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Declaração

Eu, Cheila Carlos Manhice, declaro pela minha honra que este trabalho foi feito por mim e que
nunca foi apresentado em nenhuma instituição de ensino.

___________________
(Cheila Carlos Manhice)

___________________
(Dra. Cecília Isabel Viriato Guambe)

Maputo, Maio de 2016

i
Dedicatória
Dedico este trabalho ao meu pai Carlos Benjamim Manhice (em memória), a minha mãe Graça
Francisco Banze, às minhas irmãs (Carla Manhice e Lucrência Manhice) e a Dra Catarina
Mahumane, que me apoiaram e deram forças em todos momentos, para que não desmoronasse,
nem mesmo, quando quase perdi as esperanças. Neles, encontrei tudo que precisava, para erguer
a cabeça e continuar em frente.
A vós, dedico literalmente minha licenciatura!

ii
Agradecimento
Agradeço primeiramente a DEUS, por todas as coisas que me aconteceram. Cada uma ao seu
tempo e de seu modo. Pelas pessoas que colocou em meu caminho, que me inspiram, ajudam,
desafiam-me e encorajam-me a ser cada dia melhor.
Agradeço especialmente a Dra. Catarina Mahumane e ao Prof. Doutor Joseph Wamala pela sua
generosidade e bondade que tornou o sonho de me formar em realidade. Desta feita, rogo a
DEUS que ilumine seus caminhos e devolva em dobro, tamanha generosidade.
Agradeço aos meus pais, Carlos Benjamim Manhice (em mémoria), e Graça Francisco Banze,
pelo amor e carinho que sempre dedicaram a mim. Principalmente à minha mãe, obrigada por
todos os momentos que dividimos juntas, pela amizade, conselhos, palavras sábias que me
sustentam e me dão forças para seguir adiante. Obrigada.

Manifesto profundo agradecimento à Dra. Cecília Guambe, pela orientação, dedicação,


paciência e confiança depositada em mim, ao aceitar orientar esta espequisa, com suas brilhantes
contribuições que se mostraram determinates para a elaboraçãoração com sucesso da presente
monografia. Agradeco ao Dr. Leonel Matsumana pela ajuda durante a realização da pesquisa.
Agradeço as minhas irmãs Carla Manhice e Lucrência Manhice pela força e confiança que
sempre depositaram em mim.
E por fim, estendo os meus agradecimentos ao meu tio Manhiça, pelo apoio material e moral
durante toda minha formação. As minhas melhores amigas, Agelcia Titosse e Ema Felito, pela
amizade incondicional.
E por fim, estendo os meus agradecimentos aos meus velhos e novos amigos que em todo
momento estiveram do meu lado, apoiando-me com palavras de encarajamento para seguir
sempre em frente, meu muito obrigado. Ao José Sambo, Amito das Lágrimas, Alice Vilankulo,
Roberto Nhanombe, Claudina, Equivaldo Ngoca, Benilde, Marta Novela, Reginaldo e Luísa
Julião. Aos meus colegas de turma, em especial a Luísa Macedo e Angelina Chaúque que me
deram a mão sempre que necessitasse. O meu muito obrigado a toda equipe da Reserva Especial
de Maputo, especialmente ao chefe da fiscalização da Reserva Especial de Maputo o senhor Sr.
Natércio Ngovene por ter disponibilizado o carro nas deslocações na Reserva.

iii
Resumo
O ecoturismo tem sido a aposta de vários países como alternativa para o mercado turístico
focado em áreas protegidas. Pois, acredita-se ser um segmento capaz de conciliar o
desenvolvimento do turismo e, simultaneamente contribuir para melhorar a conservação do meio
ambiente natural e ainda garantir a valorização das comunidades locais, promovendo o bem-
estar. Contudo, o seu desenvolvimento sustentável, implica o envolvimento da comunidade local.
O que torna crucial avaliar as percepções dos residentes sobre seus impactos, assim como, suas
atitudes face ao desenvolvimento da actividade.
O presente trabalho, tem por objectivo analisar o nível de percepção dos residentes da Reserva
Especial de Maputo, face a prática de actividades ecoturísticas. Para o efeito, recorreu-se a
revisão da literatura sobre sustentabilidade, desenvolvimento sustentável, turismo sustentável,
áreas protegidas e suas categorias, abordagem sobre o ecoturismo e, por fim, as percepções dos
residentes sobre o impacto das actividades ecoturísticas naquele local. Para a consecução do
objectivo da pesquisa, optou-se por uma abordagem qualitativa e quantitativa, visando
estabelecer a frequência do grau de concordância e discordância em relação aos aspectos
positivos e negativos gerados pelo ecoturismo, através de um inquérito aos
residentes/colaboradores da Reserva Especial de Maputo.

Palavras- chave: Desenvolvimento sustentável do turismo, áreas de conservação, ecoturismo,


percepções dos residentes.

iv
Abstract
Ecotourism has been the bet of several countries as an alternative to the tourist market focused
on protected areas. For it is believed to be a segment capable of reconciling the development of
tourism and at the same time contribute to improving the conservation of the natural environment
and ensuring the valuation of local communities and promoting well-being. However, its
sustainable development implies the involvement of the local community. This makes it crucial
to assess residents' perceptions of their impacts as well as their attitudes towards the
development of the activity. The objective of this study is to analyze the level of perception of
residents of the Maputo Special Reserve, in view of the practice of ecotourism activities. For this
purpose, a review of the literature on sustainability, sustainable development, sustainable
tourism, protected areas and their categories, approach to ecotourism and, finally, the residents'
perceptions of the impact of ecotourism activities on the site. In order to achieve the objective of
the research, a qualitative and quantitative approach was chosen to establish the frequency of
agreement and disagreement regarding the positive and negative aspects generated by
ecotourism, through a survey of residents / collaborators of the Special Reserve Of Maputo.

Key words: Sustainable development of tourism, conservation areas, ecotourism, perceptions of


residents.

v
Lista de abreviaturas
AC’s – Áreas de Conservação & AP’s – Áreas Protegidas

ASTA – American Society of Travel Agencies

CDB – Conservação da Diversidade Biológica

CIBT – Conferência Internacional sobre a Biodiversidade e o Turismo

CMMB – Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente

CNAP – Comissão de Parque Nacional e Áreas Protegidas

CPFF – Convenção para Preservação da Flora e Fauna

DNAC – Direcção de Nacional de Áreas de Conservação

EMBRATUR - Instituto Brasileiro de Turismo

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente

OMT- Organização Mundial de Turismo

ONGs – Organizações não Governamentais

PPF – Peace Parks Foudation

RMPP – Reserva Marinha Parcial da Ponta de Ouro

REM – Reserva Especial de Maputo

TIES – The International Ecotourism Society

UNEP – Programa das Nações Unidas para Ecoturismo

UICN – União Internacional para Conservação da Natureza

UIPN – União Internacional para Protecção da Natureza

WCPA- Comissão Internacional de Áreas Protegida


vi
Índice
Declaração........................................................................................................................................ i

Dedicatória ...................................................................................................................................... ii

Agradecimento ............................................................................................................................... iii

Resumo .......................................................................................................................................... iii

Abstract .......................................................................................................................................... iv

Lista de abreviaturas ...................................................................................................................... vi

CAPÍTULO I – ENQUADRAMENTO ........................................................................................ 11

1.1.Introdução ............................................................................................................................... 11

1.2. Formulação do problema ....................................................................................................... 13

1.3. Hipóteses ................................................................................................................................ 13

1.4. Justificativa ............................................................................................................................ 14

1.5. Objectivos .............................................................................................................................. 15

1.5.1. Objectivo geral: ................................................................................................................... 15

1.5.2. Objectivos específicos: ....................................................................................................... 15

CAPITULO II - ENQUADRAMENTO TEÓRICO (REVISÃO DA LITERATURA) ............... 16

2.1. Desenvolvimento sustentável do turismo .............................................................................. 16

2.1.1. Sustentabilidade .................................................................................................................. 16

2.1.2. Desenvolvimento sustentável.............................................................................................. 17

2.1.3. Desenvolvimento Sustentável do Turismo ......................................................................... 19

2.2. Conceitos, tipologias e classificação das áreas de conservação/áreas protegida ................... 21

vii
2.2.1. Classificação de Áreas Protegidas (AP’s)........................................................................... 24

2.3. Ecoturismo ............................................................................................................................. 30

2.3.1. Princípios do ecoturismo..................................................................................................... 39

2.4. Avaliação das percepções dos residentes locais sobre a prática da actividade ecoturística .. 40

CAPITULO III – METODOLODIA ............................................................................................ 46

3.1. Tipo de pesquisa .................................................................................................................... 46

3.2. Técnicas e instrumentos de recolha de dados ........................................................................ 46

3.2.1. Técnicas de recolha de dados .............................................................................................. 46

3.2.2. Instrumentos de recolha de dados ....................................................................................... 47

3.2.3. População e amostra ........................................................................................................... 47

3.3. RESERVA ESPECIAL DE MAPUTO ................................................................................. 49

3.3.1. Localização ......................................................................................................................... 49

3.3.2. Caracterização Demográfica ............................................................................................... 51

3.3.3. Participação das comunidades nas actividades sustentáveis ............................................... 58

CAPITULO IV - ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS ......................................................... 61

4.1. Análise sobre os aspectos positivos e negativos na dimensão Económica, Social, e ............ 70

Conclusão...................................................................................................................................... 72

Recomendações............................................................................................................................. 75

Referências Bibliográficas ............................................................................................................ 76

Anexos .......................................................................................................................................... 81

viii
Índice de Tabelas
Tabela 1: Orientações que devem guiar a actividade turística ...................................................... 17

Tabela 2: Princípios do desenvolvimento sustentáveis ................................................................. 18

Tabela 3: Dimensões do desenvolvimento sustentável do turismo .............................................. 20

Tabela 4: Objectivos das áreas de conservação ............................................................................ 24

Tabela 5: Classificação das áreas protegidas do sistema IUNC ................................................... 25

Tabela 6: Classificação das áreas protegidas no contexto moçambicano ..................................... 27

Tabela 7: Os componentes do ecoturismo .................................................................................... 33

Tabela 8: Tipos de ecoturismo ...................................................................................................... 35

Tabela 9: Os dez mandamentos de ecoturismo ............................................................................. 39

Tabela 10: Princípios do ecoturismo............................................................................................. 39

Tabela 11: Quadro resumo sobre as percepções das comunidades locais dos impactos do
desenvolvimento da actividade ecoturística.................................................................................. 43

Tabela 12: Sexo............................................................................................................................. 61

Tabela 13: Habilitações literárias.................................................................................................. 63

Tabela 14: Estado civil................................................................................................................. 64

Tabela 15:Tempo de residência .................................................................................................... 64

Tabela 16: Impactes económicos, socioculturais e ambientais ..................................................... 68

Índice de Figuras
Figura 1: Antigamente chamada Reserva Especial de Elefantes .................................................. 49

Figura 2: Actualmente chamada Reserva Especial de Maputo ..................................................... 50


ix
Figura 3: Mapa da Reserva Especial de Maputo .......................................................................... 50

Figura 4: Localização das comunidades ....................................................................................... 51

Figura 5: Escola Primária de Madjedjane ..................................................................................... 52

Figura 6: Abastecimento de água nas comunidades ..................................................................... 53

Figura 7: Lagoas onde fazem a pesca e tiram palhas para o fabrico de esteiras ........................... 54

Figura 8: Imagem ilustrativa de uma palestra de sensibilização dos residentes sobre a caça furtiva
e entrega de armas aos responsáveis do sector da fiscalização para proteção na comunidade de
Tchia ............................................................................................................................................. 55

Figura 9: Fauna e Flora ................................................................................................................. 57

Figura10: Praias e lagoas .............................................................................................................. 58

Figura 11: Formato de casas turísticas da Pousada de Mato de Luxo de Chemukane ................. 59

Figura 12: Serviços prestados pelas comunidades nas estâncias turísticas ................................... 59

Índice de gráficos
Gráfico 1:Idade ............................................................................................................................. 62

Gráfico 2: Envolvimento pessoal no sector do turismo ................................................................ 65

Gráfico 3: Opinião sobre o desenvolvimento do turismo na REM ............................................... 66

Gráfico 4: Actividades prioritárias para o desenvolvimento local na REM ................................. 66

Gráfico 5: Opinião sobre a importância do turismo para o desenvolvimento da comunidade ..... 67

x
CAPÍTULO I – ENQUADRAMENTO

1.1.Introdução
A presente pesquisa, visa analisar o nível de percepção das comunidades locais sobre o
desenvolvimento do ecoturismo, com foco para a Reserva Especial de Maputo (REM). O
objectivo da pesquisa, fundamenta-se pela constatação de que, nos últimos anos, a indústria do
turismo vem contribuindo de forma significativa para o desenvolvimento do país.

O turismo tem um papel importante no desenvolvimento de muitas regiões. As infra-estruturas


criadas para fins turísticos, contribuem para o desenvolvimento local e criação de emprego. O
turismo sustentável, desempenha um papel importante na conservação e melhoria do património
natural e cultural. A sustentabilidade em todas as dimensões (económica, sociocultural e
ambiental) é fundamental para o bem-estar das populações.
O ecoturismo é um segmento do turismo voltado para o meio natural de forma a preservar os
patrimónios naturais e culturais do local visitado. É ainda uma forma de despertar a consciência
ecológica dos turistas através da interpretação e integração com o meio ambiente e a comunidade
local, gerando benefícios tanto para o visitante quanto para a comunidade local visitada.
O principal objectivo da prática de ecoturismo consiste em alcançar o modelo de
sustentabilidade, desde que ocorra em áreas naturais, beneficiando o meio ambiente e as
comunidades receptoras, promovendo aprendizado, respeito e consciência sobre aspectos
ambientais, culturais, satisfação dos turistas e da comunidade.
Os benefícios globais do ecoturismo surgem quando as comunidades são induzidas a proteger os
recursos naturais para o seu sustento. Assim, o ecoturismo deve gerar para as comunidades
benefícios de carácter económico, sociocultural e ambientais como: geração de emprego, criação
de pequenos negócios, melhorias de infra-estruturas de transporte comunicação e saneamento,
preservação da identidade cultural, e melhoria das condições de vida.
O ecoturismo coloca-se como componente essencial para o desenvolvimento sustentável, por
isso é visto como uma área que pode contribuir para o desenvolvimento económico e para
preservação do ambiente dos países em desenvolvimento, como é o caso de Moçambique.

11
Asseguir, apresenta-se a descrição de conteúdos de cada capítulo que compõe a presente
pesquisa.
O primeiro capítulo apresenta o problema, as hipóteses, justificativa e objectivos da pesquisa.
O segundo capítulo dedica-se à apresentação de questões introdutórias sobre a pesquisa,
apresentando conceitos e componentes sobre o ecoturismo e áreas de conservação/protegidas.
Faz igualmente, uma abordagem sobre a questão do desenvolvimento sustentável do turismo.
trata de questões sobre áreas de conservação, contextualização histórica, incluindo as
implicações sobre a gestão das áreas protegidas. Apresenta ainda, questões sobre as categorias de
áreas de conservação segundo IUCN, conceitos de ecoturismo, e desenvolvimento sustentável do
turismo.
O terceiro capítulo, faz abordagem dos métodos e procedimentos da pesquisa; A apresentação
descrição e caracterização da área do estudo (Reserva Especial de Maputo), localizado no distrito
de Matutuíne, província de Maputo, região sul de Moçambique.
O quarto capítulo, reserva-se à apresentação de resultados de pesquisa, obtidos nos locais em
estudo; Caracterização das comunidades que serviram de amostra. Para além da descrição da
experiência turística dos residentes e sua percepção sobre os impactos do turismo e;
O quinto capítulo, apresenta considerações finais da pesquisa, possíveis contribuições a ter em
conta ao se pensar em questões de desenvolvimento do ecoturismo em áreas protegidas em
Moçambique, capaz de incentivar a conservação ambiental e desenvolvimento das comunidades
locais.

12
1.2.Formulação do problema
O turismo é resultado da forma como é ocupado o tempo livre. Cunha (2001) sustenta que o
turismo origina um conjunto variado de actividades produtivas que visam satisfazer as
necessidades de quem se desloca. E o ecoturismo, é uma dessas actividades.
Marulo (2012), afirma que as áreas de conservação têm sido espaços ideais para a prática do
ecoturismo nos últimos tempos. Pois, são espaços que concentram a maior variedade de
atractivos naturais. São consideradas uma experiência real do uso sustentável da actividade,
tendo em conta a existência de uma base legal que assegura limites à sua utilização.
A Reserva Especial de Maputo (REM) possui diversidade de atractivos importantes que
permitem o desenvolvimento económico local. E o ecoturismo, destaca-se com um crescimento
considerável nos últimos anos. A exploração dos recursos turísticos existentes na REM, deve ser
responsável, fornecendo benefícios para as gerações vindouras.
Contudo, Philippi & Ruschmann (2010) aponta para um cenário de exploração de recursos,
relacionados ao desenvolvimento do turismo em áreas naturais que resultam numa série de
impactos negativos como destruição das dunas primárias, aceleração da erosão dos solos,
destruição de habitats naturais, aumento da produção de resíduos sólidos, poluição e
descaracterização da paisagem, exclusão social, perda de autenticidade nas culturas locais entre
outros problemas sócio-ambientais.
Assim, sendo o ecoturismo uma prática que influencia actividade turística sustentável para toda a
máquina envolvente (comunidades residentes, visitantes, gestores e operadores). A questão que
se coloca é:
Qual o nível de percepção das comunidades locais sobre a prática de actividade ecoturística
na Reserva Especial de Maputo?

1.3.Hipóteses
H1: O ecoturismo contribui para a qualidade de vida dos residentes locais da Reserva Especial
de Maputo;
H2: O ecoturismo contribui para a degradação do meio ambiente.

13
1.4.Justificativa
Actualmente, o ecoturismo tem sido considerado como uma actividade que necessita de muitos
estudos a nível mundial sobre a sua interacção com o meio ambiente e sobre as comunidades que
acolhem esse fenómeno. Os vários estudos, visam estabelecer novas abordagens que retratam
sobre o uso de recursos naturais, ligados à melhoria de condições de vida das comunidades onde
se procuram novas estratégias de gestão de forma a garantir o desenvolvimento equilibrado do
sector de turismo.
Em Moçambique, uma das áreas de conservação que proporciona condições favoráveis à prática
do ecoturismo é a Reserva Especial de Maputo e também, os demais parques naturais existentes.
O país, tem um grande desafio de aumentar e manter o nível de qualidade de infra-estruturas que
servim de suporte para a prática de actividades turísticas, com vista a atingir um nível de
desenvolvimento económico capaz de reduzir e ou minimizar os efeitos da pobreza, sem contudo
degradar o meio ambiente nas áreas de conservação.
Cariolano (2006), afirma que o ecoturismo representa um modelo de desenvolvimento do
turismo em áreas naturais com uma proposta conservacionista. Pois, é um tipo de turismo que
passa a ter cuidado com o meio ambiente, valoriza as populações locais, exige qualidade de vida,
hospitalidade, segurança e serviços inter-relacionados.
O ecoturismo, está ligado a promoção e conservação do meio ambiente. Mas, pode contribuir
directa ou indirectamente para a degradação do meio ambiente, assim como, para problemas
sociais.
A importância do ecoturismo, dá-se através de actividades planificadas e desenvolvidas para o
benefício da população local, como oportunidade de diversificação e consolidação económica,
geração de emprego, conservação ou recuperação do património histórico e recuperação de auto
estima. E a presente pesquisa, busca mostrar a importância do ecoturismo para as comunidades
locais quando bem praticado.
Contudo, analisar o contributo do ecoturismo na REM na visão das comunidades locais, torna-se
relevante. Pois, permite avaliar o nível de entendimento dos residentes sobre os impactos
positivos.
Do ponto de vista académico, espera-se que o trabalho possa servir de incentivo para auxiliar na
investigação sobre ecoturismo em Moçambique e as respectivas actividades que o envolve.

14
Servindo de base de consulta para a sociedade e outros interessados, assim como, para diversos
fins, nomeadamente, consultas bibliográficas e pesquisas académicas.

1.5.Objectivos

1.5.1. Objectivo geral:


 Analisar o nível de percepção das comunidades locais sobre a prática de actividade
ecoturística na Reserva Especial de Maputo.

1.5.2. Objectivos Específicos:


 Identificar os impactos positivos e negativos da actividade ecoturística;
 Descrever os factores que influenciam as percepções das comunidades locais face a
prática da actividade ecoturística e;
 Avaliar as percepções das comunidades locais sobre a prática da actividade ecoturística
na REM.

15
CAPITULO II - ENQUADRAMENTO TEÓRICO (REVISÃO DA LITERATURA)
O capítulo apresenta a revisão da literatura sobre temáticas fundamentais no domínio do
desenvolvimento do turismo sustentável em áreas de conservação. Silmultaneamente, discute
conceitos como sustentabilidade, desenvolvimento sustentável, desenvolvimento sustentável do
turismo, áreas protegidas e ecoturismo.

2.1. Desenvolvimento Sustentável do Turismo

2.1.1. Sustentabilidade
Fennell (2002), afirma que a medição do desenvolvimento (o estágio de avanço económico de
uma nação) convencionalmente tem sido realizada por meio da aplicação de um certo número de
indicadores chave económicos. Entre outros, estes incluem variáveis como: Acesso a água
potável; Qualidade do ar; Combustível; Acesso à Saúde; Educação e: Emprego.

Chiziane (2007), define desenvolvimento como a capacidade de satisfazer adequadamente as


necessidades básicas humanas, tais como alimentação, habitação, saúde, água, educação e
protecção social. O autor, afirma que o desenvolvimento é a liberdade, capacidade de escolher
livremente seu modelo de sociedade, suas orientações e estratégias, sem qualquer oposição do
exterior.

Magalhães (2002), afirma que o termo "sustentabilidade" é muito utilizado pelos biólogos para
indicar o ponto de equilíbrio dos ecossistemas e, de acordo com o dicionário Aurélio, significa
manter e conservar.

O conceito de sustentabilidade, expressa a ideia de que a população deve viver dentro de limites
que respeitem a capacidade dos ecossistemas e dos recursos naturais que estes oferecem. Para
Rodrigues (2012), o conceito de sustentabilidade integra os seguintes princípios:

 Conservação e valorização dos habitats;


 Protecção da biodiversidade;
 Equidade entre e dentro de gerações;
 Integração de considerações ambientais, económicas e sociais.

16
Em 1992, no Rio de Janeiro, na Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente (CMMB), surgiu a
Agenda 21 na necessidade de desenvolver indicadores de sustentabilidade. A agenda foi
aprovada na CIBT- Conferencia Internacional sobre a Biodiversidade e o Turismo, realizada em
1997, para as Viagens e o Turismo, que estabelece orientações que devem guiar a actividade
turística e de entre as quais se destacam:

Tabela 1: Orientações que Devem Guiar a Actividade Turística

As viagens e o turismo deverão contribuir para uma vida sã e enriquecedora, em harmonia com a a natureza;
O turismo deverá participar na conservação, protecção e restauro dos ecossistemas;
O turismo deverá apoiar-se em modos de produção e de consumo sustentável;
O turismo, a paz, o desenvolvimento e a produção do ambiente são independentes;
A protecção do meio ambiente deve fazer parte integrante do desenvolvimento turístico;
As questões ligadas ao desenvolvimento turístico devem ser tratadas em associações com os cidadãos a que respeitam e as decisões
sobre o ordenamento do território devem ser tomadas a nível local;

O desenvolvimento turístico deve reconhecer e defender a identidade, a cultura e os interesses dos autóctones.

Fonte: Cunha (2013)

2.1.2. Desenvolvimento sustentável


De acordo Philippi & Ruschmann (2010), a ideia da sustentabilidade aliada ao desenvolvimento
foi se constituindo ao longo da década de 1980 e, se materializou no Relatório Brundtland. O
conceito de desenvolvimento sustentável foi formulado pela primeira vez em 1987, pela
Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, num documento denominado
“nosso futuro comum” um processo de transformação no qual, a exploração de recursos, a
direcção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e, a mudança
institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às
necessidades e aspirações humanas, (Fernandes & Fernandes, 2011). Este conceito, foi
aprofundado na Conferencia das Nações Unidas sobre o MAD, realizada em 1992, no Rio de
Janeiro.

O desenvolvimento sustentável não é só aquilo que se ganha com o desenvolvimento económico,


mas também a promoção, igualdade entre indivíduos e entre grupos de comunidade.

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Brundtland (1991) citado por Magalhães (2002), define o desenvolvimento sustentável como
sendo, processo de transformação na qual a exploração de recursos, direcção dos investimentos,
orientação de desenvolvimento tecnológico e, a mudança institucional, se harmonizam e
reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas.

No seu sentido mais amplo, esse conceito demonstra a busca de uma estratégia para alcançar a
harmonia entre os seres humanos e entre a humanidade e a natureza. O desenvolvimento
sustentável, está baseado num contexto mais amplo de desenvolvimento turístico que envolve
necessariamente critérios sobre meio ambiente, social, cultural e económico (OMT, 2001).

O desenvolvimento sustentável foi proposto como um modelo que pode ser útil na criação do
estímulo para a mudança estrutural da sociedade. Um modelo que deverá se desviar de um foco
extremamente socioeconómico para outro diferente, em que o desenvolvimento " alcance as
metas do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de satisfazer suas
próprias necessidades" Comissão Mundial de meio Ambiente e Desenvolvimento (1987) citado
por Fennell (2002).

Tabela 2: Princípios do desenvolvimento sustentáveis

a) O planeamento do turismo e seu desenvolvimento devem ser parte das estratégias do desenvolvimento sustentável de uma
região. Assim, deve envolver a população local, o governo e as agências do turismo;
b) As agências, associações, grupos e indivíduos devem seguir princípios éticos que respeitem a cultura, meio ambiente da área,
economia e do modo tradicional de vida, do comportamento da comunidade e dos princípios políticos;
c) O turismo deve ser desenvolvido de maneira sustentável, levando em consideração a protecção do meio ambiente;
d) O turismo deve gerar lucros de forma equitativa entre os promotores de turismo e a população local.
e) É essencial ter boa informação, pesquisa e comunicação da natureza do turismo, especialmente para os moradores do local,
dando prioridade para o desenvolvimento douradora que envolve a realização de uma análise contínua e um controle de
qualidade sobre os efeitos do turismo;
f) A população deve se envolver no panejamento e no desenvolvimento dos planos locais junto com o governo, os empresários e
outros interessados;
g) Ao inicial um projecto, há necessidade de realizar análise integrada do meio ambiente, da sua sociedade e da economia,
dando enfoques distintos aos diferentes tipos de turismo;
h) Os planos de desenvolvimento do turismo, devem permitir a população local que se beneficie deles ou que possa explicar as
mudanças que se produzem na situação inicial

Fonte: OMT (2001)

18
2.1.3. Desenvolvimento Sustentável do Turismo
Dias (2003), afirma que a aplicação dos princípios da sustentabilidade ao turismo integra-se à
dicotomia existente entre sua ampla difusão e as limitações dos progressos alcançados. A notável
discussão desses princípios no campo de turismo tem possibilitado que o paradigma da
sustentabilidade aglutine o debate em torno das aplicações do turismo para o desenvolvimento e
seus efeitos ambientais, socioculturais e económicos.

A OMT (1993) citado por Dias (2003), com base no informe BRUNDTLAND, define
desenvolvimento sustentável do turismo, como aquele que atende as necessidades dos turistas
actuais e das regiões receptoras, ao mesmo tempo protege e fomenta as oportunidades para o
turismo futuro.

De acordo com a definição dada pela OMT (2004) citado por Fernandes & Fernandes (2011), o
desenvolvimento sustentável do turismo é aquele que se concebe como um caminho para a
gestão de todos os recursos de forma que possam satisfazer necessidades económicas e sociais.
Respeitando ao mesmo tempo, a integridade cultural, os processos ecológicos essenciais, a
diversidade e os sistemas que sustentam a vida.

Segundo Portuguez et al, (2006) turismo sustentável deve ter a preocupação em atender às
necessidades dos turistas, comunidade local e prestadores de serviços turísticos, buscando um
desenvolvimento a longo prazo, por meio de um equilíbrio económico e ambiental.

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Tabela 3: Dimensões do Desenvolvimento Sustentável do Turismo

Dimensões Caracterização

Sustentabilidade Económica
Pressupõe um crescimento económico eficiente e que assegura
a responsabilidade financeira aos empresários, o aumento da
empregabilidade da comunidade receptora e o uso de critérios
dos recursos, de forma a assegurar a sua continuidade para as
gerações futuras.

Sustentabilidade Sociocultural Preserva a identidade da comunidade receptora,


designadamente o seu património cultural e os seus valores, e
contribui para a diminuição das desigualdades sociais, por
meio da distribuição satisfatória dos rendimentos.

Sustentabilidade Ecológica Assegura a preservação dos recursos naturais (ar, água, solo,
seres vivos), da diversidade biológica e do equilíbrio dos
ecossistemas.

Fonte: Fernandes & Fernandes (2011)

Cunha (2013) afirma que o desenvolvimento sustentável do turismo deve assegurar uma melhor
qualidade de vida à população residente, garantindo melhor qualidade das experiencias ao
visitantes, manter ao mesmo tempo a qualidade do meio ambiente e assegurar a obtenção de
benefícios por parte dos empresários e da comunidade.

Para que o turismo seja um meio para o desenvolvimento sustentável local, é necessário que essa
actividade respeite e beneficie tanto ao turista, que deve ter suas expectativas satisfeitas, quanto
as comunidades e o meio ambiente das regiões receptoras. Quando o turismo é bom para a
população local, será bom para os visitantes, desde que ambos tenham os seus direitos
respeitados. Bahl, (2004) afirma que não são necessários grandes investimentos para poder
realizar melhorias na comunidade local, o maior investimento é conscientizar todos envolvidos
neste projecto de desenvolvimento sustentável com responsabilidade social.

De acordo com a OMT (2001), a maioria dos locais turísticos na actualidade, dependem de
ambiente limpo, meio ambiente protegido e cultura específica. Os locais que não oferecem esses

20
atributos possuem baixa qualidade no uso do turismo, isto é, quando o turismo é planeado,
levando-se em conta o meio ambiente e a população local, ele pode ser um factor importante na
conservação do meio ambiente. Em muitos casos, o desenvolvimento sustentável do turismo tem
se sentido com mais abundância em Áreas Protegidas (AP’s), isto é, o desfrute das áreas
protegidas deve ser compatível com a conservação da biodiversidade e com a melhoria da
qualidade de vida dos habitats das comunidades locais. Assim, a criação de AP’s é um dos
caminhos para se atingir a sustentabilidade.

2.2. Conceitos, Tipologias e Classificação das Áreas de Conservação/Áreas Protegidas


As florestas sempre foram vistas como fonte de sobrevivência para o ser humano. Desde a
antiguidade, diversos povos isolam áreas para a protecção da natureza com finalidades diversas,
seja por questões culturais, religiosas, desportivas ou políticas. Segundo Olivato e Júnior (2008),
surgiu nos Estados Unidos de América, o actual modelo de “áreas naturais protegidas” originado
pelos problemas de grande expansão urbana e agrícola sobre as áreas naturais. Em 1872 foi
criada a primeira área institucionalmente protegida, o Parque Nacional de Yellowston.

Inicialmente, foram criadas Áreas Protegidas nas categorias Parques e Reservas. Segundo dados
da União Internacional para Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais –UICN (2000),
foram instituídas mais de 30.000 áreas protegidas em todo mundo no século XX, abarcando mais
de 12,8 milhões de Km (quadrado), que equivalem a cerca de 9,5% da superfície terrestre do
planeta.

Ferrão (2008), defende que as áreas de conservação, também denominadas áreas protegidas, são
geograficamente terrestres ou marinhas dedicadas à conservação da natureza. Por natureza
sustende-se pelo conjunto de ecossistemas, incluindo os genes, e as espécies. Essa é a primeira
definição técnica para descrever áreas de conservação.

Segundo Dourojeanni e Pádua (2001) citado por Ntela (2013), os conceitos iniciais de protecção
foram substituídos nas décadas de 1970/80, por conceitos de conservação e, finalmente, nos anos
de 1990, por conceito de desenvolvimento sustentável, dentro das próprias áreas protegidas.

Como o próprio nome indica, uma unidade de conservação é uma área dedicada a conservar a
natureza. Seu termo equivalente “Área Protegida”, reflecte com a mesma clareza que o objectivo
21
delas é a protecção da natureza. Todavia, novos paradígmas, em particular os conceitos de
ecodesenvolvimento e, sobretudo, desenvolvimento sustentável, persuadiram uma mudança na
definição anterior. Ferrão (2008), afirma que a definição original de áreas de conservação foi
aplicada para incluir regiões geográficas nas quais a exploração de recursos naturais tornou cada
vez mais intensa, e a presença humana, das razões de sua existência.

Ainda de, a Conservaçacordo com o mesmo autor, a Conservação da Diversidade Biológica


(CDB) e a legislação nacional dos países membros estabeleceram diferentes definições que,
grosso modo, convergem no conteúdo e na terminologia. O objectivo é salvaguardar interesses
nacionais, conjugados com práticas regionais e internacionais, de gestão equitativa dos recursos
naturais. Um novo princípio que passou a ser incorporado nas definições é a sustentabilidade, por
seguinte é importante assegurar a sustentabilidade ecológica, cultural, económica e social dessas
áreas. A demais o autor afirma que, muitas unidades de conservação, incluídas ou não na
categoria de parque ou reservas, continuam na prática, parques no papel, ou existência apenas
virtual, em relação a função dos diferentes modelos de uso e aproveitamento de recursos naturais
a que estão submetidos.

De acordo com Bensusan (2006) citado por Ntela (2013) em 1933, não havia uma definição
mundialmente aceite sobre os objectivos dos parques nacionais. Foi realizada uma Convenção
para Preservação da Flora e Fauna (CPFF), nessa ocasião definiram se três características dos
parques nacionais:

 Áreas controladas pelo poder público;


 Áreas para a preservação da fauna e flora, objectos de interesse estético, geológicos e
arqueológicos, onde a caça era proibida
 Áreas de visitação pública.

Segundo Almeida (2014), A União Internacional para Protecção da Natureza (IUPN) foi fundada
em Outubro de 1948, após a Conferência Internacional em Fontainebleau na França. Em 1956, a
organização mudou o seu nome para União Internacional para Conservação da Natureza (UICN),
cuja principal missão era a conservação da biodiversidade em escala mundial. Em 1962, a UICN
criou a Comissão de Parques Nacionais e Áreas Protegidas (CNPPA), hoje chamada Comissão

22
Internacional de Áreas Protegidas (WCPA), com a missão de promover o fortalecimento de uma
rede de representantes (gestores e especialistas) de áreas protegidas de todo mundo e o
fortalecimento de uma gestão mais eficaz de tais áreas.

Uma das primeiras tarefas das UICN e da WCPA foi o estabelecimento de padrões, conforme
uma categorização internacional para áreas protegidas.

De acordo com Almeida (2014), a UICN descreveu as diferentes abordagens sobre a definição
do venha a ser uma área protegida e o que não é. Igualmente, identificou diferentes categorias de
áreas protegidas, com base nos objectivos de gestão da área.

Em 1962 Jean-Paul Harroy, era presidente da Comissão de Parques Nacionais e Áreas de


Protecção da UICN, escreveu o primeiro inventário mundial de áreas protegidas e os dados
foram analisados por C. Frank Brock-man, que demonstrou haver mais de cento e quinze (115)
tipologias de áreas protegidas. Facto que dificultava a comparação dos objectivos e a análise de
efectividade de tais espaços.

A partir desse material, coube à Comissão de Parques Nacionais e Áreas Protegidas (CNAP)
desenvolver um sistema de classificação que, depois de variadas versões, modificações e debates
internacionais foi aceite pela Assembleia-geral da UICN EM 1990. Em 1992, foi rectificado pela
recomendação 17 do IV Congresso Mundial de Parques Nacionais em Caracas e, preconiza que
CNAP e o Conselho da UICN deveria sancionar um sistema de categorias de manejo para as
áreas protegidas de acordo com os objectivos de manejo conforme definido pela legislação
nacional para as seguintes categorias:

a) Reserva científica ou área natural silvestre;


b) Parque nacional;
c) Monumento natural;
d) Área de manejo habitats/espécies
f) Paisagem terrestre/marinha protegida.

23
Tabela 4: Objectivos das áreas de conservação

Objectivos das áreas de conservação

1. Contribuir para a manutenção, preservação e a restauração da diversidade biológica e de ecossistemas;

2. Proteger as espécies ameaçadas de extinção;

3. Proteger paisagens naturais, recuperar recursos hídricos;

4. Recuperar e restaurar ecossistemas degradados;

5. Proporcionar meios e incentivos para actividades de pesquisa científica;

6. Proteger os recursos naturais necessários á subsistência de populações tradicionais, respeitando e valorizando seu
conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e economicamente.

Fonte: Lei n. 9.985, de 18 de Junho de 2000, citado por Dias (2003)

2.2.1. Classificação de Áreas Protegidas (AP’s)


De acordo com o artigo 12 da lei n. 16/2012 de Junho as áreas protegidas (AP’s) são áreas
territoriais delimitados, representativas do património nacional, destinadas à conservação da
biodiversidade biológica e de ecossistemas frágeis ou espécies animais ou vegetais. As AP’s são
classificadas para garantir a conservação representativa dos ecossistemas e espécies e a
coexistência das comunidades locais com outros interesses e valores a conservar.

Segundo UICN (1994) área protegida, é um espaço geográfico claramente definido, reconhecido,
dedicado e gerido, através de meios legais ou igualmente eficientes, com o fim de obter a
conservação ao longo do tempo da natureza com os serviços associados ao ecossistema e os
valores culturais.

No sistema de classificação adoptado pela IUCN, as AP’s são agrupadas em seis categorias
distintas, designadas de (de I a VI) como ilustra a tabela abaixo.

24
Tabela 5: Classificação das Áreas Protegidas do Sistema IUNC

Categorias de Áreas Protegidas do Sistema IUCN

Categoria Designação Características e Objectivos

Reserva Natural

Ia Reserva natural Área de terra ou mar que possui um ecossistema excepcional ou representativo das
integral condições específicas da região biogeográfica, características geológicas ou fisiológicas ou
espécies de interesse primário para a conservação da biodiversidade que, estão disponíveis
principalmente para o estudo científico e onde a presença humana é interdita ou fortemente
condicionada.

Ib Reserva natural Área de terra ou mar sem ou com pequenas modificações pela acção humana, que mantém o
seu carácter natural.

Parque Natural

II Parque nacional Área natural de terra ou mar de grande relevância para a conservação da natureza e da
biodiversidade, destinada a: (1) proteger a integridade ecológica de um ou mais
ecossistemas para as gerações presentes e futuras; (2) excluir a exploração ou ocupação não
ligadas á protecção da área; e (3) prover as bases para que os visitantes possam fazer uso
educacional, lúdico, ou cientifico de forma compatível com a conservação da natureza e dos
bens culturais existentes.

Monumento Natural

III Monumento Área que contem um ou mais lugares específicos de valor e importância natural ou cultural
natural excepcional, devido á sua raridade, qualidades estéticas inerentes ou significado cultura.

Área Protegida Para Gestão de Habitats ou Espécies

IV Área protegida Área de terra ou mar sujeita a medidas activas de gestão e intervenção com propósito de
para a gestão de preservar a manutenção de habitats ou satisfazer objectivos e necessidades específicos de
habitats ou conservação de determinada espécie.
espécies

25
Tabela 5. Classificação das Áreas Protegidas do Sistema IUCN (continuação)

Categorias de áreas protegidas do sistema IUCN

Categoria Designação Características e Objectivos

Paisagem Protegida

V Paisagem Paisagem da terra, costa ou mar onde a interacção das pessoas com a natureza através do
protegida tempo tem produzido com área de carácter distinto com grande valor estético, ecológico ou
cultural e, frequentemente, com diversidade biológica e na qual a preservação da integridade
desta interacção tradicional é vital para a protecção, manutenção e evolução da área.

Área Protegida Para Gestão de Recursos

VI Área protegida Área que contem predominantemente sistemas naturais sem modificação, geridos para
para gestão de garantir a protecção a longo prazo, a manutenção da biodiversidade e a manutenção de um
recursos fluxo sustentável de produtos e serviços necessários para satisfazer, de forma sustentável, as
necessidades socioeconómicas das regiões circundantes.

Fonte: IUCN (1994)

No contexto moçambicano, a lei número 16/2014 de 20 de Junho estabelece princípios e normas


básicas sobre a protecção, conservação, restauração e utilização sustentável da diversidade
biológica nas áreas de conservação, bem como, o enquadramento de uma administração
integrada, para o desenvolvimento sustentável do país. A presente lei, classifica as Áreas
Protegidas em dois grandes grupos:

26
Tabela 6: Classificação das Áreas Protegidas no Contexto Moçambicano

Categorias de áreas protegidas

Designação Características e Objectivos

Áreas de Conservação Total

Áreas de domínio público, destinadas á preservação dos ecossistemas e espécies sem intervenção de extracção dos
recursos, admitindo-se apenas o uso indirecto dos recursos naturais com as excepções previstas na presente lei

Reserva natural integral É uma área de conservação total, do domínio público do


Estado, delimitada e destinada á preservação da natureza,
manutenção dos processos ecológicos, funcionamento
dos ecossistemas e das espécies ameaçadas ou raras.

Parque Nacional É uma área de conservação total, de domínio público do


Estado, delimitada, destinada a propagação, protecção,
conservação, preservação e maneio da flora e fauna
bravias, bem como, a protecção de locais, paisagens ou
formações geológicas de particular valor científico,
cultural ou estético, de interesse e para recreação pública,
representativos do património nacional. Admite-se nos
parques nacionais a presença do homem sob condições
controladas previstas no plano de maneio, desde que não
constitua ameaça à preservação dos recursos naturais e da
diversidade biológica;

27
Tabela 6: Classificação das AP’s no Contexto Moçambicano (continuação)

Monumento Cultural e Natural Os monumentos constituem áreas de conservação total de


domínio público do Estado, autárquico, comunitário ou privado,
contendo um ou mais elementos com valor natural, estético,
geológico, religioso, histórico ou cultural excepcional ou único,
em áreas inferior a 100 hectares que, pela singularidade e
raridade, exigem a conservação e manutenção da sua
integridade. São destinadas a: a) Proteger ou conservar
elementos naturais ou culturais específicos; b)Pproporcionar a
realização de actividades de ecoturismo, recreação, edução e
investigação científica; c) Garantir a preservação e produção
das espécies ou formações vegetais raras, endémicas, protegidas
e em via de extinção; d) Prevenir ou eliminar qualquer forma de
ocupação ou exploração incompatível com objecto da tutela de
monumento; e) Contribuir para o desenvolvimento económico e
social local, pela promoção do turismo e da participação das
comunidades locais nos benefícios resultantes dessas
actividades

Áreas de Conservação de Uso Sustentável

As áreas de domínio público e domínio privado, destinados à conservação, sujeito a um maneio integrado com permissão de níveis
de extracção dos recursos, respeitando limites sustentáveis de acordo com os planos de maneio.

Reserva Especial É uma área de conservação de uso sustentável, de domínio


publico do Estado. Delimitada e destinada á protecção de uma
determinada espécie de fáuna ou flora raras, endémica ou em
vias de extinção, ou que denuncie declínio, com valor cultural e
económico reconhecido.

Área de Protecção Ambiental É uma área de conservação de uso sustentável, de domínio


público do Estado. Delimitada e gerida de forma integrada,
onde a interacção entre a actividade humana e a natureza,
modelam a paisagem com qualidades estéticas, ecológicas,
culturais específicas e excepcionais, produzindo serviços
ecológicos importantes para os seus vizinhos.

28
Tabela 6: Classificação das AP’s no Contexto Moçambicano (continuação)

Coutada Oficial É uma área de uso sustentável, de domínio público do Estado.


Delimitada, destinada a actividades cinegética se a protecção de
espécies e ecossistemas na qual o direito de caçar é reconhecido
por via de contrato de concessão celebrado entre o Estado e o
operador. É permitido o uso de recursos florestais e faunísticos
por parte das comunidades locais, desde que realizado em
moldes sustentáveis com fins de subsistência.

Área de Conservação Comunitária Constitui uma área de conservação de uso sustentável, do


domínio público comunitário. Delimitada, sob gestão de uma ou
mais comunidades locais, onde estas possuem o direito de uso e
aproveitamento de terra, destinada á conservação da fauna e
flora e uso sustentável dos recursos naturais.

Santuário É uma área de domínio público do Estado ou de domínio


privado, destinada á reprodução, abrigo, alimentação e
investigação de determinadas espécies de fauna e flora.

Fazenda do Bravio É uma área de domínio privado vedado e destinada a


conservação de fauna, em que, o direito de caçar é limitado ao
respectivo titular do direito de aproveitamento da terra, ou
aqueles que deles houver autorização. Sendo que uns e outros,
carecem da respectiva licença emitida pela autoridade
competente.

Parque Ecológico Municipal


É uma área de conservação de uso sustentável de domínio
público autárquico, para a conservação de ecossistemas
sensíveis, no contexto urbano e de povoação. Tem como
objectivo: a) Proteger elementos da natureza cruciais para o
equilíbrio ecológico da autarquia local, incluindo terras
húmidas, mangais, encostas, dunas, áreas florestais; b) Proteger
e conservar espécies e ecossistemas endémicos, raros ou
ameaçados; c) Prevenir a ocupação arbitrária e a urbanização
descontrolada e desregrada dos espaços verdes localizados nas
autarquias locais; d) Contribuir para a qualidade de vida dos
munícipes; e) Estimular a educação ambiental, recreação e lazer
dos munícipes, bem como, a prática de ecoturismo.

Fonte: lei n. 16/2014 de 20 de Junho


29
De acordo com a presente pesquisa, as categorias citadas pela UICN, e descritas na tabela
anterior, a REM enquadra-se na categoria IV (Área protegida para gestão de habitats ou
espécies). Para o contexto moçambicano, e de acordo com a classificação da IUCN a REM
enquadra – se nas áreas de conservação de uso sustentável, que associa a conservação da
natureza à utilização controlada de recursos naturais.

Segundo Guambe (2012), a maior parte das AP’s em Moçambique são também designadas Áreas
de Conservação – AC’s. Foi estabelecida durante os anos de 1960 e inícios dos anos 1970.
Depois da independência nacional em 1975, foram criados os Parques Nacionais do Limpopo, o
parque Nacional das Quirimbas e a Reserva Nacional de Chimanimani. Conforme o artigo 3 da
lei numero 16/2014 de 20 de Junho, o regime jurídico estabelece conjunto dos valores e recursos
naturais existentes no território nacional e nas águas sob jurisdição nacional.

Pretende se, com as AP’s em Moçambique, conservar os ecossistemas, a diversidade biológica e


os recursos naturais para benefícios das gerações presentes e futuras (MITUR, 2006 citado por
Guambe 2012).

2.3. Ecoturismo
Do conjunto de actividades que se podem considerar turismo voltado à natureza, o segmento
específico que mais cresceu é o ecoturismo, que procura fomentar a sustentabilidade e a
preservação do meio ambiente natural. O ecoturismo, tem uma tendência crescente no mercado
mundial, e que usa de forma responsável os recursos naturais e culturais disponíveis no meio
ambiente, promovendo benefícios económicos e também contribuindo para preservação
ambiental dos lugares onde se desenvolve (Mieczkowsi, 1995) citado por (Marulo, 2012)

Segundo o Ministério do Turismo (2010), O termo ecoturismo foi criado no início da década de
1980. Trata-se de uma actividade turística desenvolvida em áreas naturais em que o visitante
procura alguma aprendizagem sobre os componentes do local visitado. Surgiu como um conceito
de actividade diferente, onde o turista também é responsável pelo ambiente e sociedade que
visita, em posição ao modelo de turismo de massa desenvolvido desde os tempos antigos, até
actualidade. O ecoturismo passou a ser popularizado, muito além de seus limites conceptuais,

30
para se tornar sinónimo de qualquer actividade em áreas naturais, desde o turismo educacional
até os desportos de aventura.

O ecoturismo, é um tipo de turismo que promove maior contacto do homem com a natureza e
com os seus habitats para sensibilizá-lo quanto à importância da preservação e da conservação do
meio ambiente e das tradições culturais, por meio de práticas e atitudes sustentáveis

Apesar de não ser uma ideia nova, ainda não existe um conceito científico para “ecoturismo”.
Diversos autores elaboram estudos sobre o conceptualizado do ecoturismo.

Fennell (2002) afirma que a variedade de enfoques usados para definir o ecoturismo foi
naturalmente dando espaço a muitos enfoques abrangentes usados para entender o termo. Em sua
concepção, Ziffer (19890) citado por Fennell (2002) identifica uma variedade de termos
descritivos como viagem na natureza, viagem de aventura e viagem cultural, que são
amplamente baseados em actividades, e também os termos que subentendem valores, como
turismo responsável, alternativo e ético, que levam em conta a necessidade de se considerar os
impactos e as consequências das viagens.

Algumas concepções de ecoturismo, encontram-se inseridas no contexto de ‘Turismo


alternativo” ou “turismo na natureza”.

De acordo com Fennell (2002), o turismo alternativo é um temo genérico que engloba toda uma
série de estratégias do turismo com o propósito de oferecer uma alternativa. O autor, indica que
turismo alternativo compreende o turismo sociocultural que inclui o turismo rural ou em
fazendas, em que uma grande porção da experiência turística é baseada no meio cultural que
corresponde ao meio ambiente em que a fazenda se situa. E o ecoturismo é menos cultural, cuja
orientação é bastante depende da natureza e dos recursos naturais como principais componentes
ou motivadores da viagem. Na tentativa de esclarecer ainda mais a questão, Fennell (2002)
apresenta os conceitos propostos por Goodwin (1996), a respeito de turismo de natureza e
ecoturismo, nomeadamente:

(i) O Turismo de Natureza que engloba todas as formas de turismo (turismo de


aventura, turismo de baixo impacto e ecoturismo) que utilizam recursos naturais de

31
forma selvagem ou não desenvolvida. Inclui espécies, habitats, paisagens, atracões
aquáticas de água doce e salgada. O turismo na natureza é uma viagem com objectivo
de apreciar as áreas naturais não desenvolvidas ou vida selvagem.

(ii) O Ecoturismo, refere-se ao turismo na natureza. De baixo impacto, que contribui


directamente na manutenção de espécie e habitats, por meio de uma contribuição e ou
indirectamente, produzindo rendimentos para as comunidades locais, para que
valorizem e, portanto, protejam suas áreas herdadas de vida selvagem como fonte de
renda.

Conforme Dias 2003) entende-se que o ecoturismo como uma viagem responsável que conserva
o ambiente natural e mantém o bem-estar da população local, deve ser praticado em pequenos
grupos.

Para Boo (1990) citado por Dias (2003) o ecoturismo é aquela modalidade de turismo que
consiste em viajar em áreas naturais relativamente pouco perturbadas pelo homem, com o
objectivo específico de admirar, desfrutar e estudar a sua paisagem, flora e fauna silvestre, assim
como, as manifestações culturais que se possam encontrar num determinado destinam.

Dias e Aguiar (2002) citado por Dias (2003) contrariam a ideia dos autores anteriores sobre a
definição do ecoturismo. O autor, explica que o ecoturismo não é somente uma viagem orientada
para a natureza. Também, constitui uma nova concepção da actividade, tanto prática social como
económica. Tem como objectivo melhorar as condições de vida das populações receptoras, ao
mesmo tempo que, preserva os recursos e o meio ambiente compatibilizando a capacidade de
carga e a sensibilidade de um meio ambiente natural e cultural com prática turística.

O Ministério do Turismo (2010) entende que o ecoturismo é um segmento de actividade turística


que utiliza de forma sustentável, o património natural e cultural, incentiva sua conservação e
busca a informação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente,
promovendo o bem-estar das populações envolvidas.

De acordo com Programa das Nações Unidas para o Ecoturismo – UNEP, 2002, (Albuquerque,
2004) afirma que o ecoturismo é definido de acordo com os resultados de desenvolvimento

32
sustentável a citar: Conservação de áreas naturais; Educação dos visitantes sobre sustentabilidade
e benefícios para a população local.

Tabela 7: Os Componentes do Ecoturismo

i) Contribuir para a conservação da biodiversidade;


ii) Manter o bem-estar da população local
iii) Incluir interpretação e experiencia de aprendizado;
iv) Envolver acções responsáveis por parte dos turistas e da indústria do turismo
v) Ser desenvolvido primeiramente para grupos pequenos, pelas empresas de pequena escala,
vi) Requer pouco consumo de recursos não renováveis
vii) Propiciar a participação da comunidade local, empresa e oportunidades de negócio para a população rural.

Fonte: UNEP, 2002 citado por Dias (2003)

Segundo Hetzer (1965) citado por Dias (2003), com base em ideias anteriores, aponta quatro
condições para um turismo responsável (ou alternativo):

1. Impacto ambiental mínimo;


2. Máximo respeito com as comunidades anfitriãs;
3. Máximo benefício económico para as comunidades locais do país anfitrião;
4. Máximo de satisfação recreativa para os turistas participantes.

O autor, afirma ainda que, se o turismo realizar ao menos essas quatro condições, poderia
constituir-se numa actividade saudável e compensadora para o turista. Um investimento com
resultados económicos para a área receptora e, manteria as características do meio ambiente.

Segundo Laskoski (2006) citado por Ntela (2013), muitos autores afirmam que a relação
existente entre o ser humano e natureza, resulta em impactos negativos ao meio ambiente.
Portanto, o ecoturismo deve ser caracterizado como uma actividade do turismo com finalidade de
conservar e desenvolver o meio ambiente utilizado na actividade.

De acordo com Ministério de Turismo (2010), em 1985 a EMBRATUR (Instituto Brasileiro de


Turismo) deu início ao “Projecto Turismo Ecológico”, tendo criado, dois anos depois, a
Comissão Técnica Nacional, construída conjuntamente com o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente (IBAMA), primeira iniciativa direccionada a ordenar o segmento. Em 1994, o

33
Ministério da Ciência e Tecnologia e o Ministério do Meio Ambiente, criaram “Directrizes para
uma Política Nacional de Ecoturismo”, com objectivo de representar o desenvolvimento da
actividade ecoturística de forma organizada e planificada, apresentando estratégias para as
seguintes acções:

 Regulamentação do ecoturismo;
 Fortalecimento e interacção interinstitucional;
 Formação e capacitação de recursos humanos;
 Controlo de qualidade do produto ecoturístico;
 Gestão de informações;
 Implantação e adequação de infra-estruturas;
 Incentivos ao desenvolvimento do ecoturismo;
 Conscientização e informação do turista;
 Participação da comunidade.

De acordo com a publicação anterior, intitulada Directrizes para uma Política Nacional de
Ecoturismo, o “ecoturismo” passou a se denominar e foi conceituada como:

“Um segmento da actividade turística que utiliza de forma sustentável, o património natural e
cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista por
meio da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações”. (Ministério de
Turismo 2010) Kobiyama (2003) citado por Albuquerque (2004) apresenta as diferentes formas
de ecoturismo possíveis de se desenvolver em áreas naturais e suas respectivas actividades no
âmbito do desenvolvimento do turismo

34
Tabela 8: Tipos de ecoturismo

Tipos de ecoturismo Actividades ecoturísticas

Ecoturismo Científico
Estudos e pesquisas científicas em Botânica, Arqueologia,
Paleontologia, Geologia, Zoologia, Biologia, Ecologia, etc.

Ecoturismo Educativo Observação da vida selvagem (fauna e flora), interpretação da


natureza, orientação geográfica, observação astronómica.

Ecoturismo Recreativo Caminhadas. Acampamentos, contemplação da paisagem,


banhos, mergulhos, jogos, brincadeiras, passeios montados, etc

Ecoturismo de Aventura Trekking, montanhismo, expedições, contactos com culturas


remotas, escalada, canoagem, rafting, bóia cross, rapel, surf,
vôo livre, etc

Ecoturismo Étnico Contactos e integração cultural do ecoturística com as


populações nativas que vivem em localidades remotas em
estreita relação com a natureza.

Ecoturismo naturista Prática do Nudismo ao ar livre e junto á natureza.

Fonte: Kobiyama (2003) citado por Albuquerque (2004)

O turismo no meio natural possui efeitos positivos e negativos. Proporciona benefícios, mas
também pode causar consequências que trazem problemas para a população local.

Os possíveis efeitos ou impactes da actividade turística sobre um ambiente natural são vários.
Contudo, não são necessariamente negativos, pode ser positivos, baseando se como impactes
económicos, ambientais e socioculturais da localidade visitada. Assim, há uma necessidade de
cuidar para que os efeitos negativos sejam controlados de forma que a área seja controlada e que
sejam gerados benefícios a todos os elementos envolvidos (a natureza e comunidade local).

O turismo praticado numa área natural, proporciona a conservação e manutenção do património


histórico, cultural e natural. Outra potencialidade inerente é a criação de mercado de consumo
local para os produtos de origem agrícola, oferecendo uma alternativa para complementar a

35
renda das famílias. A comunidade local, em geral, também é beneficiada pelas iniciativas de
expansão e consolidação do turismo no meio rural, através da realização de obras de melhoria da
infra-estrutura e pela criação dos serviços como o saneamento básico, pavimentação de estradas,
o acesso às telecomunicações, a recuperação de áreas degradadas, a conservação de parques e
reservas florestais (Campanhola & Graziano 1999, citado por Almeida & Riedl 2000).

Portanto, se a planificação e ordenamento nessa tipologia turística, não for bem desenhada, pode
acarretar diversos danos. A começar pela descaracterização da cultura local devido á
modificação dos padrões de sociedade tradicionais; A comunidade local, pode ser afectada pelo
aumento do tráfego de pessoas que pode não ser do agrado de todos; Outro possível impacto
pode ser o aumento de violência e do uso de drogas (Almeida & Riedl 2000).

Porem, César et al (2007) apresentam alguns possíveis impactes da actividade ecoturística,


baseados em alguns pesquisadores como (Wall, 1982; Bernaldez, 1992; Western, 1995; Lage e
Milone, 2001)

Impactes Económicos Positivos:

 Geração de emprego;

 Diversificação da economia regional, com criação de pequenos negócios;

 Fixação da população no local, evitando êxodo rural;

 Desenvolvimento e melhoria da infra-estrutura de transporte, comunicação, saneamento,


iluminação.

Impactes Económicos Negativos:

 Instalação de segundas de segundas residências, prejudicando espaços e fontes de renda


da população;

 Possíveis desvios dos recursos económicos gerados na localidade pelo envio de divisas
para fora dela, como por exemplo, pagamento de salários de trabalhadores de outras
cidades ou de produtos comprados fora do município;

36
 Aumento de preços de produtos;

 Especulação imobiliária.

Impactes Socioculturais Positivos:

 Valorização da herança cultural material e imaterial (festas, costumes, danças, culinária,


artesanato)

 Orgulho étnico;

 Intercâmbio cultural;

 Conservação de locais históricos, preservando a arquitectura local;

 Resgate e perpetuação de actividades típicas da comunidade;

 Fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.

Impactes Socioculturais Negativos:

 Descaracterização da vida social do local;

 Relacionamento precário entre turistas e moradores, gerando tensões;

 Aumento de problemas sociais como uso de drogas, prostituição e violência;

 Degradação do património histórico e cultural;

Impactes Ambientais Positivos:

 Diminuição do impacto sobre o património natural;

 Criação de alternativas de arrecadação para as áreas protegidas;

 Aumento da consciência da população local e dos turistas sobre a necessidade de


protecção do meio ambiente;

 Ajuda na conservação das áreas naturais;


37
 Conservação da biodiversidade;

 Melhoria da infra-estrutura nas áreas naturais;

 Maior fiscalização por parte dos moradores, turistas e órgãos competentes.

Impactes Ambientais Negativos:

 Poluição sonora, visual e auditiva;

 Desflorestamento;

 Introdução de espécies animais e vegetais exóticas;

 Prejuízos a espécies em seus hábitos alimentares, migratórios;

 Aumento na geração de lixo, esgoto e problemas com saneamento básico;

 Ocupação inadequada do solo.

Contudo, importa referir que, tanto os benefícios do ecoturismo, como os problemas são
potenciais, i.é, dependem fundamentalmente do modo como o planeamento, implantação e
monitoria foram organizados e realizados. Sabendo que o turismo em áreas protegidas pode
trazer consequências indesejadas, deve-se sempre ter em conta que há necessidade de constante
monitoria. Alem disso, alguns instrumentos de planeamento de uso das terras e a localização
mais adequada para certas actividades são importantes aliados na minimização de impactes do
turismo (Cesar et al 2012).

A sociedade Americana de Agencias de Viagens (AST- American Society of Travel Agencies)


desenvolveu alguns mandamentos de como os turistas devem se comportar em áreas protegidas,
a saber:

38
Tabela 9: Os dez Mandamentos de Ecoturismo

1. Respeitar a fragilidade da terra; Fazer o que for possível para ajudar a sua apresentação.
2. Deixar somente pegadas; Tirar somente fotografia, não deixar lixo.
3. Incentivar os esforços em relação a conservação do local; O turista deve se dar tempo para ouvir os residentes, respeitar
os costumes, os estilos e as culturas dos locais a visitar.
4. Respeitar a privacidade e a dignidade dos outros; Perguntar antes de fotografar as pessoas
5. Não comprar produtos de espécies da flora e da fauna, como o marfim, conchas de tartaruga, peles de animais e penas.
6. Seguir sempre caminhos assinalados, não perturbar animais, plantas ou seus habitats naturais.

7. Informar-se e apoiar programas conservacionistas e as organizações que trabalham para melhorar o meio ambiente.
8. Andar em silêncio e em pequenos grupos
9. Respeitar uma distância dos animais, evitando gerar stress
10. Incentivar organizações a subscrever directrizes ambientais para protegerem ligares e ecossistemas especiais.

Fonte: Dias (2003)

2.3.1. Princípios do Ecoturismo


Wood (2002) citado por Dias (2003) aponta os princípios elaborados pela Sociedade
Internacional de Ecoturismo (TIES) para orientar ONGs (Organizações não Governamentais) nos
negócios do sector privado, Governo e comunidades locais, com intuito de estabelecer
parâmetros para serem elaborados directrizes que atendam às realidades locais. Vede a tabela 10.

Tabela 10: Princípios do Ecoturismo

Princípios do Ecoturismo

1. Minimizar impactos negativos sobre a natureza e a cultura, que possam causar danos ao destino turístico,
atrelada a conservação e a educação ambiental
2. Conservar e usar sustentadamente os recursos naturais e culturais
3. Maximizar os benefícios económicos para as comunidades que vivem ao redor das áreas protegidas.
4. Envolver a comunidade local
5. Satisfazer a recreação máxima para os turistas.

Fonte: Dias (2003)

39
De um modo geral, Dias (2003), fala das principais características do segmento que inclui:

 Elementos educacionais e de interpretação;


 Procura reduzir todas as possibilidades de impactos negativos sobre o entorno natural e
sócio cultural;
 Contribui para a protecção das zonas naturais gerando benefícios económicos para as
comunidades;
 Oferecendo oportunidades alternativas de emprego e renda para as comunidades locais

2.4. Avaliação das Percepções dos Residentes Locais Sobre a Prática da Actividade
Ecoturística
A qualidade das relações entre as pessoas, depende em grande parte da capacidade de perceber
adequadamente o comportamento e a experiência do outro. Ribeiro (2009) afirma que as
características pessoais podem facilitar ou dificultar o processo perceptivo. Deste modo, o
indivíduo que busca maior consciência sobre si, sobre o outro e sobre o mundo, tem maior
probabilidade de perceber as situações e de se relacionar, diferentemente daquele que se
comporta de maneira rígida, preconceituosa, em fase dos valores dos outros, quando são
diferentes dos seus.

Ribeiro (2009) Sustenta que a partir da percepção do meio social e dos outros, organizam-se as
informações recebidas e relacionam-se com efeitos positivos ou negativos, o que pode ser
favorável ou desfavorável em relação às pessoas, situações ou objectos.

Em consideração do papel dos residentes para um boa estratégia de desenvolvimento turístico,


Carneiro e Eusébio (2010) citado por Lima (2012) defendem que os residentes são importantes
intervenientes da actividade turística. Pois, são os primeiros a serem afectados pelos impactos do
turismo nas suas comunidades.

Segundo Moscardo (2000) citado por Ribeiro (2009) entende que, os residentes das comunidades
podem mudar as suas atitudes com crescimento das actividades turísticas. No entanto, a maioria
dos residentes pode não participar ou beneficiar economicamente ou socialmente de forma
significativa no processo de desenvolvimento do turismo. Esse desenvolvimento pode provocar

40
uma variedade de impactes negativos e positivos entre os membros da comunidade. O turismo
esta relacionado com mudanças sociais e isso leva a um rápido e amplo crescimento,
representando avanços na comunidade, padrões de vida mais altos e um total enriquecimento
sociocultural que leva a percepções do bem-estar.

As comunidades locais com mais interesses comerciais no turismo, têm atitudes mais positivas
do que os outros residentes sem qualquer ligação ao sector em causa. Observa-se assim, que as
atitudes são apreendidas passivas de serem modificadas conforme o grau de envolvimento no
sector (Ribeiro, 2009).

Ap (1992) citado por Ribeiro (2009) sugere que os residentes avaliam o turismo nos termos da
mudança social, i.é, nos termos de benefícios, e no retorno dos serviços que prestam. As
comunidades locais são uma das componentes fundamentais para qualquer estratégia de
desenvolvimento turístico dos destinos. É necessário trabalhar com a comunidade, e não apenas
para a comunidade, deve ser qualquer estratégia de desenvolvimento turístico.

De acordo com Swarbrooke (2000) citado por Souza (2009), o envolvimento da comunidade no
planeamento e desenvolvimento do turismo nas regiões de destinos deve ser prevista, visando
minimizar os impactes negativos do turismo, bem como, aumentar motivação da comunidade em
relação á actividade.

De acordo com decreto 66/98/2008 comunidade local é agrupamento de famílias e indivíduos,


vivendo numa circunscrição territorial de nível de localidade ou inferior, que visa a salvaguarda
de interesses comuns através da protecção de áreas habitacionais, agrícolas, florestas, sítios de
importância cultural, pastagens, fontes de água e áreas de expansão.

De acordo com Reisinger e Tuner (2003) citado com Souza (2009), a percepção é definida como
o processo pelo qual o indivíduo atribui um significado a um determinado objecto, a um evento
ou uma pessoa encontrada no seu ambiente local. Chaui (1999) citado por citado por Bacha at al
(2006) sustenta que a percepção envolve toda a personalidade do sujeito, sua história pessoal,
efectividade, desejos e paixões.

41
Nesta perspectiva, as interacções que se estabelecem entre os residentes e os visitantes e a
importância da hospitalidade nos momentos de contacto entre eles, são factores essenciais para o
sucesso da actividade turística (Ko e Stewart, 2002 citado por Souza, 2009)

A actividade turística tem crescido de uma forma considerável nos últimos anos em
consequência da evolução dos transportes, da comunicação, dos avanços tecnológicos e
científicos. Neste contexto a maior interacção entre os indivíduos de diferentes nacionalidades
poderá ameaçar a destruição das culturas tradicionais e das sociedades, ou poderá representar
uma oportunidade para promover a paz, a compreensão e um maior conhecimento entre os
diferentes sociedades e nações (Brunt e Coutrney, 1999 citado por Souza, 2009).

De acordo com a revisão da literatura efectuada no âmbito da pesquisa em epígrafe, pode-se


observar uma forte percepção tanto de efeitos positivos, como negativos, nas dimensões
económica, social, cultural e ambiental. O turismo, é considerado um fenómeno gerador de
benefícios económicos tais como: melhorias nos rendimentos pessoais, aumento do emprego, dos
níveis de qualidade de vida, de infra-estruturas e equipamentos turísticos nos destinos turísticos.

Em relação aos impactos socioculturais do turismo, são identificados vários efeitos positivos
como a valorização do património cultural e das tradições locais. Por outro lado, as comunidades
locais acreditam que a actividade turística proporciona mudanças desfavoráveis para os destinos
turísticos, nas crenças e ritos locais, propagação de doenças, aumento da prostituição,
criminalidade, drogas e congestionamento de trânsito. Os residentes têm também identificado
efeitos ambientais positivos do turismo, no que concerne à conservação do património natural
(Anderecketal, 2005 citado por Souza, 2009). Porém, os residentes identificam igualmente,
aspectos negativos ambientais tais como: Poluição do ar, Da água, Poluição sonora, Vandalismo
e destruição de vida selvagem (Archer e Cooper, 2002).

42
Tabela 11: Quadro Resumo das Percepções das Comunidades Locais dos Impactos do
Desenvolvimento da Actividade Ecoturística
Dimensões Natureza Impactes Fontes
Aumento do emprego
Criação pequenos negócios
Aumento do rendimento
dos residentes
Aumento da procura de Agnal (2012); Cesar et al, (2007); Dias
produtos locais (2003)
Melhoria de condição de
vida
Económicos Positivos Aumento de investimentos
na comunidade
Aumento do preço dos Cesar et al, (2007);
produtos/custo de vida
Negativos
elevada

Melhoria de infra-estruturas
Intercâmbio cultural
Aumento da
disponibilidade de água Cesar et al, (2007); Sousa, (2009);
potável Portuguez, et al (2006); Bahl, (2014)
Socioculturais Positivos Valorização e promoção
das tradições locais
Acesso a educação e a
formação profissional
Promove o envolvimento
das comunidades na gestão
da reserva

43
Tabela 11. Quadro resumo sobre as percepções das comunidades locais dos impactos do
desenvolvimento da actividade ecoturística (continuação)

Alteração dos hábitos,


costumes e modos de vida
Socioculturais Negativos
da comunidade
Perda de identidade cultural
Aumento da criminalidade

Aumento do consumo de
álcool e drogas
Diminuição da paz e
Cesar et al, (2007); Sousa, (2009);
tranquilidade
Almeida & Riedl (2000)
Aumento da prostituição
Desvalorização da cultura

Cesar et al, (2007); Archer & Cooper,


Positivos Diminuição da caça furtiva (2002); Portuguez, et al (2006); Almeida
& Riedl (2000)
Degradação do meio
ambiente
Ambientais Aumento da poluição do
ambiente Almeida & Riedl (2000); Cesar et al,
Modificação da paisagem (2007); ); Archer & Cooper, (2002);
biodiversidade
Aumento do lixo, poluição
Negativos
das águas dos rios e lagos

aumento da pesca ilegal

Perturba os percursos
migratórios dos animais
selvagens na reserva

As percepções dos residentes sobre os impactes do turismo, são portanto, resultado de seus
julgamentos, opiniões e expectativas face ao desenvolvimento do turismo.

Haralambopoulos e Pizam (1996) citado por Souza (2009) defendem que quanto maior nível de
habilitações literárias dos residentes, maior serão as percepções dos impactes positivos do
44
turismo. No entanto, Andriots & Vaughan (2003) citado por Souza (2009), concluíram que
quanto mais habilitações literárias possuíam os residentes, menor serão suas percepções em
relação aos impactes positivos do turismo.

Com base nos argumentos descritos anteriormente, fica claro que os residentes, são importantes
nos destinos turísticos. No entanto, se a estratégia de desenvolvimento turístico não permitir um
desenvolvimento sustentável do destino, os residentes podem passar a desempenhar um papel
prejudicador da indústria turística. Uma das principais formas em que se poderá traduzir a atitude
dos residentes face ao turismo é através do nível de contacto social que estabelecem com os
visitantes (Eusébio e Carneiro, 2010) citado por ( Guambe, 2014).

45
CAPITULO III – METODOLODIA

3.1.Tipo de pesquisa
A presente pesquisa pode ser caracterizada de diversas maneiras conforme os pontos abaixo:

a) Quanto a Forma de Abordagem do Problema: A pesquisa é mista do tipo quantitativa e


qualitativa. Segundo Strauss & Corbin (1990) citado por Ntela (2012) a pesquisa qualitativa é
definida como sendo aquela cujos resultados obtidos não são provenientes dos procedimentos
estatísticos e outros de quantificação. De referir que, as pesquisas qualitativas não precisam
apoiar-se na informação estatística, enquanto que, a pesquisa quantitativa busca traduzir em
números as opiniões e informações da amostra para classificá-los e analisá-los, de uma forma
descritiva (Dencker, 1998).

b) Quanto aos Objectivos da Pesquisa, trata-se de uma pesquisa exploratória-descritiva, que


visa avaliar o nível de percepção das comunidades locais sobre os efeitos da prática de
actividades ecoturísticas na Reserva Especial de Maputo.

De acordo com Teixeira (2010) citado por Selltiz (1975) a pesquisa exploratório é aquela que
proporciona maior familiaridade com o problema ou conseguir nova compreensão dele, com
vista a torna-lo explícito e a construir as hipóteses. Enquanto que a descritiva visa descrever o
objecto de estudo ou o problema examinado, com base nas conclusões da pesquisa exploratória.

c) Quanto aos procedimentos técnicos da pesquisa: recorremos estudo de caso; Segundo (Gil,
1989) é caracterizado pelo estudo exaustivo de um ou poucos objectos, de maneira a permitir
conhecimento amplo e detalhado do mesmo. No caso vertente do trabalho, foi tomado como caso
a Reserva Especial de Maputo.

3.2.Técnicas e Instrumentos de Recolha de Dados

3.2.1. Técnicas de Recolha de Dados


A técnica utilizada para a recolha de dados foi o inquérito por questionário. Para a presente
pesquisa, entende-se por questionário, uma técnica de investigação composta por um conjunto de
questões, submetidas a pessoas com propósito de obter informações sobre conhecimento,

46
crenças, sentimentos, valores, interesses, expectativas, aspirações, temores, comportamento
presente ou passado (Gil, 2008).

O principal objectivo do questionário em análise, foi avaliar o nível de percepções dos


residentes e colaboradores sobre efeitos que o desenvolvimento da actividade ecoturística tem
sobre a REM e as suas comunidades. O questionário apresenta inúmeras vantagens, e destacam-
se as seguintes: Não exige treinamento dos pesquisadores; Garante o anonimato para as
respostas; Permite que os inqueridos respondam no momento em que julgarem conveniente.

3.2.2. Instrumentos de recolha de dados


A recolha de dados decorreu durante o mês de Abril de 2016. O instrumento de recolha de dados,
foi o questionário com perguntas abertas e fechadas direccionadas aos responsáveis pela gestão
da Reserva Especial de Maputo e para as Comunidades, juntamente com os dados secundários.
Para avaliar o nível de concordância e discordância, foram elaboradas questões do tipo Likert,
numa escala de 1 a 5, onde 1 significa “discordo plenamente”, 2 significa “discordo”, 3 significa
“ não concordo nem discordo”, 4 significa “concordo” e 5 significa “concordo plenamente”.

3.2.3. População e amostra


População

De acordo com Marconi & Lakatos (2003,) População é o conjunto de seres animados ou
inanimados que apresentam pelo menos uma característica em comum.

A população em estudo é constituída por colaboradores e residentes da Reserva Especial de


Maputo, cujo universo é de 55 elementos distribuídos entre as comunidades de (Muvukuza,
Madjedjane, Tsolombane e Mapuluko). Segundo informações recolhidas no local, a comunidade
de Mabuluko, é constituída num total estimado em 430 habitats; A população de Muvukuza, com
124 habitantes, a comunidade de Madjedjane com 640 habitantes e por fim a comunidade de
Tsolombane com 325 habitantes.

47
Amostra

Para Marconi & Lakatos (2003, p. 223) “amostra é uma porção ou parcela, convenientemente
seleccionada do universo (população); é um subconjunto do universo”.
Existem dois tipos de amostragens teoricamente utilizadas, nomeasdamente: Técnicas de
amostragem probabilística e; Técnica de amostragem não probabilística.

Entende-se por técnica de amostragem probabilística quando qualquer membro de uma


população alvo tem uma mesma probabilidade de ser incluída na amostra (Mutimucuio, 2008) e;
Amostras não probabilísticas quando os respondentes forem escolhidos porque eles são
facilmente acessíveis ou os pesquisadores têm alguma justificativa por acreditar que eles são
representativos da população (Mutimucuio, 2008). No caso em estudo, escolheu-se a técnica de
amostragem intencional, que segundo Mutimucuio (2008), envolve obter respostas de pessoas
que estão disponíveis e dispostas a participar. Essa técnica foi aplicada a toda a população
inquirida (residentes e colaboradores). A dimensão da amostra corresponde ao número de
inquiridos que se conseguiu obter durante o período em que foi realizado o trabalho de campo.
Para o efeito, aplicou-se o questionário, aos residentes/colaboradores. O mesmo foi aplicado para
as seguintes comunidades: Muvukuza, N= 10, com 124 residentes, Tsolombane, N= 15, com 325
residendes, Madjedjane, N= 18, com 640 residentes e Mabuluko, N=12 com 430 e total dos
inquiridos é de 55 pessoas. O número total dos inquiridos foi bastante reduzido pelo facto da
indisponibilidade dos inquiridos, baseada em seguintes motivos: As mulheres sempre ocupadas
na machamba e logo que regressam, há grande preocupação em preparar e proporcionar refeições
à família. Os homens na pesca e na machamba, outros demonstrado indisponibilidade pelo facto
do inquerito não proporcionar qualquer benefio, quer material ou financeiro; Outra grande razão
consistia na distância que separam as famílias uma das outras.

48
3.3.RESERVA ESPECIAL DE MAPUTO

3.3.1. Localização
O REM fica localizado no Distrito de Matutuine, Província de Maputo na região Sul de
Moçambique, a sul da península de Machangulo. As suas fronteiras actuais são a Baia de Maputo
no norte; Oceano Indico no Este; Rio Maputo, Rio Futi e uma Linha de 2km a Este da estrada de
Salamanga; Ponta do Ouro no Oeste, a extremidade sul do lago Xingute e o limite sul do lago
Piti no Sul.

A REM, conta actualmente com administração do Sr. Armando Guenha. Antigamente, era
denominada Reserva de Elefantes de Maputo, cujo objectivo de conservação estava
especialmente relacionado com a conservação dos elefantes.

Figura 1: Antigamente chamada Reserva Especial de Elefantes

Fonte: Elaboração própria (2006)

Segundo a Direcção Nacional de Áreas de Conservação”DNAC” (2009), a REM foi criada a 23


de Abril de 1932, com objectivo de proteger a população de Elefantes da área. Foi categorizada
como Reserva Especial de Maputo a 09 de Agosto de 1969, pelo diploma legislativo n. 29/03
passando a proteger todas espécies de animais, plantas e respectivos habitats, sendo proibida a
caça dentro da reserva.

49
Figura 2: Actualmente chamada Reserva Especial de Maputo

Fonte: Elaboração própria (2016)


O corredor Futi, ligando a área central da REM dentro de Moçambique com Parque de Elefantes
de Tembe dentro da África do Sul, está localizado entre o rio Maputo no Oeste e o Oceano
Indico no Este. Seu principal objectivo, consiste na ligação ecológica destinada á gestão de uma
vida selvagem alargado e gestão de habitats.

Figura 3: Mapa da Reserva Especial de Maputo

Fonte: DNAC (2009)


50
A REM dista à 75km da Cidade Capital (Maputo). Acede-se, atravessando a baía de Maputo para
Catembe, num período de cerca de 15/20 minutos do cais de Maputo, ou pela entrada via Boane,
numa viagem de cerca de 130 km.

3.3.2. Caracterização Demográfica


A Reserva Especial de Maputo e a Reserva Marinha Parcial da Ponta do Ouro (RMPP) afectam
24 comunidades, algumas das quais vivendo dentro da REM, Embora a maior parte viva na zona
tapão da REM.

Figura 4: Localização das comunidades

Fonte: DNAC (2009)

51
Solos, Clima e Vegetação

Predominam na REM dois tipos de solo, nomeadamente: Arenosos e argilosos. O clima é quente
Húmido (Outubro a Março com temperatura que variam entre os 26 graus e os 30 graus) e o
inverno frio e seco (Abril a Setembro com temperaturas que variam entre os 14 graus e os 26
graus). A Vegetação é constituida por um mosaico único de variados ecossistemas, incluindo:
Mangais, vegetação das dunas, postos com árvores, mosaico de floresta, floresta de área, savana,
vegetação da fluvial Futi, e florestas de Eucalipto Artificial.

Caracterização socioeconómica e cultural da REM

Neste ponto, são referidos aspectos relativos a cultura e tradições das comunidades da REM,
obtidas através do método de observação e entrevistas, durante a investigação.

As comunidades apresentam uma variedade de uso de solo, sendo que, estes incluem aspectos
como: agricultura, actividade rural (gado e caca de animais), turismo, comércio e alojamento. A
maioria destas actividades ocorre ao longo do Rio Maputo e algumas espalhadas ao longo da
entrada de Ponta do Ouro – Salamanga, com iniciativas de alojamento perto das áreas centrais do
turismo, como a Ponta do Ouro e Ponta Mangane.

Segundo a DNAC (2009) as instalações de ensino dentro da REM e arredores, variam desde
escolas de sala única construídas com recurso a material local (caniço), e também estruturas
escolares de tijolo fornecidas pelo governo.

Figura 5: Escola Primária de Madjedjane

Fonte: Elaboração própria (2006)

52
A disponibilidade de água é bastante reduzida, não obstante em casos salúbre, o que a torna
inapropriada para o consumo. Algumas comunidades são beneficiárias de fontes de água para o
consumo doméstico, animais e regadio. Abastecida em fontenários, através de bombas manuais.,
conforme ilustra a figura:

Figura 6: Abastecimento de água nas comunidades

Fonte: Elaboração própria (2016)

As principais fontes de rendimento das populações locais circunescrevem-se em: Pesca,


agricultura, pecuária, caça dentro e fora da REM, corte de caniço, produção de esteiras. A
principal actividade é a agricultura de subsistência, cujas principais culturas são: O milho,
amendoim, mandioca e a batata-doce.

A agricultura na REM, é praticada por homens, mulheres e crianças. Sendo os homens


responsáveis pelo sustento da família, a mulher aquela que trata dos filhos, da casa e do cultivo,
produção de esteiras, busca de água e lenha.

A base da alimentção é maioritariamente de mariscos (peixe) retirado das lagoas e rios, de


acordo com a figura a baixo

53
Figura 7: Lagoas onde fazem a pesca e tiram palhas para o fabrico de esteiras

Fonte: Elaboração própria (2016)


O plano de Maneio da REM (2010-2014) conta com quatro sectores dentre eles:

I. Sector de conservação e Manutenção, cujo objectivo consiste em promover o suporte


logístico da reserva para permitir que os outros sectores funcionem adequadamente, se efectua o
trabalho rotineiro de conservação;
II. Sector da fiscalização cujo objectivo assenta em suportar a conservação da biodiversidade da
reserva por prevenção do uso sustentável e dos recursos naturais, queimadas descontroladas e
protecção de pessoas, colheitas e animais domésticos através de controlo dos animais
problemáticos.

De acordo com o chefe da fiscalização Sr. Natércio Ngovene, actualmente, têm se notado com
mais frequência, a caça furtiva dentro da reserva. Uma das formas utilizadas para a
sensibilização das comunidades é a realização de palestras pelos responsáveis da área, que
explicam as comunidades as consequências que a prática pode causar.

54
Figura 8: Imagem ilustrativa de uma palestra de sensibilização dos residentes sobre a caça
furtiva e entrega de armas aos responsáveis do sector da fiscalização para proteção na
comunidade de Tchia

Fonte: Elaboração própria (2016)


De acordo com o Sr. Natércio Ngovene, o sector da fiscalização conta com oito postos a citar:

a. Massala & Manhoca, cujas Funcões são da protecção de material;


b. Gueveza & Phuza, estes zelam pela protecção dos recursos naturais;
c. Zuali & Gala, responsáveis pela fiscalização de receitas advindas de entrada dos turistas na
reserva;
d. Marco – Viana, guarnição e fiscalização
e. Brigada posto móvel encontra-se localizada no acampamento principal da reserva tem a
função de controlar as actividades ilegais, o cumprimento de tarefas dos postos fixos
particularmente de patrulhamento.

III. Sector da comunidade, cujo objectivo visa promover a colaboração entre a comunidade e a
reserva, através da participação das comunidades na gestão da reserva, resolução de conflitos e
promoção do uso sustentável dos recursos pela comunidade. De acordo com o Sr. Tiago Nhazilo,
representante do sector da comunidade, a REM conta com total de 24 comunidades. Em 2007, o
sector deu início a implementação de algumas estratégias de desenvolvimento comunitário, que
consistem em identificar as comunidades que estão afectadas pela conservação, i.é, comunidades
cujas formas de vida, dependem dos recursos naturais (caca, pesca, extracção de carvão e de

55
medicamentos tradicionais); Identificar como cada comunidade é afectada pela conservação,
com a finalidade de identificar projectos alternativos de sobrevivência; Organizar as
comunidades para participar na gestão de recursos da reserva e criar a ligação entre as
comunidades e a reserva.

O sector comunitário está sob gestão de uma organização independente (Peace Parks Foundation
– PPF), uma organização não-governamental de origem Sul-africana que abrange África e Ásia,
cujo objectivo principal é a criação de parques transfronteiriços onde os animais podem circular
livremente de uma fronteira a outra sem quaisquer constrangimentos. Para o efeito, tinham que
se implementar algumas estratégias de desenvolvimento comunitário com o objectivo de criar
condições alternativas de sobrevivência ou de vida para as comunidades que sofrem restrições no
acesso aos recursos naturais devido as necessidade da sua conservação.

Com a conclusão de áreas de conservação transfronteiriça e, a movimentação de animais de um


lado para o outro, por sinal, ferozes que cruzam a fronteira para a reserva de Tembe e,
considerando a existência de residências dentro do REM, há grandes possibilidades de conflito
entre homem fauna bravia, facto que desencentiva qualquer actividade.

Com tudo, todo desenvolvimento de projecto comunitário acontece fora da reserva. As


comunidades que se encontram dentro da Reserva não gozam dos benefícios dos projectos
comunitários; A razão, consiste em desencentivar a permanências das comunidades dentro da
reserva e busquem locais mais seguros para se estabelecerem. Assim, a estratégia identifica
alternativas de vida para as comunidades e as melhores formas de como as cominidades podem
contribuir na gestão sustentável dos recursos naturais.

IV. Sector do Turismo, com objectivo de promover o desenvolvimento e, apropriada gestão do


turismo na reserva, de acordo com os objectivos do turismo; Gerar receitas para o fundo do
maneio da reserva e criar benefícios para as comunidades locais. O sector zela pela entrada, saída
de turistas e controle das taxas e dados estatísticos de entrada e saída dos turistas na REM.
Segundo o Mestre Eurico da Paixão, responsável no sector do Turismo a REM recebe mais
turistas nos feriados e finais de semana de diversas nacionalidades, e as que mais se destacam
são: Turistas de nacionalidade Moçambicana; Sul-Africana e Norte-americano.

56
Importa referir que, a maioria dos turistas são provenientes de África do Sul; Os tempos baixos
tem se verificado nos meses de (Janeiro, Fevereiro, Maio, Junho, Julho, Agosto) e os tempos
altos nos meses de (Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro);

A REM possui um vasto leque de atracões turísticos, oferecendo potencial para se tornar num
destino privilegiado. Destacam-se se praias e baías espectaculares na costa do indico; lagos
interiores e ecossistemas enriquecidos pelos deltas dos rios Futi e Maputo; Baia de Maputo e
zonas de mangal; Rico em pássaros e outras aves; Diversas praias ao longo da costa (Ponta
Chimukane, Ponta Membene, Ponta Mili Bangalala e Ponta Dobela); Diferentes paisagens
(florestas de solo arenoso, florestas de terras húmidas, florestas dos pântanos, comunidades de
mangais, vegetação de dunas); lagoas (Piti, Maunde, Nela, MachaiChinguti); Lugares sagrados e
culturais (favoráveis ao turismo cultural), conforme as figuas abaixam:

Figura 9: Fauna e Flora

Fonte: Elaboração própria (2016)

57
Figura10: Praias e lagoas

Fonte: Elaboração própria (2016)

3.3.3. Participação das Comunidades nas Actividades Sustentáveis


A REM conta com um projecto de partilha de benefícios com as comunidades (20% da receita) e
todas são beneficiadas. A comunidade receptora usa esses fundos para projectos e actividades
que consideram necessários e oportunos. O turismo é considerado uma excelente oportunidade
para contrair os impactos causados nas comunidades locais com a criação e gestão das iniciativas
de conservação. A parceria Chemukane com PPF é um dos projectos que tem beneficiados
positivamente as comunidades na REM. O nome do projecto é (Pousada de Mato de Luxo de
Chemukane), tem como beneficiários as comunidades de (Mabuluko, Tsolombane e Muvukuza).
É um projecto concebido e identificado como opção para mitigar os impactos negativos nas
comunidades locais que vivem ou utilizam os recursos da área, resultantes das restrições ao uso
de recursos naturais. O projecto visa desenvolver actividades de ecoturismo sustentável, com
particularidade do envolvimento das comunidades, através da participação nos resultados. Estes,
que observam e consideram-se positivos. Pois, oferecem oportunidades de formação profissional,
emprego em diversas áreas como (carpinteiros, cozinheiros, serventes, alfaiates, electricistas,
agricultores, pescadores, entre outros).
58
Figura 11: Formato de casas turísticas da Pousada de Mato de Luxo de Chemukane

Fonte: Elaboração própria (2016)

Figura 12: Serviços prestados pelas comunidades nas estâncias turísticas

59
Fonte: Elaboração própria (2016)

60
CAPITULO IV - ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS
O presente capítulo, analisa as percepções dos residentes locais e colaboradores da Reserva
Especial de Maputo; Os efeitos do desenvolvimento das actividades ecoturísticas e seus
impactos.

Para a leitura dos dados recolhidos no âmbito do inquérito á população residente, efectuou-se a
sua codificação na ferramenta informática SPSS.

Através do SPSS, apresentam-se as características da amostra (residentes e colaboradores da


Reserva) inquiridos no âmbvito da pesquisa. As variáveis, circunescrevem em: i) Nacionalidade
dos residentes e colaboradores; ii) Sexo; iii) Idade; iv) Estado Civil e; v) Profissão.

Nacionalidade

No que concerne a nacionalidade, todos inquiridos são Moçambicanos.

Tabela 12: Sexo

Frequency Percent Valid Percent Cumulative


Percent
Masculino 35 63.6 63.6 63.6
Feminino 20 36.4 36.4 100.0
Total 55 100.0 100.0

A partir da tabela, observa-se que, do universo dos inquiridos predomina o género masculino
representados em 63.6% das observações em relação ao género feminino com 36.4%. Assim,
pode se infirir que a amostra para a pesquisa em epígrafe, é constituída maioritariamente pelo
géro masculino.

61
Gráfico 1:Idade

No que concerne a idade dos inquiridos, os dados revelam que 12.7% da amostra é constituída
por indivíduos com idades compreendidas entre 18-28 anos de idade. 36.4% Constituída por
indivíduos com idades compreendidas entre 29-39 anos, e constitui a percentagem mais elevada.
25.5% dos inquiridos, constituída por indivíduos com idades compreendidas entre 40-50 anos;
18.2% indivíduos com idade compreendidas entre 51-61 anos e, finalmente, 7.3% com idade
superior a 61 anos.

62
Tabela 13: Habilitações literárias/ Grupos Profissionais

Habilitações Académicas Total


Grupos de Profissionais Nenhuma Ciclo do Ensino Ensino
Ensino Básico Secundário Superior
Agricultor/(a)
9 3 0 0 12

Pescador/(a) 8 2 1 0 11

Artesão
3 0 1 0 4
Estudante 0 0 3 0 3
Reformado 1 0 0 0 1
Procura o Primeiro
1 0 0 0 1
Emprego
Outra Profissão 9 3 10 1 23
Total 31 8 15 1 55

Com base na tabela a cima, a maioria dos inquiridos, é constituída por analfabetos (sem nenhuma
habilitação literária), observados em número de 31, correspondentes a 56.4% do universo dos inquiridos,
cuja sua principal actividade é a agricultura e outra oucupação nao especificada.
A Seguir, destacam-se indivíduos com nível básico de escolaridade, representados em número de
8 indivíduos que correspondem a 14.6%. Depois 15 observações, sendo 3 estudantes
correspondendo a 27.2% e, finalmente ensino suoperior representado em 1 observação.

63
Tabela 14: Estado civil

Frequ Percent Valid Cumulative


ency Percent Percent
Solteiro/a 12 21.8 21.8 21.8

União de Facto 33 60.0 60.0 81.8

Casado/a 2 3.6 3.6 85.5


Divorciado/a 2 3.6 3.6 89.1
Viúvo/a 6 10.9 10.9 100.0
Total 55 100.0 100.0

O estado civil “união de factos” nos inquiridos abrange 33 casos que reflecte a sua maioria com
60%. De seguida solteiros com 12 casos correspondendo a 21.8% e encontra-se com os mesmo
número de casos o estado civil dos casados e viúvos com 2 casos para cada que equivale a
3.66%para cada caso.

Tabela 15:Tempo de residência

Frequenc Percent Valid Cumulative


y Percent Percent
6-10 Anos 2 3.6 3.6 3.6

Mais de 10 anos 53 96.4 96.4 100.0

Total 55 100.0 100.0

64
Todos inquiridos, que compõem a amostra completa em 100%, é composta por habitantes com
tempo de residência superior a 6 anos, sendo 96.4 % residentes na comunidade, há mais de 10
anos.

Análise das opiniões sobre o turismo


Gráfico 2: Envolvimento pessoal no sector do turismo

Num universo de quatro comunidades, a comunidade em que os inquiridos possuem menor nível
de envolvimento com o turismo é a de Muvucuza cuja amostra de total é de 10 residentes com
cerca de 80%. Somente um número pequeno dos residentes inqueridos é que tem envolvimento
no sector do turismo. De seguida a comunidade de Tsolombane com 60% dos residentes
envolvidos a comunidade Mabuluko e Madjedjane com menor percentagem no envolvimento do
turismo.
A comunidade com maior envolvimento no sector do turismo é a de Madjedjane com pouco
mais de 60%,isto é, no total dos 18 inquiridos a maioria tem algum envolvimento seguido da
comunidade de Mabuluko com pouco menos de 60%, a comunidade de Tsolombane com 40% e
por fim a comunidade de Muvucuza com 20% do seu envolvimento no sector.

65
Gráfico 3: Opinião sobre o desenvolvimento do turismo na REM

Quanto à opinião sobre Turismo, é aprovada com maior intensidade na comunidade de


Muvucuza com assinalação “muito bom” afirmada por 6 inquiridos numa amostra de 10
residentes, o que corresponde a 60% e “bom” afirmada por 4 inquiridos, correspondente a 40%.
que provêm da amostra em estudo.
Quanto às comunidades de Mabuluko e Madjedjane há a destacar que tem 50% com uma
indiferença relativamente ao turismo sendo a pior apreciação proveniente da comunidade de
Madjedjane

Gráfico 4: Actividades prioritárias para o desenvolvimento local na REM

66
Madjedjane é a única comunidade que não considera prioritária a actividade de Turismo está
mais apegada a agricultura e pecuária com quase 80% das respostas que corresponde a 17
inquiridos, Muvucuza é a única comunidade que demonstra maior interesse na área do turismo
com cerca de com 60% das respostas que correspondem a 4 inquiridos num universo de 10
residentes; A comunidade de Mabuluco olha a agricultura e pecuária como actividades
prioritárias para o desenvolvimento da comunidade com 60% em relação ao turismo com 40%;
Por fim a comunidade de Tsolombane também acha que a agricultura e pecuária são as
actividades prioritárias para o seu desenvolvimento.

Gráfico 5: Opinião sobre a importância do turismo para o desenvolvimento da comunidade

A comunidade de Muvucuza demonstra um reconhecimento alto da importância do Turismo com


uma intensidade maior no “importante” e Muito importante” com 50% correspondente 5
inquiridos por cada variável. Madjedjane mostra-se a que expressa menor intensidade quanto a
importância do Turismo, sendo que os que acham o turismo importante são os que têm algum
envolvimento no sector e os que não tem nenhum envolvimento mostram um desinteresse total
alegando que não vêm nenhum benefício da sua prática como actividade sustentável; Para a
comunidade de Tsolombane e Mabuluco só os que tem ligação directa com o turismo é que
sabem da sua importância para o desenvolvimento da comunidade

67
Tabela 16: Impactes económicos, socioculturais e ambientais

Tipo Natureza Impactes N Média Desvio padrão


Aumento do
55 4.22 917
emprego
Criação
pequenos 55 3.55 959
negócios
Aumento do
rendimento dos 55 3.31 742
residentes

Económicos Positivos Aumento da


procura de 55 3.27 827
produtos locais
Melhoria de
55 3.22 738
condição de vida
Aumento de
investimentos na 55 2.8 951
comunidade
Aumento do 55 3.71 737
preço dos
Económicos Negativos
produtos/custo de
vida elevada

Melhoria de 55 2.84 1.032


infra-estruturas
Intercâmbio 55 1.76 1.088
cultural
Aumento da 55 3.29 1.356
Socioculturais Positivos disponibilidade
de água potável
Valorização e 55 2.55 1.119
promoção das
tradições locais

3.53 1.303

68
Acesso a 55
educação e a
formação
profissional
Promove o 54 3.87 1.15
envolvimento
das comunidades
na gestão da
reserva
55 2.04 981

Alteração dos
hábitos,
costumes e
modos de vida da
comunidade
Socioculturais Negativos Perda de 54 1.57 767
identidade
cultural
Aumento da 55 1.51 814
criminalidade
Aumento do 55 1.45 741
consumo de
álcool e drogas
Diminuição da 55 1.53 836
paz e
tranquilidade
Aumento da 55 1.93 1.884
prostituição
Desvalorização 55 1.87 1.055
da cultura

Ambientais Positivos Diminuição da 55 3.98 593


caça furtiva

Degradação do 55 55 772
meio ambiente

69
Aumento da 55 3.80 59
Negativos poluição do
Ambientais
ambiente
Modificação da 55 3.96 816
paisagem
biodiversidade
Aumento do lixo, 55 3.6 935
poluição das
águas dos rios e
lagos

Aumento da 55 3.44 918


pesca ilegal
Perturba os 53 4.04 919
percursos
migratórios dos
animais
selvagens na
reserva

4.1.Análise sobre os aspectos positivos e negativos na dimensão Económica, Social, e


Ambiental
Quanto aos aspectos económicos positivos, constata-se uma forte percepção em relação aos
impactes com benefícios económicos, tais como: “aumento do emprego dos residentes” (média
=4.22), “o turismo permite criar pequenos negócios para os residentes” (média=3.55), “aumento
do rendimento dos residentes” (média=3.31), “ aumento da procura de produtos locais”
(média=3.27), “melhoria de condições de vida” (média=3.22), “investimento na comunidade”
(média=2.8). Estes resultados permitem afirmar que o desenvolvimento das actividades
ecoturísticas na reserva contribui para o desenvolvimento das comunidades, na medida em que,
com os pequenos rendimentos que os residentes obtêm, conseguem satisfazer básicas como:
saúde, educação e alimentação. “O aumento do preço dos produtos e custo de vida elevada de
vida” (média=3.71), percepcionados como efeitos económicos negativos. Os impactes
socioculturais positivos figuram a “melhoria de infra-estrutura” (média=2.84), “intercâmbio
cultural” (média=1.76), “aumento da disponibilidade de água” (média=3.29), valorização e
promoção das tradições locais” (média=2.55), “promoção a acesso á edução e formação

70
profissional” (média=3.53), “promove o envolvimento das comunidades na gestão da reserva”
(média=3.87). Analisando os impactes socioculturais positivos, observa-se que em termos
globais os residentes consideram não haver nenhuma interacção com turista devido a inexistência
de algum programa que incentiva os residentes a organizarem actividades culturais e para os
próprios turistas. Da percepção dos efeitos socioculturais negativos, sublinham-se “alteração de
hábitos e costume” (média=2.04), “perda de identidade cultural” (média=1.57), “aumento da
criminalidade” (média-1.51), ‘aumento de consumo de álcool e droga” (média=1.45),
“diminuição da paz e tranquilidade” (média=1.53), “aumento da prostituição “ (média=1.93),
‘desvalorização da cultura” (média=1.87), consoante a esses resultados os residentes não
mostram nenhuma reacção negativa pela presença dos turistas devido a inexistência de alguma
interacção com os turistas como acima foi citado. No que diz respeito aos impactes ambientais
positivos “diminuição da caca furtiva” (média=3.98), os residentes consideram que a prática de
actividades ecoturísticas na REM minimiza a caca furtiva. No que concerne aos impactes
negativos ambientais a “ degradação do meio ambiente” (média=3.82), “aumento da poluição do
ambiente” (média=3.8), “modificação da paisagem e biodiversidade” (média=3.96), “aumento do
lixo, poluição das águas dos rios e lagos” (média=3.6), “aumento da pesca ilegal” (média=3.44),
“perturba o percurso migratório dos animais” (média=4.04), os residentes concordam que
estejam a ressentir o impacto ambiental negativo, mas não com uma intensidade acentuada
recaindo em torno da (média=3) que é de indiferença.

71
Conclusão
Em jeito de conclusão, apresentam-se as ilações construídas com base na pesquisa em epígrafe.

A partir da revisão bibliográfica, foi possível concluir que existe consenso comum, em diversas
obras consultadas sobre o tema de pesquisa. O desenvolvimento turístico, deve englobar todos os
integrantes de um destino turístico, de forma a garantir o sucesso e a sustentabilidade desse
destino.

De a cordo com os dados recolhidos, através do inquérito aplicado em quatro comunidades


localizados (Muvukuza e Tsolombane (no interior da Reserva) e Mabuluko e Madjedjane (na
zona circundante), na zona da Reseva Especial de Maputo, numa amostra de 55, representando a
população estudada, por sinal àrea de estudo para a presente pesquisa, conclui-se que o turismo
pode ter impactos económicos, socioculturais e ambientais negativos ou positivos nas
comunidades locais. Na generalidade, os residentes reconhecem tanto impactos positivos como
negativos do turismo.

Contudo, sob ponto de vista dos impactos económicos e ambientais os residentes percepcionam
mais impactos positivos, enquanto que a nível sócio cultural eles ficam indiferentes.

Os resultados do inquérito, demonstraram que a população é maioritariamente moçambicana.


Cujo sexo masculino, representa a maioria em 63.6%, seguido do feminino em 36.4%. A
população residente é maioritáriamente constituída por indivíduos com idades que variam de 29
a 39 anos. Os resultados mostraram igualmente que a maioria da população é analfabeta, vivendo
em união de factto

A comunidade de Madjedjane tem maior envolvimento no turismo, em relação as demais


pesquisadas, com uma percentagem de 60%. O Maior envolvimento desta comunidade no
turismo, deve-se ao facto de estar mais próxima do acampamento da REM, com mais
oportunidades de contratação dos residentes na prestação de serviços. Sua opinião sobre o
desenvolvimento do turismo é a pior dentre todas as comunidades (houve benefícios
provenientes dos projectos comunitários financiados pela Reserva e que cessaram por má gestão
e necessidades que não estão a ser respondidas, provocando descontentamento). As actividades

72
destacadas como prioritárias são a agricultura e pecuária e ignoram a prioridade da actividade
turística. A comunidade Madjedjane, percepciona o turismo, como actividade que em nada
contribui para o desenvolvimento da sua comunidade (a comunidade não sente nenhum beneficio
dos 20% da receita, alegando falta de transparência na gestão dos fundos).

De a cordo com os resultados, a comunidade de Muvucuza, possui menor envolvimento no


turismo com 80%, devido a falta de interesse por actividades turísticas, apostando na agricultura
de subsistência. Sua opinião sobre o desenvolvimento do turismo, possui uma percentagem
elevada em 60%. Contrariamente a comunidade de Madjedjane, esta prioriza a actividade
turística. Pois, consideram-no de extrema importancia para o desenvolvimento da comunidade, a
considerar pelas oportunidades de emprego, formação profissional, que a mesma oferece.

A comunidade de Mabuluko possui 60% de envolvimento no turismo. Sua opinião sobre o


desenvolvimento do turismo é razoável, com cerca de 30% e a actividade prioritária é a
agricultura e pecuária. Finalmente a comunidade de Tsolombane que possui 40% do seu
envolvimento no turismo, com uma opinião sobre o desenvolvimento do turismo de cerca de
50% , tendo a agricultura e pecuária, como actividades prioritárias.

Sob ponto de vista de percepção dos residentes sobre os impactos económicos positivos da
actividade ecoturística, os resultados revelam que os residentes percepcionam mais o“aumento
do emprego”, “aumento do rendimento dos residentes da reserva” e o papel do turismo no
“aumento da procura de produtos locais”.

Em termos de impactos económicos negativos, são os residentes que mais percepcionam. O caso
“ de aumento do preço dos produtos e custo de vida elevado.

Para os impactos socioculturais positivos, como “acesso à educação, á formação profissional” e o


“envolvimento das comunidades na gestão da reserva, são mais percepcionados pelos residentes.
E sobre os impactos socioculturais negativos, os residentes percepcionam que os impactos
negativos da actividade ecoturística não mostram nenhuma reacção negativa, porque o turismo
não se faz sentir na vida social deles. Em termos dos impactes ambientais, a “diminuição da caça
furtiva é mais percepcionado pelos residentes como positivo. Por sua vez, percepcionam
também, mais alguns impactos ambientais negativos como é o caso do “aumento da poluição do
73
ambiente”, modificação da paisagem”, “Aumento do lixo, poluição das águas dos rios e lagos”
perturbando de certo modo o percurso migratório dos animais”.

74
Recomendações
No que concerne as constatações no decurso da pesquisa, sublinham-se as situações que se
consideram mais prioritárias para melhorar as actividades oferecidas pela REM:

 Desenvolvimento de um plano de marketing que oferece o conhecimento de todas as


potencialidades que a REM possui;
 Garantir a participação das comunidades na tomada de decisões sobre aspectos que
possam afectar o seu modo de vida e bem-estar;
 Facilitar o acesso das comunidades às infra-estruturas criadas localmente, para dinamizar
o sector do turismo;
 Desenvolver incentivos capazes de fortalecer o sector de conservação e facilitar a rápida
reabilitação da fauna bravia na REM;
 Incentivar o envolvimento da população local, principalmente no emprego, investimento
e na criação de pequenos negócios;
 Incentivar a elaboração de mais programas de conservação ambiental com a participação
das comunidade residentes, reforçando seu papel na fiscalização da REM;
 Incentivar o envolvimento dos residentes locais na criação de actividades culturais e
artesanais que possam disponibilizar recordações para os visitantes;
 Implementar actividades culturais e recreativas junto com as comunidades para os
visitantes como: músicas e danças tradicionais, jogos tradicionais;
 Formação e capacitação em diversas actividades turísticas locais;
 Desenvolvimento de estudos científicos sobre a realidade local.

75
Constrangimentos e dificuldades na realização do trabalho

No âmbito da elaboração da pesquisa em epígrafe, constataram-se alguns constrangimentos,


sendo de destacar a ausência de obras literárias, que obordam a temática de turismo na biblioteca
da Faculdade. Pois, a mesma ainda nao dispõe de obras suficientes para auxiliar aprendizagem e
pesquisa sobre tudo para temas relacionados ao turismo. Contudo, a melhor alternativa, consistiu
em recorrer bibliotecas de outras instituições de ensino.

No que concerne a recolha de dados, o maior constrangimento, esteve relacionado à deslocação


do acampamento da Reserva Especial de Maputo para as comunidades. Pois, devido a
insuficiência de meios circulantes na reserva, a deslocação esteve condicionada à boleias dos
funcionários quando iam realizar trabalhos de fiscalização no seio das cominidades.

76
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Serra da Estrela. Dissertação de Mestrado apresentada ao departamento de Economia, Gestão e
Engenharia Industrial da Universidade de Aveiro.

80
Anexos
Questionário aos colaboradores e residentes da Reserva Especial de Maputo, durante o mês
de Abril de 2016.

Estimado,

A presente entrevista esta inserida no âmbito de realização de um trabalho de final de


curso, do curso de Gestão e Desenvolvimento de Turismo da Universidade São Tomais de
Moçambique e tem como objectivo a recolha de informações inerentes ao seguinte tema:
Nível de percepção das comunidades locais sobre a prática de actividade ecoturística na
Reserva Especial de Maputo.

A entrevista é direccionada ás comunidades locais e aos colaboradores da Reserva

Agradeço a sua colaboração

Cheila Carlos Manhice, Universidade São Tomais de Moçambique

I. Dados pessoais
1.1. Qual é a sua nacionalidade? _________________________________.
1.2.Sexo
1) Masculino 2) Feminino
1.3. Qual é a sua idade
1) 18-28 2) 29-39 3) 40-50 4) 51-61 5) >61
1.4.Quais são as suas habilitações académicas
1) Nenhuma 2) Ciclo do ensino básico 3) Ciclo do ensino básico
4) Ciclo do ensino secundário 5) Ensino superior
1.5. Qual é o seu estado civil
1) Solteiro/a 2) União de facto 3) Casado/a
4) Divorciado/a 5)Viúvo/a

81
1.6. A quanto tempo vive na nessa comunidade
1) Menos de um ano 2) 1 – 5 anos 3) 6 – 10 anos 4) mais de 10
anos
1.7. Profissão
1.7.1. Assinale o número ao qual corresponde a sua profissão
1 Agricultor/a

2 Pescador/a

3 Artesanato

4 Estudante

5 Reformado/a

6 Procura o primeiro
emprego

7 Outra profissão

1.7.2. Se assinalou outra, indique por favor, a sua profissão


_______________________________________________________
II. Opinião sobre o turismo na REM

2.1. Tem algum envolvimento pessoal no sector do turismo?

1) Sim 2) Não

2.1.1. Se respondeu sim diga qual _______________________________________

2.2. Qual a sua opinião sobre o desenvolvimento do turismo na REM?

1) Muito mau 2)Mau 3)Nem bom nem mau 4)Bom


5)Muito bom

2.3. Que actividades considera prioritárias para o desenvolvimento local na REM?


82
1) Agricultura e Pecuária 2) Comercio 3) Turismo 4) Construção

2.4. Qual a sua opinião sobre importância do turismo para o desenvolvimento da


comunidade

1) Nada importante 2) Pouco importante 3) Nem pouco importante nem


muito importante 4) importante 5) muito importante

III. Avaliação da percepção das comunidades locais sobre o desenvolvimento do turismo na


REM

Discordo Discordo (2) Não concordo Concordo (4) Concordo


plenamente (1) nem discordo (3) plenamente (5)

Aumento do
emprego

O turismo permite
criar pequenos
negócios para os
residentes das
comunidades

Aumento do
rendimento dos
residentes

Aumento da
procura de
produtos locais

Aumento do preço
dos produtos e
custo de vida
elevada

Melhoria de

83
condição de vida

Melhoria das
infra-estruturas
locais

Intercâmbio
cultural

Aumento da
disponibilidade de
água potável

Desvalorização da
cultura local

Diminui a caca
furtiva

Degradação do
meio ambiente

O turismo tem
contribuído para o
aumento da
poluição do
ambiente

O turismo
modifica a
paisagem e a
biodiversidade

Aumento de
investimento na
comunidade

Valorização e
promoção das
tradições locais

84
Promoção a acesso
á educação e á
formação
profissional

Alteração dos
hábitos, costumes
e modos de vida
da comunidade

Perda da
identidade cultural

Aumento da
criminalidade

Aumento do
consumo de álcool
e drogas

Diminuição da paz
e tranquilidade

Aumento da
prostituição

Aumento do lixo,
poluição das águas
dos rios lagoas

Aumento da pesca
ilegal

[promove o
envolvimento das
comunidades na
gestão da reserva

Perturba os
percursos
migratórios dos
animais selvagens

85
na reserva

IV. Na sua opinião, quais são os principais efeitos positivos do desenvolvimento turístico
para as comunidades na REM

______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

V. Na sua opinião, quais são os principais efeitos negativos do desenvolvimento turístico


para as comunidades na REM

______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

Obrigado pela sua colaboração

86

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