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Disciplina: Obras de Terra.

Identificação da tarefa: Tarefa 4. Tarefa 4. Envio de arquivo.


Pontuação: 15 pontos.

Tarefa 4

Barragens são um problema ou uma solução?

Barragem, ou reservatório, é uma obra arquitetônica desenvolvida para


represar e armazenar água, recurso utilizado para a produção de energia em
uma usina hidrelétrica. Apesar de contribuir para a geração de um tipo de
energia renovável, a construção de uma barragem está atrelada a diversos
impactos socioambientais. De modo geral, uma barragem conta com
infraestruturas de entrada, túneis ou canais, escoamento da água excedente e
drenagem. Sua altura pode variar de dezenas a centenas de metros: estruturas
com mais de 15 metros de altura, ou com uma capacidade de armazenamento
superior a um milhão de metros cúbicos, são chamadas de grandes barragens.
Usina hidrelétrica é uma obra de engenharia que utiliza a força da água para
produzir eletricidade. Também chamada de usina hidroelétrica ou central
hidroelétrica, trata-se de uma grande estrutura que se aproveita do movimento
dos rios para a obtenção de energia elétrica. No entanto, a instalação de uma
usina hidrelétrica requer obras de engenharia complexas e que provocam
diversos impactos socioambientais no local. Para produzir eletricidade em uma
usina hidrelétrica, é necessário que exista integração entre a vazão do rio, o
desnível do terreno e a quantidade de água disponível. De forma resumida, a
água armazenada no reservatório é canalizada e conduzida para as grandes
turbinas. O fluxo de água faz com que as turbinas girem e acionem os
geradores que irão produzir eletricidade. Dessa forma, há uma transformação
da energia mecânica, proveniente do movimento da água, em energia elétrica.
Depois de convertida, os transformadores aumentam a tensão da energia,
permitindo que ela possa viajar pelos fluxos de transmissão e chegar aos
estabelecimentos que precisem de energia elétrica.
Na usina hidrelétrica, a barragem possui o objetivo de interromper o ciclo
natural do rio, criando um reservatório de água. Além de estocar esse recurso,
o reservatório cria o desnível de água em volume adequado para a produção
de energia elétrica e regula a vazão dos rios em períodos de chuva e estiagem.
A construção de hidrelétricas e barragens causa diversos impactos sociais e
ambientais negativos. Um dos impactos negativos da implantação de uma
usina hidrelétrica é a mudança que provoca no modo de vida das populações
que residem na região. É importante ressaltar que essas comunidades muitas
vezes são grupos humanos identificados como populações tradicionais (povos
indígenas, quilombolas, comunidades ribeirinhas amazônicas e outros), cuja
sobrevivência depende da utilização dos recursos provenientes do local em
que vivem, sobretudo dos rios, e que possuem vínculos de ordem cultural com
o território. Apesar de ser considerada uma fonte de energia limpa, a geração
de energia hidrelétrica contribui para a emissão de dióxido de carbono e
metano, dois gases que intensificam o aquecimento global.
Além disso, os rios tendem a possuir um equilíbrio dinâmico entre descarga,
velocidade média da água, carga de sedimentos e morfologia do leito. A
construção de reservatórios afeta esse equilíbrio e, consequentemente, causa
mudanças de ordem hidrológica e sedimentar, não apenas no local de
represamento, mas também na área do entorno e no leito abaixo da represa.
A formação dos reservatórios das usinas hidrelétricas geralmente atinge solos
mais férteis e terras agricultáveis, desintegrando a população local, que perde
suas características históricas, identidade cultural e relações com o lugar, além
da alteração nos ecossistemas aquáticos e da destruição da fauna e da flora.
Esta situação reveste-se de especial importância no nosso país pois o aumento
da produção deste tipo de energia terá como consequência a diminuição da
necessidade de importação de combustíveis fósseis, com impactes positivos na
balança comercial – diferença entre o valor das exportações e das importações
de um país, ao longo de um ano. Simultaneamente, contribuirá para alcançar
os objetivos de descarbonização e de garantir a autonomia energética do país.
A concretização destas obras, cria empregos, fixa as populações, poderá
também permitir uma alteração do uso dos solos e desenvolver a agricultura.
Apesar de todas as vantagens atrás enunciadas, as barragens não estão
isentas de problemas, nomeadamente ao nível ambiental. Por este motivo, a
decisão de construção de uma barragem deve ser antecedida de um minucioso
estudo de impacte ambiental para minimizar os impactes negativos. Estes são
a alteração das paisagens naturais devido à formação de grandes lagos
artificiais. Estes submergem áreas consideráveis provocando alterações
significativas nos ecossistemas com a consequente destruição da Fauna e da
Flora pois por vezes as áreas de desova dos peixes são inundadas e as suas
migrações sazonais impedidas. A dinâmica fluvial também é afetada, uma vez
que há um seccionamento dos rios, verificando-se uma diminuição
considerável da quantidade de sedimentos que chegam até ao litoral e uma
redução significativa do tamanho das praias pois a diminuição do fluxo fluvial
origina uma diminuição da capacidade de transporte de sedimentos. Esta
situação tem como consequências o aumento da erosão costeira e o recuo da
linha de costa. Após a construção de uma barragem o leito do rio sofre um
processo de erosão acentuado, diminuindo a cota média do leito o que pode se
refletir na segurança das infraestruturas aí instaladas, como por exemplo as
pontes.
As barragens intervêm no ciclo hidrológico uma vez que o percurso do
escoamento superficial é alterado. O elevado custo de construção é também
outro fator que não pode ser desconsiderado.
Pelo exposto acima, a decisão de construção destes empreendimentos deve
ser muito ponderada e analisados os custos e os benefícios. Quando os
benefícios superam os aspetos negativos e é tomada a decisão de construção,
estes devem ser minimizados, nomeadamente preservando a biodiversidade
através da criação de berçários (sistemas de nidificação) para a nidificação de
peixes, como foi realizado no rio Sabor. Uma forma de minimizar o efeito-
barreira das barragens junto dos peixes, são as chamadas “escadas de
peixes”, que permitem a circulação dos peixes entre montante e jusante destas
infraestruturas. As eclusas de Borland e os elevadores cumprem os mesmos
objetivos.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
https://www.edp.com/pt-pt/mil-e-uma-funcoes-de-uma-barragem
https://www.uc.pt/fluc/depgeotur/publicacoes/Livros/
livro_homenagem_FRebelo/441_461
http://www.gecorpa.pt/Upload/Revistas/Rev56_Artigo%2003.
http://www.gecorpa.pt/Upload/Revistas/Rev56_Artigo%2008.pdf
https://greensavers.sapo.pt/quais-sao-as-consequencias-das-barragens-na-
regiao-do-douro/

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