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ROTEIRO PARA PRÉ - DIMENSIONAMENTO DE TRATAMENTO PRELIMINAR DE UMA

ETE - ENGENHARIA CIVIL 2021

Valor: 4,0 pontos em dupla

Este roteiro didático é para uma ETE hipotética convencional para o Plano Atual com
unidades de tratamento preliminar, primário e secundário. Limitar a ETE para uma cidade
estadual de até 20 mil habitantes.

1. DADOS DO PROJETO

População a ser atendida: ...............hab

Coeficiente de retorno esgoto/água: C = 0,8 (adotado)

Coeficiente do dia de maior consumo: K1 = 1,2

Coeficiente da hora de maior consumo: K2 = 1,5

Coeficiente da hora de menor consumo: K3 = 0,5

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2. VAZÕES AFLUENTES

Vazão máxima de esgotos (L/s)

Qmáx = QETA  C  K1  K 2 L/s m3/s

ou

Vazão média de esgotos (L/s)

Qméd = QETA  C L/s m3/s

Ou, se não há vazão da ETA do município, calcular por:

Pop.q.C
Qméd = L/s m3/s
86400

𝑄𝑚á𝑥 = 𝑄𝑚é𝑑 . 𝑘1 . 𝑘2 L/s m3/s

𝑄𝑚í𝑛 = 𝑄𝑚é𝑑 . 𝑘3 L/s m3/s

Pop = população de projeto (hab)

q = consumo de água per capita (L/hab.d), adotar 150 L/hab.d (SNIS, 2014)

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3. TRATAMENTO PRELIMINAR

O tratamento preliminar apresentado neste roteiro de dimensionamento é composto por


grade, caixa de areia ou desarenador e calha Parshall. Como apresentado anteriormente, o nível
de água e a velocidade no desarenador estão controlados pelo medidor de vazão, no caso deste
exemplo, uma calha Parshall. Dessa forma, a calha deve ser a primeira unidade projetada, seguida
do desarenador e, finalmente, a grade. Portanto, o dimensionamento do tratamento preliminar se
faz no sentido inverso ao do escoamento.

3.1) CALHA PARSHALL

O projeto da calha Parshall se baseia na determinação das dimensões principais da calha,


conforme Figura 1, da determinação da altura da lâmina d’água e do rebaixo.

Figura 1. Detalhe da calha Parshall.

a) Seleção da calha Parshall

Com Qmáx e Qmín, determinam-se as dimensões padronizadas do medidor Parshall,


utilizando tabelas apresentadas em vários livros (Tabela 1).

As dimensões da calha Parshal selecionada são:

W= cm

A= cm

B= cm

C= cm

D= cm

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E= cm

F= cm

G= cm

K= cm

N= cm

Tabela 1 – Dimensões padrão de medidores Parshall (cm) e vazão (L/s).

Com o valor da garganta (W), encontrar os valores dos coeficientes n e K na Tabela 2.

Tabela 2 – Valores do expoente n e do coeficiente K.


W (pol/pé) W (m) n K (unid. métricas)

3´´ 0,076 1,547 0,176

6´´ 0,152 1,580 0,381

9´´ 0,229 1,530 0,535

1´ 0,305 1,522 0,690

1 ½´ 0,457 1,538 1,054

2´ 0,610 1,550 1,426

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3´ 0,915 1,556 2,182

4´ 1,220 1,578 2,935

5´ 1,525 1,587 3,728

6´ 1,830 1,595 4,515

7´ 2,135 1,601 5,306

8´ 2,440 1,606 6,101

b) Cálculo da lâmina d’água na calha Parshall

Calcular a profundidade da lâmina d’água (H) na seção convergente da calha pela equação
abaixo:

𝑄𝑚é𝑑 = 𝑘 × 𝐻𝑛 m3/s

Onde:

n e K são coeficientes obtidos na Tabela 2.

Outra forma para cálculo da lâmina d’água pode ser pela equação abaixo que dispensa n
e K:

2
3 𝑄 3
𝑄𝑚é𝑑 = 2,2 × 𝑊 × 𝐻 2 ou 𝐻𝑚é𝑑 = (2,2𝑚é𝑑 )
𝑊

Onde:

Qméd é em m3/s

Com as vazões mínima, média e máxima, calcular as alturas das lâminas d’água pela
equação acima. Assim:

Hmáx =

Hméd =

Hmín =

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c) Cálculo do rebaixo na calha Parshall

O rebaixo (z) é usado para absorver as variações de velocidade de escoamento. É a


distância da calha Parshall com relação ao fundo da caixa de areia (está situado entre a caixa de
areia e a calha).

Qmáx .H mín − Qmín .H máx


z= → z= m→z= m (valor adotado)
Qmáx − Qmín

Onde:
z: rebaixo na calha (m);
H: altura do líquido no vertedor (m);
Q: vazão (m3/s).

3.2) CAIXA DE AREIA OU DESARENADOR

O esquema do desarenador é apresentado na Figura 2.

Figura 2. Esquema do desarenador de seção retangular.

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a) Determinação das alturas máxima, média e mínima da lâmina líquida

A altura da lâmina líquida na caixa de areia (h) é calculada em função da altura do líquido na
calha Parshall (H) e do rebaixo na calha (z), como:

h=H–z

Dessa forma,

hmáx =

hméd =

hmín =

b) Largura (b) e comprimento (L) da caixa de areia de seção retangular

Deve-se manter a velocidade de escoamento horizontal (vh) próxima de 0,3 m/s (nunca
superior a 0,4 m/s). A largura da caixa de areia pode ser obtida por:

𝑄𝑚á𝑥
𝑏=
ℎ𝑚á𝑥 × 𝑣ℎ

b= b= (valor adotado)

O comprimento da caixa de areia é calculado pela equação:

𝐿 = 22,5 × ℎ𝑚á𝑥

L= L= (valor adotado)

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d) Número de canais da caixa de areia

Recomenda-se a instalação de duas caixas ou câmaras ou canais reservas de areia (Figura 3)


em paralelo. O número de canais ou caixas adotados para a sedimentação de areia será de = ______
canais.

Figura 3 - Esquema de instalação de uma caixa de areia.

e) Verificação das velocidades reais na caixa de areia

O dimensionamento do desarenador estará completo após algumas verificações das


velocidades reais aplicadas. Se as velocidades não estiverem dentro da faixa recomendada  0,3
m/s (entre 0,15 a 0,30 m/s ou 0,25 a 0,40 m/s pela NBR 12209:2011), altera-se a largura da calha
b e verifica-se novamente.

Q (m3/s) h (m) Atransversal = b.h (m2) v = Q/A (m/s)

máx

méd

mín

Adotar uma Hútil do desarenador considerando um fundo ao longo do canal para


acumulação do material sedimentado com profundidade mínina de 0,20 m.

𝑯ú𝒕𝒊𝒍 𝒅𝒂 𝒄𝒂𝒊𝒙𝒂 = hmáx + 0,20 m =

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f) Área superficial (longitudinal) do desarenador

Asup = b.L = m2

g) Taxa de aplicação ou escoamento superficial (TAS)

A taxa de escoamento superficial (TAS) deve estar entre 600 e 1.300 m3/m2.d

𝑄𝑚𝑒𝑑 𝑄𝑚é𝑑
𝑇𝐴𝑆 = 𝐴𝑠𝑢𝑝
= 𝑏×𝐿
=

Onde: Qméd é em m3/d

Verificar se a TAS se enquadra nos limites estabelecidos pela norma.

3.3) GRADE

Segundo a ABNT P-NB-569 e P-NB-570, o dimensionamento da grade deve ser feito em função
da vazão máxima.

a) Seleção da seção transversal e espaçamento entre barras

Primeiramente se escolhe a seção transversal da barra (Tabelas 3 e 4) e o espaçamento


entre barras (a).

Tabela 3 - Tipos de grade e espaçamento entre barras (a).


Espaçamento entre barras
Tipo de grade Polegada Centímetro
Grossa Acima de 1 1/2 4,0 a 10,0
Média 3/4 a 1 1/2 2,0 a 4,0
Fina 3/8 a 3/4 1,0 a 2,0

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Tabela 4 - Seção transversal de barras retangulares.
Seção transversal da barra
Tipo de grade Polegada Centímetro
3/8 x 2 0,95 x 5,00*
Grade grossa 3/8 x 2 1/2 0,95 x 6,35
1/2 x 1/1/2 1,27 x 3,81
1/2 x 2 1,27 x 5,00
5/16 x 2 0,79 x 5,00
Grade média 3/8 x 1 1/2 0,95 x 3,81
3/8 x 2 0,95 x 5,00
1/4 x 1 1/2 0,64 x 3,81
Grade fina 5/16 x 1 1/2 0,79 x 3,81
3/8 x 1 1/2 0,95 x 3,81
* espessura x comprimento da barra na seção transversal.

b) Eficiência da grade (E)

Calcula-se a eficiência esperada (E) para a operação de gradeamento como:

a
E=
a+t

Onde:

a - espaçamento entre barras

t - espessura da barra

c) Dimensionamento do canal afluente à grade

O dimensionamento do canal é feito pelo cálculo da área útil (Au) necessária para o
escoamento em função da vazão máxima (Qmáx) e da velocidade de passagem entre as barras
(vp), como:

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Q máx
Au = m2
vp

A velocidade de passagem entre as barras (vp) deve seguir as condições de escoamento:


vmáx = 1,20 a 1,40 m/s
vméd = 0,60 a 1,00 m/s
Ou adotar o critério de vp = 0,6 a 1,2 m/s para Qmáx (segundo outros autores)

A área total (S), incluídas as barras, se obtém pela expressão:

Au
S= =
E

A largura do canal (L) afluente (à montante) à grade será:

S
L=
h

Onde:

h = profundidade da lâmina d´água determinada pelas condições do conduto afluente (m).


Neste caso, pode-se considerar igual ao hmáx do desarenador.

Deve-se aproximar L para um valor de construção, em seguida fazer a revisão dos cálculos
para a nova largura adotada:

S=

E=

Au =

Calcular:

vmáx = Qmáx/Au

vméd = Qméd/Au

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Se as velocidades estiverem dentro da faixa recomendada, prosseguir o dimensionamento da
grade com L adotada do canal afluente que será o mesmo valor para a largura da grade.

d) Número de barras (Nb) e de espaçamentos (Ne) da grade

Ne = Nb + 1

L = (Ne × a) + (Nb × t)

Portanto,

L = [(Nb + 1) × a] + (Nb × t)

Substituir na equação acima os valores de a, t e L (em mm), encontrando-se o valor do


número de barras (Nb) e em seguida, o número de espaçamentos (Ne) da grade selecionada no
item a.

e) Perda de carga na grade limpa (hf)

A largura do canal afluente à grade resulta em uma velocidade de aproximação (vo) menor
que a velocidade fixada para projeto (vmáx) como:

Qmín
vo ( mín ) = m/s
S

Qméd
vo ( méd ) = m/s
S

Qmáx
vo ( máx ) = m/s
S

OBS.: considerar o cálculo para a velocidade de aproximação somente para Qmáx.

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A velocidade de aproximação (mínima, média e máxima) deve estar dentro da faixa
recomendada (0,6 a 1,2 m/s). Do contrário, escolhe-se outra grade.
As velocidades de aproximação estão dentro da faixa recomendada?

Para a perda de carga (hf) pode-se utilizar a expressão de Metcalf & Eddy:

hf =
(v 2
máx − vo2( máx ) )
1,4 g

Onde:

vmáx : velocidade máxima através das barras, para Qmáx, m/s;

vo (máx): velocidade de aproximação à montante da grade, m/s;

g: aceleração da gravidade = 9,81 m/s2.

Grade limpa: vmáx = m/s → hf máx = m

Grade 50% suja: vmáx’ = 2.vmáx = m/s → hf 50% suja = m

A parede do canal (y) é calculada com a altura da lâmina máxima de água (na caixa de
areia), com a perda de carga quando a grade estiver 50% suja mais altura livre de 20 cm
(segurança).

y = h máx + h f 50%suja + 0,20 = m

Dessa forma está projetada a unidade preliminar de tratamento de esgoto doméstico e


águas residuárias.

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4. TRATAMENTO PRIMÁRIO

Caracterizado pelo sedimentador primário para remoção de sólidos sedimentáveis no


esgoto.

Seu dimensionamento será realizado em sala de aula.

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5. TRATAMENTO SECUNDÁRIO

O tratamento secundário se refere aos processos biológicos para remoção de matéria


orgânica dissolvida e particulada presente no esgoto.

Diversas tecnologias podem ser consideradas como tratamento secundário e as que serão
discutidas em sala de aula são: lagoas de estabilização, reatores anaeróbios e lodos ativados.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SPERLING, Marcos Von.V.1. Introdução a qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. V.2
Princípios básicos do tratamento de esgotos. v.3 Lagoas de estabilização. v.4 Princípios do
tratamento biológico de águas residuárias. UFMG, Belo Horizonte, 1996.

JORDÃO, E.P.; PESSÔA, C.A. Tratamento de esgotos domésticos. 4ª ed. Rio de Janeiro, 2005.

METCALF & EDDY. Wastewater engineering: treatment and reuse. 4ª ed. McGraw-Hill, Inc., 2003.

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