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Universidade Federal de Santa Catarina Centro Tecnológico

Departamento de Engenharia Civil

Mecânica dos Solos II: Estabilidade de taludes

Florianópolis, 2022
1
Universidade Federal de Santa Catarina Centro Tecnológico
Departamento de Engenharia Civil

Graduandos: Filipe Gehring Carvalho e


Júlio César da Silva de Abreu

Mecânica dos Solos II: Estabilidade de taludes

Submetido a disciplina ECV5114 -


Mecânica dos Solos II do curso de
Engenharia Civil da Universidade
Federal de Santa Catarina como
parte obrigatória no processo de
avaliação. Professora Gracieli
Dienstmann

Florianópolis, 2022

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Sumário
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 4
2. MOVIMENTO GRAVITACIONAL DE MASSA .................................................... 5
3. ESTABILIDADE DE TALUDES ........................................................................... 5
3.1. Método de Fellenius .................................................................................... 7
3.2. Bishop Modificado ..................................................................................... 10
4. ESTUDO DE CASO .......................................................................................... 11
5. CÁLCULO DO FATOR DE SEGURANÇA (FS) ................................................ 14
5.1. Dados fornecidos ...................................................................................... 14
5.1.1. Seção estaca 158 ............................................................................... 15
5.1.2. Ensaios SPT....................................................................................... 15
5.1.3. Interpretação do SPT e processamento dos dados ........................... 19
5.2. Parâmetros de resistência ........................................................................ 21
5.2.1. Silte .................................................................................................... 21
5.2.2. Argila .................................................................................................. 21
5.3. Cálculo do FS pelo método de Fellenius .................................................. 23
5.3.1. Fellenius - Geostudio.......................................................................... 23
5.3.2. Fellenius - Planilha eletrônica (geometria) ......................................... 24
5.3.3. Fellenius - Planilha eletrônica (AutoCAD) .......................................... 26
5.4. Cálculo do FS pelo método de Bishop Modificado .................................... 28
5.4.1. Bishop Planilha eletrônica (geometria) ............................................... 28
5.4.2. Bishop - Geostudio ............................................................................. 29
6. SOLUÇÃO ADOTADA PARA AUMENTAR O FATOR DE SEGURANÇA ........ 30
7. ANEXOS ........................................................................................................... 34

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1. INTRODUÇÃO

Este trabalho, como parte integrante da cadeira de Mecânica dos Solos II, tem
como finalidade a aplicação e o melhor entendimento das técnicas de cálculo de
estabilidade de taludes, bem como as alternativas empregadas para melhorar a
estabilização de encostas que possuem baixos Fatores de Segurança.

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2. MOVIMENTO GRAVITACIONAL DE MASSA

O estudo de estabilidade de taludes tem como principal finalidade mitigar


acidentes envolvendo movimentações de massa, seja tentando prever futuros
desastres ou tentando usar medidas de contingência para que não ocorram.
As movimentações de massa ocorrem devido à dinâmica superficial, que são
processos que modelam e modificam a superfície da terra, principalmente pela ajuda
da gravidade. Outros agentes também estão envolvidos com essas modificações,
como o clima ou a própria ação do homem. Estes processos de movimentação de
massa são naturais e só oferecem risco quando põe em jogo ocupações e vidas
humanas. Estes movimentos podem ser caracterizados em duas formas: movimentos
de rastejamento e quedas de blocos ou escorregamentos., onde os movimentos de
rastejamento ocorrem na escala de centímetros por ano, já os escorregamentos,
podem chegar a quilômetros por hora.
O movimento de massa ocorre quando a força da gravidade supera a força
resistente do solo, a qual depende da coesão, atrito dos grãos e da sua própria
geometria, sendo chamada de resistência ao cisalhamento da encosta. Entre os
fatores que podem favorecer esse desequilíbrio de forças estão o clima, o conteúdo
de água, a geologia e estabilidade da encosta, a cobertura vegetal e a declividade da
encosta.
Ainda podemos classificar os escorregamentos em dois tipos, de acordo com
o movimento realizado durante a ruptura. O escorregamento rotacional ocorre ao
longo de uma superfície de ruptura curva, ocorrendo de forma mais lenta ou moderada
que o escorregamento translacional, que acontece rápido.

3. ESTABILIDADE DE TALUDES

Um talude é qualquer superfície inclinada que limita um maciço de terra, rocha


ou terra e rocha, podendo ser natural ou artificial. Nos taludes é possível observar
prováveis indícios que uma movimentação de massa está acontecendo ou está
prestes a acontecer. Entretanto, também é possível estabelecer uma métrica para
gerar um fator de segurança e deixar em uma normativa mais clara.

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Uma vez que temos a força atuante sendo representada pelo peso da massa
presente, e a força resistente como a resistência ao cisalhamento do talude, dada
pelas suas tensões de cisalhamento, podemos escrever o fator de segurança (FS)
como:

Onde,

τ = tensões de cisalhamento
s = tensões atuantes

Nesta análise trabalharemos com o princípio do equilíbrio limite, onde a razão


do FS mostrada será expressa pelo equilíbrio dos momentos e das forças atuantes
em um plano de ruptura admitido, adotando o modelo de Mohr-Coulomb.
Para isso devemos levar em consideração algumas premissas, dentre elas
temos:

● o solo modelado se comporta como rígido plástico;


● as equações de equilíbrio das forças e dos momentos são válidas até a
eminência da ruptura;
● o coeficiente de segurança é constante ao longo de toda linha de ruptura;

Diante disso podemos estabelecer alguns parâmetros para FS, como


mostrado na Figura 1.

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Figura 1 - Fatores de segurança mínimos para escorregamentos

Abordando mais o tema sobre taludes finitos, uma vez que é o material deste
estudo, podemos partir para dois métodos de análise que vão ser utilizados nos
tópicos subsequentes. Também fazendo parte do Método de Equilíbrio Limite, dentre
outros temos os métodos de Fellenius e Bishop modificado, que serão as
metodologias usadas nesta análise, como podemos ver na Figura 2.

Figura 2 - Métodos de Equilíbrio Limite

3.1. Método de Fellenius

O método de Fellenius se baseia em uma divisão de fatias em um plano de


ruptura, onde são consideradas as seguintes hipóteses:

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● a superfície de ruptura é circular;
● a análise é feita no estado plano de tensões;
● é válida a equação de Mohr-Coulomb;
● a resistência ao cisalhamento é mobilizada por completo;
● as fatias são independentes entre si;
● cálculo para um metro de frente de talude;

Diante disso, tomamos como base o equilíbrio das forças e estabelece-se um


centro para a inscrição de um círculo de raio R, que definirá a superfície de ruptura,
como mostrado na Figura 3.

Figura 3 - Método das fatias

Portanto, estabelecemos fatias na superfície de ruptura, que vão ter o


comprimento ortogonal L e altura média h, as quais todas terão um ângulo alfa de
referência com o ponto de observação O.
Com isso, é possível localizar as forças atuantes em cada fatia, considerando
o peso próprio do solo e relacionando com os parâmetros de resistência do solo, com
a intenção de buscar o equilíbrio, como podemos ver na Figura 4.

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Figura 4 - Equivalência de forças

Além disso, estabelecendo a poropressão como u=hp*γ(água), onde hp é a


carga piezométrica considerando as linhas de fluxo do talude, conseguimos chegar a
uma equação que define o fator de segurança em conjunto com o equilíbrio por meio
da análise de fatias, dado por:

Onde:

Deve-se atentar sempre que a base de cada fatia deve estar em um segmento
homogêneo de solo, ou seja, sua base deve estar apoiada em um tipo só de solo, para
que assim possa assumir seus parâmetros de resistência.

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3.2. Bishop Modificado

O método de Bishop modificado também utiliza como base o método das


fatias apresentado por Fellenius em 1927, porém com o diferencial de considerar
também o equilíbrio de forças verticais e não só dos momentos, como ocorre no
método de Fellenius, para que sejam obtidas as forças resultantes no plano de ruptura.

Figura 5: Esforços atuantes nas fatias

O método de Bishop Modificado considera que a somatória das forças laterais


nas fatias = 0 (X1+X2=0). A somatória das forças verticais igualadas a zero pode ser
expressa como:

Assim como o método de Fellenius, o método de Bishop modificado também


considera o equilíbrio de momentos, expressão dada por:

Com o fator de segurança aplicado em T, temos:

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Ao realizar as corretas substituições da somatória dos momentos e de forças
verticais, obtemos a expressão para o Fator de Segurança, dada por:

Onde:

Nota-se que o cálculo do fator de segurança depende do próprio fator de


segurança, ou seja, é necessário um método iterativo para achar a solução.

4. ESTUDO DE CASO

Para embasamento deste trabalho, foi utilizado como estudo de caso o


trabalho de conclusão de curso de Bruno Felipe Zanardo, realizado no Instituto de
Ciência e Tecnologia da Universidade de Alfenas, campus Poços de Caldas, na
matéria referente ao TCC II, do curso de Engenharia de Minas, com o título de “Análise
de Estabilidade de Taludes de Escavação em Mina de Bauxita”.
Este caso tem como finalidade apresentar análises paramétricas de taludes
de cerca de 2 metros com certos parâmetros de solo para taludes em minas de
bauxita, conseguindo assim, por meio destas análises, estabelecer os fatores de
segurança por meio da teoria clássica de escorregamentos e ruptura, utilizando o
software GeoStudio e as análises pelos métodos de Fellenius e Bishop.
Após apresentar os mesmos referenciais teóricos que foram apresentados
anteriormente sobre movimentos de massa e análises de talude, o autor explica sobre
o clima, a geologia e as características das jazidas onde se encontram as minas de
bauxitas, com a finalidade de caracterizar o solo que se dispõe no local, onde o solo
é composto basicamente por material mais argiloso, mudando gradativamente para a
bauxita.
11
Figura 6: Perfil da jazida de campo, PARISI (1988, p. 665)

As análises foram feitas mais especificamente na mina localizada na cidade


de Divinolândia, no Distrito de Campestrinho. Nesta mina, foi levantado um perfil
topográfico que auxiliou na criação do corte que mostra os taludes que vão ser
analisados, como mostra a Figura 7.

Figura 7: Perfil de corte dos taludes

12
Onde, segundo expresso pelo autor, a camada em amarelo representa a
bauxita e a camada verde a rocha. Diante disso, a análise do autor se baseou em
estabelecer diversos fatores de segurança em função do ângulo de atrito e a coesão,
variando os ângulos de 0º à 30º e a coesão até 200 KPa.
Com os resultados obtidos, o autor conseguiu traçar um gráfico (Figura 8) do
fator de segurança em função da coesão, quando o ângulo de atrito é 0 º,
representando segundo ele, um solo saturado, pois este foi o ângulo que apresentou
menor fator de segurança, igual a 1,5 quando a coesão é 20 KPa.

Figura 8: Perfil de corte dos taludes

O autor estabelece então que, por meio da análise deste gráfico é possível
estabelecer a coesão limite para haver a ruptura do talude, ou seja, seu fator de
segurança ser menor que 1. Sabe-se então que está coesão está estabelecida entre
a coesão de 12 KPa e 14 KPa. Os dados obtidos pela análise de Fellenius (Ordinary),
Bishop e Jambu estão expressos na Tabela 1.

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Tabela 1: Resultados do estudo de caso

No tópico destinado à discussão dos resultados, o autor explica que para o


estudo, com ângulo de atrito 0º, os taludes da mina de bauxita não irão romper, pois
o FS encontrado foi de 1,5. Além disso, ele explica que a inclinação mínima necessária
do talude, para que cumpra uma estabilidade é de 20º, sendo que na região onde se
encontra esta mina, a inclinação característica desses taludes é de 35º. A coesão
encontrada para a iminência da ruptura é de 12 a 14 KPa, e também é explícito que
nestas minas a coesão mínima estabelecida é de 18 KPa, estando dentro dos limites
que foram ensaiados em laboratório.

5. CÁLCULO DO FATOR DE SEGURANÇA (FS)


5.1. Dados fornecidos

Para a elaboração deste trabalho foram fornecidos dados referentes à


implantação de uma rodovia qualquer, onde apresentam dados de 3 sondagens SPT
ao longo do corte, além de uma análise das características físicas do solo por meio
da análise de laboratório de um bloco indeformado à uma profundidade específica.

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5.1.1. Seção estaca 158

A área de estudo deste trabalho corresponde ao corte apresentado pela


Figura 9, com seus parâmetros sendo estabelecidos pelos ensaios SPT localizados
na imagem. Portanto, a partir desse corte, é necessário que se projete um talude que
viabilize a construção dessa estrada, analisando os fatores de segurança
correspondentes à geometria e condições finais do corte no terreno.

Figura 9: Perfil da área de estudo

5.1.2. Ensaios SPT

Foram fornecidas 3 sondagens SPT, nomeados como SP-02, SP-04 e SP-06


referentes à nossa área de estudo. Nestas sondagens nos foi competente extrair os
dados referentes ao nível de água, estratigrafia do terreno, além do NSPT de cada
solo que compõe este terreno estudado, que torna possível atribuir parâmetros de
resistência para os solos mostrados nos ensaios SPT apresentados nas Figuras 10,
11 e 12 a seguir.

15
Figura 10: SPT - SP02
16
Figura 11: SPT - SP04
17
Figura 12: SPT - SP06
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5.1.3. Interpretação do SPT e processamento dos dados

Por meio dos ensaios SPT, foi possível identificar 3 tipos diferentes de solos,
apresentados pela Figura 13 e, também, presente no Anexo 2. Sendo eles:

● Argila: encontra-se na superfície do terreno;


● Silte: localiza-se logo abaixo da argila;
● Rocha impenetrável, presente na camada mais profunda.

Figura 13: Composição do solo


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Para a análise e cálculos da estabilidade de taludes, o grupo optou por realizar
o corte do talude levando em consideração a posição da seção da via dada. Assim, o
perfil do solo mudou para o que está disposto de acordo com a Figura 14 e o Anexo
3, sendo necessário adaptar o curso da linha piezométrica para que acompanhasse o
perfil do terreno nas áreas de corte em que ela estava acima do nível do solo, portanto
este será o modelo em que a análise de talude será feita.

Figura 14: Corte do talude projetado

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5.2. Parâmetros de resistência

Para a análise por meio do GeoStudio e pelos métodos de Bishop e Fellenius,


é necessário que se conheça os parâmetros de resistência do solo, como coesão,
ângulo de atrito e peso específico. Para isso, utilizamos os dados que foram fornecidos
no enunciado, entretanto, algumas análises complementares foram feitas para os
solos que não estavam compreendidos nesses dados.

5.2.1. Silte

Por meio do resultado do bloco indeformado, retirado à uma profundidade de


1,5 m próximo ao ponto do SP-06, podemos afirmar que os dados fornecidos de
coesão, ângulo de atrito e peso específico correspondem ao silte. Portanto, todas as
expressões que contarem com esses parâmetros de resistência referentes ao silte,
serão atribuídos os seguintes valores.

● c’ = 1,98 kPa;
● ϕ’ = 32º;
● γ = 17,5 kN/m³.

5.2.2. Argila

Como os parâmetros de resistência da argila não foram dados, foi feita a


análise por meio de bibliografias e índices ligados ao NSPT obtido nos ensaios. Com
isso para a coesão foi estabelecida inicialmente por meio da correlação empírica
encontrada na bibliografia de Teixeira e Godoy (1996 apud Hachich et al, 1998), onde:

c’ = 10 x NSPT

Porém, como o NSPT do solo argiloso é 9, segundo o ensaio SPT, isso


resultaria em um valor maior que 5 kPa, o qual foi o maior valor instruído pela
professora para valores de coesão, então atribuiu-se 5 kPa para finalidades didáticas.

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Salienta-se que para uma análise precisa nesse caso seria necessária uma extração
de bloco indeformado também da área de argila.
Para o ângulo de atrito, foi utilizada a correlação também de Godoy (1983),
que estabelece o seguinte:

ϕ’ = 28º + 0,4 x NSPT

Com NSPT igual a 9, encontramos o valor correspondente a 31,6º. Além


disso, para estabelecer o peso específico, podemos utilizar novamente as correlações
de Godoy, que segundo o autor do trabalho de conclusão de curso Igor Carcanholo
Iasco Pereira, as correlações de Godoy, por mais que ainda não tenham uma precisão
de valores adequada, é a que se encontra com menor desvio padrão dentre os valores
reais encontrados. Portanto, temos o peso específico da argila definido pela Tabela 2.

Tabela 2: Correlação para peso específico

Uma vez que temos em nossa estratigrafia a argila média, vamos atribuir peso
específico equivalente a 17 kN/m³. Portanto, para a argila, os parâmetros de
resistência ficam:

● c’ = 5 kPa;
● ϕ’ = 31,6º;
● γ = 17 kN/m³.

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5.3. Cálculo do FS pelo método de Fellenius

Para a análise por Fellenius, primeiro o talude foi modelado no software


GeoStudio, para que assim, pudéssemos extrair da coordenada aproximada do ponto
de observação, e então, aplicar para o cálculo manual e discutir os resultados.

5.3.1. Fellenius - Geostudio

Com as definições de geometria feitas na seção 5.1, podemos modelar o


talude no software, e com isso obter o valor de FS de referência, além de suas
coordenadas. Como parâmetros iniciais do software a modelagem vai ser feita para
30 fatias, e considerando o nível da água igual ao nível do terreno em quase toda a
superfície, como é mostrado na Figura 15. Feito isso, obtemos o seguinte resultado:

Figura 15: FS pelo GeoStudio

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Portanto, o FS crítico do talude para essa geometria e essas condições de
solo é igual a 0,671, indicando o rompimento. Além disso, retiramos que o ponto de
observação da superfície de ruptura mostrada em verde tem as coordenadas x =
37,067 m, y = 60,733 m e raio = 8,199 m, informações as quais serão úteis para a
aplicação de Fellenius por meio de planilha eletrônica.

5.3.2. Fellenius - Planilha eletrônica (geometria)

Para a elaboração da planilha eletrônica de análise de Fellenius que se


encontra anexa a este trabalho, foram utilizados conceitos de geometria analítica, uma
vez que a superfície de ruptura sempre será descrita por um círculo e determinada
pelo talude. Deste modo, foi possível automatizar de um jeito que a escolha de
quantidades de fatias fique livre.
Com auxílio do software GeoGebra, desenhamos a superfície do talude, o
círculo que descreve a superfície de ruptura, centrado nas coordenadas encontradas
na seção anterior e com raio equivalente, da mesma forma foi desenhada a linha
piezométrica. Assim, foram obtidas as seguintes expressões para cada item dentro da
superfície de ruptura:

● círculo - (x-37,067)² +(y-60,733)² = 40,741²;


● talude (solo 1) - y = 0,5024532073414x + 2,4292113392696;
● talude (solo 2) - y = 0,5027644016408x + 2,0199946495452;
● linha piezométrica - y = 0,153975835909x + 26,3933829727452

Com essas expressões, podemos descrever qualquer ponto dentro do campo


cartesiano que esteja dentro da superfície de ruptura e definir distâncias pela álgebra
linear, além de estabelecer parâmetros como altura piezométrica, por meio da
trigonometria. Se comprovou a eficácia desse modelo por meio da comparação com
o método convencional, onde as medidas foram extraídas do autocad, também anexo
ao trabalho.
Como exposto, utilizando o valor para 30 fatias, após os cálculos envolvidos
assumindo a metodologia de Fellenius, e explicitado nas planilhas eletrônicas em
anexo, o fator de segurança encontrado foi de 0,642, como mostra na Tabela 3, valor

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relativamente próximo ao encontrado no GeoStudio que pode ser atribuído às
imprecisões ao retirar a altura piezométrica, já que em pontos como o mostrado na
Figura 16, temos mais do que um valor possível para a altura piezométrica, e só
podemos adotar um.

Tabela 3: Fellenius por planilha eletrônica

Figura 16: Diferença altura piezométrica

Calculando o erro percentual entre o valor calculado pelo software e o valor


calculado por meio de planilhas, temos:

25
|0,642 − 0,671|
𝑒𝑟𝑟𝑜% = ∗ 100 = 4,32%
0,671

5.3.3. Fellenius - Planilha eletrônica (AutoCAD)

Por meio do método convencional de divisão por fatias, e o auxílio do software


Autocad para retirar os dados de comprimento das fatias e altura piezométrica, foi feito
o cálculo por meio de planilha eletrônica com 30 fatias, como mostrado na Figura 17.

Figura 17: Divisão por fatias Autocad

Assim, computando os valores pelo método de Fellenius, chegamos aos


seguintes valores que mostra a Tabela 4, e explicitado na planilha eletrônica anexa a
este trabalho.

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Tabela 4: Fellenius pelo Autocad

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5.4. Cálculo do FS pelo método de Bishop Modificado

Do mesmo modo que por Fellenius, e após verificar que funciona, o método
utilizado foi por meio de funções que descreviam a superfície. Assim, foram obtidas
as seguintes expressões para cada item dentro da superfície de ruptura:

● círculo - (x-30,667)² +(y-73,933)² = 53,976²;


● talude (solo 1) - y = 0,5024532073414x + 2,4292113392696;
● talude (solo 2) - y = 0,5027644016408x + 2,0199946495452;
● linha piezométrica - y = 0,153975835909x + 26,3933829727452.

5.4.1. Bishop Planilha eletrônica (geometria)

Para o cálculo, foram utilizadas 30 fatias, porém, como o cálculo está


automatizado no excel, é possível dividir em quantas fatias forem necessárias.
Primeiramente foi atribuído à fórmula de Bishop o FS encontrado em Fellenius
por meio da planilha eletrônica, sendo FS = 0,642, com isso, após um determinado
número de iterações, obtemos o valor de FS = 0,5715, como mostrado na Tabela 5.

Tabela 5: Bishop com FS inicial = 0,642

Porém, como poucas iterações o valor não convergiu o suficiente para que o
FS inicial seja próximo do FS encontrado por Bishop, então continuamos a fazer
28
iterações, até que o FS inicial fosse igual 0,540, que foi onde convergiu para o mesmo
valor, ficando estabelecido então o valor por Bishop de 0,540, como mostra a Tabela
6 e a planilha eletrônica anexa à este trabalho.

Tabela 6: Bishop com FS inicial = 0,540

5.4.2. Bishop - Geostudio

Com as definições de geometria feitas na seção 5.1, podemos modelar o


talude no software, e com isso obter o valor de FS de referência, além de suas
coordenadas. Como parâmetros iniciais do software a modelagem vai ser feita para
30 fatias, e considerando o nível da água igual ao nível do terreno em quase toda a
superfície, como é mostrado na Figura 18. Feito isso, obtemos o seguinte resultado:

29
Figura 18: FS pelo GeoStudio em Bishop

Com isso, concluímos que o FS encontrado com o auxílio do Geostudio é de


0,539. Neste caso também podemos calcular o erro percentual, por mais que seja
nitidamente menor que por Fellenius. Temos que:

|0,539 − 0,540|
𝑒𝑟𝑟𝑜% = ∗ 100 = 0,185%
0,539

6. SOLUÇÃO ADOTADA PARA AUMENTAR O FATOR DE SEGURANÇA

Segundo o manual de drenagem de rodovias do DENIT, publicação IPR - 724,


os drenos sub-horizontais, no caso de escorregamentos de grandes proporções, são
geralmente a única solução econômica a se recorrer. Como também é comentado no
manual de drenagem, os drenos sub-horizontais são aplicados para a prevenção e
correção de escorregamentos nos quais a causa determinante da instabilidade é a
elevação do lençol freático ou do nível piezométrico de lençóis confinados.
Os drenos sub-horizontais são constituídos por tubos providos de ranhuras ou
orifícios na sua parte superior, introduzidos em perfurações executadas na parede do
talude, com inclinação próxima à horizontal.

30
Figura 19: Elementos de um dreno sub-horizontal

Figura 20: Dreno sub-horizontal com controle de saída

31
Este mesmo manual traz ábacos para auxiliar no dimensionamento desses
drenos horizontais.
Com uma análise complementar utilizando o software GeoStudio, observamos
que um rebaixamento de 7 metros da linha piezométrica já é suficiente para elevar o
fator de segurança para FS=1,3, tanto pelo método de Fellenius, quanto pelo método
de Bishop modificado. Ajustando novamente a linha piezométrica assumindo-se que
conseguimos baixar por meio de técnicas de drenagem, obtemos os seguintes
modelos:

a) Por Fellenius

Figura 21: FS pelo GeoStudio em Fellenius com linha ajustada

32
b) Por Bishop modificado:

Figura 22: FS pelo GeoStudio em Bishop com linha ajustada

Fica evidente que, uma das soluções disponíveis seria o rebaixamento da


linha piezométrica, porém isso teria que ser feito com drenos bem extensos, fazendo
com que ela baixasse 7 metros, portanto, seria necessário verificar a viabilidade dessa
solução, e comparar com outras disponíveis no mercado, como contenções por
exemplo, que são muito comuns em rodovias, uma vez que normalmente há a
interferência de níveis de água muito altos.

33
7. ANEXOS

34
ANEXO 1
ÁREA DE ESTUDO

35
SP06

SP04

SP02
ANEXO 2
ESTATIGRAFIA DA ÁREA DE
ESTUDO

36
Ponto 16
(135;61.04) Ponto 3
(140;62.26)
SP06
Ponto 15
(90;57.62)

(65;46.40)
(140;57.95)

SP04

(30;29.20)

SP02

Ponto 5
(140;0)
ANEXO 3
TALUDE PROJETADO

37
Ponto 07
(140;52.29)
SP06
Ponto 06 Ponto 10
(90;47.65) (140;51.60)
Ponto 09
(86.82;45.67)
Ponto 17
(68.82;36.99) Ponto 18
(140;47.95)
SP04
Ponto 13
(140;37.30)
Ponto 12
(72.23;29.74)

Ponto 05
(34.97;20)
Ponto 04
(0;20)
SP02
Ponto 03
(0;17.48)
Ponto 08
(30.75;17.48)
Ponto 15 Ponto 16
(0;15.73) (10;15.73) Ponto 11
(26.83;5.64)
Ponto 02
(0;5.64)
Ponto 14
(140;0)

Ponto 01
(0;0)

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