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Mestrado Integrado em Engenharia Civil

4º Ano – 1º Semestre
MECÂNICA DOS SOLOS 2
Ano letivo 2017/2018

FOLHA DE EXERCÍCIOS Nº 2 – Estabilidade de aterros sobre solos moles e de taludes naturais

1. A Figura 1a apresenta um talude escavado para a construção de uma estrada com 10,0 m de altura e inclinação
de 45º.
a) Determine o coeficiente global de segurança ao deslizamento pela superfície indicada recorrendo ao método
de Fellenius. A Figura 1b contém uma divisão do talude em três fatias, apresentando-se para cada uma delas
o peso do terreno, o comprimento da superfície de rotura (L) e o valor da pressão neutra no ponto médio da
fatia, caso aplicável.
b) Idem, pelo método de Bishop simplificado.

Figura 1

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2. Considere o talude infinito representado na Figura 2. O talude tem revelado alguns sinais de instabilidade em
épocas de elevada pluviosidade. Tendo em conta que no sopé do mesmo passa uma autoestrada, pretende-se
proceder a obras de estabilização do talude. Uma das soluções ponderadas consiste na redução da espessura
da camada de solo residual (essa redução, por escavação, será acompanhada pela plantação de vegetação
variada, de modo a acautelar aspetos paisagísticos e a defender a superfície do terreno da erosão).
Determine a espessura, d, da camada superficial a ser retirada de modo a conseguir:
a) coeficiente de segurança mínimo de 1,5 em condições estáticas, admitindo o nível freático coincidente com
a superfície do terreno após a escavação;
b) coeficiente de segurança mínimo de 1,2 em condições sísmicas, definidas por um coeficiente sísmico
kh = 0,12, admitindo o nível freático abaixo da base da camada terrosa.
Tome as seguintes características para a camada de solo residual: γ = 20 kN/m3, c′ = 20 kPa, φ ′ = 31°.

Nova posição da superfície


do terreno após escavação 35°

9,0 m
Solo
residual

Figura 2

3. A Figura 3a mostra uma encosta natural de formações terciárias predominantemente calcárias nas quais
ocorrem algumas finas camadas de margas argilosas de resistência muito mais baixa. Na encosta vai ser
efetuada uma escavação, com a geometria indicada na figura, para implantar uma estrada.
a) Usando os parâmetros incluídos no Quadro 1 (e considerando-os como valores característicos), prove que
o maciço experimentará muito provavelmente escorregamento em consequência da escavação. Atendendo
ao facto de a espessura do terreno potencialmente instável ser muito pequena quando comparada com as
dimensões da encosta, assimile esta a um talude infinito.
b) Para viabilizar a escavação, pretende-se instalar na encosta um conjunto de pregagens perpendiculares ao
talude e dispostas em malha quadrada, conforme mostra a Figura 3b.
Cada pregagem consiste num varão φ 32 mm de aço introduzido num furo com 3 polegadas de diâmetro
preenchido com calda de cimento. As pregagens, ao intersectarem a superfície potencial de escorregamento,
têm um efeito favorável devido à sua resistência ao corte (ou ao esforço transverso) que, naturalmente, se
adicionará à resistência ao corte do próprio solo na mesma superfície.

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Utilizando coeficientes parciais de segurança de acordo com o Eurocódigo 7, determine o afastamento, a,


das pregagens, sabendo que o valor de cálculo da força de corte resistente de cada uma vale 75 kN.
Quadro 1
Formação γ (kN/m3) c′ (kPa) φ ′ (º)
Calcários 23,0 200 40
Margas argilosas 21,5 8 22

32 mm

Figura 3

4. A Figura 4 representa um talude de grande desenvolvimento constituído por estratos calcários intercalados por
argilas de alta plasticidade, sendo estas de espessura reduzida. Na base do talude passa uma via férrea cujo
projeto de modernização inclui o reforço da encosta para melhorar a estabilidade em relação a possíveis
escorregamentos. Nesse sentido, está prevista a construção de uma malha de ancoragens inclinadas de 15º em
relação à normal à superfície do talude e espaçadas de 2,5 m nas duas direções sobre a encosta.
O Quadro 2 inclui os parâmetros geotécnicos referentes às duas formações presentes no talude.
Quadro 2
Formação γ (kN/m3) c’ (kPa) φ‘ (º)
Calcário 23 200 42
Argila 23 0 20
Calcule o pré-esforço a aplicar nas ancoragens de modo a satisfazer: i) um coeficiente global de segurança de
1,5 em condições estáticas.

Complete a resposta fazendo um desenho da solução que mostre a localização dos bolbos de selagem das
ancoragens (os quais têm 6 m de comprimento, como indica a Figura 4b).

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Figura 4
5. A Figura 5a representa um aterro para uma via férrea, construído numa encosta constituída por camadas
alternadas de argilas muito plásticas fortemente sobreconsolidadas e de calcários. No local da figura o aterro
ficou fundado quase exclusivamente nas argilas e no primeiro Inverno após a construção deu alguns sinais de
instabilidade. Observações em tubos inclinométricos mostraram que a superfície de escorregamento potencial
era precisamente a superfície de contacto do aterro com a argila.
De modo a conferir condições de estabilidade satisfatórias à obra, como mostra a Figura 5b, projetou-se uma
malha de ancoragens dispostas em quatro diferentes níveis, espaçadas longitudinalmente de 4,0 m, inclinadas
de 35º em relação à horizontal e seladas nos calcários.

20°
(a)
Calcários

Fa
m
4,0 Fa
Argilas
Fa

Fa

20° Calcários

(b)
Figura 5

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Determine o pré-esforço, Fa, a aplicar em cada ancoragem de modo a obter um coeficiente de segurança global
do aterro igual a: i) 1,5 em condições estáticas; ii) 1,15 em condições sísmicas definidas pelos coeficientes
sísmicos kh = 0,12 e kv = 0,06.
NOTAS: i) Para a obtenção dos parâmetros de resistência da superfície de deslizamento admita que nas
condições da Figura 5a o coeficiente de segurança é igual a 1,0 e que é nula a coesão efetiva; ii) O peso do
aterro, do paramento de betão armado ao qual se amarram as ancoragens e dos comboios sobre o aterro totaliza
2100 kN/m.

6. Considere um talude com 12 m de altura com a geometria apresentada na Figura 6. O corpo principal do talude
é constituído por calcário, mas foi identificada uma falha preenchida, inclinada de 30º em relação à horizontal,
pelo que se impõe verificar a estabilidade em relação ao escorregamento. Um ensaio de corte sobre o material
de enchimento da falha permitiu determinar o ângulo de resistência ao corte: φ ′ = 25º .

5m
"Fenda" 15°

80°

Plano da falha
600
kN
(φ ; c , ver texto)
20°
30°
W

12m 3m
600 Uh
k N
20°

Ui
m
8,2

Figura 6

No caso particular em apreço ocorreu uma fenda de tração no topo do talude, a 5 m da crista, que se desenvolve
em profundidade até à falha, limitando assim um bloco cuja estabilidade se pretende analisar.
A presença de água resulta nas forças Uh e Ui, respetivamente na face vertical do bloco e ao longo do plano da
falha, ambas resultantes dos diagramas triangulares simplificados (ver figura). O peso do bloco de calcário em
análise é W = 1,63 MN/m.
a) Determine o valor limite inferior da coesão efetiva do material de enchimento da falha que explique uma
situação de equilíbrio limite (detetada por instrumentação instalada no talude).
b) Desprezando a componente coesiva do material da falha, pretende-se estabilizar a cunha com dois níveis
de ancoragens (ver figura), aplicando 600 kN cada um. Determine o espaçamento longitudinal destas
ancoragens para garantir um coeficiente de segurança global de 1,5.

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7. Considere a barragem de terra de 100 m de altura representada na Figura 7. O projeto estabelece que o núcleo
argiloso inclinado para montante deve ser compactado do lado húmido. Por outro lado, por imposição do Dono
da Obra, prevê-se que o prazo de execução da barragem seja curto. Tendo em conta o que foi referido, é
razoável admitir que durante a construção e imediatamente após a construção no núcleo argiloso prevaleçam
condições não drenadas.

Núcleo argiloso
Maciço de montante
100 m
1 Mecanismo potencial
de instabilização
45° 2

100 m Solo de fundação

Figura 7
Através da caraterização dos solos de fundação da barragem e dos materiais a empregar na construção
determinaram-se os seguintes valores (caraterísticos, k) para os parâmetros de resistência:
• solo arenoso da fundação – tg φ'Fk = 0,75 (φ'Fk ≈ 36,8o);
• aterro granular do maciço estabilizador de montante - tg φ'k = 0,85 (φ'k ≈ 40,4o);
• aterro argiloso do núcleo – cuk = 60 kPa.
Considere o mecanismo potencial de instabilização representado na figura, sendo os pesos dos blocos
W1 = 37 500 kN e W2 = 22 500 kN.
a) Verifique a segurança do maciço de montante imediatamente após a construção, aplicando a metodologia
do Eurocódigo 7 (aplicando coeficientes parciais de segurança das propriedades resistentes γcu = 1,4 e
γtgφ´ = 1,25 e coeficiente parcial de segurança para as ações permanentes ou peso próprio γG = 1,0).
b) Sobre a compactação usada na execução do aterro da barragem, no núcleo (materiais argilosos) e nos
maciços de estabilização (materiais granulares), responda às seguintes questões:
i) Qual é o ensaio de laboratório que é indispensável para estudar as condições com que os solos devem
ser compactados? Desse ensaio, que parâmetros são obtidos? Acompanhe a explicação com um gráfico
típico.
ii) Quais são os aspetos concretos na execução da compactação na obra pelo Empreiteiro que são críticos
para que o aterro satisfaça as condições exigidas no projeto?
iii) Que ensaio (ou ensaios) in situ pode(m) ser realizado(s) para determinar diretamente as características
mecânicas do aterro em algumas camadas de compactação?

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