A quem interessa a sustentabilidade da empresa?

De uma maneira simples, a sustentabilidade corporativa é composta por três tópicos, sendo
eles: lucro, pessoas, planeta (3Ps em inglês, profit, people, planet). Em teoria, uma empresa
sustentável deve ser capaz de gerar lucro ao mesmo tempo em que protege o meio ambiente
e as pessoas. Mas o que acontece quando uma empresa escolhe não ser sustentável? Nós
temos o exemplo da tragédia em Brumadinho, que foi causada pela mineradora multinacional
Vale no dia 25 de janeiro de 2019, sendo considerado o maior acidente de trabalho no Brasil
em perda de vidas humanas e um dos maiores desastres ambientais da mineração do país,
depois do rompimento de barragem em Mariana. A Vale é uma empresa negligente em
relação ao cuidado com vidas humanas e o meio ambiente, já que por irresponsabilidade e
descaso, deixou o episódio de Mariana vir a se repetir em Brumadinho. As consequências
disso? Em Mariana, a barragem que foi rompida trouxe uma enxurrada de lama tóxica, que
dizimou o distrito de Bento Rodrigues e deixou 19 mortos, além de devastar a bacia
hidrográfica do Rio Doce, um rio que nem a mineração na região, onde está localizada Ouro
Preto, foi capaz ao longo de 300 anos de exploração do ouro, matar a vida aquática e acabar
com o turismo e subsistência de milhares de pessoas. Já em Brumadinho, infelizmente foi
muito mais fatal, só nas primeiras 24 horas foram confirmadas 34 mortes e centenas de
pessoas desaparecidas. Ainda hoje ambos municípios sofrem com esses desastres, após a
tragédia de Mariana, a Vale apoiou a criação da Fundação Renova, que não fez muita
diferença, já que as vítima que perderam suas moradias e familiares dos mortos, não foram
totalmente indenizadas. A lama tóxica (embora a empresa negue) continua no mesmo lugar e
o Rio Doce continua praticamente morto. Já fazem 2 anos após tragédia da Vale em
Brumadinho e mesmo assim, quatro cidades do entorno de Brumadinho ainda sofrem com
impactos. O coordenador institucional da Aedas, Luiz Ribas, em entrevista ao G1 disse: "Os
moradores atingidos pelo rompimento tiveram renda muito prejudicada. A questão da
contaminação da água, morte de rebanhos e animais, contaminação de hortas, por exemplo,
vem acarretando progressivamente danos à saúde das pessoas e ao desenvolvimento
econômico local. Os danos são constatados desde a perda dos espaços e formas de produção
até o aumento do custo de vida no território". Com tudo isso, a Vale se tornou um exemplo
mundial de incompetência e descaso. Só em Brumadinho foram 270 vidas perdidas, 11 vítimas
que seguem desaparecidas e ao longo de 2 anos, foram mais de 6 mil horas de trabalho, com
quase 4 mil militares. Nada disso pode ser compensado e muito menos esquecido, poderia sim
ter sido evitado se existisse um compromisso da empresa com o meio ambiente. Por conta
desse descaso, hoje estima-se que a Vale deverá pagar pelo menos R$ 37,68 bilhões, valor que
pode aumentar porque os custos da reparação ambiental foram incluídos na conta como uma
projeção. A sustentabilidade dentro de uma empresa só traz benefícios, tanto para a própria
empresa quanto para a população.