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As obras hidrelétricas, de uma forma geral, produzem grandes impactos sobre o meio ambiente, que
são verificados ao longo e além do tempo de vida da usina e do projeto, bem como ao longo do
Os impactos mais significativos e complexos ocorrem nas fases de construção e de operação da usina,
em face dos riscos ambientais e dos custos, se comparada com a energia nuclear.
Sendo também a melhor alternativa de geração elétrica quando comparada com a termoeletricidade a
combustíveis fósseis, pois tem como vantagens o fato de ser renovável e disponível no país a menor
custo.
No entanto, além dos benefícios energéticos devem ser considerados os efeitos prejudiciais do
empreendimento.
Os projetos hidrelétricos devem ter como objetivo elevar a qualidade de vida da população
Para isso, a gestão ambiental deve começar nas fases iniciais do projeto, passando pela etapa de
construção e continuar ao longo da vida útil da usina; a fim de minimizar os efeitos negativos e
A gestão ambiental também pode contribuir para melhorar o design e funcionalidade da obra,
contribuindo para a redução de seus custos globais, minimizando imprevistos, atenuando conflitos e
ajudando na preservação da obra e do meio ambiente.
Dentro desta concepção, um determinado projeto hidrelétrico deve ser considerado como de
aproveitamento múltiplo, onde o energético faz parte dos diferentes outros usos da água e cuja
As usinas hidrelétricas são empreendimentos planejados para um horizonte de tempo longo. São
freqüentes as hidrelétricas que ultrapassam algumas gerações, funcionando com interrupções apenas
de manutenção.
desenvolvimento sustentável.
No entanto, os impactos e conseqüências também devem ser sustentáveis. “Ainda que a geração
hidrelétrica seja sustentável, algumas regiões atingidas para que ela fosse gerada tiveram, em lugar
causada pela construção das barragens fica por conta da transformação de meios lóticos em lênticos.
Devido a esta mudança, as características físico-químicas das águas sofrem alterações bruscas,
O agito das águas é muito importante para a sua oxigenação. Com a transformação de um meio lótico
em lêntico, a concentração de oxigênio dissolvido na água diminui. O grande potencial oferecido pelas
quedas d’água atrai a construção de barragens para estes locais, extinguindo um importante
Para minimizar o efeito da redução de oxigênio dissolvido, deve-se estudar a altura, na coluna de
água do reservatório, onde será feita a tomada de água para a geração de energia elétrica, evitando
uma depleção do oxigênio ainda maior. Também se podem construir pequenas quedas d'água
1.1.2-Estratificação térmica
A estratificação térmica pode ser observada no grande lago formado pela barragem, onde, com suas
1.1.3-Estratificação hidráulica
Assim como a estratificação térmica, a hidráulica forma várias camadas de água com diferentes
hidrelétrica.
Os rios que deságuam no reservatório são responsáveis pelo transporte de material sólido
hidrotransportado que, ao encontrarem um meio lêntico (águas calmas), este material decanta no
formado).
Não há como evitar a retenção do material sólido, mas as manutenções das matas ciliares, dos rios
que deságuam no reservatório, evitam que este material sólido seja transportado do solo para os rios,
pela chuva.
A inconstância das tomadas de água, que dependem da demanda de energia elétrica, pode causar
erosão das margens e piracemas (migração de peixes para a reprodução) fora da época.
inversão dos lençóis freáticos. Isto pode causar a poluição de poços artesianos, o alagamento de áreas
1.2 – Clima
Para descobrirmos as influências de um reservatório sobre o clima de uma região precisamos entender
as condições meteorológicas antecedentes à formação do lago e verificar quais são os fatores que
1.2.1 – Temperatura
anteriormente protegidas por vales, ou ambientes protegidos de ventos, que ficarão expostos à
Em regiões de alta umidade atmosférica, a presença do lago não afeta este indicador. Porém, em
regiões de clima seco, como em Brasília, o reservatório propicia a evaporação, aumentando a umidade
relativa do ar. Além disso, em regiões de clima frio, como no sul do país, o aumento da umidade
A formação de neblinas, devido ao aumento da umidade relativa do ar pela barragem, pode concorrer
para reduzir a quantidade de horas de incidência solar nas regiões próximas ao reservatório.
1.2.4 – Ventos
A eliminação dos obstáculos ou rugosidades naturais, substituído por um espelho líquido da barragem,
faz com que a velocidade dos ventos aumente e se tornem mais perceptíveis à superfície. Além disso,
a alteração no padrão dos ventos pode ser prejudicial no caso das dispersões gasosas de indústrias
A sismologia estuda as causas e efeitos dos fenômenos relacionados com as fraturas das camadas
a outras. No caso de barragens, o aumento da pressão hidrostática, produzido pela ação da água
infiltrada, pode diminuir a resistência das rochas, reativar falhas geológicas, quebrar camadas
Os abalos sísmicos provocados pelas barragens variam de acordo como as peculiaridades geológicas
da área, a velocidade de enchimento da represa e o tamanho da coluna de água. Além disso, seus
efeitos são sentidos depois de algum tempo que o reservatório atingiu sua cota máxima.
Apesar da magnitude e intensidade destes abalos não ultrapassam os de origem natural e de serem
considerados eventos raros, as soluções de engenharia e a escolha do tipo de barragem devem prever
estes fenômenos. Abaixo segue uma tabela com o registro dos abalos sísmicos ocorridos num raio de
2 - Fatores bióticos
responsável pelo surgimento de gases sulfídricos e de metano, que são poluentes por causarem a
2.1.2-Eutrofização da água
macrófitas (plantas flutuantes), que por sua vez, causam outros problemas.
2.1.3-Proliferação de algas
A depleção de oxigênio também favorece a proliferação de algas, alterando o odor, a cor e o gosto da
água.
2.1.4-Proliferação de macrófitas
vegetação, e pode ser responsável pela disseminação de vetores de doenças, como insetos e
caramujos (vetor da esquistossomose).
2.1.5-Depleção do oxigênio dissolvido
O afogamento de grandes áreas de vegetação pode causar uma diminuição da biodiversidade local e
A preservação de matas nativas próximas às áreas alagadas é essencial à manutenção da vida animal.
Também deve ser feito o resgate e cultivo de espécies vegetais em Unidades de Conservação, para
manter a biodiversidade.
Os aspectos físicos e morfológicos da vegetação condicionam seu habitat e sua fauna. Além deles, as
quando se sabe que 85% das espécies animais pertencem à classe dos insetos e que, por sua vez,
compreendem 90% da biomassa animal das regiões tropicas. Atenuar este forte impacto implica em
resgatar a flora e a fauna, assim como preservar áreas representativas dos ecossistemas com riscos
de alteração.
O pensamento acadêmico defende a tese de que a morte das espécies pertencentes à região a ser
alagada é preferível a deslocá-las para regiões onde a vida silvestre ainda não foi afetada.
Neste caso há um conflito de interesses entre a empresa concessionária, que deseja preservar a sua
Quando o resgate da fauna é promovido com o objetivo único e exclusivo de causar boa impressão à
opinião pública, os resultados são sempre insatisfatórios. As experiências mostram que o resgate dos
animais em áreas em inundação e sua posterior liberação em outros locais, sem os devidos critérios,
acabam levando à morte tanto os animais resgatados como os outros animais, vítimas da competição
águas com características lóticas, com alta taxa de oxigênio dissolvido, mecanismos especializados de
alimentação, nutrientes típicos de águas correntes e outros fatores, migraram para os rios
favorecidas pelos meios lênticos, mas mesmo estes sofreram certas dificuldades como a estratificação
reofílico (de nadar contra a correnteza), que queima a gordura dos peixes, ativando mecanismos
físico-químicos relacionados com a elevação do nível das águas, em épocas de foto período mais
prolongados e com temperaturas mais elevadas. Portanto, a oscilação do nível do reservatório,
o espaço da migração e muitos peixes acabam se reproduzindo próximo aos canais de fuga das
represas.
Este sim tem se apresentado como o maior impacto sobre a vida aquática. Para amenizar este
problema, o que se tem feito é a construção de estruturas que auxiliam os peixes a vencerem o
Quando do fechamento das eclusas da barragem de Itaipu, uma área de 1500 km2 de florestas e
terras agriculturáveis foi inundada. A cachoeira de Sete Quedas, uma das mais fascinantes formações
uma operação de salvamento dos animais selvagens. Equipes de voluntários conseguiram capturar
mais de 4500 bichos, entre macacos, lagartos, porcos-espinhos, roedores, aranhas, tartarugas e
diversas espécies. Esses animais foram levados para as regiões vizinhas protegidas da água.
As usinas hidrelétricas costumam provocar um outro tipo de impacto ambiental: as represas artificiais
formadas pelas barragens dos rios ocasionam a expulsão de algumas cidades, povoados e florestas, e
até a perda de solos cultiváveis e de material arqueológico, de riquezas pré-históricas que podem
Em 1977, com a conclusão da represa de Sobradinho, a 40 km de Juazeiro (BA), formou-se no rio São
Francisco com lago artificial com área de 4.214 km2 e capacidade para 37,5 bilhões de metros cúbicos
de água (maior que Itaipu, no Paraná). Essa represa (que submergiu quatro cidades - Casa Nova,
Sento Sé, Remanso e Pilão Arcado - e dezenas de vilarejos) tendo onze hidrelétricas, com potência
Barragem de Sobradinho, a 50 km de Juazeiro (BA), que forma o maior lago artificial do mundo
(4.214 km2).