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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA –UNEB

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS-CAMPUS VI

CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

DEBORA DE FIGUEIREDO OLIVEIRA E KEILA MIRELLLE


GONÇALVES DUQUES

MARIANA: UM DESASTRE, MUITOS CULPADOS

CAETITÉ

NOVEMBRO/2017
DEBORA DE FIGUEIREDO OLIVEIRA E KEILA MIRELLLE
GONÇALVES DUQUES

MARIANA: UM DESASTRE, MUITOS CULPADOS

Trabalho apresentado a disciplina de


Estudo Evolutivo das Geosferas
como requisito da avaliação parcial
do semestre 2017.2.

Prof. Dr. Paulo Moura

CAETITÉ

NOVEMBRO/2017
Mariana: um desastre, muitos culpados.

No dia 05 de novembro de 2015, a barragem de rejeitos de Fundão da


mineradora Samarco, controlada pela Vale e pela BHP Billiton, rompeu-se,
causando uma grande enxurrada de lama. A lama devastou o distrito de Bento
Rodrigues, no município de Mariana, em Minas Gerais, destruindo casas e
ocasionando a morte de pessoas, incluindo moradores e funcionários da
própria mineradora. Além das perdas humanas e materiais, a lama que
escapou em razão do rompimento das barragens provocou um grave impacto
ambiental.

O ‘’tsunami’’ de lama formado de 50 milhões de metros cúbicos de


rejeitos de minério de ferro contendo chumbo, cromo, zinco, bário e manganês.
Destruiu o distrito de Bento Rodrigues em mais de 600 km, matando 17
pessoas, deixando duas pessoas desaparecidas, com mais de 1.200 pessoas
desabrigadas (FIRPO, 2016),

. O rompimento da barragem de Fundão é considerado o desastre


industrial que causou o maior impacto ambiental da história brasileira e o maior
do mundo envolvendo barragens de rejeitos. A lama que chegou a percorrer 55
km do rio Gualaxo do Norte e outros 22 km do rio do Carmo até desaguarem no rio
Doce, afetando seu ecossistema marinho em área de reprodução de espécies
marinhas, cuja bacia hidrográfica abrange 230 municípios dos estados de
Minas Gerais e Espírito Santo, muitos dos quais abastecem sua população
com a água do rio. No total, a lama percorreu 663 km até encontrar o mar, no
município de Regência (ES). Além disso, há os impactos ambientais, que são
incalculáveis e, provavelmente, irreversíveis. (MOTTA, 2015)

Foram atingidos 35 municípios em Minas Gerais e quatro no Espírito


Santo, com cerca de 1,2 milhão de pessoas foram afetadas pela falta de água
pela interrupção no abastecimento. Na bacia do rio, 11 toneladas de peixes
mortos foram recolhidas e talvez cinco espécies tenham sido extintas, com
décadas sendo estimadas para a recuperação da área. Além das populações
urbanas, dentre os mais atingidos encontram-se pescadores, ribeirinhos, o
povo indígena Krenak, agricultores e assentados da reforma agrária, (FIRPO,
2016).

A mistura, composta, segundo a Samarco, por óxido de ferro, água e


muita lama, não era tóxica, mas capaz de provocar muitos danos. Além de
causar morte no interior dos rios, a lama provocou a morte de toda a vegetação
próxima à região. Uma grande quantidade de mata ciliar foi completamente
destruída, os resíduos da mineração também afetaram o solo, causando sua
desestruturação química e afetando o pH da terra. Essa alteração no solo
dificulta o desenvolvimento de espécies que ali viviam, modificando
completamente a vegetação local (LOPES 2016)
Ainda não é possível mensurar completamente a dimensão do impacto
na natureza porque boa parte da lama continua nas margens do rio, dizem
especialistas consultados pela BBC Brasil. E, ainda, parte dos rejeitos que
chegou ao oceano continua sendo carregado pelas correntes marinhas.
Também não há ainda análises definitivas do monitoramento que vem sendo
feito dos peixes e animais que voltaram a aparecer nos últimos dois anos. Não
há dados seguros, para apontarem se estão contaminados ou se são
apropriados para consumo.
As notícias e denúncias publicadas na imprensa sobre o desastre
ambiental ocorrido na cidade de Mariana (MG) denotam que a tragédia ocorreu
devido à negligência por parte dos órgãos de fiscalização, da própria Samarco
e do governo. Um dos responsáveis pelo acontecido em Mariana são os órgãos
de fiscalização (DNPM e FEAM), pois emitiram relatórios que atestavam as
condições de segurança das barragens da Samarco. Aqueles órgãos deveriam
ser investigados a fundo para que descubra se esses relatórios foram emitidos
com base numa fiscalização séria, ou se foram encomendados por alguém a
fim de permitir o funcionamento da mineradora.
O governo também tem sua parcela de culpa, pois concedeu Licença de
operação à Samarco, emitida pela Superintendência Regional de
Regularização Ambiental (SUPRAM), mesmo depois de estudo elaborado pelo
Ministério Público Estadual e entregue à Secretaria Estadual de Meio
Ambiente, estudo esse que alertava sobre os riscos de rompimento das
barragens de Fundão e Santarém, em Mariana.
O IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis) aplicou uma multa à Samarco de 250 milhões de reais. A empresa
foi condenada por poluição de mananciais, por tornar áreas urbanas
inadequadas para a ocupação, por causar interrupção do abastecimento de
água, por lançar rejeitos em rios, por provocar perda de biodiversidade na
bacia do Rio Doce, por provocar mortes e colocar em risco à saúde humana.
Prometendo nos próximos três anos reparar os danos provocados com 4,4
bilhões de reais. (MILANEZ & LOSEKANN, 2016)
O desastre de Mariana, de repente mostrou para o Brasil inteiro como o
país é minerador. Diante do exposto, pode-se concluir que essa tragédia é
resultado de uma soma de fatores, cujos produtos envolvem ganância
e negligência aliada ao crescimento econômico irresponsável e desenfreado.
Um evento dessa dimensão nos alerta para o fato de que os órgãos
governamentais responsáveis pela fiscalização e autorização de atividades
dessa natureza encontram-se muito a mercê do que se espera e precisa.
Torna-se evidente, portanto, a necessidade de maior fiscalização das
empresas envolvidas e mudar a forma de como são feitas. Estas atividades
podem causar sérios danos ambientais, então se deve criar outras formas de
segurança que são de grande importância.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FIRPO, M. A tragédia da mineração e do desenvolvimento no Brasil: desafios


para a saúde coletiva. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 32(2):e00211015,
fev, 2016
MOTTA, R. Existe governança das águas no Brasil? Estudo de caso: O
rompimento da Barragem de Fundão, Mariana (MG). Aquivos do Museu de
História Natural e Jardim Botânico - UFMG Belo Horizonte. v. 24, n.1, 2015.
LOPES, L. O rompimento da barragem de Mariana e seus impactos
socioambientais. Mestrando da Faculdade de Direito da Universidade
Federal Fluminense - UFF Sinapse Múltipla, 5 (1), jun 1-14, 2016.
MILANEZ, B. LOSEKANN, C. Desastre no Vale do Rio Doce – Rio de Janeiro:
Folio Digital: Letra e Imagem, 2016.

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