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Elisa Cassimo

Principais Ameaças a Biodiversidade no Distrito de Lago


(Licenciatura em Ensino de Biologia com Habilitação em Ensino de Química)

Universidade Rovuma
Extensão de Niassa
2021
2
Elisa Cassimo

Principais Ameaças a Biodiversidade no Distrito de Lago

(Licenciatura em Ensino de Biologia com Habilitação em Ensino de Química)

Trabalho da cadeira de Biologia de Conservação, a ser


entregue ao Departamento de Ciências, Tecnologia,
Engenharia e Matemática, para fins avaliativos sob
orientação do MSc: Virgílio Cossa

Universidade Rovuma

Extensão de Niassa

2021
Índic
e
1. Introdução............................................................................................................................3

1.1. Objectivos.....................................................................................................................3

1.1.1. Geral.........................................................................................................................3

1.2. Específicos...................................................................................................................3

2. Metodologia.....................................................................................................................3

3. Conceitos de Biodiversidade...............................................................................................4

3.1. Principais Ameaças da Biodiversidade no Lago..............................................................5

3.1.1. Fragmentação de Habitat..........................................................................................5

3.1.2. Desmatamento..........................................................................................................6

3.1.3. Crescimento populacional........................................................................................7

3.1.4. Exploração de recursos naturais no Lago.................................................................9

3.2. Relação entre a Biodiversidade e Pobreza no Lago.......................................................10

3.3. Conservação da Biodiversidade no Lago.......................................................................11

3.4. O valor da biodiversidade em Moçambique..................................................................12

3.5. Importância da proteção da biodiversidade...................................................................12

4. Conclusão..........................................................................................................................13

5. Bibliografia........................................................................................................................14
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1. Introdução
A relação entre o Homem e o Meio ou, de outra forma, entre a Humanidade e o seu Habitat,
está indubitavelmente associada à própria sobrevivência humana, seus mitos, tradições,
religiões, culturas e sistemas políticos, filosóficos e económicos. De facto, se no início com os
humanos ancestrais (omnívoros sociais) o uso do fogo tinha um impacto limitado no seu
ambiente, a evolução subsequente separou-os das restantes espécies à medida que foram,
conscientemente, alterando o seu habitat (esta mudança paulatina teve também os seus efeitos
perversos).
Obviamente associada a esta mudança de paradigma, surge a consciência tendencialmente
mais racional e fundamentada dos impactes da humanidade nos ecossistemas, bem como das
consequentes repercussões futuras. De facto, se no passado as interações Homem-Ambiente
ocorriam, geralmente, numa escala local, agora ocorrem cada vez mais em escalas regionais,
continentais e globais, particularmente devido ao facto de que os efeitos sinérgicos e
cumulativos dos processos locais de degradação geram efeitos sobre os sistemas de escala
mais ampla. Este nexo causal impulsionou, numa primeira fase, a consciência do dano e,
subsequentemente, a formulação e operacionalização de estratégias multiescala tendo em vista
a salvaguarda e recuperação ambientais.

1.1. Objectivos

1.1.1. Geral
Avaliar as principais ameaças da biodiversidade no distrito do Lago.

1.2. Específicos
Conhecer as principais ameaças a biodiversidade no distrito de Lago;
Cracterizar as principais ameaças da biodiversidade no distrito de Lago;
Descrever as principais ameaças da biodiversidade no distrito de Lago.

2. Metodologia
Para Gil (1999), o método científico é um conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos
utilizados para atingir o conhecimento. Para que seja considerado conhecimento científico, é
necessária a identificação dos passos para a sua verificação, ou seja, determinar o método que
possibilitou chegar ao conhecimento. Para este trabalho foi necessário o uso de referencias
bibliográficas e consulta de internet para sua elaboração.
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3. Conceitos de Biodiversidade
A biodiversidade é uma preocupação crescente da comunidade internacional – a perda de
diferentes espécies de animais, plantas e micro-organismos vem se acelerando. A vida na
Terra depende da natureza. Os seres humanos precisam da diversidade biológica para o
fornecimento de serviços importantes, como alimentação e recursos hídricos. A natureza
também é uma fonte de oportunidades econômicas. A proteção da biodiversidade interessa a
todos, pois sua perda tende a provocar:
A extinção de espécies;
A perda de diversidade genética;
A propagação global de plantas e animais comuns;
Maiores mudanças no modo de funcionamento dos e• cossistemas – os quais fornecem
serviços essenciais para a vida humana (por exemplo, produtos farmacêuticos,
alimentos, madeira e purificação do ar e da água).
Segundo a Convenção Internacional sobre Diversidade Biológica (1992), biodiversidade (ou
diversidade biológica) é a variabilidade entre organismos vivos de todas as origens,
compreendendo, entre outros, ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas
aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade
dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas.
Os governos têm adotado leis, políticas e programas voltados especificamente para as
questões de biodiversidade. As Entidades de Fiscalização Superiores (EFSs) podem
desempenhar um papel importante na proteção da biodiversidade, por meio da realização de
auditoria nas ações de seus respectivos governos. As EFSs não precisam de mandatos
especiais para conduzir auditorias sobre biodiversidade. Entre 1993 e 2003, EFSs de todo o
mundo conduziram pelo menos 180 auditorias ambientais sobre ecossistemas e biodiversidade
e 247 sobre natureza e lazer. (PRIMACK & RODRIGUES, 2000).

As atividades humanas são a principal causa da perda de biodiversidade. Como declara a


Avaliação Ecossistêmica do Milênio (AEM), divulgada em 2005: “As atividades humanas
estão sobrecarregando de tal modo as funções naturais da Terra que a capacidade dos
ecossistemas do planeta de sustentar as gerações futuras já não é mais uma certeza.”
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3.1. Principais Ameaças da Biodiversidade no Lago

De entre os promotores com uma influência directa sobre os ecossistemas destacam--se as


alterações ao uso do solo, a sobre exploração de recursos, a poluição, a ocorrência de fogos, a
introdução de espécies exóticas, e, a longo prazo, o efeito das alterações climáticas. O estado
dos ecossistemas é também afectado indirectamente por forças motrizes indirectas cuja acção
tem consequências sobre as forças motrizes directas. (FAO, 2010).
1. Fragmentação de Habitat
2. Crescimento populacional
3. Poluição da água
4. Exploração de recusos naturais.

3.1.1. Fragmentação de Habitat


A fragmentação dos hábitats, causada pela urbanização e agricultura, e a super exploração dos
recursos provocam a diminuição do número de espécies. Como essas são atividades reguladas
pelo governo, as EFSs podem desempenhar um papel importante ao auditar as ações
governamentais.
Existem diversas maneiras de proteger a biodiversidade dessas ameaças. Áreas protegidas,
como parques nacionais e áreas de conservação, podem ser criadas. Espécies raras e
ameaçadas podem ser protegidas por meio de “hotspots” de biodiversidade – áreas com uma
alta concentração dessas espécies. A conservação dos componentes da diversidade biológica
fora dos seus hábitats naturais (por exemplo, zoológicos para animais vivos e espécies
relacionadas, jardins botânicos para plantas e bancos de genes para a preservação de espécies)
pode ser uma ferramenta utilizada para proteger espécies ameaçadas de extinção. (COSTA et
al, 2012).

As práticas agrícolas actualmente usadas pela maior parte da população moçambicana


são rudimentares, e portanto insustentáveis. Por exemplo, grande parte dos agricultores
recorre às margens e aos leitos dos rios e riachos para a prática da agricultura durante a época
seca, ou em anos de seca, o que pressupõe a remoção e degradação dos ecossistemas
ribeirinhos, húmidos e aquáticos (e.g. as florestas ribeirinhas, áreas húmidas e poluição dos
rios e riachos). A poluição dos sistemas aquáticos, por ser turno, causa igualmente a sua
degradação. Por outro lado, o crescimento humano acentuado (2% ao ano, INE, 2007)
associado à urbanização e satisfação das necessidades crescentes da população, constituem
também importantes factores de risco. (INE, 2009).
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Além da perda, fragmentação e simplificação ou modificação de habitats naturais como


consequência de mudanças no uso da terra, a ameaça da contaminação ambiental devido ao
uso inadequado de agrotóxicos deve ser tratada para assegurar o equilíbrio e a conservação de
elementos importantes da biodiversidade e dos ecossistemas, inclusive a sobrevivência de
diversas espécies de polinizadores importantes para a produção agrícola. Um dos principais
pontos a tratar é o sistema atual de registro de agrotóxicos em Moçambique, que precisa ser
reavaliado e melhorado para incluir a revisão periódica e a renovação de registros dessas
substâncias, entre outros aspectos.
Esta perda poderá ser acelerada se a taxas actuais de exploração madeira e caça ilegais forem
mantidas. Com o crescimento acentuado da agricultura comercial e plantações florestais de
espécies exóticas, prevê-se uma maior pressão sobre os ecossistemas naturais nos próximos
anos, principalmente ao redor dos principais corredores de desenvolvimento nomeadamente: o
Corredor da Beira (Províncias de Manica e Sofala) e o Corredor de Nacala (Províncias de
Niassa, Zambézia e Nampula). (PRIMACK & RODRIGUES, 2001).

3.1.2. Desmatamento
Os dados de desmatamento referentes aos anos de 2009 a 2013 estão atualmente em revisão
para todos os biomas extra-amazônicos por meio do Projeto de Monitoramento do
Desmatamento nos Biomas. O ano mais recente com dados já revisados e disponíveis para
todos os biomas extra-amazônicos é 2009. De acordo com os dados do PRODES e PMDBBS,
o desmatamento em 2009 variou entre 0,02% e 0,37% do tamanho total dos biomas. A Mata
Majune, que conta com a legislação anti-desmatamento mais rigorosa em vigor, foi a menos
desmatada e o de Riate, onde as pressões agrícolas são mais intensas atualmente, foi o bioma
mais afetado pelo desmatamento.
As taxas de desmatamento estão, em geral, menores do que em anos anteriores (ver 4º
Relatório Nacional para a CDB). Devido ao tamanho e importância dos Biomas, planos de
ação específicos foram criados no âmbito da Política Nacional sobre Mudança do Clima
(PNMC) para reduzir as emissões de gases de efeito estufa oriundas do desmatamento e da
mudança no uso da terra nesses dois biomas: respectivamente o Plano de Ação para a
Prevenção e Controle do Desmatamento e o Plano de Ação para a Prevenção e Controle do
Desmatamento e das Queimadas. Em 2010, esses dois biomas combinados foram
responsáveis por 89,4% das emissões de gases de efeito estufa computadas para o setor
florestal Como a PNMC estabelece metas específicas de redução de emissões para esses dois
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biomas e para a Reserva do Niassa já existem dados de satélite anuais detalhados provenientes
da Produção es para monitorar o desmatamento, a mata de Marrupa tornou-se a próxima
prioridade para o aprimoramento do monitoramento. (COSTA & SOTO, 2012).

3.1.3. Crescimento populacional


O crescimento da população é determinado por três factores: natalidade, mortalidade e
movimentos migratórios. Nesta secção, apresentamos e discutimos a tendência dos
indicadores demográficos associados ao crescimento demográfico urbano, nomeadamente a
fecundidade, a mortalidade e a migração. Os dados foram obtidos dos censos de 1997 e 2007
e dos resultados preliminares do Censo de 2017.
As estimativas do Censo de 2007 mostram que as taxas globais de fecundidade mais baixas
nas principais cidades de Moçambique registaram-se nas cidades de Lichinga (3,2),
Massangulo (3,4), Mecula (3,6), Nipepe (3,7) e Mavago (3,7). Por seu turno, as taxas globais
de fecundidade mais elevadas foram observadas em Chimoio (5,7), Maúa (5,6), Mandimba
(5,2) e Cuamba (4,9). Entre os dois censos, a fecundidade reduziu-se nas principais cidades
moçambicanas, com a excepção de Sanga. Nesta cidade, a fecundidade aumentou
ligeiramente, passando de 5 para 5,2 filhos por mulher. As maiores reduções da taxa de
fecundidade foram observadas em Cuamba, (3 filhos por mulher), seguida da cidade da Beira
(2 filhos por mulher) e Mecanhelas e Metarica (1,5 filhos cada). (INE, 2018).

Os efeitos do rápido crescimento demográfico das cidades moçambicanas devem ser


examinados em dois níveis. O primeiro concerne à cidade ou ao espaço urbano e o segundo
concerne à influência da cidade ou do centro urbano sobre a região ou o País. Quanto ao
primeiro nível, o rápido crescimento demográfico urbano, se acompanhado de um
planeamento eficiente, pode propiciara intensificação das actividades produtivas e o
desenvolvimento de uma economia urbana prospera. Na ausência do planeamento, assiste-se a
um desenvolvimento urbano que não responde as necessidades da população, particularmente
do grupo etário dominante: o infanto juvenil. a insatisfação das necessidades educacionais, de
cuidados saúde e de criação de Postos de emprego tende a ter consequências negativas que
comprometem o desenvolvimento Urbano sustentável. A par destes desafios, é também
necessário que a gestão ambiental, dada a concentração de pessoas e de consumo, seja
potenciada.
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O aspecto crítico é que a reclassificação atribuiu o estatuto de espaço urbano a


territórios dentro das cidades e vilas que apresentavam, e, em muitos casos, ainda
apresentam, fortes marcas do modo de vida rural e campesino tal como objectado por .
Porém, não é menos verdade que, nesses espaços, o carácter urbano também está e estava
presente, ainda que de modo incipiente. Portanto, é possível que a reclassificação tivesse em
vista não somente distinguir assentamentos de população urbana de assentamentos de
população rural, mas tam- bém fosse um meio para impulsionar o desenvolvimento urbano.
Esta urbanização por decreto teve e continua a ter implicações profundas no entendimento
de urbanização em Moçambi- que. Todavia, ao mesmo tempo que na década de 1980 a
reclassificação urbana impulsionou o crescimento urbano e o crescimento da população
urbana, factores de índole política e ambiental também contribuíram para a rápida
urbanização. Entre 1976 e 1992, Moçambique experimentou um clima de instabilidade
militar que levou milhares de moçambicanos a buscar refúgio nos países vizinhos, mas
também nas cidades, sobretudo nos grandes centros urbanos (HANLON, 2010).
Portanto, o papel da migração forçada do campo para a cidade foi crucial no
crescimento da população urbana. Raimundo & Muanamoha (2013) esclarecem que, a par
da instabilidade militar, os desastres naturais, especialmente as secas que assolaram
Moçambique na década de 1980.
Pouco se sabe sobre a situação actual e mudanças no nível de biodiversidade no
país devido a uma falta de monitoria de dados sobre as mudanças e
processos/actividades que ameaçam a biodiversidade. Deste modo, os factores de
pressão sobre a biodiversidade e biodiversidade remanescente foram calculados
com base no modelo Globio a escala nacional. Os factores de pressão considerados
no modelo são uso de terra, infra-estruturas, clima, fragmentação e deposição de
nitrogénio. O impacto das queimadas, os ecossistemas aquáticos e as áreas costeiras e
marinhas não estão incluídas no modelo. A biodiversidade remanescente no país e
por tipo de vegetação, indica os factores de pressão sobre a diversidade. (COSTA &
SOTO, 2012).

A biodiversidade remanescente (MSA) média calculada a nível nacional foi estimado em


57%, indicando que quase a metade dos ecossistemas originais já se encontram alterados por
diversas causas. A alteração da cobertura vegetal natural para outros fins é a principal causa
da perda de biodiversidade. As províncias de Nampula e Zambézia, a região do Corredor da
Beira, a região costeira de Inhambane e Maputo são as áreas que já perderam muito da sua
biodiversidade original.
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3.1.4. Exploração de recursos naturais no Lago


Em relação aos recursos naturais, verifica-se que a comunidade do distrito de Lago em geral
faz o uso de recursos maturais de formas ampla onde são destacados abaixo:

 Extrativismo vegetal;
 Lenha e carvão;
 Corte selectivo de madeira;
 Caça e colecta de ovos para consumo;
 Caça “esportiva”
 Caça para comercialização de couro, peles e penas;
 Caça para comercialização de objectos de decoração (corais, marfim, ossos, etc);
 Pesca interior;
 Pesca marinha;
 Colecta para formação de coleções (conchas, borboletas, etc);
 Colecta para comércio de animais de estimação;
 Colecta para suprir espécimes para circos, zoológicos e institutos de pesquisas
biomédicas.
Pode procurar-se explicar os padrões de riqueza específica: ela aumenta com a complexidade
estrutural do habitat. Na zona pelágica, marinha, longe da costa, a Biodiversidade é mais
baixa, pois não há uma grande variedade de habitats. A base da cadeia alimentar é o
fitoplâncton e os animais que lá vivem, vivem deslocando-se. Mesmo em zonas tropicais, a
diversidade das zonas pelágicas é baixa. Na floresta, a Biodiversidade é maior do que nas
pradarias, pois o número de nichos é superior. Há uma diversidade vertical, que não há em
zonas abertas, e deve também haver clareiras, que aumentam a diversidade dos habitats.
(MICOA et al, 2003)

A riqueza específica aumenta das ilhas para os continentes; de um modo geral, nos
continentes há uma maior diversidade de habitats e, portanto, maior diversidade. Isto não é
linear e em ilhas grandes, como Madagáscar, a Biodiversidade pode ser alta. As ilhas são um
habitat confinado.

A riqueza específica também aumenta com o aumento dos níveis de produtividade, mas
apenas até níveis médios, diminuindo para níveis altos de produtividade. Aquele parâmetro
aumenta ainda com níveis intermédios de perturbação (teoria da perturbação intermédia),
devido ao aumento de mosaicismo.
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Dentro do valor instrumental ou utilitário, há quem se dedique a atribuir um valor financeiro à


Biodiversidade, o que é útil para expor a políticos, economistas e outros. O marfim, por
exemplo, tem um valor, mas algumas espécies não têm um valor quantificado. Os colêmbolos
e os coleópteros têm um valor na decomposição que se procura quantificar, mas o valor não é
tão óbvio quanto o do elefante. O do elefante é relativo ao marfim e às visitas a parques
naturais. O valor da polinização efectuada pelos insectos é também muito grande. Em Trás-
os-Montes, os territórios com amendoeiras provocam variabilidade no habitat. Uma forma de
determinar o valor de uma coisa deste tipo é averiguar, com inquéritos, quanto é que as
pessoas estavam dispostas a pagar para manter esses ambientes. A demonstração do valor das
coisas permite comunicar o valor à população. (MICOA et al,2003).

3.2. Relação entre a Biodiversidade e Pobreza no Lago


O distrito de Lgo é um distrito pertencente ao província de Niassa com níveis altos de
pobreza, onde pleo menos 70% da sua população depende directamente dos recursos naturais
para a sua sobrevivência. A agricultura, a principal base da economia, é ainda feita com base
em técnicas rudimentares e dependentes de processos naturais tais como a chuva e a
recuperação da fertilidade de solo através do pousio de terras. A lenha e o carvão são as
principais fontes de energia para a população suburbana e rural e constituem, junto com a
agricultura itinerante, uma das principais causas de perda de biodiversidade. (FAO et al,
2010).

As análises realizadas mostram uma relação linear negativa entre o nível de conservação de
biodiversidade e densidade populacional e a intensidade de uso de energia lenhosa. A
correlação entre a biodiversidade e pobreza não mostra uma linearidade significativa em
termos estatísticos. Entretanto, nota-se uma tendência que sugere que quanto maior for a
incidência da pobreza, maior é a biodiversidade. Acredita-se que as relações entre a
biodiversidade e pobreza são mais complexas e necessitam mais análise detalhada.

Teoricamente, o nível de desenvolvimento está associado a perda de biodiversidade, tal que


o aumento do produto interno bruto (PIB) é acompanhado de redução de diversidade
biológica. Porém, existe um ponto de divergência em que pode resultar num colapso
quando a perda de biodiversidade não é acompanhada de uma utilização mais
eficiente dos recursos gerados, resultando numa perda dupla, na biodiversidade e na
capacidade de geração de receitas. Caso se tomem medidas de conservação apropriadas que
resultem no aumento da biodiversidade, mas também aumentando as receitas, ganhos
11

duplos podem ser obtidos: na biodiversidade e na capacidade de geração de rendimento.


Esta última é a situação desejável enquanto que a primeira é totalmente desfavorável tanto
para a redução da pobreza assim como a conservação da biodiversidade.
A integração dos dados de biodiversidade (MSA) e de pobreza (incidência da
pobreza) permitiu a estratificação dos distritos em categorias. O resultado desta análise é
apresentado . Mais de metade dos distritos encontram-se em situação concomitante de
pobreza e baixa biodiversidade, e cerca de 6.5% dos distritos encontram-se numa situação
que se pode considerar severa, devido a interacção das piores condições sobre as duas
perspectivas (Alta pobreza e Baixa biodiversidade).

3.3. Conservação da Biodiversidade no Lago


Reconhecendo o valor da biodiversidade em Moçambique, tanto a nível nacional como
global, o GdM tem apostado principalmente, em estratégias de conservação in-situ. Assim,
nos últimos 5 anos a rede nacional das Áreas de Conservação (ACs) aumentou,
substancialmente, de modo a incluir os ecossistemas que não estavam anteriormente
representados, passando a representar cerca de 26% da superfície do país. Neste contexto, foi
criada a única área aquática protegida de água doce, a Reserva Parcial do Lago Niassa. As
áreas de conservação marinhas foram também ampliadas com a criação da Área de Protecção
Ambiental das Ilhas Primeiras e Segundas, bem como a Reserva Marinha Parcial de Maputo
– Ponta do Ouro. Alguns santuários marinhos foram, igualmente, declarados. Em relação a
áreas terrestres, foi estabelecido o Parque Nacional de Mágoè e várias coutadas. Em termos
de representatividade, os ecossistemas terrestres estão adequadamente representados no
sistema de ACs, e a maior parte dos hotspots de riqueza e endemismo de espécies está dentro
dessa rede, com excepção de alguns montes-ilha, tais como os montes Mabu, Chiperone e
Namúli, apesar do seu reconhecido valor em termos de biodiversidade (ALVES & SOUSA,
2009).
12

3.4. O valor da biodiversidade em Moçambique


Em Moçambique, a biodiversidade representa o sustento de mais de 90% da população
humana que depende dela, directa ou indirectamente, para a sua alimentação, saúde,
habitação, energia, entre outros. Adicionalmente, a diversidade biológica possui um papel
relevante no equilíbrio climático global. Possui ainda um elevado valor na economia nacional,
porquanto os ecossistemas fornecem bens e serviços, que contribuem para a estabilização das
economias rurais e urbanas, à escala nacional. Assim, o valor da conservação da
biodiversidade não deve estar dissociado do seu valor sócio-económico, pelo que a presente
estratégia e o respectivo plano de acção reconhecem esta intrínseca associação de valores.

A maior parte das florestas nacionais está associada a uma diversidade faunística
considerável, a qual representa potencial turístico e sócio-económico, ao providenciar fonte de
nutrição e de rendimento para a maioria da população moçambicana. Contudo, devido a
factores antropogénicos, como a caça furtiva, queimadas descontroladas, exploração
desregrada dos recursos florestais, expansão da agricultura e assentamentos humanos,
mineração e desenvolvimento de infrastruturas sociais e económicas, muitas espécies de fauna
reduziram a sua abundância e a sua área de distribuição e outras foram extintas nos últimos 30
anos, ameaçando não só a integridade dos ecossistemas mas também a produção de receitas e
a subsistência das famílias rurais.

3.5. Importância da proteção da biodiversidade


A vida na Terra depende da natureza. Os seres humanos precisam da diversidade da natureza
para serviços importantes, como a alimentação e os recursos hídricos. A natureza também é
uma fonte de oportunidades econômicas. A proteção da biodiversidade interessa a todos.

A Biodiversidade tem valor utilitário e intrínseco, isto é, o valor da Biodiversidade


pode ser dividido em utilitário e intrínseco. As espécies têm importância nas cadeias
alimentares (podem ser utilizadas em controlo de pragas) e podem ter compostos importantes
em termos farmacológicos (muitos fármacos derivam, em última instância, de seres vivos). A
Biodiversidade tem um valor intrínseco do mesmo modo que uma vida humana o tem. Os
seres vivos podem ter um valor intrínseco tão alto só por si, que deve ser a motivação para a
sua conservação.
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4. Conclusão
Como resultado do crescimento e desenvolvimento urbano sustentável, as cidades
moçambicanas podem converter-se em núcleos de inovação tecnológica e mercados
dinâmicos que beneficiem a região e o País. Portanto, o desenvolvimento urbano sustentável
das cidades moçambicanas é fundamental para o desenvolvimento da economia do País. Tal
sustentabilidade deve assentar no reconhecimento do direito à cidade, o que pressupõe não
somente o direito de viver na cidade, mas também de influenciar o desenvolvimento urbano
de modo que este não responda somente aos interesses do grande capital ou do Estado. Por
fim, entendemos que este trabalho abre espaço para que se estude aprofundadamente a
dinâmica do crescimento urbano em Moçambique de modo a perceber se o processo de
transição urbana ora em curso está associado à constituição de uma hierarquia e de uma rede
urbana em Moçambique. Tal é importante para o desenho de políticas de desenvolvimento
urbano.
14

5. Bibliografia
1. COSTA, D.; Soto, B. 2012. Meio Ambiente em Moçambique: Notas para reflexão
sobre a situação actual e os desafios para o futuro.
2. FAO. 2010. Global Forest Resources Assessment 2010: Country Report
Mozambique. FRA2010/140. Rome.
3. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5.ed. São Paulo: Atlas, 1999.
4. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos metodologia científica. 4.ed. São
Paulo: Atlas, 2001.
5. MARCONI, M. A; LAKATOS, E. V.. Metodologia científica. São Paulo: Editora
Atlas, 2004.
6. MICOA. 2003. Estratégia e Áreas de Acção para a Conservação da Diversidade
Biológica em Moçambique. Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental
(MITADER), Maputo.
7. MICOA. 2007. Plano Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas. Ministério
para a Coordenação da Acção Ambiental. Maputo.
8. PRIMACK. C. M. F. Rodrigues. Biologia da conservação. 4ª edição. São Paulo. 2000.

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