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ESTRUTURAS

DE CONCRETO
ARMADO
NA
PRÁTICA

TURMA 3
MATERIAL DE
APOIO

MÓDULO 2

ESCRITO POR
AUGUSTO GODOY; F
2– LAJES

A laje maciça é uma placa de concreto armado


cujo plano geralmente é horizontal,
podendo, algumas vezes, apresentar pequenas
inclinações, como quando utilizadas em
coberturas. As lajes podem ser apoiadas em vigas
locadas no seu contorno ou podem
apoiar-se diretamente sobre os pilares, sem vigas
intermediárias, quando recebem o
nome de “laje cogumelo”. Este último caso terá seu
estudo específico mais adiante. Este capítulo trata
das lajes maciças apoiadas em vigas periféricas.
2.1 - CARGAS QUE ATUAM NAS LAJES

As cargas sobre a laje são sempre consideradas como


cargas distribuídas por
unidade de área. Existem exceções, como cargas de
alvenaria que são distribuídas
ao longo de uma linha; as cargas pontuais são bastante
raras.
As cargas por unidade de área que atuam nas lajes são:

Cargas permanentes

Peso próprio da laje = Ɣca x h

Ɣca : peso específico do concreto armado = 2.500


kgf/m³

h: espessura da laje
Obs.: cuidado com as unidades.

·Revestimento de piso = 100 kgf/m²


Obs.: o valor acima é um valor que considera os pisos
mais pesados.

·Lajes com jardim sobre terra = Ɣsolo x h

Ɣsolo : peso específico do solo = 1.800 kgf/m³


h: espessura de terra
·Lajes de fundo de piscinas e caixas d’água = Ɣágua x h

Ɣágua : peso específico da água = 1.000 kgf/m³

h: espessura da lâmina de água

·Lajes com jardim sobre substrato leve = 60 a 120 kgf/m²


(consultar fornecedor)

·Telhados sobre laje = 150 kgf/m² (já considerada carga


acidental)

·Impermeabilização com camada de regularização = 150


kgf/m²

·Enchimentos:
Ɣeps = desprezível (EPS)
Ɣcinasita: 450 a 850 kgf/m³ (depende da granulometria)
Ɣentulho: 1.500 kgf/m³
Para obtermos as respectivas cargas por m² devemos
multiplicar o peso específico do material adotado pela
espessura do enchimento.

·Alvenarias
O mais indicado é que as alvenarias se apoiem sobre
vigas, devido à maior rigidez destas em relação às lajes.
Porém, em algumas situações as alvenarias são
apoiadas nas lajes. Neste caso temos duas
possibilidades: alvenaria isolada ou uma série de
alvenarias.
Na primeira situação o problema se complica, pois
o cálculo manual é quase impossível. Sugere-se, a
favor da segurança e para reduzir trabalho,
reforçar a armação da laje, considerando um
acréscimo da ordem de 50 % nos momentos
calculados apenas com as cargas normais.

No segundo caso, a melhor maneira á calcular a


carga das alvenarias todas e dividir essa carga
pela área da laje. Essa carga será somada à carga
normal (peso próprio, revestimento e carga
acidental). Em seguida procede-se normalmente
com o cálculo.
Cargas acidentais

As cargas acidentais são estabelecidas por Norma, as mais


usadas são apresentadas a seguir:
•Arquibancadas: 400 kgf/m²
•Bancos: 200 kgf/m²
•Edifícios Residenciais: 150 kgf/m²
•Salas de aula: 300 kgf/m²
•Escritórios: 200 kgf/m²
•Lojas: 400 kgf/m²
•Ginásio de esportes: 500 kgf/m²
•Hospitais: 200 kgf/m²
•Restaurantes: 300 kgf/m²
•Platéia de Teatro e Cinema: 400 kgf/m²
•Laje de forro: 50 kgf/m²
2.2 - COMPORTAMENTO

O comportamento real de uma laje maciça é razoavelmente


complexo. Por isso utiliza-se um modelo mais simplificado
que permite boa aproximação com a realidade, resultando
em cálculos mais simplificados e uma compreensão mais
fácil do fenômeno.
Imagine a laje maciça da figura abaixo, onde L é o vão
maior e l o menor. Em princípio adota-se como vão da laje a
distância entre os eixos das vigas que a apoiam.
Imagine, ainda, que a laje possa ser dividida em dois
conjuntos ortogonais de fatias, de largura unitária, como por
exemplo 1 metro.
Escolham-se duas fatias quaisquer. Imagine que essas
fatias possam ser subtraídas da placa para que se possa
analisar o que ocorre entre elas quando carregadas.
É óbvio que cada fatia irá receber uma determinada parcela
da carga sobre a laje. Sob a ação destas cargas as fatias se
deformam, mostrando a ocorrência de momento fletor. No
ponto de encontro das fatias as deformações devem ser as
mesmas, já que pertencem à mesma laje. Sabe-se, ainda,
que a deformação que cada fatia sofre é proporcional à
intensidade de esforço, no caso flexão, que atua sobre ela.
A fatia de vão maior, por ser menos rígida, necessita menos
esforço (momento fletor) para deformar da mesma
quantidade da fatia de vão menor, mais rígida. Portanto as
fatias que se encontram na direção do menor vão da laje
são mais solicitadas que as que se encontram na direção do
vão maior. Isto nos leva a concluir que a laje, nestas
condições, é mais solicitada no seu vão menor. Neste caso
as armações que absorvem os esforços de tração, devido à
flexão da laje, são maiores na direção do menor vão e
menores na direção do maior vão.
O resultado acima pode estar confrontante com nossa
intuição. Como o vão menor é mais solicitado que o vão
maior? De fato, se as duas fatias fossem independentes,
não pertencessem a mesma laje e fossem igualmente
carregadas, a fatia de maior vão seria mais solicitada. Isso
não se verifica, no caso das fatias pertencerem a mesma
laje, devido ao fato de que elas devem apresentar
obrigatoriamente, no ponto em que cruzam, a mesma
deformação. Tudo se passa como se a fatia do vão menor
não deixasse a do vão maior deformar tudo que quisesse,
funcionando como se fosse apoio desta, aliviando-a e se
sobrecarregando, tornando-se, portanto, mais solicitada.
Suponha-se, agora, que o vão maior L vá aumentando em
relação ao vão menor l, que permanece constante. Neste
caso o esforço de flexão na direção do menor vão da laje
vai se impondo ao esforço na direção do maior vão. As
fatias na direção do maior vão serão tão longas que
qualquer pequeno esforço é suficiente para deformá-la.
Se se continuar a aumentar o vão maior, chega-se a uma
situação em que o esforço nessa direção é desprezível em
relação ao esforço na direção menor. Neste caso pode-se
dizer que a laje é, praticamente, solicitada apenas no vão
menor e a armação para absorver o esforço de flexão deve
ser colocada apenas na direção do vão menor.
No primeiro caso, em que existem armações nas duas
direções para absorver esforços de flexão, a laje recebe o
nome de “laje armada em cruz”. No segundo, em que a
armação que absorve esforços encontra-se apenas na
direção do vão menor, a laje recebe o nome de “laje armada
em uma só direção”.
Na prática diz-se que uma laje é armada em cruz quando
L≤2 x l. Quando L ≥ 2 x l a laje é armada em uma só
direção.
No caso de balanços, as lajes são sempre armadas em uma
só direção. O momento fletor é negativo (tração na face
superior da laje) e age perpendicularmente ao apoio da
viga.
Nas figuras abaixo tem-se duas situações em que as lajes
parecem estar em balanço.
Devemos respeitar algumas dimensões mínimas exigidas
pela Norma:
• Laje de forro: d min = 5 cm
• Laje de piso: d min = 7 cm
• Laje para veículos: d min = 12 cm

2.3 DETERMINAÇÃO DOS ESFORÇOS NAS LAJES


MACIÇAS

Como vimos, para entendimento do seu comportamento, a


laje maciça pode ser dividida em faixas. O
dimensionamento da armação é feito da mesma maneira,
analisam-se os esforços que ocorrem na faixa mais
solicitada em cada direção da laje, se armada em cruz ou
na direção do menor vão se armada em uma só direção.
Para maior facilidade opta-se por uma faixa de largura
unitária de 1 m. Essa faixa é estudada como se fosse uma
viga “chata” de largura 100 cm pela espessura adotada para
a laje.

As lajes maciças são geralmente dimensionadas apenas


para momento fletor, já que pelas suas dimensões as
tensões de cisalhamento causadas pelas forças cortantes
são absorvidas pelo próprio concreto não necessitando de
armação.
2.3.1 Lajes armadas em uma só direção

O cálculo do momento fletor nas lajes armadas em uma só


direção é feito como se tivéssemos vigas bi apoiadas.

2.3.1 Lajes armadas em cruz

O cálculo do momento fletor nas lajes armadas em cruz


pode ser feito manualmente pelas tabelas de Marcus.
Marcus determinou coeficientes que dependem do tipo de
laje e das relações entre seus lados.
Para entrar nas tabelas é importante saber o que Marcus
chamou de Ly e Lx.
Ly é o lado maior ou o mais engastado. Veja na figura o que
significam esses critérios.

A sequência para o cálculo dos esforços em lajes é a


seguinte
• Determinação das cargas nas lajes.
Peso próprio, revestimento e sobrecarga acidental da
Norma me função do tipo de uso do edifício. Com isso
obtém-se uma carga em kgf ou tf por metro quadrado.
• Determinação do tipo de laje para entrar na tabela de
Marcus. São seis tipos que diferem em relação ao número e
posição do lado engastado.
• Determinação do lado ly. Ly é o lado maior ou mais
engastado.
• Determinação da relação ly/lx
• Determinação dos coeficientes mx, my, nx e ny, na tabela
de Marcus, em função do tipo de laje e da relação ly/lx.
• Cálculo dos momentos fletores Mx, My, Xx e Xy. Usando
as fórmulas abaixo:
Mx = qlx²⁄mx
My = qlx²⁄my
Xx = qlx²⁄nx
Xy = qlx²⁄nx
Repare que para facilitar as contas o numerador é sempre
qlx²
Momento negativo.
Quando houver duas lajes lado a lado, consideramos esse
lado comum como um engaste. O momento negativo nesse
engaste é calculado separadamente para cada laje,
resultando dois valores diferentes. Calculamos a média
entre esses momentos e 80 % do maior momento. Usamos
como momento negativo final para o dimensionamento da
armação o maior desses valores.

2.4 ARMADURAS
Como em toda estrutura de concreto armado, a armação da
laje tem a função de absorver a tração proveniente dos
esforços. No caso da laje, as armações absorvem a tração
devido aos esforços de flexão. Nas lajes simplesmente
apoiadas em seu contorno, as trações acontecem nas fibras
inferiores da laje e, portanto, as armações são aí localizadas.
Por convenção o momento fletor que provoca tração nas
fibras inferiores da peça são denominados momentos
positivos, logo as armações que absorvem a traça devidas a
esse momento são denominadas armações positivas.
No caso de lajes armadas em cruz as armações importantes
acontecem nas duas direções, formando uma malha. As
armações na direção do menor vão devem ser posicionadas
sob as distribuídas na direção do maior vão, já que os
esforços na direção do menor vão são maiores.
No caso de lajes armadas em uma só direção, a armação
principal deve ser localizada na direção do menor vão. São
colocadas, também, armações na direção do maior vão, mas
com a função apenas de manter as armações principais nas
suas posições durante a concretagem. Estas armações são
chamadas de “armações de distribuição”.
lajes em balanço, os momentos fletores provocam tração
nas fibras superiores da laje, são os momentos negativos.
Neste caso as armações principais são localizadas na face
superior da laje e denominadas armações negativas. São
previstas também, neste caso, armação de distribuição.
Armações negativas ocorrem também no encontro de duas
lajes, neste caso devido a continuidade entre os painéis de
laje aparecem momentos fletores negativos
2.4.1 Dimensionamento das armaduras

A laje é dimensionada como se fosse uma viga retangular


“chata” com 100 cm de largura
e com a altura igual à espessura da laje. Dessa forma a
armação é calculada para uma
faixa de 1 m. O resultado é aplicado para toda laje. A
armação é expressa usando a bitola
escolhida espaçada entre 10 e 20 cm.
Como sabemos o momento fletor provoca compressão e
tração na secção. A compressão
no elemento de concreto armado deve ser limitada e para
isso usamos o coeficiente C,
dado por:

Para não haver excesso de compressão no concreto


devemos ter:

𝐶𝑙𝑖𝑚 ≤ 0,14 𝑓𝑐𝑘

Onde 𝑓𝑐𝑘 é a resistência característica do concreto.

Um valor econômico para o coeficiente C é entre 55 e 70%


do valor limite. Se o valor
calculado superar o limite deve-se aumentar a espessura da
laje.
Uma vez verificado o limite de compressão no concreto,
passa-se ao cálculo da armação,
usando a seguinte relação matemática:

Escolhe-se uma bitola e determina-se qual o espaçamento


dentro da faixa de 1 m de
largura necessário para se obter a área necessária.

Nas lajes, na grande maioria das vezes, não há


necessidade de armação para força
cortante.

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