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FRAGMENTAÇÃO, EFEITO DE BORDA E PERDA DE

BIODIVERSIDADE

O crescente avanço do desenvolvimento em direção da Amazônia tem sido


responsável pelo acelerado processo de fragmentação das paisagens do bioma da
Amazônia. Atividades agrícolas (pastagem e cultivo), incêndios florestais, construção de
barragens, mineração e exploração de recursos da fauna e flora resultam na perda da
biodiversidade. Para crescer de forma sustentável é preciso que as instituições
governamentais e não governamentais busquem alternativas para valorizar os elementos
da biodiversidade. Anseia-se que esses valores sejam considerados nas discussões
voltadas para o desenvolvimento econômico e nas aplicações de educação e gestão
ambiental. Estudos sobre os efeitos da fragmentação florestal sobre a estrutura genética
das espécies são importantes para o pl anejamento e gerenciamento de estr atégias de
conservação. A f ragmentação de habitats é uma das mais i mportantes e difundidas
conseqüências da atual di nâmica de uso da terra pelo homem (Brooks et al. 2002). A taxa
com que o homem está alterando as paisagens naturais é muitas vezes maior do que a
da dinâmica de perturbação natural dos ecossistemas (Goling e Willi an 2000). A
transformação de habitats em pequenos remanescentes impõe uma grande ameaça para
muitas espécies selvagens (Ricklefs 2003, Pattanavibool 2004), devido à diminuição da ca
pacidade dos organismos em se deslocarem em decorrência das modi ficações ocorridas.
A ocupação humana e a modificação do uso das terras, esta convertendo paisagens
naturais em áreas de cultivo, pastagem e urbanização (Brooks et al. 2002; Myers et al
2000; Goling and Willian 2000; Begon et al. 1999). Com isso, restam apenas pequenos
fragmentos de paisagens naturais, muitas vezes isoladas, tornando-se numa área insular
entre as ati vidades humanas (Brooks et al . 2002). A resposta das espécies existentes
nesses fragmentos dependerá da sua capacidade de sobrevivência dentro desses
fragmentos (Laurence 1991). Algumas espécies conseguem se adaptar, pr osperar e
circular livremente nas áreas fragmentadas, ao passo que a maioria, que não consegue,
sofre extinção local. Portanto, muitas vezes os remanescentes naturais são pequenos
e(ou) isolados e acarretam a exti nção local das espécies (Goling e Willian 2000). A
destruição de habitats resulta na fragmentação destes, aumenta a perda de habitat
original, reduz o tamanho e aumenta o isolamento das manchas de habitat (Scribner et al
2001, Curtis e Taylon 2004). O perfil dos remanescentes florestais pode diferir na f orma,
tamanho, microclima, regime de luminosidade, solo, grau de isolamento e tipo de
propriedade. Conseqüentemente, a fragmentação da floresta pode i nfluenciar os padrões
locais e regionais de biodiversidade devido à perda de micro-habitats únicos, isolamento
do habitat, mudanças nos padrões de dispersão e migração e erosão do solo (Laurence
1991). Adicionalmente, os efeitos de borda, que podem alterar a
distribuição,comportamento e sobrevivência de espécies de plantas e animais, serão
magnificados em ár eas de alta intensidade de fragmentação florestal. As modificações
nas paisagens afetam de forma difer enciada os parâmetros demográficos de
mortalidade e natalidade de diferentes es pécies e, portanto, a estrutura e
dinâmica dos ecossistemas. No caso de espécies arbóreas, a alteração na
abundância de polinizadores, dispersores, predadores e patógenos afetam as
taxas de recrutamento de plântulas. Os incêndios e mudanças microclimáticas
atingem de forma mais intensa as bordas dos fragmentos, alterando as taxas
de mortalidade de árvores (Brooks et al. 2002).As evidências científicas sobre
esses processos têm crescido nos últimos anos. No Brasil, a exploração
antrópica da Amazônia tem ocasionado a perda da sua biodiversidade devido à
substituição das paisagens naturais por campo agrícola, pastagens e
urbanização (Klink 2005). Estima -se que já tenha perdido mais de 30 % da sua
área original, e que os cenários científ icos mostram uma tendência de
aumento desse processo. A criação de gado, exploração da madeira, atividades
relacionadas com mineração e mais recentemente com a possibilidade da
expansão agrícola por causa do programa de biocombustível e geração de
energia hidrelétrica incentivado pelo governo, estão entre as principais
ameaças. Assim, o grande desafio dos órgãos ambientais é evitar que a
floresta Amazônica tenha o mesmo destino do Cerrado e da Mata Atlântica,
sobretudo porque há muitas espécies que ainda não foram catalogadas. Além
do mais, a perda da biodiversidade do bioma Amazonico podera trazer
consequencias globais.
O planejamento e manejo de reservas naturais deve necessariamente
considerar os efeitos da fragmentação da floresta relacionados à persistência
das espécies e dos mecanismos ecológicos. Se a área de uma reserva natural
está abaixo do tamanho mínimo necessário para que seja mantida a população
de uma espécie, então a espécie estará em risco de extinção nessa reserva. A
fusão rápida do conhecimento científico com políticas públicas, relacionadas ao
uso e ocupação do solo, é urgente para evitar uma degradação ambiental
intensa e, pró-ativamente, manejar as áreas naturais que irão enfrentar grande
onda de desenvolvimento no futuro. As ações econômicas, social, política e
ambiental decidirão sobre o destino das espécies e dos mecanismos que
sustentam a vida. Dessa forma, a sociedade deverá tomar decisões embasadas
nos conhecimentos científicos e tecnológicos.
Dore e Webb (2003) analisaram um estudo de caso para determinar o
valor da biodiversidade. Foi realizada uma prospecção da biodiversidade para
procurar compostos químicos e informação genética produzidos por
organismos silvestres e, que pudesse ter algum valor comercial, cujo pr eço
refletisse no mercado. O comércio agrícola, a indústria farmacêutica e de
cosméticos têm grande interesse nessas aplicações. Esperava-se que a
prospecção fosse utilizada para determinar um valor comercial para a
preservação de áreas ricas em biodiversidade. Mas, existem diversos
problemas de regulamentação de direito a propriedade. Por isso, as
companhias farmacêuticas freqüentemente contratam coletores. De fato, seu
custo de prospecção está as sociado às despesas com o coletor, ficando a
preservação da área para segundo plano.
Uma ampla classe de valoração, utilizada por economistas de recursos,
tem sido valorar o estoque de uma espécie (Perrings et al. 1995 apud Dore e
Webb 2003). Essa abordagem engloba diversos conceitos de valoração
econômica, novos e antigos. A abordagem dos economistas de recursos é uma
forma de valorar passo a passo uma única espécie, tentando primeiramente
calcular sua biomassa. Dada a natureza do crescimento biológico, a equação
logística tem sido muito utilizada para estimar a biomassa de uma espécie. A
essa biomassa poderá ser atribuído um valor de diversas formas: pode ser
atribuído um valor direto (de consumo) como alimento ou como uma espécie
estruturante. Valores diretos de existência e herança também podem ser
atribuídos à espécie. Contudo, de uma forma geral, os diferentes métodos
podem ser classificados em dois grandes grupos, os métodos diretos e
indiretos de valoração econômica da biodiversidade. A economia da natureza
interpreta que relação ambiente-economia em termos da segunda lei de
termodinâmica. A segunda lei vê a atividade econômica como um processo
dissipativo. A partir desta perspectiva, a produção de bens econômicos e
serviços invariavelmente requerem o consumo de matéria e energia
disponíveis no amb iente. A economia necessariamente se alimenta de
recursos de energia/matéria de alta qualidade (baixa entropia) para crescer e
desenvolver. Isso tende a desordenar e homogeneizar a ecosfera. A
ascendência da humanidade acompanhada por uma taxa crescente de
degradação ambiental, resultando na perda da biodiversidade, redução dos
sistemas naturais e poluição da água, ar e solo. Em suma, o paradigma
dominante de desenvolvimento econômico baseado no crescimento é
fundamentalmente incompatível com a sustentabilidade social e ecológica
(Rees 2003).
Então a valoração da biodiversidade deve ser estudada, utilizada e
difundida, sendo uma ferramenta aliada e imprescindível nas políticas
econômicas e sociais. Além disso, a valoração é essencial dentro da nova visão
da economia ecológica, que prevê a internalização das externalidades
(positivas ou negativas). Portanto, entre o desafio de at ribuir valores aos
elementos da biodiversidade, reduzir os processos de fragmentação das
paisagens naturais e buscar um de senvolvimento de forma sustentável, está a
necessidade urgente da aplicação dos instrumentos de gestão ambiental. Inclui
-se não só o estabelecimento e aplicação das leis, mas a ética em todos os
setores - político, governamental, empresarial e social - para inserir nas
discussões econômicas e sociais os valores ecológicos (Ricklefs 2003). Por out
ro lado, é preciso que haja aplicação da educação ambiental nos setores da
sociedade.
Por meio da educação ambiental é possível sensibilizar as pessoas e
mostrar que os seres humanos dependem do ambiente para obtenção dos recursos que
necessitam para a sua sobrevivência e, principalmente, que esses recursos são finitos.
Ainda, que sejam levadas as informações dos s e pesquisadores a todas as camadas da
sociedade, para que a mesma possa r efutar os acontecimentos. Tais informações devem
ser avaliadas por cada indivíduo, pois a sustentabilidade do planeta depende
primordialmente da ação de todos. Entretanto, a esfera política precisa estar bem
assessorada para tomar deci sões corretas que contribuam para manutenção dos
ecossistemas. Além disso, devemos ter ciência que nós fazemos parte da biodiversidade
e, não temos a moral de sentenciar uma espécie à extinção e beneficiar outra porque a
consideramos mai s valiosa ec onomicamente em relação à anterior. Para isso, torna-se
necessária a mudança dos nossos valores e só assim t eremos a possibilidade de ter um
pl aneta sustentável. Dessa for ma, a prática da educação ambiental como instrumento de
gestão, juntamente com as políticas públicas eficientes, e governância são
imprescindíveis para que o Brasil minimize e conserve seus recursos naturais.
Dentre os vários temas i ntegrados possíveis de investigação na Amazônia, os que
estão mais relacionados com o processo de gestão territorial da região são o
planejamento e a implementação de territórios sustentáveis, ou seja, um mosaico de usos
de terra complementares gerenciados de forma integrada que permitam conservar a
biodiversidade e manter tanto a dinâmic a dos processos ecológicos como a dinâmica
socioeconômica de um determinado território. É necessário o manejo florestal sustentável
(Litlle 2003) e a participação social (Nascimento 2003). Para isso, é preciso integrar e
aplicar os conhecimentos científicos para desenvolver modelos sustentáveis de uso do
território na região. Outros mecanismos de resposta à conservação ambiental incorporam,
também, a importância da agricultura familiar, a lógica dos créditos de carbono, a
agricultura de floresta , o artesanato e o ecoturismo sustentável para diminuir os impactos
dos produtores nessas regiões. A sustentabilidade depende de modelos alternativos de
gestão ambiental. Políticas locais, regionais e federais devem convergir na mesma
direção. Da prática c oerente de instrumentos de educação e gestão ambiental com
instrumentos econômicos de desenvolvimento ( Bursztyn 2001). Assim, os recursos
naturais existentes na Amazônia dependem de políticas públicas eficientes para minimizar
o processo de fragmentação que ocorre na região de f orma crescente. Portanto, a
sociedade brasileira j untamente com as comunidades existentes na A mazônia deve
atribuir valor aos elementos da biodiversidade e aplicar valores morais que possam
contribuir para a sustentabilidade do planeta.

EFEITO DE BORDA

Efeito de borda é uma alt eração na estrutura, na composição e/ou na abundância relativa
de espécies na parte marginal de um fragmento. Tal efeito seria mais intenso em
fragmentos pequenos e isolados.
Esta alteração da estrutura acarreta em uma mudança local, fazendo que plantas que não
estejam preparadas para a condição de maior estress hídrico, característico das regiões
de borda, acabem perecendo, acarretando em mudanças na base da cadeia alimentar e
causando dano s à fauna existente na região.
Muitas vezes essa morte dentre os integrantes da flora na região de borda, acarreta na
ampliação desta região, podendo atingir segundo alguns autores, até 500m.
Na Floresta Atlântica, a maior parte dos remanescentes florestais, especialmente em
paisagens intensamente cultivadas, encontra-se na f orma de pequenos fragmentos,
altamente
perturbados, isolados, pouco conhecidos e pouco protegidos (Viana & Pinheiro, 1998). A
fragmentação florestal é um dos fenômenos mais marcantes e graves do processo de
expansão da fronteira agrícola no Brasil (Viana et al., 1992), provocando o isolamento de
trechos de floresta de diferentes tamanhos, em meio a áreas perturbadas, ficando a
periferia do fragmento mais exposta à insolação e à modificação do regime dos ventos.
Essas mudanças provocadas pelos l imites artificiais da f loresta sãochamadas ef eito de
borda e têm enorme impacto sobre os organismos que vivem nesse s ambientes
fragmentados . Uma forma de se estudar essas mudanças é observar o padrão de
agregação das espécies que pode ocorrer em respost a a diferenças locais entre habitat.
Pelas mudanças provocadas nas condições do local, o efeito de borda afeta o padrão de
distribuição espacial das espécies. A distribuição diamétri ca busca permitir a avaliação
prévia de condições dinâmicas da floresta, possibilitando previsões futuras quanto ao
desenvolvimento da comunidade vegetal. E, através da avaliação da estrutura vertical em
populações, pode -se identificar o comportamento ecológico e o hábito de cada
população.
Outro ponto importante no estudo do comportamento das espécies seria com relação ao
estudo de grupos sucessionais. A se paração das espécies ar bóreas em grupos
ecológicos é uma maneira de possibilitar o manuseio do grande número de espécies da
floresta tropical, mediante seu agrupamento por funções semelhantes e de acordo com as
suas exigências. Os estudos dos grupos sucessionais servem não apenas para que se
possa recuperar a vegetação original mas, também, porque em cada uma de suas fases
se encontram potencialidades biológicas de grande utilidade para o homem, por exemplo,
os grupos de espécies de rápido crescimento, que podem ser exploradas
comercialmente .

PERDA DE BIODIVERSIDADE

Será que deveriamos nos preocupar com a extinção das espécies? Até pococo
tempo atrás, a diversidade da vida vem aumento aos niveis mais elevados de que se tem
conhecimento na história da Terra. Contudo a exploração da natureza pelo homem tem
tido ainda, consequencias prejudiciais para a diversidade do planeta. Segundo
estimativas, cerca de 150 tipos únicos de organismos são extintos diariamente. È bem
verdade que muitas espécies de plantas e animais estão desaparecendo e continuarão a
desaparecer em decorrencia de atividade humana no passado e no presente, mas será
qe essa perda afeta o funcionamento do ecossitema e influenciam o bem esta da
humanidade?
A ciencia conhece quase dois milhões de especies, mas acredita que existam pelo
menos 10 milhões ou até 30 milhões. Com esse grande número de espécies e a vasta
diversidade que representam, seria realmente tão importante se perdessemos algumas,
ou muitas que sejam? Afinal, a extinção é um processo natural, mais de 99% de todas as
espécies que já existiram estão j=hoje extintas. Além disso muitas espécies são
consideradas redundantes, o que significa que desempenham as mesmas funções dentro
de um ecossitema. Sendo assim, a perda de todas as espécies que desempenham uma
certa função, com exceção de uma, não deveria importar.
Em primeiro lugar, qualquer possível efeito negativo no funcionamento do
ecossitema deve-se não apenas a perda de espécies propriamente deitas, mas a
velocidade com que estão desaparecendo. Hoje em dia as espécies estão desaparecedo
de 100 a 1000 vezes mais rapidamente do que em épocas anteriores a existência do
homem na terra, e a extinção adicional das espécies ameaçadas pode acelerar
substancialemnte essa perda. Além disso, para cada 10.000 espécies que se extinguem,
somente uma nova espécie chega a evoluir. Portanto a velocidade de perda de
biodiversidade atual supera largamente a velocidade com que a natureza consegue
efetuar uma copemsação a se adaptar.
Em segundo lugar, as espécies redundantes conseguem se proteger contra as
mudanças de função do ecossitema, no caso de perda de espécies, somente até certo
ponto. Contudo, os organismos classificados por nós como identicos em função, muitas
vezes demonstram diferir o suficiente para adquirir uma importância siginificativa no
funcionamento do ecossistema. Mesmo que algumas espécies sejam redundantes em
termos da função que desempenham, elas geralmente tem diferentes condições
ambientais favoráveis ao seu cresciemnto e reprodução, o que é uma proteção contra as
mudanças no ecossitema se as condições ambientais se alterem. \consequentemente a
perda de espécies pode não só cuasar efeitos num ecossitema, mas também afetar a sua
capacidade de proteção contra futuras mudanças ambientais.
Portanto verificamos que as espécies estão desaparecendo mais rapidamente do
que nunca, qu a natureza não consegue acompanhar essa granderapidea de extinção e
que as espécies ecológicas equivalentes são importantes como proteção contrafuturas
mudanças no ambiente. Portanto existem motivos de preocupação.

CORREDORES ECOLÓGICOS

Como instrumento de gestão territorial, os Corredores Ecológicos atuam com o


objetivo específico de promover a conectividade entre fragmentos de áreas naturais. Eles
são definidos no SNUC como porções de ecossistemas nat urais ou seminaturais, ligando
unidades de conservação, que possibilitam entre el as o fluxo de genes e o movimento da
biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem co
mo a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com
extensão maior do que aquelas das unidades individuais.
Os Corredores Ecológicos visam mitigar os efeitos da fragmentação dos
ecossistemas promovendo a ligação entre dif erentes áreas, com o objetivo de
proporcionar o deslocamento de animais, a dispersão de sementes, aumento da cobertura
vegetal. São instituídos com base em informações como estudos sobre o deslocamentos
de espécies, sua área de vida (área necessária para o suprimento de suas necessidades
vitais e reprodutivas) e a distribuição de suas populações.
A partir destas informações são estabelecidas as regras de utilização destas áreas,
com vistas a possibilitar a manutenção do fl uxo de espécies entre fragmentos na turais e,
com isso, a conservação dos recursos naturais e da biodiversidade. São, portanto, uma
estratégia para amenizar os impactos das atividades humanas sob o meio ambiente e
uma busca ao ordenamento da ocupação humana para a manutenção das funções
ecológicas no mesmo território.
As regras de utilização e ocupação dos corredores e seu planejamento são
determinadas no plano de manejo da Unidade de Conservação à qual estiver associado,
incluindo medidas com o fim de promover sua integração à vida econômica e social das
comunidades vizinhas.
Os Corredores Ecológicos são criados por ato do Ministério do Meio Ambiente. Até o
momento foram reconhecidos dois corredores ecológicos:
 Corredor Capivara-Confusões
 Corredor Caatinga

DISPERSÃO DE FAUNA E FLORA

Muitos animais vivem e m comunidade, formando grupos sociais, compostos por


elementos da mesma espécie: bandos, alcateias, cardumes, etc. Há também animais que
vivem isol ados. Mas até estes têm necessidade de se juntar para se reproduzir em, nem
que seja apenas no acto do acasalamento. Além disso, mães e crias formam grupos, mais
ou menos t emporários, conforme as espécies. A f êmea de Urso-pardo passa cerca de
três anos com a cria. Por outro lado, algumas espécies de aves são nidífugas, ist o é,
assim que nascem abandonam o ninho, o que não quer dizer que os pais, ou pelo menos
um deles, não acompanhem a prole. No fundo, todos os animais têm a necessidade de,
pelo menos em algum momento, par tilhar o espaço com outros animais da mesma
espécie.
Qualquer grupo obedece a regras internas, normalmente defi nidoras de hierarquia
social, mantendo assim o equilíbrio dos laços existentes. São inúmeros os
comportamentos sociais das diversas espécies que os etólogos tentam registar e
compreender. O facto de os animais poderem viver isolados ou em comunidade, poderá
estar ligado a factores derivados da pressão competitiva: em grupo aumenta a pressão
por alimento, por parceiro sexual ou pelo local de reprodução. O risco de contágio por
doença aumenta também, além de que vários animais juntos são mais facilmente
detectáveis pelos predadores, do que quando se encontram isolados. Mas viver em
comunidade também au menta o número de olhos, narizes e orelhas al erta para o perigo.
Entre os predadores, a cooperação conjunta torna mais fácil a caçada, além de poder
proporcionar a capt ura de presas muito maiores do que seria possível obter
isoladamente. Existem também casos de cooperação na criação da prole, com as
evidentes vantagens de tal facto. Os jovens adultos, dependendo de vários factores,
podem fi car no grupo familiar ou partir para formarem a sua própria família ou para
viverem isoladamente. O habitat, a distribuição de alimento, o sistema de acasalamento e
os riscos de endogamia, par ecem determinar, em grande medida, o nível de dispersão
dos jovens animais em relação ao seu local de nascimento. Dependendo da espécie, os
factores que mais influenciam a dispersão variam, e dentro de cada espécie, pode
também haver diferentes formas de dispersão. Quando os jovens ficam na sua área natal,
partilhando o território com os progenitores, falamos em filopatria natal. Esta estratégia
tem vantagens e custos. O grau de parentesco entre os elementos do grupo aumento o
risco de endogamia, com a consequente redução de variabilidade genética, o que é uma
evi dente desvantagem evolutiva. No entanto, a consanguinidade pode favorecer a
“selecção” de genes que determinem uma boa adaptação a um determinado habitat.
Entre outros custos da vida em grupo, podemos referir o aumento da densidade
populacional, que fará subir a competição por recursos e parceiros se xuais, bem como
por abrigos ou l ocais de reprodução.
Segundo algumas teorias sociobiológicas, porém, a vida em sociedade leva à
redução da agressividade entre os membros e ao aumento dos comportamentos
altruístas. Outra vantagem da vida social dos animais é a de um melhor conhecimento do
local onde o grupo habita. A dispersão tem, também, custos e benefícios. Se, por um lado,
evitam assim a consanguinidade, por outro, di spendem muita energia deambulando à
procura de novos territórios, além de que não conhecem as novas áreas para onde se
deslocam. Podem ainda encontrar muita resistência e agressividade por parte de
indivíduos que habitem territórios por onde passem ou para onde se desloquem. Portanto,
a dispersão e a filopatria têm, cada qual, os seus custos e benefícios. Uma solução de
compromisso, que adoptasse comportamentos de dispersão e de filopatria poderia ser
uma boa estratégia. Foi o que fizeram muitas espécies, especialmente entre as aves e os
mamíferos.
Em geral, dá-se uma diferenciação por sexos: enquanto os elementos de um dos
sexos ficam no local de nascimento, os do outro sexo partem. Assim, evitam os problemas
de endogamia, e os membros que permancem, desfrutam das vantagens da filopatria.
Curiosamente, parece haver uma tendência para que, nas aves, se dispersem as
fêmeas, enquanto nos mamíferos são os machos que maioritariamente se dispersam.
Alguns etólogos têm tentado explicar esta tendência que, reafirme-se, é uma tendência,
com excepções. Um dos etólogos que se debruçou sobre o assunto, Paul Greenwood,
publicou um artigo em 1980, onde explana duas hipóteses para explicar o comportamento
de aves e mamíferos quanto à dispersão. Começando por admitir que uma se paração
comportamental entre sexos, um deles ficando no local onde nasceu o outro partindo para
novas paragens, traria evidentes vantagens para a espécie, e acrescenta uma explicação
para as diferenças entre aves e mamíferos. Essa diferença,segundo Greenwood, baseia-
se no modo diverso como os machos de aves e de mamíferos competem por parceiras.
Os mamíferos são maioritariamente poligínicos, isto é, cada macho defende um grupo de
fêmeas, competindo com outros machos pelas parceiras. Os machos jovens e os
subordinados, impedidos de chegar às fêmeas, aumentam as suas possibilidades de
acasalamento quando se dispersam. As fêmeas, normalmente, vivem em grupos
matralineares (compostos por mães, filhas e netas), beneficiando das vantagens daí
decorrentes. Assim, os machos são “forçados” a dispersarem-se para evitar os problemas
de uma elevada taxa de consanguinidade. Por outro lado, as aves são maioritariamente
monogâmicas. Os machos, em vez de competirem directamente pelas fêmeas, competem
por locais com bons recursos (em alimentação e em locais de nidificação), locais esses
que atrairão as potenciais companheiras. O conhecimento do local será, então, mais
importante para os machos do que para as fêmeas. Estas, dispersando-se evitam os
problemas genéticos da endogamia e escolhem os terr itórios com melhores recursos.
Mas estas hipóteses, funcionando bem na generalidade, têm muitas excepções, como no
caso dos mamíferos territoriais, em que seria de es perar que se verificasse a hipótese
dos machos teritoriais das aves, e que ocorresse a dispersão das fêmeas. Tal não
acontece na maioria dos casos. Surgiram então mais hipóteses para explicar as
diferenças entre sexos na dispersão. Primeiro, em 1989, em relação aos mamíferos, por
Clutton-Brock, e depois expandido às aves, por Wolff e Plissner, em 1998. Em ambos os
casos, os autores partem do princípio de que a filopatria é preferencial à dispersão. E que
o primeiro sex o a ter oportunidade de se reproduzir será o que escolherá ficar no
território, enquanto o outro sexo ir á dispersar-se. Uma vez que as fêmeas dos mamíferos
amamentam e cuidam das suas crias, os machos, geralmente, não apresentam cuidados
parentais.
Daqui resulta que os machos estão livres para vaguear para longe. Quando a sua
descendência feminina alcança a idade de reprodução, muito provavelmente, o pai não
estará presente, permitindo às f ilhas não t erem de se ausentar para evitar a
consanguinidade. Se o macho reprodutor estiver presente quando as suas filhas atingem
a idade reprodutora, são estas que se dispersam. Uma outra hipótese, sus tentada por
Stephen Dobson em 1982, af irma que nos mamíferos poligínicos, a competição por
parceiros sexuais é maior nos machos do que nas f êmeas, daí serem os machos a
dispersarem-se. Por outro lado, nos mamíferos monogâmicos, os níveis de competição
por parceiros sexuais serão mais equivalentes, pelo que a dispersão entre sexos tenderá
a efectuar se em proporções equivalentes. Os dados parecem cor roborar esta hipótese.
Mas também aqui existem lacunas: como explicar, então, por exemplo, o comportamento
das fêmeas nas espécies de aves monogâmicas, em que, maioritariamente, são estas a
dispersar-se?
Em 1985, surge uma terceira hipótese, desenvolvida por Olof Liberg e Torbjörn von
Schantz, apelidada de Hipótese de Édipo. Aqui, os autores colocam a enfase nos
reprodutores e não nos jovens adultos, como o fizeram os anteriores autores. Segundo
esta nova hipótese, são os pais que expulsam os jovens do território, forçando-os a
dispersarem-se, e não estes que tomam a iniciativa de o fazerem. Para Liberg e von
Schantz as di ferenças na dispersão entre sexos, tanto nas aves como nos mamíferos,
reduz a competição em termos repr odutivos entre pais e filhos. Assumem que para a
descendência, na maioria dos casos, seria preferível ficar. Mas os pais ocupam uma
posição hierárquica superior, e são estes que “decidem” da partida ou não dos filhos, e de
qual dos sexos. E se os progenitores beneficiarem com a permanência dos filhos, mas
não houver recursos suficientes para tamanha prole, poderão determinar a expulsão de
alguns membros, até que o número de efectivos se “encaixe” nos recursos existentes.
Assim, o sistema reprodutivo de aves e mamíferos está intimamente li gado com o tipo de
competição entre os progenitores e as descendências masculina e feminina.
Genericamente, nas espécies com u m sistema de reprodução poligâmico ou promíscuo,
a descendência masculina, se ficar em casa, tenderá a competir com o pai por fêmeas,
enquanto a descendência feminina não é uma ameaça para nenhum dos progenitores. Já
nos sistemas monogâmicos, seria de esperar que nem f ilhos nem filhas competissem
com qualquer dos pais, precisamente porque estes são monogâmicos. Mas, como já
vimos, as fêmeas das aves têm t endência à dispersão, o quer dizer: são expulsas pelos
pais, enquanto as fêmeas dos mamíferos são toleradas. Porquê? Pelos seus diferentes
modos de reprodução: postura versus gestação e nascimento. Nas aves, uma filha a
quem seja permitida a permanencia junto dos pais, poderá enganar os pais colocando
ovos no ninho da família, deixando assim os custos da nidificação para aqueles. Quanto
às filhas dos mamíferos, estas não t êm como es conder a gravidez e o nascimento aos
pais, pel o que não os poderão enganar e, então, os pais nada têm a temer, em termos de
competição reprodutiva com as filhas. Deste modo, segundo a Hipótese de Édipo temos
quatro possibilidades: (1) nas aves monogâmicas, os progenitores expulsam as filhas,
porque estas, apesar de não enganarem os pais quanto a cópulas, porque estes são
monogâmicos, podem, no entanto, pôr os seus próprios ovos no ninho familiar,
enganando ambos os pais. Os filhos, como não podem enganar os pais, são tolerados.
(2) Nas aves poligínicas ou promíscuas, ambos os sexos da descendência são forçados a
abandonar a área natal, porque ambos podem trair os progenitores. (3) Nos mamíferos
monogâmicos, nem machos nem fêmeas descendentes podem enganar os progenitores,
pelo que ambos os sexos tendem a se r tolerados no t erritório dos pais. (4) Nos
mamíferos poligâmicos ou promíscuos, a descendência masculina é expulsa porque
poderão enganar o pai, acasalando com uma das fêmeas. As filhas, como não podem
enganar os progenitores tendem a ficar em casa. A Hipótese de Édipo explica muitas
contradições das outras hipóteses; no ent anto, também t em a sua falha: não explica o
facto de alguns descendentes abandonarem “de livre vontade” a área natal, o que se
poderá ficar a dever à procura de melhores recursos ou para evitar a endogamia.
Como se mpre, a Natureza é equilibrada mas complexa. Nenhuma hipótese explica,
por si só, todas as situações que podemos encontrar quando procuramos entender as
diferenças entre sexos, em aves e mamíferos, quanto à dispersão ou à f ilopatria.
Portanto, tendo em conta o papel que jogam tanto progenitores como descendência, e as
variações que poderão ocorrer de acordo com a espécie, o sexo ou o indivíduo, devemos
atender a que os animais, aves e mamíferos, se tenderão a dispersar, ou não, de acordo
com a satisfação de três factores básicos: a redução da
competição por recursos, a redução da endogâmia e a redução da conflitualidade ent re
progenitores e descendências.

Sistemas agroflorestais

Como j á mencionado, a principal estratégia utilizada para a conservação da


biodiversidade é a criação de Unidades de Conser vaçã o da Natureza ( RylANDS;
BRANDoN, 2005). Entretanto, mesmo as áreas protegidas sofrem ações antrópicas
negativas, como a caça e o fogo gerado pelas queimadas em áreas agrícolas vizinhas (G
R I ff I T H , 2000; M E DE I R o S ; fIEDlER, 2004) . Além di sso, geralmente, o conjunt o
de Unidades de Conservação de uma região não abrange todas as fit ofisionomias exi
stentes (CAMpoS; CoSTA fIlHo, 2005) . Assim, novas estratégias devem ser utilizadas
para cobrir essa lacuna. Como, na realidade atual, as áreas com f lorestas estão inseridas
em uma matriz de pastagens e áreas agrícolas (zAU, 1998), diversos autores sugerem
que os agricultores devam ser incluídos nos planos de cons ervação da biodiversidade,
principalmente através do estímulo à adoção de meios pr odutivos diversificados e
práticas conservacionistas (HUANG et al., 2002; QUEIRo z et al., 2006). Embora a
agricultura sej a a principal atividade causadora de impact os, em grande extensão, ela
tem importância vital para a maioria dos países em desenvolvimento, onde 60% da
população economicament e ativa e 50% da economia rural estão envolvidas com essa
prática (wooD; lINNE, 2005). práticas agrícol as que incorporem alta diversidade de
espécies, densidade e altura (criando vários estratos), podem conter níveis de diversidade
similarmente próximos aos das florestas nativas, além de f acilitar a dispersão entre
fragmentos, manter a dinâmica de metapopulações e a sobrevivência de espéci es em
longo prazo (p H I lpoT T; ARMBRECH T, 2006) por outro lado, as paisagens dominadas
por pastagens subutilizadas e com tendência de degradação, além de se rem um
problema para a conservação da diversidade biológica, também indicam que os pecuari
stas e agricultores devem estar em situação precária. Esses ambi entes degradados são
propens os, por exempl o, à erosão, perda de fertilidade e, consequentemente , de
produtividade, o que contribui sinergicamente para a geração de problemas sociais. por
outro lado, agroecossistemas diver sificados, como os sistemas agroflorestais (SAfs), são
apontados como meios produtivos mais sustentáveis, propensos a manter a pr
odutividade por um longo período (CASTRo et al., 2009) . Também são capazes de
cumprir funções ambientai s, como aumentar a infiltração da água no solo, diminuir a
erosão e colaborar com a conservação da biodiversidade (HUANG et al., 2002;
CAMpANHA et al. , 2007). Segundo MacDicken e vergara (1990), sistemas agroflorestais
podem incluir a combinação de atividades agrícolas, florestais e pecuárias, com obj etivo
pr incipal de reduzir r iscos. Ainda segundo es ses autores, tais sistemas são mais
estáveis e susten táveis quando comparados com monoculturas. os
principais problemas enfrentados pelos pequenos produtores agrícolas são a erosão
e a perda da fertilidade natural do solo, além di sso, o cultivo de somente uma es pécie se
traduz em consideráveis riscos econômi cos. por outro lado, SAfs são economic amente
viáveis, aumentam a renda dos produtores, representam uma alternativa para a
diversificação da produção e contribuem para a recuperação ambiental (GAMA, 2003).
Assim, estimular pequenos fazendeiros a adotarem sistemas agrof lorestais pode ser uma
boa estratégia para conciliar produção com a conser vaç ão da bi odiversidade (H UA N G
et al., 2002). para Griffith (2000), sistemas agrof lorestais podem ser não só o habi tat
definitivo, como também um importante refúgio par a a fauna silvestre após quei madas,
principalmente tendo em vista que as Unidades de Conservação, que são consideradas
importantes refúgios para a biodiversidade, também sof rem com a ação do fogo. Em
grande parte do Brasil, é comum o descu mprimento do Código florestal (lei N° 4.771, de
15 de setembro de 1965) no que tange à manutenção das áreas de Reserva legal (Rl) e
das Áreas de preser vação permanente (App), que possuem elevada importância para a
proteção da biota. os SAfs poderiam ajudar na recuperação das Apps, Rls e corredores
florestais, pois proporcionam ef eitos positivos ao crescimento das árvores e reduzem os
custos de implantação (AMADoR; vIANA, 1998, S IlvA, 2002; RoDRIGUES et al., 2008).

TROCAS GENÉTICAS

As trocas genéticas ocorrem com as mudanças ocasionais entres espécies, ou seja,


é o procedimento pelo qual um gene sof re uma mudança estrutural. As trocas envolvem a
adição, eliminação ou substituição de um ou poucos nucleotídeos da fita de DNA.
A mutação proporciona o aparecimento de novas formas de um gene
e,consequentemente, é responsável pela variabilidade gênica. Quando ocorre por adição
ou subtração (mutações deletérias) de bases, altera o código genético, definindo uma
nova sequência de bases, que consequentemente poderá alterar o tipo de aminoácido
incluído na ca deia proteica, tendo a proteína outra função ou mesmo inativação da
expressão fenotípica.
Por substituição, ocorre em razão da troca de uma base nitrogenada purina (adenina
e guanina) por outra purina, ou de uma pirimidina (citosina e timina) por outra pirimidina ,
sendo esse processo denominado de transição e a substituição de uma purina por uma
piri midina, ou vice-versa, denominada de transversão.

Elementos Genéticos Transponíveis

Elementos genéticos transponíveis são segmentos de DNA que têm a capacidade de


mover de um local para outro (i.e. genes que saltam).

Propriedades dos Elementos Genéticos Transponíveis

Movimento aleatório

Elementos genéticos transponíveis podem mover de uma molécula de DNA para qualquer
outra molécula de DNA ou mesmo para outro local na mesma molécula. O movimento não
é totalmente aleatório; há sítios preferenciais na molécula do DNA nos quais um elemento
genético transponível irá se inserir. Não são capazes de auto-replicação
Os elementos genéticos transponíveis não existem aut onomamente (exceção –
alguns fagos transponíveis) e assim, para serem replicados eles precisam ser parte de um
outro réplicon.

Transposição mediada por recombinação sítio-específica

A transposição requer pouca ou nenhuma homologia entre a localização atual e o novo


sítio. O evento de transposição é mediado por uma transposase codificada pelo elemento
genético transponível. A recombinação que não requer homologia entre as moléculas
recombinantes é chamada de recombinação sítio-específica ou ilegítima ou recombinação
não homóloga.
Transposição pode ser acompanhada de duplicação

Em muitos casos a transposição do elemento genético transponível resulta na remoção


do elemento do sítio original e inserção em um novo sítio. Entretanto, em alguns casos o
evento de transposição é acompanhado pela duplicação do elemento genético
transponível. Uma cópia permanece no sítio original e a outra é transportada para o sítio
novo.

CONSERVAÇÃO E MANEJO DE POPULAÇÕES E DE


METAPOPULAÇÕES IN SITU E
EX SITU

Preocupados com as altas taxas de erosão de recursos genéticos e com a perda de


componentes da biodiversidade e, mais ainda, interessados no incremento de esforços
voltados à conservação dos recursos biológicos em todo o planeta, países,
independentemente da sua condição episódica de usuário ou provedor de material
genético, promoveram n egociações, no âmbito do Programa das Nações Unidas sobre
Meio Ambiente (PNUMA), que resultou na adoção da Convenção sobre Diversidade
Biológica. Recentemente, convencidos da natureza especial dos recursos fito-genéticos
para a ali mentação e a agricultura, conscientes de que esses recursos são motivo de
preocupação comum da humanidade, cientes de sua responsabilidade para com as
gerações presentes e futuras e, finalmente, considerando a interdependência dos países
em relação a esses recursos, os países aprovaram, no âmbito da Organização das
Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Tratado Internacional sobre
Recursos Fito -genéticos para a Alimentação e a Agricultura, do qual o Brasil é um dos
seus membros. Diversidade biológica ou biodiversidade são expressões que se r eferem à
variedade da vida no planeta, ou à propriedade dos sistemas vivos de se rem distintos.
Engloba as plantas, os animais, os microrganismos, os ecossistemas e os processos
ecológicos em uma unidade funcional. Inclui, portanto, a totalidade dos recursos vivos, ou
biológicos, e, em es pecial, dos recursos genéticos e seus componentes, propriedade
fundamental da natureza e fonte de imenso potencial de uso econômico. É também o
alicerce das atividades agrícolas, pecuárias, pesqueiras,extrativistas e florestais e a base
para a estratégica indústria da biotecnologia.
A conservação global da biodiversidade significa maior segurança para os
programas relacionados à produção agrícola e à conservação biológica, bem como para a
segurança alimentar, constituindo-se em um componente essencial para o
desenvolvimento sustentável e para a própria manutenção da diversidade genética das
espécies com importância sócio -econômica atual e potencial.
O Brasil, por sua própria natureza, ocupa posição de destaque dentre os países
megabiodiversos. Conta com a mais diversa flora do mundo, número superior a 55 mil
espécies descritas (24% do total mundial). Possui alguns dos biomas mais ricos do
planeta em número de espécies vegetais - a A mazônia, a Mata Atlântica e o Cerrado. A
Floresta Amazônica brasileira, com aproximadamente 30 mil espécies vegetais,
compreende cerca de 26% das florestas tr opicais remanescentes no planeta.
O País conta ainda com a maior riqueza de espécies da fauna mundial e, também,
co m a mais alta taxa de endemismo. Dois de seus principais biomas, a Mata Atlântica e o
Cerrado, estão relacionados na lista dos 25 hotspots da Terra, sendo que a Mata Atlântica
encontra -se entre os cinco mais ameaçados. Uma em cada onze espécies de mamíferos
existentes no mundo são encontrados no Brasil (522 espécies), j untamente com u ma e
m cada seis espécies de aves ( 1677), uma em ca da quinze espécies de répteis (613), e
uma em cada oito espécies de anfí bios (630) e mais de 3 mil espécies de peixes, três
vezes mais do que qualquer outro país. Muitas dessas são exclusivas para o Brasil, com
68 espécies endêmicas de mamíferos, 191 espécies endêmicas de aves, 172 espécies
endêmicas de répteis e 294 espécies endêmicas de anfíbios. Esta riqueza de espécies
corresponde a pelo menos 10% dos anfíbios e mamíferos, e 17% das aves descritos em
todo o planeta.
A composição total da biodiversidade brasileira não é conhecida e talvez nunca
venha a ser na sua plenitude, tal a sua magnitude e complexidade. Nesse sentido, e
considerando-se que o número de es pécies existentes no território nacional,
particularmente na plataforma continental e nas águas jurisdicionais brasileiras, - em
grande parte ainda desconhecida, é elevado, é fácil inferir que o número de espécies,
tanto t errestres quanto marinhas, ainda não identificadas, no Brasil, pode alcançar
valores da ordem de dezena de milhões. Apesar dessas estimativas, a realidade é que o
número de espécies conhecidas atualmente, em t odo o planeta, está em torno de 1,7
milhões, valor que atesta o alto grau de desconhecimento da biodiversidade,
especialmente nas regiões tropicais.
Além disso, é interessante registrar que a maior parte dos conhecimentos sobre a
biodiversidade no nível específico se refere a organismos de grande porte. O nosso
conhecimento sobre outros organismos, a exemplo dos i nsetos, liquens, fungos e algas é
ainda muito i ncipiente. A parcela da biodiversidade menos conhecida está localizada na
copa das á rvores, no solo e nas profundezas marinhas.
Em relação aos recursos fitogenéticos, estimativas da FAO indicam a existência, em
âmbito mundial, de cerca de 6,5 milhões de acessos de interesse agrícola mantidos em
condição ex situ. Desse total, 50% são conservados em paí ses desenvolvidos, 38% em
países em desenvolvimento e 12% distribuídos nos Centros Internacionais de Pesquisa
(IARCs), do Consultivo Internacional de pesquisa Agricola (CGIAR).
Os recursos genéticos são mantidos em condições in situ, on farm, e ex situ. A
conservação in situ de recursos genéticos é realizada, basicamente, em r eservas
genéticas, reservas extrativistas e reservas de desenvolvimento sustentável.
Naturalmente, a conservação in situ de recursos genéticos pode ser organizada também e
m área s protegidas, seja de âmbito federal, estadual ou municipal. As reservas genéticas,
por exemplo, são implantadas e mantidas em áreas prioritárias, de acordo com a
diversidade genética de uma ou mais espécies de reconhecida importância científica ou
sócio-econômica. Teoricamente, essas reservas podem existir dentro de uma área
protegida, de uma reserva i ndígena, de uma reserva extrativista e de uma propriedade
privada, entre outras.
Nos termos da Convenção sob re Diversidade Biológica, conservação in situ é
definida como sendo a conservação dos ec ossistemas e dos habitats naturais e a
manutenção e a reconstituição de populações viáveis de espécies nos seus ambientes
naturais e, no caso de espécies domesticadas e cultivadas, nos ambientes onde
desenvolveram seus caracteres distintos.
A conservação in situ apresenta algumas vantagens, tais como:
(i) permitir que as espécies continuem seus processos evolutivos;
(ii) favorecer a proteção e a manutenção da vida silvestre;
(iii) apresentar melhores condições para a conservação de espécies silvestres,
especialmente vegetais e animais;
(iv) oferecer maior segurança na conservação de espécies com sementes
recalcitrantes e
(v) conservar os polinizadores e dispersores de sem entes das espécies vegetais.
Deve-se considerar, entretanto, que este método é oneroso, visto depender de
eficiente e constante manejo e monitoramento, pode exigir grandes áreas, o que nem
sempre é possível, além do que a conservação de uma espécie em um ou poucos locais
de ocorrência não significa, necessariamente,a conservação de toda a sua variabilidade
genética.
A conservação on farm pode ser considerada uma est ratégia complementar à
conservação in situ, já que esse processo t ambém per mite que as espécies continuem o
seu processo evolutivo. É uma das formas de conservação genética da
agrobiodiversidade, um termo utilizado para se referir à diversidade de seres vivos, de
ambientes terrestres ou aquáticos, cultivados em diferentes estados de domesticação. A
conservação on farm apr esenta como particularidade o fato de envolver recursos
genéticos, especialmente variedades crioulas - cultivadas por agricultores, especialmente
pelos pequenos agricultores, além das comunidades locais, tradicionais ou não e
populações indígenas, detentoras de grande diversidade de recursos fito -genéticos e de
um amplo conhecimento sobre eles. Esta diversidade de recursos é essencial para a
segurança alimentar das comunidades. Dentre os principais recursos fito-genéticos
mantidos a campo pelos pequenos agricultores brasileiros estão a mandioca, o milho e o f
eijão. Contudo, muitos recursos genéticos de menor importância para a sociedade
"moderna" são também mantidos, podendo-se citar como exemplos uma séri e de
espécies de raízes e tubérculos, plantas medicinais e ar omáticas, além de raças locais
de animais domesticados (suínos, caprinos e aves, entre outros). A manutenção desses
materiais on farm, com ên fase para as variedades crioulas, envolve recursos nativos e
exóticos adaptados às condições locais. Outra particularidade é que estas variedades
crioulas, mesmo deslocadas de suas condições naturais, continuam e voluindo na
natureza, já que estão permanentemente submetidas à diferentes condições eda
foclimáticas.
A conservação ex situ, por sua vez, envolve a manutenção, fora do habitat natural,
de uma representatividade da biodiversidade, de importância ci entífica ou econômico
-social, inclusive para o desenvolvimento de programas de pes quisa, particularmente aqu
eles relacionados ao melhoramento genético. Trata da manutenção de recursos genéticos
em câmaras de conservação de sementes (-20º C), cultura de tecidos ( conservação i n
vitro), criogenia - para o caso de sementes recalcitrantes, ( -196º C), laboratórios - para o
caso de microorganismos, a campo (conservação in vivo), bancos de germoplasma - para
o caso de espécies vegetais, ou em núcleos de conservação, para o caso de espécies
animais. A conservação ex situ implica, portanto, a manutenção das espécies fora de seu
habitat natural e tem como principal característica: (i) preservar genes por séculos; ( ii)
permitir que em apenas um local seja reunido material genético de muitas procedências,
facilitando o trabalho do melhoramento genético; ( iii) garantir melhor proteção à
diversidade intraespecífica, especialmente de espécies de ampla distribuição geográfica.
Este método implica, entretanto, na paralisação dos processos evolutivos, além de
depender de ações permanentes do homem, visto concentrar grandes quantidades de
material genético em um mesmo local, o que torna a coleção bastante vulnerável.
As três formas de conservação, in situ, on farm e ex si tu, são complementares e
formam, estrategicamente, a base para a implementação dos três grandes objeti vos da
Convenção sobre Diversidade Biológica: i) cons ervação da diversidade bi ológica; ii) uso
sustentável dos seus componentes e iii) repartição dos benefícios derivados do uso dos
recursos genéticos. A conservação on farm vem recebe ndo crescente atenção nos
diversos fóruns i nternacionais relacionados à temática da conservação dos recursos
genéticos. Nesse contexto, a Convenção sobre Diversidade Biológica, por meio das suas
Conferências das Partes, tem dado especial atenção a essa questão, considerando que: i)
o campo da agricultura oferece oportunidade única para o estabelecimento de ligação
entre a conservação da diversidade biológica e a r epartição de
benefícios decorrentes do uso desses recursos; ii) existe uma relação próxima entre
diversidade biológica, agronômica e cultural; iii) a diversidade biológica na agricultura é
estratégica, considerando os contextos sócio-econômicos nos quais ela é praticada e as
perspectivas de redução dos impactos negativos sobre a diversidade biológica, permitindo
a conci liação de esforços de conservação com ganhos sociais e econômicos; iv) as
comunidades de agricultores tradicionais e suas práticas agrícolas têm uma significativa
contribuição para a conservação, para o aumento da biodiversidade e para o
desenvolvimento de sistemas produtivos agrícolas mais favoráveis ao meio ambiente; v) o
uso inapropriado e a dependência excessiva de agro-químicos têm produzido efeitos
significativos sobre os ecossistemas, com impactos negativos sobre a biodiversidade; e,
finalmente, os direitos soberanos dos Estados sobre seus r ecursos biológicos, incluindo
os recursos genéticos para alimentação e agricultura. Esse posicionamento dos países
nas Conferências das Partes tem permitido, além do est abelecimento de um pro grama
de longo prazo vol tado especificamente às atividades sobre agrobiodiversidade, um
crescente avanço na discussão e implementação de ações relacionadas à conservação e
promoção do uso dos recursos da biodiversidade agrícola.
Nos últimos anos ocorreram, em â mbito mundial, importantes avanços relacionados à
conservação e à promoção do uso dos recursos genéticos. Em junho de 1996, a
Conferência Técnica Internacional sobre Recursos Fitogenéticos, realizada em Leipzig,
Alemanha, no âmbito da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a
Alimentação – FAO, aprovou o Plano Global de Ação para a Conservação e a Utilização
Sustentável dos Recursos Genéticos para a Agricultura e a Alimentação que tem,
basicamente, como prioridades: (i) a Conservação in situ e o Desenvolvimento; (ii) a
Conservação ex situ; (iii) a Utilização dos Recursos Fitogenéticos; e (iv) a
Capacitação das Instituições
Em novembro de 2001, foi aprovado, no âmbito da FAO, o Tratado Internacional de
Recursos Fitogenéticos para a Alimentação e a Agricultura que prevê, entre os seus
objetivos, a conservação e o uso sustentável dos recursos fitogenéticos para a
alimentação e a agricultura e a repartição j usta e eqüitativa dos benefícios derivados de
seu uso, em har monia com a Convenção sobre Diversidade Biológica, para a
sustentabilidade da agricultura e a segurança alimentar.
No Brasil, o despertar da consciência conservacionista conta com mais de meio
século de decisões políticas, i nfluenciadas pela ciência e pela socie dade preocupadas
com as condições do meio ambiente e, especialmente, com a conservação da flora e da
fauna. Nas ultimas duas décadas tem havido u m crescente envolvimento do Governo
Federal, bem co mo uma maior conscientização da sociedade civil nos assuntos relativos
à conservação da biodiversidade.
Nas últimas décadas, as atividades ligadas à conservação dos recursos genéticos no
País tiveram um considerável impulso, assegurando posição de destaque entre os países
tropicais. Os avanços conduzidos por alguns órgãos de pesquisa, a exemplo da Empresa
Brasileira de pesquisa Agropecuária – EMBRAPA, particularmente por meio da EMBRAPA
Recursos Genéticos e Biotecnologia, estão sendo fundamentais para o avanço do País na
conservação e utilização dos seus recursos genéticos. Paralelamente, o Brasil
experimentou avanços si gnificativos na implantação de Unidades de Conservação,
ampliando fortemente a conservação in situ da biodiversidade e a promoção da utilização
sustentável dos recursos genéticos nativos. A conservação on farm, apesar de ser um dos
métodos mais tradicionais de conservação, é ainda bastante fragmentada no país, apesar
dos recentes avanços experimentados nos últimos anos. Há de se reconhecer que a
sociedade civil organizada exerce, atualmente, uma forte liderança na conservação on
farm de recursos genéticos, promovendo não apenas o uso sus tentável, mas também o
intercâmbio de recursos genéticos entre os agricultores, dentro e entre comunidades.
Neste contexto, deve-se destacar a relevância dos movimentos sociais (Movimento
dos Pequenos Agricultores, Movimento das Mulheres Trabalhadoras Rurais, Movimento
dos T rabalhadores Sem Terra e das ONGs, principalmente daquelas organizadas em
redes, caso da Rede Ecovida e Rede Cerrado, por exemplo), que são considerados
importantes atores na organização e articulação política e social das comunidades.
Contudo, apesar desses avanços, deve-se reconhecer que a conservação dos
recursos genéticos no País, um dos pr incipais países de megadiversidade, está longe da
condição ideal.
Faltam inventários relativos às instituições ( governamentais, não -governamentais e
movimentos sociais) envolvidas na conservação in situ, on farm e ex situ de recursos
genéticos ( fauna, flora e microrganismos); representatividade, tanto em termos regionais
quanto nos biomas; infraestrutura existente em cada coleção; nível de uso e i ntercâmbio
de recursos genéticos, bem como informações sobre as necessidades e as medidas
necessárias para a conservação desses materiais a curto, médio e longo prazos.

INTRODUÇÕES INDESEJADAS DE ANIMAIS EXÓTICOS OU


ALÓCTONES

As espécies exóticas invasoras têm um si gnifica tivo impacto na vida e no modo de


vida das pessoas. O impacto sobr e a biodiversidade é t ão relevante que essas espécies
estão, atualmente, sendo consideradas a segunda maior ameaça à perda d e
biodiversidade, após a destruição dos habitats, afetando diretamente as comunidades
biológicas, a economia e a saúde humana. As espécies exóticas invasoras assumem no
Brasil grande si gnificado como ameaça real à biodiversidade, aos recursos genéticos e à
saúde humana. Várias delas estão se disseminando e dominando, de forma peri gosa,
diferentes ecossistemas, ameaç ando a
integridade e o equilíbrio dessas áreas, e causando mudanças, inclusive, nas
características naturais das paisagens.
De acordo com a Convenção sobre Diversidade Biológica - CDB, espécies ex óticas
invasoras são organismos que, introduzidos fora da sua área d e distribuição natural,
ameaçam ecossistemas, habi tats ou outras espé cies. Possuem elevado potencial de di
spersão, de colonização e de dominação d os amb ientes invadidos, cri ando, em
conseqüência desse processo, pressão sobre as espécies nativas e, por vezes, a sua
própria exclusão.
A crescente globalização, a amp liação das vias de transporte, o incremento do
comércio e do turismo internacional, aliado às mudanças no uso da terra, das águas e às
mudanças climáticas decorrentes do efeito estufa, tendem a ampl iar significativamente as
oportunidades e os processos de intr odução e de expansão de espécies exóticas
invasoras nos diversos ecossistemas da terra.
A disseminação de espécies exóticas leva a homogeneização dos ambientes, com a
destruição de ca racterísticas pecul iares que a bi odiversidade local proporciona e a
alteração nas propriedades ecológicas essenciais. Tais alterações são exemp lificadas
pelas modi ficações dos ciclos hídricos e de nutri entes, da produtividade, da cadeia
trófica, da estrutura da comunidade vegetal, da distribuição de biomassa, do acúmulo de
serrapil heira, das taxas de dec omposição, dos processos evol utivos e das relações
entre pl antas e polini zadores, além da dispersão de sementes. As espécies exóticas
podem, ainda, gerar híbridos com espécies nativas , colocando-as sob ameaça de
extinção.
Em ecossistemas pobres em nutrientes, a presença de espécies invasoras cria,
muitas vezes, con dições favoráveis para o estabelecimento de outras espécies
invasoras, que normalmente não se estabeleceriam. As plantas invasoras, em seu
processo de ocupação, aumentam sua ár ea de o corrência e dominam e eliminam a flora
nativa por competição di reta. Os animais são eliminados ou obrigados a sair do local à
procura de alimentos, antes abundantes pela diversidade de espécies existentes. Assi m,
lentamente as invasões b iológicas vão promovendo a substituição de comunidades c om
elevada diversidade por comunidades monoespecíficas, compostas por espécies
invasoras, ou com diversidade reduzida.
Outros efeitos resultantes da ocorrência de plantas invasoras podem passar p ela
alteração de ciclos ec oló gicos, como regime de fogo; quanti dade de água disponível;
alteração da composição e disponi bilidade de nutrientes; remoção ou introdução de
elementos nas cadeias alimentares; alteração dos processos geomorfológicos; e mesmo
pe la extinção de espécies.
As invasões biológicas podem se ori ginar de introduções intencionais ou não
intencionais, e causam danos ec ol ó gicos, econômicos, culturais e so ciais. Ao longo
dos últimos séculos muitas espécies foram intencionalmente introduzidas pelo homem a
novos amb ientes. As introduções são realizadas sempre com boas intenções. Em muitos
ca sos elas s ão benéficas, a
exempl o da maioria das espécies cultivadas, de muitas plantas ornamentais e de alguns
organismos para controle biológico. Muitas espécies, entretanto, se tornam invasoras,
cujos impactos negativos se sobressaem a eventuais benefícios.
Por meio de estudos realizados nos Estados Unidos da América, Reino Unido,
Austrália, Índia, África do Sul e Brasil, con cluiu-se que os custos decorrentes da presença
de espécies exóticas invasoras nas culturas agrícolas, em pastagens e nas áreas de
florestas atingem cifras anuais da ordem de US$ 250 bi lhões. Adicionalmente, os custos
amb i entais ne sses mesmos países chegam a US$ 100 bilhões anuais. Uma projeção
mundial dess as cifras i ndica que as perdas globais anuais decorrentes do impacto
dessas espé cies ult rapassa US$ 1,4 t rilhões, aproximadamente 5% do P IB mundial.
Considerando-se esses valores, estima-se qu e no Brasil esse custo pode
ultrapassar os US$ 100 bilhões anuais. Esse montante pode ainda sofrer aumento
significativo, especialmente, se incluirmos os custos relacionados às espécies que afetam
a saúde humana. Nos Estados Unidos da América, as estimativas de c usto, considerando
apenas os prejuízos e os gastos com o controle de esp écies exóticas invasoras, são da
ordem de US$ 137 bilhões ao ano.
Se valores monetários pudessem s er atribuídos à extinção de espécies, à perda de
biodiversidade e a os serviços proporcionados pelos ecossistemas, o custo decorrente
dos impactos negativos gerados pela presença das espécies exótica s invasoras seria
muitas vezes maior.
Dados indicam qu e mais de 120 mil esp écies ex ótica s de plantas, animais e
microorganismos já foram intr oduzidas nos seis países acima mencionados. Com ba se
nesses números, estima-se que um total aproximado de 480 mil espécies exóticas já
foram introduzidas nos diversos ecossistemas da Terra. Considera-se que mais de 70%
dessas int roduções ocorreram como resultado de ações humanas. Se ima ginarmos que
20 a 30% dessas espécies introduzidas são consideradas pragas e que estas são as
responsáveis pelos grandes problemas ambientais enfrentados pelo homem, é fácil
imaginar o tamanho do desafio que, forçosamente, temos de enfrentar para o controle,
monitoramento, mitigação e, eventualmente, a erradicação dessas espécies de a mbie
ntes naturais. Desde o ano de 1 600, as espécies exóticas invasoras já contribuíram com
39% das extinções de animais cujas causas são conhecidas.
No caso das plantas, por exemplo, alguns autores, na década de 1970, quantificaram que
os prejuízos econômicos na produção agrícola, decorrentes da ação de espécies
invasoras eram da ordem de 11,5% em regiõe s temperadas. J á e m r egiões tropicais, a
redução da produção se situava entre os 30 e 40%. Outros autores, na década de 1980,
estima ram que essas perdas eram da ordem de 10% da produção agrícola mundial.
Os prejuízos causados por espécies e xóticas invasoras às cul turas, pastagens e
áreas de florestas na América do Sul excedem a mu itos bilhões de dólares ao a no. Na
Argentina, por exemplo, o gasto relacionado ao controle da mosca das fruta s ul trapassa
os US$ 10 milhões de dólares anuais, além da perda adicional anual de 15 a 20% da
produção de frutas. Essas perdas equivalem a US$ 90 milhões de dólares ao ano, sem
contabilizar os i mpactos econômicos e sociais indiretos gerados com a re dução da
produção e a perda d e mercados de exportação . Na Nova Zelândia, por outro lado, onde
todos os materiais postais são examinados visando prevenir a entrada de material
biológico, co nseguiu-se reduzir a tal ponto os prej uízos decorrentes da mosquinha -das-
frutas que o saldo positivo da produção agrícola paga todo o sistema de inspeção. No Rio
Gra nde do Sul, a espécie Eragrostis plana (capim-annoni) ameaça os sistemas seculares
de produção bovina em função da perda da cobert ura vegetal nativa, composta por
diversas espécies de gramíneas, le guminosas e outras famílias importantes na
composição dos campos n aturais. Estima-se que dos 15 milhões de hectares de ca mpos
naturais presentes no esta do do Rio Grande do Sul, cerca de três milhões já estejam
invadidos por essa gramínea africana, com prejuízos de mais de US$ 75 milhões a nuais
à pecuária do Estado. Atualmente essa espécie já está presente nos estados do Rio Gr
ande do Sul, Santa Catarina e Paraná e vem se disseminando para outras regiões. Ainda
na Região Sul do Brasil, as espécies Tecoma stans (amarelinho) e a Houvenia dulcis (uva
do japão), entre outras, vem desenvol vendo, no estado do Rio Grande do Sul, um
crescente processo de invasão. No estado do Paraná, a planta Tecoma stans encontra-se
disseminada em mais de 170 dos 393 municípios do Est ado, estando já re gistrada como
invasora em 85 deles, c om s eu cultivo e uso proibidos no Estado. Sua presença está
confirmada em cerca de 50 mil hectares de pastagens, dos quais 15 mil já estão
totalmente improdutivos.
Ao considerar a fauna i nvasora, vale registrar a cr escente dis semi nação da
Achatina fulica (caracol gigante africano) , atualmente presente no Distrito Federal e em
mais 23 estados bra sileiros. Outros exemp l os que estão traze ndo sérias
preocupações aos governos estaduais se referem às espécies Sus scrofa (j avali), Aedes
aegypti (mosquito da dengue) e Callithrix jacchus (sagüi).
Nos ambientes aquáticos, destacam-se a s ma crófi tas ex ót icas que causam
inúmeros problemas para os diversos usos da água em di ferentes regi ões do país. Os
problemas envolvem desde o acumulo de l ixo e outr os sedimentos até a prol iferação de
vetores patogênicos, além das dificuldades relacionadas à navegação, à ger ação de
energia, à distribuição de água à populações humanas, à i rriga ção, à recreação e à
pesca, com prejuízos ao turismo regional, bem como perda de receita e empobrecimento
dos municípios.
De fato, espécies exóticas invasoras geram graves conseqü ências em ambientes
aquáticos continentais em todo o mundo, com destaque para: a invasão da Perca do Nilo
(Lates nilot icus), no Lago Victoria, na África, que, j unto c om a tilápia- do -Nilo (Or
eochromis niloticus), causou a extinção de centenas de espécies nativas de peixes; do
Mexilhão Zebra (Dreissena pol ymorpha) e da Lampréia (Petromyzon marinus), nos
Grandes Lagos da Améri ca do Norte, que resultou no colapso da pesca comercial nessa
região. Alguns estudos quantifica r am as perdas econômicas associadas à introdução de
13 espécies exóticas invasoras no Canadá e obt iveram uma estimativa anual da ordem
de 187 milhões de Dólares Canadenses. Em ambi entes aquáticos, a invasão de molusc
os e d a lampréia mari nha provocam perdas anuais de 32,3 milhões de Dólares
Canadenses.
É importante conside rar que o custo de cont role e manejo de espécies exóticas
invasoras em um novo a mb iente é elevado. Portanto, investiment os em ações de
prevenção de futuras introduções podem evitar a perda de bilhões de dólares à
agricultura, à floresta e a ecossistemas naturais e manej ados e à saúde humana.
Ao contrário de muitos problemas ambientais que se amenizam com o passar do
tempo, a contaminação biol ógica tende a se multiplicar e se espalhar, ca usando
problemas de longo prazo que se agravam e não permitem a recomposição natural dos
ecossistemas afetados. Essas d egradações amb ientais colocam em risco atividades
extrativistas e outras atividades econômi cas ligadas ao uso dos recur sos naturais.
Reconhecendo a importância do problema das invasões biológicas, o Brasil, por meio do
Ministério do Meio Ambie nte - MMA, e em estreita articulação com os diferentes setores
da sociedade, vem des envolvendo, desde 2001, uma série de aç ões r elacionadas à
prevenção de novas introduções; detecção precoce; erradicação; controle/manejo; e mon
itoramento de e spécies ex ótica s invasoras que podem afetar ecossistemas, habi tas e
espécies nativas. Estas ações dizem respeito à revisão e ao desenvolvimento de
normativas relacionadas à matéria, realização de inventários das espécies exóticas
ocorrentes nos diversos ecossistemas brasileiros, inclusive no âmb ito de bacias
hidrográficas, discussão sobre a elaboração de lista oficial de espécies ex óticas
invasoras em âmb ito nac ional e estímu l o à abertura de linhas de financiament o para
ações de controle, bem como ati vidades de pesquisa.
Certos ambientes parecem ser mais suscetíveis que outros à invasão, especial
mente quando degradados . Além da maior suscetibilidade de alguns ambientes, existem
espécies cujas características faci litam o seu estabelecimento em n ovas áreas. A
ecologia das espécies in vasoras é um te ma complexo, que envolve desde os
mecanismos de entrada e dispersão destas espécies, passando pelas características
biológicas que as tornam invasoras, relação entre as atividades humanas e sua
disseminação, impactos sócio-econômicos (positivos ou negativos) que causam, até os
aspect os legais e técnicas de manejo.
Em razão da complexidade dessa temática, as espécies exótica s invasoras
envolvem uma agenda bastante amp la, com ações interinstitucionais e multidisciplinares.
Ações de prevenção, erradicação, controle e monitor ament o são fundamentais e exigem
o envolvimento e a convergência de e sforços d os di ferentes órgãos dos governos
federal, estadual e municipal envolvidos no t ema, além do setor empresarial e das or
ganizações não-governamentais. A implementação da presente Est ratégia Nacional
deverá contribuir decisivamente para a prevenção de novas introduções, bem como para
a mitigação dos impactos decorrentes da presença de espécies exótica s invasoras aos
diferentes biomas do paí s ou às suas diferentes bacias hidrográficas.
A Estratégia Nacional se constitui no primei ro documento aprovado no âmbito do
Governo Federal que pode or ientar as diferentes esferas do governo no trato das
questões relativas às espécies exóticas invasoras. Obvia mente, legislações específicas
serão necess árias para prevenir ou diminuir a introdução e a translocação de ex óticas
invas oras no país. A Estratégia Nacional representa, ainda, um importante instrumento
para a internalização e implementação no país do artigo 8(h) da Convenção sobre
Diversidade Biológica. Da mesma forma, a Estratégia se traduz em uma efetiva
ferramenta que o país dispõe para a consecução das determinações das Decisões V/8,
VI/23 e IX/4, das Conferências das Partes, da CDB, quando foram tratadas, em
profundidade, as complexas questões relacionadas às espécies exóticas invasoras.
Prevenir e mitigar os impactos negativos de espécies exót icas invasoras sobre a
população humana, os setores produtivos, o meio ambiente e a biodiversidade, por mei o
do planejamento e execução d e ações d e prevenção, erradicação, contenção ou
controle de espécies exóticas invasoras com a articulação entre os órgãos dos Governos
Federal, Estadual e Municipal e a sociedade civil, incluindo a cooperação internacional.
Para os propósitos desta Estratégia Nacional sobr e Espécies Exótica s Invasoras,
entende-se por:

Espécie Exótica ou Alóctone - espécie ou tá xon inferior e híbrido interespecífic o


introduzido for a de su a área de distribuição n atural, passada ou presente, incluindo
indivíduos em qualquer fase de desenvolvimento ou pa rte destes que possa levar à
reprodução.

Espécie Exótica Invasora ou Alóctone Invasora - espécie exótica ou alóctone cuja


introdução, reintroduçã o ou dispersão representa risco ou impac ta negativamente a
sociedade, a economia ou o ambiente (ecoss istemas, habitats, espécies ou populações).

Introdução – movimento de espécie exótica por ação humana, intencional ou não


intencional , para fora da s ua distribuição natural. Esse movimento pode real izar-se
dentro de um país, entre países, ou fora da zona de jurisdição nacional .

Introdução Intencional - movimento ou li beraçã o deliberada de uma espécie exótica fora


da sua distri buição natural por ação humana.

Introdução Não-Intencional – todas as outras formas de int rodução por ação humana que
não as intencionais.

Estabelecimento – processo de reprod ução com êxit o de uma espécie exótica com
probabilidade de contínua sobrevivência em um novo habitat.

Análise de Risco – (i) avaliação das conseqüências da introdução , da probabilidade de


estabelecimento de uma espéc ie ex ótica , com base em informa ção científica e (ii) i
dentificação de medidas que podem ser implementadas para reduzir ou gerir os riscos, le
vando em conta os aspectos ambientais, sócio-econômicos e culturais.

Introdução de Espécies

Introdução Intencional

Não deveria haver primeira introdução intencional ou introduções posteriores de uma


espécie exótica considerada invasora ou potenci almente invasora em um p aís sem que
houvesse aut orização prévia de u ma autoridade compet ente do estado receptor . Uma
análise de risco apropriada, que poderia incluir uma avaliação do i mpacto no meio amb
iente, d everia ser conduzida como parte do processo de a valiação antes de uma decisão
conclusiva sobre autorizar ou não a introdução proposta ao país ou ás novas zonas
ecológicas, dentro de um país. Os estados deveriam conduzir todos os esforços
necessários para permitir somente a introdução de espécies cuja ame aça à diversidade
biológica seja improvável. O ônus da prova de que uma introdução proposta não ameace
a diversidade biológica deveria corresponder ao proponente da introdução, ou ser
atribuída, conforme apropriado, ao estado receptor. A autorização de uma introdução
pode, quando apropriado, ir acompanhada de condições (por exe mplo, pre paração de
um plano de mitigação, procedimentos de monitoramento, pagamento pela avaliação e
manejo ou, ainda, requisitos de contenção).
As decisões relativas à introduções intenc ionais deveriam ser basea das no
abordagem precautória, incluindo as análises de riscos, e stabelecida no Princípio 15 da
Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolviment o e no preâmbulo da Conve
nção sobre Diversidade Biológica. Onde e xistir ame aça de reduçã o ou perda de
diversidade biológica, a falta de certeza científica e conhecimento sobre uma espécie exót
ica não deveria impe dir que uma autoridade competente adotasse uma decisão a
respeito da introdução intencional de tal espécie exótica, de modo a evi tar a
disseminação e os impactos negativos da espécie exótica invasora.

Introdução Não-Intencional

Todos os estados deveriam ter disp osições que abordassem intr oduções não
intencionais (ou introduções intencionais que tenham se estabelecido e se tornado
invasoras). Estas disposições poderiam incluir medidas estatutárias e re gulatórias, bem
como o estabelecimento e o fortalecimento de instituições e órgãos com
responsabilidades apropriadas. Recursos operativos deveriam ser suficientes para
permitir ação rápida e efetiva. Deve -se identificar rotas comuns que conduzam a int
roduções intencionais, assim como disposições deveriam ser disponibilizadas para
minimizar tais introduções. Atividades setoriais, tais como pesca, agricultura, silvicultura,
horticultura, transporte marítimo (incluindo a descarga de á guas de l astro), tr ansporte de
superfície e aéreo, projetos de construção, paisagismo, aqüicultura, incluindo a
aqüicultura de espécies de uso ornamental, turismo, indústria de animais de estima ção e
reservas de caça são vias de introduções não intencionais. A valiação de impacto amb
ient al dessas atividades deveria incorporar o ri sco de introdução não intencional de
espécies ex óticas invasoras. Quando apropriado, análise d e risco de introdução não
intencional de espécies ex óticas invasoras deveria ser conduzida para essas rotas.

Mitigação de impactos

Mitigação de Impactos – interna e externa

Uma vez detectado o estabelecimento de uma espécie exótica invasora, os estados,


individual e cooperativamente, d everiam adotar etapas apropriadas, tais c omo
erradicação, contenção e controle, para mitigar os efeitos adversos. As técnicas
utilizadas para a erradicação, contençã o ou cont role devem ser segur as para os seres
humanos, para o meio ambie nte e para a agricult ura e, t ambém, aceitáveis eticamente
p elos interessados n as áreas afetad as pelas espéci es exóticas invasoras. Medidas de
mitigação deveriam, com ba se na abordagem precautória, ser adotadas nos primeiros
estágios da invasão. Em c onsonância com a política ou legislação nacional, uma pessoa
ou entidade r esponsável pela introdução de espécie exót ica invasora deveria assumir os
cust os das me didas de controle e da r estaur ação da diversidade biológica, sempre que
comprovada a falha no cumprimento das leis e regulamentos nacionais. Portanto, é
importante a detecção precoce de novas introduções de espécies exóticas potencialmente
invasoras ou invasoras conhecidas, e precisam ser combinadas com a capacidade de
tomada de ação rápida.

Erradicação

Onde for exequível, a erradicação é, freqüentemente, a melhor medida para tratar da


introdução e estabelecimento d e es pécie exótica invasora. A melhor oportunidade para
erradicar espécie exótica invasora é nos primeiros estágios da invasão, quando as
populações são pequenas e localizadas. Por conseguinte, sistemas de detecção precoce,
focados em pontos de entrada de alto risco, podem ser particularmente úteis, enquanto
monitoramento de pós- erradica ção podem ser n ecessários. Com freqüência o apoio da
comunidade é indispensável para se obter êx ito nas ativi dades de erradic ação, e é
especialmente efetivo quando se aplica mediante consultas. Também devem ser
considerados os efeitos secundári os sobre a diversidade biológica.

Contenção

Quando a erradi cação não é apropriada, limitar a propagação ( contenção) de espécies


exóticas invasoras é, freqüentemente, uma estratégia apropriada nos casos onde o
alcance dos organismos ou de uma popul ação é suficientement e pequeno para t ornar
estes esforços factíveis. O monitoramento regular é indispensável e deve estar vinculado
com ação rápida para erradicar qualquer nova invasão.

Controle

Medidas de contr ole deveriam focar na redução do dano causado, bem como na re ução
do número das espécies exóticas invasoras. Um controle efetivo dependerá,
freqüentemente, do alcance d as técnicas de manejo integrad o, incluindo o controle
mecânico, químico, biol ógico e manejo do habitat, exec utados de aco rdo com os
regulame ntos nacionais e os códigos internacionais existentes.

Controle de Espécies Exóticas Invasoras em Áre as Protegidas

Ações deverão ser de senvolvidas visando contemplar, prioritariamen te, as Unidades do


Sistema Nacional de Unidade s de Conservação - SNUC. Ênfase inicial será dada às
UCs de Proteção Integral, tanto em âmb ito f ederal quanto estadual, com vistas à: (i)
identificação das espécies exót icas presentes; (ii) avaliação de risco de dano real e
potencial; (iii) avaliação de impactos causados no âmb ito de ca da espécie, se for o caso;
(iv) definição d e unidades prioritárias para ação; e (v) definição de medidas necessárias
para prevenção, erradicação, mitigação e contr ole e monitoramento.

Unidades de Conservação de Proteção Integral

Promover a elaboração de planos de ação para prevenção, erradicação, controle e


monitoramento de espécies invasoras em cada UC, i ndependente da existência ou não
de planos de manejo

Unidades de Conservação de Uso Sustentáve l

Elaborar regulamentação de uso para espécies exót ica s utilizadas em sistemas de


produção, co ntemplando ações d e prevenção, controle e manejo.

Demais Áreas Protegidas e Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade

Elaborar e implementar planos de ação para erradi cação e controle de espécies


invasoras com ênfase para Áreas de Preservação Permanente, Reserva Legal e Áreas
Prioritárias para a Conservação da Biodiversi dade, conforme defini do nos decretos 5.092
de 21 de maio de 2004 e 5,758, de 13 de abril de 2006.

A introdução de espécies "estranhas", num país, constitui uma das maiores ameaças à
biodiversidade do planeta e é um factor de prejuízos económicos, danos para a saúde
pública, entre outros. Esta situação torna-se problemática porque as espécies que são
introduzidas podem seguir dois caminhos: ou ocupam nichos ecológicos idênticos aos
seus originais, livres, e podem conseguir adaptar-se com sucesso; ou pelo contrário
inserem-se em nichos ecológicos já ocupados e proporcionam competições com as
espécies já existentes, origina ndo a exclusão de alguma delas. Existe uma diferença
entre as espécies introduzidas, consoante o seu "grau" de adaptabilidade ao meio,
podendo estas ser: exóticas ou alóctones (que não são indígenas/autóctones de uma
dada ár ea) ou invasoras (que também não são aut óctones dum determinado sítio, mas
que dada a sua proliferação descontrolada, atingem as proporções de praga). Note-se, no
entanto, que as espécies começam a ser introduzidas como exóticas e que,
posteriormente, devido a óptimas condições para o seu desenvolvimento, se tornam numa
autêntica praga (invasoras); con tudo, esta observação não implica que todas as es
pécies alóctones introduzidas se tornem pragas!
A maior causa de introdução de novas espécies é a intervenção humana, pois, por
ela, muitas das espécies actualmente existentes apresentam uma área de distribuição
que não foi a determinada inicialmente. Umas, como é o caso do camaleão (que foi
introduzido no Pinhal de Monte-Gordo), do achigã (peixe que foi introduzido um pouco por
todas as albufeiras do país), por terem encontrado nichos ecológicos desocupados, e
consequentemente por não terem competidores directos, sobreviveram e adaptaram-se
bem ao meio em que foram inseridos. Outras como a acácia, o eucalipto, o jacinto -de-
água, com a sua i ntrodução, encontraram outras espécies com as quais competiram, e
sendo as mais aptas implantaram a sua supremacia, e tornaram -se pragas.
Introdução irresponsável de espécies exóticas. As nossas espécies autóctones estão
ameaçadas, talvez, de extinção.
Em próximos trabalhos, iremos abordar o efeito desvastador que al guns destes
invasores têm vindo causar na biodiversidade do nosso país. Como apontamento final,
fica aqui a nossa cha mada de atenção para a i mportância da educação ambiental e,
acima de tudo, para a criação de espaços onde o cidadão anóni mo e, especialmente, os
jovens sej am sensibilizados para a problemáti ca da biodiversidade ao nível l ocal e
planetário. São muitas as espectativas criadas com a criação do centro de interpretação
ambiental em Viana do Castelo.

ESTRATÉGIAS PARA CONSERVAÇÃO DA DIVERSIDADE BIOLÓGIC


A: HOTSPOTS (ÁREAS DE ALT A BIO DIVERSIDADE) E
CENTROS DE ENDEMISMOS.

Em todo o mundo, a sociedade e o poder público vêm se mobilizando par a criar


mecanismos que garantam a conservação da diversidade biológica.
Em relação aos ecossistemas florestais, o desmatamento e a consequente redução e
fragmentação do habitat são apontados como for tes ameaças à biodiversida de. Assim,
este trabalho objetivou apresentar e discutir estratégias que podem ser utili zadas para a
conservação da diversidade biológica em paisagens florestais f ragmenta das. No Brasil,
os esforços conser vacionistas têm se concentrado na manutenção de grandes extensões
de florestas em Unidades de Conser vação da Natureza e outras áreas pro tegi das.
A recuperação de áreas degrad adas, através de reflorestamentos com espécies nativas e
a implantação de corredores ecológicos, também são ações importantes pa ra a melhoria
das condições ecológicas e para a conservação da diversidade biológica. Como, na
realidade atual, as áreas co m flo restas estão inseridas em uma matriz de pastagens e
áreas agrícolas, diversos autores sugerem ainda que os agricultores de vam ser
incluídos nos planos de conservação da biodiversidade, principalmente através do
estimulo à adoção de meios produtivos diversificados e práticas conservacionistas. Além
disso, a educação ambiental deve ser utilizada para que a população adquira consciência
ambiental e, assim, valorize e atue na de fesa dos fragmentos florestais. Todavia, apesar
das estratégias utilizadas para a conser vação das espécies terem se mostrado úteis,
quando aplicadas isoladamente, elas apresentam falhas.Dessa maneira, é necessário
adotar metodologias que envolvam várias dessas estratégias de maneira integrada.

Impactos da fragmentação florestal sobre a diversidade biológica

O processo de fragmentação florestal traz como cons equência a redução e o isolamento


dos habitats, além de ocasionar o aumento do efeito de borda, poi s nos locais próximos
do limite entre o remanescente e a matriz circundante são obse rvadas alterações
significativas na radiação, no vento e na dinâmica da água (SAUNDERS et al., 1991). As
mudanças na paisagem podem causar uma sé rie de impactos na biota, como a
diminuição do fluxo gênico entre populações, a redução no tamanho das populações, a
extinção de espécies e alterações na composiç ão das comunidades biótic as (MoRAT o;
CAMpoS, 2000; DAvIES et al., 2001; GIMENES; ANJoS, 2003; lAURENCE;
vASCoNCEloS, 2009). A diversidade biológica presente em grandes extensõe s de
florestas não é total mente mantida nos fragment os, pois não suportam grandes
populações ou uma grande variedade de espécies. os fragmentos pequenos não
suportam elevado número de indivíduos de espécies que precisam de grande s áreas
para sobreviver, como vários predadores de topo de cadeia aliment ar. Além disso, o
isolamento das populações acarreta perda genética e de flexibilidade evolucionária,
devido ao menor fluxo gênico (kAGEyAMA; GANDARA, 1998; CAMpoS, 2006). Existem
ainda as espécies que não conseguem se adaptar às condições ambientais dos
remanescentes florestai s e a diversidade de habitats, geralmente, é menor em
fragmentos que em florestas contínuas (pAGlIA et al., 2006). Assim, muitas vezes os
fragmentos possuem uma menor riqueza de espécies que flor estas contínuas ( So BR I
NH o et al., 2003; BRUHl et al., 2003; vASCoNCEloS et al., 2006). Todavia, em outr os c
asos, é a composição das comuni dades que varia entre fragmentos florestais e f lorestas
contínuas (pUNTIllA et al., 1994; GIBB; HoCHUlI, 2002; SCHoEREDER et al., 2004), pois
os fragmentos, principalmente os menores, podem ser invadidos por espécies que
habitam a matriz circundante. Além dos efeitos diretos sobre as espécies, a fragmentação
dos habitats também pode afetar severamente processos ecológicos, como a ciclagem de
nutrientes e as interações ecológicas (kRUESS; TSCHARNTkE, 1994; GUIMARãES; Co
GNI, 2002; pAUw, 2007; ANDREAzzI et al., 2009; lAURENCE; vASCoNCEloS, 2009). A
fragmentação gera a extinção de espécies de mamífer os e afeta a taxa de remoção das
sementes, a distância de remoção e o recrutamento das espécies de plântulas dispersas
por esses animais (ANDREAzzI et al., 2009). A importância das aves para a dispersão de
sement es também é conhecida, entretanto, a fragmentação pode influenciar a riqueza de
espécies de aves e a composição da comunidade (ANJoS, 1998; GIMENES; A NJ o S,
2003). Assim, a dispersão de sementes pode ser prej udicada (RABEllo et al., 2010).
Também é conhecido que a mai or parte das espécies de árvores das florestas tropicais
requer agentes bióticos, particularmente insetos, para a polinização de suas flores.
Entretanto, a fragmentação florestal pode alterar o comportamento de forrageamento,
limitar o movimento entre fragmentos e reduzir a abundância e a riqueza de espécies de
polinizadores (lENNARTSSoN, 2002; AGUIRRE; DIRzo, 2008). Dessa forma, o sucesso
reprodut ivo das plantas também pode se r afetado (HIRAyAMA et al., 2007). pauw
( 2007) observou que a espécie de abelha Rediva peringueyi (friese, 1911) foi ausente em
pequenas áreas conservadas e em uma matriz urbana na África do Sul, como
consequência, a produção de se mentes falhou em seis espécies de plantas que são
polinizadas somente por essa abelha. A fragmentação também afeta as populações dos
predadores e presas, influenciando a predação. Tabarelli e Mantovani (1997), observar
am que a taxa de predação de ovos de pássaros foi significativamente maior na borda
que no interior de uma floresta no Espírito Santo. Essa série de impactos sobre as
interações ecológicas certamente põem em risco a sobrevivência das espécies. Além
disso, os efeitos da fragmentação florestal não são homogêneos para os diversos táxons
(ANJoS, 1998), o que torna mais complexo a elaboração de estratégias que possibilitem a
conservação de todas as espécies de uma paisa gem fragmentada. Todavia, a despeito
dos ef eitos negativos da fragmentação florestal sobre a diversidade biológica, algumas
espécies ameaçadas de extinção ainda podem ser encontradas nos fragment os florestais
(BERNACCI et al ., 2006), evidenciando a necessidade de incluir os remanescentes
florestais nas est ratégias de conservação da diversidade biológica.

As características dos fragmentos florestais e sua relação com a


conservação das espécies

As características dos fragmentos florestais irão determinar sua propensão em


suportar maior ou menor número de espécies dos di ferentes táxons. Dentre as
características mais importantes, estão o tamanho do fr agment o, o grau de isolamento, a
forma, o tipo de vizinhança e o histórico de perturbações (vIANA; pINHEIRo, 19 98).
Quanto ao tamanho do fragmento e seu grau de isolamento, cabe comentar sobre a teoria
da biogeografia de ilhas (MACARTHUR; wIlSoN, 1963). A teoria trata da probabilidade de
extinção de espécies que habitam ilhas e da recolonização desses ambient es. pela
teoria, a probabilidade de ocorrer a extinção de uma
espécie é maior em uma ilha pequena que em uma grande. Além disso, a probabilidade
de uma espécie chegar até a ilha está relacionada positivamente com o tamanho da ilha e
negativamente com a distância entre a ilha e a fonte. Essa teoria vem sendo aplicada aos
fragmentos florestais, pois funcionam como ilhas em meio a u ma matriz de áreas
agrícolas e pastagens. Dessa forma, fragmentos maiores e menos isolados seriam mais
propí cios para a manutenção da biodiversidade. A forma dos fragmentos florestais é
importante por estar relacionada com o efeito de borda e a susceptibilidade do
remanescente aos fatores externos. As bordas criadas pelo desmatamento são artificiais,
sendo uma transição abrupta entre a floresta e o ambiente adjacente (lAURANCE; vASCo
NCElo S, 2009). fragment os com maiores per ímetros em relação à sua área estariam
sujeitos a um maior efeito de borda ( DURIGAN et al., 2006). Como o per ímetro está
relacionado com a forma dos fragmentos, remanescentes florestais com áreas mais
circulares e, portanto, com menor perímetro relativo, sofreriam menos ef eitos de fatores
externos. A vizinhança dos fr agmentos se ref ere ao uso do solo no ambiente que tem
contato com a floresta. Nesse sentido, ambientes externos com maior complexidade
estrutural da vegetação, como sistemas agrícolas diversificados e com a presença de
vários estratos verticais, podem colaborar para a conservação da biodiversidade nos
fragmentos, pois são ambientes mais próximos à estrutura original da floresta, se
comparado com ambientes mais distantes, como monoculturas. por outro lado,
fragmentos vizinhos de pastagens e áreas urbanas
podem ter o efeito de borda intensificado e serem mais propensos à perda de espécies.
fragmentos florestais vizinhos de áreas de passagem podem sofrer, por exemplo,
com incêndios provocados nas áreas vizinhas e com o pisoteio provocado pelo gado ao
adentrar a floresta. Já nos fragmentos vizinhos de áreas urbanas, comumente, podem ser
encontrados vestígios de atividades humanas, como o lixo. Nesse sentido, Saunders et al.
(1991) afirmam que as pesquisas sobre os ecossistemas fragmentados, além de
estudarem a bi ota, devem ser dirigidos para a compreensão e controle das influências
externas. outro fator crucial é o histórico de perturbações, que muitas vezes é compl exo e
longo, mas é um dos fatores que melhor explica o estado atual da estr utura do fragmento
(vIANA; pINHEIRo, 1998). É comum que os fragmentos florestais tenham sofr ido ações
antrópicas como a caça, o fogo e a retirada seletiva de madeira e outros produtos
vegetais (GoNzAGA et a l., 2007; MUllER et al., 2010). Tendo em vista a importância dos
fatores apresentados, é imprescindível que esses sejam levados em consideração na
elaboração de estratégias para a conservação da diversidade biológica nos fragmentos
florestais.

Unidades de Conservação da Natureza

Em todo o mundo, esforços vêm sendo feitos para preservar os remanescentes


florestais e sua biodiversidade. Tais esforços têm se concentrado na conser vação de
grandes extensões de florestas em reservas e outras áreas naturais protegidas por lei
(RylANDS; B RAND o N, 2005). No Brasil, a lei No 9.985 de 18 de julho de 2000, que
institui o Sistema Nacional de Unidades de Conser vação da Natureza (SNUC), define
Unidade de Conser vação como “espaço territorial e seus recursos ambientais, inc luindo
as águas j urisdicionais, com características naturais relevant es, legalmente instituído
pelo poder público, com obj etivos de conser vação e limites defini dos, sob regime
especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”. As
Unidades de Conservação têm c ontribuído para a conservação da biodiversidade
regional e proteção de espécies endêmicas, ameaçadas ou vulneráveis (BRAz; CA
vAlCANTI, 2001). Além disso, o desmatament o pode ser até 10 vezes menor no i nterior
das áreas protegidas do que fora delas (fERREIRA et al., 2005). Apesar da importância, já
constatada, das Unidades de Conservação, melhorias ai nda devem ser buscadas.
lima et al. (2005) obser varam que a criação de Unidades de Conser vação em
Minas Gerais tem ocorrido sem a perspectiva de cumpr ir com os objetivos estabelecidos
em sua criação. observaram ainda que apenas uma Unidade de Conservação
apresentava nível satisfatório de manejo e 60% exibiram nível insatisfatóri o. os autores
afirmam que isso t ambém ocorre em outros estados, como São paulo, Rio de Janeiro e
Mato Grosso. o projeto de várias Unidades de Conser vação levou em consideração as pr
em is sa s da b io g e og r a f i a de il ha s (SAUNDERS et al., 1991).Todavia, existem
dúvidas sobr e o que seria mais adequado, conservar um único fragmento florestal grande
ou vários pequenos. Um fragmento grande preser varia um maior número de espécies,
mas, por outro lado, poderia ser devastado com um único evento catastrófico. J á os
fragmentos pequenos abrigariam menos es pécies, mas há uma probabilidade maior de
que ao menos um permaneça após um evento catastrófico, possibilitando uma posterior
colonização dos demais. Nesse sentido, esforços vêm sendo realizados par a selecionar
fragmentos florestais prioritários para a conservação. os atributos biofísicos (como o
tamanho, a conectividade, a proteção de mananciais, a diversidade de f isionomias , a
riqueza de espécies e o número de espécies raras), a integridade dos recursos naturais
(como a presença de espécies invasoras, frequência de incêndios e a presença de lixo) e
as influências externas (como o uso das terras no entorno e a relação
perímetro/superfíce) são fatores utilizados nessa seleção (DURIGAN et al., 2006).
Todavia, existem casos em que a criação de Unidades de Conservação não é baseada no
conhecimento ecológico. para Campos e Costa f il ho (2005), o processo de escolha dos
locais para a criação de Unidades de Conservação no Estado do paraná é centrado em
áreas que sobraram do processo de ocupação e expansão da fronteira agrícola. Segundo
os autores, esse processo resultou num conjunto de áreas protegidas de reduzida
extensão, alto grau de isolamento e que engloba apenas uma parte das ecorregiões do
Estado. para Schelhas e Greenberg (1996), grandes áreas protegidas através de parques
e reser vas, muitas ve z es, não pro vêm representativa proteção para diferentes habit ats,
além di sso, por causa de contrastes sociais, econômicos e políticos, existe pouca
esperança na expansão do sistema de áreas protegidas. Isso tem dei xado claro que a
estratégia de conservação f ocada somente em grandes áreas possui falhas e que são
necessários esforços para incluir áreas fora das grandes reservas. Assim, há uma forte
necessidade de desenvolver uma abordagem i ntegrada para a gestão da paisagem, que
coloca as áreas naturais protegidas no contexto da paisagem global (SAUNDERS et al.,
1991).

Reflorestamentos e corredores ecológicos

Devido ao acelerado processo de desmatamento e fragmentação dos habitats,


observado nas últimas décadas e principalmente nos tr ópicos, a recuperação de áreas
degradadas at ravés de reflorestamentos com espécies nativas e a implantação de
corredores ecológicos são ações importantes para a melhoria das condi ções ecológicas e
para a conservação da diversidade biológica (zAU, 1998). fol ke et al. (2004), encontraram
evidências de que as ações antrópicas podem reduzir a resi stência dos ecossistemas. os
ecossistemas degradados tornam-se mais vulneráveis às mudanças e, como
consequência, podem mudar subitamente de um estado desejado para um menos
desejado em sua capacidade de gerar serviços ecológicos e conser var a biodiversidade.
Desse modo, a gestão da paisagem deve se concentrar em transformar ec ossistemas
degradados em ambientes mais equilibrados ecologicamente. para valcarcel e Silva
(1997) as estratégias de reabilitação de áreas degradadas devem en volver um conjunto
de fatores ambi entais, de tal forma que propicie condições para que os processos
ecológicos sejam similares ao de uma vegetação nativa da r egião. Diversas estratégias
vêm sendo utilizadas para a recuperação de áreas degradadas. Almeida (1998) afirma
que, dentre os modelos de recuperação florestal, os que possibilitam uso múltiplo se
destacam, por conciliarem a obtenção de benefícios ambientais (conser vação do solo,
água, diversidade biológica, entre outros) com a produç ão de benefícios econômicos
(produtos florestais madei reiros e não - madeireiros). Cabe ressaltar que alguns autores
afirmam que os benefícios advindos dos reflorestamentos podem ser maiores com a
utilização de espécies arbóreas nativas, pois ambientes reflorestados com tais espécies
abrigariam co munidades bióticas com níveis de diversidade similares aos das florestas
nativas (pEREIRA et al., 2007). Assim, a impl antação desses reflorestamentos tem sido
uma prática bastante adotada em diversas regiões do país, visando à recuperação de
funções ecológicas nos ambientes degradados e contr ibuindo para a conser vaç ão da
biodiversidade (MACHADo et al. , 2008; pINHEIRo et al., 2009). Entretanto, ferraz e
vettorazzi (2003) coment am que, para um melhor resultado, sob a óptica da ecologia de
paisagem, seri a interessante que as áreas recuperadas fossem arranjadas de forma a
possibilitar maior trânsito de animais e troca de material genético. Nesse sentido, viana e
pinheiro (1998) afirmam que uma boa estratégia para a conser vação da biodiversidade é
recuperar os fragmentos e interligá-los com cor redores de alto fluxo de biodiversidade,
pois assim, pode -se aumentar o fluxo de animais e sementes entre fragmentos. No artigo
2º do SNUC, corredores ecológicos são definidos como “por ções de ec ossistemas
naturais ou seminaturais, ligando unidades de conser vação, que possibi litam entre elas o
fluxo de genes e o moviment o da biota, facilitando a dispersão de es pécies e a
recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que
demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das
unidades individuais”. Entretanto, como abordado por v iana e p in heiro ( 1998), os
corredores ecológicos não são utilizados apenas para interligar Unidades de
Conservação.
Campos (2006) utilizou a seguinte definição: “os corredores de biodiversidade ou
corredores ecológicos são porções de ecossistemas naturais ou semi -naturais que ligam
fragmentos de ecossistemas possibilitando o fluxo de genes e o moviment o da biota,
facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degrada das”. para o
autor, os corredores também facilitam a manutenção de populações que demandam, para
sua sobr evivência, áreas com extensão maior do que aquelas dos fragmentos individuais.
T al afirmação é apoiada por Molofsky e ferdy (2005), que obser varam que populações
conectadas têm mais chance de prosperar que populações isoladas. Townsend e levey
(2005) testaram, para Lantana camara l. (verbenaceae) (polinizada por borboletas) e
Rudbeckia hirta l . (Asteraceae) (polinizada por abelhas e vespas), a hipótese de que os
corredor es ecológicos aumentam a circulação de insetos polinizadores em manchas de
habitat e, consequent emente, aumentam a transferência de pólen. A transferência de
pólen por borboletas, abelhas e vespas foi significativamente maior entre as manchas de
habitat conectadas por um corredor do que entre fragmentos desconexos. os a utores
concluír am que os corredores ecológicos podem facilitar a transferência de pól en em pai
sagens fragmentadas. Assim, os reflor estamentos e os corredores ecológicos
representam estratégias promissoras para a conservação da biodiversidade em
paisagens fragmentadas.
HOTSPOTS

O conceito Hotspot foi criado em 1988 pel o ecólogo inglês Norman Myers para
resolver um dos maiores dilemas dos conservacionistas: quais as áreas mais importantes
para preservar a biodiversidade na Terra?
Ao observar que a biodiversidade não está igualmente distribuída no planeta, Myers
procurou identificar quais as regiões que concentravam os mais altos níveis de
biodiversidade e onde as ações de conservação seriam mais urgentes. Ele chamou essas
regiões de Hotspots.
Hotspot é, portanto, toda área prioritária para conservação, isto é, de alta
biodiversidade e ameaçada no mais alto grau. É considerada Hotspot uma área com pelo
menos 1.500 espécies endêmicas de plant as e que tenha perdido mais de 3/4 de sua
vegetação original.
1988: Myers identificou 10 Hotspots mundiais.
1996-1999: o primatólogo norte-americano Russell Mittermeier, presidente da C I, a
mpliou o trabalho de Myers com uma pesquisa da qual participaram mais de 100
especialistas. Esse trabalho aument ou para 25 as áreas no planeta consideradas
Hotspots. Juntas, elas cobriam apenas 1,4% da superfície terrestre e abrigavam mais de
60% de toda a diversidade animal e vegetal do planeta.
fev/2005: A CI atualiza a aná lise dos Hotspots e identifica 34 r egiões, hábitat de
75% dos mamíferos, aves e anfíbios mais ameaçados do planeta. Nove regiões foram
incor poradas à versão de 1999. Mesmo assim, somando a área de todos os Hotspots
temos apenas 2,3% da superfície terrestre, onde se encont ram 50% das plantas e 42%
dos vertebrados conhecidos.
Confira a localização das 34 áreas no mapa ao lado e visite o website dos Hotspots .
No Brasil há dois Hotspots: a Mata At lântica e o Cerrado. Para est abelecer estra
tégias de conservação dessas áreas, a CI-Brasil colabor ou com o Projeto de Ações
Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade dos Biomas Brasileiros, do Minist ério
do Meio Ambiente. Centenas de especialistas e representantes de várias i nstituições tra
balharam juntos para identificar áreas prioritárias para a conservação do Cerrado (em
1998) e da Mata Atlântica (em 1999).

ESTRATÉGIA DE CONSERVAÇÃO DE HABITATS E DE ESPÉCIES

A conservação da Natureza, entendida como a preservação dos diferentes níveis e


componentes naturais da biodiversidade, numa perspectiva de desenvolvimento
sustentável, tem vindo a afir mar-se como imperativo de ac ção política e de
desenvolvimento cultural e sócio -económico à escala planetária. A interiorização dos
princípios e da acção que lhe estão subjacentes afirmou-se sobr etudo a partir da
Declaração do Ambiente, adoptada pela primeira Conferência das Nações Unidas sobre o
Ambiente, realizada em Estocolmo em 1972, culminando na recente Conferência das
Nações Unidas sobre o Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em
1992, donde res ultou a adopção de um conjunto de documentos e compromiss os, donde
ressalta a Convenção da Diversidade Biológica.
No espaço comunitário, a primeira grande acção conjunta dos Estados membros
para conservação do património nat ural ocorreu em 1979, com a publicação da Directiva
n.° 79/409/CEE, do Conselho, de 2 de Abril, relativa à conservação das aves selvagens
(directiva aves). Este diploma tem por objectivo a protecção, gestão e controlo das
espécies de aves que vivem no estado selvagem no território da União Europeia,
regulamentando a sua exploração.
Atendendo à regressão de muitas populações de espécies de aves no t erritório
europeu (em especial das migradoras), à degradação crescente dos seus habitats e ao
tipo de exploração de que eram alvo, aquela directiva prevê que o estabeleciment o de
medi das de protecção passa nomeadamente pela designação de zonas de protecçã o
especial (ZPE), correspondentes aos habitats cuja salvaguarda é priori tária para a
conservação das populações de aves. Portugal transpôs esta directi va para a ordem
jurídica interna através do Decret o -Lei n.° 7 5/91, de 14 de Fevereiro.

ESTRUTURA DE POPULAÇÕES E MANEJO SUSTENTÁVEL DE


FAUNA NA
NATUREZA E EM SEMILIBERDADE

É a intervenção humana de forma sistemática, visando manter e recuperar


populações silvestres em cat iveiro para diminui r a pressão de retirada de espécies da
natureza, ofertando à sociedade animais com origem legal, dentro do princípio da
sustentabilidade
Manejo de fauna em cativeiro é a intervenção humana de forma sistemática, visando
manter e recuperar populações silvestres em cativeiro para diminuir a pressão de retirada
de espécies da natureza, ofertando à sociedade animais com origem legal, dentro do
princípio da sustentabilidade. O processo de tomada de decisões acerca da conservação
e manejo da nossa fauna silvestre tem tido como base dois preceitos fundamentais: a
suficiência da biologia e a autoridade do especialista. Em out ras palavras, assume-se
que a contribuição exclusiva da biologia garanta as melhores decisões de conservação e
manejo e que, consequentemente, tais decisões devam ser tomadas por especialistas em
ciências biológicas (biólogos e t ambém veterinários, agrônomos e engenheiros
florestais), em virtude de seu treinamento e experiênci a nessa área.
A aplicação desses preceitos trouxe resultados expressivos. No entanto, a fauna
silvestre continua ameaçada por atividades humanas e, agora com um fator complicante,
as op iniões e interesses do público leigo acerca do assunto estão cada vez mais fortes e
di versificados. À medida que a soci edade se segmenta em gr upos com i nteresses cada
vez maiores e mais variados (e eventualment e conflitantes!) em rel ação ao uso e
conservação dos recursos naturais, o manej o da fauna silvestre deverá se beneficiar de
uma base mais ampla de fundamentos, que contemple a necessidade de integração entre
múltiplas disciplinas e o desejo de diferentes setores da sociedade de participar das deci
sões. Todo manejo deve pressupor conhecimento, controle e monitoramento. Sem esses
requisitos, que devem ser estabelecidos em regras e normas, não há manej o. A
ética no manejo é fundamental para que ele seja bem sucedido.
Existem vários regulamentos para criação de animais silvestres em cativeiro. Pode
-se pleitear a criação concervaci onista, científica, comercial ou parque zoológico. Para
cada uma dessas categorias há uma legislação específica que regulamenta o uso da
fauna silvestre visando um manejo sustentado para as espécies contempladas.
Para um interessado criar animais silvestres em cativeiro seja habilitado, é
necessário que o mesmo apresente ao IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Nat urais) uma carta consulta com se u projeto de cr iação, contemplando
os objetivos e aspectos técnicos. Uma vez que esse projeto é apr ovado o criador poderá
receber as matrizes que serão provenientes de Centr os de Triagem de Animais Sil
vestres - CETAS do IBAMA, ou mesmo de outros criadores que e stejam manejando seus
excedentes.
Os CETAS são locais onde os animais silvestres ficam alojados, quando são
apreendidos pelos órgàos fiscalizadores ou entreges por par ticulares, até serem desti
nados de acordo com seu estado físico e de selvageri a. Nessa ocasião o manejo
adequado também é fundamental para garantir a sobrevi vência do (s) animal (is).
Conhecer a biologia das espécies que se pretende criar é fundamental para o
desenvolvimento do manejo em criadouro ou zoológico. Seu registro junto ao IBAMA
dependerá da comprovação de sua capacidade técnica para manejar espécies silvestres.
Os animais silvestres, quando retirados de seu hábitat, geralmente ficam estressados e
subnutridos, fato que os leva ao óbito com freqüência. O sucesso do manejo depende da
assistência técnica dos profissionais da área, habilitados para essa finalidade, como por
exemplo biólogos e médicos veterinários.
Todos os criadouros e zoológicos registrados no IBAMA sabem que, a qualquer
momento, poderão sofrer vistoria para avaliação do manejo dos animais silvestres,
acompanhamento do plantel, entre outros.
A emissão da licença de transporte para os animais a serem transferidos é outro
mecanismo de controle dos plantéis que o IBAMA utiliza. Até mesmo os Centros de
Triagem de Triagem de Animais Silves tres - CETAS, setores do próprio IBAMA,
necessitam da citada licença para enviar um animal de uma localidade para outra.
Quando o manejo não est á sendo adequado apra a espécie que se mantém no
cativeiro, o IBAMA sugere u m ajuste, estabelecendo um prazo para tal adequação. Caso
isso não ocorra o criadouro poderá perder a guarda do animal.

Plano de Manejo Sustentável de Fauna

A caça esportiva é r esponsável por meio do paga mento de licenças e outras taxas,
pela maior parte dos recursos dos programas de conservação de fauna por todo o mundo.
Milhões de hectares de vegetação nativa original são hoje protegidos por particulares para
prática de caça esportiva que se prova ser uma prática sustentável de exploração do meio
ambiente. No Brasil a regulamentação da pesca amadora e conseqüente adoção das
licenças de pesca geraram a formalização de diversos empreendimentos e milhões de
reais em impostos e taxas que seguramente estiveram disponíveis para ampl iar os
esforços de fiscalização dos nossos recursos hídricos, no entanto a não r egulamentação
da caça tem propiciado a pratica de caça ilegal e predatória e faltam r ecursos para
fiscalização e para programas de pe squisa e conservação.
No Brasil a Lei 5.197 em seu artigo 6 determina que o poder público deve estimular
tanto a instalação de criadouros de animais silvestres quanto à formação clubes e
associações para a prática de caça e tiro ao vôo, a instalação de criadouros de animais
silvestres em especial com a finalidade de animais ornament ais doméstico têm crescido
muito nos últimos anos, porém o poder público t em se ausentado em cumprir a
determinaç ão de estimular a pratica da caça em seu caráter associ ativo como
determinado em lei.
Para tal este presente texto serve como proposta para que o Ministério do Meio
Ambiente publique r egulamentaç ão que seja adotada no Brasil a ferramenta do Plano de
Manejo Sustentável de Fauna a exemplo do que ocorre em outros países e mais ainda a
exempl o do que vem sendo aplicado nas regiões Norte e Centro -Oeste com a adoção
dos Planos de Manejo

Plano de Manejo Florestal Sustentável.

Atualmente no Brasil um Plano de Manejo Florestal Sustentável implica na execução


de um inventário florestal por meio de u m responsável técnico, e conseqüente proposta
de exploração de produtos e subprodutos florestais em um ciclo de rotação de áreas a ser
registrado em ór gão competente. Como tal um Plano de Manejo Sustentável de Fauna
deveria consistir de um inventário de fauna com potencial cinegético consistindo de
mamíferos e aves não ameaçadas de extinção e não protegidas por leis e tratados
internacionais, como perdizes, jacus, pombas, pacas, tatus, capivaras, catetos, cervídeos
e felinos, além de pr opor também o abate de possíveis animais exóticos invasores
encontrados naquela área como javalis, lebres e búfalos. Somente o registro destes
inventários já seria um enorme ganho na conservação de fauna brasileira, pois quem não
conhece o que tem não tem como conservar.
Este plano irá conter a estimativa da população de cada animal de interesse ci
negético e uma proposta especif ica de quantidade e época de abate. Seria estimulada a
inclusão na proposta da descrição de medidas de controle e promoção ambiental como a
preservação de rios e nascentes, criação e manutenção de refúgios de f auna, bem como
geração de aliment os dentro das características ali mentares destes indivíduos. Quando
uma espécie silvestre for ausente da pr opriedade será também facilitada à aquisição de
animais de criadouros ou de Centro de Triagem do IBAMA para reintrodução desta
espécie nativa naquele ambiente
Exército e Policia Federal são responsáveis pela fiscalização e cumprimento da
legislação referente a armas de fogo quando utilizadas, o uso de armas que não as de
fogo ou de baixo poder de fogo como arcos, bestas e espingardas de pólvora com
carregamento pelo cano pode e deve ser estimulado por meio de preços diferenciados de
licença a exempl o do que ocorre em outros países e com nossas licenças de pesca
embarcada e de barranco. Este documento seria registrado no órgão ambiental estadual e
o órgão federal poderia emitir as licenças de caça nos mesmos moldes da emissã o das
licenças de pesca.
Medidas semel hantes fizeram que a popul ação de veados “white -tail” que estava
em 500 mil indivíduos no i nicio do século passado nos EUA subi rem para números que
hoje ultrapassam os 30 milhões de indivíduos, outras populações conseqüentemente se
expandiram como as onças pardas, os perus nativos e out ros animais, somente u ma
regulamentação pró -ativa poderá promover a nossa f auna pois o que podemos ver é que
a maneira atual não está tendo muito sucesso.
Para concluir após a regulamentação da pesca amadora no Brasil houve uma
grande expansão do segmento com crescimentos anuais na ordem de 30% e o SEBRAE
estima que o faturamento conjunto da cadeia supere a cifra de um bilhão de reais gerando
milhões em impostos e taxas, sustentando milhares de empregos diretos e indiretos, e
gerando também divisas por meio de turistas estrangeir os que vêm a o Brasil por esta
modalidade de turismo sustentável. Não há razões para que a caça esportiva não possa
fazer o mesmo e que juntas a
caça e a pesca não possam fazer ai nda mais por nosso país tanto pela
conservação do meio ambiente quanto pela economia.
Meus mais sinceros votos de que nós brasilei ros poss amos fazer uso correto e
sustentável de nossos recursos naturais e em especial uti lizando os exemplos de
sucesso que já e stão presentes no mundo.

Fauna semiliberdade

Consiste na criação da fauna Silvestre em ambientes similares ao seus respectivos


habitats naturais, mas em condições.
O Brasil é , sem dúvida alguma, um dos países de fauna e flora mais exuberantes do
mundo. Com u ma vasta extensão territorial, a presentando os mais diversificados e
complexos ecossistemas terrestres e aquáticos, abriga milhares de espécies, as quais
evoluíram durante milhare s de anos ocupando os mais variados "habitats", explorando-os
harmonicamente.
O homem, empregando uma tecnologia cada dia mais sofisticada, tem modificado a
composição destes ecossistemas a uma velocidade muito ma ior que o seu próprio
conhecimento, causando alterações drásticas e profundas. Estas alterações são
indubitavelmente necessárias para o desenvolvimento da população humana, se bem que
poderiam ser atenuadas, se a tecnologia fosse também empregada no sentido de
harmonizar a evolução do homem dentro do meio ambiente onde se originou.
Com a destruição de seus "habitats" naturais, nossa fauna realmente está
ameaçada e a viabilidade d e ser rec uperada é um dos maiores desafios e um dos mais
inquietantes problemas. O ambiente florestal tem sido irracionalmente de vastado,
justificando-se para tal a necessidade de terras para a agropecuária, ocupação exercida
muitas vezes de forma nômade e predatória.
As populações de animais silvestres são naturalmente reguladas por diversos
fatores, tais como a oferta de aumentos, as disponibilidades de "habitats"', a reprodução e
viabilidade da prole, a ação dos competidores, dos predadores, dos parasitas, etc.
A fauna, colocada no nível de consumo, depende exclusivamente dos produtores.
Os animais evoluíram ocupando seus "habitats" específicos, sem os quais as populações
se tornam reduzidas ou desaparecem. Diversos autores estudando aves mostraram a
importância dos "habitats" no crescimento das populações. O nicho ec ológico, ou a funçã
o exercida pelas populações em seus “habitats" também é importante elemento regulador
do tamanho destas populações. Em seus “habitats" os animais demarcam seus territórios
onde encontram os alimentos necessários para sua sobrevivência e os locais específicos
para sua reprodução.
Assim a composição faunística, em número de espécies e espécimes dependem
basicamente da composição florística adequada para um perfeito desenvol vimento de
suas populacoes. Se suas necessidades bá sicas forem atendidas, as populações se
desenvol vem; se não, desaparecem ou ficam reduzidas a um número cada vez menor.
As florestas econômicas normalmente são implantadas em áreas já degradadas,
onde os animais silvestres de grande porte já desapareceram ou foram destruídos em sua
quase totalidade. Desta f orma, a única for ma racional de s e obter animais para o repovo
amento destas florestas é o estabelecimento de criadouros de animais silvestres. Nestes
criadouros, os animais nasceriam e cresceriam em regime de semi -liberdade, não
apresentando o comporta mento típico dos animais criados em jaulas.
No Brasil, pouco se sabe sobre a criação de animais silvestres, porque os
trabalhos publicados são principalmente de divulgação. Os criadouros de animais
silvestres devem ser relativame nte grandes, normalmente com área superior a 10 ha,
cerca dos com tela e arame farpado com uma al tura mínima de 2,40 metros, devendo e
ncerrar um banhado, uma pequena área de mata ou capoeira enriquecida com espéci es
frutíferas e uma área com gramíneas e leguminos as forrageira. A alimentação dos a
nimais deve ser complementada com a instalaçã o de co chos para arraçoamento. Os
animais nascidos e criados em semi-liberdade poderão ser utilizados no repovoamento de
florestas implantadas.

ESTATÍSTICA PARAMÉTRICA E NÃO PARAMÉTRICA

As estatísticas não-paramétricas são, tal como as estatísticas paramétr icas,


técnicas de inferência estatística. Diferem das segundas na medida em que podem ser
utilizadas com distribuições de resultados que não obedeçam aos parâmetros da curva
nor mal. Estes testes podem ser utilizados quando os dados experimentais são
mensurados com base em escalas de medida ao nível ordinal ou nominal. O método não-
para métrico col oca os resultados numa ordem de grandeza, portanto, ape nas mede a
variabilidade dos resultados de forma indireta, ao contrário dos testes paramétricos, que
podem medir a proporção exata de variabilidade total dos resultados, que é devida a
diferenças entre as situações experimentais, pelo que se pode afirmar que os testes não-
paramétricos são menos potent es que os paramétricos e , como tal , podem ter maiores
dificuldades em constatar as diferenças significativas quando elas o são.
Exemplo de alguns testes não-paramétricos: teste de Wilcoxon; teste de U Mann-
Whitney; teste de Kruskal-wallis; teste de Qui-quadrado; teste de Friedman, entre outros.

Diferença entre os testes paramétricos e os não paramétricos.


Os testes paramétricos baseiam-se em medidas intervalares da variável dependente
(um parâmetro ou característica quantitativa de uma população) e a utilização deste tipo
de testes exige que sejam satisfeitos os seguintes requisitos:

1. Distribuição normal

Os testes paramétricos são válidos quando aplicados a dados que obedecem a uma
distribuição normal - uma distribuição normal é aquela que é perfeitamente simétrica à
volta da média; tem a forma de um sino, como mostra a figura 1.

Figura 1: Curva de distribuição normal

No entanto, existem distribuições normais assimétricas, desviadas à direita ou à


esquerda.
Uma distribuição normal é aquela cuja análise estatística pode ser feita com da dos
da própria amostra, como a média, moda, mediana e desvi o padrão. Numa amostra que
não tem uma distribuição normal não é possível calcular o desvio padrão, por exemplo.
Quando a distribuição dos resultados da variável dependente, para os dois grupos
em comparação, em det erminada investigação (ou em ambas as variáveis, no caso de se
tratar de uma correlação) for assimétrica ou enviesada (Figura 2), as conclusões
baseadas no teste estatístico paramétrico são menos válidas. Quanto maior for o
enviesamento das distribuições, menor será a validade do teste paramétrico que lhes é
aplicado.

2. Variância homogénea

Os resultados são mais fáceis de comprar parametricamente quando a variância ou


a variabilidade dos dados, nos dois grupos, for igual ou homo génea. Se os dois grupos
submetidos ao mesmo teste de realização apresentarem médias iguais, mas distribuições
diferentes (como mostram respectivamente as curvas A e B da Fi guras 3) seria difícil
interpretar um teste paramétrico, devido às diferença s na dispersão ou variância dos
resultados, nos dois grupos.

3. Os intervalos são contínuos e iguais

Os testes paramétricos, tal como estão concebidos, podem aplicar-se apenas em


dados (medidas relativas à variável dependente) que constituem uma esca la de
intervalos, ou seja, têm entre si intervalos contínuos e iguais.
Os testes não paramétricos quando comparados com os testes paramétricos,
requerem menos pressupostos para as distribuições. Baseiam em dados ordinais e
nominais e são muito úteis para a análise de testes de hipóteses; são também úteis para
a análise de amostras grandes, em que os pressupostos paramétricos não se verifiquem,
as sim como para as amostras muito pequenas e para as investigações que envolvam
hipóteses cujos processos de medida sejam ordinais. Além disso, os testes não
paramétricos não são tão fededignos como os testes paramétricos.

ECOLOGIA DA PAISAGEM

Ecologia da paisagem é a ciência que estuda e pr ocura melhorar o relacionamento


entre os processos ecológicos no ambiente e ecossistemas particulares. Isto é feito dentro
de uma variedade de escalas de paisagem, desenvolvimento de padrões espaciais e
níveis organizacionais de pesquisas e políticas. A ecologia da paisagem enfatiza a
interação entre o modelo espacial e os processos ecológicos, isto é, as causas e
consequências da heterogeneidade espacial através de uma série de escalas.
Essencialment e ela combina a abordagem espacial do geógraf o com a abordage m
funcional do ecólogo. É uma ciência interdisciplinar, integrando biofísica e enfoques
analíticos com perspectivas humanísticas e holísticas através das ciências naturais e
sociais. Paisagens são áreas geográficas espacialmente heterogêneas, caracterizadas
por diversas interações de ecossistemas, desde sistemas aquáticos e terrestres
relativamente naturais como as florestas, campos e lagos, até ambientes dominados pelo
homem, incluindo cenários urbanos e agrícolas.
As principais características da ecologia das paisagens são sua ênfase no
relacionamento entre os padrões, processos e escalas e seu foco em tópicos ambientais
e ecológicos de grande escala. Isto exige a cooperação entr e as ciências biofísicas e
socioeconômicas. Os principais tópicos de pesquisa nesta área incluem fluxos ecológicos
nos mosaicos de paisagens, uso e mudança da cobertura do solo, a relação do padrão
das paisagens com os process os ecológicos, conservação da paisagem e
sustentabilidade.
A Ecologia de Paisagens é uma área da Ecologia que estuda a estrutura, dinâmica e
as funções de ecossistemas em ambientes naturais ou alterados pelo ser humano. E
mbora seus princípios não estejam associados a uma escala específica, é comum a visão
de que 'paisagem' repreesente uma determinada escala de trabalho. Geral mente a
paisagem é colocada entre o nível de ecossistemas e biomas na abordagem hierárquica
de organização da biodiversidade. Nos estudos associados com a Ecologia de Paisagem,
como avaliações do estado de fragmentação de ambientes naturais, conectividade
estrutural ou funcional dos elementos da paisagem, efeitos da mudança da estrutura da
paisgem sobre a biota e simulações de movimentações ou dinâmica da paisagem
geralmente são utilizadas métricas que descrevem os padrões encontrados. As métricas
estão associadas aos três elementos básicos que compõem uma paisagem: matriz,
mancha e corredor.
A matriz representa o elemento (tipo de ecossistema) que ocupa a maior área,
possui a mais extensa conectividade ou que exerce a maior influência sobre os demais
elementos. Há também uma visão bastante comum de que a paisagem, em a mbientes
impactados pelas atividades humanas, é todo o conjunto de elementos não naturai s
(pastos, áreas de agricultura, estradas, cidades, represas, solo nu) que existem em uma
paisagem.
As manchas (do inglês patch) correspondem aos ecossistemas (naturais ou não)
que estão inseridos na matriz de paisagem. Considera -se uma mancha um determinado
tipo de ecossistema que está fisicamente isolado ou separado de outra mancha do m
esmo tipo de ecossistema. As manchas podem ser resultante do processo de
fragmentação (quebra de uma continuidade) ou também resultantes de um processo de
perturbação (uma área desmatada dentro de um ecossistema nativo, por exemplo). As
manchas podem ser permanentes ou temporárias e essa dinâmi ca influencia
decididamente como a biota se comporta ao longo do tempo.
Os corredores são os elementos lineares que promovem ou facilitam a conexão
entre os demais ecossistemas na paisagem. Os cor redores, entretanto, podem também
representar barreiras que restringem a movimentação das espécies na paisagem
No Laboratório de Planejamento para a Conservação da Biodiversidade utilizamos a
abordagem da Ecologia de Paisagens para desenvolver estudos ecológicos teóricos
e aplicados sobre a biota do Cerrado, em especial a fauna de vertebrados (anfíbios,
répteis squamata, aves e mamíferos). Alguns projetos de pesquisa de mest randos e
doutorandos usam a Ecologia de Paisagens como a base para seus estudos, avaliações e
diagnósticos.

BIOMAS E FITOFISIONOMIAS BRASILEIROS: CARACTERÍSTICAS E


EVOLUÇÃO DA FAUNA E FLORA

Um bioma é um conjunto de tipos de vegetação que abrange grandes áreas


contínuas, em escala regional, com flor a e fauna similares, definida pelas condições
físicas predominantes nas regiões. Esses aspectos climáticos, geográficos e litológicos
(das rochas), por exemplo, fazem com que um bio ma seja dotado de uma diversidade
biológica singular, própria. No Brasil, os biomas existentes são ( da maior extensão para a
menor): a Amazônia, o cerrado, a Mata At lântica, a Caatinga, o Pampa e o Pantanal.
A seguir, conheça cada bioma do Brasil.

Amazônia

Extensão aproximada: 4.196.943 quilômetros quadrados


A Amazônia é a maior reserva de biodiversidade do mundo e o maior bioma do
Brasil – ocupa quase metade (49,29%) do território nacional. Esse bioma cobre totalmente
cinco Estados (Acre, Amapá, Amazonas, Pará e Roraima), quase t otalment e Rondônia
(98,8%) e parcialmente Mato Grosso (54%), Maranhão (34%) e Tocantins (9%). Ele é
dominado pelo clima quente e úmido (com temperatura média de 25 °C) e por florestas.
Tem chuvas torrenciais bem distribuídas durante o ano e rios com fluxo intenso.
O bioma Amazônia é marcado pela bacia amazônica, que escoa 20% do volume de
água doce do mundo. No território brasileiro, encontram-se 60% da bacia, que ocupa 40%
da América do Sul e 5% da superfície da T erra, com uma área de aproximadament e 6,5
milhões de quilômetros quadrados . A vegetação característica é de árvores altas. Nas
planícies que acompanham o Rio Amazonas e seus afluentes, encontram-se as matas de
várzeas (periodi camente inundadas) e as matas de igapó (per manentemente
inundadas). Estima-se que es se bioma abrigue mais da metade de todas as espécies
vivas do Brasil.
Fauna e Flora

A Floresta Amazônica possui uma das mais ricas biodiversidades do mundo, nessa
floresta reside uma grande variedade de seres vivos, vegetal e animal. Alguns
registros e pesquisas revelam que na Floresta Amazônica, existem aproximadamente
cerca de 1.800 espécies diferentes de aves, 2.500 de peixes, 320 de mamífer os e
dezenas de espécies de répteis, anfíbios e insetos. No entanto, esses números
apresentados não são totalmente definitivos, pois por falta de pesquisas, muitas espécies
de animais ainda continuam desconhecidas pela classe científica e pelo público em geral.
Esse rico ecossistema detém uma imensa quantidade seres vivos, de sde
microrganismos até animais de grande porte, de briófitas até árvor es de grande porte.

Floresta Ombrófila densa: sempre verde com dossel de até 50 m, com árvores
emergentes de até 40 m de altura. Possui densa vegetação ar bustiva, composta por
samambaias, arborescentes, bromélias e palmeiras. As trepadeiras e epífitas (bromélias e
orquídeas) cactos e samambaias também são muito abundantes. Nas áreas úmidas, as
vezes temporariamente encharcadas, antes da degradação do homem, ocorriam
figueiras, jerivás (palmeir a) e palmitos.

Floresta Ombrófila Aberta: é considerada uma área de transição entre a Floresta


Amazônica e as áreas extra-ama zônicas. Esta floresta apresenta quatro faciações
florísticas que alteram a fisionomia ecológica da floresta ombrófila densa: Com palmeira –
cocal; Com bambu – bambuzal; cipó – cipozal; sororoca – sororocal. Tem como
característica ambientes com climas mais secos, que chegam de 2 a 4 meses por ano,
com temperaturas de 24 à 25°C.

Floresta estacional decidual: é um ecossistema do bioma Mat a Atlântica. Ocorre em


grandes altitudes e baixa temper atura. Esse ecossistema é caracterizado por duas
estações, uma seca e outra chuvosa,a primei ra mais prolongada, ao contrário da Floresta
Tropical que não mantém estação seca.

Floresta estacional semi-decidual: constitui a veget ação típica do bioma da Mata


Atlântica, estando condicionada pela dupla estacionalidade climática , perdendo parte das
folhas (20 a 50%) nos períodos secos. É constituída por fanerófitos com gemas foliares
protegidas da seca por escamas (catáfilos ou pêl os), tendo folhas adultas esclerófilas ou
membranáceas deciduais. O grau de decidualidade, ou seja, a perda das folhas é d
ependente da intensidade e duração de basicamente duas razões: as temper aturas
mínimas máximas e a deficiência do balanço hídrico.
Campinarana: As campinaranas desenvolvem-se sobre solos arenosos, espalhando-
se em manchas ao longo da bacia do Rio Negro. Ocorrem ai nda áreas de cerrado
isoladas do ecossistema do Cerrado do planalto central brasileiro.

Formações Pioneiras: São aquelas que se destacam e evoluem mais rapidamente,


geralmente caracterizado como o Dossel das árvores ou as copas. em sistemas de
sucessões são as primeiras a se desenvolverem.

Refúgios Montanos: (campos de altitude, campos rupestres, brejos de altitude e


tepuis)

Savanas Amazônicas: Além da vegetação florestal, ocorrem na Amazônia enclaves


de vegetação de savana. Essa vegetação pode em geral ser classificada em campos de
terra-firme,de origem terciária ou quaternária, e campos inundáveis, que podem ser
campos marginais de várzeas ou campos interioranos.

Matas de Terra Firme: As florestas de terra-firme caracterizam-se por ocorrer em


áreas não sujeitas a inundações. Apresentam uma grande variedade de fisionomias
(florestas densas, florestas semi -abertas com babaçu, florestas secas com palmeiras,
florestas secas com cipós, florestas secas com cipós e palmeiras, etc.). O tipo
predominante apresenta árvores altas (mais de 25 m de altura), copa fechada, mui tas
lianas, sub-bosque aberto e elevada bi omassa. O conjunto das florestas de terra-firme
representa cerca de 80% da vegetação da região.

Matas de Várzea: localizam-se em áreas mais altas que as matas de igapós. Essas
são alagadas periodicamente nas cheias dos rios. Espécies como o cacaueiro e a
seringueira são comuns nessas matas.

Matas de Igarapós: localizam-se em áreas mais altas que as matas de i gapós.


Essas são alagadas periodicamente nas cheias dos rios. Espécies como o cacaueiro e a
seringueira são comuns nessas matas .

Cerrado

Extensão aproximada: 2.036.448 quilômetros quadrados


O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul e cobre 22% do território
brasileiro. Ele ocupa totalmente o Distrito Federal e boa parte de Goiás (97%), de
Tocantins (91%), do Maranhão (65%), do Mato Grosso do Sul (61%) e de Minas Gerais
(57%), além de cobrir ár eas menores de outros sei s Estados. É no Cerrado que está a
nascente das três maiores bacias da América do Sul (Amazônica/Tocantins, São
Francisco e Pr ata), o que resulta em elevado potencial aquífero e grande biodiversidade.
Esse bioma abriga mais de 6,5 mil espécies de plantas já catalogadas.
No Cerrado predominam formações da savana e clima tropical quente subúmido,
com uma estação seca e uma chuvosa e t emperatura média anual entre 22 °C e 27 °C.
Além dos planaltos, com extensas chapadas, existem nessas regiões florestas de galeria,
conhecidas como mata ciliar e mata ribeirinha, ao longo do curso d’água e com folhagem
persistente durante todo o ano; e a vereda, em vales encharcados e que é composta de
agrupamentos da palmeira buriti sobre uma camada de gramíneas (estas são constituídas
por plantas de diversas espécies, como gramas e bambus).

Fauna e Flora

A fauna do bioma Cerrado, freqüentemente é mencionada como pouco conhecida. A


afirmação é ver dadeira quando se considera que a maioria das áreas não foi ainda
inventariada ou se foram, o levantamento foi superficial, permitindo apenas estimativas do
número total de espécies. No entanto, percebe-se que a fauna é rica dada à
heterogeneidade de ambientes no Cerrado.
Existem cerca de 320.000 espécies de animais na região do Cerrado, sendo apenas
0,6 % formada por animais vertebrados. Animais vertebrados são aqueles que
possuem coluna vertebral, como mamíferos, aves, peixes, etc. Entre os animais
invertebrados, os insetos têm posição de destaque com cerca de 90.000 espéci es,
representando 28 % de toda a biota do Cerrado.
O termo invertebrado não tem significado biológico, mas é usado para representar
todos os animais que não são vert ebrados. Diferenciam-se desses por possuírem um
tubo com nervos ao longo do corpo capazes de responder aos estímulos do ambiente.
Em relação à fauna de insetos (entomofauma) da região existem três sub-regiões
faunísticas distintas para alguns grupos nas quais baseiam-se as ações prioritárias para a
conservação da biodiversidade de invertebrados no Cerrado: a primeira abrange o leste
da Chapada dos Veadeiros, norte de Minas Gerais, oeste da Bahia, sudeste do
Maranhão, sul do Piauí, leste de Goiás e Distrito Federal e p arte de São Paulo; a
segunda, o centro -este do Goiás, Tocantins, centro-sul de Mato Grosso e norte do Mato
Grosso do Sul e a terceira, abrange a parte sul e sudeste da região do Cerrado.
A seguir serão apresentados alguns números que demonstram a riqueza estimada
da fauna que compõe a biota da região ( o termo biota é usado para desi gnar a flora e
fauna de uma dada região).
A vegetação do Bioma do Cerrado, considerado aqui em seu "sensu lato", não
possui uma fisionomia única em toda a sua extensão. Muito ao cont rário, ela é bastante
diversificada, apresentando desde formas campestres bem abertas, como os ca mpos
limpos de cerrado, até formas relativament e densas, florestais, como os cerradões. Entre
estes doi s extremos fisionômicos, vamos e ncontrar toda uma gama de formas
intermediárias, com fisionomia de savana, às vezes de carrasco, como os campos sujos,
os campos cerrados, os cerrados " sensu stricto" (s.s.). Assim, na natureza o Bioma do
Cerrado apr esenta-se como um mosaico de formas isionômicas, ora manifestando-se
como campo sujo, ora como cerradão, ora como campo cerrado, ora como cerrado s.s. ou
campo limpo. Quando percorremos áreas de cer rado, em poucos km pode mos encontrar
todas estas diferentes fisionomias. Este mosaico é determinado pelo mosaico de
manchas de solo pouco mais pobres ou pouco menos pobres, pela irregularidade dos
regimes e características das queimadas de cada local (frequência, época, intensidade) e
pela ação humana. Assim, e mbora o Bioma do Cerrado distribua-se predominantement e
em áreas de clima tropical sazonal, os fatores que aí limitam a vegetação são outros: a f
ertilidade do solo e o f ogo. O clímax climático do Domínio do Cerrado não é o Cerrado,
por estranho que possa parecer, mas sim a Mata Mes ófila de Interflúvio, sempre verde,
que hoje só existe em pequenos relictos, sobre solos férteis tipo terra roxa legítima. As
diferentes formas de Cerrado são, portanto, pedoclímaces ou piroclímaces, dependendo
de se r o solo ou o fogo o seu fator limitante. Claro que ce rt as formas abertas de cerrado
devem es ta sua fisionomia às der rubadas feitas pelo homem para a obtenção de lenha
ou carvão.
De um modo geral, podemos di stinguir dois estrat os na vegetação dos Cerrados: o
estrato lenhoso, constituído por árvores e arbustos, e o estrato herbáceo, formado por
ervas e subarbustos. Ambos são curiosamente heliófilos. Ao contrário do caso de uma
floresta, o estrato herbáceo aqui não é formado por espécies de sombra, umbrófilas,
dependentes do estrato lenhoso. O sombreamento lhe faz mal, prej udica seu crescimento
e desenvolvimento. O adensamento da vegetação lenhosa acaba por eliminar em grande
parte o estrato herbáceo. Por assim dizer , est es dois estratos se antagonizam. Por esta
razão entendemos que as formas intermediárias de Cerrado - campo suj o, campo
cerrado e cerrado s.s. - repr esentem verdadeiros ecótonos, onde a vegetação her
bácea/subarbustiva e a vegetação arbórea/arbust iva estão em intensa competição,
procurando, cada qual, ocupar aquele espaço de forma independente, individual. Aqueles
dois estratos não comporiam co munidades harmoniosas e integradas, como nas
florestas, mas representariam duas comunidades antagônicas, concorrentes. Tudo aquilo
que beneficiar a uma delas, prejudicará, indiretament e, à outra e vice -versa. Elas diferem
entre si não só pelo seu es pectro biológico, mas t ambém pelas suas floras, pela
profundidade de suas raízes e forma de exploração do sol o, pelo seu comport amento em
relação à seca, ao fogo, etc., enfim, por toda a sua ecol ogia. Toda a gama de formas
fisionômi cas intermediárias parece -nos expressar exatamente o balanço atual da
concorrência entre aqueles dois estratos.
Troncos e ramos tortuosos, súber espesso, macrofilia e esclerofilia são
características da vegetação arbórea e arbustiva, que de pronto impressionam o obser
vador. O sistema subterrâneo, dotado de longas raízes pivotantes, permite a estas plantas
atingir 10, 15 ou mais metros de profundidade, abastecendo-se de água em camadas per
manentemente úmidas do solo, até mesmo na época seca.
Já a vegetação herbácea e subarbustiva, f ormada também por espécies
predominantement e perenes, possui órgãos subterrâneos de resistência, como bulbos,
xilopódios, sóboles, etc., que lhes garantem sobreviver à seca e ao fogo. Suas raízes são
geralmente superficiais, indo até pouco mai s de 30 cm. Os ra mos aéreos são
anuais, secando e morrendo durante a estação seca. Formam-se, então 4, 5, 6 ou mais
toneladas de palha por ha/ano, um combustível que facilmente se inflama, favorecendo
assim a ocorrência e a propagação das queimadas nos Cerrados. Neste estrato as folhas
são geralmente micrófilas e seu escleromorfismo é menos acentuado.

Mata Atlântica

Extensão aproximada: 1.110.182 quilômetros quadrados


A Mata Atlântica é um complexo ambiental que engloba cadeias de montanhas,
vales, planaltos e planí cies de toda a faixa continental atlântica leste brasil eira, além de
avançar sobre o Planalto Meridional até o Rio Grande do Sul. Ela ocupa totalmente o
Espírito Sa nto, o Rio de Janeiro e Santa Cat arina, 98% do Paraná e áreas de mais 11
Unidades da Federação.
Seu principal tipo de veget ação é a floresta ombrófila densa, normalmente
composta por árvores altas e relacionada a um cli ma quente e úmido. A Mata A tlântica já
f oi um dos mais ricos e variados conjuntos florestais pl uviais da América do Sul, mas
atualment e é reconhecida como o bi oma brasileiro mais descaracterizado. Isso porque
os primei ros episódios de colonização no Brasil e os ciclos de desenvolvimento do país
levar am o homem a ocupar e destruir parte desse espaço.

Fauna e Flora

Rica em diversidade de espécies, a Mata Atlântica está entre as cinco regiões do


mundo com maior número de espécies endêmicas. Os animais podem ser considerados
ge neralistas ou especialistas.
Os generalistas apresentam hábitos alimentares variados, alta taxa de crescimento e
dispersão; vivem em área s de vegetação aberta e secundária, tol erantes e capazes
de aproveitar diferentes recursos oferecidos pelo meio ambiente. Os animais especialistas
são mais exigentes em relação aos habitats nos quais vivem, com dieta específica, uma
alteração no meio ambiente exige dos animai s especialistas a procura de novos habitats.

Grupos da Mata Atlântica :

Mamíferos – A Mata Atlântica possui cerca de 250 espécies de mamíferos, das quais
55 são endêmicas. Os mamíferos são os que mai s sofrem com o desmatamento.
Aves – Possui cerca de 1020 espécies de aves, se ndo 188 espécies endêmicas e
104 ameaçadas de extinçã o em virtude da destruição dos habit ats, da caça predatória e
do comércio ilegal, entre as mais a meaçada s estão as aves de rapina.
Anfíbios – Apresentam formas de reprodução estrategicamente diversificada. Na
Mata Atlântica há cerca de 370 espécies de anfíbios, sendo 90 endêmicas.
Répteis – O jacaré-do-papo-amarelo é uma das espécies endêmicas da Mata Atl
ântica, que possui 150 espéci es de répteis, das quais 43 também são encontradas na
Amazônia.
Peixes – A Mata Atlântica possui cerca de 350 espécies de peixes, sendo 113
endêmicas. O endemismo é justificado pelo isolamento da área em relação das demai s
bacias hidrográficas.
Presente em grande parte da região litorânea brasileira, a Mata Atlântica é uma das
mais importantes florestas tropicais do mundo, apresentando uma r ica biodiversidade.
Infelizmente, encontra-se em processo de extinção, principalmente em função do corte
ilegal de árvores, da poluição ambi ental e da especulação imobiliária.
Em contraste com essa exuberância, as estatísticas indicam que mais de 70% da
população brasileira vivem na região da Mata Atlântica. Além de abrigar a maioria das
cidades e regiões metropolitanas do país, a área origi nal da floresta sedia também os
grandes pólos industriais, petroleiros e portuários do Brasil, respondendo por nada menos
de 8 0% do PIB nacional. A Mata Atlântica abrange as bacias dos rios Paraná, Uruguai,
Paraíba do Sul, Doce, Jequitinhonha e São Francisco.
Espécies imponentes de ár vores são encontradas na região, como o jequitibá -rosa,
de 40 metros de altura e 4 metros de diâmetro. Também destacam-se nesse cenário
várias outras espécies: o pinheiro-do-paraná, o cedro, as filgueir as, os ipês, a braúna e o
pau-brasil, entre muitas outras. Na diver sidade da Mata Atlântica são enc ontradas matas
de altitude, como a Serra do Mar (1.100 metros) e Itatiaia ( 1.600 metros) onde a neblina é
constante. Paralelamente à riqueza vegetal, a fauna é o que mais impressiona na região.
A maior par te das espécies de animais brasileiros ameaçados de extinção sã o
originários da Mata Atlâ ntica, como os micos-leões, a lontra, a onça-pintada, o tatu-
canastra e a arara-azul-pequena. T ambém vivem na região os gambás, tamanduás,
preguiças, a ntas, vea dos, cotias, quat is, entre outros.
Alguns povos indígenas ainda habitam a região da Ma ta Atlântica. Entre eles,
podemos destacar: Pataxó, Kaiagang, Potiguara, Kadiweu, Krenak, Guarani, Kaiowa e
Tupiniquim.

Caatinga

Extensão apr oximada: 844.453 quilômet ros quadrados


A Caatinga, cujo nome é de origem indí gena e significa “ mata clara e aberta”, é
exclusivament e brasileira e ocupa cerca de 11% do país. É o principal bioma da Região
Nordeste, ocupando totalmente o Ceará e parte do Rio Grande do Nor te (95%), da
Paraíba (92%), de Per nambuco (83%), do Piauí (63%), da Bahi a (54%), de Sergi pe
(49%), do Alagoas (48%) e do Maranhão (1%). A ca atinga també m cobre 2% de Minas
Gerais.
A Caatinga apresenta uma grande riqueza de ambientes e espécies, que não é
encontrada em nenhu m outro bioma. A se ca, a lumi nosidade e o calor car acterísticos
de áreas tropicais resultam numa vegetação de savana estépi ca, espinhosa e decidual
(quando as folhas caem em determinada época). Há também áreas serranas, brejos e
outros tipos de bolsão climático mais ameno.
Esse bioma está sujeito a dois períodos secos anuais: um de longo período de
estiagem, seguido de chuvas intermitentes e um de seca curta seguido de chuvas t
orrenciais (que podem faltar durante anos). Dos ecossistemas or iginais da caatinga, 80%
foram al terados, em especial por causa de desmatamentos e queimadas.

Fauna e Flora

A fauna é principalment e composta por répteis e aves, existindo também algumas


espécies de mamíferos e anfíbios. Na grande maioria são animais de hábitos noturnos,
uma vez que durante o dia o sol chega a ser uma ameaça para as espécies. Diversas
espécies da caatinga estão em perigo de extinção, isto devido a intensidade da caça
predatória pelas populações que habitam a região.
São exemplos da fauna a cotia, gambá, preá, veado -catingueiro, tatupeba, sagui-do-
nordeste, ararinha azul, carcará, coruja-buraqueira, raposa, o famoso jegue, animal de
tração utilizado como meio de transporte pelo sertanej o, entre outros ani mais.
É uma formação vegetal que pode ser encontrada na região do semi -árido
nordestino. Está presente também nas regiões extremo nort e de Minas Gerais e s ul dos
estados do Maranhão e Piauí. Logo, é típica de regiões com baixo í ndice de chuvas
(presença de solo seco). Na língua dos pri meiros habitantes do Brasil, "caatinga" quer
dizer "mat a branca", devi do às amplas regiões de mata rala. Porém, por trás da aridez
da área, es conde-se um território com enorme biodiversidade.
A caatinga é coberta por solos relativament e férteis. Embora não tenha potencial
madeireiro, exceto pela extração secular de lenha, a região é rica em recursos genéticos,
dada a sua alta biodiversidade. Por outro lado, o aspecto agressivo da vegetaçã o
contrasta com o colorido diversificado das f lores emergentes no período das chuvas, cujo
índice pluviométrico varia entre 300 e 800 mm a nualmente.

A caatinga apresenta três estratos:

 arbóreo (8 a 12 metros)
 arbustivo (2 a 5 metr os)
 herbáceo (abaixo de 2 metros)

Contraditoriamente, a flora dos sertões, constituída por espécies com longa história
de adaptação ao calor e à secura, é incapaz de reestruturar-se naturalmente se máquinas
forem usadas para alterar o solo. A degradação é, por tanto, irr eversível na caatinga.
No meio de tanta aridez, a caati nga surpreende com suas "ilhas de umidade" e
solos férteis. São os chamados brejos, que quebram a monotonia das condições físicas e
geológicas dos sertões. Nessas ilhas é possível produzir quase todos os alimentos e
frutas peculiares aos trópicos do mundo.
Como exemplos de vegetação da caatinga, podemos ci tar os arbustos (aroeira,
angico e juazeiro), as bromélias (caroá) e os cactos (mandacaru e xique-xique do sertão).
Algumas espécies de bromélias são aproveitadas para a fabricação de bolsas, cintos,
cordas e redes, pois são ricas em fibras vegetais.

Pampa

Extensão apr oximada: 176.496 quilômetros quadrados


O bioma pampa está presente somente no Rio Grande do Sul, ocupando 63% do
território do Estado. Ele constitui os pampas sul-americanos, que se estendem pelo
Uruguai e pela Argentina e, internacionalmente, são classificados de Estepe. O pampa é
marcado por clima chuvoso, sem período seco regular e com frentes polares e
temperaturas negativas no inverno.
A vegetação predominante do pampa é constituída de ervas e arbustos, recobrindo
um relevo nivelado levement e ondul ado. Formações florestais não são comuns nesse
bioma e, quando ocorrem, são do tipo floresta ombrófila densa (árvores altas) e floresta
estacional decidual (com árvores que perdem as folhas no período de seca) .

Fauna e Flora

Os Pampas contam com 385 espécies de aves, como pica-paus, caturritas, anus
-pretos e
90 de ma míferos terrestres, como guaraxains, alces e tatus. Possui 26 espécies de
animais ameaçados de ext inção. Os Campos caracterizam-se pela presença de uma
vegetação rasteira (gramínea s) e pequenos arbustos di stantes uns dos outros. Podemos
encontrar esta formação vegetal em vár ias regiões do Brasil (sul do Mato Grosso do Sul,
nordeste do Paraná, sul de Minas Ger ais e norte do Maranhão), porém é no sul do Rio
Grande do Sul, região conhecida como Pa mpas Gaúchos, que encontramos em maior
extensão.

Características principais dos Campos:

- vegetação formada por gramíneas e arbustos e árvores de pequeno porte.


- não dependem de grande quantidade de chuvas .
– sua extensão at ingem os ter ritórios da Argentina e Paraguai.

A região dos Campos, principalmente no Rio Grande do Sul, é muito utilizada para a
pastagem de gado. A pecuária é uma das princi pais ativida des econômica nesta região.

Pantanal

Extensão aproximada: 150.355 quilômetr os quadrados


O bioma Pant anal cobre 25% de Mat o Grosso do Sul e 7% de Ma to Grosso e seus
li mites coincidem com os da Planície do Pantanal, mais conhecida como Pantanal mato-
gr ossense. O Pantanal é um bi oma praticamente exclusivo do Brasil, pois apenas uma
pequena faixa dele adentra outros paíse s (o Paraguai e a Bolívia).
É caracterizado por inundações de longa duração (devido ao solo pouco permeável)
que ocorrem anualmente na planície, e provocam alterações no ambiente, na vida
silvestre e no cotidiano das populações locais. A vegetação predominant e é a savana. A
cobertura vegetal original de áreas que circundam o Pantanal foi em gr ande parte
substituída por lavouras e pastagens, num pr ocesso que j á repercute na Planície do
Pantanal.

Fauna e Flora

A fauna pantaneira é muito rica, provavelmente a mais rica do planeta. Há 650


espécies de aves (no Brasil inteiro est ão catalogadas cerca de 1800), a mais espetacular
é a arara-azul-grande, uma espécie ameaçada de extinção. Há ainda tuiuiús (a ave
símbolo do Pantanal), tucanos, periquitos, gar ças-brancas, jaburus, beija-flores (os
menor es chegam a pesar dois gramas), socós (espécie de gar ça de coloração
castanha), jaçanãs, emas, seriemas, papagaios, colhereiros, gaviões, carcarás e
curicacas .
No Pantanal já foram catalogadas mais de 1.100 espécies de borboletas, cont am-se
mais de 80 espécies de mamí feros, sendo os principais a onça -pintada (atinge a 1,2 m
de compriment o, 0,85 cm de altura e pesa até 200 kg), capivara, lobinho, veado -campei
ro, veado catingueiro, lobo-guará, macaco-prego, cervo do pantanal, bugio ( macaco que
produz um ruído assustador ao amanhecer), porco do mato, t amanduá, cachorro-do-
mato, anta, preguiça, ariranha, suçuarana, quati, tatu etc.
A região também e extremamente piscosa, já tendo sido cat alogadas 263 espécies de
peixes: piranha (peixe carnívoro e extremamente feroz), pacu, pintado, dourado, cachara,
curimbatá, j aú e piau são as pri ncipais encontradas.
Há uma infinidade de répteis, sendo o principal o jacaré (jacaré -do-pantanal e j acaré-de-
coroa), cobras (sucuri, jibóia, cobras-d’ água e outras), lagartos (camal eão, calango-
verde) e quelônios (jabuti e cágado).
A vegetação do Pantanal é um mosaico de paisagens constituindo -se de lagoas
com plantas aquáticas (baias), vegetação flutuante ( baceiro), áreas não inundáveis com
vegetação de cerrado e caatinga (cordi lheira), canais de escoamento de água (corixo) e
savanas com ipê amarelo (paratudal).
A natureza repete, anualmente, o espetáculo das cheias, proporcionando ao
Pantanal a renovação da fauna e flora local. Esse enorme volume de água, que
praticamente cobre toda região do Pantanal, forma um verdadeiro mar de água doce onde
milhares de peixes proliferam.
Peixes pequenos servem de ali mento a espécies maiores ou a aves e animais.
Quando o período da vazante começa, uma grande quantidade de peixes fica retida em
lagoas ou baias, não conseguindo retornar aos rios. Durante meses, aves e animais
carnívoros (jacarés, ariranhas e outros) têm, portanto, um farto banquete à sua
disposição.

DESENVO LVIMENTO ECONÔMICO DO PAÍS E CONSERVAÇÃO DA


BIODIVERSIDADE AMAZÔNICA

O processo atual de desenvolviment o do país e do mundo, de uma maneira geral,


ainda está baseado em um modelo sóci o-econômico excludente e em u m sistema de
aproveitamento da natureza com grande ênfase em atividades predatórias para o meio
ambiente. Entret anto, desde a década de 1960, com a denúncia dos grandes desas tres
ambientais, tem crescido o movimento ambient alista mundial , assim como a c onsciência
ecológica das populações de modo geral. Decorrentes desse processo, diversas ações
têm sido realizadas para se construir mecanismos de preservação e conservação da
natureza.
Primordialmente, grande ênfase foi dada aos procedimentos de comando e controle,
tendo priorizado-se, por exemplo, a criação de áreas pr otegidas de proteção integral,
concebidas como locais de natureza intocada, sem qualquer alteração humana, e também
a elaboração de legislações ambientais com enfoques restritivos e punitivos.
Posteriormente , começa a se desenvolver concepções mais integradoras, possibilitando
o desenvolvimento de ações com ênfase na integração homem e natureza. Dentro dessa
nova perspectiva, começam a ser conStruídas as concepções de desenvolvimento
sustentável, por exemplo, que defendem a possibilidade de integrar, ao desenvolviment o
econômico, as variáveis ambient ais, sociais e também cul turais.
Esse novo enfoque de integração das sustentabilidades econômica, social,
ambiental e cultural nas diversas ações de desenvolvimento econômico, e também de
conservação ambiental do país, represent a uma mudança de par adigma. Para a
estruturação dessa nova perspectiva, grandes avanços precisam ser realizados em
diversas áreas, como na pesquisa e desenvolvimento, na política ambiental e econômica,
dentre outras. A ciência e a tecnologia, por exemplo, têm um i mportante papel a
desempenhar no se ntido de oferecer soluções concretas, em ter mos de produção e
consumo, par a estruturação de uma sociedade sustentável. Mudanças nas estruturas de
produção e consumo tendem a ocorrer por meio da pesquisa e desenvolviment o de
processos e pr odutos, com a união entre ciência e tecnologia (C&T).
Em termos de políticas ambientais, o Brasil tem procurado desenvolver os marcos
institucionais que amparem o processo de mudança das nor mas legais relativas à
bioprospecção e ao uso econômico das riquezas naturais do país. Nesse sentido, está
sendo discutido o projeto de lei de acesso aos recursos genéticos da biodiversidade. Esse
projeto repr esenta um dos mecanismos de i mplement ação das di retrizes previstas na
Convenção da Diversidade Biológica (CDB), de 1992, da qual o Brasil é signatário.
Para o país que detém a maior biodiversidade do gl obo, é bastante claro que a
gestão do patrimônio genético brasi leiro pode ser o elo chave para o processo de
transformação da situação brasileira no contexto soci oeconômico e político global. Nesse
sentido, percebe -se que o Brasil tem um grande potencial a ser desenvolvido,
transformando os recursos naturais em produtos de viabilidade econômica, dentro de um
processo que garanta a sustentabilidade ambiental e sócio-cultural, promovendo a
valorização dos conhecimentos tradicionais e a repartição de benefícios, quando devidos,
em todos os elos desse processo. Para tanto, é necessária a ocorrência de avanços no
sentido de garantir uma maior integração entre as políticas ambientais gover namentais,
as ações relativas às pesquisas e desenvolvimento e à produção econômica do paí s.
Procurando, dessa forma, garantir a integração necessária para se promover a
sustentabilidade do uso dos recursos naturais, em suas diversas acepções, econômica,
ambiental e sócio-cultural.
O Brasil concentra em seus limites a maior biodiversidade de organismos e de
ecossistemas do globo. O país lidera o ranking da biodiversidade de plantas, peixes de
água doce e mamíferos; ocupa a segunda posição na diversidade de anfíbios; a terceira
em ave s e a quinta em répteis. A floresta tropical úmi da – que cobre cerca de 7% do
planeta – contém, segundo estimativas, cerca de 50% da biodiversidade mundial. A
Amazôni a brasileira, com 7 milhões de km2, ocupa 80% da Amazônia sul-americana e
representa um pe rcentual de 67% das florestas tropicais do mundo.
Apesar das grandes potencialidades dessa megabiodiversidade, pode se dizer que o
país ainda sub-aproveita essa riqueza biológica, tanto em termos econômicos como
sociais. Grande parte dessa diversidade de espécies ainda não é conhecida por
pesquisadores , e apenas uma pequena parcela de espécies descritas é utilizada de
forma efetiva pela sociedade brasileira, em termos de benefícios sociais, econômicos,
garantindo -se melhoria da qualidade de vida da população de modo geral. Observa-se
que o r etorno para o setor produtivo e para as comunidades ainda é muito aquém em
relação ao potencial pr evisto por especialistas.
Essas questões adquirem um status pr eocupante dado que os mecanismos de
proteção e conservação dos ecossistemas natur ais, mantenedor es dessa
biodiversidade, ainda apresentam muitas imperfeições , o que tem refletido em u m
grande número de espé cies e de biomas estarem ameaçados e em processo de
extinção, mesmo com o for talecimento do mo vimento ambientalista nas últimas décadas,
e a ocorrência de uma evolução global da consciência ecológica. Se as políticas públicas
voltadas para a conservação dos recursos naturais ainda são insatisfatórias, pode-se
dizer que ainda mais embrionário é o estado da arte das políticas públicas relativas ao
aprovei tamento sustentável do imenso potencial sócio -econômico da biodiversidade
brasileira.
A bioprospecção e o uso sustentável da biodiversidade são, segundo especialistas,
ferramentas estratégicas para a conservação da biodiversidade e dos biomas. Ainda
assim, o governo federal não tem uma política para o acesso e aproveitamento do
patrimôni o genético e para a bioprospecção.
O relatório da Conservation International, de dezembr o de 1997, aponta que o Brasil
e mais out ros 16 países reúnem em seu território 70% das espécies animais e vegetais
do planeta, o que lhes credenciou o título de países megadiversos. O Brasil lidera o
ranking da biodiversidade de plantas, peixes de água doce e mamíferos; ocupa a segunda
posição na diversidade de anfíbios; a terceira em aves e a quinta em répteis. Além disso,
a floresta tropical úmida – que cobre cerca de 7% do planeta – contém, segundo
estimativas, cerca de 50% da biodiversidade mundial.
A Amazônia br asileira, com 7 milhões de km2, ocupa 80% da Amazônia sul
-americana e 67% das florestas tropicais do mundo. A Mata Atlântica é um dos bi omas
mais biodiver sos, e ao mesmo t empo, um dos mais ameaçados do globo. O Cerrado e a
Caatinga, também apr esentam grande riqueza de espécies, de certa forma ainda pouco
conhecidas, além de um elevado grau de endemismo de organismos. Apesar disso, o
Cerrado apresenta atualmente as mais elevadas taxas de desmat amento, repr esentando
a pri ncipal “fronteira agrícola” do país. Nesse contexto, o atual modelo econômi co
brasileiro, em espe cial da região amazônica, encontra restrições e esgotamentos. A
substituição da floresta por terras para agricultura e p ecuária, por meio do
desmatamento, assim como a extração madeireira predatória, não têm apresentado
ganhos socioe conômicos e ambient ais que just ifiquem sua reprodução, além dos
consideráveis problemas ambientais que vem ocasionando. Tal quadro tem trazido pouca
expectativa de aumento da inclusão social e de geração e melhoria da distribuição de
renda.
Por outro lado, a megadi versidade brasileira, sobretudo da região amazônica,
oferece vantagem comparativa para o estabelecimento de bioindústrias e bionegócios,
ramo da atividade econômica com grande potencial para propiciar o desenvolvimento
econômico e social, estimulando, ao mesmo tempo, a conservação e o manejo da
diversidade biológica. O uso econômico da floresta e seus produtos constituem,
inequivocamente, alternativa real à dinâmica
de desmatamento atual, uma vez que incorpora os recursos da biodiversidade como
bens efetivos, a serem explorados de forma sustentável e compatível com as demandas
de um mercado em expansão.
Cabe ao governo, por meio de políticas públicas, estabelecer a s estratégias
nacionais de inserção da economia regional nos novos model os econômicos
sustentáveis. Par a tanto, é necessário inserir tecnologia aos processos produtivos
existentes incluindo todos os segmentos sociais, resguardando a cultura local e
garantindo a j usta repartição de benefícios associados ao uso da biodiversi dade.

3.2 - Biodiversidade e seu potencial econômico

O Brasil é considerado o primeiro país em bi odiversidade do globo. Ainda assim, de


acordo com es timativas do Ibama, ne m 1% das es pécies brasileiras são
conhecidas pela ciência. Boa parte dessas espécies podem vir a ser extintas antes
mesmo de serem descritas por pesquisadores. A bioprospecção e o desenvolvimento de
bioprodutos são alternativas de desenvolviment o socioeconômico que j ustificam a
preservação dos biomas nativos, impulsionando ainda o conhecimento sobre a
biodiversidade.
No século XXI, o mercado mundial abre perspectivas totalmente inovadoras, nas
quais direciona-se grande es forço na busca de novos produt os para fins medici nais,
cosmét icos, suplementos nutricionais, produtos agrícolas, entre outros, voltados ao
prolongamento da vida com qualidade. Exemplos dessas i novações não faltam. Só em
1998, os medicamentos movimentaram 300 bi lhões de dólares em todo o mundo, sendo
que 40% dos produtos têm origem direta ou indiretamente de fontes naturais. No Brasil,
as vendas atingiram a marca de 11 bilhões de dólares, havendo ainda um espaço enorme
para ampliação desse mercado. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA)
estimou em pelo menos 2 trilhões de dólares o valor potencial do banco genético
brasileiro. Só na floresta tropical, pesquisas recentes apontam para um potencial de mais
de trezentos novos bioprodutos, derivados de produtos naturais di sponíveis. Dados da
Organização Mundial de Saúde apontam para a utilizaç ão de plantas na cura de
enfermidades por parte de 85% da população mundial (cerca de 4 bi lhões de pes soas).
Cerca de 20% de todo o faturamento das empresas de produtos farmacêuticos é
empregado na descoberta de novas drogas. Dentre estas, o mercado de produtos de
higiene pessoal, perfumaria, cosméticos, principalmente no que se refere às lifestyles
drugs, drogas que reúnem saúde e rejuvenescimento, vem apostando alto nas inovações,
especialmente na diversificação de insumos naturais provenientes das florestas tropicais.
O faturamento nacional desse setor atingiu, em 1999, a mar ca dos 12 milhões de
dólares. Dentro desse processo, os produtos farmacêuticos de origem na tural ganham
terreno e já representam 17% do mercado mundial.
As florestas tropicais úmidas são, também, ricas fontes de microorganismos, fontes
potenciais de novos compostos de ação antibiótica e de drogas imunodepressoras,
as quais, entre outros importantes resultados, aumentam consi deravelment e o grau de
sucesso de transplantes de órgãos. Outra ár ea de interesse é a pesqui sa de toxinas
encontradas em venenos e peçonhas de animais. No escritório de Patentes do Governo
dos Estados Unidos, foram registrada s, recent ement e diversas patentes de toxinas de
aranhas e escorpiões, sendo algumas de bioi nseticidas seletivos, princípios
neurobloqueadores e substâncias terápicas para doenças cardíacas; além de registros de
patente de toxinas de serpentes, sendo a maioria voltada para o uso em terapias de
controle de pressão arterial. Biodiversidade e se u potencial econômico para o desenvol
vimento local e regional
O futuro do desenvolvimento do país depende da f orma como serão administradas
suas potencialidades. Pouco vale o desenvolvimento de novos produt os que gerem
bilhões de dólares em lucros no mercado internacional se esses lucros não se refletirem
em benefícios sociais, principalmente às comunidades l ocais, e em especial, aquelas que
detém o conhecimento tradicional sobre a biodiversidade.
Uma política de i ndução e fomento ao uso sustentável dos componentes da
biodiversidade, com o apoio da biotecnologia, deve ser concretizada como um novo nor
teador de estratégias produtivas, que não favoreçam novas economias de enclave, mas
permitam o estabelecimento de cadeias produtivas que unam o i nterior aos centros ur
banos que forem abrigar as atividades finais das cadeias. Nesse se ntido, é preciso
vencer a distância que se para grande parte das iniciativas extrativistas de hoje, pouco
vinculadas ao restant e da cadeia produtiva, e a bioindústria emergente, em geral pouco
comprometida com as populações da floresta. Para isso, torna-se f undamental vencer o
desafio, não solucionado nos ciclos econômicos regionais anteriores, de orquestrar o
funcionamento conjunto da ciência com a produção, acoplando às cadeias produti vas as
cadeias de conhecimento correspondentes.
Apesar do modelo econômico vigente ser predatório, algumas i niciativas
contemplam o desenvolviment o econômico de forma sustentável, com o manejo de
produtos florestais, principalmente nos estados do Acre, Amapá e Amazonas. No Acre,
foram atendidas mais de quatro mil famílias de seringuei ros, índios e ribeirinhos, no
fortalecimento dos segmentos de cadeias produtivas de produtos da floresta. O processo
foi iniciado pela borracha e castanha, e já ampliou o leque de produtos explorados com os
estudos de mais treze cadeias produt ivas, com o apoio do Probem. Os es tímulos do
governo levaram mais de três mil famílias a retornarem para essa atividade produtiva,
sendo que destas, cerca de mil famílias voltaram a morar na floresta, deixando a periferia
de cidades. Aproximadamente 500 famílias manejam hoj e a copaíba para extração
sustentável de óleo. Outras quinhentas se beneficiam da col et a da castanha de
andiroba, que é comercializada para a usina de óleos florestai s dos índios Yawanawá.
Na Floresta Nacional de Tapajós, a produção de couro ecológico e a extração de
óleo de andiroba vêm crescendo a cada ano, possibilitando o aumento da renda f amiliar
em atividades compatíveis com o manejo daquela unidade de conservação. Em parceria
com o MMA, a Ong Amigos da Terra montou um banco de dados na internet, onde coloca
o produtor amazônico em contato com o comprador. São 20 empreendimentos
comunitários e 400 produtos.
Para que esta nova política pública seja ampliada para toda a região e alcance
resultados até então atingidos por programas em escala demonstrativa, visualizam-se as
seguintes demandas, a serem at endidas:

1. Necessidade de fomento ao desenvolvimento de instrumentos que permitam a


implantação de novos modelos econômicos, estabelecidos com base na utilização
sustentável dos recursos da biodiversidade regi onal;
2. Direcionament o da atual tendência de crescente uso econômico da
biodiversidad e, atendendo à necessidade de fomentar o ramo/ setor e disciplinar suas
atividades, com base em prioridades estabelecidas a partir de políticas públicas
direcionadas à eqüidade social e à sustentabilidade ambiental;
3. Zelo pel a geração e repartição de benefíc ios socioeconômicos e ambientais
aos atores sociais participantes;
4. Necessidade de capacitação para o aprimoramento socioeconômico e
tecnológico das comunidades e demais atores econômicos que efetiva e potencialmente
vivem deste ramo/setor de atividades, para que suas at ividades ganhem es cala;
5. Importância de se estabelecer es tudos e conheci mento sobre as cadeias
produtivas de bioprodutos, como base para se estruturar as ações de i ntervenção das
políticas públicas;
6. Atender à necessidade de alavancar a competê ncia e capacitação regional
para atender ao atual crescimento da bi otecnologia e da bioindústria, principalmente no
que se r efere a:
1. mane jo e utilização sustentável dos componentes da biodiversidade;
2. pesquisa e desenvol viment o direcionados à obtenção de bioprodutos;
3. formação e desenvolvimento de novos empreendimentos (bioempreendiment
os)
Situação e tendências do papel das comunidades

Sem dúvida, a ut ilização sustentável de componentes da biodiversidade constitui o


novo desafio a encarar, condição essencial para o progresso na apropriação dos meios de
produção, atualmente limitados pela pequena variedade de espécies da floresta
manejados e comercializados, o que vem colocando a chamada “economia da floresta em
pé” ainda em condições de desvantagem em relação às práticas agrícolas e agroflorestais
baseadas na substituição da floresta. Duas dinâmicas econômicas em crescimento, cujos
atores são, predominantemente, pequenos produtores, os sistemas extrativistas e a
chamada colonização agrícola, necessitam urgentemente de novas alternativas de
geração de renda a partir da floresta, de forma a valorizar cada vez mais a bi odiversidade
ainda presente, ao mesmo tempo em que possibilitem a recuperação econômica de
grandes extensões de ár eas degradadas, criadas a partir de tecnologias inadequadas às
condições naturais existentes.Tal desafio vem esbarrando no despreparo dessas
organizações populares para tratar o tema da biodiversidade, cujas nuances envolvem
princípios legais e padrões tecnológicos relativament e novos, cujo desenvolvimento e
definições ainda não estão completas. Alguns temas, como o acesso ao conheci mento
tradicional e a repar tição de benefícios derivados, contêm indefinições legais com frentes
de discussão ainda abertas no nível internacional. Além disso, a at ual legislação de
regularização de novos produtos, cujo ordenamento é de responsabilidade da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, torna este processo proibitivo para pequenos
empreendedores, dados os custos, que alcançam, em média, cerca de dez mi l dólares
para validação de um novo produto.
Para inserir de forma plena estas comunidades no processo de apropriação dos
componentes da biodiversidade, constituindo o controle social necessário para evitar a
formação de novos enclaves econômicos na região, e garantir a repartição dos benefícios
oriu ndos dessa nova dinâmica, faz-se necessário um amplo processo de capacitação
desse segmento social, com base na resolução dos obstáculos à construção de novas
cadeias produtivas, sob os aspectos legais, tecnológicos, institucionai s e organizacionais.
Tal p rocesso precisa ser construído de forma participativa, onde as demandas sejam
identificadas pelos pr óprios atores, com apoio dos especialistas nas diversas áreas a
serem abordadas .

Situação e tendências de P&D

O Brasil pertence a uma minoria de países que se distingue pelo nível de


desenvolviment o da pesquisa científica, que inclui um si stema acadêmico complexo e
instituições de pesquisa consolidadas. Par a se ter uma idéia da capacidade técnico-
científica do país, a publicação de artigos na i mprensa espe cializada internacional
cresceu a uma taxa 57% superior à média mundial e o número de doutores no Brasil
dobrou, nos últimos anos. No entanto, é importante ressaltar que os rumos do
desenvolvimento científico e tecnológico adotados nas últimas décadas não foram
suficientemente convergentes para produzir o necessário conhecimento demandado para
mudar co m a gilidade o panorama da ocupação das regiões rurais, sobretudo as
amazônicas. O conhecimento da composição da biodiversidade e do funcionamento dos
ecossistemas ainda é deficiente, e as informações levantadas encontram-se de forma
fragmentada e dispersa. Na atual conjuntura, em que o mundo começa a sofrer uma
mudança de paradigma tecnológico de grandes proporções (de commodity para
speciality), o país, e sobretudo a Amazônia, ainda sem conseguir resolver os problemas
causados pelos antigos paradigmas, vê -se à frente de um grande desa fio: adequar suas
estruturas de produção econômica, científica e tecnológica às novas estratégias de
transformação de recursos naturais.
Alguns fracassos ocorreram e m tentativas passadas de encontro entre ciência e
desenvolviment o regional, como no caso da implantação do Plano de Valorização
Econômica da Amazônia - PVEA, que começou a ser implantado no início da década de
50. Tais fracassos foram ocasionados principalmente pela disritmia entre uma estratégia
de desenvolviment o mal desenhada e os prazos necessários para geração dos
conhecimentos requeridos, que extrapolavam em muito a pr ópria duração prevista do
Plano. Assim, um sistema regional de C&T ainda em formação foi desestruturado,
cristalizando um divórcio entre as necessidades locais e as prioridades científicas, cujo
entendi mento é necessário e a reversão, difícil. Em quadros como esse, de pouca
sintonia entre produção científica e estratégia de desenvolviment o, a ciência regional
desenvolveu -se de forma difusa e no dia-a-dia, foii deixandode lado a concentração e a
objetividade que car acterizam os grandes progressos tecnológicos em países do primei
ro mundo, onde a ci ência sempre andou lado a lado e integrada ao desenvolviment o
econômico e sócio-cultural. Especialmente no campo da biotecnologia, o país j á entra,
inicialmente, na condição de vagão atrelado a uma locomotiva. Este atrelamento, que
agora parece inevitável, abre também um interessante e importante espaço para o país
construi r caminhos que lhe sejam próprios e peculiares. Este caminho de dupla influência
só vai funcionar, entretanto, se dentro de um determinado espaço existir diálogo entre os
dois empreendimentos do binômio C&T, ou seja, pode-se estar novamente frente a uma
situação recorrente: a inexistência de conhecimentos suficientes nas regiões, e de difícil
produção nos prazos requeridos, para sustentação das estratégias de desenvolvimento.
Essa pauta de trabalho deve ter a ca pacidade de mobilizar a ciência regional para
um processo de desfragmentação, ou seja, de mobilização e convergência em torno de
uma ação de resgate dos fragmentos de conheciment o existentes e sua
complementação. Essa ação deve ocorrer no sentido de responder às demandas do pr
ocesso tecnológico pretendido pela sociedade, em consonância com os princípios da
justiça ambi ental, contemplando inclusão social. Trata-se de ação complexa e gradual,
onde o empreendimento biotecnológico não pretende substituir a estrutura de pesquisa
existente no País e, mais especificament e, na região amazônica, mas interligar as
diversas competências nacionais. Os resultados desse esforço não se apresentarão
imediatament e, o que obrigará a estabelecer alternativas de transição, que atendam às
demandas de mais curto prazo.
Sem dú vida, alguns avanços ocorridos recentemente precisam ser consolidados e
fortalecidos, como a criação de fundos setoriais, uma grande conquista na
modernização e fortaleciment o do sistema de financiamento da ciência, tecnologia e
inovação br asileiras, crescendo a sinergia entre as diversas instâncias de governo, e
destas com a sociedade, a partir da proliferação de novas instituições executivas, novos
fundos e novos fóruns.
Nesse sentido, é preciso f ortalecer, cada vez mais, as pr áticas de projetos
cooperados, organizados em redes interdisciplinares, envol vendo empresas e instituições
de P&D, capacitando localmente e replicando experiências bem sucedidas. Tais projetos
podem ser fortalecidos a partir de sua discussão em fóruns locais que i ntegrem as
diversas demandas, estabelecendo instâncias que possibilitem a deci são transparente
sobre as prioridades e a viabilização de rec ursos por meio de ampla participação dos
diversos setores envolvidos. O e mpreendimento biotecnológico carrega em si a
necessidade de articular produção, ciência, desenvolvimento tecnológico e ocupação
sustentável do espaço, além da necessidade de consolidar-se como uma alternativa
concreta às soluções atualmente e xistentes. Conjugar a construção do espaço regional
com o caminhar da ciência é, neste sentido, o principal desafio histórico a ser superado.

Situação e tendências do papel dos empreendimentos industriais e comerciais

Existem ent raves reais à locação de bioindústrias em algumas regiões do Brasil,


especialmente na Amazônia, cuja superação, embora não sej a impossível, necessita
enfrentar sérias dificuldades, quais sej am:

 Ausência de uma rede de centros de pesquisa de excelência, considerada a


principal
condição para a intensa geração de i novações que esta indústria depende;
 Ausência de complexa estrutura de serviços à produção, cruciais para a
trajetória entre a
pesquisa básica e produto, tais como: indústrias de equipamento para dese
nvolvimento
conjunto de processos produtivos; distribuidores, que têm papel decisivo nas
relações produtor/usuário; firmas de advocacia especializada em direitos de
propriedade intelectual, repartição de benefí cios e bioparcerias; firmas especial
izadas na captação e alocação de capital de risco; rede de hospitais e centros de
pes quisa capazes de realizar testes controlados de fármacos e outros produtos; etc.
 Distância de aglomerados de outras atividades industriais cujos produtos ou
processos de
produção integr am ou são parcialmente paralelos às cadeias produtivas da bioi
ndústria;
 Baixíssima oferta de capital humano com o espectr o de qualificações
necessário ao
preenchimento dos requisitos da indústria, de pesquisadores de ponta e pessoal de
nível
médio;
 Distância dos centros de decisão, matrizes, e mesmo de filiais, das
empresas existentes nos
diversos ramos da bi oindústria at uantes no territ ório brasileiro.
Para enfrentar tais dispar idades e dar partida em u m processo considerado de
fundamental importânci a na correção de r umos do desenvolvimento regional, há
que se
trabalhar com at ividades cujos padr ões tecnológicos podem resultar, com maior
grau de sucesso,
em geração significativa de renda em empregos em bem mais curto prazo. Tal
direção
recomenda priorizar, inicialmente, o d esenvolvimento de fitoterápicos, cosméticos,
bebidas, alimentos e suplementos alimentares, considerando todo o espectro de sub
-setores, produtos e processos associ ados a estas c adeias produti vas. Tal
estratégia compr eende diversas vant agens:

 A rede de instituições de pesquisa atual tem condições de atuar nas áreas;


 Trata-se de ni chos de mercado adequados às empresas nacionai s de
pequeno e médio porte, muitas já atuant es na região e no país;
 Os benefícios em t ermos de emprego, distribuição e multiplicação da renda
por unidade
investida são mai ores;
 O potencial de geração de inovações competitivas é elevado;
 A disseminação ampla de tecnologias permite a elevação posterior dos
patamares tecnológicos dos sistemas, por meio de pol íticas ativas de benchmarking,
entre outros fatores. Esse esforço pode ser executado sem, necessariamente, abandonar-
se as hipóteses concretas de utilização de tecnologias int ensivas em conhecimento, mas
em uma etapa intermediária, voltar-se à adaptação ou mesmo imitação de tecnologias
bem sucedidas, buscando a compreensã o, o uso e a modificação destas tecnologias, pr
omovendo soluções que possam i mediatamente ser transferidas para a extensão,
inclusive porque as pesquisas destas soluções já partem de problemas concretos. Estes
padrões tecnológicos, ao mesmo tempo em que são facilmente assimiláveis pelos
produtores, demandam e contribuem para a formação de grande númer o de técnicos de
nível médio.
Políticas públicas para a conservação e o aprovei tamento sustentável da
biodiversidade
O M inistério do Meio Ambiente (MMA) desenvolve diversas ações voltadas para a
prevenção dos danos e riscos ambientais causados, de uma maneir a geral, pelo
crescimento socioeconômico predatório, e uma má utilização dos recursos naturais,
dentre outros fatores.
Dentre as principais metas deste Ministério estão a conservação dos recursos
naturais e dos ecossistemas, que t em sido concretizada em ações que gar antam o
controle e a redução das taxas de desmatamento e do extrativismo predatório, poluição
dos ecossiste mas naturais, entre outros danos ao meio ambiente, as sim como a
valorização do conhecimento t radicional, no uso e manejo da biodiversidade, rea lizado
pelos povos autóctones brasileiros.
Por esses motivos, tradicionalmente, as ações de natureza ambiental ista, sejam do
governo ou de organizações da sociedade civil se concentram e m controlar ou impedir as
atividades que causem dan os relevantes ao mei o ambiente. Atualmente, o MMA tem
assumido uma postura mais ativa em ações diretamente relacionadas ao
desenvolvimento social e econômico do país, por meio de uma série de políticas
transversais voltadas para o desenvolviment o sustentável. Essas ações são baseados
em princípios de inclusão social e de justiça ambiental, sendo fomentada a substituição de
pr áticas predatórias ao meio ambient e por práticas de consumo e produção sustentável,
e de desenvolvi mento social e econômico por meio do aproveitamento sustentável dos
recursos naturais, o que pode ser caracterizado como sendo a garantia da manutenção
das “florestas em pé”.
De uma maneira geral, pode-se dizer que o movimento ambientalista e os órgãos
governamentais de meio ambiente estão desenvolvendo uma compreensão, nas últimas
décadas, que a melhor estratégia de se evitar a degradação ambiental é a promoçã o do
aproveitamento social e econômico da biodiversidade. Diversos trabalhos nas áreas
ambientais têm demonstrado que o manejo sustentável dos recursos da biodiversidade
dos biomas, preservados ao longo do tempo geol ógico e ecológico, traz mais retorno sob
diversos pontos de vista, tais como: social, econômico, cultural e ambiental. Constata-se,
cada vez mais, que o uso predatório da natureza tem tr azido benefícios apenas apenas a
curto prazo, não sendo garantidas as condições de sustentabilidade para as gerações
futuras. Além disso, os benefícios do uso predatório da natureza, de uma maneira geral,
são socialmente e xcludentes, contribuindo para perpetuação das desigualdades.
A ação de governo federal, no âmbit o do Ministério do Meio Ambiente, no que toca a
política de utilização do patr imônio genético, deve se constituir por dois componentes:

1. A normatização e regulamentação;

2. O fomento e a indução.

O componente normalização e regulamentação é compet ência do CGEN, Conselho


de gestão do Patrimônio Genético, órgão colegiado ao MMA, que tem sua Secretaria
Executiva inserida no DPG, Departamento do Patrimônio Genético, vinculada a Secretaria
de Biodiversidade e Florestas (MMA). O principal programa no componente do fomento e
induçao é o Probem, vinculado a Secretaria de Políticas para o Desenvol vimento
Sustentável (MMA)

Apresentação do Probem

O Probem - Programa Brasileiro de Bioprospecção e Desenvolvimento Sustentável


de Produtos da Biodiversidade é voltado para inserção de projetos e ações relacionados
ao aproveitamento sustentável dos r ecursos da biodiversidade brasileira. Os projetos e
ações de desenvolviment o sustentável nessa linha dependem de pesquisas básicas e da
articulação com organizações governament ais, organizações sociais e populares,
instituições de pesquisa, comunidades, organi zações não governamentai s e outros
segmentos envolvidos nos pr ocessos.
O Programa visa fomentar e induzir o desenvolvimento econômico e socioambiental
no país a partir do acesso e utilização sustentável dos rec ursos genéticos da
biodiversidade. Portanto, deve ser concebido e estruturado com base nas cadeias
produtivas , buscando integrar de modo transversal, todas as etapas econômicas, sociais
e ambientais que movimentam e direcionam o uso dos recursos da biodiversidade. A
concepção de Programa faz com que este seja de natureza fundament almente
transversal, interagindo com t odo um amplo conjunto de atores (governamentai s e não
-governamentai s) envolvidos na c adeia produtiva de bioprodutos – desde o acesso para
sua identificação e extração na natureza, passando pela organização soc ial da pr odução
econômica, até a realização econômi ca de seu valor no mercado, assim como o conjunto
de atores envolvidos na cadeia do conheci mento, que é empregado a cada etapa da
cadeia produtiva, promovendo a tr ansformação dos recursos em pr odutos de maior valor
agregado.
As ati vidades prioritárias do Probem são voltadas para a articulação de projetos
-piloto nos biomas br asileiros, com a priorização do desenvolvimento das cadei as
produtivas de recursos estratégicos da biodiversidade. Nesses processos são priorizadas
as inovações técnicas, tecnológicas e culturais no aproveitamento da biodiversidade, e do
conhecimento tradicional associado.
As diretrizes dessas ações i ncluem um modelo de uso múltiplo e i ntegrado da
biodiversidade, com agregação de valor e conhecimento das suas potencialidades,
inclusão social, justa repartição dos benefícios e justiça ambiental. Assim, as ações do P
rograma são adaptadas aos biomas e as comunidades locais de c ada pólo.
Todas as etapas das cadeias produtivas devem se realizar de forma a mbientalmente
sustentável e socialmente justa, em conformidade com os princí pios e diretrizes
estabelecidos pela Convenção da Di versidade Biológica e da Agenda 21 Brasileira.
Assim, as ações do programa devem contribuir para a conservação dos ec ossistemas,
com a preservação das espécies e da var iabilidade genética.
O Programa desenvolve ações e projetos em pólos de Biopr ospecção e desenvolvimento
Sustentável de Produtos da Biodiversidade, onde são implementadas as cadeias
produtivas da biodiversidade eleitas como estratégicas com a participação das
comunidades e i nstituições parceiras. Dessa forma os Pólos Probem se base iam em 3
redes interligadas, a fim de se desenvolver integral mente as cadeias produtivas:
1- Rede de Coleta, Invent ário e Cultivo;
2 – Rede de Pesquisa e Desenvolvimento;
3 – Rede de Marketing e Comercialização.

Diretrizes gerais para o Manejo: deve ser fomentando o desenvolvimento de


conhecimento e a implementação de técnicas de manejo que minimizem o impacto e
maximi em a produção e o aproveitamento desses recursos. Para tanto, serão
estabelecidos sistemas de aprovei tamento múltiplo e integrado da biodiversidade,
priorizando bioprodutos estratégicos (especialment e os endêmicos), por meio da
associação de técnicas de sistemas agroflorestais, a groecologia, permacultura, etc.
Diretrizes gerais para o Beneficiamento: o beneficiamento deve ser realizado, numa
primeira etapa preferencialmente por cooperativas de produt ores para que estes tenham
o máximo de autonomia possível, ampliando a renda das comunidades, e evitando a
concentração dos lucros pelos atravessadores. Na etapa de beneficiamento biote
cnológico (se presente) serão priorizadas as instituições de P&D nacionai s, sobretudo
aquelas credenciadas nas redes

Probem.

Diretrizes gerais para o Comércio: os produtos devem ser devidamente certificados pelos
órgãos responsáveis, e registrados e autorizados pelo CGEN, quando necessári o. Deve
ser promovi da a educação ambiental e o marketing ecológico. No caso de conhecimento
tradicional associado ao biopr oduto deve s er implementadas as normas de r epartição
de benefícios previstas na legislação.O diferencial do Probem, em relação a outras
políticas públicas de uso sustentável dos recursos genéticos, é a agregação de valor e
conhecimento a biodiversidade. Para tanto, devem estar associadas as etapas das
cadeias produtiva e do conhecimento. Deste modo, este Pr ograma deve ter como
Objetivos (Macro-Objetivos):

1. Promover u ma estrutura permanente de análise e promoçã o de cadeias


produtivas de recursos derivados da biodiver sidade dos biomas
brasileiros, com vist as à sua ampliação e diversificação, com ênfase na
sustentabilidade ambiental e na inclusão social;
.
2. Promover o desenvolvimento das cadeias do conhecimento acerca dos
potenciais produtos da biodiversidade brasileira e da t ecnologia
agregada para a ut ilização dos r ecursos genét icos de forma sustentável;

3. Articular projetos-piloto de desenvolvimento de bioprodutos, em


especial voltados à inserção das populações tradicionais em processos
produtivos derivados da bioprospecção e ao zelo pela j usta repartição
dos benefícios;

4. Gerar subsídios para a formulação de políticas públicas para a


bioprospecção e o uso s ustentável do patrimônio genético.

Conservação da Biodiversidade da Amazônia


A falta de um sistema padr onizado de geração, organização, análise e disseminação de
informações científicas sobre a biodiversidade da Amazônia é uma das principais lacunas
para a definição de políticas públ icas consistentes de conservação e uso sustentável dos
recursos
biológicos da região.
A Conservação internacional, o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), um dos mais
tradicionais institutos de pesquisa da região, e outros centros de pesquisa da Amazônia
estabeleceram em 2002 par cerias para desenvolver um projeto de longo prazo intitulado
Biodiversidade da Amazônia, que tem por objetivos:
• a realização de i nventários biológicos rápidos em áreas altamente ameaçadas;
• o desenvolviment o e teste de t ecnologias para inventários biológicos em florestas
tropicais;
• a or ganização, manutenção e dissemi nação das informações existentes em coleções
biológicas;
• o mapeamento da distribuição da biodiversi dade;
• o desenvolvimento de um sistema de avaliação do estado de conservação de espécies;
• o desenvolvimento de um sistema de apoio à i mplement ação e gestão de áreas
protegidas;
• a capacitação de recursos humanos em pesquisas sobre biodiversidade e biologia da
conservação;
• a disseminação do conheciment o sobre a biodiversidade regional para o públ ico em
geral.
As informações coletadas pelo projeto são apresentadas em workshops, documentos
elaborados em conj unto e publicações.
Um exemplo destas parcerias foi a elaboração do documento “Transformando o Arco do
Desmatament o no Arco do Desenvolviment o Sustentável: Uma Proposta de Ações
Emergenc iais”, elaborado pela CI-Brasil e o Museu Goeldi . O documento – entregue à
ministra
do Meio Ambiente, Marina Silva em junho de 2003 - di scute alternativas para minimizar o
descontrolado desmatamento em algumas regiões da Amazônia.

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