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REDVET.

Revista electrónica de Veterinaria 1695-7504


2011 Volumen 12 Número 3

REDVET Rev. electrón. vet. http://www.veterinaria.org/revistas/redvet


Vol. 12, Nº 3 Marzo/2011– http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n030311.html

Medidas mitigadoras dos impactos ambientais


causados por usinas hidrelétricas sobre peixes
(Mitigating measures for environmental impacts caused by
hydroeletric usine on fish)

Andrade, Estefânia de Souza: Doutoranda em Ciências Veterinárias,


Universidade Federal de Lavras, esandrade@bol.com.br , esandrade|
Araújo, Jamile da Costa: Doutoranda em Zootecnia, Universidade
Federal de Lavras, Bolsista CNPq, jamilejca@yahoo.com.br , jamilejca

Resumo

A construção de barragens para geração de energia tem sido


considerada uma das maiores causadoras de impactos sobre a
ictiofauna continental, principalmente sobre os peixes migradores
conhecidos como peixes de piracema, pois a implantação de tais
empreendimentos leva a um bloqueio ou maior dificuldade da migração
dos peixes para as partes superiores das bacias, impossibilitando sua
reprodução e levando a diminuição dos estoques naturais das espécies.
Algumas formas de minimizar estes impactos são a construção de
mecanismos de transposição, e de repulsão de peixes. Atualmente, os
mecanismos de transposição mais utilizados são as escadas, eclusas e
elevadores para peixes, enquanto os de repulsão incluem as barreiras
físicas e elétricas. No Brasil, a instalação destes mecanismos foi
impulsionada pela legislação de proteção à fauna, que prevê que a
mortalidade de peixes provocadas pela implantação de usinas
hidrelétricas são consideradas danos à fauna, sendo sujeitas a
penalidades. Apesar de tais mecanismos já serem bastante utilizados,
a escassez de estudos sobre a eficácia e consequência da implantação
dos mesmos sobre as diferentes espécies de peixes ainda não estão
elucidadas, com pena de tais sistemas serem implantados e não
atenderem seu principal objetivo, servindo apenas como forma de
melhorar a imagem do empreendimento perante a sociedade.

Palavras-chave: Ictiofauna | transposição | barragem

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Abstract

The construction of dams for power generation has been recognized as


a major cause of impacts on the continental fauna, particularly on
migratory fish known as fish spawning, since the location of such
projects leads to a deadlock or more difficult the migration of fish to
the tops of the river, preventing replication and leading to reduction in
natural stocks of the species. Some ways to minimize these impacts
are the construction of fishways, and repulsion of fish. Currently, the
mechanisms for implementing the most used are the stairs, locks and
fish elevators, while the repulsion include physical barriers and
electrical. In Brazil, the establishment of these mechanisms has been
driven by legislation to protect the fish, which provides that the
mortality of fish caused by the implementation of hydro power plants
are considered damage to fauna, being subject to penalties. Although
such mechanisms are already widely used, the lack of studies on the
effectiveness and consequences of their deployment on the different
fish species are not yet understood, sorry for such systems are in place
and do not meet its primary objective, but are how to improve the
image of the enterprise to society

Key words: Ichthyofauna | transposition | dam

1. INTRODUÇÃO

A matriz energética Brasileira é predominantemente hidrelétrica,


chegando a 80% do total da produção (ANEEL, 2004). Tem um
potencial de 260 GW, mas usa apenas 25% deste total. Isto difere de
outros países, onde a principal fonte de energia elétrica é oriunda de
termoelétricas de combustíveis fosseis ou nuclear. Esta característica
de nossa matriz energética faz todo sentido, pois existe no território
brasileiro uma extensa rede de rios e bacias hidrográficas com grande
volume de água e com quedas que facilitam a instalação de
hidrelétricas. Outro fator que desencadeia esta tendência nacional, é
que a produção de energia elétrica por fontes alternativas, não
possuem escala para atender as crescentes necessidades do país,
tornando imprescindível a implantação de novas usinas hidrelétricas a
curto e médio prazo (Junho, 2008).

Apesar de seus incontestáveis benefícios energéticos, as usinas


hidrelétricas estão associados, impactos ambientais, dentre os quais
merece destaque sua interferência com as populações de peixes,
principalmente as migradoras. Este fato se reveste de importância
ainda maior quando se leva em conta a grande diversidade de espécies
de peixes nos rios Brasileiros, e sua importância na cultura e

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subsistência das populações ribeirinhas e na economia do país (Junho,


2008).

Independente de serem de curto prazo ou cumulativos, os impactos


sociais adversos a população ribeirinha são uma séria conseqüência
dos grandes represamentos. Dentre muitos fatores podemos destacar:
o deslocamento forçado da população, devido à construção de
represas, a redução dos recursos pesqueiros devido aos impactos
exercidos sobre as espécies de peixes, entre outros.

A ictiofauna brasileira é uma das mais ricas e diversificadas do mundo,


o que reflete numa ampla variedade de formas e padrões
comportamentais (Agostinho et al., 2007). Entre as espécies, os peixes
de maior importância para a pesca são os popularmente conhecidos
como de piracema, isto é, peixes que migram sazonalmente rio acima
entre os locais de alimentação e de reprodução. Além dos obstáculos
naturais, estes peixes precisam sobrepor as ameaças criadas pelo
homem: a poluição, a pesca predatória e as barragens (Vazzoler &
Menezes,1992).

Atualmente, a construção de barragens, e a conseqüente formação dos


reservatórios, podem ser consideradas algumas das principais causas
da diminuição populacional de peixes em diversas partes do mundo.
Conseqüentemente, a natureza e a intensidade de impactos ambientais
decorrentes das modificações hidrológicas impostas pelos
represamentos interferem nas peculiaridades da fauna local, tais como
nas estratégias reprodutivas, nos padrões de migração, nas
especializações tróficas, no grau

de pré-adaptação a ambientes lacustres, interações entre os


organismos e a dominância de espécies, modificações das condições
físico-químicas da água, eutrofização e deterioração da qualidade da
água, alterações das inter-relações dos ecossistemas
terrestre/lacustre, inundação de áreas sazonalmente alagáveis e
aumento do número de parasitas dos peixes (Larinier, 2000; Baxter,
1977; Tundisi, 1978; Agostinho et al., 1992). A jusante do barramento
observa-se impactos que se referem a alterações do fluxo de água,
supersaturação gasosa e aumento do nível de predação próximos à
barragem, além de controlarem o regime de cheias (Baxter, 1977;
Tundisi, 1978).

As espécies de peixes adaptadas a ambientes reofílicos são as mais


afetadas com a transformação súbita do ambiente lótico para lêntico,
uma vez que as adaptações e estratégias reprodutivas estavam
associadas ao ambiente lótico. Cabe também ressaltar que as
condições atuais podem comprometer a abundância das espécies em
vários aspectos, como a utilização do espaço físico, a oferta de

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alimento e a qualidade da água e do substrato (Agostinho et al.,


2007).

As alterações mais relevantes produzidas pelos reservatórios sobre


essas espécies migradoras e endêmicas, tanto montante quanto
jusante da barragem, é o bloqueio ou o retardo do movimento de
peixes para as partes superiores da bacia. Onde se essas alterações
ambientais se tornarem críticas o peixe não terá mais possibilidade de
se reproduzir no respectivo ciclo (Costa et al., 1999). Outros impactos
biológicos também relacionados à barreira física representada pela
barragem, para as espécies aquáticas, é o fator de isolamento das
populações que antes se encontravam em contato (Souza, 2000).

Verifica-se que a preocupação e a busca de solução para esse


problema é bem antiga, pois, o primeiro mecanismo de transposição
para peixes, do qual se tem registro, foi construído em 1640 em Bern
na Suíça. No entanto, esse tipo de empreendimento surge no Brasil
somente quase três séculos depois, em 1906, com a construção de
uma escada na usina de Salto Grande, no distrito de São Joaquim em
São Paulo (Martins, 2000).

A instalação de mecanismos de transposição de peixes (MTPs) no Brasil


foi impulsionada com a edição de leis que visam atenuar os impactos
do barramento sobre os peixes de piracema. A Instrução Normativa Nº
146, de 11 de janeiro de 2007, estabelece critérios e padroniza os
procedimentos relativos à fauna no âmbito do licenciamento ambiental
de empreendimentos e atividades que causam impactos sobre a fauna
silvestre.

Outro impacto observado pela construção de barragens através da


interrupção de rotas migratórias para as espécies migradoras é a
tendência da formação de acúmulo de peixes no sopé das barragens.
Este acúmulo acaba desencadeando outros impactos, tais como a
mortandade de peixes em turbinas hidráulicas e vertedouros
(Agostinho et al., 1993).

Este evento ocorre principalmente durante as manobras de parada de


máquinas para manutenção. A mortandade neste caso encontra-se
associada à entrada de cardumes de peixes no interior dos tubos de
sucção durante a parada. Eventos de mortandade são também
observados quando ocorre a passagem de peixes por turbinas no
sentido montante-jusante (Silva et al., 2006).

No caso de vertedores, a mortalidade está relacionada ao impacto


direto ou através da supersaturação de gás. Impacto fatal pode ocorrer
contra estruturas da barragem ou contra o leito e margens do rio. No
entanto, desenho apropriado do vertedor e da bacia de dissipação pode

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aumentar satisfatoriamente a taxa de sobrevivência dos peixes


(Therrien & Bourgeois, 2000).

No caso de passagem pelas turbinas, o nível de danos causados aos


peixes migrando para jusante é bem mais acentuado, e vem sendo
estudado com mais freqüência. Estudos têm indicado que as taxas de
mortalidade variam de 0% a 100 % nas turbinas do tipo Francis, sendo
raramente menor que 10 % (Eicher et al., 1987), e de 0 a 20 % para
turbinas Kaplan (Therrien & Bourgeois, 2000). Segundo Cada (2001),
variações súbitas na pressão, choque e compressão contra as pás,
desorientação devido à alta turbulência no tubo de sucção e
conseqüente susceptibilidade a predadores são as principais causas de
morte de peixes migradores que atravessam a barragem através das
turbinas.

Mortalidades de peixes dessa forma são consideradas danos à fauna


pela legislação federal (e.g., Lei de Crime Ambientais, Lei 9.605 de
13/02/98) e, portanto, sujeita as penalidades previstas. Deste modo, o
desenvolvimento de sistemas que causem a repulsão de peixes de
áreas de risco em usinas hidrelétricas tem sido de total interesse por
parte do setor elétrico (Silva et al., 2006).

2. TRANSPOSIÇÃO MANUAL

A transposição manual consiste na retirada de um determinado número


de peixes de diversas espécies, da jusante da barragem e levar até a
montante como os mecanismos de transposição definitivos. Com essa
prática, além da possibilidade de se transpor um número considerável
de peixes, comparável ao número de exemplares transpostos por
algumas das escadas para peixes construídas no Brasil, a transposição
manual, através da marcação de peixes, possibilita a avaliação da
possibilidade de retorno dos peixes para jusante, que se dá
principalmente através dos vertedouros (Pompeu & Martinez, 2003).

Assim, a transposição manual surge como alternativa emergencial de


atendimento à legislação, seja durante o projeto ou construção de
mecanismos definitivos em barragens de PCHs já existentes, ou
mesmo durante períodos de desvio do rio em barragens em
construção, atenuando os efeitos destes empreendimentos sobre a
ictiofauna. Adicionalmente, quando efetuada com rigor técnico e
científico, este procedimento pode proporcionar levantamento de
informações inéditas sobre o comportamento dos peixes sul-
americanos frente à PCH (Pompeu & Martinez, 2003).

3. MEDIDAS MITIGADORAS

3. 1. Mecanismos para transposição de peixes

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Mecanismos de transposição de peixes são estruturas que possibilitam


o deslocamento dos peixes no rio, através de barragens, sem
excessivo estresse.

Estruturas para transposição de peixes têm uma história relativamente


longa, com os mais antigos registros datando de mais de 300 anos
atrás, na Europa. No Brasil, estes têm sido objeto de atenção de
técnicos e outras pessoas interessadas desde 1906, com a construção
da primeira escada para peixes na barragem da Usina Itaipava, no rio
Pardo, Estado de São Paulo (Agostinho et. al., 2007).

Um mecanismo de transposição de peixes deve prever a subida para


desova dos peixes adultos e garantir o retorno das larvas, peixes
pequenos e adultos. A descida do MTP, especialmente em hidrelétricas,
está relacionada a problemas tais como arrasto dos peixes, localização
das tomadas d’água, relação de mortalidade e ferimentos nas turbinas,
dentre outros não considerados na subida do mecanismo (Northcote,
1998).

Segundo Kynard (1993), embora sejam conceitualmente simples, para


se tornarem eficientes, os mecanismos de transposição devem ser
projetados e operados levando em consideração diferentes aspectos
comportamentais dos peixes, e não apenas aspectos de engenharia,
como altura da barragem, topografia local, distância entre a barragem
e a casa de força, etc. Além de considerar o número esperado de
exemplares migrantes, histórico de vazões locais; probabilidade de
vertimentos e flutuações do reservatório durante a estação
reprodutiva; necessidade, disponibilidade e custos da água de atração,
como custos com manutenção e operação (Bengeyfield et al., 2001).

A eficiência do MTP reside, fundamentalmente, no conhecimento das


características biológicas das espécies que o utilizarão. Tal
conhecimento pode ser denominado de base biológica dos mecanismos
de transposição, e inclui diversos aspectos, tais como: (i) habilidades
natatórias dos peixes, em termos de velocidades mínimas de atração e
velocidades máximas capazes de serem superadas; (ii) padrões
migratórios, compreendendo a distribuição temporal e espacial das
diferentes espécies; (iii) comportamento no canal de fuga,
particularmente a distribuição das diferentes espécies em função de
características do escoamento (i.e. profundidade, velocidade, nível de
turbulência, qualidade da água, temperatura, oxigênio dissolvido,
luminosidade, dentre outros); e (iv) a capacidade dos peixes de
localizarem o “caminho de volta” durante a migração para jusante
(Martinez et al., 2001; Santos et al., 2006).

O número de espécies migradoras é uma das características


determinantes para o projeto dessas estruturas, uma vez que, caso
comprovado uma grande variedade de peixes, torna-se necessário a

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escolha de um mecanismo menos seletivo. Esse tipo de problema é


muito comum em países tropicais, cujas comunidades de peixes são
bem mais diversificadas que as encontradas em países do hemisfério
norte (Santos et al., 2006).

No entanto, além da diversidade, as diferenças entre as comunidades


de peixes tropicais, e as que ocorrem em locais de clima temperado se
estendem, também, ao comportamento migratório e as suspeitas
quanto às diferenças nas capacidades natatórias. Entender o
comportamento das espécies-alvo é necessário para adequadamente
projetar, localizar e operar uma passagem de peixe (Kynard, 1993).

Existem basicamente três tipos de MTPs: elevador para peixes, que


funciona como uma caçamba que iça os peixes para o reservatório
superior; eclusa para peixes, que tem seu funcionamento similar à
eclusa para navios; e escada para peixes, constituída de tanques
separados por anteparos para a dissipação de energia, podendo ser do
tipo tanque com vertedor, com ou sem orifício, Denil, ou ranhura
vertical (Viana et al., 2006).

O escoamento na entrada do MTP deve possuir um volume suficiente


para atrair o peixe, no entanto, não pode superar a velocidade de
explosão das espécies que utilizarão o mecanismo, o que ocasionaria
grande fadiga e stress nestes indivíduos. Deve-se ter uma preocupação
especial quanto à velocidade na entrada do mecanismo devido à
proximidade com outros sistemas do empreendimento, como, por
exemplo, o canal de fuga das máquinas, que pelo grande volume
descarregado promovem a atração dos peixes para esta região (Clay,
1995). Outra preocupação na construção deste tipo de mecanismo se
refere à dissipação de energia nos tanques, que não deve superar
0,191 kW/m3, para não promover desorientação dos peixes
(Rajaratnam et al., 1986).

A implantação de mecanismos de transposição de peixes tem


esbarrado em uma resistência do meio técnico, baseada na afirmação
que estes irão reduzir as taxa interna de retorno dos
empreendimentos. Entretanto, este fato apesar de correto, não pode
ser utilizado como alegação para a não implantação destes sistemas
(Martinez et al., 2001).

Por conta disto, sistemas recuperadores de energia em usinas


hidrelétricas têm sido implantados, de modo a permitir que os
mecanismos de transposição de peixes possam ser instalados, sem
representar, no entanto, um salto em termos de custo de energia
gerada pelas mesmas. Este fato é necessário para permitir o
aproveitamento econômico dos potenciais residuais sem causar um
impacto ambiental de proporções difíceis de prever, com os dados
atualmente disponíveis. (Martinez et al., 2001).

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Segundo Magalhães et al. (2004), a inserção de uma unidade geradora


de pequeno porte junto ao MTP apresentaria uma série de vantagens,
principalmente por possibilitar a geração em situação de baixa vazão
em um ponto de rendimento elevado. Isto sugere que seja
interessante estudar a possibilidade de se instalar, nos futuros
empreendimentos, um sistema de água de atração de maior
capacidade. Esta estratégia pode ser vantajosa, e trará os seguintes
benefícios:

• Melhoria da atratividade do MTP;


• Aumento do rendimento global dos grupos geradores instalados;
• Aumento da energia gerada no empreendimento.

Com isso, Magalhães et al. (2004), puderam concluir que a operação


de MTPs com recuperação energética da água de atração, ao invés de
representar uma perda energética, constitui-se em um ganho
energético.

3.1.1. Escada

A instalação de escadas para peixes no Brasil era exigida pela


legislação da primeira metade do século (Lei 2250, de 28.12.1927;
decreto 4390, de 14.03.1928 e Decreto Lei 794, de 19.10.1938) que
prescreve: “a todos quantos, para qualquer fim, represarem as águas
dos rios, ribeirões e córregos, são obrigados a construir escadas que
permitam a livre subida dos peixes” (Agostinho, 1997).

O início da construção das escadas ou similares ocorreu quando


observou-se a dificuldade dos peixes se locomoverem diante de
obstáculos geológicos naturais, fossem eles quedas abruptas tipo
cachoeiras ou corredeiras íngremes, e resolveu facilitar sua
movimentação, visando sua sobrevivência no ecossistema e a
perpetuação das reservas pesqueiras para atividades esportivas ou
profissionais (Moretto, 2005).

A escada de peixe é o mecanismo de transposição mais popular e


mais utilizado em todo o mundo. As principais partes que compõem as
escadas são: entrada, centro e saída. Chama-se de entrada o local por
onde entram os peixes (equivalente à saída do fluxo de água) a qual é
considerada a parte mais importante da escada, e de saída o local por
onde os peixes saem (equivalente à entrada de água). O centro da
escada é constituído de uma série de tanques separados por barreiras
que controlam o nível de água nos tanques (Rainey, 1991).

Fluxos muito turbulentos que provocam redemoinhos próximos à


entrada podem confundir os peixes, dificultando a sua localização. Em
locais onde a vazão de água da escada é pequena comparada com a do
rio, uma quantidade de água suplementar pode ser necessária para

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aumentar a vazão e a velocidade do fluxo de água na entrada da


escada, e com isto melhorar a atração dos peixes. Essa água
suplementar é conhecida como água de atração, e é geralmente
tomada próximo à saída da escada e solta através de difusores,
próxima a entrada. Esse fluxo adicional tem como intuído estabelecer a
atratividade suficiente para que os peixes encontrem a entrada do
mecanismo. O grau de atratividade insuficiente é apresentado como
um dos principais fatores causadores do mau funcionamento dos
mecanismos para transposição, segundo Clay (1995) e Larinier (2001).
Entretanto, para o caso de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH´s) a
água de atração, quando necessária, pode representar um valor
significativo da vazão disponível, comprometendo o empreendimento
como um todo, se considerarmos a redução da energia disponível. No
caso de aproveitamentos maiores, mesmo representando um valor
marginal, esta "perda" de água e conseqüente redução de geração
pode significar valores econômicos consideráveis, apesar de
normalmente não comprometer a viabilidade do empreendimento
(Martinez et al., 2001).

A utilização de escadas pode ser considerada prática usual em


desníveis inferiores a 10 m. Para desníveis superiores eclusas e
elevadores têm sido preferencialmente utilizados. Este fato está
associado ao alto custo das escadas e o pouco conhecimento da
capacidade física dos peixes em transpor desníveis elevados (Pompeu
& Martinez, 2003).

Os mecanismos de transposição tipo escada possuem diversas


configurações:

• Escada do tipo Denil

Esse tipo de mecanismo foi projetado por Denil em 1906 na Bélgica, e


foi muito utilizado na Europa na primeira metade do século XX. Os
anteparos deste tipo de sistema são inclinados e possuem uma
abertura específica na região central, estes anteparos, em sua forma
complexa, causam uma corrente helicoidal secundária extremamente
eficiente na dissipação de energia do escoamento em decorrência da
transferência de quantidade de movimento (Larinier, 2001).

Devido às altas velocidades encontradas, pode-se caracterizar a escada


de peixes do tipo Denil como seletiva, sendo esta apropriada para
espécies que possuem velocidade e resistência suficientemente altas.
Ela não é indicada para pequenos peixes (< 20 – 30 cm). Entretanto,
peixes pequenos têm sido observados passando por escada do tipo
Denil quando esta é alimentada por vazão insuficiente, com nível de
água menor que o requerido para causar correntes helicoidais
(Larinier, 1998).

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Figura 1. Escada do tipo Denil. Fonte: Martins( 2000)

• Escada do tipo tanque com vertedor

Este tipo de sistema é composto por tanques separados por anteparos


simples ou com aberturas, que podem ser de diferentes formas. Além
disso, existem diferentes configurações da localização destas
aberturas. Um grande problema que pode ocorrer na utilização da
escada do tipo tanque com vertedor, é o fato de que se as velocidades
sobre o vertedor, abertura ou orifício excederem a velocidade crítica
para a subida do peixe, esse não poderá mover-se de encontro à
direção do escoamento. A ocorrência de jatos turbulentos, vórtices e
escoamento circular impedem que o peixe suba o mecanismo (Kim,
2001).

Figura 2. Escada do tipo Tanque com Vertedor do rio Nester na


França. Fonte: Viana (2006)

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• Escada do tipo ranhura vertical

Esse tipo de mecanismo consiste em um canal separado por tanques


sucessivos, que por sua vez são divididos por anteparos que possuem
uma abertura vertical e que permitem a passagem da água. Estes
anteparos podem ser simples ou duplos, podendo apresentar-se em
diferentes configurações. Esse sistema foi desenvolvido em 1943 e
representou um avanço no design de mecanismo de transposição para
peixes. A escada do tipo ranhura vertical possui complexos detalhes de
anteparos (Clay, 1995).

Diferenciando-se dos outros tipos de escadas, estes detalhes são


usualmente definidos a partir de estudos de modelos hidráulicos.
Nestes estudos têm de se levar em conta a diferença do nível da
lâmina d’água de um tanque para outro (DH). Este DH depende da
espécie de peixe que irá utilizar a escada, usando sua velocidade de
explosão para subir (Blake, 1983). As escadas com ranhura vertical
oferecem condições toleráveis para os peixes, incluindo baixas
velocidades para peixes jovens, e possibilidade de subida de diferentes
espécies, por permitirem a transposição em diferentes profundidades
(Beitz, 1999).

Figura 3. Escada do tipo ranhura vertical da UHE de Igarapava. Fonte:


Vicentine (2004)

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3.1.2. Elevador

No mecanismo de elevador, os peixes são atraídos para um


compartimento com água, posicionado abaixo da barragem, e
transportados passivamente para o alto através de cabos, caminhões-
tanque, tanques em planos inclinados e etc., sendo então liberados no
reservatório. Sua eficiência é regulada pela capacidade de atração e
freqüência de funcionamento que possibilitam a transposição em
qualquer faixa de desnível (Agostinho et al., 2007; Martinez et al.,
2001).

Um mecanismo de transposição de peixes para ser eficiente deve atrair


os peixes para a entrada e possibilitar que estes nadem contra o fluxo
de água gastando a mínima quantidade de energia possível (Larinier,
2001). Portanto, é extremamente necessário possibilitar a localização
da entrada, o que é conseguido usualmente através da liberação de um
fluxo atrativo para os peixes possam se orientar. Esse fluxo é
conhecido como água de atração, e é geralmente tomado próximo à
saída do mecanismo (a montante da barragem) e liberado, através de
difusores, próximo a entrada dos peixes (a jusante da barragem). A
adução deste volume de água do reservatório até a entrada do
mecanismo para a transposição geralmente é realizada através de
bypass em canal aberto ou por um conduto forçado. Entretanto, esse
volume de água desviado para melhorar a atratividade de um
mecanismo de transposição pode significar uma considerável redução
na vazão disponível para a geração (Magalhães et al., 2004).

As principais vantagens dos elevadores de peixes comparados com


outros tipos de mecanismos de transposição encontram-se nos
seguintes itens: seu custo de implantação é praticamente
independente da altura da barragem, os elevadores possuem
pequenos volumes globais, tempo reduzido de percurso dos peixes,
menor seletividade, além de permitir o controle da quantidade de
peixes transpostos. Este tipo de mecanismo, também tem baixa
sensibilidade à variação de nível d’água a montante. Além disso,
também são considerados mais eficientes para algumas espécies, que
tem dificuldade em transpor por mecanismos tradicionais. Quanto às
desvantagens, podemos citar o elevado custo de operação e
manutenção, concepção estrutural e mecânica sofisticada, não permitir
a migração trófica, índice de mortalidade moderado, devido as
operações mecânicas envolvidas, e o fato de ser uma estrutura fixa.
Entretanto, a eficiência dos elevadores para pequenas espécies é
geralmente baixa devido ao fato que telas suficientemente finas não
podem ser utilizadas, por razões operacionais (Larinier, 2001; Pompeu
& Martinez, 2003; Martins, 2004 ;Agostinho et al., 2007).

De acordo com Pompeu & Martinez (2003), mecanismos desta


natureza têm suscitado desconfiança por parte da sociedade com

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relação a efetividade de sua operação por parte do empreendedor,


outro fator desfavorável.

Segundo Pompeu & Martinez (2005), a economia na água de atração


através do estudo e ajuste da freqüência dos ciclos de transposição
pode, em parte, compensar o maior custo com operação e
manutenção, que é geralmente apontado como a principal
desvantagem de um mecanismo do tipo elevador, incluindo aqueles
com caminhão tanque.

Quando comparados com escadas para peixes, elevadores também


apresentam como vantagem a possibilidade de ajustamento do número
e horário dos ciclos de transposição, às ocasiões com maior afluxo de
peixes, procedimento que, em alguns casos, pode significar
considerável economia de água. Entretanto, este ajuste só pode ser
obtido através do estudo detalhado do comportamento migrador da
ictiofauna local (Pompeu & Martinez, 2005).

Alguns projetos de elevadores para peixes têm se voltado para


sistemas do tipo “trapping and trucking”, em que os peixes são
captados a jusante da barragem em reservatórios e transportados para
montante em caminhões-tanque (Clay, 1995).

Figura 4. Componentes do mecanismo de transposição do tipo


elevador com caminhão-tanque: 1- canal de atração, 2- mecanismo de
transferência para a caçamba, 3- caçamba, 4- caminhão-tanque.
Fonte: Magalhães et al. (2004)

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O funcionamento de um elevador com caminhão-tanque pode ser


entendido através do detalhamento das diferentes etapas que
caracterizam um ciclo de transposição (Pompeu & Martinez, 2005):

• As espécies migradoras são atraídas através de um fluxo de água


para o interior do elevador;
• Após entrar no elevador, um sistema de grades aprisiona os peixes
sobre uma caçamba submersa;
• A caçamba é içada e direcionada sobre um caminhão-tanque;
• Os peixes são transferidos da caçamba para o tanque, que então os
transporta até o local de liberação a montante.

No tipo elevador com caminhão-tanque as espécies migradoras são


atraídas através de uma vazão de atração, conduzida desde o nível do
reservatório a montante até o canal no interior do mecanismo, através
de um conduto forçado. Este canal, que faz a ligação entre a caçamba
para transposição de peixes e o rio, é escavado lateralmente, a jusante
do canal de fuga.

A maior vantagem de um sistema do tipo elevador com caminhão-


tanque consiste na sua versatilidade com relação ao local de liberação
dos indivíduos transpostos, o que o torna bastante apropriado para
algumas situações (Pompeu & Martinez, 2003).

Em rios com barramentos em cascata (barragens sequenciais), o


elevador com caminhão-tanque permite que os peixes sejam
capturados junto à barragem de jusante e transportados diretamente
para o reservatório de montante. Desta maneira, evita-se que sejam
efetuadas sucessivas transposições, ou que sejam construídos diversos
mecanismos. A maior flexibilidade do sistema também é o motivo pelo
qual este tipo de mecanismo se aplica em barramentos que
apresentam a casa de força distante da barragem. Quando a
probabilidade de vertimentos é pequena mesmo nos períodos de maior
precipitação, situação comum em PCHs, a eficiência de um mecanismo
de transposição instalado junto à barragem fica comprometida, já que
os peixes freqüentemente têm dificuldade em alcançá-lo. Nestes casos,
o mecanismo do tipo elevador com caminhão-tanque permite que os
peixes sejam atraídos e capturados junto à casa de força, local onde
geralmente são observadas concentrações dos cardumes, e
transportados até o reservatório (Pompeu & Martinez, 2005).

3.1.3. Canal de passagem secundário

Em anos recentes, surgiu na Europa uma grande tendência à utilização


de canais secundários, para a transposição de peixes em barragens.
Sem sombra de dúvidas, esses canais atendem a requisitos de ordem

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biológica de forma mais satisfatória do que estruturas tais como


escadas, elevadores ou eclusas, no que concerne à conectividade dos
rios (FAO/DVWK, 2002).

Os canais secundários são definidos como tipos especiais de meios de


transposição desenhados para permitir a passagem dos peixes,
localizando-se em torno do principal obstáculo. São muito semelhantes
aos tributários naturais do rio (Larinier, 2001). Esses “rios artificiais”
buscam restabelecer o contato entre os trechos a montante e a jusante
da barragem, e se caracterizam pelo baixo gradiente (geralmente
menor que 5%), sendo a energia dissipada através de corredeiras e
cascatas dispostas de formas regular ao longo do curso e geralmente
possuem um curso sinuoso (Gebler, 1998).

Figura 5. Canal da piracema, Usina Hidrelétrica de Itaipu. Fonte:


http://www2.itaipu.gov.br/meioa/aaqua_canal.htm

Dificuldades em relação a essa estratégia de passagem relacionam-se


à necessidade de espaço nas imediações da barragem, e ao fato de ser
de difícil adaptação às variações de nível a montante, exceto se
providos de comportas. De qualquer maneira, a entrada no sistema

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deve estar localizada o mais próximo possível do obstáculo, onde os


peixes se acumulam. O Canal de Piracema de Itaipu, que se utiliza, em
parte, do rio Bela Vista, é o único conhecido nessa modalidade de meio
de transposição na América do Sul. Entretanto, nesse caso, dada a
declividade a ser vencida em alguns trechos, foram implantadas
escadas e redutores de velocidade da água (Agostinho et al., 2007).

Os canais secundários podem se apresentar de várias formas, incluindo


rampas ou taludes de fundo, rampas de peixes e canal de derivação
(Junho, 2008). Suas características geralmente são definidas
considerando critérios e recomendações construtivas típicas de
trabalhos de restauração de rios (FAO/DVWK, 2002).

De forma geral, estes canais têm sido implantados em barragens com


desníveis médios de 3,0 m e máximos de 7,0 m, que são pequenos em
comparação com os outros utilizados geralmente no Brasil (Junho,
2008). Esses canais também são implantados, em reservatórios com
níveis de operação constante ou com pequenas variações de níveis
(aproveitamentos a fio d’água). Isto porque variações significativas dos
níveis de água de reservatórios exigem equipamentos de controle
especiais, que podem criar condições hidráulicas que representem
dificuldades à passagem de peixes, de acordo com Larinier (2001), e
que descaracterizariam, de certa forma, o caráter natural do canal.

3. 1. 4. Eclusa

A eclusa de peixes consiste em um compartilhamento localizado ao


nível da água, a jusante, ligado a outro localizado ao nível de
montante, por uma câmara delimitada por comportas ou de nível
variado. A operação é similar á de uma eclusa de navegação, ou seja,
os peixes são atraídos para o compartimento intermediário, que é
então fechado e enchido até o nível de montante, sendo assim
liberados no reservatório pela abertura da comporta superior
(Agostinho et al., 2007).

A eficiência desse mecanismo depende da capacidade de atração dos


compartimentos aos peixes. Dada a impossibilidade de prever
antecipadamente o ótimo hidráulico para tal atração, é desejável que
essa estrutura tenha a máxima flexibilidade de operação (Agostinho et
al., 2007).

Esse mecanismo de transposição geralmente é utilizado para a


transposição de desníveis não superiores a 40 m, e tem sido
considerado pouco ou nada eficiente (Pavlov, 1989; Agostinho et al.,
2007).

É possível distinguir o funcionamento deste mecanismo em quatro


diferentes fases. Inicialmente, os peixes são atraídos para a câmara

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inferior da eclusa, quando os peixes se aproximam, a comporta inferior


se fecha e a superior se abre, para que a câmara se encha até o nível
do reservatório superior. Após a transposição dos peixes, a comporta
superior se fecha e a inferior se abre, para que o volume de água
excedente escoe. Em seguida, o processo se inicia novamente (FAO,
2002).

A eficiência da eclusa depende principalmente do peixe, que deve se


manter no tanque inferior (à jusante do barramento) durante a fase de
atração, seguindo a elevação do nível d’água durante o estágio de
enchimento, e deixando-o após estar completamente cheio. É
necessário que a velocidade e turbulência no tanque inferior sejam
suficientes para atrair o peixe para dentro da eclusa. Entretanto,
durante a fase de preenchimento da câmara, a eclusa não pode encher
muito rápido. Isto resultaria em excessiva turbulência e aeração
prejudiciais para os peixes, causando-lhes estresse, além da
possibilidade de formação de bolhas de ar em seus órgãos internos.
Este fato pode fazer com que os peixes permaneçam na câmara
inferior. Os peixes devem ter tempo suficiente para deixar a eclusa,
antes que se inicie o processo de esvaziamento (Larinier, 2001).

Figura 6. Eclusa para peixes. Fonte: FAO (2002)

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Segundo Martins (2004), as vantagens deste mecanismo são permitir


migração trófica, não possuir restrição operativa da usina, seletividade
baixa, independer do desnível, e necessitar de pouca área. E as
desvantagens, o custo de operação e manutenção, depender de
operação humana, manutenção constante, concepção estrutural,
mecânica sofisticada, e a estrutura ser fixa.

3.2. Mecanismos de repulsão

Os mecanismos de repulsão são equipamentos e outras medidas para


a prevenção da entrada de peixes juvenis, durante migrações
descendentes, em tomadas d’água em aproveitamento de recursos
hídricos, tais como projetos de irrigação, sistemas de abastecimento
urbano e usinas hidrelétricas, com objetivo de redução da mortalidade.
Tais dispositivos são associados, usualmente, a estrutura de contorno
(bypass), que permitem a transposição de peixes também para a
jusante (Junho, 2008).

Os principais tipos de tecnologia presentes em mecanismos de


repulsão para peixes são as barreiras físicas e os dispositivos para
direcionamento, que podem ser estruturais ou comportamentais.

A utilização de barreiras físicas, como telas ou grades, não são muito


aconselháveis devido à perda de carga e de geração. Dessa forma,
sistemas tais como barreiras elétricas estão sendo testados, pois os
peixes são sensíveis a campos elétricos e podem ser guiados ou
afugentados com o seu uso. Cortinas de bolhas, luz estroboscópica e
som também estão sendo testados (Königson et al., 2002).

Buscando formas de impedir a entrada dos peixes em áreas de risco


nas usinas hidrelétricas, inicia-se o uso de sistemas de proteção e
direcionamento, como alternativa para a proteção de cardumes de
peixes que tentam passar pelas barragens existentes (Countant,
2001). No entanto, tendo em vista questões hidráulicas de operação
dos grupos geradores, essas sistemas não se constituem de barreiras
físicas a serem instaladas nos empreendimentos e sim barreiras
comportamentais que visam alterar o comportamento das espécies de
peixes fazendo com que elas evitem uma determinada área (Silva et
al., 2008).

Outras barreiras comportamentais, também estão sendo estudadas,


tais como cortinas de jacto de água, correntes penduradas, visuais e
químicas têm sido sugeridas e, em alguns casos avaliados, como
medidas de proteção dos peixes. No entanto, nenhuma aplicação
prática destes dispositivos tem sido desenvolvida, e elas não são
consideradas tecnologias disponíveis para aplicação a Fish and Wildlife
Coordination Act (CWIS) (Taft, 2000).

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3.2.1. Campos elétricos

Durante as paradas do grupo gerador para manutenção ou durante as


operações do síncrono, que são rotinas corriqueiras em usinas
hidrelétricas, os peixes atraídos ficam aprisionados dentro da
tubulação, podendo causar grande mortandade. O reinicio do
funcionamento do grupo gerador nas operações de síncrono pode
ocasionar a morte de peixes em quantidades expressivas, tanto por
danos mecânicos como por variações bruscas de pressão (Cada, 1997;
Larinier & Travade, 2002; Lopes et al., 2003).

Segundo Cada (2001), variações súbitas na pressão, choque e


compressão contra as pás, desorientação devido à alta turbulência no
tubo de sucção e conseqüente susceptibilidade a predadores são as
principais causas de morte de peixes migradores que atravessam a
barragem através das

turbinas. Conter a entrada de peixes na tubulação de restituição ou


expulsá-los quando necessário são alternativas para evitar a
mortalidade. Barreiras físicas, como telas ou grades, provocam perda
de carga e de geração, sendo, por conseguinte, indesejáveis. Esse
inconveniente não ocorre com o uso de barreira elétrica.

Barreiras elétricas tem se mostrado eficiente na prevenção da subida


dos peixes rio acima. No entanto, um número de tentativas de desviar
ou impedir o movimento dos peixes a jusante tiveram um sucesso
limitado (Bengeyfield, 1990; Kynard & O'Leary, 1990). Por
conseguinte, avaliações anteriores não conduziram a aplicações
permanentes. Dada a sua anterior ineficiência e risco potencial, telas
elétricas não são consideradas uma tecnologia viável para a aplicação
em hidrelétricas.

A aplicação de campo elétrico é capaz de conduzir, repelir e até


paralisar o individuo (Vibert, 1967; Halsband & Halsband, 1984). A
reação apresentada pelos peixes depende diretamente do tipo de
campo aplicado, AC ou DC e sua intensidade e duração. No que diz
respeito à aplicação de campos DC os peixes apresentam três tipos de
comportamento, de acordo com a intensidade do campo aplicado indo
do menor para o maior, para tensões AC os peixes não apresentam o
comportamento de taxeamento, como relacionado abaixo (Wang,
1990):

1º - Reação inicial ou de sensibilidade: é caracterizada por uma leve


agitação quando o peixe é exposto ao campo, corresponde ao nível de
reação cuja intensidade do campo é a menor.

2º - Reação de direcionamento ou taxeamento: é caracterizada por


apresentar uma intensidade de campo maior que a anterior, de

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sensibilidade. Nela os peixes apresentam uma característica de


orientação pelo campo aplicado chamado de eletrotaxes. Neste nível o
peixe se alinha em direção ao anodo da fonte de campo. Este limiar é
utilizado na pesca elétrica, onde o cardume é orientado por um campo
dentro dos níveis de eletrotaxes, e depois aturdido com um pulso de
intensidade maior.

3º - Reação de paralisia ou aturdido: é o estagio onde o peixe


apresenta paralisia completa ou parcial dos movimentos, mantendo
apenas a respiração e demais funções vitais. Este estágio corresponde
ao limiar de campo máximo suportável pelo indivíduo. Correntes acima
deste limiar fazem com que o peixe não sobreviva.

Lopes et al. (2008), avaliaram a distribuição do campo elétrico em um


aparato experimental destinado a impedir que os peixes entrem nas
turbinas hidráulicas, e concluíram que a barreira gerada pelo par de
eletrodos possui uma distribuição de campo muito irregular o que pode
causar resultados diferentes para cada posição do peixe frente à
barreira, expondo o indivíduo a uma diferença de potencial não
gradual, e perigosa em alguns casos. Outro ponto a se considerar é
que o potencial necessário para afugentar um peixe que se aproxima
da barreira de forma ortogonal é suficiente para paralisar, ou até
mesmo matar o mesmo peixe se colocado de forma longitudinal. Além
do mais, uma maior concentração do potencial se dá nas
extremidades, próximo aos eletrodos, o que coloca em risco os peixes
que se utilizam das paredes do tubo de sucção para se movimentar,
como mandis e cascudos. Essa configuração, portanto, não é a mais
indicada para o propósito de construção de uma barreira em um tubo
de sucção, principalmente se os eletrodos forem colocados no piso do
mesmo. Existem outras configurações de eletrodos mais seguras para
construção de uma barreira elétrica.

Figura 7. Esquema de barreira elétrica em canal de fuga. Fonte: Junho


(2008)

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3.2.2. Luz estroboscópica

Luz estroboscópica é definida como um dispositivo capaz de emitir


flashes de luz extremamente rápidos, curtos e brilhantes (Ploskey &
Johnson, 2001). Este mecanismo tem demonstrado eficácia para
repulsão de várias espécies de peixes de regiões de clima temperado,
quando utilizada na freqüência de emissão de 300 flashes/min (Ploskey
& Johnson, 2001; Patrick et al. 1985; Sager & Hocutt, 1987; Sager,
2000; Sager et al., 2000a; Sager et al., 2000b; Johnson et al., 2001).

De acordo com Königson et al. (2002), a luz é um estímulo primário


para peixes e várias espécies têm sistemas visuais bem desenvolvidos.
É sabido que para jovens de salmão e alguns outros peixes, a luz é um
estímulo efetivo, porém a natureza da resposta, se de atração ou
repulsão, depende do estado de aclimatação do peixe à luz do
ambiente e da intensidade de luz utilizada nos testes (Silva et al.,
2006).

Segundo Silva et al. (2006), a partir dos testes preliminares realizados,


pode-se observar que luz estroboscópica demonstra ter um certo
potencial para causar repulsão de boa parte dos indivíduos de pelo
menos duas espécies brasileiras, o piau (L. renhardtii) e o lambari-do-
rabo-amarelo (A. bimaculatus), quando configurada para emitir 720
flashes/min utilizando-se um equipamento de 750 W de potência, por
pelo menos 1 hora. E testes realizados por Silva et al (2008),
demonstraram a repulsão significativa de delta smelt (Hypomesus
transpacificus) frente à exposição a luz estroboscópica a 360
flashes/min.

Uma das questões levantadas por alguns autores em trabalhos


realizados nos EUA e Canadá refere-se ao tempo de exposição dos
peixes à fonte de luz, indicando que algumas espécies de clima
temperado tendem a se acostumar com a luz, neutralizando o efeito de
repulsão inicial (Silva et al. 2006).

Luzes estroboscópicas têm se mostrado eficazes e


consistentes em repelir um número de espécies de peixes em
laboratório e experimentos de campo. Em contrapartida, outros
estudos têm indicado que algumas espécies não respondem às luzes
estroboscópicas. Portanto, o potencial uso desse mecanismo exige local
e avaliação espécie-específica (Brown, 2000).

3.2.3. Cortina de bolhas

As cortinas de bolhas geralmente não são eficazes para o bloqueio e


desvio dos peixes em aplicações práticas. Cortinas de bolhas de ar
foram avaliadas em uma série de localidades e variedade de espécies.
Em nenhum caso as cortinas de bolhas de ar tem se mostrado eficaz e

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consistente para repelir qualquer espécie. Por isso, o potencial de


aplicação desta tecnologia parece ser limitado. Todas as cortinas de
bolha desses locais foram retiradas de serviço. É possível que cortinas
de bolhas combinadas com outras tecnologias comportamentais, tais
como fontes de luz, podem indicar melhor potencial para esta
tecnologia híbrida no futuro (GLEC, 1994; McCauley et al., 1996).

Alguns pesquisadores sugerem que a eficácia das cortinas de bolhas


está associada ao som que elas produzem e não propriamente às
bolhas (OTA, 1995).

3.2.4. Som

Em relação às barreiras sonoras, vários estudos têm sido realizados


com o objetivo de modificar padrões de movimentos de peixes. Neste
aspecto o som possui várias características favoráveis como, por
exemplo, a capacidade de ser direcionada, a reduzida atenuação com a
profundidade, a independência da turbidez e da luminosidade, etc. Por
outro lado, locais com altos níveis de ruído, como tomadas d’água e
tubos de sucção, podem dificultar a percepção pelos peixes de sons
gerados de forma artificial, enquanto que sons de alta intensidade
podem ser prejudiciais aos peixes (Hawkins, 1986).

O escoamento através de turbinas, escadas de peixes e outras


estruturas hidráulicas geram sons subaquáticos de baixa freqüência,
menores que 1000 Hz. Dados da literatura parecem indicar que alguns
peixes como os salmonídeos detectam apenas sons de baixa freqüência
entre 10 e 1000 Hz (Hawkins, 1986).

Sons de baixa freqüência são percebidos apenas a pequenas distâncias


e os resultados disponíveis se referem a experimentos em pequena
escala. Por outro lado, a repulsa de clupeídeos adultos a sons
subaquáticos de alta freqüência 120 e 160 kHz já foi relatada (Kinard &
O’leary, 1990). Entretanto, muitas espécies de peixes não respondem
a sons de alta freqüência.

Estudos de campo demonstram que a resposta de peixes a sons


subaquáticos pode ser afetada por variáveis ambientais tais como,
temperatura da água e velocidade do escoamento. E, também, pelo
estágio de vida dos indivíduos, pelos horários do dia ou da noite
dependendo da espécie de peixes em estudo.

O foco de estudos recentes de proteção de peixe envolvendo


tecnologias de som subaquático sobre a utilização de novos tipos
sistemas acústicos de baixa e alta frequência que não tenham sido
previamente disponíveis para fins comerciais. Alta freqüência (120
kHz) de som tem se mostrado eficaz em repelir os membros do Gênero
Alosa em locais em todo os Estados Unidos (Ploskey et al., 1995;

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Dunning, 1995; Consolidated Edison Company of New York Inc.,


1994). Outros estudos não têm mostrado boa consistência e
efetividade em repelir espécies tais como, Smallmouth Bass
(Micropterus dolomieui), perca amarela (Perca Flavescens), truta arco-
íris Oncorhynchus mykiss (EPRI, 1998), Gizzard Shad (Dorosoma
cepedianum), Arenque (Clupea harengus), anchova baía (pomatomus
saltador) e Anchova Bay (Anchoa mitchilli) (Consolidated Edison
Company of New York, Inc., 1994).

Devido respostas espécie-específicas para diferentes freqüências


avaliadas, e os variáveis resultados que têm sido freqüentemente
produzidos, pesquisas suplementares se justificam em locais onde não
há dados ou os mesmos são limitados para indicar que a espécie de
interesse pode responder ao som.

No campo, a resposta do peixe ao som está provavelmente mais


relacionada ao movimento de partículas de pressão acústica, segundo
Kalmijn (1988). O movimento das partículas é muito pronunciado num
campo próximo de uma fonte sonora e é um importante componente
do sentido que os peixes com maior sensibilidade a infra-sons
(frequências inferiores a 50 Hz). Na primeira aplicação prática do infra-
som para repelir peixes, Knudsen et al. (1992, 1994) encontraram um
movimento de partículas tipo pistão de funcionamento do gerador em
10 Hz como sendo eficaz em repelir juvenis de salmão do Atlântico em
um tanque e um canal de desvio de pequeno porte.

Após o sucesso de Knudsen et al. (1992, 1994), havia uma crença


generalizada na comunidade científica de que o infra-som poderia
representar um eficaz repelente de peixe, uma vez que havia uma
base fisiológica para a compreensão da resposta dos peixes ao
movimento de partículas. O potencial de fontes de infra-sons
disponíveis atualmente para efetivamente repelir os peixes tem sido
posta em causa pelos resultados dos estudos mais recentes. Diante
desses resultados, parece que as fontes de infra-sons precisam ser
mais desenvolvidas e avaliadas antes de poderem ser consideradas
uma tecnologia disponível para a aplicação.

3.2.5. Barreiras físicas

As barreiras físicas são constituídas essencialmente por telas


(metálicas ou plásticas) e são consideradas o meio mais efetivo e
confiável para evitar a entrada de peixes nas tomadas d’agua. Podem
ser de diversos tipos, sendo as mais comuns as do tipo rotatório
(rotating drum screen), deslizante (travelling screen) ou fixo (fixed
screen). As telas do tipo Eicher e modular inclinada são consideradas
experimentais (Junho, 2008).

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Uma vantagem desses sistemas é que eles são efetivos para qualquer
espécie, do tamanho e características natatórias consideradas em seu
projeto. Contudo, a despeito de sua efetividade, estão sujeitos a
obstruções por materiais flutuantes, que podem ser reduzidas com a
utilização de sistemas para limpeza do tipo ar comprimido, mas os
custos de implantação e operação são altos, tornando-os inviáveis para
tomada d’agua de grandes dimensões. Em muitos países, é exigida por
lei a colocação de telas em tubos de sucção, para evitar a entrada de
peixes nas turbinas e evitar possíveis injúrias Turnpenny (1999).

Redes também são barreiras físicas do tipo experimental, que


constituem um modo efetivo de evitar a entrada de peixes em tomadas
d’agua. O custo de instalação é comparativamente baixo, porém os
custos de operação e manutenção são altos. Na prática, somente
podem ser utilizadas em rios ou reservatórios onde há pouco material
flutuante, devendo ser
abaixadas ou retiradas nos
períodos de vazões elevadas
(Junho, 2008).

Os dispositivos estruturas de
direcionamento de peixes
mais comuns são as grades,
em ângulo (angled bar) ou
perpendiculares (trash rack);
e os sistemas tipo persiana
(louver), que possuem,
também, aspectos
comportamentais, por alterar
as características do
escoamento a que os peixes
respondem (Junho, 2008).

Figura 8. Grade anti-


cardume para tubo de
sucção. Fonte: Junho (2008)

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento medidas mitigadoras são essenciais na construção


e atividade de usinas hidrelétricas, devido o grande impacto ambiental
e social que as mesmas causam. Porém, na implantação de tais
medidas, como os mecanismos de transposição e os de repulsão de
peixes, é de grande importância levar em consideração as condições
ambientais e a ictiofauna local, seu comportamento, espécies e
particularidades, com pena de tais mecanismos não atenderem seu

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principal objetivo, servindo apenas como forma de melhorar a imagem


do empreendimento perante a sociedade.

Por conta disso, a eficácia das medidas mitigadoras implantadas deve


ser minuciosamente avaliada, para que mecanismos elaborados em
laboratório, através de modelos reduzidos, não sejam disseminados,
mesmo não colaborando para a conservação da ictiofauna.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• ANEEL. [Consulta: 01 de novembro de 2009]. <http://


www.aneel.gov.br>.
• Agostinho, A. A. Considerações sobre a atuação do setor Elétrico
na preservação da fauna aquática e dos recursos pesqueiros. In:
COMASE. Seminário sobre fauna aquática e o setor elétrico
brasileiro: Reuniões temáticas preparatórias, 1993. Rio de Janeiro:
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Recibido 02.02.2010 / Ref. prov. FEB1002_REDVET / Revisado 19.11.2010 / Aceptado 12.01.2011 / Ref. def.
031101_REDVET / Publicado 01/03/2011

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