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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIODIVERSIDADE E CONSERVAÇÃO

LEANDRO SCHALCHER AGUIAR

IMPACTOS EM AVES LIMÍCOLAS DA ORDEM CHARADRIIFORMES ASSOCIADOS


À POLUIÇÃO DAS REGIÕES COSTEIRAS: Revisão

SÃO LUÍS – MA
2020
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LEANDRO SCHALCHER AGUIAR

IMPACTOS EM AVES LIMÍCOLAS DA ORDEM CHARADRIIFORMES ASSOCIADOS


À POLUIÇÃO DAS REGIÕES COSTEIRAS: Revisão

Projeto de Dissertação apresentado à disciplina


Seminários II do Programa de Pós-Graduação
em Biodiversidade e Conservação / UFMA
como parte dos pré-requisitos para obtenção de
créditos.

Orientador(a): Dra. Marianna Basso Jorge


Linha de pesquisa: Bioprospecção e
Ecotoxicologia

SÃO LUÍS – MA
2020
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SUMÁRIO

1 CAPÍTULO 1..........................................................................................................4
1.1 INTRODUÇÃO...........................................................................................4
1.1.1Zona Costeira.................................................................................................5
2.1 2.2 Poluição em zonas costeiras..................................................................5
3.1 2.3 Aves Limícolas......................................................................................7
2 OBJETIVOS............................................................................................................9
4.1 4.1 Objetivo geral........................................................................................9
5.1 4.2 Objetivos específicos.............................................................................9
3 MÉTODOLOGIA..................................................................................................10
4 RESULTADOS......................................................................................................10
5 DISCUSSÃO.........................................................................................................15
6 REFERÊNCIAS.....................................................................................................18
1 CAPÍTULO 1

1.1 INTRODUÇÃO

A ordem Charadriiformes inclui uma ampla diversidade de aves aquáticas


popularmente conhecidas como maçaricos, batuíras, gaivotas, perdizes-do-mar, trinta-
réis, narcejas, pombas-antárticas, entre outras. São comuns em regiões costeiras,
marinhas, estuarinas, e ribeirinhas, mas também podem ser encontradas em ambientes
continentais áridos e montanhosos (CLEMENTS et al., 2019). A maioria das espécies
desta ordem são gregárias, sendo frequentemente encontradas em bandos mistos de
várias espécies (HAYMAN; MARCHANT; PRATER, 1986).

Populações de aves limícolas (maçaricos e batuíras) se encontram em declínio


em todos os continentes. Entre as suas principais ameaças estão a perda e a deterioração
de hábitats de reprodução e invernada e a contaminação de ambientes costeiros
(BAKER et al., 2004, 2005; BURGER; GOCHFELD, 2004; MORRISON; ROSS;
NILES, 2004; RODRIGUES, 2000).

A contaminação de ambientes costeiros já se tornou uma preocupação mundial,


sendo a expansão industrial e urbana os principais fatores responsáveis por esse tipo de
poluição. Além dos rejeitos urbanos e industriais, outras atividades antrópicas
associadas, tais como mineração, agropecuária, desflorestamento, transporte de carga,
entre outros, contribuem para o aporte de substancias potencialmente tóxicas no
ambiente aquático, acarretando no acumulo dos mais diversos constituintes químicos
em sedimento e biota (BURGER; GOCHFELD, 2000, 2004; MALIK; ZEB, 2009;
SMITH et al., 2009).

Dentre a gama de constituintes químicos existentes, os principais grupos de


contaminantes relacionados aos ambientes costeiros são os hidrocarbonetos, metais,
resíduos sólidos e pesticidas organoclorados. A maior preocupação em relação a esses
compostos é devido a sua persistência no ambiente e elevada toxicidade. A
contaminação por estes elementos pode produzir efeitos sub-letais e até mesmo letais
nos organismos, modificando significativamente a estrutura e as populações dos
ecossistemas envolvidos (BIELMYER et al., 1995; LANGSTON; BEBIANNO, 1998;
PAYTAN et al., 2009).

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1.2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.2.1 Zona Costeira

As zonas costeiras são locais de alta produtividade primária e grande diversidade


de hábitats. Possuem elevada biodiversidade e são fontes de recursos naturais. Servem
como grandes reservatórios de nutrientes, além de atuarem na proteção das linhas de
costa, erosão e tempestades. Desta forma, fornecem uma gama de serviços e bens e são
historicamente utilizados tanto para habitação permanente como para o turismo e lazer
(BURKE et al., 2001).

A produtividade dos ecossistemas costeiros chega a totalizar cerca de 25% de


toda produtividade global e se deve ao fluxo de nutrientes tanto de origem terrestre
(carreados pela chuva e pelos rios), quanto de origem marinha. O conjunto de hábitats
das regiões costeiras, tanto terrestres como aquáticos, formam ecossistemas únicos
como recifes de corais, estuários, florestas de manguezais e outras zonas úmidas
importantes como berçários e sítios de alimentação de diversas espécies de organismos
vivos, entre eles as aves limícolas (AGARDY; ALDER, 2005; BRASIL, 2020;
MORRISON; ROSS, 1989).

Os hábitats costeiros são muito importantes para as aves limícolas, pois elas
dependem deles para a seleção do ninho, criação dos filhotes e alimentação. A
utilização dos hábitats por esse grupo de aves varia de acordo com cada espécie. Aves
limícolas, como os maçaricos e batuíras, buscam seus alimentos em bancos de lama na
zona entre marés, estuários e praias em torno de zonas úmidas de água doce, lodaçais e
áreas agrícolas de vegetação escassa (AZA, 2014; GWYNNE et al., 2010).

1.2.2 Poluição em zonas costeiras

A maior parte da poluição dos ambientes costeiros é derivada de atividades no


continente. Os poluentes são carreados através de drenagem continental, efluentes
industriais, domésticos e da agricultura, além de deposições atmosféricas
(GIANESELLA; SALDANHA-CORRÊA; GOLDEMBERG, 2010)

Os derramamentos de petróleo constituem eventos importantes no que diz


respeito à poluição de zonas marinhas e costeiras. Este produto, quando lançado nas
águas, forma uma camada superficial, impedindo a troca de gases. Como consequência,
os organismos fotossintetizantes são incapacitados de realizar fotossíntese causando
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sérias consequências para o restante da cadeia trófica (JURAS, 2012). Os peixes e
outros animais marinhos também são afetados, pois o óleo pode recobrir seus órgãos
respiratórios, impedindo que eles recebam oxigênio. O contato direto com o petróleo
incapacita as aves de voar, se alimentar e podem causar a morte de milhares de
indivíduos (SMITH et al., 2009).

Grande parte do petróleo que ingressa anualmente nos oceanos são originados de
fontes terrestres, transporte marítimo, emissões atmosféricas, fontes naturais e extração
offshore (JURAS, 2012). Quando o petróleo penetra no solo, o dano pode ser ainda
maior, porque é muito mais difícil minimizar os efeitos dessa poluição e porque o
acúmulo de hidrocarbonetos no solo pode impedir a nutrição das plantas que recebem
os nutrientes por suas raízes, além de exterminar a comunidade bentônica, que são os
principais alimentos das aves limícolas nas áreas de invernada (DOMINGUES, 2009;
LOPES; MILANELLI; POFFO, 2007).

A contaminação de ambientes costeiros por metais pesados também é


preocupante, uma vez que as aves limícolas habitam diferentes ambientes estuarinos,
possuem vida longa e ocupam os mais altos níveis da cadeia trófica e estes fatores
contribuem para maximizar a concentração no organismo e consequentemente, causar
efeitos adversos (Burger & Goshfeld, 2000; Burger et al. 2015).

Alguns metais são considerados essenciais ao metabolismo do organismo


quando presentes em baixas quantidades, como cobre (Cu), Zinco (Zn) e selênio (Se).
Outros, como cádmio (Cd), chumbo (Pb) e mercúrio (Hg), que não possuem funções
metabólicas conhecidas, são prejudiciais ao organismo mesmo em pequenas
concentrações (Liu et al. 2008).

As aves tendem a acumular metais pesados no sangue e nas penas e a


contaminação pode ocorrer por vias diferentes: respiração, contato com a pele e
principalmente através da alimentação. A concentração de metais pesados nas penas,
está diretamente associado aos níveis de concentração no sangue, uma vez que as penas
em formação absorvem estes elementos quando ainda são irrigadas (Burger & Goshfeld,
2002).

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Os resíduos sólidos são outro problema grave para as zonas costeiras e marinhas
e estão presentes mesmo em regiões distantes. Suas principais fontes são a liberação de
resíduos de lixões próximos a costa ou das margens dos rios, lixo descartado nas praias,
atividades de turismo, pesca e atividades industriais, como desmanche de navios
(UNEP, 2012).

O lixo marinho causa a perda da biodiversidade e prejuízos às funções e serviços


ecossistêmicos. Os plásticos, principalmente sacolas, linhas de pesca e outros resíduos
são frequentemente ingeridos por organismos marinhos, entre eles as aves. Esses
materiais podem bloquear o trato gastrointestinal, se alojar no estômago e impedir o
indivíduo de se alimentar (CBD, 2012).

Além destes, outros grupos de substâncias potencialmente danosas estão


presentes no ambiente costeiro. Os que causam maior preocupação são os poluentes
orgânicos persistentes (POPs), dos quais os mais conhecidos são os bifenis policlorados
(PCBs), e o agrotóxico DDT. O Brasil é um dos maiores consumidores destas
substâncias no mundo, com 700 mil toneladas por ano (IBGE, 2011), podendo ser um
enorme risco a manutenção dos ecossistemas costeiros. Além destas existem também
outras substâncias, como compostos usados em drogas farmacêuticas e veterinárias que
também estão presentes nestes ambientes (CBD, 2012).

1.2.3 Aves Limícolas

A ordem Charadriiformes inclui 20 famílias, 85 gêneros e 366 espécies e é uma


das maiores entre as aves. São um dos grupos de aves mais conhecidos no mundo, com
a maioria das espécies sendo migratórias e parcialmente migratórias (HAYMAN;
MARCHANT; PRATER, 1986).

Entre as aves da ordem Charadriiformes destacam-se as famílias Charadriidae e


Scolopacidae, as aves limícolas, comuns de áreas úmidas costeiras e continentais
(CLEMENTS et al., 2019; GWYNNE et al., 2010; HAYMAN; MARCHANT;
PRATER, 1986). A família Charadriidae é representada por 19 gêneros e 67 espécies
popularmente conhecidas como batuíras e caracteristicamente identificadas por
apresentarem pequeno ou médio porte, olhos grandes, bicos grossos e asas pontiagudas.
A família Scolopacidae, por sua vez, está representada por 15 gêneros e 98 espécies
conhecidas como maçaricos e possuem como características de identificação os tarsos

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médios ou longos, olhos pequenos e bicos finos e alongados (CLEMENTS et al., 2019;
CRBO, 2014; GWYNNE et al., 2010; HAYMAN; MARCHANT; PRATER, 1986).

O comportamento migratório é muito presente no grupo das aves limícolas. Mais


de 60% das aves limícolas são migratórias e a maior parte das espécies realizam
migrações de longa distância, hemisféricas e transcontinentais, chegando a percorrer
anualmente até 20.000 km entre as áreas reprodutivas e as não reprodutivas ou de
invernada durante seu tempo de vida, o qual pode ser superior a 20 anos (MORRISON,
1984; SERRANO, 2008).

As populações de aves limícolas se movem entre habitats que variam de zonas


úmidas a pradarias. As áreas costeiras oferecem recursos alimentares importantes para
diferentes espécies recuperarem as reservas de energia necessárias para realização dos
processos de muda e acúmulo de energia para o ciclo migratório anual (AZEVEDO
JÚNIOR; DIAS FILHO; LARRAZÁBAL, 2001; GWYNNE et al., 2010; HAYMAN;
MARCHANT; PRATER, 1986).

A contaminação dos ambientes costeiros, onde as aves limícolas realizam seus


processos vitais, são bastante frequentes. O escoamento da contaminantes do continente,
poluição pontual e a deposição atmosférica são os grandes responsáveis pela elevada
concentração de substâncias nocivas nos estuários e baías (BURGER; GOCHFELD,
2004).

A grande preocupação em relação a presença destes contaminantes é sua


capacidade de biomagnificação e bioacumulação em níveis mais elevados da cadeia
trófica, podendo ter efeitos negativos sobre a reprodução, a eclosão dos ovos, a
sobrevivência dos recém-nascidos e o desenvolvimento neurocomportamental das aves
limícolas (BURGER; GOCHFELD, 2000). Estas aves são particularmente vulneráveis a
contaminação ambiental por serem organismos de topo de cadeia e por viverem em uma
grande variedade de hábitats onde as concentrações destes poluentes são elevadas
(BURGER; GOCHFELD, 2004).

Sendo assim, é fundamental uma análise ampla da literatura científica para


compilar os dados já existentes sobre contaminação de ambientes costeiros e as aves
limícolas, a fim de sistematizar as informações sobre os principais efeitos da
contaminação ambiental sobre suas populações.

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1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo geral

Compilar dados empíricos e teóricos da literatura para proporcionar um


entendimento mais abrangente sobre os efeitos dos poluentes associados aos habitats
que as aves limícolas utilizam ao redor do mundo e sobre o status de conservação das
mesmas.

1.3.2 Objetivos específicos

1) Analisar quantitativamente os indicadores de efeitos de poluentes em aves limícolas


de regiões costeiras sob diferentes condições de pressão antrópica;
2) Analisar qualitativamente os indicadores de efeitos de poluentes em aves limícolas
de regiões costeiras sob diferentes condições de pressão antrópica;
3) Elencar os principais indicadores biológicos de impacto da presença de poluentes
sobre a biodiversidade e conservação das espécies de aves limícolas de regiões
costeiras;
4) Especificar a principal ameaça de impacto da presença de poluentes sobre a
biodiversidade e conservação das espécies aves limícolas de regiões costeiras.

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