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Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN

Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural – EMATER


Programa Estadual de Formação e Qualificação Profissional para a Vida no
Campo – Gente do Campo
Curso de Especialização em Desenvolvimento Regional e Agricultura Familiar -
CEDRAF
Disciplina: Desenvolvimento Rural e Convivência com o Semiárido

Desafios e perspectivas de desenvolvimento no Semiárido potiguar no século XXI

IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DA ENERGIA EÓLICA NO SEMIÁRIDO


POTIGUAR

COMPONENTES:

Anabela Pereira Medeiros Lima


Gerlane Andrade da Silva
Jeiciane Guedes da Silva Cunha
Márcio Sarmento de Alencar Paiva

Natal-RN, 25 de março de 2022


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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 3

2. DESENVOLVIMENTO 4

2.1 Impactos ambientais 4

2.2 Impactos sociais 5

3. CONCLUSÃO 7
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1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, têm se desenvolvido no mundo uma relevante crise energética
devido a questões como clima, política, economia e ambiente. Como exemplo dessa
crise, no Brasil ainda existe uma grande dependência da matriz hidráulica e fontes
fósseis, como o petróleo, o carvão mineral e o gás natural, para a produção de energia
que, mesmo com novos tipos de produção energética incluídas principalmente no
nordeste do país, ainda são insuficientes para substituir a principal forma de geração
energética e que causam tantos problemas, principalmente ambientais.
E por causar tantos problemas ambientais a forma como é gerada a nossa
energia, somado ao esgotamento de combustíveis fósseis, foram iniciados pesquisas que
buscam a geração de energias mais limpas, que agridam menos o meio ambiente, eno
menos poluente, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa, e com isso, melhorar a
qualidade do ar, proteger a saúde e minimizar os efeitos climáticos.Uma das fontes
viáveis é a energia través do vento, a energia eólica que como toda geração de energia,
ela possui seus impactos positivos e negativos.
No nordeste brasileiro, com destaque no estado do RN, foi iniciada, há dez anos,
a produção de energia através de parques eólicos e solares, intensificadas devido às
condições do vento e da forte incidência da luz do sol. Posto isto, o presente trabalho
tem a intenção de frisar a importância da energia eólica gerada a partir da força dos
ventos presentes nessa região do país, como uma das fontes de energias renováveis, por
não gerar dióxido de carbono.
No entanto, o principal objetivo deste trabalho é apresentar os impactos
socioambientais gerados com a implantação e operação dos parques eólicos no
semiárido potiguar, e como objetivos específicos, verificar os impactos da implantação
dos parques eólicos, identificar os principais impactos ambientais, apontar os impactos
sociais causados com a implantação dos parques eólicos e indicar melhorias para
redução dos impactos.
Para a elaboração deste relatório, foram feitas pesquisas bibliográficas e diálogo
com pessoas/ organizações que atuam no campo e acompanham a problemática das
comunidades atingidas pela inserção desses parques. O relatório está organizado
incluindo a introdução da problemática apresentada, desenvolvimento do tema a partir
das pesquisas realizadas e a conclusão dos estudos realizados pelos autores.
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2. DESENVOLVIMENTO

2.1 Impactos Ambientais

A geração de energia eólica causa impactos ambientais mais intensos na fase e


implantação dos parques. Essa fase possui várias etapas como limpeza o terreno,
instalação o canteiro de obras, terraplanagem, estaqueamento, montagem de
equipamentos, construção da base de concreto e etc. O desmatamento e a compactação
do solo, por exemplo, podem ser citados como impactos negativos, pois é necessário
que o solo esteja limpo e plano, tanto para melhorar o tráfego das enormes carretas que
transportam a estrutura de montagem das torres eólicas, quanto para utilizar o próprio
espaço para a instalação das torres. Além disso, essas torres são colocadas em bases
estruturais de concreto enterradas de 15 a 20 metros de profundidade para suportar
estruturas de até cem metros de altura.
Tais fatores ocasionam problemas geoambientais, não só em relação a supressão
de parte da flora, mas também de todos os indivíduos que a ela pertencem e que dela
sobrevivem, incluindo os riscos as bacias hídricas, já que existem casos de instalação de
parques eólicos em dunas, na região litorânea, onde a estrutura de base atinge
diretamente o lençol freático. Ou seja, há uma interferência direta na forma como as
dunas recebem e armazenam a água, já que seu processo normal seria de receber a água
da chuva, acumulá-las nos lençóis freáticos, sustentar as lagoas e o ecossistema de
manguezais, impactando diretamente na vida marinha existente nesses locais.
Esse ambiente acaba sendo afetado em sua morfologia, topografia e fisionomia,
sobretudo devido a necessidade de construção de vias de acesso aos geradores, pelo
desmatamento e o soterramento de setores de dunas fixas, a extinção e fragmentação de
lagoas graças a toda a ação realizada através da terraplanagem e de outros processos que
agridem de forma irredutível o meio ambiente.
No caso do sertão, os prejuízos não são menores. Moema Hofstaetter, através do
vídeo “Energia Eólica e os impactos socioambientais na caatinga e nos sertanejos”,
editado pela“NEXO Políticas Publicas”, mostra que a caatinga é a mais diversificada
floresta seca das Américas e que possui sistemas sensíveis, como ambientes
montanhosos, dunas litorâneas e também diversas áreas de planícies arbustivas que
precisam de proteção, mas que são consideravelmente invadidas pelas instalações dos
parques eólicos.
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Nesse sentido, a intensificação dos parques no semiárido brasileiro,


principalmente no Rio Grande do Norte, tende a aprofundar e acelerar o processo de
desertificação da região tornando-se um grande prejuízo para a vida como um todo, pois
além de prejudicar o ambiente em que são construídas.

Outros pesquisadores declaram que há suspensão da vegetação nativa apenas nos


arredores das torres e nas estradas de acesso, utilizadas para passagem de caminhões
para montagem e manutenção das torres, e que são em locais pontuais. Algumas
empresas fazem replantio da vegetação, por exemplo, com capim de praia. Já com
relação ao barulho e ruídos causados pelos aerogeradores, ocorre quando as residências
se localizam próximos e que a medida que se mantém um afastamento, passa a ser
irrelevante.Porém a maioria desses parques possuí comunidades muito próximas, e a
muita reclamação do barulho causado pelas torres principalmente a noite.

2.2 Impactos Sociais

Um dos maiores impactos sociais apontados é a geração de emprego que durante


a fabricação e construção dos parques eólicos há uma intensidade maior de empregos
temporários. E quando já estão funcionando, as vagas diminuem consideravelmente,
mas os cargos de trabalho são permanentes, e segundo a pesquisa são cargos mais para
segurança e manutenção.
Além da geração de emprego, outro fator que traz renda para a população é o
arrendamento de terra pelas empresas para instalação das torres eólicas. Que propicia
uma renda extra para a população, apesar de que ao ouvir os envolvidos, há uma grande
reclamação da forma como é realizado o contrato de arrendamento por parte das
empresas.
Outro impacto é a mudança e interferência no cotidiano da população que fica
localizada nas adjacências das áreas de influência direta. Em sua dissertação, Moema
Hofstaetter traz alguns elementos que indicam problemas graves para o futuro, como a
mudança de rotina dos agricultores familiares e pescadores artesanais que não podem ter
acesso às vias comumente por eles usadas durante toda a vida e que agora foram
interrompidas com cercas e vigilância armada, exigindo ter que caminhar duas, três
vezes mais para poder chegar ao seu destino.
Os prejuízos à pesca artesanal também devem ser contabilizados. Relatos de
pescadores comprovam que após a chegada dos parques na faixa do litoral, muitos
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cardumes se distanciaram da costa três a quatro vezes mar a dentro, dificultando a


atividade pesqueira.
O arrendamento das terras feito para que os parques possam ganhar terreno para
sua instalação, se torna um problema também aos proprietários da terra por serem
longos contratos de trinta a quarenta anos, sendo deste modo um risco para o
proprietário e seus herdeiros quanto a grilagem dessas porções de terra. Além disso,
com sua terra arrendada, o pequeno agricultor perde o direito de plantar e criar naquele
local. Isso interfere diretamente na questão previdenciária e conseqüentemente em sua
aposentadoria.
O conselho pastoral dos pescadores editou um vídeo intitulado “Vento Forte”,
que mostra as relações nefastas das grandes empresas com as comunidades pesqueiras
pobres que tem gerado problemas ambientais e sociais para todo o Brasil, incluindo
neste documentário a questão das empresas de energia eólica. Outra questão relevante
diz respeito aos riscos à saúde humana, tendo em vista o barulho permanente e
intermitente, sem falar no barulho que não se escuta, ou seja, as ondas eletromagnéticas
tão prejudiciais a saúde.
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3. CONCLUSÃO

A partir da revisão do tema estudado, pode-se entender que se houver diálogo


entre empresa e comunidade, provavelmente os problemas apontados ao longo do
estudo poderiam ser evitados, pois seria necessário observar as condições ambientais da
região para entender melhor o que poderia ser feito para reduzir os impactos negativos.
Ou seja, é muito importante que exista um estudo de viabilidade dos projetos para
analisar toda a área de instalação, desde os impactos para a comunidade, como impactos
ambientais e não focar apenas no fator de maior velocidade dos ventos ou por
conveniências econômicas das empresas e políticos.
Também foi observado que a maioria desses impactos são causados no momento
da implantação dos parques eólicos e apenas em alguns casos, prolonga-se pelo período
de funcionamento, sobretudo para as comunidades que moram próximos a esses
parques, principalmente as que já tem uma cultura organizacional consolidada.
Outra questão relevante que chamou atenção sobre a situação da instalação dos
parques eólicos nos estados no nordeste é com relação a tributação, pois é necessário
que seja feita uma revisão da lei federal que rege sobre como o produto ta sendo
tributado, pois o estado produtor não arrecada tributo desse produto, apenas o estado
comprador, fazendo com que o estado que possui a eólica não seja beneficiado
financeiramente com esse tributo. Se houvesse esse benefício para o estado produtor, o
mesmo poderia ser investido na amenização dos impactos ambientais e sociais, evitando
que a produção só traga impactos negativos e agressivos ao meio ambiente.
Vemos também que apesar dos impactos negativos causados, essa forma de
energia é a menos poluente, como dito anteriormente, e em comparação com outras
formas de geração de energia os impactos negativos são menores.Além disso, é
necessário a busca da redução dos impactos negativos através da criação de projetos e a
prática das medidas e programas já criados para as comunidades pelas empresas.
Assim sendo, conclui-se que é de suma importância um maior diálogo entre a
sociedade que é atingida pela instalação do parque, o poder público e as empresas para
entender os problemas que as instalações podem causar e nesse sentido a Academia tem
um papel preponderante a partir dos estudos e diagnósticos elaborados em seus cursos
no processo de ensino aprendizagem – e as empresas necessitam buscar alternativas
viáveis e que possam promover o bem comum.
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BIBLIOGRAFIA

As energias eólica e solar podem ser uma armadilha: Não assine um contrato sem
conhecer o que você está assinando. Não caia no “conto do vigário”! - Cartilha do
Serviço de Assistência Rural-SAR

Crise Energética no Brasil – Mundo da educação – UOL:


https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/crise-energetica-no-brasil.htm

Energia Eólica: Entre ventos, impactos e vulnerabilidades Socioambientais no Rio


Grande do Norte – Dissertação de Mestrado – Moema Hofstaetter:
https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/22145/1/MoemaHofstaetter_DISSERT.
pdf

Impactos Ambientais Cumulativos Associados às Atividades Eólio-Elétricas no


Semiárido Potiguar: Um Case Prático - Welson AialonAlcaniz dos Santos; Francisca de
Souza Miller:
https://editorarealize.com.br/editora/anais/conadis/2018/TRABALHO_EV116_MD1_S
A18_ID1357_30112018183444.pdf

https://pp.nexojornal.com.br/ponto-de-vista/2021/03/30/Energia-e%C3%B3lica-e-os-
impactos-socioambientais-na-Caatinga-e-nos-sertanejos

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