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Centro de Formação Profissional de Águeda 2019/2020

Tratamento das águas de abastecimento público

4.1. Origem da Água de Abastecimento


A água de abastecimento é uma água potável distribuída aos consumidores através de uma
rede de distribuição pública.

Segundo a sua origem (captação), a água pode ser:

 Subterrânea - está infiltrada no subsolo e pode ser captada por nascentes, galerias
drenantes, furos e poços até ao nível freático, ou por bombagem onde exista água
acumulada. Compondo uma parcela significativa da água potável utilizada para consumo
humano, agricultura e outros fins, o acompanhamento das condições das águas
subterrâneas é muito importante. 

 Superficial - não penetra no solo, acumula-se na superfície, escoa e dá origem a rios,


riachos, lagoas e córregos. Por esta razão, é considerada uma das principais fontes de
abastecimento de água potável do planeta. É importante a monitorização frequente das
águas superficiais, pois permite-nos conhecer a quantidade e a qualidade disponíveis e gerar
insumos para o planeamento e a gestão de recursos hídricos, que devem garantir o acesso
aos diferentes usos da água. É captada nos rios, canais, ribeiras, lagos, bacias de retenção e
albufeiras.

Qualquer que seja a sua origem, raramente a água captada no meio natural pode ser distribuída
sem tratamento – Estação de Tratamento de Águas (ETA).

As entidades produtoras orientam as suas escolhas preferencialmente para origens que


naturalmente apresentem a melhor qualidade possível, a fim de minimizar os custos de tratamento
e consequentemente o preço final da água distribuída, e o maior caudal de captação possível.

https://youtu.be/tWvcWQ26nG0

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4.2. Constituição dos sistemas de abastecimento de água para consumo


humano
Um sistema de abastecimento e distribuição de água é constituído por um conjunto de
infraestruturas. A cada uma destas partes correspondem-lhe órgãos, constituídos por obras de
construção civil, equipamentos elétricos e eletromecânicos, acessórios, instrumentação e
equipamentos de automação e controle. Cada órgão num sistema de abastecimento e distribuição
de água tem um objetivo/função (Sousa, 2001).

O sistema de abastecimento de água é um sistema em “alta” se é constituído por um conjunto


de componentes a montante da rede de distribuição de água, fazendo a ligação do meio hídrico ao
sistema em “baixa”. O sistema de abastecimento de água é um sistema em “baixa” se é constituído
por um conjunto de componentes que ligam o sistema em “alta” ao utilizador final. O sistema de
abastecimento de água presta um serviço em “alta” e em “baixa” sempre que vincula o meio
hídrico a um utilizador final (IP, 2008).

2.1 Constituição dos Sistemas de Abastecimento e Distribuição de Água

Parte Órgãos Objetivo/Função

Captação Obras de captação Captar água bruta nas origens


(superfícies e subterrâneas

Transporte ou adução Adutores, Conjunto de obras destinadas a


aquedutos e canais transportar a água desde a origem à
distribuição. O transporte pode ser: -
Em pressão (por gravidade e por
bombagem); -
Com superfície livre (aquedutos e canais).

Elevação Estações Bombar água (bruta ou tratada) entre


elevatórias e um ponto de cota mais baixa e um ou mais
sobrepressoras pontos de cota mais elevada.

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Tratamento ETA Produzir a água potável a partir de água


bruta, obedecendo às normas de qualidade
(Decreto-Lei 236/98, de 1 de Agosto - Anexo
VI).

Armazenamento Reservatórios Servir de volante de regularização,


compensando as flutuações de consumo
face à adução. Constituir reservas de
emergência (combate a incêndios ou em
casos de interrupção voluntária ou acidental
do sistema de montante). Equilibrar as
pressões na rede de distribuição.
Regularizar o funcionamento das
bombagens.

Distribuição Rede geral pública Conjunto de tubagens e elementos


de distribuição de acessórios, como sejam juntas, válvulas de
água seccionamento e de descarga, redutores de
pressão, ventosas, bocas de rega e lavagem,
hidrantes e instrumentação (medição de
caudal, por exemplo), destinado a
transportar água para distribuição

Ligação domiciliária Ramais de ligação Asseguram o abastecimento predial de


água, desde a rede pública até ao limite da
propriedade a servir, em boas condições de
caudal e pressão

Distribuição interior Redes interiores Conjunto de tubagens e elementos


dos edifícios acessórios para distribuição de água no
interior dos edifícios

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4.3. ETA – Estaçã o de Tratamento de Á guas


Estações de Tratamento de Água em Portugal:
 ETA de Areias de Vilar, Barcelos;
 ETA da Asseiceira, Tomar;
 ETA da Alcantarilha, Silves;
 ETA de Beliche, Castro Marim;
 ETA De Lever, Vila Nova de Gaia;
 ETA da Boavista, Coimbra;
 ETA do Caldeirão, Guarda;
 ETA de Monte Novo;
 ETA de Monte da Rocha;
 ETA de Morgavel.

Funcionamento da ETA

Figura 1- Principais etapas de tratamento.

Após a captação, a água segue para a Estação de Tratamento de água, onde é feita a correção
das características físicas, químicas e bacteriológicas. Sendo esse tratamento feito pelas seguintes
etapas:

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Linha Líquida: as operações que constituem o processo de tratamento de água.

 Gradagem - É feita a remoção das impurezas existentes na água que chega à ETA (água
bruta), nomeadamente folhas de árvore, ramos, matérias em suspensão, areias e
microrganismos.
 Pré-oxidação com cloro gasoso - Injeção de cloro para reduzir a quantidade de matéria
orgânica presente na água captada.

 Remineralização e correção de agressividade -  Visam corrigir o caráter excessivamente


doce da água, criando-se uma fina camada de calcário protetora da corrosão do interior de
tubagens de água.

 Coagulação/Floculação - Processo químico que tem como objetivo a agregação de


partículas em suspensão levando à formação de flocos com dimensões adequadas para a
fase de decantação ou flotação.

 Decantação - Após a coagulação/floculação, os flocos de maior dimensão depositam-se no


fundo de tanques de decantação eliminando-se, assim, a maioria das partículas em
suspensão. A água decantada segue para a filtração.

 Flotação - Nesta fase do tratamento os flocos de menor dimensão agregam-se com


microbolhas de ar que facilitam a sua elevação e posterior remoção.

 Ozonização - O ozono é um forte agente oxidante e é utilizado para a eliminação de algas e
outra matéria orgânica, possuindo propriedades antissépticas e bactericidas, com aplicação
importante ao nível do tratamento da água.

 Filtração - A água passa através de filtros, de areia ou carvão aditivado, nos quais ficam
retidas as partículas mais pequenas, sendo possível removê-las da água. A filtração clarifica
a água e aumenta a eficácia da desinfeção.

 Correção do pH - Nesta fase procede-se ao ajuste do pH garantindo que este parâmetro se


mantém no intervalo de valores definidos na legislação.

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 Desinfeção final - Para assegurar que não se desenvolvem micro-organismos é adicionado


cloro, mantendo-se um teor residual que garanta a qualidade da água ao longo da rede de
transporte e distribuição até à torneira do cliente.

Linha Sólida: as operações que constituem o processo de tratamento de lamas produzidas nas etapas de decantação
e filtração.

 Desidratação mecânica de lamas: as águas residuais resultantes da lavagem dos filtros,


assim como as lamas provenientes do processo de decantação, são encaminhadas para a
desidratação mecânica de lamas e transportadas para um destino final adequado.

https://www.adp.pt/pt/atividade/o-que-fazemos/o-ciclo-urbano-da-agua/?id=28

https://www.epal.pt/EPAL/menu/%C3%A1gua/campanhas/qualidade-da-%C3%A1gua

http://www.adnorte.pt/pt/educacao-ambiental/ciclo-urbano-da-agua/tratamento-de-agua/?
id=115

https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/252/9/20009_9_CapI_A_EPAL.pdf

https://bibliotecadigital.ipb.pt/bitstream/10198/9311/1/Sistemas%20de%20Abastecimento%20de
%20A%CC%81gua%20para%20Consumo%20Humano_versa%CC%83o%20final.pdf

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