Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
LUANDA
2022
2
LUANDA
2022
DEDICATÓRIA
Dedico aos meus queridos pais pela minha formação e pela incansável motivação.
ii
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus todo poderoso, por permitir o meu existir neste mundo,
por estar comigo em todas as etapas e fases desta missão abençoada, por ser o meu eterno
guardião e por me guiar todos os dias da minha vida.
Aos meus familiares, em especial aos meus avós e a minha mãe, pela orientação
permanente e constante da vida, pelos conselhos e incentivos para nunca desistir, pelo amor e
carinho de todas as horas, pela coragem e ajuda nos bons e maus momentos desta batalha. Em
todos os momentos desta árdua tarefa, pela sua participação directa nos meus estudos, pelas
noites perdidas comigo, por toda a paciência e força que continuam me dando.
Ao meu orientador, muito obrigada pela orientação e apoio no preparo deste trabalho e
pelos seus estímulos e conselhos profissionais, que me auxiliaram a enfrentar os desafios e
acreditar na conclusão do mesmo. Aos meus professores, que para mim e os demais colegas
foram os nossos guias e encorajadores desta missão, que só foi possível com muita batalha,
dedicação e orientação certa para uma conquista confiável.
A todos os colegas e amigos do Curso, por todas as horas e momentos que juntos
passamos, por hoje e sempre já fazerem parte da minha família e não serem apenas os meus
colegas, mas por serem também companheiros e amigos. Tenho uma especial estima, a todos
os familiares e amigos (as) que contribuíram para que este momento se tornasse realidade, que
com certeza foi através do apoio destes que encontrei mais motivação para seguir em frente, ao
longo do desenvolvimento do meu trabalho. Pela força, que foi fundamental para o meu
empenho no trabalho e a todos aqueles que directa ou indirectamente contribuíram para
realização do meu trabalho, o meu, MUITO OBRIGADO DE CORAÇÃO.
iii
RESUMO
O presente trabalho visou analisar a utilização do parque nacional da Quiçama para a prática
do eco-turismo. O ecoturismo é uma actividade que se encontra em expansão no território
nacional, dada à riqueza ecológica. A presente pesquisa procurou responder a seguinte questão:
De que forma o Eco-turismo ajuda na Conservação Ambiental da Fauna e da Flora no parque
Nacional da Quiçama? O objectivo geral foi analisar o eco-turismo e a utilização do parque
nacional da Quiçama sobre o ponto de vista turístico social e ambiental. A presente pesquisa
justifica-se, então, pela importância do tema na esfera ambiental, econômica e social,
ecoturismo é de suma importância para a conservação ambiental. A pesquisa quanto aos
objectivos é de tipo Exploratória. O sujeito da pesquisa foi o eco-turismo enquanto o objecto
de estudo o parque nacional da Quiçama. Recorreu-se também a pesquisa bibliográfica e
documental. Para a colecta de dados utilizou-se a técnica de Observação directa e o inquérito
por entrevista. A pesquisa permitiu concluir que o eco-turismo é de suma importância para a
conservação ambiental da flora e fauna na Quiçama, pois a mesma promove visitas sustentáveis
aos patrimónios naturais, promove consciência ambiental. O eco-turismo promove um turismo
sustentável sem agredir a natureza, sem modificar a natureza garantindo um consumo
duradouro dos locais de interesse turístico como o parque nacional da Quiçama.
ABSTRACT
The present work aimed to analyze the use of the Quiçama National Park for the practice of
eco-tourism. Ecotourism is an activity that is expanding in the national territory, given the
ecological wealth. The present research sought to answer the following question: How does
Eco-tourism help in the Environmental Conservation of Fauna and Flora in the Quiçama
National Park? The general objective was to analyze eco-tourism and the use of the Quiçama
national park from a social and environmental tourist point of view. The present research is
justified, therefore, by the importance of the theme in the environmental, economic and social
sphere, ecotourism is of paramount importance for environmental conservation. The research
regarding the objectives is exploratory. The subject of the research was eco-tourism while the
object of study was the national park of Quiçama. Bibliographic and documental research was
also used. For data collection, the technique of direct observation and the interview survey were
used. The research concluded that eco-tourism is of paramount importance for the
environmental conservation of flora and fauna in Quiçama, as it promotes sustainable visits to
natural heritage, promotes environmental awareness. Eco-tourism promotes sustainable tourism
without harming nature, without modifying nature, ensuring a lasting consumption of places of
tourist interest such as the Quiçama National Park.
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA .......................................................................................................................... i
AGRADECIMENTOS ...............................................................................................................ii
RESUMO ..................................................................................................................................iii
ABSTRACT .............................................................................................................................. iv
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1
Formulação do problema ............................................................................................................ 1
Hipóteses da pesquisa ................................................................................................................. 2
Objectivos da pesquisa ............................................................................................................... 2
Objectivo Geral........................................................................................................................... 2
Objectivos Específicos ............................................................................................................... 3
Justificativa ................................................................................................................................. 3
CAPÍTULO II – METODOLOGIA ........................................................................................... 5
2.1 Tipo de Pesquisa ................................................................................................................... 5
2.2 Paradigma de pesquisa.......................................................................................................... 5
2.3 Universo de Pesquisa ............................................................................................................ 6
2.4 Sujeito da pesquisa ............................................................................................................... 6
2.5 Técnica de colecta de dados ................................................................................................. 6
2.6 Instrumento de tratamento dos dados. .................................................................................. 6
CAPÍTULO III– REVISÃO DA LITERATURA ...................................................................... 8
3.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................................... 8
3.1.1 Gênese Histórica do Ecoturismo ....................................................................................... 8
3.1.2 Conceptualizações do ecoturismo ................................................................................... 11
3.1.3 Vantagens e desvantagens do ecoturismo ....................................................................... 16
3.1.4 Ecoturismo e sua importância para o desenvolvimento das comunidades ...................... 19
3.1.5 Ecoturismo em áreas protegidas ...................................................................................... 20
3.1.6 Ecoturismo e a comunidade local .................................................................................... 22
3.1.7 Ética e o Ecoturismo ........................................................................................................ 23
3.1.8 Ecoturismo e turismo sustentável .................................................................................... 24
3.1.9 A Poluição e o Ecoturismo .............................................................................................. 24
3.1.10 O Impacto do Ecoturismo sobre a Fauna...................................................................... 26
3.1.11 A importância e relevância económica do ecoturismo para Angola ............................. 28
3.1.12 Enquadramento legal sobre a prática do ecoturismo ..................................................... 30
3.1.12.1 Auscultação Pública .................................................................................................. 32
3.2 Caracterização do Campo de Investigação ......................................................................... 33
vi
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
O surgimento da actividade aconteceu entre 1960 e 1970, quando os grandes temas ambientais,
já estudado, comprovado e definido pelo meio interessado nessa área de pesquisa, que
começaram a pôr em prática uma maneira de sensibilizar e mobilizar organizações de defesa e
proteção do meio ambiente nos países desenvolvidos (LOPES, 2003).
Formulação do problema
Angola tem vivido uma crise económica e cambial que tem afectado a vida socio-
económica das populações, nesta senda muitos dos Angolanos que faziam turismo no exterior
viram se obrigado a recorrer ao turismo interno, neste sentido urge a necessidade de um turismo
responsável que não agride a natureza, e o parque nacional da Quiçama tem sido um dos locais
de maior preferências por parte dos visitantes, o que pressupõe a criação de condições por parte
das autoridades locais para a efectivação do ecoturismo, tendo em conta que é uma realidade
nova no país, numa época em que os movimentos ambientalistas tem se debatido com a proteção
da fauna e flora, o ecoturismo poderá ser uma ferramenta de proteção ambiental, apesar dos
obstáculos existentes. Em função do problema acima exposto levantou-se a seguinte questão de
partida:
Hipóteses da pesquisa
H1- O Eco-turismo é de suma importância para a fauna e a flora, tendo em conta que o
mesmo ajuda a conservar por meio de um turismo responsável;
Objectivos da pesquisa
Objectivo Geral
Objectivos Específicos
Justificativa
O ecoturismo é encarado uma modalidade do turismo que visa à como uma alternativa
econômica e sustentável utilização do patrimônio natural, cultural e nas diversas esferas, desde
a local, até a nacional, sendo este um consciente ambiental de forma sustentável, meio de
preservação dos recursos naturais e com o objectivo de preservar, podendo gerar benefícios
para as convivência harmoniosa com a natureza. comunidades locais, sendo o ecoturismo,
atrelado à reflexão redutora dos impactos negativos causado pelo turismo. Assim sendo a
4
prática do eco-turimo é essencial não só para a geração actual, mas também para a geração que
se segue.
5
CAPÍTULO II – METODOLOGIA
Para Coutinho (2011, p.98), os tipos de pesquisa podem ser definidos por dois critérios:
quanto aos meios e quantos aos fins.
Pesquisa bibliográfica: Para a realização deste trabalho o autor teve como o seu ponto
de partida a recolha de dados através de livros, revistas, monografias teses e artigos de internet
existentes que aborda assuntos sobre resíduos sólidos urbanos.
A pesquisa qualitativa preocupa-se, portanto, com aspectos da realidade que não podem
ser quantificados, centrando-se na compreensão e na explicação da dinâmica das relações
sociais. Isso quer dizer que ela é capaz de identificar e analisar dados que não podem ser
mensurados numericamente (FREIXO, 2011).
6
Conforme Freixo (2011), o sujeito de uma pesquisa pode ser definido como a pessoa, o
fato ou o fenômeno sobre o qual se quer saber algo. Com base no método probabilístico usado
neste trabalho, o sujeito foi um trabalhador sénior do Parque Nacional da Quiçama.
Segundo Coutinho (2011), o tratamento dos dados refere-se aquelas secções na qual se
explica como se pretende tratar os dados e colectar justificando porque tal tratamento é
adequado aos propósitos do projecto. Os dados depois de serem devidamente interpretados e
analisados serão expostos de maneira clara e explícita.
7
Para essas pessoas dá-se o nome de visitantes, nomeclatura que incluem turistas e
excursionistas, residentes ou não residentes. O termo “turismo” não possui um único
significado e é mais antigo do que a conceituação da própria palavra, de modo que há quem
considere que a origem do termo turismo derive das primeiras viagens na Grécia antiga, movida
pelos jogos Olímpicos de 776 a.C., de modo que milhares pessoas se deslocavam para lá,
misturando religião e desporto (ALMEIDA, et al s/d).
De acordo com a Aragão (2010, p.54), para a organização mundial de turismo, a contribuição do turismo
para a actividade econômica mundial é estimado em cerca de 5%, sendo que desde 1950 a 2010, o turismo
internacional expandiu-se, alcançando uma taxa anual de 6,2%, crescendo de 25 a 940 milhões. Apenas
em 2010, o turismo internacional gerou 919 bilhões dólares (693 bilhões de euros) em receitas de
exportação. Já em 2020 atingiu cerca de 272 milhões de doláres americanos , presentando 5,5% do
produto interno bruto PBI mundial.
Assim com aumento das actividades económicas através da exploração dos recursos
demandados pelas economias capitalistas do século XX, ocorreu que inúmeros países tiveram
que adaptar alguns sectores de importância económica, dentre estes sectores consta o do
turismo, que neste período registou mudanças, tendo em conta a necessidade de os governos
protegerem as espécies e algumas áreas de importância turística (ARAGÃO, 2010).
Paiva (2007, p.89), considera que esta nova tendência de busca de espaços naturais para
fins turísticos e recreativos, quer por lado da oferta, quer por lado da procura, decorre,
basicamente, de quatro razões principais:
Essa nova ética no turismo, buscava resgatar um caráter cultural e ideológico no seio
das sociedades, o que gerou o surgimento do pacifismo e o direito das minorias, assim como o
antimilitarismo. Esta nova ética então cedeu seus aspectos contestatários e inovadores às
aspirações de turismos alternativo.
No ano de 1872, nos Estados Unidos, foi constituído o primeiro espaço legalmente
protegido destinado à utilização pública: Parque Nacional de Yellowstone, que incorporava a
noção de vida selvagem, ou vida natural das áreas virgens, e não habitadas, oferecendo a
oportunidade de aproximação com a natureza como alternativa à crescente urbanização que se
verificava a época.
O ano de 2002 foi declarado pelas Nações Unidas como sendo o “Ano Internacional do
Ecoturismo”, apoiando, no mesmo ano, um encontro internacional sobre o tema cujo
documento oficial resultante da referida conferência internacional foi designado de “Declaração
de Quebec (LOPES, 2003).
O termo ecoturismo teve sua origem na década de 60 do século passado, tendo sido
utilizado para “explicar o intricado relacionamento entre turistas e o meio ambiente e culturas
nos quais eles interagem.
Diversos autores tentaram conceituar essa nova forma de praticar turismo, sendo que
todos, apesar de intensidades de protecção diferente, buscaram demonstrar uma união da
actividade turística agregada à protecção do ambiente, seja ele natural ou artificial, bem como
o seu uso sustentável.
Segundo Mirra (2002, p.98), entende-se por ecoturismo como sendo um “turismo
desenvolvido em locais com potencial ecológico, de modo conservacionista, buscando conciliar
a exploração turística com o meio ambiente, harmonizando as acções com a natureza, bem
como, oferecer aos turistas um contacto íntimo com os recursos naturais e culturais da região,
em busca da formação de uma consciência ecológica.
Ainda que tal actividade turística venha se desenvolvendo sob o discurso de uma prática
que deve contribuir para melhorar as condições de vida das populações locais e
simultaneamente ser um instrumento na conservação dos recursos naturais é também um factor
de transformação dentro da visão capitalista de mundo. O ícone do "turismo sustentável" tem
sido utilizado no sentido de mascarar os elevados impactos ambientais e socioculturais
ocasionados na implantação dos grandes projetos turísticos (SWARBROOKE, 2000).
Neste contexto, percebe-se o uso indevido das áreas naturais com o único propósito de
aumentar a renda daqueles que estão subsidiando a divulgação e administração das áreas
visitadas. Para Lopes (2003), embora o turismo tenha impactos relevantes no meio ambiente,
eles podem ser inferiores aos de outras actividades econômicas, como a mineração, a indústria
florestal, os monos-cultivo agrícolas, a criação extensiva de gado e outros. Porém, deve-se
12
Esse equilíbrio, no entanto, depende da percepção dos indivíduos diante das paisagens
naturais que permitem buscar e compreender o comportamento e as manifestações dos
indivíduos ao entrarem em contacto com o meio natural, revelando seus sentimentos em relação
à experiência vivida naquele momento. É através da experiência humana estabelecida com a
paisagem que a mesma pode ser valorizada, proporcionando o surgimento de um elo afectivo
entre o indivíduo e o lugar.
O ecoturismo é uma forma sustentável de turismo baseado nos recursos naturais, que
focaliza principalmente a experiência e o aprendizado sobre a natureza; é gerido eticamente
para manter um baixo impacto, é não predatório e localmente orientado (controle, benefícios e
escala). Ocorre tipicamente em áreas naturais, e deve contribuir para a conservação ou
preservação destas (LOPES, 2003),
Na perspectiva de Lindberg e Hawkins (1999, p.78), o ecoturismo é visto, por muitas
vezes, como um turismo em pequena escala, praticado por pessoas esclarecidas e conscientes;
turistas que não se importam com infra-estrutura pouco sofisticada, pois o motivo da viagem
seria o desejo de aprender e observar os ambientes e os costumes locais com a menor
interferência possível.
Todas as áreas naturais, protegidas ou não, juntamente com os elementos culturais são
grandes atrações para o ecoturista. Por isso a actividade turística é reconhecida como
importante ferramenta para preservação e recuperação das áreas naturais.
A OMT (1993, p. 22) citado por Dias (2003, p.95) considera a necessidade de uma
ampla participação de todos os envolvidos no planejamento ao afirmar que:
O turismo sustentável não pode funcionar unicamente à base de imposições da administração pública; é
preciso, também, que o setor turístico privado aceite esse conceito e coopere em sua execução, assim
como as comunidades locais e os turistas que devem prestar sua colaboração ao processo (OMT, 1993
apud DIAS, 2003, p.95).
Devido ao mau uso das áreas naturais, ocorrem impactos negativos sobre a natureza
decorrentes da falta de conscientização da necessidade de preservar o meio ambiente, causando
danos irreversíveis ao turismo local. Portanto é importante minimizar estes impactos, para que
não haja degradação ambiental.
Nesse sentido, segundo Dias (2003, p.98), é indispensável a educação entre os turistas
e a comunidade local sobre a importância da preservação e conservação do meio natural, para
que possam usufruir dos benefícios do desenvolvimento turístico e socioeconômico produzindo
baixo impacto negativo ambiental e social. O desenvolvimento da nação está nas mãos da
exploração consciente dos recursos naturais, pois depende-se deles para a existência humana.
Apesar dos esforços por parte do poder público em vários níveis, há os setores privados que procuram o
lucro fácil, explorando na maioria das vezes negativamente os recursos naturais, por não terem um
planejamento adequado para o local usufruído, ou ainda, não apresentando a devida cautela com o meio
ambiente. Além disso, todos os envolvidos no planejamento devem estipular estratégias de gestão para
atender aos objectivos, nos quais proporcionará benefícios aos processos de desenvolvimento do
ecoturismo e às actividades ecoturísticas (Dias, 2003, p.99).
Segundo Dias (2003. p.78), “no que diz respeito à interação das ONGs ambientalistas
de acção local regional com as actividades turísticas, há um aumento da colaboração das
entidades com objectivo de alcançar a sustentabilidade das actividades turísticas”. Deve-se
incentivar a comunidade e os visitantes com informativos em folhetos e placas, despertando a
consciência do público e a preocupação com a conservação do meio natural.
Além da conservação dos atrativos turísticos é necessário que haja uma programação
de actividades para os visitantes a fim de que desempenhe sua finalidade proposta, sem sofrer
qualquer degradação.
Lopes (2003, p. 59), considera que este ramo do turismo é caracterizado pelo contato
com ambientes naturais, pela realização de actividades que promovam a vivência e o
conhecimento da natureza e pela proteção das áreas onde ocorre. Isto é, ele está fundado nos
conceitos de educação, conservação e sustentabilidade. O ecoturismo pode ser entendido, então,
como as actividades turísticas baseadas na relação sustentável com a natureza, comprometidas
com a conservação e a educação ambiental.
15
Segundo Lopes (2003, p. 96), a oferta turística do segmento, além dos serviços comuns
de hospedagem, transporte, alimentação, entretenimento, agenciamento, recepção, guiamento e
condução, inclui também actividades na natureza que o caracterizam e permitem a integração
do turista com o ambiente natural. Algumas das actividades que podem ser realizadas no âmbito
do segmento de ecoturismo são: observação de fauna (relaciona-se com o comportamento e
habitats de determinados animais); observação de flora (permite compreender a diversidade dos
elementos da flora e seus usos); observação de formações geológicas e as visitas a cavernas
(espeleoturismo); observação astronômica (estrelas, eclipses, queda de meteoros); mergulho
livre; caminhadas; trilhas e safáris fotográficos.
O ecoturismo surgiu como movimento ambiental global no final de 1970, uma resposta
às preocupações com o desenvolvimento econômico, à degradação do meio ambiente e as
questões sociais provocadas pelo turismo em massa.
Segundo Fennel (2002, p. 66), o ecoturismo está associado a um sentido da ética, uma
vez que, para além do desfrute do viajante, procura promover o bem-estar das comunidades
locais (receptoras do turismo) e a preservação do meio natural. O turismo ecológico também
procura incentivar o desenvolvimento sustentável (isto é, o crescimento actual que não ponha
em risco as possibilidades futuras).
Apesar do auge do ecoturismo, não existe qualquer regulamentação clara a seu respeito.
Há quem inclua no ecoturismo qualquer actividade turística que suponha o contato com a
natureza, o que é errado, já que muitas dessas excursões prejudicam bastante o ecossistema.
O turismo de massas acaba por ser prejudicial em praticamente toda a sua essência,
tendo em conta que envolve o transporte aéreo (em aviões) sendo que este é poluidor, a
utilização de hotéis muitas das vezes construídos em lugares naturais (em frente ao mar, por
exemplo) e a produção de uma grande quantidade de resíduos que nem sempre são tratados de
forma correta, entre outros problemas. Por isso, muitos especialistas consideram que o
verdadeiro ecoturismo deve ser minoritário, o que não significa que não se possa desenvolver
uma indústria turística mais responsável (FENNEL, 2002).
Para que uma actividade se classifique como ecoturismo, são necessárias quatro
condições básicas: respeito às comunidades locais; envolvimento econômico efetivo das
comunidades locais; respeito às condições naturais e conservação do meio ambiente e
integração educacional e garantia de que o turista incorpore para sua vida o que aprende em sua
visita, gerando consciência para a preservação da natureza e dos patrimônios histórico, cultural
e étnico (GUERRA, 2006, p.99).
Um dos princípios básicos do ecoturismo diz respeito a oferecer benefícios para as duas
partes envolvidas, ou seja, para os moradores locais que estão abrindo sua comunidade para
receber pessoas de fora e para os turistas. Trata-se de um tipo de viagem em que ocorre uma
relação de troca entre quem está vindo de fora e quem está na comunidade. É maneira muito
mais instigante de viver a experiência de viagem.
17
Porém o ecoturismo, assim como qualquer actividade turística, também pode causar
impactos negativos que podem ser: perdas de valores culturais tradicionais, conflito entre
pessoas da comunidade e turistas, maior valorização de terras e imóveis, aumento do custo de
vida, descaracterização da paisagem, poluição da água, estradas inadequadas, etc (BELTRÃO,
2001).
Da mesma forma existem os efeitos e impactos potenciais, que de acordo com o que é
utilizado, os provocará no meio ambiente. É com a consciência de que os impactos negativos,
prejudicam e muito, é que se deve então, começar a pensar e planejar formas, que minimizem
esses impactos, com essa outra visão, começará um novo modelo de ecoturismo, o que é
planejado, organizado e praticado, fazendo a diferença necessária que o meio ambiente
necessita. Os impactos poder ser minimizados e os benefícios potencializados, desde que suas
actividades sejam corretamente planejadas” (BELTRÃO, 2001).
Quando o turismo acontece com base nesse viés mais comercial de grandes corporações
pode acabar modificando drasticamente a vida das comunidades que vivem em seu entorno. O
ecoturismo por sua vez tende a ser mais rentável para as comunidades que moram no entorno.
Basear as actividades turísticas em contato e manutenção da natureza não só ajuda a manter o
estilo de vida das comunidades locais como o próprio meio ambiente.
Lopes (2003, p.96), afirma que o Ecoturismo se bem planeado e desenvolvido, pode
trazer às populações locais benefícios amplos, como oportunidades de diversificação e
consolidação económica, geração de empregos, conservação ambiental, valorização da cultura,
conservação e/ou recuperação do património histórico, recuperação da auto-estima, entre
outros.
Quando entramos numa área natural quase sempre nos sentimos bem, percebemos que alguma coisa
muda. Quanto mais nos aprofundamos nessa relação, nessa intimidade com os elementos naturais,
percebemos que ali há uma grande escola que nos proporciona uma das raras oportunidades que temos
para realmente evoluir. Quem já teve a experiência de, por exemplo, caminhar por uma mesma trilha
diversas vezes pode compreender isso: a cada vez que a percorremos existem coisas diferentes que
podemos ver ou coisas diferentes em que pensar. A situação nunca se repete, o que nos leva a reflectir
sobre a constante transformação de tudo. Ao perceber isso percebemo-nos a nós mesmos (CAMPOS,
2005).
inevitáveis a partir do momento em que o ser humano, seja de que maneira for, intervém num
habitat natural. Por isso, a dificuldade está em conseguir conciliar desenvolvimento económico
e preservação da natureza. Mas uma coisa é praticamente certa: quem gosta da natureza e
reserva as suas férias ou fins-de-semana para a descobrir, tende a respeitá-la.
De acordo com Campos (2005, p.66), o ecoturismo pode ainda trazer como vantagem a
mudança de comportamento da pessoa que o pratica. Assim, ele seria um meio de educar essas
pessoas para que adotem comportamentos positivos no seu cotidiano, com a adoção de atitudes
em prol da conservação e sustentabilidade.
Mas além disso, a presença de turistas poderia contribui para o aprendizado dos
moradores. E esses últimos conseguiriam aprender novas habilidades. Porém, ainda que
existam vantagens com esse tipo de turismo, há também algumas desvantagens.
Em primeiro lugar, essa forma de turismo pode conferir novos empregos para aqueles
que residem em áreas turísticas, contudo esses empregos seriam algo sazonal ou sem
estabilidade.
Outra desvantagem se daria pela poluição. Ainda que o objectivo seja a redução dos
impactos ambientais, sustentabilidade e preservação, turistas podem visitar o local com seus
veículos, o que aumentaria a emissão de carbono. Assim, mesmo com esforços para evitar
impactos negativos, isso ainda poderia causar alguns danos (LOPES, 2003).
Também é possível fugir do estresse provocado pelo caos dos grandes centros urbanos.
Diante do contato direto com a natureza em sua essência, podemos revigorar as nossas energias
e passar por novas experiências, relaxando o nosso corpo e estimulando a nossa criactividade.
Outro ponto essencial consiste no fato de que muitas histórias ganham ainda mais força por
meio de seu compartilhamento. Desse modo, o turismo ecológico pode ser capaz de permitir o
maior reconhecimento de culturas e valores ancestrais, auxiliando a sobrevivência de tradições
que por muito tempo foram desvalorizadas, ou, até mesmo, completamente apagadas (LOPES,
2003).
19
Angola com suas dimensões e natureza exuberante, é um dos destinos mais procurados
por viajantes aventureiros de todo o mundo. Além de satisfazer a expectativa dos turistas, essa
preferência movimenta a economia de várias regiões, com grandes possibilidades de
participação local adequada e responsabilidade compartilhada pela preservação do meio
ambiente, do patrimônio cultural e do modo de vida das pessoas (BACCI et al 2006, p.64).
a) Conservação
A ideia principal por trás do ecoturismo é neutralizar os efeitos negativos do
desenvolvimento humano e educar os turistas e habitantes das comunidades sobre os esforços
de conservação e desenvolvimento de pesquisas em áreas naturais frágeis. Idealmente, os
esforços funcionam tanto para os viajantes quanto para os ambientes que eles visitam (BACCI
et al 2006).
As pessoas que moram em cidades costumam optar por visitar selvas, montanhas e
praias imaculadas para desfrutar de suas belezas. À medida que as comunidades locais
começam a ver seus recursos naturais como fontes de renda turística, elas se dedicam a proteger
estes recursos. Em muitos casos, os moradores encontram trabalho como guias turísticos e
descobrem que seus empregos dependem dos próprios esforços de conservação (BACCI et al.,
2006).
Além dos guias, uma série de empresas locais se beneficiam do ecoturismo. Artesãos,
comerciantes e donos de restaurantes e pousadas oferecem serviços com características que
complementam a experiência do turista e geram renda.
20
c) Preservação da cultura
Pessoas com mais educação são menos propensas a serem ambientalmente destrutivas.
Na verdade, a educação e a conscientização podem ser os verdadeiros benefícios do ecoturismo.
Além dos visitantes, os próprios moradores ganham a capacidade de buscar informação,
adquirindo uma melhor compreensão de questões mundiais ligadas ao meio-ambiente (BACCI
et al 2006).
Segundo Lima (2003, p.98), as áreas naturais protegidas para entretenimento e recreação
visam a conservação ambiental, promovendo a aproximação do homem com a sua própria
essência. O Turismo gerado nessas áreas abrange um potencial importante para a população
local, trazendo diversos benefícios econômicos. Além disso, equipando os atrativos naturais
com uma infra-estrutura de qualidade é possível incentivar os turistas a frequentar essas áreas
protegidas, no intuito de divulgar o ecoturismo.
O espírito de aventura juntamente com os produtos turísticos e o meio ambiente tornam-se alvo de
descoberta para a humanidade, uma vez que o ecoturismo é considerado um segmento de turismo mais
leve e seletivo, com ênfase no ambiente natural preservado ou pouco alterado. Ressalta-se ainda que este
segmento é motivado pelo desejo de sair do cotidiano e vivenciar o novo, a paisagem, o exótico e a fauna
e a flora, de preferência nas áreas naturais protegidas legalmente (LIMA, 2003, p.101)
Os turistas estão cada vez mais interessados em lugares intocados como as reservas e
os parques, buscando experiência de modo a compreender e preservar a natureza. Há uma
grande preocupação com a situação actual das áreas protegidas que requerem uma providência
urgente no tocante à administração. “As áreas protegidas do mundo todo têm recebido um fluxo
cada vez maior de visitantes e muitas dessas áreas não estão preparadas para o turismo. Elas
estão a cargo de pessoas sem treinamento em gestão de Turismo” (LINDBERG & HAWKINS,
1999, p.54).
Havendo estudos e monitoramento dos impactos causados pelos usuários, será possível
determinar a capacidade de carga e de suporte de uma Unidade de Conservação, de modo a
permanecerem as características e o potencial das áreas ambientais.
Neste mesmo raciocínio, Boo (1992) apud Lima (2003, p.85), detalha que as
actividades ecoturísticas podem ser um apoio importante e positivo para a preservação e
desenvolvimento sustentável destas áreas protegidas, gerando receitas a estas e às comunidades
locais, além de oportunidades de empregos e investimentos na educação ambiental. Podem
ainda, influenciar a mudança do uso dos recursos naturais de forma positiva e consciente,
fazendo do ecoturismo um meio de conscientizar as pessoas da importância em defender o
meio natural.
Lima (2003, p.87), defende “que a existência de uma área natural protegida é a garantia
básica que necessita o ecoturismo para progredir”. Ou seja, podemos considerar o ecoturismo
como um intermédio ao sufrágio de conservação das áreas de proteção ambiental, preservação
da biodiversidade e a sensibilização ecológica e socioeconômica da região local, visando
desenvolver o pensamento crítico no sentido da utilização racional dos recursos naturais
existentes.
22
Hoje em dia, o ecoturismo é visto como uma maneira de se obter lucros. Porém, esta
visão gera uma preocupação quando pensamos em sustentabilidade econômica, social e cultural
em relação ao local aonde se realizará o ecoturismo. É essencial um planejamento adequado,
para evitar que o ecossistema e a comunidade local sofram impactos negativos.
Nos dias actuais, o turismo tende a desempenhar um papel cada vez mais relevantes na
economia de muitas cidades, especialmente as que têm em seus recursos naturais sua principal
fonte de atractividade. Entretanto, estes recursos naturais vêm sofrendo diversos tipos de
impactos, alguns dos quais causados diretamente pela actividade turística. (Oliveira, 2006,
p.52).
No entanto, são necessárias ações direcionadas ao manejo e planejamento das áreas
naturais, sendo seu desenvolvimento detalhado, imprescindível na minimização dos impactos
negativos.
Uma vez atentado para o manejo e planejamento das áreas naturais, a economia gerada
pela visitação desses atrativos turísticos poderá contribuir na redução das desigualdades
socioeconômica. Segundo:
colocado em prática tem sido o lucro imediato e não o desenvolvimento através dos princípios
defendidos pelo segmento. Sabe-se que é necessário cumprir várias etapas antes de se ter o
ecoturismo funcionando de uma maneira idealizada, e tão desejada no desenvolvimento
sustentável.
Lima (2003, p.77), considera que “jamais se falou tanto da indústria de viagens e
turismo em Angola como agora. É tempo de investir no fortalecimento deste segmento, mas se
faz necessário antes, definir realmente o que é certo e o que é errado no uso da natureza
comercializada, estabelecendo os limites de convivência do homem com a natureza. Precisa-se
determinar uma ética, regulamentando o uso da natureza, da propriedade e um critério na sua
comercialização. Uma das medidas é evitar a massificação, o turismo ecológico é, por
definição, uma actividade seletiva”.
Na comercialização deve ser observada a venda do produto com o cuidado de ofertar
muita segurança e higiene, preparando o turista na questão da educação ambiental. Praticado
de maneira mal planeada, ele pode se transformar num instrumento de degradação ambiental e
cultural, ao invés de ser uma ferramenta para a conservação e desenvolvimento local.
Calcula-se que o mercado mundial neste tipo de turismo seja da ordem de 8 milhões de
pessoas, partindo dos E.U.A, 20 milhões da Europa e de 2 a 3 milhões saindo de outros
continentes. Diante desta realidade, faz-se necessário exercitar uma inteligência comercial
diferenciada, incentivando cada vez mais a qualidade, investindo com criactividade na
divulgação de nossas riquezas, desta maneira, iremos incrementar esta actividade, pois
estaremos projetando a imagem do país para milhões de turistas potenciais e para formadores
de opinião em todo o mundo (PEREIRA, 2009, p. 55).
Por sua vez, o turismo sustentável gira em torno de ações em prol da sustentabilidade.
E para isso esse se preocupa em tornar as viagens menos prejudiciais. Ainda, essa forma de
turismo pode manter seu foco em diversos destinos, enquanto que no ecoturismo o foco se
mantém numa determinada área da natureza. Enquanto isso, o turismo tradicional pode gerar
escassez nos recursos naturais e também propiciar estímulos para que haja a destruição da
natureza conforme as empresas tentam acompanhar as demandas existentes (GUERRA, 2006,
p.52).
Segundo Lopes (2003, p.96), o turismo, é o setor econômico, que cada dia mais depende
da natureza para sobreviver. A preocupação com o meio ambiente despertou o interesse de
muitas pessoas conscientes, que reconhecem os recursos naturais como um bem finito e passivo
de cuidados. A industrialização e a urbanização, trouxeram para a sociedade a poluição
ambiental, que desencadeou uma série de discussões para impedir que isto propiciasse a
destruição do patrimônio natural.
O grande perigo actual, é ver no turismo o remédio para todos os males que afligem os
municípios e desenvolve-lo sem um planejamento. A responsabilidade sobre a manutenção da
qualidade ambiental dos destinos turísticos é de todos, inclusive do próprio turista (CAMPOS,
2005).
25
O turismo responsável, é aquele capaz de respeitar as características dos destinos trabalhados, sem
transformar as comunidades visitadas em satélites desgarrados da cultura urbana, é necessário impedir a
destruição da beleza da paisagem, onde elas estão instaladas, ou a interferência no funcionamento dos
ecossistemas ali existentes, do qual dependem fauna, flora, água e ar saudáveis (CAMPOS, 2005, 54).
.
Os impactos ambientais mínimos precisam ser valorizados, mantendo-se distantes os
complexos hoteleiros e pacotes de viagem não preservacionistas e, acima de tudo, é preciso
investir na capacitação dos recursos humanos, ensinando a todos os envolvidos, a usufruir, sem
destruir.
Em 1972, com a Conferência das Nações Unidas (ONU) para o Meio Ambiente,
realizada em Estocolmo, na Suécia, que teve como objectivo principal mostrar ao mundo a
gravidade da situação nesse setor, as questões ambientais ficaram ainda mais evidentes.
O meio ambiente serve como cenário para toda viagem que se pretenda fazer. O local
deverá oferecer belas paisagens, incluindo a natureza em todas as suas ações, devendo ter como
efeito do turismo a melhoria não só do nível de vida da população residente, como também
uma harmoniosa convivência com os visitantes.
Para Campos (2005, p.92), o mercado está exigindo cada vez mais das agências de
viagem uma atitude ética, não só de dar conforto ao cliente, mas também de proporcionar ao
turista uma proximidade com a população anfitriã. Embora seja o Turismo um gerador de
empregos e dinheiro novo, deve haver um comprometimento do turista com o local e um
respeito mútuo entre as pessoas.
O ecoturismo precisa escrever uma história coerente, na qual a cultura local é muito
valorizada. Resta-nos saber se haverá tempo de disseminar os conceitos de turismo responsável,
sustentável, ecológico ou como se queira chamar, antes de se acabarem os destinos com
potencial para um trabalho sério. Antes de se matarem "as galinhas", ignorando que seus ovos
são de ouro (GUERRA, 2006, p.114).
Algumas leis foram criadas para defender os animais, mas ainda não estão sendo
cumpridas, por isto o ideal é que nós busquemos implantar maneiras de impedir que ocorram
certas atitudes reprováveis. Nas áreas sob propriedade privada, cabe ao proprietário estabelecer
as condições para pesquisa e visitação pelo público, observadas as exigências e restrições
27
legais. Segundo Lopes (2003, p.88), cabe a nós, indivíduos, fazer do ecoturismo uma
ferramenta para o despertar responsável de cada um, transformando-se num instrumento capaz
de reafirmar o papel do indivíduo no mundo, se preocupando com a sustentabilidade, com a
educação ambiental e com a inclusão social.
As visitas às áreas de preservação devem acontecer num horário padrão, caso contrário
poderá ocasionar o stress nos animais nativos. A transmissão de doenças para os animais
selvagens ou mudanças repentinas da saúde deles através da perturbação de rotinas diárias ou
aumento dos níveis de estresse, apesar de não aparentes para o observador casual, podem se
traduzir em taxas de sobrevivência e procriação menores (LIMA, 2003, p.91).
Uma viagem de ecoturismo apresenta uma série de vantagens dentre as quais estão
oferecer um passeio com mais responsabilidade pelos mais variados lugares aprendendo como
respeitar os diferentes ambientes e ainda permitindo um contato mais direto com as
comunidades locais. Além disso, regiões pouco exploradas podem ser acessadas com um
comportamento alinhado as necessidades locais.
Essa forma de turismo sustentável contribui para uma experiência de viagem com mais
aprendizado para todas as partes. Os guias turísticos e os anfitriões são educados num nível
mais profundo a respeito de como levar os interessados para um passeio mais completo. O
turismo é uma actividade com finalidade econômica, mas também é uma dinâmica de troca de
experiências e de valorização do que há de mais valioso no mundo, a natureza esplendorosa
(NETTO& GAETA, 2010, p.87).
O sector do turismo é visto por muitos países como sendo a indústria da paz, com uma
relevância considerável para o desenvolvimento dos países através da captação de recursos para
os cofres públicos. Em África os seus países são vistos e conhecidos geralmente pelo seu
turismo na natureza e na vida selvagem, por providenciarem experiências únicas aos turistas
(PEREIRA, 2009, p. 77-120).
Nestes termos dizer que este tipo de turismo considerado como um segmento da
actividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural,
incentivando a sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através
da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações, para a sua efetivação
nestes países em vias de desenvolvimento , estes precisam superar algumas barreiras .ligadas
as infraestruturas básicas (PEREIRA, 2009, p. 77-120).
Em Angola o ecoturismo a sua prática é protegida pelo Decreto Executivo Conjunto n.º
470/15 de 14 de Julho , exercidas dentro dos parques e em outras reservas protegidas pelo estado
de importância particular. Assim o país possui um elevado potencial com a sua fauna e flora e
com a sua diversidade do seu ecossistema únicos no mundo, tem assim o potencial para tirar o
29
Raul (2010, p.98), considera que em países onde as infraestruturas básicas o ecoturismo
afigura-se em ser um projecto para o futuro na medida em que estes países precisam vencer
vários desafios como ; a capacidade de distribuição de bens fundamentais e outros recursos
necessários a sobrevivência das pessoas, assim como o acesso a água potável ,a segurança
alimentar, , os serviços de saúde e os de segurança pública precisam ser funcionais, assim como
a energia , assim como devem superar as diferenças entre certos extratos sociais ,como
resultado da má distribuição da renda , causando para uns a pobreza extrema.
O outro problema que o ecoturismo pode enfrentar para sua implementação em países
em vias de desenvolvimento está ligado ao facto dos modelos estruturados, utilizados por estes
não estarem de acordo com a realidade das populações e também com as dificuldades
económicas (LOPES, 2003, p.120).
Ainda sobre os desafios , importa frisar que, uma vez que este segmento do turismo
implica essencialmente na prática integrada de actividades diversificadas, que vão desde o
usufruto da natureza através de um passeio à prática de caminhadas, escalada, espeleologia,
orientação, passeios de bicicleta ou a cavalo, actividades aquáticas e subaquáticas, entre outras,
ao contacto com o ambiente rural e culturas locais, através da sua gastronomia e manifestações
30
A LBA deixa bem vincada uma das regras de ouro do Direito do Ambiente: autorização
prévia de qualquer actividade que possa causar impactos ambientais significativos. No
procedimento autorizativo, a Administração deverá incluir uma dimensão de avaliação de
riscos, sempre que o projecto apresentado sinalizar um impacto significativo para o ambiente
(LEI DE BASE DO AMBIENTE, Lei 9/04, de 9 de Novembro, artigo 27º)
Em razão da forte componente técnica das decisões ambientais porque nunca há risco
zero e a Administração, de acordo com as conclusões apuradas na avaliação de impacte, deverá
impor medidas de minimização de riscos decisivas para a viabilidade do projecto , o
procedimento de avaliação de impacto ambiental deverá culminar num parecer favorável ao
projecto, sob pena de o licenciamento ambiental ser inválido, como veio a determinar o artigo
13º do RAIA, em 2004.
31
Artigo 10º Os projectos cujas acções interfiram com os interesses da comunidade, com
o equilíbrio ecológico e o uso dos recursos naturais de que resulte a perda para terceiros, deve
ser submetida a um processo de avaliação de impacto social e ambiental, em que a consulta
pública é obrigatória.
A consulta pública inicia com a divulgação prévia de um resumo não técnico do Estudo
de Impacto Ambiental do qual consistem os efeitos mais importantes que o projecto pode gerar
no ambiente. Nomeadamente nos recursos de utilização naturais.
A consultoria pública deve realizar-se por um período não inferior a 5 dias, nem superior
a 10 dias, descritos no anexo do projecto. Findo prazo fixado para consulta pública é elaborado
nos oito (8) dias subsequentes. Um relatório programático especificando diligências efectuadas
a participação registrada e a conclusão a extrair. Os custos relativos a realização de consultas
públicas serão incluídos todas as despesas ao dono da obra.
Publicação da Decisão: Artigo 14ª decisão final sobre a análise de projectos sob o termo
deste artigo e o respectivo processo devem ser sujeitos à publicação, sem prejuízos às limitações
estabelecidas em lei . Em matérias de protecção das águas temos a lei de águas , embasada nos
“princípios de gestão de águas” de Angola, visa a implementação das seguintes políticas de
gestão pelos Ministérios competentes:
A maioria das espécies (animais) nesta região foram quase erradicadas ou muito
minimizadas. Em 2001, os elefantes do Botswana e da África do Sul foram reassentados com
êxito e têm aumentado constantemente seus números desde então. Como resultado, a população
dos animais está se recuperando lentamente (RAUL, 2010).
O Parque Nacional da Kissama não é uma reserva privada, como é visto frequentemente
na Tanzânia ou na África do Sul. Os animais vivem lá livre e seguem seu próprio caminho.
Portanto, os avistamentos de espécies individuais não podem ser garantidas. Mas a flora e a
fauna, bem como a estrada de acesso, valem a viagem. Tire um dia de folga e experimente a
biodiversidade do país, não muito longe da capital (RAUL, 2010).
A 75 km a sul de Luanda, o Parque Nacional da Quissama tem uma área total de 9600
km². Os seus limites são, a norte o rio Cuanza, desde a sua foz até à Muxima; a sul o rio Longa,
entre a foz e a estrada de Mumbondo a Capolo; a oeste a linha da costa entre a foz dos rios
Cuanza e Longa; e a leste a estrada que vai da Muxima, Demba Chio, Mumbondo e Capolo até
ao rio Longa. O parque conta com um estabelecimento para visitantes, uma pousada e vários
bungalous.
35
3.2.3 Flora
A vegetação varia muito das margens do Rio Cuanza para o interior do Parque, com
manguezais, mata densa, savana, árvores dispersas, cactos, imbondeiros e grandes zonas de
arvoredo.
3.2.3 Fauna
Diversidade nas espécies que podemos encontrar neste parque natural, desde elefantes,
girafas, bâmbis, leque, tartarugas, cobras, gnus, crocodilos, cabras-de-leque, hipopótamos,
zebras, manatins, aves diversas, esquilos, macacos, entre outros.
3.2.4 Clima
Os verões são quentes e húmidos, com a humidade relativa média às 08h00 de 80%,
durante a maior parte do ano, devido à influência dos ventos terrestres do Atlântico fresco. O
orvalho pesado é verificado até mesmo durante o Inverno, quando os céus cinzentos e nebulosos
- o cacimbo - são uma característica da costa angolana. Os cacimbos são suaves e secos. A
37
precipitação média anual é de ca. 350 a ca. 400 mm, aumentando para oeste a partir da costa.
Apesar desta aridez, a neblina costeira é responsável pela densa cobertura de líquenes - Rocella
e Usnea – nas brácteas e troncos secos das comunidades lenhosa
Os solos formados a partir desses substratos são comuns à extensa plataforma costeira
da Bacia do Cuanza, estendendo-se de Porto Amboim ao Rio Bengo. Os rios Cuanza e Longa
possuem amplas várzeas de solos aluviais. Os planaltos são cobertos por areias pleistocénicas
não estruturadas de cores amarela, laranja e vermelho vivo (terras de musseque); escarpas,
38
3.2.6 Hidrologia
Entre os rios Cuanza e o Longa, há muito pouca água superficial natural. A Quiçama
permaneceu livre de colonização, até ao início do século XX, altura em que ocorreram pequenas
invasões de fazendeiros ao longo da costa e de plantadores de cana-de-açúcar ao longo do
Cuanza.. O interesse colonial relativamente a Quiçama era fraco pois havia uma falta de fontes
fiáveis e permanentes de água potável na maior parte da paisagem, que fez com que, em 1938,
se tornasse uma Reserva de Caça e, em 1957, um Parque Nacional. As fazendas de gado da
Pecuária da Barra do Cuanza (PBC) bombearam a água do sul do Cuanza para as suas estações
de gado ao longo da costa, em Sangano e Cabo Ledo, e para o norte desde o Longa até as
estações em direcção ao Cabo de São Braz. Eles também construíram represas de terra
(chimpacas) em Sangano e em alguns outros córregos intermitentes. No interior, aldeias muito
pequenas em Cassebo, Quindembele, Mucolo, Galinda, entre outras, dependiam da água de
pequenas charcas, de córregos intermitentes em Pitchi, Gunza Demba e outros locais remotos
(RAUL, 2010).
Quanto ao resto, Quiçama foi e continua a ser essencialmente um deserto delimitado por
dois rios abundantes - o Cuanza.
39
Figura 3 - O abundante rio Longa que forma o limite Sul do Parque Nacional.
Entre muitos sítios nunca visitados que Angola oferece para a Aventura Africana, o
turista tem alguns lugares tais como as Cachoeiras ou a as magníficas quedas de água de Serra
da Leba perto da Huila, e milhares de quilómetros de praias inexploradas e matas virgens.
41
Entrevistado: Sim tem recebido muitos turisto, isto porque o Parque Nacional da
Quissama é um dos principais locais de visitação natural em todo território angolano. Este
parque tem uma grande variedade de paisagens e de espécies de animais e de plantas. Com toda
essa biodiversidade, realizar um safari na Quiçama é algo que atrai a muitos turistas.
O que corrobora com os pensamentos de Aragão (2010), que afirma que o ecoturismo é
uma actividade que se encontra em expansão em Áfroca, dada a riqueza ecológica. Os
elementos naturais despertam a curiosidade das pessoas e acabam por motivá-las a praticar
42
algumas das actividades ecoturísticas, que são variadas e, ao mesmo tempo em que
proporcionam prazer ao turista, proporcionam uma interação com os aspectos naturais.
A busca por contato com a natureza e a visitação de espaços naturais sempre foi de
grande importância para a humanidade. A indústria do turismo busca se apropriar do desejo
humano de contato com paisagens extraordinárias e, em última análise, com a natureza, como
motor econômico. A forma que esta exploração econômica se dá é determinante para a
sustentabilidade das próprias paisagens e atributos naturais (OLIVEIRA, 2006).
Entrevistado: Diante da crise econômica que Angola vive o Governo viu-se obrigado
a divertia a economia, nesta senda o turismo aparece como uma forma de promover a
43
Para alavancar este sector o Estado Angolano lançou o Plano Nacional do Turismo de
Angola, um documento estratégico para o fomento do turismo, reconhece quatro polos de
desenvolvimento do turismo e dois deles estão associados ao fomento do ecoturismo, sendo
assim o Parque da Quiçama tem se beneficiado das políticas Governamentais para alavancar
este sector, politicas estás que envolvem financiamento de programas do parque.
O que corrobora com Campo (2005), que afirma que a actividade turística tem
apresentado impactos de diversos tipos em relação às comunidades, às pessoas e aos lugares
explorados. Os impactos positivos, no campo social e económico, são: Geração de emprego e
renda, a actividade turística absorve a mão-de-obra gerando empregos e consequentemente o
44
aumento da renda da comunidade.; Geração de divisas, os gastos gerados por esta actividade
podem ser assim classificados: primários - são os gastos efetuados pelos turistas estrangeiros
no destino receptor; e aumento na oferta de emprego e absorção da mulher no mercado de
trabalho.
45
Não existe ainda, ali, uma estrutura de receptivo e acompanhamento por monitores e
guias locais treinados que proporcionem visitas mais proveitosas. Além disso, ainda não há
atendimento de primeiros socorros em caso de eventual acidente. Do modo como a visitação
ocorre hoje, compromete-se a potencialidade e a imagem do atrativo para o futuro. Daí a
importância de se criar um conceito de responsabilidade e cuidado, tendo em vista que existe,
segundo seus administradores, a intenção de melhorar os serviços actualmente disponíveis e
reativar uma infra-estrutura de hospedagem na forma de pousada que no momento encontra-se
desativada.
Percebe-se ainda que os freqüentadores do Parque Nacional da Quiçama não têm uma
consciência ecológica. Em sua maioria, visitam o lugar apenas para fugir do ambiente urbano
e do stress do dia a dia. Não há um projeto de educação ambiental para integrar os usuários,
46
nem uma proposta de planejamento para melhorar a infraestrutura do lugar como forma de
embasar uma divulgação do local, evidenciando-o como uma alternativa de lazer cultural e
entretenimento popular focado na preservação ambiental.
Com a análise realizada, este trabalho pode ser considerado uma fonte de coleta de dados
da área do Parque Nacional da Quiçama, contribuindo para pesquisas futuras sobre o incentivo
da conservação e proteção em áreas naturais. A natureza “agradecerá”, retribuindo com beleza,
pureza, proporcionando satisfação e alegria.
Tendo como base o conteúdo discutido, pode-se considerar que o parque nacional da
Quiçama apresenta características do ecoturismo, uma vez que há possibilidade de práticas de
caminhadas, além de banhos nas águas do rio. Na localidade, a natureza propicia o contacto do
ecoturista com a diversidade da fauna e flora, com as belezas das águas e principalmente insere-
o no contexto ético e ambiental tão discutido nos dias de hoje.
47
PERSPECTIVAS FUTURAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BELTRÃO, O. d. (2001). Turismo - A Industria do Seculo XXI. São Paulo: Novo Século.
BENI, M. C (2006). Política de planeamento do turismo no Brasil . São Paulo , Aleph.
CAMPOS, Â. M. N. (2005). O ecoturismo como alternativa de desenvolvimento sustentável.
Caderno Virtual do Turismo.
CEBALLOS-LASCURAÍN, H. (1996).Turismo sustentável e meio ambiente. São Paulo: Atlas.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE ANGOLA, 2010, artigo 39ª.
COUTINHO, C. P (2011). Metodologia de Investigação em Ciências Sociais e Humanas:
Teoria e Prática. São Paulo: Almeida.
GUERRA, S. C. (2006). Direito internacional ambiental. (F. B. A., Ed.) Rio de Janeiro: Maria
Augusta Delgado.
IRVING, M. A (2005). Revisitando significados em sustentabilidade no planejamento turístico.
Caderno Virtual de Turismo.
MIRRA, Á. L. (2002). Ação civil pública e reparação do dano ao meio ambiente. São Paulo:
Juarez de Oliveira
MORAES, K. G. (2012). O princípio do desenvolvimento sustentável na política nacional de
resíduos sólidos. In: C. E. SILVEIRA, Princípios do direito ambiental (pp. 09-39). EDUCS -
Editora da Universidade de Caxias do Sul.
NETTO, A. P., & GAETA, C. (2010). Turismo e experiência. São Paulo: Senac.
OLIVEIRA, A. P. (2001). Turismo e Desenvolvimento: planejamento e organização, 3ª ed. São
Paulo: Atlas.
OLIVEIRA, S. D (2006). Turismo Responsável: uma alternativa ao turismo sustentável?. IV
SeminTUR – Seminário de Pesquisa em Turismo do MERCOSUL. Caxias do Sul.
Organization, U. -W. (2012). Why Tourism? Retrieved, from UNWTO - World Tourism
Organization: http://unwto.org/en/content/why-tourism. Acesso em 12 de Agosto de 2022.
PAIVA, M. L. (2007). Contribuições do Treinamento de Habilidades Sociais à Formação e
Actuação dos Profissionais do Turismo. In: E. G. CASTELLANO, R. A. FIGUEIREDO, & C.
L. CARVALHO, (Eco)Turismo e educação ambiental: diálogo e prática interdisciplinar (pp.
15-26). São Paulo: RiMa.
PEREIRA, M. A. (2009). Desafios contemporâneos do ordenamento do território. Prospectiva
e Planeamento.
PRODANOV, C. C; FREITAS, E. C (2013). Metodologia do Trabalho Científico: Métodos e
Técnicas da Pesquisa e do Trabalho Acadêmico. São Paulo: Atlas.
APÊNDICE
51
Apêndice 1
ROTEIRO DE ENTREVISTA
O inquérito tem por objectivo recolher informações para a elaboração da monografia com o
tema “Análise da utilização do Parque Nacional da Quiçama para a prática do eco-turismo”.
Inquérito realizado pela estudante Lorena Beatriz Diogo António, curso de Turismo, Gestão
hoteleira e animação pela Universidade Metodista de Angola
8- De que forma o Estado tem incentivado a prática do ecoturismo com vista a conservação dos
recursos naturais do parque?
9- Quais são as estratégias adoptada pelo Parque Nacional da Quiçama com vista a atrair os
turistas para a prática do eco-turismo?
ANEXOS
53
Anexos 1