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Impactos ambientais do desastre de Mariana

As consequências ambientais do desastre de Mariana foram tão severas que os


pesquisadores ainda buscam respostas para entender os efeitos da ação e como a
natureza poderá se restabelecer.
A lama e os resíduos da mineração percorreram mais de 600 km até atingir o Oceano
Atlântico, onde resultaram em impactos ambientais ao ecossistema marinho,
especialmente aos recifes de corais.
Durante a avalanche de lama, a maioria dos peixes morreram e como resultado 26
espécies desapareceram da área. Enquanto isso, animais terrestres como pequenos
mamíferos e anfíbios foram soterrados pela lama. As árvores próximas aos trechos dos
rios foram arrancadas pela força da água ou ficaram submersas.

Peixes mortos durante o desastre de Mariana

A lama também impediu a realização da fotossíntese pelo fitoplâncton, base da cadeia


alimentar aquática, e contaminou os peixes e outros organismos. Os rios atingidos
ainda tiveram mudanças em suas características físicas como, diminuição da
profundidade, destruição da mata ciliar e soterramento de nascentes.
O solo foi contaminado pela enxurrada de lama, tornando-se infértil e impedindo o
desenvolvimento das espécies vegetais. A composição química do solo foi alterada e
não se sabe de que forma e quanto tempo demorará para se restabelecer.
Muitas pesquisas apontam que a restauração da área é impossível. Assim,
a biodiversidade local foi perdida de forma irreversível, com severas consequências
ambientais para a natureza e a população humana que dependia dos recursos
naturais.
Desastre de Mariana: tragédia ambiental e humana - Toda Matéria (todamateria.com.br)

1.1. Impactos humanos diretos


Segundo estimativas noticiadas, o desastre causou um prejuízo inicial de R$ 1,2 bilhão
só em Minas Gerais, atingindo 35 municípios deste estado e uma população indireta de
320 mil pessoas, segundo a força-tarefa do Governo do Estado de Minas Gerais. Tal
estudo não leva em conta os transtornos ocasionados no Espirito Santo, quantificando
apenas aqueles ocorridos no estado de Minas Gerais.9 No que toca a ocorrência de
danos humanos diretos e indiretos em escala microrregional10, houve um total de
10.482 pessoas afetadas pelo desastre, segundo o Relatório de Avaliação dos efeitos e
desdobramentos do rompimento da Barragem de Fundão em Mariana-MG. 11 O
evento teve drásticos impactos diretos sobre a comunidade e região afetadas. Dentro
desta categoria encontram-se os efeitos negativos sobre a saúde pública e às
condições fundamentais de segurança das pessoas. Ainda, abrangidos neste conceito
encontram-se os danos sobre os elementos simbólicos e o acesso à educação da
população atingida. Por fim, os impactos sobre as formas de organização social. Assim,
compreendidos no primeiro grupo foram identificadas pessoas feridas, mortas,
psicologicamente abaladas, entre outros. Outro grave impacto consistiu na ocorrência
de problemas relacionados à interrupção dos serviços de segurança da população
afetada, seja pela suspensão de suas condições temporárias de abrigo à população
seja pela ocorrência de saques em propriedades que, apesar de não terem sido
destruídas, não apresentavam condições para manterem-se ocupadas.12 Obras de
arte sacra também foram objeto de saques e destruição, sendo esta uma região de
destacada riqueza histórica e cultural.13 Houve, também, a interrupção da prestação
de serviços de ensino na região afetada. Apenas em Barra Longa, aproximadamente
1.000 (mil) alunos ficaram sem aulas nas escolas da rede municipal e estadual.14
Ainda, a alteração das atividades rotineiras, a separação de vizinhos, são alguns dos
fatores de impacto sobre a organização social. Numa escala macrorregional15 do
estado minero, diagnosticou-se 311 mil afetados pelo evento, destacando-se o
comprometimento no abastecimento de água que, apenas em Governador Valadares,
atingiu 275 mil pessoas.16 Apesar do evento ter irradiado danos catastróficos à
comunidade afetada, merecem destaque os danos ambientais decorrentes do presente
desastre, tendo em vista a gravidade das consequências ecossistêmicas.

1.3. Demais danos


A magnitude do evento, ainda não compreendido em sua plena e integral dimensão, é
tão significativa que se torna inviável para o presente trabalho trazer à lume todos os
efeitos que irradiaram do evento. Apesar da existência de divergências metodológicas
e na quantificação dos dados existentes, uma dúvida não persiste, a gravidade
socioambiental do rompimento da barragem e suas consequências, seja na dimensão
micro ou macrorregional. Ainda, foram diagnosticados severos danos à infraestrutura
regional, com o comprometimento de pontes, ruas, estradas e outros equipamentos
públicos. Além disso, há danos à economia regional, decorrentes da suspensão das
atividades de mineração, comprometimento do mercado de serviços e comércio, além
de perdas significativas na produção rural, por exemplo. Neste sentido, o rompimento
da barragem de rejeitos de mineração acarretou prejuízos de aproximadamente 23,2
milhões a produtores rurais, apenas considerando os municípios de Mariana, Barra
Longa, Ponte Nova e Rio Doce, segundo apontam dados colhidos pela Empresa de
Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG). 2

Microsoft Word - O Desastre em Mariana e suas consequências.docx (ufes.br)

Brumadinho

 Impactos ambientais
Segundo a Vale, em Brumadinho, rompeu-se apenas uma barragem, a qual
apresentava um volume de 11,7 milhões de metros cúbicos de rejeitos. A mineradora
afirma ainda que a lama que foi liberada não é tóxica. Entretanto, apesar de não ser
assim considerada, ela pode desencadear outros problemas ambientais, tais como:

 Em virtude da grande quantidade de rejeitos e da velocidade em que foram


liberados, a lama destruiu grande parte da vegetação local e causou a morte
de diversas espécies de animais. É importante salientar que a região
abrigava uma grande área remanescente da Mata Atlântica, um bioma com
grande biodiversidade. Houve, portanto, uma enorme perda. De acordo com
o Instituto Estadual de Florestas  (IEF) a área da vegetação impactada
representa 147,38 hectares.

 Os rejeitos da mineração atingiram ainda o rio Paraopeba, que é um dos


afluentes do rio São Francisco. A grande quantidade de lama torna a água
imprópria para o consumo, além de reduzir a quantidade de oxigênio
disponível, o que desencadeia grande mortandade de animais e plantas
aquáticas. Em relação ao rio São Francisco, a expectativa é de que a lama
seja diluída antes de atingi-lo.

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 Em razão da grande quantidade de lama que foi depositada na região, o solo
terá sua composição alterada, o que pode prejudicar o desenvolvimento de
algumas espécies vegetais. Além dessa alteração, quando a lama seca,
forma uma camada dura e compacta, que também afeta a fertilidade do solo.

Vale salientar ainda que se espera que os impactos ambientais sejam inferiores aos
observados em Mariana. Entretanto, ainda não é possível mensurar todos os danos
causados. Para saber mais sobre o rompimento da barragem em Mariana, também em
Minas Gerais, que ocorreu um pouco mais de três anos antes da tragédia em
Brumadinho.
Impactos de Brumadinho na
economia brasileira
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Houve um tempo em que se brincava bastante com a inexatidão dos serviços de
meteorologia. Falava-se que “se o ‘homem do tempo’ disse que vai chover, prepare-se
para um dia de muito sol”. Os anos se passaram, os instrumentos meteorológicos
tornaram-se cada vez mais sofisticados e, hoje, as previsões costumam ser bem
certeiras.

Com a economia também é assim. Anos e anos de observações do comportamento


dos mercados, da interface entre atividade econômica e política e dos players, sejam
eles públicos ou privados, que influenciam os rumos de uma determinada região, nos
deram elementos suficientes para prever com razoável grau de confiabilidade quais são
as perspectivas de crescimento, de meta inflacionária, de variação cambial e outros
fatores.

Mas sempre existe o imponderável. A tragédia de Brumadinho (MG) – que não nos
cabe discutir, neste artigo, se foi causada por ineficiência da empresa, inoperância do
poder público ou mera fatalidade – é uma dessas ocorrências inesperadas que tendem
a impactar não apenas as metas traçadas pela empresa envolvida, mas também, a
repercutir na Bolsa de Valores e nos resultados gerais da economia nacional.

É inevitável que os problemas


afetem o Brasil como um todo

Cumpre lembrar que a Vale é uma gigante – maior produtora de manganês e ferroligas
do Brasil, ela opera em 14 estados e dispõe 2 mil quilômetros de malha ferroviária e
nove terminais portuários próprios – sendo inevitável que os problemas que se abatem
sobre ela afetem a economia nacional como um todo.

É por isso que, imediatamente após as notícias sobre a tragédia de Brumadinho


tomarem conta da imprensa, o mercado reagiu. A Empresa Brasileira de Comunicação
noticiou, na segunda-feira, 28 de janeiro, que a projeção para o crescimento da
economia, neste ano e em 2020, foi reduzida pelas instituições financeiras consultadas
pelo Banco Central (BC).

Se antes a projeção para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) era de 2,53% para
2919, e de 2,6% para o ano que vem, ela agora foi revisada para 2,50% nos dois anos
analisados. Já a inflação, que é calculada pelo Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA), deve ficar em 4% este ano.

Estas, porém, não são as análises mais importantes no momento. Mesmo porque elas
ainda não refletem todo o impacto que a tragédia deverá ter sobre o cenário econômico
nacional. Muito menos, são definitivas sobre o que nos aguarda.

As ações da Vale perderam mais de 20% de seu valor depois que o pregão abriu, no
primeiro dia útil após o incidente. Na prática, a empresa começou a semana valendo
R$ 70 bilhões a menos, e ainda foi colocada em CreditWatch com viés negativo (ou
seja, com alta probabilidade de sofrer uma redução em seu rating em um prazo de até
90 dias) pela agência de classificação de riscos Standard & Poor’s. Isso porque, dentre
outros fatores, é de se esperar que a empresa sofra multas ambientais, bem como
ações criminais e civis por parte das famílias das vítimas e do próprio Estado.

Seria otimismo demais supor que nada disso impactará a saúde da economia brasileira
pelos próximos meses. A melhor resposta que se pode dar ao mercado, neste
momento, é a sinalização de que a empresa e o poder público estarão unidos em torno
do esclarecimento dos fatos, do saneamento dos problemas e do compromisso firme
de não deixar que novas tragédias aconteçam. Mesmo porque, muito acima de
quaisquer consequências financeiras e/ou macroeconômicas, prevalece a importância
de se preservar as vidas – estas, sim, as únicas perdas verdadeiramente irreparáveis

Impactos de Brumadinho na economia brasileira | Monitor Mercantil


Reportagens

Brumadinho: Três anos após rompimento, moradores tem nova tragédia (uol.com.br)

Tragédia de Mariana faz 5 anos e população ainda aguarda reparações (ebc.com.br)

Sete anos após o desastre de Mariana, ninguém foi punido e crimes podem prescrever
(diariodocentrodomundo.com.br)

Sete anos após o desastre de Mariana, ninguém foi punido e crimes podem

prescrever
Publicado por
 Diario do Centro do Mundo
 -
 Atualizado em 5 de novembro de 2022 às 11:10
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desastre ambiental em Mariana – Foto: Gustavo Ferreira / Jornalistas Livres

Por Pablo Pires Fernandes

Sete anos após o pior desastre ambiental da história do Brasil, o rompimento da


barragem da Vale, BHP e Samarco em Mariana (MG), nenhum dos 26 acusados foi
punido. Atualmente, 15 réus já foram considerados inocentes e restam apenas 11.
Ainda respondem pelos crimes a Samarco, Vale, BHP Billiton Brasil, a VogBR Recursos
Hídricos e os empresários e administradores destas empresas.

No entanto, especialistas apontam que, diante da morosidade do processo, todos os


acusados provavelmente ficarão livres de qualquer condenação no âmbito penal,
restando às milhares de vítimas apenas a reparação na instância cível.

Os crimes ambientais, porém, devem prescrever no máximo até 2024 e muitos já


prescreveram.

Entre os fatores que ajudaram a atrasar o andamento do processo, segundo as fontes


ouvidas pela reportagem, estão a complexidade do caso, o número de acusados e
testemunhas arroladas, a interrupção das audiências durante a pandemia e os vários
escritórios de advocacia que representam os réus, alguns entre os mais poderosos do
país. Se sobressai, porém, a falta de estrutura do Judiciário e a inadequação da
legislação brasileira para lidar com um crime de tal magnitude.

Com isso, no âmbito criminal, o caso tem grandes chances de ter como desfecho a
impunidade por prescrição. Carlos Ferreira da Silva, procurador do Ministério Público
Federal (MPF) e atual coordenador da força-tarefa sobre o caso, considera a situação
“preocupante”.

“Apenas 14 testemunhas da ação penal foram ouvidas até o momento. A defesa pediu
cerca de 90 testemunhas. Ainda temos dezenas de pessoas a serem ouvidas e estamos
há tempos sem audiências mensais sobre essa ação penal. Estamos muito atrasados”,
afirma.

A estimativa é que, ao serem retomadas as audiências, seriam necessários pelo menos


mais 18 meses para que todas as testemunhas sejam ouvidas. Só assim a parte de
instrução será finalizada.

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