Você está na página 1de 23

UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

REBECA DIAS DE SOUZA

PROJETO DE BARRAGENS

BOA VISTA – RR
2021
REBECA DIAS SOUZA

PROJETO DE BARRAGENS

Projeto realizado como requisito parcial para


obtenção de nota no semestre 2021.1 na
disciplina de Barragens do Curso de
Bacharelado em Engenharia Civil da
Universidade Federal de Roraima.
Orientador: Adriano Frutuoso da Silva

BOA VISTA – RR
2021

1
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Locação do eixo da barragem. ............................................................................................................................................ 6
Figura 2 – Seção inicial da barragem. .................................................................................................................................................. 7
Figura 3 - Análise de estabilidade para condição de final de construção à montante .......................................................................... 9
Figura 4 – Análise de estabilidade para condição de final de construção à jusante ........................................................................... 10
Figura 5 – Análise de estabilidade na condição de final de construção do talude de montante. ........................................................ 11
Figura 7 – Determinação das vazões de projeto dos filtros. ............................................................................................................... 13
Figura 8 – Modelagem do sistema de drenagem no software Slide. .................................................................................................. 16
Figura 9 – Análise de estabilidade após a adição do sistema de drenagem. ..................................................................................... 17

2
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Fatores de segurança recomendados para as diferentes situações de carregamento. ...................................................... 8


Tabela 2 – Valores típicos de coeficiente de permeabilidade para matérias granulares. ................................................................... 12
Tabela 3 – Valores adotados para o ângulo de atrito e peso específico dos materiais granulares. ................................................... 12

3
SUMÁRIO
1 DADOS DO PROJETO .............................................................................................................................................................. 5
2 DESENVOLVIMENTO ............................................................................................................................................................... 6
2.1 DEFINIÇÃO DO LOCAL PARA O EIXO DA BARRAGEM .......................................................................................................................................... 6
2.2 DEFINIÇÃO DA SEÇÃO INICIAL DA BARRAGEM ..................................................................................................................................................... 7
2.3 DETERMINAÇÃO DAS INCLINAÇÕES DOS TALUDES ........................................................................................................................................... 8
2.3.1 Análise de estabilidade (condição final de construção) ...............................................................................................................................................8
2.4 DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE DRENAGEM ............................................................................................................................................ 11
2.4.1 Filtro Vertical .....................................................................................................................................................................................................................13
2.4.2 Filtro Horizontal ................................................................................................................................................................................................................14
2.5 ANÁLISE DE ESTABILIDADE FINAL (CONDIÇÃO DE OPERAÇÃO) ................................................................................................................... 16
3 CONCLUSÃO .......................................................................................................................................................................... 18
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................................................. 19
ANEXOS............................................................................................................................................................................................. 20

4
1 DADOS DO PROJETO

• Barragem de 10 metros de altura;


• Inicialmente com taludes montante e jusante, respectivamente, de 1V:2,5H e 1V:2,7H;
• Rede de fluxo para o maciço de k = 2 × 10−6 cm/s;
• Rede de fluxo para o material do aterro de k = 2 × 10−5 cm/s;
• Borda livre com 1,5 metros;
• Para condição final de construção, envoltória em termos de tensões totais com solo na umidade de compactação obtido
em ensaio tipo UU:  = 25 + tg(22o ) (kPa);
• Para condições de operação, envoltória em termos de tensões efetivas com solo saturado obtido em ensaio tipo CD:  =
7 + tg(30o ) (kPa);
• Peso específico do solo do aterro compactado: 18 kN/m³;
• Solo de fundação com mesmas propriedades geotécnicas do aterro;
• Topo rochoso a 8 metros abaixo da superfície do terreno após a escavação.

5
2 DESENVOLVIMENTO

2.1 DEFINIÇÃO DO LOCAL PARA O EIXO DA BARRAGEM

Baseando-se na planta topográfica fornecida, para a locação do eixo da barragem, foi selecionada a seguinte opção abaixo:

Figura 1 – Locação do eixo da barragem.

Esta seção foi selecionada já que representa um local com pouca variação altimétrica, ou seja, mais plano e favorável às
escavações ou aterros.
6
2.2 DEFINIÇÃO DA SEÇÃO INICIAL DA BARRAGEM

Com base nos dados de projeto disponibilizados, tornou-se necessário calcular a largura de coroamento, a qual é obtida por
meio da seguinte expressão:
C = H/5 + 3 = 10/5 + 3 = 5 m

Como a largura de coroamento calculada é menor que a mínima de 6 m, adota-se C = 6 m. A imagem a seguir apresenta em
resumo a seção inicial da barragem modelada no software Slide.

Figura 2 – Seção inicial da barragem.

7
2.3 DETERMINAÇÃO DAS INCLINAÇÕES DOS TALUDES

Conforme indicações do projeto deve-se determinar as inclinações finais dos taludes por meio de análises de estabilidade nas
situações de final de construção e de operação. A tabela abaixo apresenta os fatores de segurança recomendados para diferentes
situações de projeto assim como o tipo de ensaio a ser realizado para a determinação dos parâmetros de resistência.

Tabela 1 – Fatores de segurança recomendados para as diferentes situações de carregamento.


Parâmetro de
Fases de Carregamento Talude Crítico Poropressão F.S
Resistência

Final de Construção UU - 1,3

Enchimento UU - 1,25 a 1,3

Rede de fluxo
Operação CD 1,5
definida

Rebaixamento Rápido CU - 1,3 ou 1,1

2.3.1 Análise de estabilidade (condição final de construção)


8
Inicialmente utilizou-se os parâmetros de resistência indicados para final de construção, obtendo-se a seguinte análise de
estabilidade para os taludes de montante e jusante.

Safety Factor
0.000
2.358
20

0.500

1.000

1.500

2.000
15

2.500

3.000

3.500

4.000
10

4.500

5.000

5.500
5

6.000+
0
-5

-5 0
Figura 3 - Análise de estabilidade para condição de final de construção à montante
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65

9
Safety Factor
0.000
2.457
0.500

20
1.000

1.500

2.000
15

2.500

3.000

3.500

4.000
10

4.500

5.000

5.500

6.000+
5
0
-5

-5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65

Figura 4 – Análise de estabilidade para condição de final de construção à jusante


Observa-se que ambos os taludes apresentam fatores de segurança elevados em comparação ao indicado na tabela 1 (FS =
1,3 para condição de final de construção), permitindo, portanto, realizar um aumento nas inclinações dos taludes. No entanto, tendo
em vista que o talude de jusante terá uma solicitação mais crítica na condição de operação, devido a percolação de água para
jusante, optou-se por modificar apenas a inclinação do talude de montante. Realizando-se análises interativas no programa Slide,
determinou-se a inclinação do talude de montante igual a 1V:1H. A imagem a seguir apresenta a configuração da barragem obtida
ao final desta análise.

10
Safety Factor
0.000
15

0.500

1.000 1.556

1.500
6.000
2.000
10

2.500

3.000

3.500

4.000
5

10.000
4.500

5.000

5.500

6.000+
0

10.000 27.000

8.000
-5

Figura 5 – Análise de estabilidade na condição de final de construção do talude de montante.


-10

0
O fator de segurança obtido com essa nova inclinação foi de 1,556 pelo método de Fellenius que está bem mais próximo do
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65

valor de referência que é de 1,3, mantendo-se uma margem a favor da segurança.

2.4 DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE DRENAGEM

Para o dimensionamento dos filtros é necessário adotar o coeficiente de permeabilidade para os materiais granulares como
areia média ou fina e brita, cascalho ou pedrisco e determinar a vazão de dimensionamento dos filtros. A tabela a seguir apresenta
os valores típicos para coeficientes de permeabilidade adotado.

11
Tabela 2 – Valores típicos de coeficiente de permeabilidade para matérias granulares.
Materiais Coeficiente de Permeabilidade (m/s)
Areias Finas 1 x 10-5
Areias Grossas 1 x 10-4
Pedrisco 1 x 10-3

De forma análoga torna-se necessário adotar valores de resistência e peso específico para esses materiais. A tabela a seguir
apresenta os valores adotados para esses materiais.

Tabela 3 – Valores adotados para o ângulo de atrito e peso específico dos materiais granulares.
Materiais Ângulo de atrito (°) Peso Específico (kN/m³)
Areias Finas 35 20
Areias Grossas 36 21
Pedrisco 37 15

A determinação dos valores de vazão para dimensionamento dos filtros foi determinada utilizando o software Slide conforme
indicado na figura a seguir.

12
Pore Pressure
[kPa]
-42.500

-25.500

-8.500
10

8.500 ? ? ? ? ? ?
?
? ?
25.500 8.5
?
8.5 ?
42.500 ?
8.5 ?
59.500 ?
8.5 ?
?
76.500 ?
8.5
0.0026391 m3/d ?
5

93.500 8.5 ?
?
8.5 ?
110.500 ?
8.5 ?
127.500 ?
8.5 ?
144.500 ?
8.5 ?
?
161.500 8.5 8.5 8.5 8.5 8.5 ?
0

0.022802 m3/d
0.02114 m3/d
0.019304 m3/d
-5

Figura 6 – Determinação das vazões de projeto dos filtros.


-10

5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60

2.4.1 Filtro Vertical

Para o filtro vertical a vazão de projeto utilizada para o seu dimensionamento foi retirada na região central da barragem, pois
é nesta região que será construído o dreno vertical. Dessa forma, temos:

Q = 0,0026391 m³/d = 3,05451 × 10−8 m³/s

Majorando-se essa vazão com fator de segurança igual a 10, obtemos uma vazão de projeto igual a 3,05454 x 10-7 m³/s.
Utilizando a areia fina, temos:

13
Q 3,05454 × 10−7
Hv = = = 0,0305454 m = 3,05 cm
k dreno 10−5

Como essa largura de vala é construtivamente inviável adota-se a largura de 0,8 m, que é a indicada comumente para esse
tipo de filtro por corresponder a largura da concha de retroescavadeiras encontradas no mercado.
É importante mencionar que o filtro vertical deve ser constituído por um material granular que seja filtro do material da
barragem, a fim de evitar problemas de piping. O material do dreno deve obedecer aos seguintes limites granulométricos para ser
caracterizado com filtro do material da barragem.

Critério de Terzaghi: D15dreno < 4 x d85solo e D15dreno > 5 x d15solo ou


Critério de Sherard: D15dreno < 5 x d85solo e D15dreno > 4 x d15solo e D5dreno > 0,0074mm

2.4.2 Filtro Horizontal

Para o dimensionamento do filtro horizontal (tapete drenante) utilizou-se a vazão total que percola pela fundação e pela
barragem. Para o tapete drenante a fórmula para calcular a espessura é dada por:

2Qp L
Hh = √
k dreno

Os parâmetros necessários são:


Q = 0,0228 m³/d = 2,6389 × 10−7 m³/s
Majorando-se a vazão com fator de segurança igual a 10.

14
Qp = 2,6389 × 10−7 × 10 = 2,6389 × 10−6 m³/s
L = 27 → Comprimento total do filtro

Utilizando-se a areia fina como material para o dreno, obtemos:

2 × 2,6389 × 10−6 × 27
Hh = √ = 3,775 m
10−5

Essa altura é muito elevada e construtivamente inviável.


Utilizando-se agora a areia grossa como material para o dreno, obtemos:

2 × 2,6389 × 10−6 × 27
Hh = √ = 1,194 m
10−4

Essa dimensão ainda está um pouco elevada, portanto, realizando-se o cálculo para o pedrisco obtemos:

2 × 3,8609954 × 10−6 × 54
Hh = √ = 0,377 m
10−3

A espessura determinada utilizando o pedrisco é bastante vantajosa tendo em vista a grande diferença de espessura que
essa solução proporciona em relação aos filtros com areia. No entanto, para que esta opção seja adotada deve-se fazer uso de

15
camadas de transição entre a camada de pedrisco e os solos de fundação e aterro. Essas camadas de transição poderão ser
construídas com areia desde que a areia a ser utilizada seja filtro do solo (aterro e/ou fundação) e o pedrisco seja filtro dessa areia.
A solução, neste caso é a de um filtro sanduiche, ou seja, um filtro composto de camadas de areia e pedrisco. As espessuras
utilizadas serão de 30 cm para pedrisco intercalado por duas camadas de areia fina de 10 cm. Essa solução está de acordo com os
padrões da obra e um pouco majorada podendo-se adotar espessura menores para a camada de pedrisco de acordo com a
permeabilidade real do material a ser instalado na obra.

2.5 ANÁLISE DE ESTABILIDADE FINAL (CONDIÇÃO DE OPERAÇÃO)

Com isso pode-se realizar a seguinte modelagem do sistema de drenagem da barragem no software Slide. A análise de
estabilidade obtida após a adição do sistema de drenagem está dada a seguir.

Figura 7 – Modelagem do sistema de drenagem no software Slide.


16
Figura 8 – Análise de estabilidade após a adição do sistema de drenagem.

Como esperado houve uma melhora no valor do fator de segurança por meio do dimensionamento de um sistema de
drenagem para barragem. Com isso, pode-se realizar uma análise interativa aumentando-se a inclinação do talude de jusante até
se obter um FS próximo a 1,5. Ao final dessa análise determinou-se uma inclinação de 1V:1H para o talude de jusante com um fator
de segurança igual a 1,678 pelo método de Fellenius. A imagem a seguir apresenta a análise final obtida.

17
3 CONCLUSÃO

No presente projeto, analisou-se aspectos acerca do dimensionamento de barragens e suas partes fundamentais. Alguns dos
pontos primordiais analisados foram o fator de segurança fornecido por norma, o dimensionamento mais econômico dos taludes a
montante e à jusante, a estabilidade da barragem, bem como o dimensionamento de filtros e seus impactos na estrutura. Todas
essas análises foram feitas a partir do software Slide, o qual atestou todas as verificações do fator de segurança exigidos.

18
REFERÊNCIAS

GRUPO BANCO MUNDIAL. MANUAL DE ORIENTAÇÃO AOS EMPREENDEDORES: GUIA PARA A CONSTRUÇÃO DE
BARRAGENS. Brasília, 2014. 66 p.

MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL. Manual de Segurança e Inspeção de Barragens. Brasília: Secretaria de


Infraestrutura Hídrica, 2002. 148 p.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A ALIMENTAÇÃO E A AGRICULTURA. Manual sobre


pequenas barragens de terra. ROMA, 2011. 124 p.

19
ANEXOS

20
Anexo A – Planta topográfica.

21
Anexo B – Planta Baixa.

22

Você também pode gostar