao seu
redor, identificando tudo aquilo que possa resultar
em danos a bens ou lesões as pessoas.
O gerenciamento de riscos tem como principal
objetivo orientar a alocação equilibrada dos
recursos disponíveis, visando o controle racional
dos riscos que afetam as operações de uma
organização. O processo compreende: a
identificação de perigos, a avaliação das O primeiro passo do processo de gerenciamento
consequências desses perigos, a análise do risco de riscos é identificar os perigos associados à
associado às consequências, a eliminação dos operação. Para tanto, é necessário entender o que
perigos ou a mitigação dos riscos e por fim, a pode ser considerado um perigo.
avaliação das estratégias de mitigação.
"Perigo é uma condição, objeto, ou atividade que
potencialmente pode causar leões às pessoas,
danos à bens (equipamentos ou estruturas), perda
de pessoal ou redução da habilidade para
desempenhar uma função determinada".

No contexto da aviação existem três tipos de


perigos: naturais, técnicos e econômicos. Assim,
seriam exemplos: um evento meteorológico ou
climático, uma condição geográfica, uma
deficiência de equipamento, infraestrutura ou
algum procedimento operacional deficiente ou
inadequado, ou ainda, algum aspecto econômico,
com impactos significativos na segurança das
A partir desse diagnóstico, passaremos a refletir operações, tais como, expansão, fusão com outra
sobre os problemas que podem surgir em organização, recessão, custo de material etc.
decorrência dessa análise. Tentaremos, portanto, O gerenciamento de riscos se dará principalmente
responder perguntas do tipo, “Temos todas as após a identificação dos perigos, o que poderá
precauções necessárias para operar com acontecer depois da ocorrência de um evento
segurança?”, “Precisamos de medidas preventivas adverso de segurança operacional (acidentes ou
adicionais?”, “Estamos trabalhando num ambiente incidentes), ou de maneira proativa e preditiva,
relativamente seguro?”, “Os responsáveis pela com processos voltados a identificá-los antes
segurança operacional têm consciência de suas mesmo de uma eventual ocorrência.
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responsabilidades no processo de gerenciamento


de risco?” Vamos a partir de agora buscar as No próximo tópico vamos conhecer algumas formas
respostas para essas questões. para identificar perigos na aviação.
IDENTIFICANDO PERIGOS NA OPERAÇÃO

Existem muitas maneiras de identificar


perigos, porém, para ter sucesso é Dicas que ajudam a identificar perigos
necessária uma visão ampla e um olhar na atividade aérea
atento para buscar encontrar tudo aquilo
que possa comprometer a segurança das Procure em seu ambiente de trabalho coisas
que poderiam comprometer a segurança.
operações. Vale lembrar que qualquer
Envolva seus funcionários, pois eles podem
indivíduo pode identificar perigos, desde notar coisas que não são óbvias para você.
que as informações sejam devidamente
analisadas por alguém que domine a Compartilhe as melhores práticas. Pergunte
para outras organizações semelhantes quais
operação e compreenda o processo de
perigos foram identificados na operação,
gerenciamento do risco. Abaixo listamos
como descobriram e quais ações foram
alguns exemplos. estabelecidas.
PSOE-COMAER, publicado em 25/06/2018.
Revise relatórios de acidentes e incidentes
aeronáuticos. Eles podem ajudar a identificar
perigos menos evidentes.
Brainstorming - pequenos grupos de
Envolva todo o pessoal-chave na
discussão que se reúnem para gerar ideias
identificação de perigos. Equipes
de maneira não crítica/sem julgamento.
multidisciplinares são mais eficazes nesse
Podem ser feitos em ambientes informais.
processo, pois assim será possível ter uma
visão global da organização.
Pesquisas ou questionários com a equipe.
Revise ocorrências de segurança operacional
Relatos voluntários.
anteriores e também erros comuns. Isso
ajudará a perceber perigos recorrentes e a
Inspeções internas de segurança
avaliar a probabilidade de possíveis
operacional.
consequências associadas.

Investigações internas e externas de


segurança operacional. Em uma análise mais aprofundada, é
importante conhecer as causas dos
Revisão formal de normas, procedimentos e
perigos detectados. Essa investigação
sistemas.
pode levar à identificação de outros
Métodos de identificação de erros e perigos ou eliminar a raiz do problema.
causalidade de acidentes (Modelo SHELL,
Modelo Reason).
Mas lembre-se!!!
Inspeções internas de segurança Após a identificação dos perigos, não
operacional. podemos esquecer de registrá-los de
forma adequada. Isso é importante não
Avaliações de segurança operacional,
internas ou externas. apenas para formalizar os processos
internos de gerenciamento de riscos ou
Observações das operações diárias. para consultas futuras nos dados
coletados, mas também se precisarmos
Os métodos de identificação de perigos fornecer informações às autoridades
já mencionados são um bom começo competentes em caso de inspeções ou
para o processo de gerenciamento de outras atividades de rotina.
risco. No entanto, quando estamos em
nosso ambiente de trabalho dia após dia,
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é fácil ignorá-los. Vejamos algumas dicas Vejamos a seguir, a diferença conceitual


para evitar que isso ocorra. entre "consequência" e "risco".
A DIFERENÇA ENTRE O CONCEITO DE CONSEQUÊNCIA
DE UM PERIGO E O CONCEITO DE RISCO
Após identificados os perigos, o segundo Também é possível confundir uma
passo do gerenciamento de risco tem a consequência até mesmo com uma ação
ver com a projeção das possíveis mitigadora (medida implementada para
consequências associadas a esses amenizar o impacto negativo na
perigos. Os perigos são inerentes à segurança da operação). Uma
atividade de aviação e, embora sejam “arremetida”, por exemplo, é uma ação
vistos como algo ruim, só resultam em mitigadora que visa a segurança
consequências danosas quando da sua operacional e não deve ser considerada
interação com o ser humano por meio como uma consequência indesejável,
das atividades operacionais ou de como muitos a descrevem, pois embora
manutenção aeronáutica. Uma “regra” ela tenha custos até certo ponto
simples é a seguinte: perigos são do considerados elevados, sua essência visa
presente, e as consequências, do futuro. a segurança de tripulantes e usuários.
Vejamos abaixo o conceito de
consequência de um perigo.

"Consequência é o resultado de um
perigo".

Para cada perigo identificado podemos


ter uma ou várias consequências, porém,
há uma tendência natural de se descrever
os perigos como se fosse uma de suas
próprias consequências. Tal confusão
pode dificultar a solução do problema ou
mascarar a identificação de outros
Após identificadas as consequências, o
perigos. Considerar uma colisão, um
terceiro passo do gerenciamento de risco
atropelamento ou mesmo uma excursão
é avaliar o risco, considerando as defesas
de pista como um perigo pode ocultar,
existentes no sistema (treinamentos,
por exemplo, uma sinalização deficiente,
regulamentos e tecnologia já empregados
uma pista emborrachada, um
na operação), classificando a
procedimento operacional mal
probabilidade e a severidade das
estabelecido ou negligenciado pelo
possíveis ocorrências, além da
pessoal operacional, dentre outras.
tolerabilidade dos riscos para a
organização, com o intuito de tratar
inicialmente os riscos que tenham o
maior potencial de comprometer a
segurança da operação. Mas antes,
precisamos não ter dúvida quanto ao
conceito de “risco”. De maneira simples,
podemos dizer que o “risco” se refere à
chance de alguém ser prejudicado pelas
consequências indesejáveis de um
perigo, considerando ainda a gravidade
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da possível situação.
AVALIANDO OS RISCOS ASSOCIADOS AOS PERIGOS
DA OPERAÇÃO - PROBABILIDADE
Após identificados os perigos e elaboradas as possíveis consequências associadas, temos
que calcular o risco para a operação. Mas antes, vejamos abaixo um outro conceito de
risco.

"Risco é a avaliação das consequências de um perigo, expressa em


termos de probabilidade e de severidade, tomando como referência a
pior condição possível".

Não devemos complicar o processo de gerenciamento dos riscos, pois na maioria das
vezes, uma simples tomada de decisão do GR/ER pela organização pode resolver o
problema. Porém, mesmo que o processo seja simples e sua avaliação dependa apenas do
Gestor de Segurança Operacional (GSO), o ideal é que o gerenciamento seja realizado por
uma equipe formada por outros membro da organização, ou até de fora dela,
possibilitando dispor de mais informações para tornar as avaliações de risco mais efetivas.

Probabilidade da Ocorrência

Uma tarefa importante na análise do risco é determinar o nível de risco com base na
probabilidade da ocorrência. Para tanto, consideramos a possibilidade de o evento
acontecer com base na exposição ao perigo. Por exemplo, se o perigo está associado a
uma operação de uma aeronave com voos diários, a probabilidade de ter uma
consequência é maior do que aquela aeronave que realiza apenas um voo semanal. Assim,
uma maneira simples de determinar a probabilidade é classificar o risco com base em sua
frequência potencial. Isso pode ser feito em uma escala simples de três níveis de
probabilidade, que vão desde improvável até provável. Vale lembrar que cada operador
pode utilizar a referência que melhor se adeque às suas operações, pois a Autoridade de
Aviação normalmente não estabelece um tipo específico de matriz de probabilidade a ser
utilizada. Tudo dependerá do porte e da complexidade da operação do regulado e
também do seu nível de familiaridade com a ferramenta de análise.

Exemplo de Matriz de Probabilidade


** As tabelas poderão ser diferentes para PSAC e PSNA.

É importante que cada organização faça uma avaliação do histórico de ocorrências que
tem registrado. Os registros de manutenção, por sua vez, são uma boa fonte de dados
iniciais, porém, é preciso reunir o maior número possível de informações para facilitar as
análises, pois, em se tratando de probabilidade, na maioria das vezes estaremos avaliando
situações que não se tem notícia que tenham acontecido, sendo necessário considerar o
contexto operacional para então defini-la. No próximo item veremos o conceito de
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severidade dos riscos.


AVALIANDO OS RISCOS ASSOCIADOS AOS PERIGOS
DA OPERAÇÃO - SEVERIDADE
Após estabelecida a probabilidade, é necessário avaliar a severidade de cada uma das
consequências dos perigos identificados. Assim, podemos dizer que “severidade” nada mais é
do que a estimativa do impacto das consequências de um perigo, tomando como referência a
pior situação possível. Assim, podemos estimar a severidade em termos materiais, financeiros,
responsabilidade legal, pessoal, meio ambiente, imagem da organização, confiança do público,
dentre outras. Para estabelecer a severidade devemos levar em consideração ainda quaisquer
medidas de mitigação existentes e considerar sempre o pior cenário realista possível para a
ocorrência analisada. A severidade pode ser avaliada em diferentes escalas que podem ser de
impacto menor a catastrófico. Lembramos que, como no caso da probabilidade, a Autoridade
de Aviação não irá estabelecer um tipo específico de matriz de severidade para ser utilizada
pelo regulado, ficando a critério do próprio utilizar a que melhor se encaixe em sua operação. A
tabela abaixo mostra um exemplo em que os valores de severidade estão expressos em
termos quantitativo e qualitativo.
Exemplo de Matriz de Severidade
** As tabelas poderão ser diferentes para PSAC e PSNA.

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AVALIANDO OS RISCOS ASSOCIADOS AOS PERIGOS
DA OPERAÇÃO - ÍNDICE DE TOLERABILIDADE
Depois de avaliadas a probabilidade e a severidade das possíveis ocorrências, teremos então os
índices de risco estabelecidos para cada uma das consequências dos perigos, identificadas no
início de todo o processo de gerenciamento. Ao avaliar a tolerabilidade, verificamos também a
aceitabilidade dos riscos para a organização, antes de definir as estratégias de mitigação. Nesse
caso, a tolerabilidade do risco será obtida por uma espécie de produto, ou melhor dizendo, uma
concatenação entre a probabilidade e a severidade do risco. A tabela abaixo define a
tolerabilidade dos riscos como sendo a combinação da probabilidade com a severidade. Em
verde, estão os riscos de nível baixo (aceitáveis), em amarelo, os riscos de nível moderado e em
vermelho, os riscos de nível extremo. É importante ainda, antes de realizar uma possível mitigação,
avaliarmos sobre a possibilidade de eliminar o perigo, se for possível ou economicamente viável.
Ao fazê-lo, não teremos mais consequências associadas, logo, não haverá mais nenhum risco a
ser mitigado.
Níveis de Risco e Ações Demandadas

Atenção!
As tabelas são exemplos. Os
PSAC e PSNA deverão consultar
os modelos sugeridos nas
normas específicas, ou buscar
utilizar aquele que melhor se
adpte à operação realizada.

A tabela a seguir apresenta a classificação dos níveis de risco e as ações demandadas


correspondentes, a serem executadas sob a supervisão do Gestor de Segurança Operacional
(GSO) da organização.
Em resumo, podemos
dizer que a partir da
definição da
tolerabilidade, a
organização pode
identificar mais
claramente as
condições adversas à
segurança operacional,
comunicar de forma
bem fundamentada
essas condições aos
níveis hierárquicos
pertinentes e efetuar o
planejamento e a
implementação de
ações de mitigação
(defesas adicionais),
visando reduzir os
índices de risco,
dentro do
razoavelmente
praticável,
considerando ainda o
Página 12

custo-benefício para a
operação.
AVALIANDO OS RISCOS ASSOCIADOS AOS PERIGOS
DA OPERAÇÃO - ESTRATÉGIAS DE MITIGAÇÃO
O quinto e último passo do processo de gerenciamento de risco é a avaliação das estratégias de
mitigação implementadas, em que será preciso analisar os resultados alcançados pelas ações
mitigadoras definidas pela organização para reduzir os índices de risco, a fim de corrigir o baixo
desempenho, se esse for o caso. Para tanto, será importante questionar:

No entanto, mesmo tendo concluído todo o processo de gerenciamento de risco, após avaliadas
as ações de mitigação, caberá ainda a organização monitorar continuamente a operação para
garantir que tais ações continuem a produzir os resultados esperados.

Documentando o Processo de Gerenciamento do Risco

Um dos fundamentos do gerenciamento de riscos diz respeito à gestão adequada da


documentação, que se traduz num método formal para transformar os dados de segurança
operacional em informação relacionada com os perigos. Assim, toda a documentação do
gerenciamento deverá ficar armazenada no local chamado de “biblioteca de segurança
operacional” ou “biblioteca de perigos” da organização. É importante ainda diferenciar na
biblioteca de segurança os dados de perigos dos de dados de ocorrências. Enquanto o segundo
só dispõe de dados de acidentes ou incidentes, a biblioteca de perigosdeverá conter o registro
de todos os perigos identificados na organização, mesmo que não tenham gerado alguma
ocorrência, as análises de risco associadas as consequências desses perigos e o registro das
ações mitigadoras implementadas com os respectivos responsáveis por implementar cada
medida, além de outros documentos relativos ao SMS da organização como o Manual de
Gerenciamento da Segurança Operacional (documento que descreve o funcionamento do
Página 13

sistema) ao qual estudaremos mais adiante.


EXEMPLIFICANDO DE FORMA RESUMIDA O
GERENCIAMENTO DE RISCOS
Abaixo alguns exemplos de gerenciamento de risco na operação, considerando situações hipotéticas. Vale
ressaltar que trata-se apenas de uma forma resumida de ilustrar os principais conceitos estudados neste
módulo.

Identificação de perigos e
gerenciamento de riscos - Exercício

No exemplo acima, a situação hipotética relata um vazamento de combustível em um pátio de um aeroporto


de pequeno porte, por uma aeronave da aviação regular. Em uma situação real, seriam necessárias mais
informações para avaliarmos o ambiente operacional e assim, chegarmos a uma conclusão da probabilidade e
da severidade das possíveis consequências associadas ao perigo do combustível derramado no pátio. Como
nosso objetivo aqui é apenas ilustrar os conceitos, foi considerado para fins didáticos apenas a consequência
mais grave, que seria o "fogo" em decorrência do vazamento de combustível. Tomando como base nossas
matrizes de probabilidade e de severidade, poderíamos considerar que "a presença de fogo", em termos de
probabilidade, seria algo improvável de ocorrer (já que o aeroporto tem uma estrutura mínima de contra
incêndio, bem como procedimentos de emergência estabelecidos), no entanto, se acontecesse, seria em
termos de severidade, significativo para o operação. Nesse caso, faz-se necessária uma ação imediata por
Página 14

parte da administração do aeroporto, envolvendo um plano de ação com responsáveis e prazos para as ações
mitigadoras demandadas, com posterior reavaliação do índice de risco.
EXEMPLIFICANDO DE FORMA RESUMIDA O
GERENCIAMENTO DE RISCOS

Identificação de perigos e
gerenciamento de riscos - Exercício

Neste segundo exemplo, vemos como um dos principais perigos para a operação, os passageiros
desacompanhados no pátio, em um aeroporto sem pontes de embarque. Mais uma vez, com tão pouca
informação, seria difícil definir a real probabilidade e a severidade de uma ocorrência, no entanto, podemos
inferir que tal fato poderia ter como uma possível consequência, lesões aos passageiros, o que seria, em
termos de probabilidade (considerando que esse tipo de ocorrência já aconteceu em outros aeroportos
similares) um tanto possível, e em termos de severidade, algo significativo, pois poderia tanto machucar
pessoas, como paralizar a operação. Nesse caso, como no exemplo anterior, seria novamente preciso uma
ação imediata da administração, com a apresentação de um plano de ação com ações mitigadoras imediatas,
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com posterior reavaliação do índice de risco.


EXEMPLIFICANDO DE FORMA RESUMIDA O
GERENCIAMENTO DE RISCOS

Identificação de perigos e gerenciamento


de riscos - Exercício

Neste outro exemplo, vemos como um dos principais perigos para a operação, a utilização de magneto em
pane por parte da prestadora de serviço de manutenção. Com a pouca informação disponível podemos
considerar que a atividade de manutenção inadequada poderia gerar como possível consequência para a
operação "a perda de potência do motor em voo com posterior pouso forçado da aeronave". Nesse caso,
como era sabido que tratava-se de problema recorrente, poderíamos concluir em termos de probabilidade,
que a ocorrência seria algo provável de acontecer, e em termos de severidade, havendo um acidente, algo
catastrófico para a operação, com possível perda de vidas e destruição do equipamento. Aqui, faz-se
necessária a interrupção imediata da operação, com a necessidade de elaboração de um plano de ação em
até 24 h, aprovação por parte da organização e implantação de forma imediata das ações requeridas para
retorno da atividade, após a reavaliação do índice de risco.
Página 16
EXEMPLIFICANDO DE FORMA RESUMIDA O
GERENCIAMENTO DE RISCOS

Identificação de perigos e gerenciamento


de riscos - Exercício

Nesta situação, vemos que um dos principais perigos para a operação no aeroporto será a perda total da
visualização da TWY LL pela Torre de Controle, por causa da obra em questão. Com a informação fornecida e
partindo da premissa de que o Prestador de Serviço de Navegação Aérea deve obter total visualização da
área de manobras, a operação se torna um tanto perigosa. Tomando como referência a pior das
consequências, colisão com perda de vidas, podemos classificá-la como de risco extremo, uma vez que em
termos de probabilidade será algo possível de ocorrer e em termos de severidade, poderá ser catastrófica
para a operação (vide histórico de acidente em solo no Aeroporto de Tenerife). Nesse caso, haveria uma
redução considerável da capacidade ATC na área afetada, logo a operação na TWY LL deverá ser paralizada,
até serem implementadas medidas mitigadoras por parte da administração aeroportuária para garantir uma
operação segura.
Página 17

A seguir, falaremos do Sistema de Relatos, uma importante ferramenta para identificar perigos no contexto de
um SMS.
Sistema de Relatos de
Segurança Operacional

RELATOS MANDATÓRIOS
A coleta e análise de dados são fundamentais no
gerenciamento da segurança operacional. É por
meio de dados que podemos realizar o
gerenciamento do risco nas operações e tomar
decisões mais informadas e conscientes. Dentre as
diversas formas de obtenção desses dados, os
relatos de segurança operacional formam uma
importante ferramenta que fornece informações
sobre perigos presentes nas operações ou ainda
sobre o desempenho da segurança operacional
do sistema.
Os relatos de segurança operacional podem ser
mandatórios ou voluntários, os quais constituem
ferramentas complementares para o
gerenciamento da segurança operacional. Nesta
unidade, vamos aprender mais detalhes sobre
cada um deles.

No âmbito do Comando da Aeronáutica


(COMAER), existe a Ficha de Notificação de
Ocorrência (FNO) que hoje é realizada por meio
da plataforma SIGCEA. O Código Brasileiro de
Aeronáutica (CBA) define ainda que toda pessoa
que tiver conhecimento de qualquer ocorrência
envolvendo aeronave, ou da existência de
destroços, tem o dever de comunicá-la, pelo meio
mais rápido, à autoridade pública mais próxima a
qual deve comunicar a autoridade aeronáutica. A
comunicação por meio dos relatos mandatórios é
importante para que o Estado possa direcionar
suas ações e identificar os perigos presentes no
sistema de aviação civil, além de possibilitar o
Os relatos mandatórios de segurança operacional acompanhamento do desempenho do setor. A
devem obrigatoriamente ser preenchidos pelos comunicação de ocorrências aeronáuticas tem um
provedores de serviços de aviação nos casos papel fundamental, já que permite a prevenção
definidos pela Autoridade de Aviação. Fazem de outras ocorrências por meio da investigação
parte desse sistema a comunicação de dos fatores contribuintes e da emissão de
ocorrências aeronáuticas, dificuldades em serviço recomendações de segurança. Esse método de
e a comunicação de eventos de segurança prevenção faz parte de uma abordagem reativa,
operacional. É importante lembrar ainda que o que continua tendo um importante papel na
Sistema de Investigação e Prevenção de melhoria da segurança operacional. Para
Acidentes Aeronáuticos (SIPAER) também complementar as informações obtidas por esse
estabelece os eventos que devem ser sistema, e coletar informações relacionadas aos
comunicados à autoridade de investigação e perigos presentes nas operações e no dia a dia
prevenção de acidentes. Esse processo é descrito das organizações, é necessário estabelecer ainda
na NSCA 3-13 “Protocolos de investigação de um Sistema de Relatos Voluntários de segurança
Página 18

ocorrências aeronáuticas da aviação civil operacional, a ser visto no nosso próximo tópico
conduzidas pelo Estado Brasileiro”. de estudo.
RELATOS VOLUNTÁRIOS
O Sistema de Relatos Voluntários se difere do sistema mandatório por estar voltado à
coleta de informações ligadas a situações observadas no ambiente da organização, ligadas
a perigos ou erros observados, sem que haja diretamente a obrigação regulamentar de
submeter o relato à Autoridade de Aviação. O relato voluntário se constitui, portanto, em
uma ferramenta essencial para a identificação de perigos e para o gerenciamento dos
riscos no ambiente operacional do provedor. Assim, para que as decisões sejam tomadas
de maneira consciente e informada, é importante que o sistema de relatos seja capaz de
coletar as informações provenientes de todos os níveis da organização. Além disso, a
informação deve chegar aos níveis adequados de decisão para que as ações necessárias
possam ser estabelecidas. Como os relatos desse sistema são realizados de maneira
voluntária, a contribuição das pessoas e sua disposição em relatar situações e perigos está
diretamente relacionada a uma cultura positiva de segurança operacional.

Para que o sistema de relatos voluntários


funcione de maneira adequada, é necessário
um fluxo contínuo de informações entre as
organizações e os indivíduos. É preciso que
as pessoas possam fazer um relato de
maneira confidencial ou anônima, e que as
informações fornecidas não sejam utilizadas
para outro propósito que não seja a melhoria
da segurança operacional para garantir que
essas informações continuem disponíveis.
No âmbito do Comando da Aeronáutica
(COMAER), o reporte voluntário pode ser
utilizado por qualquer pessoa para
Características de um bom
comunicar ocorrência, evento ou
Sistema de Relatos Voluntários
situação de potencial perigo (condição
latente ou falha ativa) à segurança Um bom Sistema de Relato Voluntário
permite que qualquer pessoa reporte
operacional. Em relação à Prestação do
situações de perigo, real ou potencial,
Serviço de Navegação Aérea existem facilitando a identificação reativa e proativa
ainda: o Relato ao CENIPA para dos perigos à segurança operacional.
Segurança de Voo (RCSV) e o Relatório Os relatos devem ser incentivados dentro da
organização, visando possibilitar que os
de Prevenção (RELPREV). O RCSV pode
responsáveis possam adotar ações corretivas
ser confeccionado acessando a própria adequadas o mais cedo possível para eliminar
página do Órgão Central, já o RELPREV, tais perigos ou, na impossibilidade, mitigar os
por meio da página do SIGCEA, riscos associados a esses perigos.
Os reportes devem ser voluntários,
pertencente ao DECEA. Cabe salientar
confidenciais e não punitivos, no que diz
que o RELPREV pode ser feito em caráter respeito a erros não premeditados ou
anônimo. No caso do RCSV, o CENIPA inadvertidos, isto é, em casos que não
garante o sigilo da fonte. Ambos envolvam negligência ou violação.
Podem ser preenchidos anonimamente ou
baseiam-se nos princípios da não com a identificação da fonte.
punibilidade, além de não poderem ser Em ambos os casos deve ser dada ampla
utilizados para outros fins que não o da divulgação das ações mitigadoras
apuração das situações ali relatadas, implantadas em decorrência do
processamento das informações coletadas.
com o objetivo tão somente de Caso seja identificado, o relator também deve
favorecer o gerenciamento de risco da ser informado em relação às medidas
Página 19

operação e, consequentemente, a corretivas adotadas.


melhoria da segurança operacional.
Familiarização com o Manual de
Gerenciamento da Segurança
Operacional (MGSO) da
Organização

CONTEÚDO DO MGSO - OPERADORES AÉREOS EM GERAL


O Manual de Gerenciamento da Segurança
Operacional (MGSO) é um dos manuais que o
provedor de serviços de aviação civil deve
apresentar à ANAC para obter o seu certificado ou
autorização para operar, conforme legislação
aplicável. Independente da obrigatoriedade de
apresentar o manual à Agência, todos os provedores
devem documentar os processos e procedimentos
que realizam para o gerenciamento da segurança
operacional. Nesse manual, o provedor precisa
descrever a sua política e objetivos da segurança
operacional; os processos adotados para o
gerenciamento dos riscos, para a garantia da
segurança operacional e também para a promoção
da segurança operacional. Em linhas gerais, no
MGSO devem constar processos e procedimentos
relacionados a cada um dos componentes e
elementos da estrutura do SMS.

Conteúdo sugerido para o MGSO No MGSO não devem constar conceitos e teorias
sobre o SMS, mas sim a descrição dos
Administração e controle do manual. procedimentos e das atividades relacionadas ao
Escopo do SMS. sistema. As organizações que já possuem uma
Política e objetivos da segurança operacional. sistemática para controle e revisão de
Responsabilidade primária acerca da segurança documentação e manuais devem utilizá-la também
operacional. para o MGSO. Convém que o volume principal do
Designação do pessoal-chave de segurança manual tenha uma composição e um sistema de
operacional. numeração de páginas que facilite revisões. Além
Coordenação do Plano de Resposta à disso, é necessário que haja uma estruturação de
Emergência. forma que a inclusão ou alteração de um
Documentação do SMS. determinado conteúdo afete o menor número
Processo de identificação de perigos. possível de páginas. Todas as páginas do volume
Processo de avaliação e controle de riscos. principal do MGSO devem ser unicamente
Processo de monitoramento e medição do identificadas e conter o nome do PSAC, o número e
desempenho da segurança operacional. a data da revisão referente à última alteração da
Avaliação do SMS. própria página. No escopo do MGSO espera-se que
Processo de gerenciamento de mudanças. o PSAC descreva o âmbito de sua certificação e
Processo de melhoria contínua do SMS. declare que todas as suas atividades certificadas
Promoção da segurança operacional. são cobertas pelo seu SMS. Vale ainda lembrar que
o detentor de múltiplas certificações (por exemplo,
Além deste conteúdo geral, é possível que seja uma organização certificada segundo o RBAC 121 e
necessário abordar assuntos específicos. Para as segundo o RBAC 145) que gerencia sua segurança
Organizações de Manutenção, por exemplo, o operacional de uma maneira integrada deve
MGSO precisa também apresentar a "abordagem descrever no manual os processos e procedimentos
da organização para Fatores Humanos na que englobem todos os aspectos de suas
Página 20

manutenção aeronáutica" e o "monitoramento das certificações. Do ponto de vista da segurança


atividades subcontratadas pela organização para operacional, é esperado que exista apenas um
provimento de serviços e/ou produtos”. manual para o detentor de múltiplas certificações.
CONTEÚDO DO MGSO - NAVEGAÇÃO AÉREA
No Comando da Aeronáutica (COMAER), o MGSO é o documento que apresenta a abordagem da
Segurança Operacional da Organização ou Entidade Provedora de Serviços de Navegação Aérea a todos
os seus membros e demais envolvidos na sua operação. No Manual está definido o alcance e o escopo do
SMS, ou seja, quais são os PSNA e os serviços prestados por estes, devendo contemplar os requisitos mínimos
propostos pela ICA 81-2 - Gerenciamento da Segurança Operacional no SISCEAB, em conformidade com a
legislação vigente. O manual, bem como suas atualizações, devem sempre ser submetidos ao Executivo
Responsável (ER), função equivalente ao Gestor Responsável (GR), e posteriormente à Assessoria de
Segurança Operacional do Comando do Espaço Aéreo (ASEGCEA). Os manuais devem ainda conter a
descrição de todos os componentes e elementos que compõem o SMS, incluindo a Política e os Objetivos de
Segurança Operacional, com as responsabilidades e atribuições individuais, bem como os procedimentos
utilizados para a realização do Gerenciamento dos Riscos, Garantia da Segurança e também da Promoção
da Segurança Operacional do provedor.

Conteúdo sugerido para o MGSO

Em resumo, o MGSO dos provedores de serviços de navegação aérea deve conter no mínimo:

sua política e seus objetivos da segurança operacional;


os requisitos de seu Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional;
os processos e procedimentos do seu SMS; e
a obrigatoriedade de prestação de contas, as responsabilidades e atribuições relacionadas aos
processos e procedimentos do seu SMS.

Assim, conforme já dito anteriormente, as Organizações e as Entidades Provedoras de Serviços de


Navegação Aérea deverão encaminhar à ASEGCEA, formalmente, uma cópia do MGSO aprovado pelo ER,
bem como suas atualizações, estando condicionados à realização de vistorias específicas até um ano após o
Página 21

início das operações.


Resumo
Neste módulo, falamos sobre o Sistema de Nos momentos finais do módulo, exploramos o
Gerenciamento da Segurança Operacional Manual de Gerenciamento da Segurança
(SMS), importante ferramenta de gestão para a Operacional (MGSO), sua estrutura e
segurança de uma organização. Em seguida, composição, deixando claro que nesse manual
conhecemos os componentes e principais não devem constar conceitos e teorias sobre o
elementos que compõem a base estruturante SMS, mas sim a descrição dos procedimentos e
do sistema. das atividades relacionadas ao sistema
Ao comentarmos sobre o pessoal-chave de implantado pela organização nas operações
segurança operacional, abordamos as cotidianas.
responsabilidades desses colaboradores em E assim, chegamos ao final do nosso Curso
relação ao SMS, descrevendo em linhas gerais Básico de Gerenciamento da Segurança
suas principais atribuições associadas ao Operacional, com a certeza de termos
sistema. contribuído em sua aprendizagem de forma
No tópico seguinte, exploramos os princípios do prática e objetiva. Esperamos revê-lo em breve
gerenciamento de risco. Nesse ponto, no Curso Avançado de Gerenciamento da
explicamos sobre os conceitos de perigo, risco e Segurança Operacional.
consequência, buscando demonstrar como a

identificação de perigos é fundamental para o Até a próxima!!!


gerenciamento da segurança operacional de
uma organização. Trouxemos ainda questões
relevantes sobre probabilidade, severidade,
Chegamos ao fim deste Módulo. Vamos agora fixar o
índice de tolerabilidade e avaliação de
que aprendemos sobre o Sistema de Gerenciamento
estratégias de mitigação, apresentando
da Segurança Operacional (SMS). Para tanto, retorne
exemplos de matrizes para subsidiar as análises
à página inicial do curso e realize a Avaliação de
de risco realizadas pelo regulado.
Aprendizagem, respondendo corretamente as
Nosso penúltimo tema de estudo foi o Sistema
questões.
de Relatos de Segurança Operacional. Em
relação ao tema, comentamos sobre relatos
mandatórios e voluntários, elencando
características de cada um deles para um
melhor entendimento sobre sua utilidade no
escopo do SMS, além de deixarmos claro quais
características seriam requeridas para um bom
sistema de relatos dentro da organização.

DESIGN DE UI/UX
Assim como a maioria das publicações
impressas, o segredo para criar um
livreto impactante está na curadoria. A
consistência da marca é importante
para as empresas, mas um bom design
também se aplica a livretos pessoais ou
de eventos. Certifique-se de ter
informações claras e precisas em cada
página. Escolha fotos, fontes e imagens
atraentes. Escolha cores que combinem
com seu estilo. Você precisa se
comunicar bem com seu público, então,
tenha-o sempre em mente ao criar
Página 22
Referências Bibliográficas
ACRP REPORT 131. Airport Cooperative Research Program. Transportation Research Board. Washington, D.C. 2015.

BRASIL. ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). Instrução Suplementar nº 00-001, Revisão B. Brasília: ANAC, 2018.

BRASIL. ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). Instrução Suplementar nº 119-002, Revisão D. Brasília: ANAC, 2012.

BRASIL. ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). Instrução Suplementar nº 145.214-001, Revisão B. Brasília: ANAC,
2018.

BRASIL. COMANDO DA AERONÁUTICA. DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo). ICA 81-2 -
Gerenciamento da Segurança Operacional, aprovada pela Portaria DECEA n° 574/ASEGN, de 22 de novembro de 2022.

BRASIL. COMANDO DA AERONÁUTICA. DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo). ICA 81-1 - Ocorrências
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CAA-UK, CAP 715 - An Introduction to Aircraft Maintenance Engineering Human Factors for JAR 66. First Edition, 22
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SKYBRARY. Safety Management. Disponível online em:


http://www.skybrary.aero/index.php/Safety_Management

SKYBRARY. Voluntary Ocurrence Reporting. Disponível online em:


https://www.skybrary.aero/articles/voluntary-occurrence-reporting

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CURSO BÁSICO DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

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