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SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC)

Módulo 10 – Regulação do SGSO

Regulação do SGSO

1 Objetivos

Ao final deste Módulo, você será capaz de:

 Reconhecer a regulação internacional sobre o gerenciamento da segurança


operacional.

 Reconhecer a regulação nacional sobre o gerenciamento da segurança operacional.

 Identificar os demais documentos que norteiam a implantação de um SGSO pelos


Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) no Estado Brasileiro, no âmbito da
ANAC.

Agora que já conhecemos os conceitos fundamentais de segurança operacional,


a estrutura do SGSO, os conceitos básicos de gerenciamento de riscos e da garantia
da segurança operacional, e estudamos sobre um sistema de relatos e sobre a
promoção da segurança operacional, partiremos para o último módulo do curso,
abordando questões sobre a Regulação do SGSO.

Estudaremos sobre os principais documentos que deram origem a implantação


do SGSO pelos provedores, tanto no âmbito internacional como no âmbito do Estado
Brasileiro. Iniciaremos falando sobre a Convenção de Aviação Civil Internacional, em
seguida, comentaremos sobre o Doc. 9859 da ICAO e o Global Aviation Safety Plan
(GASP) e por fim, sobre o Programa Brasileiro para a Segurança Operacional da
Aviação Civil (PSO-BR) e o Programa Específico de Segurança Operacional da ANAC
(PSOE-ANAC). Citaremos ainda outros documentos que norteiam a implantação do
SGSO, tais como os Regulamentos Brasileiros de Aviação Civil (RBAC) e as Instruções
Suplementares (IS) relativas ao tema.

A principal referência utilizada nesse módulo é o Safety Management Manual


(Doc. 9859) da ICAO, quarta edição (ICAO, 2018). Porém, outras referências também
foram utilizadas, e serão indicadas ao longo do texto.

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SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC)
Módulo 10 – Regulação do SGSO
Como já sabemos, existem dois tipos de documentos utilizados para a
implantação do SGSO, vamos conhecer primeiro os documentos em âmbito
internacional.

2 Âmbito internacional

2.1 Anexo 19 à Convenção Internacional da Aviação Civil

A Convenção de Chicago (Brasil, 1946), em seu Artigo 37, trata da adoção de


normas e processos internacionais por parte dos Estados Contratantes da Convenção.
Essas normas e práticas recomendadas (em inglês, Standards and Recommended
Practices – SARPs) tomam a forma de Anexos à Convenção Internacional da Aviação
Civil. O anexo mais recente é o Anexo 19, que trata do gerenciamento da segurança
operacional.

2.1.1 Primeira edição


A primeira edição do Anexo 19 (ICAO, 2013) à Convenção
Internacional da Aviação Civil contém todos os processos de
gerenciamento da segurança operacional sob a responsabilidade
direta dos Estados, fundamentais para a manutenção da segurança
da aviação civil.

Dada a crescente complexidade do sistema de transporte aéreo global e suas


atividades de aviação inter-relacionadas necessárias para assegurar a operação segura
das aeronaves, este Anexo apoia a evolução contínua de uma estratégia proativa para
melhorar o desempenho de segurança operacional. O fundamento desta estratégia de
segurança proativa baseia-se na implementação de um Programa de Segurança
Operacional (PSO) do Estado, que aborde sistematicamente como realizar a gestão dos
riscos à segurança operacional.

O Anexo 19 consolida as SARPs que anteriormente apareciam em outros seis


Anexos à Convenção, assim como apresenta outros tópicos relacionados, como o
tratamento de informações de segurança operacional e as atividades de supervisão da
segurança operacional por parte de cada Estado.

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Módulo 10 – Regulação do SGSO
As principais seções do Anexo 19 são:

 Responsabilidades do Estado relativas ao gerenciamento da segurança


operacional: trata das responsabilidades de gerenciamento da segurança
operacional pelo Estado, através do cumprimento das SARPs, do
monitoramento do desempenho de suas atividades de gerenciamento da
segurança operacional e da vigilância dos SGSO implementados nos
Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC).

 Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional (SGSO): trata do SGSO


dos PSACs, definindo a estruturação mínima e apontando o Doc. 9859 como
material para orientar a implementação do sistema.

 Tratamento de dados de segurança operacional: detalha os aspectos de coleta,


análise e intercâmbio de dados de segurança operacional no âmbito do
Programa de Segurança Operacional do Estado, incluindo o sistema de relatos
voluntários de incidentes, o caráter não-punitivo e a proteção das fontes.

2.1.2 Segunda edição


A segunda edição do Anexo 19 (ICAO, 2016), emitida em julho
de 2016, se tornará efetiva em 06/11/2019 e revogará as edições
anteriores do Anexo. Trata-se da primeira emenda ao Anexo 19, e traz
inovações importantes.

Em sua nova edição, o Anexo 19 promove a integração do Programa de


Segurança Operacional do Estado com o Programa de Supervisão da Segurança
Operacional e seus oito Elementos Críticos, o que destaca o papel de grande
importância do sistema de supervisão da segurança operacional para o
desenvolvimento do PSO.

A nova edição também amplia o escopo do SGSO para os fabricantes de


produtos aeronáuticos, passando a ser aplicável também para fabricantes de motores e
hélices. Adicionalmente, a nova edição atualiza as provisões para a parte de tratamento
de dados de segurança operacional.

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2.2 Safety Management Manual (Doc. 9859)

O Doc. 9859 (ICAO, 2018) é um guia para os Estados implementarem um


Programa de Segurança Operacional (PSO) dentro das provisões das SARPs sobre o
tema. Também traz orientações a respeito do SGSO dos Provedores de Serviços de
Aviação Civil (PSAC).

Para tanto, o manual apresenta uma visão geral dos conceitos envolvidos no
gerenciamento da segurança operacional, como desenvolver e implementar o PSO
(nível de Estado), e como desenvolver, implementar e manter um SGSO (nível do
provedor).

Assim, para as organizações, mais especificamente no que tange à elaboração


de um SGSO, este documento fornece uma visão geral dos fundamentos de
gerenciamento da segurança, bem como orientação para o desenvolvimento,
implementação e manutenção de um sistema de gerenciamento de segurança (SGSO).

Atualmente, o Doc. 9859 se encontra na terceira edição. No entanto, a leitura


da segunda edição (ICAO, 2009) é valiosa notadamente na parte de fundamentos da
segurança operacional (capítulos 2 e 3).

2.3 GASP

O Doc. 10004 (ICAO, 2016) é uma publicação intitulada Global Aviation Safety
Plan (GASP). É um documento de alto nível sobre política estratégica, no qual são
definidos meios e metas que permitem à OACI, aos Estados e às demais partes
interessadas da aviação, traçar medidas estratégicas para melhorar o nível da
segurança operacional. A última edição do GASP cobre o triênio 2017-2019.

Então, em linhas gerais, o objetivo principal do GASP é harmonizar o


planejamento da segurança operacional em níveis regionais e de Estado. Para
tanto, o GASP apresenta as prioridades globais de segurança operacional, fornecendo
cronogramas e material de orientação. Além disso, o GASP apresenta estratégias de
implementação e um roteiro para a segurança operacional global para endereçar os
objetivos propostos, definindo prioridades e definindo o papel dos parceiros da indústria.

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SAIBA + O GASP promove a coordenação de iniciativas


internacionais, regionais e nacionais destinadas a oferecer
Vale a pena ler o
documento na um sistema de aviação civil internacional harmonizado,
íntegra. Acesse o link
seguro e eficiente. Os objetivos do GASP exigem que os
http://www.anac.gov.br/as
Estados estabeleçam sistemas de supervisão de segurança
suntos/legislacao/legislaca
o-1/planos-e- robustos e sustentáveis e evolua progressivamente para
programas/pso-
br/@@display- meios mais sofisticados de gerenciamento de segurança.
file/arquivo_norma/PSO_B
R.PDF Esses objetivos se alinham com os requisitos da ICAO para
a implementação de programas de segurança do Estado
(que, no caso do Brasil, trata-se do PSO-BR e do PSOE-ANAC, no âmbito da ANAC) e
de sistemas de gerenciamento de segurança operacional (SGSO) pelos PSACs.

Agora, vamos conhecer os documentos em âmbito nacional.

3 Âmbito nacional

3.1 PSO-BR

De acordo com o Anexo 19 da OACI, cada


Estado signatário deve estabelecer seu Programa de
Segurança Operacional (PSO), o qual consiste em
um sistema de gerenciamento voltado ao
aprimoramento da capacidade de atuação regulatória
e administrativa do Estado sobre a segurança
operacional, cujo foco é o tratamento sistemático dos
riscos inerentes à atuação do Estado sobre a
indústria da aviação civil por ele regulada e
fiscalizada. O PSO está voltado para o alcance de um
nível aceitável de desempenho da segurança
operacional.

O PSO-BR (Brasil, 2017) é o documento que apresenta o processo brasileiro


para o gerenciamento da segurança operacional da aviação civil, incluindo o Programa

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de Segurança Operacional Específico da Agência Nacional de Aviação Civil (PSOE–
ANAC) e o Programa de Segurança Operacional Específico do Comando da
Aeronáutica (PSOE–COMAER), alinhados com os compromissos assumidos pelo País
em acordos internacionais, notadamente o Anexo 19 à Convenção.

O PSO-BR é um documento de alto nível, assinado em 8/1/2009 e atualizado


em dezembro de 2017 pela Autoridade de Aviação Civil (Diretor-Presidente da ANAC)
e pela Autoridade Aeronáutica (Comandante da Aeronáutica).

Vamos conhecer de maneira resumida o PSO-BR:

 Estabelece os requisitos para o PSOE-ANAC e para o PSOE-COMAER;

 Define diretrizes relacionadas ao SGSO dos provedores de serviços de aviação


civil (PSAC), regulados por cada autoridade de aviação (ANAC ou COMAER);

 Disciplina a necessidade de existir mecanismos que permitam o relato voluntário


no âmbito do SGSO dos PSACs;

 Estabelece a importância da formação e da capacitação dos quadros funcionais


da ANAC e do COMAER para o gerenciamento da segurança operacional da
aviação civil.

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SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC)
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3.2 PSOE-ANAC e PSOE-COMAER

Em decorrência da situação particular do Brasil em termos de configuração de


autoridades que regulam o setor da aviação civil, o PSO-BR inclui um programa
específico relativo à Autoridade de Aviação Civil (PSOE-ANAC) e outro programa
específico relativo à Autoridade Aeronáutica (PSOE-COMAER).

O PSOE-ANAC foi aprovado inicialmente em


SAIBA +
11/05/2009 e reeditado em 18/02/2015 (Brasil, 2015). O
Vale a pena ler o
documento estabelece a política e as diretrizes de
documento na íntegra.
Acesse o link segurança operacional da Agência, orientando o
http://www.anac.gov.br/assun planejamento e a execução de suas atribuições na área
tos/legislacao/legislacao-
1/planos-e-programas/psoe-
de segurança operacional. Além disso, o PSOE-ANAC
anac/@@display-
também estabelece as diretrizes para a indústria da aviação
file/arquivo_norma/PSOE-
ANAC.pdf civil brasileira, no que se refere à segurança operacional.

O PSOE-ANAC dispõe sobre os seguintes assuntos:

 Responsabilidades da ANAC na supervisão da segurança operacional da


aviação civil brasileira;

 Diretrizes, objetivos e metas de desempenho da segurança operacional


para a indústria da aviação civil brasileira;

 Supervisão da segurança operacional;

 Política de tratamento de violações;

 Investigação de acidente e incidente;

 Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional (SGSO);

 Gerenciamento de riscos à segurança operacional pela ANAC;

 Garantia da segurança operacional;

 Promoção da segurança operacional.

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O PSOE-ANAC é o documento que indica quais


são os Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC)
que devem implementar o SGSO. Já o PSOE-COMAER é
o Programa de Segurança Operacional Específico do
Comando da Aeronáutica, aprovado em 8/06/2010 que
traz requisitos tanto para o COMAER como órgão
regulador, como para os Provedores de Serviços de
Navegação Aérea.

Então, temos muitos outros documentos, você seria capaz de identificar


os demais documentos que nortearam a implantação do SGSO? Veremos nos
próximos tópicos:

3.3 RBAC 145

O Regulamento Brasileiro da Aviação (RBAC) 145 (Brasil, 2014) estabelece os


requisitos destinados às organizações de manutenção, abrangendo as normas e
procedimentos recomendados pela Organização da Aviação Civil Internacional no tema.

O requisito que está diretamente ligado ao gerenciamento da segurança


operacional das organizações de manutenção (OM) é o RBAC 145.214-I, abaixo
reproduzido:

145.214-I Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional – SGSO


(a) Cada organização de manutenção certificada deve submeter à aceitação da
ANAC um plano de implementação de um Sistema de Gerenciamento da Segurança
Operacional – SGSO, adequado ao seu porte e à complexidade de suas operações.
(Redação dada pela Resolução nº 308, de 06.03.14)
(b) Cada organização de manutenção certificada deve, até 8 de março de 2019:
(1) estabelecer, implementar e manter o SGSO, conforme requerido e aceito pela
ANAC;

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(2) definir e documentar uma política de segurança operacional e os objetivos
estratégicos de segurança operacional;
(3) definir e documentar as responsabilidades primárias (accountability) e
atribuições de todo o seu pessoal relacionado à implantação e manutenção do
SGSO, em todos os níveis da organização;
(4) ter um plano de resposta a emergências, como parte integrante do seu SGSO,
conforme requeiram suas atividades; e
(5) garantir o controle de todos os documentos e registros relacionados ao SGSO.
(c) O SGSO de cada organização de manutenção certificada deve conter, no mínimo,
processos sistemáticos e procedimentos documentados que permitam:
(1) identificar perigos relacionados à segurança operacional e avaliar os riscos
associados, em termos da severidade de suas consequências e da probabilidade de
ocorrência;
(2) assegurar que sejam adotadas todas as medidas necessárias para a manutenção
do nível aceitável de segurança operacional, incluindo o gerenciamento dos riscos
associados aos perigos identificados;
(3) manter a supervisão permanente de suas atividades de modo a assegurar a
percepção das condições da segurança operacional, permitindo ações preventivas
ou corretivas eficazes;
(4) avaliar continuamente, por meio de um sistema de indicadores, o nível de
desempenho de segurança operacional alcançado e o próprio sistema;
(5) gerenciar mudanças significativas em suas atividades, avaliando seus impactos
para a segurança operacional (processo de gerenciamento de mudanças);
(6) avaliações periódicas dos processos e do SGSO, bem como a sua melhoria
contínua;
(7) estimular e facilitar relatos voluntários (inclusive anônimos) por parte de
funcionários e demais pessoas que tenham contato com a organização ou seus
serviços, de situações ou ocorrências que possam comprometer a segurança
operacional; e
(8) realizar os treinamentos necessários ao funcionamento efetivo do SGSO, e uma
ampla disseminação das informações relevantes sobre o sistema e a segurança
operacional na organização.

Você percebeu que, o requisito acima é a expressão do que as OM precisam


implementar em termos de gerenciamento da segurança operacional, se constituindo
em obrigação para obter e manter o seu Certificado de Organização de Manutenção.

3.4 IS nº 145.214-001 Revisão A

A Instrução Suplementar nº 145.214-001 Revisão A visa esclarecer, detalhar e


orientar a aplicação do requisito RBAC 145.214-I, se constituindo em método aceitável

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de cumprimento de referência para o referido requisito. Em outras palavras, a IS traz o
que é necessário para o estabelecimento, implementação e manutenção do Sistema de
Gerenciamento da Segurança Operacional (SGSO) das Organizações de Manutenção
de Produto Aeronáutico que sejam detentoras de certificados emitidos segundo o
referido regulamento ou que venham a solicitar à ANAC essa certificação.

Vamos entender abaixo, como a IS 145.214-001 Revisão A está organizada:

 Fundamentos
 Meio aceitável de cumprimento
 A segurança operacional no âmbito do Estado
 A segurança operacional no âmbito do PSAC
 Definições
 Desenvolvimento do assunto
 Aplicabilidade
 Critério para classificação das OM em função do porte e complexidade de
suas operações
 Plano de implementação do SGSO
 Fases de implementação do SGSO
 Descrição, função e escopo dos componentes e elementos do SGSO
 Abordagem organizacional para fatores humanos na manutenção
aeronáutica
 Critérios para a análise e aceitação do SGSO pela ANAC
 SGSO de organizações detentoras de múltipla certificação
 Sistema de gestão integrado
 Apêndices

Os apêndices da IS são um material extensivo sobre o gerenciamento da


segurança operacional, sendo muito recomendável a sua leitura.

3.5 Guia PSOE-ANAC & SGSO/SAR

Este Guia (Brasil, 2015) foi criado com o intuito específico de orientar o setor
regulado sobre o PSOE-ANAC e o SGSO. Ele não pode ser utilizado como material para

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fundamentar posicionamentos, mas deve ser utilizado como orientação que dá noções
do Programa de Segurança Operacional e do SGSO.

O Guia apresenta os conceitos básicos do PSO e do SGSO, a estruturação do


sistema apresentada de maneira a evidenciar as semelhanças e diferenças entre o PSO
e o SGSO, como o PSO e o SGSO são relacionados, a cultura justa, o conceito de
accountability e sua diferença em relação à responsabilidade, considerações sobre os
requisitos, os fundamentos para a implementação, o gerenciamento de risco, a garantia
da segurança operacional, desempenho e indicadores, integração entre o SGSO e
outros sistemas, a manutenção do sistema, o Gap Analysis, utilização de ferramentas
de TI, auditorias e desempenho e indicadores.

3.6 RBAC 153

A Subparte C do RBAC nº 153, Emd. 02 trata do Sistema de Gerenciamento da


Segurança Operacional (SGSO) para aeródromos. Na Subparte B também poderão ser
encontrados requisitos relativos ao operador de aeródromo, detalhando por exemplo as
responsabilidades dos responsáveis pelas áreas operacionais, além de orientações
quanto ao treinamento e qualificação exigidos.

Importante destacar que o Apêndice A do RBAC nº 153 traz a Tabela de


Requisitos Segundo a Classe do Aeródromo, indicando os requisitos das Subpartes A
e C que são de cumprimento obrigatório para cada classe de aeródromo. A Tabela 1
apresenta a seção do Apêndice A que mostra a aplicabilidade dos requisitos
estabelecidos na Subparte C:

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Tabela 1 - Apêndice A do RBAC nº 153 – Subparte C

Desta forma, a aplicabilidade dos requisitos vai variar em função da quantidade


de passageiros processados por um determinado aeródromo, ou seja, vai depender da
sua classe, conforme definição constante do item 153.7 do RBAC:

153.7 Classificação do aeródromo


(a) Todo aeródromo civil público brasileiro, compartilhado ou não, é classificado
com vistas a definir os requisitos deste Regulamento que lhe são obrigatórios.
(b) A classe do aeródromo é definida em função do número de passageiros
processados, considerando a média aritmética de passageiros processados no
período de referência (vide seção 153.1) e o tipo de voo que o aeródromo processa
no ano corrente.
(1) Quanto ao número de passageiros processados:

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(i) Classe I: aeródromo em que o número de passageiros processados seja inferior a
200.000 (duzentos mil);
(ii) Classe II: aeródromo em que o número de passageiros processados seja igual ou
superior a 200.000 (duzentos mil) e inferior a 1.000.000 (um milhão);
(iii) Classe III: aeródromo em que o número de passageiros processados seja igual
ou superior a 1.000.000 (um milhão) e inferior a 5.000.000 (cinco milhões); e
(iv) Classe IV: aeródromo em que o número de passageiros processados seja igual
ou superior a 5.000.000 (cinco milhões).
(2) Quanto ao tipo de voo que o aeródromo processa no ano corrente:
(i) para os aeródromos enquadrados na classe I, conforme critério constante em
parágrafo 153.7(b)(1), considera-se:
(A) Aeródromo Classe I-A aquele aeródromo que não processa voo regular; e
(B) Aeródromo Classe I-B aquele aeródromo que processa voo regular;
(ii) para os aeródromos enquadrados nas classes II, III e IV, conforme critério
constante no parágrafo 153.7(b)(1), não há divisão quanto ao tipo de voo
processado no aeródromo.

3.7 RBAC 121

O RBAC 121 traz na Subparte BB os requisitos referentes ao Sistema de


Gerenciamento da Segurança Operacional (SGSO) cuja implantação é exigida para os
operadores domésticos, de bandeira e suplementares de um detentor de Certificado de
Empresa de Transporte Aéreo (Certificado ETA) emitido segundo o RBAC 119. Abaixo,
segue o conteúdo da subparte:

Subparte BB – Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional (SGSO)

121.1205 Definições e conceitos.

121.1221 Requisitos gerais.

121.1223 [Reservado]

121.1225 Componente “política e objetivos de segurança operacional.”

121.1227 Componente “gerenciamento de riscos à segurança operacional.”

121.1229 Componente “garantia da segurança operacional.”

121.1231 Componente “promoção da segurança operacional.”

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Adicionalmente, a Instrução Suplementar Nº 119-002 D, apresenta um guia
para a elaboração de SGSO de empresa aérea certificada de acordo com o RBAC 119.

3.8 RBAC 135

O RBAC 135, em seu Apêndice H, traz os requisitos referentes ao Sistema de


Gerenciamento da Segurança Operacional (SGSO) cuja implantação é exigida para os
operadores complementares ou por demanda de um solicitante ou detentor de um
Certificado de Empresa de Transporte Aéreo (Certificado ETA) segundo o RBAC 119.

3.9 RBAC 137

O RBAC 137 na Subparte E (Sistema de Gerenciamento de Segurança


Operacional) e na Subparte F (Documentação) apresenta os requisitos referentes ao
Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional (SGSO) cuja implantação é
exigida para os detentores de Certificado de Operações Aeroagrícolas (COA). Abaixo,
seguem os conteúdos das subpartes:

Subparte E – Sistema de Gerenciamento de Segurança Operacional (SGSO)

137.401 Requisitos gerais.

137.403 Processo de planejamento de implantação do SGSO.

Subparte F - Documentação

137.501 Requisitos gerais.

137.503 Requisitos adicionais para detentores de COA.

137.505 Elaboração do MGSO.

137.507 Envio e processo de aceitação inicial do MGSO.

137.509 Vigência do MGSO.

137.511 Atualização do MGSO.

137.513 Divulgação do MGSO.

137.515 Elaboração do PRE.

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137.517 Registros e relatórios.

137.519 Comunicação de acidentes aeronáuticos.

137.521 Diário de bordo.

3.10 RBAC 142

O RBAC 142 na Subparte E apresenta os requisitos referentes ao Sistema de


Gerenciamento da Segurança Operacional (SGSO) cuja implantação é exigida para os
Centros de Treinamento de Aviação Civil que possuem curso prático de voo. Abaixo,
segue o conteúdo da subparte:

Subparte E – Sistema de Gerenciamento de Segurança Operacional (SGSO)

142.111 Requisitos gerais

142.113 Processo de planejamento de implantação do SGSO

142.115 Manual de Gerenciamento da Segurança Operacional (MGSO)

142.117 Envio e processo de aceitação inicial do MGSO

142.119 Vigência do MGSO

142.121 Atualização do MGSO

142.123 Divulgação do MGSO

142.125 Elaboração do PRE

3.11 Resolução nº 106

A Resolução Nº 106, em seu anexo, traz os requisitos referentes a implantação


de um Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional (SGSO) voltado para os
pequenos provedores de aviação civil (PPSAC). Hoje a resolução é aplicável apenas
para aeroclubes, escolas de aviação, empresas de serviços aéreos especializados e
operadores de segurança pública, tendo em vista que esses regulados ainda não
possuem RBAC específico com requisitos de SGSO.

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Módulo 10 – Regulação do SGSO
3.12 Outras publicações

A ANAC tem desenvolvido iniciativas com o intuito de auxiliar os seus regulados


na implantação do SGSO. Assim, além dos RBACs e Instruções Suplementares
pertinentes existe uma série de outras publicações que falam sobre o tema. Para ter
acesso a esse material, basta acessar o portal da Agência e em seguida, consultar a
página temática “Promoção da Segurança Operacional”.

4 Considerações Finais

O conceito de Gerenciamento da Segurança Operacional foi adotado pelo Brasil


como Estado Contratante da Convenção de Aviação Civil Internacional, atendendo a
diretriz da Organização de Aviação Civil Internacional (OACI) para que todos os
signatários estabelecessem um Programa de Segurança Operacional, voltado para o
alcance de níveis aceitáveis de segurança operacional nas atividades de aviação civil.

Nesse contexto, surge o SGSO, um sistema baseado em princípios de gestão


da qualidade e métodos científicos para o gerenciamento da segurança operacional,
promovendo a adoção de práticas mais proativas e menos reativas. Tais práticas se
baseiam no gerenciamento de riscos, o qual consiste em identificar perigos e mitigar os
riscos associados as operações da organização.

Trata-se de uma ferramenta de gestão exigida em regulamento para nortear as


ações de gerenciamento da segurança operacional dos provedores de serviços de
aviação civil (PSAC) no cumprimento dos padrões e procedimentos operacionais, com
base em níveis de desempenho acordados com a ANAC.

O Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional está consolidado como


um padrão em toda aviação mundial, estendendo, inclusive, a gestão da segurança
além do ambiente da aviação. Sistemas semelhantes são usados na gestão de áreas
críticas nas organizações que utilizam sistemas complexos nas suas atividades
cotidianas, requerendo um alto nível de qualidade em áreas que envolvem segurança,
saúde ocupacional, meio ambiente, etc.

O SGSO contribui para a formação de uma cultura positiva de segurança


operacional e enfatiza o gerenciamento da segurança como um processo de negócio
fundamental a ser considerado de forma equivalente a outros aspectos da gestão
empresarial. Com relação à responsabilidade e imputabilidade, convém ressaltar que
todos os membros de uma organização são individualmente responsáveis por suas

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SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC)
Módulo 10 – Regulação do SGSO
ações referentes ao desempenho da segurança operacional, ou seja, segurança
operacional não é responsabilidade apenas de quem manda na organização mais de
todos os envolvidos nas operações cotidianas, incluindo desde a equipe de alta gestão
até o pessoal operacional.

E assim chegamos ao fim do curso de SGSO para Provedores de Serviços de


Aviação Civil (PSAC) abordando inúmeros aspectos sobre gerenciamento de risco sem
esgotar o assunto nos módulos do curso. Assim, esteja à vontade para buscar mais
informações sobre o tema e complementar o conhecimento aqui adquirido ou
aperfeiçoado.

Vale mencionar ainda que o curso foi concebido para lhe fornecer um conjunto
de informações e conhecimentos que auxiliem sua atuação profissional na área de
segurança operacional, sendo importante que você, comprometido como esteve com o
curso que lhe foi proposto, tenha atingido os objetivos de aprendizagem. Por fim,
esperamos que as informações disponibilizadas aqui sirvam de instrumento de
crescimento pessoal e profissional e possam auxiliá-lo no trato das questões afetas à
segurança operacional no dia a dia de sua organização.

Atividade

Chegamos ao fim do curso. Vamos agora fixar o que aprendemos


nesse último módulo sobre a regulação do SGSO. Para isso, retorne à página
inicial do curso e realize o exercício respondendo corretamente as questões.

Até o próximo curso.

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SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC)
Módulo 10 – Regulação do SGSO

5 Referências

BRASIL. ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). Instrução Suplementar nº 145.214-


001, Revisão A. Brasília: ANAC, 2014. Disponível online em:
http://www.anac.gov.br/assuntos/legislacao/legislacao-1/iac-e-is/is/is-145-214-001a.

BRASIL. ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). PSOE-ANAC – Programa de


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