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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA

ENGENHARIA AGRÍCOLA

ESTUDO DA ESTABILIDADE DE TALUDE E DO RECALQUE


POR ADENSAMENTO EM UMA BARRAGEM DE TERRA HOMOGÊNEA

ANDRESSA DO AMARAL CALEGARO


VITOR ROMÁRIO CHARÃO NUNES

ALEGRETE
2023
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA
ENGENHARIA AGRÍCOLA

ESTUDO DA ESTABILIDADE DE TALUDE E DO RECALQUE POR


ADENSAMENTO EM UMA BARRAGEM DE TERRA HOMOGÊNEA

Trabalho apresentado ao Curso de Engenharia


Agrícola da Universidade Federal do Pampa,
como requisito parcial para obtenção da
aprovação na disciplina de Projetos de Obras de
Terra.

Orientador: Wilber Chambi Taphauasco

ALEGRETE
2023
SUMÁRIO

RESUMO........................................................................................................................4
OBJETIVOS...................................................................................................................5
INTRODUÇÃO..............................................................................................................6
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA...............................................................................7
METODOLOGIA.........................................................................................................10
RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................................20
CONCLUSÃO..............................................................................................................27
REFERÊNCIAS ...........................................................................................................28
RESUMO

O presente trabalho foi realizado na disciplina de Projeto de Obras em Terra, com o


objetivo de pôr em prática os conceitos obtidos na unidade de estabilidade de taludes,
que consistiu em aplicar o Método Bishop simplificado, para determinar o fator de
segurança, sendo previamente, aplicado o Método de Fellenius, além de determinar o
recalque por adensamento primário que será provocado na camada de argila, do perfil de
solo onde será construída a barragem. Além disso, utilizou-se o dimensionamento da
seção da barragem de terra homogênea, para a determinação dos fatores de segurança
pelo método das fatias. Após a realização e aplicação dos conceitos apresentados no
decorrer da disciplina, concluiu-se que o estudo da estabilidade de taludes da barragem
de terra homogênea é muito importante e que através dos fatores de segurança calculados
os taludes são seguros e estáveis, e o recalque obtido é expressivo, devendo ser realizado
a análise e a melhoria do solo para a redução dos recalques para garantir a segurança da
construção.

Palavras-Chave: Método Bishop. Método de Fellenius. Estabilidade de taludes.

Recalque por adensamento.


OBJETIVOS

• Realizar uma análise quantitativa de estabilidade de taludes da


barragem, para o talude, aplicando o método proposto por
Fellenius e Bishop.
• Obter o recalque por adensamento primário que será provocado
na camada de argila, definindo se a se a argila é normalmente
adensada ou pré-adensada.
INTRODUÇÃO

As barragens de pequeno porte, geralmente empregadas em


propriedades rurais para abastecimento doméstico, para irrigação de lavouras
ou para dessedentação animal, apresentam diversas vantagens, tais como: uso
de materiais encontrados no local onde ocorrerá a construção, reduzindo
gastos; procedimentos simples para construção; fundações menos exigentes
que barragens de grande porte; seus aterros são mais resistentes que
estruturas rígidas. Entretanto, represas de terra são mais facilmente danificadas
e destruídas pelo fluxo de água, principalmente quando não são
adequadamente compactadas; além de necessitarem de manutenção contínua
para prevenir erosões, infiltrações ou rebaixos (FAO, 2010).

O movimento da água no solo é notavelmente um dos fatores mais


importante a ser considerado na construção de barragens de terra, pois a partir
dele é possível prever diversas situações que podem vir a acontecer como o
rompimento da mesma.

Além disso, através de condições específicas, uma porção do material


de um talude pode deslocar-se em relação ao maciço restante, causando em
movimento de massa de solo ao longo de uma dada superfície chamada
superfície de ruptura. Essa instabilidade do talude é causada quando as tensões
cisalhantes mobilizadas se igualam à resistência ao cisalhamento. Dessa forma,
o objetivo da análise de estabilidade é avaliar a possibilidade de ocorrência de
escorregamento de massa do solo presente em talude natural ou construído
(GERSCOVICH, 2016; ABGE, 1998).

O recalque de uma fundação é basicamente a deformação que ocorre no


solo, quando submetido a cargas. resultado disso, é a variação volumétrica ou
da forma do maciço de solo que está abaixo da fundação através da eliminação
de vazios, ou seja, a expulsão da água ou do ar nos vazios (SCHNEIDER,
2020).

O recalque por adensamento primário requer atenção especial em casos


de solos argilosos devido a ocorrerem ao longo de um tempo que pode ser
bastante grande, podendo provocar o aparecimento de solicitações estruturais
que não tinham sido previstas (TAPAHUASCO, 2022). A partir da análise da
estabilidade de taludes é possível determinar o fator de segurança da seção do
barramento. Além disso, através do ensaio de adensamento obtêm-se
parâmetros de compressibilidade dos solos, utilizados posteriormente em
projetos de engenharia.
METODOLOGIA

A metodologia adotada neste trabalho está dividida em duas etapas:

1. Análise quantitativa de estabilidade 2. Estudo da estabilidade de talude


De taludes pelo método de Fellenius e do recalque por adensamento em
e Bishop. em barragem de terra homogênea.

1º Análise quantitativa de estabilidade de taludes pelo método de Fellenius


e Bishop.

Para a realização desta etapa do trabalho foram utilizados os


dimensionamentos da seção da barragem realizados no trabalho 1,
representado na figura 1.

Figura 1: Dimensionamento da seção da barragem.

A partir dos conceitos e métodos apresentados em aula, utilizou-se as


seguintes etapas para a realização dos objetivos propostos.

a) Primeiramente precisou-se conhecer a provável superfície de ruptura do


talude. Adotou-se como superfície circular, para ser realizada a divisão a
montante em fatias, a partir de um ponto inicial (O), como demonstrado na figura
2.
Figura 2: Determinação da área a ser aplicada o método das fatias.

b) O talude é subdividido em fatias verticais onde o limite inferior é a linha circular


e o limite superior são as linhas de divisão, no qual será a própria superfície do
talude, demonstrado na figura 3.

Figura 3: Subdivisão das fatias.

c) A partir da divisão das fatias, delimitou-se o centro de cada fatia e traçou-se


linhas que cortassem o centro de cada fatia, conforme figura 4.
Figura 4: Divisão das fatias.

d) Após a realização da subdivisão das fatias realizou-se o traçado das linhas


que cortam o centro de cada fatia para a formação dos respectivos ângulos,
como mostra a figura 5.

Figura 5: Disposição dos ângulos formados a partir do traçado das retas cortando as
fatias.
e) Realizado às respectivas divisões e a determinação dos ângulos, foram
determinadas medidas necessárias de todas as fatias, demonstrado a seguir
nas figuras 6, 7, 8, 9, 10 e 11, para a definição dos fatores de segurança
propostos por Fellênios e Bishop, tais como:

• hw (m) - Carga piezométrica, medindo a distância da base da


fatia até a altura do nível de água, descontando o valor da
perda de carga equivalente a cada fatia;
• ha (m) - Altura da água acima da superfície da fatia até o nível
da água) e “ba” (base equivalente a mesma);
• bn = Δb(m) - Refere-se a largura média equivalente a cada
uma das fatias;

Para a Fatia 1:

Figura 6: Determinação das medidas das fatias.

Para a Fatia 2:
Figura 7: Determinação das medidas das fatias.

Para a Fatia 3:

Figura 8: Determinação das medidas das fatias.

Para a Fatia 4:

Figura 9: Determinação das medidas das fatias.

Para a Fatia 5:
Figura 10: Determinação das medidas das fatias.

Para a Fatia 6:

Figura 11: Determinação das medidas das fatias.

g) Outros parâmetros que são necessários para a determinação dos fatores de


segurança, obtiveram-se a partir do trabalho base RIBEIRO (2015) dispostos na
tabela 1, que caracteriza uma barragem de terra e enrocamento da PCH
Xavantina, localizada em Santa Catarina.

Tabela 1: Parâmetros para cálculo do fator de segurança.


Fonte: Adaptado de Ribeiro, (2015).

A seguir as equações utilizadas para o cálculo dos fatores de segurança.

Para a determinação da largura da base inclinada, utilizou-se a equação 1.

𝑏𝑛
∆𝐿𝑛 = 1
𝑐𝑜𝑠𝛼𝑛

Onde:

bn = Largura da fatia;

𝑐𝑜𝑠𝛼𝑛 = Ângulo formado a partir do cruzamento com a linha de ruptura.

Determinou-se o peso da fatia a partir da equação 2.

𝑊𝑛 = 𝛾𝑠𝑎𝑡 ∗ 𝑏𝑛 ∗ ℎ 2

Onde:

γsat: peso específico saturado do solo;

h: espessura da fatia.

bn: largura da fatia.

Calculou-se a poropressão da água através da equação 3.

𝜇𝑤 = ℎ𝑤 ∗ 𝛾𝑤 3
Onde:

hw = altura da água na fatia;

𝛾𝑤 = Peso específico da água;

E finalmente utilizou-se as equações 4 ,5 e 6 para calcular os fatores de


segurança.

Fator de segurança pelo método de Fellênius

𝑛=𝑝
∑𝑛=1 [𝐶 ′ ∆𝐿𝑛 +(𝑊𝑛 𝑐𝑜𝑠𝛼𝑛 − 𝜇 ∆𝐿𝑛 )𝑡𝑎𝑛𝜃 ′ ]
𝐹𝑠 = 𝑛=𝑝
∑𝑛=1 𝑊𝑛 𝑠𝑒𝑛𝛼𝑛
4

Onde:

c ': coesão do solo;

∆ ln: relação entre a largura da base e o ângulo de inclinação da fatia,

representada na Equação (2);

Wn: peso da fatia, representado na Equação (3);

αn: ângulo de inclinação da fatia;

u: poropressão da água, representada na Equação (4);

φ': ângulo de atrito do solo.

Observação: É recomendado para grandes barragens o fator de segurança


FS=2,0 no mínimo.

Fator de segurança pelo método de Bishop


𝑛=𝑝 1
∑𝑛=1 [𝐶 ′ ∆𝐿𝑛 +(𝑊𝑛 𝑐𝑜𝑠𝛼𝑛 − 𝜇 𝑏𝑛 )𝑡𝑎𝑛𝜃 ′ ]
𝑚(𝛼)
𝐹𝑠 = 𝑛=𝑝
∑𝑛=1 𝑊𝑛 𝑠𝑒𝑛𝛼𝑛
5

Onde:

c ': coesão do solo;

bn: largura da fatia.

Wn: peso da fatia, representado na Equação (3);

αn: ângulo de inclinação da fatia;

u: poropressão da água, representada na Equação (4);

φ': ângulo de atrito do solo;

𝑡𝑎𝑛𝜑′ ∗𝑠𝑒𝑛𝛼𝑛
𝑚𝛼𝑛 = 𝑐𝑜𝑠𝛼𝑛 + 6
𝐹𝑆 𝑡𝑒𝑛𝑡𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎

Onde:

FS tentativa: Fator de Segurança adotado através de várias tentativas, para


atingir a mínima diferença estabelecida entre os fatores de correções.

Observação: Realizado o cálculo dos fatores de segurança através dos métodos


de Fellênios e Bishop é estabelecido que a diferença entre os dois fatores não
pode ser superior a 0,05. Δfs = (<0,05).

• Representação e Cálculos
Utilizou-se para a representação das fatias na seção da barragem o software
AutoCad versão 2022, na escala (1:1). Os dados foram analisados e
processados com o auxílio de planilhas digitais Excel do Pacote Office da
Microsoft versão 2019.
2º Estudo da estabilidade de talude e do recalque por adensamento em

uma barragem de terra homogênea.

Para a determinação do recalque por adensamento primário que ocorrerá na


camada de argila do perfil de solo onde será construída a barragem, e a especificação
do tipo de argila presente, serão utilizados os dados disponibilizados na Figura 19 e
na Tabela 2.

Figura 12- seção do perfil do solo sobre o qual será construído a barragem.

Fonte: TAPAHUASCO, 2023.

Tabela 2 – Resultados do ensaio de adensamento realizados numa amostra de


solo retirada da camada argilosa.

Fonte: TAPAHUASCO, 2023.

O cálculo da tensão efetiva será realizado a partir da Equação (7):

𝛾𝑠𝑎𝑡𝑎𝑟𝑔𝑖𝑙𝑎 ∗ℎ𝑎𝑟𝑔𝑖𝑙𝑎 ℎ
𝜎′𝑉𝑂 = 𝛾𝑠𝑎𝑡𝑎𝑟𝑒𝑖𝑎 ∗ ℎ𝑎𝑟𝑒𝑖𝑎 + + 𝛾𝑤 ∗ (2 + ℎ) (7)
2
Onde:

● 𝛔’v0: tensão vertical efetiva;

● 𝛄satareia: peso específico da camada de areia saturada;

● hsatareia: altura da camada de areia saturada;

● 𝛄satargila: peso específico da camada de argila saturada;

● hargila/2: altura da metade da camada de argila;

● 𝛄água: peso específico da água;

● hágua: nível da água;

Para o cálculo do índice de compressibilidade (𝐶𝑐 ) e recompressão (𝐶𝑐 ), será


utilizada a Equação (8):

𝑒" − 𝑒′
𝐶𝑐 /𝐶𝑒 = 𝜎" 𝑣 (8)
𝑙𝑜𝑔 ′
𝜎 𝑣

Para o cálculo do recalque por adensamento primário, será utilizado a Equação


(9), pois, como determinado anteriormente, σ’v0 < σ’pa, caracterizando um solo pré-
adensado.

𝐻 𝜎′𝑝𝑎 𝜎′𝑣𝑜 +∆𝜎′𝑣


𝑆𝑡 = 1+𝑒 (𝐶𝑒 𝑙𝑜𝑔 𝜎′𝑣𝑜 + 𝐶𝑐 𝑙𝑜𝑔 ) (9)
0 𝜎′𝑝𝑎

Após será calculado o acréscimo de carga (Δ σz), utilizando o esboço da


barragem apresentado na figura 13 e equação (10).

Figura 13: Esboço da barragem


Fonte: Os autores, 2023.

Δσz = γsat. comp.∗ Hsat + γúm. comp ∗ Húm. comp. (10)

RESULTADOS E DISCUSSÃO

1º Análise quantitativa de estabilidade de taludes pelo método de Fellenius


e Bishop.

Método de Fellênius

Para a correção da altura total por fatias, considerou-se a altura do solo (H) somada
à altura da água (HW), sendo descontada a perda de carga pelas faixas
equipotenciais, em cada fatia que se encontrava em contato com a rede de fluxo.
Assim, obteve-se a altura total (Hp) para calcular os taludes de montante, como
demonstrado no quadro 1.

Quadro 1: Fatores de cálculo da estabilidade de talude a montante

Nº da Fatia HW H Ângulo bn Hp Ysat

1 17,6 2,47 -17 8 19,15 19,297

2 16 4,52 7 8 18,22 19,297

3 11,17 8,73 3 8 16,22 19,297

4 7,97 9,41 13 8 12,55 19,297

5 4,8 8,13 25 8 9,71 19,297

6 0 5,5 37 8 2,28 19,297

Fonte: Os autores.

Após a determinação das fatias, conheceu-se alguns fatores para o uso nas
equações de cada método, conforme apresentado no quadro 2.
Quadro 2: Fatores para cálculo da estabilidade de taludes a montante.

Nº Wn (Wn *cosαn - μ *bn) 𝝁 (𝑲𝑵


∆𝑳𝒏 C’ * ∆Ln Wn*sen𝜶
Fatia (KN/m) *tanθ' /𝒎²)

1 8,365 187,387 17862,6 -515,321 58,075 187,86

2 8,060 180,545 1953,5 238,066 253,873 178,74

3 8,010 179,445 2224,3 116,412 482,308 159,12

4 8,210 183,913 2078,2 467,485 516,693 123,12

5 8,827 197,725 1631,8 689,620 325,116 95,25

6 10,017 224,382 849,07 510,981 231,347 22,367

∑ 1153,401 1507,244 1867,415

Fonte: Os autores.

A partir da divisão do talude em fatias, analisou-se a estabilidade pelo método de


Fellênius. Assim, utilizando o software Excel para melhor previsão do resultado final,
realizou-se o cálculo da Equação (4), obtendo-se o valor de FS= 1,73 a montante do
talude.

Método de Bishop

A partir do fator de segurança encontrado pelo método de Fellenius, utilizou-se um


FS próximo, como tentativa para encontrar o FS de Bishop, com a ajuda do Excel.

A seguir a determinação do fator de segurança pelo método de Bishop,


representados nos quadros 3, 4 e 5.

Quadro 3: Fatores de cálculo da estabilidade de talude a montante

Nº da Fatia HW H Ângulo bn Hp Ysat

1 17,6 2,47 -17 8 19,15 19,297

2 16 4,52 7 8 18,22 19,297

3 11,17 8,73 3 8 16,22 19,297

4 7,97 9,41 13 8 12,55 19,297

5 4,8 8,13 25 8 9,71 19,297

6 0 5,5 37 8 2,28 19,297


Fonte: Os autores.

Onde:

Hw = altura da água em cada fatia;

h = espessura de cada fatia;

αn =ângulo de inclinação de cada fatia;

bn= largura de cada fatia;

c’= coesão do solo;

Ƴw = peso específico da água;

Ƴsat = peso específico saturado do solo;

ø' = ângulo de atrito do solo.

Quadro 4: Fatores de cálculo da estabilidade de talude a montante

Nº ∆𝑳𝒏 C’ * bn Wn Wn – μ*bn (Wn - μ *bn) *tanθ' 𝝁 (𝑲𝑵


Fatia (KN/m) /𝒎²)

1 8,365 179,2 17862,6 259,664 102,808 187,86

2 8,060 179,2 1953,5 523,553 207,289 178,74

3 8,010 179,2 2224,3 951,378 484,751 159,12

4 8,210 179,2 2078,2 1093,239 432,844 123,12

5 8,827 179,2 1631,8 869,740 344,354 95,25

6 10,017 179,2 849,07 670,133 265,324 22,367

∑ 1075,2 1507,244 1867,415


Quadro 5: Fatores de cálculo da estabilidade de talude a montante

Nº da Fatia M ang (3+5)/6 Wn*sem

1 0,889 317,107 -515,321

2 1,020 378,736 238,066

3 1,010 656,973 116,412

4 1,025 596,585 467,485

5 1,005 520,613 689,620

6 0,959 463,446 510,981

∑ 2933,463 1507,244

Fonte: Os autores.

Realizado os respectivos cálculos com a estimativa do fator de segurança


encontrado pelo método de Fellenius, encontrou-se o fator de segurança pelo método
de Bishop através da Equação (5), obtendo-se o valor de FS= 1,95 a montante do
talude.

Observa-se que o erro encontrado está além do erro aceitável de até 0,05. Então
estimou-se um novo valor de FS = 1,85. Após várias tentativas, calculou-se
novamente pelo método de Bishop através da Equação (5), conforme apresentado
nos quadros 6 e 7.

Quadro 6: Fatores de cálculo da estabilidade de talude a montante

Nº ∆𝑳𝒏 C’ * bn Wn Wn – μ*bn (Wn - μ *bn) *tanθ' 𝝁 (𝑲𝑵


Fatia (KN/m) /𝒎²)

1 8,365 179,2 17862,6 259,664 102,808 187,86

2 8,060 179,2 1953,5 523,553 207,289 178,74

3 8,010 179,2 2224,3 951,378 484,751 159,12

4 8,210 179,2 2078,2 1093,239 432,844 123,12

5 8,827 179,2 1631,8 869,740 344,354 95,25

6 10,017 179,2 849,07 670,133 265,324 22,367

∑ 1075,2 1507,244 1867,415


Fonte: Os autores.

Quadro 7: Fatores de cálculo da estabilidade de talude a montante

Nº da Fatia M ang (3+5)/6 Wn*sem

1 0,893 315,540 -515,321

2 1,018 379,421 238,066

3 1,009 550,466 116,412

4 1,022 598,568 467,485

5 0,999 524,027 689,620

6 0,948 468,619 510,981

∑ 2836,644 1507,244

Fonte: Os autores.

Por fim realizado todos ajustes, obteve-se o resultado para o fator de segurança
pelo método estabelecido por Bishop o valor de FS = 1,88, totalizando um erro
aceitável quando comparado com o método de Fellenius. Como os dois métodos
apresentaram fator de segurança maior que 1,0, os taludes da barragem de terra
homogenia são estáveis.

2º Estudo da estabilidade de talude e do recalque por adensamento em

uma barragem de terra homogênea.

Analisando o perfil de solo dado na (Figura 12) e da Equação (7), calculou-se a tensão
efetiva:

6 6
𝜎′𝑣0 = 18 ∗ 2 + 19 ∗ − 9,81 ∗ ( + 2) = 43,95 𝐾𝑁. 𝑚²
2 2

Determinação da tensão de pré-adensamento por Casagrande

Para a descobrir a tensão de pré-adensamento traçou-se a curva de


compressibilidade através do método proposto por Casagrande seguindo as
seguintes etapas e exemplificado na figura 20.

1) Encontrar o ponto de maior curvatura na sessão de carregamento.


2) Traçar uma horizontal no ponto.

3) Traçar uma reta tangente passando pelo centro do ponto e a curva.

4) Traçar a bissetriz cortando o ângulo formado entre a linha horizontal e a

reta tangente.

5) Fazer um prolongamento da reta virgem de baixo para cima.

6) Pegar o ponto em que esse prolongamento corta a bissetriz.

7) Traça-se uma vertical para baixo= tensão de pré-adensamento pelo

método de Casagrande.

Exemplificado no gráfico 1.

Gráfico 1- Tensão de pré-adensamento

6
2 1
4

7
5

Fonte: os autores, 2023.

Para determinar se a argila é normalmente adensada ou pré-adensada, basta


conhecer a tensão vertical efetiva e a tensão de pré-adensamento e verificar a qual
situação se encontra esses dois fatores.

● Para argilas pré-adensadas: 𝛔’v0< 𝛔pa

● Para argilas normalmente adensadas: 𝛔’v0= 𝛔pa


● Para argilas sub-adensadas: 𝛔’v0> 𝛔pa

Logo:

60 Kpa>43,95 Kpa

Com a determinação da tensão de pré-adensamento, e comparando-a com a


tensão efetiva do terreno, chegou-se à conclusão que se tratava de uma argila pré
adensada, pois apresentava σ’v0 < σ’pa. Logo, a referida camada de argila, já
suportou sobrecarga maior que a que atuará posteriormente, gerando recalques por
adensamento no trecho de recompressão.

Determinou-se o acréscimo de carga a partir da equação (10).

Δσz = 19,297 ∗ 10,17 + 18,63 ∗ 14,83

Δσz = 472,54 Kpa

Os índices de vazios e as respectivas tensões foram determinadas a partir da


curva de compressibilidade, conforme o gráfico 2 e o quadro 8.

Gráfico 2: Índices de vazios e tensões.

Fonte: Os autores, 2023.


Quadro 8: Índices de vazios e tensões efetivas.

Ce
σ'v =Tensão efetiva inicial no trecho de recompressibilidade (Ce). 12
σ''v =Tensão efetiva final no trecho de recompressibilidade (Ce). 19
e'=Índice de vazios inicial equivalente ao trecho de recompressibilidade (Ce). 1,04
e''=Índice de vazios final equivalente ao trecho de recompressibilidade (Ce). 1,05

Cc
σ'v =Tensão efetiva inicial no trecho virgem (Cc). 230
σ''v =Tensão efetiva final no trecho virgem (Cc). 390
e'=Índice de vazios inicial equivalente ao trecho virgem (Cc). 0,52
e''=Índice de vazios final equivalente ao trecho virgem (Cc). 0,62

Fonte: Os autores,2023.

Através da curva de compressibilidade também foi possível calcular o índice


de Compressão Primária (𝐶𝑒 ), analisando no trecho virgem da curva e o Índice de
Expansão (𝐶𝑐 ), analisado no trecho de recompressão.

1,05 − 1,04
𝐶𝑒 = = 0,050
19
𝑙𝑜𝑔
12
0,62 − 0,52
𝐶𝑐 = = 0,436
390
𝑙𝑜𝑔
230
Conhecendo todos os parâmetros anteriormente determinados e calculados foi
possível determinar o recalque por adensamento primário na camada de argila,
através da equação (9).

𝐻 𝜎′𝑝𝑎 𝜎′𝑣𝑜 + ∆𝜎′𝑣


𝑆𝑡 = (𝐶𝑒 𝑙𝑜𝑔 + 𝐶𝑐 𝑙𝑜𝑔 )
1 + 𝑒0 𝜎′𝑣𝑜 𝜎′𝑝𝑎

6 60 43,95 + 472,54
𝑆𝑡 = (0,050. 𝑙𝑜𝑔 + 0,436𝑙𝑜𝑔 )
1 + 1,05 43,95 60

𝑆𝑡 = 1,212
CONCLUSÃO

Com a realização do presente trabalho conclui-se que o estudo para a


determinação dos fatores de segurança é de suma importância, onde em ambos
os métodos aplicados (Fellenius e Bishop), obteve-se fator de segurança maior
que 1,0. Com isso, pode-se dizer que os taludes são seguros e estáveis.

Ao calcular os recalques que o perfil de solo onde será realizada a


construção da barragem, pode-se prever se haverá alguma deformação que
venha a prejudicar a segurança da estrutura. Nesse sentido, o recalque obtido
é expressivo, devendo ser realizado a análise para a melhoria do solo e
consequentemente a redução dos recalques, garantindo assim a segurança da
construção.
REFERÊNCIAS

DAS, B. M. Fundamentos da engenharia geotécnica. São Paulo: Cengage Learning,


2011.
FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION (FAO). Manual on small earth
dams: a guide to siting, design and construction. Rome, 2010.

MARCOS, Ângelo. Curso segurança de barragens, 2018. 86 p. Disponível em:


https://www.passeidireto.com/arquivo/47267013/apostila-barragens/8. Acesso em: 10
novembro 2022.

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