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COORDENAÇÃO DO CURSO TÉCNICO DE GESTÃO

AMBIENTAL

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (TCC) PARA


OBTENÇÃO DO GRAU DE TÉCNICO MÉDIO EM GESTÃO
AMBIENTAL

TEMA: PROBLEMÁTICA DE GESTÃO DE RESÍDUO SÓLIDOS


URBANO COMO ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL DO MEIO
AMBIENTE DO MUNICÍPIO DO HUAMBO

Estudantes:

 Domingos Maika Mario


 Josuel Ngandala Sassapa

HUAMBO, 2023
INSTITUTO POLITÉCNICO DO AMBIENTE CCM2 Nº103 “31 DE JANEIRO”

TEMA: PROBLEMÁTICA DE GESTÃO DE RESÍDUO SÓLIDOS


URBANO COMO ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL DO MEIO
AMBIENTE DO MUNICÍPIO DO HUAMBO

O presente trabalho visa fundamentalmente


servir de avaliação da disciplina de projecto
tecnológico, e conclusão de curso (TCC)
Técnico de Gestão Ambiental no Instituto
Politécnico do Ambiente CCM2 Nº103”31 de
Janeiro”

HUAMBO, 2023
FOLHA DE ROSTO

1. Domingos Maika Mário


2. Josuel Ngandala Sassapa
DEDICATÓRIA

Aos nossos familiares, colegas, professores e a direção da escola, pelo carinho e apoio
que foram-nos dando durante a nossa formação como futuros técnicos de Gestão
Ambiental.
AGRADECIMENTOS

À Deus, nosso Pai, os nossos eternos agradecimentos.

Os nossos agradecimentos também são extensivos a todos aqueles que direta ou


indiretamente apoiaram a realização de nosso trabalho. Instituto Politécnico do
Ambiente CCM2 Nº103”31 de Janeiro”, pela oportunidade disponibilizada e a
culminação do curso técnico de Gestão Ambiental, ao coletivo de professores, e não
esquecendo os nossos familiares e colegas que prestaram suas experiências.
EPÍGRAFE

Devemos agradecer todos os dias pelo bucado que


Deus nos deu, a aprender a práticar a gratitude,
aprender a diferença do dinheiro e do valor, do
sorrizo, da alegria, da solidão e da solitude,
aprender que a riqueza que Deus não nos deu no
dimheiro, nos deu na educação e na saúde.
(Domingos Maika Mário & Josuel Ngandala
Sassapa. 2023).
RESUMO

Este trabalho tem por objetivo principal o estudo da problemática de gestão de resíduos
sólidos urbano como tratamento sustentável do meio ambiente do Município do
Huambo. Identifica as principais dificuldades associadas à gestão de resíduos e
apresenta sugestões para melhoria da sua estratégia de gestão. É analisada a produção de
RSU, o seu destino final, o grau de satisfação da população em relação à gestão de RSU
e a sua disponibilidade para futura colaboração na melhoria desta bem como, a
percepção da população relativamente à sua gestão. A metodologia adotada para o
desenvolvimento do trabalho baseou-se em: informações fornecidas pelas empresas
envolvidas e pela Administração Municipal do Huambo; pesquisa bibliográfica,
realização de inquéritos à população e realização de entrevistas às entidades
responsáveis pela gestão de resíduos sólidos urbanos.

Os resultados demonstram que a cidade enfrenta sérias dificuldades e falhas


identificadas ao nível da recolha, tratamento e da informação prestada à população
residente. As autoridades locais não promovem a reciclagem contribuindo, desta forma,
para a perda de resíduos que podem transformar-se em recursos. A deposição ilegal de
resíduos é ainda uma prática habitual, assim como outros meios não adequados
utilizados para o seu descarte.

Perante esta situação, foi efetuada uma proposta para melhorar a gestão dos resíduos
sólidos urbanos em que se destaca a necessidade de investir na educação ambiental,
reforma do sistema de recolha e requalificação do destino final. A sua implementação
exige a participação dos diversos setores da sociedade civil, com a intenção de
promover a elaboração e implementação de estratégias mais eficazes.

Palavra-chaves: Gestão de Resíduo, Tratamento Sustentável, Meio Ambiente.


ABSTRACT

This work has as its main objective the study of the problem of urban solid waste
management as a sustainable treatment of the environment of the Municipality of
Huambo. It identifies the main difficulties associated with waste management and
presents suggestions for improving its management strategy. It is analyzed the
production of RSU, or its final destination, or the degree of satisfaction of the
population in relation to the management of RSU and its availability for future
collaboration in the improvement of this well as, the perception of the population
relative to its management. The methodology adopted for the development of the work
is based on: information provided by the companies involved and by the Municipal
Administration of Huambo; bibliographical research, conducting population surveys
and conducting interviews with the entities responsible for the management of urban
solid waste. The results show that the city faces serious difficulties and failures
identified at the level of collection, treatment and information provided to the resident
population. The local authorities do not promote recycling, thus contributing to the loss
of waste that can be transformed into resources. The illegal disposal of waste is still a
common practice, as well as other unsuitable means used for its disposal. Due to this
situation, a proposal was made to improve the management of two urban solid wastes in
which the need to invest in environmental education, reform of the collection system
and requalification of final destination stands out. Its implementation requires the
participation of two different sectors of civil society, with the intention of promoting the
elaboration and implementation of more effective strategies.

Keywords: Waste Management, Sustainable Treatment, Environment.


ÍNDICE

INTRODUÇÃO............................................................................................................1
Justificativa............................................................................................................1
Problema cientifico da Investigação......................................................................2
Hipóteses................................................................................................................2
Objectivos..............................................................................................................3
CAPITULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..................................................4
1.1. Resíduos Sólidos.............................................................................................4
1.2. Breve Histórico sobre a Gestão dos Resíduos................................................4
1.2.1. Classificação dos Resíduos Sólidos.............................................................5
1.2.2. Impacto dos resíduos sólidos no meio ambiente.......................................11
1.2.3. Transporte dos RSU...................................................................................13
1.3. Aterro Sanitário............................................................................................14
1.3.1. Reciclagem................................................................................................15
1.4. Sistema de deposição de RSU......................................................................17
1.4.1. Circuitos de Recolha..................................................................................18
1.4.2. Transporte de RSU....................................................................................18
1.4.3. Fatores que influenciam na produção de Resíduos Sólidos Urbanos........19
1.5. CARACTERIZAÇÃO DA PROVÍNCIA DO HUAMBO...........................20
1.5.2. Mapa de Huambo.......................................................................................20
1.5.3. Municípios.................................................................................................21
CAPITULO II – RESULTADOS.............................................................................22
2.1. Caracterização da área de estudo..................................................................22
2.2. Colheita de dados..........................................................................................23
2.3. Materiais e métodos......................................................................................23
CAPÍITULO III – RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................24
2.3. A apreciação da população face ao serviço prestado aos RSU....................26
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES................................................................29
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS.....................................................................30
LISTA DAS FIGURAS

Figura 1: Natureza dos resíduos domiciliares................................................................6

Figura 02: Diminuição do fluxo de papel nos aterros sanitários em consequência da


reciclagem......................................................................................................................8

Figura 03: Chorume.....................................................................................................10

Figura 04: Símbolos da reciclagem.............................................................................11


LISTA DOS QUADROS

Quadro 1 - Número de inquiridos por bairros..............................................................25

Quadro 2 - Distribuição dos inquiridos por faixa etária..............................................25

Quadro 3 - Grau de escolaridade dos inquiridos..........................................................25

Quadro 4 - Número de pessoas por residência............................................................26

Quadro 5 - Possibilidade de depositar os resíduos no contentor.................................27

Quadro 6 - Satisfação dos com o sistema de recolha por parte das autoridades..........27
LISTA DOS GRÁFICOS

Gráfico 01 - Tipos de resíduos mais produzidos.........................................................28

Gráfico 02 - Tipos de resíduos mais produzidos.........................................................28


INTRODUÇÃO
A gestão adequada dos resíduos sólidos urbanos (RSU) é uma temática de grande
relevância a nível mundial, socio-económico e ambiental, merecendo uma crescente e
particular atenção, quer por parte das populações quer por parte dos governos, de modo
a minimizar os seus efeitos no ambiente (Martinho et al. 2000, Russo, 2003).

O aumento da produção de resíduos levanta apreensões para o desenvolvimento do


nosso futuro comum. Pois, se por um lado, se verifica a rápida saturação das
infraestruturas de tratamento e deposição de resíduos, por outro lado, constata-se o
esgotamento eminente dos nossos recursos naturais (Costa, 2009).

Torna-se, assim, urgente inverter esta tendência e, neste sentido, por exemplo na Europa
a Comissão Europeia propôs uma nova estratégia com intuito de fomentar a redução e
reciclagem de resíduos. Neste pressuposto, preconiza-se o aproveitamento dos resíduos
como recursos diminuindo a exploração dos recursos naturais e aumentando o tempo de
vida das estruturas de tratamento e deposição de resíduos.

Em Angola, e em particular no Município do Huambo, tem-se registado, nos últimos


anos, um desenvolvimento económico com reflexos na urbanização e no aumento dos
padrões de consumo que apontam para o crescimento da quantidade e complexidade dos
Resíduos Sólidos Urbanos (R.S.U). Estes desperdícios da atividade humana favorecem
graves problemas sanitários, principalmente nos principais centros urbanos. De uma
forma geral, a gestão de Resíduos Urbanos baseia-se na simples recolha indiferenciada e
em seguida na deposição em lixeira, considerada como aterro sanitário, acarretando
impactos negativos (solo, águas, e do ar).

Justificativa
Justifica-se este tema problemática de gestão de resíduo urbano como tratamento
sustentável do meio ambiente do Município do Huambo, os resíduos sólidos mais
precisamente denominados de lixo correspondem a todo material proveniente das
atividades diárias do homem em sociedade. Estes podem ser encontrados nos estados
sólido, líquido e/ou gasoso. Os resíduos podem ser descartados, aqueles que são
completamente imprestáveis para seu reaproveitamento ou podem ser reutilizados
mediante uma série de processamentos físicos e/ou químicos para a fabricação de novos
produtos.
O descarte dos resíduos tem se tornado um problema mundial quanto ao prejuízo e
poluição do meio ambiente, caso estes sejam descartados sem nenhum tratamento, onde
se pode afetar tanto o solo, a água e/ou o ar. A poluição do solo pode alterar suas
características físico-químicas, que representa uma séria ameaça à saúde pública
tornando-se o ambiente propício ao desenvolvimento de transmissores de doenças.

A poluição da água pode alterar as características do ambiente aquático, através da


percolação do líquido gerado pela decomposição da matéria orgânica presente no lixo,
associado com as águas pluviais e nascentes existentes nos locais de descarga dos
resíduos. Enquanto que a poluição do ar pode provocar a formação de gases naturais na
massa de lixo, pela decomposição dos resíduos com e sem a presença de oxigênio no
meio, originando riscos de migração de gás, explosões e até de doenças respiratórias, se
em contato direto com os mesmos.

Problema cientifico da Investigação


Toda pesquisa cientifica deve ser acompanhado de um problema, e como a
problematização da nossa pesquisa encontramos a seguinte questão:

Como devemos resolver a problemática de gestão de resíduo sólidos urbano como


tratamento sustentável do meio ambiente do Município do Huambo?

Hipóteses
Podemos considerar como pressuposto que, o Município do Huambo, se tem registado
um forte crescimento demográfico e económico que aumenta a produção de resíduos e
não só. Por estas razões apontamos as seguintes hipóteses que afetam e afetarão o
problema dos Resíduos Sólidos Urbanos:

 Insuficiente capacidade institucional;


 Deficiência na capacitação técnica e profissional;
 Ausência de controlo ambiental;
 Limitações de ordem financeira;
 Difícil acesso às zonas periféricas do Município.

As hipóteses enumeradas acima podem ser testadas e de modo a averiguar se são


verdadeiras ou falsas.
Objectivos
Geral:

 Explicar acerca da problemática de gestão de resíduo sólidos urbano como


alternativa sustentável do meio ambiente do Município do Huambo

Específicos:

 Avaliar o conhecimento da população em relação ao tema da gestão de resíduos


sólidos urbanos;
 Contribuir para uma melhor gestão dos resíduos produzidos;
 Fazer propostas de melhoria que ajudem a minimizar e resolver o problema.
CAPITULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1. Resíduos Sólidos
Neste o capítulo iremos fazer uma abordagem geral sobre o conceito de RSU tendo em
conta alguns aspetos destes em Angola e em particular no Município do Huambo. Os
termos ´´resíduos sólidos´´ e ´´lixo´´, são muitas vezes utilizados com significado
diferente. Contudo, na linguagem quotidiana o termo ´´resíduos sólidos´´ é pouco
utilizado ao contrário do termo ´´lixo´´ que é usado para designar ´´sobras´´ (restos).

Em Angola, foi publicado em decreto presidencial nº 190/12, de 24 de Agosto, a


aprovação do regulamento sobre a gestão de resíduos em conformidade com o disposto
no nº 1 do artigo 11; da Lei nº 5/98 de 19 de junho (Lei de Base do Ambiente de
Angola). Este regulamento estabelece as regras gerais relativamente à produção de
resíduos depositados no solo, subsolo, tratamento, recolha, armazenamento e transporte
de quaisquer resíduos com exceção dos de natureza radioativa ou sujeitos a
regulamentação específica, por forma a prevenir ou diminuir impactos negativos sobre a
saúde das pessoas e no ambiente. A referida Lei de Base do Ambiente de Angola define
que os resíduos sólidos urbanos ´´correspondem a todo material proveniente das
atividades diárias do homem em sociedade, através dos quais há necessidade de se criar
sistemas que previnem situações que danificam o meio ambiente e que coloquem em
risco a saúde das pessoas e prejudiquem o ambiente´´.

1.2. Breve Histórico sobre a Gestão dos Resíduos


Desde tempos remotos, os seres humanos puderam utilizar recursos naturais que
garantissem a sua sobrevivência e que servissem de base para a criação de objetos que
os ajudasse a prosperar. Nesses tempos iniciais, a produção de resíduos não
representava nenhum tipo de problema, pois essas populações eram pequenas e os
resíduos, que na sua maioria eram constituídos por despojos de caça e restos da
preparação de alimentos, não constituíam um problema, pois eram rapidamente
decompostos por microrganismos e facilmente reabsorvidos.

A origem dos problemas de produção dos resíduos surge de forma especial e


amplamente transcendente quando o homem deixa de ser nómada e começa a
estabelecesse e permanecer em comunidades ou sociedades. De facto, com a
sedentarização do homem e consequente formação de comunidades resultou-se numa
maior produção e acumulação do lixo. Daí a necessidade de encontrar soluções para a
eliminação dos resíduos que necessariamente produz como resultado das suas atividades
fisiológicas, domésticas, agrícolas, entre outras.

Os dados da primeira lixeira municipal remontam à antiga Grécia, por volta do ano 500
a.C., onde os resíduos apanhados eram depositados a mais de um milha de distância das
fronteiras da cidade de Atenas (Martinho & Gonçalves, 2000).

O primeiro registo da utilização do fogo como forma de eliminação dos resíduos surgiu
no início do primeiro milénio, na Palestina, onde os resíduos eram transportados para
serem queimados no vale de Gehenna, nos arredores de Jerusalém (Williams, 2005 cit
in Lopes, 2010).

Os aterros surgiram anos mais tarde, em 1920, também em Inglaterra, no entanto, só em


1959 foi publicado o primeiro guia para a construção de aterros de forma a evitar a
libertação de odores desagradáveis e a proliferação de pragas (Martinho & Gonçalves,
2000).

A reciclagem iniciou-se durante a década de 1960, na sequência da crescente


consciencialização dos cidadãos face aos problemas ambientais e de saúde pública.
Numa fase inicial surgiram os chamados buy-back centers que rapidamente deram
origem a variados sistemas de recolha (Pichtel, 2005).

1.2.1. Classificação dos Resíduos Sólidos


A classificação dos resíduos sólidos é feita com base nas propriedades físicas, químicas
ou biológicas. Em Angola, segundo o referido Decreto Presidencial nº 190/12 de acordo
com o seu artigo 4º, os RSU são classificados em:

 Perigosos - aqueles que apresentam perigosidade com as características


seguintes: propriedade inflamável, corrosividade, reatividade e toxicidade. E, em
função das suas propriedades físicas químicas ou biológica, podem apresentar
risco para saúde e o meio ambiente.
 Não perigosos - os que não apresentam as características descritas anteriormente
e que se subdividem em categorias tais como:
 Resíduos Sólidos comerciais- originados em estabelecimentos comerciais,
escritórios, restaurantes e outros idênticos cujo volume diário não exceda 1.100
litros, sendo estes depositados em recipientes;
 Resíduos Sólidos resultantes da limpeza pública de jardins, parques, vias,
linhas de água, cemitérios e outros espaços públicos;
 Resíduos Sólidos industriais - originários de atividades acessórias e
comparadas a resíduos sólidos urbanos com características idênticas à dos
resíduos sólidos domésticos e comerciais sobretudo os originários de refeitórios,
cantinas, escritórios e as embalagens não contaminadas;
 Resíduos sólidos hospitalares - não infetados, comparados aos domésticos;

Fazem parte dos resíduos sólidos não perigosos o papel, plástico, vidro, metal, entulho,
sucata, e outros tipos de resíduos que não apresentam características de perigosidade
estabelecidas no regulamento.

Figura 1: Natureza dos resíduos domiciliares

Fonte: Rodrigues & Cavinatto, 2002, p.28

No entanto, grande parte dos problemas relacionados aos resíduos sólidos seriam
resolvidos com métodos corretos de destinação final e tratamento dos mesmos, sendo
que entre eles citam-se (Ecolnews, 2010):

 Aterros sanitários: disposição no solo de resíduos domiciliares;


 Reciclagem energética: incineração ou queima de resíduos perigosos, com
reaproveitamento e transformação da energia gerada;
 Reciclagem orgânica: compostagem da matéria orgânica;
 Reciclagem industrial: reaproveitamento e transformação dos materiais
recicláveis;
 Esterilização a vapor e desinfecção por micro-ondas: tratamento dos resíduos
patogênicos, sépticos, hospitalares;
 Programas educativos ou processos industriais: objetivam a reduzir a
quantidade de lixo produzido.

Os aterros sanitários devem obedecer a rígidas normas ambientais, como tratamento do


chorume, proteção verde e barreiras de contenção, para não agredir o meio ambiente.
Além disso, a vida útil de um aterro sanitário fica entre 10 e 20 anos, sendo que após
este período, o local estará recuperado, podendo tornar-se um parque, quadra de
esportes ou local de reflorestamento, sem que o terreno apresente riscos de deslizamento
ou à saúde pública (RODRIGUES & CAVINATTO, 2002).

A reciclagem do lixo, como são conhecidas a reciclagem, a reutilização e a redução, têm


como principal objetivo a diminuição da produção de resíduos sólidos e a preservação
dos recursos naturais e do meio ambiente. A redução consiste em diminuir o consumo
de determinados materiais, principalmente os derivados de recursos naturais não
renováveis como, por exemplo, isopor, enquanto que a reciclagem utiliza materiais
usados para produzir novos produtos. Já a reutilização significa usar um produto de
várias maneiras (RODRIGUES & CAVINATTO, 2002).

Quando se trabalha a questão do lixo em Educação Ambiental, deve-se enfatizar a ação


individual por meio dos três R (reduzir, reutilizar e reciclar), na perspectiva do “lixo que
não é lixo”, contestando o consumismo e o desperdício (QUINTAS, 2002).

Segundo Rodrigues e Cavinatto (2002), a coleta seletiva é baseada na separação de


materiais que são jogados fora. Através dela, os caminhões descarregam, na usina,
plásticos, papéis, papelões, vidros e latas para o reaproveitamento. O processo pode ser
iniciado em qualquer casa ou instituição que assim resolva colaborar com o meio
ambiente. Ainda há coleta individual nas ruas, geralmente feita por pessoas
desempregadas ou em situação de miséria, que sobrevivem disto, uma vez que o
comércio de sucata movimenta grandes valores no país.

Ressalta-se que, para a coleta seletiva realmente funcionar, é necessária uma adequada
infra-estrutura para armazenar e comercializar os produtos com as usinas de reciclagem,
sendo que o armazenamento poderia ser feito em grandes recipientes, principalmente,
nos ambientes escolares. No entanto, no Brasil infelizmente apenas 10% das cidades
tem coleta seletiva, sendo que a maior parte dos materiais que poderia ser reciclado
ainda não o é. O aspecto principal da implantação de programas dessa natureza deve-se
a trabalhos educacionais que mobilizam alunos e comunidade em prol de objetivos
sociais, econômicos e ambientais da reciclagem, ampliando cada vez mais o nível de
conscientização (RODRIGUES & CAVINATTO, 2002).

Elementos químicos, madeira, petróleo, alimentos, provêm da natureza e possuem um


ciclo de vida ou disponibilidade natural e, após beneficiados e utilizados, são
descartados e se acumulam como lixo ou esgoto. Desta forma, a reciclagem preserva os
recursos naturais, poupando energia, diminuindo sua extração e seu acúmulo nos
centros urbanos, economia para o país, para as pessoas e para a natureza (RODRIGUES
& CAVINATTO, 2002).

Aguiar (1996) sugestiona a reciclagem e a reutilização como formas de promover o


desenvolvimento sustentável.

A reciclagem transforma diversos tipos de materiais em matéria-prima para outros


produtos, não importando se estão amassados, rasgados, acabam compondo novos
objetos, sendo que os rejeitos variam conforme a origem, como já foi dito, os hábitos da
população e a sazonalidade de alguns. Diante desta nova perspectiva, aumenta o número
de entidades, como prefeituras e escola, preocupadas e interessadas em trabalhar /
selecionar seus resíduos (RODRIGUES & CAVINATTO, 2002).

Assim, reciclagem de papel beneficia a sociedade com arrecadação de renda e


diminuição dos contingentes de resíduos sólidos nos “lixões” e contribui para reduzir os
impactos nocivos ao ambiente, como exemplifica a figura abaixo (ODUM &
BARRETT, 2008).

Figura 02: Diminuição do fluxo de papel nos aterros sanitários em consequência da


reciclagem

Fonte: Odum & Barret, 2008, p.178


O plástico é proveniente do petróleo e apresenta muitas variações (Figura 6), que
dificultam seu reaproveitamento. Com o intuito de melhorar esta condição os
fabricantes imprimem símbolos nas embalagens recicláveis de acordo com a
característica de cada uma delas. Na sua reutilização, o plástico não é mais utilizado
como embalagem em alimentos e bebidas (RODRIGUES & CAVINATTO, 2002).

As latas de aço, ferro e folhas-de-flandres são quase totalmente recicladas, mesmo


porque o material rende um bom dinheiro aos recicladores, sendo que ao reciclar 01
única lata poupa-se energia suficiente para deixar ligada uma televisão por 3 horas. Já o
vidro, que é extraído da areia, tem uma reciclagem mais trabalhosa, mas não menos
significativa e econômica (RODRIGUES & CAVINATTO, 2002).

Os compostos orgânicos que podem se decompor são chamados biodegradáveis e são os


responsáveis pela reciclagem de nutrientes na natureza. Ao contrário destes, os não-
biodegradáveis tendem a permanecer indefinidamente nos locais onde forem
depositados, a não ser que sejam destruídos por processos químicos (RODRIGUES &
CAVINATTO, 2002).

Segundo Rodrigues & Cavinatto (2002), a decomposição das substâncias orgânicas


ocorre em qualquer ambiente onde se encontrem bactérias e fungos, tanto numa lixeira,
quanto num aterro ou numa composteira. No entanto, quando o lixo está muito
compactado, em vez da forma aeróbica, que é mais completa e resulta em dióxido de
carbono - CO 2, vapor d’água e sais minerais, ocorre a decomposição anaeróbica que
gera diversos subprodutos tóxicos, como o metano e o gás sulfídrico. Além disto, a
decomposição anaeróbica produz um líquido escuro chamado chorume, que é
extremamente tóxico, capaz de contaminar o solo e as águas subterrâneas.

O chorume é definido como sendo o líquido residual do lixo, quando depositado no


solo. Formado por um misto de água e restos orgânicos em decomposição, é altamente
poluente (Rocha, 1992).
Figura 03: Chorume

Fonte: Rodrigues & Cavinatto, 2002, p.30

A NBR 13591/96 define compostagem como:

Processo de decomposição biológica da fração orgânica biodegradável dos resíduos,


efetuado por uma população diversificada de organismos, em condições controladas de
aerobiose e demais parâmetros, desenvolvido em duas etapas distintas: uma de
degradação ativa e outra de maturação.

Compostagem é o processo de fermentação que ocorre na presença de ar e umidade,


fazendo com que os resíduos orgânicos domiciliares ou restos alimentícios sejam
decompostos pela ação de microrganismos e insetos e, posteriormente, ocupados como
adubo natural para jardins, pomares, hortas e áreas de reflorestamento (PAIVA, 2006).

Também existem resíduos que não tem condição alguma de serem reaproveitados, pois
estão repletos de germes e organismos patogênicos. Entre estes materiais podem-se
citar: papéis higiênicos, embalagens laminadas, celofane, guardanapos de papel, fraldas
descartáveis e outros materiais provenientes de hospitais e farmácias, os quais devem
ser depostos em locais especializados (RODRIGUES & CAVINATTO, 2002).

O mesmo autor comenta ainda que o lixo é local de reprodução de roedores e insetos
como moscas, mosquitos e baratas e cita a infinidade de produtos feitos com a
reciclagem: embalagens, manuais, cartões, convites, revestimentos, agendas, sapatos,
bolsas, asfalto, etc.
Segundo a Resolução nº 275/01 do CONAMA, para a separação do material, basta ter
em casa dois recipientes: um para o lixo úmido e outro recipiente para o reciclável. No
caso de condomínios, escolas ou empresas podem-se aumentar o número de recipientes
destinados à coleta seletiva, identificando-os por cores e tipos de material (Figura 6):

 Azul – Papel;
 Verde – Vidro;
 Amarelo – Metal (alumínio e metais ferrosos);
 Vermelho – Plástico;
 Cinza – Rejeito (material sujo e/ou que não serve para a reciclagem).

Figura 04: Símbolos da reciclagem

Fonte: Recicloteca.org., 2010

1.2.2. Impacto dos resíduos sólidos no meio ambiente


Em termos teóricos os resíduos por si só não se movem, isto faz com que sejam vistos
onde foram depositados e o seu grau de impacte varia muito de acordo com o tipo de
resíduo depositado. A água poluída ou mesmo o ar contaminado têm capacidade de
renovação e restabelecimento ambiental devido às suas propriedades físicas e químicas.

Os R.S.U têm componentes orgânicas e inorgânicas e, quando não são inertes sofrem ao
longo do tempo processos de natureza bioquímica, física e microbiológica. A
composição física, principalmente a matéria orgânica de origem biológica, como os
resíduos alimentares, contêm nutrientes e desenvolvem microrganismos à temperatura
ambiente quando em contato com ar, água e solo. Alguns podem ser patogénicos
responsáveis pela decomposição da matéria orgânica e fundamentais para a manutenção
do ciclo de vida. A produção de odores e lixiviados são os resultados mais evidentes
destes fenómenos (Veiga, 2012).

Os R.S.U´s quando são depositados em espaços abertos e sem qualquer processo de


tratamento causam contaminação dos solos que se pode agravar por escorrência das
águas das chuvas ao arrastaram a excessiva carga orgânica. Esta podem contaminar
aquíferos com elementos patogénicos afetando negativamente a vida aquática
constituindo assim um problema de poluição do solo e aquíferos (Cruz, 2005).

Diariamente, no Município do Huambo, são depositados resíduos sólidos urbanos sem


adequado destino sanitário e ambiental. Embora se tenha investido na sua melhoria esta
tem sido insuficiente. A gestão adequada dos resíduos é uma importante estratégia de
preservação do ambiente assim como de promoção e proteção da saúde. Deste modo, a
inexistência de aterros sanitários continua a comprometer a qualidade do solo e do ar
afetados por compostos orgânicos voláteis, pesticidas, solventes e metais pesados, entre
outros.

Podemos, ainda, considerar um outro problema relacionado com a deposição não


controlada de resíduos no que respeita aos aspetos epidemiológicos. Não sendo correto
afirmar que os resíduos sólidos são causadores diretos de doenças, podem, no entanto,
assumir um papel na transmissão destas para o Homem e outros animais por intermédio
de microrganismos que nele se multiplicam e outros que são por eles atraídos. Estes
microrganismos são denominados vetores de transmissão de doenças sendo
classificados em dois grandes grupos: os macro vetores como por exemplo ratos,
baratas, moscas, cães, aves, suínos e equinos (enquadrando o homem neste grupo
enquanto catador) e os micro vetores como vermes, bactérias, fungos e vírus, uns que
utilizam os resíduos apenas em determinado período da sua vida e outros que os
utilizam a vida toda. Esta situação é um grave problema por ser uma fonte continua de
agentes patogénicos. Estes, quando em contacto com o Homem, são responsáveis pelo
aparecimento de doenças respiratórias, epidérmicas, intestinais que podem ser letais
como a cólera, a febre tifóide, leptospirose, entre outras (Hester, R et al., 2002).

A inadequada deposição dos RSU favorece, em consequência os riscos para a saúde


humana. Alguns estudos têm indicado que áreas próximas a aterros ou lixeiras
apresentam níveis elevados de compostos orgânicos e metais pesados, e que populações
residentes nas proximidades desses locais apresentam níveis eleva-dos desses
compostos no sangue. Assim, constituem potenciais fontes de exposição para as
populações, potenciando o aumento de diversos tipos de câncer, anomalias congénitas,
baixo peso ao nascer, abortos e mortes neonatais em populações frequentadoras ou
vizinhas desses locais.

Em Angola os resíduos são depositados em lixeiras e queimados produzindo


quantidades variadas de substâncias tóxicas, como gases, partículas de metais pesados,
compostos orgânicos, dioxinas e furanos emitidos na atmosfera (CEIC-UCA, 2012).

As decisões que envolvem a gestão de R.S.U, deviam ter em conta os problemas de


saúde pública e não apenas as questões políticas, económicas, sociais e ambientais.
Dessa forma seria possível caminhar para um desenvolvimento mais saudável, numa
perspetiva socialmente justa e ambientalmente sustentável

1.2.3. Transporte dos RSU


Segundo Correia (2012) o transporte dos RSU é importante tanto para a confirmação
das quantidades produzidas, como para o reconhecimento dos fluxos origem-destino e
identificação dos agentes com os quais deverá ser estabelecido o diálogo e que induzida
à sua participação no processo. Os resíduos produzidos precisam ser transportados
mecanicamente do ponto de geração à deposição final. As viaturas de recolha e
transporte de RSU mais usuais podem ser de dois tipos:

 Com compactação
 Sem compactação.

Segundo Braga e Morgado (2012) o transporte dos RSU, deve obedecer as condições
seguintes:

 Os resíduos sólidos deverão ser transportados em veículos de caixa fechada ou,


pelo menos, com a carga devidamente coberta;
 Os resíduos constituintes de um carregamento devem ser devidamente
arrumados e escorados;
 Se no carregamento, durante o percurso ou na descarga, ocorrer algum derrame,
a zona contaminada deve ser imediatamente limpa.

Segundo Martinho e Gonçalves (2000) o local de deposição dos resíduos não se deve
distanciar mais do que 25 km da última zona de recolha, isto porque o veículo de
remoção tem velocidade reduzida e, neste caso, pode ser mais dispendioso no que diz
respeito ao tempo no transporte do que na recolha propriamente dita. Se os volumes
forem significativos, podem-se construir postos de transferência para o transporte para a
maior distância.

1.3. Aterro Sanitário


O decreto presidencial nº 190/12 de 24 de Agosto de Angola, no seu artigo 3º alínea c)
define aterro sanitário como sendo instalação de eliminação utilizada para a deposição
controlada de resíduos, esta pode ser acima ou abaixo da superfície do solo.

A sua técnica consiste em limitar adequadamente os RSU, garantindo a não poluição do


ambiente externo, por meio da cobertura das células de resíduos, todavia sem promover
a recolha e o tratamento dos efluentes líquidos e gasosos produzidos (Silva et.al. 2011).

´´O sistema de aterro sanitário precisa ser associado à recolha seletiva de lixo e à
reciclagem, o que permitiria que sua vida útil seja bastante prolongada, além do aspeto
altamente positivo de se implantar uma educação ambiental com resultado promissor na
comunidade, desenvolvendo coletivamente uma consciência ecológica, cujo resultado é
sempre uma maior participação da população na defesa e preservação do meio ambiente
´´ (GADELHA, et al. 2008, p.8).

Os aterros são instalados nas periferias, e encontrar uma área apta para receber este tipo
de infraestrutura é uma tarefa complexa. Em Angola e em particular no Município do
Huambo apesar de haver muito espaço não significa necessariamente que qualquer área
seja adequada para a implementação de um aterro.

Segundo a Revista Brasileira sobre Limpeza Pública de 15 de setembro de 2010, a área


deve atender uma série de requisitos técnicos e ambientais, e para isso, é necessário um
estudo apurado tanto de geomorfologia, como da componente socioambiental. Do ponto
de vista técnico é preciso levar em conta o tipo de solo, a distância de cursos de água, a
profundidade do lençol freático, o volume do solo, a topografia, o volume do solo
disponível, a capacidade volumétrica, a acessibilidade e a distância da população
instalada na zona. Em relação ao meio ambiente, é necessário observar as características
da flora e fauna, se são áreas de proteção permanente ou de conservação como parques,
áreas de forte declive e considerar as ocupações do entorno bem como a população que
lá vive.
1.3.1. Reciclagem
Reciclar significa transformar objetos materiais usados em novos produtos para o
consumo. Uma necessidade despertada nos seres humanos, a partir do momento em que
se verificarem os benefícios que este comportamento trás para o planeta Terra.

´´A imagem da Terra vista pelos astronautas teve a virtude de nos incutir a consciência
de que, longe de habitar um espaço infinito, habitamos uma espécie de nave espacial
isolada, dentro de uma cápsula de recursos constantes, que consumimos, e que somente
não esgotamos porque reciclamos. Este conceito da necessidade de reciclagem - de nada
perder, de nada destruir, de tudo usar de novo - poluição, que interrompe o processo de
reciclagem pela inutilização do recurso ou pelo envenenamento´´(Silva, 1975:1).

O processo de reciclagem, além de preservar o ambiente também gera riqueza. Os


materiais mais reciclados são o vidro, o alumínio, o papel e o plástico, contribuindo para
a diminuição significativa da poluição do solo, da água e do ar. Muitas indústrias
utilizam a reciclagem como forma de reduzir custos de produção. Um outro grande
beneficio da reciclagem é a geração de emprego nas grandes cidades.

Um dos primeiros passos para o êxito da reciclagem é a mudança dos nossos hábitos de
consumo, praticando o consumo consciente, evitando o desperdício, pensando nas
embalagens que depois irão para o lixo e dando preferência para as que sejam
recicláveis. Num segundo passo, temos que aprender a separar o material reciclável do
não reciclável e incentivar os amigos, vizinhos e parentes a fazerem o mesmo.

Segundo LIPOR (2009), quando falamos em reciclagem é importante deixar claro 3


conceitos:

Reciclar - Transformar o velho em novo, ao utilizar resíduos como matéria prima para
produzir novos materiais.

Exemplos:

 Preferir produtos reciclados ou que incorporam materiais reciclados;


 Respeitar os recursos naturais e ter bem presente que são finitos;
 Separar e colocar os resíduos nas infraestruturas disponibilizadas para efeito.
 Reutilizar - Reaproveitar o material em outra utilidade.
Exemplo:

 Utilizar o verso das folhas de papel para rascunho;


 Utilizar frascos de vidro para guardar material de escritório ou, em casa, para
conservar compotas caseiras, chá ou especiarias;
 Utilizar caixas de cartão para guardar objetos.

Reduzir - diminuir a quantidade de resíduos produzidos.

Exemplo:

 Optar por embalagens com retorno;


 Comprar produtos reutilizáveis e embalagens de recarga;
 Comprar produtos avulsos ou produtos com embalagens simples e sem recursos
a embalagens secundárias supérfluas.

É de referir que os bons hábitos começam em casa. Na família ou comunidade para


fazer a diferença. Por mais que as pessoas não demonstrem interesse pelo que está a
fazer, estarão a reparar e a aprender. Não vai tardar, serão eles a utilizar os seus hábitos,
faça a diferença. Comece por separar materiais recicláveis como: plástico, papel, vidro e
metal, custa apenas alguns segundos da sua vida e dará muitos anos ao nosso ambiente.

 Existem três tipos de recolha consoante o tipo de resíduos recolhidos: a


recolha indiferenciada, a recolha seletiva e especial ou específica. Este último,
consiste na recolha de determinados fluxos de resíduos mediante circuitos
próprios como recolhas de resíduos de jardim, entulhos, resíduos volumosos,
mercados e feiras, unidades de saúde, veículos abandonados, limpeza de praias,
remoção de resíduos de papeleiras, entre outros (Martinho, 2006 cit in Fonseca,
2009).
 Recolha indiferenciada - sistema em que os resíduos são recolhidos sem
qualquer critério de seleção prévios, ou seja, todos misturados, e posteriormente
são encaminhados diretamente para confinamento técnico, ou em alternativa e
em caso de existirem infraestruturas adequadas, para um centro de triagem, onde
é separada a fração orgânica que é aproveitada para compostagem, ou outras
frações valorizáveis, embora contaminadas, e os restantes, encaminhados para
um aterro ou incineração (Levy et al., 2002).
 Recolha seletiva - visa separar na fonte de produção uma ou mais categorias de
resíduos, que poderão ou não ser alvos de uma nova separação em estações de
triagem de forma a manter o fluxo de resíduos separados por tipo e natureza com
vista a facilitar o tratamento específico, isto é, este sistema de recolha tem como
objetivo principal a maximização da quantidade e qualidade dos materiais a
reciclar ou a tratar.
 Recolha porta a porta - trata-se de um sistema de recolha em que são
recolhidos os resíduos junto às unidades residenciais, em dias de semana e
horários pré definidos, por viaturas adequadas, facilmente identificáveis,
podendo ser individual (por moradia, família) ou coletiva (por prédio, multe
familiar). A recolha porta a porta pode ser seletiva, ou seja, por tipo de resíduo,
como de embalagens plásticas e metálicas e de papel e cartão, etc. O modo de
deposição de resíduos varia consoante a tipologia das habitações das zonas alvo,
podendo ser por sacos ou cestos coloridos e que os utentes são responsáveis pela
colocação destes à porta. Aspetos positivos da recolha porta a porta é que
apresenta comodidade à população, facilita a separação dos resíduos na fonte,
permite identificar a medir a população que faz a separação dos resíduos e pode
permitir a dispensa da triagem nos centros de descarga.

1.4. Sistema de deposição de RSU


A deposição dos resíduos envolve a criação de mecanismos e provisão de equipamentos
de deposição por parte das entidades responsáveis pela gestão dos RSU, sendo
necessário conhecer a zona de recolha, e a forma como vai ser efetuado o transporte,
pois este envolve equipas e veículos adaptados para o efeito, bem como o desenho dos
circuitos de recolha e a criação de instalações de apoio a todo o sistema de recolha.

Constitui o sistema de deposição, o conjunto de infraestruturas e equipamentos


destinados exclusivamente ao acondicionamento dos resíduos sólidos urbanos, para a
sua posterior recolha (e.g: ecoponto, ecocentro). Os equipamentos de deposição de
resíduos urbanos são de extrema importância para a gestão dos resíduos, estando
intimamente ligados com a limpeza da via pública e com o destino final dos resíduos
produzidos.

Existem vários tipos de recipientes próprios para deposição e remoção de RSU.


Segundo Levy & Cabeças (2006), os recipientes podem ser de armazenamento
domiciliar, ou então instalados, geralmente, em pontos estratégicos de fácil acesso para
a população. De entre os vários tipos de recipientes, destacam-se os recipientes de tara
perdida, contentores de pequenas e grandes dimensões, papeleiras, recipientes de
recolha coletiva e seletiva e contentores para remoção de resíduos volumosos, de acordo
com o que de seguida se descreve:

 Recipientes de tara perdida - consistem em sacos de plástico ou de papel


impermeabilizado, de formatos e dimensões normalizados. Estes equipamentos
têm como maiores inconvenientes os custos na sua aquisição e distribuição, a
dispersão do lixo nas ruas quando sujeitos a atos de vandalismo e a necessidade
de dar um destino adequado aos mesmos. As principais vantagens prendem-se
com o facto de evitar as operações de lavagem e manutenção dos recipientes,
bem como o ruído na descarga e o furto dos equipamentos;
 Contentores - estes equipamentos têm tamanhos e formas diversas. Qualquer
contentor para deposição de RSU deverá cumprir certos requisitos como serem
hermeticamente fechados e adaptados aos veículos de recolha. Habitualmente
são de metal galvanizado (mais corrente em contentores de grandes dimensões)
ou de plástico. Os primeiros têm o inconveniente de serem pesados, ruidosos,
mais caros, mas são mais robustos e resistentes às temperaturas extremas, tendo
assim uma vida útil superior. Os contentores de plástico têm a vantagem de
serem mais leves, de mais fácil manuseamento.

1.4.1. Circuitos de Recolha


Segundo Levy e Cabeças (2006), na recolha de resíduos de uma localidade é usual a
divisão da sua área em diferentes zonas, para as quais são estabelecidos os circuitos de
recolha. Na implementação de circuitos de recolha é necessário ter em conta vários
aspetos, nomeadamente a tipologia de recolha, os veículos, as equipas, os horários, as
condições geográficas, de tráfego e a população residente. Estes fatores condicionam o
número de voltas a efetuar durante o período de recolha.

1.4.2. Transporte de RSU


A operação de transporte consiste na deslocação mecânica dos resíduos que consiste na
transferência dos resíduos do local de recolha para uma estação de transferência ou
diretamente para uma estação de tratamento ou eliminação.
Geralmente recorre-se às estações de transferência, quando a distância entre o local de
recolha e a central de tratamento ou eliminação é muito grande, funcionando, portanto,
como uma estrutura de apoio na gestão dos RSU. Aqui os resíduos ou são simplesmente
armazenados ou sofrem um processo de enfardamento, para redução do seu volume
facilitando o seu transporte. Os resíduos mantidos nestas instalações depois serão
transportados para as centrais de tratamento e valorização ou locais de eliminação (Levy
et al., 2002).

1.4.3. Fatores que influenciam na produção de Resíduos Sólidos Urbanos


Cada sector da sociedade é influenciado por diversos fatores interdependentes de forma
direta ou indireta pela evolução da economia e pelos hábitos com forte influência na
produção de resíduos. Segundo Veiga (2012) podemos destacar os seguintes fatores:

 Processo de urbanização: a migração do campo para cidade ocasiona a


concentração populacional em centros urbanos contribuindo para o agravamento
dos problemas relacionados com os resíduos devido ao aumento da sua produção
e à falta de locais adequados para sua deposição;
 Aumento populacional e o consequente aumento da produção de resíduos;
 Industrialização: os processos industriais geram bens e produtos a uma
velocidade cada vez maior, contribuindo para o aumento da produção de
resíduos, seja durante o processo de fabricação, seja pelo estímulo ao consumo;
 Modo de vida e hábitos da população.

Em Angola e de forma particular no Município do Huambo os R.S.U, são agravados de


acordo com MINUA (2006), pelos seguintes fatores:

 Mudança de modo de vida da população com dificuldade de adaptação a novos


hábitos de alimentação e higiene;
 Gestão pouco ordenada: ausência de uma estrutura pública e privada responsável
pelos resíduos, desde a sua geração até ao destino final, que caracterize os
resíduos e determine o seu destino, de acordo com as suas características;
 Dados básicos inexistentes: poucos trabalhos e estudo da caracterização do meio
físico, destinado à deposição de resíduos e a falta de informações sobre os
resíduos produzidos nas diferentes empresas;
 Falta de noções básicas de higiene;
 Falta de Educação Ambiental.
Estes fatores levam a um aumento na produção de RSU que vem causar grandes danos
ao ambiente e prejudicar a qualidade de vida nos sistemas urbanos. Uma das principais
causas destes problemas é o padrão de produção e consumo adotado nas cidades que
apresenta-se como inadequado e despreocupado com a sustentabilidade.

1.5. CARACTERIZAÇÃO DA PROVÍNCIA DO HUAMBO


Huambo é uma das 18 províncias de Angola, localizada na região central do país. Sua
capital está na cidade e município do Huambo.

Segundo as projeções populacionais de 2018, elaboradas pelo Instituto Nacional de


Estatística, conta com uma população de 2 309 829 habitantes e área territorial de
35 771 km², sendo a quarta província mais populosa de Angola e uma das mais ricas da
nação.

1.5.1. Os seus onze municípios

1. Huambo 7. LongonjoMungo
2. Bailundo 8. Chicala-Choloanga
3. Ecunha 9. Chinjenje e Ucuma.
4. Caála 10. Ekuma
5. Cachiungo
6. Londuimbale

1.5.2. Mapa de Huambo


Fonte: Elaborado pelos autores, 2023

Capital: Huambo

1.5.3. Municípios
1. Tchingenji 7. Mungo
2. Ukuma 8. Huambo
3. Longonjo 9. Caála
4. Ekunha 10. Tchicala-Tcholoanga
5. Lounduimbale 11. Katchiungo
6. Bailundo

A estrutura Orgânica da Província do Huambo está conformada ao Decreto-Lei n.º


17/99, de 29 de Outubro e ao decreto n.º 27/00, de 19 de Maio que aprova o paradigma
de regulamento e o quadro de pessoal dos Governos das Províncias, das Administrações
dos Municípios e das Comunas.

 Clima: Tropical de Altitude
 Superfície: 35 771,15 Km², representando 2,6% da extensão nacional.
 População: na capital uma população estimada em 2.075.713 habitantes com
uma densidade de 58 habitantes/ Km2.
 Principal produção: Batata, Batata Doce, Café Arábica, Maracujá, Abacateiro,
Milho, Feijão, Trigo, Citrinos e Hortícolas, Eucalipto, Pinheiro, Plantas
Aromáticas.
 Minérios: Ferro, Wolfrâmio, Estanho e Molibdénio, Fluorite, Urânio, Ouro,
Manganésio, Manganês, Bário, Fosfatos, Radioactivos, Caulino, Cobre.
 Pecuária: Bonivicultura de Carne, Bonivicultura Leiteira.
CAPITULO II – RESULTADOS
2.1. Caracterização da área de estudo
O Gabinete Provincial do Ambiente, Gestão de Resíduos e Serviços Comunitários no
Huambo, é um órgão do Estado que se encarrega da execução das políticas traçadas pela
Estrutura Central no âmbito do Ministério do Ambiente. Comporta três (3)
Departamentos nomeadamente: do Ambiente, de Gestão de Resíduos e dos Serviços
Comunitários.

O Gabinete Provincial tem 39 funcionários, de realçar que com a descentralização dos


serviços Administrativos, o sector do ambiente tem estado a materializar um conjunto
de programas que na sua essência visam proporcionar um ambiente sadio e melhorar a
qualidade de vida dos habitantes, sem por em causa a necessidade da conservação da
fauna e da flora. De forma mais objetiva, a nível da Província do Huambo, a diversa
ação tem como baliza a transformação do Huambo em Capital Ecológica.

A seleção de um tema e de um paradigma, para ajudar a compreensão de um fenómeno,


é dada como a fase inicial do desenho de um trabalho. Estes encaminham tanto a teoria
quanto o método de investigação e ajudam na melhor compreensão do fenómeno sobre
o mundo social (Sousa, 2009).

Os inquéritos, foram conduzidos seguindo um guião de perguntas fechadas, mistas e


abertas no sentido de recolher informações e documentos com uma percepção mais
abrangente, que nos vai permitir identificar os principais itens da problemática dos
Resíduos Sólidos Urbanos no Município do Huambo Foram aplicados, com caráter
formal e informal, às entidades públicas, privadas e população em geral. Tiveram como
objetivo analisar a problemática dos resíduos sólidos urbanos, avaliar o comportamento,
conhecimento e percepção da população sobre o tema da gestão de resíduos, relacionar
as deficiências na remoção dos resíduos com a qualidade de vida da população e
compreender e auscultar as entidades acima citadas relativamente às medidas e
estratégias usadas para melhorar a referida problemática.

Na presente investigação a população irá representar o objeto através do qual se


pretende encontrar conclusões em relação ao modo como encaram a questão dos RSU.
E, de acordo com esta linha de pensamento, a população ou universo deste estudo será
representada pelos cidadãos moradores do Município do Huambo- Província da
Huambo.
Por limitações de tempo, custo e pelo facto da população ser muito numerosa esteve
fora de questão entrevistá-la e inquiri-la na sua globalidade. Assim, foi necessário
trabalhar com uma parte dessa população obtida pela técnica de amostragem.

A seleção da amostra pode ser feita de forma a que esta seja representativa da população
que se pretende estudar. Existem dois tipos de técnicas de amostragem: a probabilística
e a não probalística.

Os inquéritos e as entrevistas foram realizados nos meses de Abril de 2023. Foram


entrevistadas 4 entidades responsáveis pela gestão dos resíduos sólidos no Município do
Huambo (que aceitaram participar) e inquiridos 43 cidadãos (com idades superiores a 18
anos) e 5 estabelecimento comerciais e de prestação de serviço.

2.2. Colheita de dados


O processo de colheita de dados foi realizado no momento do inquérito, feita mediante a
apresentação de uma folha com frente e verso, com uma breve explicação com vista à
obtenção do consentimento informado por parte de cada um inquiridos, na parte
superior da primeira página. Foram aplicados dois questionários um para as famílias
com 20 questões de escolha múltipla, outro para estabelecimentos comerciais também
com 20 questões de escolha múltiplas e, na entrevista às entidades responsáveis pela
gestão de RSU, utilizou-se um guião com um conjunto de questões previamente
estabelecidas.

2.3. Materiais e métodos

A seleção de um tema e de um paradigma, para ajudar a compreensão de um fenómeno,


é dada como a fase inicial do desenho de um trabalho. Estes encaminham tanto a teoria
quanto o método de investigação e ajudam na melhor compreensão do fenómeno sobre
o mundo social (Sousa, 2009)
CAPÍITULO III – RESULTADOS E DISCUSSÃO

É importante referir que foram realizadas entrevistas a duas instituições gestoras de


resíduos sólidos (Gabinete Provincial do Huambo, gestão de resíduos sólidos,
Administração do Huambo e a Street Limpa) e inquéritos em cinco bairros
nomeadamente. Estes, em função das suas características, são representativos das várias
tipologias de bairros existentes na cidade. Na sua seleção (dos bairros) foram tidos em
conta aos seguintes aspetos:

 Falta ou não de saneamento básico principalmente a drenagem de águas


residuais e resíduos sólidos;
 Multiplicação de construções anárquicas;
 Moradias albergando ou não simultaneamente várias famílias;
 Novas construções preenchendo ou não os lotes expectantes sem respeitar os
afastamentos e as densidades das construções preexistentes.

Salienta-se que, em muitos bairros da periferia, como já foi referido, a circulação viária
é efetuada em picada de terra batida, das quais apenas uma pequena percentagem
permite a circulação automóvel. Grande parte dessas áreas só é acessível através da
complexa rede de percursos pendoais que dá acesso às habitações ficando, assim, vastas
áreas inacessíveis as viaturas de recolha do lixo.

Neste ponto iremos fazer um ´´retrato´´ dos cidadãos e dos estabelecimentos comerciais
de prestação de serviço do Município do Huambo no que diz respeito às variáveis de
caracterização sócio demográfica e às principais variáveis dependentes consideradas
nesta investigação.

Os dados a serem apresentados poderão, muitas vezes, antecipar algumas conclusões


deste estudo.

Elaboram-se tabelas com dados das diferentes variáveis com objetivo de


caracterizarmos a amostra.

Como se pode verificar pela análise dos 43 inquiridos o seu maior número (31%) reside
no Bairro da Cidade Alta e o menor valor (12%) do Bairro Sacaála.
Quadro 1 - Número de inquiridos por bairros
Bairros Número de Inqueridos Percentagem
Cidade Alta 13 31%
São João 10 27%
São Pedro Cidade 7 14%
Santa Iria 8 16%
Sacaála 5 12%
Total 43 100
Fonte: Elaborado pelos autores, 2023

Quadro 2 - Distribuição dos inquiridos por faixa etária


Faixa etária Percentagem
Menos de 20 anos 2%
De 20 a 30 anos 50%
De 31 a 40 anos 42%
Mais de 40 anos 6%
Total 100
Fonte: Elaborado pelos autores, 2023

Para caraterização dos inquiridos achamos relevante saber a sua faixa etária. O
apuramento dos dados permite verificar que a maior parte do inquiridos, têm a idade
compreendida entre os 20 a 30 anos (50%) e entre 31 a 40 anos (42%). Tendo em conta
que 2% dos inquiridos tem idades compreendidas entre os 15 e os 20 anos, podemos
concluir 94% da população inquirida tem menos de 40 anos, o que é reflexo da
juventude da população da cidade.

Quadro 3 - Grau de escolaridade dos inquiridos


Grau de Escolaridade Percentagem
Nunca frequentou 2%
Ensino primário 4%
1º Ciclo do Ensino Sec. 20%
Segundo Ciclo 65%
Ensino Superior 9%
Total 100
Fonte: Elaborado pelos autores, 2023
Apresenta-se o nível de escolaridade dos inquiridos. Relativamente ao nível de
escolaridade 65% têm o ensino médio e apenas cerca de 2% dos inquiridos nunca
frequentou a escola.

Podemos verificar que, a nível da cidade, o sector da educação tem recebido mais
investimento, pese embora haver ainda fortes diferenças em termos qualitativos e
técnicos na capacidade de dar resposta à procura.

Quadro 4 - Número de pessoas por residência


Quantas pessoas vivem em sua casa Percentagem
Crianças 20%
Jovens 40%
Adultos 30%
Idosos 10%
Total 100

Em relação à possibilidade de depositar resíduos no contentor, embora seja um aspeto


os inqueridos atribuíram importância, tanto por questões ambientais como estéticas a
este aspeto não atribuíram a importância esperada. Só nos bairros mais desenvolvidos
(população com mais rendimento como os bairros Cidade alta e uma parte do Bairro
São Pedro) e com mais população este aspeto foi considerado relevante. Nos bairros
periféricos foi considerado pouco importante. Alguns inquiridos justificaram este
sentimento em função do afastamento dos contentores em relação às suas habitações.
Quando questionados sobre a possibilidade de depositar os resíduos no contentor, 65%
dos inquiridos responderam que não o conseguem fazer (Quadro 5).

Quadro 5 - Possibilidade de depositar os resíduos no contentor.


Tens possibilidade de depositar os resíduos no contentor SIM Não

Cidade Alta 10 % 90%


São Pedro Cidade 43% 57%
São João 40% 60%
Santa Iria 40% 60%
Sacaála 40% 60%
Total 35 65
Quanto à distância ao contentor mais próximo o quadro 10 leva-nos a entender que 61%
dos inquiridos tem os contentores a uma distância inferior a 50 metros só 22% estão a
uma distância superior a 100 metros. Assim, compreende-se que não é a distância ao
contentor o fator decisivo na sua não utilização.

Quadro 6 - Satisfação dos com o sistema de recolha por parte das autoridades
Estás satisfeito com o sistema de recolha por parte das SIM Não
autoridades
Cidade Alta 2% 98%
São Pedro Cidade 6% 94%
São João 3% 97%
Santa Iria 2% 98%
Sacaála 4% 96%
Total 3 67
Fonte: Elaborado pelos autores, 2023

Em resumo, a não satisfação em relação ao sistema de recolha, aspeto considerado


relevante, resulta da demora e da não recolha sobre tudo nos bairros periféricos aonde o
acesso às viaturas de recolha é inexistente o que, por sua vez, justifica as grandes
acumulações de resíduos nas suas principais vias. Quanto às causas da insatisfação, 75%
consideram que o sistema de recolha é pouco eficaz (demora muito) e os restantes 25%
alegam que não passa sempre pela sua rua.

Gráfico 01 - Tipos de resíduos mais produzidos

28% Papel
Plástico
49%
Vidro
22% Resíduos orgânicos
1%

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023

Os resíduos orgânicos são o tipo de resíduos mais produzido com 46% do total (Gráfico
02), o que se pode entender pelo facto da maior parte das famílias inquiridas serem de
classe média e o ganho nos seus trabalhos servir apenas para as necessidades básicas.
Porventura, pela mesma razão, o metal é um dos tipos de resíduos que não é produzido
pelas famílias da cidade do Huambo.

Gráfico 02 - Tipos de resíduos mais produzidos

32% Alimentos de animais


Embalagem
Artesanato
1%
2% 65% Outros

A deficiente recolha dos RSU poderia apelar à sua reutilização. Contudo, O gráfico 03,
que representa o seu modo de aproveitamento, mostra-nos que tal não acontece.

Dentro dos resultados obtidos e das observações feitas podemos constatar que a
população desconhece utilidade aos resíduos sólidos não orgânicos pelo que se torna
clara a importância de sensibilizar os munícipes para que ajam de modo responsável e
com consciência, conservando o ambiente saudável no presente e para o futuro.

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Os resíduos sólidos representam um problema ambiental, e todos integrantes da
sociedade são responsáveis pela sua gestão: fabricantes, importadores, distribuidores,
comerciantes, consumidores, titular dos serviços públicos de limpeza urbana e de
manejo dos resíduos sólidos.

Recomenda-se a implementação de sistema de valorização dos resíduos sólidos como


forma de não só minimizar, mas também como um modo de promover empregabilidade
para sociedade.

Trabalhos como este devem continuar a ser desenvolvidos para ajudarem os gestores
dos resíduos sólidos a melhorarem as suas atividades para termos um ambiente sadio.
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