Você está na página 1de 11

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CAMPUS PROFESSOR ALUÍZIO TEIXEIRA


CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Trabalho Prático de Engenharia Portuária e Costeira:


Dimensionamento e simulação de implantação de um terminal
exportador de soja

MACAÉ, RIO DE JANEIRO


2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CAMPUS PROFESSOR ALUÍZIO TEIXEIRA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Trabalho Prático de Engenharia Portuária e Costeira:


Dimensionamento e simulação de implantação de um terminal
exportador de soja

Trabalho realizado pelas alunas:


Camila Cruz (DRE 116026081)
Isabela Antunes (DRE 116048944)
Sarah Hernandes (DRE 116033614)
Professor: Rafael Malheiro Ferreira
Turma A – 2018.2

MACAÉ, RIO DE JANEIRO


2018
ESPECIFICAÇÕES INICIAIS

Foi realizada a implantação de um terminal exportador de soja, com necessidade de


escoamento anual de exportação previsto para 14.000.000 ton. Com isso, foi realizada a
dragagem do canal de acesso do PORTO DE PARANAGUÁ – PARANÁ, representado na
carta náutica nº 1821, o suficiente para a passagem de dois navios graneleiros do tipo
PANAMAX, se cruzando no canal.

CARACTERÍSTICAS DAS EMBARCAÇÕES:

• Comprimento (L): 254,0 m


• Boca (B): 32,3 m
• Calado (d): 12,6 m
• Porte bruto: 80.000 TPB

DADOS ADICIONAIS

• Eficiência da draga hidráulica (): 65%

• Comprimento do canal de acesso: 3 km


• Concentração do material sólido dragado: 32%
• Concentração da água: 68%
• Peso específico do material sólido: 2,2 ton./m³
• Comprimento da área do retroporto: 1,2 km
• Ângulo de repouso da soja armazenada: 30º
1) Croqui com o arranjo as obras portuárias principais:
2) Dimensionamento do canal de acesso e anteporto:

2.1) Largura do fundo:

Para obedecer às dimensões do navio (Boca=32,3m), a largura total do canal de


acesso deve respeitar:

Onde:

Wb é a folga com a margem, Wm é a faixa de manobra e Wp é a distância de


passagem.

De acordo com as tabelas fornecidas pelo livro base da disciplina, temos que:

• Wm = 1,3B → Wm = 41,99 m
• Wb= 0,5B → Wb = 16,15 m
• Wp= 1,4B → Wp = 45,22 m

Portanto:

𝑊𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 2𝑊𝑚 + 2𝑊𝑏 + 𝑊𝑝

𝑊𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 161,15 m
2.2) Profundidade do canal:

De acordo com o livro, para canais e bacias abrigados das ondas, é comum
estabelecer um mínimo de 1,1 para relação profundidade – calado:

Adotando, como margem de segurança, um valor de 30% do calado do navio de


projeto, temos:

𝑃 = 1,3 𝑑

𝑃 = 16,38 𝑚

2.3) Bacia de revolução:

A dimensão de uma bacia de revolução consiste numa área circular cujo diâmetro é 4
vezes o comprimento da embarcação – tipo:

𝐷 =4𝐿

𝐷 = 1016 𝑚

Portanto, o raio da bacia de revolução será de 508 metros.

3) Calado máximo operacional:

𝐶𝑀𝑂 = 𝑀𝑃𝑂 + 𝐻𝑚á𝑟𝑒 − 𝐹𝑜𝑙𝑔𝑎

De acordo com a tábua de maré fornecida pela FEMMAR, temos que o Hmáx = 1,76m
para a preamar superior (MHHW) e Hmín = 0,05m para baixamar inferior (MLLW).

A folga sob a quilha é estabelecida pelo livro no valor de 0,6m.

MPOC se refere à Máxima Profundidade Observada no canal. O valor máximo para


profundidade será logo após a dragagem será: 16,38m.

Logo:

3.1) Valor máximo (Usando Hmáx):

𝐶𝑀𝑂 = 16,38 + 1,76 − 0,6

𝐶𝑀𝑂 = 17,54𝑚

3.2) Valor mínimo (Usando Hmín):

𝐶𝑀𝑂 = 16,38 + 0,05 − 0,6

𝐶𝑀𝑂 = 15,83𝑚
4) Planejamento de Dragagem:

4.1) Peso específico da mistura:

Para determinar o peso específico da mistura, é necessário levar em conta as


porcentagens estabelecidas para a água e para o material sólido a ser dragado.

A fórmula usada é:

0,68𝛾á𝑔𝑢𝑎 + 0,32𝛾𝑚𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙
𝛾𝑚𝑖𝑠𝑡𝑢𝑟𝑎 =
0,68 + 0,32

𝑡 𝑡
0,68(9,81 3 ) + 0,32(2,2 3 )
𝛾𝑚𝑖𝑠𝑡𝑢𝑟𝑎 = 𝑚 𝑚
1

𝛾𝑚𝑖𝑠𝑡𝑢𝑟𝑎 = 6,98 𝑡/𝑚³

𝛾𝑚𝑖𝑠𝑡𝑢𝑟𝑎 = 68 450,42 𝑁/𝑚³

4.2) Cálculo da vazão Q:

Para determinarmos a vazão Q, dividimos o trecho estabelecido de 3 km em 10 seções


transversais de 300m de largura, 200m de comprimento e a profundidade sendo a variação
da profundidade requerida (16,38m) menos a profundidade atual do trecho (informada pela
Carta Náutica nº 1821).

Ou seja:

10
∑ 𝑉 = 300 𝑥 200 𝑥 (16,38 − 𝑃𝑖)
𝑖=1

10
∑ 𝑉 = 300 𝑥 200 𝑥 (4,88 + 3,48 + 4,08 + 7,38 + 3,88 + 8,78 + 2,58 + 4,98 + 3,98 + 3,18)
𝑖=1

10
∑ 𝑉 = 300 𝑥 200 𝑥 47,2
𝑖=1

𝑉𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 2 832 000 𝑚³

Com o somatório dos volumes devidamente determinado, dividimos o pelo total de


horas disponíveis para o processo de dragagem.
Dispomos de 10 dias de operação em 24 horas por dia, porém por medida de
segurança, adotamos 9 dias em 24 horas por dia, assim:

𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 = 9(𝑑𝑖𝑎𝑠)𝑥 24(ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠)

𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 = 216 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠

A vazão então:

𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒
𝑄=
𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜

2 832 000
𝑄=
216

𝑄 = 13 111 𝑚³/ℎ

Utilizando duas dragas simultaneamente no processo, temos a vazão de cada draga


final:

𝑄 = 6 555 𝑚3 /ℎ

Utilizando uma tubulação de 500 mm, determinamos a velocidade de escoamento


através da seguinte fórmula:

𝑄 = 𝑣 𝐴 , 𝑄 = 1,820 𝑚3 /𝑠

𝑄
𝑣=
𝐴

1,820
𝑣=
𝜋 (0,50)2

𝑣 = 2,32 𝑚/𝑠

Utilizando o gráfico de Velocidade de escoamento x Perda de carga, encontramos uma


perda de carga de 0,5 metros a cada 100 metros.

Com a vazão estabelecida, a altura de projeto equivalente à profundidade final do rio:

𝐴𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑃𝑟𝑜𝑓𝑢𝑛𝑑𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 + 𝑃𝑒𝑟𝑑𝑎 𝑑𝑒 𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎

𝐴𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 16,38 + 0,5

𝐴𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 16,88 𝑚

e a eficiência da bomba igual a 65%, de acordo com o gráfico Q x H:


Determinamos a Potência da bomba igual a 285 RPM.

5) Dimensionamento da Área de Estocagem:

Dimensionamento da área de estocagem para a pilha de grãos. Para armazenar


10% do volume total anual:

Dados: Ângulo de repouso (Θ) = 30º

Largura total do retroporto = 1,2 km

Nível anual de exportação: 14.000.000 ton

Fig 1.: Área de estocagem


Fig 2.: vista frontal da área de estocagem

Após realizar os cálculos testando as alturas de 25 m e 30 m para a pilha, foi


possível concluir que a melhor opção para o dimensionamento consiste em uma altura de
32 metros, com L= 1000 m, conforme mostram os cálculos abaixo:

5.1) Testando com H= 25 m e L=1000 m e encontrando b a partir de Θ e H, temos:

𝐶𝑂
𝑆𝑒𝑛𝜃 =
ℎ𝑖𝑝

Logo:

25
𝑆𝑒𝑛30º =
ℎ𝑖𝑝

25
0,5 =
ℎ𝑖𝑝

ℎ𝑖𝑝 = 50 𝑚

Assim, temos: Cos Θ = CA/hip -> Cos 30º = CA/50 -> 0,8660 = CA/50 -> CA = 43,30 m =
b/2

Volume = AB x H = 1082,5 x 1000 = 1082500 m³

*AB = área da base

5.2) Testando com H= 30 m e L=1000 m e encontrando b a partir de Θ e H, temos:

Sen Θ = CO/hip
Logo, Sen 30º = 30/hip -> 0,5 = 30/hip -> hip = 60

Assim, temos: Cos Θ = CA/hip -> Cos 30º = CA/60 -> 0,8660 = CA/60 -> CA = 51,96 m =
b/2

Volume = AB x H = 1558,84 x 1000 = 1558840 m³

5.3) Testando com H= 32 m e L=1000 m e encontrando b a partir de Θ e H, temos:

Sen Θ = CO/hip

Logo, Sen 30º = 32/hip -> 0,5 = 32/hip -> hip = 64 m

Assim, temos: Cos Θ = CA/hip -> Cos 30º = CA/64 -> 0,8660 = CA/64 -> CA = 55,42 m =
b/2

Volume = AB x H = 1773,62 x 1000 = 1773620 m³

5.3.1) Cálculo da massa a partir do volume e da densidade da soja:

• Densidade aproximada da soja: 774,5 kg/m³

Fórmula da densidade: D=m/v

Onde:

D=densidade

m = massa

v= volume

Então, temos:

774,5=m/1773620 -> m= 1.373.668.711 kg

Este valor de m corresponde a cerca de 10% de 14.000.000 ton (nível anual previsto
de exportação).

Levando em consideração também os espaços curvos da área de estocagem, o local


atinge uma capacidade ainda mais próxima dos 10% do nível anual de exportação.

Portanto, o local de armazenagem (fig. 1) terá dimensões iguais a: H= 32 m, L=1000


m e b= 110,84 m.

Você também pode gostar