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1º Semestre, 4º Ano
Discentes:
USSENE. Atumane
DAVID. Beatriz
LOPES. Maiguem
Docente:
Engº. DUVANE. Alfredo Santos MSc
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II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Generalidade
2.1.1. Água: Um Elemento Vital
O corpo humano é formado em sua maior parte por água, ele precisa de pelo menos 2,5 litros/dia
para seu bom funcionamento, segundo o PNUMA. De acordo com a ONU cada pessoa precisa de
110 litros /dia para atender as necessidades de consumo e de higiene (Mattos, 2011).
O planeta Água, como muitas vezes é chamado o planeta Terra, recebeu esse “título” porque cerca
de 2/3 de sua superfície é formada por água.
Apenas 2,59% do volume total de água existente na Terra é doce, sendo que mais de 99%
encontram-se em geleiras, calotas polares e aquíferos muito profundos. Do restante, quase metade
está no corpo de animais e vegetais (biota), como umidade do solo e vapor de água na atmosfera,
e a outra parte está disponível em rios e lagos. (PNUMA) “Se não houver uma melhor gestão de
recursos hídricos e dos respectivos ecossistemas, 2/3 da humanidade irá sofrer uma severa ou
moderada falta de água em 2025”, afirma o diretor geral da UNESCO (Mattos, 2011).
Segundo especialistas, existem cerca de 200 bacias localizadas nas áreas de fronteiras de vários
países, o que poderá induzir, num futuro não muito distante, guerras pela utilização da água. Entre
os países, o Brasil é privilegiado, pois possui 12% da água doce superficial do planeta, porém desse
número cerca de 80% encontram-se em bacias amazônicas, onde residem apenas 7% da população
brasileira. Segundo a ONU, hoje 2 milhões de pessoas no mundo já sofrem de escassez de água,
porém essa situação não se deve apenas ao aumento de demanda e a distribuição geograficamente
irregular da água, mas também a poluição em níveis alarmantes e o desperdício, consumindo de
modo desenfreado o recurso (Mattos, 2011).
2.1.2. Uso racional dos recursos da bacia hidrográfica
Apesar de a água cobrir dois terços da superfície do planeta, a sua escassez está sendo apontada
como um dos problemas mais preocupantes (Mattos, 2009). Para Czapski (2008, p.11), o
desperdício e a falta de planejamento no uso racional da água são fatores que contribuem para isso.
O desperdício ocorre desde a captação, passando pela distribuição e finalizando no uso diário da
população. Para Viegas (2005, p.25), outro facto que contribui para o desperdício é a falta de
investimentos do sector público, principalmente no tratamento de resíduos sólidos e líquidos onde
as cidades despejam nos rios esses resíduos e transformam-se em “fertilizantes ruins” e
desencadeando a multiplicação de algas que baixam as taxas de oxigênio da água e liberam toxinas
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que provocam a mortandade dos peixes e micro-organismos dependentes dessa água (Mattos,
2009).
Para Forbes & Hodge (1971), afirmam que o processo de gerenciamento e planeamento ambiental
de bacia hidrográfica foi inicialmente direccionado à solução de problemas relacionados ao recurso
água, priorizando o controle de inundações, ou a irrigação, ou a navegação, ou o abastecimento
público e industrial. Com o aumento da demanda sobre os recursos hídricos e da experiência dos
técnicos envolvidos na administração dos mesmos, foi verificada a necessidade de incorporar na
abordagem inicia os aspectos relacionados aos usos múltiplos da água, na perspectiva de atender
uma estrutura do tipo multiusuário, que competem pelo mesmo recurso (Mattos, 2009).
Esta abordagem buscou solucionar conflitos entre os usuários e dimensionar a qualidade e a
quantidade do que cabe a cada um e as suas responsabilidades sobre o mesmo. Isso porque as
implicações sobre o uso dos recursos hídricos provêm de uma série de factores naturais,
económicos, sociais e políticos, sendo o recurso água tão-somente o ponto de convergência de
um complexo sistema ambiental (Mattos, 2009).
O problema da poluição hídrica provocado por esgotos urbanos, metais pesados, pesticidas,
adubos químicos, detergentes sintéticos, hidrocarbonetos, representa um dos aspectos mais
alarmantes da degradação do meio ambiente pelo homem (Bormann et al,, 1978) citado por
(Mattos, 2009).
2.1.3. Utilização racional dos recursos hídricos
A racionalização da utilização dos recursos hídricos é uma necessidade urgente e prioritária para
evitar o desequilíbrio entre a demanda e a disponibilidade de água. É importante que sejam
adotadas medidas para proteger a qualidade da água, a fim de atender às crescentes demandas dos
sectores em desenvolvimento, tais como abastecimento de água potável, indústria,
agricultura/irrigação e navegação, Produção de energia hidroeléctrica; recreação. saneamento;
manutenção da ictiofauna; Outros usos diversos (DNAEE, 1981).
Uma das principais causas de mortalidade no Terceiro Mundo é a má qualidade da água,
consequência do deficiente ou inexistente sistema de abastecimento e tratamento de água potável,
bem como a da colecta e tratamento de águas residuais.
Entre os múltiplos usos dos recursos hídricos, a agricultura, a indústria e o abastecimento público
apresentam-se como os responsáveis pelo maior volume de consumo efectivo. A parcela mais
significativa do consumo mundial se deve à agricultura irrigada, actividade que vem aumentando
como resposta ao crescimento da demanda humana por alimentos (DNAEE, 1981).
A água é uma matéria-prima essencial á maior parte das actividades industriais. Suas principais
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utilizações neste sector se dão, seja no processo de fabricação propriamente dito, seja na
incorporação ao produto final, no resfriamento e produção de vapor, etc. Ainda que se tenha em
conta que o consumo de água vária consideravelmente dentro de um mesmo ramo industrial, em
razão de diferenças de padrão tecnológico, é importante assinalar a magnitude desta demanda
(DNAEE, 1981).
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com as necessidades do momento. Porém, à medida que se torna mais aguda a competição das
actividades consumidoras, as funções dos diferentes sectores da Administração interessados na
gestão das águas vão entrando cada vez mais em conflito, ocorrendo frequentemente sobreposições
e perdas de eficiência (Augusta & Bursztyn, n.d.).
A gestão dos recursos hídricos exige, portanto, vários compromissos entre interesses
frequentemente opostos, evidenciando-se a necessidade de planejar-se e coordenar-se a utilização
da água mediante o estabelecimento de estruturas que assegurem seu gerenciamento segundo
uma perspectiva global (Augusta & Bursztyn, n.d.).
Sendo a organização, composição e atribuições de uma estrutura de gestão, função de um
conjunto de elementos condicionantes que variam caso a caso, torna-se impossível apontar um
modelo de estrutura com aplicação universal. Entretanto, todos os países que direccionaram a
administração dos recursos hídricos dentro de uma perspectiva global procuram considerar a
bacia hidrográfica como unidade básica de gestão (Augusta & Bursztyn, n.d.).
2.2. Princípios básicos de gestão dos recursos hídricos
Cunha et alii (1980) enumeraram outros princípios básicos orientadores de uma política de ges-
tão dos recursos hídricos (Augusta & Bursztyn, n.d.). dentre os quais podemos citar:
o objetivo último de uma política de gestãodas águas deve ser otimizar a utilização dos
recursos hídricos, de forma a maximizar os benefícios para a coletividade, resultantes das
diversas utilizações da água;
A gestão dos recursos hídricos deve considerar a ligação estreita existente entre os
problemas de quantidade e de qualidade das águas;
A gestão das águas deve abranger tanto as águas interiores — superficiais e subterrâneas
como as águas marítimas costeiras;
Para pôr em prática uma política de gestão das águas é essencial assegurar a participação
das populações através de mecanismos devidamente institucionalizados;
A gestão dos recursos hídricos deve processar-se no quadro do planejamento territorial,
visando compatibilizar — nos âmbitos regional, nacional e internacional — o
desenvolvimento econômico e social com os valores do ambiente;
A capacidade de autodepuração dos cursos de água deve ser considerada como um recurso
natural, cuja utilização é legítima, devendo os benefícios resultantes dessa utilização
reverter para a coletividade; a utilização dos cursos de água como meio receptor de
efluentes rejeitados não deve, com tudo, provocara rotura dos ciclos ecológicos que
garantem os processos de autodepuração;
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Na definição de uma política de gestão das águas devem participar todas as entidades com
intervenção nos problemas da água; todavia, a responsabilidade pela execução dessa
política deve competira um único órgão que coordene, a todos os níveis, a atuação daquelas
entidades em relação aos problemas da água.
É importante ressaltar que a eficiência dos propósitos da gestão das águas está diretamente
relacionada ao funcionamento coordenado dos instrumentos de gerenciamento, que se
materializam através de diferentes âmbitos de atuação: administrativo, regulamentar, técnico e
econômico.
No que diz respeito ao âmbito administrativo, responsável pelas questões do gerenciamento dos
recursos hídricos, na experiência internacional, distinguem-se, de uma maneira quase constante,
três níveis:
Nacional, que estabelece a legislação básica, regulamenta os procedimentos e funciona
eventualmente como instância jurídica superior;
Regional, que se confunde com a jurisdição administrativa descentralizada ou assume a
forma de uma agência especializada no gerenciamento de recursos hídricos; e
Local, que compreende os municípios, as indústrias e frequentemente se estende à
população ou a seus representantes, através de comités consultivos e de associações.
2.2.1. Escassez de recursos hídricos
É sabido que a água é um recurso extremamente valioso e essencial à vida no planeta Terra. Está
intimamente ligada à vida de todos os seres vivos por ser o mais importante componente destes
organismos. O corpo humano, por exemplo, apresenta 70% de água; uma salada de alface e tomate,
95%; a cenoura, 85%; a água-viva (medusa) 95%. Vive-se em um planeta aquático chamado Terra
onde 70% de sua superfície é coberta de água, curiosa coincidência com o corpo humano
(UNIVERSIDADE DA ÀGUA, 2007) citado por (Dreher, 2008). Da água disponível no Mundo
(figura 1), nem toda é apta para o consumo humano. De toda a água do planeta 97,5% é salgada
estando basicamente nos mares e oceanos, e apenas 2,5% do total representa a água doce, em sua
maior parte nas calotas polares, estando apenas 0,3% disponível e de fácil acesso em lagos, rios e
lençóis subterrâneos pouco profundos (UNESCO, 1999 apud UNIVERSIDADE DE SÃO
PAULO, 2007) citado por (Dreher, 2008).
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Figura 1: disponibilidade da água na Terra (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 2007)
Diferente da energia, a água é provida pela natureza e é um elemento insubstituível para a vida
individual e coletiva. A energia pode ser substituída por fontes alternativas, como por exemplo, o
carvão pode ser substituído pelo petróleo e o petróleo por energia solar, mas a água não. Trata-se
de um recurso renovável, porém finito, que está em escassez e que depende das condições
ambientais resultantes e consequentes das próprias ações desenvolvidas pelos seres humanos. O
consumo de água mundial vem aumentando cada vez mais e mesmo ela estando em escassez se
gasta mais do que se tem disponível, continuando-se a poluir os mananciais, e desperdiçando um
volume absurdo da água que é tratada (Dreher, 2008).
Uma das principais causas da crescente demanda é o crescimento populacional, mas a má
distribuição mundial do consumo dos recursos hídricos também é um fator preocupante. De acordo
com Brasil (2002), a maior parte de água doce do mundo é consumida na agricultura, a qual é
responsável pela utilização de aproximadamente 70% da mesma. O consumo doméstico ou
humano vem em segundo lugar com 23%, seguido da indústria com cerca de 7% (figura 2).
Segundo Rebouças (2003 apud GONÇALVES, 2006), o uso da água na agricultura ocorre de
forma ineficiente, com um desperdício de cerca de 60% de toda a água fornecida a este setor. O
quadro do consumo no Brasil é semelhante podendo-se ilustrar pela demanda total de água do País
em 2003, onde 56% da água eram utilizados na agricultura (irrigação), 21% para fins urbanos,
12% para a indústria, 6% no consumo rural e 6% para a dessentação de animais (BRASIL, 2003
apud GONÇALVES, 2006) citado por (Dreher, 2008).
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Figura 2: consumo mundial dos recursos hídricos (BRASIL, 2002).
2.2.2. Principais impactos sobre o ambiente
Degradação dos leitos ou das praias, em consequência do assoreamento:
O assoreamento é a acumulação de sedimentos, que pode acontecer quando há uma
diminuição na velocidade da água em um curso de água, por exemplo, em função da
construção de barragens. Esse processo pode levar à degradação do leito do rio ou até
mesmo à redução das praias em áreas costeiras (Fernandes, 2016).
Perdas de locais com interesse geológico, histórico ou paisagístico:
A construção de barragens pode inundar áreas próximas, o que pode resultar na perda de
locais de interesse geológico, histórico ou paisagístico, como sítios arqueológicos,
monumentos históricos, paisagens cênicas e formações geológicas únicas (Gomes et al.,
2018).
Modificação da fauna dos cursos d’água, assim como da qualidade dessas águas, em
consequência da drenagem de águas pluviais de áreas agrícolas com uso de produtos
químicos, e também do lançamento de efluentes líquidos industriais e domésticos: a
construção de barragens pode afetar a qualidade das águas dos cursos d'água, pois pode
haver um aumento no lançamento de produtos químicos e efluentes líquidos resultantes de
atividades agrícolas, industriais e domésticas. Isso pode causar uma mudança na fauna
aquática e na qualidade da água (Santos et al., 2014).
Prejuízos ocasionados às espécies aquáticas diversas: a mudança na qualidade da água e na
fauna aquática pode resultar em prejuízos a diversas espécies de animais aquáticos,
incluindo peixes, crustáceos, moluscos e outros organismos (Silva et al., 2015).
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Dificuldade no tratamento da água captada para o abastecimento público: a qualidade da
água pode ser afetada pela construção de barragens, o que pode tornar mais difícil o
processo de tratamento da água captada para o abastecimento público (Santos et al., 2014).
Prejuízos ocasionados à vida de espécies superiores: a mudança na fauna aquática pode afetar a
vida de espécies superiores, incluindo aves e animais terrestres que dependem da fauna aquática
como fonte de alimento (Fernandes, 2016).
III. CONCLUSÃO
A pesquisa permitiu abordar os conceitos gerais sobre uso racional dos recursos da bacia
hidrográfica e a eficiente da água, onde observamos que as tecnologias economizadoras de água
geram resultados muito positivos.
A utilização racional dos recursos hídricos é um tema de grande relevância para a humanidade,
especialmente em um contexto de crescente escassez de água em várias partes do mundo. A água
é um recurso vital para a sobrevivência humana, além de ser essencial para o desenvolvimento
econômico e social de diversas atividades produtivas. No entanto, a utilização inadequada desse
recurso pode trazer consequências graves para o meio ambiente e para a qualidade de vida das
pessoas.
A gestão dos recursos hídricos é um desafio complexo e multifacetado, que envolve não apenas
aspectos técnicos e científicos, mas também sociais, econômicos e políticos. É necessário
promover uma utilização racional e sustentável da água, que permita a satisfação das necessidades
atuais sem comprometer as gerações futuras. Para isso, é preciso adotar uma abordagem integrada
e participativa, que leve em conta as demandas e expectativas da sociedade, bem como a
preservação dos ecossistemas aquáticos.
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IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BARBOSA, D. B., HADDAD, M. A., & COSTA, R. F. (2017). Efeito de enchentes sobre peixes
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DREHER, V. L. P. (2008). Possíveis soluções para o uso racional da água na edificação da
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FERNANDES, J. C. (2016). Meio ambiente, recursos hídricos e desenvolvimento sustentável.
Artmed Editora.
GOMES, V. H., SILVA, M. L., & PEREIRA, L. S. (2018). A bacia hidrográfica do rio São
Francisco e a importância da gestão dos recursos hídricos na promoção do desenvolvimento
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