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Eu, Cheila Carlos Manhice, declaro pela minha honra que este trabalho foi feito por mim e que
nunca foi apresentado em nenhuma instituição de ensino.
___________________
(Cheila Carlos Manhice)
___________________
(Dra. Cecília Isabel Viriato Guambe)
i
Dedicatória
Dedico este trabalho ao meu pai Carlos Benjamim Manhice (em memória), a minha mãe Graça
Francisco Banze, às minhas irmãs (Carla Manhice e Lucrência Manhice) e a Dra Catarina
Mahumane, que me apoiaram e deram forças em todos momentos, para que não desmoronasse,
nem mesmo, quando quase perdi as esperanças. Neles, encontrei tudo que precisava, para erguer
a cabeça e continuar em frente.
A vós, dedico literalmente minha licenciatura!
ii
Agradecimento
Agradeço primeiramente a DEUS, por todas as coisas que me aconteceram. Cada uma ao seu
tempo e de seu modo. Pelas pessoas que colocou em meu caminho, que me inspiram, ajudam,
desafiam-me e encorajam-me a ser cada dia melhor.
Agradeço especialmente a Dra. Catarina Mahumane e ao Prof. Doutor Joseph Wamala pela sua
generosidade e bondade que tornou o sonho de me formar em realidade. Desta feita, rogo a
DEUS que ilumine seus caminhos e devolva em dobro, tamanha generosidade.
Agradeço aos meus pais, Carlos Benjamim Manhice (em mémoria), e Graça Francisco Banze,
pelo amor e carinho que sempre dedicaram a mim. Principalmente à minha mãe, obrigada por
todos os momentos que dividimos juntas, pela amizade, conselhos, palavras sábias que me
sustentam e me dão forças para seguir adiante. Obrigada.
iii
Resumo
O ecoturismo tem sido a aposta de vários países como alternativa para o mercado turístico
focado em áreas protegidas. Pois, acredita-se ser um segmento capaz de conciliar o
desenvolvimento do turismo e, simultaneamente contribuir para melhorar a conservação do meio
ambiente natural e ainda garantir a valorização das comunidades locais, promovendo o bem-
estar. Contudo, o seu desenvolvimento sustentável, implica o envolvimento da comunidade local.
O que torna crucial avaliar as percepções dos residentes sobre seus impactos, assim como, suas
atitudes face ao desenvolvimento da actividade.
O presente trabalho, tem por objectivo analisar o nível de percepção dos residentes da Reserva
Especial de Maputo, face a prática de actividades ecoturísticas. Para o efeito, recorreu-se a
revisão da literatura sobre sustentabilidade, desenvolvimento sustentável, turismo sustentável,
áreas protegidas e suas categorias, abordagem sobre o ecoturismo e, por fim, as percepções dos
residentes sobre o impacto das actividades ecoturísticas naquele local. Para a consecução do
objectivo da pesquisa, optou-se por uma abordagem qualitativa e quantitativa, visando
estabelecer a frequência do grau de concordância e discordância em relação aos aspectos
positivos e negativos gerados pelo ecoturismo, através de um inquérito aos
residentes/colaboradores da Reserva Especial de Maputo.
iv
Abstract
Ecotourism has been the bet of several countries as an alternative to the tourist market focused
on protected areas. For it is believed to be a segment capable of reconciling the development of
tourism and at the same time contribute to improving the conservation of the natural environment
and ensuring the valuation of local communities and promoting well-being. However, its
sustainable development implies the involvement of the local community. This makes it crucial
to assess residents' perceptions of their impacts as well as their attitudes towards the
development of the activity. The objective of this study is to analyze the level of perception of
residents of the Maputo Special Reserve, in view of the practice of ecotourism activities. For this
purpose, a review of the literature on sustainability, sustainable development, sustainable
tourism, protected areas and their categories, approach to ecotourism and, finally, the residents'
perceptions of the impact of ecotourism activities on the site. In order to achieve the objective of
the research, a qualitative and quantitative approach was chosen to establish the frequency of
agreement and disagreement regarding the positive and negative aspects generated by
ecotourism, through a survey of residents / collaborators of the Special Reserve Of Maputo.
v
Lista de abreviaturas
AC’s – Áreas de Conservação & AP’s – Áreas Protegidas
Dedicatória ...................................................................................................................................... ii
Abstract .......................................................................................................................................... iv
1.1.Introdução ............................................................................................................................... 11
vii
2.2.1. Classificação de Áreas Protegidas (AP’s)........................................................................... 24
2.4. Avaliação das percepções dos residentes locais sobre a prática da actividade ecoturística .. 40
4.1. Análise sobre os aspectos positivos e negativos na dimensão Económica, Social, e ............ 70
Conclusão...................................................................................................................................... 72
Recomendações............................................................................................................................. 75
Anexos .......................................................................................................................................... 81
viii
Índice de Tabelas
Tabela 1: Orientações que devem guiar a actividade turística ...................................................... 17
Tabela 11: Quadro resumo sobre as percepções das comunidades locais dos impactos do
desenvolvimento da actividade ecoturística.................................................................................. 43
Índice de Figuras
Figura 1: Antigamente chamada Reserva Especial de Elefantes .................................................. 49
Figura 7: Lagoas onde fazem a pesca e tiram palhas para o fabrico de esteiras ........................... 54
Figura 8: Imagem ilustrativa de uma palestra de sensibilização dos residentes sobre a caça furtiva
e entrega de armas aos responsáveis do sector da fiscalização para proteção na comunidade de
Tchia ............................................................................................................................................. 55
Figura 11: Formato de casas turísticas da Pousada de Mato de Luxo de Chemukane ................. 59
Figura 12: Serviços prestados pelas comunidades nas estâncias turísticas ................................... 59
Índice de gráficos
Gráfico 1:Idade ............................................................................................................................. 62
x
CAPÍTULO I – ENQUADRAMENTO
1.1.Introdução
A presente pesquisa, visa analisar o nível de percepção das comunidades locais sobre o
desenvolvimento do ecoturismo, com foco para a Reserva Especial de Maputo (REM). O
objectivo da pesquisa, fundamenta-se pela constatação de que, nos últimos anos, a indústria do
turismo vem contribuindo de forma significativa para o desenvolvimento do país.
11
Asseguir, apresenta-se a descrição de conteúdos de cada capítulo que compõe a presente
pesquisa.
O primeiro capítulo apresenta o problema, as hipóteses, justificativa e objectivos da pesquisa.
O segundo capítulo dedica-se à apresentação de questões introdutórias sobre a pesquisa,
apresentando conceitos e componentes sobre o ecoturismo e áreas de conservação/protegidas.
Faz igualmente, uma abordagem sobre a questão do desenvolvimento sustentável do turismo.
trata de questões sobre áreas de conservação, contextualização histórica, incluindo as
implicações sobre a gestão das áreas protegidas. Apresenta ainda, questões sobre as categorias de
áreas de conservação segundo IUCN, conceitos de ecoturismo, e desenvolvimento sustentável do
turismo.
O terceiro capítulo, faz abordagem dos métodos e procedimentos da pesquisa; A apresentação
descrição e caracterização da área do estudo (Reserva Especial de Maputo), localizado no distrito
de Matutuíne, província de Maputo, região sul de Moçambique.
O quarto capítulo, reserva-se à apresentação de resultados de pesquisa, obtidos nos locais em
estudo; Caracterização das comunidades que serviram de amostra. Para além da descrição da
experiência turística dos residentes e sua percepção sobre os impactos do turismo e;
O quinto capítulo, apresenta considerações finais da pesquisa, possíveis contribuições a ter em
conta ao se pensar em questões de desenvolvimento do ecoturismo em áreas protegidas em
Moçambique, capaz de incentivar a conservação ambiental e desenvolvimento das comunidades
locais.
12
1.2.Formulação do problema
O turismo é resultado da forma como é ocupado o tempo livre. Cunha (2001) sustenta que o
turismo origina um conjunto variado de actividades produtivas que visam satisfazer as
necessidades de quem se desloca. E o ecoturismo, é uma dessas actividades.
Marulo (2012), afirma que as áreas de conservação têm sido espaços ideais para a prática do
ecoturismo nos últimos tempos. Pois, são espaços que concentram a maior variedade de
atractivos naturais. São consideradas uma experiência real do uso sustentável da actividade,
tendo em conta a existência de uma base legal que assegura limites à sua utilização.
A Reserva Especial de Maputo (REM) possui diversidade de atractivos importantes que
permitem o desenvolvimento económico local. E o ecoturismo, destaca-se com um crescimento
considerável nos últimos anos. A exploração dos recursos turísticos existentes na REM, deve ser
responsável, fornecendo benefícios para as gerações vindouras.
Contudo, Philippi & Ruschmann (2010) aponta para um cenário de exploração de recursos,
relacionados ao desenvolvimento do turismo em áreas naturais que resultam numa série de
impactos negativos como destruição das dunas primárias, aceleração da erosão dos solos,
destruição de habitats naturais, aumento da produção de resíduos sólidos, poluição e
descaracterização da paisagem, exclusão social, perda de autenticidade nas culturas locais entre
outros problemas sócio-ambientais.
Assim, sendo o ecoturismo uma prática que influencia actividade turística sustentável para toda a
máquina envolvente (comunidades residentes, visitantes, gestores e operadores). A questão que
se coloca é:
Qual o nível de percepção das comunidades locais sobre a prática de actividade ecoturística
na Reserva Especial de Maputo?
1.3.Hipóteses
H1: O ecoturismo contribui para a qualidade de vida dos residentes locais da Reserva Especial
de Maputo;
H2: O ecoturismo contribui para a degradação do meio ambiente.
13
1.4.Justificativa
Actualmente, o ecoturismo tem sido considerado como uma actividade que necessita de muitos
estudos a nível mundial sobre a sua interacção com o meio ambiente e sobre as comunidades que
acolhem esse fenómeno. Os vários estudos, visam estabelecer novas abordagens que retratam
sobre o uso de recursos naturais, ligados à melhoria de condições de vida das comunidades onde
se procuram novas estratégias de gestão de forma a garantir o desenvolvimento equilibrado do
sector de turismo.
Em Moçambique, uma das áreas de conservação que proporciona condições favoráveis à prática
do ecoturismo é a Reserva Especial de Maputo e também, os demais parques naturais existentes.
O país, tem um grande desafio de aumentar e manter o nível de qualidade de infra-estruturas que
servim de suporte para a prática de actividades turísticas, com vista a atingir um nível de
desenvolvimento económico capaz de reduzir e ou minimizar os efeitos da pobreza, sem contudo
degradar o meio ambiente nas áreas de conservação.
Cariolano (2006), afirma que o ecoturismo representa um modelo de desenvolvimento do
turismo em áreas naturais com uma proposta conservacionista. Pois, é um tipo de turismo que
passa a ter cuidado com o meio ambiente, valoriza as populações locais, exige qualidade de vida,
hospitalidade, segurança e serviços inter-relacionados.
O ecoturismo, está ligado a promoção e conservação do meio ambiente. Mas, pode contribuir
directa ou indirectamente para a degradação do meio ambiente, assim como, para problemas
sociais.
A importância do ecoturismo, dá-se através de actividades planificadas e desenvolvidas para o
benefício da população local, como oportunidade de diversificação e consolidação económica,
geração de emprego, conservação ou recuperação do património histórico e recuperação de auto
estima. E a presente pesquisa, busca mostrar a importância do ecoturismo para as comunidades
locais quando bem praticado.
Contudo, analisar o contributo do ecoturismo na REM na visão das comunidades locais, torna-se
relevante. Pois, permite avaliar o nível de entendimento dos residentes sobre os impactos
positivos.
Do ponto de vista académico, espera-se que o trabalho possa servir de incentivo para auxiliar na
investigação sobre ecoturismo em Moçambique e as respectivas actividades que o envolve.
14
Servindo de base de consulta para a sociedade e outros interessados, assim como, para diversos
fins, nomeadamente, consultas bibliográficas e pesquisas académicas.
1.5.Objectivos
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CAPITULO II - ENQUADRAMENTO TEÓRICO (REVISÃO DA LITERATURA)
O capítulo apresenta a revisão da literatura sobre temáticas fundamentais no domínio do
desenvolvimento do turismo sustentável em áreas de conservação. Silmultaneamente, discute
conceitos como sustentabilidade, desenvolvimento sustentável, desenvolvimento sustentável do
turismo, áreas protegidas e ecoturismo.
2.1.1. Sustentabilidade
Fennell (2002), afirma que a medição do desenvolvimento (o estágio de avanço económico de
uma nação) convencionalmente tem sido realizada por meio da aplicação de um certo número de
indicadores chave económicos. Entre outros, estes incluem variáveis como: Acesso a água
potável; Qualidade do ar; Combustível; Acesso à Saúde; Educação e: Emprego.
Magalhães (2002), afirma que o termo "sustentabilidade" é muito utilizado pelos biólogos para
indicar o ponto de equilíbrio dos ecossistemas e, de acordo com o dicionário Aurélio, significa
manter e conservar.
O conceito de sustentabilidade, expressa a ideia de que a população deve viver dentro de limites
que respeitem a capacidade dos ecossistemas e dos recursos naturais que estes oferecem. Para
Rodrigues (2012), o conceito de sustentabilidade integra os seguintes princípios:
16
Em 1992, no Rio de Janeiro, na Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente (CMMB), surgiu a
Agenda 21 na necessidade de desenvolver indicadores de sustentabilidade. A agenda foi
aprovada na CIBT- Conferencia Internacional sobre a Biodiversidade e o Turismo, realizada em
1997, para as Viagens e o Turismo, que estabelece orientações que devem guiar a actividade
turística e de entre as quais se destacam:
As viagens e o turismo deverão contribuir para uma vida sã e enriquecedora, em harmonia com a a natureza;
O turismo deverá participar na conservação, protecção e restauro dos ecossistemas;
O turismo deverá apoiar-se em modos de produção e de consumo sustentável;
O turismo, a paz, o desenvolvimento e a produção do ambiente são independentes;
A protecção do meio ambiente deve fazer parte integrante do desenvolvimento turístico;
As questões ligadas ao desenvolvimento turístico devem ser tratadas em associações com os cidadãos a que respeitam e as decisões
sobre o ordenamento do território devem ser tomadas a nível local;
O desenvolvimento turístico deve reconhecer e defender a identidade, a cultura e os interesses dos autóctones.
17
Brundtland (1991) citado por Magalhães (2002), define o desenvolvimento sustentável como
sendo, processo de transformação na qual a exploração de recursos, direcção dos investimentos,
orientação de desenvolvimento tecnológico e, a mudança institucional, se harmonizam e
reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas.
No seu sentido mais amplo, esse conceito demonstra a busca de uma estratégia para alcançar a
harmonia entre os seres humanos e entre a humanidade e a natureza. O desenvolvimento
sustentável, está baseado num contexto mais amplo de desenvolvimento turístico que envolve
necessariamente critérios sobre meio ambiente, social, cultural e económico (OMT, 2001).
O desenvolvimento sustentável foi proposto como um modelo que pode ser útil na criação do
estímulo para a mudança estrutural da sociedade. Um modelo que deverá se desviar de um foco
extremamente socioeconómico para outro diferente, em que o desenvolvimento " alcance as
metas do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de satisfazer suas
próprias necessidades" Comissão Mundial de meio Ambiente e Desenvolvimento (1987) citado
por Fennell (2002).
a) O planeamento do turismo e seu desenvolvimento devem ser parte das estratégias do desenvolvimento sustentável de uma
região. Assim, deve envolver a população local, o governo e as agências do turismo;
b) As agências, associações, grupos e indivíduos devem seguir princípios éticos que respeitem a cultura, meio ambiente da área,
economia e do modo tradicional de vida, do comportamento da comunidade e dos princípios políticos;
c) O turismo deve ser desenvolvido de maneira sustentável, levando em consideração a protecção do meio ambiente;
d) O turismo deve gerar lucros de forma equitativa entre os promotores de turismo e a população local.
e) É essencial ter boa informação, pesquisa e comunicação da natureza do turismo, especialmente para os moradores do local,
dando prioridade para o desenvolvimento douradora que envolve a realização de uma análise contínua e um controle de
qualidade sobre os efeitos do turismo;
f) A população deve se envolver no panejamento e no desenvolvimento dos planos locais junto com o governo, os empresários e
outros interessados;
g) Ao inicial um projecto, há necessidade de realizar análise integrada do meio ambiente, da sua sociedade e da economia,
dando enfoques distintos aos diferentes tipos de turismo;
h) Os planos de desenvolvimento do turismo, devem permitir a população local que se beneficie deles ou que possa explicar as
mudanças que se produzem na situação inicial
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2.1.3. Desenvolvimento Sustentável do Turismo
Dias (2003), afirma que a aplicação dos princípios da sustentabilidade ao turismo integra-se à
dicotomia existente entre sua ampla difusão e as limitações dos progressos alcançados. A notável
discussão desses princípios no campo de turismo tem possibilitado que o paradigma da
sustentabilidade aglutine o debate em torno das aplicações do turismo para o desenvolvimento e
seus efeitos ambientais, socioculturais e económicos.
A OMT (1993) citado por Dias (2003), com base no informe BRUNDTLAND, define
desenvolvimento sustentável do turismo, como aquele que atende as necessidades dos turistas
actuais e das regiões receptoras, ao mesmo tempo protege e fomenta as oportunidades para o
turismo futuro.
De acordo com a definição dada pela OMT (2004) citado por Fernandes & Fernandes (2011), o
desenvolvimento sustentável do turismo é aquele que se concebe como um caminho para a
gestão de todos os recursos de forma que possam satisfazer necessidades económicas e sociais.
Respeitando ao mesmo tempo, a integridade cultural, os processos ecológicos essenciais, a
diversidade e os sistemas que sustentam a vida.
Segundo Portuguez et al, (2006) turismo sustentável deve ter a preocupação em atender às
necessidades dos turistas, comunidade local e prestadores de serviços turísticos, buscando um
desenvolvimento a longo prazo, por meio de um equilíbrio económico e ambiental.
19
Tabela 3: Dimensões do Desenvolvimento Sustentável do Turismo
Dimensões Caracterização
Sustentabilidade Económica
Pressupõe um crescimento económico eficiente e que assegura
a responsabilidade financeira aos empresários, o aumento da
empregabilidade da comunidade receptora e o uso de critérios
dos recursos, de forma a assegurar a sua continuidade para as
gerações futuras.
Sustentabilidade Ecológica Assegura a preservação dos recursos naturais (ar, água, solo,
seres vivos), da diversidade biológica e do equilíbrio dos
ecossistemas.
Cunha (2013) afirma que o desenvolvimento sustentável do turismo deve assegurar uma melhor
qualidade de vida à população residente, garantindo melhor qualidade das experiencias ao
visitantes, manter ao mesmo tempo a qualidade do meio ambiente e assegurar a obtenção de
benefícios por parte dos empresários e da comunidade.
Para que o turismo seja um meio para o desenvolvimento sustentável local, é necessário que essa
actividade respeite e beneficie tanto ao turista, que deve ter suas expectativas satisfeitas, quanto
as comunidades e o meio ambiente das regiões receptoras. Quando o turismo é bom para a
população local, será bom para os visitantes, desde que ambos tenham os seus direitos
respeitados. Bahl, (2004) afirma que não são necessários grandes investimentos para poder
realizar melhorias na comunidade local, o maior investimento é conscientizar todos envolvidos
neste projecto de desenvolvimento sustentável com responsabilidade social.
De acordo com a OMT (2001), a maioria dos locais turísticos na actualidade, dependem de
ambiente limpo, meio ambiente protegido e cultura específica. Os locais que não oferecem esses
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atributos possuem baixa qualidade no uso do turismo, isto é, quando o turismo é planeado,
levando-se em conta o meio ambiente e a população local, ele pode ser um factor importante na
conservação do meio ambiente. Em muitos casos, o desenvolvimento sustentável do turismo tem
se sentido com mais abundância em Áreas Protegidas (AP’s), isto é, o desfrute das áreas
protegidas deve ser compatível com a conservação da biodiversidade e com a melhoria da
qualidade de vida dos habitats das comunidades locais. Assim, a criação de AP’s é um dos
caminhos para se atingir a sustentabilidade.
Inicialmente, foram criadas Áreas Protegidas nas categorias Parques e Reservas. Segundo dados
da União Internacional para Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais –UICN (2000),
foram instituídas mais de 30.000 áreas protegidas em todo mundo no século XX, abarcando mais
de 12,8 milhões de Km (quadrado), que equivalem a cerca de 9,5% da superfície terrestre do
planeta.
Ferrão (2008), defende que as áreas de conservação, também denominadas áreas protegidas, são
geograficamente terrestres ou marinhas dedicadas à conservação da natureza. Por natureza
sustende-se pelo conjunto de ecossistemas, incluindo os genes, e as espécies. Essa é a primeira
definição técnica para descrever áreas de conservação.
Segundo Dourojeanni e Pádua (2001) citado por Ntela (2013), os conceitos iniciais de protecção
foram substituídos nas décadas de 1970/80, por conceitos de conservação e, finalmente, nos anos
de 1990, por conceito de desenvolvimento sustentável, dentro das próprias áreas protegidas.
Como o próprio nome indica, uma unidade de conservação é uma área dedicada a conservar a
natureza. Seu termo equivalente “Área Protegida”, reflecte com a mesma clareza que o objectivo
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delas é a protecção da natureza. Todavia, novos paradígmas, em particular os conceitos de
ecodesenvolvimento e, sobretudo, desenvolvimento sustentável, persuadiram uma mudança na
definição anterior. Ferrão (2008), afirma que a definição original de áreas de conservação foi
aplicada para incluir regiões geográficas nas quais a exploração de recursos naturais tornou cada
vez mais intensa, e a presença humana, das razões de sua existência.
De acordo com Bensusan (2006) citado por Ntela (2013) em 1933, não havia uma definição
mundialmente aceite sobre os objectivos dos parques nacionais. Foi realizada uma Convenção
para Preservação da Flora e Fauna (CPFF), nessa ocasião definiram se três características dos
parques nacionais:
Segundo Almeida (2014), A União Internacional para Protecção da Natureza (IUPN) foi fundada
em Outubro de 1948, após a Conferência Internacional em Fontainebleau na França. Em 1956, a
organização mudou o seu nome para União Internacional para Conservação da Natureza (UICN),
cuja principal missão era a conservação da biodiversidade em escala mundial. Em 1962, a UICN
criou a Comissão de Parques Nacionais e Áreas Protegidas (CNPPA), hoje chamada Comissão
22
Internacional de Áreas Protegidas (WCPA), com a missão de promover o fortalecimento de uma
rede de representantes (gestores e especialistas) de áreas protegidas de todo mundo e o
fortalecimento de uma gestão mais eficaz de tais áreas.
Uma das primeiras tarefas das UICN e da WCPA foi o estabelecimento de padrões, conforme
uma categorização internacional para áreas protegidas.
De acordo com Almeida (2014), a UICN descreveu as diferentes abordagens sobre a definição
do venha a ser uma área protegida e o que não é. Igualmente, identificou diferentes categorias de
áreas protegidas, com base nos objectivos de gestão da área.
A partir desse material, coube à Comissão de Parques Nacionais e Áreas Protegidas (CNAP)
desenvolver um sistema de classificação que, depois de variadas versões, modificações e debates
internacionais foi aceite pela Assembleia-geral da UICN EM 1990. Em 1992, foi rectificado pela
recomendação 17 do IV Congresso Mundial de Parques Nacionais em Caracas e, preconiza que
CNAP e o Conselho da UICN deveria sancionar um sistema de categorias de manejo para as
áreas protegidas de acordo com os objectivos de manejo conforme definido pela legislação
nacional para as seguintes categorias:
23
Tabela 4: Objectivos das áreas de conservação
6. Proteger os recursos naturais necessários á subsistência de populações tradicionais, respeitando e valorizando seu
conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e economicamente.
Segundo UICN (1994) área protegida, é um espaço geográfico claramente definido, reconhecido,
dedicado e gerido, através de meios legais ou igualmente eficientes, com o fim de obter a
conservação ao longo do tempo da natureza com os serviços associados ao ecossistema e os
valores culturais.
No sistema de classificação adoptado pela IUCN, as AP’s são agrupadas em seis categorias
distintas, designadas de (de I a VI) como ilustra a tabela abaixo.
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Tabela 5: Classificação das Áreas Protegidas do Sistema IUNC
Reserva Natural
Ia Reserva natural Área de terra ou mar que possui um ecossistema excepcional ou representativo das
integral condições específicas da região biogeográfica, características geológicas ou fisiológicas ou
espécies de interesse primário para a conservação da biodiversidade que, estão disponíveis
principalmente para o estudo científico e onde a presença humana é interdita ou fortemente
condicionada.
Ib Reserva natural Área de terra ou mar sem ou com pequenas modificações pela acção humana, que mantém o
seu carácter natural.
Parque Natural
II Parque nacional Área natural de terra ou mar de grande relevância para a conservação da natureza e da
biodiversidade, destinada a: (1) proteger a integridade ecológica de um ou mais
ecossistemas para as gerações presentes e futuras; (2) excluir a exploração ou ocupação não
ligadas á protecção da área; e (3) prover as bases para que os visitantes possam fazer uso
educacional, lúdico, ou cientifico de forma compatível com a conservação da natureza e dos
bens culturais existentes.
Monumento Natural
III Monumento Área que contem um ou mais lugares específicos de valor e importância natural ou cultural
natural excepcional, devido á sua raridade, qualidades estéticas inerentes ou significado cultura.
IV Área protegida Área de terra ou mar sujeita a medidas activas de gestão e intervenção com propósito de
para a gestão de preservar a manutenção de habitats ou satisfazer objectivos e necessidades específicos de
habitats ou conservação de determinada espécie.
espécies
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Tabela 5. Classificação das Áreas Protegidas do Sistema IUCN (continuação)
Paisagem Protegida
V Paisagem Paisagem da terra, costa ou mar onde a interacção das pessoas com a natureza através do
protegida tempo tem produzido com área de carácter distinto com grande valor estético, ecológico ou
cultural e, frequentemente, com diversidade biológica e na qual a preservação da integridade
desta interacção tradicional é vital para a protecção, manutenção e evolução da área.
VI Área protegida Área que contem predominantemente sistemas naturais sem modificação, geridos para
para gestão de garantir a protecção a longo prazo, a manutenção da biodiversidade e a manutenção de um
recursos fluxo sustentável de produtos e serviços necessários para satisfazer, de forma sustentável, as
necessidades socioeconómicas das regiões circundantes.
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Tabela 6: Classificação das Áreas Protegidas no Contexto Moçambicano
Áreas de domínio público, destinadas á preservação dos ecossistemas e espécies sem intervenção de extracção dos
recursos, admitindo-se apenas o uso indirecto dos recursos naturais com as excepções previstas na presente lei
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Tabela 6: Classificação das AP’s no Contexto Moçambicano (continuação)
As áreas de domínio público e domínio privado, destinados à conservação, sujeito a um maneio integrado com permissão de níveis
de extracção dos recursos, respeitando limites sustentáveis de acordo com os planos de maneio.
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Tabela 6: Classificação das AP’s no Contexto Moçambicano (continuação)
Segundo Guambe (2012), a maior parte das AP’s em Moçambique são também designadas Áreas
de Conservação – AC’s. Foi estabelecida durante os anos de 1960 e inícios dos anos 1970.
Depois da independência nacional em 1975, foram criados os Parques Nacionais do Limpopo, o
parque Nacional das Quirimbas e a Reserva Nacional de Chimanimani. Conforme o artigo 3 da
lei numero 16/2014 de 20 de Junho, o regime jurídico estabelece conjunto dos valores e recursos
naturais existentes no território nacional e nas águas sob jurisdição nacional.
2.3. Ecoturismo
Do conjunto de actividades que se podem considerar turismo voltado à natureza, o segmento
específico que mais cresceu é o ecoturismo, que procura fomentar a sustentabilidade e a
preservação do meio ambiente natural. O ecoturismo, tem uma tendência crescente no mercado
mundial, e que usa de forma responsável os recursos naturais e culturais disponíveis no meio
ambiente, promovendo benefícios económicos e também contribuindo para preservação
ambiental dos lugares onde se desenvolve (Mieczkowsi, 1995) citado por (Marulo, 2012)
Segundo o Ministério do Turismo (2010), O termo ecoturismo foi criado no início da década de
1980. Trata-se de uma actividade turística desenvolvida em áreas naturais em que o visitante
procura alguma aprendizagem sobre os componentes do local visitado. Surgiu como um conceito
de actividade diferente, onde o turista também é responsável pelo ambiente e sociedade que
visita, em posição ao modelo de turismo de massa desenvolvido desde os tempos antigos, até
actualidade. O ecoturismo passou a ser popularizado, muito além de seus limites conceptuais,
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para se tornar sinónimo de qualquer actividade em áreas naturais, desde o turismo educacional
até os desportos de aventura.
O ecoturismo, é um tipo de turismo que promove maior contacto do homem com a natureza e
com os seus habitats para sensibilizá-lo quanto à importância da preservação e da conservação do
meio ambiente e das tradições culturais, por meio de práticas e atitudes sustentáveis
Apesar de não ser uma ideia nova, ainda não existe um conceito científico para “ecoturismo”.
Diversos autores elaboram estudos sobre o conceptualizado do ecoturismo.
Fennell (2002) afirma que a variedade de enfoques usados para definir o ecoturismo foi
naturalmente dando espaço a muitos enfoques abrangentes usados para entender o termo. Em sua
concepção, Ziffer (19890) citado por Fennell (2002) identifica uma variedade de termos
descritivos como viagem na natureza, viagem de aventura e viagem cultural, que são
amplamente baseados em actividades, e também os termos que subentendem valores, como
turismo responsável, alternativo e ético, que levam em conta a necessidade de se considerar os
impactos e as consequências das viagens.
De acordo com Fennell (2002), o turismo alternativo é um temo genérico que engloba toda uma
série de estratégias do turismo com o propósito de oferecer uma alternativa. O autor, indica que
turismo alternativo compreende o turismo sociocultural que inclui o turismo rural ou em
fazendas, em que uma grande porção da experiência turística é baseada no meio cultural que
corresponde ao meio ambiente em que a fazenda se situa. E o ecoturismo é menos cultural, cuja
orientação é bastante depende da natureza e dos recursos naturais como principais componentes
ou motivadores da viagem. Na tentativa de esclarecer ainda mais a questão, Fennell (2002)
apresenta os conceitos propostos por Goodwin (1996), a respeito de turismo de natureza e
ecoturismo, nomeadamente:
31
forma selvagem ou não desenvolvida. Inclui espécies, habitats, paisagens, atracões
aquáticas de água doce e salgada. O turismo na natureza é uma viagem com objectivo
de apreciar as áreas naturais não desenvolvidas ou vida selvagem.
Conforme Dias 2003) entende-se que o ecoturismo como uma viagem responsável que conserva
o ambiente natural e mantém o bem-estar da população local, deve ser praticado em pequenos
grupos.
Para Boo (1990) citado por Dias (2003) o ecoturismo é aquela modalidade de turismo que
consiste em viajar em áreas naturais relativamente pouco perturbadas pelo homem, com o
objectivo específico de admirar, desfrutar e estudar a sua paisagem, flora e fauna silvestre, assim
como, as manifestações culturais que se possam encontrar num determinado destinam.
Dias e Aguiar (2002) citado por Dias (2003) contrariam a ideia dos autores anteriores sobre a
definição do ecoturismo. O autor, explica que o ecoturismo não é somente uma viagem orientada
para a natureza. Também, constitui uma nova concepção da actividade, tanto prática social como
económica. Tem como objectivo melhorar as condições de vida das populações receptoras, ao
mesmo tempo que, preserva os recursos e o meio ambiente compatibilizando a capacidade de
carga e a sensibilidade de um meio ambiente natural e cultural com prática turística.
De acordo com Programa das Nações Unidas para o Ecoturismo – UNEP, 2002, (Albuquerque,
2004) afirma que o ecoturismo é definido de acordo com os resultados de desenvolvimento
32
sustentável a citar: Conservação de áreas naturais; Educação dos visitantes sobre sustentabilidade
e benefícios para a população local.
Segundo Hetzer (1965) citado por Dias (2003), com base em ideias anteriores, aponta quatro
condições para um turismo responsável (ou alternativo):
O autor, afirma ainda que, se o turismo realizar ao menos essas quatro condições, poderia
constituir-se numa actividade saudável e compensadora para o turista. Um investimento com
resultados económicos para a área receptora e, manteria as características do meio ambiente.
Segundo Laskoski (2006) citado por Ntela (2013), muitos autores afirmam que a relação
existente entre o ser humano e natureza, resulta em impactos negativos ao meio ambiente.
Portanto, o ecoturismo deve ser caracterizado como uma actividade do turismo com finalidade de
conservar e desenvolver o meio ambiente utilizado na actividade.
33
Ministério da Ciência e Tecnologia e o Ministério do Meio Ambiente, criaram “Directrizes para
uma Política Nacional de Ecoturismo”, com objectivo de representar o desenvolvimento da
actividade ecoturística de forma organizada e planificada, apresentando estratégias para as
seguintes acções:
Regulamentação do ecoturismo;
Fortalecimento e interacção interinstitucional;
Formação e capacitação de recursos humanos;
Controlo de qualidade do produto ecoturístico;
Gestão de informações;
Implantação e adequação de infra-estruturas;
Incentivos ao desenvolvimento do ecoturismo;
Conscientização e informação do turista;
Participação da comunidade.
De acordo com a publicação anterior, intitulada Directrizes para uma Política Nacional de
Ecoturismo, o “ecoturismo” passou a se denominar e foi conceituada como:
“Um segmento da actividade turística que utiliza de forma sustentável, o património natural e
cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista por
meio da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações”. (Ministério de
Turismo 2010) Kobiyama (2003) citado por Albuquerque (2004) apresenta as diferentes formas
de ecoturismo possíveis de se desenvolver em áreas naturais e suas respectivas actividades no
âmbito do desenvolvimento do turismo
34
Tabela 8: Tipos de ecoturismo
Ecoturismo Científico
Estudos e pesquisas científicas em Botânica, Arqueologia,
Paleontologia, Geologia, Zoologia, Biologia, Ecologia, etc.
O turismo no meio natural possui efeitos positivos e negativos. Proporciona benefícios, mas
também pode causar consequências que trazem problemas para a população local.
Os possíveis efeitos ou impactes da actividade turística sobre um ambiente natural são vários.
Contudo, não são necessariamente negativos, pode ser positivos, baseando se como impactes
económicos, ambientais e socioculturais da localidade visitada. Assim, há uma necessidade de
cuidar para que os efeitos negativos sejam controlados de forma que a área seja controlada e que
sejam gerados benefícios a todos os elementos envolvidos (a natureza e comunidade local).
35
renda das famílias. A comunidade local, em geral, também é beneficiada pelas iniciativas de
expansão e consolidação do turismo no meio rural, através da realização de obras de melhoria da
infra-estrutura e pela criação dos serviços como o saneamento básico, pavimentação de estradas,
o acesso às telecomunicações, a recuperação de áreas degradadas, a conservação de parques e
reservas florestais (Campanhola & Graziano 1999, citado por Almeida & Riedl 2000).
Portanto, se a planificação e ordenamento nessa tipologia turística, não for bem desenhada, pode
acarretar diversos danos. A começar pela descaracterização da cultura local devido á
modificação dos padrões de sociedade tradicionais; A comunidade local, pode ser afectada pelo
aumento do tráfego de pessoas que pode não ser do agrado de todos; Outro possível impacto
pode ser o aumento de violência e do uso de drogas (Almeida & Riedl 2000).
Geração de emprego;
Possíveis desvios dos recursos económicos gerados na localidade pelo envio de divisas
para fora dela, como por exemplo, pagamento de salários de trabalhadores de outras
cidades ou de produtos comprados fora do município;
36
Aumento de preços de produtos;
Especulação imobiliária.
Orgulho étnico;
Intercâmbio cultural;
Desflorestamento;
Contudo, importa referir que, tanto os benefícios do ecoturismo, como os problemas são
potenciais, i.é, dependem fundamentalmente do modo como o planeamento, implantação e
monitoria foram organizados e realizados. Sabendo que o turismo em áreas protegidas pode
trazer consequências indesejadas, deve-se sempre ter em conta que há necessidade de constante
monitoria. Alem disso, alguns instrumentos de planeamento de uso das terras e a localização
mais adequada para certas actividades são importantes aliados na minimização de impactes do
turismo (Cesar et al 2012).
38
Tabela 9: Os dez Mandamentos de Ecoturismo
1. Respeitar a fragilidade da terra; Fazer o que for possível para ajudar a sua apresentação.
2. Deixar somente pegadas; Tirar somente fotografia, não deixar lixo.
3. Incentivar os esforços em relação a conservação do local; O turista deve se dar tempo para ouvir os residentes, respeitar
os costumes, os estilos e as culturas dos locais a visitar.
4. Respeitar a privacidade e a dignidade dos outros; Perguntar antes de fotografar as pessoas
5. Não comprar produtos de espécies da flora e da fauna, como o marfim, conchas de tartaruga, peles de animais e penas.
6. Seguir sempre caminhos assinalados, não perturbar animais, plantas ou seus habitats naturais.
7. Informar-se e apoiar programas conservacionistas e as organizações que trabalham para melhorar o meio ambiente.
8. Andar em silêncio e em pequenos grupos
9. Respeitar uma distância dos animais, evitando gerar stress
10. Incentivar organizações a subscrever directrizes ambientais para protegerem ligares e ecossistemas especiais.
Princípios do Ecoturismo
1. Minimizar impactos negativos sobre a natureza e a cultura, que possam causar danos ao destino turístico,
atrelada a conservação e a educação ambiental
2. Conservar e usar sustentadamente os recursos naturais e culturais
3. Maximizar os benefícios económicos para as comunidades que vivem ao redor das áreas protegidas.
4. Envolver a comunidade local
5. Satisfazer a recreação máxima para os turistas.
39
De um modo geral, Dias (2003), fala das principais características do segmento que inclui:
2.4. Avaliação das Percepções dos Residentes Locais Sobre a Prática da Actividade
Ecoturística
A qualidade das relações entre as pessoas, depende em grande parte da capacidade de perceber
adequadamente o comportamento e a experiência do outro. Ribeiro (2009) afirma que as
características pessoais podem facilitar ou dificultar o processo perceptivo. Deste modo, o
indivíduo que busca maior consciência sobre si, sobre o outro e sobre o mundo, tem maior
probabilidade de perceber as situações e de se relacionar, diferentemente daquele que se
comporta de maneira rígida, preconceituosa, em fase dos valores dos outros, quando são
diferentes dos seus.
Ribeiro (2009) Sustenta que a partir da percepção do meio social e dos outros, organizam-se as
informações recebidas e relacionam-se com efeitos positivos ou negativos, o que pode ser
favorável ou desfavorável em relação às pessoas, situações ou objectos.
Segundo Moscardo (2000) citado por Ribeiro (2009) entende que, os residentes das comunidades
podem mudar as suas atitudes com crescimento das actividades turísticas. No entanto, a maioria
dos residentes pode não participar ou beneficiar economicamente ou socialmente de forma
significativa no processo de desenvolvimento do turismo. Esse desenvolvimento pode provocar
40
uma variedade de impactes negativos e positivos entre os membros da comunidade. O turismo
esta relacionado com mudanças sociais e isso leva a um rápido e amplo crescimento,
representando avanços na comunidade, padrões de vida mais altos e um total enriquecimento
sociocultural que leva a percepções do bem-estar.
As comunidades locais com mais interesses comerciais no turismo, têm atitudes mais positivas
do que os outros residentes sem qualquer ligação ao sector em causa. Observa-se assim, que as
atitudes são apreendidas passivas de serem modificadas conforme o grau de envolvimento no
sector (Ribeiro, 2009).
Ap (1992) citado por Ribeiro (2009) sugere que os residentes avaliam o turismo nos termos da
mudança social, i.é, nos termos de benefícios, e no retorno dos serviços que prestam. As
comunidades locais são uma das componentes fundamentais para qualquer estratégia de
desenvolvimento turístico dos destinos. É necessário trabalhar com a comunidade, e não apenas
para a comunidade, deve ser qualquer estratégia de desenvolvimento turístico.
De acordo com Swarbrooke (2000) citado por Souza (2009), o envolvimento da comunidade no
planeamento e desenvolvimento do turismo nas regiões de destinos deve ser prevista, visando
minimizar os impactes negativos do turismo, bem como, aumentar motivação da comunidade em
relação á actividade.
De acordo com Reisinger e Tuner (2003) citado com Souza (2009), a percepção é definida como
o processo pelo qual o indivíduo atribui um significado a um determinado objecto, a um evento
ou uma pessoa encontrada no seu ambiente local. Chaui (1999) citado por citado por Bacha at al
(2006) sustenta que a percepção envolve toda a personalidade do sujeito, sua história pessoal,
efectividade, desejos e paixões.
41
Nesta perspectiva, as interacções que se estabelecem entre os residentes e os visitantes e a
importância da hospitalidade nos momentos de contacto entre eles, são factores essenciais para o
sucesso da actividade turística (Ko e Stewart, 2002 citado por Souza, 2009)
A actividade turística tem crescido de uma forma considerável nos últimos anos em
consequência da evolução dos transportes, da comunicação, dos avanços tecnológicos e
científicos. Neste contexto a maior interacção entre os indivíduos de diferentes nacionalidades
poderá ameaçar a destruição das culturas tradicionais e das sociedades, ou poderá representar
uma oportunidade para promover a paz, a compreensão e um maior conhecimento entre os
diferentes sociedades e nações (Brunt e Coutrney, 1999 citado por Souza, 2009).
Em relação aos impactos socioculturais do turismo, são identificados vários efeitos positivos
como a valorização do património cultural e das tradições locais. Por outro lado, as comunidades
locais acreditam que a actividade turística proporciona mudanças desfavoráveis para os destinos
turísticos, nas crenças e ritos locais, propagação de doenças, aumento da prostituição,
criminalidade, drogas e congestionamento de trânsito. Os residentes têm também identificado
efeitos ambientais positivos do turismo, no que concerne à conservação do património natural
(Anderecketal, 2005 citado por Souza, 2009). Porém, os residentes identificam igualmente,
aspectos negativos ambientais tais como: Poluição do ar, Da água, Poluição sonora, Vandalismo
e destruição de vida selvagem (Archer e Cooper, 2002).
42
Tabela 11: Quadro Resumo das Percepções das Comunidades Locais dos Impactos do
Desenvolvimento da Actividade Ecoturística
Dimensões Natureza Impactes Fontes
Aumento do emprego
Criação pequenos negócios
Aumento do rendimento
dos residentes
Aumento da procura de Agnal (2012); Cesar et al, (2007); Dias
produtos locais (2003)
Melhoria de condição de
vida
Económicos Positivos Aumento de investimentos
na comunidade
Aumento do preço dos Cesar et al, (2007);
produtos/custo de vida
Negativos
elevada
Melhoria de infra-estruturas
Intercâmbio cultural
Aumento da
disponibilidade de água Cesar et al, (2007); Sousa, (2009);
potável Portuguez, et al (2006); Bahl, (2014)
Socioculturais Positivos Valorização e promoção
das tradições locais
Acesso a educação e a
formação profissional
Promove o envolvimento
das comunidades na gestão
da reserva
43
Tabela 11. Quadro resumo sobre as percepções das comunidades locais dos impactos do
desenvolvimento da actividade ecoturística (continuação)
Aumento do consumo de
álcool e drogas
Diminuição da paz e
Cesar et al, (2007); Sousa, (2009);
tranquilidade
Almeida & Riedl (2000)
Aumento da prostituição
Desvalorização da cultura
Perturba os percursos
migratórios dos animais
selvagens na reserva
As percepções dos residentes sobre os impactes do turismo, são portanto, resultado de seus
julgamentos, opiniões e expectativas face ao desenvolvimento do turismo.
Haralambopoulos e Pizam (1996) citado por Souza (2009) defendem que quanto maior nível de
habilitações literárias dos residentes, maior serão as percepções dos impactes positivos do
44
turismo. No entanto, Andriots & Vaughan (2003) citado por Souza (2009), concluíram que
quanto mais habilitações literárias possuíam os residentes, menor serão suas percepções em
relação aos impactes positivos do turismo.
Com base nos argumentos descritos anteriormente, fica claro que os residentes, são importantes
nos destinos turísticos. No entanto, se a estratégia de desenvolvimento turístico não permitir um
desenvolvimento sustentável do destino, os residentes podem passar a desempenhar um papel
prejudicador da indústria turística. Uma das principais formas em que se poderá traduzir a atitude
dos residentes face ao turismo é através do nível de contacto social que estabelecem com os
visitantes (Eusébio e Carneiro, 2010) citado por ( Guambe, 2014).
45
CAPITULO III – METODOLODIA
3.1.Tipo de pesquisa
A presente pesquisa pode ser caracterizada de diversas maneiras conforme os pontos abaixo:
De acordo com Teixeira (2010) citado por Selltiz (1975) a pesquisa exploratório é aquela que
proporciona maior familiaridade com o problema ou conseguir nova compreensão dele, com
vista a torna-lo explícito e a construir as hipóteses. Enquanto que a descritiva visa descrever o
objecto de estudo ou o problema examinado, com base nas conclusões da pesquisa exploratória.
c) Quanto aos procedimentos técnicos da pesquisa: recorremos estudo de caso; Segundo (Gil,
1989) é caracterizado pelo estudo exaustivo de um ou poucos objectos, de maneira a permitir
conhecimento amplo e detalhado do mesmo. No caso vertente do trabalho, foi tomado como caso
a Reserva Especial de Maputo.
46
crenças, sentimentos, valores, interesses, expectativas, aspirações, temores, comportamento
presente ou passado (Gil, 2008).
De acordo com Marconi & Lakatos (2003,) População é o conjunto de seres animados ou
inanimados que apresentam pelo menos uma característica em comum.
47
Amostra
Para Marconi & Lakatos (2003, p. 223) “amostra é uma porção ou parcela, convenientemente
seleccionada do universo (população); é um subconjunto do universo”.
Existem dois tipos de amostragens teoricamente utilizadas, nomeasdamente: Técnicas de
amostragem probabilística e; Técnica de amostragem não probabilística.
48
3.3.RESERVA ESPECIAL DE MAPUTO
3.3.1. Localização
O REM fica localizado no Distrito de Matutuine, Província de Maputo na região Sul de
Moçambique, a sul da península de Machangulo. As suas fronteiras actuais são a Baia de Maputo
no norte; Oceano Indico no Este; Rio Maputo, Rio Futi e uma Linha de 2km a Este da estrada de
Salamanga; Ponta do Ouro no Oeste, a extremidade sul do lago Xingute e o limite sul do lago
Piti no Sul.
A REM, conta actualmente com administração do Sr. Armando Guenha. Antigamente, era
denominada Reserva de Elefantes de Maputo, cujo objectivo de conservação estava
especialmente relacionado com a conservação dos elefantes.
49
Figura 2: Actualmente chamada Reserva Especial de Maputo
51
Solos, Clima e Vegetação
Predominam na REM dois tipos de solo, nomeadamente: Arenosos e argilosos. O clima é quente
Húmido (Outubro a Março com temperatura que variam entre os 26 graus e os 30 graus) e o
inverno frio e seco (Abril a Setembro com temperaturas que variam entre os 14 graus e os 26
graus). A Vegetação é constituida por um mosaico único de variados ecossistemas, incluindo:
Mangais, vegetação das dunas, postos com árvores, mosaico de floresta, floresta de área, savana,
vegetação da fluvial Futi, e florestas de Eucalipto Artificial.
Neste ponto, são referidos aspectos relativos a cultura e tradições das comunidades da REM,
obtidas através do método de observação e entrevistas, durante a investigação.
As comunidades apresentam uma variedade de uso de solo, sendo que, estes incluem aspectos
como: agricultura, actividade rural (gado e caca de animais), turismo, comércio e alojamento. A
maioria destas actividades ocorre ao longo do Rio Maputo e algumas espalhadas ao longo da
entrada de Ponta do Ouro – Salamanga, com iniciativas de alojamento perto das áreas centrais do
turismo, como a Ponta do Ouro e Ponta Mangane.
Segundo a DNAC (2009) as instalações de ensino dentro da REM e arredores, variam desde
escolas de sala única construídas com recurso a material local (caniço), e também estruturas
escolares de tijolo fornecidas pelo governo.
52
A disponibilidade de água é bastante reduzida, não obstante em casos salúbre, o que a torna
inapropriada para o consumo. Algumas comunidades são beneficiárias de fontes de água para o
consumo doméstico, animais e regadio. Abastecida em fontenários, através de bombas manuais.,
conforme ilustra a figura:
53
Figura 7: Lagoas onde fazem a pesca e tiram palhas para o fabrico de esteiras
De acordo com o chefe da fiscalização Sr. Natércio Ngovene, actualmente, têm se notado com
mais frequência, a caça furtiva dentro da reserva. Uma das formas utilizadas para a
sensibilização das comunidades é a realização de palestras pelos responsáveis da área, que
explicam as comunidades as consequências que a prática pode causar.
54
Figura 8: Imagem ilustrativa de uma palestra de sensibilização dos residentes sobre a caça
furtiva e entrega de armas aos responsáveis do sector da fiscalização para proteção na
comunidade de Tchia
III. Sector da comunidade, cujo objectivo visa promover a colaboração entre a comunidade e a
reserva, através da participação das comunidades na gestão da reserva, resolução de conflitos e
promoção do uso sustentável dos recursos pela comunidade. De acordo com o Sr. Tiago Nhazilo,
representante do sector da comunidade, a REM conta com total de 24 comunidades. Em 2007, o
sector deu início a implementação de algumas estratégias de desenvolvimento comunitário, que
consistem em identificar as comunidades que estão afectadas pela conservação, i.é, comunidades
cujas formas de vida, dependem dos recursos naturais (caca, pesca, extracção de carvão e de
55
medicamentos tradicionais); Identificar como cada comunidade é afectada pela conservação,
com a finalidade de identificar projectos alternativos de sobrevivência; Organizar as
comunidades para participar na gestão de recursos da reserva e criar a ligação entre as
comunidades e a reserva.
O sector comunitário está sob gestão de uma organização independente (Peace Parks Foundation
– PPF), uma organização não-governamental de origem Sul-africana que abrange África e Ásia,
cujo objectivo principal é a criação de parques transfronteiriços onde os animais podem circular
livremente de uma fronteira a outra sem quaisquer constrangimentos. Para o efeito, tinham que
se implementar algumas estratégias de desenvolvimento comunitário com o objectivo de criar
condições alternativas de sobrevivência ou de vida para as comunidades que sofrem restrições no
acesso aos recursos naturais devido as necessidade da sua conservação.
56
Importa referir que, a maioria dos turistas são provenientes de África do Sul; Os tempos baixos
tem se verificado nos meses de (Janeiro, Fevereiro, Maio, Junho, Julho, Agosto) e os tempos
altos nos meses de (Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro);
A REM possui um vasto leque de atracões turísticos, oferecendo potencial para se tornar num
destino privilegiado. Destacam-se se praias e baías espectaculares na costa do indico; lagos
interiores e ecossistemas enriquecidos pelos deltas dos rios Futi e Maputo; Baia de Maputo e
zonas de mangal; Rico em pássaros e outras aves; Diversas praias ao longo da costa (Ponta
Chimukane, Ponta Membene, Ponta Mili Bangalala e Ponta Dobela); Diferentes paisagens
(florestas de solo arenoso, florestas de terras húmidas, florestas dos pântanos, comunidades de
mangais, vegetação de dunas); lagoas (Piti, Maunde, Nela, MachaiChinguti); Lugares sagrados e
culturais (favoráveis ao turismo cultural), conforme as figuas abaixam:
57
Figura10: Praias e lagoas
59
Fonte: Elaboração própria (2016)
60
CAPITULO IV - ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS
O presente capítulo, analisa as percepções dos residentes locais e colaboradores da Reserva
Especial de Maputo; Os efeitos do desenvolvimento das actividades ecoturísticas e seus
impactos.
Para a leitura dos dados recolhidos no âmbito do inquérito á população residente, efectuou-se a
sua codificação na ferramenta informática SPSS.
Nacionalidade
A partir da tabela, observa-se que, do universo dos inquiridos predomina o género masculino
representados em 63.6% das observações em relação ao género feminino com 36.4%. Assim,
pode se infirir que a amostra para a pesquisa em epígrafe, é constituída maioritariamente pelo
géro masculino.
61
Gráfico 1:Idade
No que concerne a idade dos inquiridos, os dados revelam que 12.7% da amostra é constituída
por indivíduos com idades compreendidas entre 18-28 anos de idade. 36.4% Constituída por
indivíduos com idades compreendidas entre 29-39 anos, e constitui a percentagem mais elevada.
25.5% dos inquiridos, constituída por indivíduos com idades compreendidas entre 40-50 anos;
18.2% indivíduos com idade compreendidas entre 51-61 anos e, finalmente, 7.3% com idade
superior a 61 anos.
62
Tabela 13: Habilitações literárias/ Grupos Profissionais
Pescador/(a) 8 2 1 0 11
Artesão
3 0 1 0 4
Estudante 0 0 3 0 3
Reformado 1 0 0 0 1
Procura o Primeiro
1 0 0 0 1
Emprego
Outra Profissão 9 3 10 1 23
Total 31 8 15 1 55
Com base na tabela a cima, a maioria dos inquiridos, é constituída por analfabetos (sem nenhuma
habilitação literária), observados em número de 31, correspondentes a 56.4% do universo dos inquiridos,
cuja sua principal actividade é a agricultura e outra oucupação nao especificada.
A Seguir, destacam-se indivíduos com nível básico de escolaridade, representados em número de
8 indivíduos que correspondem a 14.6%. Depois 15 observações, sendo 3 estudantes
correspondendo a 27.2% e, finalmente ensino suoperior representado em 1 observação.
63
Tabela 14: Estado civil
O estado civil “união de factos” nos inquiridos abrange 33 casos que reflecte a sua maioria com
60%. De seguida solteiros com 12 casos correspondendo a 21.8% e encontra-se com os mesmo
número de casos o estado civil dos casados e viúvos com 2 casos para cada que equivale a
3.66%para cada caso.
64
Todos inquiridos, que compõem a amostra completa em 100%, é composta por habitantes com
tempo de residência superior a 6 anos, sendo 96.4 % residentes na comunidade, há mais de 10
anos.
Num universo de quatro comunidades, a comunidade em que os inquiridos possuem menor nível
de envolvimento com o turismo é a de Muvucuza cuja amostra de total é de 10 residentes com
cerca de 80%. Somente um número pequeno dos residentes inqueridos é que tem envolvimento
no sector do turismo. De seguida a comunidade de Tsolombane com 60% dos residentes
envolvidos a comunidade Mabuluko e Madjedjane com menor percentagem no envolvimento do
turismo.
A comunidade com maior envolvimento no sector do turismo é a de Madjedjane com pouco
mais de 60%,isto é, no total dos 18 inquiridos a maioria tem algum envolvimento seguido da
comunidade de Mabuluko com pouco menos de 60%, a comunidade de Tsolombane com 40% e
por fim a comunidade de Muvucuza com 20% do seu envolvimento no sector.
65
Gráfico 3: Opinião sobre o desenvolvimento do turismo na REM
66
Madjedjane é a única comunidade que não considera prioritária a actividade de Turismo está
mais apegada a agricultura e pecuária com quase 80% das respostas que corresponde a 17
inquiridos, Muvucuza é a única comunidade que demonstra maior interesse na área do turismo
com cerca de com 60% das respostas que correspondem a 4 inquiridos num universo de 10
residentes; A comunidade de Mabuluco olha a agricultura e pecuária como actividades
prioritárias para o desenvolvimento da comunidade com 60% em relação ao turismo com 40%;
Por fim a comunidade de Tsolombane também acha que a agricultura e pecuária são as
actividades prioritárias para o seu desenvolvimento.
67
Tabela 16: Impactes económicos, socioculturais e ambientais
3.53 1.303
68
Acesso a 55
educação e a
formação
profissional
Promove o 54 3.87 1.15
envolvimento
das comunidades
na gestão da
reserva
55 2.04 981
Alteração dos
hábitos,
costumes e
modos de vida da
comunidade
Socioculturais Negativos Perda de 54 1.57 767
identidade
cultural
Aumento da 55 1.51 814
criminalidade
Aumento do 55 1.45 741
consumo de
álcool e drogas
Diminuição da 55 1.53 836
paz e
tranquilidade
Aumento da 55 1.93 1.884
prostituição
Desvalorização 55 1.87 1.055
da cultura
Degradação do 55 55 772
meio ambiente
69
Aumento da 55 3.80 59
Negativos poluição do
Ambientais
ambiente
Modificação da 55 3.96 816
paisagem
biodiversidade
Aumento do lixo, 55 3.6 935
poluição das
águas dos rios e
lagos
70
profissional” (média=3.53), “promove o envolvimento das comunidades na gestão da reserva”
(média=3.87). Analisando os impactes socioculturais positivos, observa-se que em termos
globais os residentes consideram não haver nenhuma interacção com turista devido a inexistência
de algum programa que incentiva os residentes a organizarem actividades culturais e para os
próprios turistas. Da percepção dos efeitos socioculturais negativos, sublinham-se “alteração de
hábitos e costume” (média=2.04), “perda de identidade cultural” (média=1.57), “aumento da
criminalidade” (média-1.51), ‘aumento de consumo de álcool e droga” (média=1.45),
“diminuição da paz e tranquilidade” (média=1.53), “aumento da prostituição “ (média=1.93),
‘desvalorização da cultura” (média=1.87), consoante a esses resultados os residentes não
mostram nenhuma reacção negativa pela presença dos turistas devido a inexistência de alguma
interacção com os turistas como acima foi citado. No que diz respeito aos impactes ambientais
positivos “diminuição da caca furtiva” (média=3.98), os residentes consideram que a prática de
actividades ecoturísticas na REM minimiza a caca furtiva. No que concerne aos impactes
negativos ambientais a “ degradação do meio ambiente” (média=3.82), “aumento da poluição do
ambiente” (média=3.8), “modificação da paisagem e biodiversidade” (média=3.96), “aumento do
lixo, poluição das águas dos rios e lagos” (média=3.6), “aumento da pesca ilegal” (média=3.44),
“perturba o percurso migratório dos animais” (média=4.04), os residentes concordam que
estejam a ressentir o impacto ambiental negativo, mas não com uma intensidade acentuada
recaindo em torno da (média=3) que é de indiferença.
71
Conclusão
Em jeito de conclusão, apresentam-se as ilações construídas com base na pesquisa em epígrafe.
A partir da revisão bibliográfica, foi possível concluir que existe consenso comum, em diversas
obras consultadas sobre o tema de pesquisa. O desenvolvimento turístico, deve englobar todos os
integrantes de um destino turístico, de forma a garantir o sucesso e a sustentabilidade desse
destino.
Contudo, sob ponto de vista dos impactos económicos e ambientais os residentes percepcionam
mais impactos positivos, enquanto que a nível sócio cultural eles ficam indiferentes.
72
destacadas como prioritárias são a agricultura e pecuária e ignoram a prioridade da actividade
turística. A comunidade Madjedjane, percepciona o turismo, como actividade que em nada
contribui para o desenvolvimento da sua comunidade (a comunidade não sente nenhum beneficio
dos 20% da receita, alegando falta de transparência na gestão dos fundos).
Sob ponto de vista de percepção dos residentes sobre os impactos económicos positivos da
actividade ecoturística, os resultados revelam que os residentes percepcionam mais o“aumento
do emprego”, “aumento do rendimento dos residentes da reserva” e o papel do turismo no
“aumento da procura de produtos locais”.
Em termos de impactos económicos negativos, são os residentes que mais percepcionam. O caso
“ de aumento do preço dos produtos e custo de vida elevado.
74
Recomendações
No que concerne as constatações no decurso da pesquisa, sublinham-se as situações que se
consideram mais prioritárias para melhorar as actividades oferecidas pela REM:
75
Constrangimentos e dificuldades na realização do trabalho
76
Referências Bibliográficas
Almeida, J.A. & Riedl, M. (2000). Ecologia, Lazer e Desenvolvimento. São Paulo. Edusc.
Archer, B & Cooper, C. (2002). Os impactos negativos e negativos do turismo. São Paulo.
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78
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Magalhães, C.F. (2002). Directrizes para o Turismo Sustentável em Municípios. São Paulo.
Roca.
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Rodrigues, S. S. (2012). Turismo sustentável em destinos rurais: o papel dos residentes.
Dissertação do grau de Mestre apresentada ao Departamento de Economia, Gestão e Engenharia
da Universidade de Aveiro.
Ribeiro, M. A.S. (2009). Atitude dos residentes face ao desenvolvimento do turismo em Cabo
Verde. Acedido aos 11 de Abril, em
https://sapientia.ualg.pt.../tese%20Residentes%20Face%20a0%
Selltiz, C. et al (1975). Métodos e Técnicas nas Relação Sociais. São Paulo. Edusp.
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Anexos
Questionário aos colaboradores e residentes da Reserva Especial de Maputo, durante o mês
de Abril de 2016.
Estimado,
I. Dados pessoais
1.1. Qual é a sua nacionalidade? _________________________________.
1.2.Sexo
1) Masculino 2) Feminino
1.3. Qual é a sua idade
1) 18-28 2) 29-39 3) 40-50 4) 51-61 5) >61
1.4.Quais são as suas habilitações académicas
1) Nenhuma 2) Ciclo do ensino básico 3) Ciclo do ensino básico
4) Ciclo do ensino secundário 5) Ensino superior
1.5. Qual é o seu estado civil
1) Solteiro/a 2) União de facto 3) Casado/a
4) Divorciado/a 5)Viúvo/a
81
1.6. A quanto tempo vive na nessa comunidade
1) Menos de um ano 2) 1 – 5 anos 3) 6 – 10 anos 4) mais de 10
anos
1.7. Profissão
1.7.1. Assinale o número ao qual corresponde a sua profissão
1 Agricultor/a
2 Pescador/a
3 Artesanato
4 Estudante
5 Reformado/a
6 Procura o primeiro
emprego
7 Outra profissão
1) Sim 2) Não
Aumento do
emprego
O turismo permite
criar pequenos
negócios para os
residentes das
comunidades
Aumento do
rendimento dos
residentes
Aumento da
procura de
produtos locais
Aumento do preço
dos produtos e
custo de vida
elevada
Melhoria de
83
condição de vida
Melhoria das
infra-estruturas
locais
Intercâmbio
cultural
Aumento da
disponibilidade de
água potável
Desvalorização da
cultura local
Diminui a caca
furtiva
Degradação do
meio ambiente
O turismo tem
contribuído para o
aumento da
poluição do
ambiente
O turismo
modifica a
paisagem e a
biodiversidade
Aumento de
investimento na
comunidade
Valorização e
promoção das
tradições locais
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Promoção a acesso
á educação e á
formação
profissional
Alteração dos
hábitos, costumes
e modos de vida
da comunidade
Perda da
identidade cultural
Aumento da
criminalidade
Aumento do
consumo de álcool
e drogas
Diminuição da paz
e tranquilidade
Aumento da
prostituição
Aumento do lixo,
poluição das águas
dos rios lagoas
Aumento da pesca
ilegal
[promove o
envolvimento das
comunidades na
gestão da reserva
Perturba os
percursos
migratórios dos
animais selvagens
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na reserva
IV. Na sua opinião, quais são os principais efeitos positivos do desenvolvimento turístico
para as comunidades na REM
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