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UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ

INSTITUTO DE BIODIVERSIDADE E BIOTECNOLOGIA


BACHARELADO EM BIOTECNOLOGIA
SEMINÁRIOS INTEGRADORES

ANA BEATRIZ BELO DOS SANTOS


GLEISSON WILLEN CERDEIRA LEMOS

MINERAÇÃO NA AMAZÔNIA

SANTARÉM
2023
ANA BEATRIZ BELO DOS SANTOS

GLEISSON WILLEN CERDEIRA LEMOS

MINERAÇÃO NA AMAZÔNIA

Trabalho escrito apresentado ao docente


da disciplina Seminários integradores, do
curso de bacharelado em Biotecnologia
da UFOPA, como requisito obrigatório
para obtenção de nota.

Docente: Dr. Pérsio Scavone de Andrade

SANTARÉM
2023
INTRODUÇÃO
A região amazônica é conhecida por sua riqueza em biodiversidade,
abrigando a maior floresta tropical do mundo. No entanto, a mineração na Amazônia
é um tema de grande relevância, despertando preocupações e debates intensos
devido à exploração dos recursos naturais (SAITO et al., 2011). A Amazônia possui
uma vasta gama de minerais metais preciosos e estratégicos como ouro, ferro,
cobre, bauxita (SANTOS, NAVA e FERREIRA, 2009). A presença desses recursos
atrai empresas de mineração e investidores, visando uma oportunidade lucrativa de
extrair e comercializar tais minérios.
A Amazônia ocupa um lugar de destaque na produção e exportação de
minerais (RIBEIRO et al., 2020). Segundo dados do Instituto Brasileiro de Mineração
- IBRAM e da Agência Nacional de Mineração - ANM, a atividade mineradora é
promotora do crescimento econômico na região Norte, tanto nacional quanto
internacional, destacando-se o município de Parauapebas (ANM, 2019).
A extração mineral na Amazônia traz algumas consequências e impactos
negativos como desmatamento, poluição de rios e contaminação do solo, além de
afetar direta e indiretamente a fauna, flora e a comunidade local. Além disso, a
migração desordenada de trabalhadores para áreas de mineração gera uma
preocupação social.

DESENVOLVIMENTO

A matéria-prima da mineração são os bens não renováveis que tendem a


acabar à medida que sua exploração aumenta. Apesar de ser uma atividade de uso
temporário da terra, são feitas alterações das condições ambientais naturais,
degradam áreas extensas, muitas vezes de difícil recuperação (Araújo et al., 2005).
No que se refere ao desmatamento, ocorre quando as florestas são
derrubadas para permitir o acesso aos depósitos minerais. Essa prática muitas
vezes resulta em perda irreversível de habitats naturais, levando à extinção de
espécies e à perda da biodiversidade. Além disso, a remoção das árvores e da
vegetação nativa pode levar à erosão do solo, assoreamento de rios e alteração dos
padrões de fluxo hídrico. Relatórios do Instituto Socioambiental (ISA) apontam que o
garimpo ilegal é responsável por aproximadamente 30% do desmatamento total na
Amazônia.
A mineração também está associada ao desmatamento indireto, que ocorre
como resultado das infraestruturas necessárias para a atividade mineradora. A
construção de estradas, ferrovias e outras instalações necessitam frequentemente
da abertura de caminhos através de áreas florestais, resultando na fragmentação e
degradação desses ecossistemas (Fearnside, 2010).
As comunidades locais que dependem dessas florestas para sua
subsistência, têm seus meios de vida tradicionais ameaçados, pois acabam
perdendo o acesso a recursos naturais como água limpa, alimentos, plantas
medicinais e materiais de construção. Além disso, o desmatamento muitas vezes
gera conflitos sociais e violações dos direitos humanos, à medida que empresas
mineradoras invadem terras indígenas, afetando negativamente as populações
locais. Tal invasão, quando para a exploração ilegal dos recursos naturais é uma
realidade que atinge quase toda terra indígena no país (CURI, 2007).
Em um estudo conduzido por Wanderley (2012), onde foram selecionados
três casos em duas áreas diferentes na mesma sub-região da bacia Amazônica e
destinadas à extração do mesmo minério, em períodos de instalação distintos. A
proximidade geográfica das áreas e a extração do mesmo mineral permitiram
enfatizar os processos sociohistóricos daquela localidade, uma vez que a formação
espacial regional e os impactos provocados pelo modo de extração se
assemelhavam.

Mapa 1: Incidência de bauxita na Amazônia Oriental Brasileira

Fonte: Maria Célia Coelho

Como observado no mapa 1, na localidade da Amazônia Oriental, sub-região


Baixo Amazonas, estado do Pará, existem grandes projetos para a extração da
bauxita, que são resultantes do incentivo público e privado, sendo realidades
distintas da conjuntura política, econômica e de mercado (WANDERLEY, 2012).
As atividades de mineração causam muitos conflitos devido aos seus
impactos e ameaças às condições socioecológicas e territoriais. Estes impactos e
ameaças levam à mobilização dos grupos sociais afetados. Os indivíduos atingidos,
até então desorganizados, ao experimentarem a situação de impactados,
mobilizam-se para manter o modo de vida e o domínio territorial ameaçados (Wood,
2003).
Um dos grandes exemplos da mineração desordenada e de alto impacto que
ocorreu na Amazônia foi o da expansão do minério de ouro, tendo como exemplo
marcante o da Serra dos Carajás, no Pará, conhecido como Serra pelada, que
atraiu garimpeiros e trabalhadores de todo o Brasil a partir da década de
1980. O garimpo chegou a ser conhecido como “formigueiro humano”, devido
a milhares de garimpeiros que trabalhavam no que foi um dia, o maior
garimpo a céu aberto do mundo. Entretanto, pela intervenção do governo o
então garimpo foi fechado, deixando danos ambientais irreparáveis naquela
região.
Nos dias atuais a prática garimpeira é bastante presente e intensa no
território amazônico, sobretudo, na forma de garimpo ilegal, principalmente
em terras índigenas, gerando grandes conflitos locais e diversos danos
ambientais, principalmente a contaminação dos rios e de seus afluentes.
A mineração muitas vezes demanda grandes quantidades de água, levando à
captação de recursos hídricos e à contaminação de rios e aquíferos com produtos
químicos tóxicos utilizados no processo de extração. Um dos maiores problemas
relacionado a poluição da água são as elevadas taxas de metais pesados como
arsênio, mercúrio e chumbo. A ação tóxica desses metais no ecossistema aquático
em altas concentrações pode causar a morte das espécies, bioaculumação que
causa efeitos em toda a cadeia alimentar (DA SILVA & ANDRADE, 2017). Esses
elementos se depositam nos sedimentos dos rios, contaminando a fauna e flora
aquática.

CONCLUSÃO

A mineração na Amazônia é um tema de grande relevância, despertando


preocupações e debates intensos devido à exploração dos recursos naturais, é
necessário refletir sobre o papel da mineração na Amazônia no atual estágio de
desenvolvimento sustentável na região, sobretudo aos danos ambientais que essa
mineração pode causar.
Os minérios extraídos em larga escala, revelam-se como produto voltado ao
atendimento de necessidades alheias às populações locais, pois se voltam
principalmente para a rentabilidade inerente. O maior problema é a questão
ambiental e os impactos negativos que essa prática pode trazer para a região.
REFERÊNCIAS

ANM. Agência Nacional de Mineração. Anuário Mineral Brasileiro. Maiores


Arrecadadores-operação. Brasília: ANM, 2019.
CURI, M. V. (2007). Aspectos legais da mineração em terras indígenas. Revista de
Estudos e Pesquisas, FUNAI, 4(2), 221-252.
DA SILVA, M. L.; ANDRADE, M. C. K. Os impactos ambientais da atividade
mineradora. Meio Ambiente e Sustentabilidade, v. 11, n. 6, 2017.
FASOLO, C. Dossiê inédito explica avanço do garimpo na Amazônia. Instituto
Socioambiental, São Paulo, 16 de mar. de 2023. Disponível em:
<https://www.socioambiental.org/noticias-socioambientais/dossie-inedito-explica-
avanco-do-garimpo-na-amazonia>. Acesso em: 25 de maio de 2023.
FEARNSIDE, P. M. (2010). Exploração mineral na Amazônia Brasileira: o custo
ambiental. Grupo de Estudos Estratégicos Amazônicos (GEEA). Manaus: Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia.
MARTINS, Walmer Bruno Rocha et al. Restauração de ecossistemas degradados
pela mineração na Amazônia Oriental. 2020.
RIBEIRO, Mônica Moraes et al. Barragens de mineração na Amazônia: potencial
poluidor-degradador ambiental e ameaça à saúde coletiva. Revista Ibero-Americana
de Ciências Ambientais, v. 11, n. 6, p. 532-544, 2020.
SAITO, E. A. et al. Análise de padrões de desmatamento e trajetória de padrões de
ocupação humana na Amazônia usando técnicas de mineração de dados. XV
Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto-SBSR. Curitiba, Brazil, p. 2833-2840,
2011.
SANTOS, R. P.; NAVA, D. B.; FERREIRA, A. L. Recursos minerais em terras
indígenas do estado do Amazonas: gargalos, potencialidades e perspectivas. 2009.
WANDERLEY, L. J. Movimentos sociais em área de mineração na Amazônia
Brasileira. e-cadernos CES, n. 17, 2012.

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