Você está na página 1de 62

Disciplina: OBRAS DE TERRA

ESTABILIDADE DE TALUDES
Professora: M.ª Roberta Centofante
Curso: Engenharia Civil
robertac@uri.edu.br
Introdução
 O objetivo principal da presente aula é fornecer uma base
metodológica para o entendimento dos fenômenos que
ocorrem nos materiais terrosos e rochosos e que, genericamente,
são chamados de movimentos de massa.

 Serão apresentados os principais tipos de rupturas (movimentos)


e seus agentes causadores.

Instabilidade de Taludes
Como ocorrem?
ATERRO SOBRE SOLO MOLE

BARRAGENS DE TERRA
Onde ocorrem?

Rodovias, Ferrovias

Encostas Urbanas
Por quê ocorrem?
 O estudo dos processos de instabilização de taludes e suas formas
de contenção tornam-se necessários, devido a desastrosas
consequências que os movimentos de massa acarretam.
 Pode-se dizer que a ocorrência dos mesmos pode aumentar,
devido, principalmente, a:
 Aumento da urbanização e desenvolvimento de áreas sujeitas
a escorregamentos;
 Desmatamento contínuo destas áreas;
 Aumento das taxas de precipitação causadas pelas mudanças
de temperatura.
Conceitos Gerais
O que é um talude?
 São maciços terrosos, rochosos ou terrosos e rochosos com
superfície inclinada em relação à horizontal.
 Podem ser naturais ou construídos pelo homem (cortes, aterros).
O que é um talude natural?
Natural x Artificial
O que é um talude artificial?
Artificiais – Corte e Aterro
 Talude de corte é aquele que se forma como resultado de um
processo de corte, de retirada de material.
 Talude de aterro é aquele que se forma como resultado da
deposição, da terraplenagem e de bota-foras.
Partes de um Talude
 Crista é a parte mais
alta do talude.
 Pé é a parte mais
baixa do talude.
 Altura (H) é a
diferença de cota
entre a crista e o pé.
 A maneira como o movimento se distribui através da massa
rompida, não é apenas um dos principais critérios de classificação,
mas também ajuda a definir a intervenção adequada para
estabilização.
DESLIZAMENTO
TOMBAMENTO
ROLAMENTO
Tipos de Movimentos
Queda de Blocos
 Uma queda se inicia com o desprendimento de um bloco de solo
ou rocha da face de um talude, sem superfície de ruptura definida.
O movimento é rápido e em decorrência da ação da gravidade.
 A ocorrência destes processos está condicionada à presença de
afloramentos rochosos em encostas íngremes, sendo
potencializadas pela variação de temperatura e descontinuidades
das rochas.
 Deslizamento
 Tombamento
 Rolamento
Queda de Blocos – Deslizamento

 Topografia favorável
ao deslizamento
(baixa inclinação).
Queda de Blocos – Tombamento
Queda de Blocos – Rolamento
Tipos de Movimentos
Escoamento
 Deformação contínua, sem superfície de ruptura bem definida,
podendo englobar grandes áreas.

 Rastejo
 Corrida
Escoamento – Rastejo
 Processo mais ou menos contínuo, sem limites definidos entre a
massa em movimentação e a massa estacionária.
 Pode, eventualmente, ser observado em superfície mudando a
verticalidade de árvores, postes, etc.
 Velocidade de movimentação baixa (1 a 5 cm/ano);

 Rastejo Sazonal – ocorre sempre em certas épocas do ano


(período de chuva);
 Rastejo Profundo – creep gravitacional contínuo proveniente
de movimentações tectônicas.
Escoamento – Rastejo
Causas: ação da gravidade
associada a efeitos causados pela
variação de temperatura e umidade
(Rastejo Sazonal).
Escoamento – Rastejo
Escoamento – Corrida
 É um fluxo rápido de mistura de sedimentos e água, sendo
impulsionado pela gravidade. Este processo é, muitas vezes,
iniciado por um escorregamento local ou efeito de vibração.
 Velocidade alta (10 a 20 km/h ou mais); Efeitos catastróficos;
 Corridas de terra (argilas)

 Corridas de areias e siltes (liquefação)

 Corrida de lama (ação de lavagem)

 Avalanche de detritos (grandes massas de solos e/ ou rocha)

 Processo geralmente originado com a adição de água ao meio.


Escoamento – Corrida
 Em planta as corridas se
assemelham a uma língua. Usuais
em taludes suaves.
 Causas: Perda de resistência em
virtude da presença de água
(fluidificação).
Escorregamento
 Movimentação rápida com volume de solo bem definido cujo
centro de gravidade se desloca para baixo.
 Muitas vezes o movimento aumenta a partir de uma pequena
ruptura local.
 Velocidade crescente de 0 a 30 cm/hora.

 Rotacional
 Translacional
 Composto
Escorregamento Rotacional
 Tipo de escorregamento
bastante comum onde a
superfície de ruptura pode
ser circular ou não circular
(bem definida).
 São comuns em materiais
homogêneos, como por
exemplo, aterros e
barragens de terra.
Escorregamento Rotacional
Superfície de ruptura bem definida.
D = profundidade
L = comprimento
Escorregamento Rotacional
Tipos de escorregamentos rotacionais:
 Escorregamento rotacional circular
 Escorregamento rotacional não circular
 Escorregamento rotacional simples
 Escorregamento rotacional sucessivo
Escorregamento Rotacional

Superfície de ruptura Superfície de ruptura


circular rasa circular profunda

Superfície de ruptura
não circular
Escorregamento – Superfície de ruptura circular simples
Escorregamento – Superfície de ruptura circular profunda
Escorregamento – Superfície de ruptura circular sucessivo
Escorregamento – Superfície de ruptura circular sucessivo
Escorregamento – Translacional
 São movimentos em que a massa se desloca sobre uma
superfície plana, deslizando para fora do terreno natural.
Movimentação de curta duração, atingindo elevadas
velocidades.
Escorregamento – Translacional
 Geralmente ocorrem em solos residuais
 O plano de movimentação é condicionado pelas zonas de
fraqueza (falhas, contato solo-rocha, estratificação)
 Superfície de ruptura plana bem definida
Escorregamento – Translacional

Ilha Grande/RJ
Escorregamento – Translacional

Foto mostrando inúmeros


deslizamentos translacionais
rasos ocorridos em 1985 nas
encostas do Vale do Rio
Mogi.
Estes escorregamentos
estão relacionados ao
enfraquecimento da
vegetação arbórea
decorrente da poluição no
polo industrial de
Cubatão/SP.
Complexo – Voçorocas
 Originam-se ao longo
das linhas de drenagem
superficial (erosão).
Inicialmente na forma
de ravina com seções
em “V”. Com o avanço
atingem grandes
profundidades. Existem
registros de voçorocas
com 40 a 50 m de
profundidade.
Complexo – Subsidência
 São deslocamentos verticais causados pela presença de
cavidades em solo ou rocha calcária.
Complexo – Subsidência
 São deslocamentos verticais causados pela presença de
cavidades em solo ou rocha calcária.
Complexo – Subsidência

Guatemala Cajamar/SP
Causas dos Movimentos de Massa
Causas Internas
 São aquelas que atuam reduzindo a resistência ao
cisalhamento do solo.
 Exemplos:
 Mudança do fluxo de água subterrânea - aumento da
pressão neutra
 Erosão interna (piping)
 Intemperismo: solos residuais
Causas Externas
 Devidas às ações externas que alteram o estado de tensões
atuantes sobre o maciço. Provocam um aumento das tensões
cisalhantes.
 Exemplos:
 Vibrações: terremotos, explosões, tráfego, etc.
 Mudanças na geometria: cortes e aterros, aumento da
inclinação e altura.
 Deposição de material ao longo da crista do talude
(sobrecargas).
Causas Externas

Sobrecarga

Modificação das condições geométricas


do talude
Desmatamento ocasionando
escorregamento do solo
Descarregamento por erosão
Altura e inclinação excessivas

Aterro mal executado


Infiltração da água

Vazamento e infiltração de água


Análise de Estabilidade de Taludes
 O objetivo da análise de estabilidade é avaliar a possibilidade de
movimento de massa de solo presente em talude natural ou
construído.

Estabilidade em diferentes obras


geotécnicas

 A análise da estabilidade pode consistir em duas situações:


 Verificação de segurança, no caso de um talude natural
potencialmente instável.
 Em um projeto, para um talude de barragem a ser construído, ou
um talude natural a ser modificado, de modo que apresentem
segurança adequada.
Métodos de Análise
 Os métodos mais comuns de análise de estabilidade de taludes
baseiam-se na hipótese de haver equilíbrio limite numa massa de
solo (equilíbrio = estático; limite = iminência de ruptura).
 As análises de equilíbrio limite são realizadas em função de um
fator ou coeficiente de segurança (FS).

𝑆 𝑐 ′ + 𝜎 ′ 𝑡𝑔𝜙
𝐹𝑆 = =
𝜏 𝜏
Onde:
S é a resistência ao cisalhamento disponível.
𝜏 é a tensão cisalhante mobilizada para o equilíbrio ~ peso da massa
de solo.
Métodos de Análise
 O FS é calculado para uma
determinada superfície de
ruptura.
 A posição da superfície (linha) de
ruptura de um talude é
desconhecida a priori.
 Para possibilitar a análise de
estabilidade, arbitram-se diversas
superfícies de ruptura,
denominadas potenciais, e
pesquisa-se a de mínimo fator de
segurança. Esta é denominada
potencial crítica ou linha crítica.
Métodos de Análise
 Quando FS = 1 tem-se uma situação de equilíbrio limite.
 A situação de instabilidade ou ruptura é caracterizada por FS < 1,
este valor não é encontrado em taludes naturais – valor comum
em retroanálises de taludes rompidos.
 Quando FS > 1 tem-se uma condição estável, sendo
considerado por norma:

FS ≥ 1,5 para projetos de taludes


Fs ≥ 1,5 (Obras Permanentes)
Fs ≥ 1,3 (Obras Provisórias)
 Superfície de ruptura plana  Superfície de ruptura circular
 O fator de segurança é  Define-se o fator de
definido pela relação entre a segurança pela relação entre
força resultante da o momento das forças
resistência ao cisalhamento e resistentes e o momentos das
a resultante das forças de forças de deslizamento,
deslizamento. tomados em relação ao
centro do círculo.
Métodos de Análise
 Superfície de ruptura plana
 Método do talude infinito (Renal, 1810)

 Método das cunhas (Culmann, 1966)

 Superfície de ruptura circular


 Métodos Simplificados
 Fellenius ou método ordinário das fatias (1927)

 Bishop (1955)

 Janbu (1968)
A grande diferença entre os métodos
 Métodos Rigorosos são as diferentes hipóteses adotadas
para a verificação do equilíbrio
 Spencer (1967)
(equações e variáveis).
 Morgenstern e Price (1965)

 Sarma (1973)
Método do Talude Infinito
 Superfície de ruptura plana
 Um talude é denominado infinito quando a relação entre as suas
grandezas geométricas, extensão e espessura for muito grande.
Nestes taludes a linha potencial de ruptura é paralela à superfície
do terreno.
 Geralmente a linha de ruptura – transição solo/rocha.
 O fator de segurança é definido como a relação entre as forças
resistentes e atuantes:

𝑆 𝑐 + 𝜎 − 𝑢 . 𝑡𝑔𝜙 𝑐 ′ + 𝛾. 𝑧 − 𝛾𝑤 . 𝑧𝑤 . 𝑐𝑜𝑠 2 𝛽. 𝑡𝑔𝜙′


𝐹𝑆 = = =
𝜏 𝑇 𝛾. 𝑧. 𝑐𝑜𝑠𝛽. 𝑠𝑒𝑛𝛽
Exemplo 1: Considere os dois taludes da figura. Se ambos forem
bem drenados (u = 0) e o solo for o mesmo, com c´= 40 kPa, 𝜙´= 25°
e 𝛾 = 20 kN/m³, qual dos dois taludes será mais estável?
Exemplo 2: O talude infinito abaixo apresenta uma camada de solo
saprolítico de 5,0 metros de espessura sobre rocha granítica muito
pouco fraturada (considere a rocha impermeável). O solo
apresenta coesão de 20 kPa e um ângulo de atrito de 32º. Qual a
altura do nível d´água (zw) que levaria o talude à ruptura (FS = 1)
sabendo que ɣw = 10 kN/m³?

 = 18 kN/m3

5m

zw

Rocha impermeável

35º
TAREFA: PESQUISAR AS DIFERENÇAS EXISTENTES ENTRE OS
MÉTODOS DE ANÁLISE MENCIONADOS.

Pode ser em forma de relatório (texto) ou apenas uma


tabela citando e comparando as diferenças.

Você também pode gostar