O documento discute a transposição do Rio São Francisco no Nordeste brasileiro, incluindo a construção de canais para levar sua água a outros rios e bacias hidrográficas. Dois grandes eixos serão construídos - um ao norte e outro ao leste - com canais abertos e estações de bombeamento. O projeto tem como objetivo fornecer água para irrigação, uso industrial e abastecimento humano na região.
O documento discute a transposição do Rio São Francisco no Nordeste brasileiro, incluindo a construção de canais para levar sua água a outros rios e bacias hidrográficas. Dois grandes eixos serão construídos - um ao norte e outro ao leste - com canais abertos e estações de bombeamento. O projeto tem como objetivo fornecer água para irrigação, uso industrial e abastecimento humano na região.
O documento discute a transposição do Rio São Francisco no Nordeste brasileiro, incluindo a construção de canais para levar sua água a outros rios e bacias hidrográficas. Dois grandes eixos serão construídos - um ao norte e outro ao leste - com canais abertos e estações de bombeamento. O projeto tem como objetivo fornecer água para irrigação, uso industrial e abastecimento humano na região.
“Bom senso é o bem “melhor distribuído” do mundo, pois o mais
egoísta acha que já tem o bastante.” 5.2.2. Transposição do Rio São Francisco
A transposição do Rio São Francisco (que nasce na Serra da
Canastra / MG e cruza toda a Bahia e parte de Pernambuco), consiste na captação e transporte de parte das águas do “Velho Chico”, visando a Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional. A obra prevê a construção de mais de 700 quilômetros de canais de concreto em dois grandes eixos (norte e leste) ao longo do território de quatro Estados (Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rui Grande do Norte) e a construção de nove estações de bombeamento de água, com a captação de apenas 1,4% da vazão de 2.846 m³/s do Rio São Francisco (de acordo com a Agência Nacional das Águas), sendo: . Eixo Norte
Percurso de aproximadamente 400 km, com ponto de
captação de águas próximo à cidade de Cabrobó – PE. As águas serão transpostas para os seguintes rios:
. Rio Salgado e Rio Jaguaribe, até os reservatórios de Atalho e
Castanhão, no Ceará;
. Rio Apodi, no Rio Grande do Norte;
. Rio Piranhas-Açu, na Paraíba (chegando aos reservatórios de
Engenheiro Ávidos e São Gonçalo;
. Rio Piranhas-Açu, no Rio Grande do Norte (chegando aos
reservatórios de Armando Ribeiro Gonçalves, Santa Cruz e Pau dos Ferros). . Eixo Leste
Percurso de aproximadamente 220 km, com ponto de
captação de águas na Barragem de Itaparica, na cidade de Floresta – PE. As águas serão transpostas para os seguintes rios e reservatórios:
. Rio Paraíba, na Paraíba;
. Poço da Cruz, em Pernambuco;
. Bacia Receptora de Boqueirão, na Paraíba.
A engenharia dos eixos de integração consiste em:
. construção canais abertos, de seção trapezoidal variável, os maiores
sendo de 25 metros de largura e 5 de profundidade, impermeabilizados com geomembrana protegida por uma camada de 5 cm de concreto;
. nas regiões de travessia de riachos e rios serão construídos
aquedutos;
. para ultrapassar regiões de maior altitude, serão construídos túneis;
. para chegar ao seu destino, as águas devem vencer barreiras impostas pelo relevo, com a construção de nove estações de bombeamento para elevar a água, sendo:
.. três no Eixo Norte, para vencer altitudes de 165 m;
.. seis no Eixo Leste, onde as águas serão elevadas à altitude
de 304 m.
. está prevista ainda a construção de 30 barragens ao longo dos
canais, que funcionarão como reservatórios de compensação para permitir o escoamento da água mesmo durante as horas em que o bombeamento esteja desligado (3 a 4 horas por dia). Relatório de Impacto Ambiental (RIMA)
Pelo RIMA da obra, o projeto visa o fornecimento de água
para vários fins, sendo:
. 70% para irrigação;
. 26% para uso industrial;
. 4% para população difusa.
A área de abrangência dos impactos divulgados pelo RIMA
compreende uma faixa ao longo dos canais de transposição com 5 km de largura para cada lado, tendo sido apontado diverso impactos ambientes, entre eles: . Impactos positivos:
.. Abastecimento de até 12,4 milhões de pessoas das cidades,
através de sistemas de abastecimento urbano já implantados, em implantação ou em planejamento pelas autoridades locais;
.. Redução de problemas trazidos pela seca, como a
escassez de alimentos, baixa produtividade no campo e desemprego rural. Estima-se que 340 mil pessoas seriam beneficiadas, sobretudo na Bacia do Piranhas-Açu (39%) e na bacia do Jaguaribe (29%);
.. Irrigação de áreas abandonadas e criação de novas
fronteiras agrícolas. Pode-se viabilizar, de acordo com os estudos realizados, aproximadamente 161 500 hectares em 2025, sendo 24 400 hectares para irrigação difusa ao longo dos canais e 137 100 hectares para irrigação planejada; .. Aumento da renda e do comércio das regiões atingidas. Durante a obra, haverá grande incremento no comércio e renda nas cidades que abrigarão os canteiros de obra. A longo prazo, a elevação do emprego e renda virão da agricultura irrigada e da indústria, que serão consequências da transposição;
.. Redução de doenças e óbitos gerados pelo consumo de
água contaminada ou pela falta de água. Estima-se que baixará em cerca de 14 mil o número de internações provocadas por doenças de associação hídrica no ano de 2025 de uma previsão de 53 mil na ausência do projeto. . Impactos negativos:
.. Modificação nos ecossistemas dos rios da região receptora,
alterando a população de plantas e animais aquáticos. A criação de ambientes aquáticos distintos dos existentes e a alteração dos volumes de água nos rios receptores promoverão uma seleção das espécies;
.. Risco de redução da biodiversidade das comunidades
biológicas aquáticas nativas nas bacias receptoras. A seleção entre as espécies exóticas e nativas das regiões receptoras pode impactar na redução de espécies nativas;
.. A desapropriação das terras e o êxodo das regiões
atingidas alterará o modo de vida e os laços comunitários de parentesco e compadrio, que são muito importantes para enfrentar as condições precárias de vida de muitas comunidades; .. A região do projeto possui muitos sítios arqueológicos, colocando-os em risco de perda devido às escavações, nas áreas a serem inundadas pelos reservatórios e no curso dos rios cujo volume será aumentado;
.. Desmatamento de 430 hectares de terra com flora nativa e possível
desaparecimento do habitat de animais terrestres habitantes destas regiões. As espécies da flora mais relevantes são caatinga arbórea e a caatinga arbustiva densa. 5.2.3. Canal Hidráulico – considerações gerais
Num canal hidráulico deve-se prever uma folga de 20 a 30%
de sua altura, acima do nível d’água máximo do projeto, como margem de segurança contra possíveis elevações do nível dá água acima do calculado, o que poderia causar trasbordamento (canal a céu aberto) ou estouro (canal de seção fechada).
Um canal escavado no terreno natural deve receber revestimento
para: . Proteção contra erosão; . Redução de perdas de água por infiltração; . Melhora da estabilidade das margens. 5.2.3.1. Fluxo de Água (Escoamento)
Em termos de escoamento os canais podem apresentar a seguinte
classificação:
. Critério espaço: no critério espaço um canal pode apresentar fluxo
uniforme (a profundidade da água permanece a mesma ao longo de toda a extensão do canal) ou fluxo variável (a profundidade da água sofre alteração ao longo de toda a extensão do canal).
. Critério tempo: no critério tempo um canal pode apresentar fluxo
estável (a descarga e a profundidade da água, em qualquer seção do percurso, não se altera durante o período considerado), ou fluxo instável (a descarga e a profundidade da água, em qualquer seção do percurso, sofre alteração durante o período considerado). 5.2.3.2. Movimento variado nos Canais Naturais (Ressalto Hidráulico e Remanso)
Nos canais naturais a variação de declividade seção
transversal ou profundidade pode ocasionar as seguintes movimentações:
. Movimento uniforme (nenhuma ou pequena declividade);
. Movimento gradualmente acelerado (declividade média);
. Movimento bruscamente acelerado (declividade alta - corredeiras);
. Movimento gradualmente retardado (remanso);
. Movimento bruscamente retardado (Ressalto Hidráulico).
5.2.4. Tipos de Canais Abertos
5.2.4.1. Canal a céu aberto (canal aberto):
Normalmente, os canais a céu aberto podem ter seção
retangular ou trapezoidal, com escoramentos laterais variados, sendo:
. Retangular: por ter paredes laterais verticais, o canal aberto
retangular, além de conter a erosão pelo fluxo de água, deve ter também função estrutural: . Enrocamento (com pedras grandes e bem arrumadas); . Gabião; . Pedra argamassada; . Concreto. . Trapezoidal: no canal aberto trapezoidal as paredes laterais são inclinadas, com risco apenas de erosão, o que possibilita um acabamento mais diversificado: . Terra; . Grama; . Enrocamento; . Gabião; . Pedra argamassada com fundo natural; . Concreto com fundo natural; . Concreto. 5.2.4.2. Canal de seção fechada (galerias):
Os canais de seção fechada são utilizados, normalmente,
para transposição de estradas, ruas e áreas residenciais urbanas, e condução de água doce.
A forma geométrica destas seções podem ser retangular
(galerias), circular (bueiros) ou elíptica (bueiro Armco), podendo ser feitos de diversos materiais, sendo mais comum o concreto armado, chapas de aço galvanizado, tubos de ferro fundido e tubos de plásticos de grandes diâmetros. 5.2.4.3. Travessias:
As travessias são utilizadas para a transposição de estradas
(pontes), e para a de transposição de ruas na condução de água doce; podem ser aérea (superficiais), subterrânea (enterradas) ou intermediária (travessia de água potável por cursos d’água).