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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA

ENGENHARIA AGRÍCOLA

TRAÇADO DE REDE DE FLUXO E DIMENSIONAMENTO DO


FILTRO HORIZONTAL DE UMA BARRAGEM DE TERRA
HOMOGENEA UTILIZANDO O MÉTODO DE CASAGRANDE
(1932)

ANDRESSA DO AMARAL CALEGARO


VITOR ROMÁRIO CHARÃO NUNES

ALEGRETE
2022
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA
ENGENHARIA AGRÍCOLA

TRAÇADO DE REDE DE FLUXO E DIMENSIONAMENTO DO


FILTRO HORIZONTAL DE UMA BARRAGEM DE TERRA
HOMOGENEA UTILIZANDO O MÉTODO DE CASAGRANDE
(1932)

Trabalho apresentado ao Curso de Engenharia


Agrícola da Universidade Federal do Pampa,
como requisito parcial para obtenção da
aprovação na disciplina de Projetos de Obras de
Terra.

Orientador: Wilber Chambi Taphauasco

ALEGRETE
2022
SUMÁRIO

RESUMO........................................................................................................................4
OBJETIVOS...................................................................................................................5
INTRODUÇÃO..............................................................................................................6
METODOLOGIA.......................................................................................................... 7
Resumo dos dados de entrada ............................................................................8
Sessão da barragem................................................................................................... 11
Traçado da rede de fluxo...........................................................................................11
Vazão........................................................................................................................ 15
Perda de carga por linha equipotencial ......................................................................15
Gradiente hidráulico de saída.....................................................................................16
Dimensionamento da espessura do tapete horizontal ................................................16
Tensões verticais totais, poropressão e tensões efetivas nos pontos A e B ................17
RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................21
Traçado de rede de fluxo barramento com filtro .......................................................21
Vazão.........................................................................................................................23
Perda de carga por linha equipotencial .....................................................................24
Gradiente hidráulico de saída....................................................................................24
Dimensionamento dos filtro horizontal .....................................................................26
Tensões verticais totais, poropressão e tensões efetivas nos pontos A e B ...............26
CONCLUSÃO..............................................................................................................27
REFERÊNCIAS ...........................................................................................................28
RESUMO

O presente trabalho foi realizado na disciplina de Projeto de Obras em Terra, com o


objetivo de pôr em prática os conceitos obtidos na unidade de hidráulica dos solos de
maneira a confeccionar o traçado da rede de fluxo de uma barragem de terra homogênea.
Através do traçado da rede de fluxo pode-se ter uma estimativa de como a água se
comporta dentro do barramento, a partir das características geotécnicas do solo da
barragem, obtidos através do trabalho base de RIBEIRO (2015), que caracteriza uma
barragem de terra e enrocamento da PCH Xavantina, localizada em Santa Catarina. Para
a confecção da rede de fluxo utilizou-se o método da parábola, descrita por Casagrande
(1932). Além disso, foi realizado o dimensionamento de um filtro horizontal, obtendo
sua espessura e realizando a análise se o mesmo atenderia aos critérios de proteção contra
piping e permeabilidade, parâmetros esses que atuam a favor da segurança do
barramento. Ao final, foi possível ainda calcular a vazão total do maciço, as tensões
verticais totais, poropressão e tensões efetivas em dois pontos distintos pré-definidos. O
traçado da barragem e da rede fluxo foi realizado utilizando o Software AutoCAD.

Palavras-Chave: Barragem. Rede de fluxo. Filtro. Solo.


OBJETIVOS

• Realizar o traçado da rede de fluxo no interior do maciço de uma


barragem homogênea;
• Dimensionar o filtro horizontal, obter sua espessura e realizar a análise
da granulometria se atende aos critérios de proteção contra piping e
permeabilidade;
• Determinar a vazão total no maciço por unidade de comprimento; ∙
Determinar as tensões verticais totais, poropressão e tensões efetivas em
dois pontos distintos pré-definidos;
INTRODUÇÃO

As barragens de pequeno porte, geralmente empregadas em propriedades rurais


para abastecimento doméstico, para irrigação de lavouras ou para dessedentação animal,
apresentam diversas vantagens, tais como: uso de materiais encontrados no local onde
ocorrerá a construção, reduzindo gastos; procedimentos simples para construção;
fundações menos exigentes que barragens de grande porte; seus aterros são mais
resistentes que estruturas rígidas. Entretanto, represas de terra são mais facilmente
danificadas e destruídas pelo fluxo de água, principalmente quando não são
adequadamente compactadas; além de necessitarem de manutenção contínua para
prevenir erosões, infiltrações ou rebaixos (FAO, 2010).

O movimento da água no solo é notavelmente um dos fatores mais importante a


ser considerado na construção de barragens de terra, pois a partir dele é possível prever
diversas situações que podem vir a acontecer como o rompimento da mesma.

Segundo Das (2011) a água não percola através do solo em apenas uma direção,
nem é uniforme ao longo de toda a área perpendicular ao fluxo, portanto, a percolação
da água é calculada utilizando gráficos denominados de redes de fluxo.

Rede de fluxo é a combinação entre linhas de fluxo e linhas equipotenciais que


são ortogonais entre si. A linha de fluxo é uma linha ao longo da qual uma partícula de
água se desloca de montante a jusante, já a linha equipotencial é uma linha onde a carga
potencial é igual em todos os pontos (DAS, 2011).

É de grande importância conhecer o fluxo da água no solo para que se possa


determinar as tensões que a água exercerá nas partículas sólidas ao mover-se; assim,
pode-se aplicar essa determinação para estimar a vazão de água e estabilidade de taludes,
prever adensamentos e infiltrações (MARANGON, 2018).

A utilização de filtros durante a construção de uma barragem de terra eleva o


custo final da obra. No entanto, segundo Marcos (2018), o uso de filtros “visa provocar
o redirecionamento do fluxo, evitar a erosão interna e reduzir as pressões intersticiais na
porção de jusante, o que aumenta a estabilidade da obra”. Dessa forma, a construção
destas estruturas no interior do barramento é de grande importância pelo fato de atuarem
a favor de sua segurança.
METODOLOGIA

Para a realização deste trabalho foram disponibilizados inicialmente os seguintes


dados da sessão da barragem descritos na figura 1, como altura do barramento igual a
25m e nível do reservatório de 23m, inclinação do talude a montante (V:H): 1:2,5 m e a
jusante de 1:2,5 m.

Figura 1 - Sessão da barragem.

Para a determinação da largura da crista foi utilizada a equação 1, a


proposta de U.S. Bureau of Reclamation:

𝐻
𝑐= +3 (1)
5

Onde:

C = larg. Crista(m);

H = altura da barragem(m).

Além disso, para complementar a base de dados para obtenção dos resultados ao
longo deste estudo, foi utilizado o trabalho base de RIBEIRO (2015), que caracteriza
uma barragem de terra e enrocamento da PCH Xavantina, localizada em Santa Catarina.
A barragem estudada é do tipo homogênea com solo argiloso:

Tabela 1 - Parâmetros do solo argiloso.

Fonte: Ribeiro, 2015.

Gráfico 1 - Curva granulométrica para a argila.

Fonte: Ribeiro, 2015.

A partir, dos dados iniciais obtidos do solo, necessitou-se determinar mais alguns
parâmetros descritos a seguir:

Equação 2 foi utilizada para determinar o Peso específico seco em kN/m3:


𝛾𝑑(𝐾𝑁/𝑚³ ) = (𝜌𝑑𝑚á𝑥. ∗ 𝛾𝑤) (2)

Onde:

𝜌𝑚á𝑥 : Massa específica seca máxima;

𝛾𝑤 : Peso específico da água.

𝛾𝑑(𝐾𝑁/𝑚³ ) = (1,46 𝑔 ∗ 9,8) = 14,308 𝐾𝑁/𝑚³


𝑐𝑚3

Índice de vazios do solo: Equação 3

𝛾𝑠 = 𝛾𝑑 ∗ (1 + 𝑒) (3)

Onde:

e: índice de vazios do solo;

𝛾𝑑 : peso específico seco em kN/m³;

𝛾𝑠 : peso específico dos grãos em kN/m3.

29,106 = 14,308 ∗ (1 + 𝑒)
𝑒 = 1,034

Peso específico saturado compactado em kN/m3, utilizamos a Equação 4 para calcular:

(𝛾𝑠 +𝑒∗ 𝛾𝑤 )
𝛾𝑠𝑎𝑡.𝑐𝑜𝑚𝑝 = (4)
(1+𝑒)

Onde:

𝛾𝑠𝑎𝑡.𝑐𝑜𝑚𝑝. : Peso específico saturado compactado em kN/m3;


𝛾𝑠 : Peso específico dos grãos em kN/m3;

e: Índice de vazios do solo;

𝛾𝑤 : Peso específico da água.

(29,106 + 1,034 ∗ 9,81)


𝛾𝑠𝑎𝑡.𝑐𝑜𝑚𝑝. = = 19,297𝐾𝑁/𝑚³
(1 + 1,034)

Para o cálculo do Peso específico úmido compactado em kN/m3, utilizou-se a equação 5:

𝑤%
𝛾ú𝑚.𝑐𝑜𝑚𝑝. = 𝛾𝑑 ∗ (1 + ) (5)
100

Onde:

𝛾ú𝑚.𝑐𝑜𝑚𝑝. : Peso específico úmido compactado em kN/m3;

𝛾𝑑. : peso específico seco em kN/m3;

w%: teor de umidade ótima em %.

𝛾ú𝑚.𝑐𝑜𝑚𝑝. = 18,63 𝐾𝑁/ 𝑚³

Na tabela 2 estão dispostos os dados referentes às dimensões do barramento:

Tabela 2 - Tabela 1. Dimensões dadas para a realização do trabalho.


A figura 2 representa a sessão da barragem realizado no software Auto Cad.

Figura 2 - Sessão da barragem de homogênea de terra.

Os índices físicos calculados do solo utilizado na barragem de terra estão


representados na tabela 3.

Tabela 3 - Índices físicos do solo utilizado na barragem de terra.


Cálculos para dimensionamento do traçado da rede de fluxo:

O traçado da rede de fluxo foi realizado através das dimensões já conhecidas do


barramento, com a utilização do software de desenho AutoCad versão 2023.
Primeiramente se determinou a distância da intersecção do nível da água com a montante
do barramento, onde foi traçado um eixo perpendicular à base, assim obtendo-se o valor
de “Δ” (Figura 3). Como no método estabelecido por Casagrande (1932), o ponto
extremo da parábola da rede de fluxo fica no ponto a’a, que foi calculado através da
Equação 6.
Equação 6 - Equação sugerida por Casagrande para encontrar o ponto extremo da parábola.

𝑎′ 𝑎 = 0,3 ∗ Δ (6)

Figura 3 - Representação de a’a e Δ

Fonte: material disponibilizado em aula.

O valor de “d” foi obtido através da distância entre a’ e a posição do filtro (Figura 4).
Figura 4 - Representação de a’a e Δ.
Fonte: Os autores.

Após conhecer “d”, foi calculado o ponto da distância focal, pela seguinte
(Equação 7).

√𝑑2 +𝐻𝑤 2 −𝑑
𝑝= (7)
2
Equação 7. Relação para a determinação da distância focal

O próximo passo consiste em plotar a parábola básica, que pode ser realizada por
processo gráficos ou via Equação 8 e os resultados apresentados na Tabela 4, sugerida
a seguir.

(𝑧)2 −4(𝑝)²
𝑥= (8)
4𝑝

Equação 8. Equação para determinar a posição no eixo X através de valores em Z.

Levando em consideração que o talude a montante é uma equipotencial, a linha


freática, que é uma linha de fluxo, tem que ser perpendicular a ele, portanto, é necessário
realizar manualmente a correção para a entrada do fluxo a' e figura 5.
Figura 5: Correção para entrada do fluxo de água.

Fonte: Os autores.
Conhecendo o valor de Δa, faz-se a correção da saída do fluxo Figura 6. Traçada a linha
freática, divide-se em um número adequado de partes iguais, a diferença do nível da água à
montante e à jusante da barragem e transfere-se esta divisão para a freática, com linhas
horizontais figura 5.
A partir dos pontos determinados na freática, traçam-se as equipotenciais, observando que
a linha de contato com a barragem com a camada impermeável é uma linha de fluxo, as mesmas
devem apresentar um ângulo de 90º entre si figura 6.

Figura 6 - Traçado de equipotenciais. Fonte: material disponibilizado em aula.

Por último traça-se as linhas de fluxo, que devem formar um ângulo de 90º com
as equipotenciais, formando elementos quadrados, sendo possível desenhar um círculo
tangenciando os quatro lados do elemento figura 7.

Figura 7 - Rede de fluxo final de uma barragem de terra. Fonte: material disponibilizado em aula.
Os coeficientes de permeabilidade tanto do solo do barramento, quanto do solo do filtro
foram obtidos do trabalho base de RIBEIRO (2015) e são apresentados na Tabela 5.

Tabela 5 - Coeficientes de permeabilidade Kp (cm/s).

O solo do filtro para direcionar o fluxo de água que entra no barramento obtido também de
Faria (2015), composto por areia.

No material base não foi disponibilizada a curva da granulometria dos materiais


utilizados no filtro. O mesmo apresentava somente a verificação dos critérios de proteção contra
piping e permeabilidade figura 8.

Figura 8 - Verificação dos critérios de proteção contra piping e permeabilidade.

Traçada a rede de fluxo da barragem é possível calcular a vazão. Para calcular a


vazão total por unidade de comprimento do barramento utilizou-se a Equação 9.

Equação 9 - Vazão total por unidade de comprimento em cm3/s.

𝑛𝑓
𝑄 = 𝐾𝑝 ∗ ∗ ∆𝐻 (9)
𝑛𝑒
Onde:
Q: Vazão por unidade de comprimento na direção perpendicular ao fluxo cm3/s; K: coeficiente
de permeabilidade na direção do fluxo cm/s;

𝑛𝑓 : número de canais de fluxo que é igual ao número de linhas de fluxo menos 1;

𝑛𝑒 : número de quedas de potencial que é igual ao número de linhas equipotenciais menos 1;

∆𝐻 : perda de carga no sistema.

• Perda de carga por linha equipotencial

Equação 10- Perda de carga por linha equipotencial.

∆𝐻
∆𝐻𝑒 = (10)
𝑛𝑒

Onde:

∆𝐻𝑒 : Perda de carga por linha equipotencial;

∆𝐻: Perda de carga no sistema;

𝑛𝑒 : Número de quedas de potencial que é igual ao número de linhas equipotenciais menos 1.

• Gradiente hidráulico de saída

Equação 11 - Gradiente hidráulico de saída.

∆𝐻𝑒
𝑖𝑠𝑎í𝑑𝑎 = (11)
𝐿

Onde:
𝑖𝑠𝑎í𝑑𝑎 : Gradiente hidráulico de saída;

∆He : perda de carga por linha equipotencial;


L: comprimento perpendicular equivalente a linha de fluxo de saída.

• Dimensionamento da espessura do tapete horizontal

Equação 12- Espessura do filtro horizontal (m).

(𝑄1+𝑄2)∗𝐿ℎ
𝐴ℎ = √ (12)
𝐾

Onde,

𝐴ℎ : Espessura do filtro horizontal (m);

Q1= Q2: Vazão por unidade de comprimento na direção perpendicular ao fluxo (cm3/s);

𝐿ℎ : distância horizontal do filtro até o final do talude de jusante (m);

K: coeficiente de permeabilidade do solo do filtro (cm/s).

• Tensões verticais totais, poropressão e tensões efetivas nos pontos A e B

Tensão vertical total em A em Kpa

Equação 13 - Tensão vertical total em A(Kpa).

𝜎𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐴 = 𝛾𝑠𝑎𝑡.𝑐𝑜𝑚𝑝. ∗ 𝐻𝑠𝑎𝑡 + 𝛾ú𝑚.𝑐𝑜𝑚𝑝 ∗ 𝐻ú𝑚.𝑐𝑜𝑚𝑝. (13)

Onde:

𝜎𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐴 : Tensão vertical total em A (Kpa);

𝛾𝑠𝑎𝑡.𝑐𝑜𝑚𝑝. : Peso específico saturado compactado em kN/m3;

𝐻𝑠𝑎𝑡 : Altura sob efeito da água;

𝛾ú𝑚.𝑐𝑜𝑚𝑝. : Peso específico úmido compactado em kN/m3;


𝐻ú𝑚.𝑐𝑜𝑚𝑝. : Altura acima do ponto A sem efeito da água até a cota máxima do barramento.

• Poropressão em A (Kpa)

Equação 14 - Poropressão em A em (Kpa).

𝜇𝐴1 = 𝐻𝑠𝑎𝑡.𝑐𝑜𝑚𝑝 ∗ 𝛾𝑤 (14)

Onde:

𝜇𝐴1 : Poropressão em A em (Kpa);


𝐻𝑠𝑎𝑡.𝑐𝑜𝑚. : Altura sob efeito da água;
𝛾𝑤 : Peso específico da água.

• Poropressão através da perda de carga referente ao ponto A em Kpa para


conferir o ajuste da rede de fluxo:

Equação 15 - Poropressão em A através da perda de carga em (Kpa).

𝜇𝐴2 = ℎ𝑝𝑎 − ∆ℎ𝐴 (15)

Onde:

𝜇𝐴2 = Poropressão em A em (Kpa);

hpA: Altura do ponto A até o nível do reservatório(m);

ΔhA: Perda de equivalente a localização do ponto A(m).

• Tensão efetiva no ponto A em Kpa

Equação 16 - tensões efetivas nos pontos A (Kpa).

𝜎𝑉𝐴′ = 𝜎𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 − 𝜇𝐴 (16)

Onde:

𝜎𝑉𝐴 ’: Tensão efetiva no ponto A em Kpa;


σtotal: Tensão vertical total em A em Kpa;

𝜇𝐴 : Poropressão em A em Kpa.

Equação 17 - Tensão vertical total em B(Kpa).

𝜎𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐵 = 𝛾𝑠𝑎𝑡.𝑐𝑜𝑚𝑝. ∗ 𝐻𝑠𝑎𝑡 + 𝛾ú𝑚.𝑐𝑜𝑚 ∗ 𝐻ú𝑚.𝑐𝑜𝑚𝑝. (17)

Onde:

𝜎𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐵 = Tensão vertical total em B (Kpa);

𝛾𝑠𝑎𝑡.𝑐𝑜𝑚𝑝 : Peso específico saturado compactado em kN/m3;

𝐻𝑠𝑎𝑡 : Altura sob efeito da água;

𝛾ú𝑚.𝑐𝑜𝑚𝑝. : Peso específico úmido compactado em kN/m3;

𝐻ú𝑚.𝑐𝑜𝑚𝑝 : Altura acima do ponto B sem efeito da água até a cota máxima do barramento.

• Poropressão em B em Kpa

Equação 18 - Poropressão em B em (Kpa).

𝜇𝐵1 = 𝐻𝑠𝑎𝑡.𝑐𝑜𝑚𝑝 ∗ 𝛾𝑤 (18)


Onde:

𝜇𝐵1 : Poropressão em B em (Kpa);

𝐻𝑠𝑎𝑡.𝑐𝑜𝑚𝑝. : Altura sob efeito da água;

𝛾𝑤 : Peso específico da água.

• Poropressão através da perda de carga referente ao ponto B em Kpa para conferir


o ajuste da rede de fluxo:

Equação 19 - Poropressão em B através da perda de carga em (Kpa).


𝜇𝐵2 = ℎ𝑝𝐵 − ∆ℎ𝐵 (19)

Onde:

𝜇𝐵2 : Poropressão em B em (Kpa);

hpB: Altura do ponto B até o nível do reservatório(m);

ΔhB: Perda de equivalente a localização do ponto A(m).

• Tensão efetiva no ponto B em Kpa

Equação 20 - tensões efetivas nos pontos B (Kpa).

𝜎𝑉𝐵′ = 𝜎𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 − 𝜇𝐵 (20)

Onde:

σVB’= Tensão efetiva no ponto B em Kpa;

σtotal: Tensão vertical total em B em Kpa;

𝜇𝐵 : Poropressão em B em Kpa.

• Tensão Horizontal para os pontos A e B foram calculadas através da equação 21.

ℎ𝑝 = ℎ𝑤 − (∆𝐻 ∗ 𝑛𝑒) (21)

• Representação e Cálculos
Utilizou-se para a representação do traçado das linhas de fluxo e equipotenciais o
software AutoCad versão 2022, na escala (1:1). Os dados foram analisados e
processados com o auxílio de planilhas digitais Excel do Pacote Office da Microsoft
versão 2019.
RESULTADOS E DISCUSSÃO

• Traçado de rede de fluxo

A partir da metodologia descrita, calculou-se inicialmente o valor de Δ=57,5, o


mesmo parte do ponto final do talude a montante até o ponto a, como mostra a figura
9. Com este valor pode-se calcular aa’:

𝑎′ 𝑎 = 0,3 ∗ Δ

𝑎′ 𝑎 = 0,3 ∗ 57,5
𝑎′ 𝑎 = 17 , 25

Figura 9 - Sessão da barragem.

Obteve-se o valor de d=30,11m a partir da figura 9, que é a distância do eixo z,


que é colocado no ponto onde inicia o filtro, até a’.
Após encontrar o respectivo valor de “d”, foi calculado o ponto da distância focal,
através da equação 7, o resultado encontrado está disposto a seguir.

√30,112 + 23³ − 30,11


𝑝=
2

𝑝 = 3,88𝑚

Com a equação 8, foi possível determinar os valores para a parábola básica para
a realização do traçado da rede de fluxo. Assim, os resultados estão dispostos na tabela
a seguir.
(𝑧)2 −4(𝑝)²
𝑥= (8)
4𝑝

Tabela: Resultados Calculados para a parábola básica.

Depois da determinação dos pontos da parábola, realizou-se a divisão de 10 partes


iguais do talude da barragem para dar início ao traçado da rede fluxo como está disposto
na figura 10 a seguir.

Figura 10: Início do traçado da Rede de Fluxo.


Após a divisão do talude e realizado o traçado da linha freática obteve-se a seguinte
configuração de ajuste a partir do início do nível da água a montante do talude, como é
possível observar na figura 11.

Figura 11: Início do traçado da rede de fluxo.

Com a realização de todos os ajustes necessários, foi possível determinar as linhas de


fluxo, linhas equipotenciais, número de canais e número de faixas equipotenciais.

• Dados de entrada para a realização dos cálculos:

Através da rede de fluxo na figura 12, foi possível determinar os parâmetros


necessários para a realização dos cálculos.

Figura 12: Rede de fluxo.


∆= 57,5

Número de canais de fluxo (nf) = 3,7

Número de faixas equipotenciais (ne) = 10

Coeficiente de permeabilidade (Kp) = 4,63 𝑥 10^(−7) (trabalho base)

Perda de carga hidráulica = 23

• Determinação da vazão a partir da equação 9:

𝑛𝑓
𝑄 = 𝐾𝑝 ∗ ∗ ∆𝐻
𝑛𝑒

3,7
𝑄 = 4,63 𝑥 10−7 ∗ ∗ 23
10

𝑄 = 3,940 𝑥 10−6 𝑚3 /𝑠

Onde:

Q: vazão;

kp: coeficiente de permeabilidade do solo da barragem;

nf: número de canais de fluxo;

ne: número de faixas equipotenciais;

∆H: perda de carga total.

• Determinação da perda de carga por linha equipotencial, através da equação


10.

∆𝐻
∆𝐻𝑒 = (10)
𝑛𝑒
23
∆𝐻𝑒 =
10
∆𝐻𝑒 = 2,3 𝑚

• Determinação do gradiente hidráulico de saída a partir da equação 11,


utilizando a figura 13.

Figura 13: - Representação do comprimento perpendicular equivalente a linha de


fluxo de saída.

∆𝐻𝑒
𝑖= (11)
𝐿

2,3
𝑖=
2
𝑖 = 1,15

• A figura 13 e 14 representa o traçado da rede fluxo com os círculos e os respectivos


pontos para os cálculos das tensões.
Figura 14: Representação rede de fluxo.

Figura 14: Representação da rede de fluxo

Para a determinação das tensões verticais totais, poropressão e tensões efetivas nos pontos
A e B, utilizou-se as medidas determinadas de solo seco e saturado, como está disposto na
figura 15.

Figura 15: Determinação das alturas de solo seco e saturado

• Cálculo tensão vertical Ponto A através da equação 13:


𝜎𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐴 = 𝛾𝑠𝑎𝑡.𝑐𝑜𝑚𝑝. ∗ 𝐻𝑠𝑎𝑡 + 𝛾ú𝑚.𝑐𝑜𝑚𝑝 ∗ 𝐻ú𝑚.𝑐𝑜𝑚𝑝.

𝜎𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐴 = 19,297 ∗ 13,97 + 18,63 ∗ 9,62

𝜎𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐴 = 448,80 𝐾𝑝𝑎

• Tensão Horizontal no Ponto A através da equação 21.

ℎ𝑝𝐴 = ℎ𝑤 − (∆𝐻 ∗ 𝑛𝑒) (21)

ℎ𝑝𝐴 = 23 − (2,3 ∗ 6)

ℎ𝑝𝐴 = 9,2 𝐾𝑝𝑎

• Cálculo da poropressão no Ponto A através da equação 14:

𝜇𝐴1 = 𝐻𝑠𝑎𝑡.𝑐𝑜𝑚𝑝 ∗ 𝛾𝑤

𝜇𝐴1 = 9,2 ∗ 9,81

𝜇𝐴1 = 90,252 𝐾𝑝𝑎

• Através da equação 16 foi possível determinar a tensão efetiva no Ponto A:

𝜎𝑉𝐴′ = 𝜎𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 − 𝜇𝐴

𝜎𝑉𝐴′ = 448,80 − 90,252

𝜎𝑉𝐴′ = 358,548 𝐾𝑝𝑎

• Cálculo tensão vertical Ponto B através da equação 17:

𝜎𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐵 = 𝛾𝑠𝑎𝑡.𝑐𝑜𝑚𝑝. ∗ 𝐻𝑠𝑎𝑡 + 𝛾ú𝑚.𝑐𝑜𝑚 ∗ 𝐻ú𝑚.𝑐𝑜𝑚𝑝.

𝜎𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐵 = 19,297 ∗ 5,97 + 18,63 ∗ 9,62


𝜎𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐵 = 294,42 𝐾𝑝𝑎

• Tensão Horizontal no Ponto B através da equação 21.

ℎ𝑝𝐵 = ℎ𝑤 − (∆𝐻 ∗ 𝑛𝑒) (21)

ℎ𝑝𝐵 = 15 − (2,3 ∗ 5)

ℎ𝑝𝐴 = 3,5 𝑚

• Cálculo da poropressão no Ponto B através da equação 18:

𝜇𝐵1 = 𝐻𝑠𝑎𝑡.𝑐𝑜𝑚𝑝 ∗ 𝛾𝑤

𝜇𝐵1 = 3,5 ∗ 9,81


𝜇𝐵1 = 34,335 𝐾𝑝𝑎

• Através da equação 20 foi possível determinar a tensão efetiva no Ponto B:

𝜎𝑉𝐵′ = 𝜎𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 − 𝜇𝐵

𝜎𝑉𝐵′ = 294,42 − 34,335

𝜎𝑉𝐵′ = 260,085 𝐾𝑝𝑎

• Dimensionamento do filtro horizontal a partir da equação 12.

2∗𝑄∗𝐿
𝐴ℎ = √ (12)
𝐾

2∗3,940𝑥10−6 ∗62,5
𝐴ℎ = √
1𝑥10−2

𝐴ℎ = 0,222 𝑚
Ah = 0,222, sendo adotado um valor igual a 30cm, justamente para ser mais usual.
CONCLUSÃO

Com a realização do presente trabalho conclui-se que o estudo para a


determinação da rede de fluxo e das tensões são de suma importância, uma vez que irão
dar um panorama dos principais comportamentos internos de fluxo d’agua no
barramento de terra, sendo possível fazer verificações de estabilidade dos materiais que
o compõe. Além disso, notou-se que o correto dimensionamento da espessura do filtro é
extremamente importante para criar a tendência de escoamento da vazão da rede de fluxo
de água e atuar a favor da segurança da obra realizada.
REFERÊNCIAS

DAS, B. M. Fundamentos da engenharia geotécnica. São Paulo: Cengage Learning,


2011.
FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION (FAO). Manual on small earth
dams: a guide to siting, design and construction. Rome, 2010.
MARANGON, M. Hidráulica dos solos. Faculdade de Engenharia – Núcleo de
Geotecnia, 2018. Disponível em:
https://www.ufjf.br/nugeo/files/2013/06/MARANGON 2018-Capítulo-0. Acesso em:
10 novembro 2022.

MARCOS, Ângelo. Curso segurança de barragens, 2018. 86 p. Disponível em:


https://www.passeidireto.com/arquivo/47267013/apostila-barragens/8. Acesso em: 10
novembro 2022.

RIBEIRO, C. R. Análise de estabilidade global de barragens de terra e enrocamento


estudo de caso PCH Xavantina SC. Universidade Federal de Santa Catarina-
Florianópolis, SC – 2015. Disponível em:<
https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/133800> Acesso em: 10 de novembro de
2022.

TAPAHUASCO, WILBER F. C. Material de aula: Traçado rede de fluxos descrito


pelo Método da Parábola por Casagrande (1932). Universidade Federal do Pampa,
2022.

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